ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO EM SALAS DE AULA COM...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO EM SALAS DE AULA COM BASE NA NBR10152/2017 SIMON ROSA MÁXIMO 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO EM SALAS DE AULA COM BASE NA

NBR10152/2017

SIMON ROSA MÁXIMO

2019

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ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO EM SALAS DE AULA COM BASE NA

NBR10152/2017

SIMON ROSA MÁXIMO

Projeto de Graduação apresentado ao curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

RIO DE JANEIRO

Março de 2019

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ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO EM SALAS DE AULA COM BASE NA

NBR10152/2017

Simon Rosa Máximo

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Profª. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc.

________________________________________________

Profª. Lais Amaral Alves, M.Sc.

________________________________________________

Profº. Luís Otávio Cocito de Araújo, D.Sc.

.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO de 2019

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Simon Rosa Máximo

Análise do desempenho acústico em salas de aula com base

na NBR10152/2017 / Simon Rosa Máximo – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2019.

xii, 70 p.:il.; 29,7 cm.

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 68- 70

1. Conforto acústico 2. Desempenho acústico 3. NBR10152

I. Vazquez, Elaine Garrido; II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Título

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Dedico este trabalho aos meus pais.

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Agradecimentos

Agradeço à minha família e amigos por fazerem-se presentes e terem me dado

toda a ajuda necessária à minha graduação.

Agradeço à minha orientadora Elaine Garrido Vazquez, por ter me ajudado e

guiado durante a elaboração deste trabalho.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO EM SALAS DE AULA COM BASE NA

NBR10152/2017

Simon Rosa Máximo

Março de 2019

Orientador: Elaine Garrido Vazquez

A poluição sonora é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos

principais causadores de um grande número de doenças. Por isso se torna necessário

garantir que as edificações ofereçam conforto acústico a seus usuários para uma melhor

realização de suas atividades, em especial as atividades desenvolvidas nos ambientes de

ensino. Considerando essa necessidade as normas técnicas surgem para auxiliar os

engenheiros e projetista na obtenção do melhor desempenho para suas construções. Este

trabalho tem por objetivo analisar o desempenho acústico das salas de aulas de uma

instituição de ensino superior para saber se as condições são compatíveis com o

conforto acústico necessário a este ambiente. A metodologia consistiu de uma revisão

da bibliografia existente sobre os conceitos de conforto acústico e na realização de um

estudo prático com a análise acústica dos elementos das salas de aula e a medição dos

níveis de pressão sonora segundo a NBR10152/2017. Constatou-se que os níveis de

pressão sonora representativos das salas de aula estavam acima do valor de referência

normativo para o tipo de uso destes ambientes, mostrando que o desempenho acústico

das salas é insatisfatório e precisa ser melhorado, com a troca dos sistemas de portas,

por sistemas de melhor isolamento acústico.

Palavras-chave: Conforto acústico, Desempenho acústico, NBR10152

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

ANALYSIS OF ACOUSTIC PERFORMANCE IN CLASSROOMS BASED ON

NBR10152/2017

Simon Rosa Máximo

March 2019

Adviser: Elaine Garrido Vazquez

Sound pollution is considered by the World Health Organization to be one of the

main causes of many diseases. Therefore, it is necessary to ensure that the buildings

offer acoustic comfort to their users for a better realization of their activities, especially

the activities developed in the teaching environments. Considering this need the

technical standards arise to assist the engineers and designer in obtaining the best

performance for their buildings. This work aims to analyze the acoustic performance of

the classrooms of a higher education institution to know if the conditions are compatible

with the acoustic comfort necessary to this environment. The methodology consisted of

a review of the existing literature on the concepts of acoustic comfort and the

accomplishment of a practical study with the acoustic analysis of the elements of the

classrooms and the measurement of the sound pressure levels according to

NBR10152/2017. It was found that the sound pressure levels representative of the

classrooms were above the normative reference value for the type of use of these

environments, showing that the acoustic performance of the rooms is unsatisfactory and

needs to be improved with the exchange of the door systems, by systems of better sound

insulation.

Keywords: Acoustic comfort, Acoustic performance, NBR10152

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................ 1

1.2 OBJETIVO .............................................................................................................. 6

1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 7

1.4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 7

1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS .................................................................................. 8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 9

2.1 CONCEITOS DA ACÚSTICA ...................................................................................... 9

2.1.1 Natureza do som ........................................................................................... 9

2.1.2 Frequência e Período .................................................................................... 9

2.1.3 Velocidade do som ..................................................................................... 10

2.1.4 Comprimento de onda ................................................................................ 11

2.1.5 Amplitude ................................................................................................... 12

2.1.6 Pressão sonora ............................................................................................ 13

2.1.7 Energia sonora ............................................................................................ 13

2.1.8 Intensidade sonora ...................................................................................... 13

2.1.9 Decibel ........................................................................................................ 14

2.2 O OUVIDO E A PERCEPÇÃO DO SOM ...................................................................... 16

2.3 ÁREA DE AUDIBILIDADE ....................................................................................... 17

2.4 ACÚSTICA DE ESPAÇOS FECHADOS ...................................................................... 18

2.4.1 Fenômenos de propagação do som ............................................................. 18

2.4.2 Reverberação .............................................................................................. 22

2.4.3 Eco .............................................................................................................. 22

2.4.4 Tempo de Reverberação ............................................................................. 22

2.4.5 Inteligibilidade ............................................................................................ 23

2.4.6 Refletores de som ....................................................................................... 24

2.4.7 Absorvedores porosos de som .................................................................... 24

2.4.8 Absorvedores discretos ............................................................................... 29

2.5 ACÚSTICA DAS EDIFICAÇÕES ............................................................................... 29

2.5.1 Geração de som .......................................................................................... 30

2.5.2 Isolamento acústico .................................................................................... 30

2.5.3 Isolamento acústico de sons aéreos ............................................................ 30

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2.5.4 Isolamento acústico ao ruído de impacto ................................................... 33

2.5.5 Índice de redução de som aéreo em parede sólida e homogênea ............... 34

2.5.6 Efeito da coincidência ................................................................................ 35

2.5.7 Curvas NCB ................................................................................................ 37

2.5.8 Isolamento acústicos em elementos construtivos ....................................... 38

2.5.9 Sistemas de climatização ............................................................................ 43

2.6 TRATAMENTOS ACÚSTICOS E SEGURANÇA ........................................................... 44

3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL ............................................................... 46

3.1 NBR 10152/2017 ................................................................................................ 46

3.2 DEFINIÇÕES DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS ............................................................ 49

3.2.1 Nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderada em A integrado

durante um tempo T no ponto X (LAeq,T, X) ............................................................ 49

3.2.2 Nível de pressão sonora equivalente ponderada em A, representativo de um

ambiente (LAeq) ....................................................................................................... 49

3.3 MEDIÇÃO DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA ........................................................... 50

3.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 50

3.5 REQUISITOS ACÚSTICOS DESEJÁVEIS ................................................................... 51

4 ESTUDO PRÁTICO DE CONFORTO ACÚSTICO EM AMBIENTE DE

SALA DE AULA ........................................................................................................... 52

4.1 ANÁLISE ACÚSTICA DOS ELEMENTOS DAS SALAS DE AULA .................................. 52

4.1.1 Caracterização do objeto de estudo ............................................................ 52

4.1.2 Acústica de espaços fechados ..................................................................... 55

4.1.3 Isolamento acústico em elementos construtivos ......................................... 55

4.1.4 Sistema de climatização.............................................................................. 57

4.2 PRINCÍPIOS DE PROJETOS PARA SALAS DE AULA ................................................... 58

4.3 MEDIÇÃO DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA ........................................................... 58

4.3.1 Valor de referência normativo .................................................................... 61

4.3.2 Resultados ................................................................................................... 62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 68

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Lista de Figuras

Figura 1: Comprimento de onda......................................................................................12

Figura 2: Amplitude de vibração.....................................................................................12

Figura 3: Pressão sonora (µPa) x Níveis de pressão sonora (dB)....................................15

Figura 4: Anatomia do ouvido humano...........................................................................16

Figura 5: Área de audibilidade........................................................................................17

Figura 6: Fenômenos da propagação do som..................................................................18

Figura 7: Comportamento da onda sonora com diferença de temperaturas....................21

Figura 8: Refletores de som.............................................................................................24

Figura 9: Placas de fibra mineral.....................................................................................26

Figura 10: Espuma acústica de poliuretano.....................................................................26

Figura 11: Tratamento aplicado com spray.....................................................................28

Figura 12: Caminhos possíveis de transmissão sonora entre cômodos...........................32

Figura 13: Regiões do domínio de frequência de uma parede........................................35

Figura 14: Efeito da coincidência....................................................................................36

Figura 15: Curvas NCB...................................................................................................38

Figura 16: Piso flutuante..................................................................................................42

Figura 17: Localização do Bloco D do Centro de Tecnologia da UFRJ.........................53

Figura 18: Sala D212.......................................................................................................54

Figura 19: Sala D213.......................................................................................................54

Figura 20: Pontos de medição da sala D212....................................................................59

Figura 21: Pontos de medição da sala D213....................................................................60

Figura 22: Decibelímetro AKROM.................................................................................61

Figura 23: Calibração......................................................................................................61

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Classificação das ondas sonoras quanto a frequência.....................................10

Tabela 2: Coeficientes de absorção.................................................................................20

Tabela 3: Frequências críticas.........................................................................................37

Tabela 4: Valores de referência para ambientes internos................................................48

Tabela 5: Dimensões das salas de aula............................................................................54

Tabela 6: Coeficiente de absorção sonora dos elementos das salas de aula....................56

Tabela 7: Valores de referência do nível de pressão sonora equivalente .......................61

Tabela 8: Valores do nível de pressão sonora equivalente ponderada em A..................62

Tabela 9: Valores do nível de pressão sonora global representativo de um ambiente....63

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Lista de Quadros

Quadro 1: Informações contidas no relatório..................................................................51

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Segundo Martine et al (2008), as cidades e municípios da África, Ásia e América

Latina são centrais para os desafios demográficos, econômicos e ambientais do século XXI.

Praticamente todo o crescimento da população mundial está previsto para ocorrer nessas

cidades e municípios, e é provável que também sejam responsáveis pela maior parte do

crescimento econômico. Mais de 80% desse crescimento se acumulará na Ásia e na África,

com a maior parte do restante para a América Latina. O crescimento urbano maciço em áreas

em desenvolvimento durante as próximas décadas pode trazer esperança e bem-estar a

milhões de pessoas, ou pode exacerbar o sofrimento e a miséria para a maioria dos novos

habitantes urbanos. A qualidade da governança e do planejamento nessas áreas urbanas terá

significância local e global. Os moradores de cidades que são economicamente malsucedidos

provavelmente estarão expostos a problemas de saúde ambiental, mesmo as cidades que são

bem-sucedidas em termos estritamente econômicos podem, se não forem devidamente

governadas, causar danos ambientais globais, como os atuais centros urbanos já fazem.

Embora não tenha passado despercebida, a transformação urbana ainda não recebeu a

atenção que merece. Naturalmente, a atual situação das cidades e suas favelas, bem como a

suposta deterioração de suas condições sociais e ambientais, são frequentemente destacadas.

Ocasionalmente, o potencial produtivo das cidades no contexto da globalização também foi

reconhecido. No entanto, a enormidade dos impactos esperados do crescimento urbano no

mundo em desenvolvimento ainda não se concretizou. Ainda menos reconhecido é o fato de

que o futuro das cidades do mundo em desenvolvimento e, portanto, o próprio futuro da

humanidade depende em grande medida nas decisões que são tomadas agora com relação à

organização do crescimento da cidade vindoura (MARTINE et al, 2008).

Os impactos do crescimento urbano geram a necessidade de desenvolvimentos

tecnológicos para a melhoria da vida, saúde e condições de trabalho do ser humano. A

construção da casa foi a primeira invenção do ser humano para tornar sua vida confortável. A

invenção da engenharia de edifícios acrescentou muitos recursos para o conforto da vida

humana. Mas durante o século passado, estes parâmetros de conforto eram mal avaliados e os

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edifícios e o seu ambiente interior foram muito improvisados. Devido a essa improvisação,

indicadores de conforto humanos foram criados para a melhor avaliação dessas edificações. O

conforto humano nas edificações se divide em conforto térmico, lumínico e acústico. As

condições de conforto variam de lugar para lugar, de estação para estação, e de acordo com as

mudanças climáticas na terra. Se as condições de conforto são boas e favoráveis, proporciona

melhor vida e produtividade da força de trabalho humana. Por outro lado, se o ambiente

interno do edifício não é propício e confortável, os impactos negativos são visíveis na saúde

humana, vida e produtividade. As condições internas são muito importantes para a saúde,

padrões gerais de trabalho e para o crescimento econômico, juntamente com uma vida

energeticamente eficiente. Há vários fatores físicos, químicos e psicológicos identificados que

afetam as condições de conforto interno (KAPOOR & TEGAR, 2018).

O conforto térmico é uma condição da mente que expressa satisfação com o ambiente

térmico. Devido à sua subjetividade, o conforto térmico é diferente para cada indivíduo. O

conforto térmico é mantido quando o calor gerado pelo metabolismo humano é permitido se

dissipar a uma taxa que mantém o equilíbrio térmico no corpo. Qualquer ganho ou perda de

calor além disso gera desconforto substancial. Essencialmente, para manter o conforto

térmico, o calor produzido deve ser igual ao calor perdido (RAISH, 2008).

O conforto lumínico é entendido como a existência de um conjunto de condições em

determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o

máximo de acuidade e precisão visual (LAMBERTS, 1997).

Segundo Bertoli (2001) o conforto acústico é sensação de bem-estar em relação ao

ambiente acústico em que um indivíduo se encontra. Proporcionar conforto acústico consiste

em minimizar o ruído intruso e manter a satisfação entre os usuários. Atualmente conforto

acústico é um tema de grande importância dado o crescimento urbano e a presença cada vez

maior da poluição sonora.

O som é de grande valor para a humanidade. Ele alerta para o perigo e desperta e ativa

adequadamente todos nós. Permite-nos as vantagens da música e da fala. Pode nos acalmar ou

nos excitar, pode provocar nossa alegria ou tristeza. No entanto, o som irrelevante ou

excessivo se torna ruído e é indesejável. O ruído desempenha um papel cada vez maior em

nossas vidas e parece um corolário lamentável, mas inevitável, da tecnologia atual. A

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tendência em direção ao uso de equipamentos mais automatizados, esportes e embarcações de

lazer, alta potência estéreo, máquinas de construção maiores e o crescente número de veículos

terrestres e aeronaves criou uma aceitação gradual do ruído como um subproduto natural do

progresso (WANG, PEREIRA, & HUNG, 2005).

No século 21, as pessoas vivem sob a influência da poluição sonora em suas casas e

quintais, nas ruas, em seus carros, no teatro, nos parques, arenas e em outros espaços públicos.

Apesar das tentativas de regulamentação a poluição sonora tem se tornado um fato indesejável

na vida pelo mundo todo. Há uma crescente evidência que a poluição sonora não é somente

um mero incômodo, mas tem uma variedade de impactos na saúde na sociedade e na

economia (GOINES & HAGLER, 2007).

Segundo Hungria (1995) e Wang, Pereira e Hung (2005), vários estudos de

monitoramento do ruído e levantamentos sociológicos nos últimos anos indicam a

necessidade de redução do ruído. A poluição sonora é um tipo de aspecto ambiental no qual é

muito difícil o seu controle, devido às características propagativas das ondas sonoras. Por não

gerar resíduos os efeitos dessa poluição não são percebidos claramente no ambiente. A

poluição sonora é, portanto, outro poluente ambiental a ser formalmente reconhecido como

uma ameaça real à saúde humana e à qualidade de vida. A percepção fundamental que

obtivemos é que o ruído pode ser considerado um contaminante da atmosfera tão

definitivamente quanto um contaminante particulado ou gasoso. Há evidências de que, no

mínimo, o ruído pode prejudicar a eficiência, afetar adversamente a saúde e aumentar as taxas

de acidentes.

Os efeitos do ruído incluem os tipos fisiológicos e de incômodo. Na primeira

categoria, há evidências indicando que a exposição ao ruído de intensidade e duração

suficientes pode danificar permanentemente o ouvido interno, resultando em perda auditiva

permanente. A perda do sono pelo ruído pode aumentar a tensão e a irritabilidade, mesmo

durante o sono, o ruído pode diminuir o relaxamento que o corpo deriva do sono. Na categoria

de incômodo, o ruído pode interferir na comunicação da fala e na percepção de outros sinais

auditivos, o desempenho de tarefas complicadas pode ser afetado pelo ruído. O ruído pode

afetar adversamente o humor, perturbar o relaxamento e reduzir a oportunidade de

privacidade. De todas as maneiras acima, o ruído pode prejudicar o conforto do ambiente e

afetar a qualidade da vida humana. (WANG, PEREIRA, & HUNG, 2005)

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Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), todo e qualquer ruído acima da

casa dos 55 decibéis já pode ser considerado prejudicial à saúde. A entidade estimava que 800

milhões de pessoas sofriam com perda auditiva, quantidade que deveria aumentar para 1,1

bilhão até 2015, representando aproximadamente 16% da população. A poluição sonora é

hoje, depois da poluição do ar e da água, o problema ambiental que afeta o maior número de

pessoas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).

Quando o ruído interfere em uma atividade humana o mesmo é visto como um

problema, e isso está intimamente relacionado ao tipo de atividade que se está desenvolvendo.

Além do fato de que ruídos cotidianos por serem das mais diversas origens, o que dificulta

bastante a avaliação desses problemas (AGUILERA, 2007).

As pessoas reagem ao ruído através do seu efeito no sistema nervoso e, neste ponto,

uma certa quantidade de subjetividade e juízo de valor entra em nossas considerações. Por

exemplo, nem todas as pessoas reagem ao ruído da mesma maneira. Um cortador de grama e

uma motocicleta podem emitir um nível de som equivalente, mas uma certa porção da

população pode achar que uma delas é inofensiva e a outra, irritante. Nas extremidades alta e

baixa da escala de nível de ruído, os efeitos nos seres humanos são óbvios, por exemplo, a 30

dB, o ruído não é um aborrecimento, ao passo que, aos 120 dB, é definitivamente irritante ao

ponto de produzir desconforto físico em todos os ouvintes. É nos valores intermediários do

nível de ruído que os humanos demonstram suscetibilidade variada a ele (WANG, PEREIRA,

& HUNG, 2005).

O homem está se habituando cada vez mais com o ruído. Em uma pesquisa na qual

perguntaram às pessoas se elas se sentiam incomodadas ou molestadas pelos níveis de ruído

corrente em seu ambiente de trabalho e/ou em seu ambiente urbano, a resposta frequente foi:

“... Nós já estamos acostumados a estes ruídos, com o tempo a gente se acostuma...". Com

essas respostas fica claro que a contínua e repetida exposição ao ruído não é mais percebida

de uma forma consciente ou incômoda, no entanto os autores enfatizam que os efeitos desta

exposição continuam a atuar de forma danosa contra a saúde destas pessoas (YORG &

ZANNIN, 2003).

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A poluição sonora impacta diretamente no conforto de um ambiente e este é de grande

importância ao usuário especialmente o conforto acústico, segundo Bertoli (2001), a avaliação

acústica de ambientes pode ser feita considerando vários enfoques como, por exemplo,

medidas de níveis de pressão sonora internos e externos à edificação, que é uma medida para

determinar o grau de potência de uma onda sonora, o levantamento de fontes de ruído e suas

características (níveis, espectro, localização tempo de duração), as medidas de tempo de

reverberação, que é o tempo que a energia sonora permanece no ambiente depois que a fonte

cessa sua emissão, e o isolamento acústico dos sons aéreos entre ambientes. No entanto a

avaliação do conforto acústico depende da comparação dos parâmetros avaliados com valores

recomendados. As soluções para correção e adequação acústica dos ambientes em alguns

casos geram incompatibilidades entre as condições ideais de conforto térmico e acústico.

Nas instituições de ensino o ruído pode afetar a saúde tanto dos educadores quanto dos

alunos em processo de aprendizagem já que há uma estreita relação entre eficiência de ensino

e as condições acústicas da instituição. Podendo levar a um comprometimento da

comunicação entre as pessoas e das interações sociais. Quanto mais altos os níveis de pressão

sonora e a frequência de exposição, maior o impacto negativo para o indivíduo, que pode

sofrer comprometimentos tanto de caráter físico, mental e social. Uma exposição média de

oito horas ou mais em níveis de pressão sonora acima de 85db já pode acarretar perdas

auditivas (BITAR, SOBRINHO, & ZENARI, 2015).

Segundo Seep et al. (2003) e Woolworth e Phinney (2015), estudos mostram que os

alunos aprendem mais rápido, compreendem e retêm mais conhecimento nos ambientes

acústicos adequados. Um bom ambiente acústico é importante para todos os tipos de alunos e

professores. Muitos profissionais que trabalham com educação acreditam ser importante

melhorar a acústica das salas de aula usadas por alunos com problemas de audição, mas

acham desnecessário melhorar a acústica das salas usadas por alunos com audição

considerada normal. No entanto muitas populações de alunos com audição considerada

normal podem se beneficiar com uma melhor acústica nas salas de aula. Dentre esses alunos

se encontram os que possuem dificuldade de aprendizagem, como déficit de atenção, os que

possuem distúrbio do processamento auditivo e os estudantes estrangeiros que estão

aprendendo em uma segunda língua.

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6

A compreensão e a obtenção de um bom resultado acadêmico exigem concentração e

atenção focada. Para eliminar o ruído e a distração, é importante que o projetista entenda

como o som é transmitido para e em toda a sala de aula, a fim de minimizar a distração

causada pelo ruído de fundo e melhorar a qualidade do discurso audível (WOOLWORTH e

PHINNEY, 2015)

De acordo com Nelson, Sigfrid e Seltz (2002), o discurso produzido em um lugar ou

em um cômodo deve ser claro e inteligível em todos os cantos do ambiente, para que isso

aconteça não se pode haver barreiras acústicas. Entre as barreiras acústicas mais devastadoras

estão o ruído interno e externo da sala de aula, a reverberação, a distância entre o interlocutor

e o ouvinte e os maus tratamentos acústicos na sala de aula.

O ruído é a causa da baixa qualidade acústica de muitas salas de aula. Dentre as

principais fontes de ruído estão: os ruídos provenientes de fora do prédio, como de aeronaves,

tráfico de veículos e a manutenção das áreas externas, ruídos gerados por aquecedores,

ventiladores e sistemas de ar condicionado, ruídos que emanam de corredores, espaços

adjacentes, ruído interno ao ambiente proveniente de computadores e projetores. Todos esses

ruídos ainda acabam sendo intensificados pela presença de muitas superfícies duras e

reflexivas nas salas de aula, causando reverberação excessiva (NELSON, SIGFRID e SELTZ,

2002).

Todas essas fontes de ruído podem ser tratadas pelo controle adequado de ruído e

vibração, incluindo a colocação de equipamentos mecânicos, projeto adequado de paredes,

pisos e tetos, layout de ventilação, projeto de climatização e tubulação. Seleção de

dispositivos ou sistemas de construção silenciosos também podem desempenhar um papel

crítico na redução de ruído (WOOLWORTH e PHINNEY, 2015).

1.2 OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho acústico das salas de aula

D212 e D213 do Bloco D do Centro de Tecnologia da UFRJ através de uma análise acústica

dos elementos das salas de aula e da medição dos níveis de pressão sonora do ambiente

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interno à edificação conforme as orientações da NBR 10152/2017 e descobrir se as condições

acústicas destas salas de aula atendem às necessidades de seus usuários.

1.3 JUSTIFICATIVA

Com o crescimento urbano, a poluição sonora se tornou um dos maiores inimigos à

saúde humana segundo a Organização Mundial da Saúde, tornando-se um aspecto de grande

impacto na vida da população o que leva à necessidade de estudos para a determinação de

meios de reduzir esse impacto e garantir uma melhor qualidade de vida às pessoas.

Quando se pensa na importância da educação na vida das pessoas e o tempo gasto

dentro de uma sala de aula durante toda a vida de uma pessoa principalmente que reside em

meio urbano, é fundamental que sejam realizados procedimentos para medir o desempenho

desses ambientes garantindo que o usuário desfrute de suas atividades com conforto. Tendo

em vista essa necessidade a norma NBR10152 surgiu com o intuito de avaliar e orientar os

projetos de edificações.

A NBR10152 criada em 1987 e revisada em 2017 tem a finalidade de estabelecer os

procedimentos técnicos a serem adotados na execução de medições de níveis de pressão

sonora em ambientes internos a edificações, bem como os valores de referência para avaliação

dos resultados em função da finalidade de uso do ambiente (NBR10152, 2017).

1.4 METODOLOGIA

Para este trabalho foi feita uma revisão da bibliografia que já existe sobre o assunto

em questão e de assuntos que se correlacionam direta e indiretamente. Foi realizado também

um estudo prático no qual foi feita a análise acústica dos elementos de salas de aula do Bloco

D do centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte do estudo

prático foi feita também a medição dos seus níveis de pressão sonora. Para a medição foi

utilizada a metodologia apresentada na NBR10152/2017, fazendo primeiro o procedimento de

medição em seguida o tratamento dos dados em depois a verificação se os mesmos se

encontram dentro do que foi estipulado pela norma.

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8

1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

O capítulo 1 apresenta a contextualização do trabalho, o objetivo e a justificativa do

tema escolhido e a metodologia adotada para a elaboração do estudo e a descrição da estrutura

do trabalho.

O capítulo 2 consiste na revisão bibliográfica do conforto acústico, apresentando os

principais conceitos teóricos de acústica, a acústica em espaços fechados, os princípios da

acústica na construção de edificações, terminando o capítulo com a apresentação da relação

entre tratamentos acústicos e a segurança.

O capítulo 3 aborda a metodologia experimental, mostrando o método escolhido, as

variáveis utilizadas, as etapas e a forma correta para a realização das medições e como tratar

os dados ao final, e apresenta também os valores de referência, tudo com base na NBR10152.

O capítulo 4 apresenta o estudo prático, dividido em duas partes. A primeira parte uma

análise acústica dos elementos das salas de aula e a segunda as medições in loco dos níveis de

pressão sonora das salas com a apresentação dos resultados obtidos e a comparação com as

referências normativas.

O capítulo 5 é composto pelas considerações finais do trabalho.

Por último são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas para a realização

desta monografia.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONCEITOS DA ACÚSTICA

2.1.1 Natureza do som

O som pode ser caracterizado como a sensação percebida pelo ouvido humano

resultante de rápidas flutuações na pressão do ar, as quais são usualmente criadas por um

objeto que vibra e acaba formando ondas longitudinais no ar (GINN, 1978).

Segundo Ginn (1978), as ondas sonoras são um tipo específico de uma classe geral de

ondas conhecidas como ondas elásticas. Ondas elásticas podem ocorrer em meios que

possuem as propriedades de massa e elasticidade. Se uma partícula desse tipo de meio é

deslocada, então as forças elásticas presentes tenderão a puxar essa partícula de volta a sua

posição original. O termo partícula do meio denota um elemento de volume grande o

suficiente para conter milhões de moléculas que pode, portanto, ser considerado um fluído

continuo, mas ainda sim pequeno o bastante para que as variáveis acústicas como pressão,

densidade e velocidade possam ser consideradas constantes por todo o elemento. A partícula

deslocada possui inércia e pode, portanto, transferir o momento para uma partícula vizinha. A

perturbação inicial pode, portanto, ser propagada por todo o meio. Essa propagação se dá por

ondas longitudinais, usualmente com velocidade constante a qual depende das condições do

meio e ambiente com a temperatura.

2.1.2 Frequência e Período

Conforme Carvalho (2010), quando exercida uma pressão em um meio elástico

ocorrem oscilações cíclicas de pressão/depressão, em intervalos de tempo (período) maiores

ou menores. A frequência (f) é o número de ciclos por uma unidade de tempo. A unidade de

frequência é o Hertz que é igual a um ciclo por segundo. O período (T) é o tempo necessário

para realizar um ciclo completo, então a frequência é igual a:

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𝐟 =𝟏

𝐓 (Eq. 1)

Onde:

f = Frequência

T = Período

A tabela 1 apresenta a classificação das ondas sonoras quanto a frequência.

Tabela 2: Classificação das ondas sonoras quanto a frequência

Infrassons Abaixo de 20Hz Não perceptível ao ouvido humano

Baixas frequências De 20 a 200Hz Sons graves

Médias frequências De 200 a 2000Hz Sons médios

Altas frequências De 2000 a 20000Hz Sons agudos

Ultrassons Acima de 20000Hz Não perceptível ao ouvido humano

Carvalho (2010)

2.1.3 Velocidade do som

De acordo com Ginn (1978), a velocidade de propagação ou velocidade do som

depende da massa e elasticidade do meio. A elasticidade do ar determinada por experimento é

uma constante multiplicada pela pressão atmosférica. Essa constante é a razão entre o calor

específico do ar a pressão constante e o calor específico do ar a volume constante. Para a faixa

de temperatura que as ondas acústicas geralmente se propagam, essa razão é 1,4, portanto a

velocidade do som no ar é dada pela equação 2.

𝐜 = √𝟏,𝟒𝐏𝟎

𝛒 (Eq. 2)

Onde:

𝑃0= Pressão atmosférica

𝜌 = Peso específico do ar

c = Velocidade do som

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Assumindo que o ar se comporta como gás ideal, então a velocidade do som no ar

depende apenas da temperatura absoluta conforme a equação 3, estando à temperatura

ambiente a velocidade do som é aproximadamente 340m/s.

𝐜 = 𝟑𝟑𝟐√𝟏 +𝐭

𝟐𝟕𝟑 (Eq. 3)

Onde:

t = Temperatura do ar (Co)

c = Velocidade do som (m/s)

2.1.4 Comprimento de onda

Segundo Jacobsen et al (2011), o comprimento de onda é a distância que uma onda

percorre durante um período de um ciclo. O comprimento de onda pode ser medido como a

distância entre sucessivos picos ou entre quaisquer dois pontos correspondentes no ciclo

conforme a figura 1. O comprimento de onda expresso pela letra grega lambda (λ) e segue a

equação 4. O comprimento de onda é inversamente proporcional à frequência e dado que as

frequências audíveis variam de 20Hz a 20000Hz, se conclui que os comprimentos de onda

variam, no ar, de 17m nas frequências audíveis mais baixas a 17mm nas frequências audíveis

mais altas.

𝛌 =𝐜

𝐟 (Eq. 3)

Onde:

c = Velocidade do som (m/s)

f = Frequência (Hz)

λ = Comprimento de onda (m)

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Figura 4: Comprimento de onda - Adaptado (EVEREST, 2001)

2.1.5 Amplitude

De acordo com Ginn (1978), a amplitude é o máximo deslocamento sofrido por uma

partícula em vibração como pode ser visto na figura 2. As amplitudes de vibração das ondas

sonoras aéreas que acontecem na prática são bem pequenas, suas amplitudes variam de 10-

7mm até poucos milímetros, sendo as menores amplitudes correspondentes aos sons

perceptíveis pelo ouvido humano enquanto as maiores amplitudes correspondem ao limite

além do qual o ouvido humano sofreria danos.

Figura 5: Amplitude de vibração - Adaptado (EVEREST, 2001)

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2.1.6 Pressão sonora

A pressão sonora é, segundo Jacobsen et al (2011), a diferença entre o valor

instantâneo da pressão total e a pressão estática. A pressão sonora produzida quando uma

onda sonora se propaga pelo ar é muito pequena comparada a pressão estática atmosférica. A

menor pressão sonora que o ouvido de um jovem adulto consegue detectar corresponde ao

valor de 0,00002 Pa. Essa pressão é sobreposta a pressão atmosférica ambiente que é da

ordem de 105 Pa. O conceito de pressão sonora é extremamente importante pois de todas as

quantidades que poderiam ser medidas para caracterizar a força de uma onda sonora é a

pressão sonora a mais acessível à medição, muito mais fácil de medir do que a densidade ou

flutuações de temperatura.

2.1.7 Energia sonora

Segundo Ginn (1978), a onda sonora contém energia cinética, como consequência da

velocidade da partícula, e energia potencial devido à pressão sonora. Essa energia se propaga

na velocidade do som. Portanto a onda sonora converte energia mecânica. A quantidade de

energia por volume de onda sonora é medida por uma quantidade conhecida como densidade

de energia, para uma onda plana a densidade de energia, é definida pela equação 5.

𝐸 =𝑃𝑟𝑚𝑠

2

𝜌𝑐2 (Eq. 5)

Onde:

P2 rms = raiz do valor quadrático médio da pressão sonora (Pa)

c = Velocidade do som (m/s)

𝜌 = Densidade do ar (kg.m-3)

E = Densidade de energia (W.s.m-3)

2.1.8 Intensidade sonora

A intensidade de uma onda sonora é definida como o valor principal da energia

acústica a qual cruza a unidade de área perpendicular à direção de propagação em unidade de

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tempo. Diferentemente da equação da densidade de energia da onda sonora, a equação da

intensidade sonora é diferente para diferentes tipos de campo sonoro. Para qualquer onda

progressiva livre se tem a equação 6, já para a intensidade de um campo sonoro difuso nas

paredes de um cômodo se tem a equação 7 (GINN, 1978).

𝐼 =𝑃𝑟𝑚𝑠

2

𝜌𝑐 (Eq. 6)

𝐼 =𝑃𝑟𝑚𝑠

2

4𝜌𝑐 (Eq. 7)

Onde:

P2 rms = raiz do valor quadrático médio da pressão sonora (Pa)

c = Velocidade do som (m/s)

𝜌 = Densidade do ar (kg.m-3)

I = Intensidade (W.m-2)

2.1.9 Decibel

Segundo Everest (2001) e Ginn (1978), o decibel é tão comumente usado em acústica,

quanto o minuto ou o metro é de uso geral. Uma boa compreensão do decibel facilita bastante

o estudo da ciência do som. Nos fenômenos acústicos é comum expressar a pressão sonora, a

intensidade sonora e potência sonora por Pa, W.m-2, W, respectivamente. Para medições

práticas, no entanto, é comum expressar essas quantidades em escala logarítmica. As razões

para usar esse tipo de escala são a grande extensão de intensidades audíveis. A escala

logarítmica comprime a quantidade de números necessário para expressar essa grande

extensão de intensidades. Outra razão é o fato de o ouvido humano julgar a altura de dois sons

pela razão de suas intensidades o que é um comportamento logarítmico. A escala logarítmica

mais comum para descrever os níveis de som é a escala decibel. Um decibel é a relação de

energia ou de potência (r) definida pela equação 8, já para definir a relação de pressão sonora

ou velocidade de partícula se usa a equação 9.

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𝐥𝐨𝐠𝟏𝟎 𝒓 = 𝟎, 𝟏 (Eq. 8)

𝐥𝐨𝐠𝟏𝟎 𝒓 = 𝟎, 𝟎𝟓 (Eq. 9)

Um ponto importante sobre o decibel é o fato de que ele é uma medida relativa não

importa o que se esteja medindo. É indicado se referir a nível quando se fala em decibel, por

exemplo, nível de pressão sonora, nível de potência sonora, para se lembrar de que a medida é

uma razão relativa de algum nível de referência. Na figura 3 pode-se ver a relação entre os

valores de pressão sonora em µPa e os níveis de pressão sonora em dB (GINN, 1978).

Figura 6: Pressão sonora (µPa) x Níveis de pressão sonora (dB) - Adaptado (JACOBSEN et al ,

2011

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2.2 O OUVIDO E A PERCEPÇÃO DO SOM

O ouvido humano é um órgão muito complexo composto por três partes o ouvido

externo, o ouvido médio e o ouvido interno como pode ser visto na figura 4. O ouvido externo

é composto por duas partes, o pavilhão auditivo, composto de pele e cartilagem, e o canal

auditivo. Estas estruturas direcionam os sons do ambiente para as partes sensitivas do ouvido,

o ouvido médio e o ouvido interno que estão localizados seguramente dentro dos ossos do

crânio. No fim do canal auditivo se encontra uma membrana fina chamada de tímpano. Ondas

sonoras atingem o tímpano e o fazem vibrar. O ouvido médio é um conjunto de três pequenos

ossos, chamados de martelo, bigorna e estribo, o martelo está ligado ao tímpano e o estribo à

janela oval, juntos eles transferem a vibração para a cóclea que fica no ouvido interno a qual

transforma a vibração em impulsos e os manda para o cérebro (SMITH, 1998).

Figura 4: Anatomia do ouvido humano - https://www.anatomiaemfoco.com.br (2019)

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2.3 ÁREA DE AUDIBILIDADE

De acordo com Everest (2001), a área de audibilidade humana foi obtida através de

grupos de ouvintes treinados que foram expostos a fontes sonoras e julgaram se o tom de uma

dada frequência era pouquissimamente audível, expresso pela curva A, ou se começava a

doer, curva B, conforme a figura 5. Essas duas curvas representam os extremos da nossa

percepção de sonoridade. A curva A, limiar da audição nos diz que o ouvido humano é mais

sensível perto de 3kHz, porque perto de 3kHz um som de nível mais baixo provoca um maior

limiar de resposta do que frequências mais altas ou mais baixas. Na região mais sensível, um

nível de pressão sonora de 0 dB mal pode ser ouvido por uma pessoa de acuidade auditiva

considerada normal. A curva B, representa o nível em cada frequência em que uma sensação

de cócegas é sentida nos ouvidos. Isso ocorre a um nível de pressão sonora de cerca de 120 ou

130 dB. Um maior aumento nos níveis resulta em um aumento na sensibilidade até que uma

sensação de dor é produzida. O limiar da dor, é um aviso de que o som está se tornando

perigosamente alto e que o dano auditivo é eminente ou já acorreu. Entre os limiares da

audição, curva A e B, é a área da audibilidade. É uma área com duas dimensões, sendo a

vertical nível de pressão sonora e a horizontal a gama de frequências que o ouvido consegue

perceber. Todos os sons que o ser humano percebe se encontram dentro desta área de audição.

Figura 5: Área de audibilidade - Adaptado (EVEREST, 2001)

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2.4 ACÚSTICA DE ESPAÇOS FECHADOS

O som é originado quando um material ou objeto vibra. Essas vibrações se propagam

em meio solido, líquido ou gasoso na forma de onda que vai do emissor até o receptor. A

interação da onda sonora com a superfície do receptor pode alterar as características da onda

dependendo das propriedades da superfície do material ou objeto receptor. A onda sonora ao

se propagar em um ambiente se depara com barreiras e com isso pode ser absorvida,

transmitida, refletida, refratada e difratada da superfície como mostra a figura 6. O campo

sonoro complexo produzido pela multiplicidade de reflexões e o comportamento deste campo

de som tendo em vista que a energia sonora no cômodo pode aumentar e decair constituem a

acústica de espaços fechados (KADAM & NAYAK, 2016).

Figura 6: Fenômenos da propagação do som - http://www.yduka.com (2019)

2.4.1 Fenômenos de propagação do som

2.4.1.1 Reflexão

Segundo Everest (2001), se um som é emitido em um cômodo, ele propagará

radialmente em todas as direções. Quando as ondas sonoras encontram um obstáculo rígido

ou uma superfície lisa, como paredes, eles podem refletir e voltar com toda a sua energia sem

alterar suas características. O anglo de reflexão de uma onda sonora que veio da superfície

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refletora é igual ao ângulo de incidência. O som é refletido por objetos que são grandes

comparados ao comprimento de onda do som incidente. Os sons de alta frequência sofrem

mais reflexões de que os de baixa frequência pois possuem comprimentos de onda menores, e

são refletidos por objetos pequenos. Estas frequências altas têm sido chamadas de frequências

especulares porque o som nessas frequências se comporta como raios de luz em um espelho.

A reflexão do som pode dar origem a outros fenômenos como a reverberação e o eco.

2.4.1.2 Absorção

Segundo Kadam e Nayak (2016) a onda sonora ao se deparar com um material ou uma

superfície de objeto interage com o mesmo e pode ser absorvida. Quando todas as ondas

sonoras emitidas são absorvidas pelo receptor, ocorre uma absorção sonora. É exatamente

como a esponja absorvendo água. A absorção sonora é um fenómeno importante no que diz

respeito ao isolamento acústico. Existem diferentes materiais disponíveis para absorção

sonora. Os absorvedores de som podem ser do tipo poroso ou ressonante. Materiais

absorvedores porosos são classificados como materiais fibrosos e espumas de células abertas.

Materiais fibrosos convertem a energia acústica em energia térmica quando as ondas sonoras

atingem o absorvedor. No caso de espuma, o deslocamento da onda sonora ocorre através de

uma passagem estreita de espuma e causa perda de calor. Absorvedores de ressonância são do

tipo mecânico, onde há uma placa sólida com um espaço de ar apertado por trás. Vale

ressaltar que alguns materiais, como a espuma, absorvem as ondas sonoras, enquanto o vidro

a bloqueia. A seleção do material a ser utilizado depende do uso final. Por exemplo, a sala de

escritório em um prédio pode ser projetada como som absorvente ou à prova de som.

A absorção sonora mede a quantidade de energia absorvida pelo material e é expressa

pelo coeficiente de absorção sonora (α). O coeficiente varia entre 0 e 1, onde 0 não é absorção

e 1 é a absorção mais alta ou total. A absorção sonora é importante para tornar o ambiente

acústico adequado para uma finalidade específica; por exemplo, em estúdios de gravação,

salões de conferência, salas de concerto e auditórios. O som de baixa frequência é

relativamente mais difícil de absorver do que o som de alta frequência. A tabela 2 mostra

alguns coeficientes de absorção sonora.

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Tabela 2: Coeficientes de absorção

Material Frequência (Hz)

125 250 500 1000 2000 4000

Ar - - - 0,003 0,0007 0,02

Painel acústico 0,15 0,3 0,75 0,85 0,75 0,4

Gesso 0,03 0,03 0,02 0,03 0,04 0,05

Piso de concreto 0,02 0,02 0,02 0,04 0,05 0,05

Piso de madeira 0,15 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1

Piso de carpete 0,1 0,15 0,25 0,3 0,3 0,3

Parede de tijolo 0,05 0,04 0,02 0,04 0,05 0,05

Cortinas 0,05 0,12 0,15 0,27 0,37 0,5

Total absorvido por

uma pessoa sentada 0,18 0,4 0,46 0,46 0,51 0,46

Adaptado (GINN, 1978)

2.4.1.3 Transmissão

De acordo com Kadam e Nayak (2016), a transmissão sonora ocorre quando uma onda

sonora se propaga através do meio e objeto receptor sem ser absorvida ou refletida, e sem

nenhuma perda de frequência. Quando a onda sonora encontra uma barreira, parte da energia

da vibração é transferida para a barreira. A vibração resultante na própria barreira coloca o ar

em movimento do outro lado da barreira criando mais vibrações sonoras.

A massa, o amortecimento e a rigidez da barreira determinam sua resistência à

passagem das ondas sonoras. Quanto maior a massa, menos som é transmitido através da

barreira. A massa é especialmente importante para bloquear o som em frequências mais

baixas. Materiais de amortecimento diminuem as vibrações sonoras reduzindo a passagem do

som. Materiais de massa inerte são normalmente usados como materiais de amortecimento. Já

a rigidez da barreira também é um fator na transmissão de som, quanto mais flexíveis forem

os materiais das barreiras, menor será a transmissão (KADAM e NAYAK, 2016).

2.4.1.4 Refração

De acordo com Ballou (2008), a refração é a única forma de redirecionamento acústico

que não envolve algum tipo de objeto. Refração acústico é a flexão de uma onda sonora

causada por mudanças na velocidade do som através de um meio. A refração é

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frequentemente vista como um fenômeno óptico, no entanto, a refração acústica ocorre

quando há gradientes de temperatura em um ambiente. Devido à velocidade de um som

depender da temperatura do ar, quando uma onda acústica passa por um gradiente de

temperatura, ela se dobrará em direção ao ar mais frio, devido ao fato da onda acústica se

deslocar mais rápido no quente do que no frio. Isso pode ocorrer em ambientes fechados, em

grandes salas, quando o ar-condicionado localizado no teto sopra o ar mais frio em uma sala

com ar mais quente abaixo, o som irá dobrar para cima até que a temperatura atinge o

equilíbrio. Na figura 7 pode ser observado o comportamento de uma onda sonora em dois

cenários diferentes.

Figura 7: Comportamento da onda sonora com diferença de temperaturas - Adaptado

https://www.researchgate.net

2.4.1.5 Difração

Segundo Olson (1940), a difração é a mudança na direção da propagação do som

devido à passagem do som em torno de um obstáculo. É sabido que o som viaja em torno de

um obstáculo. Quanto maior a relação entre o comprimento de onda e as dimensões do

obstáculo, maior a difração. A difração em torno da cabeça é importante tanto na fala quanto

na escuta. A difração de som por microfones e alto-falantes é importante no desempenho

desses instrumentos. Um exemplo de difração pode ser observado quando se ouve um trem

que passa atrás de uma parede. As baixas frequências do ronco do trem têm grandes

comprimentos de onda em relação à altura da parede, permitindo que se curvem sobre ela.

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Isso pode também acontece em ambientes internos quando o som se dobra ao redor de

partições de escritório, pódios ou outros obstáculos comuns.

2.4.2 Reverberação

Conforme Ginn (1978) e Everest (2001), quando uma fonte de som é colocada em

uma sala, a intensidade do som medida num determinado ponto aumentará em uma série de

pequenos incrementos, devido a reflexões que chegam das paredes, chão e teto, até uma

posição de equilíbrio seja alcançada onde a energia absorvida pela sala é igual à energia

irradiada pela fonte sonora. Quando a fonte de som é abruptamente desligada a intensidade do

som na sala não vai desaparecer de repente, mas vai desaparecer gradualmente, sendo a taxa

de decaimento influenciada pela quantidade e posição do material absorvente na sala. Este

prolongamento do som é conhecido como reverberação e tem um peso muito importante na

qualidade acústica de um ambiente. Tanto que a reverberação era considerada a mais

importante característica de um espaço fechado para a fala ou música. Atualmente, é apenas

um dos vários parâmetros mensuráveis que definem a qualidade de um espaço.

2.4.3 Eco

O eco é um fenômeno que acontece pela reflexão sonora, quando o som refletido

chega ao ouvido com um atraso de 50 milissegundos do som direto, transformado esse tempo

em distância percorrida pelo som na velocidade de 340 m/s, ocorrerá eco se o percurso

realizado pelo som refletido e o som direto tiver uma diferença mínima de 17 metros. O eco é

um fenômeno indesejado é deve ser evitado em todos os lugares em que a acústica é

importante (SIMÕES, 2011).

2.4.4 Tempo de Reverberação

Segundo Vigran, (2008), o tempo de reverberação é definido como o tempo necessário

para o nível de pressão sonora em um espaço decair 60 dB a partir de um nível inicial, ou seja,

o nível antes da fonte sonora parar. Isso representa uma mudança na intensidade do som ou

potência sonora de um milhão, ou uma mudança de pressão sonora ou nível de pressão sonora

de mil. Simplificadamente é o tempo necessário para um som que é muito alto decair até ficar

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inaudível. O tempo de reverberação pode ser calculado pela equação 10, conhecida como

fórmula de Sabine.

𝑅𝑇 =0,161 𝑉

𝐴 (Eq.10)

Onde:

RT = tempo de reverberação

V = Volume do ambiente (m3)

A = A absorção total do ambiente (m2)

2.4.5 Inteligibilidade

De acordo com Ginn (1978) e Rasmussen, Brunskog e Hoffmeyer (2012) ao projetar

uma sala para fala, o critério mais importante é que o orador deve ser distintamente e

prontamente ouvido por todos os membros da audiência. A inteligibilidade é uma medida

quantitativa do grau de clareza do discurso em várias posições em uma sala e depende de

fatores como o tempo de reverberação. A medida da inteligibilidade pode ser obtida por

testes de articulação. Estes testes consistem em ler em voz alta da plataforma do orador, uma

lista de palavras monossilábicas sem sentido. As pessoas na plateia então escrevem o que

pensam que ouviram. Uma análise dos percentuais de consoantes e vogais que foram ouvidos

corretamente é então executado para dar "o índice de articulação percentual" (P.S.A). Algo

falado de forma normal e conectada pode ser entendido mesmo que algumas das sílabas sejam

ininteligíveis. Isso se deve ao fato de que o ouvinte pode deduzir o significado da sentença

pelo contexto. Mesmo sob condições perfeitas, o valor máximo de P.S.A. obtido é

normalmente cerca de 95% devido a erros inevitáveis. Um P.S.A. de 80% permite que o

público entenda cada sentença sem esforço excessivo. Em uma sala onde o P.S.A. é cerca de

75%, o ouvinte tem que se concentrar para entender o que é dito enquanto abaixo de 65%, a

inteligibilidade é muito fraca.

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2.4.6 Refletores de som

Conforme Arch (1964), refletores de som são utilizados quando for essencial preservar

a intensidade do som nas áreas mais remotas do ambiente. Se bem localizado os refletores de

som criarão um aumento notável no nível de som sobre a área em que se encontra os ouvintes.

Para ser um refletor o objeto tem que ser duro com uma dimensão mínima de 30 vezes o

comprimento de onda do som incidente. Refletores de som são bastante usados em auditório e

teatros para a apresentação de concertos de música. A figura 8 mostra o uso de refletores em

um auditório.

Figura 8: Refletores de som - https://kineticsnoise.com/interiors/ovation.html (2019)

2.4.7 Absorvedores porosos de som

Segundo Ballou (2008), absorvedores porosos são o tipo mais comum e familiar de

absorvedores de som disponíveis no mercado. Estão incluindo neles as fibras naturais (por

exemplo, algodão e madeira), fibras minerais (por exemplo, fibra de vidro e lã), espumas,

tecidos, tapetes, rebocos macios, dentre outros. A onda sonora faz com que as partículas de ar

vibrem dentro das profundidades de materiais porosos, e as perdas por fricção convertem

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parte da energia sonora em calor. A quantidade de perda é uma função da densidade ou quão

bem embalados as fibras são. Se as fibras estiverem frouxamente embaladas, há pouca perda

de atrito. Se as fibras são comprimidas em uma placa densa, há pouca penetração e mais

reflexão da superfície, resultando em menos absorção.

2.4.7.1 Fibras minerais e naturais

De acordo com Ballou (2008), das variedades de fibra mineral, uma das mais

populares é o painel ou placa de fibra de vidro. As placas mais comuns encontradas no

mercado são as placas de densidade de 24 kg / m³, 48 kg / m³ e 96 kg / m³. Placas de

densidade média têm uma vantagem mecânica em que elas podem ser cortadas com uma faca

e prensadas no lugar. Isso é mais difícil com materiais que têm uma densidade menor como a

placa de 24 kg / m³ usada em isolamento de edifícios. Quanto mais densa a placa, maior a

custo. A maioria dos efeitos acústicos são alcançados pela placa de fibra de vidro 48 kg / m³,

embora alguns consultores especifiquem o uso de um material de 96 kg / m. É comum os

consultores especificarem regularmente absorvedores que são compostos por múltiplas

densidades, por exemplo, combinação das três densidades. Na teoria, um absorvedor de

múltipla densidade, supondo que o material menos denso seja exposto à fonte sonora e que a

densidade aumente gradualmente em direção à parede, será tão bom quanto ou melhor do que

um absorvedor de densidade única da mesma espessura. Na prática, isso tende a ser verdade.

A absorção de baixa frequência da energia sonora é muito maior com os materiais mais

espessos. No entanto, às vezes, é mais economicamente viável usar materiais mais finos de

fibra de vidro e providenciar um espaço vazio por trás. Placas de fibra mineral podem ser

vistas na figura 9.

Materiais de fibra natural usados em aplicações acústicas incluem fibras de madeira e

fibras de algodão. A maioria dos absorvedores fibrosos será coberta com tipo de acabamento

de tecido acusticamente transparente que é tanto decorativo e prático. O acabamento é prático

porque as fibras dos materiais de fibra mineral podem ser transportadas pelo ar e podem

causar irritações ao serem respiradas. Em termos de facilidade de instalação, as fibras naturais

são melhores que as minerais, uma vez que elas não causam a coceira associada com o

manuseio de placas de fibra mineral, além de também poderem ser instaladas sem cobertura

(BALLOU, 2008).

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Figura 9: Placas de fibra mineral - https://www.auralex.com/product/mineral-fiber-insulation

(2019)

2.4.7.2 Espuma acústica

Conforme Everest (2001), existem vários tipos de espumas de células abertas com

aplicações acústicas. Espumas de células fechadas também encontram aplicações em acústica,

mas principalmente como substratos a partir da qual podem ser formados difusores acústicos.

A maioria das espumas utilizadas como absorvedores acústicos com aplicações arquitetônicas

são de poliuretano, que pode ser vista na figura 10, e de melamina. Ao contrário de placas

fibrosas, painéis de espuma são fáceis de cortar e podem ser esculpidos em formas e padrões.

Figura 10: Espuma acústica de poliuretano - https://br.freepik.com/fotos-gratis/espuma-

acustica-no-estudio_1271255.htm (2019)

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Em geral, as espumas acústicas são de menor densidade que materiais fibrosos, isto

significa que os painéis de fibra mineral tendem a fornecer coeficientes de absorção maior que

os painéis de espuma de mesma espessura. No entanto, espumas acústicas são geralmente

instaladas sem qualquer cobertura decorativa, o que pode torná-las mais econômicas.

Espumas de melamina, são de cor branca e têm uma maior resistência ao fogo em relação às

espumas de poliuretano. No entanto, as espumas de melamina geralmente têm menor

coeficiente de absorção e são menos flexíveis, tornando-os mais propensos a danos que as

espumas de poliuretano (EVEREST, 2001).

2.4.7.3 Tratamentos aplicados com spray e espátula

De acordo com Ballou (2008), alguns tratamentos acústicos podem ser aplicados por

spray ou espátula. Muitos são aplicados, e finalizados de forma parecida com a do gesso

padrão e são até mesmo pintáveis. Processos e ligações químicas especiais proporcionam a

estes tipos de materiais suas qualidades de absorção. Alguns têm a base de gesso, que pode

fornecer uma aparência semelhante ao gesso normal. Emplastros acústicos tendem a fornecer

boa absorção de sons de alta frequência, mas não oferecem boa absorção de sons de baixa

frequência, especialmente quando aplicado em camada fina, menor que 2,5 cm de espessura.

Os emplastros acústicos podem ser uma opção econômica ao considerar espaços que exijam

grandes áreas de absorção como por exemplo, um teto de ginásio. Alguns tratamentos

aplicados com spray podem fornecer proteção contra o fogo bem como isolamento térmico.

Eles também são populares em aplicações de preservação histórica, onde a aparência estética

de uma superfície não pode ser alterada, mas a acústica deve ser melhorada para fornecer

melhores comunicações no espaço. A figura 11 mostra uma aplicação de tratamento acústico

com spray.

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Figura 11: Tratamento aplicado com spray - https://monoglass.com/monoglass-2/ (2019)

2.4.7.4 Carpete e cortinas

Segundo Everest (2001), o carpete comumente domina o quadro acústico em espaços

como salas de estar, estúdios de gravação e igrejas. É aquela comodidade que o proprietário

muitas vezes especifica com antecedência e a razão é muitas vezes mais pelo conforto e

aparência do que pela acústica. O carpete é poroso e absorvedor de som, principalmente de

sons de alta frequência. Por ser um absorvedor de alta frequência, o tapete deve ser usado com

cautela como tratamento acústico em um cômodo. O carpete pode fazer um baixo bem

equilibrado parecer pesado por causa de sua absorção excessiva de alta frequência. Os vários

tipos de carpete têm diferentes características de absorção. Em geral, a absorção sonora

aumenta com peso e a espessura do carpete.

As cortinas também são absorvedores porosos de som. Além do tipo e espessura do

material, a quantidade de dobras tem um efeito sobre as quão bem cortinas podem absorver o

som. A distância com a qual a cortina é pendurada em relação a parede que é uma superfície

reflexiva também exerce grande influência sobre sua eficiência de absorção (EVEREST,

2001).

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2.4.8 Absorvedores discretos

De acordo com Ballou (2008), absorventes discretos podem ser literalmente qualquer

coisa. Até mesmo as placas acústicas ou o painel de espuma são absorvedores discretos. No

entanto no contexto dos tratamentos acústicos, existem duas classes de absorvedores discretos

que nunca devem ser ignoradas: pessoas e mobiliário.

2.4.8.1 Pessoas e assentos

Em muitos grandes espaços, as pessoas e os lugares em que se sentam são o maior

tratamento acústico na sala. Qualquer análise acústica de espaços suficientemente grandes

deve incluir as pessoas nos cálculos. Como os assentos comportar-se acusticamente quando

estão vazios é outra consideração importante. Cadeiras de madeira vazias não absorvem tanto

quanto as pessoas sentadas nelas. Assentos fortemente acolchoados podem absorver tanto som

quanto um indivíduo sentado (BALLOU, 2008).

2.4.8.2 Mobiliário e objetos

Qualquer pessoa que tenha se mudado para uma nova casa experimentou o poder de

absorção sonora do mobiliário. Cômodos simplesmente não soam iguais quando não estão

cheios com cadeiras e estantes e mesas finais e bugigangas e assim por diante. Mesmo na vida

inexperiente espaços em nossas casas, a adição de até mesmo um pequeno número de itens

pode alterar o caráter acústico da sala. Portanto no projeto de acústica é muito importante

prever o mobiliário que será posto futuramente no ambiente e estimar sua influência acústica

(BALLOU, 2008).

2.5 ACÚSTICA DAS EDIFICAÇÕES

A acústica das edificações visa garantir a qualidade acústica de uma construção como

um todo, focando na transmissão de som de uma sala para outra e propriedades de isolamento

acústico de elementos de construção, isto é, paredes, pisos, portas e janelas. Isolamento

acústico é especialmente pertinente ao projetar edificações de vários cômodos, como blocos

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de apartamentos, hospitais, escolas e universidades, onde praticamente todo o ruído intrusivo

é considerado altamente indesejável.

2.5.1 Geração de som

Segundo Vigran (2008) e Ginn (1978), o som pode propagar-se por todo uma

edificação, seja pelo ar ou através da estrutura da edificação. Mecanismos de geração de som

podem, portanto, ser dividido em dois grupos gerais. Um grupo consiste naquelas fontes que

geram som diretamente no ar, como a voz, e alto-falantes. Isolamento contra esse som é

chamado isolamento acústico aéreo. O outro grupo consiste naquelas fontes sonoras que

atuam diretamente na estrutura da edificação, geralmente por meio de equipamentos de

impacto ou vibração. Então a transmissão do som é através da estrutura. Exemplos são passos,

instalações ruidosas de canalização e portas batendo. Na verdade, esse tipo de ruído é uma

combinação de ruído aéreo e de impacto porque os impactos produzirão ruído aéreo e esse

ruído aéreo será transmitido. No entanto, em quase todos os casos, o ruído produzido em um

cômodo pela transmissão do ruído de impacto predominará. Existem também outros tipos de

mecanismos geradores de som, como explosões, e há casos em que a energia térmica pode se

transformar diretamente em energia acústica.

2.5.2 Isolamento acústico

De acordo com Jacobsen et al (2011), uma onda sonora incidente em uma parede ou

qualquer outra superfície que separa dois cômodos adjacentes é parcialmente refletida de

volta ao cômodo de origem, parcialmente dissipada como calor dentro do material da parede,

parcialmente propagada para outras estruturas de conexão e parcialmente transmitida para o

cômodo receptor. O isolamento acústico tem como objetivo reduzir os níveis de pressão

sonora produzidos no cômodo receptor devido a uma fonte agindo no outro cômodo.

2.5.3 Isolamento acústico de sons aéreos

Segundo Ginn (1978), uma fonte de ruído operando em um cômodo produzirá um

campo de som reverberante que incide sobre todas as superfícies da sala. O incidente de

energia sonora sobre a parede divisória dependerá da potência de saída da fonte e da absorção

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sonora na sala. Parte dessa energia será propagada através da parede até o limite com o

cômodo receptor. Neste limite, as impedâncias relativas do material da parede e do ar irão

determinar a porcentagem de energia transmitida para o cômodo de recepção. As ondas

sonoras incidentes devido a suas flutuações de pressão, farão com que toda a parede seja

forçada a vibrar. A parede vibrante, agindo exatamente da mesma maneira que um alto-

falante, então irradia energia acústica no cômodo adjacente. A quantidade de radiação da

parede e, portanto, o isolamento acústico fornecido pela parede depende da frequência do

som, da construção e do material da parede e acima de tudo do seu peso. Como se pode

imaginar, quanto mais massiva a parede, mais difícil é para as ondas sonoras fazerem-na

vibrar.

O isolamento acústico característico de uma parede é geralmente expresso em termos

de índice de redução sonora, R, expresso pela equação 11.

R = 10 log10 (𝑊1

𝑊2) 𝑑𝐵 (Eq.11)

Onde:

W1 = Potência sonora incidente no elemento separador

W2 = Potência sonora transmitida pelo elemento separador.

R = Índice de redução sonora

O índice de redução sonora, também conhecido como perda de transmissão, depende

do ângulo de incidência do som impactante. Se os campos de som nas duas salas forem

difusos e o som for transmitido apenas através da parede divisória, o índice de redução sonora

será dado pela equação 12.

R = 𝐿1 − 𝐿2 + 10 log10 (𝑆

𝐴) 𝑑𝐵 (Eq.12)

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Onde:

L1 = Nível de pressão sonora média no cômodo de origem

L2 = Nível de pressão sonora média no cômodo receptor

S = Área do elemento separador;

A = Área de absorção sonora equivalente do cômodo receptor

R = Índice de redução sonora

Exceto em sala especialmente projetadas em laboratórios de transmissão, em situação

normal, existe um grande número de caminhos de transmissão para a energia sonora em uma

edificação. Como indicado na figura 12, a energia sonora pode, além de ser transmitida

diretamente através da divisória da parede, ser transmitida através da transmissão indireta ou

flanqueante, via formações de fendas, para fora e através de janelas, através de um duto de

ventilação comum, via dutos de cabos entre outros (VIGRAN, 2008).

Figura 12: Caminhos possíveis de transmissão sonora entre cômodos - Adaptado (GINN, 1978)

Para dar conta da transmissão flanqueante, a quantidade conhecida como índice de

redução sonora aparente, R ', é usada, e é dada pela equação 13.

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R′ = 10 log10 (𝑊1

𝑊2) 𝑑𝐵 (Eq.13)

Onde:

W1 = Potência sonora incidente no elemento separador

W2 = Potência sonora total transmitida para o cômodo receptor

R ' = Índice de redução sonora aparente

2.5.4 Isolamento acústico ao ruído de impacto

De acordo com Ginn (1978), fontes de som de impacto como passos sobre o piso

atuam diretamente na estrutura da edificação, fazendo com que a estrutura vibre e irradie

energia acústica no cômodo receptor.

A característica de isolamento de impacto de um piso é geralmente expressa em

termos do nível de pressão sonora de impacto, Li, que é a pressão sonora média numa banda

de frequências específica no cômodo receptor, quando o piso em teste está sob influência de

uma fonte de impacto padronizada. Para permitir o efeito da absorção do som que ocorre no

cômodo receptor, uma correção é aplicada ao nível de pressão sonora de impacto produzindo

a quantidade conhecida como nível de pressão sonora de impacto normalizado definido pela

equação 14.

𝐿𝑛 = 𝐿𝑖 − 10 log10 (𝐴0

𝐴) 𝑑𝐵 (Eq.14)

Onde:

Ln = Nível normalizado de pressão sonora de impacto

Li = Nível de pressão sonora de impacto

A0 = 10 m2 de área de absorção de referência

A = Área de absorção equivalente medida no cômodo receptor

A melhoria do isolamento sonoro de impacto, isto é, a redução do nível de pressão

sonora de impacto, é a diferença entre o nível médio de pressão sonora no cômodo receptor

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antes e depois de algum tratamento no piso, como a instalação de um revestimento, um piso

flutuante ou um teto falso. Geralmente essa melhoria é muito pequena, portanto, máquinas e

outras fontes que possam produzir o ruído de impacto e sejam suportados pela estrutura

devem ser isolados da estrutura do edifício principal sempre que possível.

2.5.5 Índice de redução de som aéreo em parede sólida e homogênea

Segundo Ballou (2008) e Ginn (1978), a relativa importância dos diferentes

mecanismos de transmissão sonora através de um sólido varia ao longo do intervalo de

frequência de áudio. Uma parede sólida possui as qualidades de rigidez e massa e pode,

assim, exibir ressonância e efeitos de modo. Em baixas frequências, a transmissão depende

principalmente do a rigidez da parede, isto é, o amortecimento e a massa não são importantes.

Em frequências ligeiramente mais altas, a ressonância da parede controla seu comportamento.

A uma frequência de cerca de duas vezes a frequência de ressonância mais baixa, a parede

tende a se comportar como um conjunto de pequenas massas e é chamada de massa

controlada. Das considerações teóricas da transferência de energia de uma onda sonora

incidente aleatória para as partículas da parede e depois para o ar do outro lado, pode se

derivar a relação conhecida como Lei da massa que pode ser expressa pela equação 15.

R = 20 log10(𝑓𝑀) − 47 𝑑𝐵 (Eq.15)

Onde:

f = Frequência do som incidente

M = Densidade superficial da parede

R = Índice de redução sonora

Esta relação fornece o índice de redução sonora máximo teórico para uma incidência

aleatória. A Lei das Massas só deve ser usada para dar uma guia para o isolamento obtenível.

Na prática, o isolamento acústico obtido é sempre alguns decibéis menor que o máximo

teórico. Na região da massa controlada o índice de redução sonora aumenta a uma taxa de

cerca de 6 dB para cada duplicação da frequência, isto é, 6 dB por oitava, e cerca de 6 dB para

cada duplicação da densidade de superfície, o que significa, para um material particular, a

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duplicação da espessura. A região da massa controlada se estende até a frequência crítica.

Esta é a frequência na qual o comprimento de onda das ondas de flexão na parede é o mesmo

que o comprimento de onda do som irradiado no cômodo receptor ou, em outras palavras, a

menor frequência capaz de provocar o efeito de coincidência. Acima da frequência crítica a

rigidez da parede novamente desempenha um papel importante.

A figura 13 mostra as quatro regiões diferentes no domínio de frequência de uma

parede. Nela se percebe que a Lei de massa é um importante efeito na determinação do

desempenho da barreira, mas a ressonância e o efeito da coincidência causam desvios

significativos.

Figura 13: Regiões do domínio de frequência de uma parede - Adaptado (BALLOU, 2008)

2.5.6 Efeito da coincidência

O efeito de coincidência é esperado quando uma placa elástica homogênea fina é

excitada em vibração de flexão por ondas acústicas. Em uma certa frequência, quando o

comprimento de onda da onda de flexão é equivalente ao da onda acústica incidente que é

projetada na placa, os dois tipos de ondas ressoam, o que leva à coincidência das ondas

(GAUNAURD e WERBY, 1991).

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Segundo Ginn (1978), para uma certa frequência e um certo ângulo de incidência, as

oscilações de flexão do painel serão amplificadas e a energia sonora serás transmitido através

do painel com atenuação reduzida. O som incidente cobre uma ampla gama de frequências e

chega em todos os ângulos, mas o resultado é que o efeito de coincidência cria um " buraco

acústico” em uma faixa estreita de frequências dando origem ao que é chamado de quebra da

coincidência na curva do índice de redução sonora. Esta queda ocorre acima de uma

frequência crítica, que é uma função complexa das propriedades do material. O efeito da

coincidência pode ser visto na figura 14.

Figura 14: Efeito da coincidência (GINN, 1978)

A condição para a ocorrência do efeito da coincidência é dada pela equação 16.

sin 𝜃 =𝜆

𝜆𝐵 (Eq.16)

Onde:

l = comprimento de onda sonora no ar

lB = comprimento de onda sonora na parede

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Quando o som incidente e tem uma frequência fixa, o ângulo no qual ocorre a

coincidência é definido como o ângulo de coincidência. Quando o ângulo é fixo, a frequência

em que ocorre a coincidência é definida como a frequência de coincidência.

A tabela 3 lista a frequência crítica para alguns materiais de construção comuns.

Tabela 3: Frequências críticas

Material Espessura (cm) Frequência crítica (Hz)

Parede de tijolo 25,40 67

Parede de tijolo 12,70 130

Parede de concreto 20,32 100

Placa de vidro 0,63 1600

Madeira compensada 1,90 700

Adaptado (BALLOU, 2008)

2.5.7 Curvas NCB

Segundo Everest (2001), a decisão mais importante no que diz respeito ao ruído é a

seleção de uma meta de nível de ruído. A abordagem quase que universal para isso está

incorporada na família de curvas do Critério de Ruído Balanceado (NCB), que pode ser visto

na figura 15. A seleção de um desses contornos pelo projetista estabelece o nível máximo

admissível de pressão sonora em cada banda de oitava que ele deseja para um determinado

ambiente. Estabelecer um limite de ruído dessa forma, através das curvas facilita a posterior

checagem por instrumentos. A inclinação descendente dessas curvas reflete tanto a menor

sensibilidade do ouvido humano em baixas frequências e o fato de que a maioria dos ruídos

com energia distribuída caem com a frequência. Para determinar se o ruído em um

determinado cômodo atende ao limite da curva selecionada, são feitas leituras do nível de

pressão sonora em cada oitava e depois esses valores são plotados no gráfico da figura 15 e

então se faz a verificação.

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Figura 15: Curvas NCB - Adaptado (BALLOU, 2008)

2.5.8 Isolamento acústicos em elementos construtivos

Os sistemas de isolamento devem ser tratados de forma holística considerando

paredes, tetos, pisos, janelas, portas como partes de todo um sistema de isolamento. A

vibração usa todos os caminhos possíveis quando se viaja de um ponto para outro. Por

exemplo, se pretende-se construir uma sala de som diretamente abaixo de um outro cômodo,

pode-se supor que se deve prestar uma atenção especial ao teto, o que é correto. Contudo,

muitas vezes existem caminhos que permitiriam a vibração contornar o teto. Todos esses

caminhos de flanqueamento devem ser contabilizados se o isolamento entre dois espaços for

desejado (BALLOU, 2008).

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2.5.8.1 Construção das paredes

Segundo Ballou (2008) e Ginn (1978), as partições acústicas são complexas e exibem

diferentes graus de isolamento em diferentes segmentos do espectro. É, portanto, importante

que o projetista saiba quais frequências que se deseja isolar. Quanto mais massa a parede tiver

e quanto mais alta for a capacidade de amortecimento do material, menor serão os problemas

introduzidos pela ressonância. Geralmente não é possível reduzir a rigidez de um elemento

existente, mas os efeitos da rigidez podem às vezes ser reduzidos, aumentando o

amortecimento no elemento. O amortecimento só é eficaz nas faixas de frequências onde o

efeito da ressonância e da coincidência ocorrem. Não há praticamente nenhum efeito sobre o

índice de redução sonora, devido ao amortecimento, na faixa de frequências em que a lei de

massa se aplica. Comparando a eficácia relativa de várias configurações de paredes, a Lei da

massa oferece a aproximação mais facilmente acessível. No entanto, a maioria das partições

acústicas práticas têm um desempenho melhor, isto é, elas conseguem um isolamento melhor

do que o que é previsto pela lei da massa. Se um espaço com ar for adicionado como na

construção de parede dupla, isso introduz um elemento além da massa e geralmente leva a um

melhor isolamento.

2.5.8.2 Paredes duplas

Conforme Ginn (1978), o isolamento de uma parede pode ser melhorado aumentando

sua massa, mas este processo só pode continuar até um certo ponto. Por exemplo, se uma

divisória de escritório da massa superficial de 50 k g / m2 for substituída por uma parede de

concreto espessa de 200 kg / m2, a melhoria no isolamento será de cerca de 10 dB. O aumento

no custo e no peso pode ser justificável em certos casos. Se, no entanto, já existir uma parede

de tijolos e se procura uma melhoria de 10 dB no isolamento, quadruplicar a massa do tijolo

não seria algo viável, além de o fato de que, nesses altos valores de isolamento acústico, as

paredes flanqueantes constituem os principais caminhos de transmissão. Uma maneira de

aumentar o isolamento seria construir uma segunda parede atrás da primeira. No entanto duas

paredes idênticas juntas não oferecem o dobro do isolamento de uma única parede. Isso só

aconteceria se as paredes não tivessem nenhuma ligação entre elas e estivessem separadas por

uma distância considerável o que não seria prático. Na prática, porém, as paredes geralmente

têm suportes comuns nas bordas e é raro encontrar uma parede dupla com uma cavidade mais

larga que alguns centímetros.

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Em baixas frequências, o ar entre as duas folhas as une. Portanto, existe uma

frequência de ressonância, que é determinada pela massa das folhas e pela largura da

cavidade. Na frequência de ressonância há uma queda acentuada no valor do isolamento. Essa

ressonância pode ser consideravelmente reduzida revestindo a cavidade com um material

absorvente, como lã mineral ou fibra de vidro.

2.5.8.3 Portas

Segundo Arch (1964), as portas são elementos acusticamente fracos das paredes. Isso

se deve ao fato de que, sua densidade é normalmente menor do que a parede na qual elas estão

inseridas, e os espaços ao redor de suas bordas, a menos que selados, oferecem passagem para

a transmissão de ruído. Portas isolantes de som devem ser sólidas e pesadas, com todas suas

bordas bem vedadas. Borracha, espuma de borracha ou tiras de espuma plásticas, podem ser

usadas para selar as bordas das portas, elas devem ser instaladas de modo que elas fiquem

ligeiramente comprimidas entre a porta e o marco quando a porta estiver na posição fechada.

Há diversas portas acústicas no mercado com grande capacidade de isolamento, no entanto

elas possuem alto custo. Há também a possibilidade de se construir as portas com boas

propriedades acústicas, um exemplo preencher uma porta oca com areia.

2.5.8.4 Janelas

Conforme Woolworth e Phinney (2015), a massa da parede externa desempenha um

papel importante no controle acústico no que diz respeito à limitação do ruído de fundo de

fontes tais como tráfego, aeronaves e atividades no pátio. Janelas com vedações bem

conservadas controlam o conforto acústico assim como o conforto térmico.

Segundo Ginn (1978), o isolamento da fachada externa é normalmente, mas nem

sempre, determinado pelo isolamento das janelas. Quando é necessário um elevado grau de

isolamento, é essencial que sejam utilizadas janelas fixas, o que significa que é necessário um

sistema de ventilação mecânica. O isolamento proporcionado por uma janela é mais difícil de

estimar do que o de uma parede porque o isolamento é mais dependente das dimensões da

janela e o efeito de coincidência desempenha um papel importante. Tal como acontece com as

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paredes e portas, pode obter-se uma melhoria no isolamento de uma janela utilizando uma

construção de folha dupla, isto é, duas vidraças de vidro separadas por uma abertura de ar. O

vidro duplo (isto é, uma janela dupla) pode ser usado como um eficiente isolador de som,

desde que a largura da cavidade seja de pelo menos 75mm. Uma melhoria adicional no

isolamento é obtida colocando um material absorvedor de som nos lados da moldura da janela

dentro da cavidade.

2.5.8.5 Sistema de piso e teto

De acordo com Ballou (2008), construir paredes de alto desempenho acústico em

torno de um cômodo é fútil, a menos que seja dada atenção semelhante ao sistema de piso e

teto acima do cômodo e ao piso do próprio. Ruídos de impacto no andar acima do cômodo são

facilmente transmitidos através da estrutura do teto e irradiados para o cômodo abaixo, a

menos que sejam tomadas precauções. O ruído de impacto produzido no andar de cima é

transmitido através das vigas para o diafragma do teto abaixo e irradiado com pouca perda

para a sala abaixo. O carpete no piso do andar de cima amolece o impacto dos passos, mas é

de pouca massa e, portanto, tem pouco efeito na transmissão de sons transmitidos pela

estrutura. Colocar um material absorvente no forro não tem tanto resultado. Um meio

eficiente é dissociar o piso do andar de acima do teto do cômodo de baixo, suspendendo todo

o teto por uma suspensão resiliente conhecido com sistema de piso flutuante ou isolado.

Muitas variáveis devem ser consideradas ao projetar pisos isolados. Essas variáveis incluem

custo, limites de carga da estrutura existente, o isolamento desejado e o espectro do ruído.

2.5.8.6 Piso flutuante

Segundo Ginn (1978), um dos meios mais práticos de obter isolamento acústico de

ruído de impacto em uma edificação é usar uma construção de piso flutuante como mostra a

figura 16. Um piso flutuante repousa sobre o piso estrutural, mas é separado por um suporte

resiliente, como uma manta de lã mineral. A construção pode ser considerada como um

sistema de elemento amortecedor de molas em massa. É de vital importância em qualquer

construção de piso flutuante que o elemento resiliente não seja encurtado por uma conexão

mecânica rígida. Essas conexões, que permitem que o som seja transmitido através do

elemento, são às vezes chamadas de pontes sonoras. A frequência de ressonância do piso deve

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ser escolhida para ser muito baixa, de preferência menos de 20 Hz, caso contrário, o

isolamento na ressonância é menor do que se o piso flutuante não tivesse sido construído.

Deve ser dada uma atenção particular aos conduítes elétricos, tubos hidráulicos e

rodapés, a fim de evitar uma conexão sólida entre o piso estrutural e o piso flutuante. Tubos e

conduítes devem ser revestidos com um material como feltro de betume ou um revestimento

de borracha e os rodapés devem ser isolados do piso flutuante por papel de feltro ou um

material similar. Deve-se notar que uma construção de piso concebida para reduzir a

transmissão de ruído de impacto para outras salas não proporciona necessariamente um baixo

nível de ruído na sala em que a fonte de impacto é produzida. A figura 6 mostra um modelo

de piso flutuante.

Figura 16: Piso Flutuante - Adaptado (GINN, 1978)

2.5.8.7 Tetos

Conforme, Ginn (1978), existem dois tipos de construção de tetos que podem ser

utilizados para reduzir a radiação do som dos pavimentos devido aos impactos, são eles o teto

falso e o teto suspenso. Tetos falsos são tetos que são independentes da estrutura do teto do

piso principal. Tetos suspensos são tetos que são pendurados no piso estrutural por fios ou

cabides resilientes. Deve notar-se que estes tetos reduzem o nível de ruído apenas na sala

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onde estão instalados e que não reduzem a radiação do som das paredes laterais. Eles, no

entanto, melhoram o isolamento tanto pelo impacto quanto pelos sons aéreos. Tais tetos não

são geralmente recomendados como um meio de melhorar o isolamento acústico, pois eles

não são muito eficazes. Se fosse usar somente o teto para melhorar o isolamento de um piso

existente, o teto precisaria ser tão pesado que não seria praticável construí-lo. Se um piso

flutuante tiver que ser construído, não de terá nenhum ganho extra com a adição de um teto

suspenso ou falso. Se, no entanto, um soalho existente não puder ser perturbado e for

colocada uma camada resiliente para melhorar o isolamento sonoro de impacto, então a

adição de um teto suspenso pesado pode ser utilizada para proporcionar uma melhoria no

isolamento do som transportado pelo ar.

2.5.9 Sistemas de climatização

Conforme Ballou (2008), quando se considera sistemas de climatização, lida-se com

sistemas que violam o escudo acústico projetado para manter o ruído fora do ambiente,

produzem ruídos consideráveis e fornecem um caminho para o ruído migrar facilmente de um

espaço para outro. Sistemas de climatização podem às vezes minar todos os esforços de

isolamento. Muitas vezes, a solução mais barata para fornecer um sistema de climatização

para espaços sensíveis ao som, é usar unidades de janela que são desligadas quando a

tranquilidade é necessária. Se esta solução não for aceitável, e sistemas de distribuição central

devem ser usados, o projetista deve entender que o sucesso exigirá engenharia e gastos

significativos. É importante entender que os sistemas de climatização encontrados na maioria

das residências ou mesmo em espaços comerciais ou de escritórios são totalmente

inadequados para uso em espaços críticos de ruído. Ao contrário dos sistemas residenciais que

frequentemente usam sistemas de alta eficiência que fornecem baixos volumes de ar frio a

altas velocidades, sistemas de baixo ruído exigem alto volume de ar frio e baixa velocidade.

Muitos sistemas comerciais utilizam dutos de fornecimento e o retorno depende de

vazamentos sob portas ou espaços comuns de circulação de ar nos tetos. Para atingir um baixo

nível de ruído, tanto o fornecimento quanto o retorno devem ser realizados individualmente

para cada cômodo.

Conforme Everest (2001), o primeiro passo na redução do ruído do sistema de

climatização é a localização inteligente do maquinário. O ideal é localizar o equipamento o

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mais distante possível das áreas sensíveis ao som. O próximo passo é considerar alguma

forma de isolamento contra vibrações transmitidas pela estrutura. Se o equipamento for posto

sobre uma laje de concreto, esta laje deve ser isolada da laje do piso principal. Outras

precauções incluiriam, suportes de isolamento de vibração adequados, projetados com

precisão. É aconselhável usar juntas flexíveis em tubos e dutos que saem do cômodo onde fica

o maquinário.

Para reduzir o ruído transmitido pelos dutos, várias técnicas podem ser empregadas,

tais como o revestimento dos dutos com material absorvedor de som, a inclusão de uma

câmara de admissão no sistema, utilização de curvas e mudanças suaves da área da seção

transversal dos dutos, a inserção de atenuadores comercialmente disponíveis e o uso de

palhetas para manter um fluxo de ar não turbulento (GINN, 1978).

A aplicação de materiais absorventes de som nas superfícies internas dos dutos é um

método padrão de redução dos níveis de ruído. Tal revestimento vem sob a forma de placas

rígidas e mantas e em espessuras de 3,8 cm a 5 cm. Tal revestimento acústico também serve

como isolamento térmico quando é necessário. A atenuação aproximada oferecida pelo

revestimento dos dutos depende do tamanho do duto. Quanto ao formato, a atenuação do duto

é muito menor nos dutos redondos do que nos dutos retangulares, com áreas de seção

transversal comparáveis (EVEREST, 2001).

Câmaras de admissão são a única solução eficaz para o ruído de baixa frequência. As

câmaras devem ser feitas com o maior tamanho possível e devem ser revestidas com uma

camada espessa de material absorvente de som. A absorção adicional pode ser obtida

instalando deflectores dentro da câmara. Os espaços que ocorrem naturalmente na construção

de edifícios modernos, como o espaço sob escadas podem ser usados como câmaras de

admissão (GINN, 1978).

2.6 TRATAMENTOS ACÚSTICOS E SEGURANÇA

Segundo Ballou (2008), a consideração mais importante ao selecionar tratamentos

acústicos é a segurança. Por exemplo, tratamentos acústicos de amianto - que eram bastante

populares há várias décadas - devem ser evitados por causa dos riscos inerentes à saúde

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associados ao manuseio de materiais de amianto e à respiração de suas fibras. Os tratamentos

acústicos terão que atender a quaisquer códigos de construção e padrões de segurança

aplicáveis a serem usados em uma instalação específica. Instalações específicas também

podem ditar que certos materiais específicos sejam evitados por causa de alergias ou uso

especial da instalação como por exemplo, assistência médica ou instalações correcionais. Uma

vez que muitos tratamentos acústicos serão pendurados em paredes e tetos, somente os

métodos de montagem aprovados pelo fabricante devem ser usados para evitar ferimentos

causados pela queda de objetos. As duas preocupações mais comuns de saúde e segurança

para materiais de tratamento acústico são a inflamabilidade e respirabilidade. Os tratamentos

acústicos não devem apenas atender aos códigos de segurança contra incêndio aplicáveis,

mas, em geral, não devem ser inflamáveis. Alguns exemplos de uso inadequado de material

isolante foi o incêndio da boate Kiss em Santa Maria que teve como principal agravante as

espumas isolantes de poliuretano do teto que eram altamente inflamáveis e produziam gás

cianídrico quando queimada. E o exemplo mais recente, o incêndio no Centro de Treinamento

do Flamengo que foi acelerado também pela presença de espuma de poliuretano nas paredes.

Conforme Ballou (2008), com relação à respirabilidade, precauções devem ser

tomadas se o material de tratamento acústico contiver fibras que possam ser respiradas ou

irritantes para a pele. As fibras de muitos tratamentos acústicos comuns, como fibra de vidro e

painéis de lã mineral, são irritantes para a respiração e a pele, mas são inofensivos quando os

tratamentos são instalados em sua configuração final, geralmente com um tecido ou outro

material que envolve a placa fibrosa. No entanto, precauções como usar luvas e máscaras

respiratórias devem ser tomadas ao manusear as matérias-primas ou ao instalar os painéis.

Além disso, os painéis danificados devem ser reparados ou substituídos, a fim de minimizar a

possibilidade de as fibras ficarem no ar.

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3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

A realização do procedimento experimental teve como objetivo analisar os níveis de

pressão sonora em salas de aula de uma instituição de ensino superior seguindo as indicações

da norma NBR 10152/2017.

3.1 NBR 10152/2017

A norma brasileira NBR10152/2017 (Acústica - Níveis de pressão sonora em

ambientes internos a edificações) estabelece os procedimentos técnicos a serem adotados na

execução de medições de níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações, e

também estabelece valores de referência para avaliação de ambientes em função da finalidade

de uso. Os valores de referência apresentados na norma foram estabelecidos visando a

preservação da saúde e do bem-estar humano. A norma recomenda aos construtores,

empreendedores, incorporadores, projetistas, usuários e ao poder público a adoção de tais

valores de referência para o adequado uso dos diferentes ambientes internos de uma

edificação (NBR10152, 2017).

A norma apresenta dois métodos de avaliação, o método simplificado e o método

detalhado. Para o procedimento experimental desse trabalho foi utilizado o método

simplificado. O método simplificado é utilizado para avaliações com base na análise dos

níveis globais de pressão sonora já o método detalhado é utilizado para avaliações, com base

na análise dos níveis de pressão sonora global e espectrais nas bandas de 1/1 de oitava.

Conforme o método escolhido a norma orienta quando ao procedimento de medição e quais

parâmetros devem ser avaliados, para o método simplificado a norma estabelece que sejam

determinados o nível de pressão sonora equivalente ponderada em A, representativo de um

ambiente (LAeq) e o nível máximo de pressão sonora representativo de um ambiente (LASmax),

no entanto o nível máximo de pressão sonora só deve ser considerado se o objeto da avaliação

é uma fonte sonora específica. Já para o método detalhado a norma estabelece que sejam

determinados o LAeq e o LASmax e também os níveis de pressão sonora equivalentes, em bandas

de oitavas, representativos de um ambiente (Leq,fHz(1/1)) e o nível NC representativo de um

ambiente ( LNC).

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Além de ensinar como obter os valores necessário para a avaliação de um ambiente a

NBR10152/2017 também estabelece os valores de referência para serem comparados com os

valores obtidos levando em consideração o uso do ambiente avaliado, os valores de referência

da NBR10152/2017, são mostrados na tabela 4.

Tabela 4: Valores de referência para ambientes internos de uma edificação de acordo

com suas finalidades de uso (continua)

Finalidade de uso Valores de referência

RLAeq (dB) RLASmax (dB) RLNC

Aeroportos, estações rodoviárias e

ferroviárias

Áreas de check-in, bilheterias 45 50 40

Salas de embarque e circulações 50 55 45

Centros comerciais (shopping centers)

Circulações 50 55 45

Lojas 45 50 40

Praças de alimentação 50 55 45

Garagens 55 60 50

Clínicas e hospitais

Berçários 35 40 30

Centros cirúrgicos 35 40 30

Consultórios 35 40 30

Enfermarias 40 45 35

Laboratórios 45 50 40

Quartos coletivos 40 45 35

Quartos individuais 35 40 30

Salas de espera 45 50 40

Culturais e lazer

Salões de festa 40 45 35

Restaurantes 45 50 40

Cinemas 35 40 30

Salas de concertos 30 35 25

Teatros 30 35 25

Templos religiosos pequenos (≤ 600 m3) 40 45 35

Templos religiosos grandes (> 600 m3) 35 40 30

Bibliotecas 40 45 35

Museus (exposições) 40 45 35

Estúdios de gravação audiovisual 25 30 20

(NBR10152, 2017)

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Tabela 4: Valores de referência para ambientes internos de uma edificação de acordo

com suas finalidades de uso (continuação)

Finalidade de uso Valores de referência

RLAeq (dB) RLASmax (dB) RLNC

Educacionais

Circulações 50 55 45

Berçário 40 45 35

Salas de aula 35 40 30

Salas de música 35 40 30

Escritórios

Centrais de telefonia (call centers) 50 55 45

Circulações 50 55 45

Escritórios privativos (gerência, diretoria

etc.) 40 45 35

Escritórios coletivos (open plan) 45 50 40

Recepções 45 50 40

Salas de espera 45 50 40

Salas de reunião 35 40 30

Salas de videoconferência 40 45 35

Esportes

Ginásios de esportes e academias de

ginástica 45 50 40

Hotéis

Quartos individuais ou suítes 40 45 35

Salões de convenções 40 45 35

Áreas de serviço 50 55 45

Circulações 45 50 40

Residências

Dormitórios 35 40 30

Salas de estar 40 45 35

Salas de cinema em casa (home theaters) 40 45 35

Outros

Auditórios grandes (> 600 m3) 30 35 25

Auditórios pequenos (≤ 600 m3) 35 40 30

Cozinhas e lavanderias 50 55 45

Tribunais 40 45 35

(NBR10152, 2017)

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3.2 DEFINIÇÕES DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS

Para um melhor entendimento do procedimento experimental realizado foram

definidas as variáveis utilizadas.

3.2.1 Nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderada em A integrado durante

um tempo T no ponto X (LAeq,T, X)

Segundo a NBR10152/2017, o nível de pressão sonora contínuo equivalente global

ponderada em A, medido no ponto X de um ambiente interno de uma edificação pode ser

obtido diretamente por integração no tempo T, LAeq,T, X, onde T ≥ 30 s, ou pela média

logarítmica do LAeq,1s,X, com pelo menos 30 s.

3.2.2 Nível de pressão sonora equivalente ponderada em A, representativo de um

ambiente (LAeq)

O nível de pressão sonora global representativo de um ambiente, segundo a NBR

10152/2017, é a medida obtida pela média logarítmica dos níveis de pressão sonora contínuos

equivalentes, globais, ponderada em A, medidos em diferentes pontos do ambiente, nas

mesmas condições conforme a equação 17.

𝐿𝐴𝑒𝑞 = 10 log10 (1𝑛

∑ 10𝐿𝑗

10⁄𝑛

𝑗=1 ) 𝑑𝐵 (Eq.17)

Onde:

Lj = nível de pressão sonora medido

n = quantidade de posições do aparelho de medição na sala

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3.3 MEDIÇÃO DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA

Para realizar a medição do nível de pressão sonora é necessário a utilização de um

sonômetro ou decibelímetro calibrado que atenda a todos os requisitos da norma IEC

61672/2013, para a classe 1 ou classe 2.

Segundo a NBR10152/2017, a medição do nível de pressão sonora deve feita em

pontos distribuídos de modo a possibilitar a representação do campo sonoro do ambiente em

avaliação. As medições devem ser feitas em pelo menos três pontos de medição distribuídos

pelo ambiente interno a ser avaliado, preferencialmente em alturas diferentes e com distância

mínima entre os pontos de 0,7m. Os pontos de medição devem se situar pelo menos a 1 m das

paredes, teto, piso, e de elementos com significativa transmissão sonora, como janelas, portas

ou entradas de ar.

Quanto ao tempo de medição a norma NBR10152/2017 estabelece que tempo de

medição em cada ponto deve ser definido de modo a abranger as variações sonoras

significativas no ambiente interno objeto de avaliação e não pode ser inferior a 30 s. Quando a

fonte sonora gerar um som flutuante ou intermitente, o tempo de medição em cada um dos

pontos deve ter uma duração correspondente a um número inteiro de ciclos completos de

funcionamento da fonte sonora.

As medições não podem ser executadas quando condições ambientais adversas de

vento, temperatura, umidade relativa do ar, precipitações pluviométricas ou trovoadas

interferirem nos resultados ou não atenderem às especificações das condições de operação dos

instrumentos de medição estabelecidas pelos fabricantes.

3.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Segundo a NBR10152/2017, os valores do nível de pressão sonora encontrados pelas

medições devem ser colocados em um relatório que contenha as informações apresentadas no

quadro 1. No entanto para este trabalho todas as informações que devem ser contidas no

relatório foram apresentadas na forma de estudo no capítulo 4.

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Quadro 1: Informações contidas no relatório

Relatório

Características das fontes sonoras e o seu funcionamento durante as medições

Descrição do ambiente durante a medição: mobiliário, revestimento do

ambiente e quantidade de pessoas presentes

Ilustração ou descrição detalhada do local de medição, sua área, volume e

posição dos pontos de medição

Informações sobre a instrumentação e respectiva calibração

Local, data e horário das medições

Método de medição utilizado

Objetivo da medição

Parâmetros ambientais registrados quando em condições ambientais adversas

Referência a esta Norma

Resultados das medições e correções (quando aplicáveis)

Tempo das medições e integrações

Valores de referência utilizados para a avaliação dos resultados

NBR10152 (2017)

3.5 REQUISITOS ACÚSTICOS DESEJÁVEIS

Depois do tratamento dos dados obtidos pelas medições faz-se a comparação

dos resultados com o valor de referência do nível de pressão sonora para salas de aula da

norma NBR10152/2017.

Segundo a NBR10152/2017, para fins de avaliação sonora, considera-se adequado

para uso a sala de aula cujos níveis de pressão sonora representativos sejam iguais ou

inferiores aos valores de referência (RLAeq) de 35 dB, admitindo-se uma tolerância de até 5

dB.

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52

4 ESTUDO PRÁTICO DE CONFORTO ACÚSTICO EM AMBIENTE DE SALA

DE AULA

Após feita a elaboração da metodologia experimental, se iniciou o estudo prático de

duas salas de aula. O estudo prático foi dividido em duas partes, a primeira parte é uma

análise acústica dos elementos das salas de aula com base na revisão bibliográfica

apresentada. Para a segunda parte deste estudo foram feitas medições in loco, dos níveis de

pressão sonora das salas de aula e a comparação com os valores de referência da norma

NBR10152/2017.

4.1 ANÁLISE ACÚSTICA DOS ELEMENTOS DAS SALAS DE AULA

Nesta primeira parte do estudo prático foram analisados as características e os

desempenhos acústico dos elementos das salas de aula. Primeiro foi feita a caracterização do

objeto de estudo, depois uma análise com base na acústica dos espaços fechados, depois

foram analisados o isolamento acústico dos elementos de construção das salas e por último

foram apresentados princípios importantes para a realização de projetos de salas de aula.

4.1.1 Caracterização do objeto de estudo

As salas de aula escolhidas para este estudo são as salas D212 e D213 do segundo

andar do Bloco D do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

localizado na Avenida Athos da Silveira Ramos, nº 149, Cidade Universitária, Rio de Janeiro

– RJ, como pode ser visto na figura 17.

Estas salas foram escolhidas por apresentarem a planta baixa semelhante e por serem

em lados oposto, uma à direita do corredor central e a outra à esquerda, com a sala D212

recebendo o sol da tarde e a D213 recebendo o sol da manhã.

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53

Figura 17: Localização do Bloco D do Centro de Tecnologia da UFRJ - Google Maps (2019)

As salas de aula avaliadas são ambientes amplos com pé direito alto, com as

dimensões e volumes apresentados na tabela 5.

Tabela 5: Dimensões das salas de aula

Dimensões

D212 D213

Comprimento (m) 7,3 7,48

Largura (m) 10,1 10,7

Altura (m) 4,4 4,4

Volume (m3) 324,4 352,2

Quanto as características físicas as salas possuem a estrutura em concreto armado com

a vedação em alvenaria, piso de taco de madeira, grandes esquadrias em alumínio em uma das

fachadas e portas de madeira com visor em vidro em outra. As salas possuem grande

quantidade de carteiras de estudantes compostas de metal, plástico e madeira, uma mesa de

professor em madeira, um quadro branco, ventiladores, ar condicionados, luminárias de teto e

cortinas. Há também a presença de um tablado de madeira na sala D213. As fotos das salas

podem ser vistas nas figuras 18 e 19.

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Figura 18: Sala D212 UFRJ – Ilha do Fundão - Centro de Tecnologia - Escola Politécnica, bloco

D, segundo andar

Figura 19: Sala D213 UFRJ – Ilha do Fundão - Centro de Tecnologia - Escola Politécnica, bloco

D, segundo andar

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Cada sala é delimitada por quatro paredes sendo duas fazendo fronteira com outras

salas de aula, uma com o corredor central e uma com o ambiente externo. O ambiente externo

é um espaço amplo, que separa os blocos e possui muitas árvores.

4.1.2 Acústica de espaços fechados

Os elementos das salas estudas podem ser classificados como refletores ou

absorvedores de som de acordo com seus devidos coeficientes de absorção sonora, são

considerados absorvedores de som elementos que possuem coeficiente de absorção acima de

0,5, abaixo disso o elemento é considerado refletor. A grande maioria dos elementos das salas

de aulas são bastante refletores, dentre eles se encontram as paredes e o teto com reboco liso,

o piso em taco, as esquadrias de vidro, as portas de madeira e as carteiras de estudo. Já alguns

os elementos são pouco refletores como as cortinas, no entanto o elemento que mais absorve

som nestes ambientes, são as pessoas que os utilizam. Os valores dos coeficientes de

absorção sonora dos elementos das salas de aula estão na tabela 6.

Tabela 6: Coeficiente de absorção sonora dos elementos das salas de aula

Materiais Frequência (HZ)

125 250 500 1000 2000 4000

Reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06

Vidraça de janela - 0,04 0,03 0,02 - -

Taco colado 0,04 0,04 0,06 0,12 0,10 0,17

Portas de madeira, fechadas 0,14 - 0,06 - 0,10 -

Uma pessoa com cadeira 0,33 0,44 0,40

Tecido de algodão esticado liso 50/150mm na frente de parede lisa 0,2 - 0,38 - 0,45 -

(NBR12179, 1992)

4.1.3 Isolamento acústico em elementos construtivos

O isolamento acústico é importante para garantir a qualidade acústica das salas de

aula. Nesta etapa do estudo foi analisado o desempenho acústico dos elementos de construção

das salas de aula.

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4.1.3.1 Vedação

O Sistema de vedação das salas de aulas são paredes simples de tijolos cerâmicos com

reboco liso nas duas faces. Esse sistema de vedação sem nenhum tratamento acústico

apresenta um bom isolamento acústico, similar a outros sistemas de vedação como o sistema

composto por duas placas de gesso acartonado com lã mineral. Dado o ambiente estudado este

sistema de vedação se apresenta satisfatório, principalmente nas fachadas externas, no entanto

o desempenho destas vedações poderia ser melhorado com a construção de paredes duplas

com material absorvente entre elas, em especial nas paredes que dividem ambientes por serem

estes ambientes as principais fontes sonoras que afetam as salas de aula.

4.1.3.2 Portas

As portas das salas de aula são portas comuns de abrir com duas folhas feitas em

madeira e visor em vidro sem elemento de amortecimento. As portas das salas estudadas

apresentam um desempenho acústico mediano, no entanto as portas geralmente são o

elemento fracos do isolamento acústico de um ambiente, por serem menos isolantes que as

paredes, por isso é vantajoso se investir um pouco mais em portas acústicas especiais que

conseguem isolamentos tão bom quanto as paredes, por vezes até melhor. Outro ponto

importante é a vedação das portas para evitar o vazamento de som para dentro do ambiente, as

portas das salas não são vedadas diminuindo seu desempenho, a vedação das portas com

sistemas de borrachas é aconselhável por ser um investimento baixo com grande benefício.

Outro fator a ser melhorado é a lubrificação das portas, pela grande quantidade de abrir e

fechar das portas a lubrificação acaba mais facilmente, tornando o som das portas um ruído de

alta intensidade, que é incômodo e que leva a perda de foco pelos usuários na realização de

suas atividades.

4.1.3.3 Janelas

As janelas das salas de aula são grandes esquadrias com estrutura em alumínio e o

fechamento em vidro simples, os mecanismos de abertura são de correr nas esquadrias

inferiores e báscula para as esquadrias superior, além disto são da década de 60 e não existe

nenhuma elemento de amortecimento de som, outro ponto importante é a passagem da

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tubulação do ar condicionado, que é um ponto frágil do isolamento das janelas. Por ocuparem

a maior parte da fachada externa as janelas poderiam apresentar um desempenho acústico

melhor visto que apresentam isolamento inferior à vedação da mesma fachada. As soluções

para melhorar o isolamento das janelas, são muitas, como trocar os vidros por vidros de maior

espessura, ou vidros laminados quem oferecem melhor isolamento que o vidro comum e o

temperado, ou vidros duplos que oferecem o melhor isolamento dentre os vidros, no entanto

também apresenta o maior custo. Outro ponto importante para se obter um melhor isolamento

é vedação dos caixilhos das janelas.

4.1.3.4 Sistema de piso e teto

As salas de aulas analisadas ficam no segundo andar e não possuem nenhum

pavimento acima não havendo então ruído de impacto de piso advindo de outros ambientes. O

teto é em laje de concreto armado que apresenta um bom isolamento do ruído externo que

pode ser melhorado com a instalação de tetos suspensos. O sistema de piso é de tacos de

madeira, que oferece uma redução do ruído de impacto melhor do que um piso cerâmico,

contudo o isolamento pode ser melhorado com a instalação de um material resiliente como lã

de vidro entre o contrapiso e a laje.

4.1.4 Sistema de climatização

A climatização das salas de aula é feita por sistemas de ar condicionado split piso teto,

esse sistema é composto por duas unidades, uma interna e a outra externa ao ambiente, a

unidade localizada dentro do ambiente é o evaporador e a que fica na parte externa da

edificação é o condensador. A sala D212 possui apenas um evaporador maior na parte interna,

já a sala D213 possui dois evaporadores menores. O sistema de ar condicionado split piso e

teto possui um bom desempenho acústico, melhor do que o sistema de janela, pelo fato do

condensador que produz ruídos de alta intensidade ficar do lado externo da edificação, no

entanto para um melhor desempenho acústico esse condensador deve ficar localizado longe

do ambiente interno e sobre suportes de isolamento de vibração adequado, o que não acontece

com os sistemas das sala analisadas. Outro ponto problemático do sistema de ar condicionado

das salas são as tubulações de passagem de ar que perfuram os principais elementos de

isolamento acústicos do ruído externo, as paredes e as esquadrias. Para melhorar o

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desempenho acústico desses sistemas de ar condicionados é aconselhável melhorar as

posições e instalações dos condensadores, e vedar com materiais acústicos os pontos de

passagem da tubulação de ar pelas paredes e esquadrias, para evitar o vazamento de som para

dentro do ambiente.

4.2 PRINCÍPIOS DE PROJETOS PARA SALAS DE AULA

Ao projetar uma sala de aula o critério mais importante é que o professor deve ser

distintamente e prontamente ouvido por todos os alunos. Para garantir a clareza da fala do

professor em uma sala de aula o projetista tem que se ater basicamente a quatros fatores

importantes. Em primeiro lugar, existe o nível de pressão sonora do ruído de fundo que em

grande intensidade pode mascarar a fala do professor. Em segundo lugar, existe o nível de

pressão sonora produzido no ouvido do ouvinte pelo professor. Isso depende da distância

entre o ouvinte e o professor, o volume da sala e a natureza do entorno do professor. Em

terceiro lugar, há o tempo de reverberação, que depende da quantidade de material reflexivo e

absorvedor na sala de aula, tendo em vista a natureza da fala é desejado que o tempo de

reverberação seja pequeno para garantir a inteligibilidade do discurso do professor por isso

deve-se evitar a quantidade excessiva de material reflexivo na sala ou então balancear esses

materiais com a presença de matérias absorvedores na sala, é aconselhável que se posicione o

material absorvedor no final da sala em frente ao professor. Por último, há a forma da sala,

embora desde que esta tenha sido projetado para evitar ecos e pontos mortos e que cada aluno

tenha uma boa visão do professor, a articulação não deve ser afetada.

4.3 MEDIÇÃO DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA

As medições foram realizadas com base no método simplificado da NBR10152/2017.

Buscou-se realizar as medições de forma a representar o uso do ambiente, por isso as

medições foram realizadas em dias de semana, na parte da manhã e da tarde, que são horários

de aula. Foram feitas 12 medições no total, sendo 6 em cada sala de aula, nos dias 11,12 e 13

de dezembro de 2018, nos horários das 10 horas e das 14 horas.

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As fontes sonoras que atuavam no ambiente durante as medições são provenientes dos

ocupantes das outras salas e do corredor, e do ambiente externo. Em sua maioria são ruídos

provenientes da fala, do andar, do abrir e fechar de portas, dos pássaros e das aeronaves.

As medições foram realizadas em condições ambientais normais, sem a ocorrência de

ventos fortes, precipitações pluviométricas, trovoadas ou outras condições adversas que

pudessem atrapalhar as medições.

Foram realizadas medições do nível de pressão sonora em 3 pontos centrais da sala

conforme as figuras 20 e 21, cada ponto foi medido em duas alturas diferentes, uma na altura

de 1,7 m, simulando uma pessoa em pé, e a outra na altura de 1,3 m simulando uma pessoa

sentada. O tempo de duração de cada medição foi de 30 segundos. As posições dos três

pontos de medição respeitaram os afastamentos apresentados na NBR10152/2017.

Figura 20: Pontos de medição da sala D212

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Figura 21: Pontos de medição da sala D213

O instrumento utilizado nas medições foi um decibelímetro digital da marca AKROM,

modelo KR833, que pode ser visto na figura 22, e segundo o fabricante, está em

conformidade com a norma internacional IEC 61672-1 Classe 2, como determina a norma

NBR10152/2017. O decibelímetro digital KR833 possui filtros que permitem a medição do

nível de pressão sonora em ambas as ponderações de frequência A e C e exatidão de ±1.4 dB.

O aparelho foi calibrado pela empresa INSTRUBRAS, como mostra a figura 23.

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61

Figura 22: Decibelímetro AKROM KR833 Figura 23: Calibração

4.3.1 Valor de referência normativo

Para finalizar a análise do desempenho acústico das salas de aula, foram comparados

os valores do o nível de pressão sonora global representativo de um ambiente (LAeq) com o

valor de referência da norma NBR10152/2017 para salas de aula que pode ser visto na tabela 7.

Tabela 7: Valores de referência do nível de pressão sonora equivalente ponderada em A

Finalidade de uso Valores de referência

RLAeq (dB)

Educacionais

Salas de aula 35

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62

4.3.2 Resultados

4.3.2.1 Nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderada em A integrado

durante um tempo T no ponto X (LAeq,30s, X)

Os valores do nível de pressão sonora contínuo equivalente global ponderada em A,

medido no ponto X de um ambiente interno de uma edificação, que foi obtido pela média

logarítmica do LAeq,1s,X, com 30 s se encontram na tabela 8.

Tabela 8: Valores do nível de pressão sonora equivalente ponderada em A

Data 11/12/2018 Data 12/12/2018 Data 13/12/2018

Sala D212 Sala D212 Sala D212

Horário Posição LAeq,30s(dB) Horário Posição LAeq,30(dB) Horário Posição LAeq,30s(dB)

10h

1 Sentado 42

10h

1 Sentado 43

10h

1 Sentado 40

1 Em pé 41 1 Em pé 44 1 Em pé 42

2 Sentado 42 2 Sentado 44 2 Sentado 41

2 Em pé 43 2 Em pé 44 2 Em pé 41

3 Sentado 43 3 Sentado 44 3 Sentado 41

3 Em pé 41 3 Em pé 44 3 Em pé 40

14h

1 Sentado 43

14h

1 Sentado 39

14h

1 Sentado 41

1 Em pé 43 1 Em pé 40 1 Em pé 42

2 Sentado 44 2 Sentado 40 2 Sentado 42

2 Em pé 43 2 Em pé 40 2 Em pé 41

3 Sentado 44 3 Sentado 40 3 Sentado 40

3 Em pé 43 3 Em pé 39 3 Em pé 41

Sala D213 Sala D213 Sala D213

Horário Posição LAeq,30s(dB) Horário Posição LAeq,30s(dB) Horário Posição LAeq,30s(dB)

10h

1 Sentado 43

10h

1 Sentado 42

10h

1 Sentado 40

1 Em pé 43 1 Em pé 43 1 Em pé 40

2 Sentado 42 2 Sentado 43 2 Sentado 39

2 Em pé 42 2 Em pé 42 2 Em pé 38

3 Sentado 42 3 Sentado 42 3 Sentado 40

3 Em pé 42 3 Em pé 41 3 Em pé 38

14h

1 Sentado 43

14h

1 Sentado 39

14h

1 Sentado 40

1 Em pé 43 1 Em pé 39 1 Em pé 40

2 Sentado 42 2 Sentado 40 2 Sentado 41

2 Em pé 42 2 Em pé 39 2 Em pé 42

3 Sentado 41 3 Sentado 39 3 Sentado 41

3 Em pé 42 3 Em pé 40 3 Em pé 40

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63

4.3.2.2 Nível de pressão sonora equivalente ponderada em A, representativo de um

ambiente (LAeq)

Se obtém os valores do nível de pressão sonora global representativo de um ambiente

(LAeq) fazendo a média logarítmica, como mostrado na equação 17, dos níveis de pressão

sonora contínuos equivalentes, globais para 30 segundos (LAeq,30s) medidos em diferentes

pontos do ambiente. Os valores encontrados estão na tabela 9 junto com o valor máximo de

referência da norma NBR10152/2017.

𝐿𝐴𝑒𝑞 = 10 log10 (1𝑛

∑ 10𝐿𝑗

10⁄𝑛

𝑗=1 ) 𝑑𝐵 (Eq.17)

Onde:

Lj = nível de pressão sonora medido

n = quantidade de posições do aparelho de medição na sala

Tabela 9: Valores do nível de pressão sonora global representativo de um ambiente

Data 11/12/2018 Data 12/12/2018 Data 13/12/2018

Valor máximo de

referência para salas de

aula RLAeq (dB)

Sala D212 Sala D212 Sala D212

Horário LAeq(dB) Horário LAeq(dB) Horário LAeq(dB)

10h 42 10h 44 10h 41

14h 43 14h 40 14h 41

Sala D213 Sala D213 Sala D213

35

(Com tolerância de 5dB)

Horário LAeq(dB) Horário LAeq(dB) Horário LAeq(dB)

10h 42 10h 42 10h 39

14h 42 14h 39 14h 41

Ao comparar os valores do nível de pressão sonora global representativo de um

ambiente com o valor de referência da norma NBR10152/2017 para salas de aula cujo valor é

35dB com uma tolerância de 5 dB, percebe-se que o as salas de aula avaliadas apresentam

valores acima da referência da norma, não estando adequadas para o uso. Com estes

resultados, constatou-se que as salas de aula D212 e D213 necessitam de intervenções, com o

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objetivo de melhorar as condições de conforto acústico, para um melhor desempenho de suas

finalidades. Estas melhorias seriam no isolamento acústico sendo o mais importante o

isolamento das portas para o corredor visto que esse é o lugar das principais fontes sonoras.

Para melhorar o isolamento das portas é aconselhável primeiro fazer uma boa vedação com

materiais emborrachados e trocar as portas por portas acústicas encontradas no mercado.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desempenho acústico é um tema de grande relevância na construção civil, visto a

necessidade de garantir o conforto e assegurar a saúde dos usuários na realização de suas

atividades. A educação é indispensável ao desenvolvimento de uma sociedade, a população

passa grande parte de sua vida dentro de instituições de ensino e muitas vezes não

experienciam um bom aprendizado, e um dos motivos é a má qualidade da acústica das salas

de aula. Na busca pelo ensino de qualidade, garantir boas instalações aos estudantes é

imprescindível, e isso é responsabilidade dos engenheiros e projetista.

Na revisão bibliográfica foram abordados conceitos teóricos de acústica como a

natureza do som que se comporta como uma onda elástica, o que determina seu

comportamento físico e a obtenção de variáveis da ondulatória como velocidade do som,

frequência e período, amplitude e parâmetros utilizados na medição do som como pressão

sonora e decibel. Depois foi apresentado o funcionamento do ouvido humano e sua área de

audibilidade. Em seguida foi apresentado dois termos bastante usados na literatura, a acústica

de espaços fechados e a acústica da edificação. Na acústica de espaços fechados foram

apresentados itens relacionados ao comportamento do som em um cômodo fechado como os

fenômeno acústico da reflexão, absorção, transmissão, refração, difração e eco, e parâmetros

usados na avaliação do comportamento do som no ambiente como o tempo de reverberação e

a inteligibilidade. Ainda sobre a acústica de espaços fechados foram mostrados elementos

usados para controlar a reflexão do som no cômodo, os absorvedores de som. Já na acústica

da edificação foram apresentados itens relacionados aos elementos de construção e a

interferência sonora de um ambiente em outro. Para isso foram apresentados o funcionamento

do isolamento acústico entre ambientes e métodos de melhoria desse isolamento acústico

pelos elementos de construção como vedação, piso, portas e janelas e também pelos sistemas

de climatização. Para finalizar a revisão bibliográfica foi mostrada a importante relação entre

tratamentos acústicos e a segurança com a saúde e vida dos usuários, tendo em vista os

acidentes com o uso inadequado de materiais acústico que levaram a incêndios com vítimas

fatais, como o caso da Boate Kiss e o mais recente o Centro de Treinamento do Flamengo.

O capítulo sobre a metodologia experimental foi de grande importância para a

realização do estudo prático. A metodologia usada foi baseada na NBR0152/2017, que

determina as etapas do procedimento experimental e também apresenta os parâmetros de

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referência com base no tipo de uso do ambiente, dependendo da atividade a ser realizada em

um ambiente, existe um limite de pressão sonora permitido de forma a não prejudicar as

atividades em desenvolvimento.

O estudo prático realizado foi importante pois avaliou o desempenho acústico de salas

de aula do Bloco D do Centro de tecnologia da UFRJ, o estudo foi dividido em duas partes, na

primeira parte foi feito uma análise dos elementos acústico com base na revisão bibliográfica

apresentado no capítulo 2, para saber se esse elementos ofereciam o desempenho acústico

necessário, quais eram suas falhas e como poderiam ser melhorados. Na segunda parte foi

realizado as medições dos níveis de pressão sonora das salas de aula e após obtidos os

resultados das medições feitas, foi realizada a comparação com o valor de referência da norma

e conclui-se que o nível de pressão sonora está acima do limite de referência da norma, o que

mostra um desempenho acústico insatisfatório e que para se adequar a norma são necessárias

algumas melhorias no isolamento acústico das salas, sendo aconselhado principalmente a

troca dos sistemas de portas por portas acústicas, visto a grande geração de ruído advindo dos

corredores.

Com base na proposta inicial e os objetivos pretendidos para este trabalho, pode-se

assumir que esse estudo alcançou seus objetivos, que eram avaliar o desempenho acústico das

salas de aula com base na NBR10152/2017. A maior dificuldade deste trabalho foi o

entendimento detalhado da norma para poder realizar as medições de forma que os resultados

fossem verdadeiramente representativos das salas de aula para realizar uma avaliação correta

do ambiente.

Como forma de difundir o conhecimento sobre o tema conforto acústico, é sugerido a

elaboração de estudos de avaliação do desempenho acústico. Um dos principais estudos que

podem ser realizados é a análise da qualidade do discurso nas salas que é um parâmetro

importante para esse tipo de ambiente, que é fundamental no processo de aprendizagem. Para

essa análise fazer a medição do tempo de reverberação que depende principalmente da

quantidade de materiais absorvedores de som presentes no ambiente. Depois de feita a

medição comparar o valor do tempo de reverberação ideal para esse tipo de ambiente

conforme a NBR12179/1992.

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67

Outro estudo futuro importante é a avaliação da acústica do espaço, avaliando o

desempenho acústico das salas de aula em funcionamento, com base em parâmetros como a

interferência do ruído externo e interno, ruído de impacto, a presença de sons que ocasionam a

distração assim como a qualidade da percepção do discurso do professor em todos os pontos

da sala de aula, para completar pode ser realizado a medição dos níveis de pressão sonora

global e espectrais nas bandas de 1/1 de oitava das salas de aula com os aparelhos em

funcionamento, como os ar condicionados, os computadores e projetores, usando como base a

metodologia detalhada da NB10152/2017, e com os valores medidos calcular os parâmetros

como o nível NC representativo de um ambiente e o nível máximo de pressão sonora e

comparar os valores encontrados com os valores de referência apresentados na norma para

salas de aula.

Um outro estudo futuro relevante é a avaliação do isolamento acústico do sistema de

vedação e do sistema de piso. Para o sistema de vedação, é avaliado o isolamento acústico do

ruído aéreo, para isso é calculado a diferença de nível de pressão sonora entre dois ambientes,

que pode ser realizado nas paredes de divisão entre duas salas de aula e entre a sala de aula e

o corredor. Para o sistema de piso é avaliado o isolamento acústico do ruído de impacto,

através da medição dos níveis de pressão sonora de impacto no piso entre duas salas em

pavimentos diferentes. Após as medições nos sistemas de piso e vedação, comparar os

resultados com os valores de referência apresentados na NBR15575/2013.

É sugerido também a elaboração de estudos relacionado ao desempenho acústico em

outros ambientes das instituições de ensino superior, como as bibliotecas universitárias que

são ambientes que necessitam alto grau de conforto acústico para a realização de suas

atividades. Outros ambientes onde o desempenho acústico é de grande importância são os

auditórios das universidades o que torna relevante a avaliação acústica desse tipo de ambiente.

Para essas avaliações seria interessante se basear na NBR10152/2017, que diz os valores de

referência do nível de pressão sonora pra esses tipos de ambientes, e também na norma de

desempenho NBR 15575/2013 que apresenta os parâmetros de referência para o isolamento

acústico dos sistemas de piso e de vedação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. (1992). NBR 12179. Tratamento

Acústico em Recintos Fechados. Rio de Janeiro.

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas . (2017). NBR 10152 Acústica — Níveis

de pressão sonora em ambientes internos a edifcações. Rio de Janeiro .

AGUILERA, P. L. (2007). Potencial de uso da tecnologia de barreiras acústicas para redução

da poluição sonora: estudo de caso no lactec. Trabalho de conclusão de curso de Mestrado

(Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia (PRODETEC)) - Instituto

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BALLOU, G. M. (2008). Handbook for Sound Engineers Fourth Edition. Focal Press.

BERTOLI, S. R. (2001). Avaliação do conforto acústico de prédio escolar da rede pública: o

caso de Campinas.

BITAR, M. L., SOBRINHO, L. F., & ZENARI, M. S. (2015). Ações para a melhoria do

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