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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
Mudança comportamental e educação para
eficiência energética
Prof. Dr. Kaster Carrara
Departamento de Psicologia – UNESP Campus de Bauru
Prof. Dr. Wilson M. Yonezawa
Departamento de Computação – UNESP Campus de Bauru
Prof. Dr. Leonardo Mesquita
Departamento de Engenharia Elétrica – UNESP Campus de
Guaratinguetá
Prof. Dr. Galeno José de Sena
Departamento de Matemática – UNESP Campus de Guaratinguetá
Prof. Dr. Silvio Henrique Fiscarelli
Instituto de Química – UNESP Campus de Araraquara
Me. Fábio Esteves da Silva
Doutorando em Energia – UNESP Campus de Guaratinguetá
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No contexto das atividades preliminares do Centro Educacional para
Eficiência Energética, criado pelo convênio Nº ECV-291/2009 e tendo por
objetivo viabilizar cooperação técnica e financeira entre
ELETROBRÁS/PROCEL e a UNESP, o presente Relatório de Atividades
objetiva, fundamentalmente, enunciar conceitos, tecnologia comportamental e
estratégias possíveis para intervenção baseadas na literatura científica mais
recente da Análise Comportamental da Cultura. Nessa perspectiva, este
relatório buscará caracterizar, preliminarmente: (1) Quais os fundamentos
teóricos, epistemológicos e metodológicos da Análise do Comportamento no
cenário da Psicologia contemporânea; (2) Em que medida uma linha de
investigação específica dentro da Análise do Comportamento, referenciada no
conceito de Delineamentos Culturais, pode contribuir para a mudança de
repertórios comportamentais de grandes grupos de pessoas – as práticas
culturais – no sentido e com o foco específico relacionado à conservação de
energia elétrica; (3) Quais as condições de participação de pesquisadores,
técnicos e população em geral, potenciais projetos de investigação científica e
intervenção social até aqui concebidos para desdobramentos futuros em ações
a serem apoiadas pelas instituições envolvidas e com a retaguarda do Centro
de Educação para a Eficiência Energética (CEEE); (4) Projeção de implicações
dos programas de pesquisa e intervenção em curto e longo prazo, perspectivas
e recomendações.
Entendemos redundante proceder a um aprofundamento investigativo e
de revisão de literatura para ressaltar a relevância de ações urgentes e
abrangentes, por meio de políticas públicas, visando a conservação de energia
elétrica. Assim como uma série de outros recursos naturais, aqueles, como a
água, diretamente articulados à produção de energia elétrica, são
consensualmente considerados pela população esclarecida como
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imprescindíveis à vida humana. Uma revisão de literatura científica e das
práticas vigentes no Brasil e em outros países vem sendo desenvolvida
sistematicamente no contexto da Linha 1. Em decorrência, toma-se como ponto
de partida, nesta linha de pesquisa, a existência inequívoca de consenso entre
técnicos, pesquisadores e dirigentes a respeito da necessidade, pertinência e
relevância do desenvolvimento de estratégias apoiadas em conceitos
científicos bem apoiados em dados e critérios de avaliação de eficiência
estratégica visando a conservação de energia elétrica. Por tais razões, passa-
se, neste relatório preliminar, a enfocar diretamente o contexto e características
dos delineamentos culturais voltados a subsidiar políticas públicas
preocupadas com a mudança do comportamento da população em relação à
utilização de energia elétrica em seus afazeres cotidianos.
Da Psicologia à Análise do Comportamento
Parece ao leigo que a Psicologia é uma área de conhecimento, de
investigação, de estudo e de intervenção bastante consensual. O pensamento
livre na “folk psychology” (ou “psicologia popular”, “psicologia folclórica) é o de
que temos uma espécie de ciência que tem um método, estratégias, tecnologia
e uma lógica única e compartilhada entre os profissionais que nela atuam.
Nada mais equivocado. De fato, a constituição e caracterização da Psicologia
sempre dependeram de um conjunto de pressupostos epistemológicos e
filosóficos adotados preliminarmente pelos profissionais. A título de exemplo,
podem-se encontrar muitas divergências em relação à concepção da
“natureza” humana adotada (trata-se de um ser passivo, ativo ou interativo em
relação ao seu ambiente?), em relação à própria finalidade da Psicologia em
questão (pretende essa área, disciplina ou ciência ocupar-se da consciência,
do inconsciente, da cognição ou do comportamento humano?) e mesmo em
relação às técnicas e estratégias propriamente ditas e empregadas na atuação
do psicólogo (pretende ele mudar “personalidade”, “consciência” ou
“comportamento” ?). Como se pode depreender desse singular exemplário de
situações e contextos, a Psicologia não é, de fato, consensual.
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Parte significativa do público leigo apreende a ideia de Psicologia no seu
sentido etimológico original, ou seja, de que se trata de uma “ciência” ou “área
de estudo” interessada em desvendar, estudar, esclarecer os fenômenos da
“alma” (psique ou “psyché”). Conceber a Psicologia como constituída da
interação entre duas instâncias, dimensões ou substâncias (corpo e “alma”)
parece ter sido, historicamente, a solução mais fácil (ou possível) para tentar
descrever, explicar e/ou interpretar as atividades humanas (e, por extensão, de
todos os organismos vivos, respeitadas suas diferenças filogenéticas). Tal
compreensão conservadora da Psicologia implica uma visão dualista das ações
humanas: um corpo em constante interação com uma “alma” (alma essa que,
resumida e simplificadamente, com o avanço dos estudos e discussões sobre o
assunto, é hoje frequentemente reconhecida como sendo representada pela
“mente”). Essa compreensão arcaica tem vários motivos, sempre interligados,
para ter prosperado e para permanecer, ainda hoje, como uma concepção
reconhecida por várias mediações teórico-epistemológicas da Psicologia.
A título de exemplo, pode-se mencionar: 1) ao longo da história da
própria Psicologia parece ter constituído difícil missão assimilar qualquer
possibilidade de um modelo monista de homem (um modelo em que “alma” –
ou “mente” - e corpo sejam constituídos de uma mesma e intercambiável
substância, de natureza material e física); essa dificuldade se apoiou, de início,
na influência corporativa da intensa dependência econômica, social e
administrativa da população em relação às instituições detentoras do poder
político, então centrado em representantes de algumas organizações
religiosas; 2) o desenvolvimento científico, em diversas áreas de conhecimento
(Biologia, Física, Psicologia) tem sido alvo de grande resistência que decorre
do primeiro motivo, ou seja, a humanidade tem preservado a custo muito alto a
ideia de que cabe ao homem um papel central na natureza; de que,
consequentemente, a ele pode ter sido dada outra origem que não a explicitada
pelos evolucionistas darwinianos; de que, para além da existência física
mundana haveria uma outra dimensão posterior a tal existência, representada
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pela permanência eterna da “alma”; 3) uma prática cultural fortemente
estabelecida de busca por explicações referenciadas num mundo imaterial ou
de materialidade distinta do corpo, daí, na Psicologia, continuarem a vigorar as
designadas concepções “mentalistas”.
Nessa perspectiva, como já mencionado e a título de resumo, como
empreendimento que pretende ter um caráter científico, a Psicologia defronta-
se, há certo tempo (pouco mais de um século), com os embates relacionados à
sua própria natureza. Por exemplo, será objeto da Psicologia: 1) estudar a
consciência humana? 2) estudar a alma humana? 3) estudar a personalidade?
4) estudar o comportamento? 5) estudar a cognição 6) estudar as atividades
corporais?
Muitas discussões, muitos debates e muitos artigos sobre temas
correlatos às perguntas básicas aqui formuladas têm sido veiculados ao longo
do último século. Para os propósitos presentes, tomemos algumas referências
que, inevitavelmente, já por terem sido selecionadas, representam apenas uma
fração – suposta aqui, todavia, representativa – de uma das mediações teórico-
epistemológicas e, também, metodológicas, possíveis na Psicologia.
Nesse sentido, uma publicação seminal foi veiculada já em 1913 pelo
psicólogo norte-americano J. B. Watson, no periódico Psychological Record.
Watson propunha, no seu artigo “Psychology as the behaviorist views it”, uma
nova forma de conceber o estudo das ações humanas: o Behaviorismo. Para
esse autor, a proposta do Behaviorismo implicava duas mudanças substanciais
na Psicologia. Por um lado, o objeto de estudo escolhido era o comportamento
(dos seres vivos em geral), em substituição à consciência e outras instâncias
“mentalistas”; por outro, a estratégia metodológica passaria a ser a observação
(do organismo, nas suas interações com o ambiente, via comportamento), em
contrapartida à então vigente estratégia da introspecção. Nesse mesmo artigo,
que passou a ser conhecido como o “manifesto behaviorista”, Watson tratava
de várias outras questões do entorno da Psicologia, propondo que a nova visão
implicasse uma filiação à Biologia, que se buscasse um conjunto de estratégias
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de pesquisa baseadas em bons critérios de objetividade, que o conceito de
interações entre organismos biológicos e ambiente teria como consequência a
necessidade de pesquisas empíricas mediante controle rigoroso de variáveis
estranhas. Ou seja, Watson propunha o Behaviorismo como uma forma de
“Psicologia” (entre aspas porque certamente não se tratava mais de um “estudo
da alma”, como concebia a velha Psicologia) que inspirava um modelo
puramente objetivo e experimental vinculado à Biologia e, mais estritamente,
aos parâmetros de uma ciência natural (tendo como modelo fundamental os
rigores metodológicos equivalentes aos da Física, por exemplo).
Entretanto, a proposta original de Watson viria a ser aperfeiçoada por
outros pesquisadores. Já a partir de 1930, considerando que o modelo
watsoniano ainda permanecia eivado de algumas influências dualistas, que
Watson mantinha explicações confusas e praticamente excluía de
consideração os eventos privados (o pensamento, por exemplo), outro
pesquisador importante começa a apresentar um programa de pesquisas, mais
tarde consolidadas na proposição de uma ciência por ele designada como
Análise Experimental do Comportamento e está baseada numa filosofia
designada como Behaviorismo Radical: B.F. Skinner. Esse autor, por certo
bastante polêmico durante o transcurso da história da Psicologia em seu
tempo, desenvolveu, com a participação de diversos colaboradores, um grande
número de pesquisas empíricas sobre muitos tipos de relações entre
organismos biológicos e ambiente (químico, físico, biológico, social).
Identificou, reiteradamente, que os comportamentos são especialmente
sensíveis às consequências, de modo que o seu modelo paradigmático de
ciência está apoiado na ideia do que chamou de tríplice relação de
contingências: uma relação entre eventos antecedentes – comportamento –
consequências. Os eventos antecedentes ao comportamento são quaisquer
acontecimentos, aspectos, partes do ambiente (físico, naturalmente, já que o
Behaviorismo Radical é monista e fisicalista) que, de alguma maneira, sirvam
como condições diante das quais, se um comportamento é emitido, então sua
consequência se apresenta menos ou mais provável de acontecer. Essas
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relações de dependência (se... então) entre comportamento e seus eventos
antecedentes e consequentes é designada, na Análise do Comportamento,
como contingência. Isto quer dizer que a probabilidade de ocorrência dos
comportamentos é maior ou menor dependendo do arranjo de contingências
que elaboramos, que construímos, que planejamos para que tal
comportamento ocorra. A contingência, portanto, constitui-se na descrição de
uma relação entre comportamento e ambiente (antecedente e consequente).
Da Análise do Comportamento aos Delineamentos Culturais
Skinner, então, propõe, com base em inúmeros estudos científicos com
rigoroso controle de variáveis independentes, dependentes e estranhas, que:
1) O comportamento (entendido, de modo simplificado, como quaisquer
“ações” dos organismos nas suas relações com o ambiente) deve ser o foco
de análise e intervenção; (sugere-se, desde já, que se comece a pensar
que o comportamento do consumidor comum de energia elétrica também
segue os mesmos parâmetros, porque sua ocorrência depende de sua
história particular – e do grupo social ao qual pertence - de interações com
o ambiente químico, físico, biológico e social).
2) É possível um estudo científico do comportamento humano e,
consequentemente, o desenvolvimento de uma tecnologia apropriada para
isso e um conjunto de estratégias de planejamento de como tornar mais
provável ou menos provável o aparecimento, consolidação, mudança de
frequência (duração, magnitude, intensidade) ou extinção de
comportamentos; (sugere-se começar a refletir, então, sobre a possibilidade
de planejamento estratégico de ações, que chamamos tecnicamente de
delineamentos culturais, quando aplicado a um grupo social, conjunto de
pessoas, comunidade, cultura, sociedade);
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3) Quando estamos interessados na mudança do comportamento de um único
indivíduo, buscamos auxílio no arranjo de contingências (que é um
delineamento, um plano de ação para mudança dos eventos antecedentes
e consequentes para o comportamento individual, que tem uma história
particular para cada um de nós, para cada indivíduo – é o exemplo dos
casos clínicos: a história de vida é particular e o rearranjo de contingências
depende de tal história para receber alguma intervenção planejada para
uma instância individual);
4) Quando estamos interessados na mudança de comportamento de um grupo
de pessoas (de duas ou mais pessoas nas suas relações interpessoais ou
nas suas relações comuns ou compartilhadas com o contexto ambiental em
que vivem), estamos falando de uma intervenção social, uma intervenção
na comunidade, um delineamento cultural (tecnicamente falando); já se
pode perceber que deve ser este o nosso foco quando buscamos atender
aos objetivos da eficiência energética: direta e objetivamente, o que
estaremos buscando é que haja uma ampliação de frequência de
ocorrência (uma medida concreta das predições probabilísticas) dos
comportamentos “ecologicamente corretos” (no limite, que garantam
sustentabilidade) e uma redução da frequência de ocorrência (também uma
medida concreta das previsões probabilísticas) dos comportamentos
“ecologicamente inadequados”. Ou seja, quando elaboramos um
delineamento cultural, estamos fazendo uma proposta com base empírica
referenciada na literatura científica, de uma intervenção abrangente, que
deve alcançar significativo número de pessoas, que deve abranger grupos
sociais importantes. E que busca trazer resultados mensuráveis que são
aferidos mediante o cotejamento de dados anteriores e posteriores à
intervenção, seja diretamente (pela observação e registro dos próprios
comportamentos), seja indiretamente (pela observação e registro dos
subprodutos do comportamento: os registros escritos de níveis de consumo
energético, no nosso caso de interesse atual).
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5) Pode-se resumir, então, que não estamos mais diante de uma proposta da
Psicologia tradicional que acredita (como, por vezes, assim podem crer
muitos leigos) que a “conscientização” da população mediante campanhas
de esclarecimento seja suficiente para conseguir substanciais mudanças de
comportamento. A título de exemplo, observe-se que não funcionam
completamente quaisquer das campanhas de “conscientização”, embora se
tenha uma mudança parcial de comportamento: por exemplo, de combate à
dengue (estamos todos “conscientizados” de que se não cuidarmos dos
recipientes com água “parada”, ocorrerá a reprodução do aedes egipty,
aumentará a probabilidade de contaminação, etc. – a população, apesar de
“conscientizada” pelas campanhas, não atua concretamente pró-mudança);
no combate à AIDS (os efeitos de uma “conscientização” têm sido
duradouros apenas na medida em que consequências concretas são
tornadas muito visíveis para a população – a punição é a própria
possibilidade de morte); as campanhas anti-tabaco (antes, dizer que fumar
fazia mal à saúde tinha quase nenhum efeito, porque tratava de que
“provavelmente as pessoas teriam problemas de saúde se fumassem”;
depois disso, com as campanhas mostrando, nos maços de cigarro, quase
“simbolicamente”, os efeitos via estampas nos maços de cigarro,
diminuíram um pouco mais os fumantes; entretanto, talvez apenas medidas
que exponham os fumantes às consequências reais, imediatas e concretas
do comportamento de fumar possam implicar efeitos mais drásticos nas
estatísticas); do mesmo modo, todos estamos “conscientes” da importância
de uma série de medidas que as agências responsáveis pela produção e
distribuição fazem em relação à eficiência energética. Isso constitui uma
parte importante do empreendimento a ser feito, mas é apenas parte da
tarefa. “Saber” ou “estar consciente” de que é necessário economizar água,
petróleo, energia elétrica, embora importante, é seguramente insuficiente
para conduzir a população usuária a uma ação concreta de
comportamentos pró-sociais de conservação. Planejar e garantir
consequências para os comportamentos implicados é condição
indispensável num adequado planejamento de práticas culturais.
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6) Sabemos que eficiência energética implica um esforço articulado:
naturalmente, o desenvolvimento de novas tecnologias de produção
energética e a melhoria dos materiais e técnicas de transmissão constituem
providências altamente relevantes; naturalmente, o desenvolvimento e
aplicação dos conhecimentos técnico-científicos em novas estratégias de
exploração de recursos naturais, com a produção de energia limpa e com
preservação das condições ambientais que, no futuro, serão
imprescindíveis para a sobrevivência da espécie humana e de todas as
demais espécies são igualmente importantes. Sabemos, portanto, que
muitas variáveis têm implicações para a eficiência energética. Uma parte
dessas variáveis está implicada, inevitavelmente, nos determinantes do
COMPORTAMENTO HUMANO. Ou seja, uma meta a ser cumprida,
pesquisada, experimentada, com criação de novas tecnologias e com o
desenvolvimento de PROGRAMAS DE ATUAÇÃO concretos é o dos
delineamentos culturais, que devem alimentar e consubstanciar
teoricamente e tecnologicamente as políticas públicas do setor energético.
Em outras palavras, trata-se de um investimento de custo compatível com
seus prováveis resultados, no curto e longo prazo.
7) De modo sucinto, intervenções e pesquisas com esse novo instrumental
teórico-tecnológico implicam, entre várias outras providências de
planejamento detalhado e sistemático: a) seleção dos comportamentos a
serem afetados (por exemplo, comportamentos típicos de conservação de
energia, como os já sobejamente elencados nas cartilhas e manuais das
agências); b) investigação científica direta sobre quais as consequências
ambientais capazes, numa dada população, de ser funcionais para a
instalação, manutenção e/ou mudança dos comportamentos arrolados (por
exemplo, bônus para trocas; novos tipos de lâmpadas; redução de custo de
conta ou benefícios semelhantes; reforçamento social; reconhecimento
público, etc.); c) Programação de contingências: estabelecimento prévio das
condições e ocasiões nas quais os comportamentos serão aferidos, o
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consumo será registrado, as consequências serão liberadas, os resultados
serão divulgados, o follow up será aplicado.
8) Observe-se, também, que estamos falando de programação das
consequências para os comportamentos pró-eficiência energética. Ao fazê-
lo, deveremos estar muito atentos para um aspecto importante: a relação
temporal entre comportamento e consequências. Consequências imediatas
são importantes para manutenção de certo ritmo de “produção” (fluxo
comportamental), mas a finalidade principal de nosso interesse são as
consequências de longo prazo. Para facilmente compreender através de um
exemplo: todos sabemos que a coleta seletiva de lixo conduz a
consequências de longo prazo que implicam a preservação ambiental,
qualidade do ar, da terra, de todos os recursos naturais que, por sua vez,
trazem consequências para a higiene, saúde, preservação das fontes
naturais de condições para a sobrevivência da espécie humana. No
entanto, o ser humano não é capaz, via de regra, de se comportar apenas
por vislumbrar e “compreender” o sentido das consequências de longo
prazo; precisa, objetivamente, receber as consequências de curto prazo
(negativas e temporárias para o jogar o papel de bala na rua, para o deixar
de selecionar o lixo no cotidiano; positivas para os comportamentos
apropriados e inversos, de selecionar e reciclar o lixo, de economizar
energia elétrica, etc.); ou seja, para cada unidade comportamental (que
designamos como resposta na Análise do Comportamento) e, em conjunto,
para todo o repertório comportamental (constituído por esse conjunto de
respostas ou por conjuntos de classes de respostas). Assim, o
Delineamento de práticas culturais para a eficiência energética precisa ser
pensado contemplando consequências de longo prazo e, inevitavelmente e
conforme sobejamente já demonstrado via experimentação, as
consequências imediatas para o comportamento de nosso interesse.
9) Note-se, naturalmente, que embora essa possibilidade (behavior
management) de atuação esteja bastante avançada do ponto de vista
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conceitual, sua tecnologia está em fase de consolidação. Trata-se de um
desenvolvimento científico bastante inovador e que, ao ser aplicado em
projetos apoiados pelas agências, estará testando estratégias que, bem
sucedidas, visam multiplicar-se e transformar-se em políticas públicas
consolidadas para o setor.
10) Note-se, paralelamente, que os desenvolvimentos mais recentes de uma
tecnologia para os delineamentos culturais (que implicam intervenções
sistematicamente planejadas para contingenciar comportamento humano
em situações sociais concretas, como a de busca de eficiência energética)
oferecem exemplos na literatura científica contemporânea que, em paralelo,
tornam transparente a potencialidade desses novos instrumentos de ação.
Breve contextualização da Análise Comportamental da Cultura
A Análise Comportamental da Cultura é um empreendimento marcado
por duas etapas bastante distintas:
(1) a primeira, reportado à obra científica de B. F. Skinner (1904-1990),
composta de mais de 250 trabalhos, entre artigos, livros, capítulos de
livros, entrevistas e material similar, todos voltados à criação,
disseminação e consolidação do que o autor designa como uma ciência
do comportamento: a Análise do Comportamento, propriamente dita.
Essa ciência skinneriana se estabeleceu a partir de uma grande ênfase
dada pelo autor na pesquisa experimental, que nesse caso busca,
pautada na técnica metodológica do delineamento de sujeito único,
estabelecer quais as variáveis determinantes do comportamento dos
organismos vivos, sob diferentes condições. Nesse sentido, Skinner
denominou esse empreendimento de Análise Experimental do
Comportamento, uma vez que buscou, principalmente, a utilização de
animais de laboratório, em sua fase inicial de pesquisa (anos 30 a 60),
pela facilidade de controle de variáveis estranhas e pela possibilidade
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de uma manipulação segura dos valores das variáveis independentes
estudadas, de modo a produzir conhecimento consistente dos valores
das variáveis dependentes examinadas (o comportamento como objeto
de estudo, via de regra). A pesquisa experimental acumulou dados por
longo período de tempo e gerou diversos princípios essenciais à
Análise do Comportamento: reforço, punição, modelagem, modelação,
esquemas de reforçamento, esquiva, fuga, discriminação e muitos
outros. Esses princípios foram testados com humanos em inúmeras
situações e os resultados parecem ter consolidado sua validade para a
descrição e explicação de ampla gama de comportamentos em
situações diversas. A ciência do comportamento sempre esteve
acompanhada de um arcabouço epistemológico bastante consistente,
uma filosofia de ciência que Skinner designou de Behaviorismo Radical,
que constitui, tipicamente, a filosofia que embasa a ciência que é a
Análise do Comportamento. Para além dos princípios testados em
situações experimentais diversas, portanto, os dados de pesquisa
apontam uma lógica permanente entre as diversas situações: a seleção
pelas consequências. Essa lógica implica, de modo simplificado, que
grande parte do comportamento dos organismos é instalada e
consolidada em função das relações desses organismos com seu
ambiente (químico, físico, biológico e social). Ou seja, os
comportamento se estabelecem, se extinguem, mudam sua frequência
ou topografia em função das consequências que produzem no
ambiente. A literatura histórica mostra a criação do Behaviorismo
(clássico) em função do trabalho de J. B. Watson (demarcado na sua
seminal publicação do “manifesto behaviorista” em 1913 – Psychology
as the behaviorist views it) e depois aperfeiçoado por B. F. Skinner a
partir de suas publicações e todo sua produção científica entre 1930 e
1990. O legado maior de Skinner passa a ser a lógica da seleção por
consequências, constatada em milhares de experimentos com outros
animais da escala filogenética e com humanos em inúmeras situações.
Naturalmente, Skinner é conhecido também pela reclassificação que
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faz, pós-Pavlov, do comportamento em dois tipos fundamentais:
respondente e operante, sendo o primeiro afeto às ações reflexas e
transmitidas filogeneticamente pelas respectivas espécies e o segundo
pautado por ações diretas sobre o ambiente, afetando-o e sendo
afetado por este. Skinner se deteve no estudo do comportamento
operante, que abrange a grande maioria de nossas ações no cotidiano,
sendo tipicamente associado, no jargão leigo, a verbos de ação
(caminhar, fazer, brincar, verbalizar, correr, escrever, falar e milhares de
outras possibilidades, cuja topografia e funcionalidade são modeladas
conforme a história particular de cada indivíduo). Importante frisar, para
os propósitos que nos ocupam no momento (a instalação, mudança ou
consolidação de práticas culturais – comportamentos das pessoas em
situação coletiva – dirigidas à eficiência na utilização de energia
elétrica), que Skinner, desde cedo e durante toda a sua carreira (por
exemplo, em sua novela utópica Walden Two, de 1948, assim como no
seu Ciência e Comportamento Humano, de 1953 e em diversos artigos
e outros livros), em buscar a generalidade dos princípios que descobriu
para situações típicas das interações sociais humanas. Em outros
termos, declara consistentemente em sua obra seu propósito
indiscutível de encontrar maneiras pelas quais, através de um exame
científico do comportamento, pudesse derivar formas de controle
comportamental que levassem a resultados construtivos e que
buscassem uma organização social efetivamente voltada para o bem-
estar geral e a justiça social). Nessa perspectiva, a filosofia behaviorista
radical, a partir de Skinner, propõe três níveis de variação e seleção dos
comportamentos: a) nível filogenético (comporto pelo repertório
transmitido entre os membros da espécie – tipicamente reflexos no
comportamento respondente); b) nível ontogenético (composto pelo
repertório elaborado nas interações do indivíduo com seu ambiente,
mas não resultante de herança genética; trata-se do repertório derivado
da seleção pelas consequências presentes no cotidiano das pessoas, o
que lhes permite comportar-se de modo tipicamente individual em cada
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situação, mas sempre sob a mesma lógica válida para todos, ou seja, o
controle decorrente dos efeitos do comportamento sobre o ambiente); c)
nível cultural (composto não mais pelo repertório individualmente
modelado, mas pelo repertório interdependente das pessoas em
situações coletivas de ação, ou seja, no contexto das práticas culturais
(reconhecido no jargão comum como comportamento “social). Por sua
absoluta importância para a questão da conservação de energia elétrica
(e para todas as situações e instâncias onde práticas culturais mais
sustentáveis, efetivas e pró-sociais sejam requeridas), é neste terceiro
nível de seleção e variação que se propõe que se priorizem pesquisas,
disseminação do conhecimento e intervenções concretas via políticas
públicas cientificamente subsidiadas, visando otimizar a variável
“comportamento humano” no contexto aqui examinado.
(2) a segunda etapa do desenvolvimento científico da Análise
Comportamental da Cultura tem seu ponto de partida acontecendo
recentemente (por volta de 1986), mediante literatura pioneiramente
liderada por S. Glenn, que propõe alguns novos conceitos compatíveis
com a obra de B. F. Skinner. Glenn cria e explora o significado do
conceito de metacontingências, que se aplica a situações sociais
complexas. Nesse sentido, segue-se a Skinner, que já trabalhava com o
conceito de contingências, quando propõe o paradigma da tríplice
relação de contingências. Uma contingência, para Skinner, é um
descritor das instâncias relacionais de um comportamento: dito de outro
modo, a maneira pela qual, especificamente, um comportamento está
relacionado com os eventos antecedentes e consequentes à sua
ocorrência pode ser considerado uma contingência. Para Glenn,
diferentemente do que propõe Skinner, no caso dos comportamentos
complexos em situações de grupo, acontece um entrelaçamento entre
comportamentos e contingências, de maneira que se estabelece – em
bases variáveis – uma interdependência entre os comportamentos de
diversas pessoas, representados pelas chamadas práticas culturais.
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Instalar novas práticas culturais (a prática cultural da conservação de
energia elétrica, neste caso) em um número grande de comunidades,
ampliando a abrangência do novo repertório entre componentes de
diversos grupos, é meta das políticas públicas. Todavia, ainda para
além desses pressupostos, os achados científicos em Análise do
Comportamento têm mostrado outras facetas importantes dos projetos
de Delineamentos Culturais a serem levadas em conta. Uma delas,
fundamental, constitui-se no desafio para uma compatibilização efetiva
entre consequências de curto e de longo prazo. Ou seja, os achados de
laboratório de Skinner e os achados de Glenn e colaboradores em
situações culturais típicas, têm demonstrado que esperar que as
pessoas mudem seu comportamento (por exemplo, de típico
“desperdício” para um “uso parcimonioso” de recursos naturais) pelo
simples fato de que elas “sabem” que é importante economizar e usar
cautelosamente os recursos naturais, é uma grande ilusão já explicitada
pelos dados científicos de estudo do comportamento. Em outras
palavras, “estar consciente de” não é o mesmo que ou não implica
necessariamente “fazer”. Como vários estudos controlados já
demonstrados (exemplo interessante pode ser visto na pesquisa de
Hori, 2010, entre estudantes de Engenharia Ambiental, sobre a
discrepância entre “conscientizar-se” e “fazer, de fato” economia em
várias situações práticas de utilização de recursos naturais), a
conciliação entre consequências de curto e longo prazo precisa estar
presente nos projetos de delineamentos culturais, sob pena de que,
faltando tal articulação, os efeitos das políticas públicas implementadas
no setor serão certamente falíveis e trarão apenas resultados
moderados gerados pela simples “informação” e ausência de
contingências que clarifiquem as consequências imediatas e de longo
prazo para os comportamentos requeridos.
Uma breve revisão da literatura nacional sobre delineamentos culturais
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Alguns exemplos do uso da unidade conceitual de metacontingências
proposta por Glenn já começam a se tornar clássicos da literatura científica na
área. Entre aqueles da produção nacional, Todorov (1987) estudou o efeito da
prescrição de consequências que afetam o comportamento coletivo, mediante
a identificação de regras que preveem as oportunidades para a emissão ou
proibição de emissão de certos comportamentos, bem como as eventuais
sanções para comportamentos não aprovados pela sociedade. Noutro estudo,
desenvolvido por Todorov e Carneiro (2003), com relação ao Estatuto da
Criança e do Adolescente, o ECA foi considerado como uma fonte de
prescrições analisáveis mediante metacontingências, uma vez que esse
documento legal descreve comportamentos possíveis e necessários para
diferentes segmentos e classes sociais, assim como, especificamente, pais ou
responsáveis e crianças e adolescentes alcançados pela legislação. O objetivo
central do ECA, naturalmente, é a proteção dos direitos de crianças e
adolescentes e, nesse sentido, o estudo de Todorov e Carneiro (2003) seguiu
adiante nessa ótica e revelou vários dados interessantes, entre eles que
contingências completas e contingências incompletas foram analisadas,
entendendo-se as primeiras como cobrindo todos os termos de uma relação
funcional e as segundas deixando de dar conta de um dos termos da
tradicional tríplice relação de contingências. Mais da metade das contingências
especificadas no texto do ECA constituem contingências incompletas. Parte
desses exemplos mostra que a perspectiva de Glenn (2003a, 2003b), de modo
recorrente, explicita que as origens e a evolução da biologia humana não
podem ser completamente explicadas sem recorrer a alguns princípios
funcionais, em adição às leis que descrevem os processos químicos e físicos;
do mesmo modo, o comportamento coletivo aprendido não poderia ser
explicado sem se recorrer à explicação da origem e da evolução das culturas.
Para tanto, Glenn considera que não parece ser suficiente levar em conta
apenas as condições sob as quais são aprendidos os comportamentos
individuais: uma análise em outro nível precisaria ser formulada e aí se insere a
ideia de metacontingências como ferramenta conceitual importante para a
descrição das relações funcionais implicadas entre práticas culturais, suas
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consequências e a probabilidade de sua sobrevivência no transcurso da atual e
das próximas gerações. Embora a aprendizagem social pelos seres humanos
não requeira novos processos além da seleção pelas consequências, Glenn
assinala que em virtude da complexidade do processo de análise, a elaboração
de diagramas descritivos das relações entre o comportamento dos indivíduos
em seu convívio comunitário é instrumento útil para identificação de cada
instância relacional e sua função. Glenn (2003b) não rejeita a possibilidade de
que exista uma tendência inata nos seres humanos a imitar aquilo que seus
congêneres fazem, mas frisa que é a preservação e retenção seletiva de
comportamentos imitados que torna plausível a evolução cultural.
Em outro artigo, Glenn (2004) examina o princípio operante de seleção
pelas consequências como protótipo definitivo da seleção cultural e o papel do
ambiente social como elemento crucial para o surgimento do fenômeno
cultural. As contingências operantes individuais são comparadas com as
contingências de seleção cultural que ela designa metacontingências. Glenn
frisa que as relações resultantes desses dois tipos de seleção contribuem para
a formação de redes de relação responsáveis pela organização social. Para
Glenn (2004), quando se “somam” os efeitos das contingências individuais e
coletivas, constituindo-se as redes de relações cujo impacto é decisivo para a
vida humana e a sobrevivência das culturas, tem-se o que é designado como
macrocontingências, que não envolvem o nível cultural de seleção
necessariamente, mas que têm suas funções ampliadas e ainda mais
complexas quando organizadas para as funções do processo de seleção de
consequências na dimensão das práticas culturais.
De Skinner e Glenn, parece possível saber que estamos diante de
unidades conceituais distintas, mas que não são incompatíveis. Ao contrário,
completam-se e parecem poder ser instrumentos úteis para aperfeiçoar o
aporte da Análise do Comportamento e do Behaviorismo Radical às questões
sociais complexas, mediante análise funcional criteriosa das práticas culturais.
Seus respectivos convites à ação dos analistas parecem irrecusáveis, ainda
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que tenhamos que nos defrontar com um trabalho preliminar de sistematização
do uso de contingências e metacontingências em delineamentos culturais e de
real experimentação cultural, a partir da realidade próxima. Para tanto, parece
adequado endossar e ampliar o esforço de Andery, Micheletto e Sério (2005),
no sentido de organizar o conjunto de princípios, descrever os principais
conceitos e, agora, no contexto deste convênio, dimensionar a sequencia de
passos típicos a serem executados na área de planejamento cultural.
A resposta positiva ao chamado de Skinner e Glenn implica trabalho
metódico, criterioso e que, certamente, não pode se restringir aos achados dos
pesquisadores individualmente. Implica, igualmente, práticas culturais no
contexto da comunidade científica de analistas e requer buscar respostas a
cada qual das tarefas a serem enfrentadas, para uma posterior articulação e
busca de consequências aparentemente comuns a tal comunidade: relações
interpessoais igualitárias e culturas amparadas nos melhores critérios de justiça
social.
Algumas questões importantes no contexto das metacontingências
começam a ser tratadas na literatura brasileira. Um artigo conceitual bastante
relevante foi publicado por Andery, Micheletto e Sério (2007). Nele, são
examinados os conceitos de metacontingências e contingências entrelaçadas,
de especial importância para a definição de projetos. Discutem-se, nesse
artigo, alguns dos aspectos que devem ser considerados para que a Análise do
Comportamento possa, efetivamente, assumir o estudo de fenômenos “sociais”
como parte de seu objeto de investigação. As autoras ressaltam as palavras
diretas de Skinner ressaltando um convite ao estudo e intervenção em práticas
culturais. Em seguida, conceituam comportamento social (“o comportamento de
duas ou mais pessoas, uma em relação à outra ou [dessas pessoas] em
conjunto, em relação a um ambiente comum”, ressaltando que há um
componente social (exemplificado pelo comportamento de uma das pessoas)
na contingência, seja como contexto ou agente determinante da consequência.
Em seguida, as autoras definem prática cultural segundo a posição mais
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recente (1991) de Sigrid Glenn e dizem que ela “envolve a repetição de
comportamento operante análogo entre indivíduos de uma dada geração e
entre gerações de indivíduos”. As práticas culturais são selecionadas e
repetidas por apresentarem um “efeito sobre o grupo”, efeito ou produto esse
em comum, que é produzido pelo conjunto de comportamentos dos membros
do grupo.
No tocante à diferença entre comportamento social e prática cultural, as
autoras citam Glenn para afirmar que as práticas culturais contêm
comportamentos individuais, mas não se reduzem a eles, da mesma forma que
os comportamentos não se reduzem a um conjunto de fenômenos físico-
químicos. Com base nessa distinção de objeto de estudo, apresenta-se a
necessidade de uma unidade de análise diferente da tríplice contingência e
duas possíveis unidades analíticas – contingências entrelaçadas e
metacontingências – são apresentadas.
As autoras apresentam diagramas representativos das contingências
entrelaçadas (imitação, troca recíproca, entrelaçamento que exige
contingências sociais de “suporte”) e metacontingências (quando, de algum
modo, o produto agregado – que é dependente de contingências entrelaçadas
– retroagir sobre elas, selecionando-as). As diferenças entre contingências
entrelaçadas e metacontingências enquanto unidades de análise distintas
parecem se fazer necessárias no contexto atual da literatura, porque a primeira
unidade não inclui a identificação de um produto agregado (efeito coletivo) que
seleciona os comportamentos entrelaçados (os quais são mantidos, nesse
caso, por consequências individuais); ao passo que na metacontingência se
descreve uma prática cultural na qual as interações produzem consequências
para cada um deles individualmente e, além disso, o conjunto de
comportamentos produz um produto agregado que pode ou não ter um efeito
comportamental. Dito de outro modo, a metacontingência seria a unidade mais
apropriada para descrever a interdependência entre contingências
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entrelaçadas e produto agregado que retroage no entrelaçamento ou conjunto
de contingências.
A análise de fenômenos sociais, nessa perspectiva, não exigirá do
analista do comportamento um novo conjunto ou corpo de princípios ou um
novo modelo explicativo-causal; no entanto, exigirá o reconhecimento de que
esses fenômenos têm algumas propriedades especiais. Nesse sentido, são
apresentadas algumas características especiais dos fenômenos sociais,
destacando-se: (a) enquanto ambiente social, seja como estímulos
antecedentes (por exemplo, quais dimensões do contexto discriminativo social
controlam cada resposta? Que mudanças no contexto social antecedente
podem sinalizar oportunidade para mudanças de comportamento social?) ou
como consequências (por exemplo, a variabilidade do agente reforçador social,
a dificuldade de mudanças comportamentais controladas por reforçamento
social); (b) os elementos constitutivos das contingências entrelaçadas
(participantes e as diferentes formas de como os estímulos e consequências
sociais estão presentes no entrelaçamento) e (c) o comportamento verbal
relacionado à manutenção das contingências entrelaçadas (o comportamento
verbal como chave da complexidade da instalação e manutenção de várias
práticas culturais complexas, pois considerando o potencial do comportamento
verbal para controlar respostas nunca emitidas anteriormente entende-se o
quanto as contingências verbais de suporte ampliam a extensão do controle
social de uma prática cultural).
Ao final, são abordadas diferentes alternativas metodológicas para o
estudo dos fenômenos sociais via Análise do Comportamento. As autoras
reconhecem que o tema metodológico da análise social comportamentalista
merece maior destaque e listam superficialmente métodos e estratégias aos
quais os pesquisadores têm recorrido: interpretação (por exemplo, descrição e
inferência de efeitos coletivos produzidos por uma determinada prática);
experimentos naturais (que são apontados como solução para o problema do
controle experimental e do tempo para experimentos na área de Psicologia);
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experimentos de campo (pesquisa em contexto de aplicação) e métodos
experimentais que reproduzam ou constituam análogos de práticas culturais
em laboratório (opção defendida pelas autoras como importante foco de
estudos que elucidem questões da análise cultural).
Embora esse texto traga importantes elucidações conceituais, a
contribuição da representação de práticas culturais em diagramas, oferecido
pelas autoras, ressalvando caracterizar-se como tentativa importante, não inclui
todas as descrições específicas de como proceder à análise e identificar os
elementos constituintes apontados, revelando uma importante lacuna de
tecnologia e metodologia da análise cultural. Nesse sentido, a partir dessa
literatura, uma vez mais justifica-se a execução de projetos para constituição e
consolidação de estratégias de atuação consistentes na área de eficiência
energética.
Martone e Todorov (2007) também trouxeram significativa contribuição à
caracterização do conceito de metacontingência e à lógica dos delineamentos
culturais. O objetivo do artigo mencionado é apresentar o desenvolvimento do
conceito de metacontingência. Ao tentar descrever parte das complexas
relações comportamentais que ocorrem no terceiro nível de variação e seleção,
o conceito de metacontingência nos coloca frente a importantes questões
conceituais e metodológicas com implicações diretas sobre a análise de
contingências sociais, seja ela experimental ou não. Por exemplo, duas
questões intrinsecamente relacionadas, uma conceitual e outra metodológica,
são exemplos da importância e pertinência do desenvolvimento de estudos
experimentais e descritivos sobre metacontingências: o problema da unidade
de análise no nível cultural e, em se tratando de análise experimental, a
variável crítica a ser manipulada no sentido de produzir, em condições
controladas de laboratório, a seleção de um entrelaçamento específico de
muitos comportamentos ao longo do tempo, desencadeando a transmissão do
que Glenn & Malott (2004) denominam de “linhagem cultural” (ou culturante,
em analogia a operante).
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Os autores retomam o modelo explicativo de seleção pelas
consequências da Análise do Comportamento para facilitar o pleno
entendimento de metacontingência. Ao apresentar o terceiro nível, de seleção
cultural, os autores citam as dimensões controladoras do comportamento
social, o controle por sistemas/grupos/agências sociais e, finalmente, citam que
a relação existente entre os entrelaçamentos dos comportamentos de
indivíduos e os efeitos que tais entrelaçamentos produzem sobre o ambiente
social e não social e, ainda, a continuidade, através de várias gerações de
indivíduos, desses entrelaçamentos e de seus efeitos, constituem uma prática
cultural ou uma “linhagem cultural”. Citam Skinner (1981), na explicação do
terceiro nível de seleção, que é constituído pela seleção de tais práticas
culturais: “é o efeito sobre o grupo e não as consequências reforçadoras aos
indivíduos membros do grupo, o responsável pela evolução da cultura”. Em
seguida, os autores passam para a identificação de três formulações
subsequentes à ideia de metacontingência primeiramente apresentada por
Sigrid Glenn no artigo Metacontingencies in Walden II, de 1986 (ex: a
democratização do Brasil nas “Diretas Já”, quando um número muito grande de
operantes produziu um efeito coletivo, um produto agregado, sem função
selecionadora previamente estabelecida):
1) Ênfase no processo seletivo do entrelaçamento de muitos operantes e,
consequentemente, na transmissão de padrões comportamentais através do
tempo (ex: prática de alfabetização, cujo produto – maior número de pessoas
alfabetizadas – seleciona a prática através do tempo, mesmo que inúmeros
operantes sejam controlados imediatamente por consequências individuais
independentes);
2) A descrição das funções de diferentes efeitos ambientais produzidos
pelo entrelaçamento (ex: a existência de um ambiente receptor – o público que
frequenta um restaurante – para quem o produto agregado – a comida – de um
entrelaçamento de contingência – operantes de garçons, cozinheiros,
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administrador, etc. – têm um efeito selecionador do entrelaçamento – continuar
frequentando o restaurante);
3) Diferenciação entre processos de variação e seleção de muitos
operantes semelhantes que ocorrem em nível individual (relações de
macrocontingência) e processos de variação e seleção que ocorrem em nível
cultural (relações de metacontingência). No caso da macrocontingência, o
comportamento semelhante de muitos indivíduos – motoristas dirigem
alcoolizados – não pode ser considerado uma unidade funcional única, passível
de ser selecionada e propagada por um efeito coletivo (o qual existe, como alto
índice de mortes no trânsito devido ao álcool, mas que não retroage
selecionando qualquer prática). A prática cultural em questão congrega
comportamentos funcionalmente e topograficamente semelhantes que não
precisam, necessariamente, estar relacionados uns aos outros – motoristas
dirigem sob influência do álcool geralmente de maneira independente uns dos
outros, dirigem sob controle de consequências individuais. Apesar de
intervenção que diminua o produto agregado – mortes no trânsito – e diminua a
frequência dessa prática – menos motoristas que dirigem alcoolizados, o lócus
de mudança ainda é o comportamento individual.
No caso da metacontingência, se faz possível a descrição de relações
comportamentais complexas que envolvem comportamentos de muitos
indivíduos, os resultados ambientais da interação desses indivíduos e
necessariamente a transmissão de padrões comportamentais através do tempo
(ou seja, o efeito selecionador do produto agregado sobre o entrelaçamento de
contingências).
Para cada uma dessas discussões dos acréscimos conceituais que o
conceito de metacontingências passou, os autores apresentam um diagrama
representativo útil para a compreensão dos conceitos reformulados ao longo do
tempo. Nesse sentido, esse artigo busca demonstrar o refinamento conceitual
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recente na área de análise cultural, procurando solucionar parte do problema
conceitual próprio de uma área em desenvolvimento e ascensão.
Para Naves e Vasconcelos (2008), a família é um grupo social
importante na vida de um indivíduo, ao promover sua socialização e assegurar
a sua inserção em grupos sociais mais amplos, tais como os do Estado,
Política, Educação e Religião. As autoras contextualizam o conceito de família
de acordo com o momento histórico e considerações da Antropologia e da
Psicologia. No conceito de família enquanto grupo de pessoas vinculadas por
relações afetivas e/ou de consanguinidade que desenvolvem padrões de
interação e possuem uma história de convivência que justifica tais padrões,
destacam-se os três níveis de variação e seleção: o filogenético
(consanguinidade/hereditariedade), o ontogenético (história dos operantes com
subprodutos afetivos entre os membros) e o cultural (padrões de reforçamento
social mantidos pelo agrupo atual com replicação da prática por membros da
família). As autoras consideram que o conceito de metacontingência tem sido
reconhecido como uma ferramenta útil para a análise das práticas culturais e é
formada pelas contingências comportamentais entrelaçadas, pelo produto
agregado originado a partir desse entrelaçamento e pelo sistema receptor que
seleciona tais práticas culturais. Após uma breve revisão do desenvolvimento
desse conceito, o artigo analisou duas práticas culturais presentes nas famílias
brasileiras: o uso de práticas educativas parentais aversivas e a valorização ou
desvalorização de determinados membros dentro da família. Observou-se que
para uma análise mais ampla do comportamento de um indivíduo, é necessário
considerar a transmissão e manutenção das suas práticas culturais.
Em relação ao que pode ser destacado como contribuição para a
discussão dos problemas e lacunas da análise social, as autoras reafirmam a
utilidade do conceito de metacontingência para auxiliar as análises culturais.
Em relação aos estudos de famílias, as autoras ressaltam que o conceito pode
ajudar a identificar variáveis presentes em grupos e agências sociais (Estado,
Mídia, Religião, Escola, Ciência, Economia) que controlam as interações dos
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membros da família brasileira, assim como tais agências sociais têm função
receptora e selecionadora de muitas práticas culturais recorrentes em gerações
familiares, como práticas educativas aversivas (por exemplo, reprodução de
padrões de punições físicas e desvalorização em relação aos filhos sob
controle dos modelos de educação das gerações anteriores presentes na
maioria das famílias brasileiras, bem como o produto agregado dessa prática
que gera diferentes formas de contracontrole – leis como o ECA – que não têm
sido suficientes para mudar a reprodução de tal prática cultural). As autoras
apresentam como recurso metodológico para essa e outras análises sobre
práticas culturais familiares um levantamento histórico e revisão bibliográfica de
diversas áreas sobre família – história do papel da paternidade e maternidade,
desvalorização das crianças e mulheres, desenvolvimento de leis, dados
estatísticos em geral sobre esses e temas similares. As autoras apontam que
pouco se tem feito para o avanço da análise comportamental das práticas
culturais e, dessa forma, defendem como solução para os problemas
metodológicos que os primeiros estudos devem ser realizados em pequenos
grupos dentro da sociedade, a partir de estudos observacionais e
interpretativos das contingências comportamentais entrelaçadas dentro de
sistemas culturais menores, para depois se avançar para a experimentação.
Com a metodologia empregada e discussão bibliográfica as autoras
chegam à conclusão de que práticas educativas coercitivas foram
desenvolvidas por diversas agências de controle e se mantiveram ao longo do
tempo, de modo que, atualmente, essa prática pode ser mantida ou não
dependendo da agência de controle envolvida. Ressaltam que interações entre
os membros familiares pode ser um objeto de estudo rico de informações que
contribuem para a especificação de contingências comportamentais
entrelaçadas e, consequentemente, acerca da identificação do produto
agregado originado dessas consequências.
Uma boa revisão crítica do “novo” conceito de metacontingência foi
desenvolvida por Gusso e Kubo (2007). Trata-se de uma resenha crítica do
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livro Metacontingências: comportamento, cultura e sociedade, organizado por
J.C. Todorov, R.C. Martone e M.B. Moreira, publicado em 2005 pela Editora
ESETec. Os autores comentam que apesar do conceito de metacontingências
ter completado 21 anos em 2007, a necessidade ou relevância do mesmo para
o estudo dos fenômenos sociais ainda não foi completamente demonstrada. No
texto, os autores ressaltam que:
-Glenn, 1986: Metacontingências em Walden II – embora a autora, nesse texto
não ofereça definição clara e precisa sobre o conceito, traz muitos exemplos
daquilo que vem a chamar, pela primeira vez, de metacontingências.
-Martone e Banaco, 2005 – A imprensa como agência e ferramenta de controle
social – Os autores fazem a análise do controle comportamental exercido pelas
agências de comunicação e as repercussões desse controle em uma cultura,
assim como explicam as relações entre os níveis de análise comportamental e
cultural. Os autores demonstram, com os recursos da análise comportamental,
que o jornalismo imparcial não existe. Concordam em que noticiar, relatar,
apresentar informações são comportamentos e, logo, são controlados por
variáveis que devem ser conhecidas pelo público.
-Vichi, 2005 – No texto Igualdade ou desigualdade: manipulando um análogo
experimental de prática cultural em laboratório – O autor demonstra a
possibilidade de estudar em laboratório o que seria uma prática cultural, com o
objetivo de avaliar o quanto metacontingência é um conceito que auxilia na
visibilidade acerca da seleção de práticas culturais. Entretanto, com base nas
definições desse artigo, os autores da crítica encontram um problema
conceitual e metodológico, qual seja: qual a diferença precisa entre
comportamento social e prática cultural? Isso é apontado como uma questão
importante na medida em que os trabalhos da área apresentam muitas
contradições conceituais.
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-Andery, Micheletto e Sério, 2005 – A análise de fenômenos sociais:
esboçando uma proposta para a identificação de contingências entrelaçadas e
metacontingências e Andery e Sério, 2005 – O conceito de metacontingências:
afinal, a velha contingência de reforçamento é insuficiente? – Tais publicações
apresentam de forma sintética as noções de “comportamento social”, “prática
cultural”, “cultura” e “metacontingência”, que são centrais para o tipo de análise
que tem sido realizada sob o nome de metacontingência. São boas referências
para análise de fenômenos culturais em relação aos principais conceitos e
diagramas utilizados, embora não fique evidenciada a diferença, com clareza
de procedimentos, o que cabe respectivamente à análise comportamental e à
análise cultural – ou seja, o mesmo problema conceitual e metodológico
ressaltado anteriormente: dificuldade de definir o que é explicado pelo
comportamento social e o que é explicado como uma prática cultural, assim
como reafirma a lacuna de como proceder à análise cultural.
Os problemas conceituais apontados nesse texto, entre análise
comportamental ou cultural, ou ainda, entre comportamento social e prática
cultural, foram pouco discutidos em trabalhos posteriores a essa publicação e
parece ainda não haver consenso na literatura sobre essa distinção, assim
como sobre o procedimento de análise e intervenção cultural. Exemplos de
problemas conceituais levantados pelos autores da crítica: leis são
metacontingências ou descrevem metacontingências: Metacontingências
descrevem práticas culturais ou são sinônimo das mesmas? O que é
fundamental para o conceito de prática cultural? O que é fundamental no
conceito e na diferença entre metacontingência e macrocontingência?
Além de comentários sobre os textos já mencionados, os autores
enfatizam que seria possível uma intervenção em práticas culturais apenas
com o conceito de contingências, ou seja, estabelecer de que forma as
contingências são organizadas de maneira a atingir uma meta planejada ou
descrever práticas culturais e controle de agências sociais. Enfatizam que a
noção de metacontingência não tornará um novo campo de análise possível;
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poderá, talvez, aperfeiçoar as análises e sínteses culturais. Portanto, a meta
dos analistas do comportamento, para esses autores, é encontrar e delimitar o
quanto o conceito de metacontingência pode tornar as análises sociais mais
eficientes.
Todorov e Moreira (2004), sinalizam que o estudo do comportamento em
sociedades foi relegado por quase 50 anos, apesar das reiteradas propostas de
Skinner considerando sua importância. Na década de 1980, Sigrid Glenn criou
o conceito de metacontingência, que contribui como importante ferramenta
para a descrição e análise do comportamento social. Neste artigo são
apresentados alguns estudos envolvendo metacontingências e discute-se o
papel do analista do comportamento no desenvolvimento de temas que
abordam questões sociais, incluindo análise e modificação de práticas
culturais. O artigo inicia a análise explicando que muitas de nossas práticas
culturais trazem prejuízos à vida das pessoas, e que apesar dos grandes
progressos técnicos e científicos, não há suficiente preocupação sobre o gasto
dos recursos naturais ou com a excessiva poluição das águas e do ar, e menos
ainda mecanismos de controle do uso da violência, seja por pessoas, por
organizações ou por países. O autor aponta que a Análise do Comportamento
tem considerável potencial para lidar com essas questões, mas que esse
potencial tem sido pouco utilizado, apesar das contribuições de B.F. Skinner
sobre a análise social e cultural como um componente fundamental do
Behaviorismo Radical. É indicado que a ciência do comportamento tem se
dedicado a resolver problemas principalmente de indivíduos, ainda que em
organizações ou instituições, muitas vezes vítimas de um mau planejamento
cultural, mas sem um instrumental teórico explícito que se aplicasse ao
comportamento de grupos sociais. Nesse sentido é apontada uma autora que
tem papel de destaque nesses estudos, Sigrid Glenn, que considerou que
estudar sociedades e práticas culturais tendo como instrumento a contingência
tríplice pode não significar êxito total, pois corremos o risco de reduzir a análise
a um ponto que não mostra como se deu a evolução e a manutenção da
prática em estudo. Ela apresentou o conceito de metacontingências definido
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como: “uma unidade que descreve as relações funcionais entre classes de
operantes, cada classe associada a uma contingência tríplice diferente, e uma
consequência de longo prazo, comum a todos os operantes na
metacontingência”. Os comportamentos operantes dos membros do grupo
formam um conjunto de ações coordenadas, geralmente chamado de prática
cultural, que se relaciona a um ambiente comum aos membros. Práticas
culturais envolvem o comportamento operante de grupos de pessoas que
compõem a sociedade. Os autores também apresentam a denominação dada
por Glenn à metacontingências cerimoniais e tecnológicas, e concluem
afirmando que entende-se que o conceito de metacontingência amplia o campo
de estudo da Análise do Comportamento, resgatando a preocupação de
Skinner sobre planejamento cultural, já discutida em "Ciência e Comportamento
Humano". Dizem ainda que “o desenvolvimento do conceito de
metacontingência mostra a importância da realização da pesquisa básica, mas
enfatiza o valor dos resultados desta pesquisa no estudo social.”
São apresentados também alguns estudos envolvendo
metacontingências, como a análise da Constituição do Brasil sob o ponto de
vista do conceito de metacontingência (Todorov, 1987), e o de Lamal e
Greenspoon (1992) que descrevem uma metacontingência que controla a
maioria dos comportamentos dos membros do Congresso dos EUA: a
metacontingência da reeleição. Discute-se também o papel do analista do
comportamento no desenvolvimento de temas que abordam questões sociais,
incluindo análise e modificação de práticas culturais. Os autores lembram que
esses estudos sobre metacontingências fazem parte de uma pequena amostra
do trabalho que os analistas do comportamento começam a fazer em nível
social, e que é preciso o aperfeiçoamento destes para que seja possível
efetivar estudos sociais relevantes, aproveitando a oportunidade oferecida por
verdadeiros experimentos naturais em andamento.
Excelente ensaio teórico é apresentado por Dittrich (2008a). De acordo
com o autor, as consequências de práticas culturais retroagem sobre as
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culturas, no sentido de aumentar ou diminuir suas chances de sobrevivência. O
livro Colapso, do biólogo e geógrafo norte-americano Jared Diamond,
apresenta semelhanças marcantes com a teoria de Skinner, evidenciando que
as consequências de práticas culturais têm influência decisiva sobre o destino
das culturas. Esse artigo busca detalhar tais semelhanças, argumentando que
o livro de Diamond (2007) serve como complemento à teoria skinneriana, pois
ilustra com exemplos concretos as afirmações gerais de Skinner sobre a
evolução das culturas e, com isso, confere-lhes maior clareza e credibilidade. O
artigo considera que um dos aspectos mais interessantes e polêmicos da obra
de Skinner é sua interpretação sobre a evolução das culturas, entendendo que
a matéria-prima das culturas é o comportamento humano, e que as culturas
caracterizam-se por suas práticas. Práticas culturais são conjuntos complexos
de comportamentos executados por pessoas que interagem entre si,
transformando seus ambientes físico e social. Tais práticas são não apenas
modeladas e mantidas pelos membros de uma cultura, mas por eles
transmitidas para as gerações seguintes. Elas caracterizam-se por produzir
efeitos que retroagem sobre a própria cultura. Ademais, o autor lembra o que
Skinner ressaltou, que "é o efeito sobre o grupo, não as consequências
reforçadoras para membros individuais, que é responsável pela evolução da
cultura". Dittrich aponta que o livro Colapso, de J. Diamond, embora não faça
nenhuma referência a Skinner, serve como uma espécie de complemento à
teoria skinneriana, ilustrando com exemplos concretos as afirmações gerais de
Skinner sobre a evolução das culturas e, com isso, conferindo-lhes maior
credibilidade e tornando-as mais facilmente compreensíveis. São apresentadas
algumas das várias convergências entre a teoria da evolução cultural de
Skinner e as evidências históricas apresentadas por Diamond. Ele aponta
alguns fatores (como mudanças climáticas, neste caso, as naturais, ou seja,
não influenciadas pelo homem; vizinhança hostil, como guerras, invasões, etc.;
declínio de parcerias comerciais essenciais e, por fim, as respostas da
sociedade aos seus problemas ambientais, ou a ausência delas) que,
isoladamente ou em conjunto ameaçam a sobrevivência das culturas, sendo
que o principal deles é o gerenciamento inadequado dos recursos ambientais
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dos quais depende uma sociedade. Dittrich apresenta a ideia, referenciada
tanto por Skinner quanto por Diamond, de que nenhuma cultura está em
permanente equilíbrio, que o ambiente físico e as contingências sociais
também mudam, e que o fato de uma sociedade existir, sobreviver, não
significa que suas práticas tenham valor de sobrevivência. Nesse sentido é
discutido que boas culturas não são apenas culturas que sobrevivem, mas
culturas com boas perspectivas de sobrevivência – culturas nas quais a
permanência de um status quo seja mais do que um feliz acidente, e nas quais
o futuro seja uma preocupação constante. Uma cultura torna-se,
provavelmente, ainda mais eficiente quando não apenas modifica práticas
culturais, mas também reforça entre seus membros a "prática de mudar a
prática" em função de suas possíveis consequências no longo prazo, sendo
que dois extremos devem ser evitados pelas culturas: "respeito excessivo pela
tradição e medo da novidade, por um lado, e mudança excessivamente rápida,
por outro." A importância de manter ou modificar práticas culturais é um tema
recorrente na obra de Diamond: "Talvez o segredo do sucesso ou fracasso de
uma sociedade esteja em saber a quais valores fundamentais se apegar, e
quais descartar e substituir por novos quando os tempos mudarem" (2005, p.
518). O "respeito excessivo pela tradição e medo da novidade", em especial,
surge como determinante para o colapso de certas culturas. Diante disso
Diamond apresenta um exemplo: “A adoção de costumes tipicamente europeus
e cristãos entre os colonizadores da Groenlândia acelerou seu declínio, pois
alguns destes costumes (na agricultura, na pecuária, na caça e na pesca)
simplesmente não se adaptavam às condições ambientais da ilha. O autor
aponta também a importância da existência de reforçadores imediatos,
argumentando que: “No campo do planejamento cultural, o comportamento
precisa ser controlado por consequências de curto prazo para que produza
consequências benéficas de longo prazo.” E nessa medida, a utilização de
reforçadores imediatos para a produção de comportamentos com
consequências favoráveis à sobrevivência das culturas é a própria essência da
ideia de planejamento cultural. No tópico: Bem Público e Bem Privado, Longo
Prazo e Curto Prazo, Dittrich mostra que parece ser um padrão recorrente que:
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“...os interesses da elite que toma as decisões entram em conflito com os do
restante da sociedade. Especialmente se a elite pode se precaver das
consequências de seus atos, ela tende a fazer coisas em seu próprio benefício,
sem se incomodar que tais ações venham a prejudicar outros.” (Diamond,2005.
p. 514). O autor recupera a afirmação de Skinner que esclarece que uma forma
de promover as mudanças necessárias e com a rapidez necessária – isto é,
controlar o crescimento demográfico, promover estilos de vida mais simples,
com menos desperdício e prejuízo para o meio ambiente – seria se a Indústria,
a Igreja ou o Governo, que têm grande poder de controle, se dispusessem a
implementá-las. (1983, p. 4). Parte da solução, para Skinner, reside em
submeter os governantes às mesmas contingências que controlam os
governados – fazendo com que suas decisões afetem, portanto, o seu próprio
cotidiano. Diamond apresenta reflexão semelhante: “A incapacidade de
resolver problemas percebidos devido a conflitos de interesse entre a elite e as
massas são muito menos prováveis em sociedades onde a elite não pode se
eximir das consequências de seus atos. A alta conscientização ambiental dos
holandeses (incluindo a de seus políticos) provém do fato de que a maioria da
população – tanto os políticos quanto as massas – vivem em uma terra abaixo
do nível do mar, onde apenas os diques se interpõem entre eles e a inundação,
de modo que um mau planejamento de terras feito pelos políticos os colocaria
em perigo.” No campo das políticas ambientais, conforme aponta Diamond, é
evidente a necessidade de "praticar raciocínio de longo prazo, e tomar
decisões antecipadas firmes, corajosas, em um tempo em que os problemas se
tornam perceptíveis, antes de assumirem proporções críticas" (2005, p. 624).
Skinner também destaca, com frequência, o papel do planejador cultural como
alguém cuja principal função é prever tendências com a maior segurança
possível, a fim de preparar a cultura antecipadamente para enfrentá-las.
No tópico Capitalismo e contracontrole é colocada a ideia de que no
mundo da política e dos negócios são comuns exemplos de empresas cujos
interesses estão em conflito com os da população, e Diamond coloca a ideia de
que a população deve contracontrolar as atividades empresariais: “A
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responsabilidade pelas práticas das empresas, portanto, é do público, pois "é o
público, seja diretamente ou através de seus políticos, que tem o poder de
tornar não lucrativas e ilegais políticas ambientais destrutivas e fazer as
políticas ambientais sustentáveis lucrativas" (p. 578) Ele apresenta exemplos
para isso, tais como: processar empresas que adotam práticas prejudiciais ao
ambiente; consumir produtos gerados de modo sustentável, e evitar os demais;
pressionar governos a contratar empresas ambientalmente responsáveis e a
criar e fazer cumprir boas legislações ambientais; ou simplesmente votar em
candidatos comprometidos com a agenda ambiental. Para concluir, Dittrich
mostra que a perspectiva final de Diamond é otimista, pois argumenta que
parte dos fatores que determinam o colapso das culturas independe do que
fazem seus membros – notadamente, fatores ambientais típicos de um certo
local, como características climáticas, do solo, etc. Contudo, para além de tais
fatores, o destino das culturas depende diretamente do comportamento de
seus integrantes, ou seja, de como eles administram os recursos que possuem.
E quanto às reflexões de Skinner, aponta-se o campo das políticas
públicas, sendo que Dittrich finaliza dizendo que: “A importância delas (políticas
públicas) para o destino das culturas é imediatamente evidente, e a obra de
Diamond oferece vários exemplos concretos disso (2005, p. 449-451, 470-471,
494, 510-511). A despeito das reservas de Skinner, fortalecer o poder de
contracontrole da sociedade civil – e, em especial, do quarto estado – a fim de
influenciar políticas públicas pode ser, neste momento histórico, a única forma
de evitar um colapso global.”
Em outro artigo, Dittrich (2008b) ocupa-se de: 1) abordar, de um ponto
de vista behaviorista radical, o problema da justificação racional de valores; 2)
a partir da abordagem desse problema, oferecer algumas sugestões sobre
como os behavioristas radicais podem se posicionar diante de debates éticos e
políticos. Argumenta-se que, de um ponto de vista behaviorista radical, valores
não podem ser justificados, pelo menos em termos lógicos: a única justificativa
possível remete à história de seleção do comportamento por suas
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consequências de quem defende certos valores. A despeito disso, argumenta-
se que debates éticos e políticos não devem ser meramente desprezados.
Ainda que isso não esgote tais debates,cabe àqueles que deles tomam parte –
e em especial, aos behavioristas radicais – apontar tão claramente quanto
possível os objetivos que buscam produzir.” Para Dittrich, Skinner classifica os
valores em termos de sua função reforçadora ou não reforçadora, de modo que
faz alusão a eventos que selecionam comportamentos e, por sua natureza
histórica e seu papel nas interações dos organismos com seu ambiente,
estabeleceram tais condições de “bons” ou “maus” valores. Tal consolidação se
daria nas três dimensões do processo de variação e seleção proposto por
Skinner: filogenética, ontogenética e cultural. Nesse sentido, a principal razão
para a promoção da sobrevivência de uma cultura está, exatamente, nas
práticas que realizam e que selecionam ou não valores reforçadores
compartilháveis pelos seus componentes. Nessa perspectiva, simplesmente
identificar consequências não é suficiente: para dada população, é preciso
arranjar ou programar as contingências sob as quais as consequências podem
ter efeito, orientando-se a partir do seu possível valor de sobrevivência para a
cultura. Portanto, o planejamento parece oferecer maiores possibilidades de
sucesso de determinadas práticas culturais, em relação a uma sociedade com
práticas não planejadas e que são selecionadas ao acaso. No entanto, mesmo
com cuidadoso planejamento, apoiado em avaliações empíricas sobre a
eficiência das consequências organizadas, em hipótese alguma é possível
estabelecer, com toda certeza, se as consequências hoje identificadas como
eficientes, serão, no futuro, eficientes para a comunidade, visto que seus
componentes já poderão ser outros e os eventos do ambiente físico, químico,
biológico e social poderão ter passado por grandes transformações. Ou seja,
não parece plausível estar absolutamente certo de que determinadas
consequências controlarão o comportamento de nossos descendentes, ao
menos no longo prazo. Dessa maneira, o planejamento atual deve incluir a
ideia de que possamos prever mecanismos para que a própria comunidade
consiga substituir os eventos controladores, antecedentes e consequentes, na
medida em que as transformações ambientais aconteçam. Dittrich também
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elabora, nesse artigo, um debate ético que alcança a análise dos valores
objetivos empregados no planejamento, ou seja, quem planeja e quem recebe
o planejamento devem lidar com conceitos valorativos abertamente declarados
e definidos, levando em conta que desse planejamento participam, além de
delineadores e população interessada, outros grupos que convivem ou têm
interesse no curso de ações dessa comunidade-alvo.
Em artigo ainda mais recente, Dittrich (2009) assevera que o
comportamento de decidir envolve a busca de subsídios que permitam prever
quais as possíveis consequências de nossos cursos de ação. Decisões éticas
demandam, igualmente, tais previsões. Neste artigo, A. Dittrich apresenta uma
análise de consequências como proposta de procedimento que pode
sistematizar e facilitar esse tipo de previsão. Sugere quatro etapas para o
processo de análise de consequências: (1) categorizar as consequências; (2)
definir as pessoas ou grupos afetados; (3) definir os efeitos seletivos das
consequências; (4) definir a sequência temporal das consequências. Por fim,
discute as possíveis limitações do procedimento.
O autor considera condição preliminar às decisões éticas sobre os
objetivos de intervenção a previsão de possíveis consequências componentes
do delineamento proposto. Nesse sentido, conseguir antecipar as prováveis
consequências implicadas no planejamento equivale a explicitar critérios para
se dizer o que é correto ou incorreto fazer em diferentes situações. Contribuem
para a dificuldade e constituem, por assim dizer, “obstáculos éticos” ao
planejamento, a necessidade de respeito às diferenças culturais, a identificação
dos limites impostos ao planejamento pela necessidade desse respeito às
diferenças, assim como qual o referencial ou quais os referenciais para
delimitação das condições éticas planejadas para o grupo (Por exemplo: o
plano se aterá aos desejos e objetivos do grupo? Para além do grupo, será
obedecida determinada legislação? Ou serão levados em conta os direitos e
deveres das outras populações que se relacionam com esse grupo em
particular?). Ato contínuo, o analista comportamental precisa desenvolver
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instrumentos e procedimentos específicos para avaliar e prever as
consequências para o comportamento dos indivíduos da comunidade de uma
forma sistemática e precisa. Na maioria dos casos, precisa estabelecer, no
planejamento, procedimentos auxiliares para que as pessoas e grupos possam
tomar, por si mesmas, decisões éticas compatíveis com as finalidades do
planejamento. Para tanto, será necessário categorizar as consequências,
classificá-las (por exemplo, consequências econômicas, de segurança, de
preservação da qualidade do meio ambiente). Precisará, igualmente, definir
pessoas e grupos afetados (por exemplo, grupos familiares ou uma pessoa em
particular, como no caso do programa “Bolsa Família”, enquanto política
pública?). O analista também precisará se ater a um estudo sistemático dos
processos de transformação social que atingirão, provavelmente, o grupo, de
modo a assegurar maior precisão das consequências de longo prazo. Fará isso
com precisão relativa, naturalmente, porque o fará sempre a partir de um
passado que indique que certos comportamentos costumam produzir certas
consequências. Dessa maneira, conclui-se que a complexidade de variáveis
limita a acuidade das previsões e, além disso, a análise das consequências
deve ser um procedimento democrático, acessível a todos os possíveis
interessados em certa decisão ética.
BECC
Desde 2007, realiza-se nos Estados Unidos da América a Behavior,
Energy and Climate Change Conference - BECC , evento anual de grandes
proporções, que reúne pesquisadores, técnicos, homens de negócios,
administradores públicos e representantes de organizações não
governamentais e órgãos diversos interessados nos temas abordados. Em
2010, a Conferência será realizada de 14 a 17 de novembro, em Sacramento,
na California. Trata-se do quarto encontro anual e focalizará a compreensão da
natureza do comportamento individual e coletivo e o uso de conhecimento para
acelerar uma transição em busca da eficiência energética e uma economia de
redução de emissão de carbono. Esta edição dá prosseguimento ao sucesso
alcançado na BECC-2009, realizada em Washington, na qual estiveram
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presentes mais de 650 participantes, discutindo programas estratégicos e
resultados de pesquisa, assim como proporcionando maior dinâmica para uma
rede de colaboração sobre as questões abordadas.
Em 2010, seis temas importantes serão priorizados:
1) Comportamento e diretrizes públicas, incluindo estratégias
comportamentais para questões de energia e clima, através de
legislação, regulação, implementação e consolidação de políticas
específicas;
2) Ambiente físico e tecnologia, incluindo integração de insights
comportamentais para o planejamento, estabelecimento de interfaces,
uso, manutenção e disponibilização de tecnologia para conservação de
energia;
3) Corporações, Organizações, Comunidades e Redes (abordagens
baseadas no comportamento em corporações, negócios, agências
governamentais, militares, escolares, universidades, igrejas e
comunidades interessadas em energia e clima; grupos sociais e redes
sociais; sociologia; comportamento em organizações);
4) Mídia, Marketing e Comunicação (novas e tradicionais mídias,
comunicações, jornalismo, informação, entretenimento, marketing social
e marketing social de base comunitária, marcas industriais);
5) Indivíduos, Psicologia e Economia Comportamental (implementação
prática de modelos individuais e sociais de comportamento e de
processos de tomada de decisão; normas sociais, formação de hábitos,
atitudes, estilo de vida, incentivos e ausência de incentivo;
6) Avaliação, Mensuração, Modelos e Métodos (métodos práticos de
mensuração de impactos comportamentais, avaliação de programas,
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análises de custo-benefício, benefícios não energéticos, avaliação em
tempo real, modelos de tomada de decisão e delineamentos
experimentais).
Entre as inúmeras apresentações já realizadas nas quatro edições do
BECC, observa-se que esse evento significativo para a dimensão da
sustentabilidade ambiental e, particularmente, para a conservação de energia
elétrica não incluiu a participação efetiva de analistas do comportamento
interessados em aplicação de pressupostos, conceitos e princípios funcionais
behavioristas para a conservação de energia elétrica.
É interessante notar que o conhecimento disseminado no evento decorre
de várias iniciativas práticas de instâncias de governos, de pesquisa na área de
Economia e administração pública, de projetos de “conscientização” da
população em favor da conservação energética, mas de modo algum
constituindo iniciativas que visem consequenciar comportamentos para
selecionar aqueles compatíveis com a preservação ambiental e a consolidação
de repertórios dirigidos à finalidades e estratégias apontadas pela Análise
Comportamental da Cultura.
Para aferir as modalidades dos debates, das mesas, das conferências
apresentadas ao longo do BECC, mencionamos alguns temas gerais e o tipo
de tratamento conceitual e prático que lhes foi dado.
Por exemplo, um projeto que implica exortação popular à conservação
foi objeto de conferência de N. Pelosy (2007): “Hoje devemos dizer que o
Capitólio não poderá ser simplesmente um símbolo da nossa democracia, mas
um símbolo do nosso compromisso com o futuro. Não somente pela
importância de nossas ideias sobre independência em energia, mas pelo poder
de nosso exemplo, nós esperamos estar transmitindo uma mensagem ao
mundo e ao nosso país”. Várias manifestações de representantes do
Congresso americano ecoaram no BECC e em outras instâncias do país,
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exortando à economia de energia. Do ponto de vista técnico, sob um olhar da
Análise do Comportamento, trata-se de um procedimento de modelação
comportamental, onde exemplos bem sucedidos são apresentados à
população, na expectativa de que, via imitação indiretamente reforçada outras
iniciativas compatíveis sejam realizadas. O prédio do Congresso, construído
originalmente em 1793 e reformado completamente em 1965, tem 6,1 milhões
de pés quadrados e abriga 10.000 pessoas ali empregadas. Diversas
mudanças técnicas nos procedimentos de transmissão e consumo de energia
elétrica foram feitas desde 2008 nessas instalações e o “Green is Good”
passou a ser lema obrigatório entre as pessoas que ocupam os diversos
escritórios da edificação.
Na BECC de 2008, Loren Lutzenheiser, professor de estudos urbanos e
planejamento da Portland State University, apresentou conferência intitulada
Behavioral Assumptions Underlying California Residential Energy Efficiency
Programs , onde comunica alguns dados da campanha com o lema “save
energy, save Money, good for the environment” e que se baseia numa outra
lógica, diferente daquela aqui proposta para os projetos brasileiros que
articulam UNESP e ELETROBRÁS. Diferentemente de uma visão
comportamental do problema, o autor relatava uma visão cognitivista do
problema, que levava em conta a disseminação de muitas informações ao
usuário, um processamento dessas informações por este e uma mudança de
atitude dirigida à conservação. Em nenhuma das etapas está presente um
controle pelas consequências dos comportamentos envolvidos.
Apresentação feita em 2008 por G. Capunitan, da DDB Worldwide, tinha
como slogan “criar consciência e engajamento das pessoas através de pontos
digitais”. Na prática, trata-se da utilização de novos recursos midiáticos e
eletrônicos que, em tese, multiplicam a informação e acabam por estabelecer
rapidamente uma “consciência para a ação”. Estão aí compreendidos, sites,
blogs, comunidades virtuais de relacionamento, marcas, aparelhos eletro-
eletrônicos e outros recursos, principalmente aqueles com telas sensíveis ao
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toque e compartilháveis por muitas pessoas. Também está presente na
apresentação a lógica designada “viral marketing”, uma espécie de rede de
relacionamentos e informação possível sob várias formas para “conscientizar”
as pessoas sobre a necessidade de participação nas atividades de
conservação. Embora a inovação constantemente possível presente nas novas
mídias e recursos tecnológicos atualmente em grande atenção, a dimensão
funcional do projeto fixa-se no fato de que “conscientizar” as pessoas implica
que elas se comportarão, necessariamente, de modo compatível com tal
consciência.
Outras apresentações, aqui não pormenorizadas, sugerem interesse por
seus títulos: “Designing Incentive Preserving Rebates to increase acceptance of
Critical Peak Pricing”, por R. Letzler, da Federal Trande Commission. Já Sally
Blackwell, da Victoria University of Wellington (Nova Zelândia), especialista em
estudos ambientais, apresentou o trabalho “Electricity conservation in context:
A mixed methods study of residential conservation behaviour during na
electricity shorthage in New Zealand”, onde apresenta dados de pesquisa sobre
as alternativas adotadas pela população durante uma crise energética em
2008.
Em 2009, L. Storm, D. Sklarew e R. Johnson apresentaram o trabalho
“Changing culture and behavior to achieve climate neutrality on campus”. Os
autores são da George Mason University, que realize campanhas desde 2007
abrangendo diversas ações integradas de mobilização da comunidade
acadêmica para a preservação ambiental e conservação de energia.
Na Conferência BECC de 2009, em Washington, M. Mildenberger, da
University of Toronto, apresentou o trabalho “Integrating Psychology and
energy in social marketing evaluation, onde revisa e avalia um programa da sua
universidade na área de sustentabilidade, comportamento, energia e clima. O
programa abrange 19 edifícios internos da universidade.
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Também na BECC 2009, E. Vine, do Lawrence Berkeley National
Laboratory e California Institute for Energy and Environment, apresentou o
trabalho “What do we know about behavior and energy? Lessons learned and
recommendations for future research, improved program design and
implementation, and creative policymaking. No mesmo ano, K. Ehrhardt-
Martinez e J. A. Laitner, do American Council for an Energy-Efficient Economy,
apresentaram o trabalho “Examining the Scale of the Behaviour Energy
Efficiency Continuum. Os autores chegam à conclusão de que: “…Should we
take the time to understand the behavioral perspective and recognize its full
“resource potential”, valorizando, nesse sentido, soluções apoiadas em uma
compreensão mais clara do papel do comportamento das pessoas diante das
situações de consumo disponíveis.
Já a apresentação do Diretor do Committee on the Human Dimensions
of Global Change, P. C. Stern, intitulada “Changing Behavior in Households
and Communities through Education and Information: Critical Insights”, sinaliza
a importância do papel das instâncias escolares formais no processo educativo
para a conservação, seja através da informação ou da conscientização para os
problemas de consumo exorbitante. Este trabalho é o que mais se aproxima,
provavelmente, da busca de múltiplas variáveis que afetam o consumo de
energia elétrica, principalmente no setor residencial. Aponta algumas variáveis
que podem afetar comportamentos, incluindo nestas a informação clara e
consequências na forma de redução de tarifas, o que se reporta ter sido feito
em alguns Estados desde os anos 80, mas sem continuidade.
Do BECC AO CEEE
Como se pode notar pelo breve exemplário de apresentações,
comunicações e painéis apresentados nas últimas edições do BECC, há algo
de comum entre todas as instituições controladoras da produção, transmissão
e fornecimento de energia elétrica em todo o mundo: o consumo em constante
ampliação, acompanhando o crescimento da população mundial, de maneira
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que proximamente se alcançará o esgotamento de recursos naturais para a
capacidade instalada. Ou seja, o uso racional exige fortemente capacitação em
eficiência energética, seja pelos meios técnicos próprios de aperfeiçoamento
de produção, transmissão e fornecimento, seja pelo estabelecimento e
consolidação de práticas sustentáveis de conservação de energia. Todos esses
temas estiveram presentes nas edições do BECC, todavia prioritariamente na
perspectiva da “conscientização” da população usuária para a conservação de
energia elétrica, sem políticas, regras, normas e contingências de
comportamento consistentemente estabelecidas para controle do
comportamento do usuário de eletricidade.
Particularmente, o que se pode notar nas publicações ocorridas ou
referenciadas no BECC pelos diversos representantes é que, além de não se
contar com a participação de analistas do comportamento habilitados em
Análise Comportamental da Cultura, nas primeiras três edições, o foco
essencial dos trabalhos, embora use na denominação do próprio evento o título
“Behavior...”, não há qualquer trabalho apresentado que descreva a
programação de contingências (relações entre comportamento, eventos
antecedentes e consequentes no contexto do uso de energia elétrica). Os
trabalhos são apresentados por técnicos em meio ambiente e energia,
economistas, ambientalistas em geral, porém neles falta a menção e descrição
de procedimentos típicos de controle de variáveis que afetem diretamente, via
consequências, o comportamento do consumidor.
É, portanto, justamente essa a diferença de procedimentos que esta
linha propõe seja desenvolvida, consolidada e executada, inicialmente em
termos de projetos de pesquisa e pequenos projetos de intervenção e,
posteriormente, em larga escala via programas de conservação de energia
elétrica via executores diversificados nos estados brasileiros. A ótica da Análise
do Comportamento via práticas culturais é a proposta aqui apresentada e para
a qual, no contexto do convênio CEEE- UNESP, entendemos que devem ser
aportados recursos para fortalecimento de uma importante referência em
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pesquisa, desenvolvimento e tecnologia comportamental para o uso eficiente
de energia elétrica no Brasil.
Dois Projetos-piloto: conjecturas e prospecções
Vários projetos são objeto de reflexões e discussões entre os
pesquisadores afiliados ao CEEE no campus de Bauru da UNESP. Na área da
Linha 2 (Mudança Comportamental e Educação para a Eficiência Energética),
projetos poderão se viabilizar, nos próximos semestres, seja através das
iniciativas associadas do GEPEDEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em
Delineamentos Culturais, cadastrado no CNPq e liderado pelo prof. Dr. Kester
Carrara, assim como por iniciativas vinculadas a bolsistas e estudantes de
graduação e pós em geral orientados pelo prof. Kester Carrara no contexto de
sua disciplina Análise Comportamental da Cultura: Delineamentos Culturais e
do Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem. Também poderão consolidar-se novas iniciativas a partir dos
trabalhos de pesquisa do prof. Dr. Wilson Yonezawa e orientandos de
graduação dos cursos de Bacharelado em Ciências da Computação e
Bacharelado em Sistemas de Informação. Atualmente, dois projetos, ora em
desenvolvimento, deverão se concretizar nas próximas etapas do Convênio. O
primeiro diz respeito a atuação em Educação Colaborativa Escolar, vinculado a
projeto mais amplo do qual participa o prof. Dr. Kester Carrara com grupo de
pesquisadores da UNESP-Bauru, mediante de apoio no Edital de Ensino
Público da FAPESP. No contexto desse projeto se pretende realizar um sub-
projeto, com participação de alunos de graduação, para consequenciação de
comportamentos dos estudantes, individualmente, e de grupos de estudantes,
mediante consequenciação de práticas culturais sustentáveis (contingências
grupais), que deverão resultar em benefícios para os participantes e também
para a instituição escolar participante, na forma de produto agregado. Os
detalhes de Método, Materiais e Procedimento de tal projeto estão em fase de
elaboração.
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Por outro lado, o formato lógico e de procedimento do segundo projeto,
que envolve a concepção e delineamento de pesquisa e intervenção mediada
teoricamente pela Análise do Comportamento e com foco no desenvolvimento
e consolidação de repertórios comportamentais pró-eficiência energética está
previamente concebido como se segue:
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Projeto COREE - Consumo Racional de Energia
Elétrica
Prof. Dr. Kester Carrara - Depto. Psicologia
Prof. Dr. Wilson M. Yonezawa – Depto. Computação
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Objetivo:
O objetivo geral do projeto é promover ações junto ao cidadão que
possibilite uma mudança efetiva no seu comportamento quanto a gestão do
consumo de energia elétrica em sua residência.
Introdução
Um dos objetivos do programa PROCEL da Eletrobrás é promover a
racionalização da produção e do consumo de energia elétrica. A produção está
associada às empresas geradoras, já o consumo está associado às empresas
distribuidoras e aos consumidores finais. O foco deste projeto está na
racionalização do consumo, mas especificamente no uso residencial da energia
elétrica. Neste tipo de programa é comum o desenvolvimento de ações
educativas cujo objetivo, por meio de informações e consequências
comportamentais, é mudar a forma com que o consumidor trata a questão da
energia elétrica no seu dia-a-dia. Entretanto, este tipo de ação é, na maioria
das vezes, unilateral, isto é, o processo informativo ou educativo é direcionado
para o cidadão individualmente, porém, a observação da efetividade da ação
nem sempre é mensurável ou é de difícil mensuração. Como diferencial em
programas desta natureza, este projeto tratará a observação da mudança de
comportamento como forma de mensuração da efetividade da ação educativa.
A mudança de comportamento é o objetivo de uma ação sistemática e
planejada que poderá observada diretamente. A estratégia para esta ação
sistemática utilizará três atores principais (Figura 1): a empresa distribuidora de
energia elétrica, o consumidor final e o agente mediador; no caso deste projeto,
a Eletrobrás através do Procel.
O papel do mediador é capacitar e fornecer informações úteis
(conteúdos) aos consumidores finais, sobre o assunto em questão. O papel do
consumidor final é interagir o conteúdo oferecido pelo mediador. O papel da
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empresa distribuidora é informar sobre o consumo de energia elétrica por parte
do consumido.
Figura 1: Principais envolvidos.
Descrição do projeto
O projeto propõe uma forma de integração de alguns dos elementos que
envolvem o sistema de distribuição e consumo de energia elétrica. Os
elementos são representados pela empresa de distribuição de energia elétrica
(ex: CPFL, Light, etc), pelos consumidores domésticos, e pelo agente
mediador, representado aqui pelo programa PROCEL. A integração envolve a
troca de informações entre os envolvidos. A Figura 2 descreve o
funcionamento do sistema proposto.
O PROCEL será responsável por oferecer um jogo de computador cuja
temática envolve a gestão dos gastos domésticos referentes ao consumo de
energia elétrica. Qualquer cidadão (usuário do jogo) poderá instalar o jogo em
seu computador. Entretanto, para jogá-lo é preciso efetuar um cadastro no site
da PROCEL (site do jogo). No site, durante o cadastro, o usuário pode a
informar o seu código de consumidor que aparece em sua conta de energia
elétrica. Esse dado será o elo entre o PROCEL, o usuário e a empresa
distribuidora de energia elétrica. Por meio desse código o usuário pode receber
informações sobre o consumo mensal de energia elétrica em sua residência. A
análise do consumo de energia (histórico de consumo), fornecerá dados
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importantes para observação da mudança de comportamento do usuário. O
estímulo (reforçador) para mudança de comportamento será fornecido pelo
jogo. O desempenho no jogo poderá gerar algum tipo de premiação ou
benefício, virtual ou real para o jogador. Um exemplo de beneficio real seria um
desconto na sua conta de energia elétrica. Um exemplo de premiação virtual
seria o recebimento de algum direito de acesso em áreas privativas do site do
jogo, onde o usuário obteria acesso a conteúdos diferenciados.
Figura 2: Arquitetura do projeto.
A idéia do jogo:
Um cidadão em sua residência se depara com várias situações no dia-
a-dia que utilizam aparelhos elétricos e eletrônicos, tais como TV, máquina de
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lavar, computador, forno micro-ondas, chuveiros, etc. Todos esses
equipamentos são necessários para sustentar a vida do personagem. O
cidadão conta com uma quantidade X de dinheiro para gastar durante o mês.
Um mês é composto por 30 dias, um dia é um turno no jogo (cerca de Z
minutos), nesse tempo acontece o dia e a noite. Durante o dia o ambiente da
casa recebe iluminação natural e durante a noite, é preciso iluminá-la
artificialmente, mas isso representa um consumo de energia (possibilidade de
incluir e montar a sua casa – simular a sua casa). Por exemplo, o cidadão pode
trocar as lâmpadas da casa por lâmpadas mais ecologicamente corretas que
agridem menos a natureza e com menos consumo, porém como um gasto
menor.
Itens na casa podem ser vendidos, descartados. Novos itens podem ser
adquiridos. Informações técnicas relacionadas com os itens, tais como,
consumo, preço, etc, também estão disponíveis para o cidadão. As ações
tomadas pelo cidadão influência diretamente a sua própria vida (conseqüência
de curto prazo) bem como a natureza (consequências de longo prazo). Tais
informações são apresentadas para o jogador na forma de indicadores (ex:
vida, índice de conforto, social, índice de sustentabilidade, etc).
O objetivo do jogo é conseguir que determinados indicadores atinjam
certos valores. Eventos aleatórios, tais como apagões, roubos, quebra de
equipamentos, etc, ocorrem e influenciam na gestão e nas ações do jogador.
Lembrando que as ações levam a determinados reforçadores (positivos e
negativos).
O servidor do jogo:
O desempenho do jogador ou o cumprimento de determinadas metas
(“achievements”) são registradas no Servidor do Jogo. Um conjunto de
“achievements” permite que o jogador ganhe méritos e progrida em um
ranking. A progressão nesse ranking gerar benefícios e premiações oferecidas
tanto pelas empresas distribuidoras como pelo PROCEL.
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Website do jogo:
O website do jogo funcionará como uma central de informações e
conteúdos sobre o tema “uso racional da energia elétrica”. Conteúdos
baseados em textos, vídeos, animações e simulações na forma de objetos de
aprendizagem, serão construídos e disponibilizados para os usuários do jogo.
Fórum de discussões sobre os aspectos do jogo permitirão que os usuários
troquem informações entre eles. Informações sobre o desempenho dos
jogadores também serão disponibilizadas pelo site.
Perspectivas futuras:
1) Implementação do jogo no formato multiplayer massivo.
2) Exploração de novos cenários como a gestão de energia elétrica nas
empresas ou até mesmo em órgãos públicos.
3) Realização de pesquisas acadêmicas nas áreas de Computação,
Educação e Análise Comportamental da Cultura
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Projeto PEDUEE – Promoção de Educação em
Energia e Eficiência Energética
Prof. Dr. Leonardo Mesquita
Prof. Dr. José Galeno de Souza
Me. Fábio Esteves da Silva
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1) OBJETIVO:
O objetivo geral deste projeto é fazer uma sistematização de possíveis
ações educacionais para a divulgação de conceitos sobre uso racional de
energia utilizando recursos didáticos variados.
2) INTRODUÇÃO
Tradicionalmente os conhecimentos da área de Ciências são
transmitidos de forma expositiva, utilizando para isto demonstrações de
fórmulas matemáticas e fazendo com que os alunos decorem tais conceitos
resolvendo exercícios que, muitas vezes não apresentam um significado real
ou uma conexão palpável do cotidiano
Neste sentido, um dos desafios atuais para a melhoria do ensino é o
desenvolvimento de recursos didáticos que sejam capazes de despertar o
interesse dos alunos para determinados conteúdos curriculares ou que atuem
como meios facilitadores dos processos de ensino-aprendizagem.
O entendimento dos princípios da ciência de um modo geral constitui um
elemento fundamental para a compreensão crítica do mundo em que vivemos.
O uso de atividades experimentais como estratégia de ensino vem sendo
apontado como uma das maneiras mais adequadas de minimizar as
dificuldades de se aprender e de se ensinar de modo significativo e
consistente. É muito importante para a o processo educacional dispor de
materiais didáticos que partam de elementos do cotidiano para despertar o
interesse dos alunos, permitindo a aquisição de competências e habilidades de
uma forma mais interativa; no entanto, ainda existe uma carência de materiais
didáticos desenvolvidos com esse propósito.
Durante os últimos anos algumas iniciativas estão sendo feitas com o
intuito de disseminar informações sobre o uso racional de energia. Europa,
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Estados Unidos hoje são os principais desenvolvedores de programas e
projetos que estabelecem intima relação com questões sobre energia, meio
ambiente e suas implicações na sociedade. Não obstante, o Brasil, assim como
outros países como alguns países asiáticos e da Oceania, também mantém, e
como é o caso do nosso país, programas desta natureza há mais de duas
décadas.
3) DESCRIÇÃO DO PROJETO
A presente proposta de pesquisa busca promover atividades, eventos e
desenvolvimento de recursos didáticos sobre a temática “Energia”. Para tanto,
propõe o desenvolvimento e aprimoramento de alguns veículos de divulgação
destinados a professores e alunos do Ensino Fundamental. Tais veículos
contam com metodologias, materiais e objetivos distintos, fundamentados na
experimentação e capacitação de professores deste setor educacional.
As atividades inicialmente sugeridas deverão atingir professores e
alunos da Região do Vale do Paraíba, bem como outras regiões que se
mostrarem receptivas às intenções do projeto. Para isto pretende-se realizar
uma série de atividades sistematizadas tanto dentro do Centro de Educação
para Eficiência Energética, escolas, feiras cientificas e congressos na área.
Para a coleta de dados e análise dos resultados da pesquisa serão
utilizadas várias técnicas, qualitativas e quantitativas, comumente utilizadas em
pesquisa-ação, tais como: documentos, registros arquivados, entrevistas,
observação direta, observação participante, e artefatos produzidos para a
execução do projeto.
3.1) Exemplos de Atividades de Difusão
Para a efetivação dos objetivos do projeto de pesquisa, inicialmente uma
série de atividades poderão ser realizadas e devidamente aprimoradas para
uma melhor difusão dos conceitos abordados. Cabe destacar que além das
atividades propostas, a equipe de pesquisadores poderá incluir novas
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experiências que forem pertinentes à divulgação de conceitos sobre o uso
racional de energia. Atividades como: formação de Professores; capacitação de
estagiários, técnicos e graduandos; Show de Energia; Mostra de Energia;
organização de Feiras de Ciências; Desenvolvimento de Equipamentos e
Experimentos; Desenvolvimento de objetos virtuais de aprendizagem. A seguir
será apresentado um breve resumo sobre atividades realizadas e que podem
contribuir para a promoção e difusão de conceitos
3.1.1) Formação de Professores
A equipe de pesquisadores do Laboratório deverá proporcionar o
aperfeiçoamento profissional de professores em atuação, e em cursos de
graduação, em diferentes áreas ligadas à energia. Cursos sobre metodologia
de Aprendizagem Baseada em Projetos, Conceitos sobre Energia,
Experimentação em sala de aula, entre outros, poderão ser trabalhadas para a
efetivação de uma difusão do projeto.
Nos cursos destinados aos professores do Ensino Fundamental,
deverão ser desenvolvidos conteúdos específicos e para os cursos de
graduação poderão ser reforçados conteúdos específicos nos cursos de
licenciaturas. Para a execução destes cursos, o envolvimento da coordenação
pedagógica das escolas, apoio da direção da escola serão de fundamental
importância para conclusão dos objetivos propostos em cada etapa. A Figura 1
apresentada alguns momentos de capacitações já realizados anteriormente e
que deverão ser reformulados e difundidas no decorrer do desenvolvimento do
projeto.
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Figura 1: Grupo de professores montando experimentos.
3.1.2) Show de Energia
Em meados da década de 1980, um professor chamado Clint Sprott, da
Universityof Wisconsin – USA, desenvolveu uma série de experimentos que
pudessem ser mostrados a um público leigo em ciências que retratavam
diversos conceitos científicos e aspectos tecnológicos, outrora confinado
somente aos laboratórios avançados de cientistas nas Universidades e em
algumas empresas.
No mesmo sentido de divulgar a Ciência, mais especificamente a Física,
o Prof. FuadDaher Saad, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo,
criou o Show de Física na década de 1990, além de manter um laboratório
auxiliar para o desenvolvimento de experimentos e que hoje conta com
centenas de exemplares expostos em suas dependências.
Esta vontade aliada à necessidade de se desenvolver e divulgar
Ciências também foi vivenciada na UNESP, mais especificamente em dois de
seus Campi, sendo que no ano de 2.003 foi implantado pelo Prof. Jorge
Roberto Pimentel, no Departamento de Física da Campus de Rio Claro o Show
de Física. No ano seguinte o Campus de Guaratinguetá, sob a coordenação do
Prof. JanioItiroAkamatsu, deu início também às primeiras apresentações do
Show de Física nesta unidade.
Nos anos seguintes uma equipe de professores, alunos de graduação e
pós-graduação, bolsistas e estagiários teve a oportunidade de adaptar o então
conhecido Show de Física para uma versão especifica para tratar de energia,
recebendo então o nome de Show de Energia. Esta evolução foi efetivada em
parceria com órgãos, instituições e empresas e resulta hoje em com o acúmulo
de mais de oito centenas de apresentações realizadas ao longo de mais de três
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centenas de dias espalhados por vários estados do Brasil, sendo levado
inclusive para Manacapuru, uma cidade no interior da Amazônia.
O Show de Energia é uma apresentação teatral interativa realizada por
monitores capacitados para desenvolver uma sequência de demonstrações
para um público das mais variadas idades e níveis de formação. Normalmente
as apresentações têm a duração de uma hora e meia, e contam com recursos
tecnológicos e impactantes, destinados a causar o fascínio e despertar o
interesse dos alunos para questões relacionadas à Ciência de um modo Geral.
Recursos didáticos que abrangem as três grandes áreas da Física, que são:
Mecânica, Eletricidade e Eletromagnetismo, Termodinâmica compõem o
acervo de experimentos que dão suporte tanto ao Show quanto à Mostra de
Energia, detalhada logo a frente. Uma visão geral do palco montado para as
apresentações é mostrada na Figura 2, bem como a Figura 3 ilustra alguns
momentos e equipamentos do Show de Energia.
Figura 2: Visão Geral do Palco montado para a apresentação do Show de Energia.
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Figura 3: Exemplos de experimentos utilizados durante o Show de Energia
3.1.3) Mostra de Energia
Consiste em uma exposição ministrada por monitores sobre
equipamentos e protótipos desenvolvidos com fins educacionais sobre a
temática da Energia. Tem por objetivo dar aos alunos a oportunidade de
conhecer e adquirir informações sobre equipamentos, produtos e processos de
produção de energia. Os materiais utilizados são estrategicamente organizados
permitindo a circulação e interação direta entre alunos e professores.
Inicialmente concebida para abranger principalmente as grandes áreas
da Mecânica, Eletricidade, Eletromagnetismo e Termodinâmica. Abaixo se
encontram ilustrações desenhadas em 3D com auxilio de software especifico
para desenho. Ao fim deste documento encontra-se uma lista com cerca de 30
experimentos que podem ser utilizados para tratar questões fundamentais de
Energia, bem como utilizá-los para contextualização e disseminação de
conhecimentos sobre uso racional de energia.
Figura 4: Máquina de Winshurst.
Figura 5: Eficiência de lâmpadas.
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Figura 6: Bobina de Tesla.
Figura 6: Transformador de baixa tensão.
3.1.4) Capacitação de estagiários, graduandos e Pós-graduandos
Para a efetivação das atividades de Show, Mostra de Energia, formação
de professores, desenvolvimento de novas metodologias de ensino, entre
outros, se faz necessário que uma equipe devidamente capacitada seja
formada no Centro de Educação para Eficiência Energética. Neste sentido será
necessário contar com a dedicação de técnicos, alunos de graduação e pós-
graduação, que deverão ficar responsáveis pelo assessoramento de visitantes
no Centro. Para atingir este objetivos os pesquisadores do Centro deverão
contar com o apoio de outras instituições de fomento à pesquisa, como
FAPESP, CAPES, CNPq, empresas do setor energético, mediante a
elaboração projetos destinados a este fim.
Devido ao desenvolvimento de outros projetos ocorridos no passado, a
equipe de pesquisadores já proporcionou a capacitação de cerca de dez alunos
formados em cursos técnicos, mais trinta alunos de cursos de graduação em
engenharias (elétrica, mecânica, produção, civil, entre outras), física e
matemática. Como parte integrante deste projeto, dezenas de novos
estudantes e professores já atuantes deverão ser capacitados para a
efetivação da proposta para a difusão do uso racional e eficiente da energia
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3.1.5) Organização de Feiras de Ciências
Com o intuito de promover ações para a comunidade no entorno da
Universidade, bem como em outras regiões do país, atividades referentes à
organização de Feiras de Ciências deverão ser estimuladas e assessoradas
pelos pesquisadores. Estas feiras poderão contemplar diferentes áreas ligadas
ao tema energia. Algumas experiências no passado servirão como base para a
ampliação e aumentar a frequência destas atividades, que aparecem como um
importante elemento para a aprendizagem dos alunos. A Figura 7 apresenta
alguns momentos de feiras de ciências já realizadas
Figura 8: Algumas Feiras de Ciências realizadas em escolas da região.
4) FASES DE EXECUÇÃO
a) Contato com Diretorias e Secretarias de Ensino das cidades
pertencentes à região do Vale do Paraíba para apresentar o projeto e estreitar
laços com os dirigentes de ensino.
b) Estudo da viabilidade e exequibilidade de capacitação de professores
bem como o desenvolvimento de feiras de ciências nas escolas.
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c) Produção de material de apoio aos educadores para que eles adquiram
conhecimentos específicos sobre os conceitos científicos envolvidos nos
experimentos selecionados.
d) Capacitação de estagiários e bolsistas de iniciação científica de forma a
se adequarem á proposta do projeto, seja para adquirirem um completo
conhecimento sobre o funcionamento e preparo de recursos didáticos, seja
para o domínio dos conceitos científicos, técnicos e didáticos envolvidos nos
recursos desenvolvidos.
e) Aperfeiçoamento dos materiais e equipamentos envolvidos no Show
“Energia em Ação”, bem como os envolvidos na Mostra de “Energia em Ação”.
f) Elaboração de fichas de avaliação destinadas aos professores e alunos
que tiverem contato com as ações desenvolvidas.
g) Agendamento de cursos de capacitação e apresentações do Show e
Mostra de Energia nas escolas da região do Vale do Paraíba.
h) Incentivo a formação de feiras de ciências voltadas para os temas
Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade nas escolas atendidas.
i) Produção de artigos de científicos e cartilhas serem veiculados em
diferentes meios de comunicação a fim de se obter uma maior visibilidade e
consequentemente uma maior aceitação do projeto por parte das escolas alvo
do mesmo.
5) RESULTADOS ESPERADOS.
A proposta de trabalho neste projeto buscará desenvolver ferramentas que
proporcionem ao ensino um contexto para a discussão de aspectos ambientais,
sociais, econômicos, políticos, históricos e éticos diretamente relacionados com
o uso da energia.Com relação às atividades acima citadas, a presente proposta
consiste em detalhar futuramente estas ações de forma sistematizada, dando
especial atenção à formação do professor, visto que serão os transmissores
dos conhecimentos a eles passados.
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Além disso, o desenvolvimento de novos materiais didáticos para uso na
educação formal e informal deverão ser pensados de forma a auxiliar no
processo de ensino-aprendizagem, proporcionando um ensino contextualizado
e que procure fixar nos professores e alunos conceitos necessários para a
implementação de uma cultura pró-eficiência energética.
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Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências), Universidade de São Paulo.
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Etapa 7: Apresentação e discussão da pesquisa 2 com gestores da Eletrobrás.
Em reunião ocorrida na Faculdade de Ciências do Campus de Bauru foi
apresentado e discutido os resultados da Pesquisa 2 – Mudança
comportamental e educação para eficiência energética. A apresentação dos
resultados foi realizada pelo Prof. Dr. Kester Carrara contando com a presença
de docentes/pesquisadores vinculados ao convênio, gestores da Elétrobrás e
por discentes vinculados aos programas de graduação e pós-graduação da
UNESP - campus de Bauru.
Todas as etapas desenvolvidas vinculadas ao TRABALHO II do convênio são
listadas na Tabela 2.
Tabela 2: Etapas de desenvolvimento do TRABALHO II (06 meses).
Metas / Produtos – TRABALHO II Status
1 Formação da equipe de trabalho. Em
desenvolvimento
3 Desenvolvimento e manutenção de um Portal WEB para
divulgação das atividades do Centro e interação como público.
Em
desenvolvimento
6 Pesquisa 2: Mudança comportamental e educação para eficiência Concluído
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energética.
7 Apresentação e discussão da pesquisa 2 com gestores da
Eletrobrás. Concluído
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Deste modo, pelos resultados apresentados ao longo deste relatório esperamos estar
cumprindo com os objetivos previstos no Convênio. Ficamos a disposição para qualquer
outro esclarecimento.
Data: de de 2010.
Prof. Dr. Leonardo Mesquita
Coordenador do Convênio