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15Série Urbanização e Urbanismo
Metodologia Aplicada àArquitetura e UrbanismoCelso Monteiro Lamparelli
2O EDIÇÃO/JAN - FEV 00
USP Universidade de São PauloFAU Faculdade de Arquitetura e UrbanismoAUH Departamento de História da Arquitetura e Estética do ProjetoLAP Laboratório de Estudos sobre Urbanização, Arquitetura e Preservação
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METODOLOGIA APLICADA À ARQUITETURA E URBANISMO
Resumo
Este texto condensa grande parte dos conteúdos e bibliografias de duas
disciplinas de metodologia de pesquisa lecionadas, nos últimos anos, pelo autor
e um grupo de professores do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da FAU-USP. A primeira, “Teoria do Conhecimento Aplicada à
Arquitetura e Urbanismo”, oferece elementos para o estudante rever e aprofundar
a sua escolha do objeto de estudo. A segunda, “Metologia Científica Aplicada à
Arquitetura e Urbanismo”, oferece procedimentos metodológicos para a
elaboração detalhada do programa de pesquisa, a montagem do acervo de
dados e informações e a estrutura do plano preliminar da dissertação.
RESEARCH METHODOLOGY
Abstract
This text condenses great part of the contents and bibliographies of two diciplines
of research methodology wich were taught in the last years, by the author and a
group of teachers of the Post Graduation Programme in the Architecture and
Urbanism of FAU-USP. The first, “Theory of Knowledge Applied to Architecture and
to Urbanism” offers elements for the students to examine and deepen their choice
of the objetct of study. The second, “Scientific Methodology Applied to Architecture
and Urbanism” offers methodological procedured for a detailed elaboration of the
research programme, for the assemblage of the collection of data and information
and for the structuring of the preliminary plan of the dissertation.
Metodologia Aplicada À Arquitetura e Urbanismo
Celso Monteiro Lamparelli
Apresentação 6
Introdução e Objetivos 7
Programa e Conteúdo da Disciplina AUH-704 10
Programa e Conteúdo da Disciplina AUH-700 11
Notas sobre os Seminários e Trabalho Final da Disciplina 12
Esquemas de Desenvolvimento para Aulas da Disciplina AUH-704 14
Teoria da História e História das Teorias 20
Elementos para o Desenvolvimento da Disciplina AUH-704 23
Esquema de Desenvolvimento para as Aulas da Disciplina AUH-700 36
O Processo Discursivo do Conhecimento 41
Exercícios para os Estudantes das Disciplinas de Metodologia da FAU-USP 45
Algumas Citações para Metodologia e Epistemologia 47
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APRESENTAÇÃO
Este Caderno reúne alguns trabalhos do Prof. Celso Lamparelli, referentes às suas
atividades como docente do programa de pós-graduação da FAU-USP, nas reas
de Teoria do Conhecimento e Metodologia Científica, aplicadas à Arquitetura e
ao Urbanismo.
Lamparelli é um dos membros do LAP e professor do AUH. Suas atividades e seus
estudos estiveram sempre mais ligados ao Planejamento e aos Estudos Urbanos.
Sua publicação anterior, nestes Cadernos, trouxe uma contribuição importante
para o estudo das atividades de planejamento do Pe. Lebret e do grupo da
SAGMACS em São Paulo, entre 1945 e 1964.
Com este novo texto, registra sua contribuição para a sistematização teórica e a
pesquisa em Arquitetura e Urbanismo. O Caderno será muito útil para os alunos
de pós-graduação e de graduação, para orientá-los na elaboração de suas teses
e dissertações, em um setor no qual praticamente não há publicações no Brasil.
Em 1975, quando o programa de pós-graduação da FAU-USP foi instituído, e as
disciplinas objeto deste Caderno foram criadas, os professores indicados para
ministrá-las não pertenciam aos quadros da Faculdade. Em 1982, quando o
Departamento de História decidiu indicar professores de seus próprios quadros
para ministrá-las, constatamos que nossa familiaridade com os objetos de estudo
(a Arquitetura e o Urbanismo) e com os problemas de projeto e planejamento,
permitiam aos alunos uma compreensão mais adequada das questões teóricas
propostas. Ou seja, os professores da casa sabiam exemplificar e dar concreção
às questões tratadas.
Como responsável pela matéria “Teoria do Conhecimento Aplicada”, tive
oportunidade de desenvolver um trabalho inicial, para implantação desses novos
critérios. Entre 1984 e 1986, passei a trabalhar em conjunto com Lamparelli que
trouxe uma bagagem significativa, obtida em seus tempos de bolsista do IEDES
em Paris. A partir dessa época, após meu afastamento, Lamparelli assumiu a
disciplina e desenvolveu o programa, abrindo novos caminhos. Os textos que
seguem são uma demonstração adequada dessa contribuição.
Nestor Goulart Reis
Coordenador do LAP
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METODOLOGIA DE PESQUISA APLICADAÀ ARQUITETURA E AO URBANISMOCelso Monteiro Lamparelli
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Em 1984, a pedido do Prof. Dr. Nestor Goulart Reis Filho, chefe do Departamento
de História da Arquitetura e Estética do Projeto, passei a colaborar com ele como
professor das disciplinas obrigatórias do Programa de Mestrado Estruturas
Ambientais Urbanas da FAU-USP: AUH-704 - Teoria do Conhecimento e AUH-700
- Metodologia Científica, ambas aplicadas à Arquitetura e ao Urbanismo. Iniciou-
se, então, uma experiência que contou nos últimos anos com a participação de
outros professores do mesmo departamento, Profa. Maria Irene Szmrecsanyi,
Profa. Maria Ruth Amaral de Sampaio e Prof. Júlio Roberto Katinsky, sendo estes
dois últimos, no momento, co-responsáveis, respectivamente, pela AUH-704 e
pela AUH-700.
Partindo das relações vividas entre o mestrando, sujeito do conhecimento, e o
seu objeto de estudo, as duas disciplinas devem introduzir o estudante nos
fundamentos teóricos e nos principais procedimentos metódicos da pesquisa.
Assim sendo, elas são conduzidas de modo a promover o encontro de um
conjunto de questões epistemológicas e de conteúdos filosóficos elementares
com os problemas de método que os estudantes estão enfrentando nos seus
programas de pesquisa.
A qualificação recebida nos nomes das duas disciplinas, aplicadas à Arquitetura
e ao Urbanismo, se realiza pelo expediente didático de trabalhar com o objeto de
estudo de cada estudante como exemplo e tema de discussão.
Este texto pretende sistematizar as questões teóricas e de método que surgem e
se desenvolvem nessa experiência pedagógica e que se revelam como as mais
pertinentes à metodologia de pesquisa no campo da Arquitetura e do Urbanismo.
O objetivo geral da primeira disciplina, AUH - 704 “Teoria do Conhecimento
Aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo”, é o de auxiliar o estudante no
aperfeiçoamento das suas escolhas a fim de identificar, caracterizar e recortar
seu objeto de pesquisa e na reflexão sobre a problemática central e relevante de
suas preocupações. Para isso, os seguintes objetivos específicos são
trabalhados:
* promover um exame teórico do processo de conhecimento, explicitando as
questões de métodos inerentes às atividades do arquiteto como pesquisador ou
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como professor, e objetivando, sempre que possível, as transformações do
espaço e as práticas do projeto;
* explorar as categorias subjetivas da dinâmica da ação, destacando os processos
cognitivos e formas de conhecimento que nela se desenvolvem;
* identificar e discutir as principais questões de método sob a ótica de diferentes
correntes de pensamento e de pontos de vistas opostos; e finalmente,
* provocar, em cada estudante, uma reflexão crítica e uma formulação mais
apurada da problemática de seu campo de estudo, referenciada pelo novo recorte
do objeto, pela construção do quadro de referência teórico-metodológico, e pela
explicitação do programa geral de pesquisa e de estudos.
Todo este trabalho supõe o acompanhamento do orientador de cada estudante
nas suas escolhas definitivas.
O amplo espectro do campo de conhecimento e de atuação da Arquitetura e do
Urbanismo implica, necessariamente, uma grande diversidade de conteúdos e
métodos incorporados de diferentes ciências e disciplinas que são instrumentos
da prática do Projeto, entendido como processo de organização e produção de
espaços construídos, continentes das atividades e relações da sociedade em
constantes transformações.
Sem prejuízo dos traços característicos de intuição, poder de síntese, capacidade
criativa e visão estética, a prática do Projeto não prescinde dos métodos
científicos, especialmente quando os objetos da Arquitetura e do Urbanismo são
tratados como temas de pesquisa, de elaboração teórica, de revisão crítica ou
ainda de programas de ensino-aprendizagem.
A dinâmica da ação em suas fases de percepção, reflexão, opção e intervenção
necessárias ao desenvolvimento dos projetos, é sempre mediada pelo exercício
da análise, da síntese, da criação e da crítica. Tais fases comportam, assim,
procedimentos metodológicos que asseguram ao pesquisador, professor ou
projetista, maior eficácia na sua inserção e no seu desempenho como um dos
agentes das transformações da sociedade.
Em última instância, a necessidade da proposta síntese - projeto de um ser
possível, em que se deverá elaborar um conjunto de respostas prévias a todas
as questões previsíveis na fase de execução - não só como utopia ou forma
poética, mas também, como síntese de construção possível - exige,
concomitantemente, um processo de conhecimento.
Tal processo tem, por conseqüência, alguns desdobramentos analíticos
preparatórios e condutores da concretização de novos objetos, de espaços
restruturadores ou de sistemas de espaços suportes de atividades complexas.
A correta especificação das novas situações projetadas deve supor um
conhecimento mínimo dos campos científicos que elas envolvem. Mais do que
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isto, exigem o domínio dos procedimentos metodológicos mais utilizados nas
pesquisas referentes:
* à gênese, evolução e prognósticos da problemática concreta que cada
pesquisador deverá enfrentar, isto é, o conhecimento da história do problema
envolvendo suas interpretações, as diferentes abordagens teóricas e as soluções
práticas já experimentadas; dependerá do domínio de métodos e instrumentos
utilizados na pesquisa histórica;
* ao levantamento, sistematização e controle dos dados empíricos dos objetos
de estudo, das variáveis e estruturas significativas, com suas escalas, incidência
e freqüência de fenômenos, amplitude e significado dos problemas, dimensões
e condicionantes das situações concretas;
* a identificação dos sujeitos e agentes associados às situações-problemas, para
explicitar o jogo de interesses, as diferentes representações e aspirações, as
necessidades e reivindicações em conflito; serão indispensáveis outros métodos
e instrumentos de pesquisa que poderão ser adaptados de procedimentos
científicos já desenvolvidos em outros campos ou disciplinas das Ciências Sociais.
A segunda disciplina denominada AUH - 700: “Metodologia Científica Aplicada à
Arquitetura e ao Urbanismo” dá continuidade aos avanços da primeira, que tendo
respondido com maior clareza e segurança o que se pretende pesquisar, vai se
voltar para as questões de como pesquisar, perseguindo os seguintes objetivos:
* ampliar as alternativas de técnicas, instrumentos e procedimentos
metodológicos a serem utilizados nos projetos de pesquisa que cada estudante
vem já desenvolvendo no seu programa de Mestrado da FAU-USP;
* discutir, através da apresentação de casos escolhidos de pesquisas nos
diferentes assuntos de interesse, os limites, vantagens, desvantagens e adequações
dos principais procedimentos metodológicos para um pesquisador da área;
* criar situações de exercício para cada aluno formular e tentar resolver
previamente os problemas metodológicos de seu programa de pesquisa;
* levar o mestrando a formular seu plano de pesquisa em todas as suas
implicações de tempo e recursos necessários, bem como se organizar para
cumprir as tarefas dentro dos prazos e da qualidade exigida na pesquisa e como
conseqüência da dissertação;
* fornecer bibliografia auxiliar necessária ao futuro aprofundamento das questões
de método, técnicas e instrumentos de pesquisa.
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PROGRAMA E CONTEÚDO DA DISCIPLINA AUH- 704: Teoria do Conhecimento aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo
1a. Sessão - Apresentação do programa, conteúdo, método e bibliografia de
trabalho da disciplina. - Apresentação de cada participante como sujeito do
conhecimento: formação, experiência, campo de interesse e motivação para o
programa de mestrado.
2a. Sessão - Exposição sumária do tema de dissertação e do objeto de pesquisa
de cada estudante: qual o problema? Organização das equipes para os
seminários que deverão agrupar os estudantes por campos afins de pesquisa,
iniciando o trabalho de preparação dos temas dos seminários.
3a. Sessão - A Epistemologia e as diversas formas de conhecimento. As relações
entre sujeito e objeto e os métodos de conhecimento. Algumas questões
metodológicas.
4a. Sessão - Crítica e discussão dos processos e critérios de escolha e de
delimitação dos objetos de estudo.
5a. Sessão - Categorias e processos na apropriação e produção de
conhecimentos. Dinâmica do conhecimento e da ação do ponto de vista dos
sujeitos. Categorias objetivas e quadro de referência para o recorte de objetos
de estudo. O todo e a parte.
6a. Sessão - Os métodos das Ciências Sociais e sua influência no âmbito da
Arquitetura e do Urbanismo. (Preparação dos seminários)
7a. Sessão - Julgamento de fato e julgamento de valor. Conhecimento e projeto
nas correntes e tendências filosóficas. História e teoria. (Preparação dos
seminários)
8a. Sessão - O concreto e o concreto pensado. Movimentos e momentos do
método. Ciclos do processo de conhecimento. - Método das aproximações
sucessivas. Teoria e prática. (Preparação dos seminários)
9a. Sessão - Idealismo e subjetivismo e suas influências no pensar a Arquitetura
e o Urbanismo, ou uma revisão das teorias pertinentes ao campo de pesquisa da
equipe - Seminário da Equipe I.
10a. Sessão - Positivismo e empirismo e suas influências na prática da Arquitetura
e do Urbanismo ou uma revisão das teorias pertinentes ao campo de pesquisa
da equipe. - Seminário da Equipe II.
11a. Sessão - Materialismo histórico e dialético nas formas de pensar e intervir
nas questões do Urbanismo e da Arquitetura ou uma revisão das teorias
pertinentes ao campo de pesquisa da equipe. - Seminário da Equipe III.
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12a. Sessão - Discussão das questões centrais dos seminários: os pressupostos
teóricos e o quadro de referências redefinindo o objeto de estudo: instrumentos
auxiliares e questões práticas no encaminhamento do processo de pesquisa.
13a. Sessão - Avaliação da disciplina e esclarecimentos sobre a preparação do
trabalho final.
Avaliação: São considerados para a avaliação dos estudantes seu desempenho
nos seminários, nas apresentações de seu objeto de estudo tendo primazia a
qualidade do seu trabalho final da disciplina que deverá conter:
I) Identificação, recorte e problemática do objeto de estudo e pesquisa;
II) Quadro de referência e contextos teóricos;
II) Pressupostos teóricos e metodódologicos;
III) Revisão da literatura básica pertinente ao tema de estudo
IV) Bibliografia consultada
PROGRAMA E CONTEÚDO DA DISCIPLINA AUH - 700:Metodologia Científica Aplicada àArquitetura e ao Urbanismo
1a. Sessão - Apresentação e discussão do programa, conteúdo e sistemática da
disciplina. Formação dos grupos de estudo por afinidade de temas para
preparação dos seminários.
2a. Sessão - Ciclos e fases do processo de conhecimento: do concreto ao abstrato
e retorno ao concreto, das teorias às práticas, da descrição problematizada às
proposições de transformação.
3a. Sessão - Aproximação ao empírico pelas hipóteses de compreensão e de
explicação, e pela definição e análise das variáveis e suas relações qualitativas e
quantitativas.
4a. Sessão - Instrumentos e procedimentos de medida, coleta e sistematização
de dados.
5a. Sessão - Atendimento para a preparação dos Seminários dos grupos de
alunos sobre as questões de métodos e técnicas de pesquisa e a sua aplicação
nos temas previamente definidos, inclusive revendo os principais trabalhos
existentes sobre objetos similares.
6a. Sessão - Seminário do grupo I e comentários dos professores.
7a. Sessão - Seminário do grupo II e comentários dos professores.
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8a. Sessão - Seminário do grupo III e comentários dos professores.
9a. Sessão - Seminário do grupo IV e comentários dos professores.
10a. Sessão - Síntese das questões e soluções apresentadas nos seminários.
11a. Sessão - Desenvolvimento dos conteúdos e estruturas dos fenômenos dentro
de argumentação lógica e convincente. Formas indutivas e dedutivas, afirmativas
e negativas, simbólicas e discursivas.
12a. Sessão - A preparação dos elementos de exposição: estrutura das unidades
e módulos da apresentação, cuidados e procedimentos de redação.
13a. Sessão - Avaliação da disciplina e preparação do trabalho final.
NOTAS SOBRE OS SEMINÁRIOS E OTRABALHO FINAL DA DISCIPLINA
Os seminários dos grupos de estudantes realizados em datas pré-fixadas são
preparados na hora final das sessões com a assistência dos professores. As
atividades iniciais de preparação constam de retomada dos trabalhos individuais
da disciplina AUH-704 para uma análise crítica por um colega e o levantamento
das questões comuns e relevantes para o seu aprofundamento nos seminários.
Simultaneamente cada aluno deve escolher, dentro da sua revisão bibliográfica,
uma ou duas teses ou dissertações, para uma leitura que aprofunde os
problemas e soluções encontrados pelos seus autores do ponto de vista de
métodos e técnicas de pesquisa. Estes dois trabalhos, que são entregues
individualmente, servem para conduzir a escolha dos temas a serem
desenvolvidos no SEMINÁRIO, mas não são o assunto do seminário.
O seminário do grupo versa basicamente sobre dois eixos de questões:
* o primeiro aprofundando os procedimentos alternativos para a pesquisa
empírica, discutindo as formas de coleta e levantamentos necessários, as
técnicas mais apropriadas, as fontes privilegiadas de informações e como
recolher, sistematizar e analisar os dados;
* o segundo explorando o referencial teórico e as formas de rever e atualizar a
literatura dos temas de estudo, definindo as principais linhas teóricas que
poderiam subsidiar a construção dos pressupostos teóricos condutores da
pesquisa e de sua interpretação.
O trabalho da disciplina é um plano detalhado e justificado, da pesquisa e estudos,
em que o mestrando organiza suas atividades, visando acumular os
conhecimentos, dados e informações necessárias e suficientes para a elaboração
de sua dissertação.
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA - AUH -704 E AUH-700
BACHELARD, G. O Novo Espírito Científico: A Filosofia do Não. In: Bachelard.
Coleção “Os Pensadores”, São Paulo, Ed. Abril, 1984
BLALOCK, H. Estatística Social. México, Fondo de Cultura Economico, 1981
BLANCHÉ, R. A Epistemologia. Lisboa, Martins Fontes, 1979
BOURDIER, P. CHAMBOREDON, J.C. e PASSERON, J.C. Le Métier de Sociologue.
Paris, Mouton, 1973
BRUYNE, P., HERMAN, J.& SHOUETHEETE, M. Dinâmica da Pesquisa em Ciências
Sociais. Rio de Janeiro, Liv. F. Alves, 1977
BUNGE, M. La Investigación Científica - Su Estratégia y su Filosofia. E. Ariel,
Barcelona, 1973
CASTELLS, M. e IPOLA, E. Prática Epistemológica e Ciências Sociais. Porto, Ed.
Afrontamento, 1975
COHEN, M. e NAGEL, F. Introduccion a la lógica y al metodo científico. Buenos
Aires, Amorruter, 1976
COHN, Gabriel. Crítica e Resignação: Fundamentos da Sociologia de Max Weber.
São Paulo, T. A. Queiroz, 1979
CORETH, Emerich. Questões Fundamentais de Hermenêutica. São Paulo, EPU &
EDUSP, 1973
DESCARTES, R. Discurso do Método. In: Descartes. Coleção “Os Pensadores”, São
Paulo, Ed. Abril, 1983
DURKHEIM, E. As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Com. Ed. Nacional, 1971
ELGUEA, Javier. As Teorias del Desarrollo social en América Latina: Una
Reconstrucción Racional, Mexico, El Colegio de México, 1989
FERNANDES, Florestan. Fundamentos Empíricos da Explicação Sociológica. São
Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1959
FEYERABEND, P. Contra o Método. Rio de Janeiro, Liv. Francisco Alves, 1977 (Caps.
XV e XVI)
FOUCAULT, M. As Palavras e as Coisas: Uma Arqueologia das Ciências Humanas.
São Paulo, Martins Fontes, 1990
GOLDMANN, L. A Criação Cultural na Sociedade Moderna. São Paulo, Dif. Européia
do Livro, 1972
HARVEY, D. A Justiça Social e a Cidade. São Paulo, Ed. Hucitec, 1980
HESSEN, J. Teoria do Conhecimento. Coimbra. Ed. Martins Fontes,1976
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HUISMAN, D. et VERGEZ, A. Philosophie: La Connaissance. Alleur (Belgique),
Marabout, 1994
KNELLER,F.G. A Ciência como Atividade Humana. ZAHAR ED/EDUSP Rio de Janeiro, 1972
KORN, F. et alii. Conceptos y Variables en la Investigación Social. E. Nueva Visión,
Buenos Aires, 1973
KOSIK, K. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976
KUHN, T.S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo, Ed. Perspectiva, 1975
MARX, K. Introdução à crítica da Economia Política. In: Marx. Coleção “Os
Pensadores”. São Paulo, Ed. Abril, 1974
MERLEAU-PONTY, M. Las Aventuras de la Dialética. Buenos Aires, Siglo Veinte
MILLS, C.W. A Imaginação Sociológica. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1969
MONGENBESSER, S. Filosofia da Ciência. São Paulo, Ed. Cultrix, 1971
SALMON, C.W. Lógica. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1973
SANTOS, B.S. Introdução a uma Ciência Pós-Moderna. Rio de Janeiro, Editora
Graal, 1989
SZMRECSANYI, Maria Irene de Q.F. Educação e Fecundidade: Ideologia, Teoria e
Método na Sociologia da Reprodução Humana. São Paulo, Hucitec-EDUSP, 1986
VARGAS, Milton. Metodologia da Pesquisa Tencnológica. Rio de Janeiro, Ed. Globo, 1985
VEYNE, Paul. Comment on écrit l’histoire. Paris, Édition du Seuil, 1978
ESQUEMAS DE DESENVOLVIMENTO PARA AULAS DA DISCIPLINA AUH-704:Teoria do conhecimento aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo
Epistemologia e questões de método.
Inicia-se o curso com a discussão sobre as alternativas possíveis de tratamento das
questões de método em seus diferentes âmbitos: nível em que se produz o
conhecimento, campo disciplinar e área científica.
1. Níveis e fontes de conhecimento:
* O nível da experiência prática é uma fonte de conhecimento do chamado senso
comum. Este nível é o da experiência historicamente acumulada, constituindo-se no
conjunto de conhecimentos próprios da cultura e da técnica de cada civilização;
* O nível da tradição é o das crenças populares e outras formas difusas de explicar e
solucionar problemas, consubstanciado em superstições, mitos e saberes muitas
vezes sem bases racionais;
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* O nível científico é o dos conhecimentos sistemática e metodicamente
construídos pela observação, interpretação e exposição analítica, lógica e
universal de problemas e teorias, compondo corpos de conhecimentos em
diferentes áreas. É seu objetivo responder à problemática de cada parte objetiva
do mundo concreto, sempre com um discurso codificado e competente por conter
um certo grau de previsibilidade;
* O nível artístico é o conjunto de manifestações de valor poético e estético
produzidos pela sensibilidade do homem na sua capacidade de expressão
sintética, singular e sublime do seu mundo e de si próprio.
* O nível filosófico ou da reflexão filosófica é o que retoma os níveis anteriores,
extraindo deles as questões gerais do pensamento e da ação, discutindo as
proposições e construindo sistemas de pensamento que contemplam os
problemas ontológico, lógico, ético e estético.
2. Campos disciplinares das questões de método.
Não é objetivo das aulas discutir as questões sobre verdade e certeza
desenvolvidas pelos diferentes filósofos e os sistemas filosóficos, mas
simplesmente introduzir disciplinas que tratam das questões epistemológicas e
das teorias do conhecimento: a Filosofia da Ciência, a História das Ciências, e a
Lógica. Como essas disciplinas tratam as questões do conhecimento sob óticas
específicas e distintas, o seu estudo possibilita a abordagem de um problema com
diferentes ênfases.
* A Filosofia da Ciência desenvolve a análise das relações entre o Sujeito e o
Objeto com o objetivo de identificar e entender os processos de formação,
explicitação e transmissão do conhecimento. Sua ênfase nas contradições entre
o concreto e o concreto pensado identifica os obstáculos e dificuldades da
pesquisa científica e contribui para explicitar e superar questões gerais de
metodologia científica.
* A História das Ciências estuda os métodos e procedimentos da pesquisa
científica nos diversos tempos e campos do conhecimento. Elege as principais
práticas da investigação científica, suas criações e descobertas que consolidaram
novos paradigmas como transformações históricas das bases teóricas e
metodológicas.
* A Lógica, como a Semiologia e a Hermenêutica, contribui para o
aperfeiçoamento metodológico elegendo as questões da linguagem, o estudo das
estruturas simbólicas e da lógica formal para aplicar na exposição, argumentação
e interpretação dos discursos científicos.
3. As Áreas Científicas
A classificação dos universos trabalho, áreas de estudo, objetos e problemáticas
do conhecimento tem estabelecido diferentes divisões do mundo e induzido
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corpos de conhecimento e métodos configurando disciplinas ou ciências com
identidade e autonomia relativas, consolidando conjunto de ciências agrupadas
com os mais variados títulos, como ciências naturais, exatas, biológicas, da vida,
sociais, humanas etc.
Não cabe escolher ou discutir no curso, as classificações mais corretas ou
convenientes, mas sim procurar algumas diferenças metodológicas ou exigências
específicas a partir das classes de objetos da matéria inerte, do mundo orgânico
e dos objetos que incluem o homem e suas faculdades de sensibilidade,
inteligência, razão e vontade, o mundo do espírito.
* Os três setores ou ordens dos objetos do conhecimento, distintos para Kant e
analisados por Goldmann em seu livro Origem da Dialética dentro do item
“liberdade e necessidade”: “Sabemos que já na época pré-crítica, Kant distinguia
no dado três setores: o mecânico, o biológico e o espiritual. Este último tornar-
se-á em seguida, na filosofia crítica, o mundo inteligível da liberdade.”
(GOLDMANN, 1975, p 140).
* “Poder-se-ia talvez retraçar a história das ciências humanas desde o século XIX,
a partir de três modelos: primeiro, o reino do modelo biológico (o homem, sua
psique, seu grupo, sua sociedade, a linguagem que ele fala existem, na época
romântica, enquanto vivos e na medida em que de fato vivem; seu modo de ser é
orgânico e é analisado em termos de função); depois vem o reino do modelo
econômico (o homem e toda a sua atividade são o lugar de conflitos de que
constituem, ao mesmo tempo, a expressão mais ou menos manifesta e a solução
mais ou menos bem sucedida); enfim - assim como Freud vem após Comte e Marx
- começa ao reino do modelo filológico (quando se trata de interpretar e de
descobrir o sentido oculto) e o linguístico (quando se trata de estruturar e de trazer
à luz o sistema significante)”, (FOUCAULT, 1990 p.277). “Assim, esses três pares
de conceitos, função e norma; conflito e regra; significação e sistema, cobrem,
por completo, o domínio inteiro do conhecimento do homem” (FOUCAULT, 90,
p.274).
Na Arquitetura e no Urbanismo as questões do conhecimento apontam na direção
da concepção e construção de espaços, abrigos e condições físicas apropriadas
às atividades humanas, ao mesmo tempo que se constituem expressão da cultura
e dos valores de uma sociedade historicamente determinada.
As práticas sociais de produção do espaço constituem o objeto genérico de
pesquisa dos alunos e envolvem e integram sempre conhecimentos de três
ordens:
* do mundo físico-químico, seus instrumentais lógico matemático para a
adequada manipulação da natureza enquanto matéria inerte e em movimento,
desde as questões da astronomia de orientação e conforto ambiental até as
estruturas moleculares dos materiais de revestimento;
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* dos impactos da intervenção espacial no equilíbrio dos ecosistemas e das
condições ambientais de vida e reprodução biológica em seus novos espaços
construídos pelo trabalho humano necessariamente produtor e destruidor da vida;
* do espírito humano em suas complexas relações sociais, aspirações e
especificidades culturais de conhecimento e desenvolvimento dos projetos e
valores que envolvem as necessidades de espaços construídos nas escalas dos
interiores, edifícios, cidades e regiões como desenho do belo e do útil.
Na terceira ordem, que envolve também as ordens anteriores, as atividades e os
conhecimentos da Arquitetura e do Urbanismo respondem às necessidades
coletivas e individuais das sociedades em seu processo histórico, indo mais além
quando empreende seu papel crítico amplo e específico das demandas sociais e
dos resultados de suas práticas, seus conhecimentos sistematizados, seus
discursos e suas obras.
O estudo dos métodos de pesquisa na área da Arquitetura e Urbanismo deve
incorporar um conjunto interdisciplinar de teorias e práticas, de forma a revelar a
problemática da área em sua ação criadora de síntese mediada pelo projeto, e
até como reposta tecnicamente viável de uma produção coletiva de condições
materiais de espaços de vida e desenvolvimento social embebida de intenção
estética.
BIBLIOGRAFIA
BACHELARD, G. Épistémologie (Textes choisis).Paris, PUF, 1971.
FOUCAULT, M. As Palavras e as Coisas: Uma Arqueologia das Ciências Humanas.
São Paulo, Martins Fontes, 1990
GOLDMANN, L. Origem da Dialética.Rio de Janeiro, Paz e Terra. 1972
HESSEN, J. Teoria do Conhecimento. S. Paulo, Martins Fontes, 1976
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TEORIA DA HISTÓRIA E HISTÓRIA DAS TEORIAS
História
Gênese da noção de História na Grécia: atividade de colher e registrar os fatos
de uma realidade e seu tempo. Inicialmente denomina-se história aquilo que será
a própria atividade da ciência. “Conhecimento adquirido mediante investigação...
O ponto comum entre a doutrina de Cournot e a tradição que vai de Aristóteles
aos Enciclopedistas parece-me ser a oposição que todos fazem entre HISTÓRIA E
TEORIA, tendo a primeira por objeto os dados de fato, que simplesmente se
recolhem e objeto de memória; a segunda tendo por objeto as relações
constantes e gerais, que se constróem e que são objeto de razão...” (LALANDE,
1966, p.559)
Muitas interpretações do significado de história partem de um núcleo comum que
se contrapõe à natureza, pois considera o mundo histórico como a totalidade das
coisas e dos modos de ser e pensar criado, construído pelos homens em suas
sociedades.
Em torno desse núcleo gravitam as novas concepções da HISTÓRIA sejam elas
dominadas por diferentes ênfases:
* como evolução e decadência,
* como ciclos,
* como reino do acaso,
* como progresso
* como a ordem da providência
Foucault em seu notável estudo “Nietzsche, a Genealogia e a História” faz uma
revisão crítica das formas tradicionais de entender e escrever a história. Em um
dos trechos ele escreve: “Podem-se apreender, a partir de então as
características próprias do sentido histórico como Nietzsche o entende, e que
opõe a ‘Wirckliche Historie’ à história tradicional. Aquela inverte a relação
habitualmente estabelecida entre irrupção do acontecimento e a necessidade
contínua. Há toda uma tradição da história (teleológica ou racionalista) que tende
a dissolver o acontecimento singular em uma continuidade ideal - movimento
teleológico ou encadeamento natural. A história efetiva faz ressurgir o
acontecimento no que ele pode ter de único e agudo.
É preciso entender por acontecimento não uma decisão, um tratado, um reino,
ou uma batalha (ou no nosso caso uma teoria) mas uma relação de forças que se
inverte, um poder confiscado, um vocabulário retomado e voltado contra seus
utilizadores, uma dominação que se enfraquece, se distende, se envenena e uma
outra que faz sua entrada, mascarada.” (FOUCAULT, 1979, p.28).
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As teorias são frutos da razão. Como na história não existe uma razão já pronta,
pois ela torna-se razão no momento mesmo em que se realiza, o conhecimento
teórico se renovará na medida que se renova, na história, a sua raiz: a razão.
As teorias são parte da história, e esta “só é possível quando o homem não
começa sempre de novo e do princípio, mas se liga ao trabalho e aos resultados
obtidos pelas gerações precedentes” (KOSIK, 1976, p.218). Assim as teorias são
construídas e comunicadas continuamente, superando pressupostos e situações
passadas, exatamente ao ter que enfrentar situações novas com diferentes
problemáticas e diferentes gerações com suas construções teóricas.
A construção das teorias se processa coletivamente e em coletividades
embebidas em determinadas condições sociais, mas virtualmente capaz de
romper e se libertar das condições históricas, abrindo um campo de
indeterminações. O presente se desenrola na prática e projeta para um futuro
imediato as teorias e objetivos, fruto da sua própria crítica, que interagindo com
as suas próprias condições, viabiliza bifurcações de futuros possíveis.
Tais futuros históricos se desenvolvem simultanea e desigualmente, não só
determinados pelas condições objetivas mas direcionados pelas resultantes das
lutas entre agentes sociais com seus objetivos, quase sempre fundamentados em
concepções de mundo que por sua vez se consubstanciam em teorias. Teorias
essas articuladas de um lado pelas comprovações experimentais e de outro pelos
interesses de grupos ou classes sociais na manutenção de determinados
conjuntos de relações sociais.
Pode-se destacar e discutir essas articulações no desenrolar histórico que
caminha das práticas bem sucedidas para as teorias e destas para novas
aplicações, afirmando paradigmas até o seu esgotamento. Configura-se nesse
processo uma ruptura inevitável entre o conhecimento implícito na ação humana
e o conhecimento explícito num discurso científico que envolve teorias, métodos,
certezas e previsibilidade sobre um campo delimitado de questões, o seu objeto
concreto de estudo.
Historicamente pode-se observar nos movimentos indutivos e dedutivos da
construção científica uma tendência de extrapolação, ou melhor dizendo, a
capacidade de generalização recolhida pelas teorias e métodos induz a
ampliação das fronteiras dos objetos, ou ainda a transposição de teorias e
métodos para outros campos ainda inexplorados ou para problemáticas novas. É
nesse movimento migratório de conceitos, teorias e métodos que se alarga e se
fraciona o conhecimento na tentativa de resolver o problema da parte e do todo
com cadeias de teorias que se articulam do específico para o geral e do concreto
para o abstrato.
“É próprio da essência do método dialético o fato de que nele sejam superados
os falsos conceitos, em sua universalidade abstrata. Esse processo de superação
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exige, contudo, que se continue a operar com esses conceitos unilaterais,
abstratos e falsos: eles devem ser conduzidos à sua significação correta, não
tanto mediante uma definição, mas antes através da função metodológica que
recebem enquanto momentos superados da totalidade...” Na pura historicização
da dialética, essa afirmação torna-se mais uma vez dialética: o ‘falso’ é, ao mesmo
tempo enquanto falso e ‘não falso’, um momento do verdadeiro.” (Sochor, In:
HOBSBAWN, 1987, p.30)
“Esclareceu-se, portanto, dessa maneira toda a questão do método científico e,
com ela, a questão do progresso científico. O progresso consistia num movimento
em direção a teorias que nos dizem sempre mais - teorias de conteúdo sempre
maior. Entretanto quanto mais uma teoria afirma, tanto mais ela exclui ou proíbe,
de modo que crescem as oportunidades para seu falseamento. Assim, a teoria
de maior conteúdo é a que admite as provas mais severas. Tais considerações
levaram a uma teoria em que o progresso científico demonstrou consistir, não em
acumulação de observações, mas em superação de teorias menos satisfatórias,
e sua substituição por teorias melhores, ou seja, em particular, por teorias de
maior conteúdo. Havia, portanto, competição entre teorias - uma espécie de luta
darwiniana pela sobrevivência.” (POPPER, 1977, pp.86 e 87)
BIBLIOGRAFIA
FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro, Graal,1979.
HOBSBAWM, E. História do Marxismo,v.9. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
KOSIK, K. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976
LALANDE, A. Vocabulário da Filosofia. Porto, Rés, 1967
POPPER, K.R. Autobiografia Intelectual. São Paulo, Cultrix/EDUSP, 1977.
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ELEMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA AUH-704: TEORIADO CONHECIMENTO APLICADA À ARQUITETURA E AO URBANISMO (*)
Formas de conhecimento
As questões mais polêmicas e recorrentes recebem quase sempre contribuições
de três níveis: o nível prático da experiência, acumulado historicamente pela
transmissão social consubstanciada no senso comum e num conjunto difuso de
conhecimentos técnico-culturais; o nível científico que sistematiza diferentes
corpos de conhecimentos delimitados e construídos metodicamente para
responder à problemática de uma parte objetiva do mundo concreto com um
discurso codificado e um grau de previsibilidade; e o nível de reflexão filosófica
que retoma os dois níveis anteriores, extraindo deles as questões gerais do
pensamento e da ação para sistematizar e discutir proposições dos pontos de
vista ontológico, lógico, ético e estético.
Assim sendo, muitas das questões devem ser cortadas transversalmente pelos
três níveis a fim de que os diferentes graus de abstração fiquem interligados
criticamente:
1. A questão das relações entre o sujeito do conhecimento e seu objeto de
intelecção vai ser resolvida por um movimento contraditório de identidades e
dicotomias, de induções e deduções, de análises e sínteses que ligam
criticamente o concreto com o concreto pensado, gerando questões
metodológicas implícitas ou explícitas na prática da pesquisa. É na tentativa de
explicitar as questões de método que se torna indispensável partir de situações
concretas, em que o sujeito e seu objeto se apresentem sob a forma de uma
problemática.
A pesquisa se inicia no momento em que a problemática se desdobra com a
consciência da insuficiência de conhecimentos que o pesquisador constata sobre
objeto embrionário da pesquisa. As dificuldades dessas primeiras relações sujeito
- objeto propiciam a emergência das questões de método, que ao serem
discutidas no nível geral revelam caminhos alternativos e complementares para
o pesquisador se interrogar sobre o que sabe não saber sobre o objeto. Desta
forma o desdobramento da problemática que contorna o ainda desconhecido pelo
conhecido, revela o que é ainda insuficiente e duvidoso.
Inicia-se a exposição preliminar que simultaneamente justifica a importância da
pesquisa, o significado do tema de pesquisa e formula a questão central do estudo.
É oportuno lembrar que “O conhecimento não é contemplação. A contemplação
do mundo se baseia nos resultados da praxis humana. O homem só conhece a
realidade na medida em que ele cria a realidade humana e se comporta antes de
tudo como ser prático. Para nos aproximarmos da coisa e da sua estrutura e
(*) Prof. Dr. Celso M.Lamparelli e Profa. Dra.Maria Ruth A. deSampaio.
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encontrar uma via de acesso para ela, temos de nos distanciar delas... Não é
possível compreender imediatamente a estrutura da coisa ou a coisa em si
mediante a contemplação ou a mera reflexão, mas sim mediante uma
determinada atividade. Não é possível penetrar na coisa em si e responder à
pergunta - que coisa é a coisa em si?- sem a análise da atividade mediante a
qual ela é compreendida; ao mesmo tempo, esta análise deve incluir também
o problema da criação da atividade que estabelece o acesso à coisa em si.
Estas atividades são os vários aspectos ou modos da apropriação do mundo
pelos homens.”(1)
2. O tempo e o espaço como contingências das situações concretas do sujeito e
do objeto e de suas relações vão aparecer sob a forma de problemas de
qualidade e quantidade, ordem e simultaneidade, unidade de medida e
periodização, integração e segmentação. A explicitação da gênese da escolha
do objeto, fruto das experiências, desafios, curiosidades, intenções, objetivos e
paixões, deverá revelar os pontos de contato entre as histórias do sujeito e do objeto.
O pesquisador se afasta e, visualiza no tempo e no espaço, o seu próprio
envolvimento com manifestações específicas e gerais do objeto, e a presença real
e exterior da problemática que até então o objeto já lhe forneceu. É o momento
de trabalhar com todo o conhecimento disponível, fazer como que um balanço
dos sei e dos não sei.
Para auxiliar tal esforço sistemático pode-se lançar mão das outras categorias
gerais do conhecimento, além dos quando? e onde?, acrescentando-se questões
de qualidade, quantidade, causalidade, modalidade etc. que identifiquem o objeto
na sua materialidade e na sua formalidade.
3. As relações entre as partes e o todo se interpõem como dificuldade a ser
enfrentada para focalizar a observação que intensifique as capacidades de
percepção e representação. Os movimentos de compreensão e explicação, de
análise e síntese, de abdução, indução e dedução serão auxiliares para uma
prospecção do objeto e seu contexto, de modo a permitir a construção preliminar
de um quadro de referência, estruturador das relações e mediações entre o todo
e a parte, a figura e o fundo, a caixa preta central e seu contorno formado de
múltiplas portas de entrada do conhecido para o desconhecido.
“Da vital, caótica, imediata representação do todo, o pensamento chega aos
conceitos, às abstratas determinações conceituais, mediante cuja formação se
opera o retorno ao ponto de partida; desta vez, porém, não mais como ao vivo
mas incompreendido todo da percepção imediata, mas ao conceito de todo
ricamente articulado e compreendido. O caminho entre a ‘caótica representação
do todo’ e a ‘rica totalidade da multiplicidade das determinações e das relações’
coincide com a compreensão da realidade. O todo não é imediatamente
cognoscível para o homem, embora lhe seja dado imediatamente em forma(1) KOSIK, K. (1976), pp. 22e 23
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sensível, isto é, na representação, na opinião, e na experiência. Portanto, o todo
é imediatamente acessível ao homem, mas é um todo caótico e obscuro. Para
que possa conhecer e compreender este todo, possa torná-lo claro e explicá-lo,
o homem tem de fazer um détour: o concreto se torna compreensível através da
mediação do abstrato, o todo através da mediação da parte. Exatamente porque
o caminho da verdade é um détour...o homem pode perder-se ou ficar no meio
do caminho.” (2)
O quadro de referência contém, necessariamente, uma teoria, ou teorias
pertinentes à problemática do objeto. “Nas palavras de Russell Hanson: ‘As
observações e os experimentos estão impregnados de conceitos: estão
carregados de teorias.’ Isso acontece porque as próprias teorias definem os
conceitos em cujos termos os dados são expressos e os fatos interpretados. Tal
como as coisas são concebidas, assim são vistas. As teorias não só dirigem nossa
atenção para as coisas que não havíamos descortinado antes, mas também
influenciam o que vemos quando o vemos.” (3)
Resumindo, o quadro de referência, que contorna e penetra o objeto de pesquisa,
é construído, implícita ou explicitamente, mediante os pressupostos teóricos ou
paradigmas de um campo de conhecimento já comprovado e sistematizado em
uma ciência normal.
4. As questões sobre a pertinência da escolha dos pressupostos teóricos só serão
resolvidas no próprio desenvolvimento da pesquisa. A aplicação sucessiva de
diferentes teorias existentes já comprovadas em objetos e problemáticas similares
orientará a formulação das hipóteses de compreensão, explicação e previsão.
Nesse trabalho o pesquisador deve “fazer um pacto de fraternização com outras
ciências, abrir as portas entre as disciplinas, derrubar as muralhas edificadas
entre elas”.(4)
Quadros de referência, recortes do objetos e hipóteses
O objeto central da pesquisa é suposto ser pouco conhecido, pois do contrário
não necessitaria ser investigado; se apresenta portanto nebuloso e imprecisamente
delimitado. “O ciclo da pesquisa não começa com observação ou mensuração
mas, com a busca ou localização de um problema. ‘Toda verdadeira pesquisa
científica começa por deparar-se com um problema profundo e promissor, e isso
é metade da descoberta.’ (POLANYI, M. citado em nota de rodapé)” (5)
Para o desvelamento do objeto da pesquisa e a correspondente interpretação do
pesquisador será sempre necessário aproximar-se dele através de elementos já
conhecidos que, supostamente, lhe são conexos. Alguns desses elementos
conexos e conhecidos são escolhidos por analogias na sua problemática, por
semelhança objetiva, por contexto envolvente ou por teorias pertinentes.
(2) KOSIK, K. (1976), pp. 29e 30
(3) KNELLER, G. F. (1972).Capítulo 5 - Um Métodode Investigação, p.103
(4) DOSSE, François.L'Histoire en Miettes.Des Annales à laNouvelle Histoire. EditionsDecouverte, Paris. p.51
(5) KNELLER, F.G. (1972), p.107
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“O caminho natural de toda pesquisa é partir do melhor ou do menos mal
conhecido ao menos obscuro”. Como propunha Marc Bloch.(6)
O passo subseqüente do pesquisador após a formulação do problema é a procura
de hipóteses. “Uma hipótese é uma conjuntura sobre a natureza de algo.”
Segundo Kneller, uma boa hipótese, “Em primeiro lugar deve levar em conta os
fatos conhecidos... Em segundo lugar, deve ser suficientemente precisa para
produzir previsões testáveis. Como tal, é valiosa mesmo quando incorreta, pois
se puder ser decisivamente refutada, poderá ser eliminada como solução
possível. Em terceiro lugar deve predizer fatos até então desconhecidos.”(7)
A passagem do problema à hipótese pode dar-se de forma quase imediata, num
processo rápido de intuição. Popper e os empiristas lógicos, baseados nesses
casos, dizem que o processo de formação de hipóteses é fundamentalmente não
racional. Entretanto, esse ponto de vista de que o pesquisador não raciocina para
chegar a uma hipótese, é considerado equivocado. O insight, a intuição, seria
provavelmente a condensação de uma ou mais linhas de pensamento racional
expressas num único momento.
O percurso do problema à hipótese pode também levar tempo a delinear-se. Para
isso podem concorrer atribuições resultantes de outros ramos da ciência distintos
daquele em que está o objeto da pesquisa. É o caso da contribuição dos estudos
de Malthus sobre população na teoria evolucionista de Darwin, e, recentemente,
do curioso flerte entre economistas e biólogos darwinistas. Eles falam a mesma
língua, emprestam uns aos outros as mesmas técnicas e chegam a conclusões
semelhantes. Um número recente da American Economic Review contem uma
série de estudos sobre o comportamento altruísta. Em junho de 1993, na London
School of Economics, uma conferência explorou o terreno comum entre a
economia e a evolução.(8)
Os modos de raciocínio que levam à formação de hipóteses são vários:
retrodução, indução, hipotético-dedutivo e raciocínio por analogia.
Segundo Kneller, “No caso de retrodução, o cientista encontra uma anomalia e
depois busca uma hipótese da qual a existência da anomalia possa ser deduzida.
Assim, ele raciocina da anomalia para a hipótese que a explicará.”(9)
De acordo com o indutivismo, a ciência como conhecimento deriva só dos fatos e
da experiência. O conhecimento científico é o comprovado empiricamente, e é
confiável porque é objetivamente comprovado.
Essa visão do conhecimento tornou-se popular durante o século XVII
principalmente como conseqüência da revolução científica, que ocorreu
conduzida por cientistas pioneiros como Galileu e Newton.
O filósofo Francis Bacon e muitos de seus contemporâneos sintetizaram a atitude
científica da época quando insistiram que, se quisermos entender a natureza,
(6) Bloch, M. Apologiepour l'histoire. A. Colin(1974), pp. 48 e 49
(7) KNELLER, F. G (1972), p.108
(8) Assim é a naturezahumana. “The Economist”.Publicado na GazetaMercantil de 11/02/1994
(9) KNELLER, M. G. (1972),p.115
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necessitamos consultar, não os escritos de Aristóteles mas, ela mesma. As forças
progressistas do século XVII viam como um erro, a preocupação dos filósofos
medievais com os trabalhos dos antigos, especialmente com os de Aristóteles,
ao investigarem as fontes de conhecimento científico.
A experiência para eles, constituía a fonte do conhecimento. “A ciência é a
estrutura construída sobre fatos”. (10)
“Em vez de raciocinar a partir dos dados para formular uma hipótese, o cientista
pode começa com uma hipótese para deduzir conclusões-enunciados gerais ou
predições particulares - baseadas nelas. Isto constitui o raciocínio hipotético-
dedutivo. Einstein raciocinou hipotético-dedutivamente na construção de sua
teoria da relatividade.”(11)
O raciocínio por analogia pode auxiliar a formulação de hipóteses quando não se
dispõe de outros estudos de objetos similares que permitam retirar esquemas
comparativos, ou quando teorias pertinentes não são encontradas no próprio
campo de conhecimento a que pertence o objeto. Mas além da escolha da teoria
auxiliar, deve-se empreender um esforço contínuo para substituir, dentro do
possível, a teoria auxiliar por uma teoria pertinente ao campo específico de onde
o objeto foi recortado.
Quais os vínculos que ligam a parte destacada com o todo, e quais dimensões
desse todo que interferem nas características prováveis do objeto recortado?
Quando se acredita que o todo está na parte é permitido construir:
a) o entorno genérico e próximo de qualquer objeto da mesma natureza do escolhido;
b) um quadro de referência como desdobramento teórico das dimensões,
condicionantes, causas ou efeitos externos que fazem a ligação do objeto com
seu contexto.
Ao mesmo tempo em que se procura recortar o objeto, se explicita, também, as
componentes que ficam dentro e as que ficam fora dos limites estipulados pelo
recorte e os vínculos que ligam as duas partes.
Critérios utilizados para o recorte do objeto
A procura dos contornos múltiplos do objeto pode ser feita sistemática e
sucessivamente ao se considerar as especificidades:
a) ESPACIAL (ONDE?), em que são identificadas a localização, a situação e a
extensão das manifestações do objeto de estudo. O resultado dessa qualificação
é poder localizar e delimitar regional e territorialmente, o campo empírico da
coleta de dados e dos vínculos do contexto por proximidade.
b) TEMPORAL (QUANDO?), em que se escolhe o período histórico do estudo, os
limites da época primordial para se encontrar a problemática. Para recortar as
(10) DAVIES, J.J. “On theScientific Method”. London,Longman, 1968, p.8. In:CHALMERS, A.F. What isthis thing called science?.Open University Press,1978, p. 1
(11) KNELLER, F.G. (1972),p.115
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ocasiões de encontro do pesquisador com o objeto, pode-se escolher o período
ou as épocas em que os problemas apresentem maior intensidade, e se possível
contenham começo, meio e fim da questão central.
c) ESTRUTURAL, em que as partes e relações a serem destacadas para estudo
sejam as mais pertinentes à problemática estabelecida.
d) SETORIAL, em que se define qual campo de atuação institucional, ou de
competência funcional - pública ou privada - no qual o objeto será estudado,
podendo levar em conta a posição do pesquisador na divisão do trabalho na
sociedade.
e) DISCIPLINAR, em que se define a ciência ou disciplina que será privilegiada na
pesquisa. Depende da formação e competência do pesquisador e dos pontos de
vista em que será analisada a problemática, como campo de conhecimento.
f) PROFISSIONAl, em que se define se a pesquisa é adequada para atender os
conhecimentos práticos e habitualmente ligados a alguma profissão e seu
repertório de atribuições e campo de atuação.
Definidas as especificidades do objeto, ainda que preliminares e provisórias,
pode-se afirmar que a pesquisa foi iniciada.
Considerando que o tema escolhido e o objeto recortado pertencem ao universo
de conhecimento, competência e experiências do pesquisador, deve-se supor que
ele possa imediatamente explicitar os pontos já conhecidos, para em seguida
completá-los sistematicamente em três eixos entrelaçados de pesquisa.
O primeiro conduz a uma revisão e atualização da bibliografia existente, em busca
dos estudos, pesquisas, dissertações e teses que tratam de objetos e
problemáticas similares ao objeto de trabalho.
O segundo eixo consiste no balanço das posições teóricas, possíveis e existentes,
avaliando suas capacidades e limites de compreensão, explicação e previsão.
Dessas diferentes teorias identificadas, conhecidas e exploradas pode resultar
na construção de quadros de referência alternativos.
O terceiro eixo consiste em um processo de coleta de dados e informações, com
os elementos empíricos do objeto concreto recortado, que serão sistematizados,
analisados e interpretados. O resultado é um acervo de protocolos que na medida
do possível reproduz o objeto de pesquisa e sua problemática.
Como os três eixos de pesquisa são inseparáveis, fazendo parte de um único
processo de aproximações sucessivas do conhecido para o desconhecido, é
indispensável registrar, periodicamente, os avanços do conhecimento acumulado.
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Problemática do objeto e pressupostos teóricos
Segundo Bachelard, é em termos de obstáculos que se deve colocar o problema
do conhecimento científico. Não se trata de considerar os obstáculos externos,
como a complexidade e a fugacidade dos fenômenos, nem de incriminar a
fraqueza dos sentidos e do espírito humano: “é no próprio ato de conhecer,
intimamente, que aparecem, por uma espécie de necessidade funcional,
lentidões e perturbações. É aí que mostraremos causas de estagnação e mesmo
de regressão, é aí que encontraremos causas de inércia que chamaremos de
obstáculos epistemológicos. O conhecimento do real é uma luz que projeta
sempre algumas sombras. Ele nunca é imediato e pleno. As revelações do real
são sempre recorrentes. O real jamais é ‘o que se poderia crer’ mas ele é sempre
o que se deveria ter pensado...Face ao real, o que se acredita saber claramente
ofusca o que se deveria saber...A ciência...se opõe certamente à opinião. A
opinião pensa mal, ela não pensa, ela traduz necessidades em conhecimento.
Ao designar os objetos por sua utilidade, ela se proíbe conhecê-los. Nada pode-
se fundar sobre a opinião: é necessário inicialmente destruí-la. Ela é o primeiro
obstáculo a ser ultrapassado...O espírito científico nos proíbe ter uma opinião
sobre questões que não compreendemos, sobre questões que não sabemos
formular claramente. Antes de tudo, é preciso saber formular os problemas...É
precisamente este senso do problema que dá a marca do verdadeiro espírito
científico. Para um espírito científico, todo conhecimento é uma resposta a uma
questão.” (12)
Como diz Bachelard, “Rien ne va de soi. Rien n’est donné. Tout est construit.” O
senso comum, o conhecimento vulgar, a sociologia espontânea, e a experiência
imediata são opiniões, e portanto, formas de conhecimento falso com as quais é
preciso romper para que se torne possível o conhecimento científico e racional.
O pesquisador deve construir seu material e seus documentos devem estar
interligados num quadro teórico prévio, adaptado à sua pesquisa. Lucien Febvre,
citando a fórmula do fisiólogo Dastre, afirma “quando não se sabe o que se
procura não se sabe o que se encontra...O verdadeiro quadro de uma pesquisa
é o problema. Colocar um problema, é o começo e o fim de toda história” (13)
Segundo Bachelard, “Um conhecimento adquirido através de um esforço científico
pode declinar...Um obstáculo epistemológico se incrusta sobre um conhecimento
não questionado. Hábitos intelectuais que foram úteis e saudáveis, podem ao
longo do tempo, entravar a pesquisa.”
Bachelard ressalta, ainda, que “...mesmo nas ciências experimentais, é sempre
a interpretação racional que fixa os fatos em seu justo lugar. É sobre o eixo
experiência/razão, e no sentido da racionalização, que se encontram ao mesmo
tempo o risco e o sucesso. É apenas a razão que dinamiza a pesquisa, pois é só
ela que sugere, além da experiência comum (imediata e específica) a experiência
(12) BACHELARD, G. (1983),p.13 e 14
(13)COUTAU-BéGARIE,Hervé-"Ideologie" In: LePhénoméne NouvelleHistoire: Grandeur etdecadence de L'Écoledes Annales. Paris,Economica, 1989, p. 149
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científica (indireta e fecunda). É, pois, o esforço de racionalidade e de construção
do conhecimento que deve prender a atenção do epistemólogo...Assim, toda
cultura científica deve começar... por uma catarse intelectual e afetiva. Resta em
seguida a tarefa mais difícil: colocar a cultura científica em estado de mobilização
permanente, substituir o saber fechado e estático por um conhecimento aberto e
dinâmico, dialetizar todas as variáveis experimentais, dar enfim à razão, razões
de evoluir...A primeira experiência, ou melhor, a primeira observação, é sempre
o primeiro obstáculo para a cultura científica. Com efeito, essa observação
primeira se apresenta com um luxo de imagens: ela é pitoresca, concreta, natural,
fácil. Basta descrevê-la e maravilhar-se. Acredita-se que a compreendemos.
Começaremos nossa pesquisa caracterizando este obstáculo e mostrando que
há ruptura e não continuidade entre a observação e a experimentação.”(14)
A problemática, como um conjunto ordenado de problemas inerentes e
recorrentes do objeto inicialmente recortado, é para o sujeito um saber
superficial. Ele conterá os contrastes, os desvios, as questões, as dúvidas e os
vazios surgidos da comparação crítica entre o conhecido em um primeiro
momento e o desconhecido, iniciando a fase da descoberta que será
acompanhada pela fase da exposição e seguida pela fase da validação, ou ciclo,
como chama Kneller: “ Segue-se um outro ciclo - o da validação. O cientista
submete agora a sua solução ao julgamento de seus colegas.” (15)
As suposições e hipóteses que desvelam os atributos do objeto concreto
engendram movimentos sucessivos para dentro e para fora, (de compreensão e
de explicação) do objeto, a fim de melhor conhecê-lo.
Cada movimento de compreensão pede uma explicação que irá produzir um novo
conhecimento. Este se tornará insuficiente, gerando hipóteses que,
posteriormente, serão confirmadas ou negadas, compondo uma nova etapa do
conhecido e do não conhecido, e assim sucessivamente.
As escolhas de formas de construir e desdobrar o problema central podem se
beneficiar de procedimentos metódicos já usuais na procura de superação de
obstáculos epistemológicos recorrentes. Quase sempre as aproximações
conhecidas são múltiplas e têm sentidos opostos; devido a esse fato, podem
encontrar obstáculos que levam conseqüentemente a exageros e a erros
opostos. (ver em Bachelard “La notion díobstacle épistémologique).(16)
Desenvolvem-se atividades perceptivas que, para serem refletidas e
representadas, necessitam de conceitos que se diferenciam pela sua maior
exatidão e precisão das noções sempre vagas e imprecisas. Os conceitos são
definidos operacional, clara e permanentemente, de modo a identificar e distinguir
nos objetos empíricos seus atributos, para o pesquisador poder, partindo do
concreto focalizado, construir o concreto pensado.
(14) BACHELARD, G. (1976),pp.17-19
(15) KNELLER, G.F. (1972),p.100
(16) O primeiro capítulo daobra de BACHELARD(1983). La Formation deL'Esprit Scientifique
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Categorias, conceitos e teorias: dinâmica da ação
Categorias Objetivas (do objeto): finalidade, causalidade, substância, tempo,
espaço, estrutura e relações.
Categorias Reflexivas (do sujeito): divisão ou análise, comparação ou medida,
unidade ou síntese, crítica, opção e criação.(17)
Resumindo, o conhecimento se insere e é inseparável da dinâmica da ação do
sujeito que se relaciona com o “concreto como síntese de múltiplas
determinações”, segundo Marx.
As escolhas dos pressupostos teóricos, ou de corpos teóricos preexistentes na
ótica do campo de pesquisa e sua problemática, destacam constelações de
conceitos que se articulam iluminando relações, elementos, atributos e
indicadores a serem identificados, medidos e analisados nas situações concretas
do objeto de pesquisa.
A observação empírica, os dados e informações recolhidos são combinados e
trabalhados para consubstanciar os índices e indicadores qualitativos,
quantitativos, estruturais e históricos do CONCRETO PENSADO, enquanto acervo
consistente de representações do objeto. Estas e outras questões de como
desenvolver a pesquisa, bem como o aprofundamento do Processo da Pesquisa
são estudados na Disciplina AUH-700 - “Metodologia Científica Aplicada à
Arquitetura e ao Urbanismo”.
No momento, o que mais nos interessa é estabelecer o recorte inicial do objeto
de pesquisa.
Apoios e caminhos do conhecido para o recorte do objeto desconhecido (ou,como
abrir a caixa preta) pelo:
1) Teórico - conceitual, os universais abstratos conhecidos;
2) Prático - experimental, os específicos de concretos similares;
3) Descritivos das partes, constitutivo estrutural;
4) Gênese e história da problemática, processo previsível;
5) Contextos determinantes e manifestações gerais evidentes;
6) Agentes ou Sujeitos das situações do objeto empírico;
(17) Sobre as categorias,ver HESSEN, J. Teoria doConhecimento, p. 163 eseguinte; e HARTMANN,N. “Realismo Crítico”. In:STEGMÜLLER, W. AFilosofia Contemporânea.S. Paulo, EPU/EDUSP,1977. (p.198 e seguintes)
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BIBLIOGRAFIA
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Coleção ”Os Pensadores”, São Paulo, Ed. Abril, 1984
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BLANCHÉ, R. A Epistemologia. Lisboa, Martins Fontes, 1979
BRUYNE, P., HERMAN, J.& SHOUETHEETE, M. Dinâmica da Pesquisa em Ciências
Sociais. Rio de Janeiro, Liv. F. Alves, 1977
CASTELLS, M. e IPOLA, E. Prática Epistemológica e Ciências Sociais. Porto, Ed.
Afrontamento, 1975
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Paulo, Abril, 1983
DURKHEIM, E. As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Com. Ed. Nacional, 1971
FEYERABEND, P. Contra o Método. Rio de Janeiro, Liv. Francisco Alves, 1977 (Caps.
XV e XVI)
GOLDMANN, L. A Criação Cultural na Sociedade Moderna. São Paulo, Dif. Européia
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Nueva Vision, 1970
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KNELLER, F. G. A Ciência como Atividade Humana. Rio de Janeiro, Zahar/EDUSP, 1972
KOSIK, K. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976
KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo, Perspectiva, 1975
LABATIDA, J. Produccion, ciência y sociedad. México, Ed. Siglo XXI, 1977
MARX, K. Introdução à crítica da Economia Política. In: Marx. Coleção “Os
Pensadores”, São Paulo, Ed. Abril, 1974
SANTOS, B. S. Introdução a uma Ciência Pós-Moderna. Rio de Janeiro, Ed.Graal, 1989
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ESQUEMAS DE DESENVOLVIMENTO PARA AS AULASDA DISCIPLINA AUH -700:Metodologia Científica Aplicada àArquitetura e ao Urbanismo
Visão do Processo de Pesquisa: Suas Fases e Etapas
A primeira aula inicia-se com a apresentação das atividades e do programa da
disciplina com um destaque aos conteúdos das aulas expositivas. Para introduzir
o aluno numa visão global do processo de pesquisa utiliza-se um diagrama ou
gráfico, em anexo, contendo uma analogia espacial. Associa-se o processo ao
movimento oscilatório representado por uma curva em um par de coordenadas:
- a coordenada horizontal indica as fases da pesquisa, em três regiões distintas
segundo a natureza das tarefas do pesquisador que poderá estar mais voltado à
descoberta das evidências empíricas, ao estudo e aprofundamento dos
conhecimentos disponíveis sobre o assunto, ou sistematizando o seu acervo do
material colhido em representações e discursos;
- a coordenada vertical indica as etapas do processo com seus sucessivos
estágios de conhecimentos acumulados, desde da escolha do tema de interesse
até um eventual projeto de intervenção, passando por produtos ou objetivos
intermediários como resultados de uma etapa satisfatoriamente concluída.
O tempo aparece como uma terceira dimensão para medir o avanço das etapas
pelo ritmo do movimento oscilatório pelas fases.
Parte-se do pressuposto que o objeto de pesquisa está provisoriamente
delimitado e que sobre ele já foram explicitados, ordenadamente, a sua
problemática, o quadro de referência, os pressupostos teóricos e uma cadeia de
hipóteses. Pode-se, portanto, dizer que a pesquisa já está iniciada e que se
dispõe de um primeiro patamar de conhecimentos. Como tais conhecimentos são
julgados insuficientes, são retomados sistematicamente os movimentos da
pesquisa percorrendo as três regiões de forma a produzir conhecimentos em
novas aproximações.
As três regiões são:
* a da esquerda em que, no campo do mundo empírico, se explora e se desvenda
os fatos concretos com dados e informações sobre o objeto e seu contexto;
* a da direita em que se retoma a revisão dos conhecimentos já existentes e
acumulados nas áreas em que se situa o objeto, aprofundando-se o exame da
literatura e das teorias pertinentes;
* e a central em que se consubstancia o acervo ordenado dos resultados e
inferências dos movimentos que repetidamente faz o pesquisador desta região
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para o campo empírico e para o campo teórico. É também a região dos discurso
em suas diversas formas: registros, relatórios, interpretações e argumentação
que sistematizam o acervo sobre o objeto da pesquisa, consolidando o domínio
dos conhecimentos já adquiridos. As aproximações sucessivas acumulam corpos
coerentes de conhecimento que podem ser transformados em exposições ou
comunicações nas mais variadas formas e para diferentes auditórios e ocasiões.
Os movimentos, referidos acima, passam do concreto para o concreto pensado,
do prático para o teórico, dos dados para os conceitos, quase sempre através de
mediações. As mediações implícitas ou explícitas permitem os movimentos nos
dois sentidos: o indutivo do concreto para o abstrato, do específico para o geral,
do singular para o universal e do prático para o teórico; o dedutivo em sentido
contrário ao anterior, ou seja, do abstrato para o concreto e assim por diante.
Esses movimentos que permitem a construção do conhecimento, apoiam-se em
degraus de mediações que fazem parte dos procedimentos metódicos comuns
em processos de pesquisa. Pode-se passar por procedimentos incomuns como
a intuição, o insight ou a abdução, isto é um raciocínio cuja conclusão é imperfeita
e portanto apenas plausível.
Cada movimento tem um percurso que se apoia em degraus, uma imagem das
mediações, que se iniciam na observação do empírico e na prática do objeto,
passando para os dados e informações consolidados nos chamados protocolos;
esses dados e informação formam um conjunto de elementos separados que
estratificados, classificados e tipificados permitem o estabelecimento de relações
traduzidas em indicadores; em seqüência, quando relacionados entre si permitem
a construção dos índices; as relações entre índices conduzem aos conceitos,
sínteses parciais dos atributos quantitativos, qualitativos, estruturais e históricos
do objeto, estágio mais elaborado da reconstrução abstrata do mesmo, por uma
descrição sistemática e compreensiva.
Neste ponto intermediário abre-se o campo das dúvidas e das hipóteses, para
encontrar nas relações entre conceitos, de um lado uma representação síntese
do objeto para ser comparado com outros análogos já conhecidos e de outro a
identificação de teorias com maior ou menor poder explicativo, preditivo e projetivo.
No confronto dos resultados da pesquisa, com o corpo de conhecimentos já
comprovados por outras pesquisas da comunidade científica é que conjuntos de
teorias e métodos se consolidam nos chamados paradigmas.
O pesquisador percorre inúmeras vezes esses degraus e em cada um deles a
representação do seu objeto de estudo sofre uma metamorfose, e em cada um
dos ciclos completos das aproximações sucessivas depara-se com um concreto
pensado que deverá ser comunicado com discursos representativos, cujas
naturezas falaremos mais adiante.
Claro está que o movimento da pesquisa é sempre nos dois sentidos e,
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conscientes ou não, os pesquisadores partem sempre de posições
paradigmáticas quando percorrem os degraus no sentido inverso ao apresentado
esquematicamente no parágrafo acima.
As etapas podem ser visualizadas na região central que acumula, seleciona e
sistematiza os conteúdos dos protocolos do empírico, os corpos teóricos
recolhidos da literatura e outras fontes, registrando o estado da arte sobre o
objeto genérico e sobre os resultados da pesquisas do objeto específico.
Geralmente as etapas se materializam em conjuntos de documentos que
consolidam os trabalhos e produtos parciais produzidos nas diferentes fases da
pesquisa. Como exemplo, pode-se apontar a seqüência de documentos: o projeto
de pesquisa para o ingresso ao Programa de Mestrado, o plano de pesquisa
amadurecido e retificado pelas orientações recebidas e pelas disciplinas
cursadas, os relatórios de pesquisas de campo, as fichas e revisões bibliográficas
de natureza teórica e resenhas da literatura pertinente ao objeto de estudo.
Nas etapas mais avançadas, os registros e interpretações anteriores são revistos
e reequacionados tornando-se redações prévias de capítulos, embora ainda não
totalmente integrados entre si, podem ser estruturados em documentos
autônomos, como os denominados Trabalhos Programados, exigidos no
Programa da FAU-USP.
Aproximações ao Empírico e Construção Teórica Auxiliar
Os encontros do pesquisador com seu objeto engendram também encontros
entre os extremos do processo: a observação e seus procedimentos dos
“protocolos” como medidas, registros, e todas as formas de representação do
concreto para de coleta formar um acervo de dados e informações se faz
simultaneamente com a reconstrução das bases teóricas da pesquisa.
A complexidade, obscuridade e concretude do objeto são desvendadas a partir
do referencial teórico e metodológico disponível ao pesquisador em cada um dos
sucessivos momentos de busca das evidências empíricas. O porque observar e o
como observar são os crivos de penetração já previamente preparados, mas
sujeitos a inúmeras retificações. Assim, antes de discorrermos sobre o que
observar, convem relembrar as bases conceituais condutoras da pesquisa, como
a problemática já formulada, as hipóteses de compreensão e explicação, os
conceitos e variáveis, os indicadores e índices. Todos definidos operacionalmente
e inseridos explícita ou implicitamente nos instrumentos de pesquisa.
Os procedimentos da pesquisa enquanto observação, medidas, registros de
dados e informações que vão enriquecendo o acervo, devem quase sempre gerar
conjuntos entrelaçados que reproduzem os fatos, agentes, condições,
circunstâncias e transformações.
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Composição, formação, estrutura e gênese do objeto
Processo de representação do concreto pensado revelado pela análise e
classificações do universo previsível e relativo ao objeto delimitado, procurando
identificar as suas partes e elementos significativos, de modo a aprofundar a
descrição e caracterização dos componentes do problema central em foco.
O universo da pesquisa será caracterizado dentro do objeto de pesquisa
relacionando os fatos e situações representativos, identificados como manifestações
significativas da problemática formulada. A extensão e magnitude do universo
pode variar em função da natureza da observação e do próprio objeto material e
formal. Um contato global com o material empírico acessível, que se resume em
uma prospeção direta e crítica ao campo onde se encontram os dados procurados.
De posse dessas primeiras observações e anotações preliminares pode-se classificar
as diferentes partes e situações que compreende o campo de pesquisa redefinindo
a extensão e profundidade da coleta a ser programada. Um procedimento auxiliar,
nesta fase imediatamente anterior à aplicação dos instrumentos de coleta de dados,
seria construir uma estratificação do universo de pesquisa através de uma tipologia
caracterizada por um conjunto combinado de valores das variáveis básicas facilmente
identificáveis nas primeiras observações.
Inicia-se, assim, a constituição de subconjuntos do universo-objeto de pesquisa
que já mostram, entre si, as invariantes e as diferenças, Estas vão orientar o
aprofundamento da coleta de dados e informações sobre os atributos de cada
parte e do conjunto, para ultrapassar as aparências e permitir a comparação dos
conhecimentos quantitativos e qualitativos acumulados sobre o objeto.
As propriedades e especificidades do objeto em seu todo, suaspartes e seus contextos.
As das variáveis, os conjuntos de variáveis relacionáveis, as unidades de medida
e as condições de mensuração e de explicitação qualidade/quantidade.
Os conceitos, indicadores e índices necessários e suficientes para compreender
e explicar as situações concretas abordadas.
As variáveis e seu comportamento nas diferentes circunstâncias e contextos, seus
padrões variação. Hipóteses de determinações e condicionantes:
VARIÁVEIS: INDEPENDENTES, DEPENDENTES E INTERVENIENTES
As estruturas e relações das variáveis com seus índices e correlações. A gênese
e história com suas transformações no tempo, pontos de inflexão, evolução
quantitativa e saltos qualitativos, pontos extremos e críticos. Formas de
desenvolvimento dos fenômenos.
A escolha de métodos e técnicas de pesquisa, condições privilegiadas de
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observação, instrumentos, fontes e recursos para a terceira aproximação e coleta
dos dados e informações (respostas às questões selecionadas e as significativas
descobertas não previstas inicialmente).
Os conteúdos dos itens seguintes são objeto de seminário de um dos grupos de
estudantes que, após uma breve exposição e a indicação de uma bibliografia
básica, preparam e apresentam em seminário previamente programado.
Métodos:
Experimental, Survey e/ou Amostragem, Estudo de casos, História de vida,
Pesquisa Participativa
Fontes:
Primárias, Secundárias, Documentais, Institucionais, Pessoais.
Instrumentos e Técnicas
Registros de contatos, Formulários, Questionários, Entrevistas e outros inserir
quadro anexo: “Movimentos do Processo de Pesquisa”
O PROCESSO DISCURSIVO DO CONHECIMENTO
Introdução
O método da exposição constrói uma argumentação. Encadeia as partes e o todo do
conhecimento adquirido no processo de pesquisa e acumulado no acervo de dados
e informações para representar e interpretar o objeto e seu contexto. O objetivo do
discurso necessário para consolidar o conhecimento é a comunicação convincente,
clara e precisa do resultado da pesquisa para outros sujeitos, outros pesquisadores
ou outros públicos interessados. Inicia-se por meio dele, a fase da confirmação pela
discussão e comprovação dos conhecimentos adquiridos. Portanto, torna-se
indispensável falar e escrever para confrontar e retificar idéias.
Como escreve Stegmüller (1977, p.475) a propósito da Linguagem e espírito na
Investigação filosófica de Wittgenstein: “...falar e escrever representam processos
físicos que têm lugar no mundo externo e público. Esses processos físicos são
acompanhados por processos psíquicos paralelos, de pensamento, que têm lugar
nos mundos privados da consciência e do espírito das pessoas participantes na
comunicação linguistica. Esses processos espirituais são ‘privados’, na medida em
que sejam diretamente acessíveis apenas ao próprio indivíduo consciente; quando
ocorrem nas outras pessoas, o indivíduo pode, na melhor das hipóteses, inferi-los
indiretamente, a partir de sintomas externos, sem, no entanto, vivê-los pessoalmente.
As formas habituais que assumem os textos, relatórios, ensaios, estudos,
monografias, projetos, cursos, dissertações, artigos, teses etc., apresentam o objeto
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conhecido na modalidade mais conveniente e eficiente em função da natureza da
mensagem a ser comunicada, dos diferentes auditórios receptores e dos meios,
linguagens ou veículos utilizados pelo expositor.
A Passagem dos Métodos de Pesquisapara os Métodos de Exposição.
Os procedimentos do método da descoberta, que procura estabelecer as relações
entre as evidencia empíricas e a constelação dos conceitos através dos indicadores
e êndices, não são os mais convenientes para a fase da exposição dessa mesma
descoberta. Em todas as formas que o discurso científico pode assumir será
indispensável levar em conta a lógica da argumentação. As estruturas dos raciocínios
de apresentação, crítica e discussão visam aprimorar as maneiras de expor para
vencer as barreiras que as palavras, símbolos e imagens representam para a
socialização do conhecimento. “O argumento dedutivo destina-se a deixar explícito o
conteúdo das premissas; o argumento indutivo destina-se a ampliar o alcance de
novos conhecimentos.” (SALMON, 1973, p. 31)
A lógica da argumentação passa necessariamente pela descrição que introduz o leitor
no objeto de estudo e sua problemática e desenvolvendo-os progressivamente em
aproximações sucessivas. Tal desenvolvimento procura apresentar os juízos de fato,
as evidências empíricas e os conhecimentos adquiridos durante a fase de pesquisa.
Em outras palavras, constrói uma linguagem da observação que mostre no objeto,
sempre que possível, aquilo que está sendo dito. O discurso elaborado deve conter,
também, proposições em linguagens interrogativas, como por exemplo as hipótese,
e as prescritivas que externam as críticas e juízos de valor, todas em uma ordem
adequada ao desenvolvimento do argumento.
O acervo da pesquisa deve conter, também, os elementos já transformados em
redações preliminares e parciais dos quais são extraídos os “trabalhos programados”
que podem consolidar partes integrantes dos conhecimentos tais como: o estado da
arte no assunto pela revisão bibliográfica, os pressupostos teóricos escolhidos dentre
as várias alternativas disponíveis e os dados e informações empíricas analisados,
interpretados e criticados.
Os elementos e partes de registros, referências, sistematizações, protocolos,
relatórios de dados e revisões dos estudos existentes e concluídos podem ser
relatados em embriões de tópicos e capítulos semi-acabados. Estes textos - discursos
produtos de pesquisa - podem ser transformados em diferentes formas de
comunicações, bastando para isso adaptar a ordem e a estrutura de apresentação
dos conteúdos escolhidos aos auditórios e objetivos a que se destinam.
As conecções entre as partes e o todo do conhecimento sistematizado podem, então,
ser trabalhadas em capítulos, tópicos e itens numa linha convincente de
argumentação. Concluindo, uma estrutura completa da dissertação estará sempre
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combinando, na lógica da exposição, o sentido indutivo e o sentido dedutivo com
hipóteses e inferências que partem do conhecido e comprovado para expor novos
patamares de conhecimentos.
A Dinâmica da Exposição para Completar a Redação Final daDissertação
Os planos de exposição, propostas do encadeamento dos conteúdos essenciais
apresentados pelas suas ementas, são estruturas lógicas alternativas da dissertação.
Algumas dessas estruturas alternativas são:
* do geral para o específico com os capítulos teórico-metodológico, histórico, empírico
do contexto e empírico do objeto, encaminhando a conclusão para afirmações gerais
aplicadas coerentemente ao campo particular da problemática restrita;
* do específico empírico, descrito e analisado com os pressupostos teóricos
simultaneamente apresentados, para a introdução de comparações, generalizações
e interpretações que analisem as teorias e possíveis explicações das problemáticas
no tempo e no espaço como variáveis;
* do analítico para o sintético, em que cada parte significativa do objeto recebe um
tratamento expositivo mais adequado com suas peculiaridades. Os objetos complexos
sugerem a divisão da dissertação em partes com alguma autonomia, cujo conteúdo
merece ser tratado por uma lógica própria. As partes desenvolvem argumentos em
capítulos que convergem para conclusões parciais. As conclusões das partes se
fundem em novas sínteses que aglutinam as partes e suas conclusões.
O Binômio - Idéias Claras e Linguagem Inteligível
Uma exposição justa, clara e limpa de ruídos se consegue pela sabedoria na escolha
das referências que reorganiza os conhecimentos anteriores e pela fidedignidade
das evidências empíricas que consolidam as aplicações desses conhecimentos no
objeto concreto pesquisado. Tal discurso-exposição permite o acesso e a transmissão
completa e compacta dos conhecimentos e resultados da pesquisa, com respostas
pertinentes e relevantes à problemática e hipóteses explicitadas no processo
metódico empreendido.
O cuidado com o vocabulário conceptual vai garantir a mediação entre as descrições
e interpretações das evidências empíricas com as bases teóricas e as necessárias
definições operacionais.
A argumentação é inteligível completa e adequada se:
1. conduz o leitor sem saltos ou sobressaltos das partes para o todo compatível e
amparado por um quadro de referência;
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2. aprofunda as passagens chaves das divergências de teorias e das diferentes
posições de observação reforçando a explicitação das críticas e conclusões do autor;
3. souber editar economicamente, cortando do material coletado e das prolixas
tentativas de análise e interpretações da fase de pesquisa os excessos de modo a
encontrar um texto equilibrado, necessário e suficiente para demonstrar o quanto se
sabe sobre o assunto;
4. buscar apoios consistentes e souber escolher as referências mais convincentes
para cada tipo de questão:
* consistência pela autoridade - quem afirma ou corrobora com citações de cientistas,
comunidades ou instituições;
* consistência formal logicamente encadeada;
* consistência prática com exemplos que confirmam as hipóteses teóricas;
* consistência teórica pelo domínio das diferentes posições com seus limites,
divergências e complementaridade;
5. apresentar facilidade de leitura dos textos, os “cones e ilustrações, quadros, mapas
ou gráficos na posição certa, as notas de rodapé bem dosadas, as referências
bibliográficas uniformes e finalmente a bibliografia realmente pertinente.
Além dessas condições necessárias deve-se buscar, se possível, um estilo fluente e
agradável, qualidade esta sempre bem recebida e que permite ampliar o número de
leitores que chegarão até o fim do discurso.
A lógica comanda o pensamento discursivo e suas regras de exposição, ou seja,
conduz o raciocínio que se caracteriza por sua forma e as maneiras como são ligadas
as proposições.
“Tandis que l’intuition nous révèle des réalités singulières, des êtres concrets, le
raisonnement circule à travers des concepts, des idées abstraites et
générales.”(HUISMAN E VERGEZ, 1994, p.138). Distinguir sempre as intuições, os
conhecimentos de fato e as chamadas evidências empíricas dos raciocínios que são
procedimentos indiretos de justificação, submetidos às regras da lógica.
O discurso científico trabalha necessariamente com os procedimentos lógicos,
decompondo o argumento em proposições parciais como capítulos ou itens com
suas conclusões intermediárias que se articulam em conclusões finais.
As certezas e incertezas do discurso sendo claramente formuladas constituem um
patamar de verdades a partir do qual novas hipóteses podem ser destacadas para
desencadearem novas pesquisas.
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BIBLIOGRAFIA
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo, Ed. Mestre Jou, 1982.
ECO, U. Como se Faz uma Tese. São Paulo, Editora Perspectiva, 1983.
GOLDMANN, L. Sciences Humaines et Philosophie. Paris, Éd.Gonthier, 1966.
HUISMAN, D. & VERGEZ, A. Philosophie: La Connaissance. Alleur, Marabout, 1994
KOSIK, K. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976
SALMON, W. C. Lógica. Rio de Janeiro, Zahar Ed., 1973
SANTOS, B. S. Introdução a uma Ciência Pós Moderna. Rio de Janeiro, Graal, 1989.
VEYNE, Paul. Comment on écrit l’histoire suivi de Foucault révolutionne l’histoire. Paris,
Éditions du Seuil, 1979.
STEGMÜLLER, W. A Filosofia Contemporânea. São Paulo, EPU/EDUSP, 1977.
EXERCÍCIOS PARA OS ESTUDANTES DAS DISCIPLINASDE METODOLOGIA DA FAU-USP
Exercício 1
A partir de uma lista de termos muito usados em metodologia científica, verificar as
dúvidas de suas definições e em seguida procurar agrupar os conceitos em
constelações obedecendo a critérios diversos. Exemplos: construir pares de conceitos
com sentidos opostos, formar grupos subordinados às diferentes categorias
subjetivas e objetivas, ou utilizar outros critérios possíveis, como relações de afinidade,
complementaridade etc., escolhidos pelo estudante.
A lista dos termos conceituais ordenados alfabeticamente é:
ABSTRATO, AGENTES, ANÁLISE
COISA, COMPREENSIVO, CONCEITUAL, CONCRETO, CONDIÇÕES, CONSTITUTIVO,
CONTEXTO, CONTEÚDO, CONTINGENTE
DESCRITIVO, DETERMINAÇÕES, DEDUTIVO, DIACRÔNICO
ESPECÍFICO, ESTRUTURA, EXPERIMENTAL, EXPLICATIVO, EXTENSIVO, ESSENCIAL
FORMA, FENÔMENO, FATO
GÊNESE, GERAL
IDÉIA, INDUTIVO, INTENÇÕES, INTERESSES, IMAGINÁRIO
LIMITADO
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NECESSÁRIO
PARTE, PRÁTICA, PREVISÍVEL, PROCESSO, POSSÍVEL, PERÍODO
QUALIDADE, QUANTIDADE
REAL, REGIÃO
SINGULAR, SINCRÔNICO, SÍNTESE, SUPÉRFLUO
TEÓRICO, TRANSFORMAÇÕES, TODO
UNIVERSAL
Exercício 2
A partir dos seus textos já redigidos o estudante deve:
* Listar os termos mais utilizados de modo a construir um conjunto ordenado de
conceitos chaves do conteúdo sobre o objeto de estudo;
* Identificar a origem teórica dos principais conceitos utilizados, verificando quantas
bases teóricas diferentes estão apoiando a argumentação;
* Rever os pressupostos teóricos pertinentes ao estudo em andamento, separando
e comparando as posições teórico-metodológicas selecionadas e identificando as
filiações filosófica e seus principais defensores.
Exercício 3
Escolher uma das teorias identificadas como pertinentes ao seu campo de estudo
para ser objeto de aprofundamento da pesquisa bibliográfica, reflexão e
apresentação em trabalho de grupo.
Exercício 4
Registrar todas as questões referentes ao objeto de estudo que surgirem, não importa
em que situação, e posteriormente ordena-las e agrupa-las criteriosamente de modo
a estabelecer um quadro auxiliar para a organização da problemática do objeto de
estudo.
Exercício 5
Construir um quadro de referência que auxilie a visualização das dimensões próprias
ao campo de estudo que envolvem o objeto recortado, de modo a explicitar o
conteúdo já conhecido das respectivas dimensões, permitindo por contigüidade
penetrar na periferia do objeto e organizar os campos prioritários de pesquisa.
Exercício 6
Levantar os principais trabalhos de pesquisa, especialmente dissertações e teses cujo
objeto de pesquisa seja similar e, após uma leitura rápida, escolher uma ou duas
para aprofundar a leitura, interpretação e crítica. Como resultado deste
aprofundamento espera-se que sejam produzidos:
* uma resenha de uma página que acompanhe o respectivo fichamento;
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* uma crítica do trabalho tendo em vista os critérios e postulados fixados para a
pesquisa e a dissertação pretendida;
* a identificação dos principais procedimentos metodológicos, as fontes e
instrumentos utilizados pelo autor no seu trabalho.
Exercício 7
Relacionar as principais fontes de informações e dados, descrever a natureza dos
dados e informações mais prováveis de cada fonte e os instrumentos mais eficazes
para a coleta, tendo em vista o quadro de referência e o respectivo objeto de estudo.
Exercício 8
Preparar, para ser apresentado e discutido em classe, dois ou mais sumários
possíveis para a dissertação, tendo em vista diferentes lógicas de argumentação.
Exercício 9
Elaborar uma pequena ementa para cada capítulo e descrever o estado atual da
pesquisa ou dos conhecimentos necessários para desenvolver o conteúdo de cada
item ou capítulo.
ALGUMAS CITAÇÕES PARA METODOLOGIA E EPISTEMOLOGIA
ABDUÇÃO: “Existem pelo menos três níveis de abdução. No primeiro o resultado é
curioso e enexplicável, mas em algum lugar a lei já existe, talvez dentro daquele
mesmo campo de problemas, e só é preciso encontrá-la, e considerá-la a mais
provável. No segundo nível, e difícil particularizar a Lei. Existe noutro lugar, e é
necessário apostar que possa estender-se também àquele campo de fenômenos.
No terceiro nível, a Lei não existe e é preciso inventá-la: é o caso de Copérnico, que
decide que o universo deve ser heliocêntrico por razões de simetria e de ‘boa forma’.”
(ECO, p.162, 1989)
AÇÃO: Iniciativas e operações humanas de modificação do real no domínio do
possível com objetivos definidos no âmbito dos objetos e/ou dos sujeitos da ação.
(ABBAGNANO, 1982, p.8):”Talcott Parsons determinou o esquema da ação. Esta
implicaria: 1 - um agente ou ator; 2 - um fim ou estado futuro de coisas em relação ao
qual se orienta o processo da ação; 3 - uma situação inicial que difira em um ou mais
importantes aspectos do fim a que tende a ação: 4 - um certo complexo de relações
recíprocas entre os elementos precedentes. Dentro da área de controle do ator os
meios empregados não podem em geral ser considerados como escolhidos ao acaso
ou dependentes exclusivamente das condições da ação, mas devem de algum modo
estar sujeitos à influência de um determinado fator seletivo independente, cujo
conhecimento é necessário à compreensão do andamento concreto da AÇÃO.”
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ANALOGIA: “Terceira forma da similitude, a analogia. Velho conceito, familiar já à
ciência grega e ao pensamento medieval, mas cujo uso se tornou provavelmente
diferente. Nessa analogia superpõem-se convenientia e aemulatio (as outras duas
formas da similitude). Como esta, assegura o maravilhoso afrontamento das
semelhanças através do espaço; mas fala, como aquela, de ajustamentos, de liames
e de junturas. Seu poder é imenso, pois as similitudes que executa não são aquelas
visíveis, maciças, das própria coisas; basta serem as semelhanças mais sutis das
relações.” (FOUCAULT, p.37, 1990).
CATEGORIAS: “São os gêneros supremos do ser, segundo Aristóteles, substância,
qualidade, quantidade, relação etc.” Para Hartmann estrutura, qualidade, substância,
causalidade, etc são categorias ou princípios gerais dos atributos do ser. “ (Idem pp.
35, 227 e 236) Segundo Kant,” a validade universal e a necessidade dos juízos
sintéticos a priori se baseiam no fato que o sujeito cognoscente modela, constrói os
objetos do conhecimento segundo as formas da intuição e do pensamento (espaço,
tempo, assim como as doze categorias do entendimento, que não provêm da
experiência), inerentes ao próprio sujeito.” (idem p.29)
CIÊNCIAS HUMANAS: “Poder-se-ia talvez retraçar a história das ciências humanas
desde o século XIX, a partir de três modelos: primeiro, o reino do modelo biológico (o
homem, sua psique, seu grupo, sua sociedade, a linguagem que ele fala existem, na
época romântica, enquanto vivos e na medida em que de fato vivem; seu modo de
ser é orgânico e é analisado em termos de função); depois vem o reino do modelo
econômico (o homem e toda a sua atividade são o lugar de conflitos de que
constituem, ao mesmo tempo, a expressão mais ou menos manifesta e a solução
mais ou menos bem sucedida); enfim - assim como Freud vem após Comte e Marx -
começa ao reino do modelo filológico (quando se trata de interpretar e de descobrir
o sentido oculto) e o linguístico (quando se trata de estruturar e de trazer à luz o
sistema significante)”. (FOUCAULT, 1990 p.277). “Assim, esses três pares de conceitos,
função e norma; conflito e regra; significação e sistema, cobrem, por completo, o
domínio inteiro do conhecimento do homem” (FOUCAULT, 1990, p.274). função
conflito significado correspondem aos reinos da vida trabalho
linguagem que por sua vez correspondem a biologia economia
linguistica ou ainda às práticas sociais das normas regras sistemas.
CLASSIFICAÇÃO: “Desde os períodos mais remotos da história do mundo, os seres
orgânicos demonstraram assemelhar-se entre si em graus descendentes, de modo
que podem ser classificados em grupos e subgrupos. Esta classificação não é
arbitrária como o agrupamento das estrelas em uma constelação. A existência de
grupos seria de significado simples se um grupo fosse adaptado exclusivamente para
habitar a terra e outro adaptado para habitar a água; um para se alimentar de carne,
outro de vegetais, e assim por diante; mas o caso é bem diferente, pois é sabido que
comumente membros de um mesmo grupo têm hábitos diferentes. Os naturalistas
tentam dispor as espécies, os gêneros, e as famílias em classes dentro do que é
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chamado Sistema Natural. Mas o que significa esse sistema? Alguns autores o
consideram apenas um plano para colocar juntos os objetos vivos que mais se
parecem, separando os que apresentam menor número de semelhanças. Muitos
naturalistas acreditam que o Sistema Natural significa mais do que isso; acreditam
que revela o plano do Criador. Eu acredito na comunidade da descendência - a causa
conhecida da estreita semelhança entre os seres orgânicos - como o elo parcialmente
revelado por nossas classificações. (DARWIN, 1982 p.205)
CONCEITOS: “Conceitos científicos diferenciam-se das vagas representações
cotidianas pela sua maior exatidão e precisão, o que não quer dizer que eles sejam
representações mais exatas e precisas, pois não há representações exatas de
caráter geral. Para Schlick (fundador do Círculo de Viena), a essência dos conceitos
científicos consiste em serem eles signos unívocos de tipos de objetos. “
(STEGMÜLLER, W. 1977 p.286 e seguintes) Ver também na mesma obra p.63 o item
“2.O problema dos universais”. “Entre o dado empírico e o objeto teórico (conjunto de
conceitos) permanece e permanecerá sempre, uma distância impossível de ser
vencida” (Koyré, 1973,p.225). A distância está sempre entre a pretensão de perfeição
dos conceitos enquanto abstrações simples, analíticas e puras e o concreto
imperfeito, complexo e síntese de múltiplas determinações, como por exemplo a
impossibilidade de encontrar ou produzir para experiências práticas coisas como
superfície plana perfeita, ausência de atritos, corpos perfeitamente rígidos etc.
HERMENÊUTICA: “Chamemos hermenêutica ao conjunto de conhecimentos e de
técnicas que permitem fazer falar os signos e descobrir seu sentido; chamemos
semiologia ao conjunto de conhecimentos e de técnicas que permitem distinguir onde
estão os signos, definir o que os institui como signos, conhecer seus liames e as leis
de seu encadeamento: o século XVI superpôs semiologia e hermenêutica na forma
da similitude. Buscar descobrir as coisas que são semelhantes. A gramática dos seres
é sua exegese. (FOUCAULT, p.45, 1990)
HERMENÊUTICA: “ uma interpretação baseada em um prévio conhecimento de dados
(históricos, filológicos, etc.) da realidade a se compreender, mas que
simultaneamente dá sentido a estes dados por um processo circular [...] permitindo
compreender o autor melhor que o próprio autor se entendia a si mesmo e uma época
histórica melhor do que a puderam compreender que nela viveu” (DILTHEY, 1900. In:
BRANDÃO, A. C. L. “Introdução à Hermenêutica da arte e da arquitetura”. Revista
TOPOS n.01, 1999, Escola de Arquitetura da UFMG).
HEURÍSTICA: “conjunto de normas de procedimentos, modelos, técnicas,
instrumentos, métodos, regras para resolver os problemas que emergem no interior
deste sistema de conhecimento ou que a ele são reduzidos.” (Chiappin, p.187, 1996)
HIPERTEXTO: “A metáfora do hipertexto” (LÉVY, P. “As tecnologias da Inteligência”.
pp.70 e71) “Como o pensamento atinge as coisas: A escrita em geral, os diversos
sistemas de representação e notação inventados pelo homem ao longo dos séculos
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têm por função semiotizar, reduzir a uns poucos símbolos ou a alguns poucos traços
os grandes novelos confusos da linguagem, sensação e memória que formam o
nosso real. As experiências que temos sobre as coisas misturam-se com imagens
em demasia, ligam-se por um número excessivo de fios ao inextricável emaranhado
das vivências ou à indizível qualidade do instante: não nos é possível ordená-las,
compará-las, dominá-las. Uma vez que as entidades singulares e móveis do concreto
tenham sido descoloridas e aplainadas, quando a lava espessa do futuro tiver sido
projetada sobre os poucos estados possíveis de um sistema simples e manejável,
então nossa consciência míope e débil, em vez de perder-se nas coisas, poderá finalmente
dominar, mas apenas através destas sombras minúsculas que são os signos.
A evolução biológica fez com que desenvolvêssemos a faculdade de imaginar nossas
ações futuras e seu resultado sobre o meio externo. Graças a esta capacidade de
simular nossas interações com o mundo através de modelos mentais, podemos
antecipar o resultado de nossas intervenções e usar a experiência acumulada. Além
disso, a espécie humana é dotada de uma habilidade operacional superior à das
outras espécies animais. Talvez a combinação destas duas características, o dom da
manipulação e a imaginação, possa explicar o fato de quase sempre pensemos com
o auxílio de metáforas, de pequenos modelos concretos, muitas vezes de origem
técnica. Uma filosofia do conhecimento nominalista e preocupada com o concreto
deveria desconfiar de que todo conceito hipostasia uma imagem ou exemplo
particular. Por exemplo, as noções de forma e matéria, que parecem tão gerais e
abstratas, são empréstimos feitos por Areistóteles a artes que datam do Neolítico:
cerâmica e escultura. O conceito de conceito, a própria idéia platônica, foi desviado
de uma técnica mais recente. A palavra arquétipo vem de archè, primeiro, e typos,
marca. Em termos de profissões, o typos era o buril, a cunha, usados para cunhar
as moedas. Compreende-se por que Platão atribuía uma superioridade ontológica
aos modelos ideais em relação às imagens sensíveis deles derivadas, já que, de
acordo coma a metáfora, um único buril iria gerar milhares de moedas.
A partir do século XVII, nossa noção de causalidade passa a mover-se no universo
dos choques, das forças e engrenagens do mecanismo, etc. A enumeração dos
empréstimos que o pensamento dito abstrato (na verdade metafórico) fez aos
modelos técnicos mais cotidianos não teria fim. Não somente os conceitos são
nômades, passando de um território do saber a outro, mas, geralmente, são também
de origem humilde, filhos de camponeses, artesãos, técnicos, trabalhadores manuais...
A abstração ou a teoria, enquanto atividades cognitivas, têm portanto uma origem
eminentemente prática, e isto por dois motivos. Primeiro, devido ao papel das
tecnologias intelectuais nos processo de redução de devires inalcançáveis ao estado
de pequenos signos permanentes e manipuláveis, que poderão, portanto, ser objeto
de operações inéditas. Segundo, graças à infinidade de modelos concretos
inspirados nas técnica que povoam nossas narrativas, nossas teorias, e que mal ou
bem nos permitem apreender ou interpretar um mundo demasiadamente vasto.
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As tecnologias intelectuais misturaram-se à inteligência dos homens por duas vias. A
escrita, por exemplo, serviu por um lado para sistematizar, para gradear ou enquadrar a
palavra efêmera. Por outro lado, ela inclinou os letrados a ler o mundo como se fosse
uma página, incitou-os a decodificar signos nos fenômenos, das tábuas de profecias
dos magos da Caldéia à decifração do código genético, como se a vida, muito tempo
antes dos Fenícios, tivesse inventado o alfabeto.” (LÉVY, P. pp.70 e 71, 1993)
HIPÓTESE: “Hipótese ocorre quando deparamos com uma circunstância curiosa,
capaz de ser explicada pela suposição de que se trata de caso particular de certa
regra geral. Ou quando verificamos que sob certos aspectos dois objetos mostram
forte semelhança e inferimos que se assemelham fortemente, um conhecido a outro
por conhecer, sob aspectos diversos. Sempre a hipótese é um tipo fraco de
argumento que só será forte quando a verificação empírica a transformar em tese
comprovada. (Peirce, p.155, 1973)
HIPÓTESE: “Segundo o nosso modo de ver, um enunciado funciona como hipótese,
quando tomado na qualidade de premissa - premissa cujas conseqüências lógicas
podem ser examinadas e comparadas com fatos realmente observados. Se a comparação
for favorável, isto é, quando uma conseqüência da hipótese resulta verdadeira, tem-
se um caso comprobatório da hipótese em questão. Se a comparação for
desfavorável, tem-se um caso refutatório. Diz-se que uma hipótese está confirmada
se é adequadamente sustentada pela evidência indutiva. Existem graus de
confirmação; uma hipótese pode estar altamente confirmada, moderadamente ou
ligeiramente confirmada.” (SALMON, 1973, pp.105 à 107). Pode-se desdobrar as formas
de formulação de hipóteses, como a análise de Riedl: Hipóteses comparativas; de
dependência, normativas, finalista ou causal. (Kunzmann, 1993, p.189).
IDEOLOGIA: “Ciência das idéias, a Ideologia deve ser um conhecimento do mesmo
tipo que aqueles que se dão por objeto os seres da natureza, ou as palavras da
linguagem, ou as leis da sociedade. Mas, na medida mesma em que tem por objeto
as idéias, a maneira de exprimi-las em palavras e ligá-las em raciocínios, ela vale
como a Gramática e Lógica de toda ciência possível. A Ideologia não interroga o
fundamento, os limites ou arais da representação; percorre o domínio das
representações em geral; fixa as sucessões necessárias que aí aparecem; define os
liames que aí se travam; manifesta as leis de composição e de decomposição que aí
podem reinar. Aloja todo saber no espaço das representações e, percorrendo esse
espaço, formula o saber das leis que o organiza.” (FOUCAULT, p.255, 1990).
LINGUAGEM: “Temos poucos nomes e poucas definições para uma infinidade de
coisas singulares. Assim, o recurso do universal não é uma força do pensamento,
mas uma enfermidade do discurso. O drama é que o homem fala sempre em geral
enquanto as coisas são singulares. A linguagem nomeia ofuscando a irresistível
evidência do individual existente..., para definir, é necessário construir uma árvore
dos predicados, dos gêneros, das espécies e das diferenças;...”(Eco, 1998, p.28)
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LÓGICA DIALÉTICA: não é senão um esforço para adaptar o pensamento ao
progresso das ciências históricas. Ela rejeitar o princípio da contradição, ou do terceiro
excluído, da Lógica Formal procurando considerar o real em movimento e
contraditório. (HUISMAN e VERGEZ:Philosophie La Connaissance. p.146)
LÓGICA: “A lógica elabora técnicas para análise de argumentos.”... “A Lógica
interessa-se pela justificação, não pela descoberta. A Lógica fornece métodos para
a análise do discurso, e essa análise é indispensável para exprimir de modo inteligível
o pensamento e para a boa compreensão daquilo que se comunica e se aprende.”
(SALMON, 1973, pp. 13 e 29).
MODELO: “Uma das espécies fundamentais dos conceitos e precisamente aquele
que consiste na especificação de uma teoria científica que consinta a descrição de
uma zona restrita e específica do campo coberto pela própria teoria. O M. não é
necessariamente de natureza mecânica e nem deve necessariamente ter o caráter
da ‘visibilidade’ que algumas vezes também se pede. A ciência moderna generalizou
a noção de Modelo justamente para subtraí-la a estas limitações e fazê-la servir a
objetivos mais extensos. (ABBAGNANO, 1982, p.649).
“...física: Conjunto de hipóteses sobre a estrutura ou o comportamento de um sistema
físico pelo qual se procura explicar ou prever, dentro de uma teoria científica, as
propriedades do sistema”. (AURÉLIO, p.934)
“Modelos de um sistema axiomático formal podem ser construídos por entidades
lógico-matemáticas ou por objetos reais. No primeiro caso, tem-se um modelo formal
e, no segundo, um modelo real do sistema axiomático. (STEGMÜLLER, 1977, p.296)
MODELO: A virtude dos modelos (DUPUY, Jean- Pierre. Nas Origens das Ciências
Cognitivas): “Que é Modelo? Jamais partir das definicóes, ensina Karl Popper, e
teríamos muitas dificuldades em fornecer aqui uma definição que não seja varrida
pelo movimento incessante da criação científica. Digamos simplesmente que se trata
de uma idealidade, no mais das vezes formalizada e materializada, que sintetiza um
sistema de relações entre ‘elementos cuja identidade e até a natureza é, até certo
ponto, indiferente, e que podem, por conseguinte, ser trocados, substituídos por
outros elementos análogos ou diferentes, sem que (o modelo) seja alterado.’(JEAN
ULLMO. La pensée scientifique moderne, Paris, Flammarion, 1969, p.99.) O modelo é
como uma forma abstrata que vem encarnar-se ou realizar-se nos fenômenos.
Campos muito diferentes da realidade fenomenal, como a hidrodinâmica e a
eletricidade, a luz e as vibrações sonoras podem ser representados por meio de
modelos idênticos, o que estabelece entre eles uma relação de equivalência. O
modelo é a classe de equivalência correspondente.... O modelo científico é uma
imitação humana da natureza que o cientista logo toma como ‘modelo’ - no sentido
comum - desta. (DUPUY, 1996 p. 23) “Mas, no mais das vezes, é de maneira irrefletida
que o objeto e o modelo sentem uma aborrecida tendência a constantemente inverter
seus papeis. Oscilação que a própria palavra modelo, como dissemos, encerra em
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sua ambivalência: é o modelo o que imita, mas também o que é imitado. .. (p.186)...O
modelo, que estava hierarquicamente subordinado ao real, que ele apenas imitava,
emancipa-se e torna-se o igual de seu referente. Seja um objeto natural que
procuramos modelizar, e cuja complexidade está além do limiar crítico postulado por
von Neumann. Se o modelo tiver de ser fiel ao que representa, deverá também ele
ultrapassar esse limiar. Mas, então, ele será não só modelo de seu objeto, mas
também modelo de si mesmo, ou antes de seu comportamento. (p.192).
“A METODOLOGIA se expande se aprofunda como Epistemologia (etmologicamente
estudo da ciência) que é definida pelo Vocabulário de Lalande como um “estudo
crítico dos princípios, de hipóteses e de resultados das diversas ciências”. A
Epistemologia se interroga sobre a origem da ciência, seu valor e suas relações com
a realidade. “ (HUISMAN, D. e VERGEZ,A. Philosophie - La connaissance. Bélgica,
Marabout,1994).
MÉTODO EMPÍRICO: “Uma confiança exagerada na importância da razão havia
imperado durante toda a Idade Média. O princípio vigente agora era o de que a
investigação, na experiência da natureza e via se construir fundamentalmente na
observação, na experiência e nos experimentos. (GAARDER, 96, p.221)
OBJETO: “Este fixar a minha atenção ou a de outrem em algo é condição de toda
semiose futura, precede até aquele ato de atenção (já semiótico, já efeito de
pensamento) pelo qual decido que algo é pertinente, curioso, intrigante, e deve ser
explicado através de uma hipótese. Acontece antes ainda da curiosidade, antes da
percepção do objeto enquanto objeto. É a decisão ainda cega pela qual, no magma
da experiência, determino algo que devo ter em conta.” (ECO, 1998, p.21)
PERCEPÇÃO: “Locke afirma que, através dos sentidos, não conseguimos senão
impressões simples. Quando como uma maçã, por exemplo, posso “sentir” a maçã
inteira numa única e simples sensação. Na verdade, estou recebendo toda uma série
de impressões simples; uma coisa verde, fresca, cheirosa, suculenta e de sabor
levemente ácido. Só depois de ter comido muitas maçãs é que posso pensar que
estou comendo “uma maçã”. Locke diz que, neste momento, consequimos formar a
noção complexa de uma maçã.” Estabelece a diferença entre aquilo que chama de
qualidades sensoriais “primárias”: extensão, peso, forma, movimento e número das
coisas; e “secundárias”: como cores, cheiro, gosto ou sons e outros efeitos que as
propriedades das coisas exercem em nossos sentidos, mas fortemente dependente
das interpretações subjetivas de cada sujeito. As primárias são mais facilmente
representadas objetivamente e mais independente de interpretações. O
estabelecimento de critérios, unidades e sistemas de medidas pelas ciências procura
transferir as qualidades sensoriais para a categoria primária. (GAARDER, 1996, p.283).
SEMÂNTICA E SINTAXE LÓGICA: “Para caracterizações conceituais precisas, a
linguagem cotidiana não é adequada, devendo o estudo de linguagens artificiais
ocupar o lugar da análise de expressões da linguagem natural....Toda investigação
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de sistemas lingüisticos pertence à semiótica. Esta pode ser subdividida segundo três
elementos que se distinguem em cada linguagem: 1. aquele que usa a linguagem; 2.
as expressões (faladas ou escritas); 3. aquilo a que o sujeito falante se refere: o
designatum das expressões. “STEGMÜLLER, W., 1977 p.318 e seguintes) ver também
(PEIERCE, 1990).
SABEDORIA, POESIA E CIÊNCIA: “Daniel, Albert Camus escreveu O mito de Sísifo em
1942, no meio da Guerra. Você nos leria o trecho que cita em seu livro Consciousness
Explained e depois nos diria por que o colocou nele?
DENNETT: (lendo Camus)‘E aqui há árvores e conheço a sua superfície sulcada: água,
e sinto o seu gosto. Os perfumes da relva e estrelas à noite, certas noites quando o
coração descansa - como posso negar este mundo, cujo poder e força eu sinto? E,
no entanto, todo o conhecimento do mundo não me dará nada que me assegure que
este mundo é meu. Você o descreve para mim e me ensina a classificá-lo. Você
enumera suas leis e, em minha sede de conhecimento, admito que são verdadeiras.
Você desmonta o seu mecanismo e a minha esperança aumenta... Que necessidade
eu tinha de tanto esforço? As linhas suaves destas colinas e a mão da noite neste
coração atribulado me ensinam muito mais.’ Citei isso porque o encaro como um
desafio a mim mesmo, no livro. Achei que captava muito eloqüentemente aquilo em
que muitas pessoas pensam quando pensam na consciência humana. Capta uma
atitude, especialmente quando ele diz “Você o descreve para mim e me ensina a
classificá-lo. Você enumera as suas leis e, em minha sede de conhecimento, admito
que são verdadeiras”, mas depois continua para dizer que, na verdade, existe algo,
algo que está faltando, se você só faz isso. Quis aceitar esse desafio e depois encará-
lo de frente e dizer: “Bem, vejamos se podemos fazer justiça ao que Camus disse
aqui sobre a consciência.” Se não podemos, ai de fato deixamos algo por esclarecer.
Bem, não podemos ter deixado alguma coisa ainda precisando de explicação, mas
pode haver outras coisas que Camus sugere que não precisam de explicação. Não é
tanto que não consigamos explicá-las, mas a própria idéia de que precisam de
explicação é simplesmente um erro.
TOULMIN: Posso encorajá-lo a dar um passo mais atrás? Parece-me que precisamos
distinguir situações nas quais é mesmo necessário explicar. De modo geral, tudo
precisa ser explicado, em um sentido ou outro, ou tudo pode ser explicado. Por outro
lado, há diversas situações nas quais o que se deve fazer é agir. É preciso reconhecer,
a cada passo, se a situação com que nos deparamos demanda explicação ou ação
imediata. Com certeza, muitas vezes ito é o mais importante para o que de deve ter
sensibilidade...
SACKS: Não acho que a ciência, ou a explicação, ou a razão precisam ser encaradas
como uma ameaça. Se o mistério tem um lugar, vai mantê-lo. Em um ponto de Quatro
quartetos, Eliot diz: ‘Não estamos aqui para informar a curiosidade ou fazer relatório,
mas para ajoelhar e rezar onde a prece for válida’ ou algo assim. Na verdade,
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confesso que estes versos me irritam, porque, realmente, sempre quero informar a
curiosidade e fazer relatório, até o exato momento em que posso ter vontade de
ajoelhar. Parece-me que respeito pelo todo inescrutável, mais um agente de
investigação de alguns dos mecanismos não são incompatíveis. Dan, você me disse:
‘Acho que a ciência é, efetivamente, um componente importante de qualquer coisa
que se possa chamar de sabedoria. A sabedoria, sem conhecimento científico, me
parece ser um artigo que está desaparecendo rapidamente. Acho que se torna cada
vez mais difícil ter sabedoria se você é ignorante em ciência.” (KAYZER, W. 1998,
pp.337-339)
TEORIA E HISTÓRIA: “A relação entre problemas e soluções desempenha,
evidentemente, papel importante nas histórias dos organismos individuais,
especialmente na dos organismos humanos; e desempenha um papel
particularmente importante na história das realizações intelectuais, como a História
da Ciência. Toda história deve ser sugiro eu, uma história de situações-problema.”
(POPPER, K. “Autobiografia Intelectual”, 1972, p.142). (Idem na p.197): “... como tantas
outras teorias que negam o que são incapazes de explicar.”.(ver ainda STEGMÜLLER,
1977, p.354. “sobre a filosofia analítica de Carnap”).
TEORIAS (SUMÁRIOS CLÁSSICOS): Seleção Natural - “Se os seres orgânicos apresentam
diferenças individuais sob condições mutáveis de vida, seira um fato extraordinário
não ocorrer nenhuma variação útil ao bem estar de cada ser, do mesmo modo que
tantas variações úteis ao homem têm ocorrido. Porém, se ocorrem variações úteis,
os indivíduos assim caracterizados teriam a melhor oportunidade de serem
preservados na luta pela vida; e, partindo do forte princípio de herança, teriam
tendência a produzir descendentes com as mesmas características. Ao princípio de
preservação, ou de sobrevivência do mais apto, chamei de Seleção Natural. Ele
promove o aperfeiçoamento de cada criatura em relação às condições de vida e
portanto, na maioria dos casos, o que pode ser considerado como um avanço na
organização. Contudo, as formas inferiores simples poderão permanecer assim por
longo tempo se estiverem bem preparadas para suas condições de vida.
A seleção natural, pelo princípio de que certas qualidades são herdadas em idades
correspondentes, pode modificar o ovo, a semente ou o organismo jovem, tanto
quanto o adulto. Em muitos animais a seleção sexual terá colaborado com a seleção
comum, garantindo aos machos mais vigoroso e melhor adaptado o maior número
de filhos. A seleção sexual dá também aos machos certos caracteres úteis para
enfrentar a rivalidade ou as lutas com outros machos; e esses caracteres serão
transmitidos a um sexo ou a ambos os sexos, de acordo com a forma de herança
que prevalecer.
Só podemos julgar se a seleção natural realmente atuou na adaptação das várias
formas de vida às suas diversas condições, pelo conteúdo geral e pelo balanço da
evidência apresentado nos capítulos seguintes. Mas já vimos como essa seleção
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acarreta a extinção, e a importância do papel da extinção na história do mundo é
comprovada pela geologia. A seleção natural leva também à divergência de caráter,
pois, quanto mais os seres orgânicos divergem em estruturas, hábitos e constituição,
maior é o número dos que podem sobreviver na mesmo área. Assim, as pequenas
diferenças que distinguem as variedades da mesma espécie tendem a aumentar
continuamente, até igualarem as grandes diferenças entre as espécies do mesmo
gênero, e até mesmo de gênero distintos.
É um fato realmente maravilhoso - e não percebemos o quanto é extraordinário
devido à sua familiaridade - que todos os animais e todas a plantas, no espaço e no
tempo, sejam relacionados entre si em grupos subordinados a grupos, como
podemos ver em toda a parte. Por exemplo, variedades da mesma espécie
intimamente relacionadas, espécies de mesmo gênero relacionadas menos
intimamente e de modo desigual, espécies de gêneros distintos muito menos
intimamente relacionados e gêneros relacionados em graus diversos, formando
subfamílias, ordens, subclasses e classes. Os vários grupos, em qualquer classe, não
podem ser dispostos em seqüência, mas parecem aglomerados de pontos. Se as
espécies tivessem sido criadas independentemente, não seria possível explicar esse
tipo de classificação; mas é perfeitamente explicada pela herança e pela ação
complexa da seleção natural, que acarretam a extinção e a divergência de caráter,
como vimos no diagrama.
As afinidades de todos os seres da mesma classe já foram representadas por uma
grande árvore. Na minha opinião, esse símile é bastante verdadeiro. Os galhos verdes
e com brotos podem representar as espécies existentes e os que foram produzidos
durante anos anteriores podem representar a longa sucessão de espécies extintas.
Em cada período de crescimento os galhos novos tentam lançar ramos para todos
os lados e suplantar e matar os galhos e ramos e ramos à sua volta, do mesmo modo
que as espécies e os grupos de espécies sobrepujam outras espécies na grande
batalha pela vida. Dos vários ramos que floresceram quando a árvore não passava
de um arbusto, apenas dois ou três, agora transformados em grandes galhos,
sobrevivem ainda e produzem outros ramos; o mesmo se dá com as espécies que
viveram durante períodos geológicos antiqüíssimos: poucas deixaram descendentes
vivos e modificados. Desde o início do crescimento de uma árvore, mais de galho
deteriorou-se e caiu; e esses galhos caídos, de vários tamanhos, podem representar
ordens inteiras, ou famílias e gêneros que não têm hoje representantes vivos, que
só conhecemos no estado fóssil.... Assim a grande Árvore da Vida concorre com seus
galhos quebrados para a formação da crosta terrestre e cobre a superfície com suas
ramificações esplêndidas e em contínua reprodução.” (DARWIN. In: LEAKEY, 1982,
pp.92 a 94)
TIPOLOGIA: “Tipologia é uma diferenciação segundo extremos ou pólos. Toda tipologia
assenta-se em diferenças máximas, que podem ser puramente ideais, inencontráveis
na prática, e das quais os elementos reais se aproximem numa assíntota, sem poder
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alcançá-las.”(Carvalho, 1996, p.88). - “O estudo dos tipos, numa disciplina ou ciência
qualquer: Tipo - No sentido de modelo, forma ou esquema, ou conjunto coligado de
características que pode ser repetido por um número indefinido de exemplares,...a
palavra ficou com o mesmo significado em muitos usos correntes da linguagem
comum, científica e filosófica. Em particular a biologia e a psicologia onde fazem uso
amplíssimo do termo e o consideram fundamental... como um grupo de traços
correlativos.” (ABBAGNANO, 1982, p.923).
FILOSOFIA DA CIÊNCIA: do Prefácio de Bachelard em “A filosofia do Não” (1940) -
Pensamento Filosófico e Espírito Científico -... IV. Mas se o domínio da filosofia das
ciências é tão difícil de delimitar, gostaríamos, neste ensaio, de pedir concessões a
toda a gente. Aos filósofos reclamaremos o direito de nos servirmos de elementos
filosóficos desligados dos sistemas onde eles nasceram. A força da filosofia de um
sistema está por vezes concentrada numa função particular. Porquê hesitar em
propor esta função particular ao pensamento científico que tanta necessidade tem
de informação filosófica? Haverá por exemplo sacrilégio em tomar um aparelho
epistemológico tão maravilhoso como a categoria kanteana e em demonstrar o
interesse deste para a organização do pensamento científico? Se todos os sitemas
são indevidamente penetrados por um ecletismo dos fins, parece no entanto que um
ecletismo dos meios poderá ser admissível para uma filosofia das ciências que
pretenda dar conta dos diferentes tipos de teorias, que pretenda medir o alcance
das suas aplicações, que pretenda, antes de mais, sublinhar os variadíssimos
processos da descoberta, mesmo os mais arriscados. Pediremos também aos
filósofos que acabem com a ambição de encontrar um ponto de vista único e fixo
para ajuizar do conjunto de uma ciência tão vasta e tão evolutiva como é a Física.
Para caracterizar a filosofia das ciências seremos então conduzidos a um pluralismo
filosófico, o único capaz de informar os elementos tão diversos da experiência e da
teoria, elementos estes tão diferentes no seu grau de maturidade filosófica.
Definiremos a filosofia das ciências como uma filosofia dispersa, como uma filosofia
distribuída. Inversamente, o pensamento científico surgir-nos-á como um método de
dispersão bem ordenado, como um método de análise aprofundada, para os diversos
filosofemas massivamente agrupados nos sistemas filosóficos.
Aos cientistas, reclamaremos o direito de desviar por um instante a ciência do seu
trabalho positivo, da sua vontade de objetividade, para descobrir o que permanece
de subjetivo nos métodos mas severos. Começaremos pro colocar aos cientistas
questões de caráter aparentemente psicológico e, a pouco e pouco, provar-lhes-
emos que toda a psicologia é solidária de postulados metafísicos. O espírito pode
mudar de metafísica; o que não pode é passar sem a metafísica. Perguntaremos pois
aos cientistas: como pensais, quais são as vossas tentativas, os vossos ensaios, os
vossos erros? Quais são as motivações que vos levam a mudar de opinião? Porque
razão vocês se exprimem tão sucintamente quando falam das condições psicológicas
de uma nova investigação? Transmitam-nos sobretudo as vossas idéias vagas, as
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vossas contradições, as vossas idéias fixas, as vossas convicções não confirmadas.
Dizem que sois realistas. Será cesto que esta filosofia missiva, sem articulações, sem
dualidade, sem hierarquia, corresponde à variedade do vosso pensamento, à
liberdade das vossas hipóteses? Digam-nos o que pensam, não ao sair do
laboratório, mas sim nas horas em que deixais a vida comum para entrar na vida
científica. Daí-nos não o vosso empirismo da tarde, mas sim o vosso vigoroso
racionalismo da manhã, o a priori do vosso sonho matemático, o entusiasmo dos
vossos projetos, as vossas intuições inconfessadas. Se pudéssemos assim alargar a
nossa pesquisa psicológica, parece-nos quase evidente que o espírito científico
surgiria também numa verdadeira dispersão psicológica e conseqüentemente numa
verdadeira dispersão filosófica, dado que toda a raiz filosófica nasce num
pensamento. Os diferentes problemas do pensamento científico deveriam pois
receber diferentes coeficientes filosóficos. Em particular, o grau de realismo e de
racionalismo não seria o mesmo para todas as noções. É pois ao nível de cada noção
que, em nossa opinião, se colocariam as tarefas precisas da filosofia das ciências.
Cada hipótese, cada problema, cada experiência, cada equação reclamaria a sua
filosofia. Dever-se-ia criar uma filosofia do pormenor epistemológico, uma filosofia
científica diferencial que contrabalançaria a filosofia integral dos filósofos. Esta filosofia
diferencial estaria encarregada de analisar o devir de um pensamento. Em linhas
gerais, o devir de um pensamento científico corresponderia a uma normalização, à
transformação da forma realista em forma racionalista. Esta transformação nunca é
total. Nem todas as noções estão no mesmo estágio das suas transformações
metafísicas. Meditando filosoficamente sobre cada noção, ver-se-ia também mais
claramente o caráter polêmico da definição adotada, tudo o que esta definição
distingue, delimita, recusa. As condições dialéticas de uma definição científica
diferente de uma definição usual surgiriam então mais claramente e compreender-
se-ia, no pormenor das noções, aquilo a que chamaremos a filosofia do não.
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Cadernos de Pesquisado LAP
Trabalhos já publicados:
01 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS URBANÍSTICAS NO INÍCIO DA REPÚBLICANESTOR GOULART REIS
02 HABITAÇÃO POPULAR NO BRASIL: 1880 - 1920NESTOR GOULART REIS
03 NOTAS SOBRE O URBANISMO BARROCO NO BRASILNESTOR GOULART REIS
04 O TRABALHO UNIVERSITÁRIO, OS DIREITOS AUTORAIS E APROPRIEDADE INTELECTUALNESTOR GOULART REIS
05 O IDEÁRIO DO URBANISMO EM SÃO PAULO EM MEADOSDO SÉCULO XX. O PADRE LEBRET: CONTINUIDADES, RUPTURAS ESOBREPOSIÇÕES.CELSO MONTEIRO LAMPARELLI
06 A VIVÊNCIA DA REALIDADE E A PRÁTICA DO FAZER: MOVIMENTOUNIVERSITÁRIO DE DESFAVELAMENTOMARTA S. TANAKA & EQUIPE LAP/FINEP
07 ENGENHO SÃO JORGE DOS ERASMOS: ESTUDOS DE PRESERVAÇÃOPAUL MEURS
08 NOTAS SOBRE O URBANISMO NO BRASIL - PRIMEIRA PARTE:PERÍODO COLONIALNESTOR GOULART REIS
09 NOTAS SOBRE O URBANISMO NO BRASIL - SEGUNDA PARTE:SÉCULOS XIX E XXNESTOR GOULART REIS
10 NOTAS SOBRE PLANEJAMENTO E MÉTODOREBECA SCHERER
11 URBANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO NO BRASIL - 1960 / 1983NESTOR GOULART REIS
12 NOTAS SOBRE A ORGANIZAÇÃO DAS REGIÕES METROPOLITANASNESTOR GOULART REIS
13 O BRASIL URBANO NA CONSTITUIÇÃONESTOR GOULART REIS
14 APROPRIAÇÃO DO SOLO URBANO E POLÍTICA HABITACIONALNESTOR GOULART REIS
15 METODOLOGIA DE PESQUISA APLICADA À ARQUITETURA E AOURBANISMO: UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO PROGRAMA DEMESTRADO DA FAU-USPCELSO MONTEIRO LAMPARELLI
16 POR UMA NOVA POLÍTICA: CONSEVAÇÃO DE EDIFÍCIOS E BAIRROSCONSTRUÍDOS NO SÉCULO XXNESTOR GOULART REIS
17 NOTA INTRODUTÓRIA SOBRE A CONSTRUÇÃO DE UM OBJETO DEESTUDO: O URBANOAZAEL CAMARGO, CELSO LAMRARELLI E PEDRO C. GEOREMETODOLOGIA DO PLANEJAMENTO URBANOCELSO MONTERIO LAMPARELLI
18 FAVELAS E CORTIÇOS NO BRASIL : 20 ANOS DE PESQUISAS E POLÍTICASSUZANA PASTERNAK TASCHNER
19 AUH 237 - URBANISMO E URBANIZAÇÃO NO BRASIL I.NESTOR GOULART REIS & NOTAS DE AULA DE RICARDOHERNÁN MEDRANO
20 NOTAS SOBRE HISTÓRIA DA ARQUITETURA E APARÊNCIADAS VILAS E CIDADESNESTOR GOULART REIS
21 POLÍTICA HABITACIONAL NO BRASIL: RETROSPECTIVAS E PERSPECTIVASSUZANA PASTERNAK TASCHNER.
22 A POLÍTICA HETERODOXA DE HABITAÇÃO POPULAR OPERACIONALIZADAEM SÃO PAULO ATRAVÉS DO FUNAPSRENATA MACHADO GOMIDE E MARTA MARIA SOBAN TANAKA
23 CULTURA E ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTONESTOR GOULART REIS.
24 PEABIRÚ: UMA TRILHA INDÍGENA CRUZANDO SÃO PAULODANIEL ISSA GONÇALVES.
25 ARQUITETURA JESUÍTICA NO BRASILROBERT CHESTER SMITH.
Livros produzidos pelaequipe do LAP
REIS, NESTOR GOULART. RACINALISMO E PROTO-MODERNISMO NA OBRA DE VICTOR DUBUGRAS.SÃO PAULO FUNDAÇÃO BIENAL, 1997.
REIS, NESTOR GOULART. MEMÓRIA DO TRANSPORTERODOVIÁRIO. SÃO PAULO, CPA, 1997.
REIS, NESTOR GOULART (ORG.). 100 ANOS DE ENSINO DEARQUITETURA E URBANISMO EM SÃO PAULO, SÃOPAULO, FAU-USP, 1996.
REIS, NESTOR GOULART. SÃO PAULO E OUTRAS CIDADES.SÃO PAULO, HUCITEC, 1994.
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Sobre os Cadernos de Pesquisa do LAP
O LAP - Laboratório de Estudos sobre Urbanização, Arquitetura e Preservação, foi criado em 1992, para
acolher um conjunto de projetos de pesquisa de professores do Departamento de História da Arquitetura
da FAU-USP. Os Cadernos têm como objetivo divulgar trabalhos de pesquisa, em diferentes estágios
de sua elaboração. Não apenas textos finais correspondentes a projetos já concluídos, mas também
documentos que mostram etapas de trabalhos em qualquer época ou ainda em andamento. Alguns
dos cadernos podem incluir textos apresentados em seminários ou reuniões científicas de qualquer
tipo e não divulgados. Outros poderão reunir e sistematizar observações sobre questões teóricas e
metodológicas ou poderão ser coletâneas de artigos de um mesmo autor. Em outros, pretendemos
incluir e comentar a documentação recolhida em nossas pesquisas. Em alguns momentos, podemos
divulgar relatórios técnicos ou pareceres, que possam esclarecer aspectos de nossas atividades ou de
outros grupos de pesquisa.
Dentro das diretrizes editoriais fixadas, haverá pelo menos cinco linhas ou séries temáticas: Urbanização
e Urbanismo, Habitação Popular, Preservação e Restauro, História da Arquitetura, Universidade e
Planejamento.
Nestor Goulart Reis
coordenador
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