CARTOGRAFANDO PERCEPÇÕES: O USO DE MAPAS...

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1 CARTOGRAFANDO PERCEPÇÕES: O USO DE MAPAS MENTAIS COMO FERRAMENTA PARA O ESTUDO DOS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ * Gabriel Duarte Correa ** Resumo A crise ambiental vigente a partir de meados do século XX pressiona as escolas e os educadores a inserirem no processo de ensino-aprendizagem metodologias que consigam discutir as problemáticas ambientais e sociais do espaço vivido pelos discentes, a fim de buscar alternativas de mudança na relação homem/natureza. Uma destas metodologias são os mapas mentais que podem ser usados como forma de entender a percepção ambiental dos estudantes sobre o seu espaço e, a partir disso, desenvolver estratégias de educação ambiental. Assim, o presente trabalho se desenvolverá através de levantamentos bibliográficos e oficinas de mapas mentais com alunos do Ensino Fundamental II do Colégio Santos Dumont em Campos dos Goytacazes/RJ. Os mapas mentais auxiliarão os discentes a se conscientizarem da historicidade e atual uso do seu espaço vivido visando a promover a sensibilização da comunidade escolar. Com a atividade, procura-se que os alunos possam estabelecer relações entre a organização espacial, evidenciando os principais problemas ambientais encontrados na cidade, propondo possíveis soluções para o uso sustentável da mesma. Palavras-chave: Percepção. Mapas Mentais. Crise Ambiental. * Este artigo constitui-se no Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação lato sensu em Educação Ambiental, cursada no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense, campus Campos Centro, nos anos de 2016/2017, desenvolvido sob a orientação da Prof Msa Sabrina Mendonça Ferreira. ** Licenciado em Geografia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, campus Campos Centro. Professor da rede privada de ensino do município de Campos dos Goytacazes/RJ. E-mail: [email protected].

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CARTOGRAFANDO PERCEPÇÕES: O USO DE

MAPAS MENTAIS COMO FERRAMENTA PARA O

ESTUDO DOS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS DO

MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ*

Gabriel Duarte Correa**

Resumo

A crise ambiental vigente a partir de meados do século XX pressiona as escolas e os

educadores a inserirem no processo de ensino-aprendizagem metodologias que consigam

discutir as problemáticas ambientais e sociais do espaço vivido pelos discentes, a fim de

buscar alternativas de mudança na relação homem/natureza. Uma destas metodologias são os

mapas mentais que podem ser usados como forma de entender a percepção ambiental dos

estudantes sobre o seu espaço e, a partir disso, desenvolver estratégias de educação ambiental.

Assim, o presente trabalho se desenvolverá através de levantamentos bibliográficos e oficinas

de mapas mentais com alunos do Ensino Fundamental II do Colégio Santos Dumont em

Campos dos Goytacazes/RJ. Os mapas mentais auxiliarão os discentes a se conscientizarem

da historicidade e atual uso do seu espaço vivido visando a promover a sensibilização da

comunidade escolar. Com a atividade, procura-se que os alunos possam estabelecer relações

entre a organização espacial, evidenciando os principais problemas ambientais encontrados na

cidade, propondo possíveis soluções para o uso sustentável da mesma.

Palavras-chave: Percepção. Mapas Mentais. Crise Ambiental.

* Este artigo constitui-se no Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação lato sensu em Educação

Ambiental, cursada no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense, campus Campos Centro,

nos anos de 2016/2017, desenvolvido sob a orientação da Profạ Msa Sabrina Mendonça Ferreira.

** Licenciado em Geografia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, campus

Campos Centro. Professor da rede privada de ensino do município de Campos dos Goytacazes/RJ. E-mail:

[email protected].

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CARTOGRAPHING PERCEPTIONS: THE USE OF

MENTAL MAPS AS A TOOL FOR THE STUDY OF

THE SOCIO-ENVIRONMENTAL PROBLEMS OF THE

MUNICIPALITY OF CAMPOS DOS GOYTACAZES /

RJ

Abstract

The environmental crisis in force since the middle of the twentieth century has put pressure on

schools and educators to include in the teaching-learning process methodologies that can

discuss the environmental and social problems of space experienced by students in order to

seek alternatives for change in the relation between man and /nature. One of these

methodologies is the mental maps that can be used as a way to understand the environmental

perception of the students about their space and, from this, to develop environmental

education strategies. Thus, the present work will be developed through bibliographical

surveys and mental maps workshops with students of Elementary School II of Santos Dumont

College in Campos dos Goytacazes / RJ. Mind maps will help students become aware of the

historicity and current use of their lived space in order to promote awareness in the school

community. With the activity, the students are able to establish relationships between the

spatial organization, showing the main environmental problems found in the city, proposing

possible solutions for the sustainable use of the same.

.

Key words: Perception. Mental maps. Environmental Crisis.

1 INTRODUÇÃO

Vivencia-se na atualidade um momento de crise ambiental gerada, sobretudo, pelo

avanço das indústrias, pelo aumento da produção e pelo crescimento desordenado das cidades.

No escopo deste crescimento compulsório das cidades e da urbanização no Brasil atrelado às

consequências promovidas pela sociedade na natureza, Vilaça (2008) especifica o processo de

urbanização da cidade de Campos dos Goytacazes – RJ, que teve como consequências

grandes alterações ambientais, como por exemplo, a dissecação de corpos hídricos.

De acordo com Almeida (2009), a urbanização de Campos dos Goytacazes/RJ vem

acontecendo progressivamente a partir do século XIX. Mudanças no espaço foram

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promovidas para atender a classe açucareira dominante até então e, posteriormente, o Plano

Urbanístico de Saturnino de Brito, tornou-se o principal projeto de intervenção pública

visando à organização e a transformação do espaço urbano campista. Este modelo evolutivo

desenfreado, característico das cidades latino-americanas, ocasionou o surgimento de

problemas socioambientais, que ficam evidenciados tanto pelas condições gerais e de

localização das moradias, como também pela distribuição desigual de infraestrutura urbana e

das amenidades ambientais.

Concomitantemente, Lopes e Pontuscka (2009) salientam que a escola necessita

inserir metodologias alternativas que promovam a evolução do pensamento crítico do

estudante, a partir do estudo do meio, ou seja, do espaço vivido pelos discentes. A partir desta

concepção, acredita-se que ao estudar problemas contidos em uma determinada realidade, o

processo de ensino-aprendizagem torna-se mais significativo, contribuindo para o

desenvolvimento crítico e investigativo dos atores sociais daquele espaço.

Seguindo esta ideia, Girardi (2011) pontua a importância dos desenhos e mapas

produzidos pelos alunos para a compreensão da percepção ambiental a fim de desenvolver

projetos de educação ambiental. Nesta perspectiva, encaixam-se os mapas mentais, tema de

pesquisa do geógrafo humanista Yi-Fu Tuan (1983), do psicólogo Jean Piaget (2007) e do

filósofo Merleau-Ponty (1999), dentre outros. Oliveira (2006) conceitua mapas mentais como

representações do vivido, representações trocadas ao longo da história humana com os lugares

experimentados.

Considerando as questões expostas acima, como os mapas mentais podem auxiliar na

discussão ambiental? Este trabalho pretende aproveitar a vivência do aluno, discutindo os

problemas ambientais vigentes na contemporaneidade para a reflexão do uso consciente de

um espaço urbano mais justo no âmbito social e ambiental. Buscam-se como objetivos,

discutir a importância da educação ambiental no século XXI e, principalmente, nas escolas;

discorrer sobre o uso de mapas mentais como instrumento de percepção socioambiental do

espaço vivido do aluno e debater através de oficinas pedagógicas de mapas mentais a

percepção ambiental que os estudantes possuem do espaço urbano campista.

Tendo como norteadora a corrente da Geografia Humanista e Fenomenológica, aliada

aos conceitos ambientais, a utilização das oficinas pedagógicas de mapas mentais com alunos

do Ensino Fundamental 2 do Colégio Santos Dumont, localizado na área central de Campos

dos Goytacazes/RJ, este trabalho procura identificar e compreender a percepção ambiental

dos discentes, em busca da construção de um pensamento ambiental crítico.

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2 O DEBATE AMBIENTAL CONTEMPORÂNEO

O desenvolvimento técnico e científico da sociedade tornou a relação homem –

natureza cada vez mais desproporcional. À medida que as forças produtivas vão sendo

evoluídas, o aumento populacional e a crescente urbanização concentram-se, pressionando os

recursos naturais existentes, principalmente a partir do século XVIII.

Para Santos (1996), a sociedade evoluiu de um meio natural para um meio técnico-

científico informacional (MTCI). O primeiro, segundo o autor, é marcado pela relação

“harmoniosa” da sociedade com a natureza. No meio natural, as técnicas de produção

utilizadas permitiam a recuperação dos ambientes naturais, sem haver prejuízo. Quando se

deu o surgimento das indústrias, no século XVIII, conjugado com o nascimento do modo

capitalista de produção, a razão (representada pelo desenvolvimento científico) passa a

dominar as relações sociais, ocasionando uma mudança tecnológica e de produção. Essa

mudança produtiva acabou distanciando o homem do meio ambiente. Porto Gonçalves (2006)

complementa que neste momento a ciência passa a justificar o funcionamento e a

compreensão das coisas, autorizando a exploração dos indivíduos sociais e dos recursos

naturais. Desta forma, segundo o autor, o lucro passa a mediar as relações dos homens e

mulheres e deles com a natureza.

O desenvolvimento tecnológico e dos meios de comunicação tem como consequência

o discurso da aproximação e/ou anulação de fronteiras dos países com o objetivo de

aumentarem a lucratividade. Santos (1996) argumenta que este processo, conhecido como

Globalização, passa a homogeneizar a cultura, organizar o espaço geográfico mundial em

redes, extinguir as particularidades dos lugares e explorar os recursos naturais através da

expansão de empresas multinacionais. O referido autor acredita que este meio técnico

científico-informacional de exploração dos espaços, intensificou e consolidou uma crise

ambiental.

Corroborando com as ideias de Santos (1996), Guimarães (2004) destaca que esta

crise ambiental tem um caráter complexo, multidimensional, e suas consequências afetam

todos os aspectos da vida humana. O autor acredita que os problemas ambientais são

acompanhados por crises paradigmáticas intelectuais, morais e espirituais. À medida que o

sistema capitalista se hegemoniza e, quando o método científico torna-se o justificador para a

exploração da natureza, há a promoção de desigualdades socioespaciais juntamente com a

ideologia do consumo, crescimento econômico ilimitado e acelerado processo de urbanização.

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Guimarães (2004) relata que há uma corrente de pensamento que acredita na

necessidade de reforma do modelo atual de desenvolvimento, de modo que as novas

tecnologias ecologicamente formuladas possam mudar valores contidos na sociedade.

Entretanto, segundo o autor, uma segunda corrente de pensamento defende que para que os

problemas ambientais sejam resolvidos, é necessário se desvencilhar do capitalismo, já que o

mesmo seria o fator motivador dos entraves ambientais.

De acordo com Porto-Gonçalves (2006), passamos por diversos momentos da

chamada Globalização, sendo o atual, marcado pelo aparente paradoxo de valorização do

meio ambiente na agenda política e nos meios de comunicação e, ao mesmo tempo, assistimos

a um processo de devastação dos ambientes naturais nunca antes registrados na história.

Diante disso, segundo esse autor, surgem pensamentos alternativos forjados pelos

movimentos sociais com diversos nomes (sócio-ambientalismo, ecologismo dos pobres,

justiça ambiental, etc.) que são pontos de partida para um paradigma emergente.

Diferentemente de um ambientalismo de matriz eurocêntrica que se desenvolveu

com base no mito moderno da natureza intocada, na feliz caracterização crítica de A.

C. Diegues (2004), há esse outro ambientalismo que emana do pensamento

subalterno e que parte da criatividade cultural e da produtividade biológica primária

em busca de uma racionalidade ambiental. São pensamentos e ações com, e não

contra, a natureza/meio ambiente, que retira sua força do conhecimento do lugar

(pensamento local), e de sua relação com o meio ambiente, mas sem pretensão de

universalização/generalização. (DIAS; BATTESTIN, 2011; p. 04)

Esse pensamento expõe um desafio para os educadores e às nossas sociedades,

enfatiza Porto- Gonçalves (2006). Assim como o desenvolvimento se expandiu em nome de

superar o subdesenvolvimento, vemos o mesmo no campo ambiental, onde o

desenvolvimento é recuperado enquanto eco-desenvolvimento ou desenvolvimento

sustentável. É urgente o estabelecimento de uma racionalidade ambiental, por meio de uma

política da diferença na igualdade e de uma política de igualdade na diferença.

Além disso, alguns autores defendem a ideia de que o atual momento é marcado por

uma “sociedade de risco”. Ou seja, os indivíduos sociais não são ameaçados por riscos

inerentes a fenômenos naturais, mas sim por problemas produzidos por essa própria

sociedade. O crescimento das cidades sem um planejamento prévio é um dos problemas e

riscos socioambientais enfrentados na contemporaneidade e necessita ser discutido. A atual

crise possui origens históricas, e é na historicidade que ela pode ser desconstruída.

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2.1 O processo de urbanização e o debate ambiental

O debate ambiental traz consigo a temática do processo de crescimento das cidades e

da urbanização, já que, a partir do século XVIII, com a eminente industrialização e o

nascimento do sistema capitalista, as cidades passam a ser um importante centro para o

desenvolvimento das forças produtivas gerando, portanto, um aumento em seu número de

habitantes e uma modificação em seus espaços.

De maneira geral, Santos (1996) e Lefebvre (2006) diferenciam cidade e urbanização,

enfatizando que esta se define como sendo as próprias relações sociais que se materializam no

espaço urbano e aquela, é a forma, a materialização de determinadas relações sociais. A

cidade, segundo esses autores, é o espaço físico, material e a urbanização se refere ao

aumento da população neste espaço, atrelado às relações contidas nele.

Ribeiro (1992) pontua que a partir da 2ª Guerra Mundial, as cidades brasileiras tiveram

um acelerado crescimento urbano, ocasionando graves problemas ambientais. O autor destaca

São Paulo e Rio de Janeiro como sendo duas das principais cidades a sofrerem com estresses

ambientais como enchentes, desmoronamentos de encostas, doenças respiratórias e/ou

provocadas por más condições da água. Concomitantemente aos problemas ambientais,

segundo o autor, o crescimento compulsório das cidades passou a agravar os problemas

sociais como a segregação socioespacial, o aumento da desigualdade de terras e renda, e a

falta de eficiência de uma política habitacional.

Sem dúvida, o modelo centro-periferia de crescimento urbano transformou de forma

profunda os ambientes naturais (rios, lagoas, os córregos etc.), ignorando suas

importâncias como integrantes da paisagem urbana. As práticas urbanizadoras mais

recentes, na maioria das vezes, desprezaram os ambientes naturais, aqueles mesmos

que foram determinantes para a localização original das cidades. (SOUZA; 2009; p.

122)

Neste contexto, Vilaça (2008) evidencia o processo de urbanização do município de

Campos dos Goytacazes/RJ. A autora enfatiza que mudanças no espaço campista a partir de

1930, como aterros de lagoas e desvios de cursos d’ água, foram realizadas com o objetivo de

crescimento da cidade e expansão da indústria canavieira. Dentro deste processo Vilaça

(2008) enfatiza que sobraram apenas 22 lagoas em Campos. Souza (2009) complementa

Vilaça (2008), ao dizer que as cidades de porte médio, como Campos dos Goytacazes,

passaram a sofrer com problemas socioambientais que, antes estavam restritos às metrópoles.

A pressão sobre os recursos hídricos, a impermeabilização do solo, a verticalização excessiva,

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o descarte de lixo, o trânsito e as diferenciações no espaço são exemplos de problemas

socioambientais observados no município campista. Além disso, a cidade apresenta o

problema das ocupações irregulares, que ocasionam graves consequências para a sociedade

como um todo. Filho (2006) apresenta o problema das moradias irregulares em cidades

médias como Campos dos Goytacazes:

A pressão por moradia gera implicações para o meio ambiente na medida em que as

favelas e as ocupações irregulares se espalham pela malha urbana. Utilizam-se de

áreas que apresentam condições desfavoráveis a estes assentamentos, por serem de

topografia desfavorável, ou inadequadas por exercerem funções relevantes para o

ambiente como áreas verdes, de proteção de mananciais, de mangues e de uso

publico, entre outras. (SABBAG FILHO, 2006, p.22).

A urbanização de Campos dos Goytacazes acompanhou o processo de desmonte e

poluição dos ambientes naturais. A origem do adensamento urbano na cidade deve-se

principalmente ao Rio Paraíba do Sul que hoje, segundo Souza (2009), apresenta-se

degradado e esquecido dentro da paisagem urbanística, provando mais uma vez que, o que se

percebe nas áreas urbanas é um descaso em relação aos recursos naturais, ignorando-os como

recursos estratégicos em vista de seu potencial econômico e promotor de melhoria de vida.

Com isso, essas questões socioambientais tornam urgente uma discussão crítica e de

caráter transdisciplinar pela escola, tendo como objetivo a conscientização a mudança dos

hábitos sociais. Entende-se que o ser humano necessita retomar a ideia do conceito de

natureza, se inserindo na mesma para que, a partir daí consiga desenvolver métodos

urbanísticos mais adequados e conciliatórios entre o crescimento das cidades e a qualidade

ambiental.

3 A ESCOLA E O ESTUDO DO MEIO

Vivemos em uma sociedade que a cada dia torna-se mais acelerada. Com o processo

de modernização vivido a partir do século XX o ritmo de trabalho e das situações vivenciadas

na esfera individual tornou-se ainda mais frenético. Ribeiro (1992) argumenta que a

industrialização e a urbanização, o rápido crescimento populacional, a multiplicação de novas

tecnologias e meios de transporte, a explosão de uma cultura voltada para o consumo de

massa e para a cultura audiovisual, a saturação do capitalismo avançado e outros movimentos

vivenciados na sociedade moderna acabaram estabelecendo uma nova forma de relação entre

os indivíduos e o mundo que os cerca.

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A escola é o espaço do entrelaçar cultural e de relações, ou seja, onde há convergência

de todas essas culturas e de diferentes realidades que se manifestam. Com isso, a inserção de

metodologias alternativas que promovam a evolução do pensamento crítico do estudante,

além da contribuição também para o professor e sua formação prática, constitui-se em um

desafio no campo do ensino. Assim sendo, o estudo do meio pode servir de ferramenta

enriquecedora nestes casos e também no sentido de ser uma possibilidade de integração de

saberes.

Segundo Lopes e Pontuscka (2009) o estudo do meio pode ser compreendido como

um método de ensino interdisciplinar que visa proporcionar para alunos e professores contato

direto com uma determinada realidade, um meio qualquer, rural ou urbano, que se decida

estudar. Esta atividade pedagógica se concretiza pela imersão orientada na complexidade de

um determinado espaço geográfico, do estabelecimento de um diálogo inteligente com o

mundo, com o intuito de verificar e de produzir novos conhecimentos.

A partir desta concepção, acredita-se que o estudo do meio pode tornar mais

significativo o processo de ensino-aprendizagem, bem como contribuir com o

desenvolvimento crítico e investigativo em relação ao ambiente em que vivem seus atores,

trazendo consigo inquietação para fatos novos em espaços já naturalizados. Isso lança a

possibilidade de produção de novos conhecimentos e elaboração contínua do currículo

escolar.

Fazendo uso de concepções freireanas, o trabalho de Correa (2016) aponta a

importância da discussão com os alunos na razão de ser dos saberes em relação com o ensino

dos conteúdos. Há que se aproveitar a realidade concreta de alunos que vivem em áreas

periféricas e descuidadas da cidade para que haja uma discussão sobre, por exemplo, a

poluição dos riachos e dos córregos daquela cidade, focando até mesmo em um projeto

escolar interdisciplinar.

Fato é que tal método de ensino é desafiador, tendo em vista que esta prática tem sua

expressão de forma plena em uma escola onde se busca uma teoria curricular menos

homogeneizadora e onde se cria a possibilidade de inserir os interesses de vivencia dos atores

sociais.

Visto isso, trabalhar a Educação Ambiental a partir do espaço vivido e da percepção

ambiental do educando, ajuda o indivíduo a compreender e propor soluções para os problemas

naturais daquele lugar. Para entender o espaço, Lefebvre (2006) o define de maneira tripartite:

o espaço material, a representação do espaço e o espaço de representação. O primeiro é o da

experiência, da percepção e aberto ao toque físico. Já o segundo traz consigo a ideia de um

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espaço concebido e representado. O autor define o último conceito como sendo o espaço

vivido, das emoções e significados, passível de representações.

Tendo como base o espaço vivido e percebido, a educação ambiental na escola,

necessita se ancorar na realidade discente. Medeiros, Mendonça e Oliveira (2011) apontam

que a partir da Rio-92, a educação ambiental centrou-se no pensamento crítico e inovador em

qualquer tempo ou lugar, promovendo a transformação e a construção da sociedade. Desta

forma, acreditando que a escola é um espaço emancipatório e de construção do conhecimento,

o Ministério da Educação ao elaborar os Parâmetros Curriculares Nacionais em 1998, institui

o Meio Ambiente como tema transversal do currículo básico do Ensino Fundamental. Em

abril de 1999, segundo os autores citados acima, com a lei n° 9795/99, a educação ambiental é

oficializada como área essencial e permanente em todo o processo educacional, sendo

mantido o seu caráter interdisciplinar.

Uma educação ambiental crítica e voltada para a cidadania, como argumenta Jacobi

(2005), busca a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença por meio de formas

democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas.

Entende-se que a educação para a cidadania trata não só da capacidade do indivíduo

de exercer os seus direitos nas escolhas e nas decisões políticas, como ainda de

assegurar a sua total dignidade nas estruturas sociais. Desse modo, o exercício da

cidadania implica autonomia e liberdade responsável, participação na esfera política

democrática e na vida social. Os cidadãos desenvolvem ações de integração social,

conservação do ambiente, justiça social, solidariedade, segurança e tolerância, as

quais constituem preocupações da sociedade atual. Pretende-se, assim, sensibilizar

alunos e professores para uma participação mais consciente no contexto da

sociedade, questionando comportamentos, atitudes e valores, além de propor novas

práticas. (JACOBI, 2005, p. 243)

Nesse sentido, as proposições de Jacobi (2005) apontam que a escola deve trabalhar

com a educação ambiental embasada na criticidade, criatividade e sintonizada com a

proposição de respostas para o futuro, analisando as relações entre os processos naturais e

sociais em uma perspectiva global, entretanto, respeitando as diversidades socioculturais e

locacionais. O principal objetivo é elucidar a mudança de novos comportamentos e atitudes,

estimulando novos valores individuais e coletivos.

Os educadores devem estar cada vez mais preparados para reelaborar as informações

que recebem, e, dentre elas, as ambientais, para poder transmitir e decodificar para

os alunos a expressão dos significados em torno do meio ambiente e da ecologia nas

suas múltiplas determinações e intersecções. A ênfase deve ser a capacitação para

perceber as relações entre as áreas e como um todo, enfatizando uma formação

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local/global, buscando marcar a necessidade de enfrentar a lógica da exclusão e das

desigualdades. . (JACOBI, 2005, p. 247)

Correa (2016) vai ao encontro de Jacobi (2005) complementando que, é necessário

que a escola trabalhe com metodologias que analisem os problemas socioambientais do

espaço vivido pelo aluno. O autor defende que é de suma importância que o professor

transforme o saber universitário em saber escolar, reconstruindo-o e reorganizando-o,

aproximando este da realidade do aluno. A transposição didática auxilia no impedimento da

fragmentação do olhar escolar. Através dela o aluno aprende conteúdos e consegue

estabelecer conexões com a realidade.

Portanto, a utilização de maquetes, jogos, fotografias, trabalhos de campo, mapas

mentais e outros recursos metodológicos, podem servir como instrumentos importantes de

trabalho para a educação ambiental crítica. Essas metodologias podem ser relacionadas a

partir do espaço vivenciado pelo estudante, fazendo com que este compreenda o seu lugar e,

tornando-o agente transformador de determinada realidade.

3.1 Os mapas mentais na representação do lugar

Os mapas mentais são conceituados por Nogueira (2009) como sendo imagens

espaciais que as pessoas possuem de lugares conhecidos, direta ou indiretamente. Correa

(2016, apud. OLIVEIRA et. al. 2006) vai ao encontro de Nogueira (2009), complementando

que os mapas mentais são imagens traçadas, representadas e repletas de traços sócio culturais.

No mapa mental o lugar é percebido e apresentado como ele é, perpassando simples arranjos

de mapas cartográficos e englobando várias representações que auxiliam na compreensão e

interpretação daquela realidade.

Conforme Oliveira (2006, apud TUAN et. al. 1975), os mapas mentais carregam as

seguintes funcionalidades: preparam para a comunicação efetiva sobre as

informações espaciais, tornam possível ensaiar um comportamento espacial na

mente, auxiliam na memorização e localização de determinados locais, permitem a

retratação de “mundos imaginários” não acessíveis às pessoas e auxiliam na

discussão ambiental. Ao cumprir estas funções, os mapas mentais auxiliam no

processo de estruturação e armazenamento de conhecimentos. (CORREA, 2016, p.

42)

Ao falarmos de mapas mentais na avaliação da percepção ambiental do aluno, busca-

se articular o conhecimento científico dando um objetivo de recurso didático, atrelado ás

diferentes formas de linguagem. O mapa mental torna-se importante para construir um

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processo de ensino-aprendizagem capaz de juntar os conhecimentos do espaço de vivência

com os saberes sistematizados. Jacobi (2005) relata que trabalhar a percepção ambiental com

os mapas mentais, traz a possibilidade dos estudantes obterem um olhar crítico e construtivo,

fazendo parte daquele lugar, e não meramente um observador.

Para Medeiros et. al. (2011), cada cidade, bairro, vila e comunidade possuem os seus

próprios estilos e identidades. Essa diferença, segundo a autora, advém das características

ambientais, sociais, culturais e locacionais, fazendo com que os indivíduos possuam imagens

diferentes uns dos outros. A formação mental de cada um deve-se às relações do meio onde

estão inseridas, relações consigo mesmo e sua capacidade de abstração do mundo real aquilo

que é visível a si mesmo.

Considerando essa abordagem, Correa (2016) mostra a importância da utilização de

mapas mentais para a compreensão e estudos socioambientais do lugar vivenciado pelos

indivíduos. O autor argumenta que o mapa mental, traz consigo a percepção ambiental que o

estudante possui do seu espaço vivido, podendo propor soluções para os problemas

levantados. Mas, o que é lugar?

O geógrafo Marcelo Lopes de Souza (2013) afirma que a palavra lugar comporta

conceitos como uma localidade qualquer, uma área e/ou espaços indeterminados. Analisando

essa palavra dentro da Geografia, encontramos o lugar como sendo um de seus principais

conceitos basilares que, ao longo da história do pensamento geográfico sofreu transformações

em sua definição.

Na Geografia Clássica, onde Friedrich Ratzel e Vidal de La Blache aparecem como

os principais autores, Holzer (1999) argumenta que o lugar era utilizado como o

conceito fundamental da Geografia, devido à importância que a ciência dava no

início do século XX ao estudo e à confecção de mapas. Apenas a partir da década de

1970, Ferreira (2000) complementa que o conceito de lugar passa por

transformações resultantes da Geografia Humanista que associará o referido

conceito à base filosófica da fenomenologia e do existencialismo. (CORREA, 2016,

p. 39).

Predominante a partir dos anos de 1970, a corrente da Geografia Humanista

transformou profundamente a definição do conceito de lugar. Os geógrafos humanistas

acreditavam na análise perceptiva e histórico-cultural de um determinado espaço para poder

analisa-lo. Ou seja, a partir das relações socais e experiências desenvolvidas dentro daquele

espaço.

Esta corrente de pensamento se apoderou do método de pesquisa da fenomenologia da

percepção que, segundo o filósofo Maurice Merleau-Ponty (1999), procurava resgatar a

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experiência tal e qual do mundo, ou seja, a experiência vivida pelos indivíduos em um dado

espaço. Experiência essa que é definida por Tuan (1983) como sendo as diferentes maneiras

que o indivíduo constrói a realidade. A consciência é interferida pela intencionalidade,

resultante de vivências do sujeito.

Reforçando este argumento afirma que o sentido da fenomenologia está em nós

mesmos, no mundo vivido e na relação espaço-tempo. Ao trabalhar estas categorias

Merleau-Ponty sustenta a crítica a forma de produção de conhecimento científico na

modernidade centrado no objetivismo e facilita a construção de novos olhares no

seio do pensamento geográfico. (PEREIRA; CORREIA; OLIVEIRA, 2010, p. 174)

Apropriando-se da fenomenologia da percepção, Souza (2013) define o lugar como

sendo um espaço vivido e percebido, carregados de significados dos quais se extraem as

imagens que os sujeitos possuem deste lugar. Neste, não é a dimensão de poder a mais

evidente, mas sim a dimensão cultural-simbólica que permite a construção das imagens e do

sentido dos lugares. O autor complementa que considera o lugar como uma entidade uníssona,

repleta de significados e experiências, o centro do qual atribuímos algum tipo de valor.

Como vimos um ambiente que desperta lembranças a partir de experiências

vivenciadas, podem levar a uma melhor compreensão dos problemas socioambientais

contidos naquele lugar. A favelização, o trânsito, a poluição dos recursos hídricos, a

degradação do solo, dentre outros, podem ser tratados a partir da análise local e das relações

sociais que se desenvolvem naquele lugar.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de Geografia relatam que os espaços

se tornam lugar à medida que o homem os organiza economicamente e socialmente,

produzindo e modificando este espaço através do trabalho. Os esforços sobre uma dada área

criam laços afetivos e de identidade, tornando o sujeito produtor deste lugar construído social

e culturalmente.

Filho e Oliveira (2013) argumentam que os mapas mentais são ferramentas

importantes para que o lugar seja entendido ambiental, social e culturalmente. A figura 1

mostra um exemplo de mapa mental construído por alunos do 6° ano do Ensino Fundamental

da cidade de Itaara/RS. Esta se localiza na porção central do estado do Rio Grande do Sul, e

possui em seu território extensas áreas verdes, fazendo com que alunos e moradores tenham

um maior contato com a natureza. Os autores citados anteriormente tiveram como principal

objetivo avaliar a percepção ambiental que os estudantes possuíam do seu espaço vivido e, a

partir daí, elaborar estratégias de Educação Ambiental.

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Figura 1: mapas mentais construídos por alunos do 6° ano da cidade de Itaara/RS

Fonte: FILHO; OLIVEIRA, 2013, p. 06.

Na Figura 1, os autores destacam a organização das casas, e a modelagem das ruas, em

função da organização espacial de Itaara diversificada, pois existentes condomínios

residenciais, onde as ruas se organizam em quadras, próximas aos lagos, e lugares em que as

ruas fazem um contorno por regiões mais íngremes. Além disso, os estudantes representaram

as diferenças de arborização em áreas destinadas para a construção de condomínios e as áreas

periféricas. Nestas, a quantidade de áreas verdes se apresentavam inferior do que naquelas.

Dessa forma, temos nos mapas mentais uma ferramenta pedagógica importante para a

análise da percepção ambiental que o discente possui de seu espaço de vivência. Essa análise

perceptiva pode servir como base para uma discussão ambiental sobre a formação histórica e

urbana daquele lugar, a degradação dos recursos naturais e a elaboração de projetos de

Educação Ambiental. A partir desta ferramenta, o estudante assimila conteúdos curriculares e

valores atitudinais sustentáveis, capazes de fazê-lo refletir sobre a realidade na qual está

inserida, transformando sua prática e seu olhar ambiental.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Freire (1996) alerta-nos para uma prática educativo-crítica que valorize as habilidades

que cada indivíduo traz do seu cotidiano, tornando o ato de ensinar um campo aberto de

possibilidades para a produção e/ou construção do conhecimento. O trabalho realizado

através de oficinas pedagógicas pode proporcionar essa práxis construtivista crítica.

A experiência vivenciada nas oficinas com crianças e adolescentes está marcada por

um movimento dialético e tem como base o pensamento de Paulo Freire no que se

refere ao uso da dialética/ dialogicidade na relação educador e educando. Sendo as

oficinas um espaço de interação e troca de saberes, esta ocorre através de dinâmicas,

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atividades coletivas e individuais que proporciona ao educando expor seus

conhecimentos sobre a temática em questão e assimilar novos conhecimentos

acrescidos pelos educadores. (FIGUEIRÊDO; SILVA; NASCIMENTO; SOUZA,

2006, p. 03)

As oficinas pedagógicas deste trabalho foram realizadas no Colégio Santos Dumont,

localizado na Rua Saldanha Marinho, n° 190, Centro – Campos dos Goytacazes/RJ e possuem

o objetivo de inteirar os conhecimentos escolares com a percepção ambiental que o estudante

possui do seu espaço vivido. Alicerçados na visão da existência de problemas socioambientais

atuantes no espaço de vivência do aluno, é necessário que este consiga detectar e se

conscientizar de tais problemas a fim de que possa intervir em seu lugar.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico (2016) da referida instituição de ensino,

o Colégio Santos Dumont busca romper com os processos conteudistas da educação escolar,

otimizando a prática de avaliação do desempenho educacional do estudante e da própria

instituição, e desenvolvendo um modelo de colégio que priorize a formação humana,

espiritual e cultural do educando. Sendo assim, o Projeto Político Pedagógico do Colégio

Santos Dumont, traz como ênfase a adoção da Metodologia da Escola da Ponte a partir do ano

de 2015. A instituição organiza o colégio em três níveis de aprendizagem: Iniciação (referente

à Educação Infantil e Ensino Fundamental 1), Consolidação (referente ao Ensino

Fundamental 2) e Aprofundamento (referente ao Ensino Médio).

Dessa forma, visando desenvolver a introdução de uma educação ambiental crítica na

escola, este trabalho adotou o método da fenomenologia da percepção para a análise de

problemas ambientais e sociais contidos no município de Campos dos Goytacazes/RJ. Foram

realizadas duas oficinas pedagógicas de construção de mapas mentais com alunos da

Consolidação (Ensino Fundamental 2) com idade encontra-se entre 10 e 14 anos.

A tabela 1 mostra as datas de realização das oficinas e seus referidos temas:

Tabela 1: Cronograma das oficinas

DATA TEMAS DAS OFICINAS HORÁRIO

18/07/2017 Detectando problemas sociais e

ambientais

14h10 às 15h10

19/07/2017 Como deveria ser? 14h10 às 15h10

A oficina pedagógica do dia 18/07/2017, teve como tema “Detectando problemas

sociais e ambientais” e dividiu-se em três momentos: o primeiro momento consistiu numa

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explicação e exposição do autor da pesquisa, sobre os principais problemas socioambientais

vivenciados na atualidade no município de Campos dos Goytacazes/RJ. Essa abordagem se

deu por meio de imagens por meio das quais os alunos discutiram e expuseram outros

problemas que conseguem perceber no espaço campista.

A partir deste momento, a oficina passou para a segunda parte: esta consistiu na

elaboração de mapas mentais a partir de problemas socioambientais que são percebidos pelos

alunos no município de Campos dos Goytacazes/RJ. Neste momento, os estudantes tiveram

total liberdade para a elaboração da sua carta mental, tendo como ponto de partida a sua

percepção sobre o seu espaço vivido. O terceiro momento baseou-se na discussão e na

exposição daquilo que foi representado nos mapas mentais.

A figura 2 mostra dois mapas mentais produzidos durante a primeira oficina. Nestes

mapas, os alunos representaram dois problemas socioambientais que, segundo eles, geram

graves consequências para a sociedade campista. O aluno “A” destacou a urbanização

crescente e desordenada do município de Campos dos Goytacazes/RJ, o que ocasionou uma

diminuição das áreas verdes e aumento da temperatura média da cidade, fenômeno conhecido

como ilhas de calor. Indo ao encontro do estudante “A”, o aluno “B” morador do Parque

Guarus, representou o problema da impermeabilização dos solos. Este, consequentemente, faz

com que, em momentos de chuva intensa, ocorram as inundações de alguns pontos da cidade.

Figura 2: representação do aumento da temperatura média e as inundações presentes em Campos dos

Goytacazes

Fonte: Arquivo pessoal

O dia 19/07/2017 foi marcado pela oficina “Como deveria ser?”. Os alunos

participantes desta oficina necessariamente tiveram como requisito mínimo ter participado da

oficina anterior. A oficina do dia 19 de julho aconteceu em dois momentos distintos. Em um

primeiro momento, foram entregues aos estudantes os mapas mentais que foram elaborados

no dia anterior sobre os problemas socioambientais detectados por eles no município de

A B

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Campos dos Goytacazes. Por conseguinte, os alunos elaboraram um novo mapa mental

daquele mesmo espaço, entretanto, dando uma solução àquele problema socioambiental

evidenciado no mapa mental anterior. A fase final da oficina “Como deveria ser?”, consistiu

na discussão de cada mapa mental elaborado pelos alunos. Os discentes expuseram o

problema detectado e a solução que deram para o mesmo.

A figura 3, mostra dois mapas mentais produzidos durante essa segunda oficina. O

aluno “C”, enfatiza em sua representação que para ajudar na resolução da poluição do Canal

Campos-Macaé, é necessário uma revitalização do local, tendo como base a despoluição das

águas do local, a conscientização da importância do canal e a criação de praças de lazer com

uma vasta arborização ao seu redor. Dando destaque à poluição dos recursos hídricos, o aluno

“D” representa como forma de resolver este problema, projetos que visem à preservação de

lagoas e rios do município.

Figura 3: Preservação dos recursos hídricos no município de Campos dos Goytacazes

Fonte: Arquivo pessoal

O mapa da figura 4 é a representação da solução do problema do educando “B”. Neste,

o aluno mostra que as inundações serão atenuadas a medida que o poder público construir

mais bueiros que auxiliam a escoar a água. Além disso, o discente destaca que é necessária

uma maior arborização na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ, pois ela auxilia na

contenção das águas dos rios e lagoas, possibilitando também uma diminuição na temperatura

média da cidade.

C D

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Figura 4: mapa mental produzido pelo aluno “B” sobre a arborização da cidade

Fonte: Arquivo pessoal

Assim como dito por Brandão (2005) verificamos que de fato os mapas mentais são

ferramentas importantes para verificar a percepção ambiental do individuo em relação ao

lugar onde vivem, auxiliando na tomada de consciência de que fazem parte de um ambiente

em transformação, e que partir de um certo momento, compreende-se que transformamos as

coisas e os cenários do meio ambiente para adaptá-lo a nós. Fizemos isto com as tecnologias

mais rudimentares que se possa imaginar, durante muitos milhares de anos. Seguimos fazendo

a mesma coisa, milênios mais tarde, com tecnologias de transformação da natureza cujo poder

agora nos espanta e assusta.

O conhecimento que o educando trás consigo precisa ser aproveitado na sala de aula,

possibilitando a integração e a aproximação da escola com o cotidiano dos estudantes, como

Freire (1996) nos alerta. A experiência com as oficinas pedagógicas de mapas mentais, fez

com que os educandos pontuassem problemas socioambientais percebidos na paisagem

campista. A questão da poluição das águas oceânicas, a segregação socioespacial geradora de

moradias irregulares no município e uma maior preocupação no descarte de lixo, foram outros

problemas atentados pelos discentes durante o processo de elaboração dos mapas mentais.

Com o referente projeto pode-se respeitar a curiosidade, a inquietude, a linguagem de cada

aluno, sem menosprezar suas experiências cotidianas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, caracterizamos o momento atual como um embate crítico entre as forças

produtivas e os recursos naturais. Esse embate, fruto do desenvolvimento tecnológico e do

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padrão de consumo da sociedade contemporânea, leva-nos a conviver com uma das maiores

crises ambientais da história recente. Cidades são modificadas, espaços são eliminados, a

sociedade causa e é atingida pelo estresse ambiental.

Um dos espaços de debates da crise ambiental é a escola, principalmente através de

uma educação ambiental crítica que valorize e insira o estudante em seu espaço de vivência.

Neste sentido que a percepção ambiental compreendida através dos mapas mentais, destaca -

se por contribuir para a sensibilização dos alunos e, portanto, criar um ambiente de dialética,

onde opiniões divergentes são capazes de produzir soluções por sujeitos dialógicos que

aprendem e crescem na diferença.

Pôde-se perceber que os alunos possuem uma percepção relevante sobre o lugar onde

vivem. Assim, todos os mapas mentais apresentados formam uma análise a respeito de um

lugar visto através dos olhares dos próprios moradores e da sua vivência. Os mapas mentais

apontam um caminho para diversas interpretações, proporcionando uma observação sensível

do lugar impregnado de elementos subjetivos. Estas interpretações e observações, se levadas

em consideração nos planejamentos urbanos, serão de grande valia para a implantação de

diversas ações que valorizem o lado humano da vida nas cidades.

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