FACULDADES ICESP PROMOVE DE BRASÍLIA
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
Caroline Esser
HUMORNALISMO:
A INFLUÊNCIA DOS HOAX NO JORNALISMO ONLINE
BRASÍLIA
2014
2
CAROLINE ESSER
HUMORNALISMO:
A INFLUÊNCIA DOS HOAX NO JORNALISMO ONLINE
Memorial descritivo apresentado como
trabalho de conclusão do curso de
comunicação social com habilitação em
jornalismo, das faculdades
ICESP/promove de Brasília, como
requisito à obtenção do título de bacharel
em jornalismo.
Orientador: Prof. Romoaldo de Souza
BRASÍLIA
2014
3
PROPRIEDADE INTELECTUAL
CESSÃO DE DIREITOS
AUTORA: Caroline Esser TÍTULO DO TRABALHO: Humornalismo: A influência dos Hoax no jornalismo online GRAU/ANO: É concedida às Faculdades ICESP/Promove de Brasília permissão para reproduzir cópias deste trabalho acadêmico de conclusão de curso ou emprestar tais cópias somente para propostos acadêmicos e científicos. A autora reserva-se outros direitos de publicação. ________________________________________ Caroline Esser e-mail: [email protected] (61) 8232-0734
4
CAROLINE ESSER
HUMORNALISMO:
A INFLUÊNCIA DOS HOAX NO JORNALISMO ONLINE
Memorial descritivo apresentado como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo, das Faculdades Icesp/Promove de Brasília.
APROVADA em 24/07/2014 por:
_________________________________________
Orientador Prof°. Romoaldo de Souza
Faculdades Icesp/Promove de Brasília
_________________________________________
Avaliador(a) Prof°. Ana Maria Fleury Seidl
Faculdades Icesp/Promove de Brasília
_________________________________________
Avaliador(a) Profª. Luiz Carlos Menezes dos Reis
Faculdades Icesp/Promove de Brasília
5
Agradeço ao Romoaldo de Souza por ter acreditado em mim e no potencial do tema para o trabalho. Agradeço também os entrevistados Nelito Fernandes, Wagner Martins, Gilmar Lopes e Romário Schettino, por terem aceitado participar deste desafio. Agradeço a minha namorada, Ana Carla Gomes por toda a paciência que teve comigo nos momentos de estresse durante a elaboração do trabalho. Agradeço ao Robson Moura por ter feito a locução do Radiodocumentário, e também agradeço a todo mundo que direta ou indiretamente tenha me ajudado.
6
Resumo
O radiodocumentário, produto deste trabalho de conclusão de curso tem como
objetivo mostrar a influência que os hoax, conhecidos também como boatos têm
sobre a divulgação de falsas notícias no jornalismo online e redes sociais. Os hoax
abordados na elaboração do trabalho possuem padrão textual semelhante às
notícias jornalísticas. Com a popularização da internet, surgiram diversos sites que
simulam o visual e textos jornalísticos de grandes portais de comunicação com o
objetivo de confundir os leitores e jornalistas desatentos.
Palavras chaves: Hoax, boato, jornalismo online, notícias fictícias, redes sociais,
radiodocumentário
7
Sumário
Resumo .................................................................................................................................................. 6
Introdução .............................................................................................................................................. 8
1. Justificativa .................................................................................................................................... 9
2. Objetivos ...................................................................................................................................... 10
2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 10
2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................................. 10
3. Referencial teórico...................................................................................................................... 10
3.1 Radiodocumentário ................................................................................................................. 10
3.2 Hoax ........................................................................................................................................... 12
3.3 Massmedia ................................................................................................................................ 13
3.4 Self Media ................................................................................................................................. 15
3.5 Jornalismo Online .................................................................................................................... 18
3.6 Redes Sociais ........................................................................................................................... 19
4. Metodologia de pesquisa .......................................................................................................... 19
5. Especificações Técnicas ........................................................................................................... 21
6. Considerações finais .................................................................................................................. 21
7. Bibliografia ................................................................................................................................... 22
8
Introdução
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como produto o
desenvolvimento de um radiodocumentário com o objetivo de mostrar a influência que os
sites de notícias fictícias têm sobre a divulgação de boatos nas redes sociais e no
jornalismo online.
O projeto consiste no desenvolvimento de um radiodocumentário que
abordará os hoax¹ jornalísticos (pronuncia-se rôuquis) criados por sites como
www.sensacionalista.com, www.cocadaboa.com e www.g17.com.br que circularam nas
redes sociais nos últimos anos.
O radiodocumentário foi desenvolvido com entrevistas de Nelito Fernandes,
fundador do site Sensacionalista, Gilmar Lopes, criador do e-farsas, site especializado em
desvendar os boatos da internet, o jornalista Romário Schettino e Wagner Martins, criador
do site Cocadaboa, considerado o primeiro site a produzir notícias fictícias no Brasil.
Neste relatório, constam as informações da pesquisa quantitativa divulgada e
realizada pela rede social Facebook com 181 usuários dos grupos Emprego DF, Vendas,
Trocas e Compras - DF; Ijumper; Jornalistas de Brasília, Assessores de
Comunicação.com; Entusiastas da Social Media; Mercado Livre - Brasília; AliExpress -
Dicas de Compras;Vagas para profissionais de Comunicação; Comprei No Aliexpress;
FlashMobDF; Empregos & Oportunidades DF; RevengeBrasil e PlayStation 3 Brasília -
PS3 BSB com o objetivo de verificar o conhecimento dos internautas sobre os hoax.
_________________________________________________________
¹ A expressão hoax é utilizada para definir qualquer conteúdo falso
9
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: justificativa para elaboração
do produto, exposição dos objetivos gerais e específicos, referencial teórico, metodologia
de pesquisa, especificações técnicas, considerações finais e anexo, que traz os dados
tabulados da pesquisa. O trabalho conta também com um anexo em CD, onde constam
as entrevistas na íntegra e as versões em português e inglês do programa apresentado
por Orson Wells.
1. Justificativa
Com a popularização da internet e das redes sociais, surgiram sites como
www.cocadaboa.com, www.sensacionalista.com.br e www.g17.com.br que se tornaram
grandes propagadores de boatos. Notícias como “CNN diz que Mark está triste com o
comportamento dos brasileiros no Facebook”; “Casal de São Paulo batiza o filho como
Facebookson e causa polêmica no mundo”; “Mulher engravida vendo filme pornô em 3D”;
“Senado aprova bolsa-prostituição de R$ 2 mil por mês”; “Garoto morre após se
masturbar 42 vezes seguidas”; “Aprovada a Lei que obriga o brasileiro a pintar a casa de
verde e amarelo para a Copa”; e "Vem aí o Tubby, a resposta do Lulu para os homens",
foram compartilhadas inúmeras vezes nas redes sociais.
As notícias envolvendo o aplicativo Tubby eram verdadeiras, mas o aplicativo
nunca existiu. As primeiras notícias envolvendo o aplicativo surgiram em novembro de
2013 e foram divulgadas em grandes portais como G1, R7, Veja, TechTudo, Folha de São
Paulo, Terra e Uol. Até o dia 3 de dezembro de 2013, o site www.conteudoria.com
contabilizou 1,5 milhão de pessoas no site do aplicativo; 850 mil resultados de busca no
Google; 98 mil compartilhamentos do site somente no Facebook; e em 24 horas, mais de
3 milhões de impressões no Twitter. O vídeo de lançamento do aplicativo que contém
uma legenda oculta onde é explicado que o aplicativo nunca existiu possui até o dia 30 de
junho de 2014 cerca de 600 mil visualizações no canal do aplicativo no Youtube.
Em pesquisa realizada com 181 usuários da rede social Facebook utilizando o
gerador de questionários “Google Docs”, os resultados demonstram que, apesar da
maioria dos participantes possuírem ensino superior, e declararem que antes de
compartilhar um conteúdo nas redes sociais verificamos informações, a maioria errou as
10
respostas quando eram questionadas se as matérias apresentadas possuíam conteúdo
verdadeiro ou falso.
Dentre a amostra, 143 eram do sexo feminino e 38 do sexo masculino. Com
base nas informações, pretendo mostrar com o radiodocumentário que a internet é um
grande meio de propagação desse conteúdo que atinge inclusive sites e blogs
jornalísticos.
A escolha do radiodocumentário como produto para abordar o tema hoax foi
para facilitar a explicação e dos conceitos e exemplos apresentados. Além disso, o
radiodocumentário permite ao ouvinte criar sua própria imagem do que está sendo
apresentado.
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Produzir um radiodocumentário sobre a influência que os sites de notícias
fictícias tem sobre a divulgação de hoax no jornalismo online e redes sociais.
2.2 Objetivos Específicos
- Investigar as causas que levam o público das redes sociais e jornalistas a replicarem
notícias fictícias
- Analisar a linguagem utilizada para a elaboração das matérias fictícias
3. Referencial teórico
3.1 Radiodocumentário
Antes de citar o conceito de rádiodocumentário é necessário fazer uma breve
apresentação da história desse veículo tão importante que desde a época de Gulielmo
11
Marconi que solicitou o registro de patente em setembro de 1986, passando pelo padre e
cientista brasileiro Roberto Landell de Moura, que adquiriu em março de 1901 a patente
de um aparelho destinado a "transmissão fonética à distância, com fio e sem fio, através
do espaço, da terra, e do elemento aquoso".
Desde a criação do rádio, este veículo de comunicação vem sofrendo
diversas modificações, tanto no alcance de suas transmissões como no formato dos
programas. Com a internet e a facilidade de comunicação, o rádio se expandiu e de
acordo com Magaly Prado, no livro “História do Rádio no Brasil” citando LEMOS (2004),
na era da comunicação existe um ambiente de troca de informações que envolve os
usuários. O autor afirma que:
“A fase atual da computação ubíqua, dos objetos sencientes, dos computadores pervasivos e do acesso sem fio mostra a emergência da era da conexão e da relação cada vez mais intrínseca entre os espaços físicos da cidade e o espaço virtual das redes telemáticas. O desafio da gestão informal, comunicacional e urbanística das cidades passa pelo reconhecimento dessa era da conexão e da mobilidade”.
(LEMOS, 2004).
No rádio, são vários os formatos para se transmitir uma informação, podendo
ela ser de curta ou longa duração. Os boletins informativos com matérias de no máximo
três minutos são os mais utilizados atualmente. Entretanto, emissoras que transmitem
notícias 24 horas, conforme LOPEZ, Debora Cristina no livro Radiojornalismo
hipermidiático, a rádio allnews, “trabalha com informação e opinião”, permitindo em sua
programação reportagens longas como as reportagens especiais e os
radiodocumentários.
De acordo com CHANTLER, Paul & HARRIS, Sim (1998), as reportagens
possibilitam aprofundar o tema a ser tratado. Já o radiodocumentário, que não possui um
limite de duração permite abordar os temas ainda mais profundamente necessitando com
isso de grande pesquisa. Ainda segundo os autores, o radiodocumentário deve ter sua
própria forma para contar e o ouvinte é levado a imaginar o que ouvem e o que é descrito.
12
3.2 Hoax
A origem da palavra hoax é, ainda, incerta, apesar de remeter ao século XVII,
como uma derivação de hocus pocus, que segundo o site Wikipédia é um encantamento
utilizado por mágicos com a função de criar um ar de mistério em suas apresentações.
Ainda segundo o site, na Inglaterra, a expressão hocus pocus passou a significar em um
sentido mais amplo truque ou fraude.
Curtis MacDougall, em seu livro datado de 1941, intitulado “Hoax”, sendo
citado pelo site www.museumofhoaxes.com, define o termo como histórias que não tem
base na realidade. De acordo com o site americano, para se tornar um hoax, uma
mentira deve possuir uma forma escandalosa, dramática ou sensacional, porém, acima de
tudo, deve chamar a atenção do público.
Apesar de a palavra ser antiga, na internet, a expressão se popularizou, mas
o significado mais amplo não foi modificado. A expressão hoax é utilizada para definir
qualquer conteúdo falso, seja em formato de texto, imagem ou vídeo. Segundo definição
da versão americana do site Wikipedia, hoax, são histórias falsas recebidas por e-mail e
sites de relacionamentos, cujo conteúdo apresenta informações falsas.
Ainda de acordo com a Wikipedia, o primeiro tipo de hoax a circular na rede
foram as correntes de e-mail, onde o conteúdo falso apresenta um forte apelo emocional
induzindo ao compartilhamento. Dá-se o nome de corrente, todo e-mail que solicita ao
receptor que a mensagem seja repassada ao maior número de contatos possíveis. Textos
como “Para cada e-mail repassado, o Hotmail doará R$0,05 centavos para ajudar no
tratamento de câncer do personagem em questão”, são comuns nesse formato.
Neste trabalho, os hoax abordados possuem o formato de textos jornalísticos.
Nos Estados Unidos, o formato é conhecido como fake news, no Brasil a expressão não é
amplamente utilizada.
Sites especializados em gerar conteúdo de notícias falsas na internet como o
Sensacionalista, Diário Pernambucano, R17 e G17 possuem formato semelhante aos
13
grandes portais de comunicação. Além do layout² do portal ser inspirado nos grandes
sites, a logo também se assemelha, fazendo com que os internautas que acessam os
sites fictícios associem aos portais de comunicação.
A forma textual utilizada na elaboração dos títulos e matérias possui padrão
jornalístico. Além disso, são citadas fontes que trazem credibilidade ao texto, como o
professor da universidade de Stanford, ou o cientista de Harvard.
Um exemplo é a matéria “Aprovada a Lei que obriga o brasileiro a pintar a
casa de verde e amarelo para a Copa”, no texto publicado originalmente pelo site G17, a
reportagem cita que a Lei nº 69.666/2014-51 foi aprovada pelo Congresso Nacional.
Segundo o texto da suposta lei, “todo brasileiro deve pintar a parte externa de
sua residência, mesmo que seja alugada, usando as cores verde e amarela,
exclusivamente para o mundial de 2014. Quem não cumprir a lei será penalizado com
uma multa que varia de 5 a 50 mil reais”.
3.3 Massmedia
O termo de Mass Media refere-se à forma utilizada para a realização do
processo comunicacional. No livro “Teoria da Comunicação”, de Mauro Wolf (1995) o
conceito é definido pelo autor como uma abordagem global aos meios de comunicação.
“Os mass media são ao mesmo tempo canais de difusão e meios de expressão que se dirigem não a um indivíduo personalizado, mas a um público-alvo definido por características socioeconómicas e culturais, em que todos os receptores são anônimos”.
(A. Moles, La Communication et les mass media, Gérard-Marabou, 1971.)
_______________________________________________________
² Layout é um esboço ou rascunho que mostra a estrutura física de uma página de um jornal, revista ou
página na internet
14
Os critérios de noticiabilidade do jornalismo também são utilizados para a
elaboração das notícias fictícias. Gislene Silva no artigo Para pensar critérios de
noticiabilidade de 2005, citando Fraser Bond que no livro Introdução ao Jornalismo,
destaca entre as características dos fatos a sua capacidade de despertar o interesse e a
atenção do público.
"Ás vezes, a matéria conterá diversos destes elementos provocadores de interesse, outras vezes, apenas um. Em cada caso, o elemento dominante presente nos indica qual o tipo de categoria do assunto"
(SILVA apud BOND 1962)
Ainda citando BOND, SILVA resume as doze situações no qual o autor
denomina de valores notícia:
Referente à pessoa de destaque ou personagem público (proeminência);
incomum (raridade); referente ao governo (interesse nacional); que afeta o
bolso (interesse pessoal/econômico); injustiça que provoca indignação
(injustiça); grandes perdas de vida ou bens (catástrofe); consequencias
universais (interesse universal); que provoca emoção (drama); de interesse
de grande número de pessoas (número de pessoas afetadas); grandes
somas (grande quantia de dinheiro); descoberta de qualquer setor
(descobertas/invenções) e assassinato (crime/violência).
(SILVA apud BOND 1962)
Nos hoax jornalísticos, os valores notícias utilizados são referente à pessoa
de destaque, ao inusitado e as descobertas. Os hoax que circulam nas redes sociais
costumam mencionar pessoas importantes, como presidentes e governadores para
noticiar assuntos políticos. Para os temas relacionados a descobertas científicas são
utilizados nomes de universidades conceituadas como Harvard, Universidade de
Princenton, entre outras. Nas redes sociais o critério de notícia que gera mais
repercussão são os casos inusitados, como o casal que dá o nome de facebookson ao
filho; a mulher que engravida vendo filme pornô 3D e o bandido que tem seu veículo
roubado por outro ladrão durante assalto.
15
3.4 Self Media
Com a popularização da internet, a geração de conteúdo não ficou restrita
apenas aos grandes veículos de comunicação. Qualquer pessoa pode gerar o conteúdo
que desejar, utilizando diversas ferramentas como blogs, sites e redes sociais.
Conhecidos antes como mass media, veículos de comunicação como TV, Rádio e Jornal,
viram surgir com a internet um novo conceito, os chamados Self Media. No artigo “A era
dos self media”, publicado na Revista Eletrônica Portas, Inês Amaral e Helena Sousa,
conceituam o Self Media como “espaços de informação não profissionalizados, onde o
consumidor da informação é também, seu produtor”.
“Os novos media referem-se aos espaços de informação profissionalizada que habitam na rede. Os self media são a sua extensão, na medida em que são espaços de troca de informação, mas não profissionalizada, já que são produzidos por utilizadores comuns que não estão sujeitos às mesmas regras que os profissionais da informação.”
(AMARAL, INÊS; SOUSA, HELENA ‘2009’. A era dos Self Media. Revista Eletrônica Portas, v.3, n.3, p.9-17.)
Ainda segundo as autoras, a individualização “introduz os self media como
uma extensão dos novos media e uma consequência da ‘Era de Emerec’ - o homem
receptor e emissor em simultâneo - idealizada por Jean Cloutier nos anos 70”. Com o
desenvolvimento de novas tecnologias a custos acessíveis ao grande público, a geração
individual de conteúdo se tornou uma tendência nessa nova era da internet.
Para elas, os self media realizaram mudanças na interação social pela internet.
“O pleno da Era de Emerec de Jean Cloutier e a materialização da “aldeia global” de Marshall McLuhan surgem com os sistemas de auto-edição, que são extensões dos novos media, e criaram o utilizador. O receptor pode agora intervir directamente na comunicação e tem possibilidades técnicas antes inimagináveis: pode publicar à escala global.”
(AMARAL, INÊS; SOUSA, HELENA (2009). A era dos Self Media. Revista Eletrônica Portas, v.3, n.3, p.9-17.)
O conceito de self media não se aplica somente na criação de conteúdo para
blogs e sites. Na internet, ao realizar uma pesquisa no site Google pelo termo “sites para
criar notícias falsas” são apresentados aproximadamente 805 mil resultados.
16
Os sites para elaboração de notícias fictícias possuem dois campos
personalizáveis onde o usuário cria o título e a descrição da notícia. Além disso, é
possível escolher a logomarca dos principais portais brasileiros, como R7, Esporte
Interativo, ou ainda a logo do veículo de sua preferência. Ao gerar o link para a matéria, é
possível compartilhar diretamente na rede social Facebook fazendo com que o link
compartilhado seja semelhante ao das notícias verdadeiras. Na imagem abaixo, é
possível verificar o primeiro passo para a elaboração da notícia.
Figura 1 No site é possível criar título, descrição e escolher o portal de notícias
Após criar o título e a descrição, o usuário pode compartilhar a notícia diretamente em sua
rede social conforme imagem a seguir.
17
Figura 2 Simulação de uma notícia falsa criada utilizando o site
Caso o usuário clique no link da matéria, ele é direcionado para a página ilustrada na
imagem abaixo.
Figura 3 Ao clicar no link da notícia o usuário é direcionado para esta página
18
Na página, o texto “crie um link falso para sacanear sua turma no Facebook.
Quem sabe ele não se transforme em um viral?” incentiva a criação e a proliferação de
conteúdo falso na rede mundial de computadores.
A palavra viral mencionada no texto faz referência ao termo que surgiu junto
com o crescimento de usuários de blogs e redes sociais. A Empresa Brasil de
Comunicação (EBC), em matéria divulgada na sessão de tecnologia em novembro de
2012, define viral como “uma palavra utilizada para designar os conteúdos que acabam
sendo divulgados por muitas pessoas e ganham repercussão (muitas vezes inesperada)
na web”. Ainda de acordo com a matéria, o termo é relacionado com a palavra vírus, e
que deu origem a outros termos como viralizar e viralizou. O termo efeito viral é utilizado
pela rede social Facebook para mensurar o quanto um conteúdo foi compartilhado.
3.5 Jornalismo Online
A história do jornalismo online é relatada por Edmundo Mendes Benigno Neto,
citando João Canavilhas (2001), que comenta sobre o jornalismo online e a origem dos
veículos de comunicação digital. O autor afirma que os portais de notícias surgem
inicialmente como reprodutores de conteúdos veiculados nos jornais impressos.
“O termo jornalismo on line está relacionado apenas à transposição de
todos os outros tipos de jornalismo para a rede mundial de computadores,
ou seja, essa classificação tem a ver com o que ser considera primeiro
estágio do jornalismo na web, que de acordo com Suzana Barbosa (2002) é
conhecido pelos americanos como shovelware. Nessa etapa, os recursos
da web não eram aproveitados pelos sites de notícias e o que se via era a
reprodução total ou parcial do conteúdo do impresso.
Surge então a idéia de jornalismo na web como modelado a partir do meio
impresso, uma vez que toda a linguagem deste último é imitada na rede:
desde sua primeira página à segmentação por cadernos específicos”.
(Benigno Neto APUD João Canavilhas)
19
3.6 Redes Sociais
De acordo com matéria do site Techmundo.com.br, com a popularização da
internet, surgiu em 2002 o Fotolog, um site que consistia em publicação de fotografia com
textos baseados em ideias, sentimentos ou qualquer outra coisa que viesse a mente do
internauta. Além disso, o site permitia seguir e comentar as publicações de conhecidos.
Entretanto, o primeiro site a receber o status de “rede social” foi o Friendster. Suas
funções permitiam que as amizades do mundo real fossem transportadas para o espaço
virtual.
Entretanto, apenas a partir de 2004 que as redes sociais se tornaram
populares no brasil. Ainda de acordo com a reportagem, o site afirma que:
“2004 pode ser considerado o ano das redes sociais, pois nesse período
foram criados o Flickr, o Orkut e o Facebook — algumas das redes sociais
mais populares, incluindo a maior de todas até hoje.
O Orkut dispensa apresentação. A rede social da Google foi durante anos a
mais usada pelos internautas brasileiros, até perder seu título para a criação
de Mark Zuckerberg em dezembro de 2011. Um dos levantamentos mais
recentes aponta que cerca de 29 milhões de pessoas ainda o utilizam”.
(Techmundo http://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/33036-a-historia-
das-redes-sociais-como-tudo-comecou.htm)
4. Metodologia de pesquisa
Para a coleta de dados estatísticos foi utilizando os formulários do Google
Docs para coletar as respostas do questionário quantitativo realizado pelo Facebook. A
pesquisa teve como objetivo verificar se os usuários da rede social tinham conhecimento
sobre o termo Hoax e, analisar se os participantes da pesquisa saberiam identificar
quando uma notícia era verdadeira ou falsa.
Ao todo 181 pessoas responderam a pesquisa divulgada na rede social nos
grupos emprego DF, Vendas, Trocas e Compras - DF; Ijumper; Jornalistas de Brasília,
Assessores de Comunicação.com; Entusiastas da Social Media; Mercado Livre - Brasília;
AliExpress - Dicas de Compras; Vagas para profissionais de Comunicação; Comprei No
Aliexpress; FlashMobDF; Empregos & Oportunidades DF; Revenge Brasil e PlayStation 3
20
Brasília - PS3 BSB. A escolha por essas comunidades tão distintas entre si foi feita com o
objetivo de alcançar diferentes públicos na rede social.
Entre os entrevistados, 143 são do sexo feminino e 38 do sexo masculino.
Além disso, 31% dos participantes declararam possuir idade entre 21 e 25 anos. E
apenas 8% tinham idade superior aos 40 anos.
A formação acadêmica revelou que 45% dos entrevistados têm ensino
superior completo ou cursando. Quando perguntado sobre as redes sociais que utilizam
com freqüência, 58% respondeu que o Facebook é a mais utilizada entre eles.
Ao serem questionadas se conheciam o termo hoax (pronuncia-se rôuquis),
61% afirmaram desconhecer. Apesar de 83% responderem que não compartilhariam uma
das notícias apresentadas na pesquisa em suas redes sociais e que 82% afirmam
verificar a veracidade da informação, das cinco notícias verdadeiras inseridas na
pesquisa, três foram consideradas falsas pelos participantes, são elas “Igreja cria
polêmica com pastor e fiéis nus durante culto nos EUA”, “Lutador sofre com 'golpe baixo'
após oponente soltam pum em seu rosto” e “Sorteio de fuzil promovido por igreja gera
polêmica em Nova York”.
Já entre as oito notícias falsas selecionadas, duas foram consideradas
verdadeiras pelos participantes da pesquisa, são elas “TubbyApp: rede social promete
vingar homens das avaliações do Lulu” e “Casal de São Paulo batiza o filho como
Facebookson e causa polêmica no mundo”. As outras seis notícias foram consideradas
falsas pelos participantes da pesquisa.
A escolha pelas notícias falsas apresentadas na pesquisa foi devido a na
repercussão que tiveram nas redes sociais. Já as notícias verdadeiras foram escolhidas
por possuírem fatos curiosos ou bizarros que poderiam gerar dúvidas entre os
entrevistados sobre sua veracidade.
21
5. Especificações Técnicas
As entrevistas realizadas com Wagner Martins, Gilmar Lopes e Romário
Schettino foram feitas por meio do comunicador online Skype utilizando como forma de
gravação de áudio o programa de edição Audacity. Já a entrevista com Nelito Fernandes
foi realizada também por Skype porém utilizando o celular Galaxy Y Duos para fazer a
captação do áudio.
O trecho original da transmissão de Orson Wells foi retirado do Youtube
utilizando o programa Freemake Vídeo Downloader para fazer o download e conversão
do vídeo para o formato mp3. A versão em português foi retirada do livro Rádio e Pânico
da Editora Insular que contém um CD com a encenação brasileira.
O programa Audacity foi criado no final de 1999 por Dominic Mazzoni quando
era estudante da Universidade Carnegie Mechon nos Estados Unidos. Hoje em dia, o
Audacity é desenvolvido através do Sourceforge, um site que permite às pessoas ao redor
do mundo colaborar nos projetos de software livre.
6. Considerações finais
A facilidade que as plataformas online oferecem para compartilhar conteúdo e
a falta de tempo dos usuários em verificar as informações recebidas, tornam as redes
sociais um ambiente propício para a propagação dos hoax. A maioria das pessoas
independente da classe social e profissão apesar de afirmarem em pesquisa que antes de
compartilhar algo nas redes sociais elas verificam as veracidade das informações, na
prática, no dia a dia das redes sociais e até mesmo na pesquisa os participantes se
contradizem e acabam mesmo compartilhando as informações.
Com as redes sociais ganhando cada vez mais usuários, e a facilidade de se
criar uma notícia falsa utilizando diversas ferramentas disponíveis na internet, é possível
fazer com que um conteúdo fictício seja compartilhado inúmeras vezes antes que alguém
perceba que se trata de uma notícia falsa.
22
No radiodocumentário, os entrevistados afirmam que não são apenas os
usuários comuns que caem nos boatos da internet, os profissionais de comunicação
também estão sujeitos ao erro. Wagner Martins do site Cocadaboa diz que “os
profissionais são enganados devido a grande quantidade de conteúdo recebido e a falta
de tempo para checar todas as informações”. Além disso, Martins comenta que na era da
informação online a profissão de jornalista deveria ser mais valorizada. “Nunca
precisamos tanto de pessoas com conhecimento e capacidade para fazer esse filtro e
checagem de informação” afirma.
7. Bibliografia
ASSUMPÇÃO, Zeneida Alves de. Contando histórias através de radiodocumentários.
9.° CONEX – Apresentação
Oral.Disponívelem:http://www.uepg.br/proex/conex/9/anais/9conex_anais/59.pdf.
Acessado em 24 de abril de 2014
Amaral, Inês; Sousa, Helena (2009). A era dos Self Media. Revista Eletrônica Portas,
v.3, n.3, p.9-17. Acessado em 13 de março de 2014.
MacDougall, Curtis D. Hoaxes. New York:.Macmillan, 1941. Artigo que faz referência ao
livro acessado em 07 de maio de 2014 pelo link
http://www.albany.edu/~scifraud/data/sci_fraud_1501.html
CHANTLER, Paul & HARRIS, Sim (1998), Radiojornalismo. SP: Summus, p.164-165
CHANTLER, Paul/ STEAWART, Peter. Fundamentos do radiojornalismo. São Paulo:
Roca, 2006.
SILVA, Rafael Pereira da. A Influência Tecnológica sobre a prática jornalística. Minas
Gerais: Universidade Federal de Juiz de Fora
23
FILGUEIRAS, Mariana. É tudo mentira - Jornal O Globo (2012). Matéria acessada em 27
de fevereiro de 2014 pelo link http://oglobo.globo.com/tecnologia/e-tudo-mentira-4707979
SILVA, Gislaine. Para pensar critérios de noticiabilidade. Estudos em Jornalismo e
Mídia. http://revistas.univerciencia.org/. Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005. Acessado em
03 de junho de 2014
MEDITSCH, Eduardo. Rádio e Pânico, 15 anos depois - Introdução de Rádio e Pânico
2: A Guerra dos Mundos 75 anos depois. Acessado em 19 de março de 2014 pelo link
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed750_radio_e_panico_15_anos_
depois
JOSÉ, Carmen Lúcia. História Oral e Documentário Radiofônico: Distinções e
Convergências. Intercom 2003.
Wolf, Mauro. Teorias da Comunicação: contextos e paradigmas. Novas tendências
Efeitos a longo prazo. O newsmaking. Editorial Presença, 1985
What Is A Hoax? Hoaxipedia. Site acessado em 7 de maio de 2014 pelo link
http://www.museumofhoaxes.com/hoax/Hoaxipedia/What_is_a_hoax/
http://en.wikipedia.org/wiki/Hoax. Acessado em 7 de maio de 2014
http://urbanlegends.about.com/cs/urbanlegends/f/hoax.htm. Acessado em 7 de maio de
2014.
www.sensacionalista.com.br. Acessado várias vezes nos meses de abril e maio de 2014.
www.g17.com.br. Acessado várias vezes nos meses de abril a junho de 2014.
www.joselitomuller.wordpress.com. Acessado dia 14 e 27 de abril de 2014.
www.multishow.globo.com/programas/sensacionalista. Acessado em 18 de maio de
2014.
http://www.tecmundo.com.br/facebook/51369-o-fim-esta-proximo-casal-nomeia-filho-de-
facebook-simples-assim.htm. Acessado em 28 de abril de 2014.
http://www.alagoas24horas.com.br/conteudo/?vEditoria=Brasil&vCod=122991. Acessado
em 28 de abril de 2014.
24
http://www.revistastilo.com.br/noticias-detalhes.php?cod=2845 Acessado em 28 de abril
de 2014.
http://www.riachuelonews.com/2013/03/mulher-engravida-vendo-filme-porno-em-
3d.html#.U2LwyYFdVIE Acessado em 28 de abril de 2014.
http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2011/02/25/Blog_do_JM/pe/Mulher_engravidou_
vendo_filme_.shtml. Acessado em 28 de abril de 2014.
Top Related