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FALA , Julho agosto 2012 Jornal do Colégio João XXIII www.joaoxxiii.com.br Cristina Mello A fogueira esteve no centro das atenções da festa do santo xará do João. Literalmente. Não poderia ser diferente em um colégio que estimula o debate e se propõe a ensinar jovens e crianças a zelar pela sustentabilidade do Planeta. Prova de fogo

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FALA,Julho agosto 2012Jornal do Colégio João XXIII

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A fogueira esteve no centro das atenções da festa do santo xará do João. Literalmente. Não poderia ser diferente em um colégio que estimula o debate e se propõe a ensinar jovens e crianças a zelar pela sustentabilidade do Planeta.

Prova de fogo

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Além de nósO João XXIII é o único colégio comuni-

tário de Porto Alegre. Isso não é apenas uma curiosidade ou título, mas uma forma de ge-renciamento capaz de respeitar as diferentes opiniões da comunidade escolar. Com base nessas opiniões, são planejadas ações capa-zes de beneficiar o coletivo, ultrapassando as gestões dos cargos eletivos e até mesmo a permanência dos filhos na Escola.

Guiados por essa convicção e pela recen-te Pesquisa de Avaliação do Colégio João XXIII – além de demandas recorrentes e absoluta-mente necessárias –, o Conselho Deliberante está adotando um reordenamento estratégi-co na gestão dos recursos. Uma das primeiras propostas é a alteração no sistema de taxa de matrícula, conforme foi informado aos pais, por meio de correspondência.

Para melhor compreensão da proposta, é importante lembrar que os atuais recursos co-brem a manutenção da estrutura escolar. No último verão, por exemplo, foram realizadas obras de porte, incluindo estruturas físicas re-formadas, reorganizadas, ampliadas, remobilia-das, equipadas ou mesmo construídas. O Colé-gio virou um canteiro de obras com cerca de 60 operários em atividade, manobrando guindas-tes e retroescavadeiras para garantir um novo e seguro sistema de esgotos, substituindo-se e envelopando em concreto 189 canos de PVC.

A proposta do Conselho, que cria um Fun-do de Investimento, vem para garantir as am-pliações e adaptações indispensáveis ao cres-cimento da Escola, tanto em termos de alunos quanto de demandas pedagógicas. Portanto, tem a finalidade clara de viabilizar, por exem-plo, não só o projeto elétrico do Colégio, mas também as reformas do ginásio, do auditório e da biblioteca, bem como a construçãoe a co-bertura da quadra de piche.

O Fundo é um investimento. Uma aposta no presente e no futuro de nossos filhos, por meio de uma educação de qualidade base-ada no conhecimento, na criatividade e na consciência. Mas não só deles. É também um investimento nas crianças e nos adolescentes que povoarão o Colégio João XXIII quando nossas crianças estiverem formadas e seguin-do seus próprios caminhos.

Cristina Pozzobon, Presidente do Conselho Deliberante

EDITORIAL

Jornal do Colégio João XXIII

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL JOÃO XXIIIPresidente: Cristina Toniolo PozzobonVice-presidente: Afonso Mossry Sperb

Diretor Financeiro: José Carlos Carpes CastiglioDiretor Jurídico: Blair Costa D’Ávila

Diretor de Patrimônio: Pedro Chaves Barcellos FilhoDiretora de Comunicação: Jaqueline Tittoni

INSTITUTO EDUCACIONAL JOÃO XXIIIDiretora Geral: Anelori Lange

Vice-Diretora: Maria Tereza Coelho

Edição: Rosina Duarte Textos: Luana Dalzotto

Diagramação e editoração: Cristina Pozzobon

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Guardião da terra e do ar Jardineiro fiel: Seu Jorge cuida de plantas há 42 anos

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“As árvores são o oxigênio das cida-des e o refresco das pessoas no verão”, teoriza Jorge Marques Ribeiro, o res-ponsável por manter saudável o grande pulmão do João. Se as árvores realmente possuem esses poderes – de retirar o gás carbônico de circulação e liberar oxigênio –, seu Jorge, como é conhecido na Esco-la, pode ser chamado de ‘O Guardião do Bem-Estar’. Mesmo admitindo que seu forte é a prática e não a teoria – “Tudo que sei aprendi no dia a dia. São 42 anos de profissão”, – Jorge, fre-quentemente, busca informações sobre o assunto em revistas especializadas.

De leitura em leitura, foi adquirin-do conhecimento su-ficiente para dar uma aula sobre tulipas, suas flores preferidas, e explicar quais são as influências das esta-ções do ano sobre as plantas. “O verão queima os jardins, mas em seguida vem o outono, que, em razão da umidade, é ótimo para restaurar a vegetação”, ensina. O gosto pelas plantas pode ser comparado a um dom, pois o interesse surgiu na vida de Jorge naturalmente. “O jardim da loja em que eu trabalhava me

chamava atenção. Quando me dei conta disso, um amigo jardineiro me convidou para trabalhar com ele”, conta.

Por muitos anos, Jorge e seu amigo Ma-noel foram os responsáveis pelos jardins de mais de 25 casas do bairro Assunção, em Porto Alegre. “Gosto de mexer com a terra. Funciona como uma terapia e sinto que isso faz parte de mim”, expõe. O senti-mento de leveza ocasionado pelo cuidado

com as plantas expande seu modo alegre e gentil de ser. “Aprendi

com os meus pais a respei-tar as coisas e as pessoas,

a valorizar a educação e a ser feliz. O traba-lho é mais um motivo para ser assim, porque a natureza representa para mim beleza e ale-

gria”, reflete.Se o jardim estiver

em uma escola como o João, a sensação de realiza-

ção aumenta ainda mais. “Os alu-nos têm uma relação forte com as plan-tas e querem saber sobre elas. Por isso, gosto de trabalhar aqui, me sinto bem no meio deles”, declara Jorge. Daí por que a menos de quatro anos da apo-sentadoria, ele não tem planos de pa-rar: “Quero modificar alguns canteiros e colocar mais arbustos no Colégio”, avisa.

”Os alunos têm uma

relação forte com as plantas,

querem saber sobre elas.”

Jorge Marques Ribeiro

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São João passou por uma prova de fogo quando uma polêmica botou le-nha na fogueira. Enquanto uma parte da comunidade escolar do João XXIII clamava para preservar a maior tradi-ção das festas juninas, outra alegava que as fogueiras são poluidoras. O debate, porém, não chegou a surpre-ender. Como poderia ser diferente em um colégio que estimula a expressão de ideias e se propõe a ensinar jovens e crianças sobre a sustentabilidade do Planeta?

Assim, além dos pés-de-moleque, pipoca, bolo de milho, gaúchos e pren-das, a Festa Junina do João XXIII teve também o dilema sobre a estrela da festa. Agregadora, bonita, tradicional, a fogueira é também uma produtora de CO2 (dióxido de carbono) e, portanto, uma poluidora. Argumento vai, argu-mento vem, veio também a solução. No próximo ano haverá um plebiscito da Comunidade do João.

A última fogueira?

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Pagã ou cristã?A fogueira traz o signo da po-lêmica desde o nascimento, pois tem uma origem cristã e outra pagã. Para muitos pesquisado-res, ela é resquício da antiga festa pagã pela passagem do solstício de verão, em 24 de junho, na Eu-ropa medieval. Para outros, tem origem em uma lenda cristã. De acordo com a segunda versão, Isabel combinou com Maria, sua prima, que, quando o filho nas-cesse, comunicaria a boa nova acendendo uma fogueira no alto de uma colina. Ao nascer, o primo segundo de Jesus Cristo foi bati-zado de João Batista, tendo poste-riormente virado santo e recebido uma festa em sua homenagem.

O saudável confronte de ideias nasceu com o João XXIII. Con-ta a professora Lilia Rodrigues Alves uma das fundadoras, que nos primórdios da Instituição, os alunos foram incentivados a decorar suas salas de aula. Be-las frases, tiradas humorísticas e cartazes artísticos cobriram as paredes na absoluta maioria das classes. Com exceção de uma, que decidiu inovar, enfeitando o recinto com posters de mulhe-res peladas. Proibir por proibir era proibido. Que fazer, então? A própria Lilia foi dialogar com a gurizada. Entrou na sala com ares distraídos, fingindo não ouvir os cochichos nem ver as risadinhas de canto.

-Tudo certo, pessoal?- Tuuudo. - Como foram as férias? Muita

praia?- Muuuuita.

- Todo mundo foi pra praia de uni-forme, não é?

Silêncio absoluto. Olhos arregala-dos de supresa

– Ué, como assim? Ninguém vai a praia de uniforme, professora

E então o diálogo: “Claro, claro. Quem pensaria em ir a praia de uni-forme, não é? Tudo tem o seu lugar e a sua hora. E vocês acham que um colégio é lugar e hora para essas se-nhoritas?” E a conversa seguiu. Argu-mento daqui, argumento dali, veio a negociação. Aceitavam tirar, mas não valia rasgar. O patrimônio era da turma.

Durante anos os posters das nuas permaneceram enrolados na sala da Direção. Vez que outra algum aluno perguntava por eles, certificando-se que a promessa estava sendo cum-prida. Aos poucos as perguntas fo-ram cessando, a meninada crescen-do, crescendo, até receber um outro tipo de canudo: o diploma. E as nuas tiveram seu triste fim na lata do lixo.

A primeira polêmica

Dilema foi a maior das provas na Festa de São João

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A música voltou às escolas brasileiras, mas não ao João XXIII. Porque daqui ela nun-ca saiu. Enquanto a maioria das escolas brasileiras reedita a disciplina em caráter obri-gatório na Educação Básica, para atender à determinação da lei aprovada em 2008, o João XXIII apenas continua um trabalho ininterrupto. Mesmo quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional dispensou, em 1971, a obri-gatoriedade do ensino musi-cal nas instituições escolares, o João o manteve entre os aprendizados pedagógicos.

Além de desenvolver a sensibilidade, a criatividade e a integração dos alunos, a

proposta da Educação Mu-sical do João é disseminar o conhecimento de gêneros e ritmos. Por isso, a professo-ra Ana Isabel Maestri, atu-almente a mais antiga da disciplina no Colégio – está na Escola desde 1989 –, pro-pôs aos alunos do 4º ano um mergulho na história musical do Rio Grande do Sul. O tra-balho interdisciplinar entre Música, História, Informática e Arte, está inserido no con-teúdo pedagógico do 4º ano, que tem o Estado como foco. “A ideia é fazer com que eles tenham contato com os di-versos gêneros e ritmos fei-tos na nossa região”, explica a professora.

Para isso, cada grupo de alunos criará um videoclipe baseado em uma música de um artista ou grupo gaúcho.

No final, por meio de audição comentada, os estudantes contarão a história da atração escolhida.

Os alunos do 2º e do 5º anos fo-ram enfeitiçados pelo som mágico de instrumentos artesanais execu-tados por uma espécie de “Flautista de Hamelin”, o coordenador geral de uma orquestra dinamarquesa, o Concerto Copenhagen, especia-lizada na música dos séculos XVII e XVIII. Nikolaj Licht deu asas à ima-ginação da meninada, ao contrário do personagem do conto recriado pelos irmãos Grim, em que o flau-tista conduz as crianças ao cativeiro.

Nicolaj é pai de Teodoro Licht, da 2º B e foi convidado pelo profes-sor de música Estêvão Grezeli, que avalia:“O contato com o Nikolaj foi muito importante para os alunos porque, além de ter o domínio so-bre as flautas, ele possui tipos ra-ros, e é muito criativo”. Licht, por sua vez, considera que o ensino de Música nas instituições escolares contribui para o desenvolvimento do ser humano e para a capacidade

de aprender conteúdos mais abstra-tos e teóricos. “A Música conecta a criatividade com o raciocínio, dois elementos fundamentais para o sur-

gimento de um ser humano com-pleto. Fico feliz de constatar que o Colégio do meu filho valoriza isso”, afirma Nikolaj.

Flautista de Hamelin importado da Dinamarca

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A música nunca saiu de moda

Para Nicolaj, a música conecta a criatividade com o raciocínio

Os alunos do 4º ano mergulham nos sons do Rio Grande

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Alunos da 7ª série do colégio João XXIII deram uma espiada no outro lado do globo terrestre e fizeram um rápido passeio na máquina do tempo sem sair do Estado. Esse passe de mágica aconte-ceu por obra e graça da saída de estudo ocorrida no dia 19 de junho. A viagem envolveu as disciplinas de História e Arte e levou os estudantes ao Memorial da Cultura Japonesa, em Ivoti, e ao Museu da Moda, em Gramado.

“A ideia é possibilitar que os alunos entrem em contato com a cultura ja-ponesa e com os períodos históricos previstos no conteúdo pedagógico deste ano”, explica a professora de Arte, Ivone Bins, que ministra a disci-plina junto com a professora Luciana Beckel. Já o professor de História, Rui Piassini, garante que conhecer roupas e objetos auxiliará o entendimento da Idade Média e do Renascimento.

A proposta dos professores é com-preensível quando se entra no Museu da Moda. Mais do que exibir 150 peças de vestuário tendo cenários internacionais ao fundo, o local proporciona um passeio guiado por quatro mil anos de história. Ao entrar no Museu, os visitantes transi-tam pelo Egito, Pérsia, Síria, Grécia, Roma e Bizâncio, a era medieval, a Renascença, as cortes francesas, a Belle Epoque, e até

pelo guarda-roupas da princesa Lady Dy.No Memorial, a linhas despojadas e

o ambiente claro e quase minimalista do prédio de 200 m², cercado por primoro-sos jardins, não deixam dúvidas de que aquele é um retalho da cultura japonesa, costurado na paisagem serrana de Ivoti. Dentro, utensílios domésticos, ferramen-tas agrícolas, malas de vime, quimonos (desde os simples, feitos de sacos até os sofisticados, elaborados com seda, além

de versões atuais criadas por estilistas) cartas, fotografias e outros documentos descrevendo como era a vida dos imi-grantes vindos da chamada Terra do Sol Nascente, porque os ideogramas que compõem seu nome significam “origem do Sol”. Não por acaso, sua bandeira exi-be um disco vermelho sobre fundo bran-co. E, por estar localizado diametralmen-te no oposto do Brasil, lá o sol desponta quando aqui está se pondo.

Uma viagem no tempo e no espaço

Banda do João foi batizada J23Além do tradicional

Festival de Música, desde o início deste ano a Escola conta com mais uma ativi-dade extracurricular volta-da para a música. Criado pelo professor Marcello Soares e formado por alu-nos da 8ª série até a 3ª série do EM, o grupo mu-sical J23 se reúne todas as quartas-feiras, à tarde, em uma sala de aula que, nes-sa hora, vira “estúdio”, com microfones, instrumentos e “cantores”. “Sempre quis montar um grupo musi-

cal em uma instituição de ensino e o João é o lugar ideal para isso, porque a música faz parte da vida do Colégio e está inserida na proposta pedagógica de sensibilizar estetica-mente os estudantes e colaborar para o aprimo-ramento qualitativo da vida emocional de cada um”, acredita o professor. Segundo a aluna Isadora Martins, da 1ª série do EM, “O Marcello atua como um coordenador e faz com que todos sejam ouvidos”.

Saída de estudos passou pelo Museu da Moda e Memorial da Cultura Japonesa

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T o d o mundo sabe

os termos e ati-tudes que envolvem os relacio-namentos na atualidade. Ficar fi-cando, que é ficar algumas vezes, quando o sujeito se torna um fi-cante. Ficar, mais ocasional, sem reincidência. E pegar. Menos que ficar. Para pegar nem é preciso pa-rar. Sem nome, sem endereço, sem nostalgia. Pois foi num desses dias de vocabulário atualizado que ouvi a frase: “Mas a gente ama o João”. Falar de amor numa hora dessas?

Era uma conversa telefônica que envolvia poemas. Bandeira, Pessoa, Vinícius. Declarações de amor. Nós amamos o João. E a explicação: “o trabalho vai começar com o poema A Quadrilha do Drummond, depois a gente escreve que essas histórias são velhas conhecidas, mas a gente ama o colégio João XXIII.”

E eu, na minha ilusão de obser-vadora isenta, que vigia como se as-sobiasse, completei mentalmente: o amor muda nossas vidas, nos ale-gra e nos acrescenta, nos ensina e nos constrói. Amor não é ficar, mui-

to menos pegar. Amar é ser junto. Sem nunca esquecer quem somos.

Quando nos envolvemos com uma escola é disso que estamos fa-lando, e não de matérias e notas e futuro. Falamos de amor e tudo que esse sentimento incrível e assustador implica. Acho que esses adolescentes estão em um relacionamento sério com esse João. E isso me pareceu bom. Muito bom.

Christina Dias, mãe do Fernando 5º A EF e Luísa 2ª C EM

Históriasdo

João

O projeto Crônicas do João é um espaço literário aberto em que a comunidade pode mostrar sua escrita criativa. Esperamos o seu texto.

Pegar, ficar, amar

Medalhas no peito não foram as úni-cas conquistas de quem participou da Olimpíada do Colégio João XXIII, entre 3 a 10 de julho, envolvendo todas as etapas do Colégio. “Além de ser um momento para os alunos colocarem em prática ha-bilidades esportivas, a Olimpíada contri-bui para a socialização dos estudantes, reforçando o espírito de solidariedade e integração, mas, principalmente, esti-mulando a competição de uma maneira saudável e prazerosa”, afirma Fabiana Catalani Lisboa, integrante da equipe organizadora do evento, formada pelos professores de Educação Física.

A abertura, montada pela Equipe de Educação Física, aconteceu às 14h, no Campão. Na abertura, teve dança em homenagem ao intercambistas, dança típica do país visitado, Nova Zelândia, além da primeira apresentação do gru-

po musical J23 e um espetáculo de ginástica olímpica protagonizado pelas alunas Valentina Luchetta e Taís Martins Spieker, do 5A.

Todas as etapas participa-ram. Até a Educação Infantil esteve presente com as ‘Vi-vências Olímpicas’ nos dias 3,4 e 6 de julho: brincadeiras e jogos adaptados para a faixa etária, como circuito lúdico com salto em colchões, cama elástica e vôlei bolão.

Os jogos do 5º ano até o Ensino Médio ocorreram de 3 a 7 de julho, nas quadras do Colégio; do CETE (Centro Estadual de Treinamento Esportivo), lo-calizado no bairro Menino Deus; e no Partenon Tênis Clube. No total, foram oferecidas 11 modalidades, do tradi-cional handebol à inusitada caça ban-deira. As equipes foram representadas

por países, e cada uma das 18 turmas envolvidas se responsabilizou pela pro-dução do seu uniforme. A atividades da Etapa de 1º ao 4º ano aconteceram de 4 e 6 de julho. O encerramento da ativi-dade, no dia 10, foi inspirada nos jogos olímpicos internacionais e mobilizou a Escola inteira. Quem não jogou, fotogra-fou. (Veja Essa Página é Nossa)

Uma Olimpíada para todos

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Palavra de adolescente

Um pensador de cabelos moicanos pintado com mechas da cor do arco--íris e duas frases: “Pen$ar não custa nada” e “Só se vê bem com o coração: o essencial é invisível aos olhos (Saint--Exupéry)”. Com esse cartaz artesanal e coletivo, desenvolvido por várias tur-mas, os alunos da 8ª série e do Ensino Médio anunciaram o Seminário Filosó-fico, realizado no dia 30 de junho, que debateu o consumismo.

O estádio lotou, apesar de ser uma manhã de sábado, com cara feia, trovo-adas e, mais tarde, chuvarada. No palco, os professores de filosofia Carla Autu-ori, Adriana Moraes e Rogério Caricon-de se acomodaram junto aos alunos Renan Camboim Pereira (1ªA), Marcelo Fabrício Nocchi (1ªA), Maria Melgarejo (1ªA), Bernardo Frota (3ªC), Luisa Audy (1ªE), Juliana Nascimento (8ªE), Victória Girotto (2ªC) e Leonardo Wolf (2ªA).

Além dos integrantes da “casa”, estiveram presentes a jornalista Ales-sandra Riete e Tiago Deixheimer – am-bos integrantes do jornal Boca de Rua, feito e vendido por moradores de rua de Porto Alegre há 13 anos. Além de

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Confira as ideias cruzadas dos alunos surgidas no debate, que teve espaço para polêmica e também para muita reflexão sobre o conteúdo desenvolvido ao longo do semestre:

“O consumismo parte da insatisfação. Nós da classe média, temos praticamente

tudo, mas há um vazio no mundo de hoje e as pessoas preenchem comprando o que não precisam. Mas o que e para que estamos con-sumindo?”. (Bernardo Frota 1ª A EM)

“A pessoa consome para fazer parte. É difícil imaginar como seria possível pa-

rar com isso, mesmo que a gente queira”.

(Luisa Audy 1ª E EM)“A triste realidade é que ninguém se

encaixa se não tiver aquele celular, aquela marca de roupa. E vai ser discriminado e pode até sofrer bullying”. (Renan Camboim Pereira 1ª A EM)

“Se tem que consumir para se encaixar, não vale a pena se encaixar. Para que eu con-suma aqui, tem gente fazendo trabalho es-cravo na China. Não temos que aceitar isso.” (Marcelo Fabrício Nocchi 1ª A EM)

“Existe uma frase que me marcou muito: quanto maior a necessidade, me-nor é a liberdade. Então eu reduzi meu

consumo. Eu não sou consumista”. (Juliana Nascimento 8ª E EF)

“A mídia coloca ideias na nossa cabeça e a gente nem percebe. Isso é uma forma de consumismo, também”. (Leonardo Wolf,

2ª A EM)

“Temos que pensar no ciclo do consumo. Quanto mais a gente consome, mais lixo gera para o planeta. É a vida de muita gente que está em jogo e nós temos que pensar nisso. Pensar no ciclo, que é muito maior do que nós mesmos. Pensar na roda-viva, que a gente pode, sim, diminuir”. (Maria Melga-

rejo, 1ª A EM)

Pen$ar não custa nada

contar a história do jornal, Tiago – que já foi estudante de escola particular – chamou a atenção para um outro tipo de consumo: o das drogas que, mui-tas vezes, acaba engolindo tudo que a pessoa possui, inclusive sua saúde e dignidade. Alessandra lembrou o

consumo da mídia, que passa ideias prontas, e a necessidade de consumir outro tipo de informação. Durante o encontro, apresentou-se, ainda, o gru-po de rap da Associação cultural Alvo, composto por W. Negro, DJ Edinho, Jean Andrade e Giovani Medi.

O consumismo pautou o debate no Seminário Filosófico

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Espaço dos estudantes do João XXIII

Na infância, quais eram as suas brincadeiras preferidas?

Minha brincadeira favorita, de manhã à noite, todos os dias, era jogar futebol.

Qual seu livro preferido quando era criança?

Eu gostava muito de rock’n roll, aí eu resolvi fazer letras de música e eu co-mecei a ler poesia para ver como alguns poetas escreviam. Quando eu li um po-eta chamado Manuel Bandeira eu vi que aquilo escrito de forma muito legal, que aquilo era rock’n roll no papel. Eu passei a ler e escrever poesia, fui lendo e escre-vendo, lendo e escrevendo e isso eu faço até hoje. Eu leio muita poesia e escrevo. O meu autor número 1 é o Manuel Ban-deira, o mesmo que foi há 15 anos.

Quando resolveu ser escritor?Resolvi fazer letra de música e come-

cei a ler poesia para entender como se faz letra de música. Então eu passei a ser um leitor de poesia e um escritor basica-mente de poesia. Desde os 15 anos até hoje eu escrevo poesia.

Qual foi o primeiro livro que es-creveu?

Viagem dos olhos

Como se inspira para escrever?Escrever é um uso criativo da lingua-

gem. Criar é fazer o que não existe. Criar é fazer o inesperado. Criar poesia é fa-zer o inesperado com o significado das palavras. Qualquer palavra é um som. Então eu posso criar com o som da pala-vra. Uma palavra que soa parecido com outra, uma palavra que eu repito no po-ema. Repetir letras. Isso é criar. Quando a gente escreve é como um desenho. É colocar uma palavra para cá, outra para lá. Posso virar a palavra de cabeça para baixo, posso deixar ela redonda. A palavra é três coisas: significado, som e desenho. O que me inspira é criar. Sobre o quê? Sobre qualquer coisa.que me der vonta-de. Eu parto de uma ideia criativa com as palavras, daí eu acho o que dizer.

Quais são as suas profissões? Como se organiza?

Como professor, redator publicitário, diretor de criação de propaganda, colu-nista de jornal, letrista de música... tudo que que faço é relacionado com a lingua-gem. Eu penso que a coisa mais impor-tante é se divertir. Eu me organizo assim: as coisas legais eu faço sempre.

“O mais importante é se divertir”

Para ninguém ficar de fora, o professor de Ed. Física, Luis Lucini, propôs uma “maratona fotográfica” envolvendo os alunos que não participaram das competição.

Entrevista com o autor Ricardo Silvestrin feita pelos alunos do 2º ano E.F.

Olimpíada do João XXIII

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