Queluz de Baixo Autor: Viriato Pã Revisão: Joaquim E. Oliveira ... · Ponha o arroz num tacho com...
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Estrada das Palmeiras, 59
Queluz de Baixo
2730-132 Barcarena
Título: Cozinha Africana – A Tradição e os Sabores da Boa Cozinha de ÁfricaAutor: Viriato Pã
Revisão: Joaquim E. Oliveira
Design, capa e paginação: Joana Tordo
Fotografia: Gonçalo F. Santos
Fotografias das páginas 25 e 105: Viriato Pã
Fotografias de ambientes: Shutterstock
Impressão e acabamento: Multitipo – Artes Gráficas, Lda.
Depósito legal nº 433040/17
1.ª edição, Lisboa, novembro, 2017
ÍNDICE
ÁFRICA
INTRODUÇÃO
PEQUENO-ALMOÇO
ENTRADAS
PRATOS PRINCIPAIS
SOPAS
PETISCOS
SOBREMESAS
BEBIDAS
ARROZ
MALAGUETAS
ESPECIARIAS
CALDOS
09
10
23
29
41
101
107
123
155
161
169
181
191
8 TEMPERO AFRICANO
ÁFRICA
Quando aterro em África, e particularmente na Guiné, é como se estivesse predisposto a gostar. É um lugar de estimulação sensorial onde os cheiros, os sabores, o calor climático e o humano me oferecem uma paz e uma serenidade inexplicáveis.
África é esticar a mão e apanhar cajus e mangas na herdade dos meus avós, mergulhar em águas cálidas e passar as noites quentes ao relento. São terrenos férteis em )orestas densas e brenhosas, savanas arborizadas, galerias )orestais, planícies pantanosas, palmares, orlas de mangais e margens de rios. É a terra da hospitalidade e da partilha, na qual os estranhos são calorosamente recebidos com um beijo, um abraço ou um aperto de mão; e não se entra em nenhuma casa sem que lhe seja oferecido de comer e de beber.
África faz-me lembrar das manhãs em que as mulheres trabalham num pilão para fazer manteiga de amendoim, ou das tardes em que os homens trepam aos troncos das palmeiras para extrair vinho de palma. É um lugar onde a cozinha está fortemente ligada à terra e ao meio que nos rodeia. Um local onde uma refeição se torna num evento em que se pode forjar um forte vínculo familiar.
África atrai-me e chama por mim. Em África sinto-me inteiro. África é uma terra onde o meu coração vai estar e é lá que quero ter um pé, sempre que possível.
Não nasci, não cresci e nunca vivi em África, mas não há sítio em que me sinta mais em casa.
ARROZ DE ÓLEO DE PALMA COM IOGURTE BADADJI DI SITI KU LITI
para 4 pessoas
200 g de arroz africano,
ou arroz longo
75 g de manteiga
250 ml de água
250 g de calabaceira
250 g de iogurte
50 g de açúcar
50 ml de óleo de palma
vermelho
50 g de mel
Sal marinho
Comece por cobrir a calabaceira com água fria,
demolhando-a durante 1 hora.
Lave o arroz em várias mudas de água, para que perca
a goma e fique mais solto. Demolhe o arroz, no mínimo,
durante 30 minutos ou até a um máximo de 1 dia.
Deste modo, absorve alguma água, cozinha-se mais
rapidamente e os grãos são mais facilmente digeríveis.
Ponha o arroz num tacho com o dobro do volume
de água temperada com sal sobre lume alto. Tape. Assim
que começar a ferver, reduza o lume para o mínimo.
Não mexa o arroz, não só para não o partir, mas também
para não criar goma; assim, evita ficar com um arroz
empapado. Quando o arroz estiver no ponto, o que leva
cerca de 10 minutos, espalhe a manteiga por cima e tape
novamente, para que a manteiga derreta e seja absorvida
pelo arroz, deixando-o rechonchudo, fofo, brilhante
e solto.
Entretanto, pise, amasse e esfregue a calabaceira, para
assim extrair toda a sua polpa. Passe por um passador
de rede, para remover as fibras e os caroços e ficar com
uma pasta grossa. Misture a pasta de calabaceira com
o açúcar e o iogurte e espalhe sobre o arroz.
Sirva o arroz em taças ou tigelas, regue com mel
e borrife com o óleo de palma derretido.
24 PEQUENO-ALMOÇO
CAÇAROLA DE FRUTOS DO MAR COM BENNE E BATATA-DOCE
para 4 pessoas
2 kg de bivalves e univalves, por
exemplo, lapas, búzios, cracas,
quitetas (conquilhas ou cadelinhas),
amêijoas, lingueirões, etc.
1 c. de sopa de azeite
1 c. de sopa de manteiga
1 c. de sopa de sementes de benne,
ou sementes de sésamo
1 c. de sopa de sementes de menguela,
ou sementes egusi
1 cebola picada
2 talos de aipo laminados
1 dente de alho
1 c. de chá de folhas de tomilho
100 ml de vinho branco
500 g de batata-doce
500 ml de caldo de marisco ou água
500 ml de leite de coco
Sal marinho
Estragão
Azeite picante
Lave bem os frutos do mar em várias demolhas de água,
para remover qualquer areia residual.
Salteie a cebola e o aipo em manteiga e azeite até
que caramelizem. Adicione o alho e cozinhe durante
1 minuto, para que este perca a sua assertividade crua.
Triture as sementes de benne e menguela num almofariz
e adicione o pó ao tacho, para criar um roux. Cozinhe
durante 5 minutos, remexendo, para ganhar alguma cor,
e refresque com o vinho.
Descasque e corte a batata-doce em cubos e adicione ao
preparado. Cubra com o caldo, ou com água, e polvilhe
com o tomilho. Leve à ebulição e deixe ferver sobre lume
brando durante 10 a 15 minutos, ou até que a batata-
-doce fique tenra.
Adicione o leite de coco e os frutos do mar e deixe ferver
lentamente, para que os sabores apurem.
Retifique os temperos e termine com um apontamento
de estragão e um fio de azeite picante.
42 PRATOS PRINCIPAIS
para 4 pessoas
Caril
2 kg de caranguejo
(cerca de 500 g cada)
50 g de polpa de tamarindo
3 c. de sopa de óleo
de amendoim
2 cebolas picadas
1 c. de chá de gengibre ralado
1 c. de chá de alho ralado
6 cardamomos
6 cravos-da-índia
2 folhas de louro
2 c. de sopa de caril em pó
200 g de tomate maduro picado
400 ml de leite de coco
Sal marinho
Piripíri
Caracata
500 g de mandioca seca
250 ml de água
Lave, limpe e cape a boca dos caranguejos. Segure cada
caranguejo pelas costas, numa tábua de corte. Insira
a ponta de uma faca de chef diretamente atrás dos olhos
e atravesse rapidamente a lâmina da faca para baixo.
Puxe e torça a carapaça do lado de baixo. Pressione
para baixo no centro da secção das pinças e retire a
tampa superior. Com uma tesoura, remova as brânquias
e o estômago, que fica por trás da boca, e descarte
o saco esponjoso que fica atrás dos olhos. Corte cada
caranguejo em 4 pedaços.
Demolhe a polpa de tamarindo em 500 ml de água morna
durante 20 minutos e dissolva bem com um batedor antes
de passar por um chinês.
Refogue a cebola, o alho, o gengibre, o louro, os
cardamomos e os cravos-da-índia num tacho com óleo
de amendoim. Junte o caril em pó e o tomate, e deixe
refogar durante 5 minutos, para perdem o seu gosto cru.
Acrescente o tamarindo líquido, deixe levantar fervura,
reduza o lume e adicione o caranguejo. Tempere com sal
e piripíri a gosto, e deixe ferver em lume brando durante
5 minutos ou até que o caranguejo fique quase no ponto.
Adicione o leite de coco e deixe ferver durante outros
3 ou 4 minutos, para que o molho fique grosso, avelu-
dado e bem apurado.
Para a caracata, pile ou moa a mandioca até fazer
farinha.
Ponha água a ferver numa panela grande e junte um
pouco da farinha, deixando ferver durante 15 minutos,
para que fique cozida. De seguida, junte a restante
farinha de mandioca e mexa vigorosa e frequentemente
com uma colher de pau. Trabalhe a caracata até que esta
ganhe uma massa densa e de consistência aderente.
CARIL DE CARANGUEJO COM CARACATA
50 PRATOS PRINCIPAIS
PRATOS PRINCIPAIS 51
para 4 pessoas
Creme
250 g de cenoura
250 g de abóbora
1 c. de sopa de azeite
1 cebola picada
1 polegar de gengibre ralado
1 c. de sopa de sementes
de coentro
1 ramo de coentros
500 ml de caldo de legumes
à temperatura ambiente
Sal marinho
½ c. de chá de raspas de laranja
100 ml de leite de coco
Pevides
500 ml de óleo
30 sementes de abóbora cruas
½ c. de chá de sal marinho
½ c. de chá de caril em pó
Lave, descasque e corte as cenouras em rodelas de
1 centímetro. Corte a abóbora em tiras, com a casca,
e reserve as sementes.
Aqueça um tacho grande, junte o azeite, a cebola e o
gengibre e deixe refogar durante 5 minutos. Adicione
a cenoura, a abóbora e as sementes de coentro, aumente
o lume e salteie durante 2 a 3 minutos ou até que as
sementes comecem a escurecer, para abrir os sabores
cítricos do seu óleo.
Junte caldo de legumes até cobrir, tempere com sal
e coza até que os ingredientes fiquem tenros.
Triture o preparado com o ramo de coentros e uma pitada
de raspas de laranja num liquidificador, ou com uma
varinha mágica, e passe por um chinês. Sirva de imediato
(porque os coentros não são resistentes ao calor), com
o que garantirá o máximo de frescura e sabor.
Guarneça com um remoinho de leite de coco e
um apontamento de coentros, e termine com estas
estaladiças sementes de abóbora: aqueça o óleo num
tacho pequeno até aos 200 °C. Frite as sementes durante
aproximadamente 1 minuto, ou até que estalem e
fiquem bem douradas. Seque-as em papel de cozinha,
polvilhe-as com sal e caril e revire-as, para que fiquem
uniformemente cobertas.
CREME DE ABÓBORA E CENOURA COM COENTROS
104 SOPAS