XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 1
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XvI – MOSTRA DE POESIA
João cabral de melo neto
Poesia com gosto de realidade
‘‘E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.’’
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DIREÇÃO GERAL: MANOEL SERQUEIRA
DIRETORA PEDAGÓGICA: PROFª VERALÚCIA SERQUEIRA (SEDE)
DIRETORA PEDAGÓGICA: PROFª MARIA O. DE ABREU (UNIDADE I)
EQUIPE PEDAGÓGICA:
MARIA DO ROSARIO FIGUEIREDO
ANTÔNIO ROCKLANE S. REBELO
ALCEMIRA PEREIRA MAIA
MARIA O. DE ABREU
EQUIPE DE LÍNGUA PORTUGUESA, ARTE E LITERATURA
PROFª.ALCIONE ALVES DE OLIVEIRA
PROFª NEIDE FUGOLARI
PROFª MARLU CORTEZ DANTAS
PROF. JANNISE LUIZ
PARTE MUSICAL: ROBSON SILVA E JOZUER BRANDÃO
ARTE GRÁFICA: FELIPE THIAGO
COMISSÃO ORGANIZADORA:
VERALUCIA SERQUEIRA
MARIA DE ABREU
LIVIA SERQUEIRA
ROBSON ROSSI
FELIPE THIAGO
ALCEMIRA MAIA
OUTUBRO DE 2012
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XVI MOSTRA DE POESIA – 2012
JOÃO CABRAL DE MELO NETO
A POESIA COM GOSTO DE REALIDADE
A educação pela pedra
Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
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APRESENTAÇÃO
O desenvolvimento do senso moral, crítico e estético é de enorme importância para a
formação integral e sólida do indivíduo, enquanto pessoa e ser social. Essa preocupação
norteia a proposta pedagógica do IDR, ao longo de 18 anos de trabalho educativo na
comunidade manauara. Crianças e jovens têm acesso a diversos recursos metodológicos
que lhes proporcionam uma aprendizagem integral e sólida, capaz de promover a inserção
no mundo contemporâneo de forma equilibrada e não unilateral com preocupação apenas
relacionada a conhecimentos técnicos e científicos.
A leitura deve ser uma prática constante e muito diversificada, a fim de que o universo
cultural seja ampliado de forma gradativa e prazerosa.
A poesia, por suas diversas e diferentes características, é uma alternativa extremamente
interessante como recurso pedagógico, pois o contato intenso com os textos poéticos
possibilita a expansão da sensibilidade, da perspicácia, da reflexão e do imaginário.
O projeto de 2012 tem como foco principal a obra poética de JOÃO CABRAL DE MELO
NETO, escritor nascido em Recife e que muito contribuiu para a arte literária do Brasil.
“João Cabral é um escritor singular dentro da literatura brasileira. Seu trabalho poético
não é fruto apenas de uma “inspiração” ou de alguma espécie de momento criativo, mas,
ao contrário, ele declarava que a poesia se encontra no rigor de sua construção e na
organização do texto em si. O ideal artístico desse poeta é o da “simetria”, algo que só
poderia ser conseguido através de um exaustivo exercício autocrítico e de um trabalho
linguístico rigoroso. Por conta disso, João Cabral, muitas vezes é chamado de “arquiteto
das palavras” ou de “poeta engenheiro.”
Apesar de sua formação clássica, isto é, dentro de padrões rígidos, ele se mostra bastante
objetivo e claro, pretendendo atingir os leitores pelas sensações que provoca com as
imagens sugeridas. Suas construções estilísticas parecem, muitas vezes, caminhos por onde
se desvendam mistérios que a vida apresenta.”
Neste livro, apresentamos textos representativos de todas as turmas do Ensino
Fundamental II ( Sede ) e Ensino Médio ( Unidade I ). Neles, podemos perceber a marca da
sensibilidade e da imaginação, ambas aliadas a reflexões sobre o mundo contemporâneo.
Professora Maria de Abreu
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Agradecimento
Façamos valer nossa luz, fazendo de cada situação um momento sagrado de aprendizado.
Não estamos desamparados, pois a fé é o nosso estandarte elevamos no peito a alegria e a
responsabilidade.
Agradecemos a Deus e a todos que colaboraram para a realização da XVI MOSTRA DE
POESIA
Equipe Denizard Rivail
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João cabral de melo neto – Biografia
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João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na rua da Jaqueira (depois Leonardo Cavalcanti), segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. Passa a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno. Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário no Colégio Marista. João Cabral era um amante do futebol, tendo sido campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1935. Foi na Associação Comercial de Pernambuco, em 1937, que obteve seu primeiro emprego, tendo depois trabalhado no Departamento de Estatística do
Estado. Já com 18 anos, começa a freqüentar a roda literária do Café Lafayette, que se reúne em volta de Willy Lewin e do pintor Vicente do Rego Monteiro, que regressara de Paris por causa da guerra.
Em 1940 viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Esse o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima. No ano seguinte, participa do Congresso de Poesia do Recife, ocasião em que apresenta suas Considerações sobre o poeta dormindo.
1942 marca a publicação de seu primeiro livro, Pedra do Sono. Em novembro viaja, por terra, para o Rio de Janeiro. Convocado para servir à Força Expedicionária Brasileira (FEB), é dispensado por motivo de saúde. Mas permanece no Rio, sendo aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Frequenta, então, os intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro do Rio de Janeiro. Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil.
O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de Organismos Internacionais. Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo.
É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual imprime Psicologia da composição. Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e Luiz, respectivamente. Residindo na Catalunha, escreve seu ensaio sobre Joan Miró, cujo estúdio frequenta. Miró faz publicar o ensaio com texto em português, com suas primeiras gravuras em madeira.
Removido para o Consulado Geral em Londres, em 1950, publica O cão sem plumas. Dois anos depois retorna ao Brasil para responder por inquérito onde é acusado de subversão. Escreve o livro O rio, em 1953, com o qual recebe o Prêmio José de Anchieta do IV Centenário de São Paulo (em 1954). É colocado em disponibilidade pelo Itamaraty, sem rendimentos, enquanto responde ao inquérito, período em que trabalha como secretário de redação do Jornal A Vanguarda, dirigido por Joel Silveira. Arquivado o inquérito policial, a pedido do promotor público, vai para Pernambuco com a família. Lá, é recebido em sessão solene pela Câmara Municipal do Recife.
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Em 1954 é convidado a participar do Congresso Internacional de Escritores, em São Paulo. Participa também do Congresso Brasileiro de Poesia, reunido na mesma época. A Editora Orfeu publica seus Poemas Reunidos. Reintegrado à carreira diplomática pelo Supremo Tribunal Federal, passa a trabalhar no Departamento Cultural do Itamaraty.
Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas águas, volume que reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. Removido para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a residir.
Em 1958 é removido para o Consulado Geral em Marselha. Recebe o prêmio de melhor autor no Festival de Teatro do Estudante, realizado no Recife. Publica em Lisboa seu livro Quaderna, em 1960. É removido para Madri, como primeiro secretário da embaixada. Publica, em Madri, Dois parlamentos.
Em 1961 é nomeado chefe de gabinete do ministro da Agricultura, Romero Cabral da Costa, e passa a residir em Brasília. Com o fim do governo Jânio Quadros, poucos meses depois, é removido outra vez para a embaixada em Madri. A Editora do Autor, de Rubem Braga e Fernando Sabino, publica Terceira feira, livro que reúne Quaderna, Dois parlamentos, ainda inéditos no Brasil, e um novo livro: Serial.
Com a mudança do consulado brasileiro de Cádiz para Sevilha, João Cabral muda-se para essa cidade, onde reside pela segunda vez. Continuando seu vai-e-vem pelo mundo, em 1964 é removido como conselheiro para a Delegação do Brasil junto às Nações Unidas, em Genebra. Nesse ano nasce seu quinto filho, João.
Como ministro conselheiro, em 1966, muda-se para Berna. O Teatro da Universidade Católica de São Paulo produz o auto Morte e Vida Severina, com música de Chico Buarque de Holanda, primeiro encenado em várias cidades brasileiras e depois no Festival de Nancy, no Théatre des Nations, em Paris e, posteriormente, em Lisboa, Coimbra e Porto. Em Nancy recebe o prêmio de Melhor Autor Vivo do Festival. Publica A educação pela pedra, que recebe os prêmios Jabuti; da União de Escritores de São Paulo; Luisa Cláudio de Souza, do Pen Club; e o prêmio do Instituto Nacional do Livro. É designado pelo Itamaraty para representar o Brasil na Bienal de Knock-le-Zontew, na Bélgica.
1967 marca sua volta a Barcelona, como cônsul geral. No ano seguinte é publicada a primeira edição de Poesias completas. É eleito, em 15 de agosto de 1968, para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Assis Chateaubriand. É recebido em sessão solene pela Assembléia Legislativa de Pernambuco como membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).
Toma posse na Academia em 06 de maio de 1969, na cadeira número 6, sendo recebido por José Américo de Almeida. A Companhia Paulo Autran encena Morte e vida severina em diversas cidades do Brasil. É removido para a embaixada de Assunção, no Paraguai, como ministro conselheiro. Torna-se membro da Hispania Society of America e recebe a comenda da Ordem de Mérito Pernambucano.
Após três anos em Assunção, é nomeado embaixador em Dacar, no Senegal, cargo que exerce cumulativamente com o de embaixador da Mauritânia, no Mali e na Giné-Conakry.
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Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a Medalha de Humanidades do Nordeste.
Em 1976 é condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979. como Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. É nomeado embaixador em Quito, Equador e publica A escola das facas.
A convite do governador de Pernambuco, vai a Recife (em 1980) para fazer o discurso inaugural da Ordem do Mérito de Guararapes, sendo condecorado com a Grã- Cruz da Ordem. Ali é inaugurada uma exposição bibliográfica de sua obra, no Palácio do Governo de Pernambuco, organizada por Zila Mamede. Recebe a Comenda do Mérito Aeronáutico e a Grã-Cruz do Equador.
No ano seguinte vai para Honduras, como embaixador. Publica a antologia Poesia crítica.
Em 1982 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do Porto, em Portugal, como cônsul geral. Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro do Estado do Rio de Janeiro. Publica Auto do frade, escrito em Tegucigalpa.
Ganha o Prêmio Moinho Recife, em 1984 e, no ano seguinte, publica os poemas de Agrestes. Nesse livro há uma sessão dedicada à morte ("A indesejada das gentes"). Em 1986 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco. Sua esposa, Stella Maria, falece no Rio de Janeiro. João Cabral reassume o Consulado Geral no Porto. Casa-se em segundas núpcias com a poeta Marly de Oliveira.
Em 1987 publica Crime na Calle Relator, poemas narrativos. Recebe o prêmio da União Brasileira de Escritores. É removido para o Rio de Janeiro.
Em Recife, no ano de 1988, lança sua antologia Poemas pernambucanos. Publica, também, o segundo volume de poesias completas: Museu de tudo e depois.Recebe o Prêmio da Bienal Nestlé de Literatura pelo conjunto da obra, e o Prêmio Lily de Carvalho da ABCL, Rio de Janeiro.
Aposenta-se como embaixador em 1990 e publica Sevilha andando. É eleito para a Academia Pernambucana de Letras, da qual havia recebido, anos antes, a medalha Carneiro Vilela. Recebe os seguintes prêmios: Criadores de Cultura da Prefeitura do Recife, Luis de Camões (concedido conjuntamente pelos governos de Portugal e do Brasil), em Lisboa. É condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário e do Trabalho. A Faculdade Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro publica Primeiros Poemas.
Outros prêmios: Pedro Nava (1991) pelo livro Sevilha andando; Casa das Américas, concedido pelo Estado de São Paulo (1992); e também nesse ano o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma. Viaja a Sevilha para representar o presidente da República nas comemorações do dia 7 de Setembro, que tiveram lugar na Exposição do IV Centenário da Descoberta da América. No Pavilhão do Brasil, foi distribuída sua antologia Poemas sevilhanos, em edição especial. No Rio de Janeiro, na Casa da Espanha, recebe do embaixador espanhol a Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica.
Em 1993 recebe o Prêmio Jabuti, instituído pela Câmara Brasileira do Livro.
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João Cabral era atormentado por uma dor de cabeça que não o deixava de forma alguma. Ao saber, anos atrás, que sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, o poeta anunciou que ia parar de escrever. Já em 1990, com a finalidade de ajudá-lo a vencer os males físicos e a depressão, Marly, sua segunda esposa, passa a escrever alguns textos tidos como de autoria do biografado. Conforme declarações de amigos, escreveu o discurso de agradecimento feito pelo autor ao receber o Prêmio Luis de Camões, considerado o mais importante prêmio concedido a escritores da língua portuguesa, entre outros. Foi a forma encontrada para tentar tirá-lo do estado depressivo em que se encontrava. Como não admirava a música, o autor foi perdendo também a vontade de falar ("Não tenho muito o que dizer", argumentava). Era, sem dúvida, o nosso mais forte concorrente ao prêmio Nobel, com diversas indicações dos mais variados segmentos de nossa sociedade.
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Transcrevemos abaixo o discurso proferido por Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras, por ocasião da morte do poeta, em 09-10-99:
" ADEUS A JOÃO CABRAL "
"Severino retirante, deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar fora da ponte e da vida; nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga; é difícil defender, só com palavras, a vida, ainda mais quando ela é esta que vê, Severina; mas se responder não pude à pergunta que fazia ela, a vida, a respondeu com sua presença viva."
“Vida que foi para João Cabral uma bonita e ao mesmo tempo sofrida obra de engenharia
poética, como demonstrou no seu inesquecível Morte e Vida Severina.
Aqui está o poeta João Cabral de Melo Neto, presente pela última vez na Academia
Brasileira de Letras, de que foi, por 30 anos, uma das figuras fundamentais. Aos 79 anos,
apaga-se a voz de significação universal, com a singularidade do seu verso, tantas vezes
lembrado para a glória do Prêmio Nobel de Literatura.
João Cabral, o poeta João, que não se conformava em perfumar a flor, é o mesmo que
escreveu aos 22 anos o livro Pedra do Sono, para depois nos brindar, entre outros, com O
engenheiro, O cão sem plumas, Poesias completas, A educação pela pedra e o antológico
Morte e Vida Severina, com versões no teatro e na mídia eletrônica.
Fecham-se os olhos cansados do poeta João e não conseguimos realizar o sonho que
agora desvendo: ver o América Futebol Clube voltar aos seus dias de glória. Nem o daqui
do Rio, nem aquele que era a sua verdadeira paixão: o América do Recife.”
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 15
Tecendo a Manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
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O Cão Sem Plumas
A cidade é passada pelo rio como uma rua
é passada por um cachorro; uma fruta
por uma espada.
O rio ora lembrava a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão, ora o outro rio
de aquoso pano sujo dos olhos de um cão.
Aquele rio era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul, da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água, da água de cântaro, dos peixes de água,
da brisa na água.
Sabia dos caranguejos de lodo e ferrugem.
Sabia da lama como de uma mucosa. Devia saber dos povos.
Sabia seguramente da mulher febril que habita as ostras.
Aquele rio jamais se abre aos peixes,
ao brilho, à inquietação de faca
que há nos peixes. Jamais se abre em peixes.
Estátua de João Cabral de Melo Neto (Recife-PE)
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Análise da obra de João Cabral de Melo Neto
A poética de João Cabral João Cabral de Melo Neto é um escritor singular dentro da literatura brasileira. Para ele, o trabalho poético não é fruto de uma “inspiração” ou alguma espécie de mero momento criativo, como é comum pensar-se sobre o ato de fazer poemas. Ao contrário, João Cabral declarava que a poesia se encontra no rigor de sua construção e na organização do texto em si. O ideal artístico do poeta é o da “simetria”, algo que só poderia ser conseguido através de um exercício autocrítico e de um trabalho linguístico rigoroso. Por conta disso, João Cabral muitas vezes é chamado de “arquiteto das palavras” ou de “o poeta engenheiro”. Além de ir contra a ideia de que o fazer poético é fruto de uma inspiração do escritor, o que dá à poesia um caráter extremamente subjetivo, João Cabral buscou construir um poema objetivo, cuja visão não vem mais carregada de sentimentalismo (como acontecia por exemplo com os poetas românticos), mas sim com dados objetivos da realidade. João Cabral procura aniquilar o individualismo e a subjetividade típica dos poetas românticos – cuja voz poética era explícita dentro do poema – para que o poema comunique por si só, de forma objetiva e direta, sem o intermédio do “eu” pessoal do poeta. A luta de João Cabral contra o individualismo dos poetas que só se preocupam com seu “eu íntimo”, levou-o a buscar novas formas de comunicação. Por conta disso, o poeta se aproximou das cantigas populares nordestinas, ao cordel, trovas medievais e uma série de formas poéticas, próprias da tradição popular, utilizando inclusive as técnicas de composição empregadas nessas formas de poesia popular – como, por exemplo, a repetição de palavras, algo muito presente no cordel nordestino. Poemas representativos “Pedra do sono” Publicado originalmente em 1942, este livro foi a primeira coletânea do poeta e reúne diversos poemas escritos durante sua adolescência em Pernambuco. Este seu primeiro livro já traz alguns temas e imagens que serão tratados por João Cabral posteriormente, mas ainda de forma não muito desenvolvida. Nos poemas de “Pedra do sono” há uma intenção de experimentação poética, com algumas tentativas de caráter surrealista (como sugere a palavra “sono” do título do livro), mas há o racionalismo e a construção laboriosa que será a marca de João Cabral posteriormente (o que é demarcado pela palavra “pedra”, que será um símbolo recorrente em João Cabral). Nesse sentido, embora o livro pareça a um primeiro momento ter mais ligações com o Surrealismo, há no fundo grande influência cubista, cuja preocupação está mais na construção do poema e no objeto do qual se fala. “Psicologia da composição” Este poema faz parte da trilogia publicada em 1947, Psicologia da composição, Fábula de Anfion e Antiode. Este trabalho de João Cabral dá continuidade ao antilirismo de sua obra anterior, O Engenheiro, e marca uma ruptura maior com o surrealismo presente em Pedra do sono. “Psicologia da composição” é um poema que traz reflexões sobre a própria criação poética, que é uma constante dentro da obra de João Cabral. “Morte e Vida Severina (auto de natal Pernambucano)” Escrito entre 1954 e 1955 (e publicado nesse ano), é o livro mais famoso e popular de João Cabral. “Morte e Vida Severina” retrata em forma de um poema dramático a trajetória de um
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 18
retirante do sertão nordestino em busca de uma vida melhor no litoral. O poema é construído em redondilha maior (sete sílabas poéticas) e é dividido em duas partes: a primeira, “caminho ou fuga da morte”, passa-se antes do protagonista chegar à capital Recife; e a segunda, “presépio ou encontro da vida”, é após a chegada à cidade. Assim, o poema dramático é centrado em duas linhas narrativas que seguem a dicotomia existente no próprio título da obra: “morte” e “vida”. O subtítulo do poema, “auto de natal Pernambucano”, liga este texto aos autos medievais, que são textos de linguagem simples, muitas vezes com elementos cômicos e uma intenção moralizadora. Uma característica importante dos autos é que suas personagens são alegóricas e representam virtudes e pecados, o bem e o mal, etc. Em língua portuguesa, o maior representante desse tipo de literatura é Gil Vicente, poeta português do século XVI. “A educação pela pedra” Este livro reúne 48 poemas e foi publicado pela primeira vez em 1966. A educação pela pedra é um marco na dentro da obra de João Cabral e é considerado um dos livros mais importantes da literatura brasileira. Nessa obra, o poeta atinge o ápice de seu estilo de composição poética e é um dos últimos livros em que João Cabral propôs uma “arquitetura” ao escrever – o escritor decidia antes de escrever qual seria o plano do livro, decidindo o número de poemas, temas tratados, forma etc. Ou seja, os poemas foram tratados de um modo rigoroso e sistemático, para que possam obter a consistência e objetividade de uma “pedra”. O poema que recebe o mesmo título do livro, “A educação pela pedra”, é central na obra e funciona como seu núcleo temático. Nesse poema, existem duas lições que podem ser aprendidas através da pedra. A primeira dela diz respeito ao exercício da linguagem e ao fazer poético. Essa lição se inicia com a aprendizagem dos sons, da “dicção”, e vai passando pela moral, poética e economia. Essas lições falam muito sobre a economia verbal de João Cabral, cujos poemas são construídos com uma linguagem seca, dura e objetiva, fugindo de sentimentalismos, ela é precisa e concisa. Já a segunda pedra diz respeito à pedra em si e à dura realidade do Nordeste brasileiro. Assim, ela simboliza a aridez geográfica que acaba por tornar o ser humano árido também. Esta pedra é de nascença, ou seja, o homem que nasce no sertão não consegue escapar de seu destino de aprender a viver naquele ambiente hostil – o que é reforçado também pelo “entranha na alma”. Apesar de uma formação clássica, isto é, dentro de padrões rígidos, João Cabral de Melo Neto se mostra bastante objetivo e claro, pretendendo atingir os leitores pelas sensações que provoca com as imagens sugeridas. Suas construções parecem, muitas vezes, caminhos por onde se desvendam mistérios que a vida apresenta. Um exemplo disso está no poema “Tecendo a Manhã”, em que o eu-lírico nos adverte que as coisas não se constroem sem a participação de um grupo, que o individuo só se completa em outros. Comentário da professora Prof a. Augusta Aparecida Barbosa, do Cursinho do XI
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 19
Produção de Textos Poéticos
Ensino Fundamental 2
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 20
MÃE
Me perco num mundo irreal
Sem você nada é igual,
Choro por ti toda noite,
Pois não posso te dar boa noite.
O brilho do sol não é o mesmo,
Nunca esquecerei o teu beijo.
Lembro aquela noite escura
Que fui das estrelas à lua.
Teus conselhos me fazem lembrar
Que desta vida nada posso levar
Seu jeito de mulher
Delicado e amável, MÃE!
Rafael Freitas Caldas
8° Ano - Aristóteles
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 21
MOSTRAR-SE
Tire tua máscara
Deixe-me ver-te como realmente és
Não tenhas medo
Todos somos misteriosos por dentro
Não adianta enganar-te
Fingir que conheces a ti mesmo
Olhe teu reflexo no espelho,
Consegues enxergar quem realmente és?
Tentar esconder-se
Atrás de uma máscara, não adianta,
Sejas quem és, independente da opinião dos demais
Isso não trará nada além de frustrações,
Pois não importa o que façamos,
Seremos sempre julgados
E desaprovados em algo.
Maria Eliza de Almeida Borghezan
9° Ano - Victor Hugo
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 22
FAMÍLIA
Família, o maior
Presente da humanidade
Gestos simples de bondade
Garantem a felicidade!
Família grande
Pequena, humilde.
Mas com amor fraterno, solidário,
Não existe nada igual
Cada um faz sua parte,
E assim tudo
Se reparte.
Em uma família,
Não existe diferença
Cada um traz
Alegria com sua presença.
Maria Chaves
6° Ano - Emanuel
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 23
AMIGOS
Os amigos são como pedras preciosas,
Devemos dar muito valor.
Eles nos dão alegria,
Paz, amor, carinho e harmonia.
Eles são tudo para nós,
Sem os amigos não somos nada.
Às vezes brigamos por coisas bobas,
E é por essas coisas bobas,
Que voltamos a dar amor,
Que sentimos um pelo outro em dobro.
Alguns não sabem o quanto eles são
Importantes para nós
E nos tratam de qualquer jeito
Não sabendo que isso irá nos machucar
Valorize seus amigos
E nunca permita que sua amizade possa
Acabar.
Bianca Menezes Souza
7° Ano - Bezerra de Menezes
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 24
ACREDITE!
Há muitas pessoas no mundo
Que desistem de algo sem pensar
Eu digo a estas pessoas
Que nelas precisam acreditar.
Acredite em si mesmo
Nunca desista de alguma coisa que deseja realizar
Pois acreditando que pode,
O impossível você fará.
Dos seus sonhos nunca desista
É só você acreditar!
Nosso sonho é a razão
Viva-o com muita emoção.
Uma palavra pode mudar a sua vida
Acredite em você!
O melhor sempre vai acontecer.
Leonardo de Albuquerque Tiago
7° Ano - Bezerra de Menezes
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 25
DESENHO
Em uma folha de papel em branco
Penso no que desenhar
Desenho o claro céu azul
E as nuvens de algodão-doce.
Desenho a natureza
E o verde das árvores
E o cheiro da terra molhada
Com fauna e flora ricas e belas.
Desenhei também o infinito oceano
Rico em coral e recifes
E peixes acenando
Porque minha imaginação tudo pode.
Sabrina Brasil Ribeiro
7° Ano - Léon Denis
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 26
UM DIA DE VERÃO
Joguei-me no mar...
Mesmo não sabendo nadar
Pela primeira vez meus olhos começaram a brilhar.
Pude sentir a brisa gostosa me tocando
E o sol como sempre, irradiando.
Lembrar esse dia me faz sonhar
Um sentimento que não da pra imaginar
Se um dia você for lá...
Garanto que vai gostar.
Lembro-me da areia...
E daquela brincadeira
Como é gostoso lembrar
Amo esse passado maravilhoso
Que até me faz contar.
Samie S. Nakamura
6° Ano - André Luiz
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 27
TECNOLOGIA
A tecnologia é tudo de bom...
Mesmo sem internet ou com...
Quando eu fico muito na internet,
mamãe briga comigo...
É difícil sair de perto do notebook
Para não perder nada do facebook
O Orkut está ultrapassado...
E muitos já deixaram de lado...
A tecnologia é boa, às vezes, ruim
Ela boa para mim que uso para pesquisar
E sempre pretendendo agir assim...
Thainá Débora
6° Ano - André Luiz
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 28
ESTRADA SEM FIM
Sentada nessa calçada,
Vejo minha vida passar.
Será que vou conseguir parar
De pensar naquela coisa
Que me faz sonhar
E não querer acordar?
Mas gente! Só uso
Pra sonhar e depois lamentar...
Por que continuar?
Se isso só vai prejudicar.
Todos dizem
Que não preciso disso,
Então! Por que não
Consigo diminuir e nem parar?
Toda hora
Estou querendo
Consumir...
Mas na realidade,
Nem sempre posso fugir!
Continuo nessa estrada
Com um triste fim!
Hilze Maria Carvalho Coutinho Viana
8° Ano - Aristóteles
SERTÃO
Minha vida começou aqui
E quero que aqui seja o fim,
Sofro de seca e calor
Nada a avistar, aqui estou.
Montanhas a se esconderem de mim
Mistérios e segredos sem fim,
Sem me preocupar com o que ter,
Onde tudo era viver.
Esse é o meu sertão,
Esse é o nosso sertão.
Como vou viver sem você?
Nunca conseguirei compreender
Tanta seca nesse sertão vereda.
Jamais te perderia,
Se água existisse aqui.
Para mim és o ar,
O céu, a terra,
O meu eterno mar.
Igor Gabriel Coutinho
9° Ano - Victor Hugo
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 29
O PODER DO AMOR
Eu costumava ser fria por dentro
Gostava do silêncio, mas era solitária,
Eu sentia uma dor no coração, um vazio,
E por conta da minha frieza...
Eu estava sozinha no mundo.
Um dia encontrei meu anjo
Que me salvou da solidão eterna.
Ele viu o que ninguém via,
Meu corpo pedindo por salvação.
Não sinto saudade do que fui
A dor que sentia no coração sumiu,
E aquele estranho vazio
Foi preenchido com amor.
Eu disse adeus ao meu
Antigo eu. No fundo,
Acho que nasci de novo
Hoje me sinto completa
Mais humana.
Ana Valeria Leal Para
8° Ano - Platão
POESIA
Poesia é viajar no tempo,
Sem limites, sem hora para voltar
Voando pelas nuvens ou
descansando,
Em um barco a navegar.
O poeta conhece novos mundos
Com apenas papel e caneta
Viaja pelo universo,
Sem passagem, sem maleta.
Embarque nessa viagem,
Longe vamos estar
Pelas ondas estaremos flutuando,
O que importa é sonhar.
Lorena Fortes Teodoro
7° Ano - Léon Denis
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 30
POVO DO SERTÃO
No sertão é um calorão
Com fome de montão
Muita gente está doente,
Com esse nordeste muito quente.
O povo não tem alimentação,
Então! Aguenta coração!
E antes de acabar.
Tenho um aviso para dar.
Brasil! Ajude o Sertão,
Porque ele também faz parte
Do teu coração.
Lembrando que é um grande irmão.
Atenção!
É tempo de eleição.
Que tal um sacolão?
Emanuelle Guedes Cavalcante
8° Ano - Platão
SERTÃO NORDESTINO
A seca começou e a
Água já acabou.
Os seres humanos
Estão sofrendo
Os animais estão morrendo.
As crianças desnutridas,
Sem água e sem comida.
A mãe muito cansada
Vai longe buscar água.
Mas o ser humano
Contribuiu para a seca aumentar,
Queimando e desmatando
A vida vai acabar.
A seca vai embora
A chuva vem atrás
trazendo alegria e muito mais.
Dhayane Lemes Reis
6° Ano - Emanuel
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 31
EU
Até agora não sei o que se passa
Em meu coração
Talvez o destino quisesse assim, ou,
Apenas o tempo pudesse definir.
Tristeza, alegria, melancolia.
Sei lá! Sentimento, qualquer um pode
furtar.
Apenas sei que meu estado é lastimável
Por não ter você todo o tempo ao meu
lado.
Quem sabe o tempo cure
A dor que há em meu coração
Agora só me resta esperar
Pelo futuro que eu não sei.
Julianne Martins Souza
7° Ano - Sócrates DROGA
Se envolver, pra quê?
Você vai se enganar,
Se esconder e se arrepender,
Você pode até morrer!
A droga vai enganar
Porque ela pode viciar,
Fazer você refém e matar.
Só queria arrumar uma forma
De avisar,
Dizer pra você, não usar,
Se droga fosse bom,
Não se chamaria droga.
Larissa
7° Ano - Sócrates
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 32
NOSSA AMIZADE
Eu e você somos amigos!
Amigos de fé, amigos do peito,
Somos amigos de qualquer jeito.
Não somos iguais,
Não somos perfeitos,
Mas sempre damos um jeito.
Como qualquer um,
Brigamos e choramos,
Mas no final das contas,
Tudo dá certo.
Mesmo com todos os defeitos,
Eu preciso admitir,
Amigo, minha vida,
Nada seria sem você.
Juliana Guimarães
9° Ano - João Evangelista
TE AMO
Mãe, ouço a tua voz,
Beijo teus cabelos,
Percebo a tua doçura.
A beleza de Maria,
Que acalenta o filho,
Até o fim do dia.
Sinto a saudade,
Que bate no meu peito,
Dos pés à cabeça,
E me deparo com a solidão.
Quero para sempre,
Permanecer ao teu lado,
Para sempre te dizer
Te amo!
Robson Paiva
9° Ano - João Evangelista
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 33
Produção de Textos Poéticos
Ensino médio
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 34
IMAGINEI
Sabe aquele olhar de carinho?
Foi pura imaginação.
Inventei uma viagem sem caminho,
Para fugir da solidão.
Foi sonho de carícias trocadas
O profundo beijo que não ganhei,
As juras de amor...
Foi vontade que inventei.
Criei vazios que me envolvem
Das horas que ao seu lado não fiquei
Quantas perguntas sem respostas!
Para o nada eu olhei...
João Bosco
2° Ano - Ney Lobo
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 35
UM OLHAR
Teus olhos me chamam a atenção
Pois és minha inspiração!
Quando brilharam, algo falou!
Foi o meu coração que te encontrou.
Foi assim que me apaixonei,
Com um simples olhar eu te amei.
Minha musa e minha paixão,
És a dona do meu coração;
Posso morrer, mas contigo vou estar,
Pois do meu coração nunca sairás.
Armando Correia de Oliveira Neto
1° Ano - João Nunes
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 36
TENHO MEDO DE PERDER
Tenho medo de perder
Lutei tanto pra ti querer
Com tantas ilusões
Acreditei apenas nas minhas orações.
Tenho medo de sonhar
Com medo de não realizar
Com esse mundo lá fora
Só consigo ir embora.
Chega de oração
De decepção
Hoje só quero ir atrás do meu coração.
Cayan Castro Corrêa
1° Ano - João Nunes
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 37
ESTOU TRISTE, MAS CANTO....
Estou triste, mas canto as mais belas canções
Canto para me sentir melhor Aliviada...
Canções levam um pouco da minha dor.
Dor que escorre pelos olhos E vai embora...
Mas, logo volta... Volta e fica cravada dentro de mim.
E mais uma vez eu canto
Fazendo-a ir embora E libertar-me
Mas ela insiste em voltar
Vou aprendendo a conviver com ela E a cada dia que passa
Nos aproximamos mais e mais.
Silvia Helen
1° Ano - Jerônimo Mendonça
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 38
ESCADA DA VIDA
Você está aqui,
Justamente quando mais preciso,
Me acolhe nos problemas,
Me aconselha quando erro.
Obrigado mais uma vez!
Sem ti estaria afundada na escuridão,
Perdida no meio das trevas, sem rumo,
Como um soldado em meio ao tiroteio, baleado.
Graças a ti há cores no meu mundo,
Sorrisos estampados em meu rosto no dia a dia,
Coragem de subir um degrau na escada da vida.
Laís Dimas
1° Ano - Pedro Alcântara
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 39
AMOR ENCUBADO
Meu olhar reflete meu amor
Essa maldita distância me impede de te provar
Vem aqui meu amor, vem me dar o seu calor
Você saiu do céu enquanto eu me afundava no mar
Meu pequeno grande anjo que veio me salvar
Pele clara, bochechas rosadas, olhos claros
Se você ficar, eu juro nunca te deixar
Me agarre, me beije, me prenda em seus braços
Minha felicidade se resume em seu sorriso
Uma voz tão suave, capaz de me acalmar
Me imagino ao seu lado como em um paraíso
Durmo querendo te encontrar
Mostre suas asas, pequeno anjo, vamos voar!
Voando no céu do infinito pra gente se amar.
Jade Almeida
1° Ano - Irmã Sheila
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 40
MINHA VIDA DE ATOR
Os pássaros da manhã Ainda sonolentos
O sol, se segurando Nos montes.
A lua exibicionista,
Não quer deixar seu palco azul As cores ainda escuras
A vida ainda engatinhando.
De manhã para a escola De tarde para a faculdade
À noite eu conquisto meu sonho.
Os pássaros dormindo Deixa eles, já acordei
O sol não brilha mais que eu.
Lua achou alguém para competir. Num palco de qualquer cor,
Dou vida a uma vida multicolorida.
Gabriel Ponce 3° Ano - Herculano Pires
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 41
DESILUSÕES
Partiu sem ser percebido
Chegou o amanhã iludido
Pensou que seria escolhido
Foi apenas mais um dia vivido
Faço planos, cometo enganos,
Vou me esforçando até sair
ganhando
Dias, meses e anos se passam,
Continuo tentando, mas tropeço no
cotidiano.
Num piscar de olhos o tempo passou
Alguma coisa se aproveitou
Talvez uma dor, talvez um amor.
Beatriz Assis Barbosa
2° Ano - Joana D'arc
DORES DO PERDIDO
Tristeza que me consome,
Tristeza que não se aplaca
Tristeza que me mata!
Presa numa dor
Numa dor parasita
Que se impregna e se espalha
Dor que não acaba!
Me afogo em minhas lágrimas
Me debato, luto para respirar
Mas é sempre a mesma coisa
E eu a deixo me levar
Pensamentos me assombram
Atormentam minha mente
E eu quero destruí-los
Deixá-los esquecidos
Mas não consigo
Eu desisto!
A solidão me persegue
Luto para afastá-la
Mas no fundo eu a quero
Pois é ela que me salva.
Amanda Taísa M. Pacífico
3° Ano - Herculano Pires
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 42
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL
Às vezes me pego olhando as estrelas,
sozinho,
São muitas, brilhantes, reluzentes, lindas,
Mas tem uma que brilha mais que as
outras
Todas as noites ela está naquele mesmo
lugar.
Me pergunto se conseguirei chegar perto
Mas a distância que nos separa é enorme
Maior que qualquer coisa existente
Mas eu nunca desistirei.....
Jordi Lacerda Lopes
3° Ano - Tereza D'Ávila
MULHERES E SUAS LOJAS
As mulheres sempre belas
Em um mundo só delas
Correm para as lojas
Querem ser felizes
São como aprendizes
Da moda
Elas são como essas lojas
Cheias de novidades
E poucas são de verdade
Daniel Castro
2° Ano - Joana D'arc
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 43
EU PROCURO...
Procuro um estilo de vida
Uma vida boa,
A “pessoa certa,” talvez...
Procuro um futuro,
Uma vida longa,
Uma casa,
Cachorros no quintal.
Uma cadeira de embalo
Apenas para passar
O resto da velhice.
Walessa Caldas
1° Ano - Irmã Sheila
SE UM DIA
Eu queria um motivo,
Um motivo para acordar sorrindo,
Para não derramar mais lágrimas,
Ah! Não seria bonito?
E se um dia,
Esse dia chegar?
Vou estar preparado,
Para tanta coisa mudar?
Continuo esperando,
Esperando e sonhando...
Fazendo planos meio exagerados
Continuo desejando,
O dia em que viverei ao seu lado.
Bruno Carvalho
1° Ano - Pedro Alcântara
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL
IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 44
PERDÃO
Posso ir a qualquer lugar
Meu amor me libertou
Felicidade maior não há
Eu não sei aonde vou
Mas vou devagar
Lembrar-me de você eu quero
Se precisar é só chamar
Não sei se é amor
Mas que dure para sempre
Lembrar-me de você eu vou
É o que me faz contente
Você me libertou
Eu agora posso ir
Não sei aonde vou
Mas meu caminho vai surgir
Eu não quero nada
Não pedi nada
Tenho meus amigos
E apenas isso me basta
Mas se tenho algo a ganhar
Então eu digo
Sim, obrigada
Se quiser me acompanhar
Terei prazer em dizer sim
Não preciso de mais nada
Minha vida é você.
Rita de Cássia S. da Silva
3° Ano - Tereza D'Ávila
DIAS ATRÁS
Alguns dias atrás
Eu nasci,
Dei os primeiros passos,
Falei minha primeira palavra.
Alguns dias atrás
Fui ao meu primeiro dia de aula,
Aprendi a somar e subtrair,
Conheci meus primeiros amigos.
Alguns dias atrás
Cheguei ao Ensino Fundamental
Fui ao Ensino Médio.
E hoje, aqui estou,
Guardando a infância,
No bolso mais próximo,
Para nunca esquecê-la.
Caio Arthur
2° Ano - Ney Lobo
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 45
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................................... 5
AGRADECIMENTO ................................................................................................................................................................ 6
BIOGRAFIA JOÃO CABRAL DE MELO NETO .................................................................................................................. 8
POEMAS................................................................................................................................................................................. 12
ANÁLISE DA OBRA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO ............................................................................................ 16
PRODUÇÃO DE TEXTOS POÉTICOS – ENSINO FUNDAMENTAL 2 ........................................................................... 18
PRODUÇÃO DE TEXTOS POÉTICOS – ENSINO MÉDIO ............................................................................................... 28
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................... 45
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 46
Referências http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/melhores-poemas-joao-cabral-melo-
neto-analise-obra-joao-cabral-melo-neto-703765.shtml - pesquisado em 23/10/2012 às 10h
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2080760 - pesquisado em 23/10/2012 às
11h
http://www.revistabula.com/posts/listas/os-10-melhores-poemas-de-joao-cabral-de-melo-
neto - pesquisado em 23/10/2012 às 12h
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 47
Uma Faca só Lâmina
Assim como uma bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;
assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo de um homem
pesando-o mais de um lado;
qual bala que tivesse um
vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo
igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;
assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;
qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto
de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.
Alguns Toureiros
Eu vi Manolo Gonzáles
e Pepe Luís, de Sevilha:
precisão doce de flor,
graciosa, porém precisa.
Vi também Julio Aparício,
de Madrid, como Parrita:
ciência fácil de flor,
espontânea, porém estrita.
Vi Miguel Báez, Litri,
dos confins da Andaluzia,
que cultiva uma outra flor:
angustiosa de explosiva.
E também Antonio Ordóñez,
que cultiva flor antiga:
perfume de renda velha,
de flor em livro dormida.
Mas eu vi Manuel Rodríguez,
Manolete, o mais deserto,
o toureiro mais agudo,
mais mineral e desperto,
o de nervos de madeira,
de punhos secos de fibra
o da figura de lenha
lenha seca de caatinga,
o que melhor calculava
o fluido aceiro da vida,
o que com mais precisão
roçava a morte em sua fímbria,
o que à tragédia deu número,
à vertigem, geometria
decimais à emoção
e ao susto, peso e medida,
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 48
1.
Ao redor da vida do homem há certas caixas de vidro, dentro das quais, como em jaula, se ouve palpitar um bicho. Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas ao menos, pelo tamanho e quadradiço de forma. Uma vezes, tais gaiolas vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas, vão num bolso, num dos pulsos. Mas onde esteja: a gaiola será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação, a saltação que ela guarda;
e de pássaro cantor, não pássaro de plumagem: pois delas se emite um canto de uma tal continuidade que continua cantando
se deixa de ouvi-lo a gente: como a gente às vezes canta para sentir-se existente. 2.
O que eles cantam, se pássaros,
é diferente de todos: cantam numa linha baixa, com voz de pássaro rouco; desconhecem as variantes
e o estilo numeroso dos pássaros que sabemos, estejam presos ou soltos; têm sempre o mesmo compasso horizontal e monótono, e nunca, em nenhum momento,
variam de repertório: dir-se-ia que não importa a nenhum ser escutado. Assim, que não são artistas
nem artesãos, mas operários
para quem tudo o que cantam é simplesmente trabalho, trabalho rotina, em série, impessoal, não assinado, de operário que executa
seu martelo regular proibido (ou sem querer) do mínimo variar.
3.
A mão daquele martelo
nunca muda de compasso.
Mas tão igual sem fadiga,
mal deve ser de operário;
ela é por demais precisa
para não ser mão de máquina,
a máquina independente
de operação operária.
De máquina, mas movida
por uma força qualquer
que a move passando nela,
regular, sem decrescer:
quem sabe se algum monjolo
ou antiga roda de água
que vai rodando, passiva,
graçar a um fluido que a passa;
que fluido é ninguém vê:
da água não mostra os senões:
além de igual, é contínuo,
sem marés, sem estações.
E porque tampouco cabe,
por isso, pensar que é o vento,
há de ser um outro fluido
que a move: quem sabe, o tempo.
4.
Quando por algum motivo
a roda de água se rompe,
outra máquina se escuta:
agora, de dentro do homem;
outra máquina de dentro,
imediata, a reveza,
soando nas veias, no fundo
de poça no corpo, imersa.
Então se sente que o som
da máquina, ora interior,
nada possui de passivo,
de roda de água: é motor;
se descobre nele o afogo
de quem, ao fazer, se esforça,
e que ele, dentro, afinal,
revela vontade própria,
incapaz, agora, dentro,
de ainda disfarçar que nasce
daquela bomba motor
(coração, noutra linguagem)
que, sem nenhum coração,
vive a esgotar, gôta a gôta,
o que o homem, de reserva,
possa ter na íntima poça.
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IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 49
Anotações