PROPRIEDADES QUÍMICAS E FÍSICAS DO ESMALTE DE ENTES · Obrigada pela amizade sincera. ... Que...

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    JACIARA MIRANDA GOMES DA SILVA

    PROPRIEDADES QUMICAS E FSICAS DO ESMALTE DE DENTES

    DECDUOS E PERMANENTES

    Orientador: PROFA. DRA. REGINA GUENKA PALMA DIBB

    Coorientador: PROFA. DRA. MARIA CRISTINA BORSATTO

    Ribeiro Preto SP

    2011

    Tese apresentada Faculdade de Odontologia de Ribeiro

    Preto da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo

    de Doutor em Cincias.

    Programa: Odontopediatria

    rea de Concentrao: Odontopediatria

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    AUTORIZAO PARA REPRODUO

    Autorizo a reproduo e/ou divulgao total ou parcial

    da presente obra, por qualquer meio convencional ou

    eletrnico, desde que citada a fonte.

    FICHA CATALOGRFICA

    Gomes-Silva, Jaciara Miranda Propriedades qumicas e fsicas do esmalte de dentes decduos e permanentes.

    Ribeiro Preto, 2011.

    83 p. : il. ; 30 cm

    Tese de Doutorado, apresentada Faculdade de Odontologia de Ribeiro - Preto/USP rea de Concentrao: Odontopediatria.

    Orientador: Palma-Dibb, Regina Guenka Coorientador: Borsatto, Maria Cristina

    1. Esmalte 2. Dentes decduos 3. Dentes permanentes 4. Propriedades qumicas 5. Propriedades fsicas

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    FOLHA DE APROVAO

    Gomes-Silva JM. Propriedades qumicas e fsicas do esmalte de dentes decduos e

    permanentes. Tese apresentada Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da

    Universidade de So Paulo, para obteno do Ttulo de Doutor em Cincias. rea de

    Concentrao: Odontopediatria.

    Data da defesa: ___/___/___

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr.______________________________________________________________

    Julgamento__________________________Assinatura_________________________

    Prof. Dr.______________________________________________________________

    Julgamento__________________________Assinatura_________________________

    Prof. Dr.______________________________________________________________

    Julgamento__________________________Assinatura_________________________

    Prof. Dr.______________________________________________________________

    Julgamento__________________________Assinatura_________________________

    Prof. Dr.______________________________________________________________

    Julgamento__________________________Assinatura_________________________

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    JACIARA MIRANDA GOMES DA SILVA

    DADOS CURRICULARES

    NASCIMENTO 01 de abril de 1977, So Paulo SP

    FILIAO Ccero Gomes da Silva

    Elizabeth Miranda da Silva

    1995-1998 Curso de Graduao

    Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de So Paulo

    FOB/USP

    1999-2000 Especializao em Odontopediatria

    Fundao Bauruense de Estudos Odontolgicos Bauru/So Paulo

    2004-2007 Curso de Ps-Graduao em Odontopediatria, nvel de Mestrado

    Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So

    Paulo FORP/USP

    2008-2011 Doutorado em Cincias

    Programa: Odontopediatria

    rea de Concentrao: Odontopediatria

    Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So

    Paulo FORP/USP

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    Viver! E no ter a vergonha

    De ser feliz

    Cantar e cantar e cantar

    A beleza de ser

    Um eterno aprendiz...

    Somos ns que fazemos a vida

    Como der, ou puder, ou quiser...

    a vida, bonita

    E bonita...

    (Gonzaguinha)

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    DEDICO ESTE TRABALHO

    A Deus,

    ...Graas Te dou, visto que por modo

    assombrosamente maravilhoso me formaste;

    as Tuas obras so admirveis,

    e a minha alma o sabe muito bem...

    Os Teus olhos me viram a substncia ainda informe,

    e no Teu livro foram escritos todos os meus dias,

    cada um deles escrito e determinado,

    quando nenhum deles havia ainda...

    Sl 139:13-16

    No a ns, no a ns, mas ao Teu nome d glria, por amor da Tua

    misericrdia e Tua fidelidade.

    Sl 115:1.

    Agradeo Senhor por Tua fidelidade e misericrdia em minha vida!!!

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    Aos meus pais,

    Por me ensinarem desde muito pequena a amar a Deus e ao meu prximo,

    pelas inmeras vezes que renunciaram seus sonhos para viverem os meus,

    pelo incentivo, pelo carinho e amor incondicionais.

    Amo vocs e agradeo a Deus todos os dias por serem meus pais!

    "H momentos na vida em que se deveria calar... e deixar que o silncio

    falasse ao corao; Pois h sentimentos que a linguagem no expressa... e

    h emoes que as palavras no sabem traduzir...

    Ao Srgio, meu marido,

    Ainda bem que voc vive comigo

    Porque seno como seria esta vida? Sei l, sei l

    Se h dores tudo fica mais fcil

    Seu rosto silencia e faz parar

    Neste mundo de tantos anos, entre tantos outros

    Que sorte a nossa, hein?

    Entre tantas paixes

    Este encontro, ns dois, esse amor(...)

    Vanessa da Mata/Liminha

    Obrigada pela pacincia, por suprir meus momentos de ausncia com a

    nossa princesinha, por seguir sempre ao meu lado. Meu melhor amigo o

    seu amor. Amo voc!!!

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    A minha filha, Maria Luisa,

    ...Por ela que eu fao bonito

    Por ela que eu fao o palhao

    Por ela que saio do tom

    Por ela que o show continua

    E quando ela est nos meus braos

    As tristezas parecem banais

    O meu corao aos pedaos

    Se remenda prum nmero a mais...

    Chico Buarque

    Meu mais puro e pleno amor... Obrigada filha por to pequena entender

    minhas ausncias...

    Agradeo a Deus por ter me concedido a beno de vivenciar o milagre da

    vida e o de ser me", o de sentir que seu corao no bate mais em voc.

    Aos meus irmos (Luco, Luquinha, Isaque, Filipe, Jonatas e Marco Tlio)

    e minha cunhada Mariane,

    Por terem tornado meus dias mais alegres, por compartilharem comigo as

    angstias e vitrias. Muito Obrigada.

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    Aos meus sobrinhos, Tiago e Henrique,

    Obrigada pela beno de ser tia. Porque s uma TIA pode dar abraos como

    uma ME, guardar segredos como uma IRM, aconselhar como uma AMIGA e

    permitir como uma AV. Amo vocs.

    Aos meu sogro e minha sogra,

    Obrigada por sempre me verem como uma filha, vibrando com as minhas

    conquistas.

    A toda a minha famlia, Muito Obrigada!!!!!

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    AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    A Profa. Dra. Regina Guenka Palma-Dibb, minha orientadora,

    Obrigada pelo carinho e pela confiana. Pela competncia, dignidade e

    tica com que conduz sua vida e seu trabalho. Re, voc uma verdadeira

    mezona para todos, inclusive para mim: um enorme corao, senso de

    justia e compreenso. Obrigada por entender minhas ausncias (trabalho,

    famlia...) e por me permitir ser uma amiga. Tenho certeza que sempre terei

    sua mo estendida para mim. Agradeo tambm a sua famlia (Alessandro,

    Sophia, Stephanie e Oliver) por dividirem a me e a esposa um pouco

    comigo. Levarei seu entusiasmo e ensinamentos sempre comigo. Muito

    Obrigada!!!!

    A Profa. Dra. Maria Cristina Borsatto, minha coorientadora,

    Cris, voc um exemplo de pesquisadora e profissional por sua

    capacidade, sabedoria, tica e dignidade. Mas, acima de tudo voc um

    exemplo de pessoa pela sua alegria de viver. Nestes anos de convvio

    passamos por momentos bons e outros nem tantos, mas com certeza o que

    fica o sentimento sincero que temos em ns: carinho e amizade. Muito

    obrigada por confiar no meu trabalho, por estar sempre disposta a me

    orientar e por tornar esta jornada mais suave. Quero sempre ter por perto

    sua risada mais gostosa e sua alegria escandalosa...

    "Os verdadeiros sbios se do a conhecer pelos bons

    princpios de seus atos, pela intocvel moral

    de suas atitudes e pelo fato de servirem de

    exemplo dos ensinamentos que transmitem".

    Eduardo Lambert

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    A Carolina Paes Torres Mantovani,

    C, tem um versculo na bblia que diz: em todo o tempo ama o amigo

    e na angstia nasce o irmo. Obrigada por compartilhar o amor de amiga e

    a confiana de irm. Por me permitir participar da sua vida e da sua famlia.

    Sem voc teria sido muita mais rdua a caminhada... e olha que no foi fcil!!

    Mas, vencemos!!! Essa conquista NOSSA!!!! Parceiras, em todos os

    momentos!!! Que Deus abenoe sua linda famlia!!!

    A Ftima Aparecida Rizli,

    Muitas pessoas passam pela vida da gente, mas s os verdadeiros

    amigos deixam marcas... F, com certeza j tenho muito de voc em mim... e

    com muito orgulho. Voc uma daquelas pessoas que vale a pena conhecer:

    sua fora e sua garra. Mas, com um corao cheio de ternura. Obrigada por

    dividir o po de cada dia nestes anos de convivncia... Por me permitir os

    seus cuidados. Minha amiga, se puder de alguma forma retribuir tanto

    carinho... Voc com certeza se tornou alicerce do meu encanto pela vida.

    Obrigada!

    A Renata Pereira Ramos,

    Obrigada por caminhar ao meu lado por tantos anos (desde a

    faculdade) e sempre me incentivar com seu apoio, generosidade e amizade

    sinceros. Obrigada por me abrir as portas desta faculdade e pelo pronto

    auxlio profissional sempre que precisei. Nestes mais de quinze anos de

    convivncia, muita coisa mudou (cada ruginha tem uma histria), mas o

    carinho e admirao que tenho por voc aumentam a cada dia. Que Deus a

    abenoe sempre!!!

  • 12

    A Profa. Dra. Maria Anglica Hueb de Menezes Oliveira

    Obrigada pela amizade sincera. Minha admirao por voc vai alm do

    profissionalismo, sua capacidade de se doar no tem limites. Que voc me

    permita estar sempre ao seu lado, pois seu entusiasmo de vida contagia

    todos ao seu redor.

    Deus Te Abenoe!

    Pela amizade que voc me devota,

    Por meus defeitos que voc nem nota

    Por meus valores que voc aumenta,

    Por minha f que voc alimenta

    Por esta paz que ns nos transmitimos,

    Por este po de amor que repartimos

    Pelo silncio que diz quase tudo,

    Por este olhar que me reprova mudo

    Pela pureza dos seus sentimentos,

    Pela presena em todos os momentos

    Por ser presente, mesmo quando ausente,

    Por ser feliz quando me v contente

    Por este olhar que diz "Amigo, v em frente!"

    Por ficar triste, quando estou tristonho,

    Por rir comigo quando estou risonho

    Por repreender-me, quando estou errado,

    Por meu segredo, sempre bem guardado

    Por seu segredo, que s eu conheo,

    E por achar que apenas eu mereo

    Por me apontar pra DEUS a todo o instante,

    Por esse amor fraterno to constante

    Por tudo isso e muito mais eu digo

    "DEUS OS ABENOE,

    MEUS QUERIDOS AMIGOS!"

  • 13

    AGRADECIMENTOS

    Aos amigos Marta Maria Martins Giamatei Contente e Rodrigo Galo,

    obrigada pela convivncia e pelo incentivo constante. Obrigada pela parceria

    nos trabalhos e na vida. Que o caminho de vocs seja repleto de paz. Contem

    sempre comigo!!!

    Aos meus amigos da Prefa, Vilma Barcelos Otani, Ana Paula Vieira, Joyce

    Dias Misso e Prof. Jos Antonio Brufatto Ferraz, obrigada por dividirem

    todos os dias comigo de uma forma to agradvel. Por sempre estarem

    dispostos a me ajudar. Por suprirem minhas ausncias. Muito Obrigada!

    Aos amigos Alessandra Afonso Corra, Patrcia Marchi, Csar Penazzo

    Lepri, Walter Raucci Neto e Marcelo Azenha, obrigada por entenderem

    meu jeito de ser e estarem sempre dispostos a me auxiliarem com um

    sorriso no rosto.

    Profa. Dra. Kranya Victoria Serrano Daz, obrigada pelo carinho e

    conselhos. Voc faz parte da minha vida forpiana desde o primeiro dia...

    sempre disposta a me ouvir. Obrigada, Kran!

    Ao Prof. Dr. Paulo Nelson-Filho, pelo exemplo de professor e pesquisador

    que norteiam minha vida acadmica. Pela orientao constante durante

    minha ps-graduao, em todos os sentidos. Obrigada!

    Profa. Dra. Alexandra Mussolino de Queiroz, obrigada pela ateno e

    carinho mim dispensados por todos estes anos. Muito obrigada, Danda!

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    Profa. Dra. Aldevina Campos de Freitas, exemplo de profissionalismo e

    humanidade. Seu entusiasmo contagia a todos seus eternos alunos. Obrigada

    pela oportunidade de conviver com voc!

    Profa. Dra. Raquel Assed Bezerra da Silva, pelo exemplo de

    determinao e competncia. Raquel, obrigada por sempre me acolher de

    forma to afvel.

    Ao Profs. Drs. Jos Tarcsio Lima Ferreira e Fbio Loureno Romano, pelo

    estarem sempre dispostos a me auxiliar no que for preciso. Muito Obrigada!

    Ao Profas. Dras. Juliana Jenjiroba Faraoni Romano e Andiara de Rossi,

    pelas valiosas contribuies na qualificao do Projeto de Pesquisa. Muito

    Obrigada!

    Ao Prof. Dr. Luis Eduardo Silva Soares, do Laboratrio de Espectroscopia

    Vibracional Biomdica LEVB da Universidade do Vale do Paraba, pela

    disposio em colaborar com este trabalho.

    Ao Prof. Dr. Luiz Carlos Pardini, obrigada pela colaborao imprescindvel

    na parte experimental desta tese, com entusiasmo e disposio em ensinar.

    Espero que esta parceria se estenda em outros projetos.

    Aos amigos Cntia Guimares de Almeida e ao Prof. Dr. Luciano Bachman,

    obrigada pelo auxlio na parte experimental deste trabalho, pelas portas

    sempre abertas e pela pacincia para esclarecer minhas dvidas. Obrigada

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    porque nossa convivncia se estende alm dos muros da universidade, numa

    amizade gostosa e sincera.

    Ao Sr. Reginaldo Santana da Silva, do Departamento de Odontologia

    Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade

    de So Paulo, pelo auxlio na execuo dos procedimentos experimentais e

    pela alegria da companhia.

    Aos tcnicos Edson Volta e Ricardo de Souza Antunes do Laboratrio LIPEN,

    da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo,

    pelo auxlio na execuo dos procedimentos experimentais, com muita

    competncia e dedicao.

    As amigas Cristhiane Ristum Bagatin Rossi e Soraya Cheier Dib

    Gonalves, minhas companheiras desde o mestrado. Obrigada pela amizade!

    Aos colegas de Ps Graduao em Odontopediatria da Faculdade de

    Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, Camila Scatena,

    Cntia Guimares de Almeida, Danielle Torres Azevedo, Luciane Almeida

    do Carmo, Marcela Martin Del Campo Fierro, Paula Dariana Fernandes

    Ferreira, Rodrigo Alexandre Valrio, Talitha de Siqueira Mellara, Elaine

    Machado Pingueiro, Fernanda Regina Ribeiro Santos, Iliana Ferraz

    Sabbatini, Kssia Sunia Fidelis de Mesquita, Ligia Maria Napolitano

    Gonalves, Carolina Paes Torres Mantovani, Cristhiane Ristum Bagatin

    Rossi, Cristiane Tomaz Rocha, Fabrcio Kitazono de Carvalho, Maristela

    Soares Swerts Pereira, Regina Aparecida Segatto Saiani, Rodrigo Teixeira

    Macri, Soraya Cheier Dib Gonalves, Cristina Bueno Brando, Kleber

    Corts Bonifacio, Larissa Moreira Spinola de Castro, Leonardo Bscaro

    Pereira, Marcela C. D. Andrucioli, Marina Fernandes de Sena, Marta Maria

  • 16

    Martins Giamatei Contente, Walter Raucci Neto, Maya Fernanda Manfrin

    Arnez e Milena Silva Campos, pela agradvel convivncia que tivemos.

    A Clnica de Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia de Ribeiro

    Preto da Universidade de So Paulo, nas pessoas de seus funcionrios pela

    oportunidade da convivncia diria, que com certeza levarei pelo resto de

    minha vida na memria e no corao.

    Aos docentes do Departamento de Clnica Infantil, Odontologia

    Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da

    Universidade de So Paulo, Profa. Dra. Sada Assed, Profa. Dra. La Assed

    Bezerra da Silva, Profa. Dra. Aldevina Campos de Freitas, Prof. Dr. Paulo

    Nelson-Filho, Profa. Dra. Alexandra Mussolino de Queiroz, Profa. Dra.

    Kranya Victria Daz Serrano, Profa. Dra. Maria Cristina Borsatto, Dra.

    Profa. Raquel Assed Bezerra da Silva, Dra. Profa. Mrian Aiko Nakane

    Matsumoto, Prof. Dr. Jos Tarcsio Lima Ferreira, Prof. Dr. Adlson

    Thomazinho, Profa. Dra. Maria Bernadete Sasso Stuani, Profa. Dra. Maria

    da Conceio Pereira Saraiva, Prof. Dr. Fbio Loureno Romano e Profa.

    Dra. Andiara De Rossi, pela ateno, orientao, convivncia harmoniosa e

    ensinamentos que recebi.

    Aos funcionrios do Departamento de Clnica Infantil, Odontologia

    Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da

    Universidade de So Paulo, Micheli Cristina Leite Rovanholo, Filomena Leli

    Placciti, Francisco Wanderley Garcia de Paula e Silva, Carolina Paes Torres

    Mantovani, Marco Antonio dos Santos, Carmo Eurpedes Terra Barretto,

    Dorival Gaspar, Nilza Letcia Magalhes, Ftima Aparecida Rizoli, Ftima

    Aparecida Jacinto Daniel, Renata Aparecida Fernandes e Matheus Morelli

  • 17

    Zanela. Obrigada pelos sorrisos, carinho e dedicao. Com certeza estes

    anos se tornaram mais agradveis com vocs por perto!

    Aos funcionrios da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da

    Universidade de So Paulo: Benedita Viana Rodrigues, Cleber Barbosa Rita,

    Ftima Aparecida Jacinto Daniel, Jos Aparecido Neves do Nascimento,

    Jos Carlos Ferreira Junior, Jos Henrique Loureiro, Julio Csar Souza da

    Matta, Renata Cristina Rosa, Vera Ribeiro do Nascimento e Carolina

    Fragoso Motta. Obrigada pela mo sempre estendida, pelo bom humor e

    carinho que me dedicam, dia aps dia.

    As funcionrias da Seo de Ps-Graduao da Faculdade de Odontologia

    de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, Isabel Cristina Galino Sola

    e Regiane Cristina Moi Sacilotto, por sempre estarem prontas a nos atender

    com carinho.

    Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo,

    na pessoa do atual diretor Prof. Dr. Osvaldo Luiz Bezzon e do Vice-Diretor

    Prof. Dr. Valdemar Mallet da Rocha Barros.

    Coordenao do Curso de Ps-Graduao em Odontopediatria da Faculdade

    de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, na pessoa da

    Coordenadora Dra. Profa. La Assed Bezerra da Silva, pela oportunidade de

    ser aluna deste programa do qual sinto enorme orgulho. Muito obrigada.

  • 18

    Aos meus pacientes "especiais", motivo da minha busca pelo

    conhecimento. Com vocs me sinto realmente feliz e realizada no

    exerccio da Odontologia. O sorriso de vocs me faz sentir uma dentista

    especial. Meus verdadeiros super-heris, guerreiros pela vida.

    A todos que de alguma forma contriburam para a concretizao desse

    trabalho. Muito obrigada e que Deus abenoe a todos de uma forma

    muito especial!!!

  • 19

    RESUMO

    Gomes-Silva JM. Propriedades qumicas e fsicas do esmalte de dentes decduos e

    permanentes [tese]. Ribeiro Preto: Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da

    Universidade de So Paulo; 2011.

    A exata composio e a micromorfologia do esmalte de dentes decduos ainda so pouco

    estudadas e conhecidas, e a literatura existente apresenta achados controversos. Os

    resultados de pesquisas realizadas em dentes permanentes so frequentemente

    extrapolados para dentes decduos, sendo que a maioria dos trabalhos explora estes

    substratos de maneira isolada. necessrio, portanto, conhecer a composio e a estrutura

    do esmalte de dentes decduos e determinar em quais aspectos este tecido realmente difere

    do esmalte de dentes permanentes. A comparao dos dois substratos fundamental para

    que sejam estabelecidos protocolos preventivos e restauradores, bem como no

    desenvolvimento de materiais e tcnicas especficos e efetivos para dentes decduos e

    permanentes. Assim, o objetivo do presente estudo foi realizar uma anlise comparativa in

    vitro do esmalte de dentes decduos e permanentes, avaliando suas propriedades fsicas e

    qumicas. As propriedades qumicas foram avaliadas por meio das anlises de mapeamento

    de superfcie do esmalte por Microfluorescncia de Raios-X por Energia Dispersiva (FRX)

    (n=10) e Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) (n=10). As

    propriedades fsicas analisadas foram Permeabilidade (n=12), Microdureza (n=12),

    Radiodensidade (n=10) e Resistncia Coesiva (n=15). Nos testes de EDX e FTIR, os dados

    da amostra no apresentaram distribuio normal, empregando-se o teste no paramtrico

    de Mann-Whitney. Para os demais testes, a distribuio apresentou-se normal e homognea.

    Assim, na anlise de Permeabilidade os dados foram submetidos ANOVA a um critrio: tipo

    de substrato (p

  • 20

    constatou-se que o contedo em peso de clcio (%), fsforo (%) e da proporo Ca/P (%)

    bem como os contedos de carbonato e gua foram semelhantes entre os dois substratos

    avaliados. Portanto, as propriedades fsicas do esmalte de dentes decduos apresentaram

    caractersticas distintas em relao ao esmalte de dentes permanentes, apesar da

    semelhana nas propriedades qumicas analisadas.

    PALAVRAS-CHAVE: Esmalte, Dente decduo, Dente permanente, Propriedades qumicas,

    Propriedades fsicas

  • 21

    ABSTRACT

    Gomes-Silva JM. Chemical and Physical properties of the enamel of deciduous and

    permanent teeth [tese]. Ribeiro Preto: Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da

    Universidade de So Paulo; 2011.

    There is still little research and information on the precise composition and the

    micromorphology of the enamel of deciduous teeth, and the existing literature reveals

    controversial findings. The results of studies in permanent teeth are frequently extrapolated

    to deciduous teeth, and the majority of works explores these substrates alone. It is thus

    necessary to know the composition and structure of the enamel of deciduous teeth and

    determine in which ways this tissue actually differs from the enamel of permanent teeth.

    Comparison of these substrates under different aspects is fundamental to establish

    preventive and restorative protocols, as well as materials and techniques that are specific

    and effective for deciduous and permanent teeth. Therefore, the aim of the present in vitro

    study was to perform a comparative analysis of the enamel of deciduous and permanent

    teeth by evaluating its physical and chemical properties. Chemical analysis comprised enamel

    surface mapping by Energy Dispersive X-ray Microfluorescence (FRX) (n=10) and Fourier

    Transform Infrared Spectroscopy (FTIR) (n=10). For the physical analysis, Permeability

    (n=12), Microhardness (n=12), Radiodensity (n=10) and Ultimate Tensile Strength (n=15)

    tests were performed. Data distribution and homogeneity were analyzed. In the FRX and

    FTIR data distribution was not normal and the Mann-Whitney non-parametric test was used

    for statistical analysis. For the other tests, data distribution was normal and homogenous.

    Thus, one-way analysis of variance (type of substrate) was used for the Permeability; two-

    way analysis of variance (type of substrate and depth) was used for the Microtensile Bond

    Strength test (p

  • 22

    Therefore, the enamel of deciduous teeth presented different physical properties compared

    to the permanent teeth, despite the similarity in chemical properties analyzed.

    KEY-WORDS: Enamel; Tooth, deciduous; Tooth, permanent; Chemical properties; Physical

    properties

  • 23

    SUMRIO

    1 INTRODUO...................................................................................................... 24

    2 PROPOSIO....................................................................................................... 30

    3 MATERIAL E MTODOS.......................................................................................... 32

    3.1 ASPECTOS TICOS........................................................................................... 33

    3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.......................................................................... 33

    3.3 SELEO DOS DENTES...................................................................................... 34

    3.4 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX)....................... 34

    3.5 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER..................... 37

    3.6 PERMEABILIDADE............................................................................................ 40

    3.7 MICRODUREZA............................................................................................... 44

    3.8 RADIODENSIDADE........................................................................................... 46

    3.9 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)........................................... 49

    3.10 ANLISE DOS DADOS..................................................................................... 52

    4 RESULTADOS....................................................................................................... 53 4.1 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX)....................... 54

    4.2 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER..................... 55

    4.3 PERMEABILIDADE............................................................................................ 57

    4.4 MICRODUREZA............................................................................................... 58

    4.5 RADIODENSIDADE........................................................................................... 58

    4.6 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)........................................... 59

    5 DISCUSSO.........................................................................................................

    60

    5.1 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX) E

    ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER.....................

    61

    5.2 PERMEABILIDADE............................................................................ 62

    5.3 MICRODUREZA............................................................................... 64

    5.4 RADIODENSIDADE........................................................................... 66

    5.5 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)........................... 68

    6 CONCLUSO........................................................................................................

    71

    REFERNCIAS.................................................................................................. 73 ANEXO........................................................................................................... 82

  • 24

    IINNTTRROODDUUOO

  • 25

    1 INTRODUO

    Os tecidos dentrios e suas estruturas de suporte so formados como resultado da

    interao entre o epitlio bucal e o ectomesnquima, durante a odontognese, tendo cada

    tecido um processo especfico de formao. Assim, amelognese, dentinognese e

    cementognese referem-se, respectivamente, formao do esmalte, da dentina e do

    cemento, tecidos dentrios mineralizados (Ten Cate, 2001).

    O esmalte que reveste a coroa dentria difere dos demais tecidos mineralizados por

    ser de origem ectodrmica, desprovido de clulas e incapaz de reparar-se ou remodelar-se,

    porm podem ocorrer interaes inicas com a cavidade bucal e mudanas em sua estrutura

    cristalina. o mais duro dos tecidos mineralizados do corpo humano, apresentando 95% em

    peso de contedo inorgnico, associado a 4% de gua e 1% de material orgnico. Sua

    espessura varia conforme a regio considerada num mesmo dente, alm de variar

    consideravelmente de um tipo de dente para o outro (Gwinnett, 1992; Ten Cate, 2001).

    A poro mineral representada por fosfato de clcio cristalino e apatita, nas formas

    hidroxi, carbonatada ou fluoretada (Gwinnett, 1992). A estrutura molecular do cristal de

    hidroxiapatita do esmalte contm aproximadamente 2 a 3% de carbonato. Este

    incorporado durante o desenvolvimento do tecido e afeta a estabilidade qumica e a

    estrutura fsica do cristal, tornando-o mais ou menos suscetvel s perdas minerais (Sidney-

    Zax et al., 1991; Reitznerova et al., 2000). Os elementos qumicos que compem a base do

    esmalte so o clcio e o fosfato, mas variaes secundrias ocorrem na sua composio e

    elementos qumicos como alumnio, brio, estrncio, magnsio, chumbo e vandio tambm

    podem ser incorporados aos cristais, quando presentes durante a sua formao (Gwinnett,

    1992).

    Os cristais de hidroxiapatita esto distribudos em uma organizao prismtica

    (Fejerskov et al., 1984; Eisenmann, 2001), sendo os prismas do esmalte compostos por

    milhares de unidades submicroscpicas denominadas cristalitos. Os cristalitos esto dispostos

    em um padro tridimensional no interior de cada prisma de esmalte. A inclinao mdia dos

    cristalitos de aproximadamente 18 relativos ao longo eixo do prisma, podendo variar entre

    0 e 70. Uma diferena marcante na angulao dos cristalitos observada no limite entre

    prismas adjacentes. Esta caracterstica morfolgica confere um aumento localizado de

    espao e material orgnico na regio perifrica dos prismas referida como bainha do prisma

    (Gwinnett, 1966; He e Swain, 2009). Ao redor e entre os prismas encontra-se a regio de

    esmalte interprismtico, rica em protena e fluido do esmalte (gua), resultante de

  • 26

    incoerente combinao de cristais de diferentes orientaes nesta rea, tornando esta regio

    menos mineralizada. Embora a unio dos cristais seja firme e compacta em nvel

    macroscpico, cada cristal separado de seu cristal adjacente por finos espaos

    intercristalinos preenchidos com gua ou material orgnico.

    A matriz orgnica consiste em uma famlia caracterstica de protenas do esmalte,

    basicamente proteica de natureza no colgena, contendo alguns lipdios e carboidratos (Ten

    Cate, 2001). As amelogeninas correspondem a 90% das protenas secretadas no esmalte,

    so hidrfobas e ricas em prolina. Em menor porcentagem esto as fosfoprotenas

    glicosiladas acdicas (enamelina e tufelina) e glicoprotenas sulfatadas (ameloblastina,

    bainhalina e amelina). As metaloproteinases e serinaproteinases so algumas das protenas

    enzimticas identificadas na matriz orgnica do esmalte, desempenhando papel importante

    no processo de maturao do tecido, uma vez que estas participam do processo de

    degradao das protenas, principalmente das amelogeninas, permitindo o crescimento dos

    cristais. Embora o contedo orgnico corresponda a aproximadamente 1% em volume do

    esmalte maduro, estas protenas circundam os cristais e influenciam o comportamento

    qumico e fsico do tecido (Smith, 1998).

    A gua encontrada em quantidade significantemente maior em relao aos

    constituintes orgnicos (mais de 4% em volume). Aproximadamente 25% do volume de

    gua est ligado aos cristalitos, provavelmente associado matriz orgnica, e funciona como

    meio de hidratao, circundando os cristalitos que compem os prismas de esmalte

    (Carlstrom et al., 1963).

    Desta forma, a disposio estrutural (regies intercristalinas e interprismticas)

    viabiliza o dinamismo do esmalte com o meio bucal, tornando-o uma estrutura

    semipermevel (Poole et al., 1963), capaz de realizar trocas de gua e ons por meio uma

    fina rede de vias de difuso de gua e ons, que so chamadas de microporos ou poros do

    esmalte (Silverstone, 1970; Cevc et al., 1980). Durante a maturao do esmalte, ocorre a

    formao de um arcabouo cristalino, constitudo de cristais com dimenses microscpicas,

    que expandem gradualmente lateral e longitudinalmente, ocorrendo uma diminuio

    gradativa dos espaos entre eles, tornando o esmalte mais denso e menos permevel. Alm

    disso, embora o esmalte no apresente vitalidade e capacidade de neoformao, interaes

    inicas e mudanas em sua estrutura cristalina (maturao ps-eruptiva) podem ocorrer

    aps o irrompimento do dente na cavidade bucal (Eisenmann, 2001). O processo de

    formao do esmalte do dente permanente lento, podendo levar de 4 a 5 anos para se

    completar na coroa de molares, sendo que aproximadamente dois teros deste perodo

    corresponde fase de maturao do tecido (Shellis, 1984a; Smith, 1998).

  • 27

    Os prismas do esmalte possuem comprimento mdio de 5 m, e esto dispostos

    sequencialmente perpendicularmente, em sua maioria, desde a juno amelo-dentinria at

    a superfcie externa da coroa dental (Gwinnett, 1992). O tipo de prisma ideal o em forma

    de buraco de fechadura. O corte transversal do prisma tipo buraco de fechadura

    apresenta uma cabea arredondada e uma cauda. A diferena entre a cabea e a cauda a

    variedade na orientao dos cristais de hidroxiapatita e o eixo longitudinal do prisma. Na

    cabea, os cristais so dispostos na grande maioria paralelamente ao longo eixo dos prismas.

    Na cauda, esses cristais ocorrem em um ngulo de 80 a 90 com o longo eixo dos prismas.

    Provavelmente, os cristais da cauda tocam a superfcie dos cristais da cabea dos prismas

    adjacentes, fazendo com que os prismas fiquem mais firmemente unidos uns aos outros

    (Habelitz et al., 2001).

    O esmalte possui tambm uma regio aprismtica na superfcie do tecido, na qual os

    cristais de hidroxiapatita encontram-se uniformemente arranjados, paralelos entre si, e

    dispostos perpendicularmente superfcie, diferindo da regio prismtica, subjacente, onde

    ocorrem variaes nas orientaes dos cristais (Fava et al., 1997).

    Essa variao da orientao dos cristais de hidroxiapatita e dos prismas confere ao

    tecido a caracterstica de anisotropia em relao distribuio das foras mastigatrias que

    incidem sobre o esmalte, melhorando as propriedades fsicas desta estrutura. As fraturas que

    normalmente ocorrem no esmalte dentrio so detidas quando chegam a regies onde os

    grupos de prismas se cruzam (Habelitz et al., 2001; de Las Casas et al., 2003; Giannini et al,

    2004).

    Devido ao seu alto contedo mineral e caractersticas estruturais, o esmalte pode ser

    considerado um slido microporoso composto por cristais firmemente unidos o que lhe d

    uma aparncia semelhante ao vidro. A translucidez caracterstica do esmalte permite, de

    acordo com a variao da sua espessura, que o dente apresente a cor da dentina (Gwinnett,

    1992).

    O esmalte possui um alto mdulo de elasticidade e baixa resistncia trao, o que o

    caracteriza como um material frivel (Gwinnett, 1992; Carvalho et al., 2000; Ganinni et al.,

    2004). Dessa maneira, trincas no esmalte so comumente encontradas clinicamente em

    dentes ntegros, embora fraturas mais extensas ocorram com menor frequncia, pois o

    substrato ntegro amparado pelas propriedades elsticas da dentina adjacente e pela alta

    resistncia fratura da juno amelo-dentinria (Carvalho et al., 2000; Roy e Basu, 2008).

    Em relao s denties (decdua e permanente), no h diferena na origem

    embriolgica, mas as suas propriedades ainda no so bem conhecidas e os resultados das

  • 28

    pesquisas utilizando dentes permanentes so geralmente extrapolados para os dentes

    decduos.

    Todavia, a literatura especfica consultada tem relatado comportamentos diferentes

    do esmalte de dentes decduos em comparao ao esmalte de dentes permanentes frente

    aos desafios cidos, procedimentos restauradores e adesivos, bem como ao estresse

    mecnico (Amaechi et al., 1999; Hunter et al., 2000; Johansson et al., 2001; Wang et al.,

    2006; Marquezan et al., 2008).

    Como exemplo, tem-se que leses de eroso progrediram 1,5 vezes mais

    rapidamente no esmalte do dente decduo comparado ao dente permanente (Amaechi et al.,

    1999). No entanto, outros trabalhos (Shimada et al., 2002; da Costa et al., 2008) descrevem

    valores similares de resistncia adesiva ao esmalte de dentes decduos em relao aos

    dentes permanentes. Ainda, resultados controversos foram observados nos comportamentos

    de dentes decduos em relao aos novos materiais e tcnicas teraputicas e preventivas,

    como a tecnologia do laser e o uso de sistemas adesivos autocondicionantes (Marquezan et

    al., 2008; Swanson et al., 2008; Kornbli et al., 2009).

    Mas, quais diferenas entre estes substratos seriam responsveis pelos resultados

    encontrados na literatura?

    Alguns autores (Mortimer, 1970; Sjun Clasen e Ruyter 1997; Low et al., 2008;

    Oliveira et al., 2010) compararam a estrutura do esmalte de dentes decduos e de dentes

    permanentes, e relataram que o padro de mineralizao (velocidade e quantidade) do

    dente decduo cerca de 20% menor que o verificado para o dente permanente. Isto porque

    o dente decduo apresenta ciclo biolgico reduzido. Em mdia, o perodo de formao e

    mineralizao da coroa de um dente decduo de no mnimo seis meses (incisivo central) e

    no mximo quatorze meses (segundo molar decduo), enquanto a mdia para o dente

    permanente de 3 a 5 anos (Shellis et al., 1984a; Arajo et al., 1995). Alm disso, observa-

    se menor densidade de prismas no esmalte do dente decduo em comparao ao

    permanente (Oliveira et al., 2010). Low et al. (2006; 2008) observaram que os cristais de

    hidroxiapatita so maiores e mais grosseiros no esmalte de dentes decduos (185 nm) em

    relao ao dente permanente (94 nm) e apresentam maior quantidade de carbonato (Sjun

    Clasen e Ruyter 1997), menor mineralizao e menor espessura (quase a metade da

    espessura do esmalte de dentes permanentes) (Mortimer, 1970; Low et al., 2008; Oliveira et

    al., 2010), o que conferiria uma menor resistncia cida a este tecido.

    Somado a isso, autores (Fava et al., 1993; 1997) relataram a existncia da camada

    aprismtica mais espessa e uniforme, e uma maior porosidade (Silverstone, 1970) no

    esmalte do dente decduo, que seria responsvel por sua colorao branco-leitosa.

  • 29

    Diante do exposto, pode-se observar que a literatura apresenta resultados

    controversos e de difcil comparao, pois no h padronizao da metodologia dos estudos

    que avaliam a composio qumica, estrutura morfolgica e propriedades fsicas do esmalte

    de dentes decduos, bem como sua comparao com os dentes permanentes.

    Adicionalmente, os trabalhos so escassos e relativamente antigos.

    A utilizao de metodologias e tcnicas mais especficas e apuradas para a anlise e

    interpretao dos resultados de estudos envolvendo esmalte de dentes decduos e

    permanentes se faz necessria e a comparao dos substratos em um mesmo trabalho

    essencial para a padronizao do mtodo de anlise da pesquisa, permitindo uma anlise

    mais efetiva.

    Desta maneira, necessria a realizao de pesquisas para conhecer melhor as

    caractersticas dos tecidos dentrios, para que sejam estabelecidos protocolos preventivos e

    restauradores, bem como materiais e tcnicas especficos e efetivos para cada substrato.

  • 30

    PPRROOPP OOSSIIOO

  • 31

    2 PROPOSIO

    O objetivo do presente estudo foi analisar comparativamente in vitro as propriedades

    qumicas e fsicas do esmalte de dentes decduos e de dentes permanentes, por meio da

    avaliao do contedo de clcio, fsforo, carbonato e gua, bem como da permeabilidade,

    microdureza, radiodensidade e resistncia coesiva destes substratos.

  • 32

    MMAATTEERRIIAALL EE

    MMTTOODDOOSS

  • 33

    3 MATERIAL E MTODOS

    3.1 ASPECTOS TICOS

    O presente estudo foi inicialmente submetido avaliao pelo Comit de tica em

    Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo,

    processo nmero 2010.1.542.58.1, recebendo parecer favorvel (Anexo A).

    3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

    O fator em estudo foi o tipo de substrato em dois nveis: esmalte de dentes decduos

    e esmalte de dentes permanentes.

    A amostra do experimento foi constituda de 69 corpos de prova. As variveis de

    resposta quantitativas foram:

    - anlise da composio qumica por meio de:

    Microfluorescncia de Raios-X por Energia Dispersiva (EDX)

    (n=10)

    Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR)

    (n=10)

    - anlise das propriedades fsicas por meio de:

    Permeabilidade

    (n=12)

    Microdureza

    (n=12)

    Radiodensidade

    (n=10)

    Resistncia Coesiva (Ultimate Tensile Strength)

    (n=15)

  • 34

    3.3 SELEO DOS DENTES

    Foram selecionados incisivos e molares decduos hgidos, com mais de dois teros de

    raiz e, incisivos e molares permanentes hgidos, irrompidos, armazenados por um perodo de

    at seis meses aps a avulso. Estes dentes foram cedidos pelo Banco de Dentes da

    Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto USP.

    Os dentes foram limpos com curetas periodontais, polidos com pedra pomes e gua,

    com o auxlio de uma escova de Robinson, montada em contra-ngulo, em baixa rotao.

    Em seguida, foram examinados sob lupa estereoscpica, com aumento de 10 X (Carl Zeiss,

    Jena, Alemanha), com o intuito de detectar alteraes de estrutura ou trincas que pudessem

    comprometer os resultados do estudo.

    3.4 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX)

    Para este teste, incisivos decduos e permanentes (n=10) foram levados a um

    equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S, Copenhagen, Dinamarca) dotado de

    um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-SP, Brasil) refrigerado com gua, e

    tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno amelo-cementria. As coroas foram

    fixadas em matrizes de resina acrlica, de forma que as superfcies vestibulares ficassem

    expostas. Os corpos de prova foram planificados, com lixas d'gua aplicadas em ordem

    decrescente de abrasividade (#600 a #1200), em uma politriz (Politriz Universal Aropol 2 V:

    Arotec, Cotia-SP, Brasil), sob refrigerao abundante, e em seguida, foram polidos com disco

    de feltro embebido em pasta de alumina (Struers A/S, Copenhagen, Dinamarca) de

    granulaes 0,3 m e 0,05 m. Os espcimes foram ento levados cuba ultrassnica

    (Ultrasonic Clearner T-1449-D: Odontobrs Ind. e Com., Ribeiro Preto-SP, Brasil) durante 5

    min para limpeza da superfcie.

    As superfcies em esmalte foram submetidas anlise qumica por meio da

    Microfluorescncia de Raios-X por Energia Dispersiva (EDX) em um equipamento da marca

    Shimadzu modelo EDX-1300. A superfcie da amostra foi analisada longitudinalmente por

    disperso de energia da radiao, proveniente de um tubo de Rh, posicionado a 90 e

  • 35

    acoplado a um sistema computadorizado. A amostra foi irradiada com feixe de raios-X de

    raios de 50 m.

    A anlise quantitativa dos componentes clcio (Ca) e fsforo (P) foi realizada por

    varreduras em trs pontos da superfcie do espcime (com uma rea de 0,16 mm2 para cada

    ponto), com um tempo de 10s por regio. A voltagem do tubo foi de 15 kV, com um ajuste

    automtico da corrente e um feixe de 50 m de dimetro. Em todas as medidas a contagem

    da radiao foi feita por um detector semicondutor de Si (Li) refrigerado por nitrognio

    lquido.

    Para as medidas do dente, foi utilizado, como referncia de calibrao, o reagente de

    hidroxiapatita estequiomtrica sinttica (Sigma-Aldrich, St. Louis-MO, EUA), grau de pureza

    99,99%. As condies analticas foram baseadas no mtodo dos parmetros fundamentais.

    As variveis para o clculo da frmula qumica foram estabelecidas para os pesos relativos

    de clcio (Ca) e fsforo (P), e o elemento oxignio (O) foi utilizado como balano qumico. O

    elemento hidrognio (H) no foi considerado no balano total de massa, uma vez que a sua

    massa equivalente a 0,1% do peso total da hidroxiapatita.

    A proporo entre os elementos qumicos presentes nas amostras foi calculada pela

    razo dos pesos relativos determinados por leitura direta no equipamento. O software do

    equipamento fornece os dados a partir do clculo de converso da intensidade relativa das

    energias de transio dos raios-X, caractersticos dos elementos, para os respectivos teores

    em porcentagem de peso, no tempo de varredura determinado.

    Aps a realizao do mapeamento em rea, os dados correspondentes a cada

    amostra foram processados no software do sistema do EDX (PCMEDX Ver 1.04: Shimadzu

    Corp., Japo) e, em seguida, os valores da concentrao em peso dos componentes clcio e

    fsforo (mximo, mnimo) de cada mapeamento foram anotados e tabulados, sendo

    utilizados para a anlise dos dados os valores mdios de Ca e P e a proporo Ca/P.

    A metodologia deste experimento est representada na Figura 1.

  • 36

    FIG

    UR

    A 1

    - F

    luxogra

    ma d

    a m

    eto

    dolo

    gia

    da a

    nlis

    e M

    icro

    fluore

    scnci

    a d

    e R

    aio

    s-X p

    or

    Energ

    ia

    D

    ispers

    iva (ED

    X).

  • 37

    3.5 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)

    Para esta anlise, 10 molares decduos e 10 molares permanentes foram levados a

    um equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S, Copenhagen, Dinamarca), dotado

    de um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-SP, Brasil) refrigerado com gua, e

    tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno amelo-cementria. Posteriormente,

    as coroas dentrias foram fixadas em uma base de acrlico (lmina de plexiglass) com auxlio

    de cera para escultura (Kota Ind. e Com. Ltda, So Paulo-SP, Brasil), aquecida em gotejador

    eltrico (Guelfi Equipamentos, Ribeiro Preto-SP, Brasil) e, por meio de um disco diamantado

    adaptado em mquina de corte, sob refrigerao, foram realizados cortes no sentido ocluso-

    cervical, na poro central dos molares, obtendo-se seces de 2 mm de espessura de cada

    dente. A espessura foi controlada com o auxlio de um paqumetro universal com leitura

    eletrnica (Digimatic Caliper: Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm.

    Para a realizao desta anlise, as amostras foram obtidas cortando o esmalte para

    se obter o p do tecido, com o auxilio de brocas esfricas de ao montadas em baixa

    rotao, que foram trocadas a cada dois espcimes para garantir a eficcia do corte. Este

    procedimento foi realizado utilizando uma lupa estereoscpica com aumento de 10 X (Carl

    Zeiss, Jena, Alemanha). Obteve-se uma pequena quantidade de p o qual no foi mensurado

    porque a medida experimental a ser realizada no espectrmetro de FTIR independe da

    massa da amostra.

    Aps a remoo do p de esmalte, este foi posicionado sobre uma janela de

    diamante num acessrio de ATR (Atenuated Total Reflectence) com dimetro de 2 mm

    (DuraScopeTM: Smiths Detection, Danbury-CT, EUA). Este acessrio acoplado ao

    Espectrmetro no Infravermelho por Transformada de Fourier (Nicolet-380 FT-IR

    Spectrometer: Nicolet, Vernon Hills-Il, EUA).

    A medida experimental consistiu-se na aquisio do espectro de absorbncia na

    regio entre 4000-400 cm-1 com resoluo de 0,5 cm-1 e 32 varreduras para aquisio de

    cada espectro.

    Aps a aquisio dos espectros de absorbncia, os mesmos foram importados e

    analisados pelo programa Origin 8.0 (Microcal Origin 8.0: OriginLab, Northampton-MA,

    EUA). Inicialmente, selecionou-se as bandas de absoro referente ao fosfato (1220-888

    cm1), carbonato (1595-1300 cm-1) e gua (3720-2420 cm-1).

    B

  • 38

    Aps a diviso, removeu-se o sinal de fundo dos espectros utilizando a ferramenta

    substract straight line do programa Origin 8.0. Realizando este procedimento para todos os

    espcimes e para as trs regies, cada espectro foi normalizado pela rea da banda de

    fosfato. Aps a normalizao, fez-se a mdia da rea do carbonato e gua dos 10 espcimes

    de cada grupo experimental.

    A metodologia do experimento est representada na Figura 2.

  • 39

    FIG

    UR

    A 2

    - F

    luxogra

    ma d

    a m

    eto

    dolo

    gia

    da a

    nlis

    e d

    a E

    spect

    rosc

    opia

    no I

    nfr

    averm

    elh

    o p

    or

    Tra

    nsf

    orm

    ada d

    e F

    ourier.

  • 40

    3.6 PERMEABILIDADE

    Para a anlise da permeabilidade, 12 incisivos decduos e 12 incisivos permanentes

    foram levados a um equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S, Copenhagen,

    Dinamarca), dotado de um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-SP, Brasil)

    refrigerado com gua, e tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno amelo-

    cementria. Nas regies cervicais de cada dente, reas correspondentes s cmaras

    pulpares, foi realizado um selamento com resina composta Z250 (3M ESPE, St Paul-MN,

    EUA), em pores incrementais, fotoativadas durante 20 s cada. Previamente, estas reas

    foram condicionadas com cido fosfrico a 37%, durante 30 s, lavadas e secas com jatos de

    ar/gua e em seguida, foi aplicado sistema adesivo Single Bond (3M ESPE, St Paul, MN,

    USA), em duas camadas consecutivas e fotoativado durante 20 s. Na poro mais central e

    plana da superfcie vestibular do esmalte da coroa foi colocada uma fita adesiva (Scotch,

    3M/ESPE do Brasil Ltda., So Paulo-SP, Brasil) quadrangular, de 4 mm2 de rea (2x2 mm),

    com a finalidade de delimitar a rea que foi exposta s solues. Em seguida, os espcimes

    foram impermeabilizados com cera pegajosa e esmalte cosmtico (Colorama Maybelline

    Cosbra Cosmticos Ltda., So Paulo-SP, Brasil), em duas camadas, e aps a completa

    secagem, a fita adesiva foi removida para que ficasse exposta somente a rea em esmalte

    previamente delimitada.

    Os espcimes, impermeabilizados, foram imersos em um recipiente contento 10 mL

    de soluo de sulfato de cobre 10% (Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha) por 7 dias, sendo

    que nos primeiros 5 min a imerso foi realizada sob vcuo. Em seguida, os espcimes foram

    secos com papel absorvente e imersos em 10 mL de soluo alcolica de cido rubinico 1%

    (Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha), por 7 dias, sendo que nos primeiros 5 min a imerso

    foi realizada sob vcuo. O cido rubinico revela os ons cobre formando um composto com

    colorao que varia do azul escuro ao preto, dependendo da quantidade de ons presente. A

    profundidade da infiltrao destes ons quantifica a permeabilidade do substrato. Aps a

    colorao, os espcimes foram lavados em gua destilada, durante 15 s, secos e mantidos

    em um recipiente vedado, com algodo embebido em amnia por um perodo de 7 dias, em

    estufa a 37 oC (Pcora et al., 1991) para evidenciao do cobre.

    Aps o armazenamento em amnia, os espcimes foram lavados, secos e includos

    em blocos de resina de polister (Milflex Indstria Qumica Ltda., So Bernardo do Campo-

    SP, Brasil) e, em seguida, foram seccionados em uma mquina de corte (Minitom: Struers

    A/S, Copenhagen, Dinamarca) montada com um disco diamantado (Struers A/S,

  • 41

    Copenhagen, Dinamarca) para obteno de seces transversais com espessura mdia de

    300 m. As seces foram lixadas e polidas manualmente utilizando-se lixas d'gua de

    granulao #600 e #1200, com a finalidade de obter uma espessura variando de 150 a 180

    m. A espessura foi controlada com o auxlio de um paqumetro universal com leitura

    eletrnica (Digimatic Caliper: Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm. Em

    seguida, os espcimes foram levados a uma cuba ultrassnica (Ultrasonic Clearner T-1449-D:

    Odontobrs Ind. e Com., Ribeiro Preto-SP, Brasil) durante 5 min e lavados abundantemente

    em gua destilada. Foram ento, observados em microscpio de luz (Carl Zeiss, Jena,

    Alemanha) e suas imagens analisadas utilizando-se o software AxioVision (Carl Zeiss, Jena,

    Alemanha), conectado a uma cmara digital (AxioCam MRc: Carl Zeiss, Jena, Alemanha). A

    metodologia do experimento est representada na Figura 3.

    Para cada dente, foi realizada uma mdia dos valores obtidos em trs seces. Estas

    medidas foram feitas por meio da mensurao da rea de penetrao dos ons cobre ao

    longo da rea total de esmalte exposto (Figura 4):

    Permeabilidade (%) = medida da rea da penetrao do on x 100

    rea total do esmalte analisado

  • 42

    FIG

    UR

    A 3

    - F

    luxogra

    ma d

    a m

    eto

    dolo

    gia

    da a

    nlis

    e d

    e P

    erm

    eabili

    dade.

    Ed Ed

    Ep

  • 43

    FIGURA 4 Forma de anlise da permeabilidade por meio do percentual da razo

    da penetrao do traador com a rea total do esmalte: Ed - Esmalte de dente decduo

    Ep - Esmalte de dente permanente

    Ed

    Ep

  • 44

    3.7 MICRODUREZA

    Para o teste de microdureza foram utilizados 12 incisivos decduos e 12 incisivos

    permanentes, que foram levados a um equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S,

    Copenhagen, Dinamarca), dotado de um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-

    SP, Brasil) refrigerado com gua, e tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno

    amelo-cementria. Posteriormente, os espcimes foram ento levados ao ultrassom

    (Ultrasonic Clearner T-1449-D: Odontobrs Ind. e Com., Ribeiro Preto-SP, Brasil) durante

    5min e lavados abundantemente em gua destilada.

    Os dentes foram acomodados com cera utilidade em uma lmina de vidro e com o

    auxlio de um paralelmetro (ElQuip, So Carlos-SP, Brasil) a regio mais plana da superfcie

    vestibular foi nivelada base da lmina de vidro. Foram ento fixadas com cera para

    escultura (Kota Ind. e Com. Ltda, So Paulo-SP, Brasil), aquecida em gotejador eltrico

    (Guelfi Equipamentos, Ribeiro Preto-SP, Brasil), para melhor estabilizao durante o teste.

    A microdureza do esmalte foi avaliada utilizando-se um microdurmetro (HMV-2000/

    Shimadzu Corporation, Kyoto, Japan), com um penetrador diamantado piramidal tipo Knoop,

    com carga esttica de 25 gf, aplicada durante 20 s, de maneira que a ponta do penetrador

    permanecesse paralela superfcie do esmalte.

    Foram feitas cinco endentaes, distribudas aleatoriamente, com distncia mnima de

    pelo menos 100 m entre elas. Foi obtido o valor mdio da microdureza de cada dente. A

    metodologia deste experimento est representada na Figura 5.

    Para medir as endentaes realizadas, duas marcas que aparecem no visor do

    microdurmetro foram sobrepostas aos vrtices agudos do losango correspondente

    endentao, determinando o comprimento da maior diagonal e, conseqentemente, o valor

    de dureza Knoop foi calculado automaticamente pelo software do equipamento, por meio da

    equao:

    KHN = C.c

    D2

    KHN = valor de dureza Knoop

    C (constante) = 14,230

    c = 25 gramas

    D = comprimento da maior diagonal da endentao

    Comprimento da maior diagonal

    B

  • 45

    FIG

    UR

    A 5

    - F

    luxogra

    ma d

    a m

    eto

    dolo

    gia

    da a

    nlis

    e d

    e M

    icro

    dure

    za.

  • 46

    3.8 RADIODENSIDADE

    A avaliao da radiodensidade foi realizada em 10 molares decduos e 10 molares

    permanentes, que foram levados a um equipamento de corte seriado (Minitom: Struers A/S,

    Copenhagen, Dinamarca), dotado de um disco diamantado (#7015: KG Sorensen, Barueri-

    SP, Brasil) refrigerado com gua, e tiveram suas razes seccionadas, 3 mm abaixo da juno

    amelo-cementria. Posteriormente, as coroas dentrias foram fixadas em uma base de

    acrlico (lmina de plexiglass) com auxlio de cera para escultura (Kota Ind. e Com. Ltda, So

    Paulo-SP, Brasil), aquecida em gotejador eltrico (Guelfi Equipamentos, Ribeiro Preto-SP,

    Brasil) e, por meio de um disco diamantado adaptado em mquina de corte, sob

    refrigerao, foram realizados cortes no sentido ocluso-cervical, na poro central dos

    molares, obtendo-se seces de 2 mm de espessura de cada dente. A espessura foi

    controlada com o auxlio de um paqumetro universal com leitura eletrnica (Digimatic

    Caliper: Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm.

    Os espcimes foram posicionados sobre um filme oclusal juntamente com uma escala

    de alumnio (penetrmetro), medindo 10 x 32 mm, e escalonada em oito degraus, com

    espessuras incrementais de 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16 mm, de acordo com o protocolo

    sugerido por Manson-Hing e Bloxom (1985). Esta escala tem a finalidade de simular, pelas

    nuances de tonalidades produzidas aps a exposio e o processamento das radiografias, as

    densidades das estruturas da cavidade bucal em relao aos tecidos mineralizados e moles,

    para a anlise laboratorial da qualidade da imagem radiogrfica e constatar a

    homogeneidade dos procedimentos alm de detectar as possveis variaes das tcnicas e

    processamentos radiogrficos.

    Foi realizada uma padronizao da posio dos espcimes e da escala de alumnio

    sobre a pelcula radiogrfica. A escala foi colocada no centro da pelcula e cinco espcimes

    foram posicionados acima e cinco posicionados abaixo desta, de maneira a padronizar que a

    superfcie mesial de cada espcime estivesse sempre voltada para a escala. Foram utilizados

    filmes oclusais (Insight-Kodak: Carestream Health Inc., Rochester-NY, EUA) do grupo de

    sensibilidade E. Estes filmes foram mantidos sob refrigerao, conforme recomendao do

    fabricante, e retirados da mesma com antecedncia suficiente para adquirirem a temperatura

    ambiente antes de sua exposio radiao. Para a tomada radiogrfica foi utilizado um

    aparelho de Raios X (Siemens Heliodent 60B, So Paulo-SP, Brasil) com cilindro localizador

    com abertura central de 11 mm de dimetro, com 60 Kvp, 10 mA, com o tempo de

    exposio de 0,10 s.

    B

    Figura Y - Fluxograma da metodologia da anlise de microdureza.

  • 47

    O cilindro localizador foi posicionado perpendicularmente aos objetos a serem

    radiografados de modo que a distncia foco-filme fosse de 20 cm, permitindo assim, que o

    feixe de radiao incidisse perpendicularmente aos objetos radiografados e ao filme

    radiogrfico. Aps a realizao das tomadas radiogrficas, os filmes foram submetidos ao

    processamento automtico de revelao (A/T 2000 XR: Air Techniques Inc., Melville-NY,

    EUA), seguindo as recomendaes do fabricante, em relao ao mtodo de processamento

    tempo/temperatura.

    Aps a sensibilizao e processamento das pelculas, foram realizadas leituras das

    densidades pticas por meio de um fotodensitmetro (Gafchromic, Victoreen-Moedling,

    Austria) com feixe de luz colimado para 1 mm de dimetro. A leitura do fotodensitmetro

    varia de 0,00 (passagem total do feixe de luz) a 4,36 (bloqueio total do feixe de luz). Trs

    examinadores calibrados realizaram anlise cega das imagens dos espcimes e da escala de

    alumnio, individualmente e em diferentes dias. Os valores obtidos foram anotados em

    tabelas.

    Inicialmente, foram realizadas duas medidas referentes a cada degrau da escala de

    alumnio, para em seguida serem feitas as leituras da densidade ptica de cada espcime.

    Foi obtida uma medida da regio mesial, uma da regio central e uma da regio distal,

    obtendo-se os valores de densidade ptica de cada dente pela mdia das trs regies

    analisadas. A metodologia deste experimento est representada na Figura 6.

  • 48

    FIG

    UR

    A 6

    - F

    luxogra

    ma d

    a m

    eto

    dolo

    gia

    da a

    nlis

    e d

    e R

    adio

    densi

    dade.

  • 49

    3.9 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)

    A anlise da resistncia coesiva do esmalte foi realizada por meio do teste de

    microtrao. Foram selecionados 15 molares decduos e 15 molares permanentes. A poro

    radicular, foi removida 3 mm abaixo da juno amelo-cementria com um disco diamantado

    (#7015: KG Sorensen, Barueri-SP, Brasil) montado em uma mquina de corte (Minitrom:

    Struers A/S, Copenhagen, Dinamarca).

    As superfcies oclusais foram condicionadas com cido fosfrico a 37%, durante 30 s,

    lavadas e secas com jatos de ar/gua e em seguida, foi aplicado o sistema adesivo Single

    Bond (3M ESPE, St Paul-MN, EUA), em duas camadas consecutivas e fotoativadas durante 20

    s. Foram ento, confeccionados "plats" de resina compostas Z250 (3M ESPE, St. Paul-MN,

    EUA), em pores incrementais, fotoativadas durante 20 s cada, com a finalidade de

    aumentar a poro coronria para facilitar a confeco das seces. Considerando o

    tamanho reduzido dos molares decduos, estes "plats" de resina foram confeccionados na

    poro oclusal e na regio correspondente cmara pulpar destes dentes.

    Os dentes foram fixados em uma base de acrlico (lmina de plexiglass) com auxlio

    de cera para escultura (Kota Ind. e Com. Ltda, So Paulo-SP, Brasil), aquecida em gotejador

    eltrico (Guelfi Equipamentos, Ribeiro Preto-SP, Brasil) e, por meio de um disco diamantado

    adaptado em mquina de corte, sob refrigerao, foram realizados cortes no sentido ocluso

    cervical, obtendo-se seces de aproximadamente 1 mm de espessura. A espessura foi

    controlada com o auxlio de um paqumetro universal com leitura eletrnica (Digimatic

    Caliper, Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm.

    Para cada dente, foram selecionadas seces em que apresentavam o esmalte com

    espessura mnima de 0,5 mm em todas as faces do espcime, em mdia obteve 2 seces

    por dente, que foram distribudas aleatoriamente em subgrupos, de acordo com a direo

    dos prismas de esmalte:

    Esmalte tracionado paralelamente a orientao prismtica

    Esmalte tracionado perpendicularmente a orientao prismtica

    Separadas as seces para cada subgrupo, foram confeccionados desgastes com o

    auxlio de uma ponta diamantada de granulao fina (3195 FF: KG Sorensen, Cotia-SP,

    Brasil) montada em alta rotao, sob refrigerao, de maneira a obter reas de

    aproximadamente 1 mm2. Estas pontas foram trocadas a cada dois espcimes, para garantir

    a eficcia do desgaste sem gerar o estresse no tecido.

    B

  • 50

    Os espcimes, selecionados para o ensaio de microtrao, tiveram suas reas

    medidas e conferidas, utilizando-se um paqumetro universal com leitura eletrnica

    (Digimatic Caliper: Mitutoyo, Suzano-SP, Brasil), com preciso de 0,01 mm, sendo

    descartados aqueles que tivessem a rea 1,2 mm2. Em seguida, as seces foram

    fixadas individualmente pelas suas extremidades ao dispositivo para a realizao do ensaio

    de microtrao, com o auxlio de adesivo instantneo a base de cianoacrilato (Superbonder:

    Gel-Henkel Loctite Adesivos LTDA, So Paulo-SP, Brasil), associado ao monmero da resina

    acrlica para acelerao da secagem, posicionando-se o espcime paralelamente ao longo

    eixo da fora de microtrao. O ensaio foi realizado em uma Mquina de Ensaio Universal

    (Modelo MEM 2000: EMIC Ltda., So Jos dos Pinhais-PR, Brasil), previamente ajustada para

    foras de microtrao, com uma clula de carga de capacidade de 50 Kgf, a uma velocidade

    de 1 mm/min. No momento da fratura, o movimento foi imediatamente cessado e os dados

    foram coletados para clculos posteriores. Os valores finais de resistncia coesiva foram

    calculados, dividindo-se os valores de carga de ruptura, em Newton (N), pelas seces

    transversais dos espcimes, em mm2, sendo expressos em MPa. Foram desprezados os

    espcimes que no romperam no esmalte e aqueles que se soltaram durante o teste. A

    metodologia deste experimento est representada na Figura 7.

  • 51

    FIG

    UR

    A 7

    - F

    luxogra

    ma d

    a m

    eto

    dolo

    gia

    da a

    nlis

    e d

    a R

    esi

    stnci

    a C

    oesi

    va.

  • 52

    3.10 ANLISE DOS DADOS

    Para o Mapeamento de Superfcie por Microfluorescncia de Raios-X por Energia

    Dispersiva foram avaliados os valores mdios, de porcentagem (%), de clcio (Ca) e fsforo

    (P), bem como a proporo da porcentagem em peso de Ca/P.

    Para a Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier, foram

    analisadas as quantidades de CO32 e gua, expressas em unidades arbitrrias (u.a.).

    Para a anlise da Permeabilidade, foi realizada mensurao da rea de penetrao

    dos ons cobre ao longo da rea total de esmalte, obtendo-se valores de permeabilidade

    relativa do esmalte em porcentagem (% P).

    Para a anlise da Microdureza, avaliou-se a microdureza Knoop do esmalte de dentes

    decduos e permanentes, em KHN. Para a anlise da Radiodensidade comparou-se a

    densidade ptica dos substratos.

    Para a anlise da Microtrao analisou-se a Resistncia Coesiva (Ultimate Tensile

    Strength), de acordo com a direo da fora aplicada: perpendicular e paralela direo dos

    prismas, em valores expressos em MPa.

    Inicialmente, os dados foram analisados quanto a sua distribuio e homogeneidade.

    Nos resultados obtidos no teste de EDX e FTIR, a distribuio no foi normal, portanto

    empregou-se o teste no paramtrico de Mann-Whitney. Para os demais, a distribuio

    apresentou-se normal e homognea. Assim, os dados obtidos na anlise de Permeabilidade

    foram submetidos Anlise de Varincia a um critrio: tipo de substrato e na anlise de

    Microtrao os dados foram submetidos Anlise de Varincia a dois critrios: tipo de

    substrato e direo dos prismas. Para os dados de Radiodensidade e Microdureza foi

    utilizado o teste t de Student para comparao entre as mdias.

    B

  • 53

    RREESSUULLTTAADDOOSS

  • 54

    4 RESULTADOS

    4.1 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX)

    Na anlise qumica observou-se no haver diferena estatisticamente significativa na

    porcentagem em peso de ons clcio (Ca), fsforo (P) e na relao Ca/P entre o esmalte de

    dentes permanentes e o de dentes decduos (p>0,05). Os valores mdios e os desvios-

    padro obtidos para cada substrato esto apresentados na Tabela 1 e as imagens obtidas e

    analisadas pelo equipamento esto apresentadas na Figura 8 (A e B).

    TABELA 1 - Mdias (%) e desvios-padro de clcio (Ca) e fsforo (P) e proporo Ca/P, em peso (%)

    Tipo de Substrato Ca P Ca/P

    Dentes Decduos 37,32 (5,7) a 19,55 (2,6) a 1,81 (0,2) a

    Dentes Permanentes 38,32 (0,6) a 20,76 (0,1) a 1,84 (0,02) a

    Letras e smbolos iguais indicam similaridade estatisticamente significante nas colunas (p>0,05).

    FIGURA 8A Amostra do esmalte de dente decduo analisado, demonstrando os valores (mximo e mnimo) da concentrao em peso (%) dos ons

    Clcio (Ca) e Fsforo (P).

    FIGURA 8B Amostra do esmalte de dente permanente analisado, demonstrando

    os valores (mximo e mnimo) da concentrao em peso (%) dos ons Clcio (Ca) e Fsforo (P).

  • 55

    4.2 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)

    Na anlise dos dados obtidos, no foram observadas diferenas significativas para os

    valores de mdios das bandas de CO32 (carbonato) e gua entre o esmalte de dentes

    decduos e permanentes (p>0,05). Os valores mdios (obtidos em unidades arbitrrias) e os

    desvios-padro das reas dos espectros do esmalte de dentes decduos e permanentes esto

    descritos na Tabela 2 e nas Figuras 9 e 10.

    TABELA 2 - Valores mdios (u.a.) e desvios-padro de carbonato e gua presente nos substratos analisados

    Tipo de Substrato CO32 gua

    Dentes Decduos 0,078 (0,013)a 0,112 (0,019)A

    Dentes Permanentes 0,090 (0,013)a 0,121 (0,024)A

    Letras e smbolos iguais indicam similaridade estatisticamente significante nas colunas (p>0,05).

  • 56

    Agua Decduo Agua Permanente Carbonato Decduo Carbonato permanente

    0,00

    0,02

    0,04

    0,06

    0,08

    0,10

    0,12

    0,14

    0,16

    re

    as n

    orm

    aliz

    ad

    as (

    u.a

    .)

    4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    4000 3500 3000 2500 2000 1500

    0.00

    0.05

    Abs

    orb

    ncia

    (u.

    a.)

    Nmero de onda (cm-1)

    Esmalte decduo

    Esmalte permanente

    FIGURA 9 - Valores mdios (u.a.) e desvios-padro dos dados obtidos na anlise de

    Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier.

    FIGURA 10 - Relao entre as mdias dos espectros do esmalte de dentes decduos

    (linha preta) e dentes permanentes (linha vermelha).

  • 57

    4.3 Permeabilidade

    Na permeabilidade pode-se observar diferena estatisticamente significante entre o

    esmalte de dentes decduos e permanentes (p

  • 58

    4.4 MICRODUREZA

    Na anlise dos dados de Microdureza Knoop observou-se haver diferena

    estatisticamente significante entre o esmalte de dentes decduos e permanentes (p

  • 59

    4.6 RESISTNCIA COESIVA (ULTIMATE TENSILE STRENGTH)

    Na anlise dos dados, observou-se que houve diferena estatisticamente significante

    (p

  • 60

    DDIISSCCUUSSSSOO

  • 61

    5 DISCUSSO

    5.1 MICROFLUORESCNCIA DE RAIOS-X POR ENERGIA DISPERSIVA (EDX) E

    ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)

    As tcnicas de EDX e FTIR constituem ferramentas teis que permitem,

    respectivamente, uma anlise qualitativa e quantitativa dos elementos presentes na amostra

    e a determinao da composio qumica molecular dos substratos.

    A determinao da composio qumica dos tecidos dentrios importante, visto que

    a qualidade do substrato influenciar a determinao dos protocolos restauradores e

    preventivos adequados. Na presente investigao o esmalte de dente decduo apresentou

    composio qumica similar em comparao ao esmalte de dente permanente.

    Em relao ao contedo de clcio e fsforo o presente estudo apresentou resultados

    similares a outros trabalhos (Naujoks et al., 1967; Lakoma e Rytomaa, 1977), que no

    observaram diferenas entre esmalte de dentes decduos e permanentes. Os valores mdios

    observados para o clcio e o fsforo, no esmalte de dentes permanentes foram semelhantes

    aos observados por Derise et al. (1974). Com relao ao dente decduo Le Geros et al.

    (1985) relataram uma porcentagem de 1,61 da relao Ca/P, valor inferior ao observado no

    presente estudo (1,81).

    Ao contrrio dos achados deste estudo, Sjun Clasen e Ruyter (1997) observaram

    maior contedo de carbonato no esmalte de dentes decduos. Outros autores (Tagliafero et

    al., 2009; de SantAnna et al., 2009) tambm relataram valores superiores na quantidade de

    carbonato do esmalte de dentes decduos, quando analisados utilizando espectroscopia

    Raman por transformada de Fourier.

    Podem-se explicar estas diferenas em funo da metodologia empregada, da

    procedncia regional e tnica dos dentes estudados, do grupo de dentes analisados ou

    mesmo ao tempo de permanncia do dente decduo na cavidade bucal, pois todos esses

    fatores podem afetar a composio qumica das estruturas dentais. Alguns autores relatam

    que o contedo de clcio pode aumentar (Derise et al., 1974) e que a solubilidade e o

    contedo de carbonato no esmalte podem diminuir com o aumento da idade dental

    (Brudevold, 1948; 1960; Sidney-Zax et al., 1991).

  • 62

    O esmalte composto basicamente por mineral (95%), tendo a apatita como

    principal componente, esta um fosfato de clcio que possui estrutura hexagonal formada

    por um stio tetradrico (PO4-3) que est ligado ao clcio em dois stios estruturais diferentes.

    Ela formada por um padro definido de arranjo inico que permite considervel variao

    na sua constituio por meio da substituio, troca e adsoro de ons. As variantes mais

    freqentes de apatita so: hidroxiapatita [Ca10(PO4)6OH2] e fluorapatita [Ca10(PO4)6F2] (Ten

    Cate, 2001).

    Tais substituies podem acontecer de forma rpida ou lenta, dependendo de fatores

    como desgaste, difuso de ons, oxidao, decomposio e precipitao. Essas substituies

    podem alterar a cristalinidade, as dimenses dos cristais, a textura superficial, a estabilidade

    e a solubilidade da estrutura da hidroxiapatita. O clcio pode ser substitudo pelo magnsio e

    pelo sdio; fluoretos e cloretos podem ocupar a posio da hidroxila; o carbonato pode

    ocupar tanto a posio da hidroxila (tipo A) quanto do fosfato (tipo B). Alm disso, embora a

    estrutura da hidroxiapatita seja preservada, as alteraes qumicas e estruturais que

    acompanham tais substituies podem afetar as propriedades fsicas e qumicas do esmalte

    (Reitznerova et al., 2000, Leventouri et al., 2009). Portanto, a avaliao de outros ons e

    molculas, bem como do contedo inorgnico, por meio de tcnicas mais especficas se faz

    necessria para uma efetiva comparao entre estes substratos

    5.2 PERMEABILIDADE

    A metodologia histoqumica empregada na anlise da Permeabilidade foi

    originalmente descrita para o tecido dentinrio (Pcora et al., 1991). Porm, estudos prvios

    realizaram a adaptao da metodologia para avaliao da permeabilidade em esmalte

    (Schiavoni et al., 2006; Turssi et al., 2006) e, posteriormente, para a anlise em esmalte de

    dentes decduos (Azevedo, 2011).

    A anlise da permeabilidade constitui-se um mtodo eficaz para a avaliao de

    procedimentos preventivos e das alteraes dos tecidos dentrios frente aos procedimentos

    restauradores (Turssi et al., 2006; Chersoni et al., 2011).

    A maioria dos estudos realizada somente em dentes permanentes, ou somente em

    dentes decduos. Entretanto, dentes decduos e permanentes possuem caractersticas

  • 63

    prprias que podem influenciar na permeabilidade dos tecidos, e devem ser comparados

    utilizando os mesmos mtodos, como no presente estudo.

    No presente trabalho observou-se que o esmalte de dentes decduos mostrou-se mais

    permevel em comparao ao esmalte de dentes permanentes. Resultados semelhantes

    foram relatados por Linden et al. (1986), os quais observaram que o coeficiente de difuso

    mdio do EDTA (cido etilenodiaminotetractico) e da clorexidina foi cerca de 30 vezes

    enquanto o de flor foi 150 vezes maior no esmalte de dente decduo comparativamente ao

    de dente permanente. Possivelmente, a maior densidade e menor dimetro dos prismas

    (Oliveira et al., 2010) e maior rea de esmalte interprismtico e densidade das junes entre

    os prismas no esmalte de dentes decduos (Shellis, 1984a) explicariam estes resultados.

    Adicionalmente, a menor organizao dos cristais de hidroxiapatita (Cevc et al., 1980)

    no esmalte do dente decduo resultariam em um tecido com maior porosidade e

    permeabilidade (Mortimer, 1970). Fato este verificado por Silverstone (1970), que relatou

    uma porcentagem de poros no esmalte do dente decduo variando de 1-5% nas regies mais

    internas do tecido, em comparao a porcentagem de 0,1 a 0,2% observada nos dentes

    permanentes.

    O contedo orgnico no esmalte est presente em concentraes muito baixas (1%),

    sob a forma de pequenos peptdeos e aminocidos distribudos pelo tecido como

    remanescentes da matriz orgnica sintetizada na fase de desenvolvimento do substrato,

    provavelmente ligados aos cristais de hidroxiapatita. Na regio interprismtica existe menor

    densidade de cristais e, portanto, maior contedo orgnico. Esta fase protica associada

    presena da gua (4%) permite a difuso de substncias, conferindo a propriedade de

    permeabilidade deste substrato (Brik et al., 2000).

    Desta forma, sabendo-se que na presente pesquisa no se observou diferena na

    composio qumica entre os substratos, pode-se relacionar a maior permeabilidade a uma

    maior rea de regies interprismtica e intercristalina no esmalte de dentes decduos.

    Aliando-se a estes dados, o fato da espessura do esmalte do dente decduo ser a

    metade da espessura do dente permanente (Mortimer, 1970; Oliveira et al., 2010), a maior

    permeabilidade do esmalte do dente decduo comparativamente a do dente permanente

    seria mais preocupante. Isto porque a espessura do tecido um dos fatores importantes

    contra injrias patolgicas e iatrognicas, pois esta age como uma barreira contra agresses

    do meio bucal.

  • 64

    Estes resultados poderiam explicar a maior suscetibilidade do esmalte do dente

    decduo frente aos desafios cidos observada na literatura. Mejre e Stenlund (2000)

    relataram que a incidncia de leses cariosas no esmalte de dentes permanentes foi de 4,6

    leses/100 superfcies dentrias ao ano em comparao taxa de 11,3 leses para o esmalte

    de dentes decduos, concordando com os dados de outros estudos (Featherstone e Mellberg,

    1981; Shellis, 1984b).

    Logo, a maior permeabilidade do esmalte do dente decduo indica a necessidade de

    protocolos preventivos e restauradores especficos para este substrato.

    5.3 MICRODUREZA

    A microdureza definida com a mensurao da resistncia deformao permanente

    de uma superfcie quando uma carga aplicada por um endentador (ao, tungstnio ou

    diamante). A medida da dureza se d pela relao entre unidade de fora pela unidade de

    rea deformada. A Microdureza Knoop, aplicada neste estudo, tem sido amplamente utilizada

    nos substratos dentrios, pois sua endentao permite medidas mais precisas mesmo em

    reas onde as marcas so rasas, devido ao fato de sua ponta de penetrao possuir uma

    diagonal longa (Kinney et al., 2003). Ainda, esta pode estar relacionada com outras

    propriedades mecnicas como resistncia fratura, mdulo de elasticidade e fora de

    adeso (Cuy et al., 2002; Kinney et al., 2003).

    Na presente investigao os valores de microdureza Knoop foram maiores no esmalte

    de dentes permanentes comparativamente aos dentes decduos, concordando com os

    resultados de outros estudos (Lussi et al., 2000; Correr et al., 2007; Low et al., 2008). Ainda,

    estes valores so semelhantes aos encontrados na literatura para o esmalte de dentes

    decduos e permanentes, quando analisados isoladamente (Argenta et al., 2003; Torres et

    al., 2010).

    O contedo mineral do esmalte pode afetar os valores de dureza (Cuy et al., 2002;

    Braly et al., 2007; Jeng et al., 2011), entretanto pequenas alteraes nos contedos mineral

    e orgnico do esmalte no foram correlacionadas com os achados de dureza (Kodaka et al.

    1992). Variaes nas propriedades mecnicas podem ser atribudas a outros fatores, como

    diferenas na cristalografia (densidade e orientao dos cristais) (Habelitz et al., 2001; He at

    al., 2010).

  • 65

    Neste contexto, autores observaram que o esmalte dos dentes decduos apresentam

    maior nmero e menor dimetro dos prismas em relao aos permanentes (Oliveira et al.,

    2010), alm de observaram uma menor organizao dos cristais de hidroxiapatita (Cevc et

    al. 1980), caractersticas que poderiam afetar negativamente a dureza do esmalte de dente

    decduo. Low et al. (2006; 2008) correlacionaram os menores valores de dureza observados

    no esmalte de dentes decduos em comparao a dentes permanentes presena de cristais

    mais grosseiros nos dentes decduos e afirmaram que as propriedades mecnicas dos tecidos

    dentrios estariam relacionadas no somente s diferenas estruturais, mas tambm

    umidade presente no substrato. Zheng e Zhou (2005) demonstraram que dentes

    permanentes tiveram maior resistncia ao desgaste que dentes decduos e atriburam os

    achados, em parte, maior dureza e ao alinhamento mais perpendicular dos prismas na

    superfcie oclusal do esmalte.

    Alguns autores (Roy e Basu, 2008; He e Swain, 2009) atriburam a diminuio das

    propriedades mecnicas (mdulo de elasticidade e dureza) do esmalte da superfcie juno

    amelo-dentinria s caractersticas microestruturais locais no tecido como a orientao dos

    prismas e organizao dos cristais. Habelitz et al. (2001) confirmaram este fato ao reportar

    que os valores do mdulo de elasticidade e a dureza so menores na cauda dos prismas em

    relao cabea, devido a diferenas na orientao dos cristais de hidroxiapatita.

    O padro de orientao dos prismas de esmalte pode ser atribudo ao vetor de

    movimento dos ameloblastos durante a sntese da matriz proteica, que tambm pode

    influenciar a orientao dos cristais do esmalte (Smith, 1998).

    Desta forma, considerando que os dentes decduos apresentam maior velocidade de

    formao e mineralizao e menor ciclo de vitalidade nos tecidos (Shellis, 1984a, Arajo et

    al., 1995), mesmo que o esmalte do dente decduo tenha apresentado valores da

    composio qumica similares ao dente permanente, os resultados em relao microdureza

    Knoop poderiam ser explicados por uma possvel diferena no arranjo microestrutural destes

    substratos.

    As propriedades mecnicas do esmalte de dente decduo comparativamente ao dente

    permanente so pouco estudadas. A determinao e comparao destas propriedades sob as

    mesmas condies de preparo e teste importante, visto que o conhecimento destas

    caractersticas esclareceria o comportamento destes substratos sob condies clnicas.

  • 66

    5.4 RADIODENSIDADE

    Um dos objetivos principais da Odontologia a promoo e manuteno da sade

    bucal. Para tal finalidade, o correto diagnstico da doena crie e o controle preciso da

    utilizao dos materiais capeadores, forradores e restauradores se tornam mandatrios.

    Neste sentido, um importante mtodo auxiliar a utilizao da imagem radiogrfica. Os

    materiais odontolgicos deveriam apresentar-se radiograficamente com tonalidades das

    nuances que permitissem diferenci-los das estruturas anatmicas adjacentes e de leses de

    crie (Espelid et al., 1991; Hara et al., 2001).

    A radiopacidade uma propriedade importante dos materiais odontolgicos e tecidos

    biolgicos mineralizados e pode ser definida como o inverso da densidade ptica da imagem

    radiogrfica. A densidade radiogrfica pode ser descrita como o grau de enegrecimento da

    radiografia concluda. Quanto maior o grau de escurecimento, maior a densidade e menor a

    quantidade de luz que atravessar a radiografia quando colocada na frente de um

    negatoscpio ou de um foco de luz (Souza et al., 2010).

    A densidade ptica o logartimo da razo da intensidade de luz incidente pela

    intensidade de luz transmitida por meio do filme radiogrfico. Esta no depende somente da

    metodologia usada como tipo de filme, parmetros de exposio e processamento

    radiogrficos, mas tambm, das propriedades de absoro de radiao do prprio substrato

    (Watts e McCabe, 1999).

    Desta maneira, no presente estudo objetivou-se padronizar as outras variveis que

    poderiam interferir na densidade ptica. Assim, as diferenas existentes seriam resultantes

    apenas das caractersticas qumicas e microestruturais de cada tecido avaliado.

    A radiodensidade de uma imagem radiogrfica ser influenciada pela composio

    atmica e molecular do tecido e dos materiais, bem como de sua estrutura fsica e espessura

    (Fonseca et al., 2004). Para assegurar um contraste adequado da radiografia, os espcimes

    utilizados apresentaram um espessura de 2 mm (Watts e McCabe, 1999). Este fator

    importante para um diagnstico diferencial, porque com uma espessura menor

    provavelmente no seria possvel distinguir as trs estruturas dentrias mineralizadas na

    imagem radiogrfica (esmalte/dentina/cemento), uma vez que estes espcimes no

    apresentariam espessura suficiente para impedir a passagem os raios-X e assim formar a

    imagem radiogrfica no filme.

  • 67

    A metodologia utilizada nesta investigao foi similar a de outros estudos que

    avaliaram a radiopacidade de materiais (Devito et al., 2004; Souza et al., 2010; Aguilar et

    al., 2011).

    As diretrizes da Organizao Internacional para Padronizao 4049 (1985)

    determinam que um material odontolgico resinoso deva apresentar uma radiopacidade no

    mnimo igual a do alumnio puro, na mesma espessura que aproximadamente a

    radiopacidade da dentina do dente permanente (van Dijken et al., 1989). No entanto, alguns

    autores concluram que para um timo contraste um material restaurador que apresentasse

    uma radiopacidade ligeiramente maior ou igual a do esmalte do dente permanente seria

    ideal para o diagnstico correto de leses de crie nas radiografias, bem como para a

    avaliao dos materiais odontolgicos (Espelid et al., 1991; Chan et al., 1999). Isto porque

    uma radiopacidade muito maior que a do esmalte tambm poderia interferir na deteco de

    alteraes e na diferenciao dos materiais em relao s estruturas anatmicas adjacentes

    (Devito et al., 2004).

    No presente estudo, o esmalte do dente permanente apresentou menores valores de

    radiodensidade em comparao ao esmalte do dente decduo, ou seja, o esmalte do dente

    permanente mostrou-se mais radiopaco que o do dente decduo. O valor mdio da densidade

    ptica do esmalte de dentes permanentes foi semelhante ao reportado por Souza et al.

    (2010) (1,46) e por Devito et al. (2004) (1,56), utilizando a mesma metodologia.

    Wilson e Beynon (1989) avaliaram o esmalte de dentes decduos e permanentes por

    meio da microradiografia e observaram que o dente decduo apresentou menor grau de

    mineralizao. Na presente investigao, apesar da semelhana na anlise qumica, os

    valores de microdureza foram diferentes para os substratos comparados, sugerindo uma

    diferena na estrutura fsica entre o esmalte do dente decduo e do dente permanente, o que

    poderia explicar os valores de radiodensidade obtidos.

    Neste contexto, Oliveira et al. (2010) observaram que o esmalte de dentes decduos

    apresentou maior nmero de prismas em relao aos dentes permanentes. Low et al. (2006;

    2008) observaram que os cristais so mais irregulares e maiores (185 nm) no esmalte de

    dentes decduos em comparao ao dente permanente (94 nm). Alm disso, o esmalte de

    dentes decduos apresenta maior porosidade em relao ao dente permanente (Silverstone,

    1970).

    Os resultados observ