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BANCO IMOBILIÁRIO
Décio Soares Vicente
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
PRÁTICA ETNOGRÁFICA
PROFESSOR: DR. AIRTON LUIZ JUNGBLUT
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Porto Alegre, 7 de Dezembro de 2009
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi elaborado para a avaliação de conclusão da disciplina de Prática
Etnográfica, do curso de Pós-graduação em Organizações, Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas (FFCH), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), ministrada pelo Professor Dr. Airton Luiz Jungblut, no semestre II, de
2009.
Portanto, como forma de avaliação dos conteúdos trabalhados em sala de
aula, a proposta da disciplina visou à elaboração de uma monografia. A partir disto,
busquei desenvolver o trabalho de forma que contribuísse com algumas questões
para meu projeto de pesquisa de dissertação no mestrado. Ou seja, com o objetivo
de entender a nova configuração dos mercados com o enfoque da sustentabilidade.
Por conseguinte, o referencial ajuda a ampliar as lentes de observação.
Os argumentos de POLANYI (1980) contribuem para explicar as atuais
mudanças neste processo histórico em que vivemos, principalmente para entender o
mercado, em relação ao homem e a natureza. Um aspecto importante é a crítica que
este autor faz em relação à suposição de um mercado “auto-regulado”, defendida
pelas teorias econômicas neoclássicas. Isto é, a fundamentação teórica baseada na
crença no equilíbrio gerado pelo sistema competitivo entre empresas, o que
resultaria em benefício coletivo. O que Polanyi verifica na história são as economias
que estavam sempre atreladas a questões culturais e sociais. O próprio modelo de
economia capitalista nasce a partir da cria instituições sociais, que o fazem
funcionar. Além disso, esse sistema baseia seus contratos na confiança mútua e
respeito entre os sujeitos.
De acordo com Polanyi, o capitalismo industrial, que se desenvolve no início
do século XIX, realiza uma grande transformação na mentalidade do ser humano. O
autor mostra que é nesse momento da história do capitalismo que as pessoas
começam a pensar e agir conforme as regras do mercado. Há uma distanciamento
entre o social e o econômico. Isso é ocasionado principalmente porque a terra, o
trabalho e o dinheiro passam a ser tratados como se fossem mercadorias (fictícias),
que devem ser vendidas no mercado. Ou seja, essa nova organização da sociedade
impõe ao homem e a natureza a se sujeitarem à oferta e a demanda de mercado. O
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homem, sob o nome de mão-de-obra e a natureza, sob o nome de terra, foram
colocados à venda.
Já BOURDIEU (1985) teoriza e demonstra em diversos trabalhos que o
mercado é uma construção social, fruto de um processo histórico coletivo, e
reproduzido nas histórias individuais e com possibilidade de mudança a partir das
disputas internas. Logo, o autor mostra que o mercado não é uma instância pura
baseada somente em oferta e demanda.
Para Bourdieu o campo econômico é apenas um entre tantos outros campos
autônomos que formam a sociedade, porém sendo o este campo hegemônico por
excelência.
Outra autora importante para entender o mercado é Viviana Zelizer, que
conceitualiza algumas categorias importantes, e que pode auxiliar para compreender
essa nova relação homem/natureza na configuração de mercados. No trabalho A
Construção Social do Mercado de Bebês. ZELIZER (1992) demonstra que
ocorreram mudanças significativas na história da adoção de crianças nos EUA,
principalmente pelo processo de superação da visão tabu, que relacionava as
crianças como mercadoria. Um processo histórico que foi aos poucos superado pela
aprendizagem social. Assim, para entender melhor as relações sociais no mercado,
a autora apresenta três formas de definição.
1) Mercado ilimitado:
Pressupõe que o mercado possui todos os poderes e a sociedade se conforma com
ele. Haveria uma dicotomia entre mercados e os valores. Quando se misturam
surgem problemas. O mercado e os valores têm que serem pensados
separadamente. No fim, o mercado sempre acaba com as relações.
Por exemplo: “O sujeito não comprar/vender sua honra”. “Não pode deixar o
mercado contaminar, porque ele destrói”. Estes exemplos fornecem uma visão
negativa do mercado.
2) Mercado subordinado:
Neste caso, o mercado é subordinado às relações sociais. O mercado não é
ilimitado, pois há momentos onde a sociedade o impõe limites. Essa ideia esta mais
ligada a concepções de Polanyi. Para este autor, a sociedade de mercado é uma
ficção e não funciona por si só. A sociedade se adapta para o mercado para
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funcionar. A base desta visão tem a racionalidade como moralidade, em que as
relações se configuram em laços de confiança. A economia estaria incrustada na
sociedade.
3) Mercados múltiplos:
Para Zelizer os mercados são construções sociais como tantas outras esferas da
vida. Os mercados são espaços de trocas e a demanda é socialmente construída. A
construção se baseia em lutas sociais.
Mercado é uma estrutura social, sendo as redes responsáveis por esta
estruturação. Portanto não existe hierarquia entre mercado e social. Logo, o
mercado não domina tudo. Zelizer, neste item crítica à moralidade, pois o mercado é
regra social. E essa regra varia em relação ao grupo. Portanto, o mercado é também
uma construção simbólica, que possui algumas coisas que são úteis e outras não.
Ou seja, a própria idéia de utilidade varia.
Zelizer ao trabalhar a perspectiva de mercados múltiplos, conceito que
permite entender a economia a partir das instituições e também dos indivíduos num
processo. Ao mesmo tempo homogeneizante e diferenciado. O que permite estudar
a dimensão sócio-cultural do mercado, pela subjetividade tanto das instituições
como dos indivíduos. Assim é possível conciliar aquilo que era contraditório para
muitos teóricos. Para autora, a cultura está baseada na economia. Nós temos a
impressão que a gente pensa o mundo conforme a economia. Mas é ao contrário, é
pela cultura.
Assim, neste trabalho, parto dos pressoupostos da antropologia econômica
para elaborar uma etnografia com o tema Os Aspectos Comunicativos e Simbólicos
do Jogo Banco Imobiliário. Com o objetivo de verificar a mudança nos códigos e
signos a partir das comparações do brinquedo nas versões Tradicional e
Sustentável, em busca de insights para pensar o mercado e a uma nova ideologia;
analisar as relações e significados atribuídos pelos participantes das comunidades
do Orkut, relacionadas ao jogo; interpretar documentos coletados na rede mundial
de computadores, que tratam da crise financeira, para pensar sobre mercado e
desenvolvimento sustentável.
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TÉCNICAS
Para elaborar esta etnografia foi necessário adquirir os jogos: Banco Imobiliário
(versão tradicional) e Banco Imobiliário Sustentável. Para realizar comparações e
extrair elementos representativos contidos no conteúdo do jogo e que retratem uma
nova lógica do mercado.
O fato das sociedades estarem cada vez mais conectadas na web, faz com a
antropólogia se atenhem em buscar novas formas de se fazer etnografia. Portanto,
outra estratégica deste trabalho foi consultar as páginas da Internet para coletar
informações sobre o histórico, reportagens e vídeos sobre o jogo. As reportagens
também tratavam de matérias que abordavam a crise financeira provocada pelo
setor imobiliária nos EUA, ocorrida alguns meses atrás.
Também fizeram parte deste universo de pesquisa as comunidades do site de
relacionamento Orkut1 (2009a e 2009b). Através das comunidades, grupos pessoas
que se encontram com os mesmos interesses e gostos, como por exemplo, dentre
aqueles que torcem pelo mesmo time, que ouvem os mesmos tipos de música, que
gostam dos mesmos atores e atrizes, filmes e programas de televisão, que
consomem os mesmos produtos, gostam dos mesmos alimentos, etc.
Deverão ser observados nas comunidades os conteúdos e debates em fóruns
sobre o jogo Banco Imobiliário. Esses fóruns de debates são de fácil acesso,
participação e criação, podendo ser elaboradas por qualquer usuário pertencente a
essa rede social.
Para delimitar os grupos de discussão das comunidades do Orkut, foi
necessária a busca por palavras e expressões, como Banco Imobiliário, Monopólio,
Monopoly, Jogos de Tabuleiro, etc. O que possibilitou também achar outras
comunidades que estão em rede, ligadas no mesmo assunto.
1 O Orkut é uma rede social no ciberespaço, criado em 24 de janeiro de 2004. O objetivo do website é ajudar seus membros a criar novas amizades, manter relacionamentos já existentes, possibilitar o encontro de pessoas e atuais amigos, da escola, trabalho, familiares, vizinhos, etc. O Orkut é filiado ao provedor de acesso Google do EUA. Segundo pesquisas “(...) Orkut, o mais popular site de relacionamento no Brasil – com cerca de 60 milhões de usuários no mundo, os brasileiros são 49,7%, ou quase 30 milhões. (...) Em relação aos sites como: MySpace, rede voltada para a divulgação de músicas de artistas novatos e consgrados, possui 300 milhões de usuários. No Brasil o MySpace possui 2 milhões de pessoas. (...) Já o Facebook possui 200 milhões de usuários no mundo, sendo 130 mil no Brasil. (...) Outro também conhecido é o Flickrs com 76 milhões de usuários e no Brasil possui 2 milhões.” (Revista Galileu, maio 2009, nº 214).
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É sempre uma oportunidade e ao mesmo tempo um desafio utilizar o
ciberespaço como fonte de dados e método. Principalmente porque ainda é recente
a contribuição de estudos que possam definir os melhores meios, técnicas,
metodologias e teorias que dêem conta deste universo tão rico. Neste sentido, ainda
é pouco as referencias que orientam como lidar com o universo da internet.
Entrento, podemos encontrar o trabalho de SILVA (1998), que propõe questões
estratégicas para a possibilidade de investigação etnografica no ciberespaço. Para a
pesquisadora, o ciberespaço é um ambiente virtual que não está desconectado com
a realidade e nem é paralelo da vida real, ele é parte da cultura contemporânea e
deve ser compreendido como mais um espaço social. Porém, a pesquisadora chama
atenção para alguns problemas. Ela ao experimentar realizar estudos pelo Internet
Relay Chat (IRC) teve dificuldade na identidade dos informantes, que muitas vezes
são fictícias, ou eles criam outros personagens ou status. Em outros casos se
deparava com o não-humano (Robots). Na pesquisa tradicional, tinha um certo
controle com a obtenção dos dados, pois tinha como foco principal na entrevista
face-a-face. Nos ambientes virtuais mediados pela tecnologia, o controle se torna
muito mais difícil e complexo. Mas como solução, a pesquisadora passou a
considerou a população infinita, tendo em mente que cada pessoa teve a
oportunidade de ser selecionada. Além disso, ela indica que é importante anotar os
eventos na ordem em que ocorrem. Mas só é possível isso, se levarmos em
consideração a experiência do pesquisador, escolhendo aquelas pessoas ou casos
mais representativos.
Mas, o problema que acho mais relevante e que a pesquisadora chama
atenção, é para as dificuldades de a utilização teórica-metodológica. SILVA (1998)
propõe a solução a partir da adaptação das teorias existentes.
Assim, uma interessante adaptação feita nesta monografia ocorreu na
abordagem polifônica. CLIFFORD (1998) ao pensar dilemas à respeito da
autoridade etnografica, baseada no poder arbitrário do antropólogo, acaba citando
Victor Turner para falar da polifônia. “(...) ela representa sujeitos falantes num campo
de múltiplos discursos” (ibid, p. 49). O caráter polifônico busca construir
interpretações com citações de várias vozes, narrativas de diferentes atores, na
compreensão de determinado fenômeno. Nesse sentido, os relatos da produção
dialógica são considerados epecialmente abertos, não intencionais muitas vezes e
de linguagem essencialmente própria nativa. O pesquisador deverá realizar a leitura
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e organização deste material para a produção do texto. Logo, as comunidades do
Orkut se adequariam a essa definição. Mas também no caso de reportagens que
encontramos na Internet, e que são materiais interessentes para a construção de
uma etnografia polifônica, houve a necessidade de requalificar a ideia de campo de
dialogo. Além das narrativas produzidas em fóruns de discussão, como campo um
universo microcosmo de debate, usadas nesta pesquisa, também foi interessante
assumir a ideia de assunto debatido. A partir de um assunto específico é possível
reunir diálogos de origem de diversos pontos da rede. Refiro-me as entrevistas e
depoimentos sobre o assunto banco imobiliário. Assim, não se restringe a campos
fechados de dialogo, mas a assuntos que estão sendo tratados por diferentes visões
de mundo. O que transcende os sujeitos e se focaliza no conteúdo elaborado pelas
pessoas, buscando entender o fluxo de informação. Os depoimentos soltos em
diferentes pontos da rede são reunidos pelo pesquisador, formando um novo todo e
coerente debate, sob a lente da teoria antropológica. O limite da coleta é definido
pela recorrência das argumentações e o período de tempo gasto para elaborar este
trabalho. Portanto, assumo a autoridade do antropólogo nesta produção.
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NATUREZA E CULTURA – PRODUTO E MERCADO
Escolher o Jogo Banco Imobiliário como objeto de estudo surgiu da investigação que
esta sendo realizado sobre os produtos que levam o “rótulo” de comprometimento
com os recentes valores sobre o desenvolvimento sustentável2. Já que a importância
com as questões climáticas, neste contexto da história, está cada vez mais em
evidencia com a crise ambiental (efeito estufa).
É importante considerar que no nosso contexto atual, o desenvolvimento
econômico passa por uma nova fase, principalmente pelas propostas de
descarbonização da vida econômica, com o foco na neutralização do CO², para
compensar os danos provocados ao ecossistema. Logo, o século XXI marca uma
nova relação natureza e cultura, o que traz contribuições importantes ao pensar o
meio ambiente e o mercado.
É importante citar o trabalho clássico As Estruturas Elementares do
Parentesco de LÉVI-STRAUSS (1982), que faz essa relação entre natureza e
cultura. Este autor ao rever as teorias sociológicas sobre o tabu do incesto
encontrou explicações muito diferentes. Uns dos principais problemas encontrados
pelo autor foram às análises sociológicas que tentavam verificar a origem do incesto
pelo estudo do comportamento natural-biológico do ser humano. Para Lévi-Strauss,
seria impossível isolar os fatos da natureza dos fatos da cultura, praticamente
impossível, pois os seres humanos não vivem mais no seu “estado de natureza”.
Além disso, perderíamos na análise a passagem da natureza para a cultura.
Portanto, a resposta deve ser procurada na cultura, e não na natureza-biológica,
pois não há nesta dimensão as estruturas coletivas, como linguagem, instituições
sociais, sistemas de valores, etc.
2 O conceito Desenvolvimento Sustentável foi definido em 1987 pelo Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU (Organização das Nações Unidas), da seguinte maneira: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades”. O conceito apóia-se no tripé atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da comunidade. A idéia do desenvolvimento sustentável é promover a harmonia entre essas partes, de modo a melhorar a qualidade de vida das populações, equilibrar o desenvolvimento socioeconômico entre os países, preservar e conservar o meio ambiente e controlar recursos naturais essenciais, como água e alimentos”. (Desenvolvimento Sustentável. Revista eletrônica Mercado Ético. disponível em: <http://mercadoetico.terra.com.br/sustentabilidade-de-a-a-z/?letra=D>. Acessado dia 17 de outubro de 2009)
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Segundo LÉVI-STRAUSS (1982) a proibição do incesto é um fenômeno que
apresenta simultaneamente a universalização das tendências e dos instintos e o
caráter coercitivo das leis e das instituições. Não está separado como imaginavam
as teorias sociológicas. Não é uma contradição, mas sim uma ambigüidade. A
proibição do incesto reúne a regra social e a natureza dos instintos. A proibição do
incesto é o vínculo que une regra universal (natureza-biológica) com a norma
institucional (cultura).
Entretanto, o tabu do incesto é a relação gênese entre natureza e cultura. Já
em outros estudos, principalmente sobre mitos indígenas, que resutaram na coleção
Mitologia (publicação de quatro livros: O cru e o cozido (1964); Do mel às cinzas
(1967), A origem das maneiras à mesa (1968); O homem nu (1971)), Lévi-Strauss
percebe que ocorre certo distânciamento entre natureza e cultura. Não uma
separação radical, mas uma oposição, e é isso o que vai caracterizar a noção de
homem. (SZTUTMAN, 2009).
Já no trabalho sobre o totemismo, em O Pensamento Selvagem, Lévi-Straus
motra que comunidades tribais usam a “natureza” como sistema de classificação.
Ainda numa dimensão de complementariedade entre natureza e cultura. Mas agora
mais relativizado, pois a “natureza” é demarcada pela sociedade. Com isso
produzindo limites e fronteiras (ROCHA, 1985).
Essa concepção relativa da noção de “natureza” está mais presente nas
pesquisasa atuais. Neste sentido, “natureza” é uma construção social, em que
sistemas simbólicos e materiais são produzidos a partir de valores próprios de cada
grupo. E é essa condição que determina que pessoas tenham experiências com
ambientes naturais ou arquitetados (ambientes construídos artificialmente).
Consideremos as dimensões estéticas e intervenções físicas também (FLORIT,
2004).
EVERNDEN (1992) cita Kate Douglas para mostrar o argumento de que o
universo simbólico sobre o natural reflete a cultura. Ou seja, um sistema
interdependente que no qual um não pode existir sem o outro, pois são sempre
valores sociais. Por exemplo, a sociedade cria critérios normativos para equacionar
conflitos sobre respeito à natureza.
Nosso contexto atual apresenta transformações interessantes em relação
entre natureza e cultura, retraduzido neste trabalho como meio ambiente e mercado.
Passa a fazer parte do repertório das empresas a crítica da opinião pública sobre
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limites dos impactos do processo produtivo. Principalmente de criticas de
ambientalistas, indígenas, cidadãos, pescadores, movimentos sociais ecológicos e
poder público. O que, segundo RIBEIRO (s.d), vai muito além disso, pois o que está
em cheque é a razão instrumental, a crença na promessa de que o futuro será
melhor graças a uma série de inovações tecnológicas. E surge a nova ideologia
ecológica de crítica que ressalta as características de uma utopia, mas que
movimenta parâmetros nada muito diferentes da racionalidade do projeto Iluminista.
Porém, verifica-se que estão surgindo propostas e formas de cooperação
entre diferentes organizações na construção ou reestruturação de mercados,
baseados em critérios ambientais, sociais e econômicos que se aproximam das
condições dessa ideologia ecológica. Constatamos como, por exemplo, o
surgimento de mercados como o Crédito de Carbono3. Assim, a natureza vem sendo
reintegrada a partir da sua resignificação, baseada em valores, mas na lógica do
mercado. Portanto, o desenvolvimento sustentável vem se caracterizando como um
processo de construção/restruturação dos mercados, tomando forma de um novo
espírito.
O que nos remete a BOLTANSKI e CHIAPELLO (2005). Eles argumentam
que o capitalismo não é somente um sistema baseado em acumulação, mas ele
também deve empregar ideologias para se legitimar. O que garante que os
compromissos entre sujeitos sejam realizados. Essas ideologias devem
necessariamente incluir uma justificação de caráter moral.
Esses autores afirmam que o capitalismo já conheceu três espíritos. A
passagem de um espírito para o outro se deu pela critica social:
3 Em 1997 ocorre a Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, em que 160 países assinaram o Protocolo de Kyoto. O objetivo foi estabelecer um acordo entre os países industrializados para conter o aumento do efeito estufa, causado pela queima de derivados de petróleo, gás natural e carvão mineral e as grandes queimadas nas florestas são os grandes o que provoca a concentração de CO2
na atmosfera do planeta. Uma das alternativas criadas foi o Crédito de Carbono. São os gases de efeito estufa (GEE) tendo um valor monetário. Ou seja, o Protocolo de Kyoto determinam uma cota máxima que países desenvolvidos podem emitir. Os países por sua vez criam leis que restringem as emissões de GEE. Assim, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões, tornam-se compradores de créditos de carbono. Por outro lado, aquelas indústrias que conseguiram diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas, podem vender o excedente de "redução de emissão" ou "permissão de emissão" no mercado nacional ou internacional. (Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: http://www.fbds.org.br/. Acessado dia 10 de novembro de 2009.)
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1º) Século XIX até a Grande Depressão dos anos 1930, neste momento o
capitalismo é acusado de ser fonte de pobreza e egoísmo. A crítica resulta no
surgimento do Estado de bem estar social;
2º) Período entre Guerras, neste momento o capitalismo é fonte tanto de
inautenticidade e da opressão. A crítica resulta no surgimento dos direitos civis de
cidadania;
3º) Décadas de 60 a 90, neste momento o capitalismo é fonte de desigualdade e
hierarquia. Sendo esta passagem à incorporação da retórica de igualdade e anti-
hierarquia, resultando no discurso da gestão. O que ocasiona uma reformulação do
capitalismo, e para explicar esse momento os autores usam a metáfora da “Rede”.
Sendo o Projeto o um método que garante relações flexíveis e de médio prazo.
Isso tudo foi apresentado para chegar ao nosso ponto de estudo. Entender
que o jogo Banco Imobiliário é um bem que retrata este novo processo de transição.
Interpretado neste trabalho como meio comunicativo, o produto Banco Imobiliário
também é aliado na construção de valores, que servem para tecer uma ideologia.
Uma mercadoria carregado de elementos e significados de uma nova “cultura”. O
objeto que representa e difunde um modelo. Que ajuda a publicizar e perpertuar
uma nova forma de classificação. Algo próximo de um sistema “totêmico” que cria
categorias de complementaridade entre produtos e consumo. Para ROCHA (1985)
retraduzido em “natureza” e “cultura”.
No trabalho de DOUGLAS e ISHWERWOOD (2004) sobre O Mundo dos
Bens é interessante usar alguns apectos que ajudam a elaborar este trabalho. A
ideia de que consumo é a própria arena em que a cultura é objeto de lutas que lhe
conferem forma. Portanto, consumo não é apenas comprar e usufruir, numa
dimensão privada da vida. As pessoas estão fazendo escolhas de consumo, que
podem envolver custos elevados, e que uma vez feitas, podem determinar a
evolução da cultura, até sua mudança. Neste sentido, as pessoas escolhem não
porque é útil, mas porque os produtos expressam algo. Consumo é uma linguagem,
repertório de signos. Portanto, os bens são uma forma de comunicação. As
mercadorias consumidas dizem algo sobre o grupo. Então, os bens são mensagens
que constitui um sistema de valores, que podem reforçar ou acabar com fronteiras. A
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escolha dos bens que devem ser consumidos acaba criando certos padrões
discrimidados, superando ou reforçando outros.
Mas, mesmo considerando que todos os bens são dotados de significados,
entretanto nenhum é por si mesmo. E parte de um fluxo mais amplo. Os bens são
usados para marcar, no sentido de categorias da classificação. Os bens, portanto,
são partes visíveis da “cultura”. “O consumo usa os bens para tornar firme e visível
um conjunto particular de julgamentos nos processos fluidos de classificar (ibid, p.
115).
Portanto, as mercadorias são boas para entender a “cultura”. No nosso caso,
tentar pensar o mercado. Não somente a mera competitividade, mas tentar
interpretar mensagens, conceitos, códigos, signos e símbolos que orientam na forma
de pensar o “mercado sustentável”.
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OS JOGOS
Assim, e para meu espanto, encontrei nos setores que lidam com brinquedos, uma
tradução do comprometimento com a questão do desenvolvimento sustentável. A
empresa de brinqauedos Estrela4 lançou a vesão Banco Imobiliário Sustentável com
as preocupações de preservação da natureza. Justamente o brinquedo rotuládo
como “o jogo do capitalismo”.
O jogo parece ser uma "Ode ao Capitalismo". Coisa, sem dúvida, de americanos. (BANCO, 2009a)
(...) Depois de ter 20 milhões de unidades vendidas no País em 64 anos, o jogo acaba de ser atualizado. Ganhou, além de uma nova roupagem, novos pontos de “cobiça” imobiliária, na sua versão tradicional, além de duas novas versões: uma com pontos turísticos do Brasil e uma com o tema sustentabilidade.
(...) O objetivo dos jogadores é realizar transações imobiliárias dentro de um mercado próprio de negócios onde o objetivo é acumular patrimônio, comprarem terrenos e construir casas e hotéis. Tudo muito parecido com a vida real.
(...) O jogo possibilita negociações, investimentos, uma simulação da própria vida. Equipara as crianças aos adultos.
(...) Daniela diz que o que mais atraía na época era a possibilidade de lidar com dinheiro e com investimentos. “Era tudo muito parecido com a realidade que a gente queria viver. Para a criança, administrar bens e mexer com dinheiro, com as notas do jogo, era muito legal”, disse.
O estudante Júlio Otávio, de 13 anos, concorda com Daniela. “Acho que meu pai me deu para aprender a ser mais esperto nas negociações”, disse. Ele joga desde os 8 anos com os mesmos amigos em uma disputa que dura até hoje. Um dos “rivais” de Júlio, Bruno, também de 13 anos, diz ser atraído com a possibilidade de comprar tudo o que deseja. “É muito competitivo, se fosse real ia querer uma casa no Morumbi”, sonha Bruno.
Felipe Ferreira, de 21 anos, disse que quando era mais novo encontrava seu jogo nas mãos dos tios, que se divertiam em uma roda de amigos. “Como distrai e usa o raciocínio ao mesmo tempo, meus tios adoravam. Quando via meu jogo com eles, eu brincava junto”,
4 A empresa fundada em 1937 produz brinquedos de diferentes materiais. Segundo dados da empresa, até hoje já produziu mais de 25 mil brinquedos diferentes, num total de mais de 1,2 bilhões de unidades que foram distribuídas em todo o País. Disponível em: <http://www.estrela.com.br/#/estrela>. Acessado dia 20 de novembro de 2009.
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Ficção misturada com realidade é o que motiva Michele Santos, de 19 anos, a chamar as amigas e passar horas com o jogo. “Precisamos usar inteligência e tática para saber administrar o dinheiro, dá até para ver se saberemos usar bem nossos bens na vida real”, explicou. (BANCO, 2009d).
Mas, antes de descrever este produto, devemos conhecer sua história. Os
dados coletados sobre o histórico do Jogo Banco Imobiliários informam que o
brinquedo é uma tradução do jogo mais vendido do mundo, conhecido como o
Monopoly. Inventado nos Estados Unidos por Charles Darrow em 1932, um
vendedor de sistemas de aquecimento que vivia em Germantown, Pensilvânia.
Quando Charles Darrow ficou desempregado após a crise 1929, ele passou a viver
como inventor, fazendo bicos para sustentar sua família neste período de recessão.
A idéia do brinquedo surgiu quando ele se lembrava de seus verões passados em
Atlantic City, Nova Jersey, EUA. Com o tempo livre, desenhava as ruas daquela
cidade em sua toalha de mesa da cozinha. Com o tempo, juntou restos de materiais
encontrados nas ruas, como tintas, pedaços de madeiras, etc. e pode construir as
peças do jogo.
Logo amigos e familiares se reuniram à noite para se sentar à mesa da cozinha para ‘comprar’, ‘alugar’ e ‘vender’ imóveis, todos parte de um jogo que envolve gastos e enormes somas de dinheiro. Rapidamente se tornou uma atividade favorita entre aqueles com pouco dinheiro real. Os amigos logo quisseram cópias do Jogo para levar para casa (especialmente os vencedores). O inventor começou a vender cópias de seu jogo de mesa por quatro dólares cada. Ele então fez algumas cópias do jogo e começou a ofereceu a grandes armazéns na Filadélfia. (BELLIS, 2009)
Charles Darrow vendeu 5.000 unidades feitas à mão para lojas de
departamentos da Filadélfia, Boston e Nova Iorque. Ao perceber que seu Jogo fazia
sucesso com o público, Charles Darrow procurou um fabricante para tentar produzir
em larga escala. Ele escreveu a Parker Brothers, para ver se a empresa estaria
interessada em produzir e comercializar. A empresa recusou pela primeira vez,
explicando que o seu jogo continha muitos erros. Só em 1935 o jogo é lançado, e
em 1936 produzido industrialmente pela empresa Parker Brothers com o nome de
Monopoly5. O sucesso foi tanto que Charles Darrow já era milionário só com os
lucros dos direitos autorais com a criação do jogo6. O que repercutiu tanto, pois a
5 Em 1999 fez parte do Guiness Book. Desde seu lançamento, 500 milhões de pessoas já jogaram sua edição original. (Banco Imobiliário. Disponível em:< http://beleza.terra.com.br/homem/interna/0,,OI3464257-EI7591,00.html>). Acessado dia 17 de outubro de 2009.6 Existe também uma publicação titulada como O Livro Monopoly: estratégia e táticas escrita pela esposa de um grande campeão de xadrez chamado Hugh Hefner, a autora Maxine Brady lançou o
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cidade de Atlantic City erigiu uma placa comemorativa em sua homenagem no ano
de 1970. (BELLIS, 2009; BANCO, 2009a,c; MONOPÓLIO, 2009; FLEURY e
SOMAIN, 2009).
Hoje, nos EUA, o Monopoly é produzido pela empresa Hastro. Algumas fontes
mostram que “(...) O jogo é produzido em mais de 25 línguas e distribuído em pelo
menos 80 países. Estima-se que 500 milhões de pessoas já o tenham jogado”
(JOGO, 2009a).
No Brasil o jogo tem o nome de Banco Imobiliário7 e até pouco tempo atrás
somente à empresa Estrela o produzia. Atualmente a empresa Hastro compete com
a Estrela no mercado basileiro com outras versões do jogo.
Basicamente o Jogo é uma representação fictícia do mercado imobliário. Em
um tabuleiro, no centro tem os logotipos do brinquedo e da Estrela e nas laterais em
seu entorno estão distribuídos 41 espaços coloridos, onde se posicionam as peças.
Os jogadores devem lançar os dados para mover essas peças. Os espaços podem
ser terrenos com seu respectivo valor ($), porém, os jogadores têm a possibilidade
negociar a compra e a venda, como casas, cobrar aluguéis, hospedagem em hotel e
hipotecar as propriedades por outros valores. Há espaços privilegiados e também de
grandes perdas no tabuleiro. Se em algum lance você cair em Sorte, receberá uma
carta contendo com certeza algum privilégio das regras do jogo. Agora, se cair em
Revés, receberá uma carta lhe irá prejudicar. Assim Sorte e Revés podem
possibilitar ganhos ou perdas no jogo.
Podem jogar 2 e no máximo 6 pessoas. Podendo entrar mais uma pessoa só
para administrar o “Banco”. O que não impede que um jogador, ao mesmo tempo,
também seja o “Banco”. As regras do jogo orientam para distribuir os recursos de
forma igualitária. As “notas” são de $1; $5; $10; $50; $100; e $500. Na distribuição
cada participante fica com a quantida de $2.458. O resto do dinheiro vai para o
“Banco” junto com os “Títulos de Propriedade”. Os títulos apresentam a quantidade
de alugueis, casas, hotéis, hipotecas e empresas que podem ser negociadas dentro
das propriedades (espaços). Construções só podem ser realizadas quando o
livro em 1975 pela editora David McKay. (BELLIS, 2009)7 É produzido no Brasil desde 1944. Já vendeu mais de 20 milhões de unidades no país, sendo 500 mil apenas em 2007. Disponível em:<http://oglobo.globo.com/sp/mat/2008/06/04/ibirapuera_ganha_tabuleiros_gigantes_de_banco_imobiliario-546651687.asp>. Acessado dia 17 de outubro de 2009.
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jogador adquirir todos os imóveis de uma propriedade. Ao alcançar isso, o jogador
se torna dono e agora sendo possível negociar os imóveis como mercadoria no
“Banco”.
A partida é sempre jogada no sentido horário, não significando que uma volta
seja o fim do jogo. Na verdade, a regra diz que toda vez que você conseguir parar
no espaço indicado como PONTO DE PARTIDA, você acaba recebendo uma
“quantia” de $200. O fim do jogo só ocorre quando ficar apenas um jogador e os
demais adversários forem à falência.
Em suma, o objetivo desse Jogo é realizar negócios e investimento que o
tornem um milionário no ramo imobiliário. Portanto, faz sentido a ideia de
monopolizar o mercado.
Desde sua criação, o Monopoly/Banco Imobiliário já teve inumeras versões,
por exemplo, Monopoly Coca-Cola Collector's Edition (1996) – com ilustrações,
tabuleiro e peças da tradicional marca Coca-Cola; Monopoly Harley-Davidson
Motorcycles "Live to Ride" Edition (2000) - com ilustrações, tabuleiro e peças em
homenagem a marca de motocicletas Harley-Davidson; Monopoly Deluxe Edition
(1995) - versão luxuosa do jogo com ilustrações, tabuleiro e peças com
acabamentos finos como madeira; Monopoly Elvis Presley (2003) - com ilustrações,
tabuleiro e peças que prestam um tributo ao rei do rock. Também tem uma
dedicada ao sistema econômico russo traduzido para a ideologia comunista, com
ilustrações, tabuleiro e peças que lembram Moscou. Além de muitas outras versões.
Segundo ROCHA (1985), a “magia” do capitalismo consegue diferenciar os produtos
para distinguir as particularidades individuais. E neste espaço de consumo que
temos “totenismo hoje”, onde a publicidade reforça os significados de cada
identidade. O que as muitas versões do jogo banco imobiliário tenta retratar mais ou
menos fielmente.
A última novidade da empresa Hastro que está fazendo muito sucesso é a
versão virtual do jogo, tendo como parceria a Google Maps. “O planeta é o
tabuleiro”. O serviço Google Maps fornece os dados de qualquer lugar. O nome do
jogo foi batizado de Monopoly City Streets (MONOPOLY, 2009; QUE, 2009; UMA,
2009). Lançado no Brasil no dia 09 de setembro de 2009, esta versão segue os
17
mesmos princípios de jogos de RPG8, Second life, War, The Sims, etc. Agora o jogo
conta com os recursos tecnológicos, como gráficos tridimensionais que permite jogar
on-line com diferentes pessoas conectadas a rede mundial de computadores. Ou
seja, jogar com qualquer pessoa do planeta, podendo “negociar” desde uma casa na
Av. Ipiranga de Porto Alegre, próxima à PUCRS, até um apartamento em Dubai nos
Emirados Árabes Unidos. Ou, se preferir, tem a opção de jogar sozinho, com a
própria “máquina” – programação robot. Assim você pode comprar, vender, alugar e
trocar suas propriedades virtuais com vários efeitos digitais, tanto visuais como
sonoros.
A principal característica desta versão virtual é a ideia de globalização,
podendo fazer negócios imobiliários em qualquer lugar do país ou do mundo. Existe
até um website oficial que a própria empresa Hastro elaborou para cadastrar as
pessoas que queiram participar de um concurso de criação de modelos
arquitetônicos em 3D, como casas, prédios, hotéis, etc.
Na versão tupiniquim, a Estrela lançou duas versões do brinquedo em 2008,
uma com pontos turísticos9, e a outra somente uma atualização da versão
Tradicional.
(...) As ruas e bairros da primeira versão do jogo foram alteradas, com exceção da Avenida Paulista - o xodó dos paulistanos. Cartas concorridas como as que garantiam a compra dos bairros do Morumbi e do Brooklin foram substituídas por Higienópolis e Jardins. Com a bagatela de $ 750 mil - na moeda do jogo - é possível adquirir o título de posse desses bairros no novo jogo e começar a investir, comprando imóveis. "É bom que dá um gostinho, deixa a gente sonhar", disse a atendente Flávia Vitoriano, de 21 anos, que não tem casa própria e nunca jogou Banco Imobiliário. Só na Avenida Higienópolis, por exemplo, o metro quadrado custa R$ 3,5 mil.
(...) CIDADE DOS SONHOSO que a estudante Tayara Veríssimo, de 9 anos, conhece de São Paulo está no tabuleiro do Banco Imobiliário. Ela mora em Campo Grande (MS), a 994 quilômetros da capital paulista. Quando tiver o novo jogo pretende ser dona da Praça da Sé. Por quê? "Deve ser um lugar com bastante bancos, árvores e espaço para brincar." E sem mendigos, ela acrescentou.
8 “O Role Playing Game, traduzido como ‘jogo de interpretação de Personagens’, é um tipo de jogo em que os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. O progresso de um jogo se dá de acordo com um sistema de regras predeterminado, dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente. As escolhas dos jogadores determinam a direção que o jogo irá tomar”. (RPG, Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/RPG_(jogo). Acessado dia 17 de outubro de 2009.)9 “(...) O Banco Imobiliário Brasil, trará no tabuleiro somente pontos turísticos brasileiros escolhidos por internautas no site da Estrela, que sugeria 69 locais. Os 22 mais votados estão na versão. A cidade de Blumenau (SC) foi a campeã, com 11.950 votos, na frente até mesmo do Cristo Redentor, no Rio, que teve apenas 1.372 votos”. (OSCAR, 2008).
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Tayara imagina que todas as ruas do jogo existam mesmo, menos uma. "A Brigadeiro", respondeu, referindo-se à Faria Lima, que fazia parte do primeiro tabuleiro.
Na brincadeira do "se essa rua fosse minha", o presidente da ONG Preserva São Paulo levaria para casa a São João. "Ela é mitológica, é a alma da cidade", diz Jorge Eduardo Rubies. "Falta só tirar o Minhocão, limpar e colocar policiamento."
No jogo, é possível comprar não só a São João, mas também a Ipiranga, garantindo assim a propriedade da lendária esquina cantada por Caetano Veloso. Embora as duas ruas tenham perdido valor nos últimos 60 anos, a esquina tem conseguido se manter. Ali, o metro quadrado vale R$ 3 mil e nos imóveis vizinhos, R$ 1,5 mil.
Nascido em Bauru, mas paulistano por adoção, o urbanista João Valente Filho diz que o jogo vai perpetuar uma brincadeira caipira que ele ouvia desde criança e tinha como foco a compra do Viaduto do Chá. "Rolavam várias histórias de golpe, de pessoas que compraram a distância o viaduto", conta. "De qualquer forma é um ponto ótimo porque a cidade se formou perto dali. "E assim, no tabuleiro, São Paulo faz uma pausa para a brincadeira... (OSCAR, 2008)
O jogo possibilita ações inimaginarias, que seriam “impossíveis” de serem
realizadas no plano da vida real. Negociar posses de áreas muito valorizadas, sem
nem sequer ainda ter sua casa própria. Esse sonhar é quase compensatório. Uma
realidade imaginada que as pessoas querem viver. Uma simulação que envolve
mecanismos reais da vida financeira.
Podemos interpretar que a necessidade de adequação do jogo com a
realidade pode ser uma estratégia interessante para as vendas. Entretanto, os
próprios jogadores podem fazer essa adaptação imaginária, vizualizando um
passado adequado, onde lugares que eram sinomimos de status, onde moravam a
alta burguesia e que hoje também é preenchida por moradores de rua, pode ser
novamente visualizado como um sonho para viver. Reconstruindo uma paisagem
própria, tirando elementos que do ponto de vista do jogador são desnecessários e
que causam transtornos na vida real.
Mas as estratégias de atualizar as diferentes versões do brinquedo é um dado
interessante. Podemos supor que essa importação de informações da realidade para
o jogo é um dos quesitos que possivelmente o torna atrativo para os consumidores,
e o que o faz ser oferecido tanto tempo no mercado. Apesar de que limitada, pois a
especulação imobiliária na vida real tem outras lógicas. O que no passado
poderíamos perceber como um deslocamento da população para os grandes centros
urbanos. Hoje, também, verificamos ao contrário. Uma migração do centro para
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periferia em decorrência da alta de preços de aluguéis. O que poderia até parecer
mito na linguagem de alguns jogadores.
Mas vamos deter nossa atenção também na versão Banco Imobiliário
Sustentável10, que tem uma nova proposta. Esse brinquedo foi realizado em parceria
entre as empresas Estrela, Petroquímica Braskem e rede de Supermercados Wal-
Mart (BANCO, 2009e; COSTA, 2009; TINTI, 2009). Na lógica do jogo, não há muitas
diferenças. Porém em comparação com a versão tradicional, o Sustentável é
predominantemente de cor verde, o que remete a ideia de “natureza”. Em
comparação com a versão Tradicional, esta lembrava uma cidade com tons em
cinza, próprias do imaginário urbano. O próprio logotipo do jogo dá ênfase à aranha
céus, veículos (automóveis, aviões e navios), etc. signos da modernidade e do
progresso.
As embalagens dos produtos são feitas de papelão, entretanto a versão
Tradicional usa o papel plastificado, já o Sustentável todo ele é de papel reciclado.
Além disso, a indústria Química Braskem desenvolveu para essa versão do plástico
não-derivado do petróleo, polietileno de etanol de cana-de-açúcar, um produto bem
menos nocivo ao meio-ambiente. (JOGO, 2009b)
Mas as comparações não param por aí. Ao comparar as mensagens na caixa
do brinquemos temos os seguintes textos:
Versão Sustentável:
Preocupe-se com o meio ambiente e divirta-se neste jogo onde o que importa é um mundo mais consciente.
Versão Tradicional:
Com iniciativa, coragem e um pouco de sorte você se torna milionário e monopoliza o competitivo mercado imobiliário.
Uma mudança de visão de mundo, quase radical. As mensagens contidas no
fundo da caixa também fornecem algumas transformações do imaginário simbólico.
No sustentável:
O mercado de imóveis se modernizou e está cada vez mais competitivo. Diversificar os investimentos virou palavra de ordem. O novo Banco Imobiliário Sustentável traz todo o dinamismo do mundo dos negócios aliado à sustentabilidade para os dias de hoje: novos terrenos e novas
10 Como forma de publicidade para esta versão do jogo que contém preocupações ecológicas, a “(...) Estrela instala no Parque do Ibirapuera, três tabuleiros gigantes. As pessoas funcionarão como pinos no tabuleiro e jogarão com dados e cartas gigantes. Também serão colocadas oito mesas com os jogos em tamanho original”. (Fonte: O Globo Online, Disponível: <http://www.bancoimobiliario.info/>)
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oportunidades, com valores mais próximos à realidade. Agora você pode comprar a Chapada dos Veadeiros, construir uma casa de madeira reflorestada na Região Produtora de Cana-de-Açúcar do Ribeirão Preto ou até mesmo alugar uma pousada na Planície do Pantanal, além de investir em Companhias de Reciclagem Energética e de Agricultura Orgânica. A edição SUSTENTÁVEL foi desenvolvida visando à conscientização sobre sustentabilidade: os peões, as casas e as pousadas são feitos de Plástico Verde, um plástico produzido a partir da cana-de-açúcar e desenvolvido com pioneirismo mundial pela Braskem, petroquímica brasileira líder na América Latina. Além disso, todas as partes cartonadas do jogo são de papel reciclado. Esta é sua chance de tornar-se um grande milionário – e ainda ajudar na sustentabilidade do mundo!
Na versão tradicional:
Parabéns, você agora é um próspero proprietário de imóveis. Tem crédito no Banco, títulos, terrenos, casas e hotéis nos melhores pontos da cidade. Agora, o céu é o limite! Cabe a você investir tudo que possui para tornar-se um milionário e monopolizar o mercado imobiliário. Para isso, você terá que provar que tem faro para negócios.
O manual de instruções da versão Tradicional mostra a visão de mundo
particular:
O jogo mais disputado do mundo! Compre, venda, alugue, negocie, monopolize o mercado imobiliário... mas cuidado para não ir a falência!
O negócio é a alma do jogo!
A versão Tradicional, que ainda disponível para a venda, reflete a ideologia do
liberalismo. A crença do individualismo atomizado, que busca pelos próprios
esforços tornar-se um milionário, onde o “Céu é o limite!” Um empreendedor dotado
de dons, como o “faro para negócios”, capaz de realizar bons investimentos para
alcançar o monopólio do mercado.
Assim, nessa nova transição, em vez de dinheiro, agora temos Crédito de
Carbono. Ou melhor, certificados. No Banco Imobiliário Sustentável fica evidente
essa aproximação entre preservar o meio ambiente e ao mesmo tempo ter lucro com
essa ação.
Voltando para a comparação das versões do jogo, o que também chama
atenção são as representações de propriedades. Se na versão Tradicional
poderíamos negociar Títulos de Propriedade da a Av. Paulista, Leblon, Ipanema, etc.
Na versão Sustentável podemos negociar Títulos de Pose em áreas de preservação
ambiental como Zona de Mata (AL), Serra dos Caiapós (GO), Serra da Mantiqueira
(SP), Bacia do Rio Grande (MG-SP). Note que o signo mudou, num é “Propriedade”
noutro é “Pose”.
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Nas companhias, na versão Tradicional podemos negociar várias empresas
de transporte, como viação (ônibus e avião), táxi, táxi aéreo, ferrovia e navegação.
No Sustentável, os negócios se dão em empresas de reciclagem energética,
reciclagem mecânica, energia eólica, agricultura orgânica, reflorestamento e
biodiesel.
Mas o que eu posso considerar de “pérola” são os cartões de Sorte e Revés.
Nos cartões de Sorte da versão Tradicional temos as seguintes mensagens:
A prefeitura mandou abrir uma nova avenida, o que desapropriou vários prédios. Em conseqüência seu terreno valorizou. Ganhou...;Um amigo tinha lhe pedido um empréstimo e se esqueceu de devolver. Ele acaba de se lembrar. Ganhou...;Você trocou seu carro usado com um amigo e ainda saiu lucrando. Ganhou...;Inesperadamente você recebeu uma herança que já estava esquecida. Ganhou...;Você está com sorte. Suas ações na bolsa de Valores estão em alta. Ganhou...;Você acaba de receber seu 13° salário. Ganhou...;
Nos cartões de SORTE na versão Sustentável:
Você ajudou causas sociais – e economizou um bom dinheiro em impostos. Ganhou..;Você trocou seu carro por uma bicicleta – e economizou na gasolina. Ganhou...;Sua empresa recebeu um prêmio por ser ecologicamente responsável. Ganhou...;Sua empresa desenvolveu um programa de voluntariado para seus funcionários e a produtividade aumentou. Ganhou...;Você protegeu suas terras do desmatamento e agora está faturando uma nota com turismo ecológico. Ganhou...;Seu livro sobre vida sustentável será publicado por uma grande editora. Ganhou...; Você abriu uma ONG de proteção ambiental. Receba as contribuições. Ganhou...;Sua cadeia de restaurantes orgânicos é um sucesso. Ganhou...; Você inventou um novo modelo de carro elétrico. Ganhou...; A usina de reciclagem energética que você financiou reduziu os gastos da sua empresa com energia. Ganhou...;Suas empresas reciclam papel, plástico e alumínio. Ganhou...; Você decidiu instalar um painel solar na sua casa e economizou com energia elétrica. Ganhou...
É perceptível que na versão Tradicional a Sorte do jogador se dá em
detrimento da perda de outro. O único fato isolado é o recebimento do 13º salário. Já
nos cartões da Sorte da versão Sustentável estão envolvidas em benefícios
coletivos. E todas as ações em prol da preservação geram grandes vantagens.
As seguintes mensagens dos cartões de Revés na versão Tradicional:
Você vai casar e está comprando um apartamento novo. Pague...;
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Você é papai outra vez! Despesas com maternidade. Pague...;Seus parentes do interior vieram passar umas ‘férias’ na sua casa. Pague...;Seus filhos já vão para a escola. Pague a primeira mensalidade. Pague...;Papai os livros do ano passado não sevem mais, preciso de livros novos. Pague...;Você estacionou seu carro em lugar proibido e entrou na contra mão. Pague...Renova a tempo a licença do seu automóvel. Pague...Um amigo pediu-lhe um empréstimo. Você não pode recusar. Pague...Parabéns! Você convidou seus amigos para festejar o aniversário. Pague...Você achou interessante assistir à estréia da temporada de balé. Compre ingressos. Pague...Seu clube está ampliando as piscinas. Os sócios devem contribuir. Pague...O médico lhe recomendou repouso num bom hotel de montanha. Pague...A geada prejudicou a sua safra de café. Pague...Você acaba de receber a comunicação do Imposto de Renda. Pague...
Nos cartões de Revés da versão Tradicional, onde o jogador tem prejuízos, é
perceptível nesse material a noção de negativa relacionada a dimensões da vida,
como família, bem material, relações interpessoais, lazer, imprevistos e obrigações
legais. Você sempre terá prejuízo no casamento, com os filhos, etc. Perderá dinheiro
com o carro. Os seus amigos são uns interesseiros. E você não usufruirá dos gastos
do clube que você tanto gosta. E, se bobear, o “leão” da receita federal pode devorar
todos os seus rendimentos.
Nos cartões de REVÉS da versão Sustentável:
Fui multado por jogar lixo pela janela do carro. Pague...;O agrotóxico que você usou destruiu toda a plantação. Pague...;O rio da sua cidade está poluído – e a culpa é sua! Pague...;Sua empresa foi multada por poluir demais. Pague...;Você foi pra praia e deixou todo lixo na areia. Pague... Multa pela sua irresponsabilidade;Você decidiu fechar a sua fábrica de produtos químicos. Pague...;Suas empresas não usam embalagens recicláveis – e as vendas estão caindo. Pague...;Você não estava satisfeito com seus oito carros importados e decidiu comprar mais um. Pague...;O Petróleo está em alta, e você tem jatinho, iate, limusine. Pague...;Sua vida sedentária lhe rendeu um fim-de-semana no hospital. Pague...;Você demitiu um funcionário sem justa-causa e perdeu a ação na justiça. Pague...;Você não instalou filtros de ar em suas fábricas. Pague...;Suas empresas desperdiçam água e energia elétrica. Pague...;
Encontramos nas mensagens dos cartões de Revés da versão Sustentável a
noção de prejuízos por questões de poluição, desperdício de energia,
irresponsabilidade pessoal e má-gestão. O que podemos diferenciar entre uma
versão do jogo e outro são as dimensões privadas e públicas. Enquanto que na
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versão tradicional a questão da vida privada íntima é mais forte, no Sustentável a
questão está calcada em prejuízos públicos.
Podemos interpretar nas mensagens da versão Sustentável uma mudança,
até de paradigma. Os valores agora priorizam mais o cuidado com o a natureza do
que com somente o lucro. Entretanto, ainda persistem os ideais do liberalismo, mas
precisamente do neoliberalismo. Ainda é um mercado competitivo, mas com uma
nova “roupagem”. E trataremos disso mais adiante.
Em suma, a evidência pedagógica do jogo é presente, tanto no Tradicional
como no Sustentável. E uma forma de começar a aprender a lidar com o mercado,
dinheiro, investimentos, transações comerciais, etc. A matéria abaixo reforça essa
interpretação:
O Banco Imobiliário “verde” deve chegar (...) com a proposta de unir educação ambiental e entretenimento. Segundo o presidente da Estrela, Carlos Tilkian, em declaração ao site: “Entendemos que levar estas inovações para as crianças faz parte de um processo de educação importante sobre conscientização ambiental para que, quando estas crianças se transformarem em novos líderes, possam dar melhores contribuições ao crescimento sustentável de nosso planeta”. (JOGO, 2009b)
A evidência lúdica de que o jogo proporciona a formação de uma consciência
ecológica podemos perceber na reportagem exibida pelo Jornal Gazeta, (VÍDEO,
s.d). Nesta reportagem são mostradas cenas de crianças brincando com o jogo.
Após isso, elas comentam a experiência ao brincar com o Banco Imobiliário
Sustentável. As principais características desses comentários são os
questionamentos sobre poluição, desrespeito com o meio ambiente e aquecimento
global. O que toma dimensões mais amplas, ou seja, atingindo até os pais. Em
entrevista, uma das mães narra às exigências dos filhos nas questões de
preservação do meio ambiente. Por exemplo, diminuição de consumo de água (não
deixar torneira ligada), não jogar copo de plástico no lixo orgânico, ensinam a
reciclar o lixo e convencem os pais até de mudar de carro. Os filhos engajados na
proteção da natureza envolvem toda a família, dão broncas e cobram muito de seus
pais. Novos valores são apreendidos.
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O BANCO IMOBILIÁRIO NAS COMUNIDADES DO ORKUT
A mecânica de qualquer jogo segue basicamente alguns princípios lógicos de
causalidade. A partida é uma situação de competição. A posição dos jogadores é
definida pelo tabuleiro. A ação de cada jogador segue regras pré-estabelecidas. O
conjunto de movimentos realizados se dá através de decisões estratégias,
construídas em interação social. Os melhores desempenhos são aqueles em que as
estratégicas trazem retornos. E é racional que todo jogador esteja disputando com a
finalidade de vitória.
Hoje, essas premissas básicas já fazem parte do cotidiano de muitos ramos
da ciência, como filosofia, ética, matemática, economia, ciência política e ciência da
computação. As diferentes áreas do conhecimento contribuíram para desenvolver a
chamada Teoria dos Jogos. Principalmente para tentar entender o comportamento
racional do ser humano.
Mas, além disso, para entender o que está em “jogo” nas relações que se
criam nas comunidades do Orkut, é necessário também relativizar. GEERTZ (1988),
ao descrever o Jogo da Briga de Galo, percebeu elementos subjetivos nas formas
como os homens de Bali pensam e agem. Em Bali, os Galos de Rinha são animais
que representam o universo simbólico da masculinidade. Ou seja, significa ser
“herói”, “guerreiro”, “campeão”, “homem de valor”, “Don Juan”, “cara durão”, etc.
Portanto, temos a expressão da personalidade desejada pelos homens: moral,
estética e metafísica. O “jogo simbólico” possui uma linguagem que fala de todas as
coisas: status, poder, honra e virilidade. Em relação a este trabalho, buscaremos o
conteúdo dos “jogos simbólicos” produzidos nas comunidades do Orkut. Detivemos-
nos nas comunidades relacionadas ao Banco Imobiliário Tradicional, pois não
existem ainda grupos para a versão do brinquedo Sustentável.
São muitas comunidades relacionadas com o assunto: Banco Imobiliário,
Monopólio, Jogos de tabuleiro, etc.. Em média, nas brasileiras foi possível
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contabilizar 290 grupos. A primeira comunidade relacionada com o Banco Imobiliário
foi criada no ano de 2004 e a que contém mais associados possui 36.652.
Exempolos de nomes das comunidade são: Banco Imobiliário; Banco
Imobiliário Não Tem Fim; Eu tenho Banco Imobiliáiro; Eu amo jogar banco
imobiliário; Viciados em banco imobiliário; Ainda Jogo Banco Imobiliário; Eu robo no
banco imobiliário; Banco Imobiliário ONLINE (BIO); Banco Imobiliário via Internet;
Agiota de Banco Imobiliário; Adoro Jogar Banco Imobiliário; Nunca acabei banco
imobiliário; Banco Imobiliário Luxo; 8 horas de Banco Imobiliário; Eu Joquei Banco
Imobiliário; Fui preso no Banco Imobiliário; Banco Imobiliário Online; Sim ,eu jogo
Banco Imobiliário; Monopoly City Streets; Campeonato Mundial Monopoly BR. Nunk
venci no banco imobiliario. Revelam novamente o “totem”, em que as pessoas se
unem por gostos e estilos de jogos.
Uma coisa que chama muita atenção nestas comunidades é a questão da
idade. O brinquedo Banco Imobiliário é destinado a partir de 6 anos de idade.
Entretanto, segundo o prórprio site Orkut, a maioria dos usuários, 60,53% possui
idade entre 18 e 25 anos. (ORKUT, 2009b). Realmente, verifica-se essa faixa etária,
portanto, as comunidades não são algo infantil.
Ao observar as comunidades sobre o tema Banco Imobiliário no Orkut
percebemos algumas semelhanças que apontam tanto aspectos positivos e
negativos em relação ao jogo. Porém, às vezes, negativo não quer dizer
simplesmente ruim. Mas, ao contrário:
Essa comunidade é destinada para as pessoas que já meteram a mão no dinheiro da banca no jogo banco imobiliário pelo seu próprio benefício!!! e eu sei que tem muitos... pensem bem e reflitam o quanto vocês ja fizeram isso!!! (Comunidade Ja roubei no banco imobiliário. Disponível em: http://www.orkut.com.br/Main#CommTopics?cmm=1223108)
Essa comu é dedicada a todos aqueles q um dia ja foram preso., vc q foi primario, ou ja teve passagem por la, vc q passou mó perrengue, vc q tretou la dentro, vc q virou mocinha na cadeia, vc q tentou subornar o carcereiro, vc q ja fez uma tattoo la na cadeia com ferro quente.... enfim, vc q viveu numa das mais perigosas penitenciarias de segurança maxima do mundo Atire a primeira pedra quem nunca ficou trancafiado naquela cela escura, fedida, e com uma péssima comida. Essa comu é pra nóis, q tamo na vida loka, e vira e mexe tamo de volta naquela porra de cadeia.. (comuniade Fui preso no Banco Imobiliário. Disponível em: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=8945186 )
Esta comunidade é para aqueles que durante a infância jogaram com os amigos o famoso jogo Banco Imobiliário, que certamente ajudou a muitos no desenvolvimento do raciocínio lógico, e de preferência a roubar os amiguinhos e o banco. Certamente um dos jogos mais jogados pelas crianças e adolescentes. Alguém aí quer comprar Interlagos? (Comunidade
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Eu Joguei Banco Imobiliário. Diponível em: <Imobiliário http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1977507>)
Se você era um praticante dessa técnica pra se dar bem no tabuleiro em cima da desgraça de quem tava prestes a sair do jogo e ainda ver o cara que pegou teu dinheiro emprestado te devendo até as calças no final do jogo, eis a sua comunidade. Conte aqui seus casos e golpes de mestre neste divertido jogo de tabuleiro onde o que predomina é o maldito capitalismo selvagem.(Comunidade Agiota de Bando Imobiliário. Diponível em: <http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=3790104>)
Essas descrições apresentadas no layout inicial das comunidades
pesquisadas apontam a dimensão negativa no sentido do “ilegal”, roubar, mas no
sentido positivo, pois é isso que integra as pessoas a participarem nas discussões.
Um deboche, um tipo de piada no sentido de dizer que “não ser politicamente
correto com as regras do jogo é ‘legal’ no nosso grupo”. Sendo até pedagógico,
desenvolvendo o raciocínio lógico para “roubar”. No entanto, não seria algo feito na
vida real, é quase um desabafo dos participantes. O que revela algo do nosso
mundo real. A vida cotidiana é repleta de formalização ritualizada, o que pode nos
constrangir. Então, o universo informal das comunidades é discutido abertamente
essa desordem do mundo.
Também temos a dimensão “doentia”, que poderíamos associar a algo
negativo, por exemplo, o vício do jogo:
Essa comunidade é para todos aqueles que gostam, jogam, são viciados, ou já viciaram alguém nesse jogo!!! (Comunidade Viciados em Banco Imobiliário. Disponível em: < http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1240892)
Vc que passou a sua infância jogando ..e que ainda passa mais de 6 horas jogando com seus amigos ...apesar de ter 20 e tantos nas costas ....junte -se a nós! (Comunidade Ainda Jogo Banco Imobiliário! Disponível em: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=665825)
Em relação ao tempo gasto no jogo:
Comunidade para Jogadores. Fala a verdade; voce ja passou horas jogando ja brigou por causa do jogo ja "roubou" sem ninguem perceber E... continua gostando de jogar. (Comunidade Banco Imobiliário. Disponível em: <http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=592801>)
ai essa comunidade eh pra todo mundo q nuca conseguiu chegar ao final de um jogo de Banco Imobiliario..... porra esse troço num tem fim (Comunidade Banco Imobiliario Não Tem Fim . Disponível em: <http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=592801>)
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De certa forma todos que jogam Banco Imobiliário sentem, uns um pouco
mais e outro um pouco menos, viciados. Pois, é muito envolvente e absorvente
compartilhar com amigos e familiares a experiência do jogo. O que pode resultar em
horas e mais horas de partidas. E isso é algo freqüente nas comunidades, o fato de
gastar muito tempo jogando. Existem diversos fóruns que as pessoas ficam expondo
suas horas de jogo, parece até ser uma competição para saber qual o maior tempo
gasto jogando, “Record”.
Em relação a noção de Estratégia de Jogo, alguns fóruns representam muito
bem essa questão:
Debatedor A:
- Bom entrei na comunidade a pouco tempo, mas estou empolgadíssimo, pois nem sabia que ela existia.... Olha sei que cada um dos Srs(as), dentro da experiencia que este viciante jogo proporciona, desenvolveu ao longo dos tempos uma tática vencedora, desta forma estou propondo este tópico para que cada um de vocês escreva sobre o assunto. Que tal discutirmos nossas estratégias? acredito que uma boa parte da estratégia estaria liagdo ao psicológico doas participantes.... principalmente na hora de influenciá-lo na compra de um "elefante branco"...
Debatedor B:- O q seria elefante branco??
Debatedor C:- Pegar dinheiro do banco??? Seria roubo mas quem vai te prender??? uahahahahaha
Debatedor D:- Nossa! Roubar o Banco??? Como pode?? O jogo pra ser legal, tem que ser justo, mesmo perdendo... Minha estratégia é comprar tudo em que cair, mesmo que tenha pouco dinheiro, porque senão... vai se arrepender depois... E, para as melhores coisas (tipo morumbi, ou as, como eu gosto de chamar, "profissões" - companhias - vale até compra de outra pessoa por mais dinheiro)... Mas o melhor é jogar com quem está aprendendo, que não sabe direito das coisas. Aí quando essa pessoa "cai" em um bom (que são os mais caros) é só falar: "não compra esse, é muito caro!"
Debatedor E:- Normalmente vc faz o seu oponente achar que está fazendo um bom negócio ao comprar/trocar/aceitar como pagamentode um12x5 um terreno dele e tentar conseguir terrenos consecutivos principalmente em "L's" no começo as companhias ajudam muuuito mesmo e cá pra nós: roubar uns quinhentinhos do banco sempre ajuda.....hauhauahuahauhauh (zoeira)
Debatedor F:- 1º Compre as propriedades, de preferência as que ficam perto da prisão e as que valerem mais.2º Tente cair várias vezes nas mesmas para colocar casas e Hotéis.3º Vá para a prisão de alguma forma, pq se vc estiver preso, vc não tem riscos de falhar numa jogada, e nisso vc fica seguro.Nota: Vc preso vc sobrevive mais pq não tem 3 chances de sair da prisão sem pagar R$50,00, e nisso se tiverem jogando os 6 (não lembro quantos são no jogo), vc demoraa a jogar, ae o pessoal cai nas suas propriedades.
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4º repita isso até falir o grupo. ^_^
Debatedor G:- Não subestime nenhum terreno, nem os que têm aluguel mais barato. Impossível prever quem vai conseguir monopolizar primeiro.
Debatedor H:- Simplismente, nunca, isso mesmo, NUNCA , coloque hotel logo de cara, coloque 2 casas em cada propiedade, depois quando vc cair denovo, coloque mais 2 e depois coloque um hotel, pois você , com o dinheiro que ganha com as casas, você coloqua o Hotel,não sendo presiso tirar do seu bolso... E outra, sempre guarde um dinheiro reseva, sempre mais que você tenha recebido, ex, se baseiando no recebimento orginial de banco:
Debatedor I:- O lance é negociar mto..tanto qdo vc esta por cima , qdo vc esta por baixo...eu ja sai de cada situação e ganhei o jogo...robo mto tb shuahsua , mais o lance fundamental e se unir com os mais fracos e derrubar quem ta te ameaçando , eu ja deixei mtos "aliados" sairem com certos beneficios , ajudei a construir e tal , só pra derrubar um mais forte e depois derrubar ele tb shuahsa...o lance tb é mta sorte...
Debatedor J:- O Flavio disse ali em cima pra comprar todos os imóveis da cor verde, só que ele citou somente 3 e no meu tabuleiro tem 4!! Rsrs...Bom, a minha estratégia, é, se possível, ter todas as companhias, pq elas são baratinhas, e vc nem precisa colocar casa e hotel pra poder ganhar (do nada) até R$ 600,00 (vamos adequar à nossa moeda!! rsrs)... Como um bom matemático que sou, acredito muito na técnica do amigo que disse pra comprar os imóveis em L! O resto vai pura e unicamente da sorte nos dados
Debatedor K:- Melhor estratégia é fazer numeros. Já ganhei uma partida de 6h só com ruas "fracas"... nego com ruas boas começou a me passar porque iam falir. Assim fiz minha economia. ;)
Debatedor L:- Comigo sempre funciona e eu consigo vencer a maioria das partidas que jogo... Compre pelo menos 1 propriedade de cada cor, assim você pode evitar que os adversários construam casas, depois que conseguir isso é que você pensa em casas e hotéis. Porém, para que isso dê certo você precisa conseguir no mínimo 1 propriedade de cada cor, o que na prática é meio difícil.
(Fórum Estratégias no Banco. Comunidade Banco Imobiliário do Brasil. Disponível em: < http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=1311375&tid=2427679905574848733&na=4&nst=1&nid=1311375-2427679905574848733-2479337397098744680>)
Neste fórum temos algo do jogo mecânico. O Debatedor A sugere que sejam
discutidas estratégias de jogo, ou melhor, uma tática vencedora. Os diferentes
debatedores então apresentam sua estratégia vencedora. Um dilema, a melhor
tática segue as regras do jogo? Alguns acham que a melhor forma estratégia é
“Roubar dinheiro do Banco”, uma trapassa.
29
No fórum abaixo temos essa evidência mais explicita:
Debatedor A:- A minha eh sempre ser o banco i um jogador ao mesmo tempo hauhauhuahua... sempre desvio dinheiro pra mim... sem q ngm perceba hauhauha mto bom essa...
Debatedor B:- Quando alguem fala q vai ao banheiro eu fico r$500 mais rico e se tiver muitas pessoas jogando elas tbm ficam, no caso soh r$100 mais rico!!!
Debatedor C:- Mais facil eh ser a banco, e quando repartir o dinheiro no começo, dar o dobro pra vc mesmo huahua
(...)
Debatedor D:- No começo do jogo !! eu jogo os dados e pego rapido eles, ai ninguem ve quanto eu tirei ai eu sempre paro em cima de uma companhia e compro elas !!! e no meio do jogo as vezes eu vejo q vo cai em companhia ou no morumbi ou interlagos ai sempre pulo uma casinha !!! akela reto do morumbi é um inferno !!!
Debatedor E:- hauhau o truque dos dados é sempre bom msmo...é so pega eles sem q ninguem veja o numero q saiu e cair numa propriedade pra comprar...ou intaum passar da casa q o outro jogador é dono pra nao pagar hauahuahua... e roubar o banco é claro...q é essencial!!!acho q todo mundo faz issu...
Debatedor F:- So ser o banqueiro e vc pode roubar bastante dinheiro huahuahua
(...)
Debatedor G:- ser o banco vc rouba facím...eu troco as notas de 500 por 10 notas de cem logo no comeco do jogo, mas sempre vem umas 3 ou 4 notas a mais por engano outro truque eh pagar sempre de forma a receber o troco, ai vc pega o troco e finge que jah estah tudo pago. funiona na grande maioria das vezes...outro lance legal eh quando for comprar uma sequencia de casas em bairros da mesma cor, pagar todas pelo preco da menor, ou pagar uma casa em um bairro, e colocar no outro mais caro. *obs: se vc esiver jogando com gente muito burra, dah pra fazer aquele truque de trocar as notas de 500, e sair com as de 100 mais as de 500 (ou pelo menos uma pra nao dar muito na cara), ou melhor, pega dez de 100 e diz q soh trocou uma nota de 500, aheuhae
Debatedor H:- É só se o bamquero e dexa as nota atras d vc, assim kuando vc for pega dinhero vc pega mais
(Fórum QUAL A SUA TÁTICA PRA ROUBAR? Comunidade Já roubei no Banco Imobiliário. Disponível em:<http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=1223108&tid=2522891636100655475>
30
Em outro fórum:
Debatedor A:- Com minha vasta experiência em jogatina digo...que é lamentável a pratica deste delito, a pessoa vai jogar na boa fé um jogo desses, e de repente é roubada, acho isso uma atitude leviana e diz muito sobre o que a pessoa é capaz de fazer na vida real, eu já fiz uma tese de mestrado falando sobre isso, que o estilo de jogador de banco imobiliário diz muito sobre a personalidade do individuo, por tanto, só tenho a dizer o seguinte, cadeia em todos ! eu recomendo como grande jurista respeitado que sou, que se redimam desses atos desprazíveis e lamentáveis. sem contar que banco imobiliário é jogo de criança, sou muito mais o bom e divertido jogo da vida, depois dá ate´ pra vender os filhos.
Debatedor B:- Bom samaritano!! vai ser padre mané
Debatedor C:- Vai ser padre mane! kkkkkkkkkkkkkkkkk. .
Debatedor D:- kkk jogo da vida kkkk esse q eu gosto roubei 1 d 200000 5 de 1000 1 de 10000 e 2 de 20000 sem roubo sem graça
Debatedor A: - lamentável heim, eu venho aqui dar uma lição de moral em voces e é assim que me retribuem....banco imobiliario é um jogo safado, acreditem em mim, se é capaz de roubar no banco imobiliario, certamente é capaz de roubar na vida real.
Debatedor E:- Quem rouba no banco imobiliário é pessoa propensa a dar calote nos outros...certa vez num consórcio entre amigos os 4 amigos caloteiros que não pagaram o consórcio jogavam banco imobiliário e todos os 4 roubavam no jogo, isso diz muito da personalidade da pessoa.
Debatedor F:- Realmente, uma vergonha ver pessoas que se passariam por gente de bem na rua, pessoas que eu julgaria cultas, a favor de roubo e trapaça.... por isso que o brasil não vai pra frente..... imagine se um deles for eleito? por isso os políicos brasileiros roubam tanto.... aposto que roubavam no banco imobiliario tb.... uma vergonha.sou a favor de apagar essa comunidade.
Debatedor G:- Sera qe no futuro ell vou ser um ladrao profiça ?!! (: haiuhiuhaiuhiuahiuhiuahiuahiuahia..vces sao figura mesmo nee desculpa ae mais se vces tem essa fraqueza (que se jogar esse jogo e roubar, trapacia ...bla bla bla ' vao roubar, matar, mentir ..bla bla bla na vida real posso fazeer nada) posso fazer nada [²] vces tem que se trata . vces tem que olhar que niguem aki é = a vces ! eu por exemplo tenho certeza que nunca vou trapacia roubar ou coisa parecida na vida real .. e olha qe ja roubei muito jo joguim emm .. dii boa mesmo se vces acha isso qe se vces jogarem e roubar vces vao virar ladrao . o problema é´serio :/ qee pena nee qe existe gnt asssim enquanto apagar a comunidade ..soooooooonha !!!!!
Debatedor H:- kkkk...eh isso aew da moral pra esse kra num!!! hahahahah
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(...)Debatedor I:- Sinto muito, mas esse jogo leva mais de 24 horas sendo jogado com 6 pessoas e se eu tiver falindo, vou roubar mesmo!!! pq ficar chupando dedo enquanto 5 outras pessoas estão se distraindo não rola!!
Debatedor J:- Acho uma tremenda duma falta de maturidade roubar em jogos como war banco imobiliário, isso comprova o baixo nível de q.i. de vcs, precisam de trapaça pra tentar ter chances de ganhar, lamentável. Eu não roubo e sempre venço as partidas...eu sou foda
( fórum Com minha vasta experiência em jogatina digo... Comunidade Já roubei no banco imobiliário. Disponível em: <http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=1223108&tid=5301271648379899629>.)
Os conflitos também aparecem nas discussões:
Debatedor A:- Sempre que eu jogo com alguem, termina em briga. Shuahusuhauhsuha Isso acontece com vcs?? ;DD
Debatedor B:- Sim ou todo mundo desiste de joga
Debatedor C:- Claro q tm briga sempre tm um desgraçado q normalmente senta perto do banco i uma hr eli ta cum uma nota d cinco uma rodada dpois eli ja ta cum 3 d 500 xD
Debatedor D:- Teve uma epoca q eu era moh vagabundo mais q hj dai juntava uns amigos de sexta em casa para jogar war, td sexta, dai agente foi fikando bom no negocio, dia ate q agente resolveu parar de jogar, pq tava saindo mta briga, tipo, na briga pelos paises
Debatedor E:- Quando eu jogo,sempre tem um para roubar ,ai o jogo começa a ficar mo zueira. mas chega a ser engraçado! Auauhuahuah
(Fórum Brigas? Comunidade Nunk Venci n Banco Imobiliário. Comunidade Banco Imobiliário do Brasil. Disponível em: < http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=3770829&tid=2485429221946892673&na=4&nst=1&nid=3770829-2485429221946892673-2539095239885146413>)
Os conflitos em forma de briga são motivos até para terminar uma partida. E
os motivos dessas brigas estão sempre associados ao “roubo” de alguns jogadores,
e que, às vezes, fazem parte da diversão.
Mas voltemos à questão da estratégia. Outra tática apresentada entra no
campo psicológico. O antigo ditado que diz: “não se joga com as cartas, mas se joga
com os jogadores” (FILME, 2008). Lei fundamental dos jogadores de poker, em que
o principal e saber blefar, ludibriar o oponente. Ou, ao contrário, descobrir se o
adversário blefa. Um blefe é uma aposta ariscada, mas que pode até virar o jogo.
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Podemos interpretar o “elefante branco” como uma tática para influenciar a compra
do imóvel no jogo, um blefe.
Outra tática que encontramos nos debates é a fórmula mágica. Se você fizer
tudo conforme o método, terá um bom resultado de vitória. Algumas peças mais
indicadas para se usar no início e outras não.
Negociar sempre também parece ser uma “tática vencedora”. E se você for
um oponente fraco, então a estratégia e se aliar a outros, assim somam-se força
para enfrentar os mais fortes. Depois vai se derrubando os aliados. Os depoimentos
revelam dimensões próximas da Arte da Guerra.
Há também casos que falam da reputação dos adversários. Um depoimento
que representa bem:
Único Depoimento do Fórum
- Entrei nessa comunidade naum pq perco, pelo contrario ganho todas e a vitima é sempre a msm: meu primo intaum resolvi dividir a experiencia do que sempre aconteceu! msm sendo quase 4 anos mais velho que eu, ele msm sempre roubando e roubando e eu nem percebendo pois era mais novo (6 anos), ele perdia e falhia! hj estou aki para lhes contar sobre o fato: naum tinhamos nd pra fazer e meu primo resolvemos jogar banco. enfim ele naum durou nem 7 voltas no jogo, isso pq foi 2 vezes pra cadeia, mas o mais ilariante foi que na sexta volta, após sair da cadeia, fiquei torcendo para que caisse no morumbi que ja tinha 3 casas (nos jogamos meio fora das regras prea ir mais rapido), e caiu, coitado dele, eu tinha ja a maioria das propriedades e ele caiu na melhor de todas, pagou e logo após jogou novamente e caiu na av. Brasil com 1 hotel, pagou e depois caiu na companhia de taxi aéreo. pagou pela 3ª vez, isso foi quebrasndo aos poucos, depois caiu no brookiln mas naum era mais dele, intaum pagou tb, msm sendo aluguel sem nd! depois caiu na companhia de onibus (esqueci o nome) e pagou mais ainda, após isso, caiu na companhia de taxi, pagou e por ultimo terminei de quebrá-lo qdo ele caiu na flamengo com 1 hotel!...meu primo é o maior ''pé frio'' que eu ja vi na vida, sempre perdeu e sempre vai perder pra mim! hj estou com 15 anos hahahahahaha e ele quase 19 e ganhou apenas 1 vez na vida! kkK..manti a tradição por 9 anos e espero continuar! vlw galera, o que vceis acharam???? Fui
(Fórum Historias de Perdas! Comunidade Nunk venci n banco imobiliário. Disponível em:<http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=3770829&tid=2438711518343890169>)
Pouco se observou explicitamente a exaltação da vitória num fórum com
essas características nas comunidades do Banco Imobiliário. Mas a evidência desse
sentimento estava presente subjetivamente em muitos fóruns. Em suma, realmente
o jogo é tudo isso.
33
O BANCO IMOBILIÁRIO, AS CRISES E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A crise é um acontecimento que muitas vezes faz quebrar as regras que regem as
relações sociais. Neste momento, a rotina da vida coletiva é interrompida. Essa
ruptura é sempre uma situação de drama social. E é nestes momentos que ficam
explicitas as expressões simbólicas das naturezas das relações. Uma situação
radical que pode levar até a mudança da ordem social (TURNER, 1974).
Portanto, parece que a humanidade vai conviver com diferentes crises, neste
século XXI. Financeira (dinheiro), ambiental (terra) e, por conseguinte, fruto disso
tudo, a crise do trabalho. O que pode ocasionar algumas mudanças. Neste sentido,
a antropologia permite realizar alguns movimentos entre o particular e universal, ou
vice-versa, sem muitos comprometimentos, mas ousados e interessantes para se
pensar situações sobre outra ótica. Ao focar em questões mais simples do universo
particular que abrange o brinquedo Banco Imobiliário, podemos usar os insights para
tentar entender um fenômeno universal como a crise econômica financeira global,
provocada pelo setor imobiliário.
Para POLANYI (1980) a grande engenhosidade do capitalismo industrial foi
transformar dinheiro, tabalho e terra em mercadorias fictícias. O que antes
significativa signo para troca (dinheiro), e substância da vida humana (terra e
trabalho), agora tem que estar disponível no mercado. E justamente isso que é o
problema, pois eles não são produzidos pela empresa, e existem limites a suas
capacidades.
Mas não é somente isso o que explica a crise financeira global. Se
imaginarmos “táticas vencedoras”, “elefantes brancos”, “blefes”, “fórmulas mágicas”,
“vícios do jogo”, “roubos”, “táticas de guerra”; “ludibriar adversários ingênuos” ou
apenas competir corretamente em prol de prestígio, nos ajuda a pensar o que
34
colaborou para esse tipo de “falência” (crise) do sistema financeiro. Apesar de que, a
falência não é o fim do jogo, porque ele não tem fim.
Uma reportagem encontrada na Internet reflete a associação da crise
financeira com o jogo banco imobiliário. Vale à pena mostrar na integra:
Quando o Editor do UOL Tabloide era pequenino, de pé no chão, ganhou um jogo chamado Banco Imobiliário. Muita gente deve conhecer. O nome dele podia ser mudado, agora, para algo como "Jogo da crise do subprime", "Jogo da estatização do Citibank", "Será que dá pra confiar nas agências de classificação de risco?" - ou, simplesmente, "Marolinha".
Mas não, resolveram dar um nome mais americano para ele - na verdade, o original - e o nosso Banco Imobiliário virou Monopoly, justamento no momento de maior crise da globalização econômica.
O jogo que ensinou ao mundo a verdade do mundo das finanças, na versão luxo (já estatizada?)
Como todo jogo, o Banco Imobiliário ensina muita coisa. Uma das primeiras regras que você aprende é que, se você quer ganhar, tem de gastar o que tem e o que não tem comprando as cartelinhas que vão render aluguéis de casas e hotéis. Mesmo que não tenha nenhum dinheiro. O negócio é empurrar as dívidas com a barriga, até passar no ponto de partida e ganhar 200.
Se não tem como pagar, hipoteque o que tem. Se um colega generoso resolve emprestar a juros ou sem juros, compre também e amplie sua dívida. Depois esse mesmo colega vai ter de pagar você de volta e você vai ser implacável na cobrança!
Os inventores do jogo, certamente, acreditam na democracia liberal e no fim da história como propôs Fukuyama. Portanto, o jogo, como o capitalismo, não tem fim, até que você acabe com o último homem - ou seja, o leve à falência. Precisa ter muita paciência para ganhar o jogo. Na verdade, se todos tiverem paciência, o jogo não acaba nunca.
As regras inconsequentes do Banco Imobiliário fazem parte do dia-a-dia do mercado financeiro. Por outro lado, assim como a fábrica do brinquedo, os agentes financeiros não pararam de imprimir dinheiro na forma de apostas malucas chamadas investimentos. Tudo com aval de Bancos Centrais independentes, que funcionam mais ou menos como o banqueiro do Banco Imobiliário - em geral, um dos jogadores acumula a função de banqueiro e de jogador, com resultados mais ou menos conhecidos.
E estamos aí, no fundo do poço, minha gente... E como ensina a professora de strip poker, não existe jogo inocente.
Finalmente, uma pergunta: faz sentido jogar Banco Imobiliário/Monopoly nos dias de hoje? Sinceramente, o Editor do UOL Tabloide acha mais proveitoso pegar a grana e pagar as dívidas. Aquele papel já deve estar valendo tanto quanto o dólar, e já é tão real quanto o real.
(Banco Imobiliário, o jogo que tinha a crise dentro de si. 05/03/2009 - 19h31. UOL Tablóide. São Paulo. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/tabloide/critica/2009/03/05/ult6150u24.jhtm>. Acessado dia 30 de novembro de 2009)
35
A crise financeira que afetou mercados internacionais em 2008 teve sua
origem no setor imobiliário dos Estados Unidos. No começo dos anos de 2000, uma
parte da população estadunidense começou a hipotecar suas casas como estratégia
de investimento. No inicio parecia um bom negócio. As pessoas usavam o dinheiro
adquirido com as hipotecas e investiam nos mercados de capitais. A médio ou longo
prazo, isso rendia maiores valores do que os juros que deveriam ser pagos nas
prestações assumidas com as empresas de hipotecas.
O negócio era muito interessante porque existia a crença de que haveria uma
valorização contínua dos imóveis pela especulação do próprio setor imobiliário. A
segurança nisso era tanta que as instituições de crédito concediam novos
empréstimos aos mutuários para liquidarem as dívidas anteriores, dando sempre o
mesmo imóvel como garantia. Ou seja, a chamada “bolha” começou a crescer com o
alto lamento das dívidas desses clientes. Mas não foi somente isto,
inesperadamente em 2006, os preços dos imóveis começam a desvalorizar. Por
conseguinte, os Bancos começam a ficar sem dinheiro em caixa. O que impactou
fortemente sobre as bolsas de valores do mundo todo. Como solução, os Bancos
tentaram criar uma forma de seguro para esses tipos de crédito. Para que
aumentasse a confiança dos investidores e a diminuição dos riscos deste tipo de
negócio, os Bancos Americanos credores se uniram para transformar o resultante da
dívida em títulos negociáveis no mercado financeiro internacional, em valores
superiores às dívidas originais. Batizado de “créditos podres”, esses títulos eram
oferecidos para venda e compra em enormes quantidades. No entanto, apesar da
estratégia adotada, somente fez crescer a crise, estourando nos principais Bancos
do mundo. Em 2007, a situação se agrava com a desconfiança geral no sistema
financeiro. O resultado foi à falta de liquidez, dinheiro, no mercado financeiro. A
situação se agravou tanto, que não havia nem dinheiro nos Bancos para os
correntistas sacarem. Mesmo aqueles Bancos que não negociaram “créditos pobres”
sofreram com a crise. Um exemplo foi à quebra do Banco Britânico Northern. O
mercado começou a estagnar e as Instituições financeiras não emprestavam mais
dinheiro. Temendo a crise, os governos começaram a tomar medidas radicais para
evitar efeitos devastadores na economia. Os Bancos Centrais começaram a injetar
dinheiro no mercado, para evitar o chamado efeito dominó de quebra dos bancos em
escala mundial. No entanto, em 2008, a crise consegue levar a falência instituições
como Federal National Mortgage Association (FNMA), conhecida como "Fannie
36
Mae", e a Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC), apelidada de
"Freddie Mac". Por conseguinte, o Banco de investimentos Lehman Brothers, um
dos pilares financeiros de Wall Street faz o pedido de concordata, e logo fecha. E o
Bank of América e vendido a corretora Merrill Lynch, uma das maiores do mundo.
Em outubro de 2008 os países da Europa lançam pacotes que somam
aproximadamente o valor de 1,17 trilhões de euro (US$ 1,58 trilhões) em ajuda aos
sistemas financeiros. E em setembro de 2008, a Câmara de Representantes nos
Estados Unidos lançam o pacote de socorro ao sistema financeiro. Somente após
pressão do presidente George W. Bush, do secretário do Tesouro, Henry Paulson, e
o presidente do Federal Reserve, Ben Bernankeo, além dos candidatos à
Presidência dos EUA, Barack Obama (Partido Democrata) e John McCain (Partido
Republicano). O Senado dos Estados Unidos aprovou o projeto no dia primeiro de
outubro, sendo aprovado e sancionado pelo presidente Bush no valor de US$ 700
bilhões. Para liberação do dinheiro, foram exigidas algumas contrapartidas dos
agentes do sistema financeiro. O governo ficaria com as instituições socorridas
(Estatização). Além disso, as instituições financeiras seriam taxados se o governo
tivesse perdas em mais de cinco anos. Mas, o mercado continuou a apresentar
problemas. Com isso o governo americano já desembolsou aproximadamente US$ 2
Trilhões para socorrer o sistema financeiro. Alguns analistas especulam que isso
ainda é algo sutil, e que os mercados financeiros precisem de US$ 12 trilhões
(BOLHA, 2009a, b; CRISE, 2009a, b, e; EFE, 2009; PLANO, 2009).
Passado um ano sem maiores sustos, a crise financeira novamente começa
mostrar sua cara. Anunciado no dia 28 de novembro de 2008 o possível calote do
governo de Dubai, um dos países dos Emirados Árabes. A empresa Estatal Dubai
World tem dívidas em torno de US$ 59 bilhões. Empresa responsável pela
construção de hotéis, resorts e marinas. A empresa pediu maior prazo para
pagamentos de dívidas da Nakheel, uma companhia do setor imobiliário, subsidiada
da Dubai World. Em 2008, com a crise financeira mundial, todos os investimentos na
cidade pararam e o mercado imobiliário foi atingido com a queda do preço de
imóveis.
Dubai é um sonho idealizado por um Cheick bilionário que começou em 1966.
Uma cidade que nasceu de investimentos do petróleo e de seu porto, zona franca
livre de impostos. Uma cidade planejada para ser o ponto situado entre grandes
centros financeiros como Londres e Singapura. E está próxima dos mercados
37
emergente da Ásia. Com a criação do centro financeiro de Dubai, a cidade recebeu
Bancos e investimentos do mundo todo. Além disso, seu sucesso está no setor
turístico, que chama atenção pelas obras arquitetônicas que o setor imobiliário vem
construindo, como ilhas artificiais, enormes aranha-céus e o único hotel sete estrelas
do mundo. O que tem somado em investimentos em torno de US$ 400 bilhões.
Portanto, a desconfiança provoca temores no sistema financeiro, pois não se sabe
como vai se pago a dívida adquirida para financiar essa cidade. A reação agora é de
alerta (CRISE, 2009c, d; ENTENDA, 2009).
Com certeza estamos sentindo os efeitos do neoliberalismo. A crença no
mercado livre criou a “bolha”, que estorou e ainda não parou de respingar. Portanto,
continuar pensando o desenvolvimento nesta maneira é realmente empurrar com a
barriga. E parece que esse drama está fazendo com que se comece a pensar o
desenvolvimento de forma sustentável. Principalmente pelos efeitos da crise
ambiental.
Entretanto, as propostas de mudança ainda carregam os traços do
pensamento liberal, solução pela através do mercado, agora mais “verde”. Cria-se a
mercadoria fictícia crédito de carbono, baseada principalmente na confiança entre os
agentes. E com a crença de que os créditos se valorizem no futuro. Ou seja, o
investidor entra no mercado (bolsa de valores) como especulador comprando e
vendendo crédito para obter bons lucros. Sua garantia é a obrigatoriedade de que as
empresas que poluem devem passar a comprar créditos porque poluem. Mas será
que isso consegue inverter “o jogo” do desenvolvimento? Uma mudança realmente
significativa só ocorrerá se não se basear nas mesmas regras que levam vantagens
em se fazer fortuna.
38
CONCLUSÃO
Os conteúdos trabalhados em sala permitiram ao estudante compreender a ofício
dos antropólogos. Pela sensibilidade etnográfica de construir o conhecimento,
principalmente pelo exercício de empatia, familiarizar-se com o exótico, ao “colocar-
se no lugar do outro”, para poder entender a lógica do “nativo”. Ou, ao contrário,
estranhar o familiar, para poder desenvolver indagação, angústias e dilemas da sua
própria realidade do pesquisador (VELHO, 1978). Nesse sentido, o exercício
realizado neste trabalho buscou esses princípios.
Como estratégica de pesquisa, os produtos do mercado também servem para
entender a lógica da cultura. As mercadorias conseguem ser ao mesmo tempo o
reflexo e as “protagonistas” de uma estruturação dos mercados.
No brinquedo Banco Imobiliário podemos ler diferentes épocas. Onde o que
está sendo vendido não é simplesmente um produto, mas uma ideia, um estilo de
vida, valores, etc. As coisas não se resumem somente em utilidade, mas também na
definição de uma visão de mundo.
O jogo Banco Imobiliário representa isso tudo e também serve para pensar a
crise. Pois, sua lógica reflete a regra mais básica do capitalismo, competição.
Entretanto, no mundo real, o livre-mercado é moldado pelo social, que dá forma e
espírito as relações econômicas. Portanto, a própria “bolha” nos deixa algumas
experiências, e faz-nos pensar em alternativas.
O mercado mais “verde” parece uma proposta, mas não dá para “comprar a
esperança”. Ou usar sempre o mercado como uma receita para salvar o mundo. Se
a sociedade quer uma economia sustentável, o próprio setor imobiliário e financeiro
teriam que mudar radicalmente. E as indústrias deveriam pagar um preço muito mais
alto.
Entretanto, substituir as categorias de pensamento sobre o mercado passa
ser uma estratégia interessante. Dar novo sentido a riqueza, ao ser ecologicamente
39
correto, pode ser o um começo. Assim, os custos de impactos ambientais entram na
contabilização do desempenho das empresas. Uma inversão de valores e não
somente má-fé. E o que a antropologia tem ainda muito para produzir sobre essa
mudança.
REFERÊNCIAS
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BANCO Imobiliário, o jogo que tinha a crise dentro de si. 05/03/2009 - 19h31. Editor do UOL Tablóide. São Paulo. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/tabloide/critica/2009/03/05/ult6150u24.jhtm>. Acessado dia 17 de outubro de 2009b.
BANCO Imobiliário. Uma história de sucesso? Angel Fire. Última atualização em 7/11/2009. Disponível em: <http://www.angelfire.com/ab/jogos/Modernos/historia_monopoly.htm>. Acessado dia 17 de outubro de 2009c.
BANCO Imobiliário se moderniza. Correio Popular, 17/08/08. Disponível em: <http://www.brinquedotecabumerangue.com.br/noticias-cont.html>. Acessado dia 10 de nobembro de 2009d.
BANCO Imobiliário Sustentável – Estrela. Disponível em: <http://www.estrela.com.br/#/busca/jogos>. Acessado dia 17 de outubro de 2009e.
BELLIS, Mary. Monopólio, Monopoly. A História da Câmara Monopoly Game e Charles Darrow. Disponível em: <http://translate.google.com.br/translate?u=http%3A%2F%2Finventors.about.com%2Fgi%2Fdynamic%2Foffsite.htm%3Fsite%3Dhttp%3A%2F%2Fwww.centralconnector.com%2FGAMES%2FMONOPOL.html&sl=en&tl=pt&hl=pt-BR&ie=UTF-8"Monopoly, Monopoly">. Acessado dia 17 de outubro de 2009.
BOLHA Especulativa. Enciclopéida Livre Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolha_especulativa>. Acessado dia 17 de outubro de 2009a.
BOLHA Financeira. Enciclopéida Livre Wikipédia. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolha_financeira>. Acessado dia 17 de outubro de 2009b.
BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève. Le Nouvel Esprit du Capitalisme. Paris, Gallimard, 1999.
BOURDIEU, Pierre. O campo econômico. Política e Sociedade. PPG Sociologia Política, UFSC. Florianópolis, UFSC/Cidade Futura, n. 6, abril de 2005, p. 15-57 (Dossiê Estado, Mercado e Regulação).
40
CLIFFORD, James. Sobre a autoridade Etnográfica. In:_____ A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: UFRJ. p. 17 – 61. 1998.
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