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PEDAGOGIAS DA CONEXÃO: Prof. Bruno Olivatto & Prof. Társio Roberto Macedo Estamos vivendo um tempo histórico inédito. A facili- dade e a mobilidade no acesso, bem como a veloci- dade de circulação das informações, já não são mais novidades no nosso cotidiano social. Esse fenômeno é estruturante de um novo modo de estarmos no mundo, de nos comunicarmos, relacionarmos e, por consequência, aprendermos. Estamos nos formando permanentemente (ou sendo influenciados a nos formar) pelo fluxo ininterrupto de mensagens com suas narrativas que transversalizam o nosso dia a dia por meio dos dispositivos conectados que carrega- mos nos bolsos (ou bolsas). Torna-se cada vez mais comum a nossa interação diária com textos, imagens, vídeos, áudios, memes, charges, animações, infográ- ficos, etc. As narrativas do contemporâneo têm se estruturado na pluralidade das linguagens de comunicação e se apresentam, agora, para além dos textos alfabéticos clássicos. Atualmente, a palavra está claramente subordinada às imagens (estejam elas estáticas ou em movimento) e também aos sons. O tempo presen- te está encarnado de representações, de mensagens simbólicas, de significantes e códigos, nos desafiando a produzir sentidos e significados em todos os contextos das nossas relações sociais. Há muitas pedagogias que circulam ao nos conectarmos e elas estão tentando nos ensinar coisas em todas as direções, o tempo todo. Os nossos estudantes rejeitam, por evidências (in)disciplinares, o paradig- ma hegemônico massivo das nossas aulas, ele não tem mais sentido, está com seus dias contados. Essa expressiva ampliação das possibilidades de comunicação tem nos provocado a interagir, sem precedentes na história, em ambiência de redes digitais nas quais, perceptivelmente, há uma profu- são caótica de informações desordenadas, impreci- sas, equivocadas e até aquelas deliberadamente criadas para nos confundir, as populares fake news. Desvelar a realidade neste momento da cultura contemporânea tornou-se, efetivamente, um grande desafio para todos. E pensando, sobretudo, na forma- ção das nossas crianças, adolescentes e jovens, quais os novos papéis que esperamos das escolas contem- porâneas? Estamos num tempo que demanda a produção da crítica, e o momento é favo- rável à conversação ampliada (física e virtual), à conexão de saberes, à linka- gens interdisciplinares, ao experiencial colaborativo, ao fazer, criar, aprender e divertir-se juntos. É bom lembrar: as escolas não podem mais atuar como nos tempos sólidos, tempos nos quais os livros didáticos e a oralidade dos professores definiam as aprendizagens dos estudantes. A escola do tempo presente não pode mais se permitir sustentar suas práticas educativas no paradigma transmissivo, base- ada substancialmente na reprodução de conteúdos. Estes já os temos fartamente, de todas as matizes, em múltiplas linguagens. Uma vez que já não temos mais grandes problemas com acesso, variedade, e até qualidade, dos conteú- dos… o que nos falta, então, para um efetivo salto qualitativo das práticas pedagógicas dos nossos docentes e consequente melhoria da Educação Básica? Certamente, entre outras razões, carecemos de bons processos de formação continuada para nossos professores, via estimulantes provocações por revitalização das formas de ver e transver a educação neste início de século 21. Não basta DOCÊNCIA EM CONTEXTO DE INTERATIVIDADE ONLINE

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PEDAGOGIASDA CONEXÃO:

Prof. Bruno Olivatto & Prof. Társio Roberto Macedo

Estamos vivendo um tempo histórico inédito. A facili-dade e a mobilidade no acesso, bem como a veloci-dade de circulação das informações, já não são mais novidades no nosso cotidiano social. Esse fenômeno é estruturante de um novo modo de estarmos no mundo, de nos comunicarmos, relacionarmos e, por consequência, aprendermos. Estamos nos formando permanentemente (ou sendo influenciados a nos formar) pelo fluxo ininterrupto de mensagens com suas narrativas que transversalizam o nosso dia a dia por meio dos dispositivos conectados que carrega-mos nos bolsos (ou bolsas). Torna-se cada vez mais comum a nossa interação diária com textos, imagens, vídeos, áudios, memes, charges, animações, infográ-ficos, etc.

As narrativas do contemporâneo têm se estruturado na pluralidade das linguagens de comunicação e se apresentam, agora, para além dos textos alfabéticos clássicos. Atualmente, a palavra está claramente subordinada às imagens (estejam elas estáticas ou em movimento) e também aos sons. O tempo presen-te está encarnado de representações, de mensagens simbólicas, de significantes e códigos, nos desafiando a produzir sentidos e significados em todos os contextos das nossas relações sociais. Há muitas pedagogias que circulam ao nos conectarmos e elas estão tentando nos ensinar coisas em todas as direções, o tempo todo.

Os nossos estudantes rejeitam, por evidências (in)disciplinares, o paradig-ma hegemônico massivo das nossas aulas, ele não tem mais sentido, está com seus dias contados.

Essa expressiva ampliação das possibilidades de comunicação tem nos provocado a interagir, sem precedentes na história, em ambiência de redes

digitais nas quais, perceptivelmente, há uma profu-são caótica de informações desordenadas, impreci-sas, equivocadas e até aquelas deliberadamente criadas para nos confundir, as populares fake news. Desvelar a realidade neste momento da cultura contemporânea tornou-se, efetivamente, um grande desafio para todos. E pensando, sobretudo, na forma-ção das nossas crianças, adolescentes e jovens, quais os novos papéis que esperamos das escolas contem-porâneas?

Estamos num tempo que demanda a produção da crítica, e o momento é favo-rável à conversação ampliada (física e virtual), à conexão de saberes, à linka-gens interdisciplinares, ao experiencial colaborativo, ao fazer, criar, aprender e divertir-se juntos.

É bom lembrar: as escolas não podem mais atuar como nos tempos sólidos, tempos nos quais os livros didáticos e a oralidade dos professores definiam as aprendizagens dos estudantes. A escola do tempo presente não pode mais se permitir sustentar suas práticas educativas no paradigma transmissivo, base-ada substancialmente na reprodução de conteúdos. Estes já os temos fartamente, de todas as matizes, em múltiplas linguagens.

Uma vez que já não temos mais grandes problemas com acesso, variedade, e até qualidade, dos conteú-dos… o que nos falta, então, para um efetivo salto qualitativo das práticas pedagógicas dos nossos docentes e consequente melhoria da Educação Básica? Certamente, entre outras razões, carecemos de bons processos de formação continuada para nossos professores, via estimulantes provocações por revitalização das formas de ver e transver a educação neste início de século 21. Não basta

DOCÊNCIA EM CONTEXTO DEINTERATIVIDADE ONLINE

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mudança de práticas, mas de concepção educacio-nal. Os nossos estudantes rejeitam, por evidências (in)disciplinares, o paradigma hegemônico massivo das nossas aulas, ele não tem mais sentido, está com seus dias contados.

Os nossos jovens querem participar como protago-nistas desse “novo” contexto de aprendizagem por compartilhamento. Eles parecem ansiar por metodo-logias ativas, por processos gamificados, por intera-ção em redes sociais, por valorização em sala de aula das narrativas das séries de TV a que assistem. Este é um traço marcante do tempo presente: todos apren-dendo o tempo inteiro com muita informação circu-lante nos diversos espaços de sociabilidade, agora ampliados pelo relacional digital. O universo (espe-cialmente de consumo) cultural dos jovens de hoje precisa ser acolhido pelas nossas escolas, através dos professores. Ai é um fértil espaço para se problemati-zar, dialogar, captar sinais, desconstruir imaginários, estabelecer sentidos, enfim, entender melhor os nossos estudantes e, assim, criar situações/estraté-gias de aprendizagem em sintonia com os anseios da juventude, imersa no mundo conectado.

Estamos num tempo em que somos todos aprendi-zes. A docência contemporânea precisa compreen-der-se, por concepção, como aprendiz há mais tempo. Essa é a sutil diferença entre ela e as crianças e jovens em situação de aprendizagem que frequen-tam as nossas escolas. Estamos num tempo que demanda a produção da crítica, e o momento é favorável à conversação ampliada (física e virtual), à conexão de saberes, à linkagens interdisciplinares, ao experiencial colaborativo, ao fazer, criar, aprender e divertir-se juntos. Mas tudo isso nos parece absoluta-mente distante do modelo estruturantemente infor-macional e conceitual que ainda prevalece nas nossas escolas, por meio das práticas docentes.

Pensando particularmente nos professores da Educa-ção Básica (mas também aqueles do Ensino Superior) - essa categoria profissional estratégica e decisiva para a qualificação do sistema educacional brasileiro - como podemos compreender o tempo presente para, assim, exercer nosso papel profissional de modo competente a serviço da efetiva criticidade e aprendizagens dos nossos alunos? Segundo pesquisa recente, intitulada ‘Profissão Docente’, fomentada pela ONG Todos pela Educação, 70% dos professores dizem que valorização docente é investimento na formação continuada.

Para atender a esses desafios inquietantes, inspiran-do caminhos possíveis diante desse cenário cultural

tão diverso e complexo, apresenta-se o curso “Peda-gogias da Conexão: docência em contexto de interatividade online”. Trata-se de uma iniciativa autoral, na modalidade 100% EAD, do Centro de Estudos e Assessoria Pedagógica/CEAP, ONG baiana, fundada por Jesuítas e leigos que há 25 desenvolve ações formativas inovadoras direcionadas expressi-vamente à formação docente.

Essa proposição formativa instigante, estruturada em vídeos multimídia, fóruns de discussão e trilhas peda-gógicas disponibilizadas em AVA, além de contar com professores com carreiras construídas em escolas - e produzida com apoio da organização Brasil Jurídico: ensino de alta performance (www.brasiljuridico.-com.br) - é uma grande provocação por debate acerca das relações entre o tempo cultural contem-porâneo, a educação escolar que temos e o projeto de escola de que precisamos. Para isso, discute forte-mente o momento de cultura da conexão que estamos vivendo e seus principais fenômenos midiá-ticos que se relacionam diretamente com as práticas pedagógicas das nossas instituições de ensino: as redes sociais, os games e as séries de TV.

Professores mais bem preparados são mais capazes de gerar estímulos, e mais estimulados - tanto as nossas crianças como os nossos jovens - aprendem mais.

O intuito fundamental da proposta, portanto, é bem certeiro: estimular reflexões docentes seguidas de ações intervencionistas no cotidiano escolar, seja público ou privado, propondo discussões sobre tudo que se apresenta como formativo nos meios digitais e perseguindo práticas pedagógicas em consonância com o tempo presente e as subjetividades desejantes dos nossos estudantes. Professores mais bem prepa-rados são mais capazes de gerar estímulos, e mais estimulados - tanto as nossas crianças como os nossos jovens - aprendem mais. Se você é professor ou gestor educacional, permita-se ser provocado a revisitar suas concepções de educação a partir do curso ‘Pedagogias da Conexão: docência em contexto de interatividade online’, e faça acontecer a escola de que precisamos. Acesse www.ceap.org.br.

Prof. Bruno OlivattoDiretor do Centro de Estudos e Assessoria Pedagógica/CEAPMestre em Educação/UFBA

Prof. Társio Roberto MacedoCoordenador de EAD do CEAPDoutorando em Educação/UFBA

Formação Continuada de Professores: vetor estratégico para a construção da escola que precisamos