PERFIL DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES DE … 2001/2001Lima, Jeorgia Costa... · pelo apoio, amor e...

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MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGEU MAGALHÃES DEPARTAMENTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA XVI ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA PERFIL DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES DE RESIDENTES DO MUNICÍPIO DE GRAVATÁ 1999 RECIFE 2001

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MINISTÉRIO DA SAÚDE

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGEU MAGALHÃES

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA

XVI ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

PERFIL DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES

DE RESIDENTES DO MUNICÍPIO DE

GRAVATÁ – 1999

RECIFE – 2001

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MINISTÉRIO DA SAÚDE

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA

XVI ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

PERFIL DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES DE RESIDENTES

DO MUNICÍPIO DE

GRAVATÁ - 1999

Monografia apresentada pela aluna Jeórgia Costa Lima

como cumprimento parcial para conclusão do XVI Curso de Especialização

em Saúde Pública, promovido pelo NESC-CPqAM-FIOCRUZ

Orientação: Prof. Fábio José Delgado Lessa

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SUMÁRIO

Agradecimentos...................................................................................................04

Apresentação.......................................................................................................05

Lista de Tabelas e Gráficos.................................................................................06

I – Introdução......................................................................................................07

Caracterização do problema

Marco Teórico

II – Justificativa...................................................................................................15

III – Objetivos......................................................................................................16

Geral

Específico

IV– Metodologia.................................................................................................17

Área de Estudo

População

Tipo de Estudo

Descrição das variáveis

Método de coleta

Método de análise

V – Resultados.....................................................................................................21

VI – Discussão.....................................................................................................34

VII – Conclusões e considerações finais.............................................................38

VIII – Referências Bibliográficas........................................................................39

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles, cujo apoio se expressa em cada linha desse trabalho

vivo e sentido...

À Deus pela realidade de nossa existência

Meus pais que sempre me ensinaram o valor do estudo e do trabalho

Meu professor – orientador, Fabio Lessa, pelo exemplo educacional,

dedicação e incentivo

E, aquele que estive ao meu lado no desenvolvimento desse estudo,

pelo apoio, amor e valorização profissional – André.

Jeórgia Costa

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APRESENTAÇÃO

Estudos de morbidade têm sido um importante instrumento de definição do

Modelo de atenção do SUS, portanto são capazes de subsidiar gestores no

planejamento das ações desenvolvidas pelos Serviços. Dispor de dados e

transforma-los em informação deve ser para o profissional de saúde o meio para

construção do conhecimento em saúde. É nessa perspectiva que este estudo

propõe descrever o perfil das internações dos residentes de Gravatá no ano de

1999, segundo variáveis epidemiológicas: sexo, idade, município de residência,

diagnóstico por capítulo do CID-10 e evolução e variáveis assistenciais: tempo de

permanência no leito e valor de internação. Através da utilização das informações do

SIH/SUS, busca-se informações que serviram de instrumento para avaliar a

importância econômica das doenças, o controle das doenças transmissíveis, o

planejamento dos serviços preventivos, o planejamento dos serviços adequados de

tratamento, entre outros.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 : Distribuição das internações por sexo segundo cap. do CID-10,

Gravatá,1999

Tabela 02 - Distribuição das internações por faixa etária segundo capítulo do CID-

10, Gravatá,1999

Tabela 03. Distribuição das internações de residentes de Gravatá por município de

ocorrência, Gravatá,1999

Tabela 04 : Distribuição das internações, por valor médio e tempo de permanência

segundo classificação diagnóstica do CID-10, Gravatá,1999

Tabela 05 : Distribuição de óbitos hospitalares e letalidade segundo Capítulo CID-

10,Gravatá,1999

Tabela 06: Distribuição de óbitos por faixa-etária e diagnóstico por capítulo do CID-

10, Gravatá, 1999

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 : Distribuição dos internamentos por capítulo do CID-10, Gravatá,1999

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PERFIL DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES DE RESIDENTES DO MUNICÍPIO

DE GRAVATÁ - 1999

I - INTRODUÇÃO

Embora as informações provenientes das estatísticas de hospitalização

sejam freqüentemente alvo de críticas, em razão de sua limitação quanto à

abrangência, ou até mesmo pela sua qualidade, não resta dúvida de que elas

podem ser bastante úteis para várias finalidades. Do ponto de vista administrativo e

na avaliação da utilização de recursos financeiros são numerosas as possibilidades

apresentadas pelas mesmas. (Lebrão,1997)

Por ser próprio de todos os seres vivos e particularmente do homem o

fenômenos de adoecimento e morte tem sido objeto de reflexão desde as

sociedades mais primitivas até as contemporâneas. As explicações sobre a doença

e a morte tem se acumulado na história da Humanidade (Fonseca, 1997).

As sociedades pré-históricas que se caracterizam pelo nomandismo

entendiam que a doença e a morte eram causadas pelas divindades iradas contra

seus adoradores. Nas sociedades que adotaram o modo de produção asiática a

doença e a morte eram entendidas como decorrentes da “quebra das normas

reguladoras da relação homem-divindade-soberano” (Carvalho,1998, p.45). Nas

sociedades escravistas, organizadas pelo modo de produção agrícola,

especialmente na Grécia antiga, sob influência de Hipócrates, a doença e a morte

começaram a ser explicadas por uma abordagem puramente natural em detrimento

das interpretações mágicas e religiosas ainda predominantes (Fonseca,1998).

Durante a Idade média, na Vigência do feudalismo, a doença e a morte eram

explicadas predominantemente pela abordagem religiosa. A doença era traduzida

como posessão demoníaca ou expiação dos pecados (Fonseca,1997)

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Nas sociedades pré-históricas a morbimortalidade, era marcada pela

desnutrição, prática de infanticídio, acidentes de caça e homicídios. A natalidade e a

expectativa de vida eram baixas e a mortalidade alta. Com o advento da agricultura

(fato que marca as sociedades antigas), a taxa de natalidade começa a aumentar,

mas a expectativa de vida e a mortalidade não se alteram. O perfil de

morbimortalidade no contexto das antigas sociedades foi acrescido pelas doenças

infecciosas e parasitárias, devido a alta concentração populacional em cidades de

precárias condições de saneamento. Foi a partir desse período que a humanidade

conheceu as grandes e históricas epidemias que dizimaram muitas vidas,

principalmente na era feudal (Carvalho,1998). Com o advento do capitalismo, uma

nova formação social passou a existir e com ela as exigências de proteção à saúde

pelo Estado. É nesta sociedade chamada de industrial, que desenvolvem-se através

da estatística e da Medicina Social, os Estudos e as práticas de saúde voltadas para

a compreensão sobre os modos de adoecer e morrer das coletividades (Paim

eAlmeida, 1998)

Nos últimos anos, o Brasil tem experimentado mudanças não só no que diz

respeito à sua estrutura demográfica e epidemiológica, como também, nos aspectos

financeiros e tecnológicos da assistência à saúde. Modificações consideráveis

ocorreram em termos de mortalidade, morbidade, fecundidade e migração e essas

alterações podem ter influído nas mudanças encontradas na assistência hospitalar

(LEBRÃO, 1997)

No Brasil, a investigação epidemiológica sistemática, que entre outras

atividades, inclui a elaboração e o monitoramento do perfil de morbimortalidade,

iniciou com a criação do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI) em 1990

(Rouquayrol 1993). Anteriormente a esta data, os estudos sobre as causas de

adoecimento e morte eram feitos mediante interesses pontuais do Estado ou de

grupos científicos. (Rodrigues, 1979,p.29)

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De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, de 1900 a 1940 as doenças

infecciosas predominavam como principal causa de morte (43,5% do total dos

óbitos), enquanto as doenças do aparelho circulatório correspondiam a 14% e as

neoplasias malignas atingiam apenas 3,9% do total de óbitos. Em 1970 o padrão de

morbimortalidade se reconfigura apresentando as doenças do aparelho circulatório

como a principal causa de mortalidade 24,8%, as doenças infecciosas e parasitárias

em segundo lugar com 15,7% e as neoplasias malignas, na terceira colocação com

9,7% . (DADOS/RADIS,1984)

Segundo o Ministério da Saúde (1986), até o primeiro triênio da década de

1980, as doenças do aparelho circulatório passaram a ocupar 33,5% dos óbitos, e

em segundo lugar, causas externas com 14,85%, substituíram as doenças

infecciosas que ocuparam o quarto lugar com 7.97%, enquanto na terceira

colocação mantiveram-se as neoplasias malignas, com 11,9%. Esta é a mais

significativa modificação histórica no padrão de morbimortalidade ocorrida no Brasil

nas últimas décadas: o descenso das causas de morte por doenças infecciosas e

parasitárias e a ascenção das crônica-degenerativas, destacando-se as

cardiovasculares (Araújo,1992). Este quadro, parece sugestivo de que o Brasil

tenha entrado na fase que Omram, mencionado por Araújo chamou de “Era das

doenças degenerativas e das causadas pelo homem”, a qual teve início com a

Revolução Industrial e alcança os tempos modernos(Araújo, 1992). Compreende-se

que nesta “era”, há um declínio das doenças infecciosas, a expectativa de vida

atinge 70anos as principais causas de morbimortalidade passam a ser as doenças

cardiovasculares e as neoplasias malignas, ocorrendo uma diminuição do

crescimento demográfico (Araújo,1992)

Todavia, o perfil de morbimortalidade que se configura no país a partir de

1980, pelo fato de apresentar-se influenciado pela violência, por doenças

emergentes e pelo ressurgimento de doenças outrora banidas, (Veras e Dutra,

1993), caracteriza-se como uma polarização epidemiológica (Carvalho,1998). Estas

alterações do quadro de morbimortalidade deve-se, de acordo com Veras e Dutra, a

redução das taxas de natalidade e mortalidade infantil, ao aumento da expectativa

de vida, ao acelerado processo de envelhecimento, a introdução de novos estilos de

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vida, hábitos alimentares, e os progressos das ciências médicas e técnicas

cirúrgicas, (Veras e Dutra, 1993)

Dentre estes fatores, a mortalidade e a natalidade, que se apresentam

elevadas no começo do século, iniciam a queda em 1930 e em 1970,

respectivamente (Duchiade,1995). A variação nestes indicadores refletiu-se no

”aumento da expectativa de vida ao nascer que passou de 45,9anos, em 1950 para

65,5 anos, em 1991, indicando o processo de envelhecimento da população, com

aumento contínuo e significativo na proporção de indivíduos com idade superior a

60anos” (Barreto e Carmo, 1994p.8). A tendência acentuada do aumento

populacional de idosos verifica-se durante a década de 1980 quando os óbitos por

doenças crônico-degenerativas assume o primeiro lugar no padrão de mortalidade.

No tocante às doenças infecto-parasitárias, principalmente as

reemergentes, que persistem no quadro epidemiológico brasileiro, Araújo (1992)

explica que este fenômeno resulta das históricas iniqüidades sociais, e

particularmente na saúde, que se verifica ao longo da história do Brasil, que ocorrem

tanto entre indivíduos, quanto entre as regiões, as quais evidenciam duas outras

polarizações ao lado da epidemiológica: a geográfica e a social. A polarização

geográfica refere-se a existência de regiões com índice de mortalidade comparável

ao de países muito pobres. Nestas regiões encontram-se ainda grupos

populacionais com significativa diferença dos indicadores de morbimortalidade, o

que caracteriza a polarização social.(Araújo,1992)

Baseado em dados IBGE 1996 o Estado de Pernambuco apresentou entre

as principais causas de internações, em ordem decrescente de magnitude, as

doenças do aparelho respiratório, doenças infecciosas e parasitárias, doenças

cardiovasculares, enfermidades do aparelho digestivo, transtornos mentais e

afecções perinatais ( foram excluídas as complicações na gravidez, parto e

puerpério, em virtude da predominância do parto normal, evento que não retarda o

quadro patológico). (Freese de Carvalho, E. et al, 1998)

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Segundo a Organização mundial de Saúde, existe uma grande variedade de

fontes de dados sobre morbidade , das quais podemos citar: a notificação

compulsória de doenças; as estatísticas hospitalares; as estatísticas de serviço de

assistência médica ( pacientes de ambulatório); os registros médicos de industrias e

escolas; os registros especiais de doenças, os registros de óbitos; os inquéritos de

morbidade, entre outros (Laurenti, 1987). Sabendo ser a informação essencial à

tomada de decisões; no que diz respeito à atenção à saúde, estas, são

imprescindíveis ao atendimento individual, e a abordagem de problemas coletivos,

utilizando-se o conhecimento que gera desde a assistência direta nas unidades de

saúde até o estabelecimento de políticas específicas e a formulação de planos e

programas. (Mota,Eduardo & Carvalho, Déa Mara,1999 et.all...)

As informações com que mais comumente se trabalha podem ser

classificadas de acordo com a sua aplicação, com os diversos tipos de ações e

serviços e com as práticas de atenção à saúde e gestão, como é o caso das

informações de caráter clínico que se relacionam com a atenção individual e

compõem o conjunto de informações sobre morbidade e mortalidade, acesso e

demanda por serviços (atendimentos hospitalares e ambulatoriais, registros de

exames, óbitos, seguro social, acidentes de trânsito e de trabalho)

O produto de atividades setoriais de saúde tais como a vigilância

epidemiológica, estatísticas vitais e administração de serviços ( pagamentos por

serviços produzidos, cadastros de estabelecimentos), são geradores dos grandes

bancos de dados nacionais (Sistema de Informação sobre mortalidade – SIM,

Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informações

sobre Agravos de Notificação -SINAN, Sistema de Informações Ambulatoriais do

Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) e Sistema de Informações Hospitalares –

SIH/SUS. Inclui também bancos de dados gerado por atividades de outros

setores(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada – IPEA,etc).( Carvalho, 1997)

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As informações advindas dos Sistemas além do suporte para a gestão dos

serviços, orientam a implantação dos modelos de atenção de promoção da saúde e

das ações de prevenção e controle de doenças. Porém, apenas contribuirão para

desenvolvimento dos modelos de atenção à saúde se forem difundidos entre

profissionais e disponibilizados à população. (Carvalho, DM,1999)

Um sistema de informação em saúde pode ser entendido como um conjunto

de componentes (estruturas administrativa e unidades de produção) que atuam

integrada e articuladamente e que têm como propósito obter e selecionar dados e

transforma-los em informação, com mecanismo e práticas próprios para a coleta,

registro, processamento, análise e transmissão da informação (Moraes,1994). Como

parte do sistema de saúde os sistemas de informação integram suas estruturas

organizacionais e contribuem para o cumprimento das finalidades institucionais e

técnico-operacionais de todas as suas unidades em determinado nível de gestão

(municipal, estadual e federal), (Rouquayrol,1999)

Em 1990, O sistema de informação hospitalar (SIH) passou a processar

dados de todas as unidades hospitalares da rede pública própria (federal, estadual e

municipal) e da rede contratada e conveniada para o Ministério da Saúde. Após,

1993, os dados começaram a ser processados pelas secretarias estaduais de

saúde (Rouquayrol 1999), sendo o sistema totalmente descentralizado, a partir de

1994

A utilização dos dados do SIH disponibiliza informações sobre internações

como : características de pessoa, tempo, lugar da internação e procedência do

paciente, características dos serviços, procedimentos realizados, valor pago,

ocorrência de óbitos e o código CID referente as causas de internação contribuindo

para o conhecimento sobre a situação de saúde, o acompanhamento de tendências

e a avaliação de resultados de ações e serviços, o instrumento utilizado para coleta

de dados deste sistema é a autorização de Internação Hospitalar – AIH.

(Rouquayrol,1999)

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Com a informatização do sistema, a qualidade dos dados e informações

produzidas melhorou consideravelmente. Sabe-se que “a utilização de parâmetros

de aceitação na digitação do código de diagnóstico reduz o número de

inconsistência, porém na utilização epidemiológica o cruzamento de diagnósticos por

sexo e faixa etária, tem apresentado problemas” (Moreira,1995)

A cada ano um maior número de críticas é incorporado ao sistema, com

vistas ao melhor controle físico e financeiro o que promove simultaneamente um

incremento na qualidade dos dados. Além disso, segundo Travassos, diversos

estudos concluíram positivamente sobre a confiabilidade de informações

relacionadas a uma série de variáveis e critérios selecionados e até detectaram uma

tendência de declínio na freqüência de internações com dados questionáveis. Os

maiores problemas encontrados continuam sendo aqueles relacionados à notação

da morbidade. De maneira geral, considera-se que os maiores problemas

associados com qualidade da informação diagnóstica digam respeito à precariedade

das informações anotadas nos prontuários médicos – fonte primária de dados para o

preenchimento do formulário AIH- e ao processo de codificação. Esse é realizado na

maioria dos hospitais por pessoal administrativo sem nenhum treinamento para essa

atividade.(carvalho, D.M.,1997)

Em relação ao quantitativo de documentos, constitui-se como problema o

fato do sistema ter como finalidade primária a remuneração de serviços com

recursos federais, e o limite das relações número de AIHs passíveis de

apresentação e aquelas estipuladas em relação ao teto financeiro levam em alguns

casos o gestor optar por cobrar aqueles procedimentos mais caros, arcando com os

custos dos mais baratos, levando-se em conta que o perfil dos gastos depende do

perfil da rede de serviço, sendo impossível pagar por um procedimento para a

realização do qual não existe serviço instalado(Carvalho,1997)

Apesar de todos esses fatores limitantes, essa base de dados continua

sendo de extrema importância para o conhecimento do perfil dos atendimentos na

rede hospitalar. Adicionalmente não pode ser desprezado a extrema agilidade do

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sistema, uma vez que os dados por ele aportados tornam-se disponíveis aos

gestores com defasagem menor que a de um mês. (Carvalho, D.M.,1997)

A informatização imprimiu uma grande facilidade ao uso das informações

aportadas pelo sistema. Desde 1995, novos instrumentos de tabulação para a

análise dos dados foram desenvolvidos e vêm sendo aperfeiçoado pelo DATASUS.

Destacam-se os programas TAB(DOS) e tabwin ( Windos). (Carvalho, 1997) A

disponibilização, a partir de 1997, do TABWIN, aplicativo que procede à leitura dos

bancos de dados, realiza tabulações e contém recursos para realizar cálculos

básicos, além de construir indicadores e utilizar as ferramentas do

geoprocessamento é um fator importante. (Pereira, 1995)

No Brasil, as hospitalizações pagas pelo sistema público de saúde são

conhecidas através de um instrumento preenchido nos hospitais, obrigatório para a

internação dos pacientes e para posterior recebimento dos pagamentos referentes a

essas internações, que é a Autorização de Internação Hospitalar (AIH). Esse

documento contém todas as informações relativas às internações, como dados

demográficos, diagnósticos, procedimentos realizados e custos, o que permite o

conhecimento do perfil da morbidade atendida por essa parcela do sistema e, de

maneira importante o cálculo dos custos das diferentes internações.(LEBRÃO,1997)

Dentre as fontes de dados de morbimortalidade, essa é talvez a mais antiga,

pois tem-se notícias de que teria sido proposta a coleta de dados hospitalares já em

1732. No século XIX houve alguns progressos por parte da Sociedade Estatística na

Inglaterra, mas Florence Nightingale foi a grande incentivadora das estatísticas

hospitalares. ... Deve-se lembrar que ela é o único registro sistemático de

informações de morbidade. As outras fontes existentes são incompletas, como è o

caso das consultas ambulatoriais e a notificação compulsória de doenças, ou são de

execução difícil e dispendiosa... (Lebrão,1997)

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Decidiu-se realizar uma investigação para identificar o perfil de

morbimortalidade do município de Gravatá, baseando-se nos dados disponibilizados

pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) na internet, através do banco

do sistema de informação hospitalares – SIH/SUS, tal iniciativa visa portanto verificar

se há heterogeneidade dentro do perfil de internações hospitalares no ano de 1999

quando analisadas variáveis estudadas

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II - JUSTIFICATIVA:

A elaboração deste estudo está diretamente ligada a experiência da autora

como prestadora de serviço do município de Gravata na condição de integrante de

equipe de PSF diante das dificuldades de acesso a informações relativas a dados

de morbimortalidade que subsidiam os indicadores de saúde utilizados como

medidas para ajudar a descrever a situação de saúde existente, bem como

possibilidades para avaliar mudanças ou tendência.

A relevância científica encontra relacionada a escassez de estudos sobre

tema não existindo um modelo de gestão que atenda as necessidades da população

e a possibilidade de direcionamento das atividades, sem desperdício de

investimento, fazendo diagnóstico e realizando intervenções, contribuindo ainda para

planejamento das ações de saúde desenvolvidas pelos programas de saúde da

família e programas de agentes comunitários de saúde que tem uma cobertura de

100% da população no município de Gravatá

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III - OBJETIVO

Geral :

Estudar o perfil de internações hospitalares de residentes do

município de Gravatá – PE no ano de 1999

Específico:

Descrever o perfil de internações hospitalares segundo sexo,

faixa-etária, município de ocorrência, e diagnósticos a partir das categorias

explicativas da 10° classificação Internacional de doenças.

Identificar as características das internações hospitalares

segundo diagnóstico e valor médio da hospitalização e tempo médio de

permanência.

Descrever as causas de morte hospitalar de residentes no

município Gravatá e agrupa-las de acordo com as categorias explicativas da

10° classificação Internacional de doenças, faixa-etária e letalidade hospitalar.

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IV - METODOLOGIA

Área de estudo:

A área de estudo corresponde ao município de Gravatá - apresenta uma

área de 491,5Km2 com uma população equivalente a 61.631 habitantes

(IBGE,1996), e densidade demográfica igual a 125 Hab/Km2. Este município

encontra-se localizado no rebordo oriental do planalto da Borborema, na faixa de

transição do polígono das Secas, a 480m acima do nível do mar, na zona centro-

ocidental do Agreste em Pernambuco, denominado genericamente microrregião do

Vale do Ipojuca. A sede do município dista, por rodovia, 84 Km do Recife,sendo

limite com os municípios Passira – Norte, Barra de Guabiraba , Côrtes e Amaraji –

Leste, Pombos e Chã-Grande - Oeste –Bezerros e Sairé. A distribuição no município

não é uniforme obtendo-se uma maior concentração na Zona Urbana (49.436hab)

em relação a Zona rural (12.195), no que se refere a distribuição por sexo, o censo

1996 demonstra que 51,2% da população do município é do sexo feminino sendo a

população estimada pelo IBGE para ano de 1999 de 61.779 habitantes.

A economia local é potencialmente ligada a agropecuária e ao turismo,de

acordo com IBGE 1991 atividades econômicas ficam assim distribuídas,

agropecuária(36%);Serviços(16%); comércio(15%), outras(33%), em relação ao

saneamento dados da COMPESA 1991 demonstram que 21,7% dos domicílios tem

abastecimento d’água inadequado, 75,5% dos domicílios com esgotamento sanitário

inadequado, 23,6% dos domicílios com tratamento inadequado do lixo.

A estrutura organizacional da Secretaria Municipal de Saúde de Gravatá,

contempla uma divisão de Vigilância Sanitária e Epidemiológica. Em, 1995 foi criado

o Setor de Epidemiologia, tendo como função desenvolver trabalhos de cobertura

vacinal a menor de 01ano, realizar atividades de vigilância epidemiológica em

doenças transmissíveis, encaminhamento de contatos para tratamento profilático,

ordenação , crítica e codificação das declarações de óbitos e de nascidos vivos.

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A rede de saúde composta por 01 hospital privado (contrato com o SUS), 01

hospital público(convênio com SUS), 10 USF,01 Centro de Saúde, 01 posto de

atendimento no Centro Atenção Integrada a Criança (CAIC), 01 posto no Centro

Social Urbano (CSU) , 29 leitos públicos (mantidos pelo SUS), 27 Leitos privados

(mantidos pelo SUS), taxa de leitos por mil habitantes 0,9 (Sec. Saúde /98) , tendo o

município a partir de março de 2000, através da Portaria 204/GM habilitado--se na

condição de gestão plena do Sistema Municipal , estabelecida pela NOB 96 , que

explicita as responsabilidades do gestor, os requisitos relativos as modalidades de

gestão e as prerrogativas que favorecem o seu desempenho. (NOB96)

População : Serão analisadas 3.552 internações hospitalares

registrada entre os residentes do município de Gravatá no ano de 1999

através do Sistema de Informação Hospitalar (SIH – MS),em todas as

categorias registradas pelo CID – 10.

A definição do ano de referência para o estudo ocorreu em

função da disponibilidade do Banco de Dados do Sistema de Informação

hospitalares(SIH), necessário para se calcular o perfil de morbidade

hospitalar, o ano de 1999 consiste no último ano disponível para estudo de

morbidade quando da época da coleta de dados (2000).

Tipo de Estudo: O presente trabalho constitui num estudo

Descritivo, transversal, seccional em função deste delineamento ser o mais

adequado para os objetivos de estudo, com dados tomados no ano de 1999.

A vantagem desse tipo de investigação são a simplicidade, o baixo custo, a

rapidez, a objetividade da coleta, não se tornando necessário o seguimento

de pessoas, sendo ainda o único tipo de estudo possível de realizar, em

numerosas ocasiões, para obter informações relevantes, em limitação do

tempo e de recursos.

Descrição das variáveis: todas as variáveis do estudo foram

baseadas na transcrição de informações contidas na AIH.

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SEXO: os registros definem código 1 para indivíduos do sexo masculino e

código 3 para indivíduos do sexo feminino.

IDADE: é preenchida a data de nascimento com 6(seis) dígitos, no formato: 2

dígito para o dia, 2 dígitos para o mês e 2 dígitos para o ano.

MUNICIPIO DE RESIDÊNCIA: é considerada a residência habitual do

paciente – logradouro, número, complemento, CEP, Município e UF, de

acordo com o código do IBGE.

INTERNAÇÕES: na caracterização da internação constam a data da emissão

da AIH, com 6 (seis) dígitos; a data da saída, com 6 (seis) dígitos, o motivo da

cobrança, com 2 dígitos e o diagnóstico principal – Classificação Internacional

das Doenças (10ª Revisão) CID – 10 que motivou a internação, com 5 (cinco)

dígitos, classificada em capítulos da seguinte forma:

I – Algumas doenças infecciosas e parasitárias;

II – Neoplasias (tumores)

III – Doenças do sangue e órgãos hematopoiéticos e transtornos

Imunitário;

IV – Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas;

V – Transtornos mentais e comportamentais;

VI – Doenças do sistema nervoso;

VII – Doenças do olho e anexos;

VIII – Doenças do ouvido e apófise mastóide;

IX – Doenças do aparelho circulatório

X – doenças do aparelho respiratório;

XI – Doenças do aparelho digestivo;

XII – Doenças da pele e do tecido subcutâneo;

XIII – Doenças sist. Osteomuscular e tecido Conjuntivo;

XIV – Doenças do aparelho geniturinário;

XV – Gravidez parto e puerpério;

XVI – algumas afecções Originadas no período perinatal;

XVII _ Mal formação congênitas deformidade e anomalias

cromossômicas;

XVIII – Sintomas Sinais e achados anormais exames clínicos e

laboratoriais;

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XIX – Lesões envenenamento e algumas outras consequencias.

Causas externas;

XX - Causas externas de morbidade e mortalidade;

XXI – Contatos com serviços de saúde;

U99 – CID 10ª Revisão não disponível, não preenchida/ inválida;

TEMPO DE PERMANÊNCIA: é calculado pela diferença entre a data da saída

e a data da internação descrita na AIH.

VALOR DA INTERNAÇÃO: A hospitalização de um paciente resultará na

realização de procedimento médico com a prestação e serviços profissionais

(SP), serviços hospitalares (SH) e serviços auxiliares de diagnose e terapia

(SADT). Os valores pagos são fixos para cada procedimento, podendo ser

acrescido quando da realização de procedimentos especiais, hemoterapia,

utilização de matérias especiais, (órtese e prótese), diárias de acompanhante.

A permanência a maior é computada pelos dias que ultrapassam o dobro da

permanência média estipulada para o procedimento.

ÓBITO HOSPITALAR – variável referente ao indivíduo que morreu durante

intervalo de tempo que esteve hospitalizado

Método de coleta : Foi utilizado o Sistema de Informações

Hospitalares – SIH, composto de dados reduzidos de Autorização da

Internação Hospitalar – AIH, produzidas pelo Ministério da Saúde – Secretaria

Executiva – DATASUS. Os Software usados para gerar estes arquivos foram

produzidos pelo DATASUS, a exemplo do SISAIH01 e SGAIH.

Método de análise : Foi utilizado o programa TABWIN 1.32

para exploração dos bancos de dados. A análise foi realizada através do

estudo de distribuição de freqüência com apresentação tabular. Para as

variáveis tempo de permanência em leito, valor da internação , foi utilizada

medida de tendência centra (média aritimética)

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V - RESULTADOS

A distribuição das internações por sexo segundo capítulo do CID-10

expressa na tabela 01 permite observar que houve uma predominância do sexo

feminino (37,92%), mesmo quando excluídos os diagnósticos relativos a gravidez,

parto e puerpério, sobre o sexo masculino (33,47%). Porém nos diferentes capítulos

da CID-10 esse comportamento se altera.

Assim entre as doenças do aparelho geniturinário o percentual de

internamento do sexo feminino é de 8,9% para 1,8 de internações do sexo

masculino, nas doenças do aparelho digestivo é de 5,88% para mulheres e 4,65%

para homens e nas doenças do aparelho circulatório a proporcionalidade e de 4,05

para sexo feminino contra 3,99 sexo masculino.

No grupo das doenças do aparelho respiratório esse valor se inverte passa

a ser de 3,83% das internações sexo masculino para 3,30% internações do sexo

feminino e as doenças infecciosas e parasitárias aparecem em 3,30% nos homens e

3,04% nas mulheres entre os internamentos por lesão, envenenamento e outras

conseqüências de causas externas 3,80% ocorrem em homens e 2,51% em

mulheres, predomina entre sexo masculino internamento por transtornos mentais e

comportamentais com 3,46% e sexo feminino com 1,38%.

Quanto à Razão de masculinidade (RM), observa-se que nas doenças do

aparelho geniturinário a relação masculino/feminino é de 0,21; nas doenças do

aparelho digestivo é de 0,79, nas doenças do aparelho circulatório é de 0,99. Entre

as doenças do aparelho respiratório é de 1,16, nas doenças infecciosas e

parasitárias é de 1,08, nas lesão, envenenamento e outras conseqüências de

causas externas é de 1,52, nos transtornos mentais e comportamentais é de 2,51

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Tabela 01 : Distribuição das internações por sexo segundo cap. do CID-10 – Gravatá/1999

Diagnóstico

(Cap. CID-10)

Masculino Feminino Total

Razão Masc

Nº % % Nº Nº % % Nº

V Grav. parto puerperio 0 0,00 1016 28,60 1016 28,60 0

XIV Dc aparelho genitur. 65 1,83 317 8,92 382 10,75 0,21

XI Dc aparelho digestivo 165 4,65 209 5,88 374 10,53 0,79

IX Dç aparelho circulatório 142 3,99 144 4,05 286 8,05 0,99

X Dc aparelho respiratório 136 3,83 117 3,30 253 7,13 1,16

I Dc infecciosas e parasitária 117 3,30 108 3,04 225 6,34 1,08

XIX Lesões,enven conseq. CE

135 3,80 89 2,51 224 6,31 1,52

V Transt. mentais e comport. 123 3,46 49 1,38 172 4,84 2,51

Outros 306 8,61 314 8,84 620 17,45 0,97

TOTAL 1189 33,47 2363 66,52 3552 100,00 0,51

NOTA : Quando excluído deste universo os diagnósticos relativos a gravidez , parto

e puerpério (66,52 – 28,60), o percentual relativo ao sexo feminino passa para

37,92

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Na tabela 02 a distribuição das internações por faixa etária segundo Cap. do

CID – 10 mostra, nas causas relacionadas a gravidez, parto e puerpério, um

predomínio na faixa etária entre 15 – 34 anos (91,04%).

Entre as doenças do aparelho geniturinário 69,63% dos casos pertencem a

faixa etária dos 25-54anos. Nas patologias do aparelho digestivo predomina faixa etária

25-54anos (45,72%), e 13,90% referente a faixa etária a partir de 65anos. As doenças

do aparelho circulatório afetam pacientes na faixa etária a partir de 25anos em 96,15%

dos internamentos.

As patologias originadas no preríodo perinatal representa 24,5% das

internações de menores de 1 ano, as doenças do aparelho respiratório afetam

principalmente crianças menor 5anos (35,96%) e faixa ataria acima de 55anos

(34,24%). As doenças infecciosas e parasitárias são mais freqüentes na faixa etária <1

à 4anos (29,77%) e acima de 65anos (24%). As lesões por envenenamento e algumas

outras conseqüências de causas externas ocorrem principalmente na faixa 5-24anos

somando 41,07% dos internamentos. Os transtornos mentais e comportamentais tem

seu maior número de internamentos expressos na faixa etária 15 – 24anos (23,8%) e

45 à 64anos (40,69%) Entre as doenças endócrinas e nutricionais a faixa-etária de 55 e

mais anos responde por 56,25% dos internamentos.

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Tabela 02 – Distribuição das Internações por faixa-etária segundo capítulo CID-10 – Gravatá/1999

. CID –10 <1a 1-4 5-14 15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65+ Total I. Doenç. Infec. Parasit. 45 22 10 23 20 4 24 23 54 225

II. Neoplasias (tumores) 0 7 6 19 5 16 15 9 16 93

III. Doenç órgãos hemat 0 2 0 2 0 2 4 9 4 23

IV. Doenç endóc. Nutric. e met. 2 5 4 1 9 8 13 17 37 96

V. Transt. mentais e comport. 0 0 0 41 26 23 35 35 12 172

VI. Doenç do sistema nervoso 7 5 13 5 5 1 4 2 5 47

VII. Doenç do olho e anexos 0 0 2 3 0 1 6 4 26 42

VIII. Doenç do ouvido apófise mast 0 2 4 0 0 0 0 0 0 6

IX. Doenç apar. circulatório 1 1 5 4 29 29 44 57 116 286

X. Doenç apar. respiratório 41 50 16 9 18 15 15 27 62 253

XI. Doenç apar. digestivo 3 24 32 49 70 42 59 43 52 374

XII. Doenç pele tec. Subcut. 0 1 5 7 5 2 5 6 15 46

XIII. Doenç sist osteomusc. tec conj. 1 4 16 19 14 11 9 13 8 95

XIV. Doenç apar geniturinário 0 5 21 34 109 85 72 27 29 382

XV. Gravidez parto e puerpério 0 0 17 618 307 70 4 0 0 1016

XVI. Afec período perinatal 38 0 0 0 0 0 0 0 0 38

XVII. Malformação congênita 5 7 3 1 2 0 0 1 1 20

XVIII. Sint. Sinais Anormais NCOP 9 7 11 6 13 11 7 7 6 77

XIX. Lesões, enven p/ causas externas 3 7 54 38 35 23 19 25 20 224

XXI. Contatos serviços de saúde 0 0 11 5 6 3 2 3 7 37

Total 155 149 230 884 673 346 337 308 470 3552

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A tabela 03 demonstra que o municipio apenas atende 38,51% da

demanda de internamento de seus residentes, sendo a cidade de Recife a segunda

opção com 28,63% cobrindo desta forma mais da metade da população interna

entre os residentes do municipio de Gravatá.

Tabela 03. Distribuição das internações de residentes de Gravatá por

município de ocorrência – Gravatá/1999

Municípios de PE

Internações de residentes de Gravatá

Nº %

Gravatá 1368 38,51

Recife 1017 28,63

Bezerros 577 16,24

Vitrória de Santo Antão

294 8,28

Caruaru 193 5,43

Outros 103 2,91

TOTAL 3552 100,00

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O gráfico 01, que mostra a distribuição de internações segundo diagnóstico por

capítulo do CID – 10 segundo município de residência permite-nos verificar entre as

causas predominantes o diagnóstico de gravidez, parto e puerpério como primeira

causa de internação (28,60%), seguida das doenças do aparelho geniturinário

(10,75%) das doenças do aparelho digestivo (10,53%). doenças do aparelho

circulatório ( 8,05%) e doenças do aparelho respiratório (7,12 %), doenças infecciosas

e parasitárias com 6,34% , acompanhado da causas por lesão, envenenamento e

conseqüências de causas externas com 6,31% e causas ligadas a transtornos mentais

e de comportamento com 4,84%.

Gráfico 01 : Distribuição dos internamentos por capítulo do CID-10,Gravatá, 1999

11%

11%8%

7%

6%

6%

5%

17%

29%

Gravidez parto puerpério XIV. doenc aparelho geniturin

XI doen aparelho digest IX. doenc aparelho circulat

X. doenc aparelho respirat I. Doenc infeccios parasit

XIX lesoes enven conseq caus exter V. Transt ment e comport

Outros

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A tabela 04 evidencia a distribuição das Internações por valor médio, tempo de

permanência no leito segundo classificação diagnóstica CID-10

A gravidez, parto e puerpério aparecem como a primeira causa da internações

(28.60%), acompanhada das doenças do aparelho geniturinário (10,75%) e doenças

do aparelho digestivo (10,53%)

Ao observarmos o valor médio pago pelo SUS, por internamento, verificamos

que as doenças do aparelho circulatório apresentam o maior valor pago (R$ 775,32).

Os transtornos mentais e comportamentais representam o segundo maior valor (R$

688,48) e as doenças do aparelho respiratório correspondem ao valor médio

subseqüente (R$ 458,64).

Os transtornos mentais e comportamentais mostram ter a maior permanência

média (28,48dias), as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (8,39dias)

acompanham em segunda posição, ficando as doenças do aparelho circulatório com

uma permanência média de 8,29dia.)

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Tabela 04 : Distribuição das internações, por valor médio e tempo de permanência segundo classificação diagnóstica do CID-10 – Gravatá / 1999

Diagnóstico capítulo CID-10 Internamento Valor médio TMP

Nº %

XV Gravidez parto puerpério XIV dç do aparelho geniturinário XI dç do aparelho digestivo IX dç do aparelho circulatório X dç do aparelho respiratorio I Algumas dç infec. Parasit. XIX lesões enven. conseq CE V transt. mentais e comport. IV dç endoc. , nutric. Metab. Outros

1016 382 374 286 253 225 224 172

96 524

28,60 10,75 10,53 8,05 7,13 6,34 6,31 4,84 2,70

14,75

231,74 301,14 366,33 775,32 458,64 290,11 375,98 688,48 236,01 514,60

1,59 3,18 4,68 8,29 7,32 6,89 4,18

28,48 8,39 6,45

TOTAL 3552 100,00 390,06 5,74

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A tabela 05 demonstra o percentual de óbitos e letalidade segundo capítulo

do CID-10, podemos observar que as doenças do aparelho circulatório foram

responsáveis por 22,22% das mortes, sendo a principal causa de óbito,

acompanhada pelas doenças do aparelho respiratório (18,05%) e doenças

infecciosas e parasitárias (15,28%).

Ao descrevermos letalidade, podemos observar as doenças endócrinas e

nutricionais apresentando maior gravidade (14,58%), associados seguelas doenças

crônico degenerativas ex: diabetes, seguidas das doenças do aparelho circulatório

(10,27% ) e as doenças do aparelho respiratório (11,18%).

Tabela 05 : Distribuição de óbitos hospitalares e letalidade segundo Capítulo CID-10, Gravatá/1999

Diag Cap. CID- 10

Internações Óbito Letalidade

Nº % Nº %

XV Gravidez, parto, puerper 1016 28,60 0 0,00 0,00

XIV. Dc aparelho geniturin 382 10,75 4 2,72 1.04

XI. Dc aparelho digest 374 10,53 13 9,03 3,47

IX. Dc aparleho circulat 286 8,05 32 22,22 11,18

X. Dc aparelho respirat 253 7,13 26 18,06 10,27

I. Dç infec e parasit 225 6,34 22 15,28 9,77

XIX.Lesões enven conse CE 224 6,31 11 7,64 4,91

V.Transt. mentais e comport 172 4,84 0 0,00 0,00

IV Dç. Endoc. Nutric. metab 96 2,70 14 9,73 14,58

Outros 620 17,45 22 15,28 4,19

TOTAL 3352 100,00 144 100,00 4,05

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A distribuição de óbitos por faixa etária e diagnóstico por cap CID-10 exposto

na tabela seguinte permite-nos verificar o maior número de óbitos na faixa etária de 65

e mais anos (43,06%) sendo o diagnostico por doenças do aparelho circulatório

(38,71%) a primeira causa, acompanhada das doenças do aparelho respiratório

(19,35%) e as doenças endócrinas e nutricionais (17,74%), a segunda faixa etária

mais atingida e a de menor de 1 ano (14,58%) sendo a primeira causa os óbitos por

doenças infecciosas e parasitárias (42,85%) e afecções perinatais ( 38,09% ) como

segunda causa acompanhada das doenças do aparelho respiratório (9,52%) em

terceiro lugar a faixa etária de 55-64 anos 11,81% dos óbitos sendo a primeira causa

as doenças do aparelho respiratório (29,41%) acompanhado das doenças do aparelho

circulatório e doenças infecciosas e parasitarias ambas representando 17,64% dos

óbitos em cada classificação do CID-10.

Em proporção decrescente encontramos a faixa etária entre dos 25-34 anos

representando 9,72% dos óbitos estando entre as causas as doenças do aparelho

respiratório (28,57%) e as lesões, envenenamento e conseqüência de causas externas

(21,42%), a faixa etária entre45-54 anos surge em seguida com 9,03% dos óbitos

encontrando as doenças do aparelho circulatório como principal causa (23,07%)

acompanhada das causas por doenças endócrinas e nutricionais e do aparelhos

digestivo em segundo e terceiro lugar ambas representando 15,38%.

Os demais 11,81% dos óbitos estão distribuído entre a faixa etária entre 35-

44anos representam 5,56% dos óbitos, acompanhada da faixa etária 15-24anos

(2,78%), 1-4ano (2,08%) e 5-14anos (1,39%) .

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Tabela 06: Distribuição de óbitos hospitalares por faixa-etária e diagnóstico por capítulo do CID-10 – Gravatá/1999

Cap CID-10 <1 1-4 5-14 15-24

25-34

35-44

45-54

55-64

65+ Total

IX – Dç apar. Circul 0 0 0 0 2 0 3 3 24 32

X – Dç. Apar respirat 2 0 0 1 4 2 0 5 12 26

I –Dç Infec parasit 9 1 0 0 2 0 1 3 6 22

IV – Dç. Endoc. Nut. 0 0 0 0 0 1 2 0 11 14

XI – Dç. Apar digest 0 1 0 0 2 1 2 1 6 13

XIX – Lesões,enven. CE 0 0 1 2 3 2 1 2 0 11

XVI – Afec. perinatais 8 0 0 0 0 0 0 0 0 8

Outros capítulos 2 1 1 1 1 2 4 3 3 26

TOTAL 21 3 2 4 14 8 13 17 62 144

% 14,58 2,08 1,39 2,78 9,72 5,56 9,03 11,80 43,06 100,00

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VI - DISCUSSÃO

As 3552 internações hospitalares ocorridas em 1999 representam um

coeficiente de 5,74 internações para cada 100 habitantes. Foram notificados pelo

Sistema de Informação de Morbidade Hospitalar 114 óbitos hospitalares. A letalidade

hospitalar correspondeu a 4,05 óbitos para cada 100 internações referente aos

residentes de Gravatá neste ano, verificou-se entre internações 37,92% do sexo

feminino e 33,47% para o sexo masculino. Deve-se ressaltar que nestes valores

não estão inclusas as internações relacionadas a gravidez, parto e puerpério

Meneghell (1997), acredita que as mulheres apresentam taxas de

morbidade mais elevada “seja pelo uso dos serviços de saúde reprodutivos, seja

pela maior capacidade de percepção sobre seu quadro específico de morbidade

A diferença de percentual de 4% entre as internações do sexo feminino

quando comparado ao masculino, tende a se assemelhar com as pesquisas de

Lebrão (1982). A autora refere não haver diferença significativa no comportamento

das internações quanto ao sexo, quando excluídas as hospitalizações relacionadas

a gravidez, parto e puerpério.

Em estudo realizado por Yugliese (1971) sobre a morbidade hospitalar no

município de Salvador, o sexo feminino contribuiu com 64% de todas as internações.

Neste e em outros estudos o sexo feminino apresenta sempre o maior número de

registro de morbidade hospitalar, o que poderia ser associado a reprodução ou

mesmo ao fato da mulher procurar mais os serviços de saúde.

Quando estudamos a Razão de masculinidade por cap de CID –10,

verificamos que ela é maior que 1(um), nas doenças do aparelho respiratório,nas

doenças infecciosas e parasitarias, nas lesões por envenenamento e algumas outras

conseqüências de causas externas e entre transtornos mentais e comportamentais.

Para as doenças do aparelho circulatório, a razão de masculinidade é menor que

1(um).

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Segundo pereira (1995) tal comportamento para as doenças do aparelho

circulatório pode ser explicado devido a mudanças ocorridas na sociedade que

ocasionaram a inclusão, cada vez mais acentuada, das mulheres no mercado de

trabalho, causando sobrecarga de atividades que elevam o nível de estresse e

conseqüentemente as doenças cardiovasculares.

No que se refere às internações por capítulo do CID-10, observou-se que

28,60% destas estavam relacionadas a gravidez, parto e puerpério, acompanhadas

das doenças do aparelho geniturinário e doenças do aparelho digestivo. Interroga-se

sobre os baixos percentuais de internações por neoplasias e supõe-se que devam

estar sendo codificadas em outras secções, devido as complicações ou

intercorrências

O comportamento das internações por capítulo de CID-10, segundo a faixa

etária, nos permite observar um percentual 53,57% de internações na faixa etária

entre 15 –44 anos. Podemos relacionar este fato ao elevado percentual de

internações por causas relacionadas a gravidez, parto e puerpério que corresponde

a 28,60% do total geral de internações, cuja faixa etária está predominantemente

situada entre 15 –34anos (90,25%)

Vale ressaltar que esta faixa etária (15 – 44anos) também é predominante

am vários capítulos de CID-10: doenças do aparelho geniturinário (59,68%), doenças

do aparelho digestivo (43,04%), lesões, envenenamento e consequência de causas

externas (42,85%), transtornos mentais e comportamentais (52,32%)

Os dados encontrados se assemelham ao estudo realizado por Meneghell

et al (1997) a respeito das internações hospitalares, no Sul do país. Os autores

observaram 45,5% das internações na faixa etária de 15 a 49 anos, e sugerem que

tal fato se justifique por esse grupo representar a maior parcela da população.

Os óbitos durante internamento são mais significativos no capitulo das

doenças do aparelho circulatório (22,22%) acompanhado das doenças do aparelho

respiratório (18,06%) e doenças infecciosas e parasitárias (15,28%), ficando em

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sexto lugar as causados por lesões, envenenamento e conseqüência de causas

externas (7,64%); vale ressaltar o fato do sistema priorizar à natureza da lesão não

havendo informação dos tipos de causas externas que motivaram a internação; não

foram registrados óbitos tendo por motivo de internação partos.

A partir desta informações verifica-se na população estudada o fenômeno

de transição epidemiológica, significando a coexistência de doenças parasitárias

típicas de regiões subdesenvolvidas, complicações de causas externas, doenças

crônico-degenerativas. (Carvalho, 1998) que tem sido o perfil de mortalidade do

Brasil. A quarta causa de internação e primeira de morte – doenças do aparelho

circulatório – corresponde a uma situação esperada, embora se deva salientar que

as mortes por doenças circulatórias poderiam ser postergadas para idades mais

avançadas.

Deve-se salientar que as doenças respiratórias constituem importante causa

de internação e de morte. Os partos, primeira causa de internação, felizmente não

tem repercussão na mortalidade, embora saiba-se que existe sub-notificação da

mortalidade materna. As causas externas não aparecem com percentual

significativos induzindo a pensar sobre o fato de em geral ser atendimento em

caráter de urgência ou ocorrido óbito antes da necessidade de internação.

Como justificativa para percentual tão reduzido em relação a procedência e

local de ocorrência das internações (38,51% Gravatá – 28,63% Recife) podemos

referir Dever (1989) que considera, em estudo sobre a Epidemiologia da Utilização

dos Serviços de Saúde, que o grau de especialização dos profissionais, além dos

equipamentos e inovações tecnológicas, são fatores determinantes na utilização dos

serviços de saúde.

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VII - Considerações finais

O estudo permitiu identificar o sexo feminino como predominantes entre os

gêneros no que diz respeito as internações, a faixa etária de 15-34 anos destaca-se

com 90% das internações,o município apenas consegue atender a 38,51% da

demanda das internações, entre as principais causas encontra-se gravidez, parto e

puerpério acompanhada das doenças do aparelho geniturinário e digestivo, porém a

letalidade é predominante nas doenças endócrinas e metabólicas acompanhas das

doenças do aparelho respiratório e circulatório que por sua fez corresponde ao maior

número de causas de óbito.

Pode-se concluir que o perfil encontrado aponta para uma confirmação de

que há heterogeneidade entre variáveis podendo apontar para diferentes

determinantes percebendo-se ainda que o perfil das internações hospitalares do

município se enquadra no padrão de subdesenvolvimento e mostra que a

assistência prestada limita-se ao nível básico . Observa-se ainda que utilização do

SIH pode melhor organizar a demanda entre os diferentes níveis de complexidade

dos serviços, a partir da caracterização da necessidade da população, bem como

acompanhar a resolutividade do serviço através de clássicos indicadores

hospitalares lembrando a importância do SIH como subsídio para o reconhecimento

da situação de saúde da população para o planejamento das ações na gestão dos

serviços.

Acredita-se que estudos como este possam auxiliar indiretamente e

melhorar a qualidade da informação.

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