Hoje Macau 16 JUL 2013 #2893

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TIAGO ALCÂNTARA PUB Mamute branco TESTEMUNHA GARANTE QUE NUNCA SENTIU PRESSÃO PARA BENEFICIAR PÁGINAS 2 E 3 LA SCALA AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 16 DE JULHO DE 2013 • ANO XII • Nº 2893 PUB MOP$10 PUB Ter para ler Crescimento chinês não cai abaixo dos 7,5% PÁGINA 8 Artista pinta duas mil caras de corruptos PÁGINA 15 A diferença entre o custo inicial e final do Terminal do Pac On é tão grande que não podemos falar de um elefante mas de um mamute. O Comissariado de Auditoria revela que “só” aumentou cinco vezes. E que, ainda por cima, poderá não servir para nada. PÁGINA 5 Comissariado de Auditoria arrasa Terminal do Pac On

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2893 de 16 de Julho de 2013

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TIAG

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Mamute branco

TESTEMUNHA GARANTE QUE NUNCA SENTIU PRESSÃO PARA BENEFICIAR PÁGINAS 2 E 3LA SCALA

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 16 DE JULHO DE 2013 • ANO XI I • Nº 2893

PUB

MOP$10

PUB

Ter para ler

Crescimentochinês não caiabaixo dos 7,5%

PÁGINA 8

Artista pinta duas mil caras de corruptos

PÁGINA 15

A diferença entre o custo inicial e final do Terminal do Pac On é tão grande que não podemos falar de um elefante mas de um mamute. O Comissariado de Auditoria revela que “só” aumentou cinco vezes. E que, ainda por cima, poderá não servir para nada. PÁGINA 5

Comissariado de Auditoria arrasa Terminal do Pac On

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JULGAMENTO2 hoje macau terça-feira 16.7.2013

JOANA [email protected]

E RA a gerente-geral da Lei Pou Fat – a empresa governa-mental encarregada

de vender os terrenos do aeroporto – ao lado de José António de Castanheira Lourenço, mas pouco sabe responder sobre a venda das terras. Pun Pou Leng é uma das testemunhas mais importantes do julgamento do caso La Scala e foi ontem ouvida durante mais de nove horas.

Em mais uma sessão do julgamento que tem como principais arguidos os empresários de Hong Kong Joseph Lau e Steven Lo – responsáveis pelo empreendimento La Scala -, no Tribunal Judicial de Base (TJB), Pun Pou Leng confirmou nunca ter recebi-do qualquer instrução para que a Jones Lang LaSalle – a representar a Moon Ocean, dirigida por Steven Lo – fosse a escolhida para ficar com os cinco terrenos em frente ao aeroporto.

Recorde-se que a princi-pal tese da acusação é a de que Joseph Lau – director da Chinese Estates Hol-dings, que detinha 70% da Moon Ocean – e Steven Lo subornaram Ao Man Long, ex-secretário das Obras Públicas já condenado por corrupção, com 20 milhões

LA SCALA GERENTE DA EMPRESA QUE NEGOCIAVA OS TERRENOS REBATE TESE DA ACUSAÇÃO

A testemunha que saiu do frio

de patacas para conseguir os referidos lotes.

O Ministério Público (MP) diz que a empresa – convidada com a CB Ri-chard Ellis e com a Vigars, a representar a STDM para participar numa consulta por convite – foi beneficiada, mas o testemunho de ontem deitará por terra essa afir-mação. “Quem oferecesse o preço mais alto era a empresa escolhida e a comissão [de avaliação das propostas] achou razoável o preço [da Jones Lang LaSalle], foi uma decisão conjunta da comissão (...) nunca senti pressão para beneficiar”, começou por referir Pun Pou Leng, que fez parte da comissão de avaliação das propostas.

A engenheira – nomeada verbalmente como gerente da Lei Pou Fat por Ao Man Long – diz mesmo que “nunca teve contacto com Ao” e que nunca lhe foram dadas ordens para adjudicar a alguém em especial nas

reuniões que decidiram a venda dos terrenos.

As reuniões a que se refere a também antiga co-ordenadora-adjunta do Ga-binete de Desenvolvimento das Infra-Estruturas são os encontros feitos na Lei Pou Fat com os representantes das cinco sociedades dessa empresa, que detinham os terrenos. Todos esses repre-sentantes – onde estavam Ng Fok, empresário de Macau, e Patrick Huen, da STDM – “concordaram com as vendas dos terrenos através de consulta por convite”, afirma Pun Pou Leng, que acrescenta ainda que “Ao Man Long nunca compare-ceu nessas reuniões”.

TESES CONFIRMADASEsta não é a primeira vez que uma testemunha deita por terra os argumentos da acu-sação. Apesar de bastante confusa, Pun Pou Leng, con-firmou o que há muito vem a ser dito pelos advogados de Steven Lo, Neto Valente e Rui Sousa: as decisões no que diz respeito aos seis terrenos pertencentes à Lei Pou Fat foram todas apro-vadas unanimemente pelos representantes das empresas detentoras dos terrenos.

Destes seis lotes, um de-les foi inclusive adjudicado directamente à empresa de Ng Fok pelo preço mínimo resultante de um relatório de avaliação feito aos terrenos – 73 milhões de patacas. Se esse, diz a engenheira, foi fruto de uma decisão unânime, também os cinco vendidos à Moon Ocean o foram. “Não tenho qualquer ideia que [a empresa] tenha

Diz que nunca contactou com Ao Man Long, nem foi pressionada para escolher a Jones Lang LaSalle ou a Moon Ocean como as empresas a quem vender os terrenos onde iria ser construído o La Scala. Pun Pou Leng, que ontem se sentou no banco das testemunhas, é uma das figuras mais importantes neste processo

“Quem oferecesse o preço mais alto era a empresa escolhida e a comissão [de avaliação das propostas] achou razoável o preço [da Jones Lang LaSalle], foi uma decisão conjunta da comissão (...) nunca senti pressão para beneficiar”

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3 julgamentohoje macau terça-feira 16.7.2013

SENDO depois confrontada com o caso da ETAR, Pun Pou Leng nega ter sido influencia-

da para que as obras de construção, operação e gestão das ETAR do Posto Industrial Transfronteiriço e da segunda fase de Coloane fossem adjudicadas à Waterleau.

As garantias foram dadas em mais uma sessão do julgamento que tem como principais arguidos Luc Vriens, director-executivo da Wa-terleau, e Pedro Chiang, empresário de Macau, ausente e já condenado num processo anterior, no Tribunal Judicial de Base (TJB).

Pun Pou Leng é uma das teste-munhas mais importantes no caso, devido a ter estado envolvida no concurso público internacional para a adjudicação das obras das ETAR. Recorde-se que Ao Man Long foi acusado de ter recebido benefícios para que vencesse a Waterleau. Apesar de muito contraditória, Pun Pou Leng acabou por reconhecer nunca ter recebido qualquer ordem.

Ainda que o MP tenha insistido que a engenheira testemunhou ante-riormente ter sido influenciada pelo antigo secretário, Pun Pou Leng explicou ontem o que diz ter-se passado. “Ele chegou a mencionar a Waterleau como a empresa que ficou com a concessão da ETAR da Taipa em 1995 e eu tomei isso como referência”, começou por dizer Pun. “Na avaliação, eu dei a pontuação mais alta, porque [Ao] mencionou que estava na ETAR da Taipa e eu

ETAR TESTEMUNHA DEU PONTUAÇÃO MAIS ALTA À WATERLEAU. SEM INFLUÊNCIA DE AO MAN LONG

Sem pressões e sem Pedro Chiang

sido beneficiada. Nunca ouvi [Castanheira Lou-renço] dizer nada”, frisou respondendo à defesa de Lo.

Em depoimento no MP, logo na altura dos factos, Pun Pou Leng já tinha dito que o factor determinante para a venda dos lotes onde estava a ser construído o La Scala foi o preço, algo defendido pelos advogados de Lo e de Lau, que têm provas que mostram que a Jones Lang LaSalle ofereceu o valor mais alto pelos terrenos, de 1400 milhões de patacas.

Um dos outros argumen-tos da defesa é a de que Ao Man Long não poderia estar a beneficiar os dois empre-sários – apesar de ter sido condenado por corrupção passiva por causa disto –, uma vez que nunca deferiu qualquer pedido sobre os terrenos do La Scala, a não ser a transmissão.

ÀS ORDENS DE CASTANHEIRA LOURENÇOÉ que Pun Pou Lei assinou, em nome da Lei Pou Fat, um pedido para a transmissão dos terrenos da empresa à Moon Ocean, ao mesmo tempo que pedia uma prorro-gação do prazo para o desen-volvimento dos terrenos. O secretário indeferiu o pedido. “Ao Man Long não só negou a prorrogação do prazo, como ainda definiu alturas máximas de 90 metros para os prédios”, contestou Neto Valente. “Mas, em 2011, foi autorizada a altura máxima de 155 metros de altura e prorrogado o prazo de apro-veitamento até 2015, pelo actual secretário Lau Si Io.”

O argumento não é novo, mas ontem a defesa de Lo foi mais assertiva no que toca a criticar a tese do MP. “Dizem que os arguidos [Lo e Lau] foram ajudados por Ao e, que por isso, lhe pagaram um suborno, eu não sei como é que isto [de indeferir todos os pedidos] é ajudar”, atirou Rui Sousa.

Pun Pou Leng, apesar de gerente-geral da Lei Pou Fat, não se estendeu muito no testemunho, já que aparentou não saber quase nada do que se passava. A engenheira as-segura não saber como é que se chegou à ideia de vender os terrenos por convite e des-cartou tudo para Castanheira Lourenço, que dizia ser quem dava as ordens.

Pun Pou Leng chegou mesmo a dizer ontem não se lembrar quantas empresas compunham a empresa que geria e nem se lembrar sequer quantos terrenos detinha.

achei que estava adequada e que nunca deu problemas.”

CADA UM COM SEU PAPELA acusação evocou depoimentos feitos anteriormente pela engenhei-ra, onde esta terá referido que “não se pode deixar de dizer que houve influência”, mas a continuidade do testemunho de Pun Pou Leng contrariou o Ministério Público. “Cada um na comissão [de avalia-ção] fazia o seu trabalho, Ao nunca falou comigo de propósito.”

membros da comissão de avaliação das propostas para a adjudicação das obras da ETAR. “Alguma vez Ao Man Long lhe pediu para alterar nomes ou sugeriu que alguém fizes-se parte da comissão?”, questionou. “Não, nunca houve isso.”

Foi o consórcio Waterleau – ATAL Engeneering – CCECC que venceu o concurso internacional, de entre cinco empresas, para construir e gerir a ETAR do Parque Industrial Transfronteiriço. Pedro Redinha, defensor de Luc Vriens – acusado de corrupção activa e branqueamento de capitais – apresentou ontem em tribunal documentos que relaciona-vam a escolha da empresa “devido a esta ir de encontro aos requisitos” e ter “tecnologia de ponta”.

PEDRO CHIANG E OS PAGAMENTOSNa audiência de ontem surgiu ainda o nome do engenheiro Humberto Basílio, ex-director da Central de Incineração e das Estações de Tratamento de Águas Residuais, como consultor do Governo na parte técnica das ETAR através da empresa Parsifal. Pun Pou Lei não soube dizer, contudo, se Basílio teve algum tipo de influência na escolha da Waterleau.

Parte da sessão foi ainda dedi-cada à defesa de Pedro Chiang, que vem acusado de quatro crimes de corrupção activa e um de branque-amento de capitais. Joana Teixeira, que parelha com João Miguel Bar-ros, quis demonstrar em tribunal

que o empresário de Macau nada teve a ver com esta adjudicação.

Recorde-se que uma anterior testemunha confirmou que Pedro Chiang recebeu pagamentos como “recompensa” da parte da Waterleou por ser parceiro da empresa. Ronny Gerards dizia que a empresa Best Choice – de Ao Man Long – era con-trolada por Pedro Chiang e passou a deter 20% da Waterleau Macau – a empresa subsidiária da Waterleou Global, da Bélgica, constituída no território para participar no con-curso público da ETAR – como “recompensa”.

De quê especificamente, Gerards não disse, explicando que “ficou acordado que o parceiro [Pedro Chiang] receberia 20% da Water-leau Macau se a empresa ganhasse o concurso”, para pagamento de consultadoria e que Chiang recebia ainda 3% dos lucros dos negócios das ETAR.

Ontem, Joana Teixeira questio-nou directamente Pun Pou Leng se “alguma vez tinha tratado de ques-tões relacionados com as ETAR com Pedro Chiang”. A testemunha foi peremptória. “Não, sempre foi com o gerente [da Waterleau Macau, Yan Yuan]”, começou por dizer. “Nunca reparei que [a Waterleau tinha um parceiro em Macau]”.

A defesa de Chiang tentou demonstrar que era Ao Man Long “quem sempre tratava de tudo” e que o nome de Pedro Chiang nunca foi sequer ouvido por Pun Pou Leng. - J.F.

“Alguma vez Ao Man Long lhe pediu para alterar nomes ou sugeriu que alguém fizesse parte da comissão?”, questionou. “Não, nunca houve isso”

Alexandre Correia, advogado de Chan Ying Lun, gerente-geral da Companhia de Construção e Engenharia Civil China (CCECC) - uma das empresas do consórcio da Waterleau -, questionou Pun novamente sobre algum tipo de influência, uma vez que foi a enge-nheira quem escolheu os nomes dos

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A petição de Jason Chao exige a retirada de um ar-tigo da proposta de lei do planeamento urbanístico, que determina o pagamento de compensações a donos de terras com base na planta de alinhamento. Chao con-sidera ser um “alvo fácil” a ser usado pelos promotores imobiliários

O ESSENCIAL

hoje macau terça-feira 16.7.2013

ANDREIA SOFIA [email protected]

H Á muito que as regras para o pagamento de compen-sações na proposta de lei do planeamento urbanís-

tico é um cavalo de batalha para a Associação Novo Macau (ANM). Mas ontem Jason Chao, presidente da ANM e candidato às próximas legislativas, resolveu entregar uma petição no edifício da Assembleia Legislativa (AL), acompanhado do seu número dois, Scott Chiang.

As exigências prendem-se com a retirada do artigo 57, que determina que “os proprietários dos terrenos lesados pela alteração ou revogação de uma planta de alinhamento têm o direito a serem indemnizados pelos danos sofri-dos”. Segundo a ANM, tal ponto não protege o interesse público.

“Sabemos que as disposições sobre o pagamento de compen-sações vão tornar-se num alvo fácil de explorar por parte dos promotores imobiliários”, pode ler-se na petição.

Para além disso, os responsá-veis defendem que “os planos de

O deputado Pereira Coutinho pede à Direcção dos Ser-viços de Administração

e Função Pública que redefina as carreiras gerais e especiais dos trabalhadores de serviços públi-cos. Em causa, explica o também presidente da Associação dos Tra-balhadores da Função Pública de Macau, estão as diferenças salariais entre assistentes técnicos admi-nistrativos e técnicos-adjuntos, aos quais se pede o mesmo grau de ensino - o secundário geral ou complementar. E, da mesma forma, as diferentes remunerações entre técnicos e técnicos superiores, aos quais é também pedido um curso superior e uma licenciatura, o que na prática se traduz no mesmo. No entanto, explica Pereira Coutinho,

“executam quase todos os dias trabalhos de natureza idêntica”, embora pertençam a níveis dife-rentes da tabela indiciária.

Por essa razão, em interpe-lação escrita, o deputado pede que o Governo reveja a actual legislação no sentido de proceder “à junção das categorias de assis-tentes técnicos com técnicos-ad-juntos administrativo e técnicos com técnico superior acabando de vez com situações injustas de trabalhadores a executarem trabalhos da mesma natureza mas pagos com salários diferentes”. E, pretende ainda saber, quais as novas medidas a introduzir em situações semelhantes que ocorram noutras carreiras da função pública. - R.M.R.

CECÍLIA L [email protected]

DEPOIS da vice-presidente do Instituto de Promoção para o Comércio e Investimento

(IPIM), Echo Chan, ter frisado que o futuro parque de medicina tradi-cional chinesa na Ilha da Montanha vai mesmo servir para a investigação e não para os negócios, eis que o deputado Ng Kuok Cheong vem criticar o seu discurso.

FUNÇÃO PÚBLICA COUTINHO PEDE ALTERAÇÃO

Regime de carreirasmantém injustiças

NG KUOK CHEONG CRITICA DISCURSO DE VICE-PRESIDENTE DO IPIM

Onde pára a certificação no Parque da Montanha?

JASON CHAO PETIÇÃO ENTREGUE ONTEM NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Não diga 57

POLÍTICAalinhamento são elaborados ou definidos com base em critérios dos funcionários, sem a supervisão do público. A clausula para dar essas compensações através da negociação entre o Governo e o proprietário do terreno certamente irá abrir uma porta para que esses proprietários procurem grandes quantidades de compensações.”

“Mesmo sem o artigo 57, a lei permite que os promotores imobiliários possam reclamar os seus prejuízos junto do tribunal, por isso o direito de propriedade privada estaria sempre protegido

pela lei”, acrescenta Jason Chao na sua missiva.

MAIOR TRANSPARÊNCIAApesar da lei do planeamento urba-nístico estar na fase final da análise por parte dos deputados, Jason Chao disse ao Hoje Macau que ainda há tempo para uma mudança.

“Temos de intervir agora e por isso entregámos a petição. Apesar da análi-se estar prestes a terminar a população não foi bem informada sobre a lei e sobre o sistema de compensações. Da nossa perspectiva os cidadãos ainda não compreendem bem esta lei. Estamos a tentar o nosso melhor.”

A pensar nos cidadãos, a ANM defende ainda na petição uma maior abertura do debate aos olhos e ouvidos do público.

“Pedimos que seja estipulado que todas as reuniões do planea-mento urbanístico sejam abertas ao público, a fim de aplicar plenamen-te o princípio da transparência e da promoção da participação pública. O público deve ser informado sobre as reuniões pelo menos uma sema-na antes do seu início. As actas das reuniões deverão ser publicadas num período de tempo definido.”

Numa interpelação escrita entregue ao Governo, Ng Kuok Cheong criticou o facto de Echo Chan ter defendido que a certifi-cação profissional no sector não tem ligação com o parque.

“Lamento este discurso, porque não há ligação? Quando o Governo da RAEM estiver a avaliar os pro-jectos de cooperação com Guang-dong, deve considerar a oferta de mais oportunidades de emprego aos profissionais de Macau, em

diversos sectores. Estes sectores também incluem a área da medicina chinesa e os funcionários técnicos.”

Ng Kuok Cheong lembra que em Fevereiro de 2012 Lei Chi Ion, director dos Serviços de Saúde (SSM), já tinha garantido que estava a ser analisada a criação de um sistema mais rigoroso de avaliação das qualificações profissionais. Estaria ainda a ser pensado por estes serviços a introdução de um sistema de registo para os profissionais de medicina chinesa. Sou Tim Peng, dos Serviços de Economia, tam-bém garantiu existirem avanços e que ia ser promovido, entre outras questões, “o treino de pessoal das faculdades de medicina tradicio-nal chinesa para os projectos de investimento e cooperação entre Guangdong e Macau”. “Como é que a responsável do IPIM diz que o investimento não tem ligação com a certificação profissional?”, acusa Ng Kuok Cheong.

O deputado diz ainda estar “ansioso” pelo facto dos com-promissos apontados pelo Exe-cutivo poderem, um dia, ser de facto concretizados. “Os jovens que estão a estudar medicina tradicional chinesa poderão ter a oportunidade de trabalhar ou estagiar no parque?”

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TIAGO ALCÂNTARA

O QUE DIZ O GDI

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Em 2005 o GDI estimou que iria gastar 583 milhões de patacas com o novo terminal marítimo da Taipa, mas a fasquia está hoje nas 3,284 mil milhões. É o que diz mais um relatório do Comissariado da Auditoria, que frisa que não só falhou a previsão financeira como há o risco do novo terminal não ter capacidade suficiente, por não terem sido feitos os estudos necessários. Ou mesmo não vir a ter praticamente nenhuma utilidade.

O ESSENCIAL

políticahoje macau terça-feira 16.7.2013

O conflito entre mo-radores do edifício Flower City e o pro-

prietário do supermercado Park ‘n Shop continua. Se-gundo a imprensa chinesa, os representantes dos moradores

entregaram ontem duas car-tas de reclamação junto do Ministério Público (MP) e da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF).

Em causa está a alegada ocupação legal do espaço

pelo supermercado, algo que tem vindo a obstruir as saídas de emergência, entre outros problemas. Os mesmos res-ponsáveis prometem enviar ainda um fax para Hong Kong, para a Comissão de

Valores Imobiliários, por for-ma a que esta entidade inicie uma investigação ao grupo liderado por Li Ka Shing, por permitir “que a sua empresa viole as leis de Macau”.

Mais tarde o Park n

Shop emitiu um comuni-cado onde dizer que nunca fez alterações à estrutura do edifício, e disse que as obras de reparação aos estragos foi suspensa pelos moradores. - C.L.

ANDREIA SOFIA [email protected]

A S contas do pro-jecto do novo terminal maríti-mo da Taipa, que

deverá estar pronto este ano, foram chumbadas pela mais recente análise do Comis-sariado de Auditoria (CA), cujo relatório aponta duras críticas à capacidade de gestão e previsão do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra--estruturas (GDI). Isto porque o projecto, na zona do Pac On, custa hoje cinco vezes mais do que estava previsto custar em 2005, tendo passado de 583 milhões de patacas, na obra inicial, para 3,284 mil milhões de patacas, devido “às alterações introduzidas pelo projecto de ampliação que alteraram significativamente a dimensão e a capacidade do terminal”.

Foram essas mesmas alterações que adiaram a pre-visão de conclusão de 2007 para 2013.

O GDI é acusado pelo CA de nunca ter feito “uma esti-mativa das despesas globais com a ampliação do terminal”, nem mesmo quando foi feita a apresentação às “instâncias superiores” de cada proposta de alteração. Também nada

TERMINAL DO PAC ON COMISSARIADO DE AUDITORIA ARRASA CONTAS

Escorregadela de 500%Só vai custar cinco vezes mais do que estava previsto. O Comissariado de Auditoria não poupa a gestão do Governo num projecto que poderá não servir para nada

• “A tendência de optar pela utilização da via marítima para a entrada e saída do território torna-se cada vez mais evidente. Até ao 3º trimestre de 2013 o número de visitantes irá atingir os 16 milhões”

• O GDI “reconhece o valor orientador do relatório e vai estudá-lo com atenção, com vista a rectificar e aperfeiçoar as deficiências apontadas”

• “O valor total das obras listadas no relatório corresponde ao somatório dos valores das obras adjudicadas até ao momento da auditoria. Apesar de proceder à preparação do orçamento de controlo de cada obra a lançar, o GDI concorda quanto à necessidade de utilizar procedimentos técnicos de estimativa das despesas globais do empreendimento, pois a sua aplicação contribuiria significativamente para uma adequada programaçãofinanceira e para uma melhor gestão das despesas globais. O GDI está a estudar em pormenor a adopção desses procedimentos técnicos e que irá empenhar-se na sua implementação”

fez “nos pedidos de orçamento sucessivamente apresentados no âmbito do PIDDA”.

Para o CA, a ausência dos estudos financeiros impedi-ram o Governo de “a partir de dados reais e globais, pre-ver e planear compromissos financeiros futuros, e avaliar melhor a implementação de políticas governativas de longo prazo”.

O CA fala ainda em “pou-

ca importância conferida à estimativa das despesas globais” e que isso é “verifi-cação comum” em projectos já avaliados anteriormente, tal como o Metro Ligeiro e o novo campus da Univer-sidade de Macau.

Por isso, o organismo “volta a apelar aos serviços públicos para que valorizem as experiências anteriores e passem a incluir a realização

CASO PARK ‘N SHOP

Moradores atacam no MP, Finanças e HK

da estimativa de despe-sas globais na fase prelimi-nar de um projecto, a qual deve ser conduzida de forma científica e assente em bases objectivas”.

TERMINAL PODERÁSER “SUBUTILIZADO”Para além da parte financeira, o mesmo relatório dá nota negativa às previsões sobre a capacidade do terminal para receber passageiros. Segundo o CA, o futuro poderá não ser risonho. “É de concluir que subsiste o risco de o termi-nal, depois de ampliado, vir a ser subutilizado ou, pelo contrário, não ter capacidade suficiente para o movimento que venha a registar-se.”

Tudo porque o GDI não efectuou as previsões neces-sárias. “Não realizou estudos

aprofundados quanto à evo-lução do número de passa-geiros no terminal de Pac On, nem teve em consideração o desvio dos seus potenciais passageiros para outras infra--estruturas”, como o terminal marítimo do Porto Exterior ou a futura ponte Macau-Zhuhai--Hong Kong. Faltou também a análise “à possibilidade de maiores benefícios económi-

cos do modelo de construção e operação faseadas.”

“Existem dúvidas sobre se o terminal de Pac On, ao qual é atribuída a função de posto fronteiriço principal, poderá satisfazer as necessi-dades de movimentação de passageiros ou se, pelo contrá-rio, está sobredimensionado, desperdiçando-se recursos financeiros”, acrescenta o CA.

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SOCIEDADE6 hoje macau terça-feira 16.7.2013

Empreendedores podem habilitar-se 300 mil patacas O Plano de Apoio a Jovens Empreendedores será disponibilizado a partir de dia 1 de Agosto. Os jovens residentes permanentes, entre os 21 e 44 anos, que queiram “criar o seu primeiro negócio” podem habilitar-se a um empréstimo, sem juros, no valor máximo de 300 mil patacas, que terão de ser reembolsados em oito anos. Segundo O montante pode ser aplicado para aquisição de equipamentos necessários à exploração da empresa comercial, à celebração de contratos de concessão comercial ou de franquia e à aquisição do direito ao uso exclusivo de tecnologia ou direitos de propriedade intelectual. Esta ‘linha de crédito’ anunciada em Novembro por Chui Sai On, aquando da apresentação das Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2013, serve para “aliviar a pressão de angariação de capitais na fase inicial da criação das empresas”, explica a Direcção de Serviços de Finanças por meio de comunicado. O candidato deve fazer, em primeiro lugar, a pré-candidatura on-line na página electrónica da Direcção dos Serviços de Economia (www.economia.gov.mo). O termo do prazo de candidatura será posteriormente anunciado pelo mesmo organismo. - R.M.R.

OS hotéis de cinco estrelas continuam a representar a maio-

ria das unidades hoteleiras existentes em Macau. Segun-do dados avançados ontem pelos Serviços de Estatísticas e Censos, em mais de 28 mil quartos disponíveis, 66,5% são de luxo, os quais se inse-rem numa oferta total de 99 hotéis e pensões. O número de espaços, referentes ao mês de Maio, aumentaram 16,4% face aos dados referentes ao mesmo período do ano passado.

As unidades hoteleiras servem essencialmente aos

RITA MARQUES [email protected]

O serviço de páginas amarelas da DIREC-TEL poderá vir a não ser tão prático como

o que agora propõe a CTM. A companhia de telecomunicação de Macau vai fazer um “upgrade” ao seu sistema 181 (o número telefónico para informações).

A partir de 18 de Julho, à meia-noite, os clientes poderão aceder, por meio deste número, a boa parte dos contactos de hospi-tais, bancos, restaurantes e outros serviços públicos e privados sem terem de falar com um operador. “Desde que o número esteja regis-tado no nosso sistema de dados.

CTM LINHA DE INFORMAÇÕES AUTOMÁTICA CAPAZ DE RESPOSTA A 200 MIL PEDIDOS MENSAIS

Informações em dez segundos

QUARTOS DE HOTÉIS DE LUXO PERFAZEM 66% DA OFERTA

A mania das estrelasturistas que, este mês, cresce-ram sobretudo das excursões ao território. Macau recebeu nos primeiros cinco meses do ano mais de 3 milhões e 785 mil visitantes através de viagens organizadas por agências. Trata-se de um crescimento anual de 10,7 por cento. As informações reveladas hoje mostram que no mês de Maio, entraram no território mais de 721 mil excursionistas, a maioria proveniente da China.

Nos cinco primeiros me-ses deste ano, alojaram-se mais de 4 milhões e 329 mil hóspedes nos estabelecimen-tos hoteleiros, um crescimen-to anual de 16,9 por cento. A taxa de ocupação média destes estabelecimentos foi de 79,4 por cento, ou seja, me-nos 2,5 pontos percentuais.

Só estamos autorizados a dar as informações que nos facultaram previamente”, explica Thomas Lau, director do serviço a clientes da CTM. A grande mais-valia, frisa, é que os 200 mil pedidos de informações mensais, que a empresa actualmente recebe, po-dem ser acudidos em menor tempo (cerca de 10 segundos).

O sistema opera, para já, em quatro línguas - cantonês, manda-rim, inglês e português -, mas tem a possibilidade de providenciar apoio em 20 línguas, e dispõe de nove indústrias, numeradas de acordo com as preferências das pessoas. No novo sistema, que custará à empresa 8 milhões de patacas, haverá também uma maior capacidade de resposta aos

pedidos. “Das 15 chamadas que suportava ao mesmo tempo, passa agora a conseguir responder a 60 pedidos”, frisa Lau.

O responsável adianta ainda que o sistema tem uma taxa de precisão de 90%, testada ao longo de dois meses e meio, uma vez que

teve em conta que as “diferentes designações que as pessoas usam para as empresas e organizações, usando por vezes siglas, por exem-plo”. No entanto, Lau admite que à margem para “melhoria” nos próximos tempos. Optimização essa que passa ainda pela ligação directa aos serviços, de que ainda não dispõe. “Estamos a pensar nessa possibilidade. Mas para já lançamos este serviço sobre as informações da companhia, em vez de se fazer uma ligação directa. Estamos apenas a estudar [quando iremos lançar essa nova operação]”, explicou ao Hoje Macau.

MÃO-DE-OBRA MANTÉM-SEO sistema automático também não implicará uma poupança de recursos humanos. A garantia é dada também pelo director de serviço a clientes da CTM que, explica, os operadores do servi-ço continuarão a ser necessários caso as pessoas “falham por três vezes no nome da empresa de que pretendem o contacto”.

A partir de Outubro, será ainda possível integrar o novo sistema na internet por meio da página oficial online.”Vamos lançar o serviço via internet, portanto o cliente pode fazer directamente a chamada por meio da página oficial para o número de infor-mações, desta forma permitimos que os clientes que estão fora do território possam conectar-se com este serviço sem fazerem uma chamada internacional”, anunciou ainda Thomas Lau.

AINDA NÃO HÁ RESPOSTA DOS ESTADOS UNIDOSAs 34 contas de e-mail violadas por hackers na semana passada, entre as quais algumas pertencentes ao Executivo, estão a ser analisadas pelas autoridades de Macau. Nem CTM nem o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais negam o possível envolvimento deste ataque cibernético com o programa de vigilância da Agência de Segurança norte-amerciana, uma vez que os ataques partiram de hackers a operar nos EUA e Hong Kong, mas para já, afiança Eliza Chan, directora-geral da CTM, “ainda está tudo sob investigação” e, devido ao facto de ser uma “matéria sensível”, explica, não se devem pronunciar mais. “Estamos em estreita cooperação com a Polícia Juidicária para providenciar-lhes todas as informações e documentos para as suas investigações do caso. Temos reforçado as medidas de segurança e, até agora, ainda não notámos novas actividades anormais”, explicou a responsável.

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7 sociedadehoje macau terça-feira 16.7.2013

OS turistas que chega-ram a Macau entre Janeiro e Junho viram

os preços dos produtos e bens relacionados com o turismo mais caros 7,01% do que no período homólogo de 2012, indicam dados oficiais divul-gados hoje.

De acordo com os Servi-ços de Estatística e Censos (DSEC), face ao primeiro semestre de 2012, os índices de preços das secções de ves-tuário e calçado, alimentação, bebidas alcoólicas e tabaco, bem como transportes e comu-nicações registaram subidas entre os 7% e os 14%.

Só no segundo trimestre, o Índice de Preços Turísticos (IPT) cresceu 6,08%, em termos anuais, impulsionado principalmente pela ascensão de preços do alojamento em hotéis e serviços da restau-ração.

Os acréscimos mais significativos durante este período foram verificados nos índices de preços das secções de alimentação,

bebidas alcoólicas e tabaco, alojamento, assim como vestuário e calçado.

Relativamente ao trimes-tre precedente, o IPT diminuiu 6,22%, destacando-se as que-bras nos índices de preços do alojamento e dos transportes e comunicações devido à redu-ção de preços dos quartos de hotel e dos bilhetes de avião após as festividades do Ano Novo Lunar, refere a DSEC. Por oposição, o índice de preços da secção vestuário e calçado cresceu 3,81%, face ao trimestre anterior.

A variação do índice mé-dio de preços turísticos dos quatro trimestres terminados no trimestre de referência, em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, aumentou 5,47%.

Os aumentos mais signi-ficativos do índice de preços ocorreram nas secções vestu-ário e calçado (+13,16%), ali-mentação, bebidas alcoólicas e tabaco (+8,13%), bem como divertimento e actividades culturais (+7,84%). - Lusa

O Estado português, em conjunto com a Caixa Geral de Depósitos

(CGD), vai leiloar cerca de 20 imóveis em Macau em meados de Novembro. A notícia foi avançada ontem por Marco António Costa, secretário de estado com a pasta da Segurança Social. Para já, prevê-se que a venda em leilão possa resultar num encaixe de 300 milhões de patacas, que irão reverter para a Segurança Social.

“Aquilo que nós queremos é ter o maior resultado financei-

ro da venda deste património. Se o mercado nacional não tem capacidade para o absorver então vamos tentar no mercado internacional. E escolhemos obviamente o banco do Estado para fazer este trabalho. E esse dinheiro, ingressando no or-çamento da segurança social, será transferido para o fundo de estabilização da segurança social para reforçar financei-ramente esse fundo”, disse.

Marco António Costa explicou ainda que deverão ser leiloados imóveis de vário tipo, como apartamentos de

luxo ou espaços comerciais. “No total esses 20 imóveis rondarão os 30 milhões de eu-ros (300 milhões de patacas). Está a ser feita uma avaliação por uma outra entidade e um acompanhamento financeiro rigoroso para podermos com a CGD estabelecer os princípios desta inovação de colocarmos no estrangeiro imóveis”, acrescentou o secretário de estado. O fundo de estabili-zação foi criado há 20 anos e, segundo contas do Governo português, deverá chegar ao fim em 2040.

Reservas cambiais ascenderam a 127mil milhõesAs reservas cambiais de Macau ascenderam a 127 mil milhões de patacas em Junho, menos 1,2% face aos dados rectificados do mês anterior, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com estimativas preliminares da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), face aos valores de Junho do ano passado, as reservas cambiais recuaram 5,6 % ou 7,5 mil milhões de patacas (718 milhões de euros). A taxa câmbio efectiva da pataca - que mede as paridades cambiais contra as divisas dos principais parceiros comerciais, ponderadas pelas suas quotas relativas do comércio - foi de 97,77 em Junho, registando um decréscimo de 0,62 pontos face a Maio e de 0,94 pontos relativamente ao período homólogo do ano passado.

Concluídas obras viárias no NAPEAs Obras Públicas concluíram a terceira fase do reordenamento viário da zona do NAPE, cujas obras começaram em 2010. Segundo um comunicado, a DSSOPT explica que as obras pretenderam “melhorar a situação de assentamento do pavimento, assim como em paralelo na repavimentação dos acessos pedonais”. O organismo dirigido por Jaime Carion compromete-se ainda a ter em conta a “harmonia com o desenvolvimento do NAPE” e o “ambiente concreto desta zona”. Assim, vão ser “optimizados os equipamentos de apoio viário, incluindo a reformulação dos lugares de estacionamento e o acréscimo de paragens de autocarros. Será ainda articulado com as concessionárias dos serviços de utilidade pública de electricidade, telecomunicações, gás natural e de televisão por cabo para a execução em paralelo das condutas necessárias, de modo a evitar em curto espaço de tempo a re-escavação da via.”

PORTUGAL VAI LEILOAR IMÓVEIS EM MACAU

O cheiro da pataca verde

PREÇOS DE PRODUTOS PARA VISITANTESCOM AUMENTO MÉDIO DE 7%

Dinheiro cai dos bolsos de turistas

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CHINA8 hoje macau terça-feira 16.7.2013

A economia chinesa abran-dou para 7,6% no pri-meiro semestre de 2013, descendo 0,2 pontos

percentuais em relação à média de crescimento do ano passado, anunciou ontem o Gabinete Na-cional de Estatísticas da China. No segundo trimestre de 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) chi-

9,3% foi o que subiu a produção industrial da

China em Junho em comparação com mesmo

período do ano passado. Em Maio, a alta foi

de 9,2%. O resultado ficou ligeiramente acima

das estimativas do mercado, que indicavam

aumento de 9,1%. - Fonte: RIC

ECONOMIA ABRANDOU PARA 7,6% NO PRIMEIRO SEMESTRE

Hostes mais calmas

Análise

DAVID PILL INGin Financial Times

UM medo expresso frequentemente quanto à Huawei, fabricante

chinesa de equipamento para telecomunicações, é de que a companhia opere como agente secreto do governo da China.Se autorizada a vender equipamentos de rede para os EUA, a empresa não poderia incluir no seu equipamento códigos ocultos que permitiriam aos serviços de inteligência chineses monitorar o que passasse por suas redes?Agora substitua a palavra “Huawei” por “Verizon”. Graças a Edward Snowden, o prestador de serviços às organizações de inteligência norte-americanas que decidiu revelar os seus segredos, sabemos que a Verizon fez algo de muito semelhante.Se a Verizon – e a maioria das demais operadoras de telefone e provedores de acesso à internet dos EUA – transmite dados rotineiramente ao governo, isso não fica bem perto das suspeitas das pessoas sobre a Huawei?Seria possível argumentar que a Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, que monitora o tráfego de telecomunicações no país, está apenas à procura de ameaças terroristas, e não a bisbilhotar os segredos dos governos de outros países. Mas como poderemos ter certeza disso?As revelações de Snowden pouco têm de surpreendentes. Mas uma coisa é imaginar que coisas como essas aconteçam e outra vê-las expostas claramente. O debate entre EUA e China sobre espionagem cibernética jamais será o mesmo.Primeiro temos de ser claros quanto ao que descobrimos. Pelo que sabemos, a Verizon não permitiu que a NSA escutasse directamente os telefonemas. Em vez disso, transferiu para a agência os chamados “metadados” das ligações.Para ter acesso às conversações especificamente, a Justiça teria de conceder um mandado específico.Essas distinções subtis pouco importam. Será mais difícil a partir de agora para Washington retratar a “China S.A.” como uma aliança demoníaca entre o Estado e um falso sector privado.

Análise

EUA: a perdada moral

A economia pode respirar de alívio: o crescimento na China não baixou dos 7%

14,3%foi o aumento do consumo nas

zonas rurais da China neste

primeiro semestre de 2013. É

no mercado interno que Pequim

agora deposita a sua confiança no

crescimento.

nês cresceu apenas 7,5%, contra 7,7% no trimestre anterior, mas coincidiu com a meta de cerca de 7,5% preconizada pelo governo para o conjunto do ano.

O crescimento registado em 2012 (7,8%) foi o mais baixo des-de 1999 e ficou 1,5 pontos percen-tuais aquém da média dos cinco anos anteriores (2007-2011).

Um porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas, Sheng Laiyun, considerou ontem que o desempenho da China na primeira metade de 2013 foi “geralmente estável”, mas advertiu que o país “continua a enfrentar uma complicada situação económica”. “Os prin-cipais indicadores económicos

ainda estão dentro dos padrões razoáveis, como era esperado, mas o clima económico conti-nua complicado”, disse Sheng Laiyun. Pelas contas do Gabi-nete Nacional de Estatísticas da China, o PIB chinês no primeiro semestre de 2013 somou 24,8 biliões de yuan.

As vendas a retalho, um dos principais indicadores do consu-mo interno, aumentaram 12,7% em relação ao primeiro semestre de 2012. Só em Junho, esta rubri-ca cresceu 13,3%, o mais rápido crescimento do ano.

O aumento do consumo, que é considerado o novo mo-tor do crescimento económico da China, foi particularmente acentuado nas zonas rurais (mais 14,3%), onde vivem 47% dos cerca de 1350 milhões de habitantes do país.

Segundo as estatísticas ofi-ciais, nos primeiros seis meses do ano, o rendimento disponível per capita nas zonas rurais subiu 11,9%, para 4.817 yuan, e nas áreas urbanas 9,1%, para 13.649 yuan.

A produção industrial cresceu 9,3%, menos 0,7 pontos percentu-ais do que a média de crescimento do ano passado.

O investimento em patri-mónio fixo, uma medida dos gastos públicos e privados em infra-estruturas, subiu 20,1% em relação ao primeiro semestre de 2012, com uma descida de 0,8 pontos percentuais no segundo trimestre do ano.

No sector imobiliário, o investimento aumentou 20,3% (uma subida de 3,7 pontos percentuais face aos primeiros seis meses de 2012), totalizando 3,68 biliões de yuan (460.000 milhões de euros).

O abrandamento em curso na segunda maior economia mundial é visto pelas autoridades chinesas como “um fenómeno necessário para a reestruturação económi-ca” e “melhorar a qualidade do crescimento”.

“O contributo do consumo para o crescimento do PIB au-mentou, a proporção do sector dos serviços também aumentou, a situação do emprego é boa e o Índice de Preços no Consumidor (um dos principais indicadores da inflação) não é alta”, realçou quinta-feira passada o ministro chinês das Finanças, Lou Jiwei.

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9 chinahoje macau terça-feira 16.7.2013

A família de uma chine-sa de 23 anos pediu explicações à Apple

pela morte de uma jovem, que foi electrocutada, segundo os familiares, quando atendeu o iPhone enquanto o aparelho estava a ser carregado.

O episódio ocorreu este fim de semana na província de Xinjiang, quando Ma Ailun morreu electrocutada, segun-do confirmaram as primeiras análises, apesar de ainda não haver a certeza de que o telemóvel tenha provocado a descarga eléctrica, disse este domingo a agência oficial de notícias chinesa “Xinhua”.

“Espero que a Apple nos dê uma explicação”, publi-cou a irmã mais velha de Ma ontem de madrugada na rede

Enfrentar dificuldades económicasO vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli pediu atenção redobrada e esforços intensificados para resolver os problemas económicos complicados que a segunda maior economia do mundo enfrenta. As condições económicas da China são “geralmente estáveis”, mas o trabalho continua árduo na medida em que o país está a enfrentar um período de transformação difícil e o ambiente externo é complicado e sério, disse Zhang durante uma viagem à província de Sichuan. Zhang reiterou a importância de manter a política fiscal proactiva e a política monetária prudente firmes e contínuas para prosseguir com as medidas de impulso à economia. O vice destacou que o país deve levar em consideração o desenvolvimento de longo prazo durante o trabalho actual, e tratar adequadamente a relação entre a estabilização do crescimento e a promoção das reformas a fim de impulsionar a eficiência económica. Zhang também prometeu mais apoio financeiro a médias, pequenas e microempresas, a companhias de exportação e a negócios de alta tecnologia. Noutra reunião sobre a reconstrução das áreas atingidas pelo terramoto em Sichuan, Zhang pediu o planeamento científico e o uso adequado dos fundos de apoio para ajudar as pessoas afectadas e prevenir desastres secundários.

A mulher que processou uma Comissão de re-educação chinesa, por detê-la durante oito dias

num dos seus campos de trabalho – depois de protestar pela violação e prostituição da filha – ganhou ontem a acção, obtendo uma com-pensação.

Segundo informações veicula-das pela imprensa chinesa, citadas pela agência Efe, a mulher, Tang Hui, saiu vitoriosa e conseguiu que o tribunal ordenasse à Comissão de Yongzhou, no centro da China, o pagamento de uma compensação de 2.941 yuan por atentar contra a sua liberdade pessoal e causar-lhe danos psicológicos.

Tang, de 40 anos de idade, de-cidiu levar o seu caso ao Tribunal

Superior do Povo da província de Hunan depois de em Abril o Tribunal Intermédio de Yongzhou ter declinado o seu pedido de com-pensação (1.463 yuan, 182 euros) e de desculpas públicas por parte da Comissão.

Em Agosto de 2012, Tang instalou-se frente aos edifícios governamentais de Yongzhou e iniciou uma marcha para pedir um maior castigo para os culpados de violar a sua filha em 2006, quando esta tinha onze anos, e de forçá-la a prostituir-se.

Na sequência dos protestos, a mulher foi sentenciada a 18 dias de confinamento num campo de reeducação “por alterar seriamen-te a ordem social e exercer um impacto negativo na sociedade”,

ainda que o tempo de reclusão tenha sido reduzido a oito dias graças à onda de críticas sociais e meios de comunicação que gerou a sua prisão.

A filha de Tang foi resgatada no final de Dezembro de 2006 e o caso foi encerrado em Junho do ano passado, depois de o tribunal provincial de Hunan ter sentenciado à morte dois dos se-questradores, e condenado outros cinco a penas de prisão: quatro a prisão perpétua e um a 15 anos de cadeia.

Criado em 1955, durante os primeiros anos do regime de Mao Zedong, o sistema de campos de reeducação serviu para privar de liberdade tanto intelectuais (nas campanhas contra “direitistas” de

1957) como muitos dos estudantes que participaram nos protestas de Tiananmen de 1989.

Segundo grupos pró-direitos humanos críticos com Pequim, estes campos de trabalho, muitos situados em locais secretos, têm detidas centenas de milhares de pessoas sem ordem judicial (até 300.000, segundo algumas organi-zações não-governamentais).

As polémicas desencadeadas por estas detenções, que inclusiva-mente geraram oposição dentro do Partido Comunista Chinês (PCC), fizeram com que em Janeiro deste ano o responsável máximo da se-gurança do PCC, Meng Jianzhu, anunciasse que o regime chinês deixará de usar estes centros (uns 350 na actualidade).

Detidos directores da GSK por crimes económicosA polícia chinesa deteve quatro directores da filial no país asiático da farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK), suspeitos de terem levado a cabo crimes económicos, informou a agência oficial Xinhua. Os detidos são o vice-presidente e director de operações da GSK, Liang Hong, director de recursos humanos, Zhang Guaowei, director de assuntos jurídicos, Zhao Hongyan, e encarregado do desenvolvimento do negócio, Huang Hong, indicou a equipa de investigação. A Xinhua não referiu há quanto tempo os responsáveis estão sob custódia policial. A informação foi revelada a partir da cidade de Changsha, capital da província de Hunan, onde foram iniciadas as investigações.

PSA Peugeot Citroen abre terceira fábricaA joint-venture entre a fabricante francesa de automóveis PSA Peugeot Citroen e a chinesa Dongfeng Motor Corp. (DMC) abriu uma nova fábrica no centro da China como parte dos esforços para impulsionar a sua capacidade e vendas. Localizada em Wuhan, capital da província de Hubei, a fábrica, a terceira da Dongfeng Peugeout Citroen Automobile Co., Ltd (DPCA), tem uma capacidade inicial de produzir anualmente 150 mil veículos. A capacidade da fábrica dobrará para 300 mil veículos em 2016, no momento em que a segunda fase do projecto será concluída, levando a companhia a uma capacidade total de 750 mil veículos. Estatísticas da companhia mostram que as vendas na primeira metade do ano atingiram 277 mil unidades, aumento anual de 32,7%.

Anunciada câmarade 100 megapixelsUm instituto chinês desenvolveu com êxito uma câmara de 100 megapixels, anunciou a Academia Chinesa de Ciências (ACC). O aparelho é actualmente a câmara de maior definição do país, disse a ACC em um comunicado. A câmara IOE3-Kanban foi desenvolvida pelo Instituto de Óptica e Electrónicos da ACC e é capaz de capturar imagens de 10.240 x 10.240 pixels, afirmou. Além disso, o aparelho é pequeno e leve, com comprimento máximo de apenas 19,3 centímetros, disse a ACC, acrescentando que a câmara pode ser usada em temperaturas de 20 graus negativos até 55 graus centígrados. A ACC disse que a câmara é equipada com sistemas avançados de óptica, de controlo e de alta capacidade de gravação de dados.

JOVEM MORRE QUANDO ATENDEU IPHONE

Uma chamada fatal

social Weibo. Foi através desta rede que a irmã de Ma, uma ex-hospedeira de bordo, explicou que esta apanhou um choque quando atendeu o iPhone que estava ligado à tomada.

“Não atendam se o te-lefone estiver a carregar”,

alertou a irmã da vítima, que tinha casamento marcado para Agosto. As mensagens de apoio e despedidas cari-nhosas misturaram-se ontem no Weibo com as de surpresa pelo incidente, ou de alerta.

Devido à rápida circula-ção da notícia pela internet na China, a Apple não de-morou muito a publicar uma mensagem voltada para os seus utilizadores no país asiático. “Sentimo-nos muito tristes pelo infeliz incidente. Apresentamos as nossas con-dolências à família”, declarou ontem a empresa na China através de um comunicado no qual também confirmou que investigará o ocorrido em colaboração com as au-toridades chinesas.

TRIBUNAL DÁ RAZÃO A MÃE ENVIADA OITO DIAS PARA ‘CAMPO DE TRABALHO’

Injustiça finalmente reparada

Page 10: Hoje Macau 16 JUL 2013 #2893

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10 hoje macau terça-feira 16.7.2013

ANDREIA SOFIA [email protected]

Como é que a AEPM avalia o trabalho do Governo nos últimos anos ao nível da protecção do património?O Governo da RAEM já ini-ciou um projecto para inserir os edifícios residenciais na lista de protecção do patri-mónio cultural e as suas ruas adjacentes, e também vemos

O público começa cada vez mais a aperceber-se de que o património cultural não é apenas um problema por si só, mas sim uma questão colectiva que envolve um bom planeamento urbano, um uso adequado dos solos e do meio ambiente, sem esquecer a paisagem e a história

UNESCO/8 ANOS LEI POR APROVAR. PRÉDIOS A TAPAR PATRIMÓNIO

O prometido é de vidroOito anos depois do centro histórico ter sido classificado como património mundial pela UNESCO, continua por aprovar a lei que promete trazer avanços significativos na preservação do que é histórico. Tam Chi Kuong, presidente da Associação dos Embaixadores do Património de Macau (AEPM) lembra que é preciso cumprir o que foi prometido nas LAG

esforços constantes para que sejam melhoradas as insta-lações vizinhas. O que eles têm vindo a fazer já mereceu alguns prémios a nível inter-nacional e podemos ver que o esforço do Governo é digno de reconhecimento.Contudo, houve dois proble-mas ao nível da protecção do património de Macau. O primeiro tem a ver com a lista de renovação dos edifícios

históricos que tenham valor para serem protegidos. Há ain-da muitos edifícios que estão a ser ameaçados e danificados com a passagem do tempo. Em segundo lugar, muitos edifícios com uma altura elevada foram construídos na área de preservação, mas até agora não foram anunciadas quaisquer punições. Espero que estas duas pro-postas de lei, como a lei de

salvaguarda do património cultural e a lei do planeamento urbanístico, sejam aprovadas antes do fim da actual legis-latura.

Os cidadãos estão hoje mais conscientes sobre a necessidade de proteger o património de Macau?Depois de uma série de movi-mentos sociais que chamaram a atenção para a protecção

do património cultural, os cidadãos estão cada vez mais atentos à necessidade de proteger os monumen-tos, algo que o Governo de Macau deveria orgulhar-se. O público começa cada vez mais a aperceber-se de que o património cultural não é apenas um problema por si só, mas sim uma questão colectiva que envolve um bom planeamento urbano, um uso adequado dos solos e do meio ambiente, sem esque-cer a paisagem e a história. Acredito que a reconstrução e transformação dos antigos edifícios, bem como dos edifícios altos que bloqueiam muitos pontos paisagísticos da cidade, continuam a ser grandes questões sociais.

Como é que a AEPM olha para o diálogo entre o Go-verno de Macau e a UNES-CO? Consideram que a UNESCO está satisfeita com o rumo que o património está a tomar?Acredito que o Governo é

obrigado a manter o seu com-promisso com a UNESCO, que incluem a realização de todas as tarefas, dos planos de acordo e também das instruções de protecção do centro histórico enquanto património mundial. O Go-verno também se esforça por fazer com que a aprovação das propostas de lei aconteça o mais depressa possível. Eu acredito que a UNESCO vai satisfeita quando isso acontecer. Macau precisa de começar o seu trabalho de preservação com uma base legal sólida.

EFEMÉRIDE

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11

O ESSENCIAL

efeméridehoje macau terça-feira 16.7.2013

O dia que mudou o pa-norama da protecção do legado histórico

de Macau quase que passou despercebido. Não foi reali-zada nenhuma iniciativa de comemoração da efeméride e nem mesmo o presidente do Instituto Cultural (IC), Ung Vai Meng, respondeu ao pedido de entrevista do Hoje Macau.

O canal chinês da TDM saiu à rua para saber qual o conhecimento da população sobre o reconhecimento da

UNESCO, mas dos cinco en-trevistados ninguém sabia que o património de Macau obteve esta classificação em 2005.

Também à TDM, Lam Fat Iam, presidente da Associa-ção da História da Educação de Macau (AHEM), disse que ainda não existem regras rígidas quanto à gestão dos projectos de construção, e que no futuro é preciso fortalecer a gestão do património.

“Nos oito anos que passa-ram os residentes ganharam um grande amor ao patrimó-

nio, algo que foi além das expectativas do Governo e de outros profissionais da área, o que é bom sinal. Contudo, muitos dos edifícios históri-cos estão a ser geridos por associações, porque uma gestão tradicional é mais flexível. O Governo deveria dar mais indicações para uma melhor gestão.”

Chan Su Weng, também da AEHM, disse que devem ser contadas mais estórias aos residentes e turistas. “Acredito que assim eles

vão reconhecer o valor do património e também saber melhor como protegê-lo. Para a promoção da área ser mais atractiva para as pessoas não basta haver uma nova lei, têm de ser dadas mais aulas no ensino secundário.”

Chan Su Weng acha “uma pena” que ainda não haja uma legislação em vigor e disse que a consulta pública não foi suficiente. O responsável receia que a lei não responda aos requisitos da população nem da UNESCO.

A classificação pela UNESCO do património de Macau faz oito anos mas o governo ainda não conseguiu produzir uma lei que o defenda.Todos os anos surgem novos e gigantescos prédios que ofuscam o património e alteram o skyline da cidade.Se bem que os cidadãos estejam mais conscientes da importância do património, urge estabelecer sérias campanhas de sensibilização, bem como dotar os espaços de mais informação, sobretudo para turistas.Os guias turísticos sabem tanto sobre o património como nós de enge-nharia civil. Quem os forma não se esforça para que as coisas mudem.

O público começa cada vez mais a aperceber-se de que o património cultural não é apenas um problema por si só, mas sim uma questão colectiva que envolve um bom planeamento urbano, um uso adequado dos solos e do meio ambiente, sem esquecer a paisagem e a história

A lei de salvaguarda do património cultural vai trazer grandes mudanças a Macau?Tal como disse, é esperada a sua aprovação ainda nesta legislatura juntamente a lei do planeamento urbanísti-co, porque são leis muito importantes para o desenvol-vimento urbano. Espero que o Governo possa manter os seus compromissos e que a lei do património tenha uma boa ligação com a lei do ur-banismo, para que se evitem as chamadas áreas cinzentas e para que haja um equilíbrio.

GOVERNO FOGE À SERINGA

Uma celebração envergonhada

Para além disso, Macau precisa de ter um trabalho continuado na protecção do seu património cultural. Es-pero que os conselhos para o património cultural e para o planeamento urbanístico possam ser transparentes. So-bretudo espero que aumente não só a participação do pú-blico como a sua interacção com estes órgãos, para que se possam reduzir os conflitos políticos.

Qual deverá ser o papel do Executivo para os próximos anos?Para o próximo ano o Governo deve, depois de aprovada a lei, de actualizar a lista do bens históricos a proteger, bem como implementar todos os programas propostas nas Linhas de Acção Governativa (LAG). Nesse ponto incluem--se o plano para a protecção do centro histórico, a renovação da lista do património ima-terial e ainda a promoção da própria lei junto dos cidadãos. - com com Cecília Lin

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VIDA12 hoje macau terça-feira 16.7.2013

RITA MARQUES [email protected]

O Governo entre-gou, mais uma vez, à operado-ra da Central

de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau (CIRSM), o consórcio CCSC - Incine-ração de Resíduos de Macau, que integra a Sinogal, a tarefa de empacotar o resultado das queimas de lixo. O novo contrato foi ontem publi-cado em Boletim Oficial, conferindo um montante de 22,7 milhões de patacas na adjudicação do serviço. Um valor apenas alguns dígitos acima do total atribuído aos “serviços de embalagem de cinzas volantes solidifica-das” em Junho de 2012, que se ficava pelas 17 milhões de patacas.

O Hoje Macau tentou saber se os sacos de cinzas já têm um destino final, ao que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) diz não estar ha-bilitada a dar a resposta no mesmo dia. No ano passado, por esta altura, o organismo tutelado por Cheong Sio Kei

explicava ao Ponto Final que havia uma instituição de estudo científico encarregue da escolha de um local mais adequado para o aterro de cinzas volantes. O estudo foi entregue já em 2011 mas, até ao momento, mais nada se sabe sobre o mesmo nem tampouco a localização em vista.

Na sua página oficial online, o organismo indica, no entanto, que por meio do método utilizado para incineração dos resíduos sólidos, restam dois tipos de resíduos - as escórias e cinzas volantes. Devido à escassez de terrenos, indicam, esta é a solução ideal para reduzir a área de aterro necessária. No caso da Estação de Trata-mento de Resíduos Especiais e Perigosos de Macau (ETR-PM), adjacente à CIRSM, os sólidos residuais gerados no processo de combustão, isto é, as cinzas de fundo e as cinzas volantes (após soli-dificação), são transportadas para local designado pela Entidade Fiscalizadora, para aterro, sem especificarem onde.

Recorde-se que, em 2011, os moradores de Ká-Hó manifestaram preo-cupações de saúde sobre as cinzas volantes que paira-vam no aterro, a 500 metros da aldeia. Na altura, a DSPA comprometeu-se a instalar detectores da qualidade do ar na zona, construir uma nova central de incinera-ção e instalar um armazém para depósito provisório de cinzas volantes solidifi-cadas. Ontem, a DSPA não deu conta se os trabalhos referidos já se encontram em curso.

Empresa de barcos fará limpeza do marA empresa que liga Macau à China, por travessia de barco, está agora não só virada para o transporte de passageiros como se encarrega do “serviço de limpeza no mar 2013-2014”. Segundo publicado ontem em Boletim Oficial, cabe à Agência de Transporte de Passageiros Yuet Tung, Limitada os trabalhos de despoluição do mar, sob o valor de 8 milhões de patacas. Em resposta ao Hoje Macau, a Capitania dos Portos indica que houve “concurso por convite” - licitações selectivas - na adjudicação do trabalho. “Foram convidadas três empresas com competências na área de limpeza do mar para participarem do concurso. Depois da análise de todos os padrões, a empresa Yuet Tong conseguiu a nota mais alta, por isso, foi seleccionada como a responsável pelo serviço.” No entanto, o organismo não justificou por que não foi feito concurso público nem quando começam a operar os serviços. - R.M.R.

Cidadãos cépticos sobre centro nuclear de Jiangmen

É já está quinta-feira que a Capitania dos Portos vai passar a ser oficialmente a Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos (DSAM).

Aos jornalistas chineses, Susana Wong, que con-tinua directora do organismo, falou dos novos objectivos e planos a longo prazo.

No que diz respeito ao abastecimento de água potável, Susana Wong explicou que os contratos com as concessionárias prevêem que as empre-sas estabeleçam planos a cada cinco anos, mas que no futuro o prazo pode ser estendido até aos 10 ou 20 anos, por forma a “acompanhar o desenvolvimento urbano de Macau”.

Quanto à zona do Cotai, devido ao elevado ritmo de desenvolvimento, Susana Wong prevê uma grande necessidade de abastecimento de água daqui a cinco ou dez anos. “Os grandes espaços fornecedores de água são na Ilha Verde e no Reservatório. Como a distância é grande a possibilidade de ocorrerem problemas também é elevada. Mas vamos esforçar-nos na manuten-ção dos canais e no aumento do fornecimento de água em Coloane.”

Susana Wong disse ainda que as obras de expansão do Reservatório vão aumentar em 60 mil m3 o fornecimento de água.

CÁDMIO E TÁLIOA água do poluído rio Xi tem vindo a desaguar no rio He, situado em Zhuhai. Apesar disso, tanto os departamentos governamentais da China e Macau realizaram os respectivos testes, que demonstram que a qualidade da água do rio continua a respeitar as normas, embora se mantenham altos os níveis de concentração de cádmio e tálio.

CCSC VOLTA A GARANTIR SERVIÇO PARA EMPACOTAMENTO

O que fazer com estas cinzas?

SINOGAL GANHA RESÍDUOS ESPECIAISOntem foi também adjudicado ao consórcio formado pela Sinogal a prestação dos serviços de “Operação e Manutenção da Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e Perigosos de Macau”, com um montante de mais de 8 milhões de patacas, escalonado em dois anos.

SUSANA WONG CONFESSA

Cotai vai precisar de muita água

Depois de ter sido noticiada a suspensão da construção da central nuclear de Jiangmen, os protestos continuaram em frente à câmara municipal da região do continente, pois os cidadãos continuam a duvidar da veracidade do documento oficial que confirma o cancelamento do projecto. Segundo a imprensa chinesa, os protestantes acreditam que o documento é falso e não saíram do local até que os membros da câmara municipal dessem uma explicação. Em Macau, o caso também tem vindo a gerar preocupação. Enquanto que o deputado Ng Kuok Cheong entrego uma interpelação escrita onde exige que o Governo local peça documentos detalhados a Pequim sobre o projecto, a

Associação de Conterrâneos de Jiangmen disse que iria acompanhar o assunto, esperando reacções mais rápidas por parte do Governo. Apesar dos rumores que dão como certa a ligação desta associação ao Governo Central, o seu vice-presidente, Zheng An Ting, também número dois do deputado Mak Soi Kun para as próximas eleições, negou tudo. “Assim que receberam a notícia o presidente e outros dirigentes foram de imediato a Jiangmen comunicar com a câmara municipal. Desde a chegada ao poder de Xi Jinping que o Governo Central tem vindo a esforçar-se na melhoria do sistema. O caso pode comprovar a democratização que tem vindo a acontecer na Administração”, disse Zheng An Ting.

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13 vidahoje macau terça-feira 16.7.2013

Degradação dos recifes de coral acentuou-se entre 2009 e 2011, revela um relatório encomendado pelo governo. As culpas recaem sobre a meteorologia mas as metas para diminuir a poluição ainda estão longe de serem alcançadas. Autoridades lançam novo plano para proteger a zona

O S episódios mete-orológicos extre-mos, como ciclones e inundações, que

afectaram a Austrália entre 2009 e 2011 aceleraram a degradação da Grande Barreira de Coral, conclui um relatório recente do governo australiano, que confirma um cenário alarmante. As condições do maior e mais famoso recife de coral do mundo passaram de “moderadas” a “más”.

Numa análise que remonta a 2011 mas que só agora foi publi-cada, o governo australiano admite o acentuar da degradação. “A qua-lidade das águas costeiras era má no geral, e variou entre moderada a má dependendo das regiões. As algas na zona costeira estavam em muito más condições e têm vindo a decair desde 2006-2007. Os recifes de coral costeiros estavam em más condições”, lê-se no documento.

Na origem deste declínio estão fenómenos que afectaram particu-

AUSTRÁLIA RECONHECE “MÁS” CONDIÇÕES DA GRANDE BARREIRA

A insustentável leveza do coral

RUI EUGÉNIO JACINTO BASÍLIOMissa de 30º Dia

A família enlutada de Rui Eugénio Jacinto Basílio, manda rezar uma missa de 30º dia pela sua alma, na Sé Catedral, hoje, dia 16/07/2013, pelas 18h00.

Antecipadamente se agradece a todos quantos queiram associar-se ao piedoso acto.

CONCURSOFornecimento e Confecção de Refeições

No Jardim de Infância D. José da Costa Nunes

Aceitam-se propostas, até ao dia 22 de Julho 2013, a serem entregues na nossa Secretaria.

A proposta de consulta encontra-se disponível em

http://www.apim.org.mo/djcn/

Direcção do Jardim de Infância

Tel: 28533544 Fax: 28524552 Av. Sidónio Pais

concebido para minimizar o im-pacto das descargas da agricultura e definir regras mais apertadas para a indústria.

“Estamos a trabalhar de perto com a indústria, proprietários de terrenos, agências de gestão de recursos naturais e grupos comu-nitários para acelerar a aplicação de medidas que aumentam a qua-lidade da água do recife enquanto mantêm e aumentam a rentabili-dade e a performance ambiental”, garantiu Andrew Powell.

No entanto, o compromisso não convence os ambientalistas. A porta-voz da Greenpeace Georgina Woods, citada pelo The Guardian, considera que nenhum governante está verdadeiramente comprome-tido em acabar com o principal problema da região: a exploração mineira e a exportação de carvão, sobretudo para a Ásia.

Actualmente, o governo federal tem em cima da mesa um novo pro-jecto de dragagem de três milhões de toneladas de leito marinho, para aumentar o porto de Abbot Point. A decisão sobre este projecto estava prevista para esta terça-feira, mas o ministro do Ambiente adiou-a para 9 de Agosto.

“Está muito claro que o governo de Queensland não se vai opor à indústria do carvão e proteger o recife, no interesse de toda a co-munidade e das gerações futuras”, lamenta Georgina Woods. Também a Sociedade de Conservação Mari-nha Australiana apelou ao ministro Mark Butler que rejeite o projecto.

A Grande Barreira de Coral estende-se ao longo de 2300 quilómetros na costa de Queens-land e tem quase 3000 recifes de corais, cerca de dez por cento do número total de recifes existentes no mundo inteiro.

larmente as zonas costeiras aus-tralianas em 2010 e 2011, como o ciclone tropical Yasi e as inundações que fizeram transbordar os rios, des-truindo 15% da superfície de corais. “A recuperação total vai demorar décadas”, sublinha o relatório.

A análise da qualidade da água na região mostrou que a maioria dos proprietários de terrenos pró-ximos da Grande Barreira de Coral falharam as metas estabelecidas no plano de protecção do recife, que o governo considera “ambicioso”. A tendência, apesar de tudo, é “po-sitiva”, sublinha o relatório. Com efeito, houve uma redução nos três principais poluentes: nitratos (menos 7%), pesticidas (menos 15%) e sedimentos (menos 6%). Mas o objectivo era reduzir em 50% os nitratos e pesticidas em 2013 e em 20% a quantidade de sedimentos em 2020.

“A má qualidade das águas afecta a saúde do recife, causando a degradação dos recifes costeiros e contribuindo para surtos da estrela--do-mar coroa-de-espinhos [uma espécie invasiva que se alimenta de coral]. Isto diminui a capaci-dade da Grande Barreira de Coral para resistir e recuperar de outros impactos causados pelas alterações climáticas, como o branqueamento dos corais e os danos causados pelo aumento de intensidade das tempestades”, refere o relatório.

CLASSIFICAÇÃO DA UNESCO EM RISCOEstas conclusões dão força à ameaça já feita pela UNESCO de colocar a Grande Barreira na lista de locais em perigo se nada for feito para proteger o litoral até Junho de 2014. No limite, a organização da ONU pode mesmo excluir o local da lista de sítios classificados como

Património Mundial, na qual figura desde 1981.

Nos últimos 28 anos o recife perdeu metade dos seus corais, mas foi na última década que se acentuou essa perda: 37% desde 2005. Com a publicação deste relatório, o governo australiano admite finalmente que vai ser difícil resolver o problema. “Em vez de melhorias sólidas, os dados dizem--nos que a má qualidade da água continua a ter um efeito negativo na saúde do recife”, afirmou o ministro do Ambiente do governo federal, Mark Butler, citado pelo jornal britânico The Guardian.

Butler e o ministro do Am-biente do Estado de Queensland, Andrew Powell, anunciaram que vão investir 375 milhões de dólares nos próximos cinco anos num novo Plano de Protecção da Qualidade da Água do Recife,

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CULTURA14 hoje macau terça-feira 16.7.2013

O director Carlos André entende que pode proporcionar, a partir de Macau, “uma construção sólida” porque aqui existem “características privilegiadas”

O director do Centro Pe-dagógico e Científico de Língua Portuguesa, Carlos André, defen-

deu que a instituição que dirige em Macau pode servir de plataforma para o ensino do português na Ásia. “O Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa pode ser, de facto, o grande aglutinador, a grande plataforma de diálogo com tudo o que tem a ver com este crescimento exponencial que está a acontecer na China, e em toda a Ásia, em relação ao português”, afirmou, ao indicar que é preciso tempo para “uma construção sólida”.

Antigo director da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Carlos André dirige, desde o início de Maio, o Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa, criado no final do ano passado, numa iniciativa promovida pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM). “Eu gostava que houvesse uma articula-ção global do ensino de português em toda a Ásia. Isto existe noutras áreas do globo: existe nos Estados Unidos da América e já existiu na Europa - hoje consegue funcionar sem necessidade disso - mas, apesar de tudo, há muitas redes, muitas ‘networks’ a funcionar”, sublinhou.

Para Carlos André, Macau tem “características privilegiadas” para servir de plataforma para o ensino de português na Ásia, com destaque para as universidades chinesas, onde estima que possam existir cerca de

RÉGIS BONVICINOIn Folha de São Paulo

EU conhecia poetas relevantes, mas estava ansioso para encontrar-me com o primeiro “grande poeta de verdade” de minha vida, em janeiro de 1982, quando visitei, levado

por um amigo comum, João Cabral de Melo Neto (1920-1999).Cabral mantinha no Rio de Janeiro um apartamento na praia do Flamengo.Seu primeiro posto no exterior, o de vice-cônsul em Barcelona (1947-1950), transformou-o no único poeta brasileiro a participar, de modo decisivo, de um movimento de renovação das artes na Europa, o Dau al Set catalão.O grupo contava, entre outros, com um jovem Antoni Tàpies, para quem Cabral servia de modelo, por aproximar a arte da questão social e política, por valorizar a dualidade homem-terra.A certa altura, Cabral afirmou que não gostava de ser chamado de poeta. Fiquei surpreso. O conflito parecia pertinente para alguém com 27 anos como eu. Mas não para ele. Apesar de contestado aqui e ali, Cabral era considerado um grande poeta, o maior, ao lado de Carlos Drummond de Andrade.E prosseguiu contando: “Hoje pela manhã, o porteiro do prédio me trouxe cartas e livros endereçados ao poeta João Cabral de Melo Neto. Morro de vergonha de ser chamado de poeta”.Ele havia sido posto em disponibilidade (uma espécie de demissão) pelo Ministério das Relações Exteriores em 1954, acusado de subversão e, como se conta nos bastidores, implicitamente por ser exatamente um poeta. Retomaria adiante sua carreira por decisão do Supremo Tribunal Federal.Entretanto, isso não explica sua repulsa pelo substantivo poeta, associado a romantismo, irrealismo e trivialidade. O autor de “Museu de Tudo” (1975) pensava a poesia como uma informação útil ao leitor, que mantivesse seu interesse sempre.Cabral é um objetivista. Aliás, sobre o tema “poeta”, contou-me outra história. “Jânio Quadros cortou, no início dos anos 1950, todo tipo de subvenção ao Clube de Poesia de São Paulo. Bem mais tarde, quando ele passou por Dakar, perguntei por que havia feito isso.” E logo respondeu, imitando a voz de Jânio Quadros: “Poeta subvencionado é mau poeta”.De repente, indagou-me se eu havia lido um então recente livro de um crítico pernambucano a respeito de seu trabalho (de viés favorável) e qual era a minha opinião sobre ele. Calei-me. E Cabral me disse: “Eu não entendi nada. Não reconheci meu trabalho nas análises do livro; aliás, não entendo quase nada do que os críticos universitários escrevem sobre o que faço”.E completou: “Quem melhor escreveu sobre minha poesia foi Décio Pignatari, no ensaio ‘Situação Atual da Poesia no Brasil’. O termo ‘antropologia poética’, cunhado por ele, combina com a minha obra: a apreensão direta da realidade”.Indaguei em seguida por que razão usara “câmara” e não “câmera” no poema “Ademir da Guia”: “Ademir impõe com seu jogo/ o ritmo do chumbo (e o peso)/ da lesma, da câmara lenta,/ do homem dentro do pesadelo”.Sua métrica é de oito sílabas, o metro reinventado por Cabral, que lhe serviu para se distanciar do verso livre modernista de Mário e Oswald de Andrade, poetas que pouco admirava.Respondeu-me: “Porque câmara abrange câmera, é mais vasto”. E que o sentido do “slow motion”, usado nas transmissões de futebol pela tevê, estava claro. O poeta declarou-se palmeirense roxo em São Paulo, para meu orgulho de palestrino fanático.Perguntei-lhe então se achava que o Brasil iria ganhar a Copa da Espanha (1982). Cabral contraiu o rosto e afirmou: “O Brasil é um país que precisa de pessimismo, compreende, de muito pessimismo. O otimismo destrói o Brasil, em qualquer atividade”.E este foi um dos encontros que me fizeram, apesar de todas as adversidades, tentar ser um autor, e não um “poeta”.

CENTRO DE LÍNGUA QUER SER PLATAFORMA NA ÁSIA

Por uma articulação globalCrónica

Um encontro com João Cabral

1.500é o número estimado de estudantes

que, na China, frequentam

licenciaturas e mestrados de língua

portuguesa

1500 alunos a frequentar licenciatu-ras e mestrados de língua portuguesa. “Estamos a falar de um número elevado que passa despercebido a Portugal”, reiterou.

Por outro lado, indicou que estes alunos na China estarão a ser forma-dos por uma maioria de professores chineses recém-licenciados, num universo de mais de uma centena de docentes, que inclui portugueses e brasileiros. “O português está a ser muito procurado, não apenas em Macau, mas também na China. E há um défice considerável do ponto de vista da formação, porque, como isto aconteceu muito depressa, os docentes são muitos jovens (…) São jovens licenciados a preparar já outros licenciados. É um pro-cesso super-rápido e é preciso criar condições para que seja feito com qualidade e profundidade”, explicou.

Esta realidade vem reiterar a prioridade do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa de “fazer formação e, desde logo, pres-tar um serviço às universidades que ensinam português, nomeadamente na China”. “Não estou a falar de graus académicos ainda, mas de fazer formação aprofundada no domínio concreto do ensino de português como língua estrangeira (…). E por

outro lado, em áreas que são afins a estas, relacionadas com a história, a sociedade, a cultura, o território”, afirmou.

Carlos André invocou o pragma-tismo dos jovens que estão a apren-der português na China: “Eles vão trabalhar (…) para empresas da mais diversa natureza. Por isso precisam de ser confrontados com a realidade lusófona. E para tal é preciso formar os seus professores”.

O Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa está a concluir o recrutamento de dois docentes em Portugal, os quais deverão dar cur-sos de formação a professores, em Macau e na China, e participar na produção de materiais de ensino de português como língua estrangeira, outra das lacunas frequentemente apontadas.

Em Macau, Carlos André tem ainda a intenção de avançar, no pró-ximo ano lectivo, com um curso livre de literatura portuguesa, com um semestre dedicado ao período desde a Idade Média até ao século XVIII e outro a autores contemporâneos.

No cômputo geral, o director con-siderou que o ensino de português “em Macau já é de qualidade em muitos aspectos” e que “na China é aquele que foi possível fazer”, atendendo ao ‘boom’ da última década. “Há uma ou duas instituições que são exemplares – temos excelentes lusófonos chine-ses que saíram já de universidades chinesas, mas não se pode pedir a uma instituição que ensina português há dez anos, com pessoas licenciadas há três ou quatro, que seja de excelência, como uma universidade de Roma que ensina português há 100 ou 150 anos”, afirmou. - Lusa

Papa Macau leva dois grupos às Jornadas da JuventudeMacau vai levar, pela primeira vez, um grupo de língua portuguesa às Jornadas Mundiais da Juventude, cuja edição deste ano se realiza entre os dias 23 e 28 deste mês, no Rio de Janeiro, com a presença do papa Francisco. A comitiva composta por dez pessoas, das quais seis são jovens, parte na próxima sexta-feira rumo ao Brasil para o encontro, que reúne milhares de jovens de todo o mundo. Este grupo de língua portuguesa é formado por jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 21 anos, como explicou a psicóloga Goreti Lima, que integra a “missão”, em declarações aos jornalistas. Macau estará representada também por uma outra delegação de chineses, com uma estrutura maior que há muito tempo se organiza para este tipo de iniciativa. Embora a bandeira seja a mesma, uma vez lá, estarão separados, divididos por quarteirões, cada um com um idioma. “Vamos estar alocados à língua portuguesa, eles vão estar com os jovens de Hong Kong”.

Page 15: Hoje Macau 16 JUL 2013 #2893

15 culturahoje macau terça-feira 16.7.2013

U M grande mapa da China enfeita uma das paredes no estúdio do artista plástico e cineas-

ta Zhang Bingjian, na periferia de Pequim. Tudo está no lugar certo, excepto um detalhe: o mapa está de cabeça para baixo.

“Foram cinco anos para inver-ter os nomes de todas as cidades”, conta o artista.

Na subtil mas poderosa men-sagem visual, Zhang condensou sua visão das contradições da China moderna, cujo norte nem sempre é o que parece.

Ao colocar de pernas para o ar o galo de combate que os chineses vêem com orgulho no desenho de seu mapa, Zhang imprimiu em cores vivas uma das características principais de seu trabalho: a fina crítica política.

Uma marca que ganhou pro-jecção internacional graças a um projecto no qual ele deu contornos artísticos a um dos temas mais revoltantes para os chineses: a corrupção nos altos escalões do Partido Comunista.

Ao ficar chocado por saber pela TV estatal que 3.000 auto-ridades haviam sido processadas por corrupção apenas num ano, Zhang decidiu dar caras ao pro-blema.

A COR DO DINHEIROComeçava assim o “hall da fama” da corrupção, uma galeria da vergonha que já tem quase dois mil retratos de autoridades condenadas.

Produzidos por Zhang Bin-

O regresso dos Mler Ife DadaUm dos mais influentes e fascinantes projectos da cultura pop portuguesa, os Mler Ife Dada do guitarrista Nuno Rebelo e da cantora Anabela Duarte, vão regressar ao activo, colocando fim a um longo silêncio - começaram em 1984 e terminaram em 1990. Para já existe um concerto marcado, em Lisboa, em Fevereiro de 2014, com bilhetes à venda a partir do dia 19 de Julho, seguindo-se um conjunto de espectáculos pelo país no próximo ano, em datas e locais ainda a anunciar. O regresso começou a ser equacionado há meses, depois de uma conversa inaugural há dois anos entre Nuno Rebelo e o editor Tiago Faden, mas não se esperem nostalgias. “Queremos é celebrar os trinta anos dos Mler Ife Dafa”, diz-nos Anabela Duarte, “não é um regresso revivalista, nem um retorno aos anos 1980, como acontece muito hoje”. E para reforçar a ideia, Nuno Rebelo revela que tem estado a trabalhar em novos arranjos para todas as canções.

Sam Mendes assina o próximo 007Depois de ter dito que não estava disponível para realizar mais nenhum James Bond, o realizador de “Skyfall” já confirmou que vai estar à frente do 24.º filme da saga, que tem estreia marcada para Novembro de 2015. “Ao oferecerem-me o tempo que precisava para honrar todos os meus compromissos, os produtores tornaram possível que pudesse dirigir o 24.º filme de James Bond. Estou super ansioso por tomar as rédeas novamente e trabalhar com Daniel Craig, Michael Wilson e Barbara Broccoli pela segunda vez”, confessou o realizador à Fox411. O anterior filme de James Bond, “Skyfall”, arrecadou uma quantia aproximada de 845 milhões de euros e venceu dois óscares da Academia, incluindo o de melhor edição de som e melhor canção original.

Lady Gaga com ‘ARTPOP’ em NovembroA estrela pop Lady Gaga vai lançar seu próximo álbum, ARTPOP, em 11 de Novembro, segundo um comunicado no site da artista norte-americana. A cantora de Born This Way, que cancelou parte de uma turnê no início deste ano para se submeter a uma cirurgia no quadril, vai lançar um single do novo álbum em 19 de agosto. A cantora de 27 anos, vencedora do Grammy, ganhou fama em 2008 com a divulgação do álbum Fame e é conhecida por suas roupas exuberantes e pelos vídeos de música provocadores.

CHINÊS PINTA AUTORIDADES CORRUPTAS E REFLECTE SOBRE A CENSURA

As duas mil faces do mal

“É difícil entender a insegurança do governo. Censura é falta de confiança nas pessoas. É uma contradição. O país avança, mas continua atrasado nisso. Parece ser a natureza da China: toda vez que dá passos à frente, tem que dar outro para trás”

Zhang Bingjian, artista e cineasta

gjian sempre em tons rosados, para lembrar a cor do dinheiro chinês, os quadros são a forma que ele encontrou para dividir com o público chinês o seu assombro com o contágio da corrupção no país.

“Não penso no valor artístico. O que quero é criar um ponto de interrogação sobre a situação da China. O meu trabalho não dá res-postas. Oferece uma plataforma para a reflexão”, explica.

A ambição de levar a sua in-terrogação ao público, no entanto, esbarrou na dificuldade em expor temas sensíveis num país onde a produção cultural é objecto de censura do Estado.

Zhang enviou propostas para várias galerias do país, mas nenhu-ma respondeu. O hall da infâmia mantém-se limitado às paredes de seu estúdio e aos convites do exterior. Há dois meses, expôs os retratos dos corruptos chineses em Itália.

“A corrupção é um tema uni-versal, pode ser compreendido em qualquer parte do mundo. Não sei porque meu trabalho não foi

seleccionado para a Bienal de São Paulo”, brinca.

Nascido em Xangai, Zhang, 53, fez parte da primeira geração de chineses que pôde estudar arte depois dos anos de histeria colectiva da Revolução Cultural (1966-1976).

CORAÇÃO SEM MÚSICAApesar de ainda serem anos de forte repressão, Zhang recorda com emoção a tímida abertura política que lhe permitiu assistir pela primeira vez a um filme es-trangeiro, “Música no Coração” (1965), aos 18 anos.

“Todos esperavam uma cena de beijo, que nunca tínhamos visto. Quando ela ia acontecer, uma enorme sombra cobriu a tela. Era a mão do projeccionista. O beijo era contra o padrão moral comunista”, relembra o artista. Hoje, a censura oficial é muito mais profissional, mas nem por isso menos absurda, na visão de Zhang.

“Se há um polícia no argu-mento, tem de ser submetido à polícia. Se tem um professor, é

verificado pelo departamento de educação. E assim por diante. Desse modo, todas as classes profissionais viram parte da censura”, lamenta.

A obsessão em decepar as obras no berço induz à actual pro-dução cinematográfica insossa do país, diz ele, dominada por comé-dias e filmes para adolescentes.

Os produtores não querem perder dinheiro investindo num filme que será decepado pela censura. “É difícil entender a insegurança do governo. Censura é falta de confiança nas pessoas. É uma contradição. O país avan-ça, mas continua atrasado nisso. Parece ser a natureza da China: toda vez que dá passos à frente, tem que dar outro para trás.”

Contemporâneo na acade-mia de cinema do polémico Ai Weiwei, o mais conhecido artista chinês, Zhang considera o amigo um modelo de como os limites da censura podem e devem ser esticados ao máximo.

Um exemplo disso é o tragi-cómico documentário que dirigiu, “Readymade”, sobre dois cam-poneses que largaram tudo para viver como imitadores de Mao Zedong, o fundador da China moderna.

“No filme, Mao deixa de ser um semideus, anda de autocarro e dança com Michael Jackson. Desconstruir uma imagem às vezes é mais forte que criticá--la”, diz. Sem permissão para ser exibido no país, porém, o filme permanece fora do alcance do público chinês.

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JOGO DE BOCCIA JUNTA 60 ESTUDANTES

DESPORTO16 hoje macau terça-feira 16.7.2013

PIMENTA LEVA PORTUGAL AO PÓDIO DUAS VEZESMelhor nas Universíadas de Kazan tem estado a missão desportiva que representa Porugal no evento, muito graças ao desempenho do canoísta Fernando Pimenta. Depois de ter conquistado no domingo a medalha de ouro na categoria de K1 1000 metros, o atleta voltou ontem a levar a bandeira portuguesa ao patamar mais elevado do pódio, ao concluir a final da prova de K1 500 metros em um minuto, quarenta e três segundos e noventa centésimos, relegando o alemão Martin Schubert e o russo Victor Andrushkin respectivamente para a segunda e terceira posições. Nas Universíadas, que decorrem até quarta-feira, Portugal soma agora quatro medalhas. Para além do duplo ouro conquistado por Fernando Pimenta, a representação portuguesa conta ainda com duas medalhas de bronze, conquistadas por André Alves no judo e por Marcos Chuva no salto em comprimento. - M.C.

A delegação das Olimpíadas Especiais de Macau organizou no passado sábado, dia 13 de Julho, um jogo de Boccia nas suas instalações. Com este evento a organização pretendeu encorajar as pessoas com deficiência a participar neste tipo de actividades desportivas, para melhor conhecerem o seu potencial e também despertar o interesse para este jogo. No evento desportivo participaram 60 estudantes provenientes de diferentes escolas especiais, workshops e centros de apoio, juntamente com os respectivos familiares. A competição foi organizada segundo grupos de diferentes faixas etárias, e de acordo com a habilidade de cada um dos participantes, proporcionando-lhes um bom momento de diversão e desporto. O jogo foi patrocinado pela CESL Asia e juntaram-se-lhe para a apresentação dos prémios, representantes do Instituto de Acção Social, da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, , o Comité Desportivo, entre outros.

MARCO [email protected]

A selecção de vo-leibol, que repre-sentou o territó-rio na edição de

2013 das Universíadas de Verão, encerrou o torneio masculino da modalidade na vigésima e última posição do certame. No sétimo de-safio disputado nos recintos desportivos da cidade russa de Kazan, a formação do Lótus não conseguiu evitar uma constrangedora derrota frente a um adversário com características particulares e vagos contornos ficcionais.

Bart Simpson, Milhouse Van Houten e Nelson Muntz não pisaram a quadra do Complexo Desportivo de Olympiets mas não teria sido completamente desproposi-tado se o tivessem feito. A anónima cidade que acolhe as peripécias dos Simpsons foi baptizada com um dos

UNIVERSÍADAS VOLEIBOL DE MACAU PERDE CONTRA COLÉGIO

O direito do mais fraco à vitóriatopónimos mais frequentes nos Estados Unidos da Amé-rica e foi contra a equipa do colégio de Springfield, Massachussets, que a se-lecção de Macau esgrimiu argumentos no desafio que pautou o adeus dos atletas do território a Kazan.

Ao invés do que sucede com a participação nos

Jogos Olímpicos ou nos Jogos Pan-Americanos, o Comité Olímpico dos Esta-dos Unidos da América não é directamente responsável pela gestão da participação norte-americana nas Univer-síadas e nos Jogos Mundiais Universitários. Para os jogos de Kazan, as autoridades norte-americanas decidiram

delegar a representação do país em colectividades com trabalho feito no campo da promoção do desporto junto das escolas.

A opção explica o desem-penho menos conseguido da delegação que representa os Estados Unidos da América nas presente edição das Universíadas. Ao fim de dez dias de competição, a comitiva norte-americana soma apenas 27 medalhas (sete de ouro, onze de prata e nove de bronze), quedando--se na tabela dos países mais medalhados atrás das repre-sentações de nações como a Ucrânia, a Bielorrúsia ou a Coreia do Sul.

No torneio masculino de voleibol – modalidade em que os Estados Unidos têm provas dadas – apenas Ma-cau conseguiu ser pior que o colectivo norte-americano. No desafio que serviu para

estipular o nome da mais frágil das formações em competição, o conjunto do Lótus vacilou. A formação do Colégio de Springfield derrotou a selecção do ter-ritório por três sets a um, parciais de 26-24, 25-21, 17-25 e 25-20.

Ao contrário do que sucedeu nos outros desafios que disputou, a formação que representou os Estados Unidos da América nas Uni-versíadas conseguiu chamar a si o controlo da partida nos momentos iniciais do desafio, alcançando uma vantagem de 11-6 ao fim de apenas duas rondas de servi-ço. O conjunto do território conseguiu esboçar uma re-acção e marcou doze pontos de enfiada, para garantir a liderança no primeiro set.

Com o parcial empatado a 24 pontos, os norte-ameri-canos fizeram valer um certo

sangue frio e Mike Peletier e Luis Vega decidiram a contenda a favor do Colégio de Springfield. A formação norte-americana controlou por completo o andamento do segundo set e no terceiro o domínio pertenceu inteira-mente ao colectivo do terri-tório. O esforço acabou por se revelar inóquo, dado que no quarto e último parcial os norte-americanos volta-ram a dominar sem grande oposição.

Com a derrota sofrida, a selecção da RAEM foi a úni-ca a despedir-se do torneio masculino de voleibol das Universíadas sem qualquer triunfo. Depois de perder frente ao Brasil, à Áustrália e à Polónia pelo esmagador predicado de três sets a zero, Macau encerrou a participa-ção nas contas do Grupo C da competição com duas novas derrotas. Frente à República Popular da China, a selecção local foi derrotada por três sets a um, antes de sofrer novo desaire por três sets a zero frente à Suiça. Apesar de não ter somado quaisquer pontos, a formação do Lótus acabou por ser repescada para os quartos-de-final da competição graças às desistências das selecções de Omã e da Argélia, mas o expediente não se revelou de grande utilidade para o grupo de trabalho do territó-rio, que sofreu nova derrota por três sets a zero frente à selecção da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong. Ao fim de dez dias de competição, a comi-tiva que representa Macau na prova ainda não conquistou qualquer medalha ou resul-tado de nomeada.

Page 17: Hoje Macau 16 JUL 2013 #2893

C I N E M A Cineteatro[ T E L E ] V I S Ã O

M A C A U [ S Ã ] A S S A D O Pu Yi

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360° (Diferido)18:10 Cougar Town - Sr.218:30 TDM Desporto19:30 Vingança20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Irmãos e Irmãs Sr.423:00 TDM News23:30 Portugal Aqui tão Perto00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Portugal Selvagem15:05 World Corporate Golf Challenge Portugal15:25 O Nosso Tempo16:00 Bom Dia Portugal17:00 Destinos.pt17:10 Portugal Aqui Tão Perto18:05 O Teu Olhar (Telenovela)19:00 FERNANDO TORDO, ADEUS TRISTEZA20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:00 Santos de Portugal22:30 Verão Total

30 - FOX Sports11:00 NASCAR Sprint Cup Series 201314:00 ATP - Skistar Swedish Open15:30 Inside WTCC16:00 FINA Aquatics World 201316:30 Home Run Derby18:30 (Delay) Baseball Tonight International 201319:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 Great City Games Manchester20:30 FINA Aquatics World 201321:00 Open Championship Official Film 201222:00 FOX SPORTS Central22:30 ATP - Skistar Swedish Open

31 - STAR Sports12:00 PGA Europro Tour 201314:00 Laureus Spirit Of Sport14:30 International Motorsport News 201315:30 MotoGP World Championship 2013 - Main Races Grand Prix of Germany19:00 Jakarta World Junior Golf Championship 201320:00 Ladies Italian Open H/ls -Italy21:00 Golf Focus 201321:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Inside European Rally Championship22:30 Golf Focus 201323:00 Jakarta World Junior Golf Championship 2013

40 - FOX Movies12:35 W.E.14:35 Shark Night16:05 Spy Kids17:35 In Time19:25 The Cabin In The Woods21:00 The Descendants22:55 Once Upon A Time23:45 Ring Of Fire - Part 1 Of 2

41 - HBO13:00 Enemy Of The State15:10 3 Ninjas Knuckle Up16:40 Horrid Henry The Movie18:15 Arthur20:10 Miss Congeniality22:00 The Three Musketeers00:00 Project X

42 - Cinemax12:45 Terminal Invasion14:15 Wyatt Earp’S Revenge16:00 Prehistoric Women17:30 Nick Of Time19:00 Invader20:35 Torque22:00 Xiii22:45 Eastbound & Down23:45 Dracula Dead And Loving It

SALA 1MONSTERS UNIVERSITY [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Dan Scanlon14.30, 16.30, 19.30

WORLD WAR Z [C]Um filme de: Marc ForsterCom: Brad Pitt, Marc Forster, Mireille Enos21.30

SALA 2 DESPICABLE ME [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Chris Renaud, Pierre Coffin14.30, 18.00

DESPICABLE ME [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Chris Renaud, Pierre Coffin16.15, 19.45

MONSTERS UNIVERSITY [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Dan Scanlon21.30

SALA 3TALES FROM THE DARK 1 [C](FALADO EM CANTONÊS. LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Simon Yam, Lee Chi Ngai, Fruit ChanCom: Shin Simon Yam, Tony Leung Ka-fai, Lo Hoi-pang14.30, 16.30, 19.30, 21.30

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

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OCCUPY • Noam ChomskyDesde o início do movimento Occupy, em 2011, Chomsky apoiou a crítica à corrupção empresarial e incentivou a participação cívica, em prol da igualdade económica, da democracia e da liberdade. Neste livro de protesto, um conjunto de intervenções e discursos dirigidos ao movimento Occupy, ilustrado por fotografias que retratam o ambiente vivido nas manifestações, o autor apresenta as exigências e os temas que levam gerações a manifestar-se, reflecte sobre as actuais desigualdades económicas e aponta vias para superar as políticas neoliberais e de austeridade.

CINERAMA PERUANA • Rodrigo MagalhãesUm aprendiz de alfaiate tornado ensaísta de reduzida fama e menor proveito: Harry Heels. Dois irmãos, gémeos idênticos, enlutados e enfadados. Três assassinos que atravessam fronteiras sem nunca deixarem de regressar a casa. De uma maturidade literária verdadeiramente excecional, Cinerama Peruana desenvolve e articula estes três universos através de um tema comum: o do discípulo que ultrapassa o mestre. Uma voz nova e surpreendente no panorama ficcional português.

FUTILIDADES 17

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 26 MAX 31 HUM 75-95% • EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.3

POR MIM

FALO

Cum caneco

[ ]

SÓ LOCAIS OU DA CHINA Foto: Andreia Sofia Silva

• Pois é. Fiquem sabendo que os objectos estrangeiros não devem ser deitados na sanita. Já os objectos patrióticos podem perfeitamente ser empurrados cano abaixo pelas águas autoclísmicas. Ainda no outro dia reparámos que as sanitas não engolem berbequins da Bosch. Contudo, quando fizemos a experiência com um frigorífico da Haier lá foi ele, todo satisfeito, cano fora, até ao Rio das Pérolas. E mainada.

Depois dos guarda-chuvas, eis que temos canecas a circular por aí com o nome e rosto dos candidatos às próximas legislativas para a Assembleia Legislativa (AL). A caneca, ao contrário do guarda-chuva, pode ser usada todos os dias para beber o café matinal ou um chá. Então enquanto tomamos a nossa bebida podemos olhar para o sorriso do candidato e ler os seus desejos para nós, como “X deseja tudo de bom para vocês”. Acho a ideia da caneca fantástica, porque assim vai estar sempre na mesa do seu dono mesmo quando acabar a campanha e a própria fase das eleições. Não vai ser um objecto de museu, mas sim para o uso diário. Então a imagem do candidato vai estar sempre numa cozinha ou sala perto de si, tal como um calendário, pendurado nas paredes dos edifícios. Imagine-se todos os dias do ano as frases da campanha e as promessas vão estar lá, e tenho a certeza que ninguém vai ignorar o calendário.Acho muito divertida e animada esta ideia de franchising político com a oferta de guarda-chuvas, canecas, calendários e canetas. Curioso que muitos desses produtos começam com a letra “C”, o que até nos podem levar a pensar numa outra palavra começada por essa letra: espero que esses produtos não sejam apenas a ponta do iceberg daquilo a que vulgarmente chamamos de... “corrupção”.

MONSTERS UNIVERSITY

hoje macau terça-feira 16.7.2013

Page 18: Hoje Macau 16 JUL 2013 #2893

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crepúsculo dos ídolosARNALDO GONÇALVES

hoje macau terça-feira 16.7.2013OPINIÃO

COMEMOROU-SE em Lisboa, numa realização conjunta do Fórum Luso-Asiático e do Observatório da China, a relação multissecular de amizade, diálogo e coopera-ção entre Portugal e a China, dois países que estabeleceram contactos há cerca de cinco séculos, quando era decisivo

para Portugal o acesso aos mercados do chá, da prata, da porcelana e as especia-rias, existentes nesta parte do mundo.

De um contacto, porventura acidental, na rota das naus portuguesas de Malaca para o Japão, o nosso país foi autorizado a estabelecer um entreposto em Macau e este surgiu assim, mais como porto de arribação de navios em trânsito mais do que território integrado numa lógica de subordinação colonial como era costume em potentados europeus como a Grã--Bretanha, a Espanha, a Holanda, a França ou a Suécia.

Sem que isso estivesse nos planos dos Reis de Portugal essa presença tornou-se permanente e consentida e praticamente até a meados do século XIX um exemplo de “real-politik” no que habitualmente é designado, entre especialistas, por um “sistema de jurisdição dividida” sob a população local. No século XIX, não terá sido de todo bem sucedida a tentativa de reposicionar Macau numa lógica de pos-sessão colonial, quer porque as instruções traçadas ao Governador, de então, não resultaram em acções benquistas pelas autoridades mandarins quer porque a perturbação do status quo se provou um exercício temerário que custou a vida a Ferreira do Amaral.

Já no século XX, Portugal e a China encontraram o “justo tempo” para pen-sarem a questão de Macau, com Salazar a fazer orelhas moucas à actividade de agitação comunista no território, apesar dos despachos da delegação local da PIDE e a China de Mao coibindo-se de transformar o pequeno enclave num caso de afrontamento à dignidade republicana e socialista da República Popular. Já depois da Revolução dos Cravos, os dois países amigos encontraram espaço entre a pressa de alguns responsáveis políticos de Lisboa de se desembaraçarem rapidamente de Macau e o pragmatismo do líder Deng Xiao-Ping de encontrar uma solução hábil para as questões Macau, Hong Kong e Taiwan. Espaço que conduziria ao “justo meio” contido na Declaração Conjunta para “devolver” Macau à China e perpetuar por algum tempo o seu modelo político, económico e social de convivência mul-ticultural.

Como eu e o Rui Lourido tivemos a oportunidade de expressar ao público que acorreu à simpática sala do Museu República e Resistência, à Estrada de

Portugal e ChinaBenfica, resolvida a questão de Macau, com serenidade e estabilidade, ficou a faltar dimensão para dar um novo alento e pers-pectiva à relação bilateral, apressadamente transformada em “parceria estratégica” por um passo mal calculado. Ao contrário de alguns olhares mais críticos e descontex-tualizados, a acção dos vários governos de Lisboa que tiveram a responsabilidade de negociar a questão de Macau com as autoridades de Pequ8im foi responsável, balanceada e no final muito positiva. Não seria possível ter em Macau, depois de 1999, a pequena e laboriosa comunidade portuguesa residente se essa estratégia não tivesse conduzida com sentido de Estado, sob amplo consenso político-partidário e com a determinação, no terreno, das administrações Carlos Melancia e Rocha Vieira de a tornar efectiva.

Olhar a relação bilateral é difícil porque tem havido pouco para se lhe juntar, nem dimensão comercial, nem investimentos cruzados, nem intercâmbio cultural sig-nificativo. A bem da verdade, nem Wen Jiabao nem José Sócrates lhe conseguiram aditar algo mais significativo que a con-gratulação retórica anual da excelência das relações bilaterais, da cordialidade dos olhares mútuos e da forma convergente como Pequim e Lisboa olham para vários problemas da vida internacional.

Posta a questão em termos relativos é salutar que uma década e meia sobre a transferência da administração de Ma-cau para a República Popular da China subsista, na sociedade civil em Lisboa, o interesse em reflectir sobre o significado histórico da nossa presença em terras do Oriente ou como a usar como forma de lançar o “brand” Portugal como destino comercial, turístico, cultural e de lazer do empresariado e da classe média chinesa. Cabe a instituições privadas como o Fó-rum e o Observatório – longe do fausto de algumas fundações – cumprirem esse papel porventura nostálgico.

Dos governos espero pouco ou nada. Confesso-me muito céptico quanto aos resultados, atento o desempenho e o dis-curso de sucessivos Ministros dos Negócios Estrangeiros, para não falar em Secretários de Estado com o pelouro da Cooperação tanto de governos socialistas como social--democratas. Seguramente as “visitas de Estado” são importantes e dão parangonas nos jornais portugueses no dia seguinte, mas são vazios em resultados em termos de pro-jectos e oportunidades de negócio. Recordo, com ironia, as gigantescas delegações de empresários que acompanharam Chefes de Estado e de governo que chegados a Macau cirandavam entre banquetes e compras de sedas ou jóias nas habituais lojas para os veraneantes portugueses. Saíam pelo cais do jet-foil com anúncios à imprensa de grandes negócios que esqueciam já no avião (fretado) de regresso a Portugal.

Recordo, com ironia, as gigantescas delegações de empresários que acompanharam Chefes de Estado e de governo que chegados a Macau cirandavam entre banquetes e compras de sedas ou jóias nas habituais lojas para os veraneantes portugueses. Saíam pelo cais do jet-foil com anúncios à imprensa de grandes negócios que esqueciam já no avião (fretado) de regresso a Portugal

Malevich, Supremacia

Page 19: Hoje Macau 16 JUL 2013 #2893

19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei [estagiária] Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Tiago Alcântara; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

à f lor da peleHELDER FERNANDO

RicaRdo Pinhotwitter.com/ricardo

Como se faz um best of duma banda em que tudo é mau?

disse-me um passarinho...

hoje macau terça-feira 16.7.2013

DA China que realmente manda, chegam sistemáticas mensagens públicas (imagi-nemos as privadas) - ou, vá-rias vezes, serão repreensões?

Xi Jinping, filho de político relevante, desde que assumiu a chefia do Partido Comunista e logo depois, há 4 meses, eleito pela Assembleia Nacional Po-

pular como Presidente da China, avisou: “A China vai mudar”. Logo a seguir tem vindo a mencionar algumas mudanças. Não apenas aquelas – a conquista do espaço, por exem-plo – que dão motivos para legítimo folclore propagandístico em várias regiões como a RAEM. Sobretudo as mudanças que aos mes-mos apreciadores de enfeites especiais parece provocarem timidez: “O combate à corrupção especialmente entre os quadros dirigentes”.

Deviam também fazer grandes festas no Largo do Senado e junto à Torre de Macau, incluindo, já agora, as habituais stars deliran-tes de Hong Kong, dando as boas vindas a esta repetida afirmação. Bem merecido seria.

Com a tal devida vénia, cito com prazer, e por dever, o senhor Xi Jinping, Presidente da República Popular da China: “Os quadros dirigentes devem colocar os interesses do povo acima de tudo. Devem melhorar a sua conduta, devem combater firmemente a corrupção, rejeitar o formalismo, o burocra-tismo, o hedonismo, a extravagância. Devem combater, isso sim, determinantemente, todas as manifestações de corrupção e outros comportamentos negativos. Devem mostrar modéstia e prudência, evitar a presunção. Devem analisar a sua própria conduta, me-lhorar o seu estilo de trabalho evitando que a sua natureza seja comprometida, resolvendo com valentia os problemas das pessoas”.

Ninguém saberá se esta clara e indiscutí-vel mensagem chegou a todas as regiões da China, ou se foi completamente compreendi-da. Se tendo chegado e não foi compreendida e imediatamente aplicada, então há muita gravidade nisso e o senhor Presidente precisa de saber se é mal entendido, desobedecido ou anda a falar para surdos.

IIAs notabilidade política das intervenções do Presidente Xi Jinping faz-me sempre lembrar

Inventar outro mundo

esta e outras frases para sempre deixadas por Samora Machel: “O poder das facilidades que rodeiam os governantes podem corrom-per facilmente o homem mais firme. Por isso queremos que vivam modestamente e com o povo. Não façam da tarefa recebida um privilégio ou um meio de acumular bem ou distribuir favores”.

Esta também clara mensagem mantém--se quase há 6 anos escrita num mural em Maputo, em azulejo, de autoria do ainda jovem pintor de Tete, Elias Naguib, artista hoje com prestígio internacional. Mural inaugurado na ocasião dos 120 anos da capital moçambicana que no próximo 10 de Novembro completará o seu 126º aniversário como cidade.

Vem a propósito lembrar que não existe nenhum complexo parvamente colonial com as comemorações do Dia desta cidade. Con-

tinua sendo feriado municipal. Festas come-morativas costumam ter início 3, 4 ou mais meses antes. Não apenas festas de encher o olho, mas tanbém exposições, seminários, conferências, as universidades são mobiliza-das para falarem da História da cidade. São convidados artistas e académicos de países amigos. Os jornais assinalam a efeméride, as rádios,nomeadamente as de Maputo que são várias, concebem programas alusivos,

principalmente nos programas para jovens da TVM, a televisão oficial de Moçambique, como nos canais privados, o Dia da Cidade é celebrado pedagogicamente sem qualquer tipo de omissões. Um exemplo de quem está de bem com a própria cultura, amando-a, portanto respeitando-a.

IIIUm dia perguntaram ao pintor Amadeo Modigliani o que pintará um pintor cego; respondeu: “Pinta o que os outros não vêem”.

IVUma afirmação que, sendo levada a sério, é daquelas que nos faz arrepiar enquanto pensamos: “Snowden tem informações ainda não divulgadas que podem causar mais dano nos Estados Unidos da América em apenas 1 minuto do que qualquer outra pessoa na História”.

Não há órgão de comunicação social que não a tenha citado. Pertence a Glenn Greenwald, jornalista, colunista do jornal britânico “The Guardian”, também autor de pelo menos 2 blogues, referindo-se à alegada extensa rede de espionagem dos Estados Unidos em muitos países de todos os continentes.

Greenwald, é um profissional famoso e respeitado, não é um jornalista qualquer agarrado a uma qualquer sobrevivência ou necessidade de afirmação. A caminho dos 47 anos de idade, há muito que investiga e escreve regularmente sobre temas respei-tantes à segurança internacional. Tem sido distinguido com vários prémios.

Gleen Greenwald insiste quando lhe perguntam se além das revelações sobre o desempenho do sistema de espionagem em geral, Edward Snowden possui informações extra ainda mais graves: “O objectivo de Snowden é pôr a nu programas de infor-mática que as pessoas no mundo usam sem saber a que estão se expondo e sem terem concordado ceder os seus direitos à privacidade. Ele tem um grande número de documentação muitíssimo prejudicial para o governo dos EUA no caso de ser tornada pública”.

Há urgente necessidade de pararmos todos para inventarmos outro mundo. Talvez não seja possível.

Um dia perguntaram ao pintor Amadeo Modigliani o que pintará um pintor cego; respondeu: “Pinta o que os outros não vêem”

Modigliani, Retrato de Homem com um Chapéu

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cartoonpor Stephff

hoje macau terça-feira 16.7.2013

Q UATRO meninas entre 12 e 14 anos foram sequestra-das num hotel e

violadas por um grupo de 20 homens armados no distrito de Pakur, no Estado de Jharkhand na Índia, disseram ontem fontes policiais.

O episódio ocorreu domingo à noite, quando um grupo de homens armados entrou num hotel da cidade de Lawada, onde estavam hospedadas várias me-nores, e raptaram quatro delas para depois as violar, adiantaram as fontes policiais às agências indianas Ians e PTI.

Um superintendente da polí-cia local, E.S. Ramesh, afirmou

que a denúncia da violação foi apresentada por um grupo de moradores locais, que estão a colaborar com as forças de segurança para identificar e prender os envolvidos na vio-lência sexual, mas ninguém foi ainda detido.

Após a violação, as meni-nas foram transferidas para um hospital para serem submetidas a exames médicos.

Segundo a Ians, as menores pertenciam à etnia Paharia, um grupo marginalizado, o que as torna ainda mais indefesas em relação aos seus agressores.

A Índia viveu este ano alguns momentos de comoção popular pelos muitos casos de violação

que foram veiculados na impren-sa, desde que uma jovem de 23 anos morreu em Dezembro do ano passado, após ser violada e torturada por vários homens num autocarro de Nova Déli.

O crime gerou um debate sem precedentes sobre a situação da mulher no país asiático e levou o Parlamento a aprovar em Março uma lei para endurecer as penas contra agressores sexuais.

No final deste mês, espera-se que sejam anunciados os vere-dictos contra o menor e quatro dos cinco adultos envolvidos na violação de Dezembro. Um quinto adulto acusado suicidou--se na prisão em Março, segundo a versão das autoridades.

Padre deu três murros ao sacristãoDiscussão seguida de agressão. Foi o culminar de uma quezília antiga e cuja “gota de água” foi o facto de o padre não querer “que se reze o terço à frente do altar”. Tudo aconteceu poucos minutos antes das 19 horas de sábado, altura da missa vespertina. José Nunes, 62 anos, ia novamente rezar o terço, que precede a missa, mas faltava-lhe a aparelhagem e o microfone. Quando o pároco Manuel Silva chegou, confrontou-o e foi agredido, acusa. “Ele (o padre) nunca quis que eu rezasse o terço em frente do altar, de joelhos e meditasse entre cada Mistério”, assume o segundo sacristão. Daí que quando não viu o microfone, que admite ter sido “escondido”, antes da missa, foi falar com o padre: “Fui ter com ele e disse-lhe que se quisesse falar alguma coisa comigo íamos os dois a casa dele e falávamos”. Aí, refere, o sacerdote ameaçou-o: “Disse-me que se fossemos a casa dele era para me dar dois murros”. José Nunes admite que ripostou ao pároco e acabou espancado com “três murros e um pontapé”. O ex-PSP só não levou mais porque se defendeu e foi separado pelo principal sacristão. Agora afirma que não vai fazer queixa, e até perdoa o padre. “Prefiro deixar que Deus faça justiça”, diz. Para trás ficam cicatrizes, os óculos partidos e um pedido de desculpas que não chegou. Fonte oficial do Gabinete de D. Jorge Ortiga, arcebispo-primaz de Braga, disse que esta questão “será resolvida internamente”.

Coreais Terceiro encontro sem acordoRepresentantes da Coreia do Sul e da Coreia do Norte finalizaram ontem, sem alcançar um acordo, o terceiro encontro dos últimos dez dias para tentar reabrir o complexo industrial de Kaesong, fechado desde Abril passado. As delegações não conseguiram chegar a consenso e deram por terminado o diálogo. Pyongyang e Seul também não conseguiram ultrapassar as divergências, já debatidas em duas reuniões anteriores. Tal como nos dois encontros anteriores, a Coreia do Norte voltou a pedir a rápida normalização e sem condições prévias da situação no complexo, enquanto o Sul exigiu garantias de que Kaesong não volte a ser encerrado unilateralmente e propôs a internacionalização do complexo.

Snowden sob vigilância permanente O ex-consultor norte-americano Edward Snowden, que denunciou o esquema de espionagem pelos Estados Unidos a cidadãos do seu país e estrangeiros, é mantido sob vigilância permanente no hotel da zona de trânsito em que está hospedado, no aeroporto Sheremetievo, em Moscovo, na Rússia, segundo a agência de notícias não governamental Interfax. O norte-americano tem um quarto reservado, mas pode escolher entre ficar no local ou ir para a área destinada ao descanso dos funcionários que trabalham na zona de trânsito. No aeroporto, foram tomadas medidas especiais, como uma guarda constante no local onde está Snowden. Não há, porém, informações sobre a guarda ao norte-americano, não se sabendo se é feita por serviços de segurança oficial ou empresa particular.

EUA Protestos após absolvição de vigilante Nova Iorque, San Francisco, Chicago, Washington, Atlanta e Filadélfia foram algumas das cidades onde a população saiu ontem à rua para contestar a decisão tomada, no final da tarde de sábado, por um tribunal de Sanford, na Florida, de absolver George Zimmerman da morte de um rapaz de 17 anos, que estava desarmado. A morte de Trayvon Martin ocorreu numa noite de Fevereiro do ano passado, quando Zimmerman desempenhava funções de vigilante do seu bairro. Nas últimas semanas, o julgamento tornou-se mediático e, no sábado, o veredicto chocou a população, temendo-se uma onda de violência.

Calendário Descoberto na Escócia o mais antigo Os arqueólogos acreditam que encontraram o mais antigo “calendário” lunar num campo de Aberdeenshire, no Reino Unido. Escavações num campo em Crathes Castle permitiram pôr a descoberto 12 poços que parecem representar as fases da lua. A equipa da Universidade de Birmingham, liderada por Vince Gaffney, acredita que o monumento foi construído por caçadores-recolectores há mais de 10 mil anos. E que, além das fases lunares, o alinhamento dos poços também tem em conta o solstício de inverno, de modo a controlar melhor a passagem do tempo. “Aparentemente, as sociedades caçadoras - recolectoras na Escócia tinham a sofisticação para contar o tempo em anos solares e não apenas em meses lunares, e isto aconteceu cinco mil anos antes do primeiro calendário formal conhecido, na Mesopotâmia “, explicou Vince Gaffney, citado pela BBC.

QUATRO MENINAS VIOLADAS POR 20 HOMENS

Um filme de terror indiano

Spade VinhoNo Japão (onde havia de ser ) foi criado este spa repleto de vinho tinto. Segundo a publicidade, o vinho opera o rejuvenescimento do corpo e afirma-se que Cleopatra adorava banhar-se num bom Bairrada. Várias vezes ao dia é despejado o sagrado líquido desta garrafa que mede 3,6 metros.

JULGAMENTO DE ZIMMERMAN