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Rosa Maria de Lima Gomes Processo de Trabalho e Planejamento na Estratégia Saúde da Família

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Rosa Maria de Lima Gomes

Processo de Trabalho e Planejamento na Estratégia Saúde da Família

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Recife2015

Rosa Maria de Lima Gomes

PROCESSO DE TRABALHO E PLANEJAMENTO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

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Gomes, Rosa Maria de LimaProcesso de Trabalho e Planejamento na Estratégia Saúde da Família/ Rosa

Maria de Lima Gomes – Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2015.50p.

Inclui IlustraçõesISBN: 978-85-415-0725-7

1. Estratégia Saúde da Família. 2. Política de Saúde 3. Atenção à Saúde 4. Saúde da Família. I. Título.

CDD 610

GOVERNO FEDERALPresidente da RepúblicaDilma Vana Rousseff

Ministro da SaúdeMarcelo Castro

Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na SaúdeHeider Aurélio Pinto

Diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)Alexandre Medeiros de Figueiredo

Secretário Executivo da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS) Francisco Eduardo de Campos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOReitorAnísio Brasileiro de Freitas Dourado

Vice-ReitorFlorisbela Campos

GRUPO SABER TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

E SOCIAIS UNA-SUS UFPECoordenadora GeralProfª. Cristine Martins Gomes de Gusmão

Coordenadora TécnicaJosiane Lemos Machiavelli

Coordenadora de EADProfª. Sandra de Albuquerque Siebra

Equipe de Ciência da InformaçãoProfª. Vildeane da Rocha BorbaJacilene Adriana da Silva Correia

Equipe de DesignAmarílis Ágata da Silva Cleyton Nicollas de Oliveira Guimarães Silvânia Cosmo

Assessoria – Educação em SaúdeLuiz Miguel Picelli SanchesPatrícia Pereira da Silva

Secretaria AcadêmicaFabiana de Barros LimaGeisa Ferreira da SilvaIsabella Maria Lorêto da Silva

Revisor linguísticoEmanuel Cordeiro da Silva

CONTATOUniversidade Federal de PernambucoCentro de Convenções da UFPE, Espaço Saber, Sala 04Avenida dos Reitores, s/n, Cidade Universitária, Recife - PE, CEP 50.741-000http://sabertecnologias.com.br

© UNA-SUS UFPEÉ PErmitidA A rEProdUção PArciAl oU totAl dEStA PUblicAção, dESdE qUE citAdA A FoNtE.

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Sumário

APrESENtAção ....................................................................................................4

1 EvolUção hiStórico-lEgiSlAtivA do ProcESSo dE trAbAlho No SiStEmA ÚNico dE SAÚdE (SUS).................................................................................................5

1.1 Fundamentações legais .......................................................................................5

1.2 a estratégia saúde da Família (esF) ...................................................................7

2 EStrUtUrAção orgANizAtivA, dirEtrizES E o trAbAlho Em EqUiPES NA ESF .............13

2.1 O prOcessO de trabalhO nO sistema únicO de saúde ........................................... 13

2.2 O prOcessO de trabalhO na esF ......................................................................... 14

2.3 O Olhar dOs prOFissiOnais da esF para a pOpulaçãO ............................................30

2.4 a vigilância em saúde ........................................................................................35

3 PlANEjAmENto NA EStrAtÉgiA SAÚdE dA FAmíliA ..................................................37

3.1 planejamentO ....................................................................................................37

3.2 planejamentO na estratégia saúde da Família .....................................................37

rEFErêNciAS.......................................................................................................43

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Caro(a) espeCializando(a),

Na trajetória dos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF), o desen-volvimento das atividades cotidianas junto a milhares de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) é passivo a todos, tendo por base as normatizações da Polí-tica Nacional da Atenção Básica (2011).

Os cenários onde as equipes da ESF atuam Brasil afora são os mais diversifi-cados possíveis. Convidamos você, nesta disciplina, a ampliar os conhecimentos em relação aos conceitos e às teorias pertinentes aos processos de trabalho na prática das Unidades de Saúde da Família (USF), estabelecendo o intercâmbio social nos territórios de adstrição das equipes de saúde, sob o manto da Política de Humanização do SUS.

Espera-se que a sua reflexão ante os conceitos que se apresentam deva ser respaldada nas análises teóricas estabelecidas, mas, sobretudo, na valorização do empirismo na dimensão dos subjetivados saberes dos sujeitos.

Nesse universo, serão apresentados os horizontes do Planejamento Estraté-gico Situacional (PES) na consolidação da dinâmica dos processos de trabalho, como ferramenta indispensável na otimização dos recursos, no exercício da convi-vência e no fortalecimento dos vínculos na ESF.

Bons estudos!

ApreSentAção

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1 evolução hiStórico-legiSlAtivA do proceSSo de trAbAlho no SiStemA Único de SAÚde (SuS)

O conhecimento e a compreensão do contexto histórico, em grande parte das nossas inquietações, oportunizam que tenhamos uma dimensão maior sobre os temas que nos dispomos a conhecer, abrindo espaço para melhor entendermos as fundamentações teóricas que venham a ser apresentadas no decorrer dos nossos estudos.

O processo de reorganização dos serviços de saúde no Brasil teve seu início a partir da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, no ano de 1988, que assegurou o direito à saúde a todos os cidadãos brasileiros e o dever do estado em provê-la. No Capítulo II, que trata da Seguridade Social, os Art. 196, 197 e 198 definem a amplitude e a abrangência do Sistema Único de Saúde (SUS) como delineador das ações e serviços de saúde e apresentam as suas diretrizes organizacionais.

1.1Fundamentações legais

partindo desse pressuposto, vamos iniCiar, juntos, uma viagem no tempo?

Clique aqui para assistir ao programa O Curioso que trata sobre “A história do trabalho e o processo de trabalho na ESF”.

“...não há sujeito sem história e nem história sem sujeito.”Hanna Arendt

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Será que o SUS necessitava, desde a sua criação, de mais instrumentação jurídica para que fosse estabelecido como política pública de saúde no Brasil?

Você pode imaginar o quanto de esforço teve de ser empreendido para que os interesses de toda a sociedade fossem considerados nas leis que iriam definitivamente regulamentar a política pública de saúde no Brasil?

Partindo desta reflexão, assista ao vídeo produzido na 8ª Conferência Nacional de Saúde . Clique aqui para acessar.

Pode ter certeza de que, no âmbito político, foi uma batalha intensa, capita-neada pelo então Deputado Federal Sérgio Arouca. O fato é que a Lei nº 8080/90 e a Lei nº 8142/90, denominadas de Leis Orgânicas da Saúde, foram finalmente sancionadas, após inúmeros debates e trabalho árduo dos representantes do Movimento da Reforma Sanitarista, da sociedade civil organizada ligada à saúde e muitos outros (BRASIL, 1990a, 1990b).

Faz-se necessário observar que as leis acompanham naturalmente os inte-resses da sociedade, com o SUS não pode ser diferente; portanto, devemos conhe-cera Emenda Constitucional nº 29 e a subsequente Lei complementar nº 141/2012 que, além de regulamentar o § 3º do art. 198 da Constituição Federal, revoga dispo-sitivos das Leis nº 8080/90 e nº 8689/93 e dá outras providências (BRASIL, 2000, 2012a, 1990a, 1993).

Evidentemente, para assegurar que as bases legais do SUS sejam efetivadas em todas as esferas de governo, os estados e os municípios brasileiros são obri-gados a adequarem as suas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais, respectivamente, aos preceitos constitucionais e às leis que regem e normatizam a Política Nacional de Saúde estabelecida pelo governo federal, por meio do Minis-tério da Saúde, no intuito de atenderem aos anseios e às necessidades de toda a população.

Entenda o SUS de forma rápida e fácil lendo este manual (BRASIL, 2006a). Clique aqui para acessar.

Gostaria de ler um artigo sobre as conquistas e desafios do SUS desde sua criação? Clique aqui (BARBOSA, 2013).

Assista ao vídeo produzido pela Fundação Oswaldo Cruz sobre os 25 anos do SUS. Clique aqui (VIDEOSAÚDE..., 2014).

Neste material, você conhecerá os marcos históricos do SUS por meio de uma abordagem didática, lúdica e criativa (BRASIL, 2009a). Clique aqui para ver.

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A tomada de decisão desde a trajetória da criação do SUS até a definição da Estratégia Saúde da Família (ESF) como porta de entrada preferencial da Atenção Básica à Saúde provocou a produção e a institucionalização de inúmeros recursos legais. Entre estes, as Normas Operacionais Básicas (NOB) têm uma relevância ímpar na concretização de toda a política de saúde.

1.2 a estratégia saúde da Família (esF)

Mas, por que tanta conotação? O que as NOB têm a ver com o processo de trabalho na ESF?

FunCiona mais ou menos assim...

Na sua cidade, você sabe quem deve elaborar as leis que

estabelecem como o município vai ser administrado?

Os vereadores!

E quem se responsabiliza em administrar de acordo com

essas leis?

É o prefeito!

Secretaria de Saúde Secretaria Administrativa Secretaria de Planejamento

O prefeito executa, por meio das secretarias (de administração, planejamento, saúde, etc.), as ações que o município precisa para desenvolver a cidade e

promover uma melhor qualidade de vida aos cidadãos.

Ao �nal, o prefeito que contou com equipes bem estruturadas, que seguiram o planejamento proposto para promover ações de que a

cidade necessitava, consegue cumprir a proposta apresentada à sociedade, seguindo as diretrizes inicialmente de�nidas.

Nessas secretarias, há pessoas seguindo as regras de vários setores,

cada um desenvolvendo as suas atividades.

Se houver um planejamento bem estabelecido em cada uma das secretarias

integrando todos os serviços, no �nal, quando somarem-se as realizações, os objetivos e as metas, que se dispôs a

alcançar, podem ser atingidos, indiscutivelmente!!

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Na sua cidade, você sabe quem deve elaborar as leis que

estabelecem como o município vai ser administrado?

Os vereadores!

E quem se responsabiliza em administrar de acordo com

essas leis?

É o prefeito!

Secretaria de Saúde Secretaria Administrativa Secretaria de Planejamento

O prefeito executa, por meio das secretarias (de administração, planejamento, saúde, etc.), as ações que o município precisa para desenvolver a cidade e

promover uma melhor qualidade de vida aos cidadãos.

Ao �nal, o prefeito que contou com equipes bem estruturadas, que seguiram o planejamento proposto para promover ações de que a

cidade necessitava, consegue cumprir a proposta apresentada à sociedade, seguindo as diretrizes inicialmente de�nidas.

Nessas secretarias, há pessoas seguindo as regras de vários setores,

cada um desenvolvendo as suas atividades.

Se houver um planejamento bem estabelecido em cada uma das secretarias

integrando todos os serviços, no �nal, quando somarem-se as realizações, os objetivos e as metas, que se dispôs a

alcançar, podem ser atingidos, indiscutivelmente!!

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É nesse matiz que a construção do SUS tem acontecido, e são as NOB que apresentam como a Política Nacional de Saúde vai ser desenvolvida:

No ano seguinte, em 1997, o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Programa Saúde da Família (PSF) são incluídos como prioridade na política de saúde do MS, com várias portarias ministeriais publicadas, entre estas a de nº 1886/97, com as normas e o funcionamento desses programas (BRASIL, 1997). É nessa urgência em assegurar o Saúde da Família como porta de entrada prefe-rencial do SUS, que é criado o Departamento de Atenção Básica na estrutura do Ministério da Saúde.

Para finalizar esse nosso ensaio legislativo em relação à Estratégia Saúde da Família, ainda se tecerão comentários sobre as Normas Operacionais da Assis-tência à Saúde (NOAS).

NOB 91

A primeira NOB foi editada em 1991, por meio de Portaria do Ministério da Saúde (MS), e tratava dos repasses dos recursos do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde, estabelecendo os critérios a serem cumpridos para a habilitação, além da criação dos Sistemas de Informação Hospitalar (SIH/SUS) e do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS).

NOB 92 No ano de 1992, a NOB/92 foi publicada, com a municipalização da saúde sendo tratada em seu texto.

NOB 93

Posteriormente, no ano seguinte, a NOB 93 estabeleceu as condições de gestão do SUS em Parcial e Semiplena, nos âmbitos estaduais e municipais, atrelando os repasses financeiros a essas condições. Instituiu ainda, as Comissões Tripartite, no âmbito federal, e Bipartite, no estadual.

NOB 96

A NOB 96 é editada em novembro desse ano e implantada, por questões políticas, apenas em 1998.

Consolida a municipalização da saúde e estabelece para os municípios brasileiros a Gestão Plena da Atenção Básica e a Gestão Plena do Sistema Municipal, de acordo com as condições em assumirem a administração dos serviços de saúde.

É a partir da NOB/96 que os critérios dos repasses financeiros são definidos em Piso da Atenção Básica (PAB) fixo - per capita e PAB variável, além dos Incentivos Financeiros para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agente Comunitário de Saúde (PACS), dentre outras.

Fonte: (BRASIL, 2001, 2002a, 2003, 2006b).

Ainda tem mais? Quanta coisa! É muito complicada essa história!

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Então, para facilitar, vamos fazer mais uma analogia? Reflita sobre a seguinte situação:

Digamos que você seja proprietário de uma fazenda com 80 hectares de terra e que apenas 50% é produtiva. Na área, residem, além da sua família, mais 5 outras e, em cada uma delas, 02 pessoas são suas funcionárias. Você e eles, após alguns anos, reúnem-se para avaliar esta situação, chegando a um consenso de que é hora de cada família adquirir as suas próprias áreas de cultivo e decidem que deverão planejar como cada família poderá ser possuidora de 8% das suas terras improdutivas, podendo beneficiá-las para que também se tornem produtivas.

Nesses termos, será que:

Logicamente, a resposta é não!

O que fazer? Desistir? Não é melhor avaliar quais estratégias devam ser propos- tas para atender à singularidade de cada família?

Certamente, com uma boa discussão e com o passar do tempo, haverá uma solução que contemple a todos. Tudo depende de uma articulação coerente e das necessárias percepções da condição de cada família.

Refletindo com a situação, identifica-se um grupo de pessoas desenvolvendo um trabalho, no campo da teoria, para encontrar e definir meios que apontem soluções para atender aos interesses do coletivo nas suas resoluções. A todo esse procedimento denomina-se processo de trabalho.

» Cada família dessas possui as mesmas condições para que todos tenham um só padrão de aquisição?

» Todos têm as mesmas condições de saúde ou são igualmente da mesma faixa etária?

» Todas as famílias possuem o mesmo número de membros?

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assim também é o sus...

Embora já se tenham passados mais de 25 anos de sua criação, há a necessi-dade de aprimoramento constante, respeitando-se sobremaneira as singularidades de cada etapa. É por esse motivo que são necessárias todas essas normatizações.

É objetivando aprimorar os trabalhos e as discussões no atendimento às novas condições político-sociais que, em janeiro de 1991, a NOAS-SUS 01/2002 foi editada (BRASIL, 2002b). Ela tinha por finalidade trabalhar a territorialização administrativa do SUS, regulamentando a regionalização e a hierarquização dos serviços através do estabelecimento do Plano Diretor Regional (PDR), além da Programação Pactuada e Integrada (PPI), coordenada pelo gestor estadual; nesse período, os estados brasileiros criaram as suas regionais de saúde, que têm por objetivo assegurar aos usuários do SUS o maior acesso possível, em qualquer nível de complexidade, aos serviços de saúde, visto que também há o estabeleci-mento, na NOAS 01/2002, do conceito hierárquico da Rede de Atenção à Saúde no SUS em Alta e Média complexidades, além da Atenção Básica.

No aprimoramento da Norma Operacional, algumas portarias foram publicadas posteriormente, tratando das questões relativas aos repasses financeiros, bem como da ampliação das responsabilidades dos municípios quanto aos programas de saúde estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Nesse mesmo ano, foram incor-poradas, de forma incipiente, as ações de Saúde Bucal à Política de Atenção Básica à Saúde, estabelecendo-se os critérios para a sua inserção no modelo da política de saúde vigente naquele momento.

Em 2002, foi proposto e estimulado pelo Ministério da Saúde o Programa de Expansão e Consolidação da Estratégia Saúde da Família (PROESF); nesse bojo, houve o estímulo à formação de novas Equipes de Saúde Bucal (eSB), o que se dá efetivamente em 2004, com a instituição da Política Nacional de Saúde Bucal, por meio da criação do Programa Brasil Sorridente.

Por fim, em 2006 foi regulamentada a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), onde o PSF, cuja concepção do termo “programa” remontava à ideia de algo finito, consolida-se como “estratégia” na reorganização da Atenção Básica, assumindo a nomenclatura de Estratégia Saúde da Família (ESF), igualmente ao PACS, que também assume esse conceito.

Para saber mais sobre o Plano Diretor de Regionalização (PDR) e a Programação Pactuada e Integrada (PPI), clique aqui (BRASIL, 2006c).

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A primeira revisão da PNAB se deu em 2011, através da Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, com as diretrizes e normas atualizadas, onde se identifica o que há de mais recente em relação aos processos de trabalho a serem desenvol-vidos no âmbito da ESF (BRASIL, 2011). A portaria representa a incorporação dos princípios e diretrizes do novo Pacto pela Saúde, entre as três esferas de governo para a consolidação do SUS, expresso nas dimensões: Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão (BRASIL, 2006d). Contudo, é importante lembrar que na implantação dos serviços de saúde devem ser consideradas as especificidades locorregionais.

Quer estar atualizado(a) quanto à legislação que orienta a Política Nacional de Saúde Pública no Brasil? Acesse o site da Biblioteca Virtual em Saúde/MS na aba “Alerta legis”. Clique aqui.

ESF ≠ eSF

Neste livro, iremos diferenciar as siglas referentes a Estratégia Saúde da Família (ESF) e Equipes de Saúde da Família (eSF). Então, fique atento(a)!

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2 eStruturAção orgAnizAtivA, diretrizeS e o trAbAlho em equipeS nA eSF

“É verdade que nem sempre as raízes encontram o melhor solo para se aprofundar”.

Silvia Czapski

As mudanças organizacionais promovidas a partir da concepção do Programa Saúde da Família (PSF) como eixo estruturante e principal estratégia da política de saúde a ser praticada no Brasil têm provocado uma grande revolução nos processos de trabalho, desde a sua implantação.

Dado o caráter substitutivo, as formas de organização e de produção do trabalho em saúde têm sido constantemente convocadas a modificar suas práxis, e são perceptíveis as significativas alterações/transformações no decorrer de todo esse desenvolvimento.

Delinear o caminho e pavimentá-lo, embora as contradições de natureza conceitual e operacional sejam influentes e divergentes na sua aplicação local, além de identificar os conflitos e contornar as dificuldades, passam a condicionar e permitir o estabelecimento de uma relação de apoio mútuo entre os atores sociais (trabalhadores) e as estruturas de gestão da saúde envolvidas, visando à garantia e à estabilidade do modelo substitutivo proposto.

O processo de trabalho, apresentado na sua concepção histórico-social, tem por objetivo atender às demandas dos homens numa conjuntura de produção comprometida com o aprimoramento de ações voltadas para si ou para a coleti-vidade (MARX,1983). Com essa disposição, buscam-se transformar as habilidades e práticas profissionais para que estejam em sintonia com as práticas reais das organizações do trabalho, notadamente na área da saúde, criando ambientes de solidariedade e resolutividade, em conformidade com o nível de complexidade.

Encontrar um modelo de atenção à saúde para o SUS significa conviver com as mais diversas possibilidades de se produzir saúde. No Brasil, a pluralidade dos processos de trabalho é a mola propulsora para atender aos objetivos a que se destina o SUS.

2.1 o proCesso de trabalho no sistema úniCo de saúde

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2.2 o proCesso de trabalho na esFConvidamo-lo a assistir ao vídeo que apresenta uma ação midiática de um

banco, com a apresentação pública da Orquestra Sinfônica Dell Vallès, na execução da 9ª. Sinfonia de Beethoven – Ode toJoy (Hino à Alegria), para tecermos alguns comentários.

Fonte: (BANCO SABADELL, 2012).

Na apresentação, identifica-se, inicialmente, um violoncelista com o seu instru-mento que, atendendo a uma “sinalização” – a moeda colocada na cartola, dá início à execução do seu trabalho, os primeiros acordes de uma Sinfonia.

Em seguida, identifica-se a confluência gradativa de outros profissionais, igual-mente músicos, mas que tocam outros instrumentos, para essa mesma área, cada um na sua especialidade, e todos com o mesmo objetivo. Logo após, um maestro soma-se ao grupo e os conduz sob a sua regência, na continuidade da execução da 9ª Melodia de Beethoven.

Interessante e notória é a perplexidade dos transeuntes que,ao perceberem o desenvolvimento do trabalho, formam uma plateia; atraídos pela música execu-tada na praça, eles começam a interagir com a apresentação; alguns filmam a cena, outros dançam, cantam e se posicionam melhor para ver mais de perto.

Será que poderíamos trazer esse exemplo para o nosso cotidiano da atenção básica à saúde e correlacioná-lo com a estruturação/implantação das equipes que trabalham na ESF? Caso a resposta seja sim, estamos em um bom caminho!

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Preliminarmente, sabemos que a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) apresenta os princípios gerais e as diretrizes e bases a serem seguidas para atender às exigências da ESF, modelo definido como porta de entrada do SUS e estrutu-rante da Atenção Básica à Saúde no Brasil, no tangente à sua complexidade.

Estamos cientes de que aos gestores estaduais e municipais compete executar ações e serviços que contemplem as pactuações assumidas com o governo federal, agente financiador e garantidor da política nacional de saúde, muito embora GOULART (2002), no contraponto, apresente-nos criticamente que poderia existir uma “distância entre intenção e gesto”, quando as formulações das políticas de saúde são propostas e as ações são efetivamente concretizadas.

Essa posição tem uma relação estreita com o processo de trabalho desen-volvido na ESF, visto que ele é orientado pelas normatizações apresentadas pelo MS, muito embora, na sua implementação, sejam constantes as dificuldades na prática dos serviços e habilidades técnicas, nas relações interpessoais no trabalho das equipes de saúde, entre outras, onde considerável número de profissionais desempenha as suas atividades em regime de 40 horas semanais.

Na ESF, o formato das equipes a serem montadas para o desenvolvimento das atividades laborais envolve equipes multiprofissionais na sua construção.

Participam da equipe de saúde da família (eSF) básica (BRASIL, 2012b):

» um(a) médico(a),

» um(a) enfermeiro(a),

» um(a) técnico(a) de enfermagem

» 04 (quatro) a 06 (seis) agentes comunitários de saúde (ACS);

Claudenice - ACS Helena - ACSMarcos - ACS Maria de Jesus - ACS

Cláudio - ACSZizí - ACSMárcia - EnfermeiraPedro - Médico Ana - Tec. enfermagem

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Além da equipe de saúde bucal (eSB)1, composta por (BRASIL, 2012b):

» Modalidade I: um profissional cirurgião-dentista (CD)e um(a) auxiliar de saúde bucal (ASB);

» Modalidade II: um profissional cirurgião-dentista (CD), um(a) auxiliar de saúde bucal (ASB) e técnico(a) em saúde bucal (TSB).

» Modalidade III: profissionais das modalidades I ou II que operam em Unidade Odontológica Móvel.

Após a publicação da PNAB/2011, as modelagens na composição das eSF são flexibilizadas e os profissionais médicos podem ter diversos arranjos de carga horária, em até mais de uma eSF, considerando-se as diferentes realidades de cada município; são incluídas,no contexto da ESF, as Equipes de Saúde da Família Ribei-rinhas (eSFR) para populações que residam nessas localidades,a serem atendidas em USF existentes ou construídas nessas comunidades, onde o acesso a esses moradores se dê por via fluvial; e Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF), que atendem nas Unidades de Saúde da Família Fluviais (USFF). Esses arranjos organizacionais podem ser articulados para atenderem aos usuários da região da Amazônia Legal e Pantanal Sul-Matogrossense (BRASIL, 2011, 2012b).

O processo de trabalho na ESF tem por base as diretrizes e os fundamentos definidos na PNAB, como norteadores das ações e serviços a serem desenvolvidos, na garantia de que os princípios do SUS sejam garantidos na Atenção Básica (AB) à população e que o modelo assistencial reveja as suas práxis.

1 Independentemente da modalidade adotada, recomenda-se que os profissionais de saúde bucal estejam vinculados a uma eSF, registrada no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), e compartilhem a gestão e o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária pela mesma população e território que a eSF à qual integra, e com jornada de trabalho de 40 horas semanais para todos os seus componentes.

Mário - ASBMariana - Cirurgiã-dentista André - TSB

Vejam quanta informação apenas para introduzirmos definitivamente o nosso assunto. Na oportunidade, é interessante lembrar a necessidade constante de adequações na legislação para atender à dinâmica do processo evolutivo no SUS.

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Na implementação da ESF, as diretrizes para a Atenção Básica são apresen-tadas na própria execução, ou seja, na relação entre as concepções dos sujeitos e das instituições participantes. Afinal de contas, são nas estruturas disponíveis que, de fato, as práticas de saúde aprimoram-se.

A PNAB (BRASIL, 2011, 2012b) apresenta como fundamentos e diretrizes para a Atenção Básica e, por conseguinte, para a ESF:

I. A territorialidade

Os profissionais da ESF deverão atuar em uma área definida em seus contornos geográficos pelos gestores municipais, observando-se para que não ocorra sobreposição ou lacuna entre bacias hidrográficas. Estes espaços, denominados territórios adstritos, são o locus operacional das ações e serviços das equipes de saúde, onde serão organizadas as propostas de promoção à saúde, prevenção aos agravos e atenção à saúde dos moradores, de forma a estreitar vínculos e a fortalecer as relações entre os sujeitos envolvidos tanto no campo da afetividade quanto no da resolutividade das práticas de saúde disponibilizadas.

É de suma importância o conhecimento da cartografia da área para se entender os processos de saúde, relacionando-os às práticas das eSF a serem propostas e planejadas junto à população (FRANCO; MERHY, 2007).

II. Adscrição dos usuários

É na adscrição dos usuários que se protagonizam os vínculos, e as demandas se apresentam na orientação necessária às práticas a serem estabelecidas. A população residente nestes territórios constitui, pois, o universo de trabalho da eSF. Por sua vez, esse espaço delimitado é subdi-vidido em microáreas, cuja população não deverá exceder 750 pessoas cadastradas.

Cada eSF deverá responsabilizar-se por, no máximo, 4.000 pessoas, distri-buídas por microáreas, no território de adstrição. Vale esclarecer que a PNAB recomenda um quantitativo médio de 3.000 pessoas. Contudo, sugere-se que este quantitativo de pessoas por território de adstrição seja menor, quanto maior for o grau de vulnerabilidade dos seus residentes (BRASIL, 2011, 2012b).

III. Equipe multiprofissional

Para desenvolver as ações e os serviços de saúde nos territórios sob a atenção da ESF, equipes de saúde multiprofissionais, compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS), formam as equipes de saúde da família (eSF). Conforme apresentado anteriormente, outros profissionais podem ser envolvidos no contexto dos serviços: cirurgiões-dentistas, auxiliares de saúde bucal (ASB) e técnicos em saúde bucal (TSB).

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IV. Integralidade e hierarquização

Na ESF, a garantia do acesso à saúde, patrocinada pela eSF, promove ações interdisciplinares de prevenção, promoção e atenção à saúde dos usuários, não apenas numa ação restritiva à saúde, mas integrada ao contexto social e coletivo das famílias. À medida que são necessárias outras intervenções em maior nível de complexidade, são articuladas estratégias, de forma a atender às necessidades dos usuários/população nos diferentes níveis do sistema, estabelecidos pela Rede de Atenção à Saúde (RAS), o que define o caráter da atenção hierarquizada na ESF.

V. Participação dos usuários

As ações cotidianas das eSF tendem a ser pensadas e planejadas com o objetivo de atender às necessidades da coletividade. Estimular a sua parti-cipação é parte do processo em busca da sua autonomia no gerenciamento das necessidades e propostas de saúde para si e para a coletividade.

Então, além de uma equipe multiprofissional responsável/vinculada a uma população definida numa área de adscrição delimitada geograficamente, o que há de mais peculiar no processo de trabalho na ESF?

Será que os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) têm algo a ver com essa afirmação?

Pode ter certeza que sim!Para entender um pouco melhor, sugerimos que assista ao vídeo Agentes Comunitários de Saúde: aprendendo com a Estratégia Saúde da Família do Brasil (BATEU CASTELO, 2013). Para ter acesso, clique aqui.

São esses profissionais que reforçam a característica da abordagem comu-nitária da ESF. É por meio da intermediação do trabalho deles que as ações se desenvolvem na ESF para dar positividade aos serviços das equipes de saúde.

Ante os esclarecimentos, evidencia-se que o trabalho das eSF, incluindo-se as eSB e os ACS, representa a possibilidade de criar espaços coletivos de saúde, onde as relações e práticas do serviço são alicerçadas. Incluem-se as ações inter-setoriais, a participação comunitária e torna-se indispensável o conhecimento dos dados epidemiológicos do território no planejamento das ações. Para forta-lecer essa nova maneira de promover/produzir saúde, a família, em todas as suas nuances, é o centro das atenções. O trabalho diário das equipes de saúde e dos ACS possibilita a formação de vínculos com os usuários, o que permite percebê- los como sujeitos possuidores de saberes, transformadores da sua história, autô-nomos na construção das suas experiências de vida e de saúde, conhecedores do que promove a sua felicidade.

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Do ponto de vista conceitual, os serviços na ESF desenvolvem-se no uso das tecnologias leves, ou no máximo leve-duras, com enfoque no trabalho vivo; os aspectos relacionais do projeto terapêutico sobrepõem-se aos materiais, sendo a linha do cuidado que deve conduzir a sua integralidade. Como tecnologias leve-duras, no desenvolvimento do trabalho das eSF, são considerados apenas os componentes indispensáveis para a clínica ambulatorial (MERHY; FRANCO, 2003). Portanto, é a linha de cuidado que norteia as atividades desenvolvidas pelos profis-sionais da ESF nos seus territórios de abrangência.

É seguindo as orientações da PNAB/2011 (BRASIL, 2011, 2012b) para a ESF que se concretiza essa concepção. O trabalho em equipe fortalece as relações multiprofissionais e os vínculos entre esses e os usuários. São partilhadas ideias, discussões, projetos, ações e resultados, independentemente das atribuições e competências desempenhadas pelos seus integrantes no seu campo profissional. Freire (2001), Fleury (2009) e tantos outros autores são unânimes em afirmar a importância da participação social na saúde, evitando-se o monopólio do conhe-cimento, produzindo a democratização dos saberes, estimulando-se a autonomia dos sujeitos. Não se concebe a Estratégia Saúde da Família sem a participação popular. A prática profissional médico-assistencial passa a existir numa dimensão da clínica ampliada.

As consultas clínicas individuais de enfermagem, odontologia e médicas, tanto quanto os procedimentos técnico-ambulatoriais continuarão sendo efetuados pelos profissionais das equipes de saúde ESF. O que se propõe é que a abordagem dessas práticas seja pautada na humanização da saúde, na corresponsabilização e na manutenção do vínculo terapêutico (BRASIL, 2009b).

Para saber mais sobre humanização na atenção básica, clique aqui (BRASIL, 2009b).

Em momentos de reflexão sobre o processo de trabalho desenvolvido pelas equipes de saúde, as reuniões de avaliação das equipes de saúde são o termô-metro de como o trabalho está sendo desenvolvido; são também a oportunidade de discutir e encontrar apoio quando as dificuldades, as limitações de cada um e da equipe se apresentam, fortalecendo a unidade entre os profissionais. Os resultados positivos serão o estímulo para se alavancar novos projetos. A riqueza desses momentos são incomensuráveis.

As experiências dos profissionais é um fator de influência nos processos de trabalho nas equipes de saúde da ESF (SCHWARTZ, 2010), pela possibilidade de ser um condicionante positivo ou negativo no desenvolvimento dos processos de trabalho das equipes de saúde, tanto quanto é o nível de conhecimentos, a capaci-dade e a habilidade de cada profissional sobre o desenvolvimento das atividades a serem exercidas no coletivo de uma USF.

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O Ministério da Saúde, ciente da importância da educação permanente no desenvolvimento das políticas de saúde instituídas no Brasil, oportuniza, desde 2010, aos profissionais do SUS, por meio da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS), cursos de qualificação nas mais diversas áreas e em vários níveis acadêmicos. Especialmente para os profissionais de nível superior da ESF, no caso de Pernambuco e Paraíba, é ofertado o Curso de Especialização em Saúde das Famílias e Comunidades por meio de parceria com a Universidade Federal de Pernambuco.

Nessa vertente da necessidade de mais conhecimentos acerca da atenção básica associados à experiência dos profissionais é que acontecem as construções dos mais diversos modelos de atuação das equipes da ESF, distribuídas em 5.343 municípios brasileiros, segundo dados referentes a maio de 2015. Veja mais deta-lhes no quadro a seguir.

Para conhecer mais sobre a UNA-SUS e seu portfólio de cursos a distância, clique aqui.

Quadro 1 – Teto, credenciamento e implantação das estratégias de Agentes Comunitários de Saúde, Saúde da Família e Saúde Bucal

Ano Mês População

Agentes Comunitários

de Saúde

Equipes de Saúde da Família

Equipes de Saúde BucalModalidade I

Equipes de Saúde BucalModalidade II

Cadastrados no Sistema

Cadastradas no Sistema

Estimativa da População coberta

Cadastradas no Sistema

Cadastradas no Sistema

2015 05 193.976.530 269.906 39.996 120.878.931 23.092 2.325

Fonte: (BRASIL, 2015).

Deve ser lembrada a importância do território onde essas equipes devem atuar; ele deve ser conhecido nas suas peculiaridades físicas e geográficas, tanto quanto na sua representação por microáreas, as características e os arranjos do núcleo familiar, as casas e seus tipos, os equipamentos sociais, as ruas, os becos, etc.

Do conhecimento do território é que as equipes de saúde realizam os cadas-tramentos das famílias da área. A cada família é atribuído um número, além da identificação da microárea, representada pelo nome do ACS responsável.

Na 1ª oportunidade, é providenciada a coleta dos dados para o preenchi-mento da Ficha A do SIAB, identificando-se as informações demográficas e os dados sócio-sanitários, o que permite conhecer um panorama das famílias da área adscrita à USF.

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Figura 1 : Exemplo de mapa de território com destaque para as áreas de cada ACS.

Legenda: McA: Microárea | ACS: Agente Comunitário de Saúde

Fonte: (NEVES, 2011, adaptado).

McA 01: ACSAMcA 02: ACSBMcA 03: ACSC

McA 04: ACSDMcA 05: ACSEMcA 06: ACSF

McA 07: ACSGUnidade de Saúde da Família

A essa altura, temos condição de avaliar que um mapa do território é imprescindível para que toda a equipe possa trabalhar e planejar grande parte das atividades. Convém lembrar que existe, como importante instrumento de trabalho na ESF, o Mapa Inteligente. Você sabe o que isso significa?

Esse elemento será tratado com maior amplitude no capítulo referente ao Planejamento na ESF.

Em seguida, na USF, o ACS e os demais profissionais dão início à confecção do prontuário da família, entendido como o principal documento de cada uma das famílias cadastradas na USF. É nele que todas as informações de cada membro estão identificadas: as informações de saúde, as fichas clínicas dos médicos, cirurgiões-dentistas e de enfermagem, enfim, a história de todos é contemplada a partir da sua 1ª entrada na USF. Embora de suprema importância para o acompa-nhamento familiar, muitas vezes é negligenciado pelos próprios profissionais, que sequer preenchem o histórico de saúde dos usuários, as suas prescrições, e/ou os atualiza.

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Convém lembrar que o prontuário é o documento que alimenta (por meio dos dados contidos) e atualiza, como principal instrumento de monitoramento das ações da ESF, o recente Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (SISAB) e o antigo Sistema de Informação da Atenção Básica (SISAB), ainda presente em algumas unidades básicas de saúde.

Visando à reestruturação dos Sistemas de Informação em Saúde da Atenção Básica, o e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) está sendo implantado no Brasil pelo Ministério da Saúde. Em bre-ve, o SUS eletrônico será realidade em todo o Brasil, o que promoverá significativas alterações no processo de trabalho na ESF.

Conforme Nota Técnica do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde – CONASS (2013): “A partir da implementação desta estratégia, pretende-se rees-truturar o atual Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB), substituindo-o gradativamente por um novo sistema de informação, o SISAB – Sistema de Infor-mação em Saúde da Atenção Básica”. Portanto, fique atento(a)!

Trabalhar na ESF requer “algo” mais. É necessário conhecer as peculiaridades relativas aos grupos considerados prioritários nas práticas de saúde. Exemplo: os grupos de gestantes, idosos, hipertensos e diabéticos (HIPERDIA), além de outros que as equipes identifiquem como importantes nas suas áreas de abrangência.

Uma vez estabelecidas essas considerações iniciais, vamos nos imaginar usuá-rios do SUS e residentes em uma área onde vai funcionar uma USF?

Então, imagine que a Unidade Básica de Saúde (UBS), mais conhecida por “Posto de Saúde dos Canaviais”, vai ser readequada para nela funcionar a Unidade de Saúde da Família (USF) dos Canaviais.

Acompanhe o diálogo de Joana e Dona Almerinda:

Unidade de Saúde da Família CanaviaisUnidade de Saúde da Família Canaviais

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Joana: Dona Maria, a senhora soube o que aconteceu? O Posto de Saúde vai mudar para USF.

Dona Almerinda: Eu soube mais... Eu fiquei sabendo que o ginecologista, o pediatra e o clínico geral, que atendiam 02 (duas) vezes na semana, no horário da tarde, vão ser substituídos por 01 só médico. E que, em compensação, ele vai trabalhar todos os dias da semana, pela manhã e à tarde. Só vão permanecer na Unidade de Saúde a enfermeira e as ACS, que toda a comunidade já conhece.

Joana: No mês passado, foi realizada uma reunião na escola municipal, e todas as pessoas foram ouvir o secretário de saúde contar essa novidade. Muitos daqui disseram que não iriam aceitar a mudança, mas a maioria terminou concordando.

O secretário contou que, para ir à consultados médicos que trabalhavam aqui, bastaria que o novo médico da eSF preenchesse uma ficha de encaminhamento e, se fosse necessário, o pa-ciente seria encaminhado para a Policlínica de Saúde, que é onde os especialistas estariam.

Agora eu só poderei ser atendida nessa USF, porque é a da minha área... Eu não estou enten-dendo é mais nada! Antes eu era atendida em qualquer lugar... bastava eu descobrir onde era o “Posto de Saúde” que a fila era menor para marcação de consulta, chegava lá de madrugada e estava garantida! Para marcar os exames era a mesma coisa!

Dona Almerinda: Eu soube que vamos ter direito até a dentista nesse posto que chamam de USF! Antes só vinha um para atender no consultório do Sindicato, e a pessoa tem de ser sócio de lá para ter direito!Eu só quero ver como vai ser chique! Médico todo dia, dentista todo dia, a enfermeira que já está trabalhando com os agentes de saúde, técnico de enfermagem, auxiliar do dentista... vai faltar é gente para tanta consulta, não é mesmo?

Joana: E as ACS vão continuar fazendo as visitas delas na casa da gente. Ainda bem que isso não mudou! Eu vou perguntar para Miriam, que faz visita lá em casa; até porque eu vou querer pegar a primeira ficha para a enfermeira, que eu já conheço.

Dona Almerinda: Não sei ainda o que é que ela vai fazer, mas foi dito que ela vai trabalhar por lá também. E, não é só preenchendo ficha com o nome da gente, perguntando como está a nossa família e, o tempo inteiro, querendo saber e ano-tando tudo do povo aqui da região.

Joana: Eu tenho uma montanha de dúvidas e pergunto: Como será que esse povo vai traba- lhar? O que cada um terá que fazer?

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Uma boa resposta a essas indagações é o que se pode apresentar na prática, apropriadamente, como processo de trabalho na ESF.

As atribuições e competências dos profissionais da ESF são essencialmente baseadas na integração das práticas interdisciplinares e no desenvolvimento de um projeto de atenção à saúde, de acordo com as especificidades que as equipes de saúde identifiquem entre si e a comunidade, em seus territórios.

A PNAB (BRASIL, 2011, 2012b) dispõe em seus textos que, para atender às dire-trizes estabelecidas na política de saúde vigente, além do que é regulamentado pelas legislações de cada profissional, devem ser incluídas as seguintes atribui-ções:

Comuns a todos os proFissionais

I. Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades;

II. Manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos no sistema de informação indicado pelo gestor municipal e utilizar, de forma sistemática, os dados para a análise da situação de saúde, consi-derando as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território, priorizando as situações a serem acom-panhadas no planejamento local;

III. Realizar o cuidado da saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, e, quando necessário, no domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas, associações, entre outros);

IV. Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de saúde da população local, bem como as previstas nas prioridades e protocolos da gestão local;

V. Garantir a atenção à saúde buscando a integralidade por meio da realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da demanda

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espontânea, da realização das ações programáticas, coletivas e de vigi-lância à saúde;

VI. Participar do acolhimento dos usuários realizando a escuta qualificada das necessidades de saúde, procedendo à primeira avaliação (classi-ficação de risco, avaliação de vulnerabilidade, coleta de informações e sinais clínicos) e identificação das necessidades de intervenções de cuidado, proporcionando atendimento humanizado, responsabilizando- se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabelecimento do vínculo;

VII. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compul-sória e de outros agravos e situações de importância local;

VIII. Responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado, mesmo quando necessitar de atenção em outros pontos de atenção do sistema de saúde;

IX. Praticar cuidado familiar e dirigido a coletividades e grupos sociais que visa a propor intervenções que influenciem os processos de saúde-doença dos indivíduos, das famílias, das coletividades e da própria comunidade;

X. Realizar reuniões de equipes a fim de discutir em conjunto o planeja-mento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis;

XI. Acompanhar e avaliar sistematicamente as ações implementadas, visando à readequação do processo de trabalho;

XII. Garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas de infor-mação na atenção básica;

XIII. Realizar trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações;

XIV. Realizar ações de educação em saúde à população adstrita, conforme planejamento da equipe;

XV. Participar das atividades de educação permanente;

XVI. Promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar o controle social;

XVII. Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencia-lizar ações intersetoriais; e

XVIII. Realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as prioridades locais.

Observação: Além do que se apresenta, é facultado aos gestores da saúde alterar o rol das atribuições para atender às prioridades locais.

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atribuições espeCíFiCas a Cada Categoria proFissional

enFermeiro

auxiliar e téCniCo de enFermagem

I. Realizar atenção à saúde dos indivíduos e das famílias cadastradas nas equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.), em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade;

II. Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, solicitar exames complementares, prescrever medicações e encaminhar, quando necessário, usuários a outros serviços;

III. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

IV. Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS em conjunto com os outros membros da equipe;

V. Contribuir, participar e realizar atividades de educação permanente da equipe de enfermagem e outros membros da equipe;

VI. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS.

I. Participar das atividades de atenção realizando procedimentos regula-mentados no exercício de sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.);

II. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

III. Realizar ações de educação em saúde à população adstrita, conforme planejamento da equipe;

IV. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS; e

V. Contribuir, participar e realizar atividades de educação permanente.

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médiCo

agente Comunitário de saúde (aCs)

I. Realizar atenção à saúde aos indivíduos sob sua responsabilidade;

II. Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, ativi-dades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domi-cílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.);

III. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

IV. Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sua responsabilidade pelo acom-panhamento do plano terapêutico deles;

V. Indicar, de forma compartilhada com outros pontos de atenção, a neces-sidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabili-zação pelo acompanhamento do usuário;

VI. Contribuir, realizar e participar das atividades de educação permanente de todos os membros da equipe; e

VII. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da USB.

I. Trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a microárea;

II. Cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros atualizados;

III. Orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponí-veis;

IV. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

V. Acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indiví-duos sob sua responsabilidade. As visitas deverão ser programadas em conjunto com a equipe, considerando os critérios de risco e vulnerabi-lidade de modo que famílias com maior necessidade sejam visitadas mais vezes, mantendo como referência a média de uma visita/família/mês;

VI. Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou coletividade;

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VII. Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevençãodas doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio de visitas domici-liares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, por exemplo, combate à dengue, malária, leishmaniose, entre outras, mantendo a equipe informada, principalmente a respeito das situações de risco; e

VIII. Estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo ações educativas, visando à promoção da saúde, à prevenção das doenças e ao acompanhamento das pessoas com problemas de saúde, bem como ao acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa-Família ou de qualquer outro programa similar de transferência de renda e enfrentamento de vulnerabilidades implantado pelo governo federal, estadual e municipal, de acordo com o planejamento da equipe.

Observação: É permitido ao ACS desenvolver outras atividades nas Unidades Básicas de Saúde, desde que vinculadas às atribuições acima.

Cirurgião-dentista

I. Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epidemiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal;

II. Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a todas as famílias, indivíduos e grupos específicos, de acordo com o planeja-mento da equipe, com resolubilidade;

III. Realizar os procedimentos clínicos da atenção básica em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas cirurgias ambulato-riais e procedimentos relacionados com a fase clínica da instalação de próteses dentárias elementares;

IV. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

V. Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais;

VI. Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;

VII. Realizar supervisão técnica do técnico em saúde bucal (TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB);

VIII. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS.

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téCniCo em saúde buCal (tsb)I. Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva a todas as famí-

lias, a indivíduos e a grupos específicos, segundo programação e de acordo com suas competências técnicas e legais;

II. Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamentos odonto-lógicos;

III. Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;

IV. Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de prevenção e promoção da saúde bucal;

V. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS;

VI. Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à saúde;

VII. Participar das ações educativas atuando na promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais;

VIII. Participar da realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;

IX. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

X. Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal;

XI. Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação técnicadefinida pelo cirurgião-dentista;

XII. Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas;

XIII. Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontológicos na restauração dentária direta, vedado o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;

XIV. Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares;

XV. Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos.

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auxiliar em saúde buCal (asb)I. Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal para as famí-

lias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local e protocolos de atenção à saúde;

II. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

III. Executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho;

IV. Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções clínicas;

V. Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal;

VI. Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe de Saúde da Família, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;

VII. Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;

VIII. Processar filme radiográfico;

IX. Selecionar moldeiras;

X. Preparar modelos em gesso;

XI. Manipular materiais de uso odontológico; e

XII. Participar da realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador.

Para dar maior ênfase ao questionamento feito pelas usuárias, na história rela-tada em texto anterior, torna-se imprescindível refletir como deve ser o outro lado da história:

Suponha que uma eSF (médico, enfermeiro, técnico de enfermagem) e uma eSB (cirurgião-dentista e ASB) sejam apresentadas à comunidade pela Secretaria Municipal de Saúde numa reunião na recém-inaugurada USF dos Canaviais, para somarem-se às 06 (seis) ACS que há mais de 2 (dois) anos trabalham naquela área, até então coberta apenas pela Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS).

2.3 o olhar dos proFissionais da esF para a população

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Nesse dia, em um café de boas-vindas na sede da municipalidade, os profissio-nais foram apresentados uns aos outros. Descobriram que o médico foi designado para trabalhar naquela cidade pelo Programa de Valorização da Atenção Básica (PROVAB) e, tanto enfermeira e técnico de enfermagem quanto os profissionais da eSB foram designados para a USF dos Canaviais após concurso promovido pela Prefeitura da Cidade.

Conversa vai, conversa vem, notaram que, exceto a enfermeira que era da EACS, nenhum deles tinha experiência em Saúde da Família. Foi uma conversa bem animada a que tiveram e, na teoria, todos se irmanavam; o problema foram as dúvidas que se desenhavam à medida que os vários relatos foram sendo apre-sentados.

Eis que surge a seguinte pergunta:

Pedro (médico) diz: E agora? “Como” e “o quê” vamos fazer para atendermos juntos essa população?

A enfermeira, que conhecia a região onde iriam trabalhar, informou que a população da área é de cerca de 4.000 pessoas e mais ou menos 1.100 famílias cadastradas. Boa parte reside na área central do povoado, mais próximas à USF, mas existem 2 localidades onde as pessoas moram um pouco mais distantes umas das outras, em seus sítios. Ela disse que ninguém precisava ficar preocupado, pois os moradores são pessoas muito cordatas e que estão ansiosos por conhecer a equipe.

Mas, voltemos à reunião na USF!

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Além de toda a eSF e a eSB, estavam presentes o prefeito da cidade, grande parte dos secretários municipais, os vereadores, alguns representantes do Conselho Municipal de Saúde, a diretora da escola da região e muitos moradores da área; até porque tratava-se de “inaugurar” a reforma que foi empreendida para funcionar a USF, com consultório odontológico e tudo o mais, além de apresentar a equipe de saúde que no dia seguinte iria começar a trabalhar.

Dantas (Secretário de Saúde) diz: É a saúde chegando perto de onde as pessoas moram... ninguém mais irá à capital procurar por uma consulta com o médico, enfermeiro ou dentista... agora é apenas felicidade!

Na oportunidade, a equipe conheceu muitos moradores e, no final da tarde, retornou à sede do município.

À noite, conforme o combinado, reuniram-se para conversarem um pouco. A cirurgiã-dentista(CD) começou a reunião, pois ficou muito preocupada com a fala dos políticos em relação à eSF e eSB... teve a sensação de que eles estava sendo responsabilizados por toda a vida daquela população!

A enfermeira tratou de acalmá-la e disse que aquele papo é mesmo coisa de político quando está perto dos seus conterrâneos... tanto o médico quanto a ASB e o técnico de enfermagem ficaram rindo!

Pedro (médico) diz: Como é que a gente vai saber quem são os moradores daquela região? Quais patologias são as mais frequentes? Já é conhecido o quadro epidemiológico do território? Há muitos idosos na área? A grande sorte é que a enfermeira já trabalhava por aqui... imaginem se não fosse esse “milagre”?

Mas, infelizmente, ela não tinha todas as informações.

Márcia (enfermeira) diz: Deveremos montar uma estratégia para conhecer o território e as pessoas, antes mesmo de começar a trabalhar. A ASB lembrou ser necessário um mapa da região, para ficar mais fácil de se localizarem.

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Ana (técnica de enfermagem) diz: Podemos começar o dia chamando todas as ACS para conversarem conosco. Lembrem que não tinha nenhum outro funcionário, além deles e dos ACS. Quem vai trabalhar na recepção da USF?

Márcia (enfermeira) diz: Todos os ACS já foram convidados a começar o expediente na USF, bem cedinho, no dia seguinte, até mesmo para conhecerem melhor a nova eSF e eSB.

De comum acordo, decidiram que nenhuma atividade seria realizada, que não fosse relativa a conhecer tudo de que dispunham para trabalhar na USF, incluindo- se insumos, vacinas, medicamentos e até o material de limpeza.

Teriam de se informar quem eram os outros funcionários que a prefeitura enviou para trabalhar na USF como serviços gerais e recepção.

E então definiram assim:

1º bloco de atividades:Decidiram programar uma reunião, com todos os profissionais da USF, pois

era necessário responder a inúmeras indagações, fora o que iria surgir na oportu-nidade. Por exemplo:

» Planejar como iriam conhecer todo o território e as características da popu-lação;

» Construir agendas dos profissionais e uma específica para a USF;

» Identificar o perfil epidemiológico da área;

» Listar que mecanismos poderiam se utilizar para promover as ações neces-sárias e melhorar a qualidade de vida dos usuários;

» Definir como acolher e atender a todos, utilizando-se dos princípios da política do HumanizaSUS, ancorada no “empoderamento” dos sujeitos. Ou seja, em que dinâmica de atividades o acolhimento deveria ser implan-tado?

Gomes (2013) evidencia “o empoderamento” como importante instrumento no desen-volvimento de ações coletivas que estimulem políticas públicas na promoção da equidade em saúde.

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2º bloco de atividadesDefinidos os dilemas dos trabalhadores da USF, este 2º bloco era necessário e

deveria ser realizado com a participação dos líderes comunitários e representantes das organizações sociais da área, objetivando:

» se conhecerem;

» apresentarem as propostas da equipe de saúde;

» ouvir as sugestões deles;

» construírem e planejarem, juntos, como as ações e serviços de saúde deve-riam ser implantadas na USF, que é de todos.

Mas, em se tratando de ESF, nós temos de ser realistas, não é mesmo? Será que é sempre assim que acontecem as implantações das equipes de saúde da ESF, no Brasil, do Oiapoque ao Chuí?

É conhecida a dificuldade dos gestores em manter uma equipe multiprofis-sional completa na ESF e os problemas advindos da alta rotatividade de profissio-nais por inúmeros motivos (LOCH-NECKEL et al., 2009):

» formação acadêmica inadequada;

» precariedade dos vínculos empregatícios;

» baixo valor de salários aplicados;

» gestores não comprometidos com a política do SUS;

» precariedade das instalações da USF;

» a diversidade dos panoramas sociais entre os municípios;

» a falta de infraestrutura nas cidades de pequeno porte;

» a violência urbana que se acentua nas periferias das grandes cidades

» e muito mais.

E quando uma equipe já está implantada com apenas um profissional faltando, e este passa a integrar a equipe depois de tudo estabelecido?

O profissional pode se perguntar:

Médica diz: Ok! Eu cheguei... mas, e agora? Como é que eu vou trabalhar se já “peguei o bonde andando”?

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É hora de:

1. Ir assumindo o que os outros já definiram e "arregaçar as mangas"?

e/ou

2. Analisar a situação instalada e definir, junto com a equipe, como o trabalho pode ser realizado?

Esta dúvida realmente acontece a toda hora e em qualquer lugar. Administrar é necessário. Sentir e avaliar a situação depende da realidade que

o profissional e a equipe estejam vivenciando, mas, essencialmente, tudo deverá estar em conformidade com os compromissos de todos em trabalhar a visão polí-tica das relações sociais, a interdisciplinaridade e o dinamismo que viabilizam o processo de trabalho na ESF.

Na Atenção Básica, a territorialidade é a principal característica da vigilância em saúde, que, por sua vez, compreende as ações da vigilância epidemiológica, sani-tária, ambiental e de saúde do trabalhador, articulando-as no sentido de permitir análises que proporcionem efetividade às ações (TEIXEIRA; SOLLA, 2006).

O seu principal pressuposto é a prevenção aos agravos e a prevenção aos riscos, com base nos dados epidemiológicos levantados e analisados, possibili-tando informações que permitam construir estratégias para evitar que eventos danosos à saúde afetem um indivíduo e/ou a população de um território em análise (TEIXEIRA; SOLLA, 2006).

Apresentada como uma das diretrizes do Pacto pela Saúde, ante as neces-sárias adequações na evolução da política de saúde pública, a vigilância em saúde, conforme apresentado em Brasil (2010), abrange os aspectos da promoção e proteção da saúde, a prevenção dos agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde, no âmbito individual e coletivo, de forma contínua, adequando-se às características do território, dos problemas de saúde identificados e às práticas das equipes de saúde.

A parceria na constante vigilância ao território é um dos aspectos que favo-recem a sua prática, na garantia do princípio da integralidade das ações.

Como exemplo, podemos citar os sindicatos dos trabalhadores rurais (figura 2), que informam continuamente aos serviços de saúde os agravos a que estão submetidos os trabalhadores na lavoura da cana-de-açúcar, numa parceria com as eSF, que também podem identificar a ocorrência na vigilância constante que os ACS desenvolvem no território nas suas visitas domiciliares.

2.4 a vigilânCia em saúde

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Figura 2 – Unidade de Saúde da Família Retirada (Zona Rural de Caaporã-PB)

Fonte: (A autora, 2015).

Ao perceber qualquer incremento nos dados da incidência de algum dos agravos a que estão expostos os trabalhadores deste segmento, os profissionais da eSF e os líderes comunitários, por exemplo, podem propor ações de educação em saúde para os agricultores ou notificar as empresas quanto à gravidade dos fatos, tanto quanto suscitar que o judiciário se posicione e se possa definir uma estratégia que garanta a intervenção e o atendimento à necessidade de todos, independentemente da sua posição na esfera da resolução dos conflitos, fato que estabelece a equidade como ápice no ensejo das ações em movimento.

Em atenção às prerrogativas da interdisciplinaridade das ações, cujo objetivo é intensificar as práticas que promovam melhor qualidade de vida e de saúde, na instituição do bem-estar social, vários segmentos partilham as responsabilidades no contexto ampliado da saúde, em que se contemple a alteridade como prática social instalada (BRASIL, 2004).

Muito comum, em se tratando das questões próprias das relações familiares, a violência é um dos indicadores de saúde que têm estimulado um número expressivo de intervenções dos profissionais da saúde em parceria com outros segmentos da sociedade, a exemplo de escolas, conselhos tutelares, líderes reli-giosos de diversas crenças, ministério público, clube de mães, etc., na defesa por territórios de adscrição comprometidos com a abordagem aos dilemas sociais nas suas mais distintas condições (BRASIL, 2005).

As práticas intersetoriais e integradas da vigilância em saúde podem ser constatadas no cotidiano da ESF em casos de risco de instalação de epidemias, como no caso da dengue, cujo combate tem sido executado pelos mais diferentes segmentos da sociedade, tendo por base os dados produzidos nas notificações informadas ao Ministério da Saúde, em sua grande maioria, pelas equipes da ESF.

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3 plAnejAmento nA eStrAtégiA SAÚde dA FAmíliA

Se nós atentarmos para a humanidade, veremos que o planejamento sempre esteve presente no desenvolvimento das sociedades, desde as mais primitivas. A partir do momento em que temos de desenvolver algum trabalho, elencamos etapas para atingirmos os resultados que nos propomos a alcançar.

O termo planejamento surgiu das teorias aplicadas pela ciência administrativa em atenção ao campo empresarial (GIOVANELLA, 1991).

Planejamento pode ser conceituado como um processo contínuo e dinâmico baseado em intenções e ideias organizadas e orientadas para atingir um determi-nado objetivo, possibilitando as tomadas de decisões. De uma forma bem simples, poderíamos identificá-lo como a não improvisação (GIOVANELLA, 1991).

Paim (2006) conceitua planejamento como:

O planejamento em saúde surge nos anos 60, na América Latina,a partir dos esforços do Centro de Estudos do Desenvolvimento da Universidade Central da Venezuela (CENDES) com apoio da Organização Panamericana da Saúde (OPAS), sendo desenvolvido nos moldes das teorias economicistas (TEIXEIRA,2010).

A sua aplicabilidade desenha-se nos fundamentos básicos do planejamento normativo, muito utilizado na otimização do uso racional dos recursos na saúde. É o marco inicial da utilização dos recursos desse instrumento no Brasil.

3.1 planejamento

3.2 planejamento na estratégia saúde da Família

(...) um modo de explicitação do que vai ser feito, quando, onde, como, com quem, e para quê”, apresentando o planejamento em saúde como um dos maiores desafios para a Estratégia Saúde da Família.

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No entanto, o modelo não atendia à pluralidade das complexidades da área da saúde, sendo substituído pelo planejamento estratégico representado inicial-mente nos postulados de Mário Testa, e, posteriormente ampliado nas suas acepções em Carlos Matus (2007), no livro Adeus, Senhor Presidente.

Na proposição deste autor, variados são os fatores e condicionantes que influenciam no planejamento em saúde, orientando para que sejam monitoradas continu-amente as atividades propostas para adaptarem-se às situações, instruindo os pressupostos do Planejamento Estratégico em Saúde (PES).

Em Gonçalves (2005 apud BIRCHAL; ZAMBALDE; BERMEJO, 2012), Matus atenta para o dinamismo e mutação nos contextos econômicos, políticos e sociais da realidade, ao referir-se ao PES como passível de ser novamente atualizado e/ou alterado em conformidade com a necessidade presente, sem que haja inviabi-lidade na sua execução.

Assim, para creditar ao PES essas características, ele é apresentado em 04 (quatro) momentos fundamentais: o explicativo, o normativo, o estratégico e o tático-operacional (MATUS, 1997 apud BIRCHAL; ZAMBALDE; BERMEJO, 2012).

Figura 3 – Os quatro momentos do Planejamento Estratégico em Saúde

Momento 1Explicar como nasce e

se desenvolve o problema. Explicar a realidade por

intermédio da apreciação situacional.

Momento 3Analisar a viabilidade do

plano ou veri�car o modo de construir sua viabilidade.

De�nir o que é possível por intermédio da análise

estratégica.

Momento 2Fazer planos para atacar as causas do

problema mediante operações. Conceber o plano por meio de apostas.

Momento 4Atacar o problema na prática,

realizando as operações planejadas. Utilizar o cálculo, a ação e a correção no dia-a-dia.

Fonte: (RIEG; ARAÚJO FILHO, 2002, p. 165).

Vamos aproveitar a oportunidade para apresentar a fábula da flauta, muito divulgada pelos gestores da educação, e entender cada um dos momentos apre-sentados acima.

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A FÁbUlA dA FlAUtA

Era uma vez um caçador que contratou um feiticeiro para ajudá-lo a conseguir alguma coisa que lhe pudesse facilitar o seu trabalho nas caçadas. Depois de alguns dias, o feiticeiro lhe entregou uma flauta mágica que, ao ser tocada, enfeitiçava os animais, fazendo-os dançar. Desse modo, o caçador teria facilitada a sua ação.

Entusiasmado com o instrumento, o caçador organizou uma caravana convidando dois outros amigos caçadores para a África. Logo no primeiro dia da caçada, o grupo se deparou com um feroz tigre. De imediato, o caçador pôs-se a tocar a flauta e, milagrosamente, o tigre, que já estava próximo de um dos seus amigos, começou a dançar. Foi fuzilado à queima roupa.

Horas depois, um sobressalto. A caravana foi atacada por um leopardo que saltava de uma árvore. Ao som da flauta, contudo o animal transformou-se de agressivo, ficou manso e parou. Os caçadores não hesitaram, o mataram com vários tiros.

E assim flauta sendo tocada, animais ferozes dançando, caçadores matando...Ao final do dia, o grupo encontrou pela frente um leão faminto. A flauta soou mas o leão não

dançou; ao contrário, atacou um dos amigos do caçador flautista, devorando-o. Logo depois devorou o segundo! O tocador de flauta, desesperadamente, fazia soar as notas musicais, mas sem resultado algum. O leão não dançava. E enquanto tocava e tocava o caçador foi devorado.

Dois macacos em cima de uma árvore próxima, a tudo assistiam. Um deles observou com sabe-doria: Eu sabia que eles iam se dar mal quando encontrassem um animal SURDO!

MORAL DA HISTÓRIA:

» Não confie cegamente nos métodos que sempre deram certo. Um dia podem falhar! » Tenha sempre planos de contingência. » Prepare alternativas para as situações imprevistas. » Preveja tudo que pode dar errado e prepare-se. » Esteja atento às mudanças e não espere as dificuldades para agir.

(Autor desconhecido)

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primeiro momento

terCeiro momento

segundo momento

Quarto momento

ExplicativoEntre os quatro momentos, o explicativo reflete muito bem o que a fábula nos

apresenta, uma oportunidade para analisar as situações e como as enxergamos, cada ator apresentando a sua visão, o que justifica os “vários olhares” para a defi-nição do que deverá ser contemplado no planejamento; é o momento em que os trabalhos são iniciados e se identificam os “nós críticos”.

EstratégicoA viabilidade da operacionalização do planejamento está prevista no 3º

momento... é o momento onde são montadas as estratégias que devem ser estru-turadas para os atores contrários ou indiferentes às ações. Na sua concepção, Matus (2007) aponta as estratégias de negociação e cooperação, ao invés do desgaste de um enfrentamento, como metodologia mais produtiva na geração de possíveis conflitos. É nesse momento que tanto as estratégias quanto a trajetória ainda podem ser alteradas (ARTMANN, 2000).

NormativoNo segundo momento, elaboram-se e elencam-se as prioridades e como se

desenvolverão as ações para desatar os “nós críticos”; as pessoas que atuarão diretamente nessas empreitadas, os cenários possíveis, os recursos a serem envi-dados e também os produtos e os resultados passíveis de serem obtidos, sem esquecer de identificar “as surpresas” ou os leões surdos (como na fábula).

Tático-operacionalPor último, o momento tático-operacional, no qual tudo o que foi planejado

será posto em prática; a gestão e monitoramento das etapas a serem implemen-tadas e os resultados esperados deverão ser constantemente acompanhados para que os impactos das ações relacionadas no primeiro momento sejam contem-plados com resolutividade.

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Você já criou o mapa territorial para demarcar sua área de assistência? Que tal usar o Mapa inteligente?

A territorialização é uma ferramenta básica no contexto do trabalho do PSF. Por meio desta tarefa, é possível (PEREIRA; BARCELLOS, 2006):

• demarcar os limites das áreas de atuação dos serviços;• reconhecer o ambiente, a população e a dinâmica social existente nessas áreas;• estabelecer relações horizontais com outros serviços adjacentes e verticais com centros de

referência.

É importante, no contexto da ESF, possuir um mapa territorial onde estejam identificados os equi-pamentos sociais, algum rio, morro, fábrica, residência das famílias onde há usuários portadores de hipertensão arterial, diabetes melittus, gravidez, etc. Este mapa enriquece o conhecimento de todos sobre o território adscrito, informando, às equipes de saúde, seus dados físicos e geográ-ficos, além das condições de saúde da população.

Ao construir um mapa com estas características, produz-se o que se denomina Mapa inteligente.

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Bairro dos Canaviais

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É de fundamental importância nos reportarmos às expectativas que tínhamos antes de assumirmos os nossos papéis em uma equipe de saúde da ESF. O que vem à mente no momento da decisão de assumir-se como um trabalhador do SUS?

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Você certamente planejou-se para estar na sua unidade de saúde; identificou todas as possibilidades de problemas que poderiam influenciar a sua decisão e, por fim, após vencê-los, decidiu que o seu objetivo é ser um dos profissionais da ESF.

Em seguida, montou esquemas de como iria encontrar a sua equipe, idealizou alguma estratégia para apresentar-se no município ou USF para onde foi desig-nado, enfim, fez conjecturas de todo tipo, considerando as diversas experiências que poderia vivenciar nesses primeiros momentos. Você montou, no plano das ideias, um verdadeiro planejamento para administrar uma circunstância em que variáveis de todas as matizes foram contempladas. E, você conseguiu atingir o seu objetivo!

Agora, é hora de aplicar parte dessa sua experiência, com outro enfoque e mais conhecimento, o Planejamento Estratégico Situacional (PES). É importante entender o planejamento na ESF como parte integrante do processo de trabalho das equipes de saúde.

Esperamos ter contribuído para a reflexão sobre o seu processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família. Sucesso na sua trajetória profissional!

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ARTMANN, E. O planejamento estratégico situacional no nível local: um instrumento a favor da visão multissetorial. In: ARTMANN, E. Cadernos da Oficina Social 3: Série Desenvolvimento Local. Rio de Janeiro: Coppe/UFRJ, 2000.

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reFerênciAS

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Execução:

Financiamento:

Universidade Aberta do SUS