Planejando a Educação Física Escolar
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Planejando a Educação Física Escolar
Prof. Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira
A Educação Física Escolar ao deixar de ser considerada, por lei (LDB 5.692/71),
como atividade para ser considerada, por lei (LDB 9.394/96), como componente curricular,
assumi um novo papel no contexto educacional. Esse novo papel vem atender aos longos
processos de discussões e produções mais fortemente iniciados nos anos oitenta. Trata-se
de um papel pedagógico formativo e informativo de nossas crianças, jovens e adolescentes,
integrantes do processo educacional. Formativo no sentido de estar contribuindo com
aspectos relacionados ao desenvolvimento físico, social e psicológico e, informativo, no
sentido de estar contribuindo com os aspectos relacionados à transmissão e produção do
conhecimento vinculado ao objeto de estudo da área – o movimento humano.
Esse entendimento exige que a Educação Física Escolar seja estudada e organizada
de forma a atender o máximo possível a condição formativa e informativa. Para tanto,
coloca-se como ponto central dessa inserção pedagógica o planejamento, etapa
imprescindível à estruturação e desenvolvimento de um componente curricular.
É senso comum entender a Educação Física como o momento do jogar, do brincar e
não o momento do refletir, pesquisar, analisar e avaliar. O processo histórico, que não
temos a intenção de resgatar aqui, pois supõe-se de conhecimento geral e uma vez que
muitos autores já o fizeram de várias maneiras e formas, pode muito bem justificar e clarear
o porque desse senso comum – atividade com fim em si mesma, recreação, esporte por
esporte e tantos outros significados vazios. Esta prática, por vezes, acaba levando os
docentes ao improviso e ao desenvolvimento de atividades sem a devida preparação,
organização e sentido.
Desta forma, pretendemos neste trabalho, apresentar uma possibilidade de
estruturação da Educação Física Escolar, de forma a propiciar um sentido e um processo de
sistematização dos conteúdos da área com vistas a subsidiar as intervenções pedagógicas.
Planejamento curricular
O principal questionamento quando trabalhamos com o planejamento curricular é o
seguinte: Como organizar os conteúdos da Educação Física Escolar?
Os professores têm muita dificuldade em estar organizando a sistematização dos
conteúdos. Quando trabalhar e com o que trabalhar em cada uma das séries? As demais
disciplinas possuem conteúdos sistematizados que indicam claramente o que trabalhar ao
longo dos anos escolares, mas a Educação Física não o possui e isso acaba por gerar
dúvidas e trabalhos desarticulados e sem seqüência lógica.
Isso é fundamental para qualquer organização curricular que se pretenda. No que diz
respeito ao planejamento e sistematização dos conteúdos da Educação Física Escolar tem-
se a dúvida: deve atender ao desporto, à linha desenvolvimentista que considera os níveis
de desenvolvimento e complexidade das ações motoras, à vertente da cultura corporal ou
outra linha de trabalho?
Desprezar qualquer linha de pensamento ou de prática pedagógica, é como estar
limitando a ampliação e complexidade das possibilidades pedagógicas que cada uma delas
traz implicitamente. Sendo assim, é importante que os docentes se apropriem de todos os
conhecimentos possíveis e que, por intermédio deles, elaborem matrizes curriculares a
ponto de propiciarem avanços pedagógicos palpáveis e úteis ao momento histórico que
esteja vivendo.
Contudo, faz-se necessário entender as limitações tanto pessoais quanto estruturais
dos avanços. Isso pode minimizar choques e retrocessos pedagógicos traumáticos para
todos que participam do processo educativo.
De acordo com Sacristán (1992, p.312), o professor não atua seguindo modelos formais ou científicos, nem elabora estratégias de intervenção precisas e inequívocas segundo modelos de ensino ou de aprendizagem, nem decide a sua prática a partir de filosofias ou declarações de objetivos, pelo fato de responder pessoalmente, e na medida de suas possibilidades, com diferente grau de comprometimento ético-profissional, às exigências do seu posto de trabalho com um grupo de alunos em condições determinadas. Porém, não podemos concluir que, por isso tudo, é um mal profissional. Na sua atividade prática, pode aproveitar idéias e teorias científicas, muito embora se trate sempre de uma elaboração pessoal perante situações complexas em que se deveria contar com o tacto, com a experiência e com o saber-fazer,
depurados por uma crítica realizada a partir dos valores que guiam a ação e a partir do melhor conhecimento possível da realidade e de como esta poderia ser. O conhecimento científico e as teorias pedagógicas, são importantes para conhecermos melhor, para nos conscientizarmos das conseqüências e para descobrir, com mais clareza, caminhos alternativos. Porém, em si mesmas, não orientam diretamente a prática docente.
O autor nos aponta, de forma bastante clara, que entendermos o nosso cotidiano,
nossas condições e realidade se coloca como ponto central nas possibilidades de avanços na
prática pedagógica. A leitura, compreensão e domínio dos conhecimentos e teorias
pedagógicas se fazem como base do saber-fazer, entretanto as variáveis das condições
locais, estrutura, possibilidades de ações, administração, demais docentes, alunos e tantas
outras, impedem, por vezes, a aplicação de novas ações em sua plenitude. Isso deve servir
de alerta e, ao mesmo tempo, de reflexão para avanços gradativos e continuados. Neste
sentido destacamos também o trabalho de Oliveira (1999) que demonstrou como atuar de
forma gradativa na implantação de novas propostas metodológicas e os percalços que o
docente vivencia nesta mudança.
Assim colocado, como a Educação Física pode ser pensada e organizada no meio
escolar?
O primeiro passo ao qual devemos no dedicar é o de uma visão macro da área. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais os definem como blocos (a) esportes, jogos, lutas e
ginásticas; (b) atividades rítmicas e expressivas e (c) conhecimento sobre o corpo. Porém,
entendemos que os conteúdos da Educação Física exigem uma ampliação e redefinição
desta sugestão, ou seja, classificamos como núcleos de concentração e procuramos ampliar
suas abordagens e propiciar maior complexidade deixando-lhes o movimento humano como
objeto de estudo e não apenas modalidades esportivas. Desta forma, os estruturamos como:
a) o movimento em descoberta e estruturação; b) o movimento nas manifestações lúdicas e
esportivas; c) o movimento em expressão e ritmo e d) o movimento e a saúde onde:
a) O movimento em descoberta e estruturação: compreende a fase inicial do movimento
humano, ou seja, a descoberta e a vivência exploratória. Os conteúdos relacionados a
este núcleo cuidarão de oferecer uma formação suficiente à vivência e ao entendimento
do mundo motor de base. A fase de estruturação compreenderá os conhecimentos afetos
à reelaboração e adaptação do mundo motor ao atendimento das diversas manifestações
construídas e praticadas pelo homem;
b) O movimento nas manifestações lúdicas e esportivas: compreende o estudo da cultura
elaborada em relação ao mundo motor. Contemplar o maior número de experiências e
vivências dentro do que o homem criou e estruturou no mundo motor é a função básica
deste núcleo. A sociedade pode ser demonstrada e estudada por meio dos conteúdos
deste núcleo e, o estudo pormenorizado dos conteúdos aqui tratados, poderá contribuir
no entendimento maior de como esta se organiza. Os jogos e esportes e suas múltiplas
variações são os componentes centrais;
c) O movimento em expressão e ritmo: o corpo e suas possibilidades motoras é muitas
vezes esquecido em sua beleza e condição expressiva. Realçar esta faceta de
fundamental importância na estruturação biopsicológica de nossos alunos é função
deste núcleo. A escola é um dos poucos espaços sociais onde as habilidades artístico-
motoras podem ser vivenciadas, exploradas e, assim, contribuir na formação de um
sujeito que consiga perceber e entender um pouco melhor a arte, o seu próprio corpo e
suas possibilidades. As artes cênicas e a ginástica são os grandes componentes deste
núcleo;
d) O movimento e a saúde: o movimento coloca-se como elemento imprescindível às
condições básicas de saúde, assim este núcleo deverá abarcar as questões básicas da
higiene, saúde e atividade física permanente. Este núcleo, da mesma forma que os
demais, é constante em toda a vida escolar do aluno. Ao encerrar o ensino médio, a
última etapa da Educação Física curricular obrigatória, o aluno deverá possuir
autonomia sobre os conhecimentos relacionados ao corpo, suas condições básicas de
higiene e de como se organizar para uma vida saudável fazendo uso dos conhecimentos
aqui trabalhados.
A apresentação dos núcleos e suas nomenclaturas deve ter deixado claro que
entendemos o objeto de estudo da Educação Física como sendo o movimento humano. Este
entendimento é baseado nos estudos fenomenológicos de Merleau Ponty (1994), nos
estudos sobre a motricidade humana de Sérgio (1995), e nas propostas de ensino aberto de
Hildebrandt e Laging (1986), Grupo de Trabalho Pedagógico (1991) e Gallardo, Oliveira e
Araveña (1998).
Para melhor visualização dos conteúdos dos núcleos temáticos, organizamos o
quadro abaixo:
Quadro 01: Organização dos núcleos temáticos e seus respectivos conteúdos
Núcleos Conteúdos Básicos a) o movimento em descoberta e estrutu-ração
Habilidades motoras de base (locomotoras, não-locomotoras, manipulativas, coordenação viso-motora), esquema corporal, percepção corporal
b) o movimento nas manifestações lúdicas e esportivas
Jogos (motores, sensoriais, criativos, intelectivos e pré-desportivos); Esporte Institucionalizado (basquetebol, voleibol, handebol, atletismo, futebol, futsal, ciclismo, outros) e Esportes Alternativos (capoeira, escaladas, caminhadas, passeios, bets, malha, peteca, outros)
c) o movimento em expressão e ritmo
Ginástica, Dança, Brinquedos Cantados, Cantigas de Roda, outros
d) o movimento e a saúde
Higiene e Primeiros Socorros, Ergonomia, Bases Anátomo-fisiológica do corpo humano, Bases nutricionais, Aspectos básicos da metodologia do treinamento, Avaliações do crescimento, desenvolvimento, composição corporal e aptidão física
Os conteúdos apresentados no quadro acima demonstram, de forma ainda reduzida,
a riqueza de conteúdos que a Educação Física Escolar pode utilizar em suas práticas e
superar a mesmice que adota no sistema escolar que causa desânimo e desinteresse nos
alunos ao longo da vida escolar (Oliveira, 2001).
A partir do momento que um quadro de organização geral dos conteúdos e núcleos
foi definido (Quadro 01), deve-se partir para o segundo passo, que é o da distribuição
destes núcleos em forma proporcional a ser destinado ao longo da vida escolar,
considerando-se as etapas de crescimento, desenvolvimento e maturação sócio-cognitiva e
motora dos alunos.
O Quadro 02 abaixo apresenta uma sugestão de como pode ser organizada essa
distribuição e a Figura 01 representa visualmente esta distribuição. Todavia, deve ficar
claro que os docentes devem organizar esta distribuição de acordo com sua realidade.
Quadro 02: Proposta de distribuição de conteúdos ao longo das séries escolares
Ed. Infantil Ensino Fundamental Ens. Médio Séries
Núcleos I II III 1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a 8a 1o 2o 3o
a) o movimento em descoberta e estruturação
50% 50% 45% 40% 40% 30% 30% 20% 15% 10% 10% 10% 5% 5%
b) o movimento nas manifestações lúdicas e esportivas
15% 15% 20% 30% 30% 30% 30% 40% 45% 50% 50% 45% 40% 40%
c) o movimento em expressão e ritmo
30% 30% 30% 20% 20% 20% 20% 15% 15% 10% 10% 10% 15% 15%
d) o movimento e a saúde
5% 5% 5% 10% 10% 20% 20% 25% 25% 30% 30% 35% 40% 40%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Perc
en
tual E
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mad
o
IEI IIEI IIIEI 1EF 2EF 3EF 4EF 5EF 6EF 7EF 8EF 1M 2M 3M
Séries Escolares
Proposta de distribuição de conteúdos ao longo das séries escolares
a) o movimento emconstrução eestruturação
b) o movimento nasmanifestaçõeslúdicas e esportivas
c) o movimento emexpressão e ritmo
d) o movimento e asaúde
Para a distribuição percentual dos núcleos foram levados em consideração, além dos
componentes, os interesses que os alunos manifestam ao longo da vida escolar. A
percepção deste interesse foi extraída de forma empírica e através da vivência junto às
escolas em projetos de ensino e pesquisa realizados na Universidade Estadual de Maringá.
Pode-se perceber que o núcleo “a” tem um desenvolvimento decrescente. Este
processo baseia-se no desenvolvimento e amadurecimento dos aspectos motores das
crianças, jovens e adolescentes. Passa-se pela fase da vivência e descoberta com intenção
de se chegar à fase da exploração e reconstrução do mundo motor. A fase de reconstrução
acaba por exigir elementos outros que não apenas o movimento isolado, mas, este, atrelado
às manifestações corporais construídas pelo homem, os esportes, as danças, ginásticas e
outros. E esses componentes estão também contemplados nos demais núcleos, fazendo
assim uma interface de conteúdos e objetivando muito mais do que simplesmente aprender
uma badeja do basquetebol ou uma cortada do voleibol. O movimento deve ser discutido,
entendido e reconstruído de acordo com as possibilidades de cada aluno.
Para melhor entendimento dessa seqüência vejamos:
Educação Infantil: descoberta dos movimentos fundamentais – fases: inicial, elementar e
madura (Gallahue e Ozmun, 2001, p.100), desenvolver o maior número possível de
vivências e variações procurando levar os alunos a perceberem as condições motoras;
Educação Fundamental (1a à 4a série): exploração dos movimentos fundamentais. Coloca-
se como uma fase onde as vivências devem ser intensificadas e ampliadas em graus de
complexidade. Nesta fase as combinações devem ser estimuladas e exploradas com o
propósito de uma sólida fundamentação do âmbito motor básico.
Educação Fundamental (5a à 8a série): especialização dos movimentos fundamentais e
adaptação aos modelos padronizados das manifestações culturais. A sólida estrutura
organizada no período anterior deve permitir que os alunos consigam se adaptar com
facilidade às exigências motoras das manifestações culturais lúdico/esportivas e ampliar
esta adaptação construindo formas alternativas do âmbito motor. É o momento onde os
alunos estarão estruturando modelos próprios para vencer os obstáculos motores, por isso
se trata de uma fase de muitas experiências.
Ensino Médio: aperfeiçoamento dos movimentos básicos e especializados. Neste período
os alunos estarão dando a forma final e inovadora de como pretendem participar das
manifestações culturais lúdico/esportivas. A estruturação motora atinge o ponto alto nesta
fase e serve como elemento fundamental por toda a vida.
Em relação ao núcleo “b” o do movimento nas manifestações lúdicas e esportivas,
pode-se perceber uma sugestão de ordem crescente ao longo de toda a vida escolar. Para
que haja um aproveitamento adequado de nossas manifestações lúdico/esportivas faz-se
necessário uma ampla base dos movimentos fundamentais. Assim, considerou-se um
percentual menor nas fases iniciais com ênfase no término da 8a série, período do ápice das
experiências lúdico/esportivas com pequeno recuo nas séries subsequentes. O ensino médio
é a última etapa de uma intervenção sistematizada da Educação Física, portanto uma
atenção maior deve ser dada aos aspectos de estruturação de conhecimentos para a futura
prática da atividade física, que esperamos possa se constituir na prática permanente da
atividade física para todos.
Um pequeno exemplo de estruturação seqüencial que pode ser organizado:
Educação Infantil: aplicação de jogos de baixa organização onde as crianças possam
vivenciar de forma variada e estimulante as formas básicas de locomoção e ampliar o leque
motor;
Ensino Fundamental (1a à 4a série): nesta fase a combinação dos movimentos é a tônica.
A introdução de manifestações lúdico/esportivas se dará por intermédio dos grandes jogos e
da prática do esporte básico que atende à ampliação motora geral que é o atletismo.
Entretanto, salienta-se que o atletismo é utilizado apenas como elemento estimulador e
estruturante e não como elemento finalizador das ações e do próprio esporte. É importante
salientar que a variação e aplicação de esportes alternativos são um fator determinante na
motivação dos alunos.
Educação Fundamental (5a à 8a série): esta fase caracteriza-se como a fase do
aprendizado dos desportos institucionalizados. Isto se convencionou historicamente na
Educação Física e hoje é mantido em grande parcela das escolas. Os alunos ao iniciarem a
5a série já esperam por estes conteúdos e práticas. Entretanto, pode-se ampliar esta
expectativa oferecendo-se uma gama maior de opções em relação aos esportes aplicados,
com ênfase nos esportes alternativos e na valorização de todos os participantes,
independentemente de suas condições de performance. O valor, integrador e socializador,
deve ser o norte desta etapa que se coloca como fundamental para a estruturação da
personalidade de nossas crianças.
Ensino Médio: o aluno já está preparado para o enfrentamento das mais complexas
operações motoras. Deve ser estimulado a ampliar e reorganizar as ações motoras com
vistas à ampliação do grau de complexidade das mesmas, ou seja, ser colocado frente a
situações motoras onde sua criatividade possa superar a ação básica do adaptar-se. A fase
criativa e inovadora deve ser fortemente estimulada. É onde os desportos e suas variações
podem contribuir por intermédio de seus sistemas organizacionais, estruturais e de
exigência motora.
O núcleo “c” o do movimento em expressão e ritmo é um espaço reservado à
contemplação da beleza do movimento humano e suas expressividades. A experiência tem
nos demonstrado que se trata de um conteúdo com grande aceitação na fase inicial de
estudos e com rejeição ao longo do processo. Muitos são os fatores que contribuem para
esta “rejeição”, fatores que vão desde o despreparo dos docentes em aplicar de forma
variada e rica esses elementos até uma resistência natural dos alunos em seus processos de
desenvolvimento, onde nas fases pré-adolescência e adolescência existem uma negação à
exposição frente aos demais, aspecto que necessita ser bem trabalhado e adequado para que
frustrações não venham a inibir desabrochares futuros nas artes.
Deste modo, considerando esses elementos sugeriu-se um desenvolvimento do
núcleo “c” onde são respeitandas essas limitações dando-lhe ênfase nas séries iniciais, com
recuo nas séries intermediárias e com novo aumento percentual nas séries finais do ensino
médio. A retomada desse núcleo no ensino médio se dá também pela experiência nessa
área, pois constatamos que os alunos tornam-se mais receptivos a aulas com temas
relacionados às danças populares e atividades expressivas.
Assim, para melhor visualização podemos ter:
Educação Infantil: a predisposição das crianças em participar de atividades dançantes e
expressivas deve ser explorada ao máximo. Nesta fase as cantigas de roda, brincadeiras
cantadas, festivais, teatrinhos, mostras de danças, contos e outras formas de estar
explorando a capacidade rítmica e expressiva deve ser utilizada. As crianças estarão
ampliando as capacidades coordenativas e rítmicas ao vivenciarem estas ações e, com isso,
solidificando um arcabouço motor de base.
Ensino Fundamental (1a à 4a série): a aceitação das crianças em relação a este núcleo
ainda é bastante forte. Neste período são reduzidas as brincadeiras cantadas e incentivadas
formas mais estruturadas de séries ginásticas, de danças e de coreografias que devem ser
organizadas com o propósito de contribuir na constituição de estruturas motoras mais
complexas.
Ensino Fundamental (5a à 8a série): trata-se de um período onde existe a “rejeição” citada
anteriormente. Os alunos colocam-se de forma contrária às vivências com danças e
expressão corporal. Neste período os docentes deverão organizar ações que possam
sensibilizar os alunos e convocá-los para uma participação mais efetiva. O estímulo para
com os desportos é muito forte e, o trabalho de convencimento a cuidados e experiências
com o ritmo, a dança e a expressão corporal deve ser vinculado aos interesses dos alunos
para que não se perca este espaço importante e estruturante do âmbito motor.
Ensino Médio: é uma fase onde o docente volta a ter espaço de intervenção mais efetiva
em relação ao núcleo do movimento em expressão e ritmo, pois se trata de uma fase onde
as questões de gênero se colocam melhor resolvidas e os alunos aceitam aproximações e
ações em conjunto. Outro fator importante é o de se ressaltar a importância que esses
conteúdos têm para as questões relacionadas a relaxamento, stress e concentração.
O núcleo “d” o do movimento e a saúde, é a base para a autonomia futura dos
alunos sobre os conhecimentos vinculados à saúde e à prática da atividade física
permanente. A estrutura proposta foi colocada de forma crescente ao longo da vida escolar,
pois acompanha o amadurecimento e capacidade de abstração dos alunos. Os conteúdos
deste núcleo estão em estreita relação com as áreas de ciências e biologia. Faz-se necessário
não se confundir as ações e as abordagens para que não haja sobreposição de conteúdos das
áreas. A interdisciplinaridade deve ser explorada intensivamente neste núcleo.
A organização seqüencial pode ser assim estruturada:
Educação Infantil: uma fase onde os princípios básicos de higiene e cuidados com o corpo
devem ser estimulados. Os conteúdos devem ser lembrados e cobrados constantemente nas
ações dos alunos. A importância da água, das frutas, do lavar as mãos, das roupas e de
alguns cuidados em relação a quedas, pequenas escoriações e outros se colocam como
temas importantes de serem observados neste período escolar.
Ensino Fundamental (1a à 4a série): os alunos nesta fase já começam a acessar
conhecimentos mais sistematizados e a possuir relações mais diretas com o cotidiano.
Assim, torna-se imprescindível abordar conteúdos ligados ao dia a dia e aprofundar as
observações dos períodos anteriores. Já é possível iniciar conhecimentos de primeiros
socorros em situações como escoriações, batidas, cortes, queimaduras, picadas de insetos e
outros mais corriqueiros e que têm relação direta com o cotidiano das crianças. As questões
ligadas à higiene e alimentação não devem ser esquecidas e sim lembradas e organizadas a
ponto de subsidiar hábitos saudáveis. Quanto aos conhecimentos do corpo e dos
movimentos, faz-se necessário abordar os músculos envolvidos nos movimentos, as
exigências cárdio-respiratórias e as valências físicas de forma geral.
Ensino Fundamental (5a à 8a série): os conhecimentos devem ser aprofundados e
direcionados às ações que são executadas no decorrer das aulas. As exigências físicas,
fisiológicas e motoras dos esportes devem ser claramente apresentadas e estudadas para o
perfeito entendimento dos praticantes. Os alunos necessitam estar de posse desses
conhecimentos para poderem ter consciência de como o corpo é exigido e necessita de
ações para estimulações adequadas. Sem dúvida, os conhecimentos sobre primeiros socorro
e higiene ganham profundidade e consistência ao longo dos anos, sendo possível a
realização de esquetes sobre procedimentos dos casos discutidos e estudados. As condições
alimentares devem ser enfatizadas, uma vez que estamos sendo colocados em risco pela
adoção de hábitos alimentares irregulares e com conseqüências sociais comprometedoras.
Ensino Médio: agora é a fase de fechamento dos conhecimentos para a autonomia em
relação ao mundo motor e suas possibilidades. Os alunos necessitam sair do Ensino Médio
com conhecimentos que possam subsidiá-los no cotidiano sobre a prática permanente da
atividade física. A autonomia só será possível se as temáticas discutidas forem suficientes
para elucidarem os problemas e dúvidas dos alunos e suas necessidades cotidianas. Nesse
espaço de ensino é necessário que temáticas como sexo e esporte, drogas e esporte,
anabolizantes, política desportiva, esportes alternativos, sedentarismo, religião e esporte,
esporte de alto nível, esporte e lazer, tempo livre e outros sejam plenamente discutidas.
Após essa pequena explanação sobre os núcleos e seus percentuais propostos ao
longo dos ciclos escolares, salientando que se trata apenas de uma idéia inicial que pode ser
modificada e adaptada de acordo com as diversas realidades e interesses, passamos ao
terceiro passo que é o da organização dos conteúdos e suas subdivisões. Para esta etapa
passaremos a apresentar apenas alguns exemplos dentro de cada um dos núcleos. Os
docentes de forma geral deverão pesquisar e procurar suas formas de estarem estruturando
este exemplo e os demais conteúdos propostos.
A idéia de estarmos organizando estes conteúdos e fragmentando-os é para nos
localizarmos, ano a ano, até onde podemos avançar em relação a cada um dos tópicos e
sub-tópicos. Muitas vezes surge a dúvida, se eu trabalho o tema andar e consigo esgotá-lo
na primeira e/ou segunda série eu não voltarei a falar sobre o andar novamente? A resposta
é simples, sim, só que de forma complementar e de apoio às demais atividades. O que nós
precisamos entender é que devemos ter uma organização suficiente que nos apoie em uma
estruturação adequada de abordagem dos conteúdos. As teorias demonstram que o andar
está na fase madura a partir dos 4 – 7 anos (Eckert, 1993), assim podemos deixar de
considerar este tema como objeto de aula a partir da primeira série, mas não deixá-lo de
observar nas demais aulas.
Os quadros a seguir demonstrarão como podemos estar organizando os conteúdos
da Educação Física. As planilhas estão organizadas de forma que os docentes possam estar
conferindo, de acordo com suas possibilidades locais, o atendimento ou não de
determinados conteúdos.
Os exemplos são frutos de estudos realizados junto ao Núcleo de Estudos
Pedagógicos do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá1.
Exemplo 01 – Listagem dos conteúdos propostos ao núcleo “a” o movimento em
descoberta e estruturação para o eixo movimento da Educação Infantil.
Núcleo “a”) O movimento em descoberta e estruturação
1- Habilidades motoras (exemplificado parcialmente nos quadros
abaixo)
1 O Núcleo de Estudos Pedagógicos de Educação Física da UEM é composto pelos professores Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira; Sérgio Augusto Rosa; Márcia Regina Grespan e Joceli do Carmo Knebel da Costa
- Locomotoras: andar, correr, saltar, trepar, rolar, quadrupediar, girar,
rastejar, escorregar;
- Não-locomotoras: empurrar, puxar, sustentar, balançar, estender, dobrar
(flexionar), encurvar, retorcer;
- Manipulativos: empunhar, enrolar.
2- Coordenação visomotora
- lançar, receber, rebater;
- coordenação óculo-manual, quicar, conduzir;
- coordenação óculo-pedal, chutar, conduzir com os pés.
3- Combinações
- andar e: chutar, puxar, balançar, lançar, receber, girar;
- correr e: balançar, transportar, saltar, chutar, arremessar, receber;
- lançar e: receber, rebater;
- saltar e: arremessar, girar.
4- Esquema corporal
- estrutura corporal;
- conscientização segmentária;
- postura: estática e dinâmica;
- respiração;
- sensação dos ritmos cardíacos;
- lateralidade: direita, esquerda, dominância lateral;
- equilíbrio: estático e dinâmico;
- noções básicas de higiene: bucal, corporal, vestimenta.
5- Percepção corporal (sentidos)
- percepção visual;
- percepção auditiva;
- percepção tátil.
Após listagem geral dos conteúdos apresentamos alguns quadros com apenas parte
dos conteúdos a fim de possibilitar uma visão geral de como organizar os conteúdos
bimestralmente.
Núcleo “a” - O movimento em descoberta e estruturação
1 - HABILIDADES MOTORAS DE BASE
1.a) Locomotoras
ANDAR
SÉRIES JARDIM I JARDIM II JARDIM III BIMESTRES 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º - na ponta do pé - no calcanhar - lateral interna do pé - lateral externa do pé - para trás - andar lateral - andar lateral cruzado - andar em diferentes velocidades - andar em diferentes direções - andar superando obstáculos - andar em superfície alta e plana
CORRER SÉRIES JARDIM I JARDIM II JARDIM III BIMESTRES 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º - para frente - para trás - em zigue-zague - correr lateral (direita/esquerda) - tocando os pés nos glúteos - elevando joelho - em diferentes velocidades - em diferentes direções - contornado obstáculos
TREPAR SÉRIES JARDIM I JARDIM II JARDIM III BIMESTRES 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º - utilizando as mãos - utilizando as mãos e os pés
ROLAR SÉRIES JARDIM I JARDIM II JARDIM III BIMESTRES 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º - em decúbito lateral - cambalhotas para frente - cambalhotas para trás
SALTAR SÉRIES JARDIM I JARDIM II JARDIM III BIMESTRES 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º � com os dois pés - para frente - para trás - lateralmente � com um pé - para frente - para trás - lateralmente � em altura - de cima para baixo - de cima para baixo com um pé - debaixo para cima - debaixo para cima com um pé - em distância com os dois pés - em distância com um pé - pular corda em movimento pendular simples
- pular corda com os dois pés - pular corda com um pé alternadamente
- pular corda simultaneamente - pular corda com o companheiro
OBS: Em todas as ações locomotoras devem ser trabalhadas as variáveis tempo-espaço
Todos os conteúdos listados foram fragmentados para que o docente possa ter uma
visão geral da amplitude dos conteúdos e como organizar as futuras aulas.
QUADRUPEDIAR (quatro apoios) – GIRAR – RATEJAR – ESCORREGAR devem
receber o mesmo tratamento dos exemplos acima.
1.b) Não-locomotoras EMPURRAR SÉRIES JARDIM I JARDIM II JARDIM III BIMESTRES 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º � com as duas mãos
- para frente - para cima - para baixo - lateralmente � com uma mão - para frente - para cima - para baixo - lateralmente � com as costas � com o quadril � com os dois pés - para frente - para cima - para baixo - lateralmente � com um pé - para frente - para cima - para baixo - lateralmente � com a cabeça � com o apoio de materiais
SUSTENTAR SÉRIES JARDIM I JARDIM II JARDIM III BIMESTRES 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º � em pé - frontal - dorsal - lateral � sentado - frontal - dorsal - lateral � de joelhos
OBS: as estruturas aqui apresentadas não representam o todo das possibilidades. Os docentes deverão refletir e ampliar os esquemas apresentados. Esta organização deve servir apenas como exemplo. Os demais conteúdos propostos para o eixo também podem ser organizados em
quadros como os exemplos acima para que haja uma adequada organização.
Exemplo 02, núcleo “b” o movimento nas manifestações lúdicas e esportivas, para
o componente curricular Educação Física do Ensino Fundamental de 5a à 8a série.
Núcleo “b”) O movimento nas manifestações lúdicas e esportivas
A quantidade de conteúdos que pode ser desenvolvido neste núcleo é enorme. Dessa
forma, uma organização e adequado diagnóstico junto aos alunos são bastante saudável,
democrático e também de caráter formativo, onde os envolvidos devem estar assumindo
responsabilidades com o processo. Todavia, é imperioso que o docente não se deixe abater,
quando do diagnóstico, com as indicações dos esportes que são veiculados pela mídia e
que acabam sendo internalizados no subconsciente (subjetividade moldada) dos alunos, e
que são escolhidos. Como de costume deverão surgir os esportes tradicionais como
basquetebol, futebol, handebol e voleibol. O docente pode e deve acatar o interesse dos
alunos, mas não deve deixar de negociar e apresentar novos conteúdos e esportes, em
especial os que os alunos não conheçam para que possam estar constantemente acessando
novos exemplos e vivências.
Para este exemplo fizemos uma exposição que visa atender da 5a à 8a série. A
fragmentação aqui exposta deverá passar pelo crivo dos docentes e verificação adequada
das condições ambientais.
Núcleo b - O movimento nas manifestações lúdicas e esportivas
1 – Esportes Institucionalizados
1.a) Basquetebol
Conteúdos\Séries* 5a Série 6a Série 7a Série 8a Série Bimestres 1o 2o 3o 4o 1o 1o 2o 3o 1o 2o 3o 4o 1o 2o 3o 4o
a) A histórica do basquetebol a.1) A criação a.2) O período histórico e os fatos marcantes a.3) A evolução do esporte
b) Iniciação ao basquetebol b.1) Grandes jogos b.2) Pequenos jogos
c) Regras c.1) Adaptação de regras c.2) As regras do basquetebol c.3) A súmula do jogo de basquetebol
d) Fundamentos básicos do basquetebol d.1) Adaptação (vivência) ao
material d.2) Atividades motoras de base do basquetebol
1) corridas (em linha reta / zig-zag / para trás / combinadas)
2) saltos e saltitos (para cima / à frente / à trás / para baixo /combinados)
3) passes (uma mão / duas mãos / variações)
4) dribles (em linha reta / zig-zag / à frente / à trás / à lateral- alto, médio e baixo)
5) arremessos (parado / em deslocamento)
d.3) Atividades motoras de base em relação ao outro no basquetebol
1) desarme 2) interceptações 3) bloqueios (corta-luz) 4) fintas 5) dribles (1x1 - 2x1 -
2x2 - 3x2 ...) 6) rebotes - ofensivos e
defensivos e) Tática de jogo e.1) Defensiva (zona / variações - individual / variações) e.2) Ofensiva (zona / variações - individual / variações) e.3) Análise de jogos
f) Habilidades motoras e físicas mais exigidas no basquetebol
f.1) capacidade aeróbica f.2) capacidade anaeróbica f.3) resistência muscular localizada f.4) força explosiva de membros inferiores f.5) equilíbrio
f.6) flexibilidade f.7) agilidade f.8) orientação/percepção corporal f.9) percepção/orientação espacial f.10) coordenação motora geral g) Esquemas de treinamento
para basquetebol g.1) Técnicos
1) dribles 2) passes 3) arremessos 4) fintas
g.2) Táticos 1) ofensivos 2) defensivos
g.3) Físicos 1) capacidades orgânicas 2) capacidades motoras
h) Organização do basquetebol h.1) Política h.2) Econômica h.3) Social h.4) Cultural
i) Jogo propriamente dito
Em seguida apresentamos o exemplo 03 núcleo “c” - o movimento em expressão e
ritmo, para o componente curricular Educação Física do Ensino Fundamental de 1a à 4a
série.
Núcleo “c”) O movimento em expressão e ritmo
Conteúdos \ Séries 1a Série 2a Série 3a Série 4a Série Bimestres 1o 2o 3o 4o 1o 1o 2o 3o 1o 2o 3o 4o 1o 2o 3o 4o
a) Cantigas de roda 1) representação original 2) representação criativa
Cantigas de roda: Eu era assim Alecrim
Eu entrei na roda Da minha viola Pirulito que bate-bate Samba-lê-lê Terezinha de Jesus A linda rosa juvenil Pombinha branca Eu fui no Itororó O cravo e a rosa Nesta rua b) Danças
1) Jogos rítmicos: 1.a) com o corpo 1.b) com objetos 2) Danças Infantis 2.a) origem 2.b) música 2.c) indumentária 2.d) movimentos 2.e) coreografias
Danças: Pézinho Balaio Balainha Tiraninha Quadrilha Caninha verde Cuá Fubá Pau de fitas
c) Expressão corporal 1) imitações 2) mímicas 3) representação de
sensações/sentimentos (alegria / tristeza / nervoso / calmo / risonho / etc.)
4) representação de personagens do cotidiano
5) representações históricas
Dando continuidade aos exemplos, apresentamos o exemplo 04 núcleo “d” - o
movimento e a saúde para o componente curricular Educação Física do Ensino Médio.
Núcleo “d”) O movimento e a saúde
Conteúdos \ Séries 1a Série 2a Série 3a Série Bimestres 1o 2o 3o 4o 1o 2o 3o 4o 1o 2o 3o 4o
a) Testes e medidas 1) Medidas antropométricas
1.1) estatura 1.2) peso corporal 1.3) Índice de Massa Corporal
(IMC) 2) Testes motores
2.1) força de membros superiores e inferiores 2.2) capacidade aeróbica 2.3) capacidade anaeróbica 2.4) abdominal 2.5) flexibilidade (sentar e alcançar)
3) Postura
b) O sistema locomotor 1) sistema ósseo e sua relação com o
esporte 2) o sistema articular e suas
possibilidades de ações 3) o sistema muscular e suas funções
c) O aquecimento 1) conceitos e objetivos 2) importância orgânica 3) estruturação
d) Capacidades Motoras – conceitos/sistemas de avaliação e possibilidades de trabalhos 1) Força 2) Resistência 3) Velocidade 4) Flexibilidade
e) Alimentação e esporte
1) Os macro e micronutrientes 2) Alimentação equilibrada 3) Número de refeições diárias 4) Dietas e saúde 5) Alimentação pré e pós-competição 6) Teor de calorias dos alimentos e
perda calórica no exercício 7) Suplementos alimentares 8) Obesidade e esporte
f) Sexo e esporte 1) A mulher e o esporte 2) A menarca e o rendimento esportivo 3) A gravidez e o desempenho esportivo 4) O homem é mais forte? 5) As diferenças de constituição entre
homem e mulher e sua influência no esporte
g) Drogas e esporte 1) Anabolizantes 2) Drogas/álcool 3) Estimulantes naturais 4) Dopping Esportivo
h) Estruturação de treinamentos com vistas à manutenção da saúde
i) Estruturação de treinamentos com vistas à performance
j) Elaboração de caixa de Primeiros Socorros
k) Lesões articulares e musculares – cãibras – procedimentos
l) Primeiros Socorros: 1) parada cárdio-respiratória e
respiração artificial 2) transporte de feridos 3) afogamentos
m) Esporte e idade 1) limites biológicos da idade 2) influência do esporte no processo de
envelhecimento
n) Esporte e cotidiano 1) Estresse 2) Necessidades básicas do cotidiano
o) Organização de eventos comunitários 1) Passeio ciclístico 2) Caminhada 3) Apoio às campanhas de vacinações 4) Jogos comunitários
Procurou-se, nos exemplos acima, apresentar uma forma de estruturação atendendo
cada um dos blocos em cada um dos níveis escolares (Educação Infantil – Ensino
Fundamental 1a à 4a série – Ensino Fundamental 5a à 8a série e Ensino Médio). É
importante destacar que estes exemplos são apenas alguns dos elementos que devem ser
trabalhados nas escolas, pois conforme o apresentado no Quadro 02, muitos outros
conteúdos devem ser estruturados para atendimento pleno do componente curricular
Educação Física.
A exemplificação apresentada anteriormente, com a fragmentação de todo o
conteúdo pode parecer conteudista e estar atrelada única e exclusivamente à linha
desenvolvimentista. Afirmamos que não, pois será na ação metodológica que o docente
estará dando o norte a ações participantes, integradoras e conscientes da influência do meio
no desenvolvimento global dos alunos. A proposta pedagógica, seja ela qual for, não negará
uma organização e visualização geral dos conteúdos possíveis e úteis de serem ministrados
ao longo da vida escolar. Podemos afirmar ao contrário, que se existe alguma proposta que
não se atenta para o que ensinar e por que ensinar em cada período escolar – o laissez-faire
- estará correndo o risco de ficar à margem do processo educacional. O que nos remete a
refletir se não é exatamente isso o que vem acontecendo com a Educação Física Escolar ao
longo dos últimos trinta anos, uma disciplina (atividade) sem valor pedagógico e sem
legitimidade.
Antes de iniciar o próximo passo, faz-se necessário que o docente tenha claro quais
são os objetivos gerais das séries escolares. Para tanto, apresentamos no quadro abaixo,
uma seqüência de objetivos, de modo que possam demonstrar uma evolução no
encaminhamento e desenvolvimento dos conteúdos do componente curricular Educação
Física.
Quadro 3 – Organização dos objetivos do eixo movimento para a Educação Infantil
Objetivo Geral Vivenciar a motricidade em sua plenitude por meio de ações lúdicas a fim de estimular o desenvolvimento das
habilidades motoras de base
Maternal Estimular o desenvolvimento das múltiplas possibilidades de exploração dos movimentos relacionados ao controle do corpo
Pré I Estimular as crianças para que atinjam o estágio elementar de execução das habilidades motoras fundamentais
Pré II Estimular a utilização das habilidades motoras de formas variadas e criativas Pré III Organizar e integrar as habilidades motoras fundamentais, sobretudo aquelas
culturalmente determinadas.
Quadro 4 – Organização dos objetivos do componente curricular Educação Física para o Ensino Fundamental (1a à 8a série)
Objetivo Geral Explorar e estudar o mundo motor por meio das manifestações da cultura corporal visando o entendimento da
estrutura social e a estimulação ao desenvolvimento das potencialidades motoras. 1a Série Vivenciar atividades que auxiliem no alcance do estágio maduro de execução dos
movimentos fundamentais; apropriação teórico-prática das atividades da cultura corporal (familiar e do meio físico-social próximo); estimular diferentes formas de convivência harmônica entre as crianças por meio de atividades que favoreçam a cooperação, a responsabilidade, a independência e a criação de normas para o trabalho em pequenos grupos.
2a Série Estimular o conhecimento e a participação em atividades ligadas à cultura corporal presentes no cotidiano dos participantes que façam parte de sua comunidade local ou regional; a partir do conhecimento das possibilidades e das limitações corporais, ser capaz de estabelecer algumas metas para si próprio; participar de atividades em grupo, discutindo e criando regras, valores e atitudes relacionados à colaboração, à independência, à responsabilidade e ao respeito às competências individuais e às diferenças entre meninos e meninas.
3a Série Ampliar e aperfeiçoar as habilidades motoras desenvolvidas nas séries anteriores; estimular a capacidade de organização técnica conhecendo e diversificando as formas de realização das atividades, dos jogos e das brincadeiras; conhecer e desenvolver as atividades que fazem parte da cultura corporal regional e do estado.
4a Série Facilitar a apropriação dos conhecimentos e vivências das atividades da cultura corporal regional e nacional; ampliar e aperfeiçoar a combinação das habilidades motoras fundamentais; analisar e construir normas, regras e valores para o desenvolvimento de atividades em grupo.
5a Série Estudar e vivenciar as formas dos desportos institucionalizados com ênfase em seus fundamentos e valências físicas básicas; reconhecer as formas motoras básicas para a prática dos desportos e suas relações com o cotidiano; estudar a influência de hábitos saudáveis para a qualidade de vida.
6a Série Estudar e vivenciar as formas dos desportos institucionalizados com ênfase aos seus fundamentos e valências físicas básicas; ampliar as experiências em ginástica e suas manifestações cotidianas; identificação e estudo do processo histórico desportivo; estudar sobre a influência de hábitos saudáveis para a qualidade de vida.
7a Série Estimular a participação em atividades desportivas institucionalizadas com o propósito de aprimoramento e vivência da fundamentação anteriormente praticada; estudar os sistemas táticos e técnicos dos desportos institucionalizados; analisar as técnicas ergonômicas e posturais adequadas para as ações cotidianas.
8a Série Estudar sobre a influência da vida ativa para a manutenção da saúde; ampliar a participação no desporto institucionalizado por meio de ações organizacionais e vivências práticas; estudar as formas básicas de condicionamento físico.
Quadro 5 – Organização dos objetivos do componente curricular Educação Física para o Ensino Médio (1a à 3a série)
Objetivo Geral Explorar e analisar o mundo motor por meio das manifestações da cultura corporal, visando o entendimento e
a autonomia frente aos conhecimentos relativos à prática da atividade física permanente 1a Série Entender o corpo como elemento de relação e linguagem humana; estudar as
mudanças anatômico-fisiológicas do homem e da mulher no cotidiano e no esporte; aplicar os esquemas táticos e técnicos na prática do desporto institucionalizado; estudar e aplicar os sistemas de organização desportiva e recreativa junto aos acadêmicos do ensino fundamental.
2a Série Analisar a participação do fenômeno esportivo na cultura humana; utilizar o desporto como elemento fomentador ao entendimento das estruturas sociais vigentes; capacitar os acadêmicos para a plena utilização dos conhecimentos sobre o corpo para a manutenção de hábitos saudáveis; vivenciar a aplicação de sistemas de treinamento junto ao grupo e individualmente.
3a Série Capacitar os acadêmicos para que atinjam autonomia sobre os conhecimentos relativos à prática permanente da atividade física; estimular a prática das manifestações da cultura corporal como elementos imprescindíveis à qualidade de vida saudável; estimular a vivência dos conhecimentos referentes a atividades recreativas e de prática de atividade física permanente junto aos familiares e comunidade.
Os objetivos apresentados não encerram todas as possibilidades de ações que devem
ser trabalhadas ao longo da vida escolar, apenas foram colocados para que o docente
pudesse ter uma idéia clara da evolução a ser atribuída aos conhecimentos da Educação
Física, mais especificamente ao mundo motor. Iniciamos o trabalho na Educação Infantil
procurando possibilitar as mais inúmeras vivências para que as crianças possam conhecer
suas possibilidades. Avançamos para a exploração e estudo no Ensino Fundamental e
encerramos o Ensino Médio possibilitando a exploração e análise do mundo motor com
vista à autonomia. Esta seqüência deve ser organizada e contemplada nos planos
pedagógicos das escolas.
Para um resgate geral do que vimos até o momento, organizamos a figura
ilustrativa abaixo das etapas trabalhadas e a serem trabalhadas pelo docente, para que se
possa possibilitar uma visualização geral das idéias defendidas aqui.
Figura 2 – Esquema do processo estrutural do planejamento educacional escolar
A Figura 2 traz em seu topo a apresentação da Proposta Pedagógica (PP) da escola.
A PP deve se constituir como a luz norteadora de todas as ações a serem desencadeadas
pela escola.
De acordo com Consolaro (2000, p. 260) a PP deve ir além de um simples
agrupamento de planos e atividades; não é algo para ser construído e em seguida arquivado
e deve ser construído e vivenciado por todos no processo educativo. E tem por finalidade
ofertar à escola autonomia financeira, estrutural e pedagógica; dar liberdade e capacidade
para constituição de sua identidade e atendimento aos requisitos regionais e locais e, por
fim, colocar a escola como espaço público, lugar de debate e de diálogo para uma reflexão
coletiva.
Os pontos destacados pelo autor (op. cit.) são imprescindíveis para que possamos
avançar com as questões pedagógicas escolares. As atuais leis educacionais possibilitam
PROPOSTA PEDAGÓGICA
Organização dos Núcleos Temáticos
Seleção e organização dos
conteúdos da área da Educação Física Escolar
Seleção e organização dos objetivos da área
da Educação Física Escolar
Elaboração dos Planos Curso
Unidade Aula
Avaliação
que caminhemos nesse sentido coletivo e autônomo, entretanto, ainda há muita resistência e
temor em assumir essa condição de construção pedagógica coletiva dentro da escola.
Muitos temem assumir responsabilidades que lhes cabem, com o receio dos erros e da
necessidade da constante atualização pedagógica.
De nada ou muito pouco vai adiantar o desenvolvimento de um trabalho, como o
aqui apresentado, se ele estiver desvinculado dessa estrutura maior que é a PP. É
fundamental que o docente se inteire das propostas e das condições gerais de sua escola
para que possa atender, com a sua área de conhecimento, os propósitos pedagógicos
centrais estabelecidos pela PP.
Para encaminharmos um fechamento para este trabalho, apresentamos, na
seqüência, uma organização geral dos pontos até aqui detalhados recuperando alguns
exemplos e chegando até o plano de aula.
Passo 01) Definição dos núcleos temáticos para a área (verificar quadro 01)
Núcleos Conteúdos Básicos a) o movimento em
descoberta e estruturação
Habilidades motoras de base (locomotoras, não-locomotoras, manipulativas, coordenação viso-motora), esquema corporal, percepção corporal
Passo 02) Estruturação dos conteúdos e suas possibilidades de abordagem (verificar
exemplos gerais)
Núcleo a - O movimento em descoberta e estruturação
1 - HABILIDADES MOTORAS DE BASE
1.a) Locomotoras
ANDAR
SÉRIES 1ª SÉRIE 2ª SÉRIE BIMESTRES 1ºB 2ºB 3º B 4º B 1º B 2º B 3º B 4º B Revisão do andar - imitativo - na ponta do pé - no calcanhar - lateral interna do pé - lateral externa do pé - pé ante pé - andar lateral - andar lateral cruzado Obs.: trabalhar com as variáveis espaço-tempo.
Passo 03) Estruturação dos objetivos e suas possibilidades de abordagem (verificar
exemplos gerais)
Objetivo Geral Explorar e estudar o mundo motor por meio das manifestações da cultura corporal visando o entendimento da
estrutura social e a estimulação ao desenvolvimento das potencialidades motoras. 1a Série Vivenciar atividades que auxiliem no alcance do estágio maduro de execução dos
movimentos fundamentais; apropriação teórico-prática das atividades da cultura corporal (familiar e do meio físico-social próximo); estimular diferentes formas de convivência harmônica entre as crianças por meio de atividades que favoreçam a cooperação, a responsabilidade, a independência e a criação de normas para o trabalho em pequenos grupos.
De posse dos passos iniciais, elaborar a matriz que deverá atender à elaboração dos
planos de curso, unidade e aula.
Passo 04) Organização dos planos de curso e unidade (assinalar nas planilhas os
conteúdos que deverão ser trabalhados em cada uma das séries e em que bimestres)
Esta etapa facilitará sobremaneira as etapas de organização anual e bimestral.
ANDAR
SÉRIES 1ª SÉRIE 2ª SÉRIE BIMESTRES 1ºB 2ºB 3º B 4º B 1º B 2º B 3º B 4º B Revisão do andar X - imitativo X - na ponta do pé X - no calcanhar X - lateral interna do pé X - lateral externa do pé X - pé ante pé X - andar lateral X - andar lateral cruzado X Obs.: trabalhar com as variáveis espaço-tempo.
Ao finalizar esta etapa o docente deverá ter claro quantas aulas tem no ano e
organizar a distribuição de forma adequada para que possa estar distribuindo os conteúdos
selecionados nas respectivas cargas-horárias. Normalmente e, de acordo com a atual Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, as escolas têm de trabalhar 200
dias ano, isso eqüivale a 40 semanas. As aulas de Educação Física normalmente são
ministradas em uma média de duas horas-aula semanais. Assim, temos, aproximadamente,
uma carga horária de oitenta horas aula ano, sendo vinte para cada bimestre. Esses cálculos
podem variar de escola para escola de acordo com o projeto pedagógico de cada uma.
Dessa forma, o docente deverá, obedecendo os passos anteriores, organizar a
distribuição adequada dos conteúdos selecionados de acordo com a carga-horária de que
dispõe ao longo dos anos escolares.
Passo 05) Organização dos planos de aulas
Esta etapa se caracteriza como de difícil execução pelos docentes da área da
Educação Física. A experiência nos tem demonstrado que uma parcela bastante reduzida de
docentes faz uso deste elemento didático imprescindível. Entretanto, vamos reforçar o valor
do plano de aula e apresentar um exemplo com ênfase na característica problematizadora.
Um plano de aula deve estar totalmente atrelado ao contínuo das etapas anteriores e
deixar clara a sua importância na organização e ordem geral dos conteúdos trabalhados.
A estrutura básica que temos hoje se prende a três etapas básicas:
Introdução: momento de organização dos conteúdos a serem tratados no decorrer
da aula, com o adequado preparo dos alunos para o seu enfrentamento. Apresentação dos
objetivos propostos e ações a serem desencadeadas.
Desenvolvimento: momento onde os conteúdos e as ações são vivenciados,
discutidos e refletidos.
Conclusão: momento final onde se resgata o objetivo proposto para a aula e
analisa-se sua importância, forma como foi tratado e se foi atendido pelas estratégias
organizadas. Coloca-se também como um momento de preparo às próximas aulas
programadas e ações/estudos que devem ser executados.
Destacamos que a definição do tema da aula e seus objetivos devem ser
previamente estabelecidos. As etapas salientadas se prendem ao desenvolvimento da aula.
Ao falarmos em temas de aulas, por vezes nos defrontamos com temas que são
impossíveis de serem vencidos em uma ou duas aulas. Estes devem estar sendo previstos
para mais aulas e estar organizados de tal forma que haja uma seqüência adequada das
ações e um avanço gradativo destas. Muitas vezes o tema se altera, mas não
necessariamente o conteúdo básico.
Como exemplo do que foi citado apresentamos os planos atendendo a seqüência dos
passos anteriores.
PLANO DE AULA
Conteúdo Básico: Andar
Tema definido: Uma caminhada pela floresta encantada
Carga-horária estimada: 01 hora aula Turma: 1a série Sexo: Misto
Objetivo Geral: Levar os alunos a apresentar e vivenciar formas de caminhar fazendo uso
de interpretação corporal de estórias, para que consigam perceber as diferenças existentes
entre as diversas formas desta habilidade motora de base
Conteúdos No de aulas
Estrutura Metodológica
1
Revisão do andar
- imitativo
- na ponta do pé
- no calcanhar
- lateral interna do pé
- lateral externa do pé
- pé ante pé
- andar lateral
- andar lateral
cruzado
Aula 01 Tema: “Uma caminha pela floresta encantada” Introdução: apresentação do objetivo proposto para a aula e resgate de formas de caminhar alternativa que possuímos. Desenvolvimento: a) Solicitar que os alunos imaginem uma floresta
encantanda; b) Imaginar o que se pode encontrar em uma floresta
encantada. Ao se citar alguns dos elementos/situações deve-se imaginar a forma de andar para ela:
- animais (andar imitativo); - pedras (lateral interna/externa); - espinhos (pontas dos pés); - rio/lagoas (deslizar); - lama (passos largos); - areia quente (calcanhar); - pontes/troncos (andar pé ante pé); - caminhos estreitos (lateral/lateral
cruzado) - por galhos finos (pontas dos pés)
c) Manter constante questionamento aos alunos sobre as partes dos pés que estão sendo utilizadas na execução dos movimentos;
d) Construir uma pequena estória com as formas criadas pelos alunos.
Conclusão: a) Estabelecer uma pequena reunião final para atender aos
questionamentos: - o que foi fácil? Por quê? - o que foi difícil? Por quê? - que partes do pé foram utilizadas em
nossas caminhadas? - utilizamos estas formas de caminhar só
na floresta encantada ou no dia-a-dia também? Quando?
b) Como tarefa de casa todos deverão procurar figuras de pessoas caminhando em jornais e revistas. Observar como é o andar do papai, da mamãe, do irmãozinho, dos avós (verificar se há diferenças)
PLANO DE AULA
Conteúdo Básico: Andar
Tema definido: Andar corretamente
Carga-horária estimada: 01 hora aula Turma: 1a série Sexo: Misto
Objetivo Geral: Levar os alunos a vivenciar formas de caminhar fazendo uso de
observações em sala, para que consigam perceber e destacar as diferenças existentes entre
as diversas formas desta habilidade motora de base
Conteúdos No de aulas
Estrutura Metodológica
1
Revisão do andar
- imitativo
- na ponta do pé
- no calcanhar
- lateral interna do pé
- lateral externa do pé
- pé ante pé
- andar lateral
- andar lateral
cruzado
Aula 01 Tema: Andar corretamente Introdução: apresentação do objetivo proposto para a aula e observação e discussão sobre as tarefas solicitadas na última aula. Desenvolvimento:
a) Explorar as figuras trazidas pelos alunos e debater sobre as observações realizadas por eles;
b) Comentar sobre o andar corretamente e apontar detalhes que devem ser observados;
c) Apresentar fotos e cartazes com esquemas e detalhes que devem ser observados no andar;
d) Solicitar que todos experimentem o andar e observem os pontos destacados;
e) Introduzir o ritmo com batidas de palmas para que os alunos comecem a perceber as diferenças rítmicas;
f) Apresentar alguns problemas: - quais partes dos pés devem ser
colocadas no solo ao andarmos? - por que andar para trás é difícil e que
cuidados devemos tomar? - correr e andar tem a mesma técnica? - quem está com dificuldades no andar da
forma como estamos falando? Conclusão:
a) Estabelecer uma pequena reunião final para atender aos questionamentos:
- é fácil andar corretamente? Por quê? - que partes do pé devem ser utilizadas
em nossas caminhadas? - quando devemos nos preocupar com o
andar correto? - todos andam corretamente?
b) Como tarefa de casa procurar responder ao questionamento: se nós conseguimos andar de formas diferentes, será que nós podemos correr de formas diferentes? De quantas maneiras podemos correr, apresente pelo menos quatro formas.
Como pontos de avaliação para as duas aulas exemplificadas nós temos: aula 01 –
os alunos deverão demonstrar que percebem as diversas formas de andar e que conseguem
destacar as dificuldades que cada uma das formas de andar exige; aula 02 – os alunos
devem apontar de forma detalhada os pontos a serem observados no “andar correto”.
Assim, o docente terá possibilidades de dar continuidade ao seu trabalho e adequar o
planejamento elaborado, com respostas imediatas por parte dos alunos sobre a aquisição
dos conhecimentos e vivências destacadas como significativas de serem trabalhadas no
desenvolvimento da disciplina.
Da mesma forma que as avaliações devem ser realizadas a cada aula, ação igual
deve ser exercida ao final de cada unidade e de cada ano. Este processo contínuo de
avaliação irá possibilitar que o plano seja constantemente aperfeiçoado e atualizado para
que possa atender plenamente às expectativas idealizadas quando de sua elaboração. Todos
nós somos levados a sonhar mais do que podemos, mas isso é fundamental para que
possamos estar sempre em busca de algo melhor. Planejar mirando um ideal distante e
estar consciente das reais possibilidades nos permite readequações constantes para a
possível concretização do sonho.
Em relação ao aspecto metodológico, pouco comentado neste trabalho e que
entendemos, será o elemento que dará todo o sentido a ele, pois é na ação pedagógica da
aula que efetivamente um currículo se mostra, salientamos que hoje a Educação Física
possui várias propostas. As que mais se destacam estão apresentadas no trabalho
Metodologias Emergentes em Educação Física (Oliveira, 1997), onde o docente poderá
obter informações e optar por aprofundamentos e vivências que enriqueçam a sua prática
pedagógica. Voltamos a destacar que a intenção deste trabalho foi o de apontar indicações
de caminhos à estruturação de um planejamento, sem contudo, aprofundar as discussões,
algo que deverá ser apresentado em futuros trabalhos do Núcleo de Estudos Pedagógicos de
Educação Física da UEM.
Encerramos este trabalho destacando que todo o material aqui apresentado é fruto
de vários estudos e envolvimento com a escola que, de certa forma, tem atendido ao
problema que os docentes enfrentam ao se depararem com a missão de elaboração do
planejamento. O caminho é longo e trabalhoso, mas entendemos que sem o estudo e esforço
para a adequada organização dos conteúdos da área, pouco se poderá avançar no sentido de
legitimar a Educação Física no sistema educacional.
Referências:
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Maringá: Dental Press International, 2000.
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GALLARDO, J.; OLIVEIRA, A. A. B. de e ARAVEÑA, C. Didática de Educação Física.
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GRUPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO. Visão didática da Educação Física: análises
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OLIVEIRA, A. A. B. de. Educação Física no Ensino Médio – período noturno: um estudo
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SACRISTAN, J. S. Teoria de la enseñanza y desarrollo del curriculo. Madrid - Espanha:
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SÉRGIO, Manuel. Motricidade humana. Contribuições para um paradigma
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