Hoje Macau 21 JUL 2014 #3135

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JOGO FUNCIONÁRIOS DA VENETIAN DESCEM À RUA QUARTA-FEIRA PÁGINA 8 RUI FURTADO, presidente da AMLP, defende o financiamento da medicina privada mas pede uma maior fiscalização dos dinheiros distribuídos na Saúde. SOCIEDADE PÁGINA 7 O presidente da Comissão Executiva do BESOR, José Morgado, assegura que os projectos da instituição e a aposta em Macau e na Ásia são uma realidade para manter. O cenário de contágio está completamente posto de lado. SOCIEDADE PÁGINA 6 Grupo Espírito Santo Crise não afecta BES Oriente Dinheiro públicos, contas privadas hojemacau AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB O deputado e vice-presidente da UGAMM admite um inquérito de opinião junto da população, mas rejeita que se use a palavra “referendo” sem o suporte da lei. Ho Ion Sang critica ainda o Governo pela falta de eficácia na resolução dos problemas da habitação. Referendo é uma piada internacional DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 21 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3135 PUB PÁGINAS 2 E 3 HO ION SANG EM ENTREVISTA

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Hoje Macau N.º3135 de 21 de Julho de 2014

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JOGO FUNCIONÁRIOSDA VENETIAN DESCEM À RUAQUARTA-FEIRA

PÁGINA 8

RUI FURTADO, presidenteda AMLP, defende o financiamento da medicina privada mas pedeuma maior fiscalização dos dinheiros distribuídos na Saúde.

SOCIEDADE PÁGINA 7

O presidente da Comissão Executiva do BESOR, José Morgado, assegura que os projectos da instituição e a aposta em Macau e na Ásia são uma realidade para manter. O cenário de contágio está completamente posto de lado.

SOCIEDADE PÁGINA 6

Grupo Espírito SantoCrise não afecta BES Oriente

Dinheiro públicos, contas privadas

hojemacau

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

O deputado e vice-presidenteda UGAMM admite um inquérito de opinião junto da população, mas rejeita que se usea palavra “referendo” sem o suporte da lei. Ho Ion Sang critica ainda o Governopela falta de eficácia na resoluçãodos problemas da habitação.

Referendoé uma piada internacional

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 2 1 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 3 5PU

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HO ION SANG EM ENTREVISTA

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hoje macau segunda-feira 21.7.20142 ENTREVISTAFLORA [email protected]

Chui Sai On já é candidato a um novo mandato. Como avalia o trabalho do Chefe do Executivo e dos principais cargos nestes cinco anos? O actual Chefe do Executivo, du-rante estes cinco anos, tentou, por exemplo, criar as 19 mil fracções de habitação pública, mas foi adian-do as construções e, finalmente, apercebeu-se que a oferta não é suficiente. O Governo explicou que não conseguiu, porque as obras de construção de algumas habitações públicas iriam causar impacto à população que mora perto dessas construções. Há falhas. Acho que isto é culpa do Governo. Porque é que não considerou esta influência antes de construir habitação pú-blica? Podemos ver que, quando muitas políticas e medidas não conseguiram ser concluídas pon-tualmente, os altos cargos não con-seguem resolver os problemas mais urgentes da população, conforme o desenvolvimento da sociedade. A sensibilidade e a capacidade de execução [de trabalho] dos Se-cretários e dos altos cargos ainda não está muito bem, tem espaço para melhorar. Além disso, sendo deputado, vejo que há problemas na legislação, ou seja, muitas leis e políticas não conseguem sair, porque a nossa legislação é sempre adiada, muitas leis urgentes para a sociedade demoram muito tempo [a ser feitas].

Por exemplo?Por exemplo, a fiscalização de segurança dos prédios, como no caso do Sin Fong Garden. O facto de em Macau faltar uma licença profissional para o pla-neamento predial e urbano, bem como uma inspecção obrigatória nos edifícios. A Lei de Protecção aos Consumidores, que deve ser implementada rapidamente. A Lei de Protecção Ambiental... No que diz respeito a tudo isto, o Governo ainda não fez o suficiente. Sendo também um legislador, penso que o Governo deve apressar os pro-cessos e implementar de imediato as leis que dizem respeito à vida da população, tendo em conta o pensamento ‘é legal, mas não é racional’.

Falou da habitação em Macau. Como avalia esta situação? Actualmente, penso eu, a maioria das opiniões da população relati-vamente à política e Administra-ção prendem-se com a habitação. Este é um problema que já existe há muito tempo, passou pelos Chefes do Executivo depois da transferência de soberania e, ago-ra, podemos ver que as garantias do Governo sobre a conclusão, em 2012, das 19 mil fracções de habitação pública não foram cum-pridas e nem sequer se deu uma

Ho Ion Sang, deputado eleito directamente, até concorda com a realização de um inquérito sobre a opinião da população face ao sufrágio universal, mas consideraque não se deve chamar de ‘referendo’. O também vice-presidente da União Geralda Associação dos Moradores de Macau, analisa ainda o que foi feito em termosde habitação e critica o Governo por não ter um plano eficaz

HO ION SANG, DEPUTADO E VICE-PRESIDENTE DA UGAMM

“Não podemos inventar umadata para o sufrágio universal”

oferta suficiente [destas casas]. Por outro lado, depois da abertura do jogo, há 10 anos, o preço da ha-bitação tem aumentado constante-mente e já está fora de controlo, o que faz com que a população em geral - até a da classe média - não consiga comprar as fracções no mercado privado facilmente, fazendo com que a necessidade da habitação pública seja cada vez maior. Podemos ver que os pedidos para habitação social para 1544 fracções de T1 foram feitos por 15 mil pessoas. Da segunda vez, os pedidos de 1900 fracções diversificadas foram feitos por 42 mil residentes. A necessidade é dez vezes maior que a oferta, o que mostra as necessidades da sociedade. Mas, recentemente, o Executivo anunciou um novo ajustamento na zona A dos novos aterros, ou seja, 28 mil habitações públicas e quatro mil habitações privadas. Desta vez, o Governo terá con-seguido ver e ouvir os desejos

“Num contexto muito claro, o ‘referendo sobre o sufrágio universal’, como eles chamam, não respeita a Lei Básica. Contudo, com a natureza desta actividade, eu concordo, mas poderiam mudar o nome para algo como ‘inquérito de opiniões da população’,ou algo assim”

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“Quando os altos cargos não fazem nada, ou cometem erros, devem assumir as responsabilidades.”

da população, ainda que esteja também sob a pressão da socieda-de - que tem pedido ‘terrenos de Macau para residentes de Macau’ nos novos aterros, como o da na zona A. Isso resultou nesse ajus-tamento. Acho que o plano traz esperança a longo prazo. Contudo, prevemos que, só daqui a dez anos, é que os residentes possam vir a adquirir casas na zona A e muitas pessoas, especialmente os jovens, têm urgência em ver quais as políticas ou planos de habitação que o Governo pode implementar a um prazo mais curto: nos três a cinco anos futuros. Agora, o Go-verno ainda não consegue garantir habitação para a população em três ou cinco anos, ou seja, este plano traz esperança mas apenas a lon-go prazo. O Governo deve ainda garantir na zona A um ambiente de negócios para as pequenas e médias empresas, deve oferecer dados mais detalhados sobre as 28 mil fracções de habitação pública e, até ao fim deste ano, que deve ter lugar a terceira consulta públi-ca, há tempo muito suficiente para o Governo planear a arquitectura [da zona], as infra-estruturas e os transportes.

E quanto às habitações privadas?No que diz respeito às quatro mil habitações privadas, deve controlar os investidores, de forma a que estes construam fracções para residentes nos terrenos, porque estes terrenos já são os últimos terrenos de Macau. Espero que o Governo não faça a concessão de terrenos de forma negligente, até porque o Governo pode ter um papel predominante na forma de tratar os terrenos. Na altura de receber pedidos, se descobrir que as 28 mil habitações públicas não são suficientes, poderá reajustar as privadas de forma a serem habitações públicas. Além disso, quando construir habitações priva-das, deve limitar o preço para que este seja acessível aos residentes. O Governo deve concluir também os procedimentos dos terrenos desocupados mais rapidamente, de forma a construir habitação.

Recentemente, têm sido mais as manifestações em prol da demo-cracia, sendo que três associações locais vão levar a cabo um ‘refe-rendo civil’, ou seja não oficial. Como analisa esta situação? Temos de esclarecer o nome ‘referendo’. Na Lei Básica e em todas as leis de Macau não existe um conceito de referendo. Sendo também legislador, dou muita importância a este assunto, até porque acho que o ‘referendo sobre o sufrágio universal’ não tem base legislativa, nem força jurídica. A eleição do Chefe do Executivo já é regulamentada por várias partes claramente: pela Lei Básica, pela delibera-ção do Congresso Nacional do

Novo, pela revisão da Lei de Eleição do Chefe do Executivo que aconteceu em 2012. Esses três diplomas criam um ‘quadro legal’ para a eleição do Chefe do Executivo que já é muito claro. Temos de fazer as coisas segundo a lei, cumprir a lei e respeitar a lei. A eleição já está marcada e os 400 membros que elegem o Chefe do Executivo estão escolhidos. Acho que as associações apresentarem, nes-ta altura, o ‘referendo sobre o sufrágio universal’ é aproveitar [o desconhecimento] sobre os assuntos políticos.

Então, não concorda? Num contexto muito claro, o ‘referendo sobre o sufrágio uni-versal’, como eles chamam não respeita a Lei Básica. Contudo, com a natureza desta actividade – que é a recolha das opiniões da população - eu concordo, mas poderiam mudar o nome para algo

mais claro, como ‘inquérito de opiniões da população’, ou algo assim, porque ‘referendo sobre o sufrágio universal’ é algo que tem vindo a ser implementado em alguns países, mas de acordo com a Constituição de cada um. É um assunto muito sério. A natureza dos trabalhos deste inquérito não têm problema, porque sendo residen-tes, todos têm direito de expressar opiniões e as associações podem fazer inquéritos. Acho, contudo, que se utiliza o nome ‘referendo’ sem suporte de leis, o que é uma trapaça e causa mal entendidos aos residentes. Se querem fazer, que mudem o nome para inquérito e um inquérito podem entregar e mostrar ao Governo, porque em Macau ainda existe o regime de democracia representativa e, na Assembleia Legislativa, são es-colhidos deputados que ajudam a população a expressar ideias. Macau não tem sequer o conceito de ‘referendo’, pelo que as associa-

“O que Macau precisa de fazer para atingir o sufrágio universal é ouvir opiniões e criar discussão em toda a sociedade, até se gerarum consenso.”

ções não devem fazê-lo, tornando este ‘referendo’ numa piada inter-nacional, digamos assim. Mas, concorda que o Governo deve implementar o sufrágio universal para o Chefe do Exe-cutivo em 2019?O sufrágio universal é uma espe-rança, uma orientação conjunta para todos. Mas não podemos primeiro ‘inventar’ uma data para implementar o sufrágio, antes de outras coisas. Não podemos dizer agora que vamos ter o sufrágio uni-versal em 2019. O que Macau pre-cisa de fazer para atingir o sufrágio universal é ouvir opiniões e criar discussão em toda a sociedade, até se gerar um consenso. Só depois é que podemos implementar cada passo para conseguir o sufrágio. Se dizemos agora quando é que será implementado o sufrágio, isto

pode não ser verdadeiro, porque Macau não é como Hong Kong, que na sua Lei Básica regula que a implementação do sufrágio seja feita em 2017. Em Macau, não te-mos este calendário. Ainda assim, acho que a revisão da Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo - em 2012 - já foi um passo de avanço no desenvolvimento político. No futuro, se o Governo e a sociedade chegarem a um consenso, regu-lamentam o caminho político ao estilo de Macau.

Na origem das manifestações está o Regime de Garantias para os altos cargos. Como vê esta decisão do Governo em imple-mentar este regime, ainda que já o tenha retirado?O Chefe do Executivo retirou o Regime sob pressão da sociedade. Segundo esta experiência, podemos ver que o Governo ouviu finalmente muitas opiniões da população e, ao mesmo tempo, vemos que este foi o início de a população se mostrar mais preocupado com as políticas e problemas de Macau. Antes dos altos cargos conseguirem benefícios para si próprios, o mais importante é implementar primeiro o Regime de Responsabilização dos Altos Car-gos. Não podem ganhar benefícios, antes de assumir as responsabilida-des. Se o Governo implementar este Regime de Garantias, deve ouvir as opiniões da população através de consulta pública e gerar consenso na sociedade, porque a implemen-tação deste regime foi demasiado apressada. A sociedade não reunia consenso sobre o assunto, nem pôde analisar profundamente [o Regime] e, por isso, como foi tão apressado, mesmo que o Governo queira explicar depois, a população talvez não aceite estas explicações. E, quando implementar o Regime, deve explicar e publicar claramente os detalhes sobre a lei, como por exemplo com que fundamento é que foi criado este Regime de Garantias. O Governo deve fazer as coisas de forma a dar confiança à população.

O que espera do próximo Chefe do Executivo da RAEM? E dos Secretários?A minha esperança é que o Chefe do Executivo tenha um grupo de administração e execução [dos trabalhos] poderoso no futuro, que oriente a RAEM a fazer uma reforma com determinação e que nesta se inclua mais eficiência administrativa e a assumpção de responsabilidade dos principais cargos. O mais importante quan-to aos Secretários é que façam a administração do Governo com determinação e cumprindo as responsabilidades. Quando os altos cargos não fazem nada, ou cometem erros, devem assumir as responsabilidades. O poder está nos cargos, então eles têm respon-sabilidade de desempenhar bem a sua função.

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hoje macau segunda-feira 21.7.20144 POLÍTICA

ANDREIA SOFIA [email protected]

O Governo assegura que quer garantir que a habitação pública chega aos residentes

que mais precisam de uma casa e, por isso, na revisão da Lei de Habitação Económica estão a ser colocadas mais opções em cima da mesa para além das já existentes.

Actualmente, podem comprar--se casas económicas e arrenda-rem-se casas sociais, destinadas aos agregados familiares mais po-bres. Mas, segundo André Cheong, director dos Serviços para os As-suntos de Justiça (DSAJ), a ideia é debater novas possibilidades de acesso a este apoio.

“Será que dentro desse limite vamos discutir ou aperfeiçoar, ou podemos abrir a mente para pensar para que é que serve a habitação económica? E para que deve ser uma habitação social? E, tirando esses dois tipos, há ou não margem para pensar um terceiro ou até um quarto tipo de habitação que tenha a mesma finalidade social? Poderá ser algo não tão semelhante à habitação económica ou social e satisfazer as necessidades a que estes habituais regimes não po-dem chegar?”, questionou André

Wynn Au Kam San pede esclarecimentos O deputado Au Kam San fez uma interpelação escrita a questionar se houve algum dirigente do Governo a indicar à Wynn que deveria negociar com uma empresa privada para a obtenção do terreno no Cotai. Steve Wynn, presidente da operadora, garantiu que Edmund Ho incitou ao negócio, mas o deputado quer saber se isto é ou não verdade. E pede para que o Executivo explique quem são os responsáveis. “Se existir este, ou estes, dirigente(s), quem são eles?” perguntou o deputado.

Invalidez Pedidos para subsídio provisório arrancam hojeA partir de hoje os cidadãos poderão pedir a atribuição do subsídio provisório de invalidez, segundo informa em comunicado o Instituto de Acção Social (IAS). O novo abono tem um valor de 3180 patacas mensais e, para o obter, os interessados terão que reunir os requisitos mínimos, como ser residente permanente de Macau, ter efectuado, pelo menos, 36 contribuições para o Fundo de Segurança Social e ter declarada pela junta médica do fundo a sua situação de invalidez. “No caso das pessoas com mobilidade reduzida, estas podem designar os seus representantes para o tratamento dessas formalidades” informa o IAS. A apresentação dos pedidos começa hoje e termina a 31 de Dezembro de 2015.

HABITAÇÃO PÚBLICA GOVERNO PONDERA ARRENDAMENTO DE CASAS ECONÓMICAS

Pontos de interrogação

“Há ou não margem para pensar um terceiro ou até um quarto tipo de habitação que tenha a mesma finalidade social?”ANDRÉ CHEONG Directordos Serviços para os Assuntosde Justiça

Cheong, à margem de uma confe-rência de imprensa de apresentação da consulta pública sobre a revisão da lei, na passada sexta-feira.

O director da DSAJ disse ser “uma hipótese” um requerente que não tem condições para arrendar uma casa social, mas que também não consegue comprar uma casa económica, poder arrendar uma casa económica. “Ainda não temos uma ideia clara. Mas acho que se pode abrir a discussão sobre isso. Tem de ser pensado dentro da po-lítica de habitação pública, onde há dois tipos. Tirando a casa econó-mica e social, quem é que pode ter outra?”, interrogou André Cheong.

CONSULTA EM DUAS FASESO processo de consulta pública irá dividir-se em duas fases. Até ao final do ano, o Governo promete ter uma “proposta concreta” sobre o “conteúdo essencial e o regime fundamental” da Lei de Habitação Económica, com base num prazo de dois meses de opiniões. De-pois, seguem-se as opiniões mais específicas sobre cinco pontos que versam sobre as casas económicas e sociais e só depois haverá um novo projecto de lei a entregar ao hemiciclo.

Uma coisa é certa: tanto a DSAJ como o Instituto da Habitação (IH)

querem garantir que a habitação pública seja desenvolvida em liga-ção com os terrenos disponíveis, uma vez que a zona A dos novos aterros terá casas do Governo.

CRIAÇÃO DE QUOTAS É POSSÍVEL Olhando para o documento de consulta, as alterações à lei pre-tendem dar mais oportunidades aos candidatos individuais, através da criação de quotas. Pretende então, o Governo, definir percentagens para cada tipo de família, para que todos, quer estejam sozinhos ou com mais familiares, possam ter igual acesso a uma casa.

Pretende-se ainda garantir que as grandes famílias possam ter um acesso mais facilitado a T2 ou T3, por forma a evitar “o fenómeno

de candidatura a fracções de tipo-logia T1 por famílias com cinco elementos, de modo a corrigir a situação de distribuição errónea dos recursos”.

Pode ainda vir a ser exigida a permanência de 183 dias na RAEM, no mínimo, e um ano antes da candidatura, para poder ter acesso a uma casa do Governo. Quem herdar parte dos direitos e interesses de um imóvel, através de uma herança, também verá garantida a sua capacidade para concorrer.

O facto de o Governo abrir a possibilidade de haver novos aces-sos às casas económicas tem a ver com o facto de se manterem, no documento de consulta, os limites máximos de rendimento, que até agora têm vindo a tirar a hipótese de candidatura a muitas famílias de classe média. “Quanto à questão de ter uma exigência máxima de ren-dimentos aos requerentes de casas económicas, não existia no regime anterior e foi agora introduzido. Na altura houve consenso de que quem requerer uma casa económica não poder ter condições para adquirir uma casa, mas havia requerentes que pediam uma casa mas tinham muitas lojas. Isso desvia o fim para se ter uma casa económica”, explicou André Cheong.

Está aberto o processo de consulta pública sobre a lei que regula as casas do Governo. Até ao final do ano, a população pode opinar sobre a lei em geral, mas depois há a hipótese de serem escolhidas mais opções de acesso à habitação. As alterações à lei pretendem dar mais oportunidades aos residentes

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5 políticahoje macau segunda-feira 21.7.2014

Não se sabe ainda quantas são ao certo, nem de onde vêm, mas o número mínimo de assinaturas para concorrer ao cargo de CE está garantido. Entretanto, para além de Chui Sai On, e de outros dois nomes avançados na semana passada, também o activista Wong Wai Man já levantou o formulário de candidatura

S EGUNDO o mandatário de Chui Sai On, o advo-gado e deputado Vong Hin Fai, o actual Chefe do

Executivo já conseguiu recolher mais de 66 assinaturas no primeiro dia do período de candidaturas a líder do Governo, cargo para o

H O Chio Meng considera que o crime de assédio sexual deve ser indepen-

dente e ter uma lei própria, além de, diz, dever ser considerado crime público. O procurador do Ministério Público (MP), assume concordar, assim, com deputa-dos da Assembleia Legislativa que têm vindo a público pedir o mesmo.

Ho Chio Meng diz inclusi-ve que o crime deveria ser um crime individual “o mais rápido possível” e explica que o MP tem recebido muitos casos nos últimos anos, mas que não é fácil processar quem comete o crime. Se for crime individual e públi-co, diz o procurador, será mais fácil às autoridades conseguir investigar os casos.

Actualmente, defende ainda Ho Chio Meng, a multa para quem cometa crimes de assédio sexual é muito baixa e deverá ser mais alta, de forma a que

possa punir eficazmente. O pro-curador assegura que o MP vai fornecer dados sobre os casos às autoridades do Governo, para que estes percebam a dificuldade das autoridades e também para promover o processo legislativo de forma célere.

VOZES QUE SE JUNTAMHo Chio Meng não é o único a pedir mudanças. A deputada Kwan Tsui Hang já veio a pú-blico dizer que o Governo fala apenas em estudos, mas não tem nada preparado em tornar este crime legislado por lei própria. Kwan Tsui Hang aponta que em Macau ainda não existe o crime de assédio sexual no Código Penal, e mesmo que a vítima chame a polícia, não vai ter a protecção que deveria ter.

A deputada pergunta se o Go-verno considera reforçar as regras actuais, sobre os danos à vítima – o que os deputados chamam de

“danos de segunda vez” – para encorajar as vítimas a fazer queixa. Isto tem a ver com a repetição da história do caso pela vítima, quando esta está a ser interrogada.

Para além de Kwan, também a deputada Wong Kit Cheng falou, numa interpelação escrita, sobre o assunto, porque considera que a vítima, durante o processo de investigação, tem de repetir a his-tória várias vezes e, além disto, se o perpetrador gravou imagens em vídeo, os danos podem ser maio-res ainda, causando mais proble-mas psicológicos às vitimas. A deputada sublinhou que há seis anos que o Governo se compro-meteu a rever a lei de protecção das vítimas, mas que até hoje ainda não viu nenhum avanço. Também Ng Kuok Cheong já pediu informações ao Governo sobre a execução da lei sobre o crime de assédio sexual, a par de Ho Sio Kam, sendo que todos pedem uma lei própria. - C.L.

O Instituto de Ha- bitação (IH) admitiu que

não tem condições para dar “serviços de ga-rantia” aos residentes no que diz respeito às infiltrações de água e pondera mesmo rever leis que estejam rela-cionadas com a gestão destes problemas.

O instituto asse-gurou numa resposta a uma interpelação escrita de Ho Ion Sang que o Centro de Inter-serviços para Tratamento de Infil-trações de Água tem resolvido os casos de infiltrações de águas em edifícios num tempo médio de seis meses. No entanto, admite também que 11% dos casos que

já levam um ano com este problema ainda não estão resolvidos.

O organismo expli-ca que a causa princi-pal para isto é o facto de a inspecção do pro-blema de infiltrações de água depender da marcação de diversas inspecções ‘in loco’ nos apartamentos e com o proprietário de forma a confirmar a fonte do problema e também as condições meteorológicas. O IH diz que os problemas não são fáceis de re-solver.

“Como a resolução do problema de infil-trações de água depen-de muito da coordena-ção dos proprietários de apartamentos, o centro é limitado ao

tempo de inspecção com os proprietários e as inspecções estão restringidas devido aos recursos huma-nos. O centro não tem condições em oferecer uma ‘garantia de ser-viços’ à população.”

O centro admite que há espaço para melhorar quanto à resolução dos casos de infiltrações de água e pondera mesmo rever as leis – ainda que não mencione quais exac-tamente – que dizem respeito a este pro-blema. Pedida, ficou ainda a intervenção das autoridades nos casos em que os resi-dentes não cooperem, de forma a proteger “as vítimas” das infil-trações. - F.F

ELEIÇÕES CHUI SAI ON JÁ RECOLHEU MAIS DE 66 ASSINATURAS PARA SER CANDIDATO

Requisitos mínimos cumpridos

ASSÉDIO SEXUAL HO CHIO MENG PEDE CRIME INDIVIDUAL E PÚBLICO

Por uma lei própriaINFILTRAÇÕES IH ADMITE DIFICULDADES

A meter água

qual Chui Sai On se recandidata. O número, citado no jornal Ou Mun, já passou os requisitos mínimos para que Chui Sai On possa ser candidato a Chefe do Executivo. Contudo, Vong Hin Fai não revela o número exacto das assinaturas e de que áreas é que provêm, assegurando apenas que o gabinete responsável pela campanha irá continuar a lutar para conseguir mais apoio dos membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo.

Nas últimas eleições, Chui Sai On conseguiu obter as assinaturas de 95% dos membros da Comis-são. O jornal chinês cita ainda algumas avaliações políticas que dizem que, desta vez, Chui deverá conseguir apenas assinaturas de cerca de 83% dos membros da Comissão, ou seja, 300 assinatu-ras. Isto, porque o jornal Ou Mun se baseia no facto de algumas assinaturas em 2009 não terem correspondido ao número total de votos: ou seja, houve quem tivesse apoiado o Chefe do Executivo, mas não tivesse votado nele.

TRÊS NA MARCHAEntretanto, há mais um candidato ao lugar de Chefe do Executivo, além dos dois nomes já avançados na semana passada. O activista

Wong Wai Man já levantou o formulário de candidatura para as eleições do cargo de Chefe do Executivo. Wong, que ocupa o cargo de presidente da União dos Trabalhadores de Ferro, de-fendeu aos jornalistas que, para além de o público o apoiar, o território precisa de uma pessoa “capacitada para ocupar o lugar” de Chefe de Executivo.

Citado pelo jornal Macau Post Daily, o activista afirmou ainda que apesar de ser a primeira vez que tenta ser candidato está con-fiante que conseguirá o número de assinaturas suficientes para con-seguir correr com Chui Sai On.

Também dois residentes chi-neses, Lei Kong Un especialista em medicina tradicional, e Ng Ioi que trabalha na área de indústrias criativas, recolheram o formulá-rio de candidatura.

Agnes Lam, ex-candidata a deputada e presidente da Ener-gia Cívica, defendeu que Chui deveria ter mais competição e, citada pela TDM, sugeriu ainda que o actual líder do Governo deveria dar entrevistas aos média, de forma a estar mais perto da população.

As eleições para o Chefe do Executivo acontecem no próximo 31 de Agosto.

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6 hoje macau segunda-feira 21.7.2014SOCIEDADE

ANDREIA SOFIA [email protected]

O Banco Espírito Santo (BES), de Portugal, divulgou a semana passada à Comissão

do Mercado dos Valores Imobi-liários (CMVM) a lista dos bancos por si detidos. O BES Oriente (BESOR), sediado em Macau, é detido em 99,75% pelo banco, o que afasta por completo o contágio da crise vivida no grupo.

A garantia foi confirmada ao HM por José Morgado, presidente da Comissão Executiva do BE-SOR. “As informações que temos é que o nível de exposição em relação ao grupo já foi identificado. Posso

O S terminais marítimos de Macau e da Taipa vão ter regras para serem admi-

nistrados. Isso mesmo anunciou Susana Wong, presidente da Direc-ção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e das Águas (DSAMA), na sexta-feira.

Num jantar para comemorar o primeiro ano de funcionamento do organismo – que veio substituir a Capitania dos Portos – a responsável fez um balanço positivo dos trabalhos efectuados e assegurou que há mais planos na agenda. Esses passam, por exemplo, por melhorar a forma como funcionam os terminais marítimos de Macau e da Taipa.

Trânsito Quatronovos radares na Ponte da AmizadeMais quatro novos radares vão ser instalados na Ponte da Amizade e começar a funcionar a partir de hoje à noite. Ao detectar excesso de velocidade, os novos aparelhos tiram uma fotografia aos veículos, imagens que depois serão utilizadas para autuar os infractores. O limite de velocidade na ponte é de 80 km/h e 40km/h nos acessos. As multas vão das duas mil patacas até às dez mil patacas, valor que poderá dobrar em caso de reincidência, quando o condutor poderá ficar sem carta, conforme noticiou a TDM.

“Posso confirmar que não existe em Macau qualquer exposição à holding da família (Espírito Santo Internacional).”JOSÉ MORGADO Presidente da Comissão Executiva do BESOR

O facto de a estrutura do Banco Espírito Santo em Macau não ser detida pela empresa mãe do Grupo Espírito Santo faz com que a sua presença na Ásia não sofra quaisquer consequências da crise que o banco vive em Portugal. José Morgado garante que os projectos para o BES Oriente são para manter

GRUPO ESPÍRITO SANTO BES ORIENTE IMUNE À CRISE

Sem perigo de contágio

TERMINAIS MARÍTIMOS VÃO TER REGULAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

Para vos gerir melhor“Além da optimização das ins-

talações de hardware nos terminais marítimos do Porto Exterior e da Taipa, a DSAMA vai melhorar ain-da a gestão e a ordem nos terminais marítimos mediante a elaboração do Regulamento Administrativo para a Administração dos Ter-minais Marítimos, de maneira a que o posto marítimo fronteiriço possa articular-se melhor com o posicionamento de Macau como o Centro Mundial de Turismo e Lazer”, revela a DSAMA num comunicado. “A DSAMA vai continuar a estreitar a cooperação com os organismos marítimos das regiões vizinhas, reforçar a

fiscalização ao tráfego no mar nas zonas marítimas da execução de obras e melhorar as condições de navegação”, esclarece ainda.

MENOS CONSUMO DE ÁGUASobre o ano passado, Susana Wong refere que a DSAMA teve ainda em conta a necessidade de melhorar o abastecimento de água a Macau e a construção de uma cidade economi-zadora de água, algo que, garante a DSAMA, teve alguns efeitos.

“As medidas de poupança de água tiveram resultado inicial e continuam a ser promovidas nos sectores sociais”, começa por dizer. “Tendo em conta que foram

iniciadas gradualmente as medidas para explorar nova fonte e poupar água, o volume do consumo médio de água per capita em Macau des-ceu pelo quarto ano consecutivo, o que é o fruto dos trabalhos da conservação de água.”

Susana Wong frisou que, na área da gestão de recursos hídricos, Guangdong e Macau já celebraram um memorando para a construção da 4ª tubagem de abastecimento de água a Macau, de forma a que se possa acelerar o reforço para assegurar o abastecimento de água entre Macau e Zhuhai.

“A DSAMA vai continuar o mecanismo da cooperação entre Guangdong e Macau para acelerar as medidas a médio e longo prazo que visam garantir o abastecimento de água estável.”

A DSAMA conta, actualmente, com mais de 500 funcionários.

confirmar que não existe em Macau qualquer exposição à holding da família (Espírito Santo Interna-cional)”, garantiu José Morgado.

“A nova equipa do BES, li-derada pelo doutor Vítor Bento, está a exercer a gestão conforme foi aceite pelo Banco de Portu-gal. Portanto, não deverá haver nenhum problema com o banco de Macau. Os depositantes con-tinuam a confiar no banco, que tem uma posição relativamente

pequena em termos de negócio. Porque nós, apesar das situações vividas num passado recente, pretendemos dar continuidade e continuamos a ter um plano

estratégico para desenvolver em Macau. Obviamente, apostamos na realidade em Macau e na Ásia”, disse José Morgado ao HM.

No total, o BES intervém di-

rectamente em 14 bancos, onde se inclui a presença em Macau. A crise num dos maiores grupos bancários portugueses, com uma história centenária, começou quando uma auditoria do Banco de Portugal resultou na descoberta de dívidas não declaradas no valor de 1,2 bilião de euros da Espírito Santo Internacional, empresa mãe do Grupo Espírito Santo, com sede em Luxemburgo.

Vítor Bento substituiu Ricar-do Salgado e tornou-se o novo presidente executivo do BES. A Procuradoria-Geral da República em Portugal, anunciou, na passada sexta-feira, que vai abrir um con-junto de inquéritos ao caso.

ABERTURA DE BALCÃOSERÁ REALIDADEJosé Morgado garante que ainda não falou com Vítor Bento sobre a situação no BESOR. “Vou com certeza ter a oportunidade de o fazer e não o fiz porque ele deverá ter prioridades maiores do que essa”, disse o também economista.

Entretanto, o plano de abertura de um balcão de atendimento ao público, anunciado aquando da visita de Cavaco Silva à China e a Macau, vai mesmo avançar. “Ob-viamente que vou querer que esta situação seja ratificada em termos da velocidade, mas o projecto em si é para manter e não tenho qualquer indicação do contrário”, disse o presidente.

“Em termos de investimento já o estamos a fazer. Temos a remode-lação do ‘head office’ em Macau, continuamos a avaliar a questão do balcão em Macau e estamos a mudar de sistema informático de modo a dotá-lo de maiores valên-cias em termos de investidores, para que possam ter mais opções de investimento. É uma realidade que continua a acontecer e não existe nenhuma diminuição”, confirmou José Morgado.

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TRATAMENTOS NO PRIVADO PAGOS PELO GOVERNO

7 sociedadehoje macau segunda-feira 21.7.2014

SAÚDE RUI FURTADO PEDE FISCALIZAÇÃO AO FINANCIAMENTO DOS PRIVADOS

Complementares mas com regrasCerca de 550 mil tratamentos e consultas foram financiados o ano passado pelosServiços de Saúde, num total de 800 milhões de patacas. Rui Furtado diz que os sectores público e privado de saúde devem complementar-se entre si, mas alerta para a necessidade de fiscalização do dinheiro distribuído

ANDREIA SOFIA [email protected]

S EMPRE que são pu- blicados dados no Boletim Oficial (BO) sobre o financiamen-

to público a instituições de saúde privadas, o hospital Kiang Wu é, por norma, o primeiro da lista. Seguem-se o hospital da Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST) e associações locais, como a Associação de Bene-ficência Tung Sin Tong ou a União Geral dos Moradores de Macau (UGAMM), sendo que muitas dessas entidades

têm figuras próximas do poder político.

Lei Chin Ion, director dos SS, disse a semana passada no hemiciclo que o pagamento de cuidados de saúde de utentes no privado é para continuar. Rui Furtado, presidente da Associação dos Médicos de Língua Por-tuguesa (AMLP), defende essa medida, até porque o sector público já não tem capacidade para responder ao aumento da população. Mas pede uma fiscalização.

“A medicina privada deve ser financiada, mas não como está a ser. Deve ser fis-

“A medicina privada deve ser financiada, mas não como está a ser. Os serviços que fazem medicina privada deveriam fazê- -la abertamente e deveriam ser prestadas contas”

• Serviços de consulta externa, de urgência e de internamento no hospital Kiang Wu

• Serviços de medicina tradicional chinesa, medicina ocidental e medicina dentária prestados pela Associação Beneficência Tung Sin Tong

• Consulta externa de medicina ocidental prestados pela Clínica dos Operários, Clínica da Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau, Centro Médico da Aliança de Povo de Instituição de Macau e Centro Médico Son Vode da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau (ANJCM)

• Serviço de medicina tradicional chinesa prestado pela Associação de Bem-Estar dos Moradores de Macau

• Internamento para recuperação a curto prazo prestados pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM)

• Cuidados médicos e de enfermagem prestados em regime domiciliário pelas Equipas de Cuidados Domiciliários da Federação das Associações dos Operários de Macau

• Aconselhamento psicológico prestado pela União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM), Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM) e Centro de Maria

• Rastreio do cancro do colo do útero prestado pela AGMM, Clínica dos Operários da FAOM e Centro Médico Son Vode da ANJCM

• Aplicação de selantes dentários prestado pela UGAMM e Associação Beneficência Tung Sin Tong

• Limpeza dentária prestado pela UGAMM a alunos do ensino secundário geral

“[Os privados] devem prestar contas sobre os dinhei-ros que recebem e os serviços que fazem e não acontecer como acontece agora, em que os doentes recorrem a essa medicina mas depois têm con-tas a pagar”, acrescenta ainda.

800 MILHÕES NUM ANODados fornecidos ao HM pelos SS mostram que, só no ano passado, foram fi-nanciados cerca de 550 mil tratamentos, no valor de 800 milhões de patacas. Num território com grandes listas de espera e com um segundo hospital público por estrear, é melhor pagar ao privado em vez de melhorar o público? Rui Furtado diz que sim.

“O sector público tem limitações. Não há estrutura, não chega. Os SS têm ca-pacidade para determinado número de exames, só que a população cresceu. O servi-ço privado e público podem complementar-se em muitas áreas. O hospital Kiang Wu ou o hospital universitário podem ser boas opções por-que têm bons serviços de ra-diologia e de análises, mas é necessário que o acordo feito entre os SS e essas entidades seja de forma a que o utente usufrua destes serviços da mesma forma que usufrui do São Januário”, explicou o presidente da AMLP HM.

“O sector público tem limitações. Não há estrutura, não chega”

Na resposta enviada por e-mail ao HM, os SS escla-recem ainda que gastaram 1,160 milhão de patacas em vales de saúde e financiamen-tos a instituições médicas sem fins lucrativos, o que representa uma fatia de 27%.

Rui Furtado lamenta ain-da que em Macau os médicos que trabalham para o sector público não possam exercer no privado. “Em Hong Kong, a partir das quatro da tarde, os médicos especialistas podem exercer medicina privada nas instalações do hospital. E esse sistema também existe em Por-tugal. Isso rentabiliza os equipamentos do hospital e de certeza que é algo efectivo para lidar com as listas de espera”, assume.

prestada segundo esse acor-do, de forma gratuita”, disse o ex-médico dos SS ao HM.

Isto porque, apesar de afirmar não ter contacto directo com os números,

Rui Furtado assume que “o doente vai lá e depois paga mais 40% ou 50%” do valor do tratamento. “Há muitas queixas de utentes sobre esse aspecto”, refere.

calizado esse financiamento e o exercício da medicina privada nos moldes desse acordo firmado com os SS. Os serviços que fazem medi-cina privada deveriam fazê--la abertamente e deveriam ser prestadas contas, para saber se a medicina privada é

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8 sociedade hoje macau segunda-feira 21.7.2014

CECÍLIA L [email protected]

O S funcionários de jogo da Venetian vão mesmo levar a cabo as mani-

festações contra a empresa, porque dizem que a Sands China não respondeu a todos requisitos exigidos na semana passada, assegurou o director da Forefront of the Macao Gaming, Ieong Man Teng.

O anúncio surge numa carta aberta da associação e depois da Sands China ter as-segurado que iria lançar ajus-tamentos salariais e promover funcionários, quando, na se-mana passada, os funcionários ameaçaram manifestar-se em frente ao casino.

Entre as exigências, feitas por funcionários de vários cargos do casino, estão ajus-tamentos salariais e de horário de trabalho, mas também o excesso de horas de trabalho.

“Para os croupiers esta-giários, o salário mensal deve aumentar para 19 mil dólares de Hong Kong e ter direito a dois dias de folga, sendo que, os croupiers com experiência,

FLORA [email protected]

O Corpo de Bombeiros (CB) quer recrutar mais pessoal durante os próximos cinco anos. Isso mesmo

referiu Chan Chi Wai, chefe de primeira do CB, numa conferência de imprensa na passada sexta-feira.

Chan referiu que, agora, o quadro de pessoal conta com 1173 funcionários, mas, como os serviços do CB tem tendência para aumentar, o organismo já entregou uma proposta para recrutar mais 400 bombeiros. A ideia, explica Chan Chi Wai, é conseguir satisfazer as necessidades de Macau nos futuros cinco anos.

O CB diz, no entanto, que não consegue

Reconstruído edifícioem risco quatro anos depois

Metro Governo propôs mudança e expansão de Centro Ecuménico

O edifício Fok Neng, que estava em risco

de ruína, já foi quase todo reconstruído. Segundo o jornal Ou Mun, o edifício ainda precisa de algumas obras, mas os moradores poderão regressar a casa no início do próximo ano, depois de quatro anos de reconstrução.

“O ambiente está mui-to melhor do que antes, é um resultado do poder de união dos proprietários do edifício”, disse uma mo-radora ao jornal. “Como agora há elevador, é mais conveniente para os ido-sos subirem.”

O edifício tinha ape-nas quatro andares, mas

agora vai ter sete andares, sendo que o número de fracções também mudou de 28 para 43.

O vice-presidente da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores do Bairro de San Kio, Leong Keng Seng, que também foi nomeado para o Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos de Macau, saudou a reconstrução. Diz que, como em Macau faltam terrenos, a recons-trução nos bairros antigos pode ajudar a aumentar a utilização da terra. “A reconstrução do Fok Neng deixa que seja dada mais atenção à manutenção dos prédios antigos”, dis-se, acrescentando que o Governo deve rever a Lei de Reordenamento dos Bairros Antigos, de forma, por exemplo, a que a re-construção tenha 100% do consenso dos proprietários e outros.” - C.L.

DE acordo com de-clarações da autora

do Centro Ecuménico de Kun Iam (CEKI), Cristina Leiria, o Executivo che-gou a propor a mudança de local e expansão do centro. “O Governo até me propôs fazer outro Centro Ecuménico maior porque diz que este é pe-queno”, revelou a arqui-tecta e escultora à Rádio Macau.

Foi só depois da pro-posta do Governo que Cristina Leiria se des-locou ao território para discutir outras hipóteses para aquela zona, para a qual está planeada a construção de uma das estações do futuro metro ligeiro.

“Isto tem estacas mui-to profundas. Portan-to, pensaram levar este centro para outro sítio, mas logo que cheguei

desapareceu essa ideia porque expliquei que não podia ser”, disse Cristina Leiria, ao justificar a sua vontade de que o CEKI permanecesse onde está.

De acordo com notícia da Rádio Macau, a autora do projecto avançou ainda a sua preferência, de entre os dois projectos pensados para a zona que liga o NAPE à avenida Sun Yat Sen: o modelo que prevê a criação de uma placa suspensa ajardinada com árvores, em detrimento da construção de um jardim subterrâneo, sobre o qual passaria o transporte, à altura da estrada. “Tapa o metro, nem se vê que está ali (...) Depois permite--nos ter uma coisa que me parece importante: pelo menos, 60 lugares de estacionamento”, disse, ao explicar as vantagens da primeira hipótese.

“Os supervisores deveriam escolher se querem ter um dia ou dois de folga e, o supervisor que escolher uma folga, deve ganhar 26,8 mil dólares de HK por mês, sendo que a cada ano e meio deve ter o aumento de 1100 dólares.” IEONG MAN TENG Director da Forefront of the Macao Gaming

VENETIAN MANIFESTAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS ACONTECE QUARTA-FEIRA

Insatisfação desce à rua

devem ganhar cerca de 21 mil dólares, com direito a um dia de folga por semana”, diz Ieong Man Teng.

O responsável da Fore-front Gaming assegura que, quem trabalha nas mesas de Poker e na Roleta dos casi-nos da Sands e da Venetian,

tem demasiado trabalho. “A empresa deveria aumentar os recursos humanos para estes cargos e também aumentar o tempo de intervalo.”

CROUPIERS A SUPERVISORESMas, os croupiers também não estão satisfeitos com o sistema de estágio dos supervisores. “É preciso promover todos os su-pervisores estagiários para que estes sejam supervisores antes de Julho de 2015 e, ao mesmo tempo, cancelar o sistema de estágio dos supervisores, para promover directamente os croupiers a supervisor.”

Os manifestantes exigem novamente a proibição de importação de não-residentes para as funções de superviso-

res, mas pedem mais. Muito mais.

“Os supervisores deveriam escolher se querem ter um dia ou dois de folga e, o supervisor que escolher um folga, deve ganhar 26,8 mil dólares de HK por mês, sendo que a cada ano e meio deve ter o aumento de 1100 dólares. Depois, quando promovido para supervisor com experiência, o salário também aumenta para 29 mil dólares de Hong Kong.”

Para os supervisores com dois dias de folga por semana, o salário pedido é de 24,85 mil dólares para estagiários e 27 mil dólares para os que tenham experiência.

Para o cargo mais alto das salas do jogo, Pitch Manager, os funcionários da Sands Chi-na querem que todos tenham um salário igual de 33 mil dólares de Hong Kong.

O deputado José Pereira Coutinho assegurou na página do Facebook que irá continuar a dialogar com responsáveis da Venetian para resolver os problemas dos salários.

Ieong Man Teng assegura que a manifestação vai mesmo acontecer na quarta-feira.

BOMBEIROS PROPOSTO AUMENTO DE 400 MEMBROS

Mais incêndios e ocorrências

1173funcionários, quadro de pessoal

referir a data concreta de implementação da proposta por esta estar ainda na fase inicial, ainda que Chan Chi Wai assegure que os superiores concordem com a proposta.

O CB divulgou na sexta-feira passada os dados de trabalho do primeiro semestre do ano 2014, que mostram que as acções operacionais e número dos incêndios aumentaram 7,31% e 8,09% respectiva-mente, quando comparado com o primeiro semestre do ano 2013.

Entre Janeiro e Junho, registaram-

-se 21.277 ocorrências, das quais 575 foram incêndios.

Chan apontou que os incêndios acon-teceram mais por causa de os cidadãos queimaram de forma descuidada os papéis de oferendas aos antepassados, nas ruas.

Os representantes dos bombeiros fize-ram ainda uma recomendação visando a prevenção contra incêndios causados pelo sobreaquecimento de electrodomésticos, especialmente no Verão, quando os cida-dãos utilizam por um longo tempo os apa-relhos de ar condicionado. “Quando viajam e saem de casa durante tempo prolongado, os cidadãos devem assegurar que os artigos eléctricos estão completamente desligados antes de sair de casa, no sentido de evitar a ocorrência de incêndios”, apelou o CB.

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hoje macau segunda-feira 21.7.2014 9CHINA

UMA comunicação da Comissão de Saúde Nacional e Planeamen-to Familiar da China revelou

este sábado que foi confirmado na Província de Gansu um caso de peste pneumónica. As informações disponi-bilizadas aos Serviços de Saúde (SS) de Macau dão conta que um homem, com 38 anos de idade, que é pastor,

PELO menos 16 pessoas morreram e mais de

3,3 milhões de indivíduos foram afectados pelas chuvas e ventos fortes à passagem do tufão Ram-masun no sul da China entre sexta-feira e a manhã de domingo.

O tufão, considerado o mais forte registado no sul da China em quatro

BRASIL XI JINPING TRAZ MAIS DE 50 ACORDOS

Apelo tropical

HOMEM MORRE COM PESTE PNEUMÓNICA

Marmota fatal

A visita do Presidente chinês ao Brasil, para participar na VI Cimeira do BRICS, serviu para aprofundar ainda mais as relações entre os dois países, através da assinatura de uma série de protocolos de cooperação em áreas tão diversas como a energia, a educação ou os transportes

a Presidente brasileira afirmou que o investimento chinês no país é “muito bem vindo” e lançou um apelo aos empresários asiáticos para que participem nos empreen-

dimentos nas áreas da energia e infra-estruturas que estão a ser realizados pelo governo brasileiro. “Apresentei ao Presidente Xi as oportunidades que se abrem em licitações nos sectores ferroviário, portuário, aéreo e rodoviário. Aqui as empresas chinesas encontrarão segurança jurídica e um marco regulador estável e também serão muito bem-vindas”, destacou.

Entre os projectos em que o governo brasileiro espera par-ticipação chinesa destaca-se a licitação do trecho 4 da ferrovia transcontinental que liga o Brasil ao Peru, o que ajudará no escoa-mento das exportações brasileiras para o continente asiático, via oceano Pacífico.

Os dois líderes assinaram ainda acordos na área de cultura e edu-cação, que incluem a cooperação para a instalação de um Instituto Confúcio, na Universidade do Pará e a construção de uma “cidade in-teligente e digital”, em Tocantins, a partir de financiamento do Banco de Desenvolvimento da China.

O líder chinês, Xi Jinping, chegou ao Brasil no início da se-mana passada para participar na VI Cimeira do bloco das economias emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que se realizou entre os dias 14 e 16, em Fortaleza e Brasília.

O S governos do Brasil e China assinaram quinta-feira 54 proto-colos de cooperação

em áreas como energia, educação e transportes, incluindo um acordo para a venda de 40 aeronaves e 20 jactos da brasileira Embraer a duas companhias chinesas.

“Recebo o Presidente da Repú-blica Popular da China, Xi Jinping, no ano que marca o 40º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre nossos países e o balanço não poderia ser mais

positivo e o futuro mais promissor”, avaliou a chefe de Estado brasileira, Dilma Rousseff, após o encontro com o seu homólogo chinês.

Entre os documentos assina-dos na quinta-feira estão ainda dois acordos na área de energia, que prevêem a cooperação chine-sa para a construção da linha de transmissão de ultra-alta tensão em Belo Monte, central hidroe-léctrica brasileira em construção no estado do Pará. Na mesma área, foram firmados ainda acor-dos para a cooperação estratégica

Rammasun 16 mortos e mais de três milhões afectados

entre as companhias eléctricas brasileiras Eletrobras e Furnas e a mega central hidroeléctrica chinesa Three Gorges.

Durante o discurso à imprensa,

décadas, assolou dezenas de cidades costeiras da ilha de Hainan e da província de Cantão, assim como da região autónoma de Guangxi.

Segundo as autorida-des chinesas citadas pela agência Efe, sete pessoas morreram em Hainão, onde o tufão tocou terra na sexta-feira proveniente

das Filipinas, e outras nove faleceram em Guangxi no sábado com a tempestade a atingir ventos superiores a 170 quilómetros por hora.

Em Hainão, o Ram-masun destruiu 51 mil casas e 40.600 hectares de plantações, causando prejuízos no valor 4,7 milhões de yuan.

Em Cantão, os prejuí-

zos estão calculados em 247 milhões de yuan.

No total, o Rammasun forçou a retirada de mais de 80 mil pessoas na região, segundo dados oficiais.

O Rammasun causou a morte de 94 pessoas nas Filipinas, de acordo com o mais recente balanço divulgado domingo pelas autoridades locais.

residente da Cidade de Yumen, teve contacto com uma marmota. Na sequência de sintomas de febre e de tosse, o homem recorreu aos serviços clínicos no passado dia 14 de Julho tendo sido submetido a tratamento hospitalar, mas não resistiu.

“Apesar de todos os esforços efectuados pelas equipas médicas acabou por falecer dois dias depois de ter sido internado”, revela um comunicado dos SS.

Após investigação epidemiológi-ca, manifestações clínicas e análise laboratorial foi confirmado a presença da bactéria ‘yersinia pestis identicada’

comummente conhecida como peste pneumónica.

A peste é originada pela yersinia pestis, sendo o período de incubação habitual de dois a quatro dias. Esta doença é caracterizada por febre, arre-pios, cefaleias, mialgias, etc. Atenden-do à elevada mortalidade que a peste pneumática inflige e perigosidade do contacto com roedores pode acarretar os SS alertam a população para que tomem extrema atenção se houver eventuais contactos com este tipo de animais e que de imediato tomem medidas preventivas contactando os serviços de saúde.

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10 hoje macau segunda-feira 21.7.2014EVENTOS

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O LEGADO DE HUMBOLDT • Saul BellowDurante muitos anos, o grande poeta von Humboldt Fleisher e Carlie Citrine, um jovem inflamado pelo amor à literatura, foram os melhores amigos. No momento em que morreu, Humboldt tornara-se pobre, só e um falhado, en-quanto Citrine, por seu turno, também não se encontrava numa fase da vida muito auspiciosa: deixara de progredir na carreira, debatia-se nas malhas de um divórcio litigioso, e vivia um enfatuamento por uma jovem mulher pouco recomendável envolvida com um mafioso neurótico. Eis senão quando Humbold age de além-túmulo, concedendo a Charlie um legado inesperado, que poderá vir a mudar o rumo da sua vida.

A PIADA INFINITA • David Foster WallacePara assinalar e festejar o ano do seu 25º aniversário, a Quetzal publica, em Novembro, um gigante da literatura americana inédito em Portugal e a sua obra-prima: David Foster Wallace e “A Piada Infinita”. Uma comédia colossal, brilhante, sobre a procura da felicidade e todos os males do nosso tempo. David Foster Wallace é considerado um dos maiores escritores norte-americanos da sua geração. Professor universitário, autor de romances, contos e ensaios, destacou-se pelo estilo inovador que mereceu elogios extasiados da crítica e dos seus pares. A escritora Zadie Smith disse que Foster Wallace “é tão moderno que parece habitar um contínuo tempo-espaço diferente do nosso” e para o Sunday Telegraph “ainda não inventaram uma palavra para aquilo que ele faz”.

O Museu de Arte de Macau vai apresentar uma instalação de João Jorge Magalhães, entre 24 de Julho e 31 de Agosto,

no 3º andar do MAM, com entrada livre.Intitulada ‘Tsunami’, a obra pretende

abordar o tema da fome, um problema que, em pleno século XXI, afecta ainda cerca de 842 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Ou seja: uma em cada oito pessoas. Um número que traduz melhorias em relação ao passado, mas que continua a ser inaceitável.

A presente instalação é uma reflexão

sobre o absurdo deste cenário, através da metáfora da água. A escolha da representa-ção de um tsunami – composto por milhares de colheres entrelaçadas – tenta, ao mesmo tempo, dar uma imagem de morte e de espe-rança: a água catastrófica que colhe vidas; e a água onde toda a vida começou, salienta a organização em comunicado.

O trabalho faz parte do programa “Mon-tra de Artes de Macau, lançado em 2012 pelo MAM com o objectivo de promover o desenvolvimento da arte contemporânea em Macau, proporcionando aos artistas locais um espaço e uma plataforma de exibição.

João Jorge Magalhães (SAH) viveu e

estudou em Macau e Portugal, tendo-se licenciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Actual-mente, reside em Macau e é editor gráfico do jornal Macau Daily Times, desde a sua fundação, tendo anteriormente trabalhado – ou colaborado – em diversas produções editoriais ligadas a Macau e Portugal.

Na área artística, tem realizado traba-lhos de ilustração (publicados em jornais e revistas), vídeo, pintura e instalação, participando também em diversas exposi-ções colectivas, tanto em Macau como em Taiwan e Itália (foi um dos representantes de Macau na 54ª Bienal de Veneza).

Arte contemporânea chinesa em MacauAté ao dia 31 de Agosto, o grupo Galaxy apresenta uma mostra de oito artistas contemporâneos chineses intitulada ‘Chinese Contemporary Art of Excellence at Galaxy Macau’. A exposição, que acumula 22 obras, inclui trabalhos de Yue Minjun, Jing Kewen, He Dan, He Sen, Wu Haizhou, Li Chao, Huang Liyan and Liu Yujie e está patente no ‘East Square’ do complexo Galaxy (19 pinturas e duas esculturas) e no Hotel Starworld (uma escultura), entre as 12:00 e as 21:00, com entrada livre. Segundo a organização, muitos destes trabalhos vão ser apresentados ao público pela primeira vez, podendo este apreciar duas pinturas e três esculturas de Yue Minjun, uma colecção de Jing Kewen e duas obras de He Dan, entre outros. Durante a exposição, e de maneira a celebrar a sua realização, diversos bares, restaurantes e cafés do grupo vão ainda apresentar artigos especiais nos seus menus.

Carnes francesas no MGMO restaurante Aux Beaux Arts do MGM vai apresentar uma selecção especial de carnes francesas até ao dia 27 de Julho. Para o efeito, convidou Jacques Dureisseix, do talho ‘Charcuterie Bordelaise’ de Bordéus, França, para apresentar uma variedade de carnes, incluindo gelatinas, paté, ‘foie-gras’ e salsichas no estabelecimento, O menu, composto em colaboração com Margaux Chedhomme, a dona do estabelecimento francês, está disponível entra as 18:00 e as 24:00 e custa entre 288 e 388 patacas por pessoa. Todos os indivíduos empregados pela indústria hoteleira têm direito a um desconto de 30%.

Japão Libertada “artista da vagina”A artista nipónica Megumi Igarashi, conhecida pela “artista da vagina” foi libertada depois de uma semana detida por ter enviado dados que serviam para recriar os seus genitais com uma impressora 3D, revelou a agência Kyodo. O envio deste género de ficheiros poderia violar a lei japonesa que proíbe a distribuição de material “obsceno”. “Foi uma detenção injusta. Não acredito que os meus genitais sejam obscenos”, explicou a artista após a sua libertação. Megumi Igarashi lembrou também que o corpo é seu e não é aceitável que alguém o classifique de algo “obsceno”, salientando também ser essa uma visão masculina. A escultora e ilustradora de 42 anos colocou em marcha uma iniciativa de “crowdfunding” na internet para recolher fundos que permitissem construir um “kayak” onde reproduzia os seus genitais. Aos dadores enviava depois um ficheiro com fotos da vagina e que permitiam a impressão com um aparelho de três dimensões. Mais de 21.000 pessoas assinaram uma petição lançada na ‘rede’ para a libertação da artista.

A fome continua a ser uma das piores pragas que assola o planeta, afectando cerca de 840 milhões de pessoas, segundo os dados da ONU. A instalação de uma em cada oito pessoas pretende chamar a atenção para este flagelo

MAM INSTALAÇÃO DE JOÃO JORGE MAGALHÃES ATÉ FIM DE AGOSTO

Um tsunami contra a fome

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11 eventoshoje macau segunda-feira 21.7.2014

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M ORREU na ma-nhã de sábado o escritor Rubem

Alves, de 80 anos, devido a problemas em vários órgãos. Recorde-se que o Brasil chora ainda a morte de João Ubaldo Ribeiro…

A informação foi con-firmada ao site UOL pela assessoria de imprensa do Hospital Centro Mé-dico de Campinas, onde Rubem Alves estava internado desde o último dia 10 de Julho.

O escritor, psicana-lista, teólogo e educador estava internado nas urgências da unidade hospitalar devido a uma insuficiência respirató-ria provocada por uma pneumonia.

Rubem Alves, com uma bibliografia de mais de 120 títulos, era consi-derado um dos maiores

pensadores contempo-râneos da educação no Brasil.

Como escritor distin-guiu-se pela autoria de diversas obras infantis, como «A volta do pássaro encantado» e «A pipa e a flor» e escreveu ainda sobre teologia, filosofia, educação, além de cró-nicas.

É autor de «Tempus fugit», «O quarto do mistério», «A alegria de ensinar», «Por uma educação romântica» e «Filosofia da ciência».

Num texto biográfico do seu site oficial, citado pela Globo, escreveu também um trecho sobre a morte em que dizia: «Eu achava que a religião não era para garantir o céu depois da morte, mas para tornar esse mundo melhor, enquanto esta-mos vivos».

Livro “A Study on the Reformof the Land Law of Macau”

MAM INSTALAÇÃO DE JOÃO JORGE MAGALHÃES ATÉ FIM DE AGOSTO

Um tsunami contra a fome

BRASIL PERDE OUTRO GRANDE NOME DA LITERATURA

O filósofo da educação FOI na semana passada apresentado o livro “A

Study on the Reform of the Land Law of Macau”, da autoria do Chan Ka Fai. A obra, integrada na “Colecção de Estudos de Macau”, foi editada pela Social Science Academic Press (China) e pela Fun-dação Macau e publicada em simultâneo na China e na RAEM.

Nela o autor, partindo da reforma jurídica reali-zada em Macau, faz uma análise sobre o regime ju-rídico das terras de Macau em vigor.

Macau é uma cida-de pequena com muitos habitantes, pelo que foi necessário realizar várias obras de aterro para fazer face à procura cada vez mais intensa de terrenos para construção. Como se sabe, os recursos do solo existentes em Macau são muito limitados e, face ao desenvolvimento

acelerado da economia e da sociedade de Macau, este assunto tem merecido a atenção da população de forma a encontrar as soluções mais adequadas para responder às suas necessidades concretas, adianta o comunicado de imprensa.

O regime jurídico sobre a utilização do solo de Macau entrou em vigor há vários anos e nunca teve alterações relevantes, o que tornou difícil acompanhar o desenvolvimento da RAEM. Assim, o Governo publicou a Lei n.º 10/2013 (Lei das Terras) no ano passado, para alcançar uma gestão correcta e transparente das terras de Macau, salienta ainda o comunicado.

O livro agora editado, composto por oito capítu-los, tem por base a disser-tação de doutoramento do autor, devidamente revista e actualizada.

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12 hoje macau segunda-feira 21.7.2014

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AS próximo oriente Hugo Pinto

“O que faz uma unidade de investigação com 7500 euros por ano? ‘Nada’, diz a directora do Centro

de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, Cristina Pimentel. Este foi um dos centros que, na última avaliação da Fun-dação para a Ciência e a Tecnologia, viu o financiamento descer. Também o Cen-tro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, com 15 mil euros anuais, só vai poder comprar livros e manter as revistas. ‘É toda uma área de investigação que desaparece. Havendo dois centros nestas circunstâncias, é aca-bar com a investigação em estudos clás-sicos em Portugal. Acabou. Ponto final’”.

Foi esta odisseia de fatalidades, uma espécie de epopeia ao contrário, sem as-suntos ou acontecimentos grandiosos, que o jornal Público narrou este fim-de--semana, depois de conhecidos os resul-tados da avaliação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia de que dependem os apoios para a investigação académica.

Além de terem sido decididas por uma equipa em que não havia um único espe-cialista de Clássicas, as avaliações que sen-tenciaram a actividade dos Estudos Clássi-cos portugueses foram feitas de modo não presencial, isto é, à distância. Uma vez que no conjunto que atribuiu as classificações havia escandinavos, ingleses e irlandeses, é de supor que além de desconhecerem as condições no terreno de que dispõem os investigadores, os “peritos” também co-nheciam mal o próprio país.

Com as notas a descerem para “Bom”, os orçamentos sofreram reduções drásti-cas – de 40 mil euros para 7500, em Lis-boa, e de 160 mil para 15 mil, em Coim-bra, ficando “em causa a maioria dos pro-jectos destes centros”.

Entre os trabalhos afectados estão o de Frederico Lourenço, o helenista a quem Portugal deve o facto de ter deixado de ser talvez o único país da Europa sem uma tradução da “Odisseia”, de Homero, devi-damente actualizada e feita directamente do grego. Por fazer ficam as traduções que havia do grego e do latim, mas também se comprometem áreas de investigação que vão da filosofia à história da ciência. En-tre os projectos impossibilitados de serem concluídos estão, ainda, a tradução e pu-blicação de manuscritos inéditos de mis-sionários portugueses na China e em Goa.

E isto num país que, há dias, assistiu pela

A TRAGÉDIA DE NÃO SABERO QUE É UMA TRAGÉDIA

“EM PORTUGAL, ONDE O PASSADO ESTÁ SEMPRE A

VOLTAR PARA ATORMENTAR O PRESENTE E ENSOMBRAR

O FUTURO, DEVIA-SE SABER POR ESTA ALTURA QUE A

HISTÓRIA É UMA FONTE DE CONHECIMENTO...”

televisão, em directo, à trasladação para o Panteão Nacional de Sophia de Mello Brey-ner Andresen, poeta fortemente influencia-da pela cultura clássica que estudou na uni-versidade e que foi marca de água do seu trabalho. Isto num país que, como nunca se cansam de repetir os guardiões do regime, certamente ávidos consumidores de decas-sílabos, escolheu para dia nacional o dia da morte do seu “maior poeta”, e o mesmo país que, há menos de um mês, celebrou ufano “800 anos de língua portuguesa”, “uma das mais importantes línguas globais contem-porâneas e com mais elevado potencial pre-sente e futuro”, dizia José Ribeiro e Castro, político do CDS, para defender o que todos deveríamos fazer: “comemorarmos, feste-jarmos e projectarmos mais a nossa língua portuguesa, estimarmos mais o português, ganharmos mais forte consciência do fabu-loso recurso global que é”.

É o discurso a que nenhum responsá-vel político português resiste. Em Macau,

o último foi Cavaco Silva. De passagem pelo território, em cada aparição pública o presidente não perdeu oportunidade para destacar que o português é a “língua mais falada em todo o hemisfério sul”, emocionar-se ao ouvir crianças chinesas falarem português e, quiçá, também ao escutar os empresários que lhe reconhe-ceram que “é cada vez mais importante no mundo dos negócios falar português”.

Talvez a miopia em relação ao pas-sado ajude a perceber melhor como sur-gem estas iluminadas visões de futuro que nunca se cumprem, construídas com ge-nerosas quantidades de crendices, mitos e ignorâncias várias.

Era de esperar mais. Em Portugal, onde o passado está sempre a voltar para ator-mentar o presente e ensombrar o futuro, devia-se saber por esta altura que a Histó-ria é uma fonte de conhecimento, mas não é inesgotável, como o país se prepara para sentir de forma trágica. Sem o saber.

FRAN

CESC

O HA

YEZ,

DEM

ÓDOC

O

Page 13: Hoje Macau 21 JUL 2014 #3135

13 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 21.7.2014

Carlos Morais José

A TAÇA DE JAMSHID

Terá sido nas ruínas desta cidade que, algures num passado fértil, um predes-tinado encontrou a taça onde se reflec-tiam os sete céus e o mundo.

Ahura Mazda empurrara o orgulhoso anjo e, durante a queda, uma esmeralda de saber irradiante desprendeu-se da sua testa. Desta luminosa pedra terá sido es-culpida a santa taça, que o Altíssimo atri-buiu a Jamshid. Depois veio o Dilúvio e a Arca, que aportou ao monte Ararat.

Arrasto os pés pela poeira recente, sob o ínclito sol, e reparo no desleixo dos clérigos de hoje, ciumentos da História, das mulheres e dos outros deuses.

São gente de um só volume. Estiveram em Alexandria, em Berlim e cantaram louvaminhas na Grande Muralha de Qin Huangdi, enquanto os livros ardiam. A seus pés repousam milhares de cadáveres e as loucas inca-pazes de se render às virtudes.

PERSEPÓLIS*De bom grado comeria as cinzas

desses livros e para beber: recito baixo os aforismos do Avesta, versículos da Bíblia e os ditames do Corão.

Ninguém das minhas relações be-beu da taça de Jamshid.

Cada interdito pressupõe, nas sombras da negação, uma beleza que assusta e, nas suas entrelinhas, um povo resiste e luta.

DARIO

Triste é o caminho, sombria a fonte de onde brotei para abraçar este império, que me deixei roubar.

Se o improvável te alcançar, não morras a minha inglória morte. Veste o traje do peregrino e lamenta silente a delicadeza excessiva.

Fui rei do mundo, subjuguei aldeias e cidades, tive escravos e riquezas dos reinos e das fronteiras, mas por fim só o nome me apoquentava ou assim meu pai me ensinara.

Esqueci a mentira essencial e quem era na lâmina de um traidor.

Do outro lado havia apenas o futuro.

PORTA DE TODOS OS POVOS

Aqui venho com meu óbolo pela vida. Vejo homens que não são como eu,

mas a quem adivinho família e pressin-to o mesmo medo.

É cedo para entrar. Por mim, be-beria um chá neste tapete. Mais tarde entregá-lo-ei ao Persa.

Verei o esplendor da cidade como os outros. Dizem-nos iguais.

O TOURO E O LEÃO

Quando a fera, num ímpeto de ins-tante, abocanha e desenha caligrafias novíssimas no dorso, aparentemente a besta aponta o céu, cascos traseiros bem fincados na terra ainda mole.

O touro não se agachará e o leão

“ARRASTO OS PÉS PELA

POEIRA RECENTE, SOB

O ÍNCLITO SOL, E

REPARO NO DESLEIXO

DOS CLÉRIGOS DE

HOJE, CIUMENTOS

DA HISTÓRIA, DAS

MULHERES E DOS

OUTROS DEUSES.”

não lhe largará o pescoço. E assim, en-tre a rixa e o cansaço, ainda permane-cem, sob os nossos narizes, oculares, orelhas, papilas, dedos.

Os mestres do espaço franqueiam a soturna eternidade e o leão edita:

“Espero-te nalgum lugar e algures te acharei. Não há gruta que te oculte, nem amor te sal-vará”.

Como o imenso touro fraqueja...Que hei-de eu fazer, que hei-de eu di-zer, na minha hora?

ALEXANDRE

O meu desejo uniu o mundo mas não sei o que fazer com ele. Embriago-me do vinho destas terras, conquistadas sem remissão. Em meu redor tudo se inflama e mulheres vergam aquiescên-cias a meus pés.

Estiquei a corda ao absurdo e ela não se partiu. Fui eu mesmo, desfeitas as ilusórias contas, quem incendiou este palácio porque a meu pai, se o sou-besse, assim lhe agradaria.

Nessa longa noite, nas labaredas ardi para descobrir que definitivamen-te me privara do sossego. Rejubilei na sensação. As cidades e todos os ho-mens, para sempre e em toda a parte, arderão comigo.

*

Aqui também terminara o tempo ou as-sim se lia nos éditos, mas a vaidade é traiçoeira.

Da desmesura e do tédio ao clínico deserto.

O fragor dos tempos ensurdece. Foram derrubadas as colunas. — Onde me posso proteger? — Onde quiser perder a liberdade.

*in Anastasis, COD, 2013

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hoje macau segunda-feira 21.7.201414 h

APÁTRIDA, DE ISABEL MOREIRA

António ArAújoIN MALOMIL

A PÁTRIDA – O que é a pátria de cada um?, de  Isabel Moreira, é    um livro que prolonga e aprofunda temáticas obsessi-

vas, quase fetichistas, e tópicos discursi-vos que caracterizam desde há muito a obra desta autora. Além dos sucessos de vendas Correspondência Comercial e A Excelên-cia no Atendimento, até agora Isabel Moreira publicara três livros: o solitário Pessoas só, seguido do palavroso Quando uma palavra não basta(«candidato ao prémio Sarama-go») e depois 160 páginas de  Ansiedade. Este é o quarto.

Segundo a nota biográfica constante desta sua nova obra, Isabel Alves Morei-ra nasceu há já 37 anos e, de momento, possui o grau académico «admitida a doutoramento» na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. É deputada e advogada por conta própria, tendo várias publicações técnicas na área do Direito Constitucional. A sua restante obra fic-cional caracteriza-se pela «indefinição de género», refere a nota biográfica.  

Ao utilizar o conceito de apátridia como tema/mote deste novo livro, Isabel Moreira convoca a um tempo a sua formação de jusconstitucionalista de projecção nacional e a sua trajectória íntima também de projecção nacional.  Apátri-da, na verdade,  é indissociável de um périplo de vida marcado pelo sofrimento da distância em face da pátria de origem. A autora nasceu no país-irmão (o Brasil), a 2 de Abril de 1976 e, de acordo com a sua biografia divulgada na página oficial do Parlamento, concluiu com aproveita-mento o 1º, o 2º e o 3º ciclos, o ensino secundário, a licenciatura em Direito e o mestrado em Direito Constitucional, na vertente de Direitos Fundamentais. A experiência do exílio, ademais motivado pela marca de brasa de um regime tirâ-nico, governado por elites opressoras e moralmente corruptas, adensa a carga  − ou descarga −    autobiográfica da obra, convertendo este livro, texto indefinível, também em testemunho cívico e grito de rebeldia contra todas as formas de dita-dura.   

Isabel de Lima Mayer Alves Moreira transporta consigo a convicção hippy chic de que ser escritor é escrever palavras, mesmo que com erros de ortografia. Articulando a  literatura da abjecção  e a tentativa frustrada de se configurar como  escritora maldita, a autora explora as margens, levando esse absoluto des-bordamento muito para lá de todas as fronteiras, sobretudo as do bom senso. Numa escrita de/em vertigem, em pulsão dilacerada e, acima de tudo, dilacerante (para os leitores), o livro insere-se muito

bem, todo ele, no perímetro da imbecili-dade literária e aí permanece quietinho, indecifrável e ofegante. Através de muitas palavras, agrupadas de forma deliberada-mente desconexa, o projecto perturbante e petulante de Isabel Moreira, raiando o suicidário, fá-la mergulhar, com seus de-mónios privados e de estimação (por ex., «o demónio do asfalto» − pág. 27), nos abismos de uma insanidade que se suspei-ta teatralizada. Situa-se na margem, ou na encenação desta. Em todo o caso, é sem-pre a partir do centro, e do seu conforto, que a autora se projecta para a margem. Apátrida  apresenta-se, pois, como uma convenção ficcionada em estilo abdomi-nal, que a Wook entrega ao domicílio dos leitores por uns razoáveis € 10,98, mais portes de envio.  

O ponto de chegada deste vórtice vo-cabular é a margem, a periferia da sanida-de, mas, insiste-se, a sua raiz é o centro, um lugar cómodo, bem servido de trans-portes de toda a espécie. Isabel Moreira procura-se e acha-se no centro, por ra-zões familiares involuntárias (origens na alta burguesia lisboeta; pai ministro de Salazar), mas também por uma demanda que, de forma radicalmente certeira, intui sempre a melhor via da sua própria inter-venção (carreira académica convencio-nal, ainda que abruptamente terminada em 2009; grupo parlamentar do Partido Socialista). Há um sagaz oportunismo na escolha destes territórios significan-tes e é essa subtilíssima estratégia retóri-ca, mas também imagética, que permite à autora direccionar-se e posicionar-se para as margens – e ultrapassá-las para lá do limiar da inteligibilidade (pág. 35: «o gajo não sabe um cu do que se passa»). O centro constitui assim o ponto ou orifí-cio («um buraco diferente» − pág. 25) de irradiação de uma marginalidade que, na representação da narradora/poeta/consti-tucionalista, se configura como impositi-va e compulsória, até traquina. Mais ou menos como as crianças que dizem «xixi» e «cocó» e julgam ter feito uma grande malandrice,  sufocando o riso por temor à palmadita iminente. Em troca, recebem apenas um calduço ligeiro e condescen-dente, enquanto os adultos em seu redor sorriem com bonomia, sussurrando entre si que o petiz até já vocaliza bem os dis-sílabos. Em Apátrida, a pauta é escabrosa, mas conformista e previsível. A autora, coitadita, esbraceja alguns substantivos e mesmo advérbios, na vã tentativa de ser «profunda» e escrever «literatura». Porém, não alcança mais do que o con-fessionalismo típico de um diário íntimo de uma adolescente de Telheiras. Julga-se provocatória, mas, no fundo, cumpre à

risca as injunções do tipo de escrita que artificialmente cultiva. Crê-se rebelde, quando, na realidade, é obediente e be-tinha, fazendo a trote ou a galope tudo aquilo que dela se espera. Aliás, daqui não se espera muito. Apátrida é tão original e surpreendente como uma marquise de alumínio.  

O campo semântico desta hemor-ragia emocional encontra-se logo de-finido na página 33, onde o autorita-rismo é metonimicamente denunciado através da transnomição onomatopaica «chiiiiiiiiiiiiiiiiiiu» (pág. 33, prorrogado no «cala as minhas esplanadas» da pág. 51, e no ritmado «clique, clique, clique» da pág. 47). Apátrida assume-se como obra de continuidade, mas também de ruptura e em ruptura, numa incessante busca homicida, presente no projecto assassino de «matar o bailado dos qualificativos» (pág. 11). Melhor dizendo,  Apátrida  foi construída, por um empreiteiro de Alver-ca, em permanente disforia e completa transgressão de todos os cânones. No jor-nal  Público/Ípsilon, de 30.05.2014, Maria da Conceição Caleiro caracterizou Apá-trida como «um belo e doloroso livro, de recepção quase física», conferindo-lhe

justissimamente a pontuação astrológica de quatro estrelas e um cometa («um li-vro surpreendente e dos mais interessan-tes que se publicaram em Portugal nos últimos tempos»). Na verdade, o texto é alvo de uma recepção física, a que de imediato se segue a regurgitação, também física e biliar («vou vomitar» − pág. 40; «o meu umbigo vomitado numa noite aterradora» − pág. 32; «talvez nesse dia ausente tenha / entrado em sua casa e am-parasse / o vómito» − pág. 40; «esmurra o vomitado nas casas de banho» − pág. 34). Notamos, a espaços, o eco de uma certa pecuária do desalento.

Trata-se, inquestionavelmente, de uma obra de abordagem dorida, mesmo peno-sa, um cálculo renal literário. Maria da Conceição Caleiro concluiu a sua recen-são interrogando-se sobre o ponto-chave, a questão crucial: «É quase indecidível se o não-alinhamento à direita do texto é in-tencional ou descuido editorial».

O problema do não-alinhamento à direita do texto afigura-se, de facto, absolutamente nuclear para compreendermos a economia narrativa deste  Apátrida, quer enquanto livro-ob-jecto, quer na dimensão de objecto-livro.

“ARTICULANDO A LITERATURA DA ABJECÇÃO E

A TENTATIVA FRUSTRADA DE SE CONFIGURAR

COMO ESCRITORA MALDITA, A AUTORA EXPLORA

AS MARGENS, LEVANDO ESSE ABSOLUTO

DESBORDAMENTO MUITO PARA LÁ DE TODAS AS

FRONTEIRAS, SOBRETUDO AS DO BOM SENSO”

Page 15: Hoje Macau 21 JUL 2014 #3135

15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 21.7.2014

A teoria do descuido editorialista encontra-se refém dos seus próprios postulados. Ao invés, a  tese intencionalista  tem apoio no percurso público da autora, que vem confirmando uma postura política, mas sobretudo ética, de rejeição estridente do alinhamento à direita, em confronto furioso, mas nem sempre coerente, com o fascismo das consciências e dos afectos, outrora presente em instituições sinistras como a PIDE ou o campo de concentração do Chão Bom do Tarrafal (reaberto por portaria ministerial de 17 de Junho de 1961).   

É também nesse contexto transgressor da «ordem» que deve ser situada a existência de erros de ortografia, que Maria da Conceição Caleiro atribui a uma deficiência de revisão editorial («talvez se justificasse uma revisão que eliminasse os erros de ortografia»). É certo que o livro diz «externo» em lugar de «esterno» e «gim» em vez de «gin», mas tudo isto, entre pecadilhos do mesmo calibre, decorre da intenção de subverter a norma, instaurando, em seu lugar, uma gramática alternativa e caótica, mais próxima da autenticidade demencial da vida, de uma existência atravessada em cambiantes de tal forma sofridos e pavorosos que não se coadunam com as mais elementares regras de escrita.     

As razões dos erros ortográficos de Apátrida, ao invés de serem atribuídas a um desleixo do pobre revisor tipográ-fico, como sustenta Maria da Conceição Caleiro, deverão buscar-se, porventura, quer nas deficiências da formação bási-ca da autora, processada em retrógrados colégios de freiras, quer à sua proposta transgressiva de desconstrução de todas as convenções burguesas. Já a indescul-pável ausência, também apontada por Maria  da Conceição  Caleiro, de «uma folhinha final antes da capa», encontra explicação plausível no actual contex-to de crise económico-financeira e do PAEFF mas também, ousamos dizê-lo, ao propósito implícito de assinalar que esta é uma obra sempre inacabada, eterna e internamente aberta a todas as recepções que, como se referiu, são dominantemen-te físicas e, nesse âmbito, eminentemente corpóreas. A abertura e a recepção, físi-cas e corpóreas, são totais e vorazmente carnívoras, ávidas da plenitude dos senti-dos, num experimentalismo sucessivo, às vezes múltiplo, e sempre infindo. Enquanto houver portugueses…

Se, como assinala a ex-ministra e pianista Gabriela Canavilhas na contracapa do livro, «Isabel Moreira não pára de surpreender», é também um facto que existe uma linha de continuidade temática e estilística, substantiva e formal, numa obra vulcânica, sulfurosa, que surge caracterizada por uma cadência torrencial de palavras, aluvião semântico de frases despojadas de sentido que obrigam o leitor a reencontrar-se, mesmo que a muito esforço e sem sucesso algum, com uma textura linguística impermeável à compreensão. Nesse sentido,  Apátrida  é também uma obra de resistência (talvez melhor, de re-sistência ou mesmo de re-sis-tência), que apela à desistência

(de-sistência) do leitor, impedindo, de forma militante e raivosa, a descoberta de um qualquer sentido no arrazoado de caracteres que Isabel Moreira despejou às noites sobre um écran em branco.

O corpo e as suas excrescências regulares são centrais neste universo efervescente de delírio condoído e moído, patente logo na página 8, e na referência dela constante a um «estrume de dor». Estrume de dor constitui-se como metáfora e síntese perfeitas destas 104 páginas, impressas na Bloco Gráfico, Lda. (à Maia). 

Menos apreensíveis, porque reme-tendo para um âmbito mais íntimo ainda que exposto sem pudores nem tabus, se afiguram alusões de tipo confessional, tais como: «estou peganhenta» (pág. 12), «fumei três ganzas e bebi uma garrafa de vinho tinto» (pág. 38), «fui a um bar e comi coisas verdes» (pág. 39), o assaz enigmático «e tal e tal e o caralho» (pág. 15) ou o nauseabundo «dói-me o útero / e de repente tudo cheira mal,» (pág. 19), e ainda «o meu útero, desde então, gentil-mente destruído» (pág. 67), a que se po-deriam acrescentar, em momentos mais dinâmicos e alvoroçados, «aquele entra e sai ritmado, gramatical,» (pág. 19), o «tirando três dedos femininos de dentro dela» (pág. 41) ou, numa aproximação mais esclarecida e penetrante, «metendo o que pode no que vai dar a umas trompas laqueadas» (pág. 41). Retenha-se ainda o trecho central da página 77, em torno do qual gravitam diversos eixos narrativos:

«tantos gajos, mães, eu tão bêbeda,meticulosa, um a um, odor a odor, nospescoços, nas virilhas, nos cus, ondefosse, respirar gajo a gajo à procura deum cheiro familiarfamiliarnós»Estas imagens, muito tributárias de

uma herança democrata-cristã que com-bina bem a Rerum Novarum e o Moleskine, desaguam, enfim, «num charco, um charco de esperma a tapar a primeira marca de ter sido mãe» (pág. 33). No fim, a pestilência letal: «morro a procurar o teu cheiro em duas ancas» (pág. 74). Isabel Moreira transfere a mecânica de autoflagelação presente noutros momentos da sua obra (recorde-se o arrepiante «esfregar urtigas no sexo», do blogue  «Consolação», texto de 2010) para uma pulsão castigadora da lucidez do seu público. A comunidade, já vasta, dos seus leitores e admiradores não gostará de ver que, em apenas duas páginas (pp. 42-43), esta «menina-lobo que uiva culpas» começa por se alimentar frugalmente («comeu uma colherada de batatas» − pág. 42) para, logo a seguir, ser alvo de uma bárbara agressão («a menina leva um estalo na cara» − pág. 43), agravada pela obrigatoriedade de proceder a serviços de limpeza doméstica numa posição desconfortável («eu de mãos atadas nas costas a lamber o chão.» − pág. 53). Note-se, em todo o caso, que este trabalho linguístico foi objecto da justa e devida remuneração pecuniária («o amigo que me enfiava uma nota no sexo» − pág. 53). Encontramo-nos, portanto, fora do

âmbito da «unilateralidade sem dolo» que a autora denuncia na página 68. 

No  corpus  literário que agora celebra com desnudada e espumante exuberância, a autora debate-se entre «a gaveta mortuária das palavras» (pág. 11) e a «desistência das palavras» (pág. 23), optando por um acto de não-desistência, pelo que este livro, livro-em-devir  (work in progress), é também promessa, ou amea-ça, de que outras obras virão, assim haja vida e saúde e nós cá todos a ver.

talvez não seja. Ou talvez seja. O ponto é de todo em todo irrelevante e secundá-rio para a percepção do sentido global de uma obra de várias espessuras e tessituras em que nada do que lá está é o que parece, pois nada se conjuga com nada, excepto a presunção de Isabel Moreira de que es-creveu literatura e a convicção da Temas e Debates de que um livro de alguém que vai muito ao Prós e Contras sempre venderá alguma coisinha.

A metamorfose corpórea e a distorção anatómica são expedientes que transportam o leitor para um não-lugar (o não-lugar da ausência), em que a percepção do que se lê é severamente punida pela hegemonia, quase tirânica, da  escanzelada sofreguidão  de Isabel Moreira em colocar palavras atrás de palavras, limitando a isso o seu gesto criativo, ou seja, rasurando a intervenção dos códigos inibidores da pura dejecção verbal. Enquanto houver um teclado e um portátil com bateria, teremos golfadas de angústia. É sob esta perspectiva, a perspectiva baconiana da distorção anatómica, que devem ser compreendidas, por exemplo, as referências a «um intestino prolongado pela garganta», constante da página 44, e a um «útero invertido», da página 48. Ou, mais gastronomicamente, um dos muitos trechos Maddie MacCann de Apátrida: «− Onde está o meu pai? Eis a pergunta que lhe come a pálpebras enquanto mastiga lombo de vaca e lágrimas de desapareci-mento do pai.» (pág. 46).

         A insalubridade vivencial é exaltada de modo mais lateral do que noutras obras de Isabel Moreira, estando, ainda assim, presente de forma visível, apesar de fugaz. O exercício físico, por exemplo, encontra-se limitado ao encaixe carnal de exclusivo fito orgásmico, erradicando-se por via político-administrativa práticas como o badminton e o ténis de mesa, até porque, como bem sabeis, «quem faz muito desporto demora a vir-se» (pág. 49). Ainda que catártica, esta focalização do trabalho dos corpos na ginástica sexuada («morde-lhe as mamas» − pág. 52) é susceptível de gerar equívocos e até algumas frustrações, nomeadamente quando um dos interlocutores não se mostra à altura das viscerais exigências («− és uma puta velha que não faz um homem vir-se.» − pág. 49). No limite, «− assim dói» (pág. 48), tanto mais que, numa evocação críptica de Bertolucci, se confessa: «eu também não gosto de manteiga» (pág. 23; itálico no original).

  A violência, extrema e arrebatada, é resultado, mas também reverso, da ausência de pátria, dessa  a-patri-dia existencial personificada na presença tão ansiada quanto intermitente do pai/pau, tal como apreendemos o sentido do diálogo da página 70:

«− quem és tu, pai? − disseste pai?− não, disse pau.»Jurista-constitucionalista, Isabel Mo-

reira aprofunda em Apátrida temas presen-tes na sua já apreciável obra, produzindo um livro que se lê num fôlego sobretudo quando está fechado.

“ISABEL MOREIRA

APROFUNDA

EM APÁTRIDA TEMAS

PRESENTES NA SUA

JÁ APRECIÁVEL OBRA,

PRODUZINDO UM LIVRO

QUE SE LÊ NUM FÔLEGO

SOBRETUDO QUANDO

ESTÁ FECHADO”

A este propósito do ver/não-ver, sublinhe-se que a visualidade é patente nos constantes (des)encontros desta obra com a recusa de qualquer pragmatismo, num escrutínio minucioso, quase espe-leológico, da ontologia do Ser (o Sein, à Morais Soares, nº 14, c/v). É dessa inqui-rição cruciante que Isabel Moreira extrai um dos tópicos mais densos e recorrentes do seu trabalho: deus, um gajo sempre grafado com minúscula. Em metafísico diálogo com um Criador implacável e severíssimo, de matriz conservadora e vetero testamentária, Apátrida imprime à abordagem do divino um sentido agreste de permanente impugnação e desafio, nas franjas da apostasia. Os dispositivos são vários: árvores «tão altas que esmurram deus» (pág. 22), «o choro inútil de deus» (pág. 27), «deus a dar cabo de tudo» (pág. 32), «a cegueira de um tiro de deus amarelo ao máximo ao nosso encontro» (pág. 28, bisando a pág. 102 com «a cegueira de um tiro de deus amarelo máximo ao nosso encontro»). O mais conseguido de todos ocorre sob condições meteorológicas algo adversas, com «deus a mijar-se de medo pelas pernas abaixo naquele temporal» (pág. 98).

Neste cruzamento improvável, qua-se choque frontal, entre a inspiração tu-telar de Rui Nunes e o ferrete freudiano do doutor Alves Moreira, a autora adere plenamente ao cáustico, mas na versão Primavera/Verão 2014. Na página 41, aparece inopinadamente um cigano com uns trocos no bolso, que pergunta à pla-teia: «− posso levar um bacano?». Podes.        

Quase no final do livro, após co-nhecermos uma «manicura perdida no cabeleireiro de algés» (pág. 73), somos surpreendidos por aquilo que parece ser um acidente rodoviário, mas, vendo bem,

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16 DESPORTO hoje macau segunda-feira 21.7.2014

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F RENTE ao Estoril, en-quanto esteve em cam-po, Talisca foi o homem escolhido por Jorge

Jesus para marcar os livres e os cantos. Este decisão de JJ é totalmente apoiada por Joel Santana, técnico que orientou o brasileiro no Bahia.

“O Talisca é um jogador que faz a diferença na grande área e a marcar os livres. Tem um remate muito forte e colo-cado nos livres directos, mas também cruza de forma tensa para os companheiros”, reco-nhece o experiente técnico, que voltou a destacar o faro de golo do antigo pupilo: “Ele é muito alto, por isso torna-se muito di-fícil à defesa adversária anulá--lo. Seja a marcar os livres ou a finalizá-los, o Talisca é sempre uma mais-valia.”

Aos 20 anos, Talisca está longe da família pela primeira vez, uma situação que pode afectar o jogador. Para evitar esta situação, Joel Santana

Hóquei Portugal empata com Espanha e oferece título à ItáliaPortugal empatou este sábado com a Espanha a seis golos, em Alcobendas, na última jornada do Campeonato da Europa de Hóquei em Patins. A Selecção Nacional ofereceu assim o título à Itália, que não festejava há 24 anos. O triunfo frente à Roja esteve perto de acontecer, algo que não é conseguido há 16 anos, uma vez que Portugal esteve por três vezes a vencer por dois golos de diferença. A equipa de Luis Sénica termina na terceira posição. A Alemanha em quarto. É o terceiro título italiano.

William Carvalho No topo da lista do Manchester UnitedO Manchester United determinou que William Carvalho continua a ser um reforço prioritário e tem o aval de Louis van Gaal para avançar para a contratação do médio defensivo do Sporting, segundo o jornal britânico “Daily Express”. Ao contrário de Bastian Schweinsteiger (Bayern Munique) ou Arturo Vidal (Juventus), William Carvalho é visto pelo treinador holandês, e pelos responsáveis do clube inglês, como um investimento muito rentável, pois é mais jovem e tem uma margem de progressão enorme. Recorde-se que o Sporting não aceita negociar William Carvalho abaixo da cláusula de rescisão de 45 milhões de euros - forma a receber o máximo possível pelo médio, uma vez que só detém 60 por cento do passe -, tendo já rejeitado propostas na casa dos 30 milhões.

JOEL SANTANA «TALISCA FAZ A DIFERENÇA NA GRANDE ÁREA E A MARCAR LIVRES»

A fazer de Enzo Pérez

aconselha que o Benfica dê algum apoio ao jovem na fase inicial.

“O Talisca é um jovem sim-ples que vem de uma família modesta. Para vingar precisa

de apoio psicológico nesta primeira fase”, reconhece o técnico, lembrando algumas dificuldades passadas pelo jovem no Brasil: “Apesar não ter uma torcida tão grande

como o Benfica, no Bahia os adeptos são muito exigentes. Quando era assobiado pelos seus próprios torcedores o Talisca sentia muito isso e tinha dificuldade em reagir.”

Page 17: Hoje Macau 21 JUL 2014 #3135

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 26 MAX 32 HUM 70-95% • EURO 10.8 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 21 DE JULHO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau segunda-feira 21.7.2014 (F)UTILIDADES 17

H O J E H Á F I L M EDUELO DE TITÃS

(JERRY BUCKHEIMER, 2000)

O racismo nunca deixará de ser um tema actual. ‘Duelo de Titãs’, no original ‘Remember the Titans’ retrata a história um técnico de futebol americano negro que enfrenta um grupo de atletas dividido pelo pre-conceito. Ultrapassando várias barreiras raciais, Herman Boone, inter-pretado por Denzel Washington, contudo, enfrenta o mundo pela sua equipa. A evolução humana, a quebra das correntes sociais e a abertura de mente são retratadas de uma forma clara e brilhante. Um exemplo para todos. - Hoje Macau

C I N E M ACineteatro

SALA 1DAWN OF THE PLANET OF THE APES [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel14.30, 16.45, 21,30

DAWN OF THE PLANET OF THE APES [3D] [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel19.15

SALA 2DELIVER US FROM EVIL [B]Um filme de: Scott DerricksonCom: Eris Bana, Edgar Ramirez, Olivia Munn, Sean Harris14.30, 19.15, 21.30

THE TALE OFTHE PRINCESS KAGUYA [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Isao Takahata16.45

SALA 3HUNGRY GHOST RITUAL [C]Um filme de: Nick CheungCom: Nick Cheung, Annie Liu, Carrie Ng14.30, 16.00, 17.30, 21.30

THE TALE OFTHE PRINCESS KAGUYA [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Isao Takahata19.00

DAWN OF THE PLANET OF THE APES

João Corvo fonte da inveja

O tempo só existe quando nos separa.

Nasce Ernest Hemingway, membro da ‘geração perdida’• A 21 de Julho de 1899, nasce em Oak Park, nos EUA, Ernest Miller Hemingway, um dos maiores escritores da história da Literatura, que decide morrer aos 61 anos. Hoje é dia de recordar Hemingway, que nasceu a 21 de Julho de 1899. Fazia parte de um grupo de escritores expatriados, conhecida como “a geração perdida”. Foi repórter do jornal North American Newspaper Alliance e trabalhou como cor-respondente em Madrid, durante a Guerra Civil Espanhola (1937), o que o inspirou para uma das suas maiores obras: ‘Por Quem os Sinos Dobram’.Esta experiência na capital espanhola levou a que a vida e obra de Hemingway tivessem uma forte ligação com Espanha, onde viveu durante quatro anos – um período curto, mas extremamente marcante para o norte-americano, que criou laços com a cultura e o povo espanhóis, aliando-se às forças republicanas contra o fascismo.Depois da II Guerra Mundial, Ernest Hemingway instala-se em Cuba e no ano de 1952 publica o livro ‘O Velho e o Mar’, obra--prima graças à qual conquista o Prémio Pulitzer (1953). Viria a ser também laureado com o Nobel de Literatura em 1954. O escritor norte-americano viveu cerca de 20 anos em Cuba.Durante toda a vida, Ernest Hemingway abordou a temática do suicídio – quer nos livros, apontamentos, cartas ou até em desabafos com amigos. O seu pai suicidara-se em 1929, devido a problemas financeiros e de saúde, o que marcou profundamente o escritor.A mãe enviou-lhe, por correio, a pistola com a qual o pai se matara, o que surpreendeu Hemingway, que interpretou aquele acto como uma lembrança sórdida de uma mãe dominadora e insensível, ou um ‘convite’ a que o próprio filho reeditasse a tragédia. Certo é que, aos 61 anos, perante graves problemas de depressão, hipertensão, diabetes e lapsos de memória, Hemingway decide morrer.A 2 de Julho de 1961, em Ketchum (EUA), dispara um tiro fatal.

A vizinhaA minha vizinha mudou de casa. Um dia arrumou as coisas e não mais voltou. O porteiro disse que o senhorio “subiu muito a renda”. A minha vizinha é linda. Cheirava a sol e enchia os meus dias todas as manhãs na nossa viagem de elevador partilhada. Seis andares para lhe dizer tudo o que pudesse... silêncio. Nunca passámos o silêncio.Os capitalistas roubaram-me a vizinha. A ganância do querer ter mais e conseguir. Sim, porque conseguem sempre. Mataram um amor que ainda não nascera. Raparam-me o cheiro a banho fresco pela manhã, a mistura de amêndoa, mel e raspa de jasmim. Apagaram a esperança de uns miaus partilhados, um pedido de sal ou quem sabe uma garrafa de vinho ou um latita a dois. Os senhores do dinheiro, não pensam no amor dos vizinhos. Estes senhores que vivem nestes ciclos, nesta extorsão, esquecem - não sabem - o que é o amor. Os meus dias tornaram-se mais tristes. Aqui a redacção parece mais vazia. Não há mais o som de leves passadas, de um corpo que dançava de compartimento em compartimento. O jazz do início da noite calou-se e nem a máquina de lavar as roupas leves da vizinha se ouve. Silêncio. Um silêncio não partilhado.Uma família veio ocupar o espaço. Carregam nas malas a esperança de uma vida de harmonia, a criação do seu porto seguro, o abrigo para as noites tristes e a sala para as festas com os amigos. Pobres... iludidos com a esperança de um lar. Um lar que não mais de dois anos terá. Um dia num bater de porta firme e bolsos cheios alguém ceifará este amor e mais uma vez o silêncio predominará. E eu cá fico, sem gata novamente.

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18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 21.7.2014

A encruzilhadaCaro senhor director do jornal Hoje Macau,

Conforme vosso texto publicado na edição de quinta-feira, 17 de Julho, sobre a Lei de Protecção Animal venho, por este meio, apresentar o meu comentário. No vosso texto, o Dr. Albano Martins refere que devido à apresentação apressada do projecto de lei do Dr. José Pereira Coutinho sobre a protecção animal é que a lei não é, agora, votada. Na minha opinião, quem tem culpa é quem chumbou o projecto de lei, porque se o projecto não estava bom poderia ser corrigido, melhorado e aperfeiçoado.

Atentamente, José Sales

MALAYSIA AIRLINEScartoonpor Stephff

carta ao director

edi tor ia lCARLOS MORAIS JOSÉ

“Ng Kuok Cheong jogou alto nesta parada do “referendo”, mas está numa encruzilhada. Agora resta saber se o jogo se desenrola mesmo neste tipo de acções ou, pelo contrário, se decide ouvindo e resolvendo os problemas das pessoas”A Associação Novo Macau

(ANM) poderá estar a fazer um jogo perigoso, neste caso do putativo “referendo”. Se, numa primeira fase, os seus líderes guardaram o silêncio, a partir do momento em que Ng Kuok surge a dar a

cara pela iniciativa, enquanto fundador e histórico da ANM, mete a sua associação ao barulho. Logo, fica refém do resultado: se houver uma fraca participação popular, que não chegue aos 20 mil participantes (ou seja, mais ou menos o resultado elei-toral da ANM), tal será um sinal de fra-queza, de anemia de um projecto político.

E, se tal acontecer, não estaremos, pe-rante nada de novo ou que não exprima uma tendência que se verificou no último acto eleitoral. Se nos cingirmos aos resultados, constataremos que o aparecimento dos gru-pos liderados por Jason Chao e Bill Chou

não fizeram crescer a votação na ANM. Pelo contrário, passaram de três para dois deputa-dos. O alargamento do número de deputados eleitos directamente não resultou em mais representatividade para os que tanto por ela combateram. E esta é uma das ironias das eleições de Macau...

O trabalho social que foi desenvolvido pela ANM nos seus primeiros anos, que a distinguiam claramente dos seus congéneres de Hong Kong, como alternativa às forças ditas tradicionais (Operários e Kaifong) foi disputado por outras forças, nomeadamente Pereira Coutinho, Chan Meng Kam e Mak Koi Sun. A ANM apareceu mais em causas fracturantes (justas e cabidas, diga-se) e

menos em temas que estão mais perto da maioria da população. Poderiam ter seduzido o voto jovem mas, ao que parece, aqui na RAEM os jovens votam pouco.

A verdade é que a ANM parece em processo de decadência, tal como, aliás, me parecem os Operários e os Kaifong. Estes conseguiram - muito graças ao seu deputado Ho Iong Sang, que hoje o HM entrevista, sobretudo ao modo desassom-brado como não se coíbe de criticar o Governo, mantendo ao mesmo tempo uma postura conciliadora - parar uma queda que parecia dramática. Do lado dos Operários tarda em surgir uma personalidade capaz de substituir Kwan Tsui Hang. O voto parece deslocar-se para outras bandas, cumprin-do, aliás, um percurso muito comum nos processos “democráticos”: mover-se para o lado do dinheiro. Isto deve significar que a população de Macau está a atingir alguma “maturidade democrática”.

Realmente, atendendo aos resultados das últimas eleições e aos movimentos sociais que todos os dias observamos na sociedade local, poderemos aventar que o voto se con-centrará cada vez nos detentores de fortuna e de redes sociais estabelecidas na cidade, como são os referidos o caso de Chan Meng Kam e de Mak Soi Kun.

As forças tradicionais, incluindo a ANM — se quisermos mais políticas — serão aos poucos substituídas por estes novos representantes de interesses económicos, sustentados em representações étnicas. Ou seja, um novo padrão político está a ser de-senhado na RAEM, no qual as associações mais “políticas” parecem estar a perder força para as “forças sociais”, detentoras de meios económicos, implementadas no tecido pro-dutivo da cidade. De algum modo, isto pode ser considerada uma regressão. De uma outra perspectiva, poderá ser encarado como uma etapa num processo de “democratização”.

A emergência desta novas forças deve-se sobretudo à inércia; primeiro do Governo, com Chui Sai On mais distante das pessoas do que estava Edmund Ho, mas também das referidas associações tradicionais. Chan ou Mak têm do seu lado os milhares de proble-mas concretos, quotidianos, que poucos mais se aprestam a resolver, perante os quais o Governo encolhe os ombros ou remete para as calendas, e que as outras associações não têm poder real para solucionar.

Ng Kuok Cheong jogou alto nesta parada do “referendo”, mas está numa encruzilhada. Agora resta saber se o jogo se desenrola mes-mo neste tipo de acções ou, pelo contrário, se decide ouvindo e resolvendo os problemas das pessoas. Ou então se o jogo é outro.

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19 opiniãohoje macau segunda-feira 21.7.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Vingança

A 11 de Julho, o site da ‘yahoo’ mencionou uma notícia do jornal de Hong Kong ‘Sing Tao’ relativa a uma vila indiana cha-mada ‘Bokaro’. Nesta localidade, um homem A entrou furtivamente na casa de B. B não se en-contrava em casa, apenas

a sua mulher C e a sua filha D. A tentou então violar C, mas C lutou e B regressou antes que o crime fosse cometido. B lutou contra A, que fugiu. Mas a história não acabou aí.

Consegue o leitor imaginar a fase seguin-te desta história? Posso adiantar que não se desenrolou de uma maneira normal. B não apresentou queixa à polícia, por isso A não foi preso nem submetido a julgamento. O que A fez foi apresentar queixa aos anciões da sua aldeia, alegando ter sido violentamente agredido por B.

Nestas aldeias, a supremacia ou decisão final pertence a estes conselhos formados pelos anciões, que decidiu que como B tinha usado violência contra A, B teria de recom-pensar A. Foi decidido que a compensação a fornecer a A seria dar-lhe aval de violar a filha de B, apesar de esta ter apenas 10 anos de idade.

O segundo caso que vamos analisar hoje aconteceu na Índia a 18 de Abril. Uma se-nhora, E, era mãe de um filho, F, e de uma filha, G. F queria casar-se com uma mulher, H, contra a vontade dos seus pais, tendo esta fugido de casa para o efeito. O seu irmão ficou furioso e raptou E e G, tentando de seguida forçá-los a revelar o paradeiro de F e H. Não tendo conseguido descobrir o que queria, o irmão e mais cinco cúmplices violaram E e G. Todos os seis suspeitos foram presos pela polícia 36 horas depois.

Estes dois casos merecem ser discutidos. No primeiro, A invadiu a casa de B com intenções de violar a sua mulher, C. Apesar de a violação não ter sido consumada, a tentativa de violação consiste num crime grave. Ainda assim, A não recebeu nenhum castigo pelas suas acções.

O indivíduo A – que estava armado – foi confrontado por B, e de seguida apresentou queixa aos anciões da sua aldeia em relação à violência a que foi sujeito. O conceito de “violência” vai muito além de “força justifi-cada”. B pode usar força para proteger a sua casa e os seus familiares, assim como a sua própria integridade física. Mas B não deve usar violência desnecessária contra A. Se A insistir que foi B quem o atacou, então os anciões deviam considerar a ofensa como uma agressão e castigar B de acordo. Mas o castigo abrangeu a filha de 10 anos de B. Mas esta criança fez algo de mal? Violou porventura a

O princípio de que “o culpado deve ser responsável pela ofensa cometida” deve ser aplicado nas aldeias indianas para proteger os inocentes

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

lei? De acordo com as notícias divulgadas, a resposta a esta questões é não. Então porque é que uma pessoa inocente foi castigada?

Além disso, a compensação a ser dada a A seria o direito de violar uma menina de 10 anos. Mas violações são ofensas horrorosas e cruéis para com as suas vítimas. Como é possível ser esta a compensação discutida? As razões que levaram os anciões a esta decisão são difíceis de perceber.

Este caso tem ainda mais considerações. Se a rapariga tivesse sido violada, viria certamente a apresentar sequelas físicas e psicológicas. Neste caso, quem seria responsável por tomar conta dela? Será que a criança viria a recuperar no futuro? E como viria esta a enfrentar a sua vida futura? Estes seriam os tipos de problemas produzidos pela vingança de A.

O segundo caso é mais ou menos se-melhante ao primeiro. A mãe E e a filha G foram violadas porque o criminoso queria saber o paradeiro da sua irmã H. O sujeito F fugiu com H para se casar com a mesma. Independentemente disto ser legal ou moral-mente correcto, o caso só diz respeito a F e H. Como é que a mãe e a irmã de F podem ser responsáveis pelo comportamento do mesmo?

As implicações destes dois casos são óbvias. Todas as vítimas eram mulheres, o que implica que as mulheres têm um es-tatuto social menor na sociedade indiana, sendo claro que os homens não respeitam as mulheres. Além disso, as vítimas nestes casos não fizeram nada de mal, acabando inocentes a ser castigados. Nestes casos estranhos, entende-se que K é responsável pelo comportamento de J, enquanto que num caso normal J seria responsável pelas suas próprias acções. Nestes casos não nos deparamos com o princípio legal básico que estipula que o culpado deve ser responsável pelas acções por si cometidas.

Quando começamos a desenvolver um sistema legal, podemos dizer que de certa maneira se aplica o princípio “dente por dente, olho por olho”. O funcionamento inicial deste sistema é simples: se X matou a mãe de Y, então Y tem o direito de matar X por vingança. Mas se este não conseguir encontrar X, matará então a sua mãe. Pode-

mos então afirmar que neste caso se verifica um caso de “dente por olho”. Este tipo de vingança não se deveria verificar, visto que a mãe de X não fez nada de mal, sendo assim inocente e não devendo ser morta. Para parar este tipo de vingança, é necessário criar um sistema de justiça criminal.

O sistema criminal impede que a vítima se vingue por conta própria e protege os inocentes. A justiça é alcançada pois o réu é sujeito a um julgamento. O réu ou infractor torna-se assim na única pessoa responsável pelo crime cometido. Além disso, pessoas que cometam o mesmo crime no futuro serão castigadas da mesma maneira, de acordo com as leis em vigor. Tudo isto ajuda a manter a ordem social, o que dá mérito ao sistema legal.

Os casos acima discutidos indicam que o sistema legal na Índia ainda é muito pri-mitivo e que vai necessitar de muito tempo até chegar à maturidade.

Espera-se que no futuro o estatuto social das mulheres na Índia seja melhorado e que se verifiquem menos ofensas sexuais. O princípio de que “o culpado deve ser responsável pela ofensa cometida” deve ser aplicado nas aldeias indianas para proteger os inocentes.

RICH

ARD

THOR

PE, V

ENGE

ANCE

VAL

LEY

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hoje macau segunda-feira 21.7.2014

Terceira Xi Jinpingencontra-se com Paulo PortasO presidente da China, Xi Jinping, visita a ilha Terceira, nos Açores, na próxima quinta-feira, tendo encontros previstos com o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, disse na sexta-feira fonte do Governo português. Xi Jinping deverá aterrar na pista da Base das Lajes pela manhã de quinta-feira e será recebido pelo vice-primeiro-ministro e pelo presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro. A comitiva chinesa, num total 116 pessoas, deverá deixar as Lajes ao início da tarde. Xi Jinping faz esta passagem pelos Açores no regresso de uma visita ao Chile. A 19 de Junho, questionado por jornalistas, no regresso de uma viagem aos EUA, sobre o eventual interesse da China na utilização da base militar das Lajes, onde está instalada a Força Aérea norte-americana, Vasco Cordeiro respondeu que essa pergunta deve ser dirigida, “em primeiro lugar”, ao Presidente chinês.

Macau Empresário quer aeroporto na MontanhaO presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, Chong Sio Kin, sugeriu que fosse construído um aeroporto internacional para a utilização de Zhuhai e Macau em conjunto, na ilha da Montanha. O empresário pede que seja diminuído o valor de entrada de investimentos das PME de Macau no local, de forma a aliviar a pressão das rendas e a atrair as empresas tradicionais a entrar na zona. A ideia, diz, é criar uma zona especial de lojas tradicionais para atrair turistas, bem como ajudar a recuperação dessas lojas. Além de parques de diversão, Chong Sio Kin considera que a construção de um aeroporto no local iria ajudar a aumentar os investimentos no futuro.

China 43 mortos em acidente seguido de explosão Pelo menos 43 pessoas morreram e seis ficaram feridas num acidente rodoviário ocorrido no sábado no centro da China quando um veículo de transporte de produtos inflamáveis embateu num autocarro, informou ontem a agência oficial Xinhua. O autocarro, que ligava a província de Fujian, no leste, a Guizhou, no sudoeste, tinha capacidade para 53 pessoas. O acidente aconteceu durante a madrugada de sábado e envolveu outros três veículos que ficaram destruídos devido ao incêndio que deflagrou após o embate.

Canoagem Joana Vasconcelos bronze nos Mundiais sub-23A canoísta portuguesa Joana Vasconcelos conquistou ontem a medalha de bronze na prova de K1 200 metros nos Mundiais sub-23, que estão a decorrer em Szeged, na Hungria. A atleta do Benfica gastou 41,149 segundos para cumprir a distância, ficando a 0,804 da húngara Ana Kárász, nova campeã mundial, que bateu a russa Natalia Podolskaya por 0,336. Nas provas da manhã, Tiago Tavares foi oitavo na final de C1 200 metros de sub-23, enquanto Márcia Aldeias foi primeira na final B de K1 200, mas na categoria de juniores.

A Direcção dos Servi-ços de Solos, Obras Públicas e Transpor-tes (DSSOPT) emitiu

uma ordem de embargo às obras de construção do futuro casino e hotel Parisian, localizado no Cotai, junto ao Four Seasons e que pretende trazer ao território uma réplica da Torre Eiffel. A notícia foi já confirmada por Michael Leven, do grupo Sands.

De acordo com notícia avan-çada pelo Jornal Tribuna de Macau, a DSSOPT confirmou

16,7mil milhões de patacas,custo do complexo

PARISIAN DSSOPT EMBARGA CONSTRUÇÃO

O programa segue dentro de momentosO grupo Sands já confirmou a suspensão das obras,mas garante a abertura do complexo hoteleiro parao fim do próximo ano

que o empreendimento apenas tinha licença para efectuar obras de terraplanagem – escavação ou construção de aterros – e não de prédios, sendo que a zona já conta com a edificação de dez andares. De acordo com notifi-cação da entidade governamen-tal, a empresa de construção da futura mini-Paris incorreu numa “violação de regulamento de construção urbana” por realizar diferentes tipos de trabalhos do que aqueles que estavam auto-rizados pela licença.

Embora o grupo Sands já tenha feito uma declaração es-crita onde afirmou que não tinha comentários sobre o embargo, Michael Leven, presidente e chefe de operações do grupo Las Vegas Sands, já confirmou ao website CGR Asia que as obras foram suspensas devido

à aprovação pendente de deter-minados documentos.

O responsável espera, con-tudo, que o aval do Executivo seja dado “brevemente”. Leven frisou ainda que, de momento, nenhum dos planos iniciais foi alterado, continuando a aber-tura a estar prevista para final de 2015.

“Estamos a posicionar-nos para assegurar que temos ca-pacidade para voltar a estar em actividade normal rapidamente e assim que recebermos as aprovações necessárias”, disse Leven, citado pelo CGR Asia.

A empresa responsável pela obra recusou-se a fazer mais comentários ao jornal Tribuna de Macau, mas junto ao estaleiro, a Venetian Cotai – do grupo Sands – emitiu uma nota de esclarecimento onde assegurou que iria colaborar com o Governo e seguir os regula-mentos impostos. O jornal avança ainda que as últimas vistorias da DSSOPT demonstraram que o movimento das obras cessou após imposição da ordem.

O complexo hoteleiro tem abertura prevista para final de 2015 e deverá custar mais de 16,7 mil milhões de patacas.

O S rebeldes pró-russos encontraram “alguns objectos que podem ser as caixas negras” do avião malaio que

terá sido abatido por um míssil na quinta--feira no Leste da Ucrânia, anunciou à AFP um dos seus chefes, Alexandre Borodai.

O chefe dos separatistas pró-russos afir-mou estar disposto a entregar esses objectos aos peritos internacionais encarregues de investigar as causas da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines, explicando que os rebel-des “não têm especialistas para os analisar” e “não confiam” nos peritos ucranianos. “Esses

elementos estão em Donetsk e nas minhas mãos”, garantiu Borodai.

Os rebeldes haviam antes manifestado a intenção de enviar as caixas negras para Mos-covo, para serem analisadas por peritos russos.

Uma das caixas negras permite ouvir as conversas da tripulação e a outra contém os dados técnicos do voo. Mas é pouco provável que forneçam informações que permitam estabelecer a origem do alegado míssil que terá derrubado o Boeing 777, matando os seus 298 ocupantes.

Segundo os EUA, o míssil terá partido

da zona da Ucrânia controlada pelos sepa-ratistas apoiados pela Rússia.

SEM PASSAGEIROS DE MACAUNão há registo de passageiros residentes de Macau no voo MH17. Em comunicado, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) informou que até ao momento não recebeu “qualquer pedido de informação ou assistência”, mas que continuará a acompanhar de perto o caso. O GGCT apelou aos residentes para contactarem a Linha Aberta do Turismo, (853) 2833 3000, caso seja necessário.

VOO MH17 SEPARATISTAS PODEM TER ENCONTRADO AS CAIXAS NEGRAS

Nas mãos dos rebeldes