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AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS PBT/ARGILA
BENTONITA TRATADOS POR RADIAÇÃO IONIZANTE – PREPARAÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO
MARIANA DO NASCIMENTO SARTORI
Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear – Aplicações
Orientadora: Profa. Dra. Esperidiana Augusta Barretos de Moura
São Paulo
2014
INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES
Autarquia associada à Universidade de São Paulo
ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS PBT/ARGILA
BENTONITA TRATADOS POR RADIAÇÃO IONIZANTE – PREPARAÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO
MARIANA DO NASCIMENTO SARTORI
Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear – Aplicações
Orientadora: Profa. Dra. Esperidiana Augusta Barretos de Moura
São Paulo
2014
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”
Albert Einstein
AGRADECIMENTOS
A Dra. Esperidiana Augusta Barretos de Moura pela oportunidade de
desenvolver este trabalho.
Ao Prof. Dr. Francisco Rolando Valenzuela Diaz, pelo fornecimento das
argilas, por abrir as portas do seu laboratório para que eu pudesse realizar a
modificação das argilas, por sempre me ajudar quando tinha dúvidas e estar
presente desde o início deste trabalho e fazer parte da minha banca no exame de
capacidade, seminário de área e defesa.
A todos os alunos que passaram pelo grupo ao longo do desenvolvimento
deste trabalho e que me ajudaram em diversos momentos: Beatriz Nogueira,
Cristina Pozellato, Lia Fazzio, Diego Lima, Jaciele Gonçalves, Valquíria Alves,
Michelle Gomes, Julia Arraçaba, André Pari em especial a Amanda Sandoval que
iniciou essa jornada junto comigo e que mesmo tendo seguido seu caminho sempre
esteve ao meu lado me apoiando e me dando forças para seguir em frente.
Aos Engenheiros Elizabeth S. R. Somessari e Carlos Gaia da Silva pela
irradiação das amostras e também por todas as conversas, e paciência para me
ajudar sempre.
Aos alunos do CTR, desde os participantes da aposta e a todos que me
acompanharam e ajudaram ao longo desse projeto, Carla Souza, Robinson, Diego
Vergaças, Rodrigo Kirita, Mara Mello, Clécia Souza, Aline Morais, Bruna Teiga,
Marcos Benega, Rodrigo Tiezzi.
Aos colegas do CQMA que me receberam tão bem nessa mudança de centro
no meio do trabalho, por todo apoio, boas conversas e ajuda: Luiza Mello, Maria
José Oliveira, Henrique Perez, Gustavo Varca.
Ao Msc. Djalma Batista por toda ajuda com os ensaios mecânicos e análises
térmicas e principalmente por todas as conversas e apoio.
A minha querida amiga Maiara Salla, por estar ao meu lado em todos os
momentos, principalmente nos mais difíceis, por me fazer acreditar que tudo
acontece por um motivo e que no final tudo vai dar certo.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
pelo apoio financeiro.
À Ticona pela doação da matriz polimérica PBT.
À Nélio Zaude pela confiança e por ter me permitido realizar os ensaios no
laboratório da NZ Cooperpolymer e a todos os seus funcionários pela disposição e
auxilio.
À Dra. Ticiane Valera do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de
Materiais (PMT) da Escola Politécnica pela utilização da máquina injetora e a Kleber
Vaccioli pela ajuda na obtenção dos corpos de prova.
Ao Dr. Shaik Jeelani, Dr. Vijaya Rangari e ao Dr. Marresh Hosur da
Universidade Tuskegee pela oportunidade de intercâmbio e todo auxilio oferecido no
período em que estive nos Estados Unidos.
À minha família pelo incondicional apoio, por me dar forças e ser meu porto
seguro em todas as dificuldades e obstáculos. Chegar em casa depois de um dia
difícil e saber que vocês estavam lá para me acolher foi sem dúvida o fator
fundamental para que eu concluísse esta etapa.
ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS PBT/ARGILA
BENTONITA TRATADOS POR RADIAÇÃO IONIZANTE – PREPARAÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO
Mariana do Nascimento Sartori
RESUMO
Este trabalho apresenta a preparação e caracterização de compósitos baseados
em poli (tereftalato de butileno) – PBT e argila brasileira modificada preparados por
intercalação por fusão. Os nanocompósitos de PBT com 3 e 5 %, em peso, de argila
organicamente modificada, pela adição de um sal quaternário amônio, foram
preparadas pelo processo de extrusão utilizando-se uma máquina extrusora dupla
rosca. Após o processo de extrusão, os materiais foram injetados para obtenção de
corpos-de-prova para os ensaios de caracterização. Parte dos corpos-de-prova
foram submetidos ao processo de irradiação utilizando-se um acelerador de feixes
de elétrons de 1,5 MeV, à temperatura ambiente e na presença de ar. As amostras
de PBT puro e nanocompósitos irradiadas e não irradiadas foram caracterizadas por
meio de ensaios mecânicos de tração, flexão e impacto, ensaios de temperatura de
distorção térmica (HDT), difração de raios - X (DRX), microscopia eletrônica de
varredura (MEV), índice de fluidez, termogravimetria (TG) e calorimetria exploratória
diferencial (DSC) e a correlação entre as propriedades foi discutida. Os resultados
mostraram que a adição da argila, em ambas as porcentagens, promoveu aumento
superior a 50 % na resistência a tração na ruptura e um ganho de cerca de 35 % na
temperatura de distorção térmica quando comparado ao polímero puro. O
tratamento por radiação ionizante de feixe de elétrons nas doses utilizadas neste
estudo não apresentaram mudanças significativas nas propriedades dos materiais.
STUDY AND DEVELOPMENT OF NANOCOMPOSITES PBT/BENTONITE
CLAY TREATED BY IONIZING RADIATION - PREPARATION AND
CHARACTERIZATION
Mariana do Nascimento Sartori
ABSTRACT
This work describes the preparation and characterization of composites based on
poly (butylene terephthalate) - PBT and brazilian modified clay prepared by the melt
intercalation. PBT nanocomposites with 3 and 5 % by weight of organically modified
clay, by the addition of a quaternary ammonium salt, were prepared by extrusion
using a twin-screw extruder machine. After the extrusion process, the materials were
injected to obtain specimens tests samples for the characterization tests. Part of the
specimens samples were irradiated using an electron beam accelerator with 1.5 MeV
at room temperature in the presence of air. Samples of pure PBT and irradiated and
non-irradiated nanocomposites were characterized by mechanical tests of tensile,
flexural and impact, heat distortion temperature (HDT), X - ray diffraction (XRD),
scanning electron microscopy (SEM), melt flow index (MFI) thermogravimetry (TG)
and differential scanning calorimetry (DSC) and the correlation between the
properties was discussed. The results showed that the addition of clay, in both
percentages, promoted an increase greater than 50 % in tensile strength at break
and a gain of around 35% in heat distortion temperature when compared to the pure
polymer. The treatment with ionizing radiation of electron beam at the doses used in
this study showed no significant changes in material properties.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2. OBJETIVO ........................................................................................................ 3
3. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 4
3.1. Poli (tereftalato de butileno) – PBT .......................................................... 4
3.1.1. Propriedades ................................................................................ 5
3.1.2. Aplicações .................................................................................... 5
3.2. Argila ........................................................................................................ 6
3.2.1. Bentonita ...................................................................................... 7
3.2.2. Bentonita no Brasil ...................................................................... 9
3.3. Nanociência e Nanotecnologia .............................................................. 10
3.4. Nanocompósitos ...................................................................................... 12
3.4.1. Nanocompósitos de matriz polimérica ......................................... 13
3.4.2. Nanocompósitos polímero / argila ................................................ 14
3.4.2.1. Métodos de obtenção .......................................................... 14
3.4.2.2. Tipos de estrutura ................................................................ 15
3.5. Metacrilato de glicidila (GMA) .................................................................. 17
3.6. Radiação Ionizante ................................................................................ 17
3.6.1. Efeitos da radiação em polímeros ................................................ 18
3.6.1.1. Degradação .......................................................................... 19
3.6.1.2. Reticulação ......................................................................... 19
3.7. Técnicas de caracterização ................................................................ 19
3.7.1. Difração de raios X (XRD) ........................................................... 20
3.7.2. Análise termogravimétrica (TG) .................................................. 21
3.7.3. Calorimetria exploratória diferencial (DSC) ................................. 21
3.7.4. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................. 21
3.7.5. Microscopia eletrônica de transmissão (TEM) ............................. 22
3.7.6. Ensaio de tração .......................................................................... 22
3.7.7. Ensaio de flexão .......................................................................... 23
3.7.8. Ensaio de resistência ao impacto ................................................ 23
3.7.9. Temperatura de deflexão térmica (HDT) ..................................... 23
3.7.10. Índice de fluidez ......................................................................... 24
3.7.11. Fração gel .................................................................................. 24
4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 26
4.1. Materiais .............................................................................................. 26
4.2. Métodos ............................................................................................... 26
4.2.1. Preparação e modificação da argila .............................................. 26
4.2.2. Teor de umidade .......................................................................... 28
4.2.3. Preparação dos nanocompósitos ................................................. 30
4.2.4. Injeção dos corpos de prova ......................................................... 33
4.2.5. Irradiação dos nanocompósitos .................................................... 34
4.3. Caracterização ........................................................................................ 35
4.3.1. Difração de Raios X (DRX) ........................................................... 35
4.3.2. Espectrometria de fluorescência de raios X (WDXRF) ................. 36
4.3.3. Análise do teor de carga ............................................................... 36
4.3.4. Ensaio de tração ........................................................................... 37
4.3.5. Ensaio de flexão ........................................................................... 37
4.3.6. Ensaio de resistência ao impacto ................................................. 38
4.3.7. Ensaio de temperatura de distorção térmica ............................... 39
4.3.8. Índice de Fluidez .......................................................................... 39
4.3.9. Termogravimetria (TG) ................................................................. 40
4.3.10. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ................................ 40
4.3.11. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ............................... 41
4.3.12. Fração gel ................................................................................... 41
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 43
5.1. Difração de raios X ............................................................................. 43
5.2. Espectrometria de fluorescência de raios X ......................................... 45
5.3. Teor de carga ...................................................................................... 45
5.4. Ensaio de tração .................................................................................. 47
5.5. Ensaio de flexão .................................................................................. 49
5.6. Teste de resistência ao impacto .......................................................... 50
5.7. Temperatura de distorção térmica ...................................................... 51
5.8. Indice de fluidez ................................................................................... 52
5.9. Análise Termogravimétrica (TG) .......................................................... 53
5.10. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ...................................... 56
5.11. Fração gel .......................................................................................... 57
5.12. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ...................................... 58
6. CONCLUSÃO ................................................................................................... 65
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................... 67
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 68
Lista de Figuras
Figura 1. Estrutura química do PBT (CANEVAROLO, 2010). ....................................... 4
Figura 2. Estrutura dos argilominerais 2:1 (PAIVA, 2006) ............................................. 8
Figura 3. Esquema de troca de íons em argilas através da modificação (adaptado de
FISCHER, 2003) ........................................................................................................... 9
Figura 4. Tamanho e comparação de escalas (NANOTECH, s.d.) ............................... 11
Figura 5. Estrutura dos nanocompósitos (ALEXANDRE e DUBOIS, 2000) .................. 16
Figura 6. Depósito da argila Chocolate (SILVA, 2010) .................................................. 27
Figura 7. Modificação da argila. (A) argila sendo dispersa em água destilada; (B)
argila modificada seca em estufa; (C) argila modifica peneirada. ................................. 28
Figura 8. Equipamento utilizado para medir o teor de umidade localizado no
laboratório de qualidade da empresa NZ Cooperpolymer ............................................. 30
Figura 9. Extrusora utilizada para obtenção dos nanocompósitos. ............................... 31
Figura 10. Nanocompósitos de PBT/GMA/3% Argila obtidos no processo de
extrusão. ........................................................................................................................ 32
Figura 11. Corpos de prova do PBT/GMA/ 3 % Argila obtidos no processo de
injeção. .......................................................................................................................... 34
Figura 12. Difratômetro de raios X modelo Rigaku DMAX 2200 do laboratório do
Centro de Materiais Avançados da Universidade Tuskegee. ........................................ 35
Figura 13. Análise do teor de carga. (A) Mufla; (B) Mufla com os cadinhos com as
amostras). ..................................................................................................................... 36
Figura 14. Máquina universal de ensaios Instron durante a realização do ensaio de
tração. ........................................................................................................................... 37
Figura 15. Ensaio de resistência ao impacto Izod (A) Entalhador elétrico para corpo
de prova do teste de impacto; (B) Equipamento utilizado para teste de impacto .......... 38
Figura 16. Equipamento para ensaios de HDT do Laboratório de Qualidade da
empresa NZ Cooperpolymer ......................................................................................... 39
Figura 17. Plastômetro utilizado para análise do índice de fluidez ................................ 40
Figura 18. Amostras mantidas em malha de aço para ensaio de fração sol – gel ........ 42
Figura 19. Espectro de difração de raios - X de argila chocolate natural e argila
chocolate modificada ..................................................................................................... 43
Figura 20. Espectro de difração de raios - X para as amostras não irradiadas do
PBT/GMA, PBT/GMA3 % Argila e PBT/GMA/5 % Argila .............................................. 44
Figura 21. Cadinhos de porcelanas com a argila residual após a queima .................... 46
Figura 22. Resultados de resistência à tração na ruptura para as amostras não
irradiadas do PBT puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 %
Argila, PBT/GMA/5 % Argila e para as amostras irradiadas de PBT/GMA,
PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila.................................................................. 47
Figura 23. Curva Tensão x Deformação para as amostras não irradiadas do PBT
puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila,
PBT/GMA/5% Argila ...................................................................................................... 48
Figura 24. Resultados de resistência à flexão para as amostras não irradiadas do
PBT puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila,
PBT/GMA/5 % Argila e para as amostras irradiadas de PBT/GMA, PBT/GMA/3 %
Argila, PBT/GMA/5 % Argila .......................................................................................... 49
Figura 25. Resultados do módulo de flexão para as amostras não irradiadas do PBT
puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5
% Argila e para as amostras irradiadas de PBT/GMA, PBT/GMA/3% Argila,
PBT/GMA/5 % Argila ..................................................................................................... 50
Figura 26. Resultados de resistência ao impacto para as amostras não irradiadas do
PBT puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila,
PBT/GMA/5 % Argila e para as amostras irradiadas de PBT/GMA, PBT/GMA/3 %
Argila, PBT/GMA/5 % Argila .......................................................................................... 51
Figura 27. Resultados de Temperatura de distorção térmica para as amostras não
irradiadas do PBT puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 %
Argila, PBT/GMA/5 % Argila e para as amostras irradiadas de PBT/GMA,
PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila.................................................................. 52
Figura 28. Curva de TG para PBT/GMA NI, PBT/GMA 150 kGy, PBT/GMA 250 kGy e
PBT/GMA 350 kGy ........................................................................................................ 54
Figura 29. Curva de TG para PBT/GMA/3% Argila NI, PBT/GMA/3 % Argila 150 kGy,
PBT/GMA/3 % Argila 250 kGy e PBT/GMA/3 % Argila 350 kGy. .................................. 54
Figura 30. Curva de TG para PBT/GMA/5 % Argila NI, PBT/GMA/5 % Argila 150
kGy, PBT/GMA/5 % Argila 250 kGy e PBT/GMA/5 % Argila 350 kGy ........................... 55
Figura 31. Dados de fração gel para o PBT GMA e seus nanocompósitos, irradiados
e não irradiados. ............................................................................................................ 58
Figura 32. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA 150 kGy. ............................................................................................................................... 59
Figura 33. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA 250 kGy. ............................................................................................................................... 59
Figura 34. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA 350 kGy. ............................................................................................................................... 60
Figura 35. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/3 %
Argila NI......................................................................................................................... 60
Figura 36. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/3 %
Argila 150 kGy. .............................................................................................................. 61
Figura 37. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/3 %
Argila 250 kGy. .............................................................................................................. 61
Figura 38. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/3 %
Argila 350 kGy. ............................................................................................................. 62
Figura 39. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/5 %
Argila NI......................................................................................................................... 62
Figura 40. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/5 %
Argila 150 kGy ............................................................................................................... 63
Figura 41. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/5 %
Argila 250 kGy ............................................................................................................... 63
Figura 42. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/5 %
Argila 350 kGy ............................................................................................................... 64
Lista de Tabelas
Tabela 1. Percentual de umidade do PBT e argila em temperatura ambiente e depois
de mantidos em estufa .................................................................................................. 29
Tabela 2. Temperaturas utilizadas no processo de extrusão ........................................ 31
Tabela 3. Formulação dos materiais ............................................................................. 33
Tabela 4. Componentes inorgânicos da nanoargila bentonita chocolate ...................... 45
Tabela 5. Teor de carga dos materiais .......................................................................... 45
Tabela 6. Valores de índice de fluidez para o PBT/Puro, PBT/GMA e seus
nanocompósitos ........................................................................................................... 53
Tabela 7. Temperatura de degradação térmica para o PBT GMA e seus
nanocompósitos, irradiados e não irradiados. ............................................................. 56
Tabela 8. Temperatura de fusão, cristalinidade para o PBT GMA e seus
nanocompósitos, irradiados e não irradiados. ............................................................... 57
1
1. INTRODUÇÃO
Os nanocompósitos poliméricos oferecem grandes benefícios tecnológicos e
econômicos em relação aos compósitos convencionais. A adição de reforço em
escala nanométrica pode melhorar significativamente as propriedades do polímero.
Dessa forma, os nanocompósitos polímero/argila, também chamados de
nanocompósitos do tipo polímero/silicatos lamelares têm atraído muita atenção da
indústria e do meio acadêmico ao longo dos últimos anos. (ALEXANDRE e DUBOIS,
2000; RAY, 2013).
A adição de uma pequena quantidade de argila (< 5 %) em peso do polímero
pode mostrar uma melhora significativa nas propriedades mecânicas, térmicas e de
barreira, e na resistência à inflamabilidade. Acredita-se que a melhoria das
propriedades de nanocompósitos polímero/argila está diretamente relacionada com
a esfoliação completa de camadas de silicato na matriz polimérica (ALEXANDRE e
DUBOIS, 2000; RAY e OKAMOTO, 2003).
Em relação ao Brasil, o desenvolvimento de nanocompósitos polímero/argila é
de grande importância tanto do ponto de vista econômico como ambiental, já que o
Brasil é um dos principais fornecedores de argila bruta (bentonitas) do mundo, sendo
as argilas encontradas abundantemente na natureza, com um custo relativamente
baixo, além de terem a capacidade de esfoliarem em lamelas com espessuras da
ordem de um nanômetro (1 nm). Estas argilas podem ser incorporadas em polímeros
como cargas, formando nanocompósitos com propriedades superiores quando
comparados ao material em seu estado puro (FREITAS, 2010, SOUZA SANTOS,
1992; GIANNELIS, 1998).
2
Nanocompósitos polímero/argila podem ser preparados através de três
métodos diferentes: preparação em solução, polimerização in situ e por intercalação
do polímero fundido. Entre eles, a intercalação por fusão é o método mais adequado
industrialmente devido a sua versatilidade, baixo custo, alta produtividade e
compatibilidade com as técnicas atuais de processamento de polímeros (DENNIS et
al, 2001, RAY, 2013; CHANG et al, 2005).
O Poli(tereftalato de butileno), PBT, é um termoplástico de engenharia, que
apresenta alta resistência mecânica, bom isolamento elétrico e resistência química,
sendo comumente utilizado na indústria automotiva e eletroeletrônica. Pode ser
reforçado com fibras e receber diversos tipos de aditivos e ainda formar blendas com
vários tipos de polímeros (WIEBECK e HARADA, 2005).
A radiação ionizante por feixe de elétrons tem sido aplicada de forma eficiente
para a modificação controlável de polímeros. Em geral, a radiação de feixe de
elétrons é aplicada para introduzir reticulação ou degradação entre as moléculas de
polímero. Como resultado do tratamento da irradiação ionizante materiais
poliméricos apresentam melhorias nas propriedades térmicas e mecânicas
(RATNAM et al, 2007; NAGASAWA, et al, 2005).
3
2. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de nanocompósitos por meio
da aplicação conjunta da incorporação de nanocargas argilosas na matriz polimérica
de poli(tereftalato de butileno) – PBT e do tratamento por radiação ionizante para a
obtenção de nanocompósitos. A utilização de reforço nanométrico visa buscar
ganhos de propriedades mecânicas e térmicas do PBT com um mínimo de adição de
cargas. A irradiação dos nanocompósitos tem por objetivo melhorar a adesão
interfacial entre a matriz e o nanoreforço.
4
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1. Poli (tereftalato de butileno) - PBT
O poli (tereftalato de butileno) - PBT é um termoplástico semicristalino e um
importante poliéster de engenharia. É obtido a partir da transesterificação, reação
entre um éster polifuncional e um poliálcool. Os monômeros utilizados para a
obtenção do mesmo são o DMT (dimetil tereftalato) e o 1,4 butanodiol (WIEBECK e
HARADA, 2005) (Figura 1).
Figura 1. Estrutura química do PBT (CANEVAROLO, 2010).
O PBT foi trazido ao mercado pela Celanese no final da década de 60. Em
1970, a Celanese introduziu os compostos de PBT reforçado com 30 % de fibra de
vidro. As características-chave que tornaram o PBT um material termoplástico
amplamente utilizado são a moldabilidade, estabilidade dimensional e propriedades
elétricas estáveis. Hoje em dia há uma variedade de grades de PBT no mercado, e
além do polímero puro, há também PBT reforçado com fibras de vidro e fibras de
carbono, talco, mica, modificadores de impacto, estabilizadores UV, entre outros.
(RADUSCH, 2002; TICONA, 2014).
5
3.1.1. Propriedades
O PBT apresenta uma boa resistência mecânica e térmica, elevada rigidez,
resistência à abrasão e a solvente, rápida cristalização, boa resistência a
intempéries, baixo coeficiente de atrito, entre outros (HAMMOND, 2001; Wu e Yang,
2009; HAJIRAISSI e PARVINZADEH, 2011).
A natureza semicristalina do PBT o torna resistente aos compostos orgânicos
(hidrocarbonetos, hidrocarbonetos halogenados, álcoois, cetonas, ésteres e
gasolina) em temperaturas moderadas (WIEBECK e HARADA, 2005).
3.1.2. Aplicações
O PBT é um material termoplástico resistente às intempéries e ao calor, e por
isso é destinado para ser utilizado em muitos tipos de produtos, tais como,
automóveis, peças elétricas e eletrônicas, componentes industriais e bens de
consumo (OLABISI, 1997).
Na indústria automobilística é utilizado para ambas as partes internas e
externas e sob o capô dos automóveis. Os exemplos incluem painéis, maçanetas,
componentes do sistema de freio, engrenagens, válvulas de ar condicionado,
sistema de breque tampas de distribuidor, bomba d' água, bobinas de ignição. A
indústria elétrica e eletrônica utiliza o PBT para bobinas, conectores, interruptores,
relés, placas de terminais, porta-escovas de motor, sintonizadores de TV, caixas de
fusíveis, placas de circuitos integrados e tomadas. Por serem leves, fáceis de moldar
e com boas propriedades de atrito, as resinas PBT são usadas em secadores de
6
cabelo, ferro de passar roupa, torradeira, cabos de panela. A alta relação
resistência-peso e resistência à corrosão e à produtos químicos fazem do PBT uma
escolha ideal para estes e outros componentes industriais (BAYER, 1990; BASF,
2000; TICONA 2014; WESTDYK e MCNAIIY,1990).
3.2. Argila
A utilização das argilas remete ao princípio da civilização onde colaborava
para satisfazer as necessidades de alimentação, habitação, vestuário e estética. As
argilas fazem parte de quase todos os tipos de solo e também podem ser
encontradas no estado puro em depósitos minerais (VALENZUELA-DÍAZ, 1994).
A argila é um material natural, terroso, de granulação fina formada
quimicamente por silicatos hidratados de alumínio, ferro e magnésio, mas podendo
também conter minerais acessórios (quartzo, cristobalita, micas, feldspatos e outros)
além de matéria orgânica e outras impurezas. É constituída essencialmente por
argilominerais (SANTOS, 1975; SANTOS, 1992).
Os argilominerais podem ser divididos de diferentes maneiras: quanto ao grau
de ocupação na folha octaédrica; à possibilidade de as camadas basais se
expandirem pela introdução de moléculas polares, aumentando a distância
interplanar basal; e ao tipo de arranjo ao longo dos eixos cristalográficos. De acordo
com essas divisões, os argilominerais podem ser classificados nos seguintes grupos
principais: caulinitas, esmectitas, vermiculitas, micas hidratadas e cloritas (SANTOS,
1992).
7
Um importante argilomineral do grupo esmectítico é a montmorilonita, o
principal constituinte da argila bentonita. Esta argila é uma escolha muito usual na
fabricação de nanocompósitos devido às suas partículas pequenas, o que facilita a
difusão do polímero nas partículas (BALJINDER, 2001).
3.2.1. Bentonita
O termo bentonita foi dado em função da descoberta de uma rocha em Fort
Benton, Wyoming - EUA. Embora, originalmente, o termo bentonita se referisse à
rocha argilosa descoberta, atualmente designa argila constituída, principalmente, do
argilominerais esmectíticos. A bentonita pode ser cálcica ou sódica, e a cálcica
possui uma característica física muito particular: expandir várias vezes o seu volume,
quando em contato com a água, formando géis tixotrópicos. (SANTOS, 1975).
As argilas mais utilizadas para a preparação de nanocompósitos
polímero/argila são as pertencentes à família dos silicatos em camadas 2:1, também
conhecidos como filossilicatos 2:1, como a montmorilonita (MMT), que é geralmente
o principal constituinte das bentonitas. Sua estrutura cristalina é formada por
camadas constituídas de duas folhas tetraédricas de sílica com uma folha central
octaédrica de hidróxido de alumínio, unidas entre si por átomos de hidrogênio (RAY
e OKAMOTO 2003; BORDES et al, 2009). A figura 2 apresenta uma representação
esquemática da estrutura das argilas montmoriloníticas mostrando o empilhamento
de um argilomineral 2:1.
8
Figura 2. Estrutura dos argilominerais 2:1 (PAIVA, 2006).
Cada camada possui aproximadamente 1 nm de espessura e dimensões
laterais que podem variar entre 30 nm a alguns micrometros, dependendo do tipo de
argilomineral. Estas camadas permanecem empilhadas por forças de Van de Waals,
e entre elas existe lacunas denominadas espaço interlamelar ou galeria (RAY e
OKAMOTO, 2003).
No Brasil e em outros países onde não há bentonitas naturalmente sódicas,
utiliza-se carbonato de sódio para sua transformação em sódica, para inchar em
água. É realizado também o tratamento com o sal quaternário de amônio para
transformar as argilas de hidrofílica para organofílica, uma vez que a argila
organicamente modificada possui reduzida energia superficial, maior espaçamento
entre as lamelas, melhorando assim a interação com a matriz polimérica
(VALENZUELA-DÍAZ, 1994). A Figura 3 ilustra o processo de troca de cátions em
9
argilas através da modificação, tornando a argila natural em organicamente
modificada (argila organofílica).
Figura 3. Esquema de troca de íons em argilas através da modificação (adaptado de
FISCHER, 2003).
A penetração de moléculas orgânicas no espaço interlamelar é chamada de
intercalação. A penetração do composto orgânico nas galerias das argilas promove
uma mudança na característica da superfície do material. Quando contêm somente
cátions metálicos a argila apresenta um comportamento hidrofílico, mas quando
ocorre a troca do cátion metálico pelo cátion orgânico a mesma muda seu
comportamento e passa a ser organofílica (ALEXANDRE e DUBOIS, 2000).
3.2.2. Bentonita no Brasil
De acordo com os últimos dados do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM, 2013) o estado da Paraíba é o maior produtor de argila bentonita,
suas principais jazidas estão localizadas no município de Boa Vista e Cubati e sua
produção concentra 79,6 % de toda produção nacional, seguido por Bahia com 13
10
%, São Paulo com 7 % e Paraná com 0,4 %. Com uma produção bruta de bentonita
de 512.975 toneladas.
O Brasil exporta bentonita para outros países, a quantidade exportada foi de
18.150 toneladas. O principal produto exportado foi a bentonita bruta, com 95,6 % de
toda quantidade exportada. Os principais destinos das exportações de bentonita
primária foram: África do Sul (47 %), Argentina (12 %), Austrália (6 %), Equador (5
%) e Chile (4 %). Já de bentonita ativada foram Panamá (55 %), Venezuela (20 %),
Uruguai (10 %), Angola (9 %) e República Dominicana (4 %) (DNPM, 2013).
3.3. Nanociência e nanotecnologia
Os termos nanociências e nanotecnologias se referem, respectivamente, ao
estudo e às aplicações tecnológicas de objetos e dispositivos que tenham ao menos
uma de suas dimensões físicas menor que, ou da ordem de, algumas dezenas de
nanômetros. O prefixo nano (do grego: “anão”) é usado nas ciências para designar
uma parte em um bilhão e, assim, um nanômetro (1 nm) corresponde a 10-9 metros,
ou seja, a bilionésima parte de um metro (MELO e PIMENTA, 2004). A Figura 4
apresenta um referencial comparativo de escalas.
11
Figura 4. Tamanho e comparação de escalas (NANOTECH, s.d.).
Para efeito de comparação, um nanômetro está para o metro assim como
uma bola de gude está para a Terra. A cabeça de um alfinete tem um milhão de
nanômetros, enquanto o diâmetro de um fio de cabelo mede 80 mil nanômetros. E
os menores objetos que o ser humano consegue ver a olho nu medem cerca de 10
mil nanômetros (MARTINS e FERNANDES, 2009).
O desenvolvimento da nanotecnologia começou em meados da década de 70
e se intensificou no início dos anos 2000. Áreas como medicina, química e
engenharia já contam com importantes contribuições dessas inovações. O setor
industrial é outro que possui grande campo de atuação nanotecnológico,
apresentando, ainda, grande potencial de crescimento para as próximas décadas
(SESI, s.d.).
12
A grande motivação para o desenvolvimento de objetos e dispositivos
nanométricos está no fato de serem observadas novas e incomuns propriedades
físicas e químicas, ausentes para o mesmo material quando de tamanho
microscópico ou macroscópico. A alteração das propriedades de um material ao
atingir a escala nanométrica se deve à combinação de dois fatores: o primeiro é que
em objetos com partículas nano os efeitos quânticos se manifestam de maneira mais
evidente, e o segundo está no fato de que quanto menor for o tamanho da amostra,
mais importantes se tornam os efeitos de superfície, pelo aumento da proporção
entre sua área e seu volume. (MELO e PIMENTA, 2004).
3.4. Nanocompósitos
Compósito é um material resultante da combinação de dois ou mais materiais
onde se busca a melhoria das propriedades de cada componente. Nanocompósito
é um material compósito no qual um dos componentes possui uma dimensão
nanométrica, ou seja, menor que cem nanômetros (< 100 nm) (TWARDOWSKI,
2007; MAI e YU, 2006).
Enquanto os compósitos tradicionais utilizam cerca de 40 % em peso de
reforço para obter ganho de propriedades, os nanocompósitos podem apresentar
melhorias com adição de menos de 5 % em peso de carga (TWARDOWSKI, 2007).
Os nanocompósitos são definidos também como uma nova classe de
materiais compósitos, podendo ser uma matriz polimérica, cerâmicas ou metálica,
reforçadas com cargas dispersas que possuam pelo menos uma de suas dimensões
na escala nanométrica (MORAES, 2007).
13
O termo nanocompósito foi utilizado inicialmente em meados dos anos 80 e
sua utilização deu-se pela Toyota no ano de 1988 com o desenvolvimento da
poliamida 6 reforçada com 5 % em massa de argila montmorilonita, promovendo
ganho de propriedades mecânicas e térmicas. Desde então os trabalhos nesta área
tem crescido em grande escala. A ciência dos nanocompósitos está presente em
todas as áreas de materiais: metais, plásticos, cerâmicos, biomateriais, materiais
elétricos e outros (TWARDOWSKI, 2007; YIU e ZHING, 2006).
3.4.1. Nanocompósitos de matriz polimérica
Nos últimos anos os nanocompósitos poliméricos têm atraído bastante
interesse tanto na indústria quanto nos meios acadêmicos devido à sua favorável
relação custo/benefício, considerando que a adição de pequenas quantidades de
uma carga em tamanho nanométrico pode promover um aumento na resistência
térmica e química, nas propriedades mecânicas, melhoria nas propriedades de
barreira à água e ao oxigênio e nas propriedades retardantes de chama de materiais
poliméricos, quando comparados ao polímero puro. Este conjunto de atrativos
implica na crescente utilização de nanocompósitos poliméricos em diferentes
aplicações industriais, como em componentes mais leves e resistentes para a
indústria automotiva, embalagens alimentícias mais eficazes, tanques de
combustível resistentes a ataques químicos, entre outros (WU et al, 2005; HUANG,
2008).
14
3.4.2. Nanocompósitos polímero / argila
O reforço mais utilizado na preparação de nanocompósitos poliméricos são as
bentonitas (argilas esmectitícas). Devido à boa capacidade de delaminação somada
à alta resistência a solventes e estabilidade térmica necessária aos processos de
polimerização e de extrusão, levaram à sua popularização como carga para
nanocompósitos com eficácia comprovada (PAIVA et al, 2006).
3.4.2.1. Métodos de obtenção
Como anteriormente comentado a obtenção de nanocompósitos
polímero/argila, pode ser realizada através de três principais métodos: a
polimerização in situ, a mistura em solução e a intercalação por fusão.
A polimerização in situ, consiste na dispersão da argila com um monômero
até seu intumescimento para realizar a reação de polimerização. O monômero deve
ter uma boa afinidade com a argila para que o sistema tenha uma dispersão
homogênea. A polimerização pode ser iniciada por aquecimento, radiação ou por
meio de um iniciador orgânico. Esse foi o primeiro método utilizado para sintetizar
nanocompósitos polímero-argila (LEROUX, 2006; KORNMANN, 2000).
A preparação em solução é uma técnica onde o polímero é solubilizado em
um solvente orgânico, no qual a argila também possa ser dispersa. O sistema pode
ser agitado de forma que o mesmo se torne homogêneo onde o polímero é
misturado na dispersão de silicatos lamelares, difundindo suas cadeias poliméricas
entre as camadas de argila. Quando o solvente é removido, as cadeias poliméricas
15
ficam adsorvidas na superfície da argila resultando em um nanocompósito. Por
utilizar uma grande quantidade de solvente e envolver gastos significativos em
equipamentos e energia não é uma técnica indicada para produção industrial
(KORNMANN et al., 2001; RAY, 2013).
A intercalação por fusão é um processo onde a argila é incorporada ao
polímero que se encontra em estado fundido. A mistura de polímeros e silicatos
lamelares é feita em uma temperatura acima do ponto de amolecimento do polímero.
Se houver uma boa interação entre o polímero e a argila, é possível obter estruturas
intercaladas e esfoliadas. Este método oferece diversas vantagens sob os demais,
como uma relativa simplicidade do processo, compatibilidade com processos
industriais, como a extrusão e a moldagem por injeção, e não requer o uso de
solvente, sendo assim menos danoso ao meio ambiente (GIANNELIS, 1996). Este
método foi o escolhido para obtenção de nanocompósitos neste trabalho por ser o
processo mais utilizado na indústria.
3.4.2.2. Tipos de estrutura
Quando uma argila é adicionada a uma matriz polimérica pode resultar em
três principais tipos de estrutura, como apresentado na figura 5.
16
Figura 5. Estrutura dos nanocompósitos (ALEXANDRE e DUBOIS, 2000).
Microcompósito de estrutura separada: quando as cadeias poliméricas
não são capazes de intercalar com as camadas de argila resultando em uma
estrutura de microcompósito, com propriedades similares às de um compósito
convencional sem alcançar os benefícios desejados;
Nanocompósito intercalado: Em um nanocompósito do tipo intercalado
as cadeias poliméricas são intercaladas entre as camadas de argila e a distância
entre as camadas de silicato é aumentada por causa da difusão de polímero entre
as lamelas de argila. Apresenta propriedades superiores à de um compósito
convencional;
Nanocompósito esfoliado: as camadas de silicato são completa e
uniformemente dispersas na matriz do polímero. A estrutura é completamente
17
esfoliada e os benefícios dos compósitos em nanoescala são obtidos, levando a
significativas melhorias nas propriedades físicas e mecânicas (PAIVA et al, 2006;
RAY e OKAMOTO, 2006; ACIERNO e SCARFATO, 2004; LUO e DANIEL, 2003).
3.5. Metacrilato de glicidila (GMA)
Metacrilato de glicidila (GMA) tem atraído um grande interesse devido ao seu
grupo epóxi reativo, o qual pode sofrer uma série de reações químicas sob
condições adequadas. Além disso, alguns homo e copolímeros à base de GMA
possuem uma variedade de aplicações práticas, tais como a modificação de
superfície e agentes de compatibilização para misturas de polímeros. O GMA
contém a estrutura carbonila α, β-insaturado, que pode levar a reticulação ou forte
adesão interfacial. O GMA tem sido utilizado para preparar copolímero estireno-
acrilonitrila / nanoargila organicamente modificada (DENG et al, 2008; DEVI et al,
2012).
3.6. Radiação Ionizante
A radiação ionizante ou radiação de energia alta são normalmente utilizadas
para designar radiação eletromagnética (gama (γ) e raios – X), ou emissões de
partículas alfa (α), beta (β) ou feixes de partículas aceleradas (elétrons, prótons,
nêutrons, dêuterons, entre outros), (O’DONNELL e SANGSTER, 1970; SWALLOW,
1960; VÉRTES, 2003).
18
As radiações ionizantes possuem energia de valor superior à energia da
ligação química e perdem a sua energia principalmente pela interação com os
elétrons orbitais das moléculas localizadas ao longo da sua trajetória, originando
estados excitados ou ionizando-as e gerando íons ou radicais livres. A energia de
ligação é a quantidade de energia necessária para romper a ligação (CLOUGH et al,
1996; DOLE, 1972; DROBNY, 2002).
3.6.1. Efeitos da radiação em polímeros
A interação da radiação ionizante com a matéria promove eventos físicos,
químicos e físico-químicos. Quando submetido à radiação ionizante um determinado
polímero ou filme polimérico pode sofrer várias modificações na sua estrutura física
e química induzidas pela interação da radiação com o polímero. Essa interação da
radiação ionizante com compostos orgânicos produz principalmente cátions, ânions,
radicais livres e podem ficar aprisionadas por algum tempo na matriz polimérica
causando transformações denominadas efeitos pós-irradiação (VERTES, 2003;
CLEGG, 1991).
Em decorrência da interação da radiação ionizante com os polímeros podem
ocorrer importantes processos de alterações das cadeias poliméricas, a degradação
e a reticulação. Tais reações são concorrentes e a predominância de uma sobre a
outra está relacionada com a composição do polímero, condições de processo, do
tipo de radiação, presença de oxigênio, entre outras (BRADLEY, 1986; CLEGG,
1991).
19
3.6.1.1.Degradação
Pode ser classificada como uma série de reações químicas que envolvem
também ruptura das ligações da cadeia principal da macromolécula, normalmente
com redução da massa molar e consequentemente queda nas propriedades físico-
mecânicas (CANEVAROLO, 2010).
3.6.1.2. Reticulação
É a formação de ligações intermoleculares na cadeia polimérica. Na
reticulação as moléculas poliméricas se ligam quimicamente, formando uma única
molécula, de massa molar média maior. A reticulação de termoplásticos pode ser
iniciada por radiação ionizante ou por iniciadores químicos. O processo de
reticulação pode proporcionar ao material melhores propriedades mecânicas, mais
resistência química e a degradação térmica, melhores propriedades de barreiras,
maior estabilidade ao calor e menor fluência. Depende de vários fatores: massa
molar, distribuição da massa molar, presença de um terceiro componente,
temperatura e pH (RABELLO, 2000).
3.7. Técnicas de caracterização
Diversas técnicas são utilizadas para caracterizar materiais nanocompósitos,
entre elas a difração de raios X (XRD), análise termogravimétrica (TG), calorimetria
exploratória diferencial (DSC), microscopia eletrônica de transmissão (MET).
20
3.7.1. Difração de raios X (XRD)
A difração de raios x é muito utilizada no estudo de nanocompósitos
polímero/argila, pois através dela é possível identificar o grau de intercalação ou
esfoliação da nanoargila na matriz polimérica, considerando que a intercalação e
esfoliação modificam as dimensões dos espaços entre as camadas de silicato, um
aumento na distância das camadas indica que o nanocompósito foi formado. Com a
técnica de DRX é possível determinar o espaçamento das camadas do silicato. O
cálculo da distância interplanar é realizado segundo a Lei de Bragg:
n λ = 2 d senθ
onde: n é a ordem de difração; λ é o comprimento de onda dos raios - X; d é a
distância entre camadas adjacentes de átomos; θ é o ângulo entre o raio incidente e
os planos de difração ( VOSSEN, 2009; RICHARD e CHARLES, 1992).
3.7.2. Análise termogravimétrica (TG)
A análise termogravimétrica ou termogravimetria é usada para medir a
variação de massa de uma amostra, resultante de uma transformação física ou
química, em função do tempo ou da temperatura. Por essa técnica é possível
conhecer as modificações que o aquecimento pode causar na massa das
substâncias, permitindo estabelecer a faixa de temperatura em que elas adquirem
composição química fixa e constante, temperatura de decomposição, entre outras.
O avanço do TG deve-se principalmente ao interesse na determinação de
estabilidade térmica de compostos inorgânicos. Sua aplicação na análise de
21
polímeros se deu em consequência da necessidade do conhecimento na
estabilidade térmica e oxidativa de polímeros (ABPOL, 1998; CANEVAROLO, 2003).
3.7.3. Calorimetria exploratória diferencial (DSC)
A análise por DSC é uma técnica de analise térmica utilizada para determinar
mudanças físicas ou químicas que são acompanhadas de ganho ou perda de calor.
Quando as substancias são aquecidas, varias transformações físicas ou químicas
envolvendo absorção ou evolução de calor podem ocorrer (ABPOL, 1998).
Como evento térmico de materiais poliméricos pode-se citar:
Temperatura de transição vítrea (Tg): é a temperatura abaixo da qual a
cadeia principal do polímero não possui mobilidade;
Temperatura de fusão (Tm): só ocorre em materiais com um mínimo de
cristalinidade. Em materiais totalmente amorfos este evento não ocorre;
Grau de cristalinidade (Xc): as propriedades físicas como dureza,
resistência mecânica, densidade, entre outras, variam consideravelmente com o
percentual de cristalinidade, que relaciona a quantidade de material cristalino e
material amorfo de uma amostra. (LUCAS et al., 2001).
3.7.4. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
É utilizada para estudo de estruturas superficiais das amostras, é uma técnica
que permite a obtenção de informações estruturais e químicas (através do EDS
acoplado ao equipamento) de diversas amostras. Os materiais com baixa
22
condutibilidade, como grande maioria dos polímeros, precisam de revestimento
condutivo antes da realização do ensaio, tal revestimento tem como objetivo evitar o
acúmulo de carga negativa. (CANEVAROLO, 2003).
3.7.5. Microscopia eletrônica de transmissão (TEM)
Esta técnica permite analisar de forma qualitativa a estrutura interna, a
distribuição espacial de várias fases e defeitos estruturais através da visualização
direta e complementa resultados obtidos por difração de raios x, permitindo
identificar a morfologia exata do nanocompósito. Quando nanocompósitos são
formados, as interseções das camadas de silicato são vistas como linhas escuras
que são as secções longitudinais das camadas de silicato, medindo em torno de 1
nm de espessura (WILLIANS e CARTER, 1996).
3.7.6. Ensaio de tração
Os ensaios mecânicos de tração é um dos mais populares utilizados na
caracterização de resistência de um material, pois é considerado o teste mecânico
que apresenta melhor relação entre informações obtidas e custo/complexidade de
ensaio. É possível determinar o quanto o material estende ou deforma antes de sua
ruptura. O ensaio consiste, basicamente, em se tracionar um corpo de prova sob
formas e dimensões padronizadas até a sua ruptura. Deve-se utilizar pelo menos
cinco corpos de prova para cada corrida de ensaio de tração. (CANEVAROLO,
2010; ASTM D 638, 2001).
23
6.7.7. Ensaio de flexão
O ensaio de resistência à flexão determina as propriedades que são
especialmente úteis para controle de qualidade e finalidades especificas. É realizado
nos mesmos equipamentos utilizados para o ensaio de tração, porém o sentido de
deslocamento é descendente, flexionando o corpo de prova até a máxima
deformação ou quebra do corpo de prova. Este ensaio fornece dados que permitem
avaliar diversas propriedades mecânicas dos materiais como as propriedades de
flexão, módulo de flexão, resistência à flexão (ASTM D 790, 2000).
3.7.8. Ensaio de resistência ao impacto
É utilizado para avaliar a capacidade de um material absorver energia por
meio de impacto. Está subdividido em dois grupos: Izod e Charpy, o primeiro é
realizado verticalmente enquanto o segundo horizontalmente. No ensaio de impacto
Izod, um pêndulo que é liberado de uma altura fixa, oscila para bater e quebrar uma
amostra posicionada no ponto mais baixo da oscilação. Seu movimento continua até
uma altura máxima medida no final da primeira oscilação (CANEVAROLO, 2010;
ASTM D 256, 2005).
3.7.9. Temperatura de distorção térmica (HDT)
É a temperatura na qual um corpo de prova sofre uma determinada
deformação quando submetido a uma carga padronizada em um meio fluido sob
efeito de uma velocidade constante de aumento de temperatura. Até qual
24
temperatura o material preserva suas propriedades. Neste ensaio a amostra é
mergulhada em um banho térmico que permite uma velocidade de aquecimento
igual a 2 0,2 °C/min. No qual é aplicada uma carga de 0,45 MPa ou 1,82 MPa
sobre o corpo de prova. O resultado da temperatura do meio é medida quando o
corpo de prova sofre uma distorção igual a 0,25 mm (CANEVAROLO, 2010; ASTM D
648, 2007).
3.7.10. Índice de fluidez
A viscosidade dos materiais poliméricos é um importante fator que afeta as
suas propriedades. Está diretamente relacionada com a massa molar do material e
suas configurações moleculares e pode ser mensurada por várias técnicas como o
de índice de fluidez. O teste de índice de fluidez é uma técnica simples, porém
amplamente utilizado nas indústrias, principalmente na área automotiva (OTA,
2004).
O índice de fluidez é uma técnica utilizada para medir a viscosidade do
polímero fundido. É definida como o fluxo de material polimérico a passar através de
um orifício padronizado por 10 minutos a uma determinada temperatura e pressão
(ASTM D 1238, 2013).
3.7.11. Fração gel
Quando os polímeros são submetidos a radiações ionizantes, reticulação e
degradação da cadeia estão entre os efeitos químicos observados. Se o processo
25
de reticulação for predominante ao de degradação é observada a formação de um
gel insolúvel. A análise de fração em gel de polímeros irradiados permite estimar
importantes parâmetros de radiação como o grau de reticulação e degradação, dose
de gelificação, e relacioná-las com diferentes propriedades físico-químicas
(OLEJNICZAK et al, 1991; ROSIAK, 1998).
26
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Materiais
O polímero utilizado neste estudo foi o Poli (butileno tereftalato) - PBT
(Celanex 1600 - Ticona Engineering Polymers), densidade de 1,33 g/cm3.
O nano reforço utilizado foi a argila bentonita Chocolate proveniente do
município de Boa Vista – PB. O sal utilizado para transformar essa argila de sódica
para organofílica foi o sal quaternário de amônio hexadecitimetilamônio.
O agente de compatibilização empregado foi o metacrilato de glicidila (GMA)
da Sigma Aldrich.
4.2. Métodos
4.2.1. Preparação e modificação da argila
A argila bentonita utilizada neste estudo é denominada Chocolate e é
proveniente do município de Boa Vista – PB. Apresenta cor marrom e uniforme. A
Figura 6 mostra o depósito onde é retirada a argila Chocolate.
27
Figura 6. Depósito da argila chocolate (SILVA, 2010).
A argila bentonita chocolate foi modificada organicamente pela reação de
troca catiônica com a adição de sal quaternário de amônio.
Foram colocadas 200 g de argila bentonita chocolate em 4800 mL de água
destilada em agitação mecânica por 60 min. Após esse período foram adicionados
127,8 mL de sal quaternário de amônio (Genamin CTAC 50 - cloreto de hexadecil
trimetil amônio) mantendo-se sob agitação mecânica por mais 60 min. Em seguida a
dispersão foi filtrada e lavada a vácuo para retirada do excesso de sal, com 5000 mL
de água destilada e seca em estufa a 60 °C, por 48 h. A argila modificada foi moída
em moinho de facas rotativas e depois em moinho de bolas para obtenção do pó da
argila e, em seguida, passada em peneira ABNT nº 200 (D = 0,074 mm).
Esta etapa foi realizada no laboratório de Materiais Não Metálicos Pérsio de
Souza Santos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP, de acordo
com metodologia desenvolvida por Valenzuela – Díaz (VALENZUELA – DÍAZ, 1994;
PAIVA, et al, 2008; PEREIRA, 2007).
28
Figura 7. Modificação da argila. (A) argila sendo dispersa em água destilada; (B)
argila modificada seca em estufa; (C) argila modifica peneirada.
4.2.2. Teor de umidade
A umidade em um material plástico pode causar diversos efeitos indesejáveis,
como problemas no processamento, queda nas propriedades mecânicas das peças
injetadas ou defeitos visuais. A fim de evitar que a umidade cause problemas no
nanocompósito, o PBT e a argila foram mantidos em estufa antes de serem
processados.
(A) (B)
(C)
29
O teor de umidade ideal para processamento do PBT deve estar abaixo de
0,03 % e, para tanto, o PBT deve ser mantido em estufa por um período 2 h a 4 h
antes de ser processado (TICONA, 2014). Ainda não há nenhuma especificação
com relação a teor de umidade para processamento das argilas então utilizou-se
como referência o teor especificado para o polímero.
Para determinar o tempo ideal de secagem, os materiais foram colocados no
desumidificador do laboratório de qualidade da empresa NZ Cooperpolymer com o
objetivo de medir o teor de umidade quando em temperatura ambiente.
Foram pesados 20 g do PBT retirado direto da embalagem e 20 g da argila
bentonita modificada que estava mantida em pote de vidro, e foram colocados no
equipamento (Figura 8) para determinar o teor de umidade. Verificou-se que o teor
de umidade do PBT era de 0,04 % e o da argila 5,9 %. Esses materiais foram
separados em dois vidros de relógio com 10 g e mantidos em estufa a 100 °C por
duas horas e três horas, respectivamente. Após duas horas foi medida a umidade
dos materiais e a argila tinha 1,8 % de umidade e o PBT 0,01 %, valor esse
considerado ideal pelo fabricante. Após três horas em estufa a argila e o PBT tinham
0,00 % de umidade. A Tabela 1 mostra os percentuais de umidade do PBT e da
argila antes e posteriormente à secagem.
Tabela 1. Percentual de umidade do PBT e argila em temperatura ambiente e
depois de mantidos em estufa.
Temperatura ambiente 2h em estufa 3h em estufa
PBT 0,04 % 0,01 % 0,00 %
Argila 5,93 % 1,85 % 0,00 %
30
O PBT em duas horas apresentou limites de umidade especificados pelo
fabricante, considerando que foi utilizado para os testes uma pequena quantidade de
amostra e o processamento deste trabalho será realizado com uma quantidade
maior de material, para evitar taxa de erro, o PBT foi mantido em estufa por três
horas. Nessas três horas tanto o PBT quanto a argila obtiveram padrões ideais de
processamento. Definiu-se, portanto, que para este estudo os materiais seriam
mantidos em estufa por três horas a 100 °C antes de serem processados.
Figura 8. Equipamento utilizado para medir o teor de umidade localizado no
laboratório de qualidade da empresa NZ Cooperpolymer.
4.2.3. Preparação dos nanocompósitos
A incorporação das nanopartículas de argila na resina PBT foi preparada com
a utilização de uma extrusora dupla rosca (“AX16LD40” da AX Plásticos Máquinas
Técnicas Ltda) (Figura 9) localizada no Centro de Tecnologia das Radiações (CTR),
31
IPEN/CNEN – SP. As temperaturas utilizadas foram de 200 °C a 240 °C (Tabela 2)
com velocidade de rotação das roscas de 60 rpm e velocidade de alimentação de 25
rpm. O resfriamento do material foi feito primeiramente por ventilação forçada e
depois por imersão em água, e foi cortado em grãos por processo contínuo. Após a
extrusão os grânulos dos nanocompósitos foram acondicionados em embalagens
aluminizadas.
Tabela 2. Temperaturas utilizadas no processo de extrusão.
Zona 1 2 3 4 5 6 7 8 Cabeçote
Temperatura (C°) 200 215 220 220 225 235 235 230 230
Figura 9. Extrusora utilizada para obtenção dos nanocompósitos.
32
Figura 10. Nanocompósitos de PBT/GMA/3% Argila obtidos no processo de
extrusão.
De acordo com a literatura (NIRUKHE e ESHERTUKDE, 2009; CHOW, 2008;
SCATTEIA et al, 2004; WU et al, 2005), a adição de menos de 5 % de argila na
matriz polimérica de PBT apresenta ganhos significativos em suas propriedades.
Portanto, foram preparadas neste trabalho nanocompósitos com 3 % e 5 % de argila
bentonita chocolate mais 0,5 % do agente compatibilizante GMA, foi preparada
também uma amostra de PBT com 0,5 % de GMA para realização de todos os
ensaios de caracterização e doses de radiação. Para efeito de comparação foram
preparados nanocompósitos com 3 % e 5 % de argila bentonita chocolate para
caraterização mecânica sem irradiação.
33
Tabela 3. Formulação dos materiais.
Amostra PBT GMA Argila
1 99,5 0,5 -
2 96,5 0,5 3,0
3 94,5 0,5 5,0
4 97,0 - 3,0
5 95,0 - 5,0
4.2.4. Injeção dos corpos de prova
Para a obtenção dos corpos de prova, os grânulos obtidos no processo de
extrusão foram mantidos em estufa por três horas a 100 °C para retirada do excesso
de umidade e injetados na máquina injetora Demag Ergotech modelo 35/115, do
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PMT) – Escola Politécnica
- SP, onde o material é submetido à pressão e temperatura, sendo forçado a fluir e a
preencher uma cavidade. A figura 11 mostra os modelos de corpos de prova
injetados que foram utilizados para os testes de impacto, flexão e tração,
respectivamente.
34
Figura 11. Corpos de prova do PBT/GMA/ 3% Argila obtidos no processo de injeção.
4.2.5. Irradiação dos nanocompósitos
Os ensaios de irradiação foram realizados com doses de radiação de 150,
250 e 350 kGy, à temperatura ambiente e na presença de ar, no acelerador de
elétrons modelo “Dynamitron II” com energia de 1,5 MeV, corrente de 2,81 mA,
localizado no CTR-IPEN/CNEN-SP.
Após serem irradiadas, as amostras foram colocadas dentro de embalagens
plásticas e mantidas em local seco e protegido de luz, evitando assim os efeitos da
pós-irradiação e a influência de luz natural e/ou artificial sobre os resultados das
análises até o momento de serem submetidas aos ensaios.
35
4.3. Caracterização
4.3.1. Difração de Raios X (DRX)
Os perfis de difração de raios x dos materiais foram determinados em um
difratômetro modelo Rigaku DMAX 2200 localizado no laboratório do Centro de
Materiais Avançados (T-CAM) da Universidade Tuskegee (Tuskegee, Alabama,
EUA) com radiação CuK ( = 1.54 nm) operado em 40 kV e 40 mA, com 2
variando entre 2 ° e 30 °. Esta técnica foi realizada para a avaliação da modificação
da argila e da formação dos nanocompósitos, pois a mesma possibilita determinar o
espaçamento basal (d001) entre as camadas da argila.
Figura 12. Difratômetro de raios X modelo Rigaku DMAX 2200 do laboratório do
Centro de Materiais Avançados da Universidade Tuskegee.
36
4.3.2. Espectrometria de fluorescência de raios X (WDXRF)
Para avaliar os compostos inorgânicos presentes na argila, foi realizada a
análise de WDXRF utilizando um espectrômetro de fluorescência de raios X por
dispersão de onda, modelo RIX 300 Rigaku do Laboratório de Fluorescência de
Raios x do Centro de Química e Meio Ambiente (CQMA), IPEN/CNEN – SP.
4.3.3. Análise do teor de carga
Esta análise foi realizada utilizando uma mufla do Laboratório de Qualidade
da empresa NZ Cooperpolymer – SP seguindo a norma ASTM D - 5630.
Aproximadamente 10 g de amostra de cada formulação obtida no processo de
extrusão foram colocadas em cadinhos de porcelana e levados à mufla onde foram
aquecidos até uma temperatura de 600°C por uma hora até a queima total do
material. Passado esse período e o resfriamento das amostras, pesaram-se os
cadinhos com as cinzas para obter o teor de carga do material (Figura 13).
Figura 13. Análise do teor de carga. (A) Mufla; (B) Mufla com os cadinhos com as amostras.
(A) (B)
37
4.3.4. Ensaio de tração
Os ensaios de tração foram realizados conforme a norma (ASTM D 638) em
uma máquina universal de ensaios modelo Instron 5567 - localizado no Centro de
Tecnologia das Radiações (CTR), IPEN/CNEN – SP, com velocidade de
deslocamento de 50 mm/min, pré-carga de 10,0 N em temperatura ambiente.
Através deste ensaio obtiveram-se valores de resistência à tração na ruptura. Foram
realizados testes com dez corpos de prova de cada tipo de amostra (Figura 14).
Figura 14. Máquina universal de ensaios Instron durante a realização do ensaio de
tração.
4.3.5. Ensaio de flexão
Foi utilizado o método carregamento de três pontos segundo a norma (ASTM
D790) utilizando a máquina universal de ensaios modelo Instron 5567, localizada no
Centro de Tecnologia das Radiações (CTR), IPEN/CNEN – SP. Foram obtidos
38
valores de módulo de flexão e resistência à flexão. Utilizaram-se dez corpos de
prova de cada formulação.
4.3.6. Ensaio de resistência ao impacto
O ensaio de impacto izod (ASTM D 256) foi realizado no equipamento XJC
25D do Laboratório de Qualidade da empresa NZ Cooperpolymer - SP. Antes de
serem submetidos ao ensaio de impacto Izod, os corpos de prova foram entalhados
para prevenir a deformação dos mesmos sob o efeito do impacto e para evitar
influência nos resultados foram retiradas quaisquer rebarbas dos corpos de prova.
Foram utilizados cinco corpos de prova para cada composição.
Figura 15. Ensaio de resistência ao impacto izod (A) Entalhador elétrico para corpo
de prova do teste de impacto; (B) Equipamento utilizado para teste de impacto.
(A) (B)
39
4.3.7. Ensaio de temperatura de distorção térmica
A temperatura de distorção térmica (HDT) foi obtida, conforme a norma
(ASTM D 648), no equipamento PV 300 PC (Figura 16) localizado no Laboratório de
Qualidade da empresa NZ Cooperpolymer - SP. Com uma tensão de 1,82 MPa taxa
de aquecimento de 120 °C/h (método A), onde o meio de imersão foi um óleo de
silicone. A temperatura foi determinada após a amostra ter defletido 0,25 mm. Foram
utilizados três corpos de prova de cada amostra.
Figura 16. Equipamento para ensaios de HDT do Laboratório de Qualidade da
empresa NZ Cooperpolymer.
4.3.8. Índice de fluidez
O ensaio foi realizado de acordo com a norma (ASTM D 1238) com
temperatura fixa a 250°C e carga de 2,160 kg. No equipamento Plastômetro XRL
400 localizado no Laboratório de Qualidade da empresa NZ Cooperpolymer - SP.
40
Figura 17. Plastômetro utilizado para análise do índice de fluidez.
4.3.9. Termogravimetria (TG)
As analises de TG foram realizadas com o equipamento Toledo TGA 851 do
laboratório do Centro de Materiais Avançados (T-CAM) da Universidade Tuskegee
(Tuskegee, Alabama, EUA) sob atmosfera de nitrogênio. Uma amostra com 10,0 ±
1,0 mg das amostras irradiadas e não irradiadas foram pesadas e colocadas em
porta- amostras de alumínio, e então aquecidas até 550 °C a partir da temperatura
ambiente (25 °C) e razão de aquecimento de 10° C/min.
4.3.10. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
As análises de DSC foram realizadas utilizando o equipamento Toledo DSC
822 pertencente ao laboratório do Centro de Materiais Avançados (T-CAM) da
41
Universidade Tuskegee (Tuskegee, Alabama, EUA), e no intervalo de temperatura
30 a 300°C com o grau de aquecimento de 10° C/min sob atmosfera de nitrogênio.
4.3.11. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
O estudo da superfície de fratura do ensaio de tração foi realizado utilizando
JEOL JSM 5800 laboratório do Centro de Materiais Avançados (T-CAM) da
Universidade Tuskegee (Tuskegee, Alabama, EUA). Primeiro as amostras foram
envolvidas sob uma camada condutiva de ouro para evitar a absorção de elétron
pela amostra. Então foram colocados no equipamento para análise.
4.3.12. Fração - Gel
Para as análises de fração gel foram utilizadas amostras de 300 mg ± 10 mg
para cada formulação dos materiais. Esta técnica utiliza o método gravimétrico para
realizar o experimento no extrator Soxlet. As amostras foram envolvidas em malha
de aço inoxidável de 500 mesh, a fim de que a amostra não escapasse do sitema
(Figura 18) e mantidas em contato com o solvente por 12 h contando a partir do
ponto de ebulição. As amostras foram, em seguida, secas em estufa a 70 °C ± 2 °C
até atingirem massa constante. Os testes foram realizados em triplicata e as massas
iniciais e finais das amostras foram comparadas. A fração gel foi calculada de
acordo com as equações abaixo:
FS = [(wi - wf).wi -1].100
FG= 100 - FS
42
Onde: FS = fração solúvel; FG = fração gel; wi = massa inicial da amostra;
wf = massa da amostra após o ensaio
Figura 18. Amostras mantidas em malha de aço para ensaio de fração - gel.
43
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Difração de raios X
Os resultados de DRX da argila chocolate natural e modificada são mostradas
na figura 19.
Figura 19. Espectro de difração de raios X de argila chocolate natural e argila chocolate modificada.
Pode-se notar que a modificação orgânica da argila provocou um
deslocamento do pico para ângulos mais baixos, esse deslocamento caracteriza o
aumento do espaçamento basal. A argila bentonita chocolate natural apresenta uma
distância interlamelar (d001) = 14,89 Å e, após a modificação essa distância
aumentou para 19,40 Å. Este aumento nos espaços interlamerares da argila
modificada após o tratamento com sal quaternário, evidencia a intercalação dos
cátions quaternários de amônio nas camadas interlamelares da argila, formando
assim argila organofílica.
(d001) =19,40 Å
(d001) = 14,89 Å
44
A figura 20 mostra o espectro de difração das amostras não irradiadas de
PBT/GMA, PBT/GMA 3 % Argila e PBT/GMA 5 % argila. Os resultados mostram
uma alteração na intensidade e inclinação dos picos, indicando uma intercalação
parcial. Não se obtiveram estruturas completamente esfoliadas, pois o aparecimento
dos picos d001 indica ao menos um determinado grau de intercalação. Pode ter
ocorrido intercalação do polímero entre as lamelas da argila e esfoliação parcial das
partículas, uma vez que os picos mostraram-se mais alargados. Este
comportamento fica evidenciado com o aumento significativo das propriedades
térmicas e mecânicas a serem mostrados nos itens 5.4., 5.5. e 5.7.
Figura 20. Espectro de difração de raios X das amostras não irradiadas de
PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila e PBT/GMA5 % Argila.
45
5.2. Espectrometria de fluorescência de raios X (WDXRF)
A Tabela 4 apresenta a lista de componentes inorgânicos que constituem a
nanoargila bentonita chocolate. A sílica é o principal componente de argila,
correspondendo a mais de 40 % do seu total. O resultado mostra também que o
óxido de alumínio é outro componente importante da nanoargila. O teor de SiO2 é
proveniente da camada tetraédrica enquanto o teor de Al2O3 é proveniente da
camada octaédrica.
Tabela 4. Componentes inorgânicos da nanoargila bentonita chocolate.
Componente (%) Componente (%)
SiO2 42 ± 1 CaO 2,3 ± 0,1
Al2O3 13 ± 1 Cl 1,5 ± 0,1
Fe2O3 5,4 ± 0,1 Outros 2,5 ± 0,1
MgO 2,3 ±0,1 PF* 31 ±1
*Perda ao fogo
5.3. Teor de carga
Os resultados para o teor de carga nos nanocompósitos são mostrados na
tabela a seguir.
Tabela 5. Teor de carga dos materiais
Material Teor de carga (%)
PBT/3% Argila 2, 852
PBT/5% Argila 4, 886
PBT/GMA/3% Argila 2,796
PBT/GMA/5% Argila 4,867
46
Os resultados obtidos indicam que o teor de carga é compatível com os
teores de argila misturados inicialmente. É possível notar que ocorreu uma pequena
diferença na incorporação da argila quando comparado a aditivação planejada. Tal
diferença pode ter sido causada no processo de extrusão, onde a argila pode ter
acumulado nas roscas e funil da máquina, já que após a obtenção dos
nanocompósitos foi feita a limpeza da extrusora e pode-se notar que o material
adicionado para limpar a máquina (Poliestireno - PS) apresentava ao sair, por certo
tempo, a cor característica da argila, durante o processo de extrusão ocorre também
a perca de hidroxilas das argilas o que pode contribuir nessa diferença. Foi
observado um acúmulo de argila na embalagem utilizado para a homogeneização da
mistura. Tal diferença não altera o trabalho, já que tais perdas são consideradas
normais no processo. A figura 21 apresenta os cadinhos de porcelana utilizados
para o ensaio de teor de carga com o pó de argila que sobrou após a queima dos
grânulos de nanocompósitos.
Figura 21. Cadinhos de porcelanas com a argila residual após a queima.
47
5.4. Ensaio de tração
A adição de argila na matriz polimerica de PBT promoveu ganhos
significativos na resistência à tração de ruptura dos materiais. Esse aumento foi de
cerca de 65 % no PBT/GMA/3% Argila e cerca de 55 % no PBT/GMA/5% Argila.
Considerando as amostras sem a adição do agente compatibilizante GMA o
aumento foi de cerca de 60 % em ambas as formulações (Figura 22).
Em seu estudo sobre as propriedades térmicas e mecânicas do PBT
reforçado com argila montmorilonita organofílica, obtidos através do processo de
intercalação por fusão (CHOW, 2008) observou que a adição de 3 % de argila na
matriz PBT promoveu aumento significativo na resistência do nanocompósito
quando comparado ao polímero puro e atribuiu tal ganho a boa interação da argila
na matriz polimérica.
Figura 22. Resultados dos ensaios de resistência à tração na ruptura para as
amostras não irradiadas do PBT puro, PBT/3% Argila, PBT/5% Argila, PBT/GMA,
48
PBT/GMA/3% Argila, PBT/GMA/5% Argila e para as amostras irradiadas de
PBT/GMA, PBT/GMA/3% Argila, PBT/GMA/5% Argila.
A curva de tensão x deformação mostra que o PBT Puro e o PBT/GMA
apresentam curva caracteristica de um material termoplastico dúctil. Após a adição
da argila em todas as formulações, os nanocompósitos apresentam curva
característica de um material frágil, essa mudança está no fato da argila ser um
material cerâmico e fragil, concedendo tais características ao nanocompósito
formado (Figura 23).
Figura 23. Curva de tensão x deformação para as amostras não irradiadas de
PBT/Puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila e
PBT/GMA/5 % Argila.
49
5.5. Ensaio de Flexão
A figura apresenta os resultados de resistência à flexão do PBT, PBT/3 %
Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila,
irradiado e não irradiado. A adição da argila promoveu um aumento de cerca de 10
% na resistência a flexão quando comparado ao polímero puro. Os valores entre as
porcentagens de argila e a adição de GMA ficaram muito parecidos, com uma
diferença de cerca de 1 % entre as formulações de nanocompósitos realizadas
(Figura 24).
Figura 24. Resultados dos ensaios de resistência à flexão dos materiais para as
amostras não irradiadas do PBT puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA,
PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila e para as amostras irradiadas de
PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila.
Assim como na resistência a flexão, a adição de argila trouxe um aumento ao
módulo de flexão do PBT. Segundo NIRUKHE E SHERTUKDE, 2009 que estudaram
a preparação e caracterização de nanocompósitos de PBT com a adição de 1 a 5 %
50
(em peso) de diferentes tipos de argila organofílica também observaram tal
comportamento e relataram que o aumento do módulo de flexão indica um aumento
da rigidez dos nanocompósitos, ao mesmo nível de deformação (Figura 25).
Figura 25. Resultados dos ensaios do módulo de flexão para as amostras não
irradiadas do PBT puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 %
Argila, PBT/GMA/5 % Argila e para as amostras irradiadas de PBT/GMA,
PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila.
5.6. Ensaio de resistência ao impacto
A adição da argila na resina PBT promoveu uma redução na resistência ao
impacto. (Figura 26).
NIRUKHE e SHERTUKDE, 2009 também observaram uma diminuição na
resistência ao impacto da matriz polimérica PBT com a adição de argila. E esta
diminuição está ligada à falta de absorção de energia de impacto, transferência e
dissipação, que pode ter sido devido à má ligação interfacial entre a argila e o
51
polímero, com formação de aglomerados. A adição do reforço restringiu a
mobilidade das moléculas da matriz, resultando na diminuição da resistência ao
impacto.
Figura 26. Resultados dos ensaios de resistência ao impacto para as amostras não
irradiadas do PBT puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 %
Argila, PBT/GMA/5 % Argila e para as amostras irradiadas de PBT/GMA,
PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila.
5.7. Temperatura de distorção térmica
Considerando a resistência de temperatura distorção térmica do PBT a adição
de argila em ambas as formulações, com e sem o agente compatibilizante GMA,
representou um aumento superior a 35 % quando comparado ao PBT puro. Este
aumento pode ser atribuído à ocorrência da dispersão das camadas do silicato na
matriz polimérica, o que eleva as propriedades mecânicas e termomecânicas.
52
Nos resultados dos ensaios mecânicos e térmicos de PBT/Argila observou-se
que os valores para os nanocompósitos com e sem adição do agente
compatibilizante GMA ficaram muito parecidos, isto sugere que a adição de 0,5 % de
GMA não foi suficiente para uma melhor compatibilização entre a matriz e o reforço.
Figura 27. Resultados dos ensaios de temperatura de distorção térmica dos
materiais para as amostras não irradiadas do PBT puro, PBT/3 % Argila, PBT/5 %
Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila e para as amostras
irradiadas de PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 % Argila.
5.8. Índice de fluidez
Na tabela 6 são mostrados os resultados do índice de fluidez do PBT puro
PBT/3 % Argila, PBT/5 % Argila, PBT/GMA, PBT/GMA/3 % argila e PBT/GMA/5 %
argila. Considerando as amostras irradiadas, como não houve mudanças
signifcativas nos ensaios mecânicos esta análise foi realizada apenas para os
materiais sem o tratamento por radiação ionizante. Os valores para o PBT puro e
PBT após adição de 0,5 % de GMA aparecem inalterados. Com relação à adição da
53
argila houve um aumento de cerca de 90 % e 100 % com a adição de 3 % e 5 % de
argila, respectivamente. No PBT/GMA/3 % argila houve um aumento de
aproximadamente de 25 % e 40 % no PBT/GMA/5 % argila quando comparado com
o polímero puro. Esse aumento sugere que a adição da argila pode levar à obtenção
de um nanocompósito PBT/GMA/Argila com peso molecular mais baixo e maior
fluidez do que o polímero puro. Outro fator que justifica essa mudança de
propriedade é uma possivel degradação durante o processamento do material.
Tabela 6. Valores de índice de fluidez para as amostras não irradiadas de PBT/Puro, PBT/GMA e seus nanocompósitos.
5.9. Análise Termogravimétrica (TG)
As curvas de TG para o PBT/GMA, PBT/GMA/3 % Argila, PBT/GMA/5 %
Argila, irradiado e não irradiado, são mostrados nas figuras 28 a 30.
Materiais Índice de fluidez
(g/10 min)
PBT Puro 8,10
PBT/3% Argila 15,60
PBT/5% Argila 17,16
PBT/GMA 8,10
PBT/GMA/3% Argila 10,14
PBT/GMA/5% Argila 11,34
54
Figura 28. Curva de TG para PBT/GMA NI, PBT/GMA 150 kGy, PBT/GMA
250 kGy e PBT/GMA 350 kGy.
Figura 29. Curva de TG para PBT/GMA/3% Argila NI, PBT/GMA/3 % Argila 150 kGy,
PBT/GMA/3 % Argila 250 kGy e PBT/GMA/3 % Argila 350 kGy.
55
Figura 30. Curva de TG para PBT/GMA/5 % Argila NI, PBT/GMA/5 % Argila 150
kGy, PBT/GMA/5 % Argila 250 kGy e PBT/GMA/3 % Argila 350 kGy.
A tabela 7 apresenta os resultados de temperatura de degradação dos
materiais. Através dos resultados é possível observar que nas amostras não
irradiadas a adição da argila promoveu uma diminuição na temperatura de
degradação térmica quando comparada a amostra sem argila. Este comportamento
pode ser causado devido à formação de aglomerados e pela não existência de
estruturas esfoliadas conforme foi observado na análise de DRX.
56
Tabela 7. Temperatura de degradação térmica para o PBT/GMA e seus
nanocompósitos, irradiados e não irradiados.
Materiais Temperatura
(°C)
PBT/GMA NI 382,65
PBT/GMA 150 kGy 382,71
PBT/GMA 250 kGy 384,25
PBT/GMA 350 kGy 387,19
PBT/GMA/ 3% Argila NI 381,12
PBT/GMA/ 3% Argila 150 kGy 383,19
PBT/GMA/ 3% Argila 250 kGy 382,25
PBT/GMA/ 3% Argila 350 kGy 382,79
PBT/GMA/ 5% Argila NI 380,84
PBT/GMA/ 5% Argila 150 kGy 382,68
PBT/GMA/ 5% Argila 250 kGy 381,33
PBT/GMA/ 5% Argila 350 kGy 382,08
5.10. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
A Tabela 8 apresenta os resultados da análise de DSC para a temperatura de
fusão, e percentagem de cristalinidade para o PBT/GMA, PBT/GMA/3 % argila e
PBT/GMA/5 % argila, irradiados e não irradiados. Os resultados mostram uma
pequena redução na temperatura de fusão com adição de argila e tratamento por
radiação ionizante. O mesmo acontece para a cristalinidade dos materiais.
57
Tabela 8. Temperatura de fusão e percentual de cristalinidade para o PBT/GMA e
seus nanocompósitos, irradiados e não irradiados.
Materiais Tm (°C)
Tc (%)
PBT/GMA NI 221,37 29,75
PBT/GMA 150 kGy 217,41 27,81
PBT/GMA 250 kGy 218,21 29,61
PBT/GMA 350 kGy 216,04 28,14
PBT/GMA/ 3% Argila NI 220,11 25,11
PBT/GMA/ 3% Argila 150 kGy 217,33 24,72
PBT/GMA/ 3% Argila 250 kGy 220,17 17,35
PBT/GMA/ 3% Argila 350 kGy 220,84 19,56
PBT/GMA/ 5% Argila NI 219,37 24,84
PBT/GMA/ 5% Argila 150 kGy 219,27 21,68
PBT/GMA/ 5% Argila 250 kGy 218,73 23,01
PBT/GMA/ 5% Argila 350 kGy 216,46 23,12
5.11. Fração gel
Foi possível observar visualmente a não formação de fração gel, uma vez que
as malhas utilizadas no sistema aparentavam estar vazias após o período de
exposição ao solvente em ebulição, sofrendo dissolução. Os resultados de fração
gel para os materiais (Figura 31) não apresentaram valores mensuráveis de gel nas
amostras irradiadas no intervalo de dose estudado. Pode-se sugerir que não
ocorreram predominantemente reações de reticulação no PBT e seus
nanocompósitos irradiados nas doses aplicadas neste estudo. O mesmo foi
58
observado nas análises mecânicas e térmicas onde o tratamento por radiação
ionizante por feixe de elétrons não alterou signifitivamente as propriedades dos
materiais estudados.
Figura 31. Resultados dos ensaios de fração gel para o PBT GMA e seus
nanocompósitos, irradiados e não irradiados.
5.12. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
As micrografias das superfícies de fratura do ensaio à tração de PBT / GMA,
PBT/GMA/3 % Argila e de PBT/GMA/5 % Argila, irradiado e não irradiado (ampliação
de 1000 x) são mostrados nas Figuras 32 a 42. É possível observar a distribuição da
argila na matriz polimérica. As micrografias não são conclusivas para a
determinação da esfoliação ou intercalação da argila no polímero.
59
Figura 32. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA 150 kGy.
Figura 33. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA 250 kGy.
60
Figura 34. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA 350 kGy.
Figura 35. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/3%
Argila NI.
61
Figura 36. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/3%
Argila 150 kGy.
Figura 37. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/3%
Argila 250 kGy.
62
Figura 38. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/3%
Argila 350 kGy.
Nas figuras de 39 a 42 são apresentadas as micrografias para os
nanocompósitos de PBT com 5 % de argila e GMA
Figura 39. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/5%
Argila NI
63
Figura 40. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/5%
Argila 150 kGy
Figura 41. Micrografia da superfície de fratura do ensaio à tração do PBT/GMA/5%
Argila 250 kGy.
65
6. CONCLUSÃO
As análises de difração de raios X mostraram que o tratamento da argila
natural em laboratório com o sal quaternário de amônio foi eficiente, aumentando o
espaçamento basal entre as camadas e obteve-se argila organofílica. Observou-se
também a uma boa interação das argilas com a matriz polimérica.
Nos ensaios mecânicos de resistência à tração a adição da argila chocolate,
em ambas as formulações, promoveu um aumento na resistência à tração na ruptura
da matriz polimérica PBT superior a 50 %. Considerando a resistência a flexão
houve aumento de cerca de 10 % na resistência à flexão também em ambas as
formulações comparado ao polímero puro.
Nos resultados de resistência ao impacto Izod observou-se que a adição da
argila promoveu uma redução na tenacidade do material.
A temperatura de distorção térmica teve um aumento de cerca de 35 % após
a adição de argila em ambas formulações.
Os resultados de um modo geral mostraram que adição de 3 e 5 % de argila
levaram a ganhos de propriedades semelhantes. Nas composições com o agente
compatibilizante GMA os aumentos nas propriedades térmicas e mecânicas também
foram similares. A adição do agente compatibilizante não mostrou ganhos na
resistência à tração na ruptura, resistência a flexão, módulo de flexão e temperatura
de distorção térmica, significativos quando comparados as formulações sem o GMA.
66
Indicando que a adição de 0,5 % de metacrilato de glicidila na matriz polimérica PBT
com argila não foi suficiente para uma melhor compatibilização matriz-reforço.
Na análise térmica por DSC observou-se uma pequena redução na
temperatura de fusão e no percentual de cristalinidade dos materiais
As micrografias da superfície de fratura realizadas nas amostras após o
ensaio de tração não foram conclusivas para avaliar a dispersão da argila na matriz
polimérica.
O tratamento por radiação ionizante nas doses propostas neste estudo não
foram efetivas para promover reticulação da cadeia polimérica dos materiais. Este
resultado foi evidenciado pela análise de fração gel onde se observou que os
materiais sofreram dissolução, não restando assim fração gel.
67
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Para um melhor conhecimento dos nanocompósitos PBT/Argila bentonita
tratados por radiação ionizante, sugere-se os seguintes pontos:
Realizar a análise de microscopia eletrônica de transmissão (MET)
para estudar a dispersão da argila na matriz polimérica de PBT e avaliar a formação
de nanocompósitos esfoliados e intercalados.
Processar o PBT com argila em diferentes condições para avaliar a
influência da velocidade de rotação das roscas na dispersão das argilas.
Estudar o percentual ideal de agente compatibilizante para uma melhor
interação matriz–nanoreforço.
Realizar o tratamento de radiação ionizante dos nanocompósitos em
diferentes doses e a utilização de um agente de reticulação.
68
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