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JACIARA MIRANDA GOMES DA SILVA
PROPRIEDADES QUMICAS E FSICAS DO ESMALTE DE DENTES
DECDUOS E PERMANENTES
Orientador: PROFA. DRA. REGINA GUENKA PALMA DIBB
Coorientador: PROFA. DRA. MARIA CRISTINA BORSATTO
Ribeiro Preto SP
2011
Tese apresentada Faculdade de Odontologia de Ribeiro
Preto da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo
de Doutor em Cincias.
Programa: Odontopediatria
rea de Concentrao: Odontopediatria
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AUTORIZAO PARA REPRODUO
Autorizo a reproduo e/ou divulgao total ou parcial
da presente obra, por qualquer meio convencional ou
eletrnico, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRFICA
Gomes-Silva, Jaciara Miranda Propriedades qumicas e fsicas do esmalte de dentes decduos e permanentes.
Ribeiro Preto, 2011.
83 p. : il. ; 30 cm
Tese de Doutorado, apresentada Faculdade de Odontologia de Ribeiro - Preto/USP rea de Concentrao: Odontopediatria.
Orientador: Palma-Dibb, Regina Guenka Coorientador: Borsatto, Maria Cristina
1. Esmalte 2. Dentes decduos 3. Dentes permanentes 4. Propriedades qumicas 5. Propriedades fsicas
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FOLHA DE APROVAO
Gomes-Silva JM. Propriedades qumicas e fsicas do esmalte de dentes decduos e
permanentes. Tese apresentada Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da
Universidade de So Paulo, para obteno do Ttulo de Doutor em Cincias. rea de
Concentrao: Odontopediatria.
Data da defesa: ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr.______________________________________________________________
Julgamento__________________________Assinatura_________________________
Prof. Dr.______________________________________________________________
Julgamento__________________________Assinatura_________________________
Prof. Dr.______________________________________________________________
Julgamento__________________________Assinatura_________________________
Prof. Dr.______________________________________________________________
Julgamento__________________________Assinatura_________________________
Prof. Dr.______________________________________________________________
Julgamento__________________________Assinatura_________________________
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JACIARA MIRANDA GOMES DA SILVA
DADOS CURRICULARES
NASCIMENTO 01 de abril de 1977, So Paulo SP
FILIAO Ccero Gomes da Silva
Elizabeth Miranda da Silva
1995-1998 Curso de Graduao
Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de So Paulo
FOB/USP
1999-2000 Especializao em Odontopediatria
Fundao Bauruense de Estudos Odontolgicos Bauru/So Paulo
2004-2007 Curso de Ps-Graduao em Odontopediatria, nvel de Mestrado
Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So
Paulo FORP/USP
2008-2011 Doutorado em Cincias
Programa: Odontopediatria
rea de Concentrao: Odontopediatria
Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So
Paulo FORP/USP
5
Viver! E no ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...
Somos ns que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...
a vida, bonita
E bonita...
(Gonzaguinha)
6
DEDICO ESTE TRABALHO
A Deus,
...Graas Te dou, visto que por modo
assombrosamente maravilhoso me formaste;
as Tuas obras so admirveis,
e a minha alma o sabe muito bem...
Os Teus olhos me viram a substncia ainda informe,
e no Teu livro foram escritos todos os meus dias,
cada um deles escrito e determinado,
quando nenhum deles havia ainda...
Sl 139:13-16
No a ns, no a ns, mas ao Teu nome d glria, por amor da Tua
misericrdia e Tua fidelidade.
Sl 115:1.
Agradeo Senhor por Tua fidelidade e misericrdia em minha vida!!!
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Aos meus pais,
Por me ensinarem desde muito pequena a amar a Deus e ao meu prximo,
pelas inmeras vezes que renunciaram seus sonhos para viverem os meus,
pelo incentivo, pelo carinho e amor incondicionais.
Amo vocs e agradeo a Deus todos os dias por serem meus pais!
"H momentos na vida em que se deveria calar... e deixar que o silncio
falasse ao corao; Pois h sentimentos que a linguagem no expressa... e
h emoes que as palavras no sabem traduzir...
Ao Srgio, meu marido,
Ainda bem que voc vive comigo
Porque seno como seria esta vida? Sei l, sei l
Se h dores tudo fica mais fcil
Seu rosto silencia e faz parar
Neste mundo de tantos anos, entre tantos outros
Que sorte a nossa, hein?
Entre tantas paixes
Este encontro, ns dois, esse amor(...)
Vanessa da Mata/Liminha
Obrigada pela pacincia, por suprir meus momentos de ausncia com a
nossa princesinha, por seguir sempre ao meu lado. Meu melhor amigo o
seu amor. Amo voc!!!
8
A minha filha, Maria Luisa,
...Por ela que eu fao bonito
Por ela que eu fao o palhao
Por ela que saio do tom
Por ela que o show continua
E quando ela est nos meus braos
As tristezas parecem banais
O meu corao aos pedaos
Se remenda prum nmero a mais...
Chico Buarque
Meu mais puro e pleno amor... Obrigada filha por to pequena entender
minhas ausncias...
Agradeo a Deus por ter me concedido a beno de vivenciar o milagre da
vida e o de ser me", o de sentir que seu corao no bate mais em voc.
Aos meus irmos (Luco, Luquinha, Isaque, Filipe, Jonatas e Marco Tlio)
e minha cunhada Mariane,
Por terem tornado meus dias mais alegres, por compartilharem comigo as
angstias e vitrias. Muito Obrigada.
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Aos meus sobrinhos, Tiago e Henrique,
Obrigada pela beno de ser tia. Porque s uma TIA pode dar abraos como
uma ME, guardar segredos como uma IRM, aconselhar como uma AMIGA e
permitir como uma AV. Amo vocs.
Aos meu sogro e minha sogra,
Obrigada por sempre me verem como uma filha, vibrando com as minhas
conquistas.
A toda a minha famlia, Muito Obrigada!!!!!
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Profa. Dra. Regina Guenka Palma-Dibb, minha orientadora,
Obrigada pelo carinho e pela confiana. Pela competncia, dignidade e
tica com que conduz sua vida e seu trabalho. Re, voc uma verdadeira
mezona para todos, inclusive para mim: um enorme corao, senso de
justia e compreenso. Obrigada por entender minhas ausncias (trabalho,
famlia...) e por me permitir ser uma amiga. Tenho certeza que sempre terei
sua mo estendida para mim. Agradeo tambm a sua famlia (Alessandro,
Sophia, Stephanie e Oliver) por dividirem a me e a esposa um pouco
comigo. Levarei seu entusiasmo e ensinamentos sempre comigo. Muito
Obrigada!!!!
A Profa. Dra. Maria Cristina Borsatto, minha coorientadora,
Cris, voc um exemplo de pesquisadora e profissional por sua
capacidade, sabedoria, tica e dignidade. Mas, acima de tudo voc um
exemplo de pessoa pela sua alegria de viver. Nestes anos de convvio
passamos por momentos bons e outros nem tantos, mas com certeza o que
fica o sentimento sincero que temos em ns: carinho e amizade. Muito
obrigada por confiar no meu trabalho, por estar sempre disposta a me
orientar e por tornar esta jornada mais suave. Quero sempre ter por perto
sua risada mais gostosa e sua alegria escandalosa...
"Os verdadeiros sbios se do a conhecer pelos bons
princpios de seus atos, pela intocvel moral
de suas atitudes e pelo fato de servirem de
exemplo dos ensinamentos que transmitem".
Eduardo Lambert
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A Carolina Paes Torres Mantovani,
C, tem um versculo na bblia que diz: em todo o tempo ama o amigo
e na angstia nasce o irmo. Obrigada por compartilhar o amor de amiga e
a confiana de irm. Por me permitir participar da sua vida e da sua famlia.
Sem voc teria sido muita mais rdua a caminhada... e olha que no foi fcil!!
Mas, vencemos!!! Essa conquista NOSSA!!!! Parceiras, em todos os
momentos!!! Que Deus abenoe sua linda famlia!!!
A Ftima Aparecida Rizli,
Muitas pessoas passam pela vida da gente, mas s os verdadeiros
amigos deixam marcas... F, com certeza j tenho muito de voc em mim... e
com muito orgulho. Voc uma daquelas pessoas que vale a pena conhecer:
sua fora e sua garra. Mas, com um corao cheio de ternura. Obrigada por
dividir o po de cada dia nestes anos de convivncia... Por me permitir os
seus cuidados. Minha amiga, se puder de alguma forma retribuir tanto
carinho... Voc com certeza se tornou alicerce do meu encanto pela vida.
Obrigada!
A Renata Pereira Ramos,
Obrigada por caminhar ao meu lado por tantos anos (desde a
faculdade) e sempre me incentivar com seu apoio, generosidade e amizade
sinceros. Obrigada por me abrir as portas desta faculdade e pelo pronto
auxlio profissional sempre que precisei. Nestes mais de quinze anos de
convivncia, muita coisa mudou (cada ruginha tem uma histria), mas o
carinho e admirao que tenho por voc aumentam a cada dia. Que Deus a
abenoe sempre!!!
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A Profa. Dra. Maria Anglica Hueb de Menezes Oliveira
Obrigada pela amizade sincera. Minha admirao por voc vai alm do
profissionalismo, sua capacidade de se doar no tem limites. Que voc me
permita estar sempre ao seu lado, pois seu entusiasmo de vida contagia
todos ao seu redor.
Deus Te Abenoe!
Pela amizade que voc me devota,
Por meus defeitos que voc nem nota
Por meus valores que voc aumenta,
Por minha f que voc alimenta
Por esta paz que ns nos transmitimos,
Por este po de amor que repartimos
Pelo silncio que diz quase tudo,
Por este olhar que me reprova mudo
Pela pureza dos seus sentimentos,
Pela presena em todos os momentos
Por ser presente, mesmo quando ausente,
Por ser feliz quando me v contente
Por este olhar que diz "Amigo, v em frente!"
Por ficar triste, quando estou tristonho,
Por rir comigo quando estou risonho
Por repreender-me, quando estou errado,
Por meu segredo, sempre bem guardado
Por seu segredo, que s eu conheo,
E por achar que apenas eu mereo
Por me apontar pra DEUS a todo o instante,
Por esse amor fraterno to constante
Por tudo isso e muito mais eu digo
"DEUS OS ABENOE,
MEUS QUERIDOS AMIGOS!"
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AGRADECIMENTOS
Aos amigos Marta Maria Martins Giamatei Contente e Rodrigo Galo,
obrigada pela convivncia e pelo incentivo constante. Obrigada pela parceria
nos trabalhos e na vida. Que o caminho de vocs seja repleto de paz. Contem
sempre comigo!!!
Aos meus amigos da Prefa, Vilma Barcelos Otani, Ana Paula Vieira, Joyce
Dias Misso e Prof. Jos Antonio Brufatto Ferraz, obrigada por dividirem
todos os dias comigo de uma forma to agradvel. Por sempre estarem
dispostos a me ajudar. Por suprirem minhas ausncias. Muito Obrigada!
Aos amigos Alessandra Afonso Corra, Patrcia Marchi, Csar Penazzo
Lepri, Walter Raucci Neto e Marcelo Azenha, obrigada por entenderem
meu jeito de ser e estarem sempre dispostos a me auxiliarem com um
sorriso no rosto.
Profa. Dra. Kranya Victoria Serrano Daz, obrigada pelo carinho e
conselhos. Voc faz parte da minha vida forpiana desde o primeiro dia...
sempre disposta a me ouvir. Obrigada, Kran!
Ao Prof. Dr. Paulo Nelson-Filho, pelo exemplo de professor e pesquisador
que norteiam minha vida acadmica. Pela orientao constante durante
minha ps-graduao, em todos os sentidos. Obrigada!
Profa. Dra. Alexandra Mussolino de Queiroz, obrigada pela ateno e
carinho mim dispensados por todos estes anos. Muito obrigada, Danda!
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Profa. Dra. Aldevina Campos de Freitas, exemplo de profissionalismo e
humanidade. Seu entusiasmo contagia a todos seus eternos alunos. Obrigada
pela oportunidade de conviver com voc!
Profa. Dra. Raquel Assed Bezerra da Silva, pelo exemplo de
determinao e competncia. Raquel, obrigada por sempre me acolher de
forma to afvel.
Ao Profs. Drs. Jos Tarcsio Lima Ferreira e Fbio Loureno Romano, pelo
estarem sempre dispostos a me auxiliar no que for preciso. Muito Obrigada!
Ao Profas. Dras. Juliana Jenjiroba Faraoni Romano e Andiara de Rossi,
pelas valiosas contribuies na qualificao do Projeto de Pesquisa. Muito
Obrigada!
Ao Prof. Dr. Luis Eduardo Silva Soares, do Laboratrio de Espectroscopia
Vibracional Biomdica LEVB da Universidade do Vale do Paraba, pela
disposio em colaborar com este trabalho.
Ao Prof. Dr. Luiz Carlos Pardini, obrigada pela colaborao imprescindvel
na parte experimental desta tese, com entusiasmo e disposio em ensinar.
Espero que esta parceria se estenda em outros projetos.
Aos amigos Cntia Guimares de Almeida e ao Prof. Dr. Luciano Bachman,
obrigada pelo auxlio na parte experimental deste trabalho, pelas portas
sempre abertas e pela pacincia para esclarecer minhas dvidas. Obrigada
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porque nossa convivncia se estende alm dos muros da universidade, numa
amizade gostosa e sincera.
Ao Sr. Reginaldo Santana da Silva, do Departamento de Odontologia
Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade
de So Paulo, pelo auxlio na execuo dos procedimentos experimentais e
pela alegria da companhia.
Aos tcnicos Edson Volta e Ricardo de Souza Antunes do Laboratrio LIPEN,
da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo,
pelo auxlio na execuo dos procedimentos experimentais, com muita
competncia e dedicao.
As amigas Cristhiane Ristum Bagatin Rossi e Soraya Cheier Dib
Gonalves, minhas companheiras desde o mestrado. Obrigada pela amizade!
Aos colegas de Ps Graduao em Odontopediatria da Faculdade de
Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, Camila Scatena,
Cntia Guimares de Almeida, Danielle Torres Azevedo, Luciane Almeida
do Carmo, Marcela Martin Del Campo Fierro, Paula Dariana Fernandes
Ferreira, Rodrigo Alexandre Valrio, Talitha de Siqueira Mellara, Elaine
Machado Pingueiro, Fernanda Regina Ribeiro Santos, Iliana Ferraz
Sabbatini, Kssia Sunia Fidelis de Mesquita, Ligia Maria Napolitano
Gonalves, Carolina Paes Torres Mantovani, Cristhiane Ristum Bagatin
Rossi, Cristiane Tomaz Rocha, Fabrcio Kitazono de Carvalho, Maristela
Soares Swerts Pereira, Regina Aparecida Segatto Saiani, Rodrigo Teixeira
Macri, Soraya Cheier Dib Gonalves, Cristina Bueno Brando, Kleber
Corts Bonifacio, Larissa Moreira Spinola de Castro, Leonardo Bscaro
Pereira, Marcela C. D. Andrucioli, Marina Fernandes de Sena, Marta Maria
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Martins Giamatei Contente, Walter Raucci Neto, Maya Fernanda Manfrin
Arnez e Milena Silva Campos, pela agradvel convivncia que tivemos.
A Clnica de Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia de Ribeiro
Preto da Universidade de So Paulo, nas pessoas de seus funcionrios pela
oportunidade da convivncia diria, que com certeza levarei pelo resto de
minha vida na memria e no corao.
Aos docentes do Departamento de Clnica Infantil, Odontologia
Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da
Universidade de So Paulo, Profa. Dra. Sada Assed, Profa. Dra. La Assed
Bezerra da Silva, Profa. Dra. Aldevina Campos de Freitas, Prof. Dr. Paulo
Nelson-Filho, Profa. Dra. Alexandra Mussolino de Queiroz, Profa. Dra.
Kranya Victria Daz Serrano, Profa. Dra. Maria Cristina Borsatto, Dra.
Profa. Raquel Assed Bezerra da Silva, Dra. Profa. Mrian Aiko Nakane
Matsumoto, Prof. Dr. Jos Tarcsio Lima Ferreira, Prof. Dr. Adlson
Thomazinho, Profa. Dra. Maria Bernadete Sasso Stuani, Profa. Dra. Maria
da Conceio Pereira Saraiva, Prof. Dr. Fbio Loureno Romano e Profa.
Dra. Andiara De Rossi, pela ateno, orientao, convivncia harmoniosa e
ensinamentos que recebi.
Aos funcionrios do Departamento de Clnica Infantil, Odontologia
Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da
Universidade de So Paulo, Micheli Cristina Leite Rovanholo, Filomena Leli
Placciti, Francisco Wanderley Garcia de Paula e Silva, Carolina Paes Torres
Mantovani, Marco Antonio dos Santos, Carmo Eurpedes Terra Barretto,
Dorival Gaspar, Nilza Letcia Magalhes, Ftima Aparecida Rizoli, Ftima
Aparecida Jacinto Daniel, Renata Aparecida Fernandes e Matheus Morelli
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Zanela. Obrigada pelos sorrisos, carinho e dedicao. Com certeza estes
anos se tornaram mais agradveis com vocs por perto!
Aos funcionrios da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da
Universidade de So Paulo: Benedita Viana Rodrigues, Cleber Barbosa Rita,
Ftima Aparecida Jacinto Daniel, Jos Aparecido Neves do Nascimento,
Jos Carlos Ferreira Junior, Jos Henrique Loureiro, Julio Csar Souza da
Matta, Renata Cristina Rosa, Vera Ribeiro do Nascimento e Carolina
Fragoso Motta. Obrigada pela mo sempre estendida, pelo bom humor e
carinho que me dedicam, dia aps dia.
As funcionrias da Seo de Ps-Graduao da Faculdade de Odontologia
de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, Isabel Cristina Galino Sola
e Regiane Cristina Moi Sacilotto, por sempre estarem prontas a nos atender
com carinho.
Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo,
na pessoa do atual diretor Prof. Dr. Osvaldo Luiz Bezzon e do Vice-Diretor
Prof. Dr. Valdemar Mallet da Rocha Barros.
Coordenao do Curso de Ps-Graduao em Odontopediatria da Faculdade
de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, na pessoa da
Coordenadora Dra. Profa. La Assed Bezerra da Silva, pela oportunidade de
ser aluna deste programa do qual sinto enorme orgulho. Muito obrigada.
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Aos meus pacientes "especiais", motivo da minha busca pelo
conhecimento. Com vocs me sinto realmente feliz e realizada no
exerccio da Odontologia. O sorriso de vocs me faz sentir uma dentista
especial. Meus verdadeiros super-heris, guerreiros pela vida.
A todos que de alguma forma contriburam para a concretizao desse
trabalho. Muito obrigada e que Deus abenoe a todos de uma forma
muito especial!!!
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RESUMO
Gomes-Silva JM. Propriedades qumicas e fsicas do esmalte de dentes decduos e
permanentes [tese]. Ribeiro Preto: Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da
Universidade de So Paulo; 2011.
A exata composio e a micromorfologia do esmalte de dentes decduos ainda so pouco
estudadas e conhecidas, e a literatura existente apresenta achados controversos. Os
resultados de pesquisas realizadas em dentes permanentes so frequentemente
extrapolados para dentes decduos, sendo que a maioria dos trabalhos explora estes
substratos de maneira isolada. necessrio, portanto, conhecer a composio e a estrutura
do esmalte de dentes decduos e determinar em quais aspectos este tecido realmente difere
do esmalte de dentes permanentes. A comparao dos dois substratos fundamental para
que sejam estabelecidos protocolos preventivos e restauradores, bem como no
desenvolvimento de materiais e tcnicas especficos e efetivos para dentes decduos e
permanentes. Assim, o objetivo do presente estudo foi realizar uma anlise comparativa in
vitro do esmalte de dentes decduos e permanentes, avaliando suas propriedades fsicas e
qumicas. As propriedades qumicas foram avaliadas por meio das anlises de mapeamento
de superfcie do esmalte por Microfluorescncia de Raios-X por Energia Dispersiva (FRX)
(n=10) e Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) (n=10). As
propriedades fsicas analisadas foram Permeabilidade (n=12), Microdureza (n=12),
Radiodensidade (n=10) e Resistncia Coesiva (n=15). Nos testes de EDX e FTIR, os dados
da amostra no apresentaram distribuio normal, empregando-se o teste no paramtrico
de Mann-Whitney. Para os demais testes, a distribuio apresentou-se normal e homognea.
Assim, na anlise de Permeabilidade os dados foram submetidos ANOVA a um critrio: tipo
de substrato (p
20
constatou-se que o contedo em peso de clcio (%), fsforo (%) e da proporo Ca/P (%)
bem como os contedos de carbonato e gua foram semelhantes entre os dois substratos
avaliados. Portanto, as propriedades fsicas do esmalte de dentes decduos apresentaram
caractersticas distintas em relao ao esmalte de dentes permanentes, apesar da
semelhana nas propriedades qumicas analisadas.
PALAVRAS-CHAVE: Esmalte, Dente decduo, Dente permanente, Propriedades qumicas,
Propriedades fsicas
21
ABSTRACT
Gomes-Silva JM. Chemical and Physical properties of the enamel of deciduous and
permanent teeth [tese]. Ribeiro Preto: Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da
Universidade de So Paulo; 2011.
There is still little research and information on the precise composition and the
micromorphology of the enamel of deciduous teeth, and the existing literature reveals
controversial findings. The results of studies in permanent teeth are frequently extrapolated
to deciduous teeth, and the majority of works explores these substrates alone. It is thus
necessary to know the composition and structure of the enamel of deciduous teeth and
determine in which ways this tissue actually differs from the enamel of permanent teeth.
Comparison of these substrates under different aspects is fundamental to establish
preventive and restorative protocols, as well as materials and techniques that are specific
and effective for deciduous and permanent teeth. Therefore, the aim of the present in vitro
study was to perform a comparative analysis of the enamel of deciduous and permanent
teeth by evaluating its physical and chemical properties. Chemical analysis comprised enamel
surface mapping by Energy Dispersive X-ray Microfluorescence (FRX) (n=10) and Fourier
Transform Infrared Spectroscopy (FTIR) (n=10). For the physical analysis, Permeability
(n=12), Microhardness (n=12), Radiodensity (n=10) and Ultimate Tensile Strength (n=15)
tests were performed. Data distribution and homogeneity were analyzed. In the FRX and
FTIR data distribution was not normal and the Mann-Whitney non-parametric test was used
for statistical analysis. For the other tests, data distribution was normal and homogenous.
Thus, one-way analysis of variance (type of substrate) was used for the Permeability; two-
way analysis of variance (type of substrate and depth) was used for the Microtensile Bond
Strength test (p
22
Therefore, the enamel of deciduous teeth presented different physical properties compared
to the permanent teeth, despite the similarity in chemical properties analyzed.
KEY-WORDS: Enamel; Tooth, deciduous; Tooth, permanent; Chemical properties; Physical
properties
23
SUMRIO
1 INTRODUO...................................................................................................... 24
2 PROPOSIO....................................................................................................... 30
3 MATERIAL E MTODOS.......................................................................................... 32
3.1 ASPECTOS TICOS........................................................................................... 33
3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.......................................................................... 33
3.3 SELEO DOS DENTES...................................................................................... 34
3.4 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX)....................... 34
3.5 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER..................... 37
3.6 PERMEABILIDADE............................................................................................ 40
3.7 MICRODUREZA............................................................................................... 44
3.8 RADIODENSIDADE........................................................................................... 46
3.9 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)........................................... 49
3.10 ANLISE DOS DADOS..................................................................................... 52
4 RESULTADOS....................................................................................................... 53 4.1 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX)....................... 54
4.2 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER..................... 55
4.3 PERMEABILIDADE............................................................................................ 57
4.4 MICRODUREZA............................................................................................... 58
4.5 RADIODENSIDADE........................................................................................... 58
4.6 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)........................................... 59
5 DISCUSSO.........................................................................................................
60
5.1 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX) E
ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER.....................
61
5.2 PERMEABILIDADE............................................................................ 62
5.3 MICRODUREZA............................................................................... 64
5.4 RADIODENSIDADE........................................................................... 66
5.5 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)........................... 68
6 CONCLUSO........................................................................................................
71
REFERNCIAS.................................................................................................. 73 ANEXO........................................................................................................... 82
24
IINNTTRROODDUUOO
25
1 INTRODUO
Os tecidos dentrios e suas estruturas de suporte so formados como resultado da
interao entre o epitlio bucal e o ectomesnquima, durante a odontognese, tendo cada
tecido um processo especfico de formao. Assim, amelognese, dentinognese e
cementognese referem-se, respectivamente, formao do esmalte, da dentina e do
cemento, tecidos dentrios mineralizados (Ten Cate, 2001).
O esmalte que reveste a coroa dentria difere dos demais tecidos mineralizados por
ser de origem ectodrmica, desprovido de clulas e incapaz de reparar-se ou remodelar-se,
porm podem ocorrer interaes inicas com a cavidade bucal e mudanas em sua estrutura
cristalina. o mais duro dos tecidos mineralizados do corpo humano, apresentando 95% em
peso de contedo inorgnico, associado a 4% de gua e 1% de material orgnico. Sua
espessura varia conforme a regio considerada num mesmo dente, alm de variar
consideravelmente de um tipo de dente para o outro (Gwinnett, 1992; Ten Cate, 2001).
A poro mineral representada por fosfato de clcio cristalino e apatita, nas formas
hidroxi, carbonatada ou fluoretada (Gwinnett, 1992). A estrutura molecular do cristal de
hidroxiapatita do esmalte contm aproximadamente 2 a 3% de carbonato. Este
incorporado durante o desenvolvimento do tecido e afeta a estabilidade qumica e a
estrutura fsica do cristal, tornando-o mais ou menos suscetvel s perdas minerais (Sidney-
Zax et al., 1991; Reitznerova et al., 2000). Os elementos qumicos que compem a base do
esmalte so o clcio e o fosfato, mas variaes secundrias ocorrem na sua composio e
elementos qumicos como alumnio, brio, estrncio, magnsio, chumbo e vandio tambm
podem ser incorporados aos cristais, quando presentes durante a sua formao (Gwinnett,
1992).
Os cristais de hidroxiapatita esto distribudos em uma organizao prismtica
(Fejerskov et al., 1984; Eisenmann, 2001), sendo os prismas do esmalte compostos por
milhares de unidades submicroscpicas denominadas cristalitos. Os cristalitos esto dispostos
em um padro tridimensional no interior de cada prisma de esmalte. A inclinao mdia dos
cristalitos de aproximadamente 18 relativos ao longo eixo do prisma, podendo variar entre
0 e 70. Uma diferena marcante na angulao dos cristalitos observada no limite entre
prismas adjacentes. Esta caracterstica morfolgica confere um aumento localizado de
espao e material orgnico na regio perifrica dos prismas referida como bainha do prisma
(Gwinnett, 1966; He e Swain, 2009). Ao redor e entre os prismas encontra-se a regio de
esmalte interprismtico, rica em protena e fluido do esmalte (gua), resultante de
26
incoerente combinao de cristais de diferentes orientaes nesta rea, tornando esta regio
menos mineralizada. Embora a unio dos cristais seja firme e compacta em nvel
macroscpico, cada cristal separado de seu cristal adjacente por finos espaos
intercristalinos preenchidos com gua ou material orgnico.
A matriz orgnica consiste em uma famlia caracterstica de protenas do esmalte,
basicamente proteica de natureza no colgena, contendo alguns lipdios e carboidratos (Ten
Cate, 2001). As amelogeninas correspondem a 90% das protenas secretadas no esmalte,
so hidrfobas e ricas em prolina. Em menor porcentagem esto as fosfoprotenas
glicosiladas acdicas (enamelina e tufelina) e glicoprotenas sulfatadas (ameloblastina,
bainhalina e amelina). As metaloproteinases e serinaproteinases so algumas das protenas
enzimticas identificadas na matriz orgnica do esmalte, desempenhando papel importante
no processo de maturao do tecido, uma vez que estas participam do processo de
degradao das protenas, principalmente das amelogeninas, permitindo o crescimento dos
cristais. Embora o contedo orgnico corresponda a aproximadamente 1% em volume do
esmalte maduro, estas protenas circundam os cristais e influenciam o comportamento
qumico e fsico do tecido (Smith, 1998).
A gua encontrada em quantidade significantemente maior em relao aos
constituintes orgnicos (mais de 4% em volume). Aproximadamente 25% do volume de
gua est ligado aos cristalitos, provavelmente associado matriz orgnica, e funciona como
meio de hidratao, circundando os cristalitos que compem os prismas de esmalte
(Carlstrom et al., 1963).
Desta forma, a disposio estrutural (regies intercristalinas e interprismticas)
viabiliza o dinamismo do esmalte com o meio bucal, tornando-o uma estrutura
semipermevel (Poole et al., 1963), capaz de realizar trocas de gua e ons por meio uma
fina rede de vias de difuso de gua e ons, que so chamadas de microporos ou poros do
esmalte (Silverstone, 1970; Cevc et al., 1980). Durante a maturao do esmalte, ocorre a
formao de um arcabouo cristalino, constitudo de cristais com dimenses microscpicas,
que expandem gradualmente lateral e longitudinalmente, ocorrendo uma diminuio
gradativa dos espaos entre eles, tornando o esmalte mais denso e menos permevel. Alm
disso, embora o esmalte no apresente vitalidade e capacidade de neoformao, interaes
inicas e mudanas em sua estrutura cristalina (maturao ps-eruptiva) podem ocorrer
aps o irrompimento do dente na cavidade bucal (Eisenmann, 2001). O processo de
formao do esmalte do dente permanente lento, podendo levar de 4 a 5 anos para se
completar na coroa de molares, sendo que aproximadamente dois teros deste perodo
corresponde fase de maturao do tecido (Shellis, 1984a; Smith, 1998).
27
Os prismas do esmalte possuem comprimento mdio de 5 m, e esto dispostos
sequencialmente perpendicularmente, em sua maioria, desde a juno amelo-dentinria at
a superfcie externa da coroa dental (Gwinnett, 1992). O tipo de prisma ideal o em forma
de buraco de fechadura. O corte transversal do prisma tipo buraco de fechadura
apresenta uma cabea arredondada e uma cauda. A diferena entre a cabea e a cauda a
variedade na orientao dos cristais de hidroxiapatita e o eixo longitudinal do prisma. Na
cabea, os cristais so dispostos na grande maioria paralelamente ao longo eixo dos prismas.
Na cauda, esses cristais ocorrem em um ngulo de 80 a 90 com o longo eixo dos prismas.
Provavelmente, os cristais da cauda tocam a superfcie dos cristais da cabea dos prismas
adjacentes, fazendo com que os prismas fiquem mais firmemente unidos uns aos outros
(Habelitz et al., 2001).
O esmalte possui tambm uma regio aprismtica na superfcie do tecido, na qual os
cristais de hidroxiapatita encontram-se uniformemente arranjados, paralelos entre si, e
dispostos perpendicularmente superfcie, diferindo da regio prismtica, subjacente, onde
ocorrem variaes nas orientaes dos cristais (Fava et al., 1997).
Essa variao da orientao dos cristais de hidroxiapatita e dos prismas confere ao
tecido a caracterstica de anisotropia em relao distribuio das foras mastigatrias que
incidem sobre o esmalte, melhorando as propriedades fsicas desta estrutura. As fraturas que
normalmente ocorrem no esmalte dentrio so detidas quando chegam a regies onde os
grupos de prismas se cruzam (Habelitz et al., 2001; de Las Casas et al., 2003; Giannini et al,
2004).
Devido ao seu alto contedo mineral e caractersticas estruturais, o esmalte pode ser
considerado um slido microporoso composto por cristais firmemente unidos o que lhe d
uma aparncia semelhante ao vidro. A translucidez caracterstica do esmalte permite, de
acordo com a variao da sua espessura, que o dente apresente a cor da dentina (Gwinnett,
1992).
O esmalte possui um alto mdulo de elasticidade e baixa resistncia trao, o que o
caracteriza como um material frivel (Gwinnett, 1992; Carvalho et al., 2000; Ganinni et al.,
2004). Dessa maneira, trincas no esmalte so comumente encontradas clinicamente em
dentes ntegros, embora fraturas mais extensas ocorram com menor frequncia, pois o
substrato ntegro amparado pelas propriedades elsticas da dentina adjacente e pela alta
resistncia fratura da juno amelo-dentinria (Carvalho et al., 2000; Roy e Basu, 2008).
Em relao s denties (decdua e permanente), no h diferena na origem
embriolgica, mas as suas propriedades ainda no so bem conhecidas e os resultados das
28
pesquisas utilizando dentes permanentes so geralmente extrapolados para os dentes
decduos.
Todavia, a literatura especfica consultada tem relatado comportamentos diferentes
do esmalte de dentes decduos em comparao ao esmalte de dentes permanentes frente
aos desafios cidos, procedimentos restauradores e adesivos, bem como ao estresse
mecnico (Amaechi et al., 1999; Hunter et al., 2000; Johansson et al., 2001; Wang et al.,
2006; Marquezan et al., 2008).
Como exemplo, tem-se que leses de eroso progrediram 1,5 vezes mais
rapidamente no esmalte do dente decduo comparado ao dente permanente (Amaechi et al.,
1999). No entanto, outros trabalhos (Shimada et al., 2002; da Costa et al., 2008) descrevem
valores similares de resistncia adesiva ao esmalte de dentes decduos em relao aos
dentes permanentes. Ainda, resultados controversos foram observados nos comportamentos
de dentes decduos em relao aos novos materiais e tcnicas teraputicas e preventivas,
como a tecnologia do laser e o uso de sistemas adesivos autocondicionantes (Marquezan et
al., 2008; Swanson et al., 2008; Kornbli et al., 2009).
Mas, quais diferenas entre estes substratos seriam responsveis pelos resultados
encontrados na literatura?
Alguns autores (Mortimer, 1970; Sjun Clasen e Ruyter 1997; Low et al., 2008;
Oliveira et al., 2010) compararam a estrutura do esmalte de dentes decduos e de dentes
permanentes, e relataram que o padro de mineralizao (velocidade e quantidade) do
dente decduo cerca de 20% menor que o verificado para o dente permanente. Isto porque
o dente decduo apresenta ciclo biolgico reduzido. Em mdia, o perodo de formao e
mineralizao da coroa de um dente decduo de no mnimo seis meses (incisivo central) e
no mximo quatorze meses (segundo molar decduo), enquanto a mdia para o dente
permanente de 3 a 5 anos (Shellis et al., 1984a; Arajo et al., 1995). Alm disso, observa-
se menor densidade de prismas no esmalte do dente decduo em comparao ao
permanente (Oliveira et al., 2010). Low et al. (2006; 2008) observaram que os cristais de
hidroxiapatita so maiores e mais grosseiros no esmalte de dentes decduos (185 nm) em
relao ao dente permanente (94 nm) e apresentam maior quantidade de carbonato (Sjun
Clasen e Ruyter 1997), menor mineralizao e menor espessura (quase a metade da
espessura do esmalte de dentes permanentes) (Mortimer, 1970; Low et al., 2008; Oliveira et
al., 2010), o que conferiria uma menor resistncia cida a este tecido.
Somado a isso, autores (Fava et al., 1993; 1997) relataram a existncia da camada
aprismtica mais espessa e uniforme, e uma maior porosidade (Silverstone, 1970) no
esmalte do dente decduo, que seria responsvel por sua colorao branco-leitosa.
29
Diante do exposto, pode-se observar que a literatura apresenta resultados
controversos e de difcil comparao, pois no h padronizao da metodologia dos estudos
que avaliam a composio qumica, estrutura morfolgica e propriedades fsicas do esmalte
de dentes decduos, bem como sua comparao com os dentes permanentes.
Adicionalmente, os trabalhos so escassos e relativamente antigos.
A utilizao de metodologias e tcnicas mais especficas e apuradas para a anlise e
interpretao dos resultados de estudos envolvendo esmalte de dentes decduos e
permanentes se faz necessria e a comparao dos substratos em um mesmo trabalho
essencial para a padronizao do mtodo de anlise da pesquisa, permitindo uma anlise
mais efetiva.
Desta maneira, necessria a realizao de pesquisas para conhecer melhor as
caractersticas dos tecidos dentrios, para que sejam estabelecidos protocolos preventivos e
restauradores, bem como materiais e tcnicas especficos e efetivos para cada substrato.
30
PPRROOPP OOSSIIOO
31
2 PROPOSIO
O objetivo do presente estudo foi analisar comparativamente in vitro as propriedades
qumicas e fsicas do esmalte de dentes decduos e de dentes permanentes, por meio da
avaliao do contedo de clcio, fsforo, carbonato e gua, bem como da permeabilidade,
microdureza, radiodensidade e resistncia coesiva destes substratos.
32
MMAATTEERRIIAALL EE
MMTTOODDOOSS
33
3 MATERIAL E MTODOS
3.1 ASPECTOS TICOS
O presente estudo foi inicialmente submetido avaliao pelo Comit de tica em
Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo,
processo nmero 2010.1.542.58.1, recebendo parecer favorvel (Anexo A).
3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O fator em estudo foi o tipo de substrato em dois nveis: esmalte de dentes decduos
e esmalte de dentes permanentes.
A amostra do experimento foi constituda de 69 corpos de prova. As variveis de
resposta quantitativas foram:
- anlise da composio qumica por meio de:
Microfluorescncia de Raios-X por Energia Dispersiva (EDX)
(n=10)
Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR)
(n=10)
- anlise das propriedades fsicas por meio de:
Permeabilidade
(n=12)
Microdureza
(n=12)
Radiodensidade
(n=10)
Resistncia Coesiva (Ultimate Tensile Strength)
(n=15)
34
3.3 SELEO DOS DENTES
Foram selecionados incisivos e molares decduos hgidos, com mais de dois teros de
raiz e, incisivos e molares permanentes hgidos, irrompidos, armazenados por um perodo de
at seis meses aps a avulso. Estes dentes foram cedidos pelo Banco de Dentes da
Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto USP.
Os dentes foram limpos com curetas periodontais, polidos com pedra pomes e gua,
com o auxlio de uma escova de Robinson, montada em contra-ngulo, em baixa rotao.
Em seguida, foram examinados sob lupa estereoscpica, com aumento de 10 X (Carl Zeiss,
Jena, Alemanha), com o intuito de detectar alteraes de estrutura ou trincas que pudessem
comprometer os resultados do estudo.
3.4 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX)
Para este teste, incisivos decduos e permanentes (n=10) foram levados a um
equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S, Copenhagen, Dinamarca) dotado de
um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-SP, Brasil) refrigerado com gua, e
tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno amelo-cementria. As coroas foram
fixadas em matrizes de resina acrlica, de forma que as superfcies vestibulares ficassem
expostas. Os corpos de prova foram planificados, com lixas d'gua aplicadas em ordem
decrescente de abrasividade (#600 a #1200), em uma politriz (Politriz Universal Aropol 2 V:
Arotec, Cotia-SP, Brasil), sob refrigerao abundante, e em seguida, foram polidos com disco
de feltro embebido em pasta de alumina (Struers A/S, Copenhagen, Dinamarca) de
granulaes 0,3 m e 0,05 m. Os espcimes foram ento levados cuba ultrassnica
(Ultrasonic Clearner T-1449-D: Odontobrs Ind. e Com., Ribeiro Preto-SP, Brasil) durante 5
min para limpeza da superfcie.
As superfcies em esmalte foram submetidas anlise qumica por meio da
Microfluorescncia de Raios-X por Energia Dispersiva (EDX) em um equipamento da marca
Shimadzu modelo EDX-1300. A superfcie da amostra foi analisada longitudinalmente por
disperso de energia da radiao, proveniente de um tubo de Rh, posicionado a 90 e
35
acoplado a um sistema computadorizado. A amostra foi irradiada com feixe de raios-X de
raios de 50 m.
A anlise quantitativa dos componentes clcio (Ca) e fsforo (P) foi realizada por
varreduras em trs pontos da superfcie do espcime (com uma rea de 0,16 mm2 para cada
ponto), com um tempo de 10s por regio. A voltagem do tubo foi de 15 kV, com um ajuste
automtico da corrente e um feixe de 50 m de dimetro. Em todas as medidas a contagem
da radiao foi feita por um detector semicondutor de Si (Li) refrigerado por nitrognio
lquido.
Para as medidas do dente, foi utilizado, como referncia de calibrao, o reagente de
hidroxiapatita estequiomtrica sinttica (Sigma-Aldrich, St. Louis-MO, EUA), grau de pureza
99,99%. As condies analticas foram baseadas no mtodo dos parmetros fundamentais.
As variveis para o clculo da frmula qumica foram estabelecidas para os pesos relativos
de clcio (Ca) e fsforo (P), e o elemento oxignio (O) foi utilizado como balano qumico. O
elemento hidrognio (H) no foi considerado no balano total de massa, uma vez que a sua
massa equivalente a 0,1% do peso total da hidroxiapatita.
A proporo entre os elementos qumicos presentes nas amostras foi calculada pela
razo dos pesos relativos determinados por leitura direta no equipamento. O software do
equipamento fornece os dados a partir do clculo de converso da intensidade relativa das
energias de transio dos raios-X, caractersticos dos elementos, para os respectivos teores
em porcentagem de peso, no tempo de varredura determinado.
Aps a realizao do mapeamento em rea, os dados correspondentes a cada
amostra foram processados no software do sistema do EDX (PCMEDX Ver 1.04: Shimadzu
Corp., Japo) e, em seguida, os valores da concentrao em peso dos componentes clcio e
fsforo (mximo, mnimo) de cada mapeamento foram anotados e tabulados, sendo
utilizados para a anlise dos dados os valores mdios de Ca e P e a proporo Ca/P.
A metodologia deste experimento est representada na Figura 1.
36
FIG
UR
A 1
- F
luxogra
ma d
a m
eto
dolo
gia
da a
nlis
e M
icro
fluore
scnci
a d
e R
aio
s-X p
or
Energ
ia
D
ispers
iva (ED
X).
37
3.5 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)
Para esta anlise, 10 molares decduos e 10 molares permanentes foram levados a
um equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S, Copenhagen, Dinamarca), dotado
de um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-SP, Brasil) refrigerado com gua, e
tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno amelo-cementria. Posteriormente,
as coroas dentrias foram fixadas em uma base de acrlico (lmina de plexiglass) com auxlio
de cera para escultura (Kota Ind. e Com. Ltda, So Paulo-SP, Brasil), aquecida em gotejador
eltrico (Guelfi Equipamentos, Ribeiro Preto-SP, Brasil) e, por meio de um disco diamantado
adaptado em mquina de corte, sob refrigerao, foram realizados cortes no sentido ocluso-
cervical, na poro central dos molares, obtendo-se seces de 2 mm de espessura de cada
dente. A espessura foi controlada com o auxlio de um paqumetro universal com leitura
eletrnica (Digimatic Caliper: Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm.
Para a realizao desta anlise, as amostras foram obtidas cortando o esmalte para
se obter o p do tecido, com o auxilio de brocas esfricas de ao montadas em baixa
rotao, que foram trocadas a cada dois espcimes para garantir a eficcia do corte. Este
procedimento foi realizado utilizando uma lupa estereoscpica com aumento de 10 X (Carl
Zeiss, Jena, Alemanha). Obteve-se uma pequena quantidade de p o qual no foi mensurado
porque a medida experimental a ser realizada no espectrmetro de FTIR independe da
massa da amostra.
Aps a remoo do p de esmalte, este foi posicionado sobre uma janela de
diamante num acessrio de ATR (Atenuated Total Reflectence) com dimetro de 2 mm
(DuraScopeTM: Smiths Detection, Danbury-CT, EUA). Este acessrio acoplado ao
Espectrmetro no Infravermelho por Transformada de Fourier (Nicolet-380 FT-IR
Spectrometer: Nicolet, Vernon Hills-Il, EUA).
A medida experimental consistiu-se na aquisio do espectro de absorbncia na
regio entre 4000-400 cm-1 com resoluo de 0,5 cm-1 e 32 varreduras para aquisio de
cada espectro.
Aps a aquisio dos espectros de absorbncia, os mesmos foram importados e
analisados pelo programa Origin 8.0 (Microcal Origin 8.0: OriginLab, Northampton-MA,
EUA). Inicialmente, selecionou-se as bandas de absoro referente ao fosfato (1220-888
cm1), carbonato (1595-1300 cm-1) e gua (3720-2420 cm-1).
B
38
Aps a diviso, removeu-se o sinal de fundo dos espectros utilizando a ferramenta
substract straight line do programa Origin 8.0. Realizando este procedimento para todos os
espcimes e para as trs regies, cada espectro foi normalizado pela rea da banda de
fosfato. Aps a normalizao, fez-se a mdia da rea do carbonato e gua dos 10 espcimes
de cada grupo experimental.
A metodologia do experimento est representada na Figura 2.
39
FIG
UR
A 2
- F
luxogra
ma d
a m
eto
dolo
gia
da a
nlis
e d
a E
spect
rosc
opia
no I
nfr
averm
elh
o p
or
Tra
nsf
orm
ada d
e F
ourier.
40
3.6 PERMEABILIDADE
Para a anlise da permeabilidade, 12 incisivos decduos e 12 incisivos permanentes
foram levados a um equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S, Copenhagen,
Dinamarca), dotado de um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-SP, Brasil)
refrigerado com gua, e tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno amelo-
cementria. Nas regies cervicais de cada dente, reas correspondentes s cmaras
pulpares, foi realizado um selamento com resina composta Z250 (3M ESPE, St Paul-MN,
EUA), em pores incrementais, fotoativadas durante 20 s cada. Previamente, estas reas
foram condicionadas com cido fosfrico a 37%, durante 30 s, lavadas e secas com jatos de
ar/gua e em seguida, foi aplicado sistema adesivo Single Bond (3M ESPE, St Paul, MN,
USA), em duas camadas consecutivas e fotoativado durante 20 s. Na poro mais central e
plana da superfcie vestibular do esmalte da coroa foi colocada uma fita adesiva (Scotch,
3M/ESPE do Brasil Ltda., So Paulo-SP, Brasil) quadrangular, de 4 mm2 de rea (2x2 mm),
com a finalidade de delimitar a rea que foi exposta s solues. Em seguida, os espcimes
foram impermeabilizados com cera pegajosa e esmalte cosmtico (Colorama Maybelline
Cosbra Cosmticos Ltda., So Paulo-SP, Brasil), em duas camadas, e aps a completa
secagem, a fita adesiva foi removida para que ficasse exposta somente a rea em esmalte
previamente delimitada.
Os espcimes, impermeabilizados, foram imersos em um recipiente contento 10 mL
de soluo de sulfato de cobre 10% (Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha) por 7 dias, sendo
que nos primeiros 5 min a imerso foi realizada sob vcuo. Em seguida, os espcimes foram
secos com papel absorvente e imersos em 10 mL de soluo alcolica de cido rubinico 1%
(Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha), por 7 dias, sendo que nos primeiros 5 min a imerso
foi realizada sob vcuo. O cido rubinico revela os ons cobre formando um composto com
colorao que varia do azul escuro ao preto, dependendo da quantidade de ons presente. A
profundidade da infiltrao destes ons quantifica a permeabilidade do substrato. Aps a
colorao, os espcimes foram lavados em gua destilada, durante 15 s, secos e mantidos
em um recipiente vedado, com algodo embebido em amnia por um perodo de 7 dias, em
estufa a 37 oC (Pcora et al., 1991) para evidenciao do cobre.
Aps o armazenamento em amnia, os espcimes foram lavados, secos e includos
em blocos de resina de polister (Milflex Indstria Qumica Ltda., So Bernardo do Campo-
SP, Brasil) e, em seguida, foram seccionados em uma mquina de corte (Minitom: Struers
A/S, Copenhagen, Dinamarca) montada com um disco diamantado (Struers A/S,
41
Copenhagen, Dinamarca) para obteno de seces transversais com espessura mdia de
300 m. As seces foram lixadas e polidas manualmente utilizando-se lixas d'gua de
granulao #600 e #1200, com a finalidade de obter uma espessura variando de 150 a 180
m. A espessura foi controlada com o auxlio de um paqumetro universal com leitura
eletrnica (Digimatic Caliper: Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm. Em
seguida, os espcimes foram levados a uma cuba ultrassnica (Ultrasonic Clearner T-1449-D:
Odontobrs Ind. e Com., Ribeiro Preto-SP, Brasil) durante 5 min e lavados abundantemente
em gua destilada. Foram ento, observados em microscpio de luz (Carl Zeiss, Jena,
Alemanha) e suas imagens analisadas utilizando-se o software AxioVision (Carl Zeiss, Jena,
Alemanha), conectado a uma cmara digital (AxioCam MRc: Carl Zeiss, Jena, Alemanha). A
metodologia do experimento est representada na Figura 3.
Para cada dente, foi realizada uma mdia dos valores obtidos em trs seces. Estas
medidas foram feitas por meio da mensurao da rea de penetrao dos ons cobre ao
longo da rea total de esmalte exposto (Figura 4):
Permeabilidade (%) = medida da rea da penetrao do on x 100
rea total do esmalte analisado
42
FIG
UR
A 3
- F
luxogra
ma d
a m
eto
dolo
gia
da a
nlis
e d
e P
erm
eabili
dade.
Ed Ed
Ep
43
FIGURA 4 Forma de anlise da permeabilidade por meio do percentual da razo
da penetrao do traador com a rea total do esmalte: Ed - Esmalte de dente decduo
Ep - Esmalte de dente permanente
Ed
Ep
44
3.7 MICRODUREZA
Para o teste de microdureza foram utilizados 12 incisivos decduos e 12 incisivos
permanentes, que foram levados a um equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S,
Copenhagen, Dinamarca), dotado de um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-
SP, Brasil) refrigerado com gua, e tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno
amelo-cementria. Posteriormente, os espcimes foram ento levados ao ultrassom
(Ultrasonic Clearner T-1449-D: Odontobrs Ind. e Com., Ribeiro Preto-SP, Brasil) durante
5min e lavados abundantemente em gua destilada.
Os dentes foram acomodados com cera utilidade em uma lmina de vidro e com o
auxlio de um paralelmetro (ElQuip, So Carlos-SP, Brasil) a regio mais plana da superfcie
vestibular foi nivelada base da lmina de vidro. Foram ento fixadas com cera para
escultura (Kota Ind. e Com. Ltda, So Paulo-SP, Brasil), aquecida em gotejador eltrico
(Guelfi Equipamentos, Ribeiro Preto-SP, Brasil), para melhor estabilizao durante o teste.
A microdureza do esmalte foi avaliada utilizando-se um microdurmetro (HMV-2000/
Shimadzu Corporation, Kyoto, Japan), com um penetrador diamantado piramidal tipo Knoop,
com carga esttica de 25 gf, aplicada durante 20 s, de maneira que a ponta do penetrador
permanecesse paralela superfcie do esmalte.
Foram feitas cinco endentaes, distribudas aleatoriamente, com distncia mnima de
pelo menos 100 m entre elas. Foi obtido o valor mdio da microdureza de cada dente. A
metodologia deste experimento est representada na Figura 5.
Para medir as endentaes realizadas, duas marcas que aparecem no visor do
microdurmetro foram sobrepostas aos vrtices agudos do losango correspondente
endentao, determinando o comprimento da maior diagonal e, conseqentemente, o valor
de dureza Knoop foi calculado automaticamente pelo software do equipamento, por meio da
equao:
KHN = C.c
D2
KHN = valor de dureza Knoop
C (constante) = 14,230
c = 25 gramas
D = comprimento da maior diagonal da endentao
Comprimento da maior diagonal
B
45
FIG
UR
A 5
- F
luxogra
ma d
a m
eto
dolo
gia
da a
nlis
e d
e M
icro
dure
za.
46
3.8 RADIODENSIDADE
A avaliao da radiodensidade foi realizada em 10 molares decduos e 10 molares
permanentes, que foram levados a um equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S,
Copenhagen, Dinamarca), dotado de um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-
SP, Brasil) refrigerado com gua, e tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno
amelo-cementria. Posteriormente, as coroas dentrias foram fixadas em uma base de
acrlico (lmina de plexiglass) com auxlio de cera para escultura (Kota Ind. e Com. Ltda, So
Paulo-SP, Brasil), aquecida em gotejador eltrico (Guelfi Equipamentos, Ribeiro Preto-SP,
Brasil) e, por meio de um disco diamantado adaptado em mquina de corte, sob
refrigerao, foram realizados cortes no sentido ocluso-cervical, na poro central dos
molares, obtendo-se seces de 2 mm de espessura de cada dente. A espessura foi
controlada com o auxlio de um paqumetro universal com leitura eletrnica (Digimatic
Caliper: Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm.
Os espcimes foram posicionados sobre um filme oclusal juntamente com uma escala
de alumnio (penetrmetro), medindo 10 x 32 mm, e escalonada em oito degraus, com
espessuras incrementais de 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16 mm, de acordo com o protocolo
sugerido por Manson-Hing e Bloxom (1985). Esta escala tem a finalidade de simular, pelas
nuances de tonalidades produzidas aps a exposio e o processamento das radiografias, as
densidades das estruturas da cavidade bucal em relao aos tecidos mineralizados e moles,
para a anlise laboratorial da qualidade da imagem radiogrfica e constatar a
homogeneidade dos procedimentos alm de detectar as possveis variaes das tcnicas e
processamentos radiogrficos.
Foi realizada uma padronizao da posio dos espcimes e da escala de alumnio
sobre a pelcula radiogrfica. A escala foi colocada no centro da pelcula e cinco espcimes
foram posicionados acima e cinco posicionados abaixo desta, de maneira a padronizar que a
superfcie mesial de cada espcime estivesse sempre voltada para a escala. Foram utilizados
filmes oclusais (Insight-Kodak: Carestream Health Inc., Rochester-NY, EUA) do grupo de
sensibilidade E. Estes filmes foram mantidos sob refrigerao, conforme recomendao do
fabricante, e retirados da mesma com antecedncia suficiente para adquirirem a temperatura
ambiente antes de sua exposio radiao. Para a tomada radiogrfica foi utilizado um
aparelho de Raios X (Siemens Heliodent 60B, So Paulo-SP, Brasil) com cilindro localizador
com abertura central de 11 mm de dimetro, com 60 Kvp, 10 mA, com o tempo de
exposio de 0,10 s.
B
Figura Y - Fluxograma da metodologia da anlise de microdureza.
47
O cilindro localizador foi posicionado perpendicularmente aos objetos a serem
radiografados de modo que a distncia foco-filme fosse de 20 cm, permitindo assim, que o
feixe de radiao incidisse perpendicularmente aos objetos radiografados e ao filme
radiogrfico. Aps a realizao das tomadas radiogrficas, os filmes foram submetidos ao
processamento automtico de revelao (A/T 2000 XR: Air Techniques Inc., Melville-NY,
EUA), seguindo as recomendaes do fabricante, em relao ao mtodo de processamento
tempo/temperatura.
Aps a sensibilizao e processamento das pelculas, foram realizadas leituras das
densidades pticas por meio de um fotodensitmetro (Gafchromic, Victoreen-Moedling,
Austria) com feixe de luz colimado para 1 mm de dimetro. A leitura do fotodensitmetro
varia de 0,00 (passagem total do feixe de luz) a 4,36 (bloqueio total do feixe de luz). Trs
examinadores calibrados realizaram anlise cega das imagens dos espcimes e da escala de
alumnio, individualmente e em diferentes dias. Os valores obtidos foram anotados em
tabelas.
Inicialmente, foram realizadas duas medidas referentes a cada degrau da escala de
alumnio, para em seguida serem feitas as leituras da densidade ptica de cada espcime.
Foi obtida uma medida da regio mesial, uma da regio central e uma da regio distal,
obtendo-se os valores de densidade ptica de cada dente pela mdia das trs regies
analisadas. A metodologia deste experimento est representada na Figura 6.
48
FIG
UR
A 6
- F
luxogra
ma d
a m
eto
dolo
gia
da a
nlis
e d
e R
adio
densi
dade.
49
3.9 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)
A anlise da resistncia coesiva do esmalte foi realizada por meio do teste de
microtrao. Foram selecionados 15 molares decduos e 15 molares permanentes. A poro
radicular, foi removida 3 mm abaixo da juno amelo-cementria com um disco diamantado
(#7015: KG Sorensen, Barueri-SP, Brasil) montado em uma mquina de corte (Minitrom:
Struers A/S, Copenhagen, Dinamarca).
As superfcies oclusais foram condicionadas com cido fosfrico a 37%, durante 30 s,
lavadas e secas com jatos de ar/gua e em seguida, foi aplicado o sistema adesivo Single
Bond (3M ESPE, St Paul-MN, EUA), em duas camadas consecutivas e fotoativadas durante 20
s. Foram ento, confeccionados "plats" de resina compostas Z250 (3M ESPE, St. Paul-MN,
EUA), em pores incrementais, fotoativadas durante 20 s cada, com a finalidade de
aumentar a poro coronria para facilitar a confeco das seces. Considerando o
tamanho reduzido dos molares decduos, estes "plats" de resina foram confeccionados na
poro oclusal e na regio correspondente cmara pulpar destes dentes.
Os dentes foram fixados em uma base de acrlico (lmina de plexiglass) com auxlio
de cera para escultura (Kota Ind. e Com. Ltda, So Paulo-SP, Brasil), aquecida em gotejador
eltrico (Guelfi Equipamentos, Ribeiro Preto-SP, Brasil) e, por meio de um disco diamantado
adaptado em mquina de corte, sob refrigerao, foram realizados cortes no sentido ocluso
cervical, obtendo-se seces de aproximadamente 1 mm de espessura. A espessura foi
controlada com o auxlio de um paqumetro universal com leitura eletrnica (Digimatic
Caliper, Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm.
Para cada dente, foram selecionadas seces em que apresentavam o esmalte com
espessura mnima de 0,5 mm em todas as faces do espcime, em mdia obteve 2 seces
por dente, que foram distribudas aleatoriamente em subgrupos, de acordo com a direo
dos prismas de esmalte:
Esmalte tracionado paralelamente a orientao prismtica
Esmalte tracionado perpendicularmente a orientao prismtica
Separadas as seces para cada subgrupo, foram confeccionados desgastes com o
auxlio de uma ponta diamantada de granulao fina (3195 FF: KG Sorensen, Cotia-SP,
Brasil) montada em alta rotao, sob refrigerao, de maneira a obter reas de
aproximadamente 1 mm2. Estas pontas foram trocadas a cada dois espcimes, para garantir
a eficcia do desgaste sem gerar o estresse no tecido.
B
50
Os espcimes, selecionados para o ensaio de microtrao, tiveram suas reas
medidas e conferidas, utilizando-se um paqumetro universal com leitura eletrnica
(Digimatic Caliper: Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm, sendo
descartados aqueles que tivessem a rea 1,2 mm2. Em seguida, as seces foram
fixadas individualmente pelas suas extremidades ao dispositivo para a realizao do ensaio
de microtrao, com o auxlio de adesivo instantneo a base de cianoacrilato (Superbonder:
Gel-Henkel Loctite Adesivos LTDA, So Paulo-SP, Brasil), associado ao monmero da resina
acrlica para acelerao da secagem, posicionando-se o espcime paralelamente ao longo
eixo da fora de microtrao. O ensaio foi realizado em uma Mquina de Ensaio Universal
(Modelo MEM 2000: EMIC Ltda., So Jos dos Pinhais-PR, Brasil), previamente ajustada para
foras de microtrao, com uma clula de carga de capacidade de 50 Kgf, a uma velocidade
de 1 mm/min. No momento da fratura, o movimento foi imediatamente cessado e os dados
foram coletados para clculos posteriores. Os valores finais de resistncia coesiva foram
calculados, dividindo-se os valores de carga de ruptura, em Newton (N), pelas seces
transversais dos espcimes, em mm2, sendo expressos em MPa. Foram desprezados os
espcimes que no romperam no esmalte e aqueles que se soltaram durante o teste. A
metodologia deste experimento est representada na Figura 7.
51
FIG
UR
A 7
- F
luxogra
ma d
a m
eto
dolo
gia
da a
nlis
e d
a R
esi
stnci
a C
oesi
va.
52
3.10 ANLISE DOS DADOS
Para o Mapeamento de Superfcie por Microfluorescncia de Raios-X por Energia
Dispersiva foram avaliados os valores mdios, de porcentagem (%), de clcio (Ca) e fsforo
(P), bem como a proporo da porcentagem em peso de Ca/P.
Para a Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier, foram
analisadas as quantidades de CO32 e gua, expressas em unidades arbitrrias (u.a.).
Para a anlise da Permeabilidade, foi realizada mensurao da rea de penetrao
dos ons cobre ao longo da rea total de esmalte, obtendo-se valores de permeabilidade
relativa do esmalte em porcentagem (% P).
Para a anlise da Microdureza, avaliou-se a microdureza Knoop do esmalte de dentes
decduos e permanentes, em KHN. Para a anlise da Radiodensidade comparou-se a
densidade ptica dos substratos.
Para a anlise da Microtrao analisou-se a Resistncia Coesiva (Ultimate Tensile
Strength), de acordo com a direo da fora aplicada: perpendicular e paralela direo dos
prismas, em valores expressos em MPa.
Inicialmente, os dados foram analisados quanto a sua distribuio e homogeneidade.
Nos resultados obtidos no teste de EDX e FTIR, a distribuio no foi normal, portanto
empregou-se o teste no paramtrico de Mann-Whitney. Para os demais, a distribuio
apresentou-se normal e homognea. Assim, os dados obtidos na anlise de Permeabilidade
foram submetidos Anlise de Varincia a um critrio: tipo de substrato e na anlise de
Microtrao os dados foram submetidos Anlise de Varincia a dois critrios: tipo de
substrato e direo dos prismas. Para os dados de Radiodensidade e Microdureza foi
utilizado o teste t de Student para comparao entre as mdias.
B
53
RREESSUULLTTAADDOOSS
54
4 RESULTADOS
4.1 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX)
Na anlise qumica observou-se no haver diferena estatisticamente significativa na
porcentagem em peso de ons clcio (Ca), fsforo (P) e na relao Ca/P entre o esmalte de
dentes permanentes e o de dentes decduos (p>0,05). Os valores mdios e os desvios-
padro obtidos para cada substrato esto apresentados na Tabela 1 e as imagens obtidas e
analisadas pelo equipamento esto apresentadas na Figura 8 (A e B).
TABELA 1 - Mdias (%) e desvios-padro de clcio (Ca) e fsforo (P) e proporo Ca/P, em peso (%)
Tipo de Substrato Ca P Ca/P
Dentes Decduos 37,32 (5,7) a 19,55 (2,6) a 1,81 (0,2) a
Dentes Permanentes 38,32 (0,6) a 20,76 (0,1) a 1,84 (0,02) a
Letras e smbolos iguais indicam similaridade estatisticamente significante nas colunas (p>0,05).
FIGURA 8A Amostra do esmalte de dente decduo analisado, demonstrando os valores (mximo e mnimo) da concentrao em peso (%) dos ons
Clcio (Ca) e Fsforo (P).
FIGURA 8B Amostra do esmalte de dente permanente analisado, demonstrando
os valores (mximo e mnimo) da concentrao em peso (%) dos ons Clcio (Ca) e Fsforo (P).
55
4.2 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)
Na anlise dos dados obtidos, no foram observadas diferenas significativas para os
valores de mdios das bandas de CO32 (carbonato) e gua entre o esmalte de dentes
decduos e permanentes (p>0,05). Os valores mdios (obtidos em unidades arbitrrias) e os
desvios-padro das reas dos espectros do esmalte de dentes decduos e permanentes esto
descritos na Tabela 2 e nas Figuras 9 e 10.
TABELA 2 - Valores mdios (u.a.) e desvios-padro de carbonato e gua presente nos substratos analisados
Tipo de Substrato CO32 gua
Dentes Decduos 0,078 (0,013)a 0,112 (0,019)A
Dentes Permanentes 0,090 (0,013)a 0,121 (0,024)A
Letras e smbolos iguais indicam similaridade estatisticamente significante nas colunas (p>0,05).
56
Agua Decduo Agua Permanente Carbonato Decduo Carbonato permanente
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
re
as n
orm
aliz
ad
as (
u.a
.)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
4000 3500 3000 2500 2000 1500
0.00
0.05
Abs
orb
ncia
(u.
a.)
Nmero de onda (cm-1)
Esmalte decduo
Esmalte permanente
FIGURA 9 - Valores mdios (u.a.) e desvios-padro dos dados obtidos na anlise de
Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier.
FIGURA 10 - Relao entre as mdias dos espectros do esmalte de dentes decduos
(linha preta) e dentes permanentes (linha vermelha).
57
4.3 Permeabilidade
Na permeabilidade pode-se observar diferena estatisticamente significante entre o
esmalte de dentes decduos e permanentes (p
58
4.4 MICRODUREZA
Na anlise dos dados de Microdureza Knoop observou-se haver diferena
estatisticamente significante entre o esmalte de dentes decduos e permanentes (p
59
4.6 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)
Na anlise dos dados, observou-se que houve diferena estatisticamente significante
(p
60
DDIISSCCUUSSSSOO
61
5 DISCUSSO
5.1 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX) E
ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)
As tcnicas de EDX e FTIR constituem ferramentas teis que permitem,
respectivamente, uma anlise qualitativa e quantitativa dos elementos presentes na amostra
e a determinao da composio qumica molecular dos substratos.
A determinao da composio qumica dos tecidos dentrios importante, visto que
a qualidade do substrato influenciar a determinao dos protocolos restauradores e
preventivos adequados. Na presente investigao o esmalte de dente decduo apresentou
composio qumica similar em comparao ao esmalte de dente permanente.
Em relao ao contedo de clcio e fsforo o presente estudo apresentou resultados
similares a outros trabalhos (Naujoks et al., 1967; Lakoma e Rytomaa, 1977), que no
observaram diferenas entre esmalte de dentes decduos e permanentes. Os valores mdios
observados para o clcio e o fsforo, no esmalte de dentes permanentes foram semelhantes
aos observados por Derise et al. (1974). Com relao ao dente decduo Le Geros et al.
(1985) relataram uma porcentagem de 1,61 da relao Ca/P, valor inferior ao observado no
presente estudo (1,81).
Ao contrrio dos achados deste estudo, Sjun Clasen e Ruyter (1997) observaram
maior contedo de carbonato no esmalte de dentes decduos. Outros autores (Tagliafero et
al., 2009; de SantAnna et al., 2009) tambm relataram valores superiores na quantidade de
carbonato do esmalte de dentes decduos, quando analisados utilizando espectroscopia
Raman por transformada de Fourier.
Podem-se explicar estas diferenas em funo da metodologia empregada, da
procedncia regional e tnica dos dentes estudados, do grupo de dentes analisados ou
mesmo ao tempo de permanncia do dente decduo na cavidade bucal, pois todos esses
fatores podem afetar a composio qumica das estruturas dentais. Alguns autores relatam
que o contedo de clcio pode aumentar (Derise et al., 1974) e que a solubilidade e o
contedo de carbonato no esmalte podem diminuir com o aumento da idade dental
(Brudevold, 1948; 1960; Sidney-Zax et al., 1991).
62
O esmalte composto basicamente por mineral (95%), tendo a apatita como
principal componente, esta um fosfato de clcio que possui estrutura hexagonal formada
por um stio tetradrico (PO4-3) que est ligado ao clcio em dois stios estruturais diferentes.
Ela formada por um padro definido de arranjo inico que permite considervel variao
na sua constituio por meio da substituio, troca e adsoro de ons. As variantes mais
freqentes de apatita so: hidroxiapatita [Ca10(PO4)6OH2] e fluorapatita [Ca10(PO4)6F2] (Ten
Cate, 2001).
Tais substituies podem acontecer de forma rpida ou lenta, dependendo de fatores
como desgaste, difuso de ons, oxidao, decomposio e precipitao. Essas substituies
podem alterar a cristalinidade, as dimenses dos cristais, a textura superficial, a estabilidade
e a solubilidade da estrutura da hidroxiapatita. O clcio pode ser substitudo pelo magnsio e
pelo sdio; fluoretos e cloretos podem ocupar a posio da hidroxila; o carbonato pode
ocupar tanto a posio da hidroxila (tipo A) quanto do fosfato (tipo B). Alm disso, embora a
estrutura da hidroxiapatita seja preservada, as alteraes qumicas e estruturais que
acompanham tais substituies podem afetar as propriedades fsicas e qumicas do esmalte
(Reitznerova et al., 2000, Leventouri et al., 2009). Portanto, a avaliao de outros ons e
molculas, bem como do contedo inorgnico, por meio de tcnicas mais especficas se faz
necessria para uma efetiva comparao entre estes substratos
5.2 PERMEABILIDADE
A metodologia histoqumica empregada na anlise da Permeabilidade foi
originalmente descrita para o tecido dentinrio (Pcora et al., 1991). Porm, estudos prvios
realizaram a adaptao da metodologia para avaliao da permeabilidade em esmalte
(Schiavoni et al., 2006; Turssi et al., 2006) e, posteriormente, para a anlise em esmalte de
dentes decduos (Azevedo, 2011).
A anlise da permeabilidade constitui-se um mtodo eficaz para a avaliao de
procedimentos preventivos e das alteraes dos tecidos dentrios frente aos procedimentos
restauradores (Turssi et al., 2006; Chersoni et al., 2011).
A maioria dos estudos realizada somente em dentes permanentes, ou somente em
dentes decduos. Entretanto, dentes decduos e permanentes possuem caractersticas
63
prprias que podem influenciar na permeabilidade dos tecidos, e devem ser comparados
utilizando os mesmos mtodos, como no presente estudo.
No presente trabalho observou-se que o esmalte de dentes decduos mostrou-se mais
permevel em comparao ao esmalte de dentes permanentes. Resultados semelhantes
foram relatados por Linden et al. (1986), os quais observaram que o coeficiente de difuso
mdio do EDTA (cido etilenodiaminotetractico) e da clorexidina foi cerca de 30 vezes
enquanto o de flor foi 150 vezes maior no esmalte de dente decduo comparativamente ao
de dente permanente. Possivelmente, a maior densidade e menor dimetro dos prismas
(Oliveira et al., 2010) e maior rea de esmalte interprismtico e densidade das junes entre
os prismas no esmalte de dentes decduos (Shellis, 1984a) explicariam estes resultados.
Adicionalmente, a menor organizao dos cristais de hidroxiapatita (Cevc et al., 1980)
no esmalte do dente decduo resultariam em um tecido com maior porosidade e
permeabilidade (Mortimer, 1970). Fato este verificado por Silverstone (1970), que relatou
uma porcentagem de poros no esmalte do dente decduo variando de 1-5% nas regies mais
internas do tecido, em comparao a porcentagem de 0,1 a 0,2% observada nos dentes
permanentes.
O contedo orgnico no esmalte est presente em concentraes muito baixas (1%),
sob a forma de pequenos peptdeos e aminocidos distribudos pelo tecido como
remanescentes da matriz orgnica sintetizada na fase de desenvolvimento do substrato,
provavelmente ligados aos cristais de hidroxiapatita. Na regio interprismtica existe menor
densidade de cristais e, portanto, maior contedo orgnico. Esta fase protica associada
presena da gua (4%) permite a difuso de substncias, conferindo a propriedade de
permeabilidade deste substrato (Brik et al., 2000).
Desta forma, sabendo-se que na presente pesquisa no se observou diferena na
composio qumica entre os substratos, pode-se relacionar a maior permeabilidade a uma
maior rea de regies interprismtica e intercristalina no esmalte de dentes decduos.
Aliando-se a estes dados, o fato da espessura do esmalte do dente decduo ser a
metade da espessura do dente permanente (Mortimer, 1970; Oliveira et al., 2010), a maior
permeabilidade do esmalte do dente decduo comparativamente a do dente permanente
seria mais preocupante. Isto porque a espessura do tecido um dos fatores importantes
contra injrias patolgicas e iatrognicas, pois esta age como uma barreira contra agresses
do meio bucal.
64
Estes resultados poderiam explicar a maior suscetibilidade do esmalte do dente
decduo frente aos desafios cidos observada na literatura. Mejre e Stenlund (2000)
relataram que a incidncia de leses cariosas no esmalte de dentes permanentes foi de 4,6
leses/100 superfcies dentrias ao ano em comparao taxa de 11,3 leses para o esmalte
de dentes decduos, concordando com os dados de outros estudos (Featherstone e Mellberg,
1981; Shellis, 1984b).
Logo, a maior permeabilidade do esmalte do dente decduo indica a necessidade de
protocolos preventivos e restauradores especficos para este substrato.
5.3 MICRODUREZA
A microdureza definida com a mensurao da resistncia deformao permanente
de uma superfcie quando uma carga aplicada por um endentador (ao, tungstnio ou
diamante). A medida da dureza se d pela relao entre unidade de fora pela unidade de
rea deformada. A Microdureza Knoop, aplicada neste estudo, tem sido amplamente utilizada
nos substratos dentrios, pois sua endentao permite medidas mais precisas mesmo em
reas onde as marcas so rasas, devido ao fato de sua ponta de penetrao possuir uma
diagonal longa (Kinney et al., 2003). Ainda, esta pode estar relacionada com outras
propriedades mecnicas como resistncia fratura, mdulo de elasticidade e fora de
adeso (Cuy et al., 2002; Kinney et al., 2003).
Na presente investigao os valores de microdureza Knoop foram maiores no esmalte
de dentes permanentes comparativamente aos dentes decduos, concordando com os
resultados de outros estudos (Lussi et al., 2000; Correr et al., 2007; Low et al., 2008). Ainda,
estes valores so semelhantes aos encontrados na literatura para o esmalte de dentes
decduos e permanentes, quando analisados isoladamente (Argenta et al., 2003; Torres et
al., 2010).
O contedo mineral do esmalte pode afetar os valores de dureza (Cuy et al., 2002;
Braly et al., 2007; Jeng et al., 2011), entretanto pequenas alteraes nos contedos mineral
e orgnico do esmalte no foram correlacionadas com os achados de dureza (Kodaka et al.
1992). Variaes nas propriedades mecnicas podem ser atribudas a outros fatores, como
diferenas na cristalografia (densidade e orientao dos cristais) (Habelitz et al., 2001; He at
al., 2010).
65
Neste contexto, autores observaram que o esmalte dos dentes decduos apresentam
maior nmero e menor dimetro dos prismas em relao aos permanentes (Oliveira et al.,
2010), alm de observaram uma menor organizao dos cristais de hidroxiapatita (Cevc et
al. 1980), caractersticas que poderiam afetar negativamente a dureza do esmalte de dente
decduo. Low et al. (2006; 2008) correlacionaram os menores valores de dureza observados
no esmalte de dentes decduos em comparao a dentes permanentes presena de cristais
mais grosseiros nos dentes decduos e afirmaram que as propriedades mecnicas dos tecidos
dentrios estariam relacionadas no somente s diferenas estruturais, mas tambm
umidade presente no substrato. Zheng e Zhou (2005) demonstraram que dentes
permanentes tiveram maior resistncia ao desgaste que dentes decduos e atriburam os
achados, em parte, maior dureza e ao alinhamento mais perpendicular dos prismas na
superfcie oclusal do esmalte.
Alguns autores (Roy e Basu, 2008; He e Swain, 2009) atriburam a diminuio das
propriedades mecnicas (mdulo de elasticidade e dureza) do esmalte da superfcie juno
amelo-dentinria s caractersticas microestruturais locais no tecido como a orientao dos
prismas e organizao dos cristais. Habelitz et al. (2001) confirmaram este fato ao reportar
que os valores do mdulo de elasticidade e a dureza so menores na cauda dos prismas em
relao cabea, devido a diferenas na orientao dos cristais de hidroxiapatita.
O padro de orientao dos prismas de esmalte pode ser atribudo ao vetor de
movimento dos ameloblastos durante a sntese da matriz proteica, que tambm pode
influenciar a orientao dos cristais do esmalte (Smith, 1998).
Desta forma, considerando que os dentes decduos apresentam maior velocidade de
formao e mineralizao e menor ciclo de vitalidade nos tecidos (Shellis, 1984a, Arajo et
al., 1995), mesmo que o esmalte do dente decduo tenha apresentado valores da
composio qumica similares ao dente permanente, os resultados em relao microdureza
Knoop poderiam ser explicados por uma possvel diferena no arranjo microestrutural destes
substratos.
As propriedades mecnicas do esmalte de dente decduo comparativamente ao dente
permanente so pouco estudadas. A determinao e comparao destas propriedades sob as
mesmas condies de preparo e teste importante, visto que o conhecimento destas
caractersticas esclareceria o comportamento destes substratos sob condies clnicas.
66
5.4 RADIODENSIDADE
Um dos objetivos principais da Odontologia a promoo e manuteno da sade
bucal. Para tal finalidade, o correto diagnstico da doena crie e o controle preciso da
utilizao dos materiais capeadores, forradores e restauradores se tornam mandatrios.
Neste sentido, um importante mtodo auxiliar a utilizao da imagem radiogrfica. Os
materiais odontolgicos deveriam apresentar-se radiograficamente com tonalidades das
nuances que permitissem diferenci-los das estruturas anatmicas adjacentes e de leses de
crie (Espelid et al., 1991; Hara et al., 2001).
A radiopacidade uma propriedade importante dos materiais odontolgicos e tecidos
biolgicos mineralizados e pode ser definida como o inverso da densidade ptica da imagem
radiogrfica. A densidade radiogrfica pode ser descrita como o grau de enegrecimento da
radiografia concluda. Quanto maior o grau de escurecimento, maior a densidade e menor a
quantidade de luz que atravessar a radiografia quando colocada na frente de um
negatoscpio ou de um foco de luz (Souza et al., 2010).
A densidade ptica o logartimo da razo da intensidade de luz incidente pela
intensidade de luz transmitida por meio do filme radiogrfico. Esta no depende somente da
metodologia usada como tipo de filme, parmetros de exposio e processamento
radiogrficos, mas tambm, das propriedades de absoro de radiao do prprio substrato
(Watts e McCabe, 1999).
Desta maneira, no presente estudo objetivou-se padronizar as outras variveis que
poderiam interferir na densidade ptica. Assim, as diferenas existentes seriam resultantes
apenas das caractersticas qumicas e microestruturais de cada tecido avaliado.
A radiodensidade de uma imagem radiogrfica ser influenciada pela composio
atmica e molecular do tecido e dos materiais, bem como de sua estrutura fsica e espessura
(Fonseca et al., 2004). Para assegurar um contraste adequado da radiografia, os espcimes
utilizados apresentaram um espessura de 2 mm (Watts e McCabe, 1999). Este fator
importante para um diagnstico diferencial, porque com uma espessura menor
provavelmente no seria possvel distinguir as trs estruturas dentrias mineralizadas na
imagem radiogrfica (esmalte/dentina/cemento), uma vez que estes espcimes no
apresentariam espessura suficiente para impedir a passagem os raios-X e assim formar a
imagem radiogrfica no filme.
67
A metodologia utilizada nesta investigao foi similar a de outros estudos que
avaliaram a radiopacidade de materiais (Devito et al., 2004; Souza et al., 2010; Aguilar et
al., 2011).
As diretrizes da Organizao Internacional para Padronizao 4049 (1985)
determinam que um material odontolgico resinoso deva apresentar uma radiopacidade no
mnimo igual a do alumnio puro, na mesma espessura que aproximadamente a
radiopacidade da dentina do dente permanente (van Dijken et al., 1989). No entanto, alguns
autores concluram que para um timo contraste um material restaurador que apresentasse
uma radiopacidade ligeiramente maior ou igual a do esmalte do dente permanente seria
ideal para o diagnstico correto de leses de crie nas radiografias, bem como para a
avaliao dos materiais odontolgicos (Espelid et al., 1991; Chan et al., 1999). Isto porque
uma radiopacidade muito maior que a do esmalte tambm poderia interferir na deteco de
alteraes e na diferenciao dos materiais em relao s estruturas anatmicas adjacentes
(Devito et al., 2004).
No presente estudo, o esmalte do dente permanente apresentou menores valores de
radiodensidade em comparao ao esmalte do dente decduo, ou seja, o esmalte do dente
permanente mostrou-se mais radiopaco que o do dente decduo. O valor mdio da densidade
ptica do esmalte de dentes permanentes foi semelhante ao reportado por Souza et al.
(2010) (1,46) e por Devito et al. (2004) (1,56), utilizando a mesma metodologia.
Wilson e Beynon (1989) avaliaram o esmalte de dentes decduos e permanentes por
meio da microradiografia e observaram que o dente decduo apresentou menor grau de
mineralizao. Na presente investigao, apesar da semelhana na anlise qumica, os
valores de microdureza foram diferentes para os substratos comparados, sugerindo uma
diferena na estrutura fsica entre o esmalte do dente decduo e do dente permanente, o que
poderia explicar os valores de radiodensidade obtidos.
Neste contexto, Oliveira et al. (2010) observaram que o esmalte de dentes decduos
apresentou maior nmero de prismas em relao aos dentes permanentes. Low et al. (2006;
2008) observaram que os cristais so mais irregulares e maiores (185 nm) no esmalte de
dentes decduos em comparao ao dente permanente (94 nm). Alm disso, o esmalte de
dentes decduos apresenta maior porosidade em relao ao dente permanente (Silverstone,
1970).
Os resultados observ
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