Sobre o Contexto Das Salas de Aula

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SOBRE O CONTEXTO DAS SALAS DE AULA Fracasso escolar: uma questão médica? Maria Aparecida Affonso Moysés. Série Idéias n. 6, São Paulo: FDE, 1992. p. 29-31. Fracasso escolar: uma questão médica? Maria Aparecida Affonso Moysés Neste texto, a médica Maria Aparecida Moysés, professora do Departamento de Pediatria da UNICAMP, discute a relação entre medicina e educação. Analisa também, muitos dos mitos que cercam a questão do fracasso escolar do ponto de vista médico e pedagógico. Em especial, ela contesta a afirmação de que o fracasso escolar teria como explicação causas orgânicas inerentes às crianças que, curiosamente, só não aprendem na escola. Clique aqui para ler o texto na íntegra. Para isso você precisa ter o programa Acrobat Reader. Para instalá-lo, clique aqui.

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Educação; sala de aula; dificuldades

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Sobre o contexto das salas de aula

SOBRE O CONTEXTO DAS SALAS DE AULA

Fracasso escolar: uma questo mdica? Maria Aparecida Affonso Moyss. Srie Idias n. 6, So Paulo: FDE, 1992. p. 29-31.Fracasso escolar: uma questo mdica?

Maria Aparecida Affonso Moyss

Neste texto, a mdica Maria Aparecida Moyss, professora do Departamento de Pediatria da UNICAMP, discute a relao entre medicina e educao. Analisa tambm, muitos dos mitos que cercam a questo do fracasso escolar do ponto de vista mdico e pedaggico. Em especial, ela contesta a afirmao de que o fracasso escolar teria como explicao causas orgnicas inerentes s crianas que, curiosamente, s no aprendem na escola.

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"Existe, na verdade, um grande mito que se ramifica e de dissemina em vrias direes: a crena de que questes de sade so responsveis, pelo menos em parte, pelo fracasso escolar.""Embora com problemas de sade, a criana que est na escola no uma "criana doente". uma criana que sofre as conseqncias de condies agressivas, desumanas sob qualquer ngulo que se analisa sua vida.""So crianas que andam (at a escola, inclusive), correm, brincam, riem, falam, contam estrias, aprendem tudo o que a vida lhes ensina e/ou exige. Mas que so portadoras de doenas extremamente caprichosas, que s se manifestam quando hora de aprender a ler e a escrever. (...) Entretanto, se no existem causas mdicas reais para o fracasso escolar, o que se observa a construo artificial destas causas."" esta a contribuio real que a Medicina pode oferecer Educao a respeito deste assunto: a desmistificao de explicaes simplistas e simplificadoras do fracasso escolar."Publicao: Srie Idias n. 6. So Paulo: FDE, 1992Pginas: 29-31

Fracasso escolar: mito e realidade. Anna Maria Bianchini Baeta. Srie Idias n. 6, So Paulo: FDE, 1992. p. 17-23.Fracasso escolar: mito e realidade

Anna Maria Bianchini Baeta

Neste texto, Anna Maria Baeta apresenta uma sntese do conhecimento cientfico sobre o fracasso escolar, abordando especialmente o mito da "criana carente". A autora contesta o uso da "carncia" como uma forma de explicar por que algumas crianas, especificamente, as pobres, tm mais dificuldades em aprendizagem.Por fim, a autora faz duas sugestes sobre como adequar o ensino s caractersticas dos alunos: o erro construtivo e a Zona de Desenvolvimento Proximal.

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"Para nos desvencilharmos do mito da criana carente que no aprende e atuarmos em bases mais realistas, faz-se necessrio problematizar e questionar o que entendemos por carncia e quais as suas implicaes na produo e superao do fracasso escolar.""Conhecer esta realidade [condies materiais, concretas, de vida da maioria das crianas que freqentam a Escola Pblica [que] so de fato extremamente precrias] deve ser ponto de partida para adequar a prtica pedaggica s crianas que nela esto inseridas, e no como vem sendo feito, usar este conhecimento como libi para eximir a escola de seu papel na produo do fracasso escolar.""Ser que no nos vemos de forma enaltecida enquanto detentores do saber elaborado ? Ser que no nos engrandecemos na medida em que nos dispomos a transmitir esse saber, depreciando os alunos e suas famlias por no aproveitarem esse nosso esforo ?No ser esta uma das formas de explicar o fracasso escolar quando este atribudo ao mito da carncia dos alunos ?""... hoje temos conscincia, porque inmeras experincias apontam neste sentido, que os alunos "carentes", tanto crianas como adultos, so capazes de aprender.""No podemos, no entanto, transformar esta afirmao - toda criana tem capacidade de aprender - em algo vazio de contedo prtico, correndo o risco de criarmos um novo mito que se mostrar frustrado e frustrante."

Publicao: Srie Idias n. 6. So Paulo: FDE, 1992. Pginas: 17- 23

Ajudando a desmistificar o fracasso escolar. Ceclia Azevedo Lima Collares. Srie Idias n. 6, So Paulo: FDE, 1992. p. 24-28.Ajudando a desmistificar o fracasso escolar

Ceclia Azevedo Lima Collares

Voc acha que a desnutrio impede uma criana de aprender?A partir de uma pesquisa realizada em conjunto com uma mdica, Ceclia Collares discute a questo da medicalizao do fracasso escolar e contesta a atribuio do problema desnutrio leve das crianas pobres. Entretanto, a autora fornece vrios dados e explicaes cientficas sobre como, por exemplo, crianas portadoras de desnutrio de 2 e 3 graus esto com sua aprendizagem comprometida, abandonando a escola logo no primeiro ms.

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" nas tramas do fazer e do viver o pedaggico quotidianamente nasescolas, que se pode perceber as reais razes do fracasso escolar das crianas advindas dos meios scio-culturais mais pobres.""No desenrolar de nossa pesquisa de campo, o que temos ouvido e observado nas escolas visitadas refora a afirmao (...) de que se imputa o fracasso dessas crianas, oriundas das classes trabalhadoras, desnutrio, s verminoses, enfim, a uma condio adversa de sade. Ignora-se o fato de que estas estudam em escolas de periferia, onde se concentram todos os vcios e distores do sistema social e, especificamente, do educacional, e tenta-se encontrar nestas crianas uma causa orgnica, inerente a elas, que justifique o seu mau rendimento.""Quais so as crianas desnutridas que esto hoje freqentando nossas escolas ? So aquelas portadoras de desnutrio leve, a chamada pelos especialistas de desnutrio de primeiro grau. No estamos aqui afirmando que este tipo de desnutrio no tem importncia, ela a tem tanto que constantemente apontada como forte indicador da situao de penria e misria em que vive grande segmento de nossa populao.""Entretanto, o que estamos querendo enfatizar que este grau de desnutrio [leve] no afeta o desenvolvimento do sistema nervoso central, no o lesa irreversivelmente e, portanto, no torna a criana deficiente mental, incapaz de aprender o que a escola tem a lhe ensinar.A criana portadora de desnutrio leve apenas sacrifica o seu crescimento fsico para manter o seu metabolismo. Exames clnico e laboratorial indicam que a criana normal, com exceo de um dficit de peso e estatura em relao sua idade."" necessrio que desmistifiquemos as famosas causas externas desse fracasso escolar, pela articulao quelas existentes no prprio mbito escolar, e que tenhamos clareza dos fatores que as determinam e as articulam"Publicao: Srie Idias n. 6. So Paulo: FDE, 1992Pginas: 24-28

SOBRE TRABALHOS PARA O AMBIENTE NORTISTA:

Realidade regional influencia projetos das escolasManaus (AM) - Sintonia com as questes que preocupam o jovem da Amaznia e muita criatividade para apontar solues luz dos preceitos difundidos pelos Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio so caractersticas que vm pontuando a apresentao dos projetos pedaggicos das escolas que participam, em Manaus (AM), da terceira etapa regional do De Escola Para Escola: Frum de Experincias no Ensino Mdio.Educadores, coordenadores e gestores das escolas estaduais pblicas do Amazonas, Par, Roraima e Amap apresentaram trabalhos desenvolvidos em sala de aula por professores e alunos, que retratam as diferentes preocupaes, enfoques e abordagens de temas que esto na rotina das escolas que oferecem o Ensino Mdio na regio. Em comum, os projetos demonstram a vontade de todos os envolvidos em tornar a escola um espao mais agradvel, de convivncia saudvel para professores e alunos, alm de influir na melhora da qualidade de ensino e nos ndices de aproveitamento escolar dos estudantes.Aspectos como a interdisciplinaridade, a contextualizao e o desenvolvimento de competncias no foram esquecidos. Cada escola aproveitou um mote para trabalhar as questes pedaggicas e por em prtica os meios de facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Local/globalJ na apresentao do primeiro projeto, denominado Tartarugas, como esto, como vo ficar?, da Escola Estadual Polivalente de Altamira (PA), ficou ntida a noo de que as escolas, em seus projetos pedaggicos, adotaram a mxima de que preciso pensar localmente, mas agir com a conscincia voltada para o mundo.A escola de Altamira que apresentou trabalho sobre os impactos ambientais gerados pela construo de um complexo hidreltrico no rio Xingu - foi a primeira a demonstrar que o contexto das escolas est intrinsecamente ligado realidade social, cultural e econmica da Amaznia.Uma forte preocupao com o meio ambiente e as conseqncias advindas da implantao dos grandes projetos de desenvolvimento que se espalham pela maior regio geogrfica brasileira perpassam os projetos apresentados no frum. A extino das tartarugas, devido ao alagamento das reas de influncia da hidreltrica de Belo Monte, conforme lembrou a professora de Biologia, Ins Trevisan, da escola altamirense, emblemtica: mostra que a prosperidade prometida pelo progresso implacvel com o homem e a natureza. A Escola Estadual Professora Maria Carmelita do Carmo, de Macap (AP), no projeto O Amap E Sua Diversidade Cultural estendeu sua preocupao pedaggica necessidade de mostrar aos alunos a importncia de preservar e valorizar os aspectos culturais do estado, que tambm sofre os problemas scio-ambientais que afligem a regio.O Colgio Amazonense D. Pedro II, localizado no centro urbano de Manaus, apresentou o projeto Repensando a Cidadania, Preservando os Igaraps. Nesse trabalho, professores e alunos mostraram engajamento nas questes referentes ao ambiente e o espao geogrfico que circundam a escola, cujo prdio considerado patrimnio histrico do estado.O professor de Sociologia, Jorgemar Marques, que defendeu o trabalho, relatou que o projeto nasceu de um alerta feito aos estudantes quanto necessidade de todos estarem envolvidos em manter os ambientes limpos na escola. Do papel jogado no cho, os estudantes partiram para questionamentos mais amplos sobre o lixo, coleta seletiva, o meio ambiente e a localizao geogrfica da escola. O Colgio Amazonense Pedro II encontra-se prximo aos igaraps que cortam o centro da cidade. Esses igaraps esto poludos e refletem a situao de agravamento das condies ambientais, sobretudo no centro da cidade, explica.Segundo o professor, cada aspecto dessa situao foi relacionado s diversas reas do conhecimento contidas nos PCN-Ensino Mdio. Em Geografia, foram vistas as transformaes urbanas, sociais e ambientais, assim como o processo de migrao para a rea urbana; na rea de cincias da natureza, vimos o processo de industrializao do estado e os problemas de ordem ambiental e os impactos na zona urbana. Tambm relacionamos os aspectos econmicos do estado, antes e depois da implantao da Zona Franca de Manaus, lembrou o professor....ArteEm outra linha de pensamento, a Escola Estadual Gonalves Dias, de Boa Vista (RR), encerrou as apresentaes do primeiro dia com o projeto Fotevdeo, o qual pretendeu levar para a sala de aula uma nova concepo na maneira de ensinar Arte aos alunos do Ensino Mdio.De acordo com o professor de Artes, Dimar Mesquita, o trabalho surgiu da necessidade do projeto pedaggico dar um novo impulso ao ensino de Arte na escola e ao mesmo tempo aumentar a auto-estima dos estudantes. Como em muitas escolas, a Arte o tipo de matria sobremesa, ou seja, pouco valorizada e incapaz de atrair o interesse do estudante. Vi que era grande a apatia e a falta de interesse dos alunos, mas depois que propusemos uma nova abordagem para o problema, o envolvimento dos meninos superou nossas expectativas, recorda.Segundo relatou, das primeiras conversas com a turma surgiram propostas feitas pelos prprios alunos, que inicialmente trabalharam em uma exposio fotogrfica para depois evoluir para a elaborao de uma pea teatral. O professor Edmar lembra que as atividades artsticas chegaram a incomodar os pais, numa clara demonstrao de que o ensino de Arte ainda encontra resistncia daqueles que enxergam na escola o tradicional lugar onde se leciona Portugus e Matemtica.Agora a aprendizagem tem sido visvel, eles aprenderam a cobrar seus direitos e a exercer com responsabilidade a cidadania; eles desenvolveram a capacidade de anlise e sntese na produo literria; e tambm melhorou a comunicao oral dos alunos, ressalta o mestre as vantagens do projeto escolar.

Elementos para a concluso

Instituto Vicente Pallotti

Me-Professora

Estou enviando uma colaborao para o ms de outubro, em que se comemora o Dia do Professor. Muitas vezes procurei uma mensagem para homenagear as mes professoras do colgio e no encontrei. Ento, escrevi a que segue. Talvez possa ajudar algum nas condies em que me deparei!

No jardim da existnciaduas rosas colhemos para ti, me professora, neste dia:

Uma branca - a pureza do teu amor filial;

Outra vermelha - o amor-doao dos alunos que educaste para a vida.

Ao afag-las ao peito,

suas cores mesclaro.

Pois ao calor do teu corao,

rosas brancas e vermelhas,

cor-de-rosa ficaro.

Pois o amor de uma mestra

Tem muito a ver com o AMOR DE ME.

FORMAO CONTINUADA:EM BUSCA DO EDUCADOR REFLEXIVO

Rita Buzzi Rausch* A formao dos educadores vm sendo, principalmente a partir da dcada de 90, alvo de muitas discusses e descontentamentos. Muitas pesquisas recentes (dentre elas FONTANA 2000, SADALLA (1998), CUNHA (1992)) tem centralizado as suas investigaes procurando encontrar "bons professores", "professores competentes",

"professores reflexivos", ou seja,

Entretanto, as pesquisas tem revelado o quanto a prtica pedaggica destes profissionais pode ser ressignificada luz das novas concepes de educao. Por que ser?

A formao dos educadores vm sendo, principalmente a partir da dcada de 90, alvo de muitas discusses e descontentamentos. Muitas pesquisas recentes (dentre elas FONTANA 2000, SADALLA (1998), CUNHA (1992)) tem centralizado as suas investigaes procurando encontrar "bons professores", "professores competentes", "professores reflexivos", ou seja, educadores que em sala de aula apresentam um fazer pedaggico coerente com concepes progressistas de educao. Entretanto, as pesquisas tem revelado o quanto a prtica pedaggica destes profissionais pode ser ressignificada luz das novas concepes de educao. Por que ser?

Faz-se necessrio pontuar que por muito tempo a formao oficial no teve a preocupao de incentivar a relao entre teoria e prtica docente. Inicialmente, contentava-se em "reciclar" o educador, descartando o seu conhecimento real, introduzindo o novo desconectado do velho, oferecendo cursos rpidos e descontextualizados, somados a palestras e encontros espordicos superficiais.Mais tarde, coerente com o momento histrico por qual passava a concepo de educao, contentou-se em "treinar" o educador tendo como eixo central a modelagem de comportamentos, desencadeando aes apenas com finalidades mecnicas. Ao educador era atribuda a tarefa de fazer e no de pensar, impondo-se modelos, receitas, tcnicas do fazer pedaggico.

Buscando superar a dinmica das formaes anteriores surge, na dcada de 80, novos conceitos de se pensar/fazer tal processo: "aperfeioamento" e "capacitao" de educadores. Coerente com tais conceitos, novas decises foram tomadas e novas aes propostas. Porm para alguns educadores, tais estratgias de formar ainda no respondem as demandas de uma prtica pedaggica transformadora. Ao refletir-se sobre o verdadeiro sentido da palavra aperfeioar chega-se ao tornar perfeito, completar o que estava incompleto. No conceito de capacitao, tornar capaz, parece existir, tambm, uma doutrinao, inculcao de idias como sendo verdades absolutas que precisam ser, simplesmente, aceitas, exercendo uma funo curativa, remediadora e imediatista. Ser possvel completar algum? Torn-lo perfeito? Capacit-lo, como se fosse um processo meramente de fora para dentro? Ou ser que, agindo de tal forma, est-se negando a raiz do prprio conhecimento que um processo constante, interativo, incompleto, provisrio?

Ultrapassando concepes fragmentrias, exclusivas, maniquestas ou polarizadoras de formao, delineia-se outro tipo de formao; "formao permanente" (FREIRE, 1982) e ou "formao continuada" (NVOA, 1992, PERRENOUD, 1993). Estes dois termos podem ser considerados similares pois pontuam como eixo central a pesquisa em educao, valorizam o conhecimento do professor, e em um processo interativo/reflexivo, buscam contribuir para uma anlise do prprio fazer docente.

Tal formao coerente com o movimento social de direitos humanos, buscando educar o povo, como sempre afirmou Paulo Freire, a "ultrapassar a viso fragmentada da realidade", levando as pessoas a superar o individualismo atravs da cooperao, das solues coletivas, da liberdade de pensamento, tornando-se cidados, avanando de uma "conscincia ingnua para uma conscincia crtica", buscando uma mobilizao social que questione o prprio sistema e transforme a realidade.

Educar/formar nesta nova perspectiva considerar, conforme defende Nvoa(1992), os professores a partir de trs eixos estratgicos: a pessoa do professor e sua experincia; a profisso e seus saberes, e a escola e seus projetos. "A formao no se constri por acumulao (de cursos de conhecimento ou de tcnicas), mas sim atravs de um trabalho de reflexo crtica sobre prticas e de (re)construo permanente de uma identidade pessoal. Por isso to importante investir na pessoa a dar estatuto ao saber da experincia". (NVOA, 1992, p. 38). Portanto, preciso respeitar os professores como pessoas, seres incompletos e eternos aprendizes, que a partir de uma formao contextualizada buscam transformar-se, entender o grupo no qual esto inseridos e ressignificar a suas prticas pedaggicas.

Assim, o objetivo central da formao continuada desenvolver o educador pesquisador. No um pesquisador obsecado pela academia ou pela cientificidade, mas um profissional que tem, primeiramente, uma atitude cotidiana de reflexividade da sua prtica, que busca compreender os processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e que vai construindo autonomia na interpretao da realidade e dos saberes presentes no seu fazer pedaggico.

Sobre a relao aluno e professor

15.6.2001O encontro amoroso entre educador e educandoda Agncia EducaBrasil

Planejamento Dialgico, de Paulo Roberto Padilha, o novo livro da srie "Guia da Escola Cidad", produzido numa parceria entre o Instituto Paulo Freire (IPF) e a Cortez Editora. Os livros da srie constituem pesquisas do IPF e, portanto, seguem uma linha de estudo que tem origem nas formulaes de um dos mais importantes tericos da educao brasileira: Paulo Freire. Por isso, propem-se a oferecer uma literatura pedaggica que ao mesmo tempo seja vivel para um cotidiano que exige respostas rpidas e eficazes e que atenda aos desafios do ensino fundamental no pas sem ser superficial.

No prefcio, Moacir Gadotti, um dos coordenadores da srie e do IPF, apresenta um outro ttulo possvel ao livro: "Planejamento educativo na perspectiva da Escola Cidad". Afinal, o prprio autor explica que "planejar na perspectiva da Escola Cidad significa faz-lo em funo de um projeto e projetar na perspectiva de uma viso de planejamento chamada de 'dialgica'". Assim, assinala Gadotti, Padilha mostra bem que "o planejamento no pode ser dissociado do projeto poltico-pedaggico". Ainda chama a ateno para retomada pelo autor de noes da pedagogia freireana e para a contribuio desta obra para a reinveno do pensamento de Paulo Freire.

Planejamento Dialgico guiado pelo universo de princpios da obra e do pensamento freireano. O "dialgico" refere-se, portanto, "forma de dilogo", ou seja, forma proposta por Paulo Freire para a relao entre educadores e educandos. Padilha assinala, ento, a afirmao de Freire de que "a viabilizao do pas no est apenas na escola democrtica, formadora de cidados crticos e capazes, mas passa por ela, no se faz sem ela". Conclui, dessa forma, que o planejamento na perspectiva da escola cidad est associado dialogicidade. E explica: "O dilogo, segundo Paulo Freire, ' o encontro amoroso dos homens que, mediatizados pelo mundo, o pronunciam, isto , transformam, e transformando-o, o humanizam para a humanizao de todos'".

Segundo Padilha, Paulo Freire no escreveu especificamente sobre o tema planejamento educacional, mas "referiu-se a ele em muitas ocasies". Assim, "observa-se na obra de Freire a defesa de uma relao horizontal e de uma igual participao dialgica entre educador e educando". Essa idia desenvolvida no terceiro e no quarto captulo do livro quando analisa o planejamento na perspectiva da escola cidad e qual seria o projeto poltico-pedaggico que o planejamento deveria levar em conta. O conceito de "planejamento" , inclusive, explicado nos dois primeiros captulos, por meio de uma anlise tipolgica. As concepes de planejamento, entendidas a partir das teorias da administrao e das caractersticas especficas do planejamento na educao tambm so assuntos do incio do livro.

O ltimo dos cinco captulos da obra aborda a "dimenso pedaggica" do projeto poltico-pedaggico, incluindo temas como os PCNs, a transversalidade, currculo e avaliao escolar. Na concluso, Paulo Padilha retoma a expresso freireana "crculo de cultura" para colocar questes sobre o espao do planejamento dialgico e, principalmente, a respeito "do que tem sido a nossa aula e sobre como temos atuado em sala de aula". Sua proposta considerar a sala de aula como "crculo de cultura": torn-la espao privilegiado para a realizao do planejamento dialgico e, por conseqncia, orientando as polticas pblicas educacionais. Ou seja, "trata-se de uma escola em que todos podem pesquisar, pensar, praticar, refletir, sentir, deliberar, ser, plantar, agir, cultivar, avaliar sobre o que fizeram e recomear novamente este ciclo, discutindo e debatendo sobre as possibilidades de superarmos juntos as dificuldades e os problemas surgidos na escola e na educao, no seu sentido mais amplo".

Como dar uma boa aula?

Dicas para professores iniciantes

Prepare-se

s vsperas da primeira aula, um professor pode ter algumas reaes desagradveis, como ansiedade e medo. O novo professor tambm pode acreditar que tmido, e ter dvidas quanto ao seu desempenho em sala. No creio que isso possa ser considerado "normal", mas so reaes freqentes. Na minha opinio, isso decorre de uma avaliao distorcida que fazemos: imaginamo-nos dando aulas e as coisas dando errado, s que no inclumos na avaliao a preparao que iremos fazer. Voc pode considerar os medos e ansiedades como procedentes, se voc fosse dar aulas naquele momento. Inclua uma preparao no caminho entre o agora e o momento das aulas e voc vai perceber que as emoes vo se modificando medida que voc vai se preparando. Isto vale, claro, se voc pretende se preparar o necessrio para o que vai fazer.

Minhas sugestes para essa preparao:

1) Planeje bem as aulasFaa um planejamento detalhado do que vai fazer, em contedo e estrutura, o que vai por no quadro, o que vai dizer. Improviso para quando voc estiver mais maduro e mais vontade. Se quiser modelos de planejamento, veja o Almanaque do Professor.

Voc pode usar tambm mapas mentais, seja para planejar, seja para apresentar o contedo para os alunos, seja para estes estudarem. Veja no link acima a seo com exemplos, modelos e roteiro de elaborao, entre outras coisas (sugiro que voc faa o treinamento on-line). Mapas mentais tambm requerem prtica e dedicao para sairem bem-feitos, mas est no futuro das escolas, pode ter certeza. Se voc os usar bem, j estar se diferenciando dos outros professores, para melhor.

bom que voc tenha experincia significativa com o contedo, a pode se concentrar na parte didtica. Se no tem, sugiro que a adquira rapidamente ou lecione outra matria. Nada pior do que um professor terico, que acaba investindo a maior parte do tempo em seu prprio aprendizado e no no aperfeioamento do planejamento, da comunicao e outros aspectos do ensino.

Lembre-se de que todos ns gostamos de variao e no gostamos de monotonia. Varie as estratgias de ensino, faa os alunos se mexerem de vez em quando, faa perguntas, faa-os trabalhar em dupla ou em grupo. Se estiverem inquietos, d 2 minutos para fazerem o que quiserem. De vez em quando, certifique-se de que esto acompanhando; conforme o caso, um conceito perdido compromete o restante da aula. Dirija-se a um aluno especfico; alguns alunos nunca abrem a boca por iniciativa prpria, talvez por medos como gozaes de colegas ou "pagar mico".

E faa o possvel para dar plantes ou ter plantonistas para atendimento individual, os alunos aprendem muito melhor com as respostas s suas prprias perguntas.

2) EnsaieD a aula antes, para ningum, para o espelho ou para um conhecido. Se com este, pea para ele criticar e lhe indicar as oportunidades de melhoria. Grave-se ou filme-se dando aulas e depois escute ou veja procurando oportunidades de melhoria (faa isso antes que a realidade lhe mostre).Se voc nunca deu uma aula antes, quase tudo novo, e h muito, muito que voc no sabe e que nem sabe que no sabe.

Procure variar o tom de voz, mais difcil prestar ateno a uma voz montona. Repita e/ou enfatize com a voz algumas passagens mais importantes.

3) Prepare-se emocionalmenteEmoes geralmente contm uma mensagem. Na vspera da minha primeira aula, senti verdadeiro pnico; um colega o teve durante a primeira aula. Depois descobri que isso era uma mensagem de que eu devia me preparar melhor.

Na seo Inteligncia Emocional tem uma matria sobre como lidar produtivamente com medos: Medo, seu aliado para o sucesso. Pratique-a algumas vezes que depois voc acaba fazendo-a automaticamente, e ter uma boa ferramenta para o resto da vida.

4) Ajuste as expectativasCuidado com a auto-expectativa irreal de que voc tem que saber tudo e responder a tudo. J vi um professor contar que disfarava seu no-saber indicando ao aluno o exerccio de buscar a resposta. Voc tem que saber o contedo e mais um pouco. Quando me perguntavam coisas que eu no sabia, fora da matria,eu simplesmente dizia que no sabia. Se achasse importante, podia at procurar, mas no era a regra. Um aluno uma vez at disse me admirar por isso!

O que lhe d credibilidade, talvez a mais importante caracterstica de um professor, no saber tudo, porque isso no possvel, mas sim dizer o que , quando sabe, dizer que acha que , quando no tem certeza, e dizer que no sabe, quando realmente no sabe. Isso que o torna confivel.

5) Segure as rdeas da disciplinaUm ponto essencial em classe voc reconhecer e saber que voc a autoridade. Os alunos testam os limites para saber como se portar e usam o que acontece como referncia para o que vo fazer. Se algum conversar alto e voc no fizer nada, abre caminho para que acontea de novo. E se voc disser que vai mandar algum embora se atrapalhar e o fizer duas ou trs vezes, vai ter um padro que permite aos alunos prever o que vai acontecer, e a no vai precisar mandar ningum embora. O importante aqui voc ter bem claro para si mesmo o que quer e saber que o responsvel por fazer isso acontecer.

Por outro lado, importante preservar um bom e amigvel relacionamento com os alunos, seno te "fritam" e voc no consegue alcanar o objetivo. Assim, um dos objetivos iniciais construir um bom relacionamento com a turma e com os alunos, o que vai lhe permitir depois chamar a ateno deles sem que eles achem que voc os odeia (sobre isso, veja a matria Golfinho esperto, nesta seo). Para isso, procure os lados bons de cada um: um estudioso, o outro cordial e respeitoso, todos tm qualidades, e voc que tem que perceb-las. Se tiver que fazer algo drstico, como mandar algum embora, faa-o na boa, sem "matar" o relacionamento com ningum. O que voc diz secundrio; a maneira como o diz muito mais significativa.

Nosso papel em sala anlogo ao de uma enfermeira, que no liga se o doente chato ou no, ela tem uma misso e precisa fazer o que preciso para cumpri-la, e precisa ento relevar, ignorar e esquecer as coisas que a tiram do foco e no contribuem para os objetivos.

6) Coloque-se no lugar do alunoUm exerccio muito bom que voc pode fazer , estando relaxado, visualizar-se sentado numa das carteiras, na posio de aluno. Experimente e descubra as vantagens. Uma professora de Biologia que conheo prepara as aulas assim: l a matria, monta o quadro na mente e se coloca na posio de um aluno para verificar se est bom.

Outra coisa boa lembrar-se de suas prprias experincias como aluno, como o que gostava nos professores e como se relacionava com eles, o que sentia, como se motivava, influncia dos colegas. .

7) Tmido, eu?

E se voc acredita que tmido, permita-me no acreditar nisso, garanto que tem situaes em que voc no age timidamente. uma situao nova e requer preparao, e uma vez preparado o suficiente, voc vai se sentir mais confiante e com vontade, sabendo que vai fazer um bom trabalho ou pelo menos que fez o seu melhor para isso, e vai continuar melhorando na medida de sua dedicao. Para isso voc s precisa de foco: durante um tempo, priorizar a nova atividade e dedicar todo o tempo possvel. quererde verdade fazer o melhor possvel.Depois mais tranquilo. 8) Melhore-sePara o futuro, mantenha ao lado, leia e procure aplicar as idias de livros de didtica, em particular os de PNL. Recomendo:

- Treinando com a PNL (O'Connor e Seymour)

- Enfrentando a Audincia (Robert B. Dilts)

- Aprendizagem Dinmica I e II (Dilts e Epstein)

- Almanaque do Professor - Modelos, tcnicas, estratgias e muitas outras idias que juntei e que podem lhe inspirar.

Ponha na cabea e no corao que haver sempre algo a mais para se aprender, seja com livros, com colegas, consigo mesmo, com o coordenador ou com feedbacks de alunos. Descobrir que no sabe algo um avano, lembre-se disso. E, como disse o Millr, "Aula em que o professor no aprende nada uma aula intil".

Em sntese

Se eu fosse resumir, diria que o mais importante : vai acontecer, e voc precisa se preparar para isso. A certeza de que vai acontecer, junto com a vontade de fazer bem-feito, que mobilizam seus recursos e suas capacidades, que fazem com que voc dedique 5 minutos a mais. O resto decidir como ser feito e aprender com a experincia ao invs de lament-la. E no se iluda: voc vai se enriquecer devagar, um passo de cada vez.

Boa sorte! E uma frase que vi algures para fechar: "Quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho!"

A expanso do ensino superior no Brasil foi considervel desde a dcada de 50. Esse crescimento aconteceu na forma quantitativa, sem preocupao com os aspectos qualitativos. Aumentaram-se apenas as instituies, os cursos e as vagas; Para maior visualizao dessa expanso do ensino superior no Brasil, presentado a seguir a evoluo do nmero de instituies no Brasil: em 1808 era apenas uma escola de nvel superior, a Escola de Cirurgia e Medicina da Bahia; em 1890 eram 14 instituies; em 1930 j eram 86, em 1960 esse nmero cresceu para 404 e em 1996 o Pas j contava com 922 Instituies de Ensino Superior.

Na viso de Teixeira (1969:49) as instituies deveriam passar por grandes reformas na qualidade de ensino antes de qualquer ampliao. Quando abordada a questo do professor da universidade brasileira lembra-se que ele era uma das figuras mais respeitadas e admiradas da nao. Hoje, porm, no se pode ter esse mesmo discurso.

Com esse crescimento quantitativo do ensino superior, o descaso com a questo pedaggica evidenciou-se de forma assustadora. Jovens profissionais passaram a ser recrutados sem nenhuma experincia docente e, o mais srio, sem nenhum preparo para o exerccio do magistrio.

Para ingressar na docncia de ensino superior, o professor no tem muitas exigncias legais no que se refere titulao e formao pedaggica. Nem a antiga Lei de Diretrizes e Bases da Educao LDB A formao pedaggica ultrapassa o conhecimento do contedo que o docente ensina. A falta dessa preparao pode tolher o compromisso do professor com as aes que ele desenvolve com seus alunos, com a instituio em que trabalha e mesmo com a comunidade.

A questo pode ser pior ainda, segundo Schwartzman (1994:151), em algumas reas do conhecimento tais como comunicaes, estatstica, biblioteconomia, administrao, contabilidade etc., onde h uma tendncia de atrair estudantes menos qualificados, que se dirigem aos cursos com pouca ou nenhuma tradio, e com menor concorrncia no vestibular. Esses estudantes encontram mais tarde grandes dificuldades em obter um trabalho que de alguma forma corresponda aos contedos formais das carreiras que escolheram. Como a maioria deles trabalha enquanto estuda, que um fato normal nesses cursos, no tm problema de encontrar emprego depois de formados. O que eles esperam que seu diploma possa ser til para conseguir melhores salrios e ter mais oportunidades no mercado de trabalho. desses estudantes formados que saem a maioria dos novos docentes que vo ingressar no ensino superior.

Com todo esse crescimento no ensino superior, caso no hajam professores preparados adequadamente para atender a demanda dos cursos, a qualidade destes tende a declinar. O que poderia ser considerado como ensino de nvel superior, com essa depreciao pode ser acatado apenas como ensino de nvel tcnico.

No ensino superior, encontra-se muito a figura do professor transmissor de conhecimento, sem o comprometimento de relacionar o contedo especfico com o mundo real que aparece fora dos bancos escolares. Acabam desvinculando a teoria da realidade na qual os alunos esto inseridos. O professor deve estimular seus alunos a aprender a aprender. Deve criar um esprito de busca permanente de novas descobertas. No h dvidas de que o conhecimento um processo que dever estar em constante desenvolvimento. Coisas consideradas como verdades hoje, podero no ser amanh. No se pode dizer que todas as verdades so eternas, pois a realidade se altera e essas mudanas devem ser percebidas pelos professores.

O compromisso do professor com os temas educacionais, num sentido muito mais amplo do que a simples transmisso de conhecimentos ou experincias profissionais, uma questo sobre a qual o docente deveria estar constantemente em processo de reflexo. Educar, no entanto, ato consciente e intencional que ultrapassa a etapa do instruir. Um professor de ensino superior deve aliar ao conhecimento especfico de sua rea o domnio da habilidade de educar. Somente o professor que busca conhecer intensamente o processo de ensino-aprendizagem poder modificar e aperfeioar a sua prtica, seja do ponto de vista de suas etapas, seja das funes requeridas no ato de aprender (Silveira, 1988:38)

A partir dos primeiros anos da dcada de 80, a preocupao com a formao tcnica do professor assumiu maior importncia nos debates. Sem desconsiderar a questo da formao poltica do futuro docente, enfatizava-se a necessidade de uma formao tcnica que envolvesse tanto o conhecimento especfico de determinado campo quanto o conhecimento pedaggico.

A capacitao de qualquer profissional vai muito alm dos conhecimentos tcnicos propriamente dito; deve abranger uma gama de outros conhecimentos filosficos, polticos, ticos etc. No caso do professor de 3 grau, Vasconcelos (1996:24-34) destaca quatro aspectos para sua formao competente:

a) Formao tcnico-cientfica:

Contempla o domnio do contedo especfico que se deseja ensinar com o entendimento; dos aspectos tericos que cercam o assunto. No admitido a um professor que no conhea o que vai lecionar em sala de aula. O docente deve ter um compromisso com a educao como um todo e no simplesmente com o ensinar sem nenhum comprometimento com os objetivos mais genricos da tarefa de educar. O contedo a ser transmitido deve ter como marca esse envolvimento do professor.

Todo professor deve conhecer o contedo da disciplina sob sua responsabilidade, mas alm disso, questionar, recriar, relacionar os diversos conhecimentos e efetivar j nesse momento um processo de iniciao cientfica em seus alunos, incitando-os a buscarem novos conhecimentos para antigos aprendizados.

importante que o docente esteja num processo incessante de busca na atualizao dos contedos, para no se consolidar em uma atitude passiva do eterno repetir. Isto permite constituir-se em base slida para novos conhecimentos e novas pesquisas para a investigao cientfica. A participao em congressos, simpsios, cursos e palestras so algumas maneiras de manter-se atualizado e criar estmulos para a produo cientfica.

b) Formao prtica: O relacionamento entre teoria e prtica fator de garantia de competncia para o exerccio da docncia universitria. Para isso o professor deve ter conhecimento da prtica profissional para a qual seus alunos esto sendo formados. No h dvida de que o professor que tem os conhecimentos tcnico-cientficos e uma vasta experincia profissional no campo especfico de atuao do curso ser um docente mais atualizado e, por extenso, com uma viso mais ampla da aplicao da teoria na prtica ocupacional futura de seus discpulos.

c) Formao Pedaggica: A formao pedaggica do docente de ensino superior vai alm do simples dar aulas (Vasconcelos, 1996:28); abrange tambm aspectos do planejamento de ensino visto como um todo, que constitudo:

1) de objetivos gerais e especficos da instituio e da disciplina lecionada;

2) da caracterizao da clientela (aluno);

3) do conhecimento do mercado de trabalho;

4) dos objetivos especficos do processo ensino-aprendizagem;

5) da seleo dos contedos;

6) das atividades e recursos do ensino-aprendizagem;

7) da avaliao da aprendizagem;

8) das possibilidades de construo e reconstruo do conhecimento; e

9) da relao professor-aluno.

A maioria dos problemas de ensino relacionados com docentes que dificultam a aprendizagem dos alunos seria, no mnimo, melhorada com maior aperfeioamento do professor na rea da pedagogia. Professores que nunca passaram por qualquer formao na rea especificamente pedaggica certamente tero agravadas suas caractersticas de um profissional adequado para o ensino. O comprometimento com as questes do ensino e da educao surgem, naturalmente, da competncia pedaggica do professor.

d) Formao Poltica: Alm dos conhecimentos tcnicos, prticos e pedaggicos, o professor deve estar preocupado tambm com as questes que o cercam, o meio social, poltico, humano, tico etc. O docente precisa reconhecer a pessoa do aluno, visualizar o meio onde ele vive. Para isto deve pensar politicamente. Esse compromisso com o aluno em formao ser, sem sombra de dvida, uma das qualidades que toda instituio de ensino deve procurar alcanar e melhorar constantemente. Para que o professor exera sua cidadania num projeto de educao torna-se necessrio que ele seja um intelectual crtico capaz de apreender e trabalhar as diferenas visualizadas na sala de aula e, alm disso, deve ser tico para mostrar efetivamente sua competncia.

A formao escolar condio necessria, mas no suficiente, para garantir uma atuao comprometida com um projeto educacional em evoluo. Mesmo tendo uma boa formao muitos professores acabam no se dedicando integralmente s atividades universitrias; por falta de melhores salrios e outras condies operacionais, eles so atrados para outros mercados de trabalho, principalmente os profissionais liberais. Esse fato j era vivido nas escolas americanas nos anos 50, conforme relata Alexander (1960:5) que diz que melhores oportunidades com melhores salrios nas indstrias atraem muitas pessoas que foram treinadas para o ensino. Esse um dos problemas que assola as Instituies de Ensino Superior no Brasil. Em muitos casos o professor exerce as atividades de ensino apenas como complemento salarial e em tempo parcial. Neste caso, o docente acaba perdendo o interesse ou fica impossibilitado de aperfeioar-se como profissional do ensino.

Outra questo que aparece no ensino o da formao terica e prtica do professor. O problema da defasagem existente entre a preparao ou treinamento oferecido pelas escolas de formao profissional e a realidade da atividade prtica futura um ponto que tem aflorado nas discusses sobre a questo da capacitao para o trabalho. importante que se tenha uma ligao da teoria com a prtica naquilo que apresentado ao aluno, para que este se sinta seguro em relao ao contedo de sua aprendizagem, o qual imprescindvel para sua formao profissional. Para que isso acontea, no entanto, necessrio que o professor seja conhecedor dessa dialtica: teoria e prtica. O que se deve evitar que um professor, detentor de uma grande vivncia profissional especfica, tenha poucos conhecimentos tericos que envolvam essa prtica. O fazer repetitivo gera um saber. Da decorre que cada profissional tem seu prprio mtodo para resolver suas

questes dirias, composto de solues encontradas ao longo da prtica de sua profisso. Isso pode tornar-se perigoso para o ensino, pois muitas vezes a rotina e a repetio fazem o conhecimento prtico tornar-se tcito e to espontneo que os profissionais no mais refletem sobre o que esto fazendo (Schon, apud Santos, 1991:323).

H a necessidade de se ter maior nmero de professores pesquisadores para que haja permanentemente a gerao de novos conhecimentos. No Brasil, historicamente, a funo primordial desempenhada pelas escolas foi a do ensino. A questo do trip ensino-pesquisa-extenso, que a legislao prev, atinge apenas 3% das Universidades brasileiras (Sampaio, 1997:106). Nas instituies de ensino que possuem professores com melhores qualificaes, bem como maior nmero em regime de tempo integral, h uma tendncia de maior desenvolvimento de pesquisas.

O professor necessita de algumas caractersticas facilitadoras ao correto exerccio do magistrio que devem ser adquiridas, aperfeioadas, atualizadas e adaptadas. Kertsz e Lorenzoni (apud Vasconcelos, 1996:40) apresentam algumas dessas caractersticas: comunicabilidade, comportamento tico, equilbrio emocional, criatividade, boa expresso verbal, bom relacionamento interpessoal, comportamento funcional adequado, dentre outras. Um bom perfil para o professor de 3 grau ter num s indivduo trs capacidades igualmente desenvolvidas:

1) a de transmitir os conhecimentos, ou seja, aquele que sabe ensinar;

2) a do crtico das relaes socioculturais da sociedade que o cerca e do momento histrico no qual vive; e

3) a do pesquisador, capaz de, por intermdio de estudos sistemticos e de investigaes empricas, produzir o novo e induzir seu aluno a tambm criar (Vasconcelos, 1996:10).

Em pesquisa realizada por Cunha, M. I. (1989), buscou-se identificar as principais

caractersticas de um bom professor. as habilidades de ensino manifestadas pelos bons professores durante as observaes foram:

quanto habilidade de organizao do contexto da aula:

(1) explicita o objetivo do estudo;

(2) localiza historicamente o contedo;

(3) estabelece relaes do contedo com outras reas do saber;

(4) usa artifcios verbais para apontar questes fundamentais;

(5) apresenta ou escreve o roteiro da aula;

(6) referencia materiais de consulta.

quanto habilidade de incentivo participao do aluno:

(1) formula perguntas (de natureza exploratria e/ou encaminhadora);

(2) valoriza o dilogo;

(3) provoca o aluno para realizar as prprias perguntas;

(4) transfere indagaes de um aluno para outro ou para toda a classe;

(5) usa palavras de reforo positivo;

(6) aproveita as respostas dos alunos para dar continuidade aula;

(7) ouve as experincias cotidianas dos alunos;

quanto habilidade de tratar a matria de ensino:

(1) esfora-se para tornar a linguagem acadmica acessvel: clareia conceitos, faz analogias, estabelece relao entre causa e efeito, vincula teoria e prtica etc.;

(2) usa exemplos;

(3) utiliza resultados de pesquisas;

quanto habilidade de variao de estmulos:

(1) usa adequadamente recursos audiovisuais;

(2) movimenta-se no espao de ensino;

(3) estimula a divergncia e a criatividade;

(4) preocupa-se em instalar a dvida;

quanto habilidade do uso da linguagem:

(1) tem clareza nas explicaes atravs de: uso de terminologia adequada, emprego de voz audvel, uso de pausas e silncios, adoo de entonao de voz variada etc.; (2) tem senso de humor no trato com os alunos.

O papel do professor no contexto educacional sob o ponto de vista dos alunos

Motivar a colaborao, a troca constante de informaes e a comunicao, mesmo que parcial, favorece a disseminao dos achados individuais do corpo docente.Denise Pontes Raldi*, Cludia Fabrcio Malheiros*, ris Maria Fris**, Jos Luiz

Lage-Marques***

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar a opinio dos alunos de quatro Faculdades de Odontologia do Estado de So Paulo, duas instituies particulares e duas estaduais, a respeito do papel do professor no processo de ensino-aprendizagem. Foram distribu-dos 180 questionrios, contendo quase que na totalidade questes fechadas, dos quais 50% foi respondido por alunos das faculdades estaduais e o restante por alunos das faculdades particulares. Foram avaliados os seguintes quesitos: qualidades necessrias de um professor competente, material didtico e metodologia de ensino adotados, tempo de aula e atitudes dos professores. A opinio do corpo discen te revelou que os professores tm um papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem, sendo considerados competentes quando tm conhecimento, didtica e vivncia clnica. A anlise estatstica mostrou no haver diferena significante em relao opinio dos alunos nas populaes testadas das instituies particulares e pblicas. Os resultados permitiram concluir que as atitudes do professor com os alunos, bem como o tipo de material didtico adotado e o tempo despendido nas aulas tericas podem tanto favorecer quanto prejudicar a aprendizagem.

Grande nfase tem sido dada s questes que cercam o processo de ensino-aprendizagem em decorrncia das constantes mudanas ocorridas na nossa sociedade e, conseqentemente, na rea do ensino superior, o que certamente reflete nos cursos de graduao e ps-graduao de Odontologia.

Inmeras estratgias de ensino tm sido propostas objetivando, dessa forma, o aprimoramento da educao do aluno universitrio em amplo sentido, ou seja, o desenvolvimento intelectual, a formao de sentimentos, qualidades e valores (SANTOS, 2001).

Sabe-se, entretanto, que os indivduos diferem entre si, razo pela qual os alunos no aprendem no mesmo ritmo, divergindo, segundo MATTOS (apud TURRA, 1990), quanto ao nvel de maturao, capacidade, preparoescolar, bem como quanto a atitudes e ideais, interesses, preferncias e padres habituais de conduta e de reao.

Revista da ABENO

Estudos tm avaliado a opinio dos estudantes a respeito do que ocorre em sala de aula. Entre eles, destacam-se os de MASETTO (1992, 1996) e de LUQUE, PEANHA (1998), que a partir de suas pesquisas conseguiram identificar um conjunto de condies que, segundo a opinio do alunado, so facilitadoras de seu processo de aprendizagem.

Este estudo teve como objetivo verificar, por meio de um questionrio, a opinio dos alunos de quatro Faculdades de Odontologia do Estado de So Paulo a respeito do papel do professor no processo de ensino-aprendizagem.

MATERIAL E MTODOS

Este estudo foi realizado com 180 (cento e oitenta) alunos de 3, 4 e 5 anos de quatro Faculdades de Odontologia do Estado de So Paulo: duas particulares (Faculdade de Odontologia da Universidade Ibirapuera* e Faculdade de Odontologia da Universidade Vale do Paraba**) e duas instituies pblicas (Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo e Faculdade de Odontologia de So Jos dos Campos UNESP).

Numa primeira etapa, foi realizada uma entrevista com 15 (quinze) alunos com o objetivo de elaborar um questionrio especfico e direcionado que permitisse, com maior exatido, avaliar a opinio dos alunos em relao ao papel do professor no processo de ensino-aprendizagem (Quadro 1).

Na segunda etapa, o questionrio, (Quadro 2), foi preenchido por 180 (cento e oitenta) alunos: 90 alunos das faculdades particulares (30 alunos da UNIB e 60 alunos da UNIVAP) e 90 alunos das faculdades particulares (30 alunos da USP e 60 alunos da UNESP). Foram avaliados os seguintes quesitos: atributos de um professor competente, tipo de material DISCUSSO

REFERNCIAS

BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratgias de ensino-aprendizagem. 18. ed. Petrpolis : Editora Vozes, 1998. 312 p.

GODOY, A. S. et al. Preferncias de ensino: estudo exploratrio com alunos do curso superior de Administrao de Empresas. Revista Administrao OnLine, v. 2, 2002. Disponvel em: http://www.fecap.br/adm_online/adol/artigo.htm.

LODER, L. L. Processos de ensino-aprendizagem em Cursos de Engenharia. In: VII International Conference on Engineering and Technology Education, 2002, Santos. Anais do Congresso em CD-ROM.

LUQUE, M. S.; PEANHA, U. F. Poder e aprendizagem: uma breve anlise das relaes entre aluno e professor. In: BELLO, J. L. P. Pedagogia em foco. Rio de Janeiro, 1998. Disponvel em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/filos04.htm.

MARULLI, K. B. B. Fatores que interferem no processo ensino-aprendizagem, segundo a opinio de alunos do curso de Medicina Veterinria da Universidade de Marlia - UNIMAR. Unimar Cincias, v. 5, n. 1, p. 68 -75, 1996.

MASETTO, M. T. Aulas vivas. 2. ed. So Paulo: MG Editora, 1996. 104 p.

MASETTO, M. T.; ABREU, M. C. O professor universitrio em aula. 11. ed. So Paulo: M.G. Editora, 1997. 130 p.

MASETTO, M. T. Ensino-aprendizagem no 3 grau. In: DANTOLA, A. (org.). A prtica docente na universidade. So Paulo: EPU, 1992. p. 19-26.

SANTOS, S. C. O processo de ensino-aprendizagem e a relao professor aluno: aplicao dos sete princpios para a boa prtica na educao de ensino superior. Caderno de Pesquisas em Administrao, v. 8, n. 1, p. 69-82, jan./mar. 2001.

TURRA, C. M. G. et al. Planejamento de ensino avaliao. Porto Alegre : Sagra, 1990.

Habilidade de tratar o material de ensino:

O PROFESSOR, O ALUNO E O MATERIAL ESCOLAR: CENAS DE SALA DE AULA DE HISTRIA NO ENSINO MDIOGT 4 - DIDTICALaerthe de Moraes Abreu Junior (USF) Ana Paula Vercelli (USF) Pesquisa de Iniciao Cientfica financiada pela FAPESP

INTRODUOEste trabalho fruto de uma pesquisa que pretende dar seguimento ao esforo empreendido nos ltimos trs anos em que desenvolvemos duas outras investigaes sobre a relao entre o conhecimento escolar e a prtica docente no ensino pblico.A PESQUISAA motivao para realizao desta pesquisa se norteou pelas questes abaixo relacionadas:Em primeiro lugar pela necessidade de se conhecer mais profundamente o que acontece no espao epistemolgco da sala de aula, o que est sendo trabalhado no cotidiano escolar, esse espao de desafios e desgastes, onde a aceitao dos acontecimentos tem relao direta e muito pragmtica para o corpo discente: qual o valor daquilo que o aluno est aprendendo no dia-a-dia? Entrando na escola pela porta do conhecimento e procurando conhecer como e o qu professores e alunos conhecem, h a possibilidade de se constituir um retrato de valor histrico propedutico do como (epistemolgico) e de como deve ser (pedaggico) o contexto escolar.Em segundo lugar, deve-se atentar para a existncia de uma proposta educacional em curso na educao brasileira, os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) como agentes articuladores do conhecimento e da aprendizagem escolar (Brasil. Secretaria de Educao Funadamental, 1998).Com um planejamento voltado para efetiva construo do conhecimento possvel que na abrangncia contextualizada de seu trabalho docente, o professor conquiste uma autonomia pedaggica at mesmo revolucionria, se enfrentar com critrio os amarres burocrticos e as cobranas de determinadas prticas estreis e descontextualizadas. Com uma anlise rigorosa mas tambm receptiva do significado dos PCN no cotidiano escolar, o conhecimento escolar adquire um status novo na sociedade brasileira.Desta forma, a investigao partiu dos seguintes objetivos:- Identificar os critrios que o professor utiliza para selecionar os contedos que sero trabalhados em sala de aula, verificando, tambm, a presena ou a ausncia de conhecimentos do cotidiano do aluno, a partir da seleo e da ao do professor. - Verificar se na seleo dos contedos o professor d espao para que os alunos tambm tragam seus conhecimentos e vivncias culturais. - Identificar o tipo de participao e interesse dos alunos pelo conhecimento trabalhado em sala de aula- Analisar a relao de pertinncia do material didtico selecionado pelo professor com o contedo que est sendo trabalhado. importante relatar que se no houve uma preocupao de natureza quantitativa, houve um critrio numrico de capacidade dos pesquisadores efetivarem a investigao, posto que se realizaram duas entrevistas com cada uma das trs professoras, uma com cada um dos quatro alunos participantes, assim como houve a participao em duas aulas de Histria (de professores diferentes).Resumidamente, a pesquisa pretendeu investigar as seguintes questes:Quais tipos de conhecimento o professor utiliza em seu planejamento de trabalho?Como seleciona estratgias e materiais didticos para realizar seu planejamento?Que avaliao o professor faz da qualidade dos materiais didticos utilizados? Quais os efeitos dessa avaliao no conhecimento trabalhado em sala de aula?Como recebe a contribuio dos alunos sobre os conhecimentos trabalhados em aula? Como lida com as contradies e os conflitos epistemolgicos?Como o planejamento didtico pedaggico e os procedimentos do professor para a realizao desse planejamento?Qual a caracterstica dos conhecimentos utilizados em aula pelo professor?Que tipo de material didtico utiliza para essa finalidadeComo so as relaes entre professor/aluno no tratamento dos conhecimentos? E entre os alunos?PROCEDIMENTOS E PLANO DE TRABALHOEsta pesquisa se realizou no mbito de uma escola de ensino mdio da rede pblica de uma cidade do interior do Estado de So Paulo, com aulas em trs turnos: manh, tarde e noite.Tratou-se de uma pesquisa de natureza qualitativa tanto de carter bibliogrfico quanto de carter descritivo e interpretativo da realidade observada.A bibliografia se fundamentou, principalmente, em autores que esto investigando o tema conhecimento cotidiano, conhecimento cientfico e conhecimento escolar (Arnay, 1998; Lacas, 1998; Pozo, 998; Rodrigo, 1998 e Teberosky, 1998), notadamente na Espanha (Barcelona, Sevilha, Laguna) onde muitos pesquisadores tm se debruado sobre o assunto nos ltimos anos.O trabalho de campo se restringiu a trs aspectos: entrevistas gravadas com professores; anlise de material didtico utilizado em sala de aula e observao das aulas. Foram convidados a participar da entrevista os trs professores de Histria e solicitamos que os prprios professores nos indicassem quatro alunos.