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Seu Axé, sua história - Costumes do Povo Ioruba no BrasilAno 1 - Edição
junho 201
A revista Obara
Traz a trajetória das casas:Ilê Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum e Ilê Axé Logum Ede Bade Ola Oxum;
E a suas unificações no Ilê Axé Irepo Araketu
Blog: http://revistaobara.blogspot.com e-mail: [email protected]
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Sob o “Olhar dos Orixás” somos a cada dia doutrinados e educados devárias formas. A vida, a partir de nossa escolha de acompanharmos os ritos aosOrixás, nos mostra a realidade da fé. Uns sentem na própria carne e outros sim-plesmente em uma crença cega, doando suas vidas e criando histórias para outrosescreverem as suas próprias e darem continuidade a essa crença.
A natureza nos apresenta o caminho e, sendo assim, escolhemos o que re-almente é certo ou errado, não importa a nação, cor, condição social. Não importanada disso, a natureza doa sua sabedoria representada em cultos os quais comona África, aldeias se unem fortalecidas para ajudar o próximo. Essa tradição énossa herança.
Terreiros, casas, roças oi ilês, como são chamados os locais para celebra-ção e cultos do Candomblé, por anos lutaram para ter reconhecimento e respeitodas instituições e da sociedade, onde dogmas são respeitados e mantidos.
Somos cobrados diariamente por nossos Orixás, nessa vida enlouquecidaentre trabalho e família. O nosso tempo cessa simplesmente para nos dedicarmosa uma reza; uma cantiga; o tocar do atabaque; o olhar atento a dança de um Ori-xá; o fechar de olhos desejando ao próximo tudo de bom, uma alquimia de grãos,óleos, folhas...
Nascer e morrer, um percurso de aprendizado, pois o passado vira históriae o futuro não há como saber, e os Orixás nos apresentam o presente valorizan-
do suas decisões e apoiando o certo ou errado, pois mesmo uma decisão tomadaerroneamente nos fortalece e faz todos nós evoluirmos para que no futuro tenha-mos mais sabedoria na escolha do caminho certo.
Mojuba (meus respeitos) a todos;
Ogã Jonas de Logum Ede
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Índice
05 - Carta ao leitor
“O Inicio, a união, a fé”Fundação do “Yle Axé Ya Omi Lodo AtiEgbe Ogum” ........................06
“Mãe, Amiga ...”Mãe Vera de Oxum e afundação do “Yle AxéYa Omi Lodo Ati EgbeOgu” ......................07 e 08
“Soldado dos Orixás”Depoimento Ogã Adalberto de Ogum sobreo “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”........................09 e 10
“Dedicação ao Orixá.”Depoimento Ebomi Will de Ogum sobre o“Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”.........................11 e 12
“O Guardião dos Orixás”Depoimento Ogã Jonas de Logum Ede sobreo “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”...........................13 e 14
Fundação do “Yle AxéLogum Ede Bade OlaOxum”
......................16
“Amor aos Orixás”Depoimento Ya Cecy de Logum Ede sobre o“Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum”..........................18 e 19
“A Guerreira”Depoimento Ekedi Claudia de Oxum sobreo “Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum”
...........................20 e 21
Agradecimentos“Ile Axe Irepo Araketu”.............................22 e 23
“A União”Depoimentos Mãe Vera de Oxum e MãeCecy de Logum Ede sobre o “Ile Axe IrepoAraketu”..............................24, 25, 26 e 27
“Resumo”
Revista Obara...............................27
“Saudades”Eterna Ekedi Katia deYemanja...............................29
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Direção, edição, reportagem, designere diagramação:
Jonas Ferreira do Rosário
Fotografias:Karina Alves Avenia
Capa: Jonas Ferreira do Rosário
Colaboradores:Marilda Gifalli
Felipe C. SantosMauricio Barreira
e-mail: [email protected] msn: [email protected]: revista.obara Cel: (11) 9449.7304
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revistaobara.blogspot.com
Carta ao Leitor
Com o intuito de divulgar a re-ligião afro-brasileira, mais precisamente oCandomblé, a revista Obara nasce de-spretenciosa.
Divilgaremos toda a excelência queas casas de Candomblé trazem com suastrajetórias, histórias de seus zeladores(as), filhos (as) e simpatizantes.
Queremos que esse patrimônio cul-tural cresça, crie força e faça parte a cadadia, do histórico brasileiro.
Mostraremos as casas, suas ori- gens, a alquimia de suas lembranças boase não tão boas para que todos saibam oquanto é difícil manter erguida a bandeirado Candomblé.
Povo sofrido e que hoje conquistouseu lugar na sociedade, mostrando, seumodo de ser, vestindo roupas afros, fiosde contas, torços e tudo que o Candom-blé possui por direito.
Somos Livres
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“Ile Axe Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”(Casa de Axé Mãe das Aguas Claras e e a Corte de Ogum)
Fundada em 2002 a estacasa começou sua história de luta pela divulgação da
religião afro-brasileira.
Unidos pelo amor ao Can-
domblé, Ya (mãe) Vera de Oxum, OgãAdalberto de Ogum, Ebomi Will de Ogume Ogã Jonas de Logum Ede, inauguraram osonhado Ilê.
Foram meses de construção apoiados pe-
los filhos e simpatizantes, concretizando assim mais uma ramifi-
cação do Axé Moraketu - Muritiba – BA.
Conforme as entrevistas com os seus fun-
dadores observamos como a vida voltada aos Orixás é sofrida e ao
mesmo tempo gratificante.
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“O Inicio, aUnião, a Fé”
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Mãe Vera de Oxum
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Sou Vera Lucia Borges Caetano, 49 anos, do lar, iniciada aoOrixa em 16 de maio de 1981 por Mãe Célia “Odé Lokemi”, filhade Pai Cido de Oxum. Em fevereiro de 1981, Mãe Celia tirava sua primeira “ yao”(ìyàwó, Iyawô, yao ou Iaô palavra de origem yoruba, é a denominação dosfilhos-de-santo já iniciados na feitura ao Orixá, que ainda não complet-
aram o período de 7 anos da iniciação. Sóapós a obrigação de 7 anos ele se tornará um Ebomi - irmão mais velho. Antes
da iniciação são chamados de abíyàn ou abian.) Sonia de Xango, e nestedia lá estava eu apenas como visita, quando em um determinado momento“bolei” (fui tomada pelo Orixá). Meu marido, que também não conhecia o
Candomblé, pensou que eu estava tendo um ataque epilético. Foi quando MãeCelia e Pai Cido informaram a ele que era apenas uma manifestação do OrixáOxum pedindo iniciação, e não diferente de outras pessoas não tinha con-dições financeiras para isso. Estava casada a menos de um ano, não conseguiaengravidar e estávamos os dois desempregados, foi então que meu pai carnalJoão, disse que cobriria meu Orixá (compraria todas as coisas nescessáriaspara eu ser iniciada no Orixá). Mesmo sem entender nada de Candomblé elee minha mãe carnal, Lourdes, ajudaram. Ele financeiramente e ela costurandominhas roupas de ração (roupas brancas) e as roupas para meu Orixá.
“Mãe, Amiga ....
Com tradição de uma família unida, mãe Vera nos mostra suatranquilidade e equilíbrio. Poucas pessoas conseguem trazer esta sereni-
dade até nos momentos mais difíceis.
“30 anos de YaVera e Oxum,nossas Mães”
Mãe Carmem - BA Mãe Vera Mãe Juju
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Pai Jair de Oxossi
Mãe Célia
Fiquei com MãeCélia até 1985, infelizmenteporque ela decidiu não maistocar Candomblé, assim, fui
para casa de Pai Jair deOdé (Oxossi), nação
Efon,e lá tomei obrigação
de 7 anos e 14 anos e ocupeio cargo de yakekere (se-gunda pessoa responsável
pelos filhos da casa) dadopelo Orixá Odé de pai Jair,saindo de lá para fundar a
minha casa “Ile Axé YaOmi Lodo Ati EgbeOgum”.
Em 1981, jamais imagineiou almejei ter minha casa de Axé,isso aconteceu de forma natural,diferente do que acontece hoje quan-do os yaôs chegam na casa sabendo seuOrixá, sua qualidade, seus fundamentos epensando logo em ter sete anos para poderabrir sua casa. De forma natural como deve ser
escrito pelo Orixá e não pornós. Quando dei conta já es-tava fazendo meu primeiroyaô na casa de Pai Jair e delá para cá não planejo,apenas acontece dia a diade forma natural.
A união dos Axés nãofoi tão fácil assim paraos filhos, mas para os
Orixás Logum Edee Oxum foi natural, in-felizmente nós seres hu-
manos ainda temos muitospreconceitos com tudo. Al-
guns não aceitaram e acabar-am se distanciando, o que foiuma pena, pois todos os filhos
que iniciei foram com amor erespeito a eles e acima de tudo ao
Orixá, mas acredito que só aconteceo que o Orixá quer, não somos nós que
escolhemos.
Hoje mais do que nunca, sei que Ya Mi
Oxum (minha mãe Oxum) é quem me guia, afi-nal colocou no meu caminho meu marido, compan-heiro e cúmplice Ogã Dal de Ogum, que sem elemãe Vera não existiria, e juntos caminhamos na es-
trada traçada pelos nos-sos Orixás.
“isso aconteceu de formanatural”
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Ogã Adalberto de Ogum
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Olá, meu nome é Adalberto Caetano,tenho 53 anos e sou Analista de Sistema porprofissão e estudioso dos cultos afro-brasileirospor paixão.
Minha trajetória se iniciou no culto aos
Orixás há 30 anos. Comecei na Umbanda na
casa de Mãe Célia, segunda filha de santo de PaiCido de Oxum.
Fui suspenso Ogã do Oxossi que significaguardião de Oxossi, de Mãe Célia, em 1987, du-rante sua obrigação de Orixá na casa de Pai Cido.
Em 6 de junho de 1996, recebi o cargo de Axo- gun pelo babalorixa Jair de Odé no Ilé AxéOmo Ode. Casa de Axé Efon. Cargo
esse de grande responsabilidade, já que o Axogun é o responsável pelo ato de imolar todo e qualqueranimal nos rituais da casa e de todos os membrosdo Axé, inclusive do próprio Babalorixa.
Os anos se passaram e algumas mudançasocorreram no Axé de Pai Jair, sendo sua obri-gação de 21 anos no Axé Ketu com Pai Marcos ena época houve muita dissidência e transtornosnesse processo de adaptação.
Minha esposa, Mãe Vera de Oxun, já eraYa Kekere da casa e diante dessas divergências emudanças decidimos ter nossa própria casa (Axé).Durante esse período tivemos o privilégio de co-
nhecer Mãe Juju que nos fez um convite paraconhecermos o Axé de Muritiba - BA. Fo-mos para Muritiba em fevereiro de 2001 e ficamosna roça durante as festividades de Ode (Oxossi) eOgum.
Conseguimos, através de um filho de santo,um local para erguermos nosso Axé, local esse alu-gado (o que só viemos saber depois de começar-
mos a construção).
Estudioso, Ogã Adalberto do Ogum, conhecido como Pai Dal, preserva o Axé e seus rit-uais com sabedoria e pulso forte.
“Soldado dos Orixas”
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Em outubro de 2002 plantamos o Axé dacasa e fundamos o “Ile Axe Ya Omi lodo AtiEgbe Ogum (Axé Ketu do Portão de Muritibade mãe Juju). Quem nos ajudou nessa tarefa foipai Marcos (que depois seria o Babalorixa de
minha filha Luciana de Yemanja, em ja-neiro de 2003) e pai Francisco , ambos filhos desanto de Mãe Juju.
Em Fevereiro de 2003 voltamos a Muriti-ba onde tive o privilégio de ter o Axé de Ogumsobre meu Ori (cabeça). Nesse ano ainda tive-mos os toques de Ogum e Oxum em nosso Axé.Toques maravilhosos.
Após a obrigação de minha filha vimosque o fato de termos o Axé plantado em um localalugado não estava dando certo por vários mo-tivos: espirituais eadministrativos.O jeito foi sairmosdesse local e im-provisarmos umquarto de santo emnossa residên-
cia até decidirmos o que fazer. O fato mais marcantedessa decisão foi o apoio dos filhos de santo que en-tenderam os motivos e se mantiveram conosco.
Ya Cecy filha de santo da casa, já pos-suía um sítio com Axé plantado pela minha esposa
e diante dos fatos nos cedeu metade desse sítio paraconstruirmos nossa casa. A princípio a idéia era ter-mos os dois Axés separados, sendo cada um admin-istrado pela sua Yalorixa. O que na verdade seria umcontracenso. Varias reuniões e conversas foram efe-tuadas entre os filhos da casa. Discutiam-se normas,regras, hierarquias, etc.
Diante de tudo isso, decidimos que o nossoAxé seria diferente, de tudo que normalmente acon-tece nas casas de Candomble, em vez de separamosas coisas faríamos o inverso, íamos unir as coisas.Não queríamos cair no mesmo processo que acon-teceu em casas tradicionais onde divergências cul-
minaram na divisão do Axé e de filhosdo Axé (como ocorreu na Casa Brancado Engenho Velho, onde as divergên-cias culminaram na criação do Axe OpoAfonja, do Axé Gantois e do EngenhoVelho).
A decisão foi unir o que jáestava unido, aproximar o que já não es-tava mais distante e da união dos AxésYa Omi Lodo Ati Egbe Ogum e oIle Axé Logun Ede Bade Ola Oxumsurgiu o Ile Axe Irepo Araketu (Casade Axe da União do Povo de Ketu).
Hoje nossa casa tem essepropósito, o de fazer com que os Ebomis(filhos com mais de 7 anos de iniciados)de hoje e de amanhã tenham seus filhosde santo feitos no Irepo Araketu, sem anecessidade de se aventurar em construirnovas casas.
A idéia ainda é de se criar uma ONG do IrepoAraketu para podermos dar apoio e ajuda à regiãoonde esta localizado, região essa muito carente.
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Ebomi Will de Ogum
Meu nome de batismo é Ildefonso Noguei-ra Prudencio, e tornei-me adepto ao espiritismo em1971 no bairro do Bom Retiro, Rua Matarazzo, noTemplo de Umbanda Caboclo Junco Verde,tendo como iniciador o Sr. Antonio Rodrigues
Nunes Neto, profundo conhecedor dos ensina-mentos de Umbanda, que só não deu continuidadeao templo por problemas de saúde. Trago desta casalembranças e ensinamentos que guardo até hoje.
Após fechamento desta casa, procurei darcontinuidade a minha caminhada espiritual emoutras duas casas, que também já não existem mais,mas que me daram o suporte necessário a conclusãode minhas obrigações dentro da Umbanda, sendoque em Outubro de 1984, com todos os preceitosnecessários cumpridos, dei o primeiro passo dentro
de minha jornadacomo Sacerdotede Umbanda, in-augurando minhacasa Templo deUmbanda Cabo-clo Pena Branca,isto no bairro daArmênia, na RuaLuiz Pacheco, sen-do que a inaugu-ração deu-se coma festa de Cosme eDamião. Esta casapermaneceu abertaaté junho de 1991,quando aconteci-mentos alheios àminha vontadee fora de minha
compreen-são, foramme levandoa outroscaminhos,
até que em julho domesmo anofui iniciadoao cultodoOrixá, sen-do entãofundamen-tado defato Ogumem minha vida. Esta iniciação deu-se na Rua FreiDurão, no Templo de Raiz Ketu de Pai OdeOfanile, casa maravilhosa onde tudo começou naminha caminhada no Candomblé. Nela permane-ci por quase três anos, quando por motivos que sóo Orixá explica, conheci e fui prontamente adota-do por minha zeladora, Mãe e amiga, Mãe Verade Oxum, que hoje comanda de forma impecávelo Axé Irepo Araketu de raiz Muritiba - BA,sendo filha de mãe Juju de Oxum.
Mas esta caminhada ao lado de minhamãe não foi só mar de rosas, tive o privilégio deacompanhá-la em diversas fases, uma delas quan-do abrimos juntos o “Ile Axé Ya Omi Lodo AtiEgbe Ogum”, no mesmo endereço onde anosatrás eu havia começado minha jornada na Um-banda. Voltando à rua Luiz Pacheco, junto comminha mãe desta vez, tomamos a empreitada jun-tos a Ogâ Jonas de Logum Ede e Ogã Adal-
berto de Ogum de construirmos o Axé desde o
chão até e ultima telha, jornada que foi difícil, mas
“Dedicação aos Orixas”
Com uma história de dedicação e amor, Will vem comraizes de Umabanda e Candomblé, uma vida inteira dedicada aoOrixa.
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conseguimos executar, com todas as di-ficuldades e contratempos que foramacontecendo ..... mas ao final con-seguimos.
Mas como sempre, nossa vontade é uma a do Orixá, é outra,
e assim, nosso caminho novamentefoi alterado, ficando por curto es-paço de tempo naquele local, .... o quehavíamos combinado com o locadorfoi totalmente deturpado pelo mesmo,e diante desta e de mais algumas decep-ções, resolvemos que ali não haveria paz ea serenidade necessárias à iniciação de um yaô,porque minha mãe sempre disse que a iniciação deum yaô deve ser repleta de paz, harmonia, alegria.
para que este momento seja lembrado e relembradocom alegria por esta pessoa por toda sua vida. Den-tro deste princípio foi que resolvemos encerrar asatividades naquele lugar.
Neste momento surgeminha irmã mais velha, Cecyde Logum Ede, que já tinhasua Casa de Camdomblé abertaem Itapecirica da Serra, pro-
pondo a minha mãe que trans-ferisse o Axé para Itapecirica,momento mágico em que deu-se a fundação do Irepo Ara-ketu, casa que trouxe a minhamãe e a nós, como um todo, aharmonia necessária a execuçãode nossos cultos em torno
do Orixá, esta casa hoje é comandadapor mãe Vera de Oxum, (Yalorisa) mãeCecy de Logum Ede, ebomi Doris deYansã e Ekedi Claudia de Oxum, como acompanhamento de Ogã Adal-berto nos assuntos de ordem mate-rial que envolvem a casa.
Nesta nova era, a pouco tempo, mi-nha esposa, agora Dofona Vanessa de
Oxum , foi iniciada (mas esta é umaoutra história).
Eu , por outro lado, decidi, com asbênçãos de minha mãe, seguir meu caminho e
abrir minha Casa “Ile Axé Egbe Omo Ogum”, noBairro de Sacomã (Ipiranga). Fixei minha residên-
cia em uma casa ao lado, estruturando-me de formaa atender nossas nescessidades, a nescessidade detudo que envolve o culto Orixá. Desta forma pre-tendemos iniciar novos yaôs, dando continuidade
a nossa religiosidade aoOrixá, mas como eu disse,meu caminho na espi-ritualidade começou naUmbanda, portanto atéhoje cultuo as entidades e
preceitos dentro do pos-sível, não vou nunca ab-dicar destas entidadesque tanto já fizeram pormim, nos momentos difí-ceis de minha vida. Nãoé porque hoje minha casatem uma re-ferência deAxé, de Nação, (ketu) queeu vou abandonar minhas
referências, muito pelocontrário, somar é sempre
melhor que subtrair. Hoje minha mãe soma forças no Axé IrepoAraketu, e com ela aprendi que nada se joga fora dentro dos ensina-mentos que passamos com os Orixás e é com esta mentalidade queprocuro dar e passar ensinamentos a meus filhos. Não é fácil, mas éextremamente gratificante.
Axé a todos, sabedoria, alegria, que é apenas o que nossosOrixás nos pedem para cultuá-los, e muita, mas muita fé mesmo,
porque semela não chegaremos a lugar algum.
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Ogã Jonas de Logum Ede
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Sou Jonas Ferreira do Rosario,tenho 34 anos, designer, iniciado ao cultodo Candomblé em 02 de novembro de 2002
por mãe Vera de Oxum no qual me torneiOgã Jonas de Logum Ede com o Cargode Oba Logum (Oba: pronunciado Oba,“rei” ou “governante” na língua yoruba,este é o nome dadoaos chefes tradicion-ais de povoados yoru-bas – Logum: OrixáLogum Ede).
Minha trajetória no
Orixá vem de muito amor
e dedicação, familiar, trago
lembranças da Umbanda
de minha finada Tia Aracie seguindo, sem muitas in-
tenções religiosas, conheci
o Candomblé de Angola, o
qual freqüentei como sim-
patizante por um bom tem-
po.
Mais ou menos
no ano de 1998 conheci
Ebomi Will do Ogum por meio da Sra. Nilza de
Oxum. Após algum tempocom o Ebomi Will tive a
felicidade de ser escolhido
por Oxum para ser seu
guardião, apontado Ogãde Oxum automaticamenteme tornei filho de mãe Vera
de Oxum onde iniciei toda a
batalha para o Ilê Axé YaOmi Lodo Ati EgbeOgum.
Tudo começou em
uma conversa na residência
de mãe Vera, entre OgãAdalberto (Meu Pai
Pequeno), mãe Vera eo Ebomi Will.Até aqui
“ O Guardião dosOrixás”
Com muita honra falo um pouco deste
Axé e deixo meus sinceros agradecimentos por
fazer parte de história
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era apenas o Jonas. A idéia
de criar a casa parecia um
sonho e com muito esforço
e ajuda de alguns filhos e
simpatizantes conseguimos
erguer nosso Axé. Tive o
privilégio de ser o primeiroa ser iniciado no novo Axé
e logo após minha iniciação
também tive outro presente
quando fui conhecer o
berço de nosso Axé emMuritiba – BA dePai Nezinho, tambémpassei e pisei no chão ondeMãe Menininha deGantóis construiu toda asua historia de vida. Passa-
gens na vida de uma pessoa
religiosa que jamais serão
esquecidas.
Voltando a São Pau-
lo e ao novo Axé tivemos
muitas alegrias ao ver nas-
cer para o Orixá a minha
irmã Luciana de Yem-anja e Flavio de Oxa- guiã. Foram momentosinesquecíveis. Lá também
tocávamos a Umbanda,
que foi raiz de minha mãe
no começo de sua vida
espiritual.
Muitas festas e obrig-ações foram feitas, mas
como nem tudo é alegria,
tívemos problemas de
caráter administrativos
com o proprietário que nos
levaram a entregar o imó-
vel. Por algum tempo to-
dos os nossos fundamentosficaram na residência de
minha mãe, até que para
surpresa de todos as nos-
sas irmãs Cecy de Logum Ede, Dóris deYansã e Claudia de Oxum nos acolheram naroça delas.
Um começo complicado, pois o convite de juntar os Axés foi muito bom, porém todo começo
é difícil pois costumes foram mudados e decisões
foram divididas, mas hoje vejo que Orixá sabe real-
mente o que faz. Tudo que passamos foi um aprendi-
zado para moldar o Irepo Araketu e fazer deleuma casa respeitada e maravilhosa.
Mojuba a todos.
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“Ile Axe Logun Ede Bade Olà Oxun”(Casa de Axé Logum Ede herdeiro de Oxun)
Com uma história de herança, estacasa teve suas terras compradas em 1996 e fun-
dado (com os rituais necessários) em 2002. Sua
história tem diferentes momentos.
Responsáveis por uma casa
da nação Angola, que foi fechada
após o falecimento de seu Babalorixa
Alexandre Miranda Coelho (filho de
Yansã), Mãe Cecy de Logum
Ede, Ebomi Doris de Yan-sã, Ekedi Claudia de Oxum,Ekedi Alessandra de Ox-
alufã e Kety de Oxum, as-
sumiram a responsabilidade sobreos fundamentos do encerramento
e abertura de um novo espaço de
culto aos Orixás e, numa mudança
radical, fundaram o Ilê AxéLogum Ede BadeOlá Oxum já na naçãoKetú...
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www.revistaemfamilia.com.br
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“24 anosdedicados aos
Orixas”
Mãe Cecy de Logum Ede
Meu nome é Marilda Gifalli eCecy-Demin é minha digina na Angola (nação
onde fui iniciada). Digina é um nome de batismo
quando você nasce para o Orixá e é como você
passa a ser chamada e reconhecida no meio dos
seus parentes de religião. Depois, com o
tempo, as pessoas se acostumaram a
me chamar de Cecy, mais simples emais fácil que Marilda, meu nome
de batismo. Tenho 57 anos e
sou jornalista. Nasci para o
Orixá no dia 12 de fevereiro
de 1987, quando tinha 33
anos. Fui iniciada por Al-
exandre Miranda Coelho
(babalorixá da Angola),falecido em 1985, em
Portugal, aos 29 anos de
idade. Ele foi à Portugal
a trabalho e sofreu um
acidente de carro que in-
felizmente lhe tirou a vida.
Sua família
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“Amor aos Orixás”
de Orixá era do Rio de Janeiro com
raízes da Goméia, que faz referên-
cia à Joãozinho da Goméia famoso
líder da Angola, mas como ele
criou sua casa, situada no Jar-
dim Jacira, em São Paulo, de
maneira independente, poucotive contato com seus parentes
de Orixá, a não ser Pai Remival
de Xangô, ogã que vinha ajudar
nos rituais e Pai Raimundo de
Oxumarê, ogã que tocava e can-
tava em nossa casa. Nesta casa
fui Mãe Pequena (Yá Kekerê).
“Amor e dedicação”, é o que nosmostra “mãe Cecy de Logun Ede”. A vida total-
mente ligada ao Orixá, anos de luta para construiruma casa e um sonho concretizado.
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tente. Claro, que está liderança permanece noâmbito do Irepô. Lá, mãe Vera é superior a
mim hierarquicamente falando. Mas, estamos
aprendendo a dividir espaços, tarefas e o mais
importante, responsabilidades. Creio que não
seja fácil, nem dífícil, apenas diferente e este é
o desafio a enfrentar. No mais creio que só o
tempo dirá se deu certo e se as novas gerações
serão capazes de dar continuidade a este pro- jeto chamado Irepô.
“minha afinidade com a Yá Vera eOgã Adalberto que vai muito além
do Candomblé. Somos amigos, inde-pendente da religião que escolhemos.”
Após a morte de meu pai, fundei o Ilê
Axé Logum Ede Bade Olá Oxum, em 2002, já
sob os cuidados de mãe Vera de Oxum e em
2006 fundimos as duas casas, e um pouco desta
história está descrita em todas as respostas desta
matéria.
A idéia de unir as casas e de
fundar o Irepô (com certa modéstia) foi minha,
pelos motivos descritos acima, além de muitos
outros, como por exemplo, a minha afinidade
com a mãe Vera e Ogã Adalberto que vai muito
além do Candomblé. Somos amigos, independ-
ente da religião que escolhemos.
No começo houve resistência de
muitos que vêem o Candomblé como uma re-
ligião onde cada babalorixá e yalorixá deve ter a
sua casa, na qual será um líder isolado e onipo-
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Ekedi Claudia de Oxum
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Cláudia AmaralArgoud, 49 anos, designer de moda,
iniciada na religião dos Orixás
setembro de 1992, com o Sr.
Alexandre Miranda Coelho
- “Tata Mavambulô” de“Matamba” no “AxéAbaça Legbara OyaOgir”, hoje em nossaRoça tenho o cargo de
“Yalaxè” (Colabora-dora na administração
da casa e responsável
pelos rituais mais ligadosà preservação e continui-
dade do Axé).
De família es-
pírita com hábito de evangel-
ho no lar, presenciei e frequentei
vários anos o Kardecismo, tendo feito
parte integrante de grupos de estudos e dedoutrina a espíritos. Pouco tempo depois, com
um relacionamento com uma pessoa inicida no
Candomblé, houve os primeiros contatos com a
religião, seus ritmos e lendas. Tive casos de saúde
que foram resolvidos e abrandados com peque-
nas obrigações, hoje, com muito mais proprie-
dade, reconheço que já eram prenúncios de uma
caminhada longa pelos caminhos do Candomblé.
Anos mais tarde, com um caminho de
vida bem diferente, já casada e tendo passado
muito tempo distante da religião, volto a deparar-
me com ela num raro encontro destes que a gente
nunca esquece. Meu pai por toda vida foi vítima
do alcoolismo e junto com ele toda a nossa famíl-ia sofreu muito os efeitos desta horrível doença.
Após um repentino reencontro com uma velha
amiga da época do colégio, fui apresen-
tada à Marilda Gifalli. “Cecy Demin”
de Logum Edè , “Yakekerê” dacasa na época.
Minha vida mudou com-pletamente a partir daí.
Marcamos uma consulta
para meu pai carnal que
passava por uma crise
de alcoolismo grave e
já não bastavam tantas
internações em hospi-
tais psiquiátricos paradesintoxicação. Passei por
um “ebó” (limpeza espir-
itual) de descarrego junto
com meu pai, a quem tenta-
mos ajudar espiritualmente. A
partir dali, nunca mais me afastei
do Candomblé. Fui iniciada na “Nação
Angola”, no “Abaçá Oyá Ogir - Axé Goméia”para “Oxum” como “Ekedi de Oya”, cujos anos
foram de muito aprendizado de vida. Quatro anos
mais tarde, meu pai de santo faleceu no exterior, a
trabalho. Sucedeu-se uma maratona para preser-
var o “Abacá”. Tivemos que deixar o terreno por
questões jurídicas. Foi o caos !
O “Boiadeiro (são entidades epitituais
vinculadas à homens que trabalharam, sobretu-
Levada pelo acaso, o amor peloOrixá foi muito mais forte, tomou conta de sua
vida e fez nascer uma Guerreira do Axé.
“A Guerreira”
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do na condução de gado) da
mãe Cecy”, nos orientou a to-
dos os filhos, até que a “mãe
Cecy” comprou um terreno
que ajudamos a pagar e de-
positamos ali nossos “Igbás”
(Igba Orixá, ibá orixa ou sim-plesmente ibá é o nome dos
assentamentos sagrados dos
Orixás). Muito sofrimento e o
desejo de manter o que para
nós era mais do que sagrado.
Fundamos ali o nosso “Ilê”,
no ins-tinto e na bravura de
poucos integrantes, a maioria,mulheres. Fiz tudo o que esteve
ao meu alcance para erguer nosso “Ilè”.
O destino e o Orixá nos guiaram de maneiras
muito peculiares e especiais até que nossos camin-
hos se cruzaram com os de “mãe Vera de Oxum”, que
nos acolheu e nos deu as obri-
gações na casa de “Pai Jair deOde”. Passamos a frequentar a
Casa de Pai Jair, procurando ir a
todas as funções, começamos de
novo em outro Axé, dando con-
tinuidade as nossas obrigações
continuamos todas nós nosso
caminho sob outra bandeira,
a “Nação Efon”. Nossa casa, o“Ilè Axè Logum Ede Bade Olà
Oxum”, prosperava, crescia, até
que o Pai Jair toma sua obrigação
de 21 anos com “Pai Marcos de
Ode” – “Nação Ketu”. Passamos
todos então a um novo Axé. - A
“Nação Ketu” que vinha de raíz-
es muito profundas. Muitos fa-
tos ocorreram a partir daí. Con-
hecemos muitas pessoas que
foram marcantes em nossa tra-
jetória. Nossa “Ya”, mãe Vera de
Oxum, fundou sua própria casa,
“Ilè Axè Ya Omi Lodo ati Egbe
Ogum” deixando então, a casade Pai Jair, a quem passamos a
ver mais esporadicamente. In-
felizmente, o barracão de mãe
Vera não teve suas instalações
muito bem sucedidas.
Questões de ordem material
tornaram impossível continuarcom o barracão no local onde
estava instalado. Foi quando mãe Cecy resolveu par-
tilhar a terra do “Ilê” com mãe Vera. Numa corajosa
atitude, pois trata-se de algo muito inusitado dentro
do Candomblé indo de encontro a tudo que já vi-
mos e após muita relutância de mãe Vera, unimos
as Casas, numa mesma terra.
Hoje, somos o “Irepò” (União).“Axé” é sinô-nimo de Força e o
nosso “Axé” é redobrado, nos-
sa força foi multiplicada com
nossa união. Hoje, depois de ter
passados por três nações, posso
dizer com muita honra, que sou
“Yalaxé do Irepò Araketu”, raíz
da “Nação ketu”, a qual, commuito orgulho, seguimos hoje:
“Maroketu de Pai Nezinho de
Portões de Muritiba - BA e de
mãe Juju de Oxum a grande
Yalode de São Paulo”.
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O Irepo Araketu cresce a cada dia e reforça a história do Candomblé, tradições e respeitopelo Orixás, sendo assim deixamos aqui gravado que estivemos juntos a eles para registrar esse momento.
Agradecemos:
Ya Vera de OxumOgã Adalberto de Ogum
Luciana de YemanjaRafael de OxaguiãTatiana de Yansã e seu filho LuanYa Cecy de Logun EdeEkedi Claudia de OxumYa Dóris de YansãKety de OxumAlessandra de Oxalufã
Luciana do OgumVanessa de Oxossi seu marido Alessandro e suas filhas Jeniffer e VictoriaZeni de Yemanja, seu marido Sr. Carlos e seus filhos Rafael e VictorWill de Ogum e toda sua família de SantoVanessa de Oxum e suas filha Tamiris, Rafaela e OminayeOgã Jonas de Logun Ede e sua esposa Karina e sua filha Maria EduardaMarcos de Omolu, sua mulher Claudia e seus filhos João e Gabriel e toda sua família de SantoOgã Marcelo de Oxossi e sua familia
E todos os amigos e simpatizantes deste bonito Axé.
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“Ya Vera de Oxum e Ya Cecy de Logum Ede, continuam, na luta para manter
viva a cultura dos escravos africanos no Brasil, sem cor, sem nenhum tipo de discrimi-
nação, fazem a sua historia e mostram a todos que vale a pena acreditar no próximo,
pois para a vida no Orixá nada conta como credito, dinheiro, prestigio. Nada disso,
a única importância dentro desta vida é amor ao próximo, ao Orixá, à dignidade e o
orgulho de dizer que nossa Religião é o Candomble”
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Com a união dos Axés, em 2006, a mãe Cecypensou em batizar o Axé com um novo nome, no que con-
cordaram a mãe Vera e os demais integrantes. Assim, nasceuo “Irepo Araketu”, em 2008, que significa (União doPovo de Ketu), já queas duas casas estavam sob
a bandeira desta nação. Se-
diada na Rua Tupiniquins,
126, Itapecerica da Serra,
São Paulo, comandada por
mãe Vera de Oxum e mãeCecy de Logun Ede, a casa se
tornou um espaço concreto
aos olhos de quem é ini-
ciado para o Orixá, ou sim-
plesmente é simpatizante do
Candomblé. Lá, os cultos
afros-brasileiros são reali-
zados seguindo as tradiçõesdo Axé Moraketu –Muritiba – BA, que tem
“Ile Axé Irepo Araketu”
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como uma de suas matriarcas a mãe Juju de Oxum.
Os fundamentos aprendidos por suas mães e por todosos responsáveis por cargos hierárquicos distintos, revelam nos rituais
internos e nas festas publicas, que este Axé ja faz parte do Candom-blé em São Paulo.
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Falem um pouco mais sobre uniãodos Axés, suas metas e seus projetos so-ciais.
Mãe Vera de Oxum:
Os motivos, para união foram tan-
tos que ficaria difícil enumerá-los,mas em síntese ela veio principal-mente depois de uma conversa in-formal com minha Yalorixa Juju deOxun no portão do sitio quandome despedia dela e num abraço
de até breve ela me disse: “Filha
vocês devem se unir e tocar
esse Axé juntas”. Isso calou na minha alma, nomomento não entendi, mas, refletindo depois per-cebi que ela estava certa, como sempre, pois nestaépoca eu ia ao sitio tocar para minha filha Cecy etoda vez que tinha toque em casa lá estava ela e suasfiéis escudeiras Ekedy Claudia e Ebomy Doris.
Depois deste dia fiquei pensando, mas não
comentei com ninguém. Foi quando, para minhasurpresa, Cecy me procurou para propor a união de
nossas casas. Me lembro que, mesmo assim, pedi aela um tempo para pensar afinal não era só minhaessa decisão, mas sim de toda uma família do Axé.
E assim decidimos todos juntos fazer o in-
verso da Casa Branca “UNIR AS CASAS DE AXÉ”.
A meta é apenas
manter o Axé vivo e quantoa projetos sociais, sim, comotoda casa de Axé deve ter, masainda não chegou o momento.
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Mãe Cecy de Logum Ede:
Vários motivos justificaram a união das duas
casas e destaco apenas dois principais. O primeiro é
que o terreno onde se situa o Irepô é grande demais
e me senti sozinha para administrá-lo, uma vez que
por ser uma comunidade pequena, não havia pes-
soas para dividir as diversas tarefas, que vão desde
a administração, propriamente dita (com todas as
despesas que são recorrentes desta administração),
até os trabalhos de uma organização espiritual que
exigem a presença de diversas pessoas em
diferentes cargos. Três mulheres à
frente de um grande projeto, sen-
do que nenhuma delas pode se
dedicar integralmente tor-
nou a primeira casa inviáv-
el. A segunda é que por ser
a mãe Vera minha yalorixá,
eu tinha que me dedicar,
um pouco, à casa dela, ou
seja num toque de Ogum,
por exemplo, eu tinha que es-
tar presente e colaborar nas tare-
fas que envolvem os rituais (além de
uma pequena contribuição financeira).
Dentro do mesmo mês, eu tinha que organizar uma
festa de Ogum na minha casa e a minha mãe Vera
estava presente e trabalhava para me ajudar, mobili-
zando meus irmãos etc. Enfim, tínhamos o trabalhodobrado para chegar a um mesmo objetivo. Com as
dificuldades que ela encontrou na sua primeira casa
(uma delas foi o fato de ser um espaço alugado),
decidimos juntar forças para cumprir esta missão.
Isto não é convencional no Candomblé, muitos até
criticaram a decisão, mas, questões espirituais e de
ordem material nos levaram para este caminho que
espero dê muito certo, pois é o desejo de nós duas:
mãe e filha.
Quanto as metas: Uma casa de Candomblé
tem seu tempo ajustado a diversos fatores. Não é
uma empresa que por visar lucro deve manter um
plano de metas ousado para atender à concorrên-cia etc. Dependemos da união de todos, depen-
demos da força espiritual dos Orixás, mas o Irepô
quer trabalhar para melhorar seu espaço físico, sua
estrutura, enfim, tornar-se uma casa com uma or-
ganização plena, embora já tenhamos avançado
muito nesta direção. Uma roça de Orixá
exige manutenções constantes, que
nem sempre podem ser feitaspor seus filhos, muitas vez-
es temos que terceirizar
serviços como os de pe-
dreiro, encanador, por
exemplo. Como nenhum
de nós pode morar na
roça, o Irepô possui uma
funcionária para vigiar ecuidar dos espaços públi-
cos.
Quanto a um objetivo espiritual, espera-
mos merecer o crédito de sermos, acima de tudo,
uma casa que respeita as tradições do Candomblé
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Acupuntura & Massagem Terapêutica
Massoterapia
Terapia
Técnicas Tradicionais
Florais - Dores de Coluna
Marcos José Martins
Terapêuta CRT 31960
Cel: (11) 9238.3006 - 9865.7443
Atendimento a domicilo
e que tem amor e respeito pelo Orixás, sem os
quais nenhum de nós estaria respondendo estas
perguntas ou fazendo qualquer movimento para
realizar um ideal. O Irepô é um ideal que mistura
a tradição dos Orixás e a forma de ver o mundode um jeito mais moderno, sob o ponto de vista
de atender as necessidade de uma comunidade
que vive no século Vinte e Um e não no século
Dezenove, quando a religião Yorubá foi trazida
para o Brasil no seios da escravidão.
A casa na medida do possível estaráinserida em projetos sociais da região, maspara isto é preciso que sua organizaçãointerna avance. Ela, apesar das experiênciasde seus líderes, é uma casa muito jovem eprecisa de ajustes internos para prosperar
neste sentido. Os projetos futuros são muitos,mas como disse na resposta anterior, é precisorespeitar o tempo de cada um e o tempo dosOrixás.
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Revendo a história do Candomblé, imaginamos o sofrimento do povo Yoruba para conquistarseu espaço na sociedade, isso para pessoas de fora simplimente se torna a história de um povo real-mente sofrido. Quem vive isso na pele não é diferente, pois, tanto o passado quanto o presente reviveseus sofrimentos e preconceitos porem com modos diferentes.
Fazer parte de toda essa trajetória é como representar nossa ancestralidade, é vestir o mantoda igualdade social. Candomblé ou qualquer outra religião prega o bem maior ao próximo e sendo as-sim: “Me sinto honrado de fazer parte da família Irepo Araketu”.
Essa experiência de mostrar um pouco da trajetória desse Axé foi gratificante e marcante, poisalem de mostrar eu vivo isso a cada dia.
A Revista Obara e Ogã Jonas de Logum Edeagradecem a todas as pessoas que ajudaram de uma for-ma ou de outra a realização dessa Edição.
Registramos aqui o convite da família IrepoAraketu, que, convidam a todos que quiserem co-nhecer sua roça (casa) localizada na Rua Topin-iquins, nº 126 – Itapecerica da Serra,. Mais esclare-cimentos ou perguntas entrem em contato com nossaedição que teremos o prazer de informá-los.
Deixamos aqui mais uma vez nossos sinceros agra-decimentos.
Mojuba;
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Ekedi Katia de Yemanja,
“Saudades”
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Em 2010 infelizmente fomossurpreendidos com o falecimento de nossa Irmã
“Ekedi Kátia de Yemanja”, como amiga eirmã particípou de vários momentos da vida de “Ya
Vera” pois ganhou seu cargo de “Ekedi” ao ladode “Ya Vera” sendo guardiã de “Oxum”. Iniciada por
“Pai Jair de Oxossi” demonstrou a todos nós a hu-
mildade em pessoa, com sua vida pessoal bem agi-
tada participava das obrigações da casa como podia,
mãe presente a seus filhos carnais, dividia sua boa
vontade entre Orixá e Família.
Foi presente no inicio do “Ile AxéYa Omi Lodo Ati Egbe Ogum” e da forma que dava participou dos anos de luta do “Axé”. Apósa descoberta de uma doença teve que se afastar para cuidados médicos que lhe foram consumidos muitos
anos e sendo assim não pode acompanhar nossa união para o “Irepo Araketu”, mas me lembro de algu-mas ocasiões onde ela esteve entre nos tentando mesmo com muita dificuldade para participar e estar entre
nós e os Orixás.
Tanto eu, “Ogã Jonas de Logun Ede” e a Familia “Irepo Araketu” deixamosaqui nossa homenagem a uma Grande Mulher, Guerreira ............ Mãe e amiga.
Saudades “Ekedi Kátia de Yemanja”
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