Psicobela Digital 13 – Educação

44
EDIÇ ÃO 13 > ABRIL 2016 w w w . p s i c o b e l a . c o m . b r Educação Erros e acertos na educação contemporânea para PAIS Marcos Meier NA POLTRONA AS REFLEXÕES DE NOSSOS COLUNISTAS

description

Como são e como estão os pais e mães contemporâneos? As novas teorias educacionais, tecnologias, referências e experiências têm ajudado? São tantos os manuais, são tão boas as intenções, mas a quantas andam a prática, a realidade, os fatos? Dilemas, cobranças, dúvidas???

Transcript of Psicobela Digital 13 – Educação

  • EDIO13>ABRIL2016

    www.psi cobe la . com.br

    Educao Erros e acertos na educao contempornea

    para PAIS

    Marcos Meier

    NA POLTRONA

    AS REFLEXES DE NOSSOS COLUNISTAS

  • 2}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

  • {3

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    editorialMaria Marta Ferreira

    CRP 08/07401

    www.ps i cobe la . com.br

    [exp

    edie

    nte

    ] Direo geral: Psicloga Maria Marta Ferreira[CRP 08/07401] Projeto editorial: Clecyo de Sousa [clecyo.com] 41 9986 3768Sistema web: ProjetualRua Dom Alberto Gonalves, 66 | Mercs - Curitiba/PR(41) 3015-8818 | (41) 9186-1464

    Psicobela marca registrada na Repblica Federativa do Brasil, atravs do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI. | 2013 > Todos os direitos so reservados.

    www.psicobela.com.br

    @psicobelammpsicobela.saudeemocional

    [email protected]

    O tempo hoje, mas as preocupaes so de muito tempo. Filhos, como no nos preocuparmos? Mas no sobre eles, pelo menos no diretamente que essa edio vai tratar. O foco dessa vez so os pais. Educao e reeducao para eles.

    Como so e como esto os pais e mes contemporneos? As novas teorias educacionais, tecnologias, referncias e experincias tm ajudado? So tantos os manuais, so to boas as intenes, mas a quantas andam a prtica, a realidade, os fatos? Dilemas, cobranas, dvidas???

    Provavelmente os pais desejem acertar. Mas como o equilbrio, a medida certa para a melhor receita nem sempre a tarefa mais fcil, podemos constatar pais to ou mais perdidos que seus prprios rebentos.

    Crianas birrentas, frgeis demais, imaturas demais, exibidas demais, dependentes demais? Crianas e jovens cheios de direitos e poucos deveres, desrespeitosos, pouco generosos, com empatia escassa. Que cenrio esse? Quem so essas pessoinhas?

    Onde erramos, no que estamos errando? Nesses tempos de transio em que modelos velhos no servem mais, mas que tambm no temos novos bem definidos e j

    comprovados, como os pais e mes podem se guiar nessa sociedade cheia de excessos?

    Mas, no nos assustemos, nem desesperemos, porque exitem modelos em ao que esto funcionando. H jovens incrveis que nos enchem de orgulho e esperana. Ento vamos compartilhar experincias, nos ajudarmos mutuamente para que colhamos melhores resultados e mais alegrias.

    Essa edio foi preparada para refletir sobre isso. Artigos primorosos de profissionais inseridos nessa realidade e na busca das mudanas que se fazem necessrias, desvendam essas questes e sugerem direcionamentos.

    Nossa poltrona recebe o educador Marcos Meier, o Marco. Carismtico, experiente e dedicado ao assunto h anos, nos conta o que tem na prtica dado certo e aquilo que precisamos deixar para trs.

    Queridos leitores abram o corao e a mente, compartilhem as ideias e recebam com carinho nossa contribuio. Livre de julgamentos e carregada sim de boas intenes.

    Boas prticas!

  • nestaedion 13 { a

    bril

    2016

    }

    profissional

    Cuide do essencial e o sucesso ser consequncia

    relacionamentoSem manual de instruoLuciana Chemim

    Jeanine Rolim

    7

    11

    Marcos MeierNa Poltrona

    15

  • social

    Liberdade, beleza e bom senso

    Ser que a criana precisa de regras de etiqueta?

    O dinheiro na relao pais-filhos

    Maria Marta

    Michelli Duje

    Simaia Sampaio

    Roberte Metring

    espiritual

    Religio ou religiosidade?29

    emocional Permita que seu filho se frustre

    32 Joice Rocha

    fisica

    38

    financeiro41

    35

  • Acompanhe nas redes sociais e no site www.anacamargo.com.br a programao mensal e conhea mais sobre nossos projetos.

    Al. Dom Pedro II, 345. Sala 4. Batel. Curitiba-PR [email protected]

    (41) 3026-0241

  • {7

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    Sem manual de instruo

    O que todo pai ou me desejam encontrar a felicidade plena de compartilharem a felicidade de seus filhos, tenham eles a idade que tiverem. H excees, certamente. H aqueles que apenas colocam crianas no mundo, sem efetivamente serem pais. Mas, falo daqueles que descobriram alm de si mesmos um amor que os faz quererem ser melhores pelo reflexo que suas atitudes produzem no outro e no mundo do outro.

    Luciana Chemin

    Costumo dizer que aprendi a ser filha quando me tornei me. Porque na condio de apenas filhos, no temos a menor ideia de quantas angstias, culpas, inseguranas e noites sem dormir atormentaram nossos pais. Cada fase de nossas vidas enquanto filhos trazia uma caixinha de surpresa adicional, algo que no estava nos livros de autoajuda, algo diferente do que foi vivenciado pelo irmozinho mais velho e que no se repetiria com o mais novo.

    Hoje olho para meus pais e penso: como eles conseguiram educar 4 pessoas de personalidades to diferentes sem perder

    relacionamento

    {7

  • 8}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    E a questo que ns pais podemos abraar uma parcela da culpa que nos inerente e seguir adiante ou poderemos inverter a lista do tempo de qualidade.

    Ns, os pais de hoje, queremos o mesmo que os pais de ontem: filhos realizados, maduros, seguros, capazes de enfrentar as dores e pedras inevitveis da vida. Queremos, acima de qualquer coisa, filhos felizes. E tambm queremos o bendito manual de instrues que nossos pais usaram.

    No ms passado meu pai completou 70 anos e eu e meus irmos decidimos lhe presentear com uma festa surpresa e uma pequena homenagem descrevendo um pouco do muito que ele nos passou ao longo de nossa histria. Foi um momento carregado de risos e lgrimas pela recordao das viagens inesquecveis, as aulas de geografia e histria cheias de imaginao e inveno, as broncas quando fazamos alguma arte, as cantorias no engarrafamento, as oraes durante o trajeto para a escola, as lies de moral quando, alm do nosso lanche, fisgvamos o do irmo. Enfim, nos melhores e piores momentos, nossos pais estavam l. Ora para nos dar apoio, para torcer

    a sanidade? E olha que naquele tempo no havia ipad, iphone, ps3, dvd porttil no carro tocando a galinha pintadinha e toda essa parafernlia tecnolgica que distraem as crianas e adolescentes de hoje e do uma folga aos pais.

    Penso que a resposta esteja a. Com as fraldas descartveis, a tv por assinatura e a busca desesperada por ascenso profissional e material, veio tambm a concretizao de um desejo antigo, ainda que muitos possam no admitir: pais e mes conquistaram mais tempo para o eu ou para o ns e, com isso, diminuram desmedidamente a dedicao ao eles, no caso, os filhos. Aprenderam a delegar uma funo que antes lhes era privativa.

    Vivemos hoje a gerao fast-food e isso no novidade pra ningum. Nossos filhos no aprendem a construir, aprendem a comprar. No sabem ouvir um no sem que isso seja motivo de choro, esperneio, grito e cara feia. No conseguem compreender seus prprios sentimentos, se irritam com facilidade e ficam ansiosos sem motivo. Tm dificuldades em fazer escolhas simples e se apavoram quando precisam elaborar um pargrafo sobre como foram suas frias.

    Com tanta informao ao alcance de um boto e sem precisar devorar dezenas de pginas de livros para fazer um trabalho de geografia parece-nos um contrassenso dizer que eles esto num processo de imaturecimento. Esta palavra no existe, eu sei, mas o fato que ela traduz o que quero dizer.

    Vivemos hoje a gerao fast-food e isso no novidade pra ningum. Nossos filhos no aprendem a construir, aprendem a comprar. No sabem ouvir um no sem que isso seja motivo de choro, esperneio, grito e cara feia.

  • na arquibancada, para comemorar nossas conquistas, ora para chorar nossas decepes, para curar nossos machucados internos e externos, para aliviar nossa tenso ps-prova com uma histria maluca da farra ou pilha.

    O que mudou de l pra c? O que eles tinham e ns no temos?

    Alguns diriam, tempo! Mas a verdade que eles elegiam melhor suas prioridades.

    No h frmula mgica para criarmos pessoas seguras de si e ao mesmo tempo cientes de que estaro ao longo da vida em contnuo aprendizado. No h receita pronta para a afetividade, a solidariedade, a lealdade. No h floral ou homeopatia que produza coragem ou promova autonomia. No h ipad que abrace ou cure. No h smartphones que afaguem os cabelos ou sequem as lgrimas.

    No h histria sem vivncia. No h aprendizado sem bons exemplos. No h felicidade sem boas histrias. Pra lembrar, pra contar e pra viver.

    Ento, na ausncia de um manual de instrues, creio que o melhor que podemos fazer aos nossos filhos nos tornarmos melhores aos olhos deles, um pouco a cada dia.

    Se tiver bolo caseiro, melhor. Se houver um caf na cama vez ou outra, melhor ainda. Se sobrar abraos, timo. Se tiver beijo na testa antes de dormir, bom tambm. Se as conversas sobre a vida atravessarem a noite, fantstico. Se os momentos de diverso superarem as broncas e os encontros de risos forem maiores do que a distncia das palavras, ento, penso que s nos resta acreditar e rezar.

    Garantia mesmo, ningum tem.

    {LUCIANA CHEMIM}Advogada e Professora [email protected]

  • EstanteA psicloga e consultora educacional Rosely Sayo presta um servio preciosos a pais e professores, ao tratar com firmeza e argcia dos espinhosos temas contemporneos que envolvem a educao e determinam a formao de cidados ticos voltados para construir um mundo melhor.

    Convicta de que o Papel de pai e rduo e complexo, a autora foge das regras fceis e frmulas preconcebidas para, em estilo vigoroso e questionador, mostrar aos pais que no to difcil compreender o universo do filho. Basta debruar-se sobre ele. De modo ativo, participativo e verdadeiramente interessado.

    Este livro rene os artigos da autora publicados no caderno Equilbrio da Folha de S.Paulo entre 2000 e 2002.

    Dr. Iami Tiba constata que descobrir o limite entre a liberdade e o autoritarismo na relao familiar muito mais difcil do que

    h alguns anos. Os pais modernos no gostam de contrariar seus filhos, querem poup-los, mas nesse momento que se

    acha o erro. muito importante estabelecer limites bem cedo e de maneira clara. Este livro pretende ajudar pais e professores a

    exercer sua autoridade educacional sem culpas, com segurana e bom senso. Disciplina - Limite na medida certa traz os seguintes

    assuntos - Limites e disciplina na famlia; Como se criam folgados e responsveis; A liberdade e os novos tempos; O quarto dos filhos; Hora de estudar; Limites e disciplina na escola; Sobre

    instituio escolar; Causas da indisciplina dos alunos; Delegar escola a educao dos filhos; Pais sob o comando dos filhos;

    Disciplina; Disciplina para estudar; Disciplina treinada; Disciplina adquirida; Disciplina aprendida; Disciplina absorvida; Cada

    contexto, uma consequncia; Cada perfil, um comportamento; Auto-estima regendo a disciplina; Estilos comportamentais.

    COMO EDUCAR MEU FILHO?Princpios e Desafios da Educao de Crianas e de Adolescentes HojePublifolha: 2003

    DISCIPLINA - LIMITE NA MEDIDA CERTA Integrare: 2006

  • {11

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    Cuide do essencial e o sucesso ser consequncia

    Embora to discutida nos dias de hoje, a busca pelo reconhecimento no assim to atual. Claro, bem verdade que o advento das tecnologias acabou por potencializ-la, a ponto da relevncia social de algum ser medida nessa tal nova moeda chamada likes. Mas inegvel: o homem das pedras j tinha l o seu glamour entre os integrantes do seu povoado, conforme seus atributos de caa e liderana. E assim, ao seu tempo e contexto, o homo sapiens segue sua corrida por vezes insana - atrs dele, o famigerado sucesso.

    Jeanine Rolim

    Fazer algo para ser conhecido e receber aplausos parece ter se tornado mais importante que a relevncia daquilo que se faz em si. Para complicar, muitos dos caminhos tomados para atingir o tal objetivo demandam um alto nvel de sacrifcio. E no estou falando daqueles sacrifcios que todos fazemos na vida para crescer, terminar um curso, comprar um imvel ou pagar uma boa

    profissional

    foto

    : Est

    dio

    Cafe

    na

  • 12}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    escola para os filhos. No, esses merecem todo elogio! Refiro-me a sacrifcios da alma, de vida... de pessoas.

    Outro dia uma amiga comentava que a moda agora fazer um plano de carreira o mais cedo possvel para seu filho, ento pais na inteno de acertar, sem dvidas - investem de forma desproporcional no tal futuro brilhante dos rebentos, que a essa altura do campeonato deveriam estar preocupados, no mximo, com a cor do lpis para pintar o desenho sua frente. Maternidade e paternidade tm sido, infortunadamente,

    dos pais, mas que no lhes significam nada. H at mesmo concursos de beleza para meninas de 2 anos de idade, um disparate! Onde foi que nos perdemos? Sacrifcios vos, em busca da efmera fama.

    Amemos nossos filhos de tal forma a ponto de respeit-los. E isso pode requerer a renncia daqueles nossos sonhos idealizados para eles que podem ser, na verdade, o que desejvamos pra ns, mas no aconteceu. Cada um tem sua histria, respeite a sua com todos seus xitos e derrotas. Compassivo, perdoe-se pelo no alcanou e vislumbre com mais acolhimento tudo que j realizou. Ento ser menos rduo dar ao seu filho o direito de ser respeitado em sua prpria trajetria.

    Fazer com excelncia aquilo que nos propusemos a fazer todos os dias, longe dos posts o desafio. Seja um professor incrvel para os seus alunos, a melhor secretria que seu chefe j teve, o mdico mais comprometido possvel, enfim, o ser humano mais belo que alcanar ser. Isso sim sucesso! O outro talvez venha, talvez no. uma daquelas visitas que aparece se quiser e fica o quanto quer. Um conhecido superficial demais para roubar o nosso maior bem: o amor pela vida, pelas pessoas que a tornam melhor estando ao seu lado... por voc mesmo.

    Visceral mesmo, ter paz.

    {JEANINE ROLIM }Palestrante e escritorawww.meiererolim.com.br

    Fazer com excelncia aquilo que nos propusemos a fazer todos os dias, longe dos posts o desafio.

    convertidas numa grande corrida de apostas, na qual todo treino e preparo so dados ao competidor visando o podium que, embora provedor de todas as louros que o combo do sucesso oferece, no tem valor algum se no for desejado pelo prprio competidor.

    Ligue a TV um dia desses e conte, por exemplo, quantos pequenos talentos voc conseguiu achar em uma hora de programao. Crianas com uma superexposio que nem mesmo um adulto emocionalmente maduro daria conta de digerir, adolescentes pressionados a escolherem carreiras promissoras aos olhos

  • {13

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    http://www.gilbertognoato.com

    Caros amigos! Sobre a campanha contra o jeitinho brasileiro, relembro que a nossa crtica a essa prtica, refere-se s categorias de pessoas que usam de estratgias para dar pedaladas nas regras, leis e combinados coletivos para tirarem proveito pessoal e levar vantagem em relao aos que cumprem as regras , as leis e combinados. Nossa crtica no se refere ao bom jeitinho brasileiro, ou seja a capacidade criativa do brasileiro resolver os problemas do seu cotidiano. No percam de vista que aquele jeitinho que tira vantagens em tudo, a porta de entrada da corrupo.

  • 14}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    MarcosMeier

  • {15

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    Como so e como esto os pais e mes modernos? As novas teorias educacionais, tecnologias, referncias e experincias tm ajudado? So tantos os manuais, so to boas as intenes, mas a quantas andam a prtica, o que nos contam os fatos? Provavelmente o que querem os pais acertar. Mas como o equilbrio, a medida certa para a melhor receita nem sempre a mais fcil das tarefas, encontramos infelizmente muitos pais perdidos e filhos malconduzidos. No basta lamentar, criticar, tampouco condenar. A educao a melhor sada sempre. preciso educar e isso se faz necessrio em todas as direes e dimenses. E por que no educar os pais, ou reeduc-los? Para que mais confiantes abracem a desafiadora tarefa de encaminhar os filhos na vida e desfrutar da vida na boa companhia deles. E como esse papo tem que ser srio, mas no precisa ser severo, nosso convidado dessa edio nosso querido mestre > Professor Marcos Meier, ou simplesmente Marco.

    POR {CLECYO DE SOUSA}

    NA POLTRONA

    Grande educador que , podemos contar com sua bagagem repleta de ricas experincias trocadas nas tantas palestras realizadas em todo o Brasil, em livros publicados e nas colunas semanais que participa como comentarista em rdio e TV. Prezado leitor sente-se com confortavelmente na sua poltrona ao lado do competente e bem-humorado Marco porque a conversa vai valer a pena. Professor Marcos, estamos ansiosos para ouvi-lo.

    {15

  • 16}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    Psicobela Digital > Professor, uma das principais preocupaes dos pais, pouco tempo aps o nascimento dos filhos, alguns at mesmo antes de nascerem, em qual escola eles vo ou devero estudar. H a melhor escola ou o que h a melhor escola para o seu filho?

    Marcos Meier > A melhor pr-escola aquela que ao buscar seu filho voc percebe que ele est cansado, sujo, ralado, suado, melado, colorido e cheio de risos e histrias para contar. Isso significa que ele desenvolveu os sentidos, a expresso corporal, a oralidade, o senso artstico, os movimentos do corpo etc o tempo todo. Escola ideal aquela em que a criana desenvolvida por completo. E depois, nas outras sries, a melhor escola aquela que ensina muito bem as matrias especficas do currculo tanto quanto ensina os valores humanos fundamentais. Corra da escola que se diz boa, puxada, sria, mas que desconsidera totalmente seu pedido para que se combata o bullying, por exemplo, j que o bullying faz muito mal para as crianas. Escolas desse tipo dizem isso no nada, fase e se esquivam do trabalho com valores. Hipervalorizam os estudos.

    A vida no s escola! No s cadernos e livros. A vida relao, choro, riso, dana e msica e brincar. Viver relacionar-se, ter amigos para compartilhar as dores e somar as alegrias. Se a escola no entende isso, vai ensinar apenas matemtica, portugus, artes, geografia, etc... como se fosse uma

    simples obrigao legal. Algumas escolas so mais rgidas quanto s regras e outras so muito mais flexveis. A personalidade do seu filho vai indicar a melhor, portanto no h A melhor escola, mas a melhor escola para seu filho.

    PD > Ouvi numa ocasio uma expresso de um filho jovem que chamou minha ateno: meus pais se acham perfeitos, querem passar a todos a impresso de que so perfeitos e que eu sou perfeito porque a educao deles perfeita. Isso me irrita, eles parecem at pais profissionais! H mesmo pais que tratam a educao dos filhos como um projeto profissional. Tipo da gravidez faculdade que caminhos trilhar sem desviar-se para xito total?

    MM > A maior delcia de ser pai ou me, poder ser a gente mesmo, ser humano. A gente erra querendo acertar, erra sem querer, erra por algum estouro de raiva, erra porque no somos perfeitos. Deus , a gente no!! Ento, para um jovem reclamar da perfeio dos pais porque a situao est pesada para ele. Quando um dos pais perfeccionista, a criana pensa: uau, a me brigou com ela mesma por ter errado! melhor eu no errar. E passa a viver com medo de no atender s

  • {17

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    expectativas da me (ou do pai , se for o caso). Esse medo far com que a criana se retraia nas relaes com as outras, chore por mais tempo que as outras na semana de adaptao na escolinha, no responda s perguntas da professora e no quer brincar de coisas novas. Tudo isso por medo de errar. Portanto a melhor coisa para as crianas ver os pais errando e rindo dos prprios erros. Ela vai pensar: ela riu de si mesma! Se eu errar, ela vai rir tambm... e vai tentar novos caminhos.

    PD > H referncias de que vivemos numa sociedade perfeccionista, idealizada, competitiva. Isso pode gerar nos pais uma presso para que desenvolvam seu papel de forma idealizada?

    MM > Na verdade, um pesquisa sobre perfis paternos conduzida pela UFPR

    mostra uma realidade diferente. Somente 33% das crianas tm pais adequados, participativos. E uma porcentagem menor ainda a de pais excessivamente presentes, idealizando a relao pai-filho. A maioria das crianas tem pais que no equilibram corretamente o afeto com os limites, ou so superprotetores ou autoritrios demais. Entretanto, fato que a sociedade, a mdia, o consumismo acaba pressionando os pais para que sejam exemplos perfeitos idealizados estilo caf da manh com margarina tchm em que todos sorriem e servem-se mutuamente. A, quando lembramos dos nossos filhos de burro amarrado e se arrastando at a mesa, pensamos: onde foi que errei? e no nos atentamos para o fato de que a vida assim mesma, que os adolescentes no so supermegahiperblaster bem humorados de manh. Mas so os filhos que amamos e, do jeito deles, nos amam.

    PD > Como e pai e professor voc j sentiu sobre os ombros o peso de ter que acertar? O medo de errar? A correo do erro cometido. Como lidou com isso?

    MM > Tive uma herana religiosa muito forte e vim de uma famlia de descendentes de alemes. Ouvia muito minha me

  • 18}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    dizer: Se vai fazer, faa certo na primeira vez. Meu av dizendo: Faa direito ou nem faa e outras frases do tipo. Nesse clima cresci sabendo que eu tinha que me esforar ao mximo, tinha que acertar, que ser perfeito. E isso me trouxe um peso grande demais para ser carregado. S recentemente pude aceitar-me sendo imperfeito, sendo humano. E como foi bom saber que posso errar!!! Claro que teve seu lado bom, aprendi a me esforar e a persistir, herana maravilhosa que me ajuda a conquistar novos desafios.

    Quanto a um erro cometido como professor, lembro-me de certo dia ter parado minha aula, tirado um caderno das mos de um aluno e o arremessei do outro lado da sala caindo exatamente dentro da lata de lixo. Falei: se voc veio aqui para desenhar em vez de aprender matemtica, de nada serve esse caderno! O aluno s vinha s aulas drogado, s dormia e quando acordava, desenhava, pois nunca aprendia nada dos conceitos que eu ensinava no quadro negro. Fui aplaudido pela turma. Mas eu no me senti bem. Humilhei um aluno e por pior que fosse seu comportamento ou carter, eu no poderia ter feito aquilo. No outro dia pedi perdo a ele publicamente, j que minha agresso foi pblica. Eu disse: Fulano, agi sem respeito com voc ontem e minha atitude no foi legal. Me perdoe. E continuei a aula. No recreio o adolescente me disse: Fal brther, tmo numa legal e o coitado ainda tentou prestar ateno nas outras aulas,

    mas a ajuda que ele precisava de verdade (tratamento srio e desintoxicao) no vinha.

    Muito mais tarde pesquisei a respeito da influncia que a construo de vnculo professor-aluno tem na aprendizagem. As descobertas corroboraram para a valorizao do respeito mtuo, do afeto, do exerccio da autoridade com vnculo afetivo. Esse tipo de relao faz com que a aprendizagem se torne mais fcil, ou seja, confirmei o que eu j desconfiava: afeto importante para aprendizagem.

    PD > Voc tem contato direta e constantemente com educadores e pais de vrios estados do pas com suas diferentes expresses culturais. O que percebe como sendo ponto comum na preocupao de pais e professores na conduo da educao no Brasil?

    MM > Creio que h uma dificuldade crescente tanto para pais quanto para professores: o exerccio da autoridade de uma forma adequada, construtiva e assertiva. Os pais esto sem tempo para relacionar-se com os filhos e com medo de exercer a autoridade, pois acham que os filhos no vo gostar deles. um erro comum. Crianas e adolescentes precisam ser orientados com firmeza e esperam isso dos pais. Certa vez uma menina me falou: Eu queria que minha mo me proibisse de ir festa, mas ela no me proibiu. Me ferrei Claro que reagi: Ok, mas por que

  • {19

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    voc foi se sabia que no seria bom pra voc? Ela retrucou: que eu precisava ficar estudando, mas eu no poderia falar isso pros meus amigos, eles no iam achar legal, iam me gelar. Mas se minha me no me deixasse, a tudo bem, a galera ia aceitar. Fui mal na prova por culpa da minha me.

    Ou seja, a menina queria o limite que ela precisava e que no conseguiria colocar em si mesma, pois ainda no tinha autonomia pra isso. Limites, nos, broncas e orientaes chatas no so

    Tive uma herana religiosa muito forte e vim de uma famlia de descendentes de alemes. Ouvia muito minha me dizer: Se vai fazer, faa certo na primeira vez.

    mal vistas pelos filhos, so apenas motivos para discusses, muitas vezes eles querem perder, mas no querem mostrar isso aos pais. Claro que a menina est muito imatura, mas eles no so assim mesmo? A maturidade leva tempo!

    PD > Nesses anos como educador, viveu alguma experincia, conheceu uma histria que te tocou em alegria ou tristeza de forma especial. Daquelas que faz a gente agradecer de estar onde est. Pode compartilhar?

  • 20}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    MM > Uma das mais marcantes foi com uma turma de alunos de oitava srie (hoje nono ano). Alunos de 14 ou 15 anos de idade. Era uma escola na periferia da cidade de Campinas, SP. Violncia, trfico, gravidez precoce, falta de expectativas positivas na vida era o clima do entorno. Seria o ltimo ano deles naquela escola, pois a escola era de ensino fundamental e logo teriam que ir para colgios ainda mais longes e possivelmente com mais problemas. Muitos iriam desistir, nem tentariam fazer o Ensino Mdio (antigo segundo grau, ou mais antigo ainda, ginsio). Ento me disseram que o sonho deles seria fazer uma formatura bem legal, mas no tinham dinheiro e os pais eram muito pobres, no poderiam pagar nada.

    Lembrei de Paulo Freire falando da importncia de construirmos a prpria histria em vez de sermos levados pelas circunstncias ou pelo sistema que os exclua. Chamei os lderes da turma e propus: todo fim de semana vocs fazem festas, saem com a galera e comem pizza... Por que no organizam uma festa aqui na escola e cobram entrada? Por que no fazemos uma noite da pizza em que a gente mesmo monta e assa nos fornos da cozinha da escola? Logo toparam e se animaram. Resumindo, as festas e a noite da pizza foram enormes sucessos. Conseguiram grana suficiente para uma formatura com som, iluminao, coquetel para os pais que se esbaldavam de chorar e foi tudo um sucesso. No meio de tudo isso, algo aconteceu.

    Choro de emoo s de lembrar.

    Os alunos pediram a palavra na hora do coquetel e passaram o microfone para uma aluna com voz celestial que cantou Ao mestre com carinho olhando para mim e o coro dos alunos me cercou. Ento ficaram de p nas cadeiras lembrando a famosa cena do filme Sociedade dos poetas mortos. Deram-me um presente e fizeram um discurso de agradecimento. No lembro do presente nem do discurso, mas os olhares de carinho vindos de cima das cadeiras e a msica ao fundo jamais vou esquecer. H alguns anos, uma daquelas aluninhas de 14 anos me mandou um convite, havia se formado como professora de matemtica e estava terminando seu mestrado. Vou lembrar pra sempre dessa turma.

    Muitos de ns, professores, carregamos cenas assim. o que nos alimenta, o que nos faz continuar apesar das dificuldades, apesar de todas as foras contrrias que nos dizem: vai fazer outra coisa e ganhar algum dinheiro... Nosso ganho outro. a realizao de vermos nossos alunos sendo bem sucedidos na vida.

    PD > Temos atualmente uma imagem muito negativa da educao no Brasil. Ano passado vivemos o trgico episdio em Curitiba da guerra do estado contra os professores. Estando voc to submerso nesse tema e convivendo to intimamente com teorias e experincias em diferentes estados e escolas, voc tem uma viso mais otimista. Como diria o grande escritor

  • {21

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    Temos escolas de primeiro mundo. Temos professores que podem ensinar para qualquer tipo de aluno, de qualquer classe social, de nveis heterogneos de domnio de conceitos, ou seja, temos professores que podem ensinar como dar uma boa aula para qualquer professor de qualquer pas.

    Ariano Suassuna, voc um realista esperanoso? Tem um acalento a nos ofertar?

    MM > Quando colocamos tudo no mesmo pacote, podemos dizer que sim, a educao no Brasil est muito mal. Entretanto o que pouca gente sabe que nas olimpadas internacionais de Matemtica, de Fsica ou de Astronomia, comum trazermos medalhas de ouro, prata ou bronze, ou seja, temos alunos que fazem parte dos melhores do mundo, vencendo inclusive japoneses, americanos ou chineses. Um dos principais centros mundiais de pesquisa sobre ensino e aprendizagem de conceitos matemticos fica em Rio Claro, interior de So Paulo. Temos doutorados e ps-doutorados em educao que so avanadssimos e em nada devem para outros centros de pesquisa internacionais. Temos escolas de primeiro mundo. Temos professores que podem ensinar para qualquer tipo de aluno, de qualquer classe social, de nveis heterogneos de domnio de conceitos, ou seja, temos professores que podem ensinar como dar uma boa aula para qualquer professor de qualquer pas.

    Ento estamos bem? No! Os resultados das pesquisas no chegam s salas de aula. As descobertas sobre educao no se tornam disponveis aos professores. Os livros de qualidade sobre ensino e aprendizagem no so acessveis para a maioria dos professores cujos salrios mal pagam aluguel, vesturio e alimentao.

    Os cursos e palestras de atualizao dos professores so oferecidos por uma pequena porcentagem de cidades, ou seja, a maioria permanece sem nada, sem cursos, sem palestras, sem livros, sem tecnologias de acesso s informaes e sem motivao por causa da desvalorizao social que a profisso tem. Os currculos esto desatualizados, desmotivando os alunos. E no ficam a as dificuldades que so muito mais complexas. Existem excees, mas so poucas. Se analisarmos a educao no Brasil num nico pacote, tudo desesperador. Se soubermos enxergar alm do visvel, podemos acreditar e esperar um futuro melhor. O Brasil est aprendendo pouco a pouco que s estar entre os mais desenvolvidos do mundo se investir de verdade em Educao. E Educao de qualidade.

  • 22}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    PD > Uma questo sublinhada com fora e que j lemos registrada de diferentes maneiras, inclusive nas redes sociais que a educao cabe a famlia e o ensino a escola. Pode nos elucidar de maneira descomplicada essa questo?

    MM > Esse um dos erros mais comuns transmitidos por postagens bonitinhas nas redes sociais. Mas falsa! famlia cabe educar valores, princpios, formas adequadas de se relacionar, enfim, cabe o ensino dos antigos bons modos. Por favor, com licena, obrigado e desculpe-me eu errei, j vinham prontos nas crianas

    que chegavam escola e somente precisavam aprender o currculo escolar. Mas a realidade no mais essa! As famlias no esto dando conta de educar tais valores e no sabem mais como colocar limites adequados ou como relacionar-se nas redes sociais e assim por diante. As crianas entram na escola sem saber resolver conflitos pela palavra, resolvem pela violncia ou pelo grito. Ento a escola no vai fazer nada, justificando-se que seu papel o ensino do currculo escolar e nada mais? Se essas crianas no aprenderem os mecanismos bsicos de socializao e no aprenderem a respeitar o outro, logo tero problemas com a polcia! A ltima chance dessas crianas aprenderem a educao de bero, os valores fundamentais, a escola. Portanto papel da escola educar. Somo educadores. Somos especialistas em educao e hoje toda escola est aberta parceria com as famlias. Estamos dispostos a ensinar aos pais como educar nos dias de hoje, pois se no o fizermos, nosso trabalho

  • {23

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    ser prejudicado e as crianas sofrero consequncias no futuro.

    PD > Atualmente voc uma das maiores autoridades brasileiras na teoria da Modificabilidade Estrutural Cognitiva de Reuven Feuerstein, a teoria da Mediao da Aprendizagem. Conte-nos um pouco sobre essa teoria, seu encontro com ela e como a mesma tem ajudado na educao dos brasileiros?

    MM > Quando eu era estudante de Matemtica, eu perguntava aos professores: Por que tem aluno que ama matemtica e outros odeiam? E eu ouvia: Amor e dio da psicologia, no da matemtica. Fiz psicologia. E l me disseram: Amar matemtica da Educao Ento soube da teoria do Feuerstein e que em Curitiba havia um curso dado pelo Centro de Desenvolvimento Cognitivo do Paran. Fiz todos os cursos oferecidos por esse centro (www.cdcp.com.br) . Aprendi sobre Feuerstein e fui para Israel beber direto da fonte onde pude ouvi-lo nas aulas e conferncias que ele ministrava. Quando falei da minha pesquisa, ele me disse: Voc tem muito a contribuir no seu pas. Ensine mediao aos professores e eles podero transformar vidas. Feuerstein foi um dos maiores educadores do mundo. Sua teoria intitulada Teoria da Modificabilidade Estrutural Cognitiva chamada de teoria da mediao da aprendizagem. Numa

    sntese bem superficial e imediata, a teoria mostra que a qualidade da interao professor-aluno pode potencializar a aprendizagem deste e desenvolver seu crebro. Fiquei ainda mais encantado!

    Ento fiz meu mestrado na UFPR pesquisando o quanto os professores do ensino mdio realmente agem de acordo com a teoria de Feuerstein, ou seja, eu quis confirmar que os bons professores so aqueles que mais se aproximam da figura do mediador proposta pelo educador israelense. Isso tudo me fez perceber que a melhor forma de ajudar os professores em nosso pas era formando-os como mediadores da aprendizagem e sigo fazendo isso com cursos e palestras pelo Brasil.

    A teoria mostra que os alunos aprendem melhor e se desenvolvem melhor quanto mais mediadores seus professores forem. Ento assumi essa misso: divulgar a teoria o mximo possvel para que nossas crianas e adolescentes possam ser beneficiados pela interao cada vez mais especial com seus professores.

    PD > Recentemente voc abriu um novo dilogo com a educao, criando o personagem professor Pancada. Ele pega pesado, mas d o recado. Qual o desejo que voc tem para esse novo educador no cenrio atual, que mensagem voc deseja que ele transmita?

  • 24}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    MM > O Pan Cada veio de uma necessidade. Em minhas palestras eu criticava posturas retrgradas de alguns professores e isso sempre afetava algum. Sempre aparecia algum professor ofendido por minhas crticas, como se eu estivesse desprezando a histria deles. Isso no era correto, mas eu tinha sempre que gastar um tempo explicando e justificando minhas crticas. Ento pensei que um professor personagem retrgrado, duro, grosso, desatualizado em algumas coisas e bem antenado em outras pudesse ter voz. Assim eu o criticaria pessoalmente, sem magoar ningum especificamente, pois eu criticaria esse personagem maluco. Assim surgiu o professor Pan Cada, um cara legal, que ama a educao e tem raiva de aluno folgado, aluno que no se esfora para crescer na vida. Ela quer que a palmatria volte e tem saudades dos tempos antigos onde o professor era respeitado e ningum ousava discutir com ele. Meu objetivo criticar o Pan Cada e suas posturas. Tenho feito isso em algumas palestras e o que mais me surpreendeu que as pessoas adoraram o Pan Cada, pois se identificaram com ele! Bom para ativar novas reflexes sobre o certo e errado nas salas de aula desse pas.

    PD > Antes da questo final uma pergunta especial: Qual seu sonho para a educao no Brasil e para os pais e mes brasileiros?

    MM > Sonho com professores valorizados, bem pagos e bem formados. Isso afetar a

    Educao em todo o pas fazendo com que nossas crianas e adolescentes tenham o melhor. Para isso precisamos investir em formao continuada dos professores, atualizar o currculo de todas as disciplinas e segmentos da educao, fazer uma reforma grande nos cursos de licenciaturas e principalmente mudar a forma como os alunos veem a educao. No d para dizer que mesmo sem educao d para ser presidente. Precisamos de alunos crticos que no engulam formadores de cabea e saibam pensar por eles prprios. Precisamos de jovens atuantes na sociedade e crticos de forma construtiva, diferentemente daqueles que s evidenciam os erros, mas nada prope, nada fazem e em nada acreditam. Sonho com escolas que ensinem os pais a educar. Que mostrem que o melhor caminho afeto e autoridade. Pais que criam vnculos afetivos com seus filhos e exercem sua autoridade com sabedoria. Esses filhos crescero e transformaro nosso pas, pois sabem o que certo e o que errado e lutam para conquistar o melhor.

    Precisamos de alunos crticos que no engulam formadores de cabea e saibam pensar por eles prprios.

  • {25

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    PD > E para terminar sabemos que no h uma receita que funcione para todos, mas que h diretrizes que ajudam e muito a nortear, a iluminar caminhos e com a educao de filhos no diferente. Pode nos dar um pequeno manual, elencar alguns passos fundamentais para uma educao de filhos emocionalmente saudveis?

    MM - 1 > Espere! Esse princpio est relacionado capacidade que toda criana precisa desenvolver de adiar a satisfao do prazer. Crianas que sabem esperar a sobremesa, o presente de aniversrio, o prato no restaurante e tantas outras delcias da vida, so crianas que aprenderam a adiar a satisfao do prazer. De que forma um candidato ao vestibular conseguiria estudar sozinho, alm da escola, 4 ou 5 horas por dia se no soubesse desligar o celular, o videogame e a TV para separar esse perodo exclusivamente aos livros? Aprender a esperar faz parte do sucesso de qualquer pessoa. E isso se ensina em casa. Nada de dar tudo o que a criana quer, na hora em que ela deseja. Espere! Quando for a hora certa, voc vai ganhar.

    2 > No! Essa palavrinha dolorida e aparentemente triste de ouvir chave para a maturidade emocional. A resistncia frustrao s se desenvolve tendo ouvido muitos nos na vida. O vendedor de um grande projeto ouve quantos nos at que consiga vender seu primeiro? Thomas

    Edison falhou muitas vezes at descobrir o melhor material para fazer a primeira lmpada realmente til. Se ele tivesse tentado umas dez vezes e desistido, a iluminao eltrica teria demorado muito mais para ser descoberta e, com certeza, no teria sido por ele. Seu filho precisar ouvir muitos nos at que aprenda que a dor sentida nesse momento pode ser suportada. Ele aprender que a vida adulta est repleta de coisas que ele simplesmente no vai poder ter e isso no o diminuir em nada. Crianas que no aprendem isso, acabam fazendo birras insuportveis para conseguir o que querem e se tornam manipuladoras, afastando as pessoas.

    3 > Esforo. Empenhar-se nas tarefas, esforar-se at conseguir vencer um desafio e fazer tudo da melhor forma possvel um princpio necessrio para a qualidade futura do trabalho. Atualmente uma das maiores reclamaes das grandes empresas a dificuldade de encontrar funcionrios com autonomia e que levem a srio o que fazem. Uma boa parte dos novos trabalhadores quer salrio, benefcios, mas no quer ser pontual, precisa, cuidadosa ou sequer esforada. Reclamam do chefe se este exigir pontualidade. Portando algum que se esforce para fazer as tarefas da melhor forma possvel altamente valorizado nas empresas ou na vida profissional autnoma. Essa caracterstica se desenvolve

  • 26}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    desde cedo. As tarefas que seu filho precisa fazer em casa precisam ser bem feitas. No tem negociao. E lavar a loua, arrumar o quarto, alimentar o cachorro ou outras tarefas domsticas no precisam e nem devem ser pagas. responsabilidade dele e pronto. Se seu filho no aprender que ele faz parte de uma famlia e, portanto, deve contribuir com seus trabalhinhos, vai querer recompensas sempre que tiver algo a fazer. Pssimo na carreira profissional que exige muitas vezes esforo e dedicao para somente muito mais tarde receber as compensaes financeiras.

    4 > Elogie seu filho. Quando voc elogia seu filho dizendo-lhe que inteligente ou bonito, voc est enviando uma mensagem de que ele no precisa se esforar para conseguir evoluir na vida, j que a inteligncia ele j tem e a beleza o acompanha. Ao elogiar, prefira falar o quanto voc admira a forma cuidadosa com que lida com as coisas, o esforo demonstrado ao realizar uma tarefa, a solidariedade ao ajudar algum e assim por diante. Elogie valores que voc quer que seu filho continue desenvolvendo. Claro que pode elogiar a beleza e a inteligncia, mas procure focalizar e enfatizar os princpios e valores relacionados ao ser cada vez melhor.

    5 > Critique os erros de seu filho. Houve um tempo que a criticar uma criana era algo grosseiro, pois as crianas devem

    ter o direito de errar ou de no fazer as atividades com qualidade. Hoje sabemos que essa postura errada. Se o seu filho errar ou fizer algo de forma displicente, mande-o fazer de novo. No aceite a preguia e o desleixo como caracterstica do comportamento infantil. Obviamente no precisamos ser excessivamente criteriosos, no podemos ser exigentes demais, mas aceitar tudo de qualquer jeito reforar a mediocridade. Entretanto h uma forma mais adequada de fazer isso. Nunca o chame de preguioso, relaxado, irresponsvel ou qualquer outro vocativo negativo. Voc deve evitar sempre criticar a pessoa de seu filho, mas deve criticar as coisas erradas que ele faz. Por exemplo, no o chame de relaxado se o quarto dele estiver bagunado, mas diga-lhe que o quarto est uma baguna e que ele deve arrumar. Percebeu a diferena? Ataque o problema, no seu filho!

    6 > Equilibre afeto com autoridade. A educao de uma criana precisa ser permeada por essas duas caractersticas. Afeto tudo aquilo que estiver relacionado ao carinho, conversas, brincar juntos, ouvir as histrias de seu filho, abraar, acolher, ou seja, construo de vnculo afetivo saudvel. Autoridade a colocao de limites, regras, fazer seu filho perceber que o mundo precisa estar organizado por meio de regras de convivncia e que os prazeres precisam estar limitados no tempo e na qualidade. Mais tarde seu filho saber

  • {27

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    organizar-se, cumprir a palavra, obedecer prazos, respeitar a hierarquia numa empresa, enfim, saber ser coerente com uma sociedade organizada.

    E por fim, quero dizer que adorei ser entrevistado pela Psicobela Digital e pela oportunidade de falar sobre educao para

    um pblico to heterogneo e especial. Tentei resumir e responder de forma clara, direta. Portanto, se voc conhece com mais profundidade a educao e percebeu que faltou eu dizer isto ou aquilo, me perdoe, meu objetivo no foi ser completo, mas til. Um grande abrao a todos!

    Se seu filho no aprender que ele faz parte de uma famlia e, portanto, deve contribuir com seus trabalhinhos, vai querer recompensas sempre que tiver algo a fazer. Pssimo na carreira profissional que exige muitas vezes esforo e dedicao para somente muito mais tarde receber as compensaes financeiras.

  • s vezes, fala-se muito e no se diz o essencial.

    41 9986.3768

  • {29

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    RoberteMetring

    Deus existe? Quem ele? E onde est?

    Bem, a crena diz que sim. E voc o que diz? Se voc acredita, acredita porque?

    Eu acredito porque posso ver a mgica do nascimento, posso acompanhar a evoluo dos seres e das plantas, posso presenciar a potncia e imensido do mar, vejo que os planetas no se chocam, que tudo tem sua razo de ser, que todos temos livre arbtrio, e que todos temos que arcar com as responsabilidades de nossos atos. Isso tudo s pode ser de uma ordem muito superior quilo que conhecemos nesse planeta. Deve ser de uma ordem divina, portanto, Deus tem que existir, seja ele quem for e onde estiver.

    Quando uma criana levada a refletir desde muito cedo sobre a sua existncia e suas relaes com outros e a natureza, quando levada a ter livre arbtrio, e quando entende

    Ol leitores e leitoras do Psicobela Digital. J tem um tempinho que

    no nos encontramos, mas aqui estamos novamente, agora para

    falar sobre o tema espiritualidade e religiosidade. um tema difcil para um no rabino, no padre,

    no pastor, no telogo. Sou simplesmente um psiclogo, ento vou abordar o tema sob o ponto de

    vista existencial.

    espiritual

    Religio ou religiosidade?

    s vezes, fala-se muito e no se diz o essencial.

  • 30}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    que deve ter responsabilidades pessoais e comunitrias, ela pode entender a existncia de Deus.

    Quando ela v os exemplos de civilidade, maturidade, responsabilidade e congruncia naqueles que a ajudam a evoluir, ento ela entende que Deus esse tipo de Ser. Enfim, uma criana vai entender primeiro o Deus que ela v em seus amados superiores, e somente muito mais tarde ser capaz de entender o Deus das religies. O primeiro sentimento sempre ser de religiosidade, de conexo, e esta religiosidade ocorre na conexo com seus amados, para a criana, modelos de um Deus em que ela vai acreditar em toda a sua vida.

    Uma criana no precisa de templos ou igrejas (e alis, acredito que nem os adultos que tem religiosidade). Seu templo o lar, local onde tudo acontece. Um lar de amor, um Deus amoroso, um lar de rancor, um Deus rancoroso. Um lar de mentiras, um Deus mentiroso, um lar desregrado, um Deus libertino. O Deus que a criana entende, o mesmo que lhe apresentado na vida que vive.

    Uma criana necessita sim de uma insero no mundo da religiosidade desde muito cedo, pela garantia de um desenvolvimento saudvel, psquico e fsico que isto lhe confere. E certamente, no futuro, ela saber porque acredita no seu Deus, e isto ser bom, e isto lhe completar.

    Ela no precisar mais do que atos para justificar-se. As muitas citaes de

    versiculos e captulos norteadores no sero necessrios e no faro sentido, pois ela ter o amor como norteador, e se ela nunca souber nada das escrituras, ainda assim ser um ser superior, um ser do bem. Ser uma pessoa capaz de amar, respeitar e produzir o bem, e no aceitar menos que isso dos outros, porm, ser capaz de entender e compreender o outro, mesmo que no comungue de suas ideias, ou no concorde com seus atos. Ser capaz de exercer seu livre arbtrio, e de deixar que os outros o exeram tambm. E ao final da histria, saber ela, que a cada um caber a responsabilidade dos seus atos.

    Uma criana ocupada com a religiosidade ser um adulto certamente feliz, mesmo com muitas dificuldades mundanas. Uma criana com religio, nem sempre, e as provas esto ai na nossa frente todos os dias. Uma criana norteada por sentimentos. Ela no necessita de religio, necessita do sentimento de religiosidade, de unio, de pertencimento.

    Por isso, no exijam que seus filhos sejam incorporados determinada denominao religiosa, antes de praticarem a religiosidade em seus prprios lares, pois de nada valer.

    Uma criana ocupada com a religiosidade ser um adulto certamente feliz, mesmo com muitas dificuldades mundanas.

  • Se so pais com religies diferentes, lembrem-se: todas as religies procuram um nico denominador. Ensinem seus filhos a respeitarem as preferncias religiosas, convidem-nos a visitarem os locais que frequentam para suas prticas ou cultos, deem-lhes a oportunidade de escolherem, segundo suas preferncias, onde pretendem assentar, e se pretendem. Ensinem, mostrem, deem o exemplo.

    Lembrem-se, para um desenvolvimento sadio, uma personalidade segura, uma vida mais feliz, e sucesso nas empreitadas da vida, primeiro Lar (no casa) com religiosidade,

    depois tempos e igrejas com religio.

    E Deus, certamente no precisa de nada disso. Creio que seu nico desejo que seus filhos sejam felizes e procurem a evoluo a cada dia.

    Pensemos nisso!!

    Sade e paz!

    {ROBERTE METRING }CRP-Ba 03/12.745Psicologoroberte@ig.com.brPsicologoroberte.com.brBlog.psicologoroberte.com.brfacebook.com/BlogRoberteMetring

    Agora hora de unirmos nossos esforos. ElesPorElas (HeForShe) um movimento de

    solidariedade pela igualdade de gnero, que une metade da humanidade em apoio

    a outra metade da humanidade para o benefcio de todos.

    Acesse http://www.heforshe.org/pt e faa parte deste movimento.

    Emma Watson, embaixadora da Boa Vontade da ONU

  • 32}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    Permita que seu filho se frustre

    preciso entender que esta emoo, a frustrao, mesmo muito desagradvel far parte da vida e responsabilidade dos pais e cuidadores ensinar as crianas a perseverar apesar dos sentimentos desconfortveis.

    Joice Goveia

    preciso entender que esta emoo, a frustrao, mesmo muito desagradvel far parte da vida e responsabilidade dos pais e cuidadores ensinar as crianas a perseverar apesar dos sentimentos desconfortveis.

    Ensinar sobre a frustrao exige que cada adulto se observe e entenda como faz quando est dominado por esta emoo (alis, esta lgica vale para qualquer emoo). Pessoas com pouca resistncia frustrao, que rapidamente desistem quando no atingem um resultado esperado ou mesmo esbravejam e perdem o controle ensinam estas reaes a seus filhos.

    Papai, mame e todos os cuidadores so modelos vivos e interativos de como agir e as crianas esto sempre atentas absorvendo e copiando para sobreviver e interagir no mundo. As pequenas frustradas situaes do dia-a-dia permitem aos adultos ensinar

    as crianas como lidar com decepes e como aprender a buscar solues para algum problema que se apresente.

    Como voc reage quando se atrasa e perde uma consulta mdica, ou leva uma cortada no trnsito, ou ainda esquece uma panela no fogo que derrama, quando derruba e quebra algo de valor? O que acontece com voc quando precisa resolver uma questo burocrtica, mas faltou um documento que ningum avisou que era necessrio e com isso voc perdeu tempo, trabalho e esforo toa?

    Cuidar das reaes decepes cotidianas auxilia o treino para lidar com as frustraes realmente dolorosas ao longo da vida como

    emocional

  • {33

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    perda de emprego, no passar no vestibular, o fim de um relacionamento, decepo com um amigo e assim por diante.

    As crianas no sabem expressar seus sentimentos ou pensamentos. Muitos adultos no o sabem, imagina uma criana pequena! Quando frustrada a criana chora, faz birra, joga brinquedos no cho e at bate em quem est por perto. A ansiedade em acalmar a criana frequentemente cala o limite que precisava ser imposto. Aquele no vira sim, o depois vira agora ou o agora vira depois. Assim, crianas pequenas comandam parte do territrio de responsabilidades dos pais, que por vezes confundem esta resistncia da criana em obedecer uma ordem com temperamento ou personalidade forte.

    Crianas aprendem explorando o mundo que as cercam, vasculhando a casa toda e espalhando objetos, abrindo portas e mexendo no que nem (sempre) sabem que no devem. A criana no sabe o que deve comer, no cumpre horrios e dificilmente apresentar espontaneamente um gosto por tomar banho na hora e com a durao certa. responsabilidade do adulto saber quando permitir que a criana explore e aprenda pela experincia e quando regular esta vivncia, mesmo que lhe provoque irritao e descontentamento. Assim, a criana desenvolve os comportamentos sociais, apreendendo regras, direitos e deveres.

    Parece estranho pensar que a necessidade em obedecer regras bsicas de convivncia possa repercutir em frustrao, mas este sentimento aparece quando encaramos um

    no da vida desde bem cedo. O medo de frustrar os filhos pode fazer com que os pais abdiquem de sua responsabilidade e poder em impor limites necessrios.

    Quando crianas pequenas se frustram frequentemente exibem comportamentos de raiva ou agresso. bastante comum que crianas de pr-escola tenham problemas de diviso de brinquedos resolvidos com mordidas ou empurres. Entre irmos de diferentes idades tambm comum que a dificuldade em compartilhar o espao ou a ateno passe por disputas fsicas ou em crianas maiores, discusses acaloradas. Isto ocorre porque as crianas ainda no tem linguagem e repertrio de comportamento suficientes para resolver a situao e reagem mais impulsivamente. A birra aparece frente as obrigaes que a criana no quer cumprir por no ser algo natural a ela.

    Esta a importncia de falar sobre a frustrao e comunicar criana que o comportamento dela est sendo influenciado por este sentimento. isto

    Parece estranho pensar que a necessidade em obedecer regras bsicas de convivncia possa repercutir em frustrao, mas este sentimento aparece quando encaramos um no da vida desde bem cedo.

  • 34}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    {JOICE ROCHA}Psicloga [CRP 08/1141][email protected]: [41] 3023-9372[41] 9925-8561

    se faz de modo simples como dizer Filho, voc parece frustrado e com raiva. O adulto precisa descrever para a criana como ela parece estar se sentindo para que ela aprenda a reconhecer que comportamentos podem estar ligados que sentimentos, como bater pode ser uma consequncia da raiva ou chorar uma consequncia da tristeza. preciso explicar de modo bem simples, breve e de acordo com a idade o que est acontecendo e como a criana deve agir futuramente. Filho, voc parece com raiva porque seu amigo pegou seu brinquedo. Ao invs de bater nele, voc pode pedir para brincar junto.

    Muitas vezes, por amor, os pais organizam a vida para que as crianas no passem pelas mesmas dificuldades que passaram. Como sentir qualquer frustrao algo

    extremamente desagradvel, papai e mame correm para atender ou compreender as crises dos filhos e remedi-la rapidamente. O amor pelos filhos to grandioso, a necessidade de prover e proteger to intensa que frequentemente os adultos buscam compensar as tristezas e frustraes dos filhos e solucionar seus problemas por eles.

    Pais, no temam a frustrao de seus filhos. Ela faz parte de crescer e compreender que o mundo exterior no se adapta nossa existncia.

    o que fazvoc continuar.

    hbitovoc comear.

    o que faz-MOTIVAAO

  • {35

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    Mas haveria excesso? Crianas com cabelos tingidos, programas de exerccios fsicos que deixam adultos boquiabertos, horas sem fim de salo de beleza, crianas mergulhadas desde cedo em universos adultos. Isso diferente de conviver com adultos. Isso significa viver como adultos.

    Quais fronteiras podem preservar as crianas dessa antecipao na entrada ao mundo dos adultos? Crianas so curiosas, criativas e carregam uma enorme vontade de crescer, so naturalmente ansiosas, idealizam o mundo dos adultos como fontes de liberdade e possibilidades, mas naturalmente no tm a maturidade necessria para compreender inteiramente a vida adulta.

    Crianas vaidosas e cheias de charme esto por toda parte. So bebs na moda, menininhas vestidas como as mames, meninos cheios de estilo copiando seus dolos. Verdadeiras fofuras! A moda revela tendncias, comportamentos e delatam momentos sociais. Est tudo certo.

    Liberdade, beleza e bom sensoMaria Marta

    fsica

  • 36}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    inquestionvel, as crianas contemporneas so muito desenvolvidas, j nascem tecnolgicas frutos de uma evoluo veloz e plena em possibilidades. E isso tem confundido muitos adultos que so pai e me.

    Essa crianada cheia de vontade prpria, boa desenvoltura, so admirveis, mas so apenas crianas. Podem e devem ter suas opinies ouvidas e respeitadas, mas no deveriam decidir plenamente o que querem fazer. Afinal toda criana instintiva e deseja ter suas vontades atendidas. Porm nem tudo o que querem lhes convm.

    Num universo com tantas informaes, visibilidade pelas redes sociais, superficialidade, preciso que os pais fiquem atentos as ciladas que demandas modernas podem promover. Excesso de autonomia, precocidade podem produzir uma falsa sensao de maturidade que a criana na verdade no tem. Essas lacunas podem afetar significativamente a construo da autoestima da criana, podendo mais tarde dificultar sua diferenciao entre seus potenciais reais e imaginrios.

    Recentemente uma me me procurou para falar sobre suas preocupaes com a filha de 10 anos, ela est preocupada com a sade da criana. Considerando que a filha est com sobrepeso, incomodada com a circunferncia abdominal, essa me receia que essa criana fique com obesidade e sofra bulling. Ao conhecer essa criana, observei que no h motivos para tamanha preocupao, pois a percepo narrada pela me no a mesma da criana que est com peso dentro do esperado e especialmente porque os cuidados necessrios j esto em andamento. Alimentao saudvel e esporte na rotina da criana.

    Esse um ponto que demonstra a delicada fronteira entre o cuidado e o excesso de cuidado. A posio da me revela uma preocupao a ser bem observada pois pode delatar seus prprios receios projetados sobra a criana, mas revela tambm cuidados profilticos. Basta escolher e conduzir na direo certa.

    Nossa sociedade rigorosa e exigente quanto a padres de beleza em que a magreza preponderante. Cuidados excessivos precoces podem gerar cobranas e ansiedade desnecessrias gerando presso que afetar a autoimagem futura, podendo desembocar em transtornos. Efeito sanfona iniciados precocemente, bulimia, anorexia, dismorfismo, so riscos.

    A polmica dos rappers mirins outra condio que demonstra essa delicada questo, em que a medida, as fronteiras e os motivos para uma exposio precoce podem

    Essa crianada cheia de vontade prpria, boa desenvoltura, so admirveis, mas so apenas crianas.

  • {37

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    {MARIA MARTA}Psicloga [CRP 08/07401][email protected]

    levar a situaes difceis de controlar e perigosas de arcar, como a erotizao precoce por exemplo. Em que meninos e meninas usam roupas e executam danas sensualizadas que as expe e podem acelerar sua imerso no contexto sexual.

    Toda criana que est exposta a quaisquer situaes que possam comprometer esse perodo to delicado e influencivel que a infncia precisa ser cuidadosamente assistida.

    Outro exemplo recente no consultrio, foi de uma me que demonstrava sua preocupao com a filha de apenas 12 anos, que segundo ela apresentava excesso de interesse em meninos, em ficar, ir a festas. Agindo como uma garota mais velha. Orientada a monitorar e conduzir suas prprias e naturais inquietaes, essa me foi descobrindo no cotidiano como lidar com a questo, porque no h manuais. Numa ocasio deixou a filha ir a uma festa e ao busca-la se deparou com uma festa imprpria para a idade da filha e da amiga dela, com a presena de rapazes mais velhos, bebidas e etc. Condies omitidas pela filha. Situao arriscada, afinal curiosidades no podem ser confundidas com experimentaes prematuras. Essa me precisou revisar os limites.

    Os pais desejam realizar suas funes da melhor maneira possvel, muitas vezes sentem-se inseguros no processo o que natural. O importante estar atento, investir em dilogo, monitorar e

    estabelecer limites claros e coerentes com cada etapa do desenvolvimento da criana.

    Crianas e adolescentes embora inteligentes, articulados, antenados so crianas e jovens imaturos, inexperientes, em desenvolvimento. Desconhecem os caminhos. Cabe aos pais com pacincia, confiana, insistncia, respeito, firmeza estabelecerem os limites, monitor-los e auxiliar seus filhos a travessia dessas fases. Proibies excessivas, comportamentos autoritrios ou permissivos pouco favorecem.

    Essa tarefa no simples, no fcil. Ao contrrio trabalhosa, desafiadora e carregada de muita responsabilidade. Ento queridos pais no se cobrem a receita certa e rejeitem a tentao de serem pais perfeitos, temerosos em errar. Integridade e responsabilidade apontam o caminho.

    Sejam amorosos, coerentes, por vezes, vrias no populares e dispostos continuamente a ajustarem a receita de acordo com a situao. Assim, abraaremos o desafio de tambm crescermos enquanto ajudamos nossos filhos a fazerem o mesmo.

  • 38}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    Michelli Duje

    fundamental para a criana assumir responsabilidades e aprender como deve se comportar desde cedo. Ela precisa saber se portar quando estiver na casa dos outros ou quando ela for a restaurantes, festas, teatro, .... Se ela no treinar e desenvolver essa habilidade social, poder ter dificuldade de tolerncia e empatia, de entender como seus comportamentos podem repercutir negativamente ou positivamente nos outros.

    Crianas no pensam e agem como um adulto, necessrio tomar cuidado para no exigir uma postura que ela no capaz de corresponder. preciso aprender a se comportar educadamente diante dos outros, e para isso deve-se levar em considerao a idade dela. Quanto mais novinha, mais orientaes precisaro ser repetidas, exigindo pacincia de quem estiver corrigindo a criana.

    De forma firme, mas sem perder o controle, os pais e adultos que convivem com ela devem estabelecer alguns limites dentro e fora de casa, ensinando a criana se relacionar de forma saudvel e positiva com amiguinhos e com o mundo. Quando a programao for dormir na casa do amigo, ela dever saber que ser responsvel por suas coisas, e tambm entender que

    Ser que a criana precisa de regras de etiqueta?

    O pequeno pode se divertir sem esquecer da boa educao

    social

  • {39

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    mesmo sendo visita, importante ajudar na organizao da casa, principalmente naquilo que desarrumou. Esse compromisso precisa ser introduzido em casa, por meio de pequenos acordos que desenvolvem o bom senso da criana. Por exemplo: guardar os seus brinquedos depois de usar, colocar a sua roupa suja no cesto, .... se ela tiver esse hbito, fazendo isso em casa, ser mais fcil e natural ter esses comportamentos quando for a casa de um amiguinho.

    Nos primeiros passeios em famlia, pode ser que a criana tenha um pouco mais de dificuldade em compreender e seguir as regras e combinados, mas com a calma e as instrues dos pais, ela poder treinar o seu autocontrole e sua habilidade social. Antes de sair de casa, o adulto precisa falar de forma clara para a criana quais sero as normas, e caso ela no as cumpra, quais sero as conseqncias (no pode aterrorizar ou criar medos na criana, como por exemplo, dizer a ela que a polcia ou bicho papo vai peg-la). A consequncia deve ser baseada em aprendizagem, para permitir que ela reorganize os pensamentos e aprenda com a situao.

    A disciplina deve vir com equilbrio, existindo liberdade para as crianas serem

    crianas, podendo brincar e se divertirem, mas tambm que elas possam se comportar de forma adequada nos ambientes. Por exemplo, criana gritando e correndo em um restaurante pode ser muito inconveniente e desagradvel para quem est almoando, ento os pais precisam educar para que isso no acontea, o que d trabalho, no fcil. necessrio persistncia!

    Os pequenos podero contestar quando o adulto tentar fazer valer as normas. Nesse momento, um dos pais pode levar a criana num ambiente mais calmo, como no banheiro ou sair do restaurante para conversar com ela, e assim retomar os combinados e regras com o filho. importante persistir nos ensinamentos, isso ser bom no s para a criana, mas tambm para o adulto, pois ambos podero sair e ter suas relaes sociais sem inconvenientes.

    Todo esse ensinamento ajudar a criana a se tornar uma cidad consciente, que poder administrar os seus compromissos de forma pertinente no futuro. Ela entender que ser responsvel por seus atos e por isso precisa assumir uma postura apropriada diante da vida e da sociedade. A criana ter ferramentas para se relacionar com a vida e com os outros de forma adequada.

    {MICHELLI DUJE }Psicloga formada pela PUC-PR. Ps-graduada em Psicopedagogia. Formao em Psicoterapia de casal.Esse compromisso precisa

    ser introduzido em casa, por meio de pequenos acordos que desenvolvem o bom senso da criana.

  • 40}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

  • {41

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    O dinheiro na relao pais-filhos

    Simaia Sampaio

    A imaturidade neurolgica da criana no permite que ela tenha discernimento do que caro ou barato, do que pode ou no pode comprar, tampouco consegue analisar se o objeto necessrio ou se se trata apenas de um capricho.

    Com efeito, a criana necessita ser orientada pelos pais a respeito destas questes, mas a depender da idade, ela no ser capaz de compreender os argumentos utilizados pelos pais para dissuadi-la da ideia da aquisio do objeto de desejo. Ento, o que fazer?

    O primeiro passo se auto-observar. Se a criana tem pais consumistas, que trocam de aparelhos o tempo todo ou compram outros

    Nosso tema diz respeito a como lidar com o dinheiro na relao pais-filhos. Esta uma tarefa difcil para todos os pais, porque envolve controle, responsabilidade, educao financeira. Contudo, envolve tambm componentes emocionais prprios das supostas necessidades imediatistas tpicas de toda criana, que desejar ter tudo que v na televiso ou aquilo que os amigos possuem. E nesse ponto que os pais se enroscam.

    financeiro

  • 42}

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    sem necessidade, que compram pilhas de bolsas, sapatos e roupas de maneira descontrolada, a criana pode passar a reproduzir este modelo fazendo exigncias, mesmo sem ter noo de valor.

    O segundo passo ensinar desde cedo que tudo tem valor. Se a criana ganha um brinquedo no se deve permitir que a criana brinque apenas no primeiro dia e depois largue no cho espalhado. importante ensin-la a ter cuidado, a valorizar e ensinar que deve sempre guardar os brinquedos quando terminar de brincar. Deve-se tambm ensinar a criana a poupar, combinar um valor por semana de algumas moedas para que a criana junte e, ao ir loja, observe o valor que ainda no suficiente, que precisa economizar mais. Assim, podero perceber como alto o valor que os pais pagam pelos brinquedos.

    O terceiro passo , definitivamente, no dar tudo que a criana pede. Muitos pais que passam o dia todo trabalhando, presenteiam a criana como forma de compensar sua ausncia e chegam em casa praticamente todos os dias com um presente. Esta atitude deixa a criana mal acostumada e cada vez mais exigente. Ao ir ao shopping, deve-se explicar o que est indo fazer antes de sair de casa, para que a criana no faa birras em pblico quando lhe for negado algo. A conversa precisa acontecer antes mesmo de sair de casa. importante limitar os presentes a dias especiais como aniversrio, dias das crianas, natal e se os pais desejarem comprar algo fora de poca

    que seja um brinquedo pedaggico que sirva para desenvolver algumas habilidades motoras ou cognitivas.

    preciso ensinar desde cedo que nada na vida de graa, que existem outras prioridades e que nem sempre possvel atender s necessidades da criana. Desde cedo necessrio ensinar aos filhos a importncia de esperar. A criana que pede um presente e ganha de imediato no d o mesmo valor daquela que passa meses esperando chegar seu aniversrio para ganhar. Certamente este presente demorado ser muito mais valorizado.

    Temos presenciado pais que compram brinquedos e eletrnicos indiscriminadamente, rendendo-se a argumentos como: Todo mundo na minha sala tem, s eu que no tenho. A toca na ferida. Alguns pais possuem dificuldade em dizer: Mas voc no todo mundo e vai ter quando eu achar que merece ou quando eu puder comprar. Acabam confundindo situaes acreditando que o filho pode sofrer discriminao entre os colegas e desta forma

    Uma criana ocupada com a religiosidade ser um adulto certamente feliz, mesmo com muitas dificuldades mundanas.

  • {43

    www.ps i cobe la . com.brEDIO 13 > ABRIL 2016

    ser excludo do grupo. Os pais esto cada vez mais tirando das crianas a possibilidade de lidar com frustraes, de lidar com a falta, de se sentirem merecedores, de serem responsveis por suas conquistas.

    Famlias abastadas devem ter cuidado redobrado neste sentido porque esta situao pode afetar outros setores da vida dos filhos. A ideia que se passa em tais atitudes : No preciso me esforar para nada tenho tudo que quero, Pra que estudar? Meu pai vai me dar tudo que preciso, s pedir. Se eu no me formar meu pai coloca um comrcio pra mim e pronto. Os filhos tornam-se desmotivados em relao aos estudos, principalmente porque acabam distribuindo seu precioso

    tempo com wathsapp, facebook, instagram, e outras redes sociais que cabem tudo no celular de ltima gerao. Muitos pais procuram ajuda profissional para os filhos melhorarem o desempenho na escola, mas no tem coragem de tirar o celular das mos e de deixar sem computador. Pais conscientes ensinam desde cedo tais valores por acreditar que a criana, apesar de ter conforto material, precisam ser preparadas para uma vida autnoma.

    {SIMAIA SAMPAIO }Psicopedagoga, Especialista em Neuropsicologia da Aprendizagem, Pedagoga.www.psicopedagogiabrasil.com.br

    A soluo est na dietaou est na pessoa que faz a dieta?

  • http://meiererolim.com.br/

    Bem vindo ao nosso site!

    Aqui voc encontra nossos livros, artigos, vdeos e os temas dos cursos e palestras mais solicitados por escolas, empresas e outras instituies. Podemos tambm criar um material especial para seu pblico, s entrar em contato!

    (41) 3107-6448 | 9248-3040

    [email protected]