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CURSO DE GRADUAÇÃO BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SONAYRA DO NASCIMENTO MARIANO DESIGN DE INTERIORES NO TRATAMENTO DO AUTISMO: Proposta de intervenção arquitetônica através da psicologia ambiental Campos dos Goytacazes /RJ 2017

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CURSO DE GRADUAÇÃO BACHARELADO EM ARQUITETURA E

URBANISMO

SONAYRA DO NASCIMENTO MARIANO

DESIGN DE INTERIORES NO TRATAMENTO DO AUTISMO:

Proposta de intervenção arquitetônica através da psicologia ambiental

Campos dos Goytacazes /RJ

2017

SONAYRA DO NASCIMENTO MARIANO

DESIGN DE INTERIORES NO TRATAMENTO DO AUTISMO:

Proposta de intervenção arquitetônica através da psicologia ambiental

Campos dos Goytacazes/RJ

2017

Trabalho Final de Graduação apresentado

ao Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia Fluminense de Campos dos

Goytacazes como requisito parcial para

conclusão do curso de Bacharelado em

Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª. Ana Paula Pereira de

Campos Lettieri

SONAYRA DO NASCIMENTO MARIANO

DESIGN DE INTERIORES NO TRATAMENTO DO AUTISMO:

Proposta de intervenção arquitetônica através da psicologia ambiental

Aprovado em _________ de 2017

Banca Avaliadora:

................................................................................................................................. Profª. Ana Paula Pereira de Campos Lettieri

Arquiteta e Urbanista

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – Campus Campos Centro

................................................................................................................................. Profª. Aline Couto da Costa

Arquiteta e Urbanista

Doutorado em Arquitetura

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro

................................................................................................................................. Profª. Leonardo Ribeiro Moço Pessanha

Arquiteto e Urbanista

Mestrado em Engenharia Ambiental

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – Campus Macaé

Trabalho Final de Graduação apresentado

ao Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia Fluminense de Campos dos

Goytacazes como requisito parcial para

conclusão do curso de Bacharelado em

Arquitetura e Urbanismo.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por ter me amparado em todos os

momentos da vida e principalmente no período da faculdade, protegendo e iluminando o meu

caminho durante toda temporada longe de casa.

Agradeço imensamente aos meus amados pais e irmãos, que sempre acreditaram em

mim e me incentivaram a continuar mesmo diante de todas as dificuldades que enfrentamos

durante a minha vida acadêmica. Obrigada por não me deixarem desistir e por me apoiarem,

essa conquista não é só minha, é nossa e eu dedico essa conclusão de mais uma etapa da minha

vida aos meus amores eternos: vocês.

À família Lemos Marques, que me ajudou em todos os momentos da minha caminhada,

apoiando de várias formas e sempre se colocando à disposição para o que eu precisasse. Serei

sempre grata a vocês por tudo que fizeram por mim.

Ao Ravel Guanabarã, meu namorado e companheiro de todos os momentos. Obrigada

pela paciência, carinho e dedicação. Você sempre acreditou em mim e fez questão de me

mostrar o quanto sou capaz. Se hoje estou conseguindo concluir com satisfação o meu

bacharelado em arquitetura e urbanismo, foi porque você sempre esteve comigo!

Aos familiares e amigos, que contribuíram para a minha formação, cada um de uma

forma e sempre com muito carinho.

Agradeço às minhas amigas “do IFF para a vida”, que aturaram muitos momentos de

incertezas e toda montanha russa de emoções que passamos durante a graduação. Vocês foram

e sempre serão pessoas com quem poderei contar, muito obrigada!

Agradeço aos professores por todo conhecimento compartilhado e dedicação.

À minha maravilhosa e paciente orientadora, Ana Paula Lettieri, que me apoiou antes

mesmo da decisão do tema, me encorajou a tentar algo diferente e não me deixou desesperar.

Obrigada por me orientar tecnicamente e psicologicamente, sem dúvidas você foi muito

importante na minha trajetória acadêmica.

Agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a minha formação.

RESUMO

O autismo é um transtorno que tem sido diagnosticado em cada vez mais pessoas no mundo

todo. Existem diferentes métodos para o tratamento do transtorno do espectro autista que têm

como finalidade trabalhar as particularidades dos estímulos sensoriais do usuário. O objetivo

desse trabalho é propor bem-estar e emoções positivas através da psicologia ambiental e do

design de interiores para as crianças que frequentam o espaço onde o projeto será aplicado,

além de possibilitar que a psicologia junto com a arquitetura potencialize o tratamento do TEA.

Como metodologias adotadas para a execução do projeto, adotou-se a pesquisa bibliográfica

sobre o Transtorno do Espectro Autista, sobre a Psicologia Ambiental e o Design de Interiores,

além de visitas técnicas com levantamento de campo na Associação de Pais de Pessoas

Especiais do norte e noroeste/RJ, sendo eles questionários e análise walkthrough. O projeto

proposto apresenta soluções específicas para as necessidades e particularidades das crianças

autistas através da psicologia do design de interiores, resultando em salas flexíveis, no layout e

referentes aos estímulos, para que os ambientes atendam à todos os usuários.

Palavras-chave: Autismo. Projeto arquitetônico. Psicologia ambiental. Design de interiores.

ABSTRACT

Autism is a disorder that has been increasingly diagnosed among people around the world.

There are different methods of treatment of autism spectrum disorder with the purpose of

working the peculiarities of the sensory stimuli of the user. The main goal of this thesis is to

propose well-being and positive emotions through environmental psychology and interior

design for the children who are attending the place where the methodology is being applied,

and also to allow that psychology and architecture enhance the treatment of ASD. The

methodologies utilized carrying out the project were bibliographic researches on Autism

Spectrum Disorder, on Environmental Psychology, and on Interior Design. Technical visits and

field researches in the Association of Parents of Special People of the north and northwest / RJ,

were also performed, with questionnaires and walkthrough analysis being applied. The thesis

presents specific solutions for the needs and particularities of autistic children through the

psychology of interior design, resulting in flexible rooms, in the layout and referring to the

stimuli, for the rooms meet all users.

Keywords: Autism. Architectural project. Environmental psychology. Interior design.

LISTA DE SIGLAS

ABA. Applied Behavior Analysis

ABRA. Associação Brasileira de Autismo

AMA. Associação de Amigos do Autista

APAPE. Associação de Pais de Pessoas Especiais

CID. Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde

CRIT. Centro de Reabilitação e Inclusão Infantil Teléton

D.I.R. Developmental, Individual Difference, Relationship-Based

DSM. Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana de Psiquiatria

E.V.A. Etil Vinil Acetato

LED. Light Emititng Diode

MDF. Medium Density Fiberboard

ONU. Organização das Nações Unidas

PECS. Picture Exchange Communication System

PVC. Polyvinyl chloride

TEA. Transtorno do Espectro Autista

TEACCH. Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped

Children

WAAD. World Autism Awareness Day

ZCP. Zona Comercial Principal

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Amplidão .............................................................................................................. 31

FIGURA 2. Nichos ................................................................................................................... 32

FIGURA 3. Mobiliários e equipamentos .................................................................................. 33

FIGURA 4. Barreiras visuais e acústicas ................................................................................. 33

FIGURA 5. Distâncias interpessoais ........................................................................................ 34

FIGURA 6. Iluminação ............................................................................................................ 35

FIGURA 7. Desníveis de piso e forro ...................................................................................... 35

FIGURA 8. Equilíbrio simétrico .............................................................................................. 38

FIGURA 9. Equilíbrio assimétrico ........................................................................................... 38

FIGURA 10. Equilíbrio radial .................................................................................................. 39

FIGURA 11. Harmonia ............................................................................................................ 39

FIGURA 12. Unidade e variedade ........................................................................................... 40

FIGURA 13. Ritmo .................................................................................................................. 41

FIGURA 14. Escala e proporção .............................................................................................. 42

FIGURA 15. Contraste ............................................................................................................ 43

FIGURA 16. Centros de interesse ............................................................................................ 43

FIGURA 17. Espaço ................................................................................................................. 45

FIGURA 18. Espaço pessoal .................................................................................................... 46

FIGURA 19. Forma .................................................................................................................. 47

FIGURA 20. Linhas ................................................................................................................. 48

FIGURA 21. Texturas .............................................................................................................. 49

FIGURA 22. Iluminação .......................................................................................................... 50

FIGURA 23. Esquema de cores ............................................................................................... 51

FIGURA 24. Área externa do CRIT Quintana Roo ................................................................. 54

FIGURA 25. Área da piscina do CRIT Quintana Roo ............................................................. 55

FIGURA 26. Área da piscina do CRIT Quintana Roo II ......................................................... 55

FIGURA 27. Área de convívio ................................................................................................. 56

FIGURA 28. Circulação I ......................................................................................................... 56

FIGURA 29. Circulação II ....................................................................................................... 57

FIGURA 30. Brinquedoteca ..................................................................................................... 57

FIGURA 31. Sala para atividades infantis ............................................................................... 58

FIGURA 32. Sala de matemática ............................................................................................. 59

FIGURA 33. Pathlight Café ..................................................................................................... 60

FIGURA 34. Parquinho sensorial ............................................................................................. 61

FIGURA 35. Interação com a tela ............................................................................................ 62

FIGURA 36. Sala de terapia ..................................................................................................... 63

FIGURA 37. Localização da cidade Campos dos Goytacazes/RJ ........................................... 65

FIGURA 38. Localização da APAPE e entorno....................................................................... 66

FIGURA 39. Estudo de insolação ............................................................................................ 66

FIGURA 40. Estudo de ventilação ........................................................................................... 67

FIGURA 41. Mapa de zoneamento .......................................................................................... 68

FIGURA 42. Planta baixa com indicação das áreas de intervenção ........................................ 72

FIGURA 43. Setorização .......................................................................................................... 74

FIGURA 44. Centro de autismo ............................................................................................... 77

FIGURA 45. Jardim sensorial I ................................................................................................ 81

FIGURA 46. Espécies com nome científico ............................................................................ 84

FIGURA 47. Jardim sensorial II .............................................................................................. 85

FIGURA 48. Sala de artes ........................................................................................................ 88

FIGURA 49. Sala de estimulação multissensorial ................................................................... 90

FIGURA 50. Sala de pedagogia ............................................................................................... 92

FIGURA 51. Jardim de inverno ............................................................................................... 93

FIGURA 52. Sala de musicoterapia e fonoaudiologia ............................................................. 96

FIGURA 53. Centro de reabilitação ......................................................................................... 99

FIGURA 54. Recepção ........................................................................................................... 101

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Níveis de gravidade do TEA ................................................................................ 20

TABELA 2. Programa de necessidades da APAPE ................................................................. 75

TABELA 3. Orçamento centro de autismo .............................................................................. 80

TABELA 4. Orçamento área frontal ........................................................................................ 82

TABELA 5. Orçamento jardim sensorial II ............................................................................. 85

TABELA 6. Orçamento sala de artes ....................................................................................... 89

TABELA 7. Orçamento sala de estimulação multissensorial .................................................. 91

TABELA 8. Orçamento sala de pedagogia .............................................................................. 94

TABELA 9. Orçamento da sala de musicoterapia e fonoaudiologia ....................................... 97

TABELA 10. Orçamento do centro de reabilitação ............................................................... 100

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12

1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ................................................................... 16

1.1 Panorama Histórico .......................................................................................................... 16

1.2 O autismo e suas classificações ........................................................................................ 17

1.2.1 Categorias do espectro autista ......................................................................................... 19

1.3 Intervenções para o tratamento do TEA ........................................................................ 21

1.4 Conjunto de diretrizes de design para ambiente construído voltado para autistas ... 23

2 PSICOLOGIA AMBIENTAL ............................................................................................ 26

2.1 Níveis da psicologia ambiental ........................................................................................ 27

2.1.1 Nível pessoal ................................................................................................................... 28

2.1.2 Nível arquitetônico .......................................................................................................... 29

2.1.3 Nível urbano-regional ...................................................................................................... 30

2.2 Elementos arquitetônicos que interferem nas relações interpessoais .......................... 31

2.2.1 Amplidão ......................................................................................................................... 31

2.2.2 Nichos .............................................................................................................................. 32

2.2.3 Mobiliários e equipamentos............................................................................................. 32

2.2.4 Barreiras visuais e acústicas ............................................................................................ 33

2.2.5 Distâncias interpessoais ................................................................................................... 34

2.2.6 Iluminação ....................................................................................................................... 34

2.2.7 Desníveis de piso e forro ................................................................................................. 35

3 DESIGN DE INTERIORES ............................................................................................... 36

3.1 Os sete princípios do design de interiores ...................................................................... 37

3.121 Harmonia ........................................................................................................................ 39

3.1.3 Unidade e Variedade ....................................................................................................... 40

3.1.4 Ritmo ............................................................................................................................... 40

3.1.5 Escala e proporção ........................................................................................................... 41

3.1.6 Contraste .......................................................................................................................... 42

3.1.7 Ênfase e centros de interesse ........................................................................................... 43

3.2 Psicologia do design de interiores e o autismo ............................................................... 44

3.2.1 Espaço .............................................................................................................................. 45

3.2.2 Forma e contorno ............................................................................................................. 46

3.2.3 Linhas .............................................................................................................................. 47

3.2.4 Texturas ........................................................................................................................... 49

3.2.5 Luz ................................................................................................................................... 50

3.2.6 Cor ................................................................................................................................... 51

4 REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS ........................................................................... 54

4.1 Referencial Plástico .......................................................................................................... 54

4.2 Referencial Funcional ...................................................................................................... 58

4.3 Referencial Tecnológico ................................................................................................... 61

4.4 Referencial Tipológico ...................................................................................................... 62

5 CONDICIONANTES PROJETUAIS ................................................................................ 64

5.1 A APAPE ........................................................................................................................... 64

5.2 Diagnóstico do terreno e entorno .................................................................................... 65

5.3 Insolação e ventilação ....................................................................................................... 66

5.4 Legislação .......................................................................................................................... 67

5.5 Avaliação pós-ocupação ................................................................................................... 69

6 O PROJETO ........................................................................................................................ 70

6.1 Conceito e partido ............................................................................................................. 73

6.2 Setorização e fluxograma ................................................................................................. 73

6.3 Memorial projetual........................................................................................................... 76

6.3.1 Centro de referência de autismo ...................................................................................... 76

6.3.2 Jardim sensorial I ............................................................................................................. 81

6.3.3 Jardim sensorial II ........................................................................................................... 83

6.3.4 Sala de artes ..................................................................................................................... 86

6.3.5 Sala de estimulação multissensorial ................................................................................ 89

6.3.6 Sala de pedagogia ............................................................................................................ 91

6.3.7 Sala de musicoterapia e fonoaudiologia .......................................................................... 95

6.3.8 Centro de reabilitação ...................................................................................................... 98

6.3.9 Recepção ........................................................................................................................ 100

6.3.10 Fachada ........................................................................................................................ 102

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 111

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 112

APÊNDICES ......................................................................................................................... 117

APÊNDICE A: Questionário aplicado a funcionários da APAPE .................................... 118

APÊNDICE B: Fichas de registro da análise walkthrough ............................................... 122

INTRODUÇÃO

O autismo é um transtorno que tem como características principais desvios qualitativos

na comunicação, na interação social e na imaginação/comportamento. Não necessariamente os

casos diagnosticados se apresentam contendo estes três desvios e, por isso o autismo pode

manifestar-se de diferentes maneiras e com variáveis níveis.

De acordo com a Diretriz de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do

Espectro do Autismo (TEA), lançado pelo Ministério da Saúde, no Brasil, pelo fato dos estudos

ainda serem escassos, não há estimativas de prevalência confiáveis (BRASIL, 2013), porém,

no I Encontro Brasileiro para Pesquisa em Autismo, realizado em 2010, Eric Fombonne1

estimou, com base em resultados internacionais (como Europa e Estados Unidos), que cerca de

500 mil brasileiros possuem o TEA, porém, esses números continuam aumentando com o passar

dos anos, em todo território internacional.

Para o tratamento do Transtorno do Espectro Autista, deve-se considerar, além da área

voltada à medicina, os espaços construídos, que normalmente são projetados sem aplicação dos

estudos da psicologia ambiental. Esses ambientes devem ser estudados e projetados de forma a

não limitar o desenvolvimento dos pacientes e serem capazes de influenciar positivamente na

evolução do quadro das pessoas que possuem o TEA.

Um dos segmentos de aplicação dos conceitos da psicologia ambiental é o design de

interiores, que apesar de ser uma área mais nova no âmbito dos estudos, é um ramo eficaz e que

pode ser difundido, ainda mais quando se trata de potencializar o progresso, não só de quem

possui autismo, mas também de pessoas que possuem outros tipos de patologias.

A psicologia ambiental, assim como a psicologia do design de interiores, estuda a

relação que o homem tem com o ambiente de forma a melhorar sua qualidade de vida, visto que

esse mesmo ambiente possui a capacidade de provocar diferentes reações, positivas e/ou

negativas, como dizem Rio, Duarte e Rheingantz (2002) na citação abaixo.

1 Formado pela Universidade de Paris em 1978, na França, com residência em psiquiatria, Eric Fombonne é um

psiquiatra e epidemiologista que desenvolveu programas clínicos na França, Reino Unido e Canadá, além, de

realizar suas próprias pesquisas na área do autismo (OREGON HEALTH & SCIENCE UNIVERSITY, [entre

2001 e 2017]).

14

O estudo da percepção e dos processos cognitivos é vital para a compreensão

de nossas inter-relações com o ambiente, de nossa conduta e dos julgamentos

sobre o Projeto do Ambiente Construído. Nossas intervenções no ambiente,

seja ele natural ou construído, podem vir a influenciar a qualidade de vida de

gerações, e inúmeros são os planos e projetos cujos ambientes construídos

provocam modificações imprevisíveis nas respostas sensoriais dos moradores

(RIO, V.; DUARTE, C.; RHEINGANTZ, P. 2002, p.11)

Em Campos dos Goytacazes (RJ/Brasil), cidade a qual se refere a proposta deste

trabalho, há apenas um projeto público aprovado pelo conselho municipal para um centro de

referência do autismo, a Associação de Pais de Pessoas Especiais (APAPE), que hoje encontra-

se no endereço: R. Saldanha Marinho, nº 190 – Centro.

A estrutura física da instituição conta com salas que possuem diferentes

funcionalidades, que atualmente não tem seu limite de potencial explorado por alguns motivos

como: falta de verba, identificado através de conversa com presidente da APAPE, ausência de

um estudo específico para a implantação de um projeto e dimensões físicas adequadas dos

cômodos.

Para atender a essa deficiência de um ambiente mais adequado ao tratamento e evolução

dos atendidos pela APAPE que possuem autismo, o objetivo deste trabalho consiste em propor

um projeto de intervenção arquitetônica na instituição, aplicando os conceitos da psicologia

ambiental, de modo a torná-lo um promotor de bem-estar, sensações agradáveis e emoções

positivas para as crianças que frequentam o centro de referência. Para tanto, serão propostas

reformas para otimização do espaço, paisagismo e design de interiores como elementos que

poderão contribuir com o tratamento.

Os objetivos específicos do trabalho embasam-se em conscientização dos efeitos

positivos da aplicação da psicologia ambiental e do design de interiores e, a possibilidade de

potencializar os métodos de tratamento para o TEA através do design de interiores.

O design de interiores possui importância no âmbito da psicologia ambiental, e,

portanto, pode ser aplicado a ambientes coletivos de pessoas vulneráveis, mostrando assim a

possibilidade da sua eficácia em potencializar o tratamento de crianças com autismo. De acordo

com Hall (2005, p. 77), “pode-se considerar que o ser humano possui aspectos visuais,

cinestésicos, táteis e térmicos de seu eu cujo desenvolvimento pode ser inibido ou estimulado

pelo ambiente”.

Para embasar o trabalho, alguns métodos e meios foram utilizados. A pesquisa

bibliográfica nos temas descritos tem como objetivo estudar as patologias e particularidades do

15

autismo, entender a inter-relação entre pessoa e ambiente construído e os efeitos/influências

deste sobre as condutas humanas, além de compreender os princípios e elementos da psicologia

do design de interiores para aplicação voltada para o autista. Como instrumento para esse

estudo, usou-se textos e artigos de autores que abordam o conteúdo apresentado neste trabalho.

Observou-se ainda, a necessidade de realização de visitas técnicas à APAPE, para

estudar e analisar, através da avaliação pós-ocupação e registros fotográficos, como as crianças

que frequentam a associação interagem com o ambiente construído, e também como funcionam

os fluxos e atividades do centro para que a proposta de intervenção, com base nos princípios da

psicologia ambiental e de design de interiores, possa ser capaz de suprir a carência dessa relação

entre espaço e usuário.

Para se iniciar o projeto proposto neste trabalho, houve um estudo da legislação da

cidade de Campos dos Goytacazes e pesquisas de referências projetuais que pudessem

contribuir com as soluções adotadas para o projeto intervenção.

A estrutura deste trabalho consiste em seis capítulos, sendo o primeiro sobre o transtorno

do espectro autista, mencionando o panorama histórico dessa doença ainda pouco estudada e

suas principais características e subgrupos; o segundo sobre a psicologia ambiental com suas

definições e linhas de estudo; o terceiro sobre o design de interiores e qual a relação de

importância que o mesmo tem para melhorar o desenvolvimento de crianças que possuem

autismo; o quarto diz respeito aos referencias arquitetônicos, que se subdividem em plástico,

funcional, tipológico, e tecnológico. Os dois últimos abrangem, respectivamente, os

condicionantes projetuais e o projeto de intervenção no Centro de Referência do Autismo em

Campos dos Goytacazes.

16

1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

1.1 Panorama Histórico

Inicialmente usado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, em 1911, para descrever uma

tendência patológica de isolamento do ambiente observada em esquizofrênicos (GOLDSTEIN

& OZONOFF, 2009 apud JORGE, 2010), a palavra autismo vem do termo alemão autismos,

derivado do grego auto, que significa “referente a si mesmo” e, do sufixo –ismos, que indica

ação ou estado.

Posteriormente, em 1943, o autismo foi descrito pelo médico austríaco Leo Kanner em

um histórico artigo com título: “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”. Em seu texto,

Kanner analisa 11 casos de crianças avaliadas por ele desde 1938, que apresentavam em comum

a incapacidade de relacionar-se de formas usuais com as pessoas desde os seus respectivos

nascimentos. Além disso, Kanner também observou que:

(...) incluíam maneirismos motores estereotipados, resistência à mudança ou

insistência na monotomia, bem como aspectos não usuais das habilidades de

comunicação das crianças, tais como a inversão dos pronomes e a tendência

ao eco na linguagem (ecolalia) (KLIN, 2006, p. S4).

Em 1944, um médico, também austríaco, chamado Hans Asperger, escreveu outro artigo

com o título “Psicopatologia Autística da Infância”, relatando casos bastante semelhantes aos

descritos por Kanner, porém, seu texto levou muito tempo para ser amplamente lido por ter sido

escrito originalmente em alemão.

A partir de 1960, a psiquiatra inglesa Lorna Wing começou a publicar textos de grande

importância para o assunto, inclusive, traduzindo para o inglês os trabalhos de Hans Asperger.

Em 1979 a psiquiatra caracterizou o assunto através de uma tríade, que envolvem alterações na

sociabilidade, dificuldade na comunicação relacionando-a com a linguagem e alteração no

padrão de comportamento.

Os estudos sobre o autismo, até a década de 1980, faziam parte de um subgrupo da

psicose infantil (esquizofrenia), e só a partir de então recebeu um reconhecimento especial, o

que propiciou um maior número de pesquisas científicas, recebendo a denominação diagnóstica

completa e com critérios específicos. Dentre os sistemas de diagnósticos mais utilizados, estão

17

os manuais: Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (CID),

Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana de Psiquiatria (DSM) e

o Código Internacional de Funcionalidades (CIF), que passam por revisões subsequentes.

Em dezembro de 2007 a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou o dia 2 de

abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (World Autism Awareness

Day - WAAD), celebrado pela primeira vez em 2008, e no Brasil em 2010.

A primeira organização nacional relacionada ao autismo foi a Associação de Amigos do

Autista (AMA), fundada em 8 de agosto de 1983 na cidade de São Paulo. Era composta por um

grupo de pais, em sua maioria com filhos autistas. A ideia dessa associação era acolher,

informar e capacitar famílias e profissionais. Em novembro de 1984 foi organizado o I Encontro

de Amigos do Autista, promovido pela AMA. Participaram desse encontro médicos,

profissionais que estudavam o transtorno e algumas instituições que atendiam crianças autistas

(ABRA, 2017).

Hoje, o Brasil possui várias instituições que são reunidas pela Associação Brasileira de

Autismo (ABRA), uma corporação nacional que congrega as associações de pais e amigos do

autista no Brasil com o lema “a união faz a força”.

1.2 O autismo e suas classificações

Segundo Silva, Gaiato e Reveles (2012), os primeiros sintomas do autismo normalmente

manifestam-se antes dos 3 anos de idade, sendo que raramente há um diagnóstico conclusivo

antes dos 24 meses, e a idade mais frequente é superior aos 30 meses. Ressaltando a questão de

que a intensidade e manifestações apresentam-se em diferentes níveis de gravidade, as

variações transitam pela tríade de deficiências do autismo.

De acordo com Mello (2005), o autismo pode ser definido como uma síndrome que se

caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da

imaginação. Já a quinta edição do DSM (2014), caracteriza o TEA em dois critérios: déficits

persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos e; padrões

restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

A dificuldade de comunicação no autismo é caracterizada pela objeção em usar com

sentido os aspectos da linguagem verbal e não verbal, que inclui expressões faciais, gestos,

linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal. A ecolalia, como mencionado

anteriormente, é comum no caso do autismo, onde essa dificuldade de comunicação se

18

apresenta nas falas repetidas de frases em um único tom ou volume, ou sobre temas apenas de

seus interesses, resumindo-se em falas monotônicas e monotemáticas (MELLO, 2005).

De acordo com o DSM-V (2014), os déficits no quesito social englobam, além do

“bloqueio” nos comportamentos comunicativos, complexidade na reciprocidade

socioemocional e para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por

exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais a

dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas.

A fala para as crianças, é determinada por diferentes variáveis, incluindo: ritmo próprio,

genética e estímulos que recebem em casa. Esses estímulos em sua maioria são incentivos dos

pais quando as mesmas começam a fazer os seus primeiros barulhinhos. No caso de crianças

autistas, os pais devem persistir nos estímulos e criar novas alternativas de incentivo a interação

e comunicação.

A objeção de interação social, que é um ponto crucial do autismo, consiste na

complexidade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos,

gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas, o que facilita falsas

interpretações referentes a algumas ações da criança.

Apesar de muitos acharem que as pessoas com TEA não sentem prazer no convívio com

os demais, de acordo com Silva, Gaiato e Reveles (2012), práticas clínicas indicaram que, por

eles terem um grau maior de sensibilidade, o contato com alguém se torna ameaçador, e, por

isso, eles tendem a se isolar em seu “mundo”, não como opção, mas como necessidade.

Embora as crianças autistas evitem contato visual, olhar em seus olhos é o primeiro

passo para mostrar interesse em uma comunicação.

A imaginação se caracteriza por rigidez e inflexibilidade e se estende às várias áreas do

pensamento, linguagem e comportamento da criança. Esta dificuldade pode ser percebida por

uma forma de brincar desprovida de criatividade e pela exploração peculiar de objetos e

brinquedos. Como exemplo, uma criança que tem autismo pode passar muito tempo explorando

a textura de um brinquedo, ou um objeto que de maneira geral não se caracteriza como utensílio

para brincadeira infantil.

O comportamento de uma criança autista pode ser dividido em duas categorias:

comportamentos motores estereotipados e repetitivos, que envolvem ações repetitivas sem

função (pular, balançar a cabeça, bater palmas, torcer os dedos, fazer caretas, entre outros) e

comportamentos disruptivos cognitivos, que são caracterizados por aderência rígida à alguma

regra ou necessidade de ter as coisas apenas por tê-las (compulsões, rituais e rotinas, monotonia

e interesses restritos) (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012).

19

Para o DSM-V (2014) o critério de padrões restritos e repetitivos no comportamento,

interesse ou atividades, podem ser exemplificados em 4 maneiras: movimentos motores, uso de

objetos ou fala estereotipados; insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou

padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal; interesses fixos e altamente

restritos que são anormais em intensidade ou foco e; hiper ou hiporreatividade a estímulos

sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente.

1.2.1 Categorias do espectro autista

O espectro autista pode se manifestar de várias formas, com alguns traços similares e,

possui como categoria principal o autismo clássico, que vem a ser o mais grave. A subdivisão

das categorias se baseia no grau em que a tríade do autismo se apresenta, já que nem sempre

todas as dificuldades da tríade se desenvolvem juntas em um mesmo caso (SILVA, GAIATO

E REVELES, 2012).

Já o DSM-V (2014) especifica o espectro autista com 3 níveis de gravidade (conforme

Tabela 1), que descrevem a sintomatologia atual, reconhecendo que os níveis podem variar de

acordo com o contexto ou oscilar com o tempo, assim como as manifestações, que também

variam dependendo da gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade

cronológica.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o TEA

engloba transtornos que antes eram chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil,

autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do

desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de

Asperger.

20

Tabela 1 - Níveis de gravidade do TEA

NÍVEIS DE GRAVIDADE PARA TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Nível de

Gravidade Comunicação Social Comportamentos restritos e repetitivos

Nível 1

"Exigindo

Apoio"

Na ausência de déficits na comunicação

social causam

prejuízos notáveis.

Dificuldade para iniciar interações

sociais e exemplos claros de respostas

atípicas ou sem sucesso a aberturas

sociais dos outros.

Pode parecer apresentar interesse

reduzido por interações sociais.

Por exemplo, uma pessoa que consegue

falar frases completas e envolver-se na

comunicação, embora apresente falhas

na conversação com os outros e cujas

tentativas de fazer amizades são

estranhas e comumente malsucedidas.

Inflexibilidade de comportamento causa

interferência

significativa no funcionamento em um ou

mais contextos.

Dificuldade em trocar de atividade.

Problemas para organização e planejamento

são obstáculos à independência.

Nível 2

"Exigindo

Apoio

Substancial"

Déficits graves nas habilidades de

comunicação social verbal e não verbal;

prejuízos sociais aparentes mesmo na

presença de apoio; limitação em dar

início a interações sociais e res- posta

reduzida ou anormal a aberturas sociais

que partem de outros.

Por exemplo, uma pessoa que fala frases

simples, cuja interação se limita a

interesses especiais reduzidos e

que apresenta comunicação não verbal

acentuadamente

estranha.

Inflexibilidade do comportamento, dificuldade

de

lidar com a mudança ou outros comportamentos

restritos/repetitivos aparecem com frequência

suficiente

para serem óbvios ao observador casual e

interferem no funcionamento em uma variedade

de contextos.

Sofrimento e/ou dificuldade de

mudar o foco ou as ações.

Nível 3

"Exigindo

Apoio

Muito

Substancial"

Déficits graves nas habilidades de

comunicação social verbal e não verbal

causam prejuízos graves de

funcionamento, grande limitação em dar

início a interações sociais e res- posta

mínima a aberturas sociais que partem

de outros.

Por exemplo, uma pessoa com fala

inteligível de poucas palavras que

raramente inicia as interações e, quando

o faz, tem abordagens incomuns apenas

para satisfazer a necessidades e reage

somente a abordagens sociais muito

diretas.

Inflexibilidade de comportamento, extrema di-

ficuldade em lidar com a mudança ou outros

comportamentos restritos/repetitivos interferem

acentuadamente no funcionamento em todas as

esferas.

Grande sofrimento/dificuldade para mu- dar o

foco ou as ações.

Fonte: Adaptado pelo autor (baseada em tabela 2 do DSM-V), 2017

21

De acordo com Silva, Gaiato e Reveles (2012) podemos subdividir o autismo em: traços

do autismo com características leves, síndrome de Asperger, autismo em pessoas com alto

funcionamento e o autismo clássico, que é associado ao retardo mental.

O traço leve de autismo é observado em crianças que não possuem todos os

comprometimentos, mas apenas algumas dificuldades por apresentarem certas características

da patologia. É uma categoria mais difícil de diagnosticar, visto que algumas de suas ações

podem ser confundidas com outros diagnósticos ou simplesmente ignoradas.

Já a síndrome de Asperger apresenta a característica de dificuldade na interação social.

Com interesses restritos, tem dificuldade em compartilhar ideias, dificuldade de entender o que

o outro está sentindo ou pensando e tendem a manterem-se solitários em suas atividades. Além

de apresentarem rotinas e rituais, possuem uma forma de conversar diferente, usando palavras

que não são comuns para sua idade e fazendo perguntas que são respondidas em seguida por

eles mesmos. As pessoas com essa síndrome não apresentam atraso no desenvolvimento da

linguagem e nem retardo mental, porém, costumam apresentar dificuldades no aprendizado.

Diferente das categorias apresentadas acima, no autismo em pessoas com alto

funcionamento, o atraso na linguagem é comum, além de apresentarem complicação na

interação social e no comportamento. Essa categoria se assemelha à síndrome de Asperger e

possivelmente poderá ser considerada em edições futuras do DSM como uma mesma classe

(SILVA; GAIATO; REVELES, 2012).

O autismo clássico possui como perfil o retardo mental e problemas de independência,

além de toda a tríade que vem sendo mencionada no presente trabalho. Deve ser diagnosticado

de forma precoce e tratado por toda a vida.

Do mais leve ao mais grave, todas as classes possuem a necessidade de suporte e

cuidados desde cedo, e essa assistência não significa a cura do transtorno em questão, mas sim

aumentar as chances de reabilitação da criança diagnosticada (SILVA; GAIATO; REVELES,

2012).

1.3 Intervenções para o tratamento do TEA

Para desenvolver os desvios qualitativos que as crianças com autismo possuem, há

inúmeros tratamentos. Entre os tipos mais usuais de intervenção, pode-se citar: Treatment and

Education of Autistic and related Communication-handicapped Children (TEACCH2), Applied

2 TEACCH – Tratamento e educação para autistas e crianças com déficits relacionados com a comunicação.

22

Behavior Analysis (ABA3), Picture Exchange Communication System (PECS4) e o modelo

Developmental, Individual Difference, Relationship-Based (D.I.R5).

O TEACCH é um modelo que, segundo Sila, Gaiato e Reveles (2012) e Mello (2005),

foi desenvolvido no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade

da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, pelo Dr. Eric Shopler e outros colaboradores. A

técnica se baseia na organização do ambiente físico, por meio de materiais concretos e visuais,

para estruturar melhor uma rotina que torne o ambiente mais fácil para a compreensão da

criança.

Segundo Silva, Gaiato e Reveles (2012, cap. 11), a metodologia da ABA “[...] consiste

em modificar os comportamentos inadequados, substituindo-os por outros mais funcionais”. É

um tratamento comportamental que de acordo com Mello (2005, p. 37) “[...] visa ensinar à

criança habilidades que ela não possui, através da introdução destas habilidades por etapas”.

Logo, é uma técnica baseada em repetições para que a criança consiga identificar e ultrapassar

seus limites comportamentais.

Já o PECS, é um método para ajudar no desenvolvimento da comunicação, tanto para

os que não se comunicam, quanto para os que possuem pouca eficiência (MELLO, 2005). De

acordo com Silva, Gaiato e Reveles (2012), é um método que utiliza figuras para que haja uma

relação de associação entre atividade e o símbolo, facilitando a compreensão e a comunicação.

A intenção desse método é estimular a criança a falar quando a mesma entrega uma figura ao

responsável que está acompanhando a criança na atividade proposta.

O modelo D.I.R foi criado pelo renomado psiquiatra infantil Dr. Stanley Greenspan e

pela psicóloga PhD em psicologia clínica, a Dra. Serena Wieder. De acordo com Cardoso e

Ribeiro (2014), o método permite que o terapeuta ou a família, possam entrar no mundo próprio

da criança com autismo, de forma a interagir e levá-la a um mundo compartilhado onde a mesma

possa relacionar-se com o mundo real desenvolvendo suas habilidades sociais, emocionais e

intelectuais.

O D.I.R se baseia em três elementos que possuem como objetivo principal as interações

interpessoais do desenvolvimento da criança, da diferença individual e do relacionamento

social. Para melhor entender o desmembramento da sigla, Cardoso e Ribeiro (2014) utilizam

uma citação em seu artigo:

3 ABA - Análise aplicada do comportamento. 4 PECS - Sistema de comunicação através da troca de figuras. 5 D.I.R. - Desenvolvimento, diferenças Individuais e Relacionamento.

23

Esse modelo é fundamentado por três elementos chave, como o próprio nome

revela: O “D” vem de desenvolvimento e remete à evolução da criança por

etapas graduais que a ajudam a gerar capacidades para envolver-se e

relacionar-se com os outros; o “I”, que vem de diferenças Individuais, refere-

se às características biológicas, que a criança recebe, regula e responde e que

a fazem compreender sensações como o som e o tato, por exemplo; e o “R”

advém de bases de Relações, que apontam os relacionamentos como fonte de

aprendizado das crianças, afetando diretamente sua capacidade de

desenvolvimento (INTERDISCIPLINARY..., 2010 apud CARDOSO;

RIBEIRO, 2014, p. 401).

Para utilizar esse modelo D.I.R, três abordagens podem ser aplicadas: floortime6, peer-

playn7 e problem-solving interactions8; sendo a primeira considerada a principal estratégia para

estruturar a brincadeira com a criança e proporcionar que a atividade progrida o

desenvolvimento da mesma (CARDOSO; RIBEIRO, 2014).

Há várias técnicas e métodos para intervenção no tratamento do espectro autista,

principalmente na área da psicologia, que engloba tanto estudos para entender como o

transtorno se desenvolve, quanto o que pode ser usado para potencializar o desenvolvimento

das limitações das crianças com autismo, envolvendo meios que possuem intervenções diretas,

por exemplo atividades, e indiretas, como a psicologia ambiental, que através do ambiente pode

trabalhar o desenvolvimento da criança.

1.4 Conjunto de diretrizes de design para ambiente construído voltado para autistas

O índice de design do autismo ASPECTSS ™ é o primeiro conjunto de diretrizes de

design específico para o autismo. Desenvolvido por Magda Mostafa durante uma pesquisa

sobre ambientes construído para o TEA. Em sua teoria, Mostafa (2008) considera a percepção

como a chave para compreender o melhor papel da arquitetura no comportamento autístico,

como pode ser visto na citação abaixo:

6 Floortime é uma abordagem do modelo D.I.R. baseada na ideia de que o crescimento do cérebro e a evolução

mental são conseguidos através de brincadeiras/atividades realizadas no chão. 7 Peer-playn é uma abordagem que realiza jogos e brincadeiras em pares com o objetivo de estimular a criança a

interagir e se comunicar. 8 Problem-solving interactions é a abordagem que abrange interações semiestruturadas de solução de problemas

como forma da criança adquirir novos conceitos e habilidades.

24

“Ao compreender os mecanismos desse distúrbio e as consequentes

necessidades do usuário autista, este ambiente pode ser projetado

favoravelmente para alterar a entrada sensorial, e talvez modificar o

comportamento do autista ou, pelo menos, criar um ambiente propício ao

desenvolvimento e aprendizado de habilidades9” (MOSTAFA, 2008, p. 191,

tradução do autor).

De acordo com a pesquisa realizada por Mostafa (2008), o comportamento do autista

pode ser influenciado favoravelmente alterando o ambiente sensorial, e que dessa forma pode-

se criar um espaço propício para o desenvolvimento eficiente das habilidades de quem possui a

patologia.

Após análise do seu projeto de estudo, Mostafa (2008) chegou à conclusão que de

acordo com a amostra pesquisada, a acústica é o fator arquitetônico mais influente para o

comportamento dos autistas, seguido do sequenciamento espacial. Com base nos resultados da

pesquisa, as diretrizes de design para o ambiente construído apontam sete itens arquitetônicos

específicos que devem ser levados em consideração, sendo: acústica, sequenciamento espacial,

espaço de escape, compartimentalização, transições, zoneamento sensorial e segurança.

Em relação à acústica, deve ser controlada de maneira a minimizar eco, reverberação e

ruídos. Para não causar efeito estufa de um ambiente para outro, é interessante que se tenha

diferentes níveis de equilíbrio sonoro, para que a transição dos locais seja de forma harmoniosa.

O sequenciamento espacial é um critério para promover uma rotina e previsibilidade,

com áreas organizadas de uma forma lógica para que as etapas de atividades possam fluir com

auxílio das zonas de transição.

Já os espaços de escape têm como objetivo ser uma opção de zoneamento para

momentos de desequilíbrio sensorial do autista, fornecendo uma área sensitiva neutra onde o

próprio usuário possa personalizar de acordo com o estímulo necessário.

A compartimentalização serve basicamente para definir e limitar o ambiente sensorial

de cada atividade, podendo apresentar-se através de mobiliários, diferença de piso ou até

mesmo com enfoques de iluminação.

As transições servem para indicar mudanças de atividades, facilitando tanto o

sequenciamento espacial quanto o zoneamento sensorial, que é um critério que propõe que o

projeto organize os espaços de acordo com o nível de estímulo necessário.

9 “By understanding the mechanisms of this disorder and consequent needs of the autistic user, this environment

may be designed favorably to alter the sensory input, and perhaps modify the autistic behavior, or at least create

an environment conducive of skill development and learning” (MOSTAFA, 2008, p.191)

25

A segurança é um fator que deve ser analisado em qualquer tipo de projeto, ainda mais

o que irá ter como usuários crianças. Para atender a esse critério, é importante se atentar para

quinas, objetos cortantes, espaços com objetos em elevadas temperaturas, peças pequenas

soltas, entre outros materiais.

De acordo com Mostafa (2008), as diretrizes de configuração dentro das salas de aula

foram criadas não para afastar as crianças do mundo real, mas sim para prepara-las, ajudando-

as a desenvolver habilidades para lidar com a desorganização e imprevisibilidade.

26

2 PSICOLOGIA AMBIENTAL

A psicologia ambiental possui a função de estudar e compreender o comportamento do

ser humano e de suas interações com o ambiente físico e social, porém, não se deve cogitar um

estudo baseado nas relações como se fossem temas independentes que se conectam, mas sim

um estudo considerando a interligação direta das partes. A importância desse estudo pode ser

explicada pela citação a seguir.

O homem e suas extensões constituem um sistema inter-relacionado. É um

erro agir como se os homens fossem uma coisa e sua casa, suas cidades, sua

tecnologia, ou sua língua, fossem algo diferentes. Devido a inter-relação e suas

extensões é conveniente prestarmos uma atenção bem maior ao tipo de

extensões que criamos (...) (HALL, 1966, apud LETTIERI, 2013).

A clássica frase de Hermann Ebbinghaus “A psicologia tem um longo passado, mas uma

curta história” (VIDAL, 2000, p. 13, apud JAC-VILELA, FERREIRA, PORTUGAL. 2006),

resume uma das hipóteses adotada pelo livro “História da Psicologia – Rumos e Percursos”

(JAC-VILELA; FERREIRA; PORTUGAL, 2006), que aborda o século XVI como sendo o

período em que teriam irrompido diversas experiências que conduziram a uma variedade de

orientações no campo atual da psicologia, que é uma ciência que de maneira geral e resumida,

se propõe ao estudo do comportamento humano e dos processos psíquicos.

Entre as diversas áreas de estudo da psicologia, está a psicologia ambiental, que

inicialmente surgiu com o nome “psicologia da arquitetura”. A aparição desse campo se deu

após a Segunda Guerra Mundial, quando para a reconstrução da cidade, arquitetos, planejadores

urbanos e cientistas do comportamento se conscientizaram da importância do ambiente

construído contemplar as necessidades psicológicas e comportamentais dos futuros ocupantes,

e não apenas os princípios de construção e estética (MELO, 1991).

De acordo com Moser (1998, p. 121): “A psicologia ambiental estuda a pessoa em seu

contexto, tendo como tema central as inter-relações – e não somente as relações - entre a pessoa

e o meio ambiente físico e social”. As pesquisas desse ramo não englobam somente a parte

psíquica, e o que a destaca de outras áreas acadêmicas são a atenção e cautela com que se analisa

o indivíduo e seu ambiente, como exemplifica a citação a seguir:

27

Diante da repetida afirmação de que a psicologia ambiental tem suas raízes

não apenas na psicologia tradicional, mas em muitas outras áreas, tais como

ergonomia, arquitetura, urbanismo, paisagismo, geografia social, sociologia

urbana, biologia e meteorologia, é importante salientar um dos aspectos que

distingue a psicologia ambiental das suas raízes, e que constitui um dos elos

entre suas vertentes: a atenção ao lugar, i.e., a localização do indivíduo diante

dos elementos do seu ambiente (GUNTHERL; ROZESTRATEN, 2004, p.4).

Entende-se então, que a psicologia ambiental analisa o ambiente onde o indivíduo se

encontra, visto que o mesmo influencia de diversas formas o homem e, ao mesmo tempo,

observa como o indivíduo percebe e avalia o ambiente conforme o seu equipamento sensorial,

que de acordo com Hall (2005) divide-se em duas categorias: receptores remotos (olhos,

ouvidos e nariz) e receptores imediatos (tato, sensações que se recebe pela pele, membranas e

músculos).

Segundo a teoria de “Environmental Role”10, desenvolvida por Canter (1977 apud

MELO, 1991), o modelo da psicologia ambiental passou a ser considerado como transacional,

em que se atenta para os objetivos dos indivíduos numa determinada situação, sendo estes

organizados e estruturados pelos processos sociais e/ou organizacionais. Caso o ambiente onde

o homem se encontre não atenda aos seus propósitos, ele tenderá a modificá-lo a fim de torná-

lo concordante com suas necessidades.

A teoria também se refere a padrões de interação desenvolvidos pelo homem em um

determinado recinto, que podem variar de acordo com o papel social ou organizacional do

indivíduo, ou seja, os objetivos a serem alcançados vão modalizar de homem para homem, bem

como de lugar para lugar.

2.1 Níveis da psicologia ambiental

No campo da psicologia ambiental, existem estudos que se baseiam em diferentes

teorias. Por exemplo, há estudos que centram suas pesquisas no processo político de tomada de

decisão (redução do barulho, conservação de energia, preservação ambiental etc.), outros se

referem a lugares específicos (pesquisam os objetivos e pretensões dos indivíduos em estar num

determinado lugar). Dessa forma, pode-se destrinchar o campo estudado em vários níveis.

10 A teoria de “Environmental Role” desenvolvida por CANTER (1977) refere-se à padrões de interações

desenvolvidos por um indivíduo em um determinado ambiente, sendo que esses padrões podem variar com o papel

social ou organizacional da pessoa.

28

2.1.1 Nível pessoal

Ao se falar de nível pessoal na psicologia ambiental, pode-se abranger questões de

espaço próprio do indivíduo, assim como a forma com que ele compreende e se comporta nos

seus aspectos individuais, considerado por Melo (1991) como comportamento espacial,

conforme citação a seguir.

A Psicologia Ambiental inclui aspectos relacionados com o comportamento

espacial, tais como: espaço pessoal, territorialidade, privacidade e

superlotação. O estudo desses comportamentos espaciais, tem suas raízes na

biologia e antropologia, bem como na psicologia social e na arquitetura. Vale

salientar que de uma forma geral, todas essas formas de comportamentos

espaciais são mecanismo utilizados para obtenção do nível desejado de

contato social (MELO, 1991, p. 90).

O espaço pessoal segundo Sommer (1973 apud AQUINO; LETTIERI. 2013), pode ser

definido como uma fronteira invisível que envolve o indivíduo, movendo-se, expandindo-se e

contraindo-se de acordo com a situação. Seria como se as pessoas tivessem em torno de si uma

bolha carregada emocionalmente, cujas funções se resumem em regular o espaçamento entre

elas e delimitar e personalizar os espaços que habitam. O espaço pessoal se faz necessário para

que o indivíduo mantenha sua privacidade emocional e física.

Segundo Gifford (1997 apud BARROS et al., 2005) o espaço pessoal é influenciado por

questões pessoais (incluindo o gênero, a idade, a personalidade), sociais (que envolvem a

atração, o medo/segurança e as relações de poder e status), físicas, religiosas, étnicas e culturais,

sendo esta última a mais facilmente perceptível na conformação do espaço. Sendo assim, é um

espaço instável em dimensões e variável de acordo com as circunstâncias, o que o torna

dinâmico e extremamente pessoal.

Para Bins Ely et al. (2000 apud BARROS et al., 2005) o espaço pessoal está relacionado

a duas questões fundamentais: proteção e comunicação. A função de proteção serve para

controlar a quantidade de estímulos trocados. Quanto à função de comunicação, a distância que

se mantém das outras pessoas indica que canais sensoriais de comunicação (cheiro, toque, visão,

fala) serão mais salientes na relação. Na medida em que as distâncias escolhidas transmitem o

grau de intimidade das ações sensoriais e a preocupação com a própria proteção, elas também

informam sobre a qualidade dos relacionamentos estabelecidos.

29

Já a territorialidade consiste em um aspecto mais físico, ainda que de acordo com a ideia

que o homem precisa ter o seu espaço e requer o controle do mesmo. Pode-se exemplificar a

questão com os muros de uma residência, que delimitam um espaço privado e impedem o acesso

de não autorizados. Um simples vaso de plantas pode fazer o papel dessa comunicação não-

verbal que demarca a territorialidade de cada um.

2.1.2 Nível arquitetônico

Nesta linha de pesquisa consideram-se vários tipos de instituições para estudo:

habitações residenciais, museus, hospitais, escolas, prédios comerciais, entre outros. Nessas

áreas, procura-se analisar tantos os princípios mencionados anteriormente de espaço pessoal e

territorialidade, ligados à questão de privacidade, quanto questões relativas ao conforto

ambiental, como temperatura do ambiente, níveis de ruídos, circulação do ar etc. O ambiente e

suas circunstâncias causam efeitos nas pessoas que nele se encontra, porém, cada indivíduo

reage de uma maneira pessoal.

De acordo com Melo (1991), as pesquisas se iniciaram em uma indústria com o objetivo

de aumentar a produtividade dos funcionários, empresa ou escritório. Em seguida, a linha de

pesquisa voltou-se para o conforto ambiental dos ocupantes, a fim de averiguar se a forma como

o espaço estava projetado resultava em uma relação social desejável, visto que, conforme

citação abaixo, para analisar a relação entre homem e espaço, é preciso entender e avaliar a

influência do ambiente sobre o indivíduo.

Em estudos relacionados com a avaliação de ambientes, relativos à satisfação

pessoal de seus usuários, constatou-se que é preciso ter um entendimento do

papel que o ambiente desempenha na vida dos indivíduos, se quisermos

descobrir quais os aspectos do ambiente que deverão ser medidos. Só então

teremos condições de avaliarmos o significado existente entre o ambiente, a

experiência e a ação humana (CANTER & KENNY, 1982 apud MELO,

1991).

Cada pessoa responde a estímulos de maneiras diferentes. Ao se tratar de espaço físico,

cada ambiente, incluindo suas cores e objetos, provocam reações positivas e/ou negativas,

portanto, no nível arquitetônico da psicologia ambiental, como pode-se compreender pela

30

citação acima, é importante analisar o papel do recinto sob o indivíduo, para então estudar como

a superfície em questão deve ser planejada.

2.1.3 Nível urbano-regional

Nessa linha, as pesquisas voltam-se para as políticas urbanas e regionais, que são

diversas. Melo (1991), portanto, limitou-se em descrever os aspectos psicológicos dos

transportes, políticas públicas de grandes obras e de educação ambiental, que possuem vários

autores com diferentes teorias.

Em relação ao aspecto psicológico dos transportes, estudos como os de O’Cathain (1976

apud MELO, 1991) e Griffiths et al. (1980 apud MELO, 1991) levantam a questão da poluição

sonora e como isso afeta o comportamento humano, normalmente com efeito no sono e no

aborrecimento. Além disso, os estudos levaram a explicações da forma e intensidade em que

essa poluição sonora incomoda o indivíduo, visto a peculiaridade da intenção de cada um, das

atividades que estão desenvolvendo e do nível de importância dessas atividades.

Já as teorias para políticas públicas de grandes obras buscam estudar o impacto que essas

grandes construções terão sobre os moradores locais e como isso pode mudar/afetar o

comportamento do mesmo. Estudos como os de Lawson e Walters (1974 apud MELO, 1991)

e Lee e Tagg (1976 apud MELO, 1991) relatam que a maioria dessas obras atingem

comunidades de baixa renda com a explicação de que essa população tenha menor capacidade

de mobilização, além das terras geralmente serem mais baratas e seus habitantes mais fáceis de

serem removidos.

Quanto à educação ambiental, uma técnica utilizada por Lynch (ROVINIE E

WEISMAN, 1989 apud MELO, 1991) de propor as pessoas que desenhassem mapas mentais,

demonstra que as mesmas tendem a preservar os fatores simbólicos e estéticos de uma cidade.

Isso porque, em geral, o resultado dos desenhos inclui as paisagens naturais, normalmente

ligadas a experiências passadas, o que ajuda inclusive na criação de novas políticas públicas no

sentido de melhorar a qualidade dos ambientes naturais que não aparecem na maioria dos

esboços.

Os três níveis arquitetônicos devem ser trabalhados juntos para alcançar um projeto

eficaz para os habitantes do recinto, visto que de maneira relacionada, tanto o nível pessoal, que

trata mais da privacidade do indivíduo, quanto os níveis arquitetônicos e urbanos-regionais,

referentes ao conforto ambiental, interferem na ação e reação do homem, ou seja, na inter-

31

relação do local e sujeito, que como dito anteriormente, é o que a psicologia ambiental aborda

em seus estudos.

2.2 Elementos arquitetônicos que interferem nas relações interpessoais

De acordo com estudos realizados para a elaboração do artigo “Conforto e Psicologia

Ambiental: a questão do espaço pessoal no projeto arquitetônico” (BARROS et al., 2005),

alguns elementos projetuais foram identificados como responsáveis em enfatizar as relações

interpessoais, sendo eles: amplidão, nichos, mobiliários e equipamentos, barreiras visuais e

acústicas, distâncias interpessoais, iluminação, desníveis de piso e forro.

2.2.1 Amplidão

O termo amplidão para um projeto consiste na elaboração de um ambiente fisicamente

amplo, conforme Figura 1, onde não haja muitos objetos que funcionem como barreiras físicas

para a circulação. A amplidão torna o local limpo panoramicamente, evitando por exemplo

estresse por poluição visual.

Alguns aspectos arquitetônicos podem ser explorados para possibilitar que o elemento

amplidão se faça presente, como: iluminação abundante, cor clara dos materiais de acabamento,

pé direito alto ou até inexistência de cobertura e uso de espelhos (AUBERT, 2007 apud

AQUINO, LETTIERI, 2013).

Figura 1 - Amplidão

Fonte: BARROS et al., 2005

32

2.2.2 Nichos

Os nichos propiciam uma melhor delimitação do espaço pessoal, podendo ser

configurado por mobiliários e/ou estruturas físicas (Figura 2). De acordo com Barros et al.

(2005), os nichos proporcionam maior proteção, intimidade e interação social, e podem ser

projetados em diferentes formatos dependendo da sensação que se almeja.

Figura 2 - Nichos

Fonte: BARROS et al., 2005

2.2.3 Mobiliários e equipamentos

A quantidade de mobiliários e, principalmente, a disposição dos mesmos, estão

diretamente ligadas às relações interpessoais entre homem e ambiente. De acordo com Barros

(2005), quando são flexíveis e móveis, como mostra a Figura 3, permitem diversas composições

que podem variar de acordo com as atividades que serão desenvolvidas tornando os mobiliário

e equipamentos adaptáveis sem esquecer de garantir o espaço pessoal em meio à variedade de

composições.

O bom funcionamento do espaço depende também em assegurar “(...) medidas mínimas

para que as pessoas possam executar suas atividades sem comprometimento com o espaço ao

redor” (GURGEL, 2013, p. 133).

33

Figura 3 - Mobiliários e equipamentos

Fonte: BARROS et al., 2005

2.2.4 Barreiras visuais e acústicas

As barreiras para o espaço pessoal possuem como função a proteção do indivíduo, visto

que, onde quer ele esteja, necessita da sensação de segurança.

Para obter a barreira visual e/ou acústica, pode-se utilizar diversas formas: mobiliários

com dimensões variadas, vegetações, estruturas diferenciadas etc.

Há diferentes aplicações da barreira, conforme Barros et al. (2005). Em ambientes

públicos por exemplo, quanto maior visibilidade, maior a sensação de segurança; já em um

ambiente interno, a sensação de segurança e privacidade pode ser feita através do isolamento

seja com mobiliário ou com outro tipo de composição (Figura 4).

Figura 4 - Barreiras visuais e acústicas

Fonte: BARROS et al., 2005

34

2.2.5 Distâncias interpessoais

As distâncias interpessoais referem-se literalmente às medidas projetadas para que em

um ambiente, as pessoas tenham ou não proximidade com as outras, como mostra Figura5.

Assim como a barreira visual e/ou acústica, os afastamentos podem gerar reações positivas e

negativas, e dependendo do efeito que se quer causar, essas medidas podem ser maiores ou

menores.

Segundo Barros et al. (2005), quando as distâncias não possuem as medidas adequadas,

podem gerar impressão de intrusão ao espaço pessoal, no caso de serem próximas, ou então,

sensação de indiferença e frieza caso os intervalos sejam mais afastados.

Além de causar sensações boas ou ruins, os afastamentos também servem para salientar

o status da pessoa dentro de um ambiente. De acordo com Sommer (1969 apud BARROS et

al., 2005), quanto maior a importância, maior será o afastamento que ele se manterá dos outros.

Figura 5 - Distâncias interpessoais

Fonte: BARROS et al., 2005

2.2.6 Iluminação

Quanto à inter-relação do indivíduo com a iluminação, Sommer (1969 apud BARROS

et al., 2005) diz que o Espaço Pessoal é fenômeno que só ocorre sob a luz. A iluminação no

ambiente pode ser artificial ou natural, sendo considerada por Gurgel (2013), um dos itens mais

interessantes de um projeto arquitetônico, justamente pelas sensações que podem causar no

indivíduo: emoção, psique, humor e estado de espírito. “O fato é que poucas coisas têm tanto

35

efeito de sentimento dentro de uma sala como o sol que brilha nela”.11 (ALEXANDER,

ISHIKAWA, 1977, p. 615, tradução do autor)

Quando natural, como mostra Figura 6, o projeto do ambiente tende a se encaixar tanto

nos materiais usados, quanto na disposição dos mobiliários. Já a iluminação artificial, além de

ser usada para iluminação geral dos cômodos, tende a ser projetada também para destacar

pontos específicos.

Figura 6 - Iluminação

Fonte: BARROS et al., 2005

2.2.7 Desníveis de piso e forro

Os desníveis nas relações interpessoais, em sua maioria, são utilizados para diferenciar

ambientes, seja usado em relação ao piso ou em relação ao teto (Figura 7). Segundo Hall (1981

apud BARROS et al., 2005), esses desníveis podem enfatizar, assim como as distâncias e as

barreiras, o status da pessoa em um ambiente comercial. De forma proporcional à relevância do

cargo, o nível mais alto pode significar o maior status.

Figura 7 - Desníveis de piso e forro

Fonte: BARROS et al., 2005

11 “The fact is that very few things have so much effect on the feeling inside a room as the sun shining into it”

(ALEXANDER, ISHIKAWA, 1977, p. 615).

36

3 DESIGN DE INTERIORES

O design de interiores possui conceituações que variam entre autores, estabelecendo

relações diretas com o design de ambientes, decoração e arquitetura de interiores (GUBERT,

2011). Segundo Gomes Filho (2006, p. 21), o design de ambientes significa:

“(...) o planejamento, a organização, a decoração e a composição de lay out

espacial de mobiliário, equipamentos, acessórios, objetos de arte etc.,

dispostos em espaços internos habitacionais, de trabalho, cultura, lazer e

outros semelhantes, como veículos aéreos, marítimos e terrestres – aviões,

navios, trens, ônibus e automóveis, por exemplo”.

Já Gurgel (2013), entende o conceito de design de interiores como um universo diferente

da arquitetura, porém, sendo complementar a ela. A base para esses conceitos de acordo com

Gomes Filho (2006), segue uma tríade de funções, nomeadas pelo autor em: prática, estética e

simbólica.

A função prática, de acordo com o autor, segue uma linha de praticidade de uso do

produto para o usuário, envolvendo facilidade, conforto, segurança e eficácia na utilização do

objeto. A função estética, segundo Gomes Filho (2006), tem relação com a percepção entre

indivíduo e objeto, e seria “[...]o aspecto psicológico da percepção sensorial durante o uso.”

(LOBACH, 1981 apud GOMES FILHO, 2006, p. 46), que envolve beleza, prazer e bem-estar

contemplativo.

Por fim, a função simbólica, conforme citação abaixo, está ligada diretamente ao

usuário, revelando-se segundo Gomes Filho (2006), por meios dos princípios de configurações

de estilo, que variam de acordo com o público alvo e também à temporalidade e cultura.

A função simbólica é uma das mais complexas. Por um lado, porque se liga

com a espiritualidade do Homem quando este se excita com a percepção de

um objeto estabelecendo relações com componentes de experiências e

sensações anteriores. Por outro lado, a função simbólica tem relação e também

é determinada por todos os aspectos espirituais e psíquicos de uso do objeto.

Envolve fatores sociais, culturais, políticos e econômicos, e, também, associa-

se a valores pessoais, sentimentais e emotivos (LOBACH, 1981 apud GOMES

FILHO, 2006, p. 44).

37

De maneira geral, o design de interiores propõe soluções criativas e técnicas que tem

como objetivo melhorar a qualidade de vida dos usuários, visto que os projetos são elaborados

de acordo com o estudo do espaço físico, a área que o entorna e o contexto social (GUBERT,

2011).

Porém, um projeto de design de interiores não se faz apenas seguindo técnicas e regras.

“Considero como primeiro passo para um bom design nossa capacidade de alterar paradigmas,

conceitos e preconceitos, mantendo a mente aberta a soluções desconhecidas e inovadoras”

(GURGEL, 2013, p. 25). Além da arquiteta e designer Miriam Gurgel, outros profissionais

também consideram que, para um bom projeto, deve-se saber quando não seguir a regra em sua

totalidade, como por exemplo a designer Candice Olson12, apresentadora do programa “Ao

estilo de Candice13”, que diz na abertura de seus episódios que o segredo para projetar um

cômodo bonito é inspiração inesperada, junto com princípios clássicos de decoração. É

compreender as regras, mas também saber quando quebrá-las.

3.1 Os sete princípios do design de interiores

De acordo com Gurgel (2013), o design de interiores possui sete princípios: equilíbrio;

harmonia; unidade e variedade; ritmo; escala e proporção; contraste e ênfase e centros de

interesse. Em um projeto, esses princípios se interligam com o propósito de apresentar a melhor

proposta, que será sempre pessoal e de acordo com o perfil e necessidades do cliente.

3.1.1 Equlíbrio

De acordo com Gurgel (2013), o equilíbrio em um projeto de interiores consiste em

locar os móveis e objetos em três diferentes maneiras, podendo ser uma composição simétrica,

assimétrica ou radial, sendo definida a partir de um eixo

Segundo Gurgel (2013), cada composição gera um foco de atenção diferente. A

simétrica possui um equilíbrio mais estático, atraindo o foco de atenção para o centro da

composição, podendo ser de acordo com Gibbs (2010), aplicada tanto em divisões horizontais

quanto verticais, conforme Figura 8. A assimétrica como mostra Figura 9, é usada para uma

12 Candice Olson é designer de interiores formada pela Ryerson University, de Toronto (EUA)

(DICOVERYMULHER, [200-?]). 13 “Ao estilo de Candice” é um programa de TV americano sobre transformações de cômodos na área do designer

de interiores (DICOVERYMULHER, [200-?]).

38

organização mais informal e dinâmica, atraindo a percepção visual para o todo e não para um

ponto específico, sendo considerada por Ching e Binggeli (2013, p. 135) como “[...] falta de

correspondência em tamanho, formato, cor ou posição relativa entre os elementos de uma

composição”. Já a radial, Figura 10, remete à uma composição feminina, baseando-se na forma

curva (GURGEL, 2013). Esse último modelo pode locar os elementos em torno de um ponto

central, que podem estar voltados de forma frontal, posterior ou apenas distribuídos em torno

do eixo (CHING e BINGGELI, 2013).

Figura 8 - Equilíbrio simétrico

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

Figura 9 - Equilíbrio assimétrico

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

39

Figura 10 - Equilíbrio radial

Fonte: GURGEL, 2013

3.121 Harmonia

A harmonia em um projeto, segundo Gurgel (2013), consiste em criar uma composição

onde os objetos locados possuam características em comum. Essas características podem

aparecer, por exemplo, nas texturas utilizadas nas superfícies dos materiais, ou ainda, nas linhas

e contornos dos objetos, ou seja, mobiliários e peças mais retilíneas ou mais curvas, e também,

com uma percepção visual mais horizontal ou mais vertical, como pode ser observado no

exemplo da Figura 11.

Figura 11 - Harmonia

Fonte: GURGEL, 2013

40

Ching e Binggeli (2013, p. 137) definem a harmonia “[...] como a consonância ou o

arranjo agradável das partes ou da combinação das partes em uma composição.”, selecionando

elementos que possuem uma característica em comum (formato, cor, textura etc.) para

comporem o ambiente.

3.1.3 Unidade e Variedade

De acordo com Gurgel (2013, p. 66), “A repetição de diferentes características comuns

a diferentes elementos proporcionará unidade com variedade compositiva.”, isso significa que

quando se projeta uma composição com o intuito de a mesma solidificar-se como uma só, os

elementos podem ser diferentes desde que haja conjuntos de características comuns dentre os

objetos que irão compor o projeto.

Para Ching e Binggeli (2013), a unidade através do equilíbrio e harmonia não exclui a

variedade no projeto, visto que padrões com elementos e características distintas podem compor

uma unidade seguindo os princípios citados anteriormente, como pode ser visto na Figura 12.

Figura 12 - Unidade e variedade

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

3.1.4 Ritmo

O ritmo em um projeto pode ter o papel de servir como “pano de fundo” para uma

composição, ou ainda, criar dinamismo para a mesma.

41

O ritmo na disposição dos mobiliários, objetos ou até mesmo no design destes, possui

consequências para o campo visual dos usuários do cômodo. Em geral, esse ritmo (Figura 13)

apresenta-se por linhas e contornos presentes no ambiente (GURGEL, 2013).

Para Ching e Binggeli (2013), o ritmo se baseia na repetição de elementos tanto no

espaço como no tempo, gerando unidade visual e sensação de continuidade em um determinado

percurso; sendo o espaçamento de componentes, com características em comum, de forma

linear, a forma mais simples de repetição para caracterizar o ritmo.

Figura 13 - Ritmo

Fonte: GURGEL, 2013

3.1.5 Escala e proporção

De acordo com Gurgel (2013), no design de interiores podemos classificar a escala em

duas formas: humana e visual. A escala humana é usada na comparação entre objetos e o homem

(Figura 14), já na escala visual, a comparação se dá entre os próprios objetos em um mesmo

ambiente. Gurgel (2013, p. 68) define que: “A escala humana utiliza ergonometria para

determinar alturas, distâncias e outras dimensões dos objetos.” e “A escala visual e intuitiva é

a que percebemos quando entramos em um ambiente”.

42

Figura 14 - Escala e proporção

Fonte: GURGEL, 2013

Em relação à escala visual, o Ching e Binggeli (2013, p.128) mencionam que ”[...] a

escala de um objeto é com frequência um julgamento que fazemos a partir dos tamanhos

relativos ou conhecidos de outros elementos próximos ou do entorno”. Já a escala humana, de

acordo com Ching e Binggeli (2013), pode tornar um espaço imponente ou modesto,

dependendo do objetivo do projeto.

A proporção, por sua vez, é considerada por Gurgel (2013) como sendo sempre relativa,

pois depende à que está sendo comparado. Para Gibbs (2010), o sistema de proporção clássica

possibilita estabelecer equilíbrio e harmonia na percepção visual, e para Ching e Binggeli

(2013), a relação entre as proporções é o que se deve ponderar para um bom projeto.

Considerando um sistema de proporção oriental, por exemplo, além da harmonia, possui

também a simetria, com linhas simples e com a intenção de projetar espaços íntimos e pessoais.

(GIBBS, 2010)

3.1.6 Contraste

O contraste visual no design de interiores abrange principalmente as tonalidades usadas

em uma composição (Figura 15), que gera diferentes enfoques dependendo do objetivo do

projeto (GURGEL, 2013).

Em um projeto, o contraste pode ser introduzido de diferentes maneiras, apresentando-

se em formas, alturas, tamanhos, texturas, iluminação e cores (GIBBS, 2010).

43

Figura 15 - Contraste

Fonte: GURGEL, 2013

3.1.7 Ênfase e centros de interesse

Todos os cômodos devem ter algum tipo de foco ou ênfase, como mostra a Figura 16,

pois de forma inconsciente, as pessoas se sentem atraídas visualmente em um centro de

interesse ao permanecer em um espaço (GIBBS, 2010).

Figura 16 - Centros de interesse

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

De acordo com Gurgel (2013), um bom projeto de interiores possui diferentes pontos de

interesse em quantidade suficiente para tornar a composição atrativa e dinâmica. Entretanto,

muitos pontos sendo enfatizados podem criar um ambiente estressante já que o usuário acabará

olhando para tudo ao mesmo tempo, gerando desconforto visual.

44

Segundo Ching e Binggeli (2013), a ênfase visual pode aparecer em algum objeto com

tamanho significativo, com alguma textura diferente, com formato peculiar, através da cor ou

de alguma característica contrastante.

3.2 Psicologia do design de interiores e o autismo

A psicologia do design de interiores estuda a relação entre homem e ambiente, seguindo

os conceitos da psicologia ambiental, porém, voltando-se para o ambiente físico de uma forma

mais direta com os elementos do design de interiores.

Nessa área, a busca pelo bem-estar do usuário em um ambiente, é adquirida através de

como os elementos do design de interiores interferem e relacionam-se com o homem em um

espaço, seja ele público ou privado.

Conforme Gurgel (2013), o design possui seis elementos que fazem parte do processo

criativo do ambiente: espaço; forma e contorno; linhas; texturas; luz e cor. Esses itens

analisados em conjunto com os princípios abordados no item 3.1 e com as abordagens da

psicologia ambiental, podem ser aplicados de acordo com as necessidades do TEA para criar

um ambiente que “[...] pode ser projetado favoravelmente para alterar a entrada sensorial, e

talvez modificar o comportamento autista, ou pelo menos criar um ambiente propício ao

desenvolvimento e aprendizado de habilidades14” (MOSTAFA, 2008, p. 189, traduzido pelo

autor).

De acordo com o Instituto Inspirados pelo Autismo15, como as crianças com autismo

possuem particularidades nos estímulos sensoriais, um ambiente com muita informação pode

distraí-las por apresentar muitos estímulos diferentes de uma só vez. Pela possibilidade de haver

no recinto crianças hipersensíveis quanto à recepção de informações sensoriais, ou até

hipossensíveis, o espaço deve ser simplificado e projetado de forma a trabalhar o estímulo que

a criança possui dificuldade para então a mesma focar nas interações sociais e no aprendizado

de novas habilidades.

Para as crianças com TEA, os elementos do design de interiores geram reações que

diferem das usuais para crianças que não possuem o transtorno. Como essas reações podem ser

14 “[…] may be designed favorably to alter the sensory input, and perhaps modify the autistic behavior, or at

least create an environment conducive of skill development and learning” (MOSTAFA, 2008, p 189). 15 Inspirados pelo autismo é uma instituição fundada em 2008 com a intenção de disponibilizar serviços para as

famílias e profissionais ligados à autistas e, promover a expansão e divulgação de conhecimentos relativos ao

transtorno (INSTITUTO INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2016).

45

positivas e negativas, será relacionada a seguir, a melhor forma de implantar esses elementos

na composição, de modo que possa trazer reações positivas às crianças complementando os

métodos de tratamento realizados dentro de salas para progressão do desenvolvimento.

3.2.1 Espaço

No design de interiores, entender o ambiente em que se vai projetar analisando suas

necessidades e as atividades que nele serão desenvolvidas, é primordial para um bom projeto

(GURGEL, 2013). Outro aspecto importante a se considerar são as pessoas que frequentarão o

local, ou seja, aplicar o estudo de antropometria16 é importante para que o cômodo seja usado

de acordo com sua função (GIBBS, 2010).

Projetar com os princípios do espaço pessoal norteará o layout a ser aplicado,

considerando também as atividades que serão realizadas. Os exercícios que possuem relação

podem ficar em locais próximos, ou então, caso não tenham algum tipo de vínculo, esses

ambientes serão planejados para situarem-se afastados mesmo que no mesmo cômodo,

conforme Figura 17 (CHING e BINGGELI, 2013).

Figura 17 - Espaço

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

16 Antropometria é o estudo das medidas e movimentos do corpo humano real em relação ao espaço (GIBBS,

2010).

46

Em um espaço onde se realizam atividades com as crianças que possuem o transtorno

do espectro autista, utilizando o método floortime, explicado anteriormente no item 1.3 deste

trabalho, o ideal é que se evite mobiliários fixos e que sejam rente ao piso, visto que a criança

além de precisar de um raio entre 45 e 120 cm de espaço pessoal, conforme Figura 18, também

realiza atividades no chão e, portanto, precisa de área livre.

Figura 18 - Espaço pessoal

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

Além de considerar o estudo de antropometria, para o projeto de um ambiente que possui

atividades para o tratamento do TEA, também deve se considerar que o mesmo cômodo será

usado por crianças com diferentes características do transtorno, assim como de idades e medidas

variáveis; logo, o espaço precisa ser flexível para possíveis mudanças diárias que variam de

acordo com a necessidade de cada criança.

Na psicologia do design de interiores referente a espaço, pode-se aproveitar de alguns

elementos arquitetônicos que interferem nas relações interpessoais, como a amplidão (citada no

capítulo anterior) e as distâncias interpessoais para definir o espaço de forma que fique

confortável para os usuários.

3.2.2 Forma e contorno

A forma e o contorno no design de interiores podem ser observados em vários elementos

de um ambiente, incluindo objetos, estrutura e o espaço disponível, podendo ser ainda

47

considerados bidimensionais e tridimensionais, cada um possuindo diferentes características

que, por sua vez, proporcionam diferentes sensações (GURGEL, 2013).

De acordo com Ching e Binggeli (2013), a forma refere-se ao formato e estrutura de

algo, tendo como elementos primários: ponto, linha, plano e volume. Em geral, a forma e o

contorno equiparam-se às linhas e aparecem em um projeto de forma retilínea (Figura 19),

angulares ou curvas.

Figura 19 - Forma

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

Em um cômodo onde há tratamento para crianças com autismo, é interessante que se

predominem a forma e o contorno que será usado, para não gerar desconforto visual, nem tirar

a atenção da criança no momento da atividade. Quanto menos informação e distração em um

único ambiente, melhor será o desenvolvimento da atividade proposta com a criança.

Além da padronização, a maneira com que cada forma e contorno aparece no projeto,

gera sensações diferentes para os usuários, visto que cada tipo de linha possui uma característica

diferente.

3.2.3 Linhas

De acordo com Ching e Binggeli (2013), a linha expressa movimento, direção e

crescimento, apresentando-se de diferentes maneiras: grossa ou fina, forte ou fraca, com caráter

curvo ou reta (Figura 20).

48

Figura 20 - Linhas

Fonte: GURGEL, 2013

Para Gurgel (2013), a linha reta possui característica mais masculina, e quando na

horizontal, pode transmitir a sensação de relaxamento e tranquilidade. Já a linha reta na vertical

gera sensação de alongamento e sofisticação para o ambiente.

No entanto, Ching e Binggeli (2013) consideram que a linha reta na horizontal pode

representar estabilidade ou o plano onde o indivíduo tenderá a permanecer em pé ou em

movimento. A linha reta na vertical é julgada pelo mesmo autor como tendo a característica de

expressar estado de equilíbrio com a força da gravidade. Além dessas duas direções, há ainda

uma terceira direção, as linhas em diagonais, que indicam movimento e dinamismo,

identificadas por Gurgel (2013) como linhas quebradas.

A linha curva, segundo Gurgel (2013), proporciona suavidade e feminilidade. Além

dessas características, ainda pode expressar, dependendo da orientação, jovialidade, energia ou

padrões de crescimento biológico (CHING e BINGGELI, 2013).

Como cada criança que possui autismo se comporta de um jeito diferente, as atividades

propostas para cada atendimento também são variadas. Algumas crianças precisam de estímulos

para se acalmarem, outras precisam de mais dinamismo na atividade, portanto, os objetos e

mobiliários do projeto que possuem suas linhas como ênfase, devem ser adaptáveis ou móveis,

para atender a necessidade de cada criança.

49

3.2.4 Texturas

Em um projeto, as texturas e padronagens possuem atributos e características essenciais

(GURGEL, 2013), e estão relacionadas com nossos sentidos de visão e tato, conforme Figura

21.

Figura 21 - Texturas

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

Para Ching e Binggeli (2013), a textura é a característica de uma superfície e pode ser

tátil e visual. A tátil normalmente só é percebida pelo tato quando em contato com a superfície;

a visual é percebida pelos olhos, porém pode ser real ou ilusória.

As texturas geram influência no ambiente. Segundo Gurgel (2013), quando lisas ou

brilhantes, refletirão mais o som e calor e fará com que as cores dos materiais pareçam mais

intensas, dando a impressão de que o objeto ou a superfície esteja mais próximo do observador.

Texturas com padrão têxtil reduzido, mesmo ásperas, dão sensação de suavidade. Já as texturas

rústicas, ásperas ou opacas passarão a impressão do objeto mais distante.

Algumas crianças autistas são hipersensíveis ao toque. Para essas, é interessante que

tenha no espaço texturas que elas já estejam habituadas pelo convívio diário. Outras crianças

podem apresentar desconforto com texturas mais ásperas, e isso pode gerar estresse e

irritabilidade da criança. Portanto, para um espaço que comporte crianças com TEA, o

armazenamento de materiais com texturas varáveis ajudará a identificar com quais texturas a

criança se sente mais confortável e quais deverão ser trabalhadas aos poucos para a aceitação

da criança.

50

3.2.5 Luz

Segundo Gurgel (2013), a iluminação em um projeto deve ser pensada para que

proporcione flexibilidade aos espaços, sendo funcional, prática e criativa. Além disso, deve-se

considerar que a luz terá percepção tanto no período diurno, quanto no noturno (GURGEL,

2013); logo, deverá atender as necessidades dos ocupantes para suas atividades em qualquer

momento do dia.

Como a incidência da luz modifica tonalidades (GURGEL, 2013), deve-se pensar tanto

na luz natural quando na artificial, conforme Figura 22. A luz natural apresenta a particularidade

de durante a manhã possuir um tom mais amarelado e ao entardecer mais alaranjado, portanto,

os materiais presentes dos ambientes que recebem luz natural direta, devem ter superfícies mais

opacas e de preferência em tons mais claros para não aquecerem tanto e refletirem de forma

negativa no ambiente (GURGEL, 2013). A luz artificial se apresenta através das lâmpadas, que

atualmente, contam com inúmeras opções no mercado, cada vez mais eficientes no quesito

sustentabilidade. Segundo Gurgel (2013), iluminação envolve: tipo de luz, objetivo da

iluminação, tipo de lâmpada, tipo de facho luminoso e modelos de luminárias ou fontes

luminosas.

Figura 22 - Iluminação

Fonte: CHING e BINGGELI, 2013

Como algumas crianças com TEA são hipersensíveis, lâmpadas fluorescentes não são

indicadas, visto que as mesmas emitem um ruído e vibrações que são perceptíveis para os

51

autistas. A melhor escolha é aproveitar a luz natural para as crianças que não se incomodam

com estas, ou utilizar lâmpadas que não piscam ou emitam ruídos, como alguma de Light

Emititng Diode (LED17), fluorescente ou de fibra óptica.

3.2.6 Cor

Como sendo um dos primeiros aspectos percebidos em um ambiente, a cor é um

elemento essencial no design de interiores. Por possuírem características diferentes e

transmitirem sensações diversas, sua escolha deve ser cautelosa para sensibilizar as emoções

de forma correta.

Em um projeto, normalmente se trabalha com esquemas de cores, conforme Figura 23

que podem ser: monocromáticas, triádicas, análogas e complementares (divididas, mútuas,

próximas e duplas).

Figura 23 - Esquema de cores

Fonte: Blog Saibadesign, 2015

17 LED - Diodo emissor de luz. É uma tecnologia de condução de luz a partir de energia elétrica (UNICAMP,

[20--?]).

52

Utilizar o simbolismo das cores em um projeto é uma ótima maneira de caracterizar o

ambiente; porém, deve ser levado em consideração que esse simbolismo pode mudar de acordo

com a cultura do lugar (GIBBS, 2010).

Segundo Gurgel (2013), o azul está ligado ao respeito, à lealdade e à responsabilidade.

Em tons esverdeados aliviam o estresse e tensão, porém, tons pastéis acalmam e aumentam

visualmente o ambiente e por último, tons escuros podem induzir à introspecção e à tristeza. Já

Gibbs (2010) considera o azul a cor da paz, harmonia e que ajuda o indivíduo a se encontrar e

aguçar sua mente.

O roxo e violeta estão ligados à sensibilidade, à intuição, sofisticação, além de estimular

o lado artístico. Em tons mais escuros, podem passar a sensação de tristeza, e em tons mais

claros, delicadeza e tranquilidade (GURGEL, 2013).

O vermelho, segundo Gibbs (2010), pode provocar reações físicas reais (aumento da

pressão sanguínea e aceleração dos batimentos cardíacos), pois além de estimulante,

principalmente de apetite, está ligado à agressividade, energia e vitalidade. Também pode gerar

sensação de afeto se em tons de rosa, estimular a comunicação em tons de pêssego e encorajar

em tons magentas (GURGEL, 2013).

De acordo com Gibbs (2010), o laranja é estimulante e energizante. Já Gurgel (2013)

liga a cor à intelectualidade (pode acelerar o raciocínio), aconchego e ação, também

considerando antidepressivo. Tons escuros levam à insegurança, já tons pêssego e damasco

promovem a sensação de bem-estar (GURGEL, 2013). Por ser uma cor otimista, estimula a

socialização e diversão.

O amarelo se compara ao laranja por ser estimulante, energizante, divertido, intelecto,

porém, pode deixar as pessoas egocêntricas se usadas em demasia (GURGEL, 2013).

O verde é considerado por Gibbs (2010), como uma cor versátil por combinar com quase

todas as outras cores, ligada à harmonia e à cura. Também pode passar sensação de equilíbrio,

honestidade, caridade e, por “baixar a tensão arterial”, ser antiestressante. Os tons mais escuros

exprimem força e os mais claros, limpeza e pureza (GURGEL, 2013).

Outras cores significativas são as neutras, que englobam o preto, branco e cinza. O preto

absorve a luz e está ligado à sofisticação, masculinidade e depressão quando em exagero

(GURGEL, 2013). O branco, segundo Gibbs (2010), aumenta a luminosidade e a amplitude

espacial, podendo proporcionar estímulos ao ambiente. Já Gurgel (2013), considera o branco

como higiênico, alegre, inocente e puro, e assim como o preto, pode deprimir se usado com

exagero. O cinza para alguns “[...] está ligado à sabedoria e à idade. Para outros, ao medo, à

negatividade, ao estresse e à fadiga” (GURGEL, 2013, p. 56).

53

Como cada criança com TEA precisa de um estímulo diferente, pode-se usar da

psicologia das cores para o projeto do ambiente. Caso o ambiente seja usado por apenas uma

criança, como um quarto ou uma sala de estímulo específica, a cor utilizada pode ser escolhida

de acordo com as suas necessidades, porém, sem exagero. Se for uma instituição ou clínica que

atende várias crianças com autismo, o ambiente deve ser mais neutro para não interferir no

processo de tratamento.

Qualquer ambiente físico para pessoas com autismo deve ser estudado cautelosamente,

usufruindo-se dos elementos da arquitetura e do design de interiores como aliados aos

tratamentos realizados.

54

4 REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS

O projeto proposto neste trabalho se embasou em alguns referenciais arquitetônicos que

contribuíram para a formação e concepção do mesmo. Para isso foram escolhidos referenciais

que possuem relação com a ideia concebida para o projeto, sendo divididos em plástico,

funcional, tecnológico e tipológico.

O referencial plástico inspira a questão estética do projeto, que leva em conta nos

elementos a sua aparência. O referencial funcional considera a funcionalidade, analisando como

é estruturado o lugar, tanto na forma (setorização, distribuição espacial, fluxos etc.) como no

propósito de cada escolha adotada. O referencial tecnológico abrange as tecnologias e soluções

inovadoras que podem ser adotadas para o projeto. Por último, o referencial tipológico consiste

no tipo de estrutura que será adotada no projeto, levando em conta fatores como gabarito e

implantação, por exemplo.

4.1 Referencial Plástico

O referencial plástico escolhido para esse trabalho é o Centro de Reabilitação e Inclusão

Infantil Teléton (CRIT) Quintana Roo, localizado na cidade de Cancún, no México. O CRIT é

um centro de reabilitação integral que atende crianças com deficiências, dentre estas o câncer e

o autismo, com projeto de 2010, feito pela CCRK Construtora.

É um projeto bem colorido como mostra a Figura 24 e totalmente pensado para seus

ocupantes. Suas salas são bem caracterizadas, tornando-se atrativas para as crianças.

Figura 24 - Área externa do CRIT Quintana Roo

Fonte: Site do Flickr, 2007

55

Todo o espaço interno do projeto foi pensado de acordo com as funções do seu ambiente,

como por exemplo a piscina do Centro, em que até o teto foi pensado no sentido de imitar ondas,

conforme Figuras 25 e 26, de forma a fazer com que as crianças e adolescentes do centro

interagissem ainda mais com o ambiente.

Figura 25 - Área da piscina do CRIT Quintana Roo

Fonte: Site do Flickr, 2007

Figura 26 - Área da piscina do CRIT Quintana Roo II

Fonte: Site do Flickr, 2007

Tantos as áreas de permanência, como mostra a Figura 27, quantos as áreas de

circulação, apresentadas nas Figuras 28 e 29, possuem materiais e design pensados de forma

56

diferenciada, tornando o espaço convidativo para estância naquele ambiente ou tornando os

passeios pelos corredores menos entediantes.

Figura 27 - Área de convívio

Fonte: Site do Flickr, 2007

Figura 28 - Circulação I

Fonte: Site do Flickr, 2007

57

Figura 29 - Circulação II

Fonte: Site do Flickr, 2007

Suas inúmeras salas são devidamente equipadas, como mostram as Figuras 30 e 31. A

forma de despertar o interesse das crianças e a importância que foi dada a cada ambiente em

particular são diferencias deste projeto, que além de bonito, explora a funcionalidade de cada

lugar e a relação que o espaço terá com seus ocupantes.

Figura 30 - Brinquedoteca

Fonte: Site do Flickr, 2007

58

Figura 31 - Sala para atividades infantis

Fonte: Site do Flickr, 2007

O partido adotado para a proposta de intervenção no APAPE tem como referência direta

os métodos de design de interiores do CRIT Quintana Roo, onde cada ambiente possui sua

identidade própria e conta com cores apropriadas e relacionadas ao espaço. Foi dada atenção

tanto para o piso, como para a parede, seja com detalhe que dê a impressão de movimento, ou

com um objeto ressaltado na parede ou teto que desperta interesse na criança e a faz interagir

positivamente com o ambiente.

4.2 Referencial Funcional

Como referencial funcional foi escolhida a escola para autismo Pathlight School,

localizada em Singapura, que atende crianças e adolescentes com autismo e distúrbios

relacionados, com idades entre 7 e 18 anos.

A escola foi criada pelo Centro de Recursos do Autismo de Singapura a convite do

Ministério de Educação e começou a funcionar e janeiro de 2004. Possui, como visão, ser uma

voz e um modelo para uma comunidade inclusiva, vibrante e de aprendizagem onde as vidas

são transformadas; e como missão, fornecer uma jornada de aprendizado transformacional e

maximizar o potencial de cada aluno em suas formações acadêmicas e habilidades para a vida.

A escola sentiu a necessidade de se expandir para acolher mais alunos; portanto, em

janeiro de 2012, inaugurou o segundo campus da instituição.

59

Compondo o quadro de ambientes, a escola conta com: salas de aula, laboratórios de

informática, sala de matemática, sala de ciência, sala geral de vocações, sala de música, sala de

arte, academia, estúdio de alimentação e nutrição, sala de design e tecnologia, pathlight mall

(centro comercial), padaria, foyer café e o pathlight café.

As salas de aulas possuem dimensões menores para atender melhor aos grupos

estruturados, que precisam de uma atenção maior do professor. Caso a turma fosse grande, seria

praticamente impossível os alunos com autismo ou distúrbios relacionados receberem a atenção

que precisam e isso acarretaria na dificuldade do desenvolvimento dos mesmos.

A instituição possui quatro laboratórios de informáticas, que são devidamente equipados

para atender aos alunos. A ideia das aulas nos laboratórios de informática é que o aluno aprenda

progressivamente as habilidades fundamentais da tecnologia da informação para cumprir os

quatro resultados das aulas que são: alfabetização digital, criatividade, produtividade e

conectividade.

As instalações da sala de matemática (Figura 32) e da sala de ciências possuem um

design particular, com a intenção de oferecer aos ocupantes facilidade na aprendizagem através

de abordagens visuais e experienciais.

Figura 32 - Sala de matemática

Fonte: Site da escola Pathlight, 2017

A sala geral de vocações é um espaço onde os alunos são treinados em habilidades de

escritório, sendo um ambiente simulado e estruturado. A ideia é que se treine os alunos

60

preparando-os para um mercado de trabalho e, dessa forma, ajudá-los a possuírem um currículo

mais amplo. A escola também oferece a sala de design e tecnologia, para que o estudante possa

produzir e fabricar artefatos; uma padaria que funciona como um centro de treinamento para

formar profissionais; o foyer café e o pathlight café (Figura 33).

O foyer café é um projeto comunitário em que o colégio firmou parceria com a Starbucks

de Singapura. O espaço serve como um local para que pessoas com autismo possam trabalhar,

além de funcionar como uma área de treinamento para os alunos que participam da preparação

de bebidas e atendimento ao cliente.

O pathlight café consiste em quatro quiosques principais (cozinha asiática, o Deli, Mr.

Bean e hambúrgueres) onde os alunos são treinados em vários papéis.

Figura 33 - Pathlight Café

Fonte: Site da escola Pathlight, 2017

O projeto que será elaborado neste trabalho seguirá a linha de pensamento do

funcionamento das atividades do colégio Pathlight, onde todas as crianças possuem a devida

atenção por estarem em grupos menores e são incentivadas a colocar seus talentos em práticas,

além de terem contato com outras atividades que possam servir no futuro como uma

possibilidade para inserção no mercado de trabalho.

61

4.3 Referencial Tecnológico

Como referencial tecnológico optou-se por um parquinho sensorial desenvolvido pelo

arquiteto e professor da Universidade de Michigan (situada nos Estados Unidos), Sean Ahlquist,

em um projeto de pesquisa denominado Arquitetura Sensorial Social, em que são estudadas

estruturas terapêuticas para crianças com autismo.

O parquinho consiste em um pavilhão tipo tenda, conforme Figura 34, feito de tecido

tracionado sobre hastes de polímero de fibra de vidro flexível reforçada, para criar um ambiente

imersivo. Através de um sensor que responde ao toque da criança, sons são disparados e

imagens em 2D são projetadas no tecido, estimulando a conexão entre habilidades motoras e a

resposta auditiva e visual.

Figura 34 - Parquinho sensorial

Fonte: Site Archdaily, 2016

Para as especificações do projeto de interiores da APAPE, será proposto um protótipo

do parquinho sensorial, com o objetivo de estimular o desenvolvimento das crianças que

possuem o transtorno do espectro autista.

Como suporte para o protótipo desenvolvido pelo arquiteto Sean Ahlquist, o sistema

conta com um sensor Microsoft Kinect, que detecta a intensidade do toque, e alimenta essa

informação através do software desenvolvido pela equipe do projeto. O Kinect fica alojado em

uma torre de hardware localizada próximo ao pavilhão e conta com um computador, alto-

falantes e um projetor. Todo sistema resulta em uma interação surpreendente entre a tela e a

62

criança, já que a mesma definirá com o seu toque quais formas e cores serão projetadas no

tecido, conforme Figura 35.

Figura 35 - Interação com a tela

Fonte: Site Archdaily, 2016

4.4 Referencial Tipológico

O referencial tipológico para este trabalho será uma sala do CRIT Baja California Sur,

que faz parte do programa Teletón do México. Dispõe de equipamentos e materiais para auxiliar

o tratamento de fisioterapia; porém, os elementos são posicionados para cada um possuir um

espaço necessário para a atividade proposta, além de possuírem cores mais neutras, já que a cor

nessa sala fica presente na parte superior do espaço. É uma sala interativa sem muita informação

visual, conforme mostra Figura 36.

63

Figura 36 - Sala de terapia

Fonte: Site da Coldwell Banker Riveras, 2011

A ideia para a proposta na APAPE será dar importância ao teto assim como, em geral,

se dá para o piso. Não apenas trabalhar com diferenças de tonalidades, mas também dar

movimento para que não seja apenas um espaço onde se coloca objetos de iluminação, e dessa

forma trabalhar a percepção de vários ângulos, e, de certa forma, incentivar o desenvolvimento

e a imaginação da criança.

Os ambientes serão projetados para interagir com os ocupantes, não de forma padrão.

Para isso, em cada sala será pensada a relevância de brincar com as formas e cores nas paredes,

no piso ou no teto, para que não haja excesso de informação que desconcentre, ao invés de

incentivar o desenvolvimento da criança.

64

5 CONDICIONANTES PROJETUAIS

5.1 A APAPE

A Associação de Pais de Pessoas Especiais do Norte e Noroeste/RJ é uma instituição

civil de caráter filantrópico que foi fundada em 30 de junho de 1999.

O projeto da APAPE visa acolher e promover o desenvolvimento e a superação dos

desafios e limites de aproximadamente 107 famílias de pessoas com múltiplas deficiências,

além do desenvolvimento social e a melhoria das condições de vida da população em situação

de vulnerabilidade social.

O serviço ofertado através do Programa de Atendimento Especializado está em

consonância com a Política Nacional de Assistência Social e conta com ações de estímulos

motores, sensoriais e de linguagem utilizando materiais socioeducativos pedagógicos, lúdicos,

culturais e esportivos.

A instituição possui uma equipe multiprofissional composta por: assistente social,

psicóloga, pedagoga, nutricionista, advogada, orientador social, terapeuta ocupacional,

musicoterapeuta, médico, enfermeiro, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, auxiliares

administrativos, coordenador e presidente da associação.

O perfil principal do Programa de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência está

diretamente voltado para a deficiência física, mental, sensorial e intelectual. O público atendido

inclui crianças sindrômicas, com paralisia cerebral, hidrocefalia, tetraparalisia, eplepsia,

agitação psicomotora severa, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, descontrole

emocional, dislexia, transtorno global do desenvolvimento, retardo mental, transtorno opositor

desafiador, autismo clássico e transtorno do espectro autista.

Devido à diversidade de patologias que compõem a instituição e a peculiar condição de

desenvolvimento e/ou limitação imposta pela deficiência, é feita uma divisão grupal

relacionando o grau de comprometimento com uma cor, totalizando em seis grupos: branco

(encefalopatia crônica), vermelho (déficit intelectual – atraso cognitivo severo e distúrbio

comportamental), amarelo (déficit intelectual – atraso cognitivo médio e distúrbio

comportamental), verde (déficit intelectual – atraso cognitivo em superação e distúrbio

comportamental leve), laranja (síndrome de Down) e azul (autismo).

65

O grupo azul inicialmente realiza as atividades no centro de referência do autismo, e

após desenvolver algumas dificuldades decorrentes da patologia, são inseridos em atividades

com os outros grupos, possibilitando integração social entre eles e o acesso às outras salas.

5.2 Diagnóstico do terreno e entorno

Atualmente, a APAPE encontra-se na Rua Saldanha Marinho, nº 198, no bairro Centro

da cidade de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, conforme mostra a Figura 37

e 38.

Seu entorno conta com os principais pontos de referência da cidade: Rodoviária Roberto

Silveira, Cidade da Criança, Teatro Municipal Trianon e Jardim São Benedito.

A associação funciona em uma residência que foi adaptada de acordo com a necessidade

de atender mais crianças. A residência dispõe apenas do pavimento térreo com alguns pequenos

desníveis e, além das salas internas, conta com um pátio externo onde são realizadas as

atividades de educação física.

O terreno possui 672,57 m², tendo seu limite frontal com aproximadamente 22 metros e

suas laterais com aproximadamente 30 metros.

Figura 37 - Localização da cidade Campos dos Goytacazes/RJ

Fonte: Wikipédia, 2017

66

Figura 38 - Localização da APAPE e entorno

Fonte: Adaptado pelo autor (baseada em imagem do Google Maps), 2017

5.3 Insolação e ventilação

De acordo com Ramos (2000), o clima da cidade é tropical, com módulo superior à 22ºC

em toda a Região, tendo dezembro a março como a época mais quente do ano e, os meses de

junho e julho, como os mais frios.

Em relação à área do terreno escolhido, sua fachada posterior é a que recebe os raios

ultravioletas do período mais quente do dia (Figura 39); porém, a localização da residência do

terreno e a posição dos cômodos estão projetados de forma a minimizar o calor nos ambientes.

Figura 39 - Estudo de insolação

Fonte: Autoria própria, 2017

67

A ventilação predominante na cidade, de acordo com Ramos (2000), é oriunda da

direção nordeste, e os ventos menos frequentes são os vindos do norte e os de quadrante sul.

Como se pode observar na Figura 40, o vento predominante da cidade incide na fachada

posterior; porém, a maioria dos cômodos localizados na área posterior, não possui aberturas

para a orientação nordeste.

Figura 40 - Estudo de ventilação

Fonte: Autoria própria, 2017

5.4 Legislação

O terreno está localizado na Zona de Comércio Principal (ZCP), conforme Figura 41,

que de acordo com a lei número 7.974/2008 de Uso e Ocupação do Solo (p. 31), “compreende

a área de concentração de comércio e serviços, de verticalização baixa e média, compatível com

a diversidade comercial e a presença de bens de interesse cultural”(CAMPOS DOS

GOYTACAZES, 2008).

68

Figura 41 - Mapa de zoneamento

Fonte: Adaptada pelo autor (baseada no mapa de uso e ocupação de Campos dos Goytacazes/RJ)

As atividades e os usos que poderão ser praticados dentro do município de Campos dos

Goytacazes estão classificados conforme o grau de impacto urbanístico e ambiental e, foram

enquadrados de acordo com o seu Grau de Impacto que varia de 1 a 4. Conforme o Quadro nº1

do Anexo da Lei 7.974/2008 de Uso e Ocupação do Solo, a APAPE enquadra-se do Grau de

Impacto 1.

Em relação à taxa de ocupação permitida, conforme Quadro nº 6 do Anexo II da Lei

7.974/2008, que mostra os índices e parâmetros de intensidade e ocupação de acordo com as

zonas da cidade, no caso do terreno que está sendo analisado, por estar na ZCP, é permitido

uma taxa de ocupação de 80%, com coeficiente de aproveitamento do terreno de 5,0 e taxa de

permeabilidade mínima de 10%.

69

5.5 Avaliação pós-ocupação

De acordo com Rheingantz, et al. (2009), a avaliação pós-ocupação consiste em um

processo de avaliação do desempenho do ambiente depois de um determinado período de tempo

que esse espaço tenha sido ocupado. O método concentra suas observações nos ocupantes do

lugar e em suas necessidades, para então avaliar as influências e consequências das decisões

projetuais no desempenho do projeto.

Rheingantz, et al. (2009), elenca um conjunto de oito instrumentos e ferramentas, que

contribuem para estudos e pesquisas sobre as relações pessoa-ambiente: mapa comportamental,

poema dos desejos, mapeamento visual, mapa mental, seleção visual, entrevista, questionário e

análise walkthrough, sendo os últimos dois os métodos adotados para o trabalho.

Através de um questionário respondido pelos profissionais da APAPE, contendo 5

perguntas, conforme pode ser visto no Apêndice A, pôde-se analisar como os ambientes eram

utilizados para a realização das atividades, levando em consideração os aspectos arquitetônicos,

e como o espaço influenciava, ou não, as crianças com autismo.

A análise walkthrough permitiu identificar através de fotos e descrições, as

características dos ambientes, levando em consideração as questões do conforto ambiental e

dos pontos positivos e negativos do espaço. Através deste método, observou-se quais aspectos

funcionam ou não, resultando em uma ficha de registro, a qual pode ser vista no Apêndice B,

que serviu para auxiliar as propostas projetuais para intervenções na instituição.

70

6 O PROJETO

Visando potencializar o tratamento para crianças com TEA, a proposta deste trabalho

consiste em um projeto de intervenções arquitetônicas, de interiores e paisagísticas, incluindo

reformas para melhorar conforto e qualidade dos espaços, voltadas para as necessidades

requeridas pelos autistas em ambientes da APAPE.

Serão trabalhadas 10 áreas, conforme Figura 42, sendo essas: as salas de atendimento,

os jardins e a área de recepção. Os demais ambientes não possuem especificidades e relevância

para o tema proposto, porém, em caso de reforma completa na instituição, são ambientes

qualificados para receberem uma requalificação, tornando o espaço melhor para uso.

Para as salas de atendimento, considerou-se o espaço e a funcionalidade do ambiente;

portanto, o centro de referência de autismo e o centro de reabilitação, além de mudanças de

design de interiores, também contaram com reformas para ampliação do espaço, sendo o

primeiro para receber um anexo como uma área secundária para estímulo e o segundo, para

conforto e otimização dos espaços.

As demais salas para atendimento englobam a sala de artes, pedagogia, psicologia,

fonoaudiologia e musicoterapia, que receberam propostas para estimulação adequada a cada

atividade de acordo com a psicologia ambiental e de design de interiores.

Os jardins da associação foram trabalhados para servirem como opção de tratamento

terapêutico. O projeto conta com dois jardins sensoriais, sendo um para atender, pela

proximidade e dimensão, o centro de autismo e, o outro jardim, por possuir maior área, poderá

oferecer diferentes possibilidades de atividades onde mais crianças possam usufruir ao mesmo

tempo. Há ainda um jardim de inverno na sala de pedagogia, que foi trabalhado para servir

como um espaço para estimular a interação social e o contato com diferentes materiais, além de

contar com um painel sensorial.

Como uma das reformas interfere na área da recepção, o projeto também receberá um

estudo e reorganização do espaço para espera, considerando questões climáticas e fluxo dos

funcionários e familiares dos usuários.

A fachada principal, em decorrência da restruturação, sofreu alterações que

possibilitaram que houvesse um projeto pensado em interagir de forma artística,

principalmente, com as crianças que frequentam o espaço, tornando a área de acesso mais

atrativa.

71

Neste capítulo, serão apresentados a APAPE, o conceito e partido do projeto, seu

programa de necessidades, diagnóstico do terreno e do entorno, setorização, implantação,

plantas baixa, e os principais estudos realizados durante sua evolução.

72

Figura 42 - Planta baixa com indicação das áreas de intervenção

Fonte: Autoria própria, 2017

73

6.1 Conceito e partido

O conceito do projeto está fundamentado na eficácia da psicologia do design de

interiores para potencializar o tratamento das crianças com autismo, de forma que o ambiente

físico interaja com as crianças proporcionando bem-estar e estimulando as informações

sensoriais necessárias ao desenvolvimento das habilidades da criança com TEA.

O partido arquitetônico adotado segue os princípios e elementos do design de interiores,

porém, adequado para atender as necessidades das crianças que frequentaram o espaço, levando

em consideração suas limitações e as características do autismo ligadas à hipersensibilidade,

hiposensibilidade e a forma como as informações são absorvidas por suas particularidades

sensoriais. Além disso, o projeto adotará o partido de projetar de forma que os ambientes

tenham flexibilidade para que seja possível realizar diferentes atividades de acordo com as

variações das manifestações da patologia.

Além dos ambientes internos, os jardins também adotaram o conceito de se adequar aos

usuários do espaço, possuindo materiais e disposições que auxiliem os tratamentos terapêuticos

propostos pelos profissionais da associação.

6.2 Setorização e fluxograma

A APAPE possui dois acessos, sendo um principal e um secundário, ambos localizados

na Rua Saldanha Marinho. O espaço conta com salas administrativas, salas para atendimentos,

banheiros, além da área de serviço que abrange cozinha e despensa (Figura 43).

O setor social é o maior da instituição, conforme Tabela 2, incluindo as salas de

atendimento e pátio, além da área de espera, e totaliza em mais de 300 m² (trezentos metros

quadrados). Já o setor administrativo, é o menor, contando apenas com quatro ambientes, sendo

quase 35m² (trinta e cinco metros quadrados). Por último, o setor de serviço conta com oito

ambientes com aproximadamente 45 m² (quarenta e cinco metros quadrados) de área total.

74

Figura 43 - Setorização

Fonte: Autoria própria, 2017

75

Tabela 2 - Programa de necessidades da APAPE

PROGRAMA DE NECESSIDADES DA APAPE

Setor Cômodo Área (m²)

Área Social

Jardim Sensorial I 45,3

Área de espera 38,43

Centro de Reabilitação 37,74

Sala de Musicoterapia e

Fonoaudiologia 14,93

Consultório Médico 6,55

Jardim de Inverno I 4,86

Sala de Pedagogia 17,06

Jardim de Inverno II 8,67

Sala de Estímulos

Multissensoriais 13,48

Sala de Artes 17,56

Pátio Coberto 68,38

Centro de Autismo 46,87

Jarsim Sensorial II 17,67

Área

Administrativa

Gerência Adm.

Financeira 11,27

Serv. Social/ Acess.

Juríd. 7,1

Coordenação Técnica 9,85

Coordenação

Administrativa 6,46

Área de Serviço

Fraldário 4,06

Banheiro I 3,75

Banheiro II 6,05

Cozinha 12,9

Despensa 6,15

Pátio Descoberto II 7,82

Banheiro III 2,84

Banheiro IV 3,91

Fonte: Autoria própria, 2017

76

6.3 Memorial projetual

Cada solução arquitetônica nesse projeto de interiores foi tomada de acordo com as

necessidades e particularidades dos autistas, com base nas referências bibliográficas

consultadas e nos métodos adotados para a avaliação pós-ocupação do espaço onde foi proposta

a intervenção.

Optou-se por manter alguns mobiliários existentes na sala para que o projeto, caso seja

de interesse, seja possível se implantado com o melhor custo possível. Os materiais que não

atenderam ao conceito do projeto, ou que poderiam ser mais econômicos, por exemplo o ar

condicionado, foram substituídos por versões vistas como melhores para os usuários e

instituição.

6.3.1 Centro de referência de autismo

Para esse espaço, a ideia foi não alterar muito a disposição e cores, visto que as crianças

que frequentam esse ambiente possuem TEA e, portanto, não são muito adeptas às mudanças

de rotina, que costumam perturbar bastante algumas delas (MELLO, 2005).

Como há diferentes demandas em relação aos estímulos sensoriais, a ideia foi criar dois

espaços dentro de um mesmo cômodo, onde houvesse o mínimo de mobiliário possível para

atender o aspecto amplidão que enfatiza as relações interpessoais respeitando o espaço pessoal

de cada criança, e ainda, onde um estimule mais para acalma-las e outro para agita-las (Figura

44).

77

Figura 44 - Centro de autismo

Fonte: Arquivo pessoal adaptado da foto de Milton Angelo, 2017

O espaço mais calmo abrange a maior parte do cômodo existente, e as modificações

feitas nesse espaço foram: disposição dos nichos, espaço para armazenamento, forração do piso,

iluminação, material das cortinas, opções dos materiais suspensos e espaço para atividades

artísticas.

Para os nichos, a proposta foi mudar de localização, visto que a mesa para atividades

artísticas foi posicionada embaixo onde atualmente eles encontram-se, e, para os livros e ursos

de pelúcia não tirarem a atenção da atividade que a criança está fazendo, a ideia foi colocá-los

em uma parede onde a criança não tivesse visão enquanto estivesse realizando o exercício.

Além disso, manteve-se a forma do nicho, com linhas horizontais pois, desta forma, o objeto

passa uma impressão de tranquilidade.

Há hoje na sala um armário de metal que possui pouco espaço para armazenamento de

todos os materiais que são utilizados para os tratamentos. Então a proposta é retirá-lo do

78

cômodo e no lugar instalar prateleiras em Medium Density Fiberboard (MDF18) com 0,60m

(sessenta centímetros) de profundidade já que alguns objetos usados no espaço possuem

medidas maiores. Para os materiais não ficarem diretamente expostos e interferir na atenção

das crianças, o fechamento se dará a partir de um painel sanfonado, que foi visto como melhor

opção para não limitar o acesso às prateleiras e nem ocupar espaço além da área que aconteceria

caso fosse uma abertura pivotante.

Atualmente há bastante espaço do piso coberto por diferentes materiais para estimular

as crianças; porém, não é todo o espaço, e conforme as mesmas se movimentam, alguns saem

do lugar deixando o espaço vazio e permitindo contato direto com o piso. Para solucionar essa

questão, foi proposto preencher todo o piso, de forma coerente com as atividades propostas e

encaixados para que não haja espaços vazios e, com isso, a criança possa andar por todo espaço

sem ter contato direto com o chão. Para forração do piso, foram utilizados os seguintes

materiais: piso vinílico, tatame emborrachado em Etil Vinil Acetato (E.V.A.), tapete de sisal,

tapete de feltro, tapete de capacho e tapete pedagógico estimulador sensorial. Além da textura

ser uma forma de estímulo sensorial, também é um elemento do design de interiores que

possibilita estabelecer nichos sem precisar utilizar um mobiliário fixo, delimitando diferentes

espaços para a realização das atividades propostas.

O piso vinílico foi escolhido para o projeto por ser antialérgico, durável, fácil de limpar

e ainda contribuir com o conforto térmico, possibilitando que as crianças realizem as atividades

com contato direto ao piso. Os outros materiais foram selecionados devido às suas texturas, que

contribuem para as técnicas de tratamento utilizadas pela instituição. Com exceção do tapete de

sisal e do pedagógico, todos os outros materiais serão com tonalidades em azul claro para menor

poluição visual.

Para atender a diretriz de sequenciamento espacial, o projeto de piso foi desenhado para

que o mesmo direcionasse os usuários, através de cores e linhas às zonas sensoriais, ou seja,

aos diferentes espaços que foram criados através dos mobiliários.

A iluminação em um cômodo é considerada na psicologia ambiental, como dito

anteriormente, como um elemento que enfatiza as relações interpessoais, porém, no centro de

referência de autismo, não há claridade suficiente, pois, alguns pontos de luz não estão

funcionando. Então foi proposto substituir as lâmpadas existentes por lâmpada de LED tubular,

que são mais econômicas e em pouca quantidade iluminam o espaço de forma satisfatória, além

de alguns focos de luzes que pudessem dar ênfase e gerar centros de interesses conforme

18 MDF – Placa de fibra de média densidade. É um material oriundo da madeira, fabricado com resinas sintéticas

(7GRAUS, [entre 2011 e 2017]).

79

princípio do design de interiores, instalados na direção do espaço de escape que possui assento

confortável e um quadro ímã com círculos coloridos (vermelho, amarelo, verde e branco) para

que a criança personalize conforme necessidade para fornecer a entrada sensorial adequada.

Algumas crianças com TEA possuem hipersensibilidade a luz, portanto, a ideia é

substituir a cortina existente por um jogo contendo um blackout em Policloreto de polivinila

(PVC19) e uma cortina em tecido voil, pois desta forma, pode de forma rápida e prática, utilizar

o tecido que melhor conforte quem está no espaço além de garantir uma barreira visual e

acústica necessária no aspecto da psicologia ambiental.

Aplicando o método de análise walkthrough, viu-se a necessidade de, além das malhas

e assentos suspensos, utilizar também balanços lúdicos, portanto, foi proposto mais dois pontos

de suspensão que serão destinados ao balanço lúdico, que irão compor a unidade e variedade

dos demais objetos suspensos, trazendo harmonia para o espaço. A proposta é que as malhas e

balanços sejam suspensos conforme necessidade da atividade, para atender ao aspecto amplidão

e não tirar a atenção dos usuários.

Ainda através da análise de pós-ocupação, observou-se a necessidade de uma mesa para

a realização de possíveis atividades artísticas que requerem um espaço apropriado. Para essa

questão, sugeriu-se a opção de uma mesa dobrável de parede, que fosse flexível quanto ao ajuste

de altura, já que além das crianças, também há atendimentos individuais com pessoas adultas.

A opção de ser dobrável é para ocupar menos espaço quando não estiver sendo utilizada, e com

isso aumentar o espaço livre paras as atividades com as crianças. Junto com a mesa, cadeiras

giratórias foram propostas (uma em tamanho infantil e duas com dimensões para adultos); pois

além de auxiliar na atividade diante a mesa, podem também ser utilizadas para atividades de

estímulos sensoriais.

O espaço anexo sugerido para estimular de forma mais agitada a criança, foi pensado

para duas opções: onde ficará o parquinho sensorial mencionado no referencial tecnológico

deste trabalho e retirando o parquinho (possível devido a sua estrutura), fica uma sala onde

podem ser realizadas atividades com crianças que precisem desse tipo de estímulo, que se dará

através da psicologia das cores nas paredes, cuja será pintada meio a meio, sendo a partir de

1,20m (um metro e vinte centímetros) do piso pintado em tinta na cor azul céu, a partir de 1m

(um metro) do piso pintado uma faixa branca de 0,10m (dez centímetros) e na parte inferior,

faixas horizontais intercaladas em vermelho, amarelo e branco, que além de seguir um esquema

19 PVC – Policloreto de polivinila, que é um material plástico amplamente utilizado no setor da construção civil.

80

triádico de cor (azul, vermelho e amarelo), utiliza de forma um pouco mais intensa, por estar

na faixa de visão das crianças, as cores vermelho e amarelo, que são cores estimulantes.

Por ser uma sala maior, e com mudanças de pisos e mobiliários, o orçamento20 do centro

de autismo foi um pouco mais elevado (Tabela 3), porém, o projeto possibilita a implantação

por setores, contribuindo para bom custo benefício, visto que sai aplicação pode auxiliar de

maneira positiva para o tratamento do TEA.

Tabela 3- Orçamento centro de autismo

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total

Centro

de

Autismo

Cadeira Guratória Evidence Branca Pç. 3 R$ 199,99 R$ 599,97

Brinquedo cavalinho pula pula Pç. 2 R$ 79,74 R$ 159,48

Lixeira MIX Pç. 1 R$ 190,90 R$ 190,90

Adesivo Porta de correr de vidro

(0,90x2,10m) Pç. 1

R$ 69,90 R$ 69,90

Cortina com ilhóis com varão duplo Pç. 2 R$ 132,95 R$ 265,90

Mesa dobrável de parede - ajustável Pç. 1 R$ 250,57 R$ 250,57

Almofadas Proprioceptivas Pç. 2 R$ 55,71 R$ 111,42

Almofadas Proprioceptivas II Pç. 2 R$ 121,90 R$ 243,80

Nicho em MDP Pç. 2 R$ 138,95 R$ 277,90

Porta sanfonda em PVC

personalizada Pç. 1

R$ 138,90 R$ 138,90

Parquinho sensorial Pç. 1 R$ 2.500,00 R$ 2.500,00

Armário baixo Pç. 1 R$ 174,92 R$ 174,92

Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) -

geleira Galão 1

R$ 119,90 R$ 119,90

Sapateiro reciclado Pç. 1 R$ 72,75 R$ 72,75

Adesivo Porta de correr de vidro

(0,90x2,10m) Pç. 2

R$ 69,90 R$ 139,80

Puff em couro sintético Pç. 1 R$ 152,99 R$ 152,99

Suporte para bola - 43cm Pç. 2 R$ 37,05 R$ 74,10

Suporte para bola -35cm Pç. 2 R$ 18,22 R$ 36,44

Puff em tricot Pç. 1 R$ 296,99 R$ 296,99

Puff em tecido pelúcia Pç. 1 R$ 224,99 R$ 224,99

Painel acústico Pç. 6 R$ 122,00 R$ 732,00

Prateleiras em MDP 0,56x1,20m Pç. 7 R$ 64,99 R$ 454,93

Espaço de escape Pç. 1 R$ 149,92 R$ 149,92

Painel metálico para ímã Pç. 1 R$ 230,00 R$ 230,00

Tinta Acrílica Suvinil - (3,6L) -

Geleira Galão 2

R$ 119,90 R$ 239,80

Barra de Apoio Pç. 1 R$ 1.003,10 R$ 1.003,10

Piso Vinílico - 3242871 -

(2,00x10m) Rolo 2

R$ 173,90 R$ 347,80

20 Todas as tabelas foram elaboradas apenas com os valores dos itens, não incluindo mão de obra.

81

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total

Centro

de

Autismo

Piso Vinílico - 3242857 -

(2,00x10m) Rolo 1

R$ 173,90 R$ 173,90

Tatame EVA azul claro -

(50x50cm) Pç. 37

R$ 8,28 R$ 306,36

Tapete Capacho azul (1,00x1,20m) Rolo 7 R$ 125,00 R$ 875,00

Tapete de feltro azul claro

(1,40x10m) Rolo 4

R$ 10,55 R$ 42,20

Tapete de sisal - (0,60x2,30m) Rolo 3 R$ 188,00 R$ 564,00

Ar condicionado Pç. 3 R$ 1.322,00 R$ 3.966,00

Spot dicróica Pç. 3 R$ 13,90 R$ 41,70

Luminária de embutir Pç. 9 R$ 169,90 R$ 1.529,10

Gancho para teto Pç. 8 R$ 198,46 R$ 1.587,68

Projetor Pç. 1 R$ 1.199,00 R$ 1.199,00

Rebaixo em forro modular

(1,20X0,60m) Caixa 6

R$ 374,08 R$ 2.244,48

Valor Total: R$ 21.788,59

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

6.3.2 Jardim sensorial I

O jardim da área de chegada da instituição foi transformado em um jardim sensorial,

conforme Figura 45 devido à maior disponibilidade de espaço, podendo, portanto, atender mais

crianças em uma mesma atividade. Foi usado pneus como forma de reciclar, que serão

utilizados como vasos para as espécies das zonas sensoriais, sendo elas: olfato, tato, paladar,

audição e visão. As espécies utilizadas foram reaproveitadas do Jardim sensorial II, apresentado

no subcapítulo a seguir.

Figura 45 - Jardim sensorial I

Fonte: Arquivo Pessoal, 2017

82

O orçamento do jardim sensorial I foi feito junto com o orçamento da recepção e fachada

(Tabela 4) pois são área muito próximas e podem ser realizadas em um mesmo momento, para

que não cause muito tempo de transtorno aos usuários devido às obras, que resultam em

obstáculos no espaço, poeira e poluição visual.

Tabela 4 - Orçamento área frontal

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor

Unitário Valor Total

Recepção +

Jardim

Sensorial I +

Fachada

Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) -

Creme de Pêssego Galão 3 R$ 119,90 R$ 359,70

Guarda corpo em alumínio Pç. 1 R$ 380,00 R$ 380,00

Cadeira Evidence - 2 lugares Pç. 8 R$ 199,90 R$ 1.599,20

Brises verticais Pç. 6 R$ 239,00 R$ 1.434,00

Arbusto Musgo Cuchion Pç. 2 R$ 6,99 R$ 13,98

Jardim vertical cirular Pç. 3 R$ 139,90 R$ 419,70

Banco de madeira Pç. 1 R$ 394,70 R$ 394,70

Painel de madeira para jardim

vertical Pç. 22

R$ 29,90 R$ 657,80

Composto Orgânico (Saco c/ 25kg) Saco 30 R$ 15,00 R$ 450,00

Muda de Jasmin Gardênia Pç. 6 R$ 18,00 R$ 108,00

Muda de Manjericão Pç. 6 R$ 12,00 R$ 72,00

Muda de morango Pç. 6 R$ 15,00 R$ 90,00

Muda de hortelã Pç. 6 R$ 12,00 R$ 72,00

Muda de rosa de pedra Pç. 6 R$ 20,00 R$ 120,00

Muda de violeta africana Pç. 6 R$ 10,00 R$ 60,00

Muda de Calêndula Pç. 6 R$ 5,00 R$ 30,00

Mensageiro dos ventos Pç. 4 R$ 15,00 R$ 60,00

Muda de Gerânios Pç. 6 R$ 5,60 R$ 33,60

Sino de vento em alumínio Pç. 4 R$ 64,00 R$ 256,00

Sino de vento em bambu Pç. 4 R$ 45,00 R$ 180,00

Banco curvo em madeira sem

encosto Pç. 1

R$ 512,00 R$ 512,00

Fonte decorativa M² 7 R$ 60,40 R$ 422,80

Balcão em L Pç. 1 R$ 800,00 R$ 800,00

Banqueta giratória Pç. 1 R$ 169,58 R$ 169,58

Separador de grama (m) Metro 32,7 R$ 3,90 R$ 127,53

Piso cerâmico esmaltado (Cx com 7

pçs) Caixa 23

R$ 146,30 R$ 3.364,90

Deck Modular de madeira 50x50cm Pç. 7 R$ 69,00 R$ 483,00

Grama esmeralda M² 30 R$ 1,50 R$ 45,00

Areia fina (Saco de 20kg) Saco 2 R$ 2,99 R$ 5,98

Piso de concreto (m²) Pç. 1 R$ 379,90 R$ 379,90

83

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor

Unitário Valor Total

Recepção +

Jardim

Sensorial I +

Fachada

Argila expandida (Saco de 5kg) Saco 5 R$ 20,90 R$ 104,50

Bola de gude (1200 bolas) Saco 1 R$ 49,00 R$ 49,00

Tijolo maciço (und) Pç. 70 R$ 0,99 R$ 69,30

Casca de pinus (Saco 1kg) Saco 35 R$ 8,30 R$ 290,50

Pedra dolomita (Saco com 2,5kg) Saco 16 R$ 20,90 R$ 334,40

Piso intertravado Pç. 9 R$ 5,90 R$ 53,10

Mosaico de pedra Pç. 9 R$ 54,90 R$ 494,10

Areia Média (Saco de 20kg) Saco 2 R$ 2,79 R$ 5,58

Caco de Pedra São Tomé Pç. 6 R$ 8,90 R$ 53,40

Luminária de sobrepor Pç. 2 R$ 143,90 R$ 287,80

Perfil quadrado metálico pintado Pç. 19 R$ 192,37 R$ 3.655,03

Placa de policabornato compacta M² 18 R$ 195,79 R$ 3.524,22

Platibanda M² 21,4 R$ 53,36 R$ 1.142,97

Logo 3D Pç. 1 R$ 335,50 R$ 335,50

Laje para platibanda M² 8,4 R$ 53,36 R$ 448,22

Valor

Total:

R$

23.949,00

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

6.3.3 Jardim sensorial II

O jardim sensorial da APAPE funcionava até precisar ser desativado para uma obra e,

desde então, ainda não foi refeito. A proposta então é reativar o jardim sensorial no espaço que

já era destinado para essa atividade seguindo alguns princípios e elementos de composição

como equilíbrio, ritmo, forma e contorno para a disposição e escolha dos materiais. Para isso,

na área destinada a plantação, foi proposto uma subdivisão do canteiro em cinco partes,

seguindo a seguinte sequência de espécies (Figura 46): olfato (orégano, jasmin, lavanda e

manjericão), visão (Cravina, gerânio, calêndula e camélia), tato (rosa de pedra, veludo roxo,

boldo e violeta), paladar (tomate cereja, morango, salsinha e hortelã) e por último a audição

(fonte de pedra sabão). Cada uma das etapas possui uma simbologia em sua direção fixada na

alvenaria do canteiro.

84

Figura 46 - Espécies com nome científico

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

Além das plantações, o jardim sensorial também contará com oito setores no piso:

tronquinhos de madeira cortados ao meio, concreto pintado, argila expandida, areia fina, deck

de madeira, tijolo maciço, grama esmeralda e finalizando com concreto pintado (Figura 47).

Para auxiliar essa área, foi proposto uma barra de apoio fixa na parede para que o jardim possa

atender, também, crianças com limitações motoras.

85

Figura 47 - Jardim sensorial II

Fonte: Arquivo pessoal adaptado da foto de Milton Angelo, 2017.

Para que o jardim seja utilizado o mais breve possível caso seja implantado o projeto,

optou-se por utilizar mudas ao invés de sementes. Além disso, para que o custo não fosse alto,

como pode ser analisado na Tabela 5, algumas alterações quanto espécies e matérias de

revestimentos foram adotadas para seguir o conceito adotado do projeto.

Tabela 5 - Orçamento jardim sensorial II

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Total

Jardim

Sensorial

II

Fonte decorativa de pedra artificial Pç. 1 R$ 300,00 R$ 300,00

Pedra dolomita (Saco com 2,5kg) Saco 12 R$ 20,90 R$ 250,80

Arbusto Musgo Cuchion Pç. 3 R$ 6,99 R$ 20,97

Delimitador de madeira Pç. 4 R$ 52,90 R$ 211,60

Muda de hortelã Pç. 3 R$ 12,00 R$ 36,00

Muda de salsinha Pç. 3 R$ 5,00 R$ 15,00

Muda de morango Pç. 3 R$ 15,00 R$ 45,00

Semente de tomata cereja (400g) Saco 1 R$ 6,99 R$ 6,99

Muda de violeta africana Pç. 3 R$ 10,00 R$ 30,00

Muda de boldo Pç. 3 R$ 12,00 R$ 36,00

86

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Total

Jardim

Sensorial

II

Muda de veludo roxo Pç. 3 R$ 15,00 R$ 45,00

Muda de rosa de pedra Pç. 3 R$ 20,00 R$ 60,00

Muda de Camélia Rosa Pç. 3 R$ 20,00 R$ 60,00

Muda de Calêndula Pç. 3 R$ 5,00 R$ 15,00

Muda de Gerânios Pç. 3 R$ 5,60 R$ 16,80

Muda de Cravina Pç. 3 R$ 6,00 R$ 18,00

Muda de Manjericão Pç. 3 R$ 12,00 R$ 36,00

Muda de Lavanda Pç. 3 R$ 12,00 R$ 36,00

Muda de Jasmin Gardênia Pç. 3 R$ 18,00 R$ 54,00

Semente de Orégano (100g) Saco 1 R$ 1,99 R$ 1,99

Alvenaria de vedação de blocos

cerâmicos furados na vertical -

14cm M² 6,22 R$ 54,75 R$ 340,55

Canjiquinha em São Tomé M² 32 R$ 60,00 R$ 1.920,00

Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) - Flan Galão 1 R$ 119,90 R$ 119,90

Piso de concreto (m²) Pç. 2 R$ 379,90 R$ 759,80

Grama esmeralda M² 2 R$ 1,50 R$ 3,00

Tijolo maciço Pç. 72 R$ 0,99 R$ 71,28

Deck de madeira modular Pç. 5 R$ 69,00 R$ 345,00

Areia fina (Saco de 20kg) Saco 2 R$ 2,99 R$ 5,98

Argila expandida (Saco de 5kg) Saco 6 R$ 20,90 R$ 125,40

Tronco roliço Pç. 4 R$ 31,90 R$ 127,60

Composto Orgânico (Saco c/ 25kg) Saco 150 R$ 15,00 R$ 2.250,00

Valor Total: R$ 7.363,66

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

6.3.4 Sala de artes

A sala de artes é um espaço onde várias atividades podem ser desenvolvidas, podendo

citar a dança, atividades de pinturas, apresentações de vídeos, dentre outras. Portanto, é um

ambiente que precisa ter um espaço livre em determinados momentos e a presença de mesas e

cadeiras em outras circunstâncias.

Para este ambiente, foi proposto uso de materiais para conforto acústico, solução para

criar espaço livre, opções de materiais e disposições alternativas para realização de diferentes

atividades.

Conforme analisado na avaliação de pós ocupação e aplicação do questionário, a sala

não possui conforto acústico e, portanto, os sons externos acabam distraindo as crianças em

determinados momentos. Levando em consideração que a barreira acústica é um item em

destaque na psicologia ambiental, foram utilizados diferentes materiais que podem promover

87

melhor desempenho para diminuir a influência dos sons oriundos da área externa, sendo esses:

piso vinílico, fita de borracha antirruído de feltro sintético para vedar a janela, painel acústico

e o painel removível que oculta o espelho feito de feltro 25mm.

A proposta para criar um espaço livre, garantindo amplidão e espaço, e ainda ter a opção

de utilizar mesa e cadeiras, foi utilizar um conjunto de mesa com dois bancos dobráveis com

treze lugares para assento, fixos na parede, que além de ser prático para armar e desarmar, ocupa

pouco espaço quando fechado. Para segurança das crianças, as quinas da estrutura terão

protetores de silicone e sua parte inferior terá espuma branca para quando a mesa estiver

fechada, não haja riscos para os usuários do ambiente.

Como opções alternativas de materiais que possibilitem diferentes atividades, foi

proposto forrar uma parede, em toda sua extensão, com lousa magnética branca, de forma a

disponibilizar uma grande área que dê para todo o grupo em atendimento realizar a atividade

no mesmo momento; fixar um espelho em uma parede para realização de atividades lúdicas e

estimulantes (que além de ser didático também servirá para atender o quesito amplidão

necessário no espaço), que quando não estiver sendo utilizado poderá ser oculto atrás de um

painel de feltro que terá fitas de fechos de contato no limite de suas extensões; posicionar um

projetor fora do alcance das crianças que dê para realizar atividades , por exemplo, de flahs de

cores, enfatizando um centro de interesse conforme princípios do design de interiores; e ainda,

reposicionar a televisão a uma altura e direção que toda criança do grupo possa ter acesso visual.

A presença de cor se apresentará na parede onde será instalada a televisão, que terá como

tom o violeta claro por estimular o lado artístico (Figura 48) além de um nicho em amarelo para

estímulos energizantes; para harmonizar o restante da sala e não haver poluição visual, optou-

se por manter tons claros, utilizando principalmente a cor branco neve.

88

Figura 48 - Sala de artes

Fonte: Arquivo Pessoal, 2017

A sala de artes é um ambiente que dispõe de diferentes materiais para que seja possível realizar

diversas atividades lúdicas para os tratamentos das patologias atendidas pela APAPE. Apesar de possuir

uma pequena área, a flexibilidade do projeto permitiu equipamentos variados e de bom custo benefício

como pode ser observado na Tabela 6.

89

Tabela 6 - Orçamento sala de artes

Área Descrição - Lay Out Und.. Qntd. Valor

Unitário Valor Total

Sala de

Artes

Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) - Branco Galão 1 R$ 119,90 R$ 119,90

Mesa dobrável 13 lugares Pç. 1 R$ 1.563,91 R$ 1.563,91

Prateleiras em MDP 0,56x1,20m Pç. 7 R$ 64,99 R$ 454,93

Revestimento Cerâmico (Und) Pç. 30 R$ 3,90 R$ 117,00

Pia de apoio dupla Pç. 1 R$ 582,70 R$ 582,70

Nicho em MDF amarelo Pç. 1 R$ 187,00 R$ 187,00

Painel acústico Pç. 1 R$ 122,00 R$ 122,00

Tinta Lavável na cor Dália Rosa (3,6L) Galão 1 R$ 121,30 R$ 121,30

Armário suspenso fechado Pç. 1 R$ 126,90 R$ 126,90

Espelho fixado na parede (2,3x1,50m) Pç. 1 R$ 154,90 R$ 154,90

Parafuso francês + Protetor silicone Pç. 4 R$ 4,80 R$ 19,20

TV de LED 40'' Pç. 1 R$ 1.679,99 R$ 1.679,99

Porta de correr de vidro fosco Pç. 1 R$ 390,00 R$ 390,00

Lousa magnética m² 1 R$ 614,25 R$ 614,25

Cortina com ilhóis com varão duplo Pç. 1 R$ 132,95 R$ 132,95

Piso Vinílico - 3242871 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Rebaixo em forro modular

(1,25x0,62m) Caixa 2

R$ 374,08 R$ 748,16

Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80

Projetor Pç. 1 R$ 1.199,00 R$ 1.199,00

Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00

Valor

Total: R$ 10.169,79

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

6.3.5 Sala de estimulação multissensorial

A sala de estimulação multissensorial através das luzes, é a menor sala de atendimento

da associação e está situada entre um corredor com grande fluxo de passagem e um pátio

coberto onde são realizadas atividades com as crianças. Com base nessas observações

identificadas através da análise walkthrough e da aplicação dos questionários, viu se a

necessidade de propor um projeto que melhorasse o conforto acústico da sala, além de utilizar

os princípios da psicologia ambiental e do design de interiores para aumentar visualmente a

dimensão do cômodo, utilizar os mobiliários adequados para as atividades realizadas no espaço

e utilizar cores que influenciassem a favor do espaço.

90

Assim como na sala de artes, optou-se por utilizar fita de borracha antirruído na vedação

da janela e porta, utilizar piso vinílico em toda extensão do ambiente e fixar painéis acústicos

para melhorar o conforto ambiental da sala e com isso diminuir a distração das crianças durante

a permanência das mesmas no local.

Como a sala possui aproximadamente 13m² (treze metros quadrados), o uso do espelho

é uma aplicação da psicologia ambiental que se enquadra no quesito amplidão como forma de

enfatizar as relações interpessoais e torna o espaço mais extenso. Assim como na sala de artes,

a sala de estímulos multissensoriais contará com uma opção de ocultar o espelho quando este

não for adequado para a atividade proposta. Para este ambiente também foi utilizado nas

paredes o tom azul pastel, que possui a característica de acalmar e aumentar visualmente o

espaço.

Por ser uma sala de bastante atividades realizadas no chão e normalmente com um grupo

de 7 (sete) crianças, foi proposto inserir poucos mobiliários, contando apenas com as prateleiras

para armazenamento, um nicho para exposição de livros, recurso de atividade lúdica através de

almofadas cilíndricas giratórias e apenas pufes como opção para assento.

Para o ambiente não se tornar monótono pela cor usada no nas paredes e no piso, optou-

se por utilizar os nichos no tom laranja, como pode ser visto na Figura 49, por estar associada

à ação e aconchego.

Figura 49 - Sala de estimulação multissensorial

Fonte: Arquivo Pessoal, 2017.

91

Na sala de estimulação multissensorial, além de ser um ambiente pequeno, foi possível

aproveitar alguns equipamentos, portanto o orçamento foi favorecido como pode ser visto na

Tabela 7.

Tabela 7 - Orçamento sala de estimulação multissensorial

Área Descrição - Lay Out Unid. Qntd. Valor Unitário Valor Total

Sala de

Estimulação

Multissensorial

Porta de vidro pivotante adesivada Pç. 1 R$ 250,00 R$ 250,00

Prateleiras em MDP 0,56x1,20m Pç. 10 R$ 64,99 R$ 649,90

Tinta Acrílica Suvinil - (3,6L) -

Geleira Galão 2

R$ 119,90 R$ 239,80

Puff em couro sintético Pç. 3 R$ 152,99 R$ 458,97

Nicho em MDF branco com fundo

laranja Pç. 2 R$ 187,00 R$ 374,00

Painel acústico Pç. 3 R$ 122,00 R$ 366,00

Cortina com ilhóis com varão

duplo Pç. 1

R$ 132,95 R$ 132,95

Espelho fixado na parede (m) Pç. 3 R$ 154,90 R$ 464,70

Parafuso francês + Protetor

silicone Pç. 4

R$ 4,80 R$ 19,20

Almofadas cilíndricas em estrutura Pç. 1 R$ 442,90 R$ 442,90

Piso Vinílico - 3242871 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Piso Vinílico - 3242857 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Rebaixo em forro modular

(1,25x0,62m) Caixa 2

R$ 374,08 R$ 748,16

Gancho para teto Pç. 2 R$ 198,46 R$ 396,92

Projetor Pç. 1 R$ 1.199,00 R$ 1.199,00

Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80

Globo giratório colorido Pç. 1 R$ 79,90 R$ 79,90

Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00

Valor Total: R$ 7.832,00

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

6.3.6 Sala de pedagogia

A sala de pedagogia possui além do espaço fechado, um jardim de inverno que foi

tratado com atenção no projeto para que pudesse servir como uma área em anexo para realização

de diferentes atividades.

Para o jardim de inverno, foi proposto um espaço onde as relações entre as crianças

fossem acentuadas, contato com a natureza, uso de diferentes texturas como elemento do design

de interiores e cores adequadas para as atividades sugeridas.

92

Como segunda opção de espaço para permanência, um deck de madeira modular com

almofadas para assento foi projetado abaixo de um pergolado com jardim para oferecer sombra

e conforto.

Nessa área as crianças terão a opção tanto de permanecerem sentadas como em

movimento, já que além do deck, o jardim conta com uma área com grama e ainda com bolachas

de madeira como pisante para tornar o caminho mais interessante. O uso das cascas de árvore,

seixos, arbustos e pedras na parede, conectam as crianças com a natureza mesmo a instituição

estando em uma área urbana, além de oferecer diferentes texturas para estimulação sensorial.

Como opção de atividade, foi proposto um painel sensorial na parede que fosse

confeccionado pelos próprios usuários, sendo uma forma diferente de interação entre criança e

atividade, despertando maior interesse em aprender brincando.

A paleta de cores utilizada nesse ambiente, estão voltadas para as cores pêssego, que

estimula a comunicação, e laranja, que além de estimulante e aconchegante, pode estimular o

raciocínio (Figura 50).

Figura 50 - Sala de pedagogia

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

93

A opção do jardim de inverno sem cobertura, aumenta a iluminação natural tanto no

próprio espaço, quando na área interna, que é um aspecto positivo tanto para a eficiência

energética, como para a psicologia ambiental (Figura 50).

Figura 51 - Jardim de inverno

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Já para a área interna, notou-se através das análises de pós ocupação, a necessidade de

reforçar o conforto acústico, disponibilizar mais espaço livre e aumentar a área para

armazenamento.

Nas paredes optou-se por utilizar um pêssego claro, apenas para dar um toque suave de

cor e não poluir visualmente o ambiente para as crianças, possibilitando a neutralidade do

ambiente.

Para o piso, optou-se por utilizar o piso vinílico por suas vantagens e, com o mesmo

criou-se um desenho de forma a direcionar, desde a entrada da sala, os usuários para cada zona

de atividade. Além do piso vinílico, uma das zonas de atividades recebeu tatame emborrachado

em Etil Vinil Acetato (E.V.A.) para acomodar de forma mais confortável.

Como a média de crianças que utilizam a sala são de 7 (sete) por atendimento, e nem

todas as atividades são realizadas na mesa, optou-se por utilizar uma mesa dobrável de parede

de 9 (nove) lugares, que pode permanecer fechada para atividades de dança por exemplo, além

de ampliar o espaço diminuindo as barreiras visuais e físicas. Todos as quinas da estrutura

94

possuem proteção de silicone, e assim como na sala de artes, a parte inferior possui espuma

branca para aumentar a segurança.

Para aumentar o espaço de armazenamento dos materiais utilizados em sala, foi proposto

criar um vão além dos limites da sala, que contará com prateleiras (com porta sanfonada como

fechamento) com profundidade de 50cm (cinquenta centímetros), locadas do piso ao teto. Além

de 2 (dois) nichos distribuídos para armazenar objetos a uma altura que as crianças tenham

acesso visual, porém, caso queiram utilizar, precisem solicitar ao profissional presente no

momento.

Assim como nas demais salas citadas, foi proposto um espelho fixo na parede que tem

a opção de permanecer visível ou ser ocultado através de um painel de feltro com velcro nas

laterais, sendo uma forma flexível e prática de utilizar o objeto conforme necessidade.

Outra proposta versátil para atividades, foi um quadro de velcro onde, de acordo com o

dia e a criança, possa colocar no espaço as imagens pertinentes ao assunto que será trabalhado,

como uma forma de estimulação visual.

Na sala de pedagogia, as maiores alterações foram realizadas no jardim de inverno,

tornando-o em uma área de complemento para as atividades propostas. Apesar das propostas

projetuais de modificação para o ambiente, o orçamento da sala se equipara as outras propostas

de intervenção, sendo portanto, possível de ser remodelada com um bom custo benefício

(Tabela 8).

Tabela 8 - Orçamento sala de pedagogia

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total

Sala de

Pedagogia

Almofada impermeável Pç. 4 R$ 42,90 R$ 171,60

Pergolado de madeira Pç. 1 R$ 850,00 R$ 850,00

Painel sensorial Pç. 1 R$ 259,90 R$ 259,90

Bolachas de madeira Pç. 7 R$ 23,95 R$ 167,65

Puff em couro sintético Pç. 1 R$ 152,99 R$ 152,99

Nicho em MDF amarelo Pç. 2 R$ 101,42 R$ 202,84

Espelho fixado na parede (2,5x1,50m) Pç. 1 R$ 387,25 R$ 387,25

Parafuso francês + Protetor silicone Pç. 4 R$ 4,80 R$ 19,20

TV de LED 40'' Pç. 1 R$ 1.679,99 R$ 1.679,99

Prateleiras em MDP 0,56x1,20m Pç. 7 R$ 64,99 R$ 454,93

Mesa dobrável 9 lugares Pç. 1 R$ 1.672,77 R$ 1.672,77

Tinta Lavável - Espuma pêssego

(3,6L) Galão 3

R$ 121,30 R$ 363,90

Porta pivotante de vidro fosco Pç. 1 R$ 390,00 R$ 390,00

Painel de velcro Pç. 1 R$ 150,00 R$ 150,00

95

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total

Sala de

Pedagogia

Lixeira MIX Pç. 1 R$ 190,90 R$ 190,90

Adesivo para porta de correr Pç. 2 R$ 60,00 R$ 120,00

Arbusto Musgo Cuchion Pç. 3 R$ 6,99 R$ 20,97

Separador de grama Metro 12,58 R$ 3,90 R$ 49,06

Piso Vinílico - 3242871 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Piso Vinílico - 3242850 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Tatame EVA Amarelo 50x50cm Pç. 15 R$ 8,28 R$ 124,20

Deck Modular de madeira 50x50cm Pç. 9 R$ 69,00 R$ 621,00

Grama esmeralda M² 4 R$ 1,50 R$ 6,00

Pedra dolomita (Saco com 2,5kg) Saco 14 R$ 20,90 R$ 292,60

Casca de pinus (Saco com 1kg) Saco 30 R$ 8,30 R$ 249,00

Rebaixo em forro modular

(1,25x0,62m) Caixa 2

R$ 374,08 R$ 748,16

Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00

Gancho para teto Pç. 2 R$ 198,46 R$ 396,92

Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80

Valor Total: R$ 11.751,43

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

6.3.7 Sala de musicoterapia e fonoaudiologia

A sala de musicoterapia e fonoaudiologia é o espaço que mais precisa de conforto

acústico, tanto pelas atividades que são propostas no cômodo, como na sua localização próximo

à área de espera da recepção e em um corredor de grande fluxo.

É um espaço que hora é usado para um intuito, hora para outro, então foi proposto

opções flexíveis e sem criar muita informação para não gerar desconforto visual para as

crianças.

Para armazenamento, optou-se por uma parte com prateleiras com fechamento em PVC

sanfonado e também, uma parte com prateleiras fixadas na parede a uma altura de possível

visualização para que a criança possa escolher com qual instrumento está interessada em

realizar a atividade naquele dia.

Como alguns instrumentos musicais necessitam de espaço para serem utilizados, foi

utilizado o princípio de equilíbrio do design de interiores através da composição radial, tendo

como ênfase a área central da sala como um espaço amplo e sem barreiras visuais.

A cor escolhida para o ambiente foi o azul claro, como opção de acalmar e hamorniar o

espaço, sem se tornar um espaço monótono. Por ser um local que necessita de um pouco de

96

estímulo para incentivar a criança a interagir com os instrumentos musicais, foi proposto pufes

coloridos, que podem ser utilizados conforme necessidade, como pode ser visto na Figura 52.

Figura 52 - Sala de musicoterapia e fonoaudiologia

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Foi proposto também, alterar a disposição e forma das janelas que costumam, em sua

posição atual, desconcentrar as crianças pelo movimento externo de fluxo de pessoas. Para isso,

além da fita de borracha antirruído, optou-se por utilizar basculante maiores, para maior

iluminação natural na sala, a altura de 2,40m (dois metros e quarenta centímetros).

97

Pela sala também ser usada para atividades de fonoaudiologia, foi proposto uma mesa

flexível de parede de 5 (cinco) lugares, com proteção de silicone nas quinas, para atendimento

tanto das crianças quanto de seus familiares quando preciso. Ainda para atender os exercícios

propostos pelos profissionais, um quadro de velcro foi posicionado para que as crianças

pudessem colocar os trabalhos desenvolvidos e, o profissional pudesse de acordo com atividade,

colocar figuras para ensinar de forma lúdica o assunto do dia.

Em relação ao orçamento da sala, os maiores valores foram da mesa dobrável de parede

e do ar condicionado, portanto, caso o projeto seja feito, será uma sala rápida e barata de ser

alterada (Tabela 9).

Tabela 9 - Orçamento da sala de musicoterapia e fonoaudiologia

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total

Sala de

Musicoterapia

Espuma acústica Pç. 37 R$ 14,00 R$ 518,00

Espelho fixado na parede (2,50x1,50m) Pç. 1 R$ 154,90 R$ 154,90

Parafuso francês + Protetor silicone Pç. 4 R$ 4,80 R$ 19,20

Porta pivotante de vidro fosco Pç. 1 R$ 390,00 R$ 390,00

Janela tipo basculante Pç. 2 R$ 95,92 R$ 191,84

Mesa dobrável 5 lugares Pç. 1 R$ 1.184,71 R$ 1.184,71

Tinta Lavável - Geleira (3,6L) Galão 2 R$ 121,30 R$ 242,60

Lixeira MIX Pç. 1 R$ 190,90 R$ 190,90

Painel de velcro Pç. 1 R$ 150,00 R$ 150,00

Puff quadrado colorido Pç. 4 R$ 34,90 R$ 139,60

Prateleiras em MDP 0,56x2,26m Pç. 7 R$ 64,99 R$ 454,93

Puff em couro sintético Pç. 1 R$ 152,99 R$ 152,99

Brinquedo cavalinho pula pula Pç. 2 R$ 79,74 R$ 159,48

Prateleiras em MDP 0,56x1,50m Pç. 2 R$ 64,99 R$ 129,98

Piso Vinílico - 3242871 - cinza claro Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Piso Vinílico - 3242857 - azul claro Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00

Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80

Gancho para teto Pç. 2 R$ 198,46 R$ 396,92

Rebaixo em forro modular Caixa 2 R$ 374,08 R$ 748,16

Valor Total: R$ 7.023,71

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

98

6.3.8 Centro de reabilitação

O centro de reabilitação é um espaço onde são realizadas atividades de fisioterapia, que

requerem aparelhos que necessitam de espaço, portanto, para essa sala, foi proposto aumentar

sua área, além de aplicar os conceitos da psicologia ambiental e do design de interiores.

A sala possui dois ambientes, a área de atividade e uma área de chegada, que por

receberem frequentemente usuários que utilizam cadeiras de roda, precisa ter espaço para

realizar a transferência para área das atividades. Para atender a esse quesito, foi proposto uma

mesa dobrável de parede com variação de altura, para que possa ser utilizado tanto para

atendimento com crianças quanto para adultos, que de forma prática e rápida pode ser aberta

ou fechada conforme necessidade.

Por ser uma sala que utiliza diversos equipamentos e objetos diferentes, optou-se por

criar um espaço de prateleiras com fechamento em PVC sanfonado, com medidas que atendam

a quantidade e dimensão dos materiais utilizados.

Como há em geral duas linhas de atividades realizadas na sala, sendo uma com a criança

no tatame e outra com a mesma em movimento, foram criados dois nichos, sendo um a área dos

tatames e outra a área dos circuitos, possuindo uma faixa central de circulação delimitada pelo

desenho do piso vinílico.

Nos exercícios no divã tablado, as crianças costumam permanecer deitadas, portanto,

com seu campo de visão voltado para o teto. Com base nessa análise, optou-se por criar ênfase

no teto propondo dois centros de interesse na direção de cada tablado, com rebaixo de gesso e

alguns animais marinhos pendurados através de linha de nylon com dimensões entre 10cm (dez

centímetros) e 30cm (trinta centímetros). Padronizou-se a cor dos objetos pendurados para não

criar uma “explosão” de estímulos visuais.

Pelo tema escolhido para os objetos pendurados ter a ver com o mar, as cores escolhidas

para manter o ambiente em harmonia foram as variações de azul (Figura 53).

O centro de reabilitação sofreu modificações mais significativas para ganhar mais

espaço livre para as atividades de locomoção dentro da sala, o que afetou um pouco o orçamento

(Tabela 10). Para que o projeto continue sendo possível de ser aplicado sem custo elevado,

optou-se por manter alguns aparelhos usados para os tratamentos de fisioterapia, como a barra

paralela por exemplo.

99

Figura 53 - Centro de reabilitação

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

100

Tabela 10 - Orçamento do centro de reabilitação

Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total

Centro de

Reabilitação

Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) - geleira Galão 2 R$ 119,90 R$ 239,80

Porta pivotante de vidro fosco Pç. 1 R$ 390,00 R$ 390,00

Prateleiras em MDP 0,56x2,26m Pç. 7 R$ 74,99 R$ 524,93

Papel de parede (0,53x10m) Rolo 1 R$ 59,90 R$ 59,90

Nicho branco MDF Pç. 2 R$ 70,00 R$ 140,00

Esteira ergométrica Pç. 1 R$ 1.699,00 R$ 1.699,00

Almofada Cilíndrica Pç. 3 R$ 49,90 R$ 149,70

Suporte para bola - 43cm Pç. 2 R$ 37,05 R$ 74,10

Suporte para bola -35cm Pç. 2 R$ 18,22 R$ 36,44

Espelho fixado na parede (2,00x1,50m) Pç. 1 R$ 124,90 R$ 124,90

Espelho fixado na parede (2,40x1,50m) Pç. 2 R$ 154,90 R$ 309,80

Parafuso francês + Protetor silicone Pç. 4 R$ 4,80 R$ 19,20

Cadeira Evidence Branca giratória Pç. 3 R$ 199,90 R$ 599,70

Mesa dobrável de parede - ajustável Pç. 1 R$ 250,57 R$ 250,57

Lixeira MIX Pç. 1 R$ 190,90 R$ 190,90

Cortina com ilhóis com varão duplo Pç. 1 R$ 132,95 R$ 132,95

Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) -Oceano P. Galão 1 R$ 119,90 R$ 119,90

Divã Tablado Pç. 2 R$ 884,31 R$ 1.768,62

Piso Vinílico - 3242871 - (2,00x10m) Rolo 2 R$ 173,90 R$ 347,80

Piso Vinílico - 3242857 - (2,00x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Piso Vinílico - 3242850- (2,00x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90

Rebaixo em forro modular Caixa 2 R$ 374,08 R$ 748,16

Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80

Placas de Gesso Acartonado Pç. 6 R$ 27,97 R$ 167,82

Peixes em MDF Pç. 17 R$ 8,90 R$ 151,30

Plafon sobrebor Pç. 2 R$ 189,90 R$ 379,80

Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00

Valor Total: R$ 10.634,89

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

6.3.9 Recepção

Como a área que era destinada à recepção sofreu alterações de dimensionamento, foi

proposto realocar a área destinada à espera para o patamar inferior ao da porta de entrada. Para

isso, foi proposto um fechamento na parte superior com placa policabornato compacta fixa em

tubos metálicos que possuem as cores que a instituição escolheu para classificar as patologias

que são atendidas pela APAPE, portanto, azul, vermelho, verde, amarelo e laranja e branco.

101

Para atender aos diferentes climas da cidade, optou-se por locar brises verticais

interativos, também em policabornato, para que em dias frios ou de chuvas, os painéis possam

ver rotacionados para fechamento sem tornar o ambiente escuro (Figura 54).

Figura 54 - Recepção

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

102

6.3.10 Fachada

Para tornar a fachada mais interativa visualmente para os usuários, foi proposto na área

da recepção, criar uma área de convívio com jardim vertical; e criar uma platibanda para ocultar

o telhado aparente da residência onde está instalada a instituição.

Para a platibanda, optou-se por aplicar as cores utilizada pela APAPE para identificar

os diferentes grupos que possuem seus respectivos graus de comprometimento, porém, como

já foi proposto um painel com brises coloridos na área de recepção, a ideia foi não utilizar

muitos elementos para que não haja desconforto para as crianças em relação à poluição visual,

como pode ser visto na Figura 53.

Fonte: Arquivo Pessoal, 2017.

Como opção de melhor visualização da aplicação da psicologia ambiental e do design

de interiores, serão apresentadas a seguir oito pranchas descritivas dos ambientes que receberam

propostas projetuais.

111

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou desenvolver um projeto de intervenção arquitetônica,

através do design de interiores e da psicologia ambiental, voltado especificamente ao autismo,

como forma de possibilitar que o tratamento para essa patologia fosse potencializado através

de um estudo direcionado para o espaço construído.

O tema demandou uma intensa pesquisa bibliográfica para compreensão dos assuntos

abordados, sendo bem desafiador devido à limitação da quantidade do conteúdo disponível

sobre os tópicos.

Neste sentido, os estudos referentes aos conceitos da psicologia ambiental e do design

de interiores se mostraram bastante favoráveis e relevantes para aplicação no projeto, pois

influenciam no comportamento do usuário no recinto, otimizando e promovendo bem-estar na

inter-relação entre homem e espaço.

Dessa forma, a relevância desse tema estudado se dá na possibilidade de ampliar o

quantitativo de informações e estudos sobre a patologia no Brasil, no que se refere à arquitetura

e design de interiores. Os estudos realizados para este trabalho revelam a importância de se

estar em um ambiente adequado a realizações de atividades para os tratamentos propostos para

o autismo.

Pelo fato de, em geral, os espaços que oferecem tratamentos para o TEA não possuírem

um estudo específico sobre a relação entre o design de interiores/espaço construído e os

usuários, conhecer as características da patologia e relacioná-las com os conceitos abordados

foi importante para incentivar que este seja um tema adotado na cidade referida e em demais

instituições.

Através da avaliação pós ocupação realizada, viu-se a necessidade de repensar a

estruturação de espaços para melhor atender tanto os autistas, quanto as outras crianças que

frequentam a instituição a qual se propõe o projeto de intervenção.

Após análise de comparação das imagens do antes e depois dos ambientes que sofreram

modificações projetuais, foi possível identificar a possibilidade de intervir através da psicologia

do design de interiores como opção satisfatória para os métodos de tratamento, além de

reconhecer que os estudos entre arquitetura e espaço construído são importantes para promover

emoções positivas aos usuários do ambiente.

Para identificar se as alterações projetuais realizadas foram proveitosas e tiveram

resultados positivos ao tratamento, uma nova avaliação pós-ocupação poderia ser realizada caso

o projeto seja implantado na instituição, podendo assim obter novos dados e informações e

chegar à conclusões mais reais.

112

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RAMOS, Izabel de Souza. Delimitação, caracterização e cubagem da região da

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(Curso de Mestrado em Ciências de Engenharia com ênfase em Geotecnia) – Universidade

Estadual do Norte Fluminense. Campos dos Goytacazes (RJ), 2000.

116

REDAÇÃO. Pai arquiteto cria parquinho sensorial para filha autista brincar.

Catraquinha. 2017. Disponível em:

<https://catraquinha.catracalivre.com.br/geral/encantar/indicacao/parquinho-sensorial-crianca-

autista/>. Acesso em: 24 maio 2017.

RIO, Vicente Del; DUARTE, Cristiane Rose; RHEINGANTZ, Paulo Afonso. Projeto do

lugar: Colaboração entre psicologia, arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro: Contra Capa.

2002.

RHEINGANTZ, Paulo A.; AZEVEDO, Giselle A.; BRASILEIRO, Alice; et al. Observando

a qualidade do lugar: procedimentos para avaliação pós-ocupação. Rio de Janeiro:

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Pós-

Graduação em Arquitetura. Coleção PROARQ. P. 117. 2009.

SAIBADESIGN. Esquema de cores. 2015. Fotografias. Disponível em:

<https://saibadesign.files.wordpress.com/2015/04/screen-shot-2015-04-13-at-7-50-14-

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SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu.

Mundo Singular: Entenda o Autismo. [S.I.]. Fontanar Ed. 2012.

SILVA, Lucinéia, Cristina da; FRIGHETTO, Alexandra Magalhães; SANTOS, Juliano

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TELETÓN, Fundación. CRIT Quintana Roo. 2015. Disponível em:

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UNICAMP. Laboratório de iluminação. São Paulo. [20--?]. Disponível em:

<http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/contato.htm>. Acesso em: 24 jul. 2017.

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<https://www.significados.com.br/mdf/>. Acesso em 24 jul. 2017

117

APÊNDICES

118

APÊNDICE A: Questionário aplicado a funcionários da APAPE

119

Questionário para projeto de monografia do Instituto Federal de Educação, Ciências e

Tecnologia Fluminense de Campos dos Goytacazes do curso de Bacharelado em Arquitetura e

Urbanismo.

Projeto: “Psicologia Ambiental aplicada ao Design de Interiores: Proposta de intervenção no

Centro de Referência do Autismo de Campos dos Goytacazes/RJ”

QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DA APAPE

Nome: ________________________________________________________________

Profissão: ______________________________________________________________

1. Quais espaços da APAPE você utiliza para realizar atividades com as crianças que

possuem o transtorno do espectro autista?

2. Quais são as principais características apresentadas por crianças que possuem o

transtorno do espectro autista e como você acha que o ambiente no qual ela está

influencia negativamente ou positivamente neste sentido?

3. Em geral, quais atividades são propostas para o tratamento e qual o objetivo delas?

4. O que seria ideal no espaço utilizado para a realização de cada atividade (mobiliários,

equipamentos, privacidade, outras características do espaço etc.)?

5. Na sua área de atuação, o que acha que influencia no tratamento e no desenvolvimento

da criança com autismo em relação à arquitetura (iluminação, cor, textura,

mobiliário/objetos etc.)?

Muito obrigada por contribuir para o meu projeto!

120

RESPOSTAS DOS PROFISSIONAIS DA APAPE

1) Quais espaços da APAPE você utiliza para realizar atividades com as crianças que possuem o transtorno

do espectro autista?

Profª de Arte Visual "Todos os espaços através da convivência lúdica".

Fonoaudióloga "Centro de referência do autismo, jardim sensorial, área externa para atividades com água e

sensoriais, sala de estimulação multissensorial (luzes)".

Musicoterapeuta "Utilizo a sala de musicoterapia e, quando necessário, o centro de referência de autismo".

Psicóloga "Todos os ambientes. Depende da criança".

Prfº de Educação

Física "Salas diversas e área externa".

2) Quais são as principais características apresentadas por crianças que possuem o transtorno do espectro

autista e como você acha que o ambiente no qual ela está influencia negativamente ou positivamente neste

sentido?

Profª de Arte Visual

"Depende do espectro. Algumas crianças possuem sensibilidade à luz branca, sensibilidade a

som e em geral não são adeptas à mudanças, então não é interessante mudar as coisas do

lugar frequentemente".

Fonoaudióloga

"Dificuldades na regulação, na interação, atraso na linguagem e alterações sensoriais. O

ambiente necessita estar adaptado e calmo para regulação e aceitação dos estímulos através

de equipamentos e materiais para acomodação sensorial".

Musicoterapeuta

"As principais características encontradas são: dificuldades na interação/convívio social,

alterações comportamentais, pouca comunicação, fixações e estereotipias típicas da patologia.

Acredito que o ambiente da Instituição contribui de forma significativa e satisfatória para o

desenvolvimento dos usuários".

Psicóloga "Depende da criança. Algumas apresentam estereotipias, algumas aceitam o contato visual e

físico, algumas não verbalizam, outras não gostam de barulho.

Sim, o ambiente influencia. O ideal seria um ambiente tranquilo, refrigerado e acolhedor".

Prfº de Educação

Física

"Algumas não falam, as vezes não aceitam o contato físico, não realizam as atividades

propostas. O ambiente com muita informação pode agitar mais as crianças".

3) Em geral, quais atividades são propostas para o tratamento e qual o objetivo delas?

Profª de Arte Visual

"Pintura à mão, atividades para trabalhar: movimento de pinça, coordenação motora, uso

bilateral do visiomotor, formas geométricas, pareamentos, garrafas sensoriais, vídeos para

sons de onomatopeias, recortes com figuras e papel e etc".

Fonoaudióloga

"No Centro de Referência do autismo realizado um trabalho especializado com o objetivo de

proporcionar através do brincar e das atividades perceptivas, as situações de comunicação,

explorando os sentidos e favorecendo cada vez mais a interação e o desenvolvimento da

linguagem. O trabalho realizado tem como objetivo afetar os usuários e despertar sua atenção

com emoção e troca afetiva e promovendo deste modo uma interação significativa. São

utilizados para isso recursos lúdicos através de brincadeiras sensoriais e simbólicas. Os

usuários com autismo necessitam de estímulo sensorial para ajudá-los a organizar seus

sentidos, deste modo às atividades realizadas no centro de Referência do autismo favorecerão

a diminuição dos níveis de estresse, aumentando a habilidade da criança se concentrar

durante a aprendizagem".

121

Musicoterapeuta

"Algumas intervenções propostas no tratamento através da musicoterapia são: estimular e

desenvolver a percepção auditiva; estimular a expressão por meio de músicas instrumentais (a

música não verbalizada é decodificada no hemisfério direito do cérebro – subjetivo e

emotivo); promover interações, comunicação e experiências, afim de minimizar o

isolamento".

Psicóloga

"O nosso trabalho visa fazer com que a crianças venha a se engajar na atividade. Isso vai

depender do que ela nos traz. Trabalhamos com sabão, trigo, texturas diferenciadas, a música,

coreografias, legos, lanternas, bolas de tamanhos diferentes e etc".

Prfº de Educação

Física

"Em geral, trabalho a parte sensorial, desporto com intuito de conseguir que a criança se

concentre".

4) O que seria ideal no espaço utilizado para a realização de cada atividade (mobiliários, equipamentos,

privacidade, outras características do espaço etc.)?

Profª de Arte Visual "Espaço para armazenamento de matérias confeccionados em sala através de reciclagem e

confecção de mais objetos utilizando materiais recicláveis para compor o ambiente".

Fonoaudióloga

"Equipamentos de integração sensorial, espaço com tatames de fora a fora para manutenção

da segurança por serem realizadas atividades motoras e que envolvem movimento, puffs

pequenos para cada usuário e almofadas proprioceptivas para acomodação sensorial".

Musicoterapeuta

"Sala ampla com uma acústica preparada para o tratamento, iluminação direta e indireta, ar

condicionado, armários suspensos, malhas, diferentes instrumentos musicais, chão revestido

com EVA (ou material similar) e mesa com cadeiras para atendimento às famílias".

Psicóloga "Eu preferiria um espaço mais neutro, com os objetos guardados para poder usar de acordo

com a necessidade de cada criança".

Prfº de Educação

Física "Jogos de encaixe, espuma, laicra, bolas, tapete sensorial, balanço e etc".

5) Na sua área de atuação, o que acha que influencia no tratamento e no desenvolvimento da criança com

autismo em relação à arquitetura (iluminação, cor, textura, mobiliário/objetos, etc.)?

Profª de Arte Visual "Itens que envolvam controlo motor, sensibilidade ao toque etc".

Fonoaudióloga "Certos estímulos visuais podem distraí-los, mas isso depende de cada caso, pois cada autista

é único e dotado de sua individualidade e perfil especifico".

Musicoterapeuta

"Penso que com um espaço arejado, com tratamento de luz e som, adaptado de acordo com as

necessidades dos usuários e com o mobiliário ideal, o tratamento fluirá melhor, já que o

ambiente faz toda a diferença neste momento".

Psicóloga "Todos esses itens são responsáveis para ajudar ou não, vai depender da criança, de como ela

vai estar no momento da terapia".

Prfº de Educação

Física

"Na atividade física conseguimos incluir a criança de forma satisfatória evoluindo a cada dia,

contribuindo com a sociabilização da mesma".

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APÊNDICE B: Fichas de registro da análise walkthrough

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FICHA DE REGISTRO

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FICHA DE REGISTRO