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Ano XII Volume XIII Nº 26, Janeiro/Junho 2017 Rio de Janeiro ISSN 1807-1260 www.revistaintellector.cenegri.org.br Ano XII Volume XIII Nº 26 Janeiro/Junho 2017 Rio de Janeiro ISSN 1807-1260 95 A América Latina na Party Politics: Uma análise das publicações do periódico sobre os partidos políticos e sistemas partidários da região 1 Tiago Alexandre Leme Barbosa 2 , Bruno Marques Schaefer 3 e David Adriano Nota 4 Resumo O trabalho analisa as publicações sobre a América Latina na revista Party Politics, entre os períodos de 1995 até 2016. A partir da análise dos títulos que continham alguma referência explícita a América Latina ou a países da região, foi construído um banco de dados com 38 textos. Buscamos observar os países analisados, o perfil de quem os publica, os dados e metodologias mobilizadas nas análises, bem como o impacto desses textos na literatura. Com resultado, identificamos que os países mais estudados isoladamente foram Brasil e Chile. No geral, a maior parte dos autores são vinculados a instituições dos Estados Unidos da América, eles estruturam os seus textos a partir de dados empíricos: os dados de votação e resultados eleitorais são as fontes mais utilizadas, seguidas pelo survey. Palavras-chave: Partidos Políticos, Sistemas Partidários, América Latina, Revistas Científicas, Ciência Política. Abstract The paper analyzes the publications about Latin America in the journal Party Politics, between the periods of 1995 and 2016. From the analysis of the titles that contained some explicit reference to Latin America or the countries of the region, a database was constructed with 38 texts. We sought to observe the countries analyzed, the profile of who publishes them, the data and methodologies mobilized in the analyzes, as well as the impact of these texts in the literature. As a result, we identified that the countries most studied in isolation were Brazil and Chile. In general, most authors are linked to institutions in the United States, they structure their texts from empirical data: voting data and electoral results are the most commonly used sources, followed by the survey. 1 Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada no GT 6 ESTADO, INSTITUIÇÕES POLÍTICAS E ESTUDOS ELEITORAIS, no IV Seminário Internacional de Ciência Política Ciências Sociais: Buscando o Sul: Relações de Fronteira, Políticas Públicas e Pensamento Social no Prata. 2 Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bolsista Capes. E-mail: [email protected]. 3 Mestrando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bolsista CNPq. E-mail: [email protected]. 4 Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bolsista Capes. E-mail: [email protected]. Recebido para Publicação em 10/10/2016. Aprovado para Publicação em 12/12/2016.

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A América Latina na Party Politics: Uma análise das publicações do periódico sobre os partidos políticos e sistemas partidários da região1

Tiago Alexandre Leme Barbosa2, Bruno Marques Schaefer3 e David Adriano Nota4

Resumo O trabalho analisa as publicações sobre a América Latina na revista Party Politics, entre os períodos de

1995 até 2016. A partir da análise dos títulos que continham alguma referência explícita a América

Latina ou a países da região, foi construído um banco de dados com 38 textos. Buscamos observar os

países analisados, o perfil de quem os publica, os dados e metodologias mobilizadas nas análises, bem

como o impacto desses textos na literatura. Com resultado, identificamos que os países mais estudados

isoladamente foram Brasil e Chile. No geral, a maior parte dos autores são vinculados a instituições

dos Estados Unidos da América, eles estruturam os seus textos a partir de dados empíricos: os dados de

votação e resultados eleitorais são as fontes mais utilizadas, seguidas pelo survey.

Palavras-chave: Partidos Políticos, Sistemas Partidários, América Latina, Revistas Científicas,

Ciência Política.

Abstract The paper analyzes the publications about Latin America in the journal Party Politics, between the periods of 1995 and 2016. From the analysis of the titles that contained some explicit reference to Latin America or the countries of the region, a database was constructed with 38 texts. We sought to observe the countries analyzed, the profile of who publishes them, the data and methodologies mobilized in the analyzes, as well as the impact of these texts in the literature. As a result, we identified that the countries most studied in isolation were Brazil and Chile. In general, most authors are linked to institutions in the United States, they structure their texts from empirical data: voting data and electoral results are the most commonly used sources, followed by the survey.

1 Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada no GT 6 –ESTADO, INSTITUIÇÕES POLÍTICAS E ESTUDOS ELEITORAIS, no IV Seminário Internacional de Ciência Política – Ciências Sociais: Buscando o Sul: Relações de Fronteira, Políticas Públicas e Pensamento Social no Prata. 2 Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bolsista Capes. E-mail: [email protected]. 3 Mestrando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bolsista CNPq. E-mail: [email protected]. 4 Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bolsista Capes. E-mail: [email protected]. Recebido para Publicação em 10/10/2016. Aprovado para Publicação em 12/12/2016.

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Key words: Political Parties, Party Systems, Latin America, Scientific Journals, Political Science.

Introdução

utores clássicos e contemporâneos que abordam os partidos políticos ressaltam as limitações geográficas no escopo dos seus trabalhos. Desde Duverger (1992) até Panebianco (2005), por exemplo, este aspecto foi ressaltado nos estudos partidários. A

questão lógica e metodológica que emerge desta limitação é: podem os partidos políticos de diferentes regiões e locais serem interpretados por um mesmo esquema teórico e metodológico? Nesse trabalho, a nossa intenção é saber como é interpretada a realidade dos sistemas de partidários e partidos políticos da América Latina.

Selecionamos a principal revista que trata dos partidos políticos no mundo, a conhecida Party Politics. Nas páginas da revista apareceram trabalhos “paradigmáticos” sobre esse campo de estudos, tal como a tese do partido cartel de Katz & Mair (1995), além de importantes debates conceituais sobre novos partidos, trabalhos sobre organização partidária, resultados eleitorais, entre outros temas.

Utilizando a mesma estratégia de Caramani & Hug (1998), a partir dos títulos de todos os textos publicados, foram contabilizados 38 trabalhos5 que apresentam alguma referência explícita a América Latina ou aos partidos do local. A partir desses trabalhos, buscamos observar inicialmente quatro aspectos: i) os países analisados; ii) o perfil dos autores que os escreveram; iii) os dados mobilizados; e o iv) impacto na literatura.

O trabalho ficou dividido em quatro seções. Na primeira, apresentamos algumas estratégias realizadas pela literatura para análise dos periódicos científicos. Na sequência, apresentamos algumas das tentativas de revisão da literatura sobre partidos políticos bem como ressaltamos alguns aspectos da revista e o desenho da pesquisa. A terceira seção é dedicada a análise dos dados. Por fim, retomamos os achados da pesquisa nas considerações finais.

A pesquisa sobre periódicos científicos

As revistas científicas moldam o campo acadêmico. No Brasil, o sistema Qualis é um importante indicador da relevância de um periódico em um determinado campo de estudo. A escala, que vai de conceito C até A1 hierarquiza os periódicos em extratos, sendo a série “A”, o topo dessa pirâmide. O nosso objetivo nesse trabalho não é avaliar o próprio sistema de avaliação Qualis, mas chamar atenção para a importância que os periódicos têm enquanto orientadores de um determinado campo de estudo. 5 Esta seleção se baseou, como colocamos anteriormente, nos títulos dos trabalhos. Logo, trabalhos que tratam, tangencialmente, de países latino-americanos ou partidos da região, foram excluídos da análise. Esta estratégia é arbitraria, mas ressalta os critérios utilizados.

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São várias as formas de se estudar os periódicos científicos, tanto na própria Ciência Política quanto em outros campos correlatos. Enquanto objetos de estudo, revistas são utilizadas para se entender teorias e metodologias de um determinado campo de estudos. Na América Latina, Rocha Carpuic (2012) estudou as publicações da Revista Uruguaya de Ciencia Política (RUCP) com esse propósito. No Brasil, Leite (2010) se valeu dos periódicos para explicar diferenças no campo da Ciência Política Brasileira e ainda Damasceno & Botelho (2016) analisaram as publicações relativas a temática América Latina em nove períodos brasileiros. Já Norris (1997) analisou a nacionalidade dos autores que tiveram publicações no European Journal of Political Researche e na American Political Science Review (APSA). Marsh & Savigny (2004) também se valeram dos mesmos periódicos, mas com o intuito de se entender as teorias dominantes no campo específico.

No nosso entendimento, pela importância dada aos mesmos na área de Ciência Política, definimos tanto os editores das revistas científicas quanto os próprios periódicos como “guardiões do paradigma”, na mesma concepção de Peres, Mörschbächer & Lima (2013, p. 8).

Essa noção remete as considerações propostas por Kuhn (2006). Este, em análise original sobre o trabalho científico argumentou que o ofício do cientista, à medida que o seu campo de estudos sai da fase pré-paradigmática, passa a ser a resolução de “quebra-cabeças”. A evolução da ciência, segundo Kuhn (2006), se daria em um padrão geral. A fase pré-paradigmática, quando várias escolas competiriam entre si na definição do que é legítimo ser estudado e de que forma; a fase da ciência normal, quando um paradigma se consolida e, desta forma, unifica a comunidade científica; e, por fim, a fase de crise do paradigma, quando este já não dá conta de explicar os problemas que surgem e as anomalias que gera (KUHN, 2006; RANSAZS, 1999; MA, 2008). Por paradigma Kuhn entende, basicamente, duas coisas: realização concreta e compromisso compartilhado. Isso quer dizer, basicamente, que o paradigma, além de representar a solução para os problemas então existentes, deve ser uma espécie de crença, um código partilhado entre os membros da comunidade. O trabalho científico, neste caso, seria um trabalho de "limpeza". Ao invés do cientista buscar criar novos dados que contradigam o que estava sendo posto em caráter hegemônico, o seu trabalho passa pelo aperfeiçoamento do paradigma. Segundo Kuhn (2000, p.55): "(...) seus trabalhos (produzem) não apenas novas informações, mas um paradigma mais preciso, obtido com a eliminação das ambiguidades que haviam sido retidas na versão original que utilizavam. Em muitas ciências, a maior parte do trabalho normal é desse tipo". Fase qualitativa, de construção de modelos a serem testados que, muitas vezes, só podem ser estudados com o desenvolvimento de instrumentos anos, ou mesmo séculos, depois.

No entanto, voltando a noção de “quebra-cabeça”, ou puzzle, esta pressupõe que se tenha em mente uma figura, ou desenho, o que na prática indica que o pesquisador deve possuir o problema de pesquisa construído anteriormente, e não descobre o problema a partir da investigação, ele desenvolve a pesquisa a partir de uma ideia pré-concebida a partir de problemas legítimos, métodos e fontes reconhecidas pelos seus pares. Nesse sentido, as revistas seriam uma fonte

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importante de delimitação dos métodos e objetos de estudo privilegiados, moldando em parte, a própria produção de uma comunidade científica.

Evidentemente o papel dos periódicos varia de área para área, mas para Kuhn (2006), a medida que um campo de estudos passa a ser dominado por um “paradigma”, a tendência seria a substituição dos livros por revistas. Isso se daria pela criação de consensos mínimos de quais são os problemas legítimos e as formas de abordá-los:

Hoje em dia os livros científicos são geralmente ou manuais ou reflexões retrospectivas sobre um ou outro aspecto da vida científica. O cientista que escreve um livro tem mais probabilidades de ver sua reputação comprometida do que aumentada. De uma maneira regular, somente nos primeiros estágios do desenvolvimento das ciências, anteriores ao paradigma, o livro possuía a mesma relação com a realização profissional que ainda conserva em outras áreas abertas à criatividade (Kuhn, 2006, p. 41).

Foge ao escopo desse trabalho avaliar toda a produção desse subcampo da Ciência Política. Os estudos partidários datam de longa data na Ciência Política e na Sociologia Política. Uma avaliação mais profunda sobre os paradigmas que dominaram essa área de estudos envolvera uma análise diacrônica e em múltiplas fontes: teses, dissertações, livros, artigos científicos, etc. De todo modo, a própria avaliação kuhniana precisa ser relativizada para as próprias ciências sociais, e em especial para o campo de partidos, onde a produção de livros continua a ser uma tendência.

Literatura sobre partidos políticos e a Party Politics

A tradição de estudo sobre partidos políticos, dentro do campo da Ciência Política, é extensa e profícua, em termos de teorias, abordagens e perspectivas. A partir dos trabalhos de Ostrogorsky, Weber e Michels6, podemos destacar o início de uma série de estudos que levam em conta os partidos enquanto organizações. Duverger ([1951] 1992), neste sentido, sintetiza, de certa forma, esta perspectiva no que ele vai chamar de “tipologias partidárias”. Os partidos surgiriam, segundo o autor francês, de dentro do campo político (origem interna), ou de fora (origem externa). Os primeiros seriam os partidos de quadros, constituídos por notáveis a partir de grupos parlamentares, enquanto os segundos seriam partidos de massas, produto da inclusão das classes trabalhadoras no processo político formal. Não nos estenderemos, no entanto, na obra destes “clássicos”, afinal, esta bibliografia busca dar conta do surgimento do fenômeno partidário, no contexto europeu da virada do século XIX para o XX. O

6 “Democracy and the Organization of Political Parties (1902)”, de Ostrogorsky, “Sociologia dos Partidos Políticos [1914] (1982)”, de Michels, e “Economia e Sociedade [1922] (2009)”, de Weber

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prosseguimento dos estudos partidários, por sua vez, incorporou distintas temáticas e estratégias de análise, como o prosseguimento e evolução da “estratégia tipológica” (PANEBIANCO, 2005; KATZ & MAIR, 1995), estudos que tratam dos partidos na arena governamental e parlamentar (COX & McCUBINS, 1993), enquanto produtos de clivagens sociais específicas (LIPSET & ROKKAN, 1967), a partir de suas conexões com grupos da sociedade civil (VAN COTT, 2003), ou mesmo a relação entre partidos em sistemas complexos (SARTORI, 1982), resultados eleitorais, entre outros7.

Além dos estudos que têm como objeto os partidos, ou sistemas partidários, específicos, há também vasta produção que busca mapear a própria produção no campo, como os textos de Martinez Lopes (2009) Mudge & Chen (2014), Montero & Gunther (2004). O primeiro, ao realizar sua revisão da literatura específica, ressalta o fato de ainda seriam muito tímidas as tentativas de construção de teorias que busquem conceituar os partidos latino-americanos. A importação de conceitos e teorias da Europa e Estados Unidos da América, já ressaltada por outros autores (SOARES, 2005), “brecaria” estas tentativas.

No Brasil, são notáveis as tentativas de sistematização da literatura sobre partidos políticos, tais como: Lima Jr (1999), Lima Jr, Schimitt; Nicolau (1992). Mais recentemente, Nicolau (2010) Braga (2013) e Amaral (2013) também realizaram revisões dessa temática especificamente sobre a produção do País. Segundo Amaral (2013), a produção brasileira sobre partidos centrou-se em resultados eleitorais e perdeu de vista aspectos internos das organizações partidárias, tais como a dinâmica de poder interno. Outro aspecto é a necessária relativização da força, ou fraqueza, dos partidos brasileiros, dada a necessidade de construção de modelos próprios.

Note-se que foram várias as tentativas de balanço da literatura sobre partidos políticos. A despeito dessas importantes contribuições, poucos autores escolheram um periódico específico como objeto de análise para se entender os temas e teorias que orientam as pesquisas de partidos políticos, e são escassas as tentativas de se tentar compreender o que se entende pelos partidos políticos da América Latina, no principal periódico dedicado à temática.

A Party Politics e o desenho da pesquisa

Na seção anterior apresentamos algumas tentativas de balanço da literatura sobre partidos políticos. A rigor, com os nossos dados, não é possível tecer inferências sobre tudo que se fala sobre os partidos políticos e sistemas partidários da região, mas sim entender como eles são retratados nas páginas da principal revista da temática, a Party Politics.

A Party Politics publicou o seu primeiro número em janeiro de 1995, e desde então tem se transformado em uma das principais ferramentas divulgadoras de pesquisas acerca dos partidos políticos. De acordo com própria definição da revista: “Este periódico internacional prove um

7 Ver Santiago Lopes (2009).

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fórum para a análise de partidos políticos, incluindo seu desenvolvimento histórico, estrutura, programas políticos, ideologia, eleições e campanhas eleitorais, e o seu papel dentro de vários sistemas políticos, nacionais ou internacionais, do qual fazem parte8” O objetivo é então representar os vários campos de estudos vinculados ao tema dos partidos políticos em vários países.

Para realização do trabalho, todos os textos foram consultados na página da revista9, os tipos de texto incluem: Artigos, researcher note, report, textos de introdução e de conclusão dos números especiais; memorandos, além das resenhas e editorais. Para construção do trabalho, consideramos os textos o que inclui os report, researcher note e artigos completos. A tabela 1 abaixo indica a quantidade de textos publicados por número, da fundação da revista até setembro de 2016.

Os dados da tabela abaixo indicam a quantidade de textos publicados ao longo dos anos pela revista. É evidente o aumento no volume de publicações que saem de 32 trabalhos, em 1995, para 72, em 2015. Também se observa a mudança na periodicidade, antes a cada quatro meses, depois a cada três10. Desse conjunto de textos, a nossa estratégia foi a mesma utilizada por Caramani & Hug, 1998, analisamos os títulos que continham alguma referência aos países situados na América Latina, o que resultou na criação de um banco de dados com 38 trabalhos, deixamos de fora as possíveis resenhas que tivessem alguma relação com a região.

8 Traduzido do original: “This major international journal provides a forum for the analysis of political parties, including their historical development, structure, policy programmes, ideology, electoral and campaign strategies, and their role within the various national and international political systems of which they are a part.”(https://us.sagepub.com/en-us/nam/journal/party-politics#aims-and-scope) 9 Existem dois sites o primeiro: http://ppq.sagepub.com/ e o segundo: http://www.partypolitics.org. 10 Discutimos alguns aspectos mais gerais dessa produção em Barbosa; Schaefer & Nota (2016).

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Tabela 1- Número de textos publicados por edição da Party Politics (1995-2016)

Janeiro Março Maio Abril Julho Setembro Outubro Novembro Total

1995 7 - - 6 8 - 11 - 32

1996 6 - - 6 7 - 7 - 26

1997 6 - - 6 8 - 6 - 26

1998 6 - - 5 7 - 6 - 24

1999 7 - - 7 7 - 7 - 28

2000 7 - - 7 7 - 7 - 28

2001 6 5 6 - 6 6 - 4 33

2002 6 5 5 - 6 6 - 5 33

2003 6 5 5 - 5 6 - 4 31

2004 5 5 5 - 6 6 - 5 32

2005 6 5 5 - 5 6 - 6 33

2006 6 6 5 - 6 5 - 4 32

2007 6 7 5 - 5 4 - 5 32

2008 6 5 5 - 5 6 - 5 32

2009 5 5 6 - 4 6 - 4 30

2010 6 6 5 - 5 6 - 7 35

2011 6 6 7 - 4 7 - 5 35

2012 6 7 8 - 8 8 - 8 45

2013 8 8 6 - 7 7 - 7 43

2014 10 13 14 - 12 12 - 12 73

2015 11 12 13 - 13 11 - 12 72

2016 10 9 12 - 12 7 - - 50

Fonte: Os autores a partir da Party Politics

Os países analisados e quem os estuda

Para autores como Damasceno & Botelho (2016), o interesse pela América Latina tem crescido na Ciência Política Brasileira. No nosso caso, os dados não focam especificamente a comunidade nacional, mas sim as publicações do periódico, que como os dados do gráfico abaixo indicam, países do mundo inteiro foram analisados nas páginas da revista. Separando por regiões e continentes observa-se primeiramente a predominância de textos sobre a Europa com mais de 30%, é interessante destacar que para o caso europeu, cerca 23% dos artigos envolvem algum tipo de comparação.

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A categoria outros inclui vários países que aparecem na revista. São encontrados trabalhos sobre a China, Rússia, Coréia do Sul, Japão, alguns trabalhos apresentam abordam os partidos políticos em sociedades pós-comunistas.

Gráfico 1- Trabalhos publicados por países e continentes (1995-2016) (%)

Fonte: Os autores a partir da Party Politics

O gráfico acima mostra que regiões do mundo inteiro foram representadas nas páginas da revista. Os países e partidos europeus são, a partir da análise dos títulos dos artigos, preponderantes ao longo do tempo. Os textos que não indicam algum referencial geográfico são em grande parte trabalhos teóricos, ou que envolvem mais de um país analisado. No entanto, seria importante a leitura de seus conteúdos para se identificar as regiões analisadas.

No caso da América Latina, no nosso universo de análise, especificando por país, sete trabalhos tinham como objetivo a comparação de mais de um país da região, dois textos comparando dois países. Já em relação aos estudos de caso, foram constatados seis sobre o Brasil, cinco sobre o Chile, Argentina e México quatro textos cada, Uruguai e Peru com três cada, Venezuela dois, Bolívia e El Salvador um cada.

Quem publica

Além da informação dos países investigados, o nosso banco de dados contempla a quantidade de autores que assinaram cada um dos textos, ou seja, a co-autoria na publicação. Observando primeiramente os resultados de todo o período, de todos textos publicados (os 805 trabalhos), o que se observa ao longo do tempo é um incremento na produção com mais de um autor.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

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Não indica Europa Estados

Unidos

América

Latina

África Outros

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Separando a quantidade de autores por artigo em três grupos: i) um autor; ii) dois autores e iii) três ou mais, o que se observa é o avanço nesses dois últimos grupos sobre o primeiro:

Gráfico 2 - Quantidade de autores por artigo na revista 1995-2016 (%):

Fonte: Os autores a partir da Party Politics

Os dados do gráfico acima revelam as oscilações no número de autores que assinam os textos. Note-se que até 2000, a porcentagem com apenas um titular era a tendência dominante, depois desse período, o número de co-autorias passa a representar mais de 30% dos textos, chegando a 50% em 2007 e hoje, somados os números de texto com dois autores e três ou mais, fica evidente que o pesquisador solitário, tende a desaparecer. Os dados de co-autoria11, constituem um importante indicador para se entender o modo de produção de um determinado campo de estudos Soares; Souza & Moura (2010).

Especificamente sobre o nosso objeto, o que encontramos foi a predominância de textos assinados por apenas um autor, 26 entre os 38 trabalhos. A co-autoria de dois autores foi constada em nove casos, sendo a com três apenas três vezes. Complementar as informações sobre cooperação na produção, os resultados da pesquisa revelam que os 38 textos publicados

11 Eles poderiam revelar mudanças na forma de produção do conhecimento científico. Níveis maiores de co-autoria seriam indicativos da presença de grupos de pesquisa, redes de colaboração, etc.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6

Um Dois Três ou mais

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na revista foram assinados por 53 pesquisadores12, desses 42 (80,07%) eram vinculados a alguma instituição dos Estados Unidos da América (EUA), na sequência, três pesquisadores vinculados a instituições chilenas, dois a institutos brasileiros, e um pesquisador de cada país: Uruguai, Argentina, México, Canadá, Holanda e Taiwan.

Em relação as universidades as quais os pesquisadores estavam vinculados, foram contabilizadas 39 instituições. As maiores frequências, representando 47,2% do total, são as: University of Pittsburgh (5 vezes); University of California e University of Missouri (com quatro cada); Duke University, Pontifícia Universidad Católica, IUPERJ, University of Colorado, University of Illinois at Urbana- Champaign, University of Notre Drame (com dois cada), as demais instituições contaram com apenas uma aparição nos resultados.

Esses dados indicam que a região tem sido representada nas páginas da revista por pesquisadores vinculados a instituições de fora da própria América Latina. Apesar disso, não é possível inferir que os pesquisadores da região não têm os seus trabalhos publicados, visto que os mesmos podem estar publicando sobre outras temáticas não vinculadas aos países de origem. Seria preciso uma análise do número de artigos que são submetidos por pesquisadores da região e não são aprovados. De todo modo, esses achados sinalizam para uma baixa inserção dos pesquisadores da região na revista, o que pode ser uma escolha por parte da comunidade acadêmica em privilegiar outras formas de publicação ou outras revistas, ou a negativa dos editores do período em publicar trabalhos de “nativos”.

Fontes e métodos: Como se estudam os partidos e o sistema de partidos da América Latina

Os métodos e fontes mobilizados pelos autores que publicaram sobre a América Latina na revista indicam que maioria dos trabalhos se valeu de dados empíricos para a análise, apenas dois textos foram estruturados com base na própria literatura. A maior parte dos trabalhos utiliza apenas uma metodologia ou fonte 22 casos, ao passo que 16 textos se basearam em mais de uma estratégia de pesquisa.

Os dados da Tabela 2 indicam os métodos e fontes recorrentes. Note-se que o número de trabalhos que se valeu de dados como votação e resultados eleitorais foi predominante (17), sendo seguidos pelo survey com 12. Os dados do quadro abaixo agrupam as técnicas e fontes em quatro categorias: i) survey; ii) entrevistas; iii) votação e resultados eleitorais; e iv) outros13.

12 Consideramos o número de autores por artigo, o que acarretou contar mais de uma vez o mesmo indivíduo. Os indivíduos que assinaram mais de um texto foram: Scott Morgenstern (4 textos) Steven Levitsky (2) e Christopher Raymond (2). 13 A categoria outros foi formada por dados e técnicas de pesquisa que apareceram poucas vezes. Estão inclusas nela: dados sócio-econômicos, observação participante, análise de documento e roll call data.

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Tabela 2-Métodos e fontes de trabalho Quantidade de

métodos ou fontes

Tipo de método e fontes

Survey Entrevista Votação e resultados

eleitorais

Outros

Um 8 1 7 6

Dois 2 3 5 5

Três 2 6 5 7

Total 12 10 17 18

Fonte: Os autores a partir da Party Politics

Os dados acima não deixam dúvidas da vocação empírica nos trabalhos publicados envolvendo a América Latina na revista. Na Ciência Política nacional, a preocupação com métodos de pesquisa ocupa um espaço importante no campo, como pontuado por Soares (2005). Mesmo nos EUA, lugar responsável pela institucionalização da disciplina (ADCOCK & BEVIR, 2010), a preocupação com o método acompanha a disciplina desde os seus primórdios, sendo o que se chamou de “Revolução Comportamentalista” um dos marcos nesse debate e de mudança no modo de produção do conhecimento do campo Dryzek (2006), Dahl (1961). Assim, os dados acima, são ilustrativos dos métodos de trabalho utilizados pelos próprios estadunidenses, o que na prática parece ser resultado da formação dos autores que publicaram na revista, pois como apresentamos anteriormente, dos 53 autores, 80% estavam vinculados há alguma instituição de ensino no país.

O impacto dos trabalhos no campo acadêmico

Outro aspecto ressaltado nas análises sobre periódicos é o impacto de seus artigos no conjunto da comunidade acadêmica. Afinal de contas, a relevância da pesquisa pode ser medida na relação em que inspira, contraria ou favorece, trabalhos posteriores. Na área de Ciência Política, e em específico no Brasil, trabalhos que tratam de investigar o impacto mesmo da pesquisa ainda são raros. Marenco dos Santos (2014), compilou dados acerca das citações de trabalhos produzidos por brasileiros em periódicos nacionais e internacionais de alta qualificação. Neste sentido, o autor constata que, apesar do aumento da produção dos pesquisadores brasileiros, o impacto de seus trabalhos (número de citações), ainda se mantinha em níveis bastante restritos.

Tomando os objetivos deste texto, nesta seção buscamos discutir como o impacto da produção sobre América Latina, na Party Politics, a partir de número de citações que estes trabalhos receberam ao longo do período. A título de comparação, na próxima tabela, compilamos os três artigos mais citados da revista, no sentido de salientarmos as diferenças com os artigos produzidos sobre a região.

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Tabela 3- Artigos mais citados na Party Politics

Título do Artigo/ Ano Autores Número de citações (até

2016)

Número médio de

citações por ano

Changing Models of Party

Organization and Party

Democracy The Emergence

of the Cartel Party/

1995

Richard Katz;

Peter Mair

3081 146,7

Expert Interpretations of

Party Space and Party

Locations in 42 Societies/

1995

John Huber;

Ronald Inglehart

985 46,9

Party Membership in Twenty

European Democracies,

1980-2000/

2001

Peter Mair;

Ingrid Van Biezen

831 55,4

Fonte: Party Politics, Google Scholar, Scopus.

Como podemos observar os artigos tem impacto na comunidade acadêmica, passando de mais de mil citações ou deste número se aproximando. O texto de Katz & Mair (1995), pode ser considerado paradigmático, pois, neste, os autores desenvolvem uma tese que até hoje é objeto de debate na área de estudos partidários, qual seja: tese do partido cartel. Não nos deteremos em explicações gerais acerca das ideias colocadas pelos autores, mas destacamos o impacto do artigo ao longo do tempo. Publicado em um dos primeiros números da revista, foi citado cerca de 147 vezes por ano. Os demais artigos, se não tiveram o mesmo impacto, também suscitam, e suscitaram, diversos debates na área de estudos partidários, comportamento eleitoral e, mesmo, cultura política, trazendo novos elementos teóricos para a análise dos vínculos entre sociedade e partidos políticos.

No que concerne os trabalhos produzidos na revista sobre partidos e sistemas partidários na América Latina, podemos observar um cenário bastante dispare. Os 38 artigos tiveram um impacto bastante variável, tendo, em média, um número bruto de 41,6 citações (até o momento de escrita deste texto), sendo referenciados, em média 4,5 vezes por ano. Os dois artigos mais citados (273 e 231, respectivamente), foram produzidos por professores da Universidade de Notre Dame (EUA): “The Dynamic Diversity of Latin American Party Systems”, de Cooppedge (1998), e “The Politics of Coalition Formation and Survival in Multiparty Presidential Democracies: The Case of Uruguay, 1989-1999”, de Altman (2000). Na tabela abaixo, agrupamos os artigos por período e destacamos o número de citações médio de artigo por ano, desde sua publicação. Como podemos observar, o número bruto de citações é maior no primeiro período (final dos anos 90 e início dos anos 2000). Proporcionalmente, no entanto, há mais citações por ano nos artigos mais recentes, quando também há, aparentemente, um retorno a agenda de

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pesquisas sobre partidos na América Latina (maior produção de todos os períodos analisados)14.

Tabela 4- Número e média de citações dos artigos: Período Número de

artigos

Número de citações (até

2016)

Média de citações por ano

1995-2000 13 1054 4,66

2001-2005 5 264 3,72

2006-2010 3 38 1,8

2011-2016 17 145 4,61

Total 38 1501 4,515

Fonte: Party Politics, Google Scholar, Scopus.

Estes números nos dão indicativos da produção acadêmica sobre partidos e sistemas partidários da América Latina. Teríamos que destacar, a partir de outras fontes, em trabalhos futuros, aonde se dá o impacto desta produção: se em periódicos “nativos” ou “estrangeiros”, tais como a própria Party Politics. É interessante comparar também estas produções com os artigos mais citados da revista. Os números são bem distantes. Talvez, neste sentido, emerge a distinção entre a produção “focada” e empírica e a produção “teórica”. Mesmo com “estrangeiros” publicando sobre os partidos latino-americanos, os trabalhos que focam na região não produzem instrumentos teóricos que sirvam a análise das organizações partidárias em outras regiões. As tentativas de teorização trabalham com conceito que seriam “estranhos” aos casos de democracias industriais consolidadas, tais como: clientelismo, patronagem e corrupção.

Considerações Finais

O nosso objetivo com esse trabalho foi analisar os textos que tratavam explicitamente da América Latina, publicados na Party Politics, entre os anos de 1995 até 2016. O nosso banco de dados sobre os textos da região foi formado por 38 trabalhos, os quais buscamos analisar sobre quais países diziam respeito, o perfil dos autores que os escreveram, fontes e métodos utilizados bem como o impacto na literatura.

Como resultado, observamos que o Brasil foi o país analisado mais vezes (seis artigos), mas comparações sobre um ou mais países da região somam nove textos. Esses textos foram no geral escritos por pesquisadores isolados, o que destoa do perfil da revista, que tem caminhado

14 No anexo 1 estão destacados todos os artigos e seus nomes. 15 Este número deve ser lido da seguinte forma: número médio de citações do artigo por ano. Considerando-se o primeiro ano até o fim da contagem, em 2016.

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para publicação de textos com mais co-autoria. Os dados também indicaram que a maior parte dos autores que publicaram sobre a temática estavam vinculados a instituições dos EUA.

Em relação as fontes e metodologias utilizadas, observamos que trabalhos empíricos são a regra. Dados sobre votação e resultados eleitorais são as fontes da maior parte dos textos. Apesar de termos observados que trabalhos como o de Katz & Mair (2015) impactaram a comunidade dedicada a temática, os artigos analisados não obtiveram o mesmo êxito.

Portanto, esses resultados indicam as tendências e características publicadas sobre a América Latina na principal revista de partidos políticos do mundo. Os nossos dados ainda precisam ser acrescidos de informações como as teorias que informam essas pesquisas, as fontes bibliográficas utilizadas.

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