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Poesia: uma janela para ver o mundo
Lara, Jaqueline Raquel de1
Parahyba, Martha Ribeiro2
Resumo
Este trabalho foi realizado com alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Euclides da Cunha, para atender à recorrente dificuldade entre estes alunos de se aproximarem da poesia. Por esta razão, este artigo focaliza o gênero poético e busca desenvolver práticas teórico-metodológicas para o ensino da poesia em sala de aula, e, em consequência despertar o gosto de estudantes e a comunidade, de modo geral, pelo gênero. O trabalho vem ao encontro das necessidades dos educandos e educadores ao pôr em prática as dinâmicas elaboradas no projeto alicerçado nos três eixos de trabalho: leitura, poesia e ludicidade. Isto muito contribui na aprendizagem, de forma que os alunos possam desenvolver potencial crítico e ampliar habilidades necessárias para ler e identificar os recursos estilísticos do poema. A leitura de poemas de autores renomados brasileiros deve ser objeto de estudo e apreciação na sala de aula, dando aos alunos o incentivo ao encantamento que a poesia proporciona. Enfim, mostrar que a poesia traduz em palavras a maneira como o poeta vê o mundo, havendo espaço para a criação poética, bem como identificar as características peculiares do gênero poético. Dessa forma, espera-se que o presente artigo enseje leituras, reflexões e oriente análises dos textos poéticos e produções literárias, e assim contribuir para a melhoria da qualidade de Ensino Brasileiro.
Palavra-chave: Poesia, poema, literatura.
Abstract: Abstract: This study was conducted with students from the seventh year of elementary school, from Colégio Estadual Euclides da Cunha, to meet the recurring difficulty between these students to approach the Poetry. For this reason, this article focuses on the poetic genre and seeks to develop theoretical and methodological practices for the teaching of poetry in the classroom and, thus, awaken the taste of students and the community in general, by the genre. The work meets the needs of learners and educators to implement the dynamics developed in the project
1 Professora PDE do Colégio Estadual Euclides da Cunha, Matelândia, PR, 7ºano, 2012.
2 Professora Dra. da Unioeste, campus Foz do Iguaçu, curso de Letras.
grounded in the three areas of work: reading, poetry and playfulness. This greatly helps in learning, in a way that students can develop critical potential and expand skills to read and identify the stylistic features of the poem. The reading of poems by renowned Brazilian authors must be the object of study and assessment in the classroom, giving students the incentive to the enchantment that poetry offers. Finally, to show that poetry translates into words the way the poet sees the world, with room for poetic creation, and to identify the peculiar characteristics of the poetic genre. Therefore, it is hoped that this article gives rise readings, reflections and direct analysis of poetic texts and literary productions, and thus contribute to improving the quality of Brazilian education. Keywords: Poetry, Poem, Literature.
1 Introdução
O Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná (PDE) vem através
deste programa, trazer subsídios teórico-metodológicos aos professores da Escola
Pública do Paraná. Dessa forma, os professores tiveram a oportunidade de
pesquisar sobre assuntos peculiares e pertinentes à sala de aula.
Este artigo aborda questões que irão investigar como os alunos se
relacionam com a poesia. A linguagem poética permeia este trabalho; o seu estudo
irá buscar a literatura infanto-juvenil na perspectiva de compreender as vozes
presentes no discurso poético. Sendo assim, este artigo contém os resultados
obtidos na intervenção pedagógica, o qual possibilitou o estudo mais aprofundado
sobre as características do poema, oportunizando os alunos a terem acesso a
diferentes temas e autores renomados e, sobretudo, aproximá-los do gênero
poético. Após a leitura e análise de textos poéticos, identificando os recursos
estilísticos do poema, os alunos escrevem dando continuidade aos poemas lidos.
Foi na antiguidade que ocorreu a primeira classificação dos textos literários.
Desde essa época, os gêneros literários são divididos em três grupos: narrativo ou
épico, lírico e dramático. Eles foram divididos pelos filósofos da Grécia antiga:
Platão e Aristóteles. Além dessas classificações, há outras menores denominadas
subgêneros.
O gênero lírico pode ser expresso pela poesia, na maioria das vezes, em
versos. É de suma importância ressaltar que nem toda poesia é pertencente ao
gênero lírico. No entanto, os outros gêneros (narrativo e dramático) podem ser
escritos também nessa forma, porém hoje usa-se a prosa. Tanto um gênero como
outro podem ser ficcional ou não. Os ficcionais criam coisas referentes ao mundo e
o não-ficcionais retratam a realidade. “Mas para o poeta e crítico moderno a poesia
lírica vai-se concretizar, de fato, no modo como a linguagem do poema organiza os
elementos sonoros, rítmicos e imagéticos” (ALMEIDA, 1985, p.7).
É importante não confundir o eu lírico com o eu autobiográfico, pois o
literário retrata a ficção, enquanto que o autobiográfico retrata o real. No tema
lírico, percebe-se a afetividade ligada à emoção, fazem-se relações entre o sujeito
e o objeto, ou seja, entre o eu e o mundo. A linguagem lírica implica a emoção, os
sentimentos profundos e pensamentos, e também a opinião do poeta, isso se
chama visão de mundo do poeta, pessoal e particular, determinada “subjetividade”.
Neste gênero, usa-se a função emotiva, poética e metalinguística.
O gênero lírico baseia-se no mundo interior de quem cria o poema. O eu-
lírico também pode denominar sujeito lírico, voz poética ou voz lírica. É a poesia
que fala de emoções e sentimentos. Conforme Stalloni (2001):
Lembremos que originalmente, a poesia destinava a ser cantada com o acompanhamento musical da lira- de onde derivou a palavra lirismo (...) No sentido moderno do termo, o lirismo será definido como a expressão pessoal de uma emoção demonstrada Poe vias ritmadas e musicais (...) Mas convém acrescentar a essa particularidade uma outra: o lirismo é a emanação de um eu- que o romantismo gostava de confundir com a pessoa do poeta, mas que pode se apagar por detrás de uma de suas personagens. (STALLONI, 2001, pg. 151).
Não são apenas os acontecimentos interiores que estimulam o poeta a
escrever, mas também os acontecimentos do cotidiano, do mundo exterior. Na
manifestação do eu-lírico, o poeta expressa suas emoções; os pronomes e verbos
são escritos na primeira pessoa do singular.
Na poesia contemporânea há muitos poemas que fazem críticas à realidade
social. Uma das funções do texto poético é registrar a experiência histórica que a
humanidade vive em uma determinada época. Os poetas ao fazerem registros
sobre momentos históricos fazem ligações entre tempos. Quando o poeta escreve
sobre seu tempo, suas experiências, ele fala de forma muito diferente dos outros
gêneros textuais. Assim sendo, o escritor se utiliza da memória da linguagem de
um passado que ainda se faz presente. Paixão (1984) confirma:
O tempo histórico-social que se faz presente no contexto ideológico em que o poema foi concebido, ou seja, o tempo histórico que produziu os valores dominantes da sociedade com os quais o poeta e o poema se relacionam, por aproximação ou por recusa (PAIXÃO, 1984, p.69).
No poema, a palavra tem relevante importância, por isso, possivelmente
pode-se aproveitar toda a riqueza fonética, morfológica e sintática da língua. E as
palavras vão construindo diferentes sensações no íntimo do leitor. Em virtude
dessa força de expressão, a modalidade lírica é mais breve e emprega o ritmo e a
musicalidade da linguagem.
O termo lírico é uma modalidade poética que se originou do latim (luricu);
quer dizer “lira”, um instrumento musical grego. Na Idade Média, grande parte do
que hoje é chamada composição lírica era musicalizada; os poemas eram
cantados ao som da lírica, na antiga Grécia. Pode-se dizer que a poesia nasceu
ligada à música. Fica evidente que o poema estava atrelado à música.
De acordo com Coutinho (1968):
Como tanta coisa mais, recebemos dos gregos através do latim, a palavra poética. No sentido comum, predominante entre os modernos, a poética é a arte de compor obras poéticas, ou mais especificadamente, a obra ou tratado que reúne os princípios e regras da poesia quanto à forma e à essência. (COUTINHO, 1968, p.24).
A rima e as aliterações, por exemplo, eram recursos utilizados para acentuar
as emoções e os sentimentos expressos nos textos; sendo que os poetas delas se
utilizavam para manter o ritmo musical. Logo, o poema foi dividido em métricas.
Um estilo do poema, com referência à forma, que ainda permanece atualmente é o
soneto. É uma poesia com ritmo, estritamente rimado, composta por 24 versos
(dois quartetos e dois tercetos) com métrica de versos decassílabos (dez sílabas) e
versos alexandrinos (doze sílabas).
Ao longo do tempo, a temática lírica sofreu modificações. Ela passou a
englobar novas questões sociais e de fundo filosófico. Houve um momento em que
a música e o poema se separaram, porém, o ritmo foi conservado por meio da
metrificação dos versos, estabelecidos pela quantidade de sílabas poéticas.
Mesmo separando-se da música, o poema mantém as características da música no
texto poético, como: figuras de linguagem, a métrica, as rimas, a repetição, entre
outros.
Depois do século XV, a música desagregou-se da poesia, permanecendo,
no entanto, os seus aspectos fundamentais: o ritmo, o timbre, a sonoridade e a
musicalidade. A partir do século XX, o ritmo começou a ser mais solto e mais livre,
rompe com as normas tradicionais e os versos relacionam-se com a maneira de
olhar e viver o mundo. Podem aparecer versos brancos (não apresentam rimas).
Desse modo, o poeta fica livre para criar e expressar seus sentimentos e
pensamentos, utilizando o exercício da imaginação e a criatividade. Ele pode
romper com as normas gramaticais, introduzindo o inesperado, associando forma
abstrata ou concreta, podendo ser extravagantes. Muitas são as formas poéticas
encontradas no gênero lírico. Há as mais antigas e outras mais modernas; algumas
podem apresentar um determinado número de versos e ritmos; outras, são
chamadas formas fixas.
2- Fundamentação teórica
Antigamente não havia separação entre a infância e a fase adulta; a criança
e o adolescente não eram vistos como são de fato, mas sim, como um adulto em
miniatura. Para Coelho (1991):
A criança é vista como um “adulto em miniatura”, cujo período de imaturidade (a infância) deve ser encurtado o mais rapidamente possível. Daí a educação rigidamente disciplinadora e punitiva; e a literatura exemplar que procurava levar o pequeno leitor a assumir, precocemente, atitudes consideradas “adultas” (COELHO, 1991, P. 21).
O lúdico na infância não existia. E o adolescente passava pela etapa da
adolescência sem ser notado; o importante era que ele passasse desta fase e se
tornasse apenas um ser produtivo que contribuiria para o trabalho na sociedade. A
literatura era a mesma tanto para as crianças, como para os adolescentes. Não se
observava a etapa peculiar de cada fase. Atualmente, estudiosos da área de
literatura infanto-juvenil têm uma nova concepção de infância e de seu universo,
como um conceito que foi construído com o universo social. No entanto, esta
concepção foi aprimorada. Estas mudanças fazem com que muitas editoras
disponham no mercado uma boa quantidade dessa literatura. De acordo com
Coelho (1991):
O curioso, porém, é que tais “vozes críticas” que se fazem ouvir em Congressos, Mesas-redondas, Encontros de Professores ou de Escritores, Seminários ou em artigos em revistas especializadas, raramente são d área de Letras, vêm de vários ramos das Ciências Humanas (Sociologia, Psicologia, Antropologia, Comunicação, Política, Educação). Apenas essa circunstância já prova amplamente que a Literatura Infantil e Juvenil não é, nem pode ser, mero entretenimento. (COELHO, 1991, p.55).
Este texto aborda questões sobre a literatura infantil e juvenil, que apareceu
no fim do século XVII e início do século XVIII, momento histórico, político e social,
onde aconteceram transformações na sociedade. Dessa maneira, o presente artigo
tem como respaldo os autores: José Paulo Paes, Cecília Meireles, Roseana
Murray, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Maria Dinorah, Leo
Cunha, Chico Buarque e Francis Hime, e outros.
Zilberman e Lajolo (1961), salientam o fato de que houve transformações e
renovação na literatura brasileira, entre elas, a inclusão da linguagem coloquial e
da oralidade à língua literária, aproximando o estudante ao texto artístico. As
autoras afirmam que algumas obras infantis e juvenis se utilizam de uma
linguagem inovadora e poética que trata dos problemas do homem
contemporâneo.
A criança quando entra em contato com o texto poético vivencia um outro
ambiente que difere de seu cotidiano. Entretanto, os recursos poéticos servem de
garantia para que os alunos compreendam os efeitos dos recursos na poesia e por
consequência conseguem prender-se ao objeto (poesia). Essa é a magia que o
texto poético proporciona, fazendo com que a criança use do seu imaginário para
viajar na leitura. A literatura infanto-juvenil ainda é um universo a ser explorado no
universo escolar brasileiro. De acordo com Pondé (1983):
Acreditamos que a poesia é, por excelência, um dos meios de se criar novas linguagens e de se respeitar o mundo da criança, que tem uma lógica particular e característica. A criança possui um modo de perceber o mundo diferente do adulto. Sua apreensão é emocional e globalizante; por isso, a poesia, com sua linguagem altamente condensada e emotiva, sensibiliza-a de maneira extremamente intensa (PONDÉ, 1983, P. 96).
Fazendo uma reflexão sobre este assunto, entende-se que o público infanto-
juvenil tem um interesse diferente do público adulto. O texto necessita despertar a
curiosidade e a sensibilidade para prender o leitor e cativá-lo para este tipo de
leitura. Os adolescentes de hoje precisam de estímulos, pois através da tecnologia,
muitos são as informações que recebem por meio da internet, visualizam diferentes
imagens que fazem parte da sua realidade. O mundo moderno é contrário ao
mundo da poesia que é tão sensível, diferente do mundo veloz em que vivemos.
Para se ler poesia precisa-se estar concentrado, em silêncio e tranquilidade para
haver a compreensão da mesma e para sentir o sabor que ela proporciona. Como
conseguir realizar isso num mundo tão agitado que é a vida moderna? Como
competir com um mundo que é totalmente visual? Confirma Paixão (1984):
E nem poderia ser diferente. Já que vivemos numa sociedade em que predominam os valores capitalistas de lucro e competição, já que estamos metidos numa realidade sem unidade, fragmentária e alienadora, a subjetividade é o que resta ao poeta para fazer da sua poesia um acorde humano, humanizador frente às coisas (PAIXÃO, 1984, P. 70).
Como você pode perceber, o tempo poético surge dentro de um contexto
bastante complexo. Há muitos livros de obras poéticas que são ricamente
ilustrados; as imagens dão beleza e riqueza, completam a obra. Sabe-se que
muitos autores modernos procuraram para enriquecer a linguagem poética usando
alguns artifícios para ultrapassar barreiras.
Há que se pensar que função utilitarista a poesia ocupa no ambiente
escolar. A leitura de poemas de diferentes autores e estilos pode-se começar tanto
por professores como pelos alunos. Trabalhar com a oralidade desperta no aluno o
interesse pela poesia.“(...) a gente iria mudando o jeito de poetar, de falar dos
sonhos, iria mostrando que as maneiras são muitas, quase infindas quando a
poesia... vai-se fazendo” (PAULINO, 1999, p.54).
Os poemas podem proporcionar prazer, devem ser trabalhados de forma
descontraída, para que a aula não seja trabalhada de forma mecânica, mas sim, de
forma lúdica, criativa, observando o encantamento que o poema proporciona. É o
que afirma Eliot (1991): “Todos compreendemos, creio eu, tanto a espécie de
prazer que a poesia pode proporcionar, quanto a diferença que, para além do
prazer, ela pode oferecer às nossas vidas”.
Desta forma, pode-se criar vínculos com a poesia e o mundo real. O
professor será o mediador desse ensino-aprendizagem. No ensino fundamental é
do professor a responsabilidade de escolha de livros relacionados à literatura
infanto-juvenil. Mas como escolher para este público tão exigente? E tantos são os
problemas político-sociais que afetam a escolha dos livros. Apesar de as
dificuldades que ocorrem no trabalho pedagógico, o educador deve trabalhar de
forma que aconteça maior compreensão da linguagem poética, ampliando seu
repertório por meio de estratégias que sejam prazerosas para o aluno.
Características do poema
Pedro Lyra (1986), conceitua poema como a obra que é composta de versos
e estrofes; existem diferenças entre poema e poesia. De acordo com alguns
autores, poema é uma obra apresentada em versos com características poéticas.
Poesia é arte de escrever em verso; a poesia é a linguagem que explora a emoção
e o sentimento.
Na Grécia antiga, o poema foi a forma predominante de literatura, através
dos três gêneros que podem ser descritos em: lírico, dramático e épico, os quais
eram escritos em forma de poesia. São definidos assim por apresentarem uma
característica própria. A poesia tinha os versos metrificados, faziam a contagem
silábica, olhando atentamente para os acentos, a rima e os ritmos. Na poesia
contemporânea os versos não seguem a nenhuma regra, são livres.
De acordo com Norma Goldstein (1991):
O discurso literário é um discurso específico, em que a seleção e a combinação das palavras se fazem não apenas pela significação, mas também por outros critérios, um dos quais, o sonoro. Como resultado, o texto literário adquire certo grau de tensão ou ambigüidade, produzindo mais de um sentido. Daí a plurissignificação do texto literário (GOLDSTEIN, 1991, pg. 5).
No texto poético não há receitas para analisar ou interpretar; o texto dá o
encaminhamento de quais são as linhas de seu trabalho. O leitor ao ler o texto,
deve estabelecer relações ao aspecto rítmico e aos demais recursos e aspectos
rítmicos do poema. Ele precisará entender como houve a escolha e a combinação
de certas palavras, visando o efeito poético. Não somente uma pessoa o
interpretará, pois o texto literário pode apresentar múltiplos sentidos, isto é, ele
consente muitas interpretações.
Norma Goldstein (1991), explica sobre a composição de o poema ser sob a
forma de versos. Um poema possui as seguintes classificações: O ritmo, a rima, a
estrofe, o verso, a musicalidade, a métrica, as figuras de linguagem, os efeitos
sonoros e outros. A autora explicita, principalmente, sobre o ritmo do poema, pois
nossa vida diária se desenvolve dentro de um ritmo. De certa forma, nossa
respiração e nosso coração são ritmados. No esporte, em função do ritmo que se
joga depende o resultado final. O ritmo está na poesia; pode ser observado pelo
leitor quando a lê ou quando a ouve. Mesmo quando se lê em silêncio, percebe o
lado sonoro e musical que o poema possui. O ritmo que se repete facilita a
memorização. A aliteração (repetição de letras e palavras) marcam o ritmo musical,
as quais dão sonoridade ao texto. Elas marcam e realçam o compasso da marcha.
O ritmo pode ocasionar efeitos sonoros ou jogo de repetições. Bordini (1991)
afirma que:
Uma das características da poeticidade, conforme insistem os teóricos desde Roman Jakobson, á a equivalência dos vários níveis do discurso articulado. Assim, o arranjo de elementos sonoros encontra ressonância no das figuras de linguagem e construções gramaticais, bem como na disposição do verso ou da estrofe (BORDINI, 1991, P.11).
No passado, a contagem silábica dos versos era muito valorizada. Hoje,
permite-se analisar o ritmo do verso livre, sem seguir a regra métrica.
É o que confirma Goldstein (1991):
Ao se ler um poema, o verso se destaca já a partir da disposição gráfica na página. Cada verso ocupa uma linha, marcada por um ritmo específico. Um conjunto de versos compõe a estrofe, dentro da qual pode surgir outro postulado métrico: a rima, ou seja, a semelhança sonora no final de diferentes versos (GOLDSTEIN 1991, p. 11).
A autora comenta sobre a utilização da métrica ou não na sociedade em que
a utilizava, dependendo do contexto em que ela se encontrava. A metrificação dava
ritmo aos versos do poema.
A cada período literário as formas métricas prosseguiam de maneira
diferente. Umas vezes misturavam tipos de metro; outras se utilizavam de
determinadas formas rítmicas. Para observar a métrica do poema é preciso separar
o verso em sílabas poéticas. Ao lê-lo, pode-se juntar ou separar sílabas, sempre
que houver encontro de vogais, de acordo com a melodia dos versos, deve-se
parar na última sílaba tônica. O que mais marcou na parte histórica da poesia foi o
verso da época modernista, onde o verso era livre, o qual não seguia nenhuma
regra rítmica. Por isso, pode-se dizer que cada época tem seu próprio ritmo. O
poema depois de concluído tem seu próprio ritmo. Quando o poeta vai compor o
poema, ele decide se usará as regras métricas; escolhe os recursos, podendo
deles se utilizar em seu texto, podendo dela se utilizar de forma secundária se
assim quiser. Pode-se entender que o ritmo do poema, tenha relação com a época
ou o momento histórico em que foi escrito. A partir do começo do novo século, o
ritmo dos poemas fica mais livre, solto, distanciando-se cada vez mais da métrica
tradicional; o metro varia entre os versos. Os poetas modernos escrevem em um
estilo desprovido de padrões. Eles têm a liberdade de escrever, utilizando modelos
fixos ou não. Segundo Bosi, (2000): “Historicamente, o uso poético do ritmo deu-se
de várias maneiras, mas podem-se destacar, pelo menos, três: o ritmo no poema
primitivo ou arcaico; o ritmo no poema clássico e, mais tarde, acadêmico; e o ritmo
no poema moderno”.
É importante observar que não há ritmo melhor ou pior, somente diferente,
não é preciso analisar, porém relacioná-lo aos outros aspectos do texto. No
entanto, necessita-se fazer relações da obra ao contexto histórico-social-cultural
em que ela for escrita. A maneira da composição dos versos mostra uma maneira
de viver, uma visão de mundo, constitui-se de valores da época colocados em
versos, é o modo de ser, de agir de um povo.
Atualmente, há mais liberdade de padrões na vida das pessoas, juntamente
com essa modernidade o ritmo dos poemas também se tornou mais livre, menos
simétrico.
Goldstein (1991), descreve os diferentes tipos de versos e também a uma
classificação desses versos. E a seguir, há uma classificação desses versos.
Versos regulares são os versos que obedecem às regras métricas clássicas,
determinando em que posição a sílaba acentuada se encontra. Há rimas que
marcam a semelhança fônica no final dos versos. Versos brancos são os versos
que obedecem às regras métricas de acentuação, porém não apresentam rimas.
Versos livres não obedecem a nenhuma regra quanto ao metro, nem há presença
de rimas. Esse tipo de verso está sendo bastante utilizado no nosso século. Num
poema em que os versos são livres, o ritmo é solto, cada verso pode ter diferente.
Assimetria é o verso de uma só sílaba. Se o verso for só de uma sílaba poética, ela
é acentuada.
Estrofes é um agrupamento de versos de um poema. A estrofe é separada
por uma linha em branco. As estrofes podem ser de tamanhos diferentes, como: de
um verso, de dois, três, ou mais. Dependendo do número de versos que a estrofe
possui, ela recebe um nome diferente. Poemas com dois versos recebe o nome de
dístico, com três versos, terceto, com quatro, quadra ou quarteto, cinco, quinteto ou
quintilha, seis, sexteto ou sextilha; sétima ou septilha, oito, oitava, nove versos
novena ou nona e dez, décima. Um exemplo de poema de forma fixa é o soneto.
Ele é composto de dois quartetos e dois tercetos. Ele é uma modalidade do texto
lírico. Há ainda o ode, uma música; o hino, um texto religioso e o haicai, que é
forma de poesia japonesa.
Muitas vezes, um determinado grupo de versos se repete no decorrer do
poema. É chamado de refrão. Ele auxilia a memorização dos versos. Há também a
quadrinha é o poema de quatro versos; é uma forma tradicional de se escrever;
geralmente relacionado ao saber popular. Podem rimar apenas os versos pares.
Fazendo parte da classificação entram as rimas, cujo nome se dá à repetição de
sons semelhantes no meio ou no final dos versos, em posições variadas. Podem
ser internas e externas. Externas são os sons semelhantes que ocorrem o final de
diferentes versos, podendo haver rima no final de uma palavra de um verso.
Quando há rima no meio do verso posterior, chamamos de interna. A rima pode ser
chamada, ainda, de consoante e toante, ou seja, aquela que possui semelhança de
vogais e consoantes.
Pode-se observar que as vogais e as consoantes se assemelham. A rima
toante apresenta semelhança na vogal tônica, sem combinação entre elas. Há
também as rimas cruzadas, emparelhadas, interpoladas e misturadas. As rimas
podem ser cruzadas (ou alternadas). Por exemplo: rima-se o primeiro verso com o
terceiro, o segundo verso com o quarto, obedecem ao esquema ABAB. No caso,
das emparelhadas o primeiro verso rima com o segundo e o terceiro com o quarto,
tipo AABB. As rimas tipo A são chamadas interpoladas; são aquelas em que o
primeiro verso rima com o quarto e o segundo com o terceiro, tipo ABBA. Se o
verso não tiver rima fica sendo chamada de rima perdida ou rima órfã. São
chamadas rimas agudas, graves ou esdrúxulas aquelas em que a posição do
acento tônico coincide com a palavra final do verso; rimas agudas são formadas
por palavras oxítonas; rimas graves são formadas por palavras paroxítonas; rimas
esdrúxulas são formadas por palavras proparoxítonas. Nessa formação há a rima
rica e pobre. A rima pobre acontece entre palavras referentes à classe gramatical
(dois substantivos, dois adjetivos etc). A rima rica acontece entre termos referentes
a diferentes classes gramaticais.
Também fazem parte das características do poema os efeitos sonoros,
como é o caso da aliteração (repetição da mesma consoante no decorrer do
poema). Observe no poema de Manuel Bandeira3, aparecem várias aliterações.
A onda
3 BANDEIRA, Manoel. Antologia Poética. 12 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
A onda anda
Aonde anda
A onda? (...)
A aliteração e a assonância são muito usadas nos poemas. Essas figuras
sonoras de repetição dão um efeito de musicalidade e significação ao poema. A
assonância é outro recurso do poema. É a repetição da mesma vogal dentro de um
ou mais versos no poema. Observe no poema “Jogo de bola”, de Cecília Meireles4,
onde aparece o uso da assonância.
A bela bola rola: a bela bola do Raul. (...)
A repetição de palavras é um recurso usado frequentemente; pode ser
usada no início, meio e no final do poema. Chamada de anáfora. É muito comum
nas trovas populares, nos poemas e na literatura de cordéis. Observe estes versos
de Manuel Bandeira5:
“Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia.(...)
A figura de linguagem comparação atribui características a outro ser, pelo
fato de haver semelhança entre eles. Apresenta-se ligada pelas palavras como,
tal,que, nem, etc. Alguns autores ainda se utilizam de outras figuras de linguagem.
Os poemas podem ser de formas livres ou fixas. Alguns versos possuem um
padrão fixo. O soneto é uma das formas fixas mais conhecidas. Ele é formado por
4 MEIRELES, Cecília. Meus primeiros versos. Pg.13. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
5 BANDEIRA, Manoel. A estrela, in: Estrela da vida inteira: poesias reunidas. 3ª ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1973. P.164.
dois quartetos e dois tercetos. Há também a quadrinha, é uma forma tradicional e
popular de se escrever. Pode-se observar que há três níveis do poema: o lexical, o
sintático e o semântico. O nível lexical é para analisar o léxico do texto, observando
o vocabulário se é culto ou coloquial. Nos poemas modernos usa-se mais a
linguagem coloquial, mas há também os poemas modernos que se utilizam da
norma culta. O nível sintático pode-se ler a organização sintática do texto iniciando
pela pontuação. Por algumas vezes, certos termos são omitidos, pode-se identificar
quais são reticências, interrogações podem auxiliar a interpretar o poema. Também
o nível semântico sempre esteve presente no poema; nível de interpretação do
texto e integração dos significados. O encadeamento é a construção sintática que
completa um verso ao outro, para dar sentido ao texto. É sabido que muitos
autores se utilizam de outras figuras de linguagem para compor seus poemas.
3 Metodologia
A implementação do projeto foi iniciada na segunda semana após as férias
de julho, no dia 11 de agosto de 2011, na Escola Estadual Euclides da Cunha. A
princípio, o projeto foi apresentado a todo corpo docente, funcionários a direção
escolar, na semana pedagógica da escola, no mês de julho de 2011. O trabalho foi
realizado com alunos do Ensino Fundamental, da turma do sétimo ano, do Colégio
Estadual Euclides da Cunha, período matutino. O projeto tratou especificamente do
aspecto rítmico do poema, ou seja, a construção métrica, acentuação dos versos,
rimas, tipo de estrofes e versos e repetições.
Na primeira etapa, foi averiguar o que estudantes já sabiam a respeito de
poema e poesia, perguntando a diferença entre um e outro. Como ponto partida, foi
feito um questionamento sobre o trabalho que seria desenvolvido, onde os alunos
estariam engajados nesse tema em estudo. Foram apresentadas aulas expositivas
sobre o assunto em questão. O professor elaborou questões pertinentes ao
assunto para que os alunos tivessem interesse pelo conteúdo. Os alunos puderam
interferir nestas questões acrescentando ou alterando perguntas. Este foi o fio que
conduziu todo o processo de ensino-aprendizagem.
Na segunda etapa, os educandos foram acomodados em roda, o professor
leu uma poesia para a turma. Depois, foi pedido a um aluno se conhecesse alguma
poesia de cor que a recitasse, expressando sentimentos como alegria, humor,
raiva, tristeza, etc.
Dentro dessas perspectivas, o educador trabalhou os conteúdos,
preparando suas aulas observando dentro dos poemas aspectos culturais, sociais,
filosóficos, éticos etc. Para complementar o trabalho, foi comentado um pouco
sobre os poetas clássicos e contemporâneos. O trabalho também deu
oportunidade de apresentação de pessoas que participam do (Centro de tradições
Gaúchas) CTG de Matelândia, para que recitassem a poesia gauchesca e
explicitassem sobre o que é poesia. Jakobson relata que dá valor a um poema é a
relação entre sons e sentidos (1973, p.5).
Após esse procedimento, foi colocado uma caixa de leitura de livros da
Literatura brasileira, onde houve um momento de leitura dos mesmos. Em seguida,
alguns alunos recitaram oralmente versos que lhe chamaram a atenção,
analisando a obra em todos os aspectos. Foi criado com a turma um mural de
poesias a partir de pesquisas anteriormente feitas.
A etapa seguinte, a turma foi dividida em grupos, sendo que os participantes
inseridos pesquisaram na biblioteca ou na Internet autores e as obras da literatura
brasileira. Os mesmos foram motivados a pesquisar. Para que o trabalho ocorresse
com sucesso foi preciso que todos os componentes do grupo estivessem
engajados nessa tarefa. Dado o exposto, houve em comum acordo, apresentação
dos trabalhos com explanação, com cartazes, enfim, da forma que lhe conviessem.
De modo que o estudante pudesse atribuir sentido ao que lê, dialogando com o
autor de acordo com suas vivências sociais-culturais-educacionais. Paul Valéry
relata que o poema é uma espécie de “máquina de reproduzir o estado poético
através das palavras” (1991, p.217). Observaram as figuras de linguagem contidas
nos poemas, bem como observaram outros aspectos gramaticais.
Neste projeto, buscou-se com o gênero poema a leitura e produção de
poemas para que os alunos aumentassem sua compreensão leitora. Foi de suma
importância que o estudante olhasse o poema de forma lúdica e emotiva, fazendo
leituras de textos poéticos reconhecendo os recursos estilísticos do poema, como
(repetições, sonoridade, musicalidade, estrofes, rimas, ritmo, versos, estrutura do
poema, uso de figuras de linguagem, etc.).
Na sequência das atividades do trabalho, demonstrar a diferença entre
poema e poesia. No poema “Quero ver-te, oh verde”, de Chico Buarque, os alunos
observaram a estrutura do texto, a diferença entre o gênero poema e outros. Houve
uma explanação sobre a diferença dos poemas antigos e contemporâneos. Os
alunos gostaram de trabalhar com rimas perfeitas e imperfeitas, ricas e pobres.
Fizeram acróstico com as palavras: natureza e animais. Nos dois poemas de
Roseana Murray “Memória e “Verdes e Vozes”, os alunos perceberam que ambos
retratavam sobre o mesmo assunto. Leram como jogral. Observaram as descrições
no poema “Memória”, exemplo, “aqui havia uma padaria, uma casa, uma
farmácia...” Foi comentado sobre o desperdício de recursos naturais e sobre o
consumismo exacerbado. No poema “Verdes e Vozes”, observaram as figuras de
linguagens: anáfora, personificação, metáfora e a organização dos poemas ser
composto por cinco quartetos.
No texto “Quando eles souberem”, de Maria Dinorah, fizeram a análise do
mesmo e compararam ao texto “Canção do menino”, da mesma autora, cantando
em ritmo rap os mesmos. Refletiram, discutiram e opinaram sobre a realidade que
os poemas retratam. Observaram o sentido metafórico existente. No primeiro
poema, foi enfatizado sobre a repetição que é muito usada no texto poético, dando
graça e ritmo ao poema.
No segundo poema, “Canção do menino”, observou-se como o eu-lírico
rompe com a realidade e extrapola o sentido do último verso do poema, quando diz
“é bom brincar de gente”. Para que seu sofrimento evole, o eu-lírico inventa uma
cama quente. Neste poema foi comentado e extrapolado sobre o sentimento que,
nós, seres humanos, deveríamos ter sobre nós. De acordo com João Barbosa, o
poeta moderno é, de modo peculiar, “aquele que faz da linguagem do poema a
linguagem da poesia” (Barbosa, 1986, p.98. grifos do autor).
Em seguida, foram lidos dois poemas: “A arara”, de José Paulo Paes, e
“Várzea”, de Henriqueta Lisboa. Os alunos gostaram de jogo de palavras do
primeiro aqui retratado, ilustrando-o. Observaram que o eu-lírico expressou no
poema, uma preocupação com a extinção da arara, e também o jogo de palavras
entre arara e arrara. Nesse texto foi trabalhado, como figura, de linguagem
“personificação”. Para Huizinga, a linguagem poética é um “jogar com as palavras”
(1990, p. 148-149).
No poema “Várzea”, de Henriqueta Lisboa, os alunos conheceram árvores
ditas no poema, antes desconhecidas por eles. Foi exposto diferentes poemas
concretos a fim de que os alunos visualizassem para melhor compreensão de
como são compostos para posteriormente produzir um.
Para finalizar a análise dos poemas, foram ainda lidos “A bagagem do
poeta”, de Roseana Murray e “A mão do poeta”, de Leo Cunha. Nestes poemas,
foram trabalhados a linguagem figurada, os diferentes significados que as palavras
têm. Após a apresentação e conversação sobre os assuntos abordados, os
próprios alunos escreveram a sua própria poesia, primeiramente em grupo e
depois individualmente, de modo que, antes da escritura fez-se necessário que o
professor desse informações sobre a estrutura do poema e as funções da
linguagem. Depois de produzidos, reescritos, os poemas puderam ser digitados e
ilustrados. No varal, os poemas foram expostos. Os mesmos transformaram-se em
um livro de poemas elaborados pelos próprios alunos. Alguns foram escolhidos e
enviados ao jornal local, da nossa cidade. Por fim, os educandos produziram o seu
próprio jornal.
Foi importante despertar, no aluno, o amor pela poesia, de modo que eles
elaboraram seus sentimentos, sua subjetividade. Bordini (1991, p.31) diz “o poema
exige do seu leitor um olhar mais atento à página, uma ativa mobilização do
conteúdo intelectual e afetivo preexistente ao contato um ajustamento contínuo de
emoções e desejos, juízos e avaliações, à medida que a leitura progride”.
O professor promoveu jogos de palavras, através de poesias antes
memorizadas, estabelecendo relações entre título e verso, título com autor, ou
título e poesia, ou ilustrações referentes ao título e aos poemas produzidos.
Dando sequência ao trabalho, buscou-se espaço para as trocas de
produções feitas pelos alunos, para exibição em sala de aula também em alta voz
para que todos ouvissem, com a efetiva participação de todos os estudantes. A
partir de leituras feitas em sala de aula, houve momentos de escrita do aluno, onde
houve a exploração das rimas, ou mesmo fazer trocas de substantivos, adjetivos,
perceber a mensagem nas entrelinhas, brincar com as palavras, utilizando-se de
múltiplas linguagens.
Após a leitura dos poemas escritos por eles, juntamente com o professor,
observaram de maneira crítica e construtiva refletindo sobre as melhorias que
poderiam ser feitas nos textos. Houve também a elaboração de acrósticos. E como
parte construtiva do trabalho, abriu-se espaço para a reconstrução do poema já
anteriormente escrito por eles próprios, buscando adequações e melhorias a fim de
que o poema obtivesse mais graça, encantamento, musicalidade. Cada aluno
comentou sobre suas dificuldades, relatando o que aprendeu e finalmente
mostrando seu texto pronto e acabado.
No final do trabalho, os alunos recitaram poesias criadas por eles,
explorando os recursos pertinentes da oralidade, bem como dar valor aos
sentimentos que o texto transmite, observando a entonação de voz, dicção,
fluência, ritmo, como forma de conduzir melhor o aperfeiçoamento da oralidade.
Com esta atividade o aluno aprendeu a expressar-se e a desinibir-se num grupo,
interagindo com o público ouvinte.
Após o diagnóstico, foi feita uma avaliação nestes termos:
Onde foram feitas as pesquisas?
Todos os componentes do grupo se envolveram nas pesquisas?
Apresentaram o material coletado com criatividade?
Conseguiram expressar o poema com expressividade?
O tempo foi suficiente para as pesquisas e apresentação?
Os grupos buscaram auxílio do professor ou de outro profissional, como
por exemplo, um poeta?
O que aprenderam com este trabalho?
Quais foram os erros e os acertos nessa tarefa?
Buscaram outras alternativas a fim de melhorar o trabalho ou somente
aquelas oferecidas pelo educador?
Quais foram as dificuldades enfrentadas?
Que momentos se sentiram mais sensibilizados?
Para se concluir o projeto houve um recital de poemas, onde os alunos
recitaram os poemas por eles escolhidos. O público que participou das recitações
foi a comunidade escolar. Cada um dos participantes memorizou uma poesia
escolhida por ele próprio. O poema foi levado para casa para que o memorizasse.
O participante pediu auxílio a um familiar para memorizá-lo. Feito isso, o professor
deu-lhes suporte no sentido de ajudar o aluno a declamar. Os alunos fizeram a
inscrição para o sarau com antecedência. Para a apresentação, fizeram cartazes
que continham as poesias, as quais foram declamadas. Por fim, foram feitos
comentários sobre as declamações para que os estudantes fizessem uma auto-
avaliação da apresentação quanto à fluência, ritmo, entonação de voz, postura e
dicção, buscando formas de aperfeiçoar a declamação.
3-Considerações finais
Este trabalho teve como proposta criar uma prática pedagógica para
incentivar alunos de sétimo ano a lerem e apreciarem textos poéticos. Foi utilizado
vários poemas, de diferentes autores, como recurso para uma melhor interferência
escolar. Foram lidos poemas desses poetas da literatura brasileira: Roseana
Murray, Maria Dinorah, José Paulo Paes, Henriqueta Lisboa, etc. Para isso,
utilizou-se um trimestre em sala de aula, onde os poemas foram analisados, lidos,
relidos, discutidos e interpretados em todo o seu contexto. As múltiplas leituras
realizadas ajudaram os alunos a construir um discurso subjetivo e opinativo,
baseado nos poemas que leram, produziram o seu próprio poema, tornando-se
também poetas. Assim, os estudantes ao apreciarem os poemas, entenderam
novos significados para suas vidas.
Ao término do projeto, em sala de aula, houve demonstração para toda a
escola, na semana cultural que ocorreu na primeira semana de novembro de 2011.
Foram expostos os seguintes trabalhos: livro, jornal poético, cartazes, varal de
poemas, tudo escrito pelos alunos do sétimo ano.
Há uma infindável quantidade de recursos que podem ser utilizados com o
poema em sala de aula. Estes, trabalhados aqui no projeto, serviram de exemplo
de como é possível fazer com que o aluno se sinta motivado ao ler o gênero, e
ainda ir além. Pelos resultados alcançados, pode-se dizer que a pesquisa foi
relevante, pois alcançou seu objetivo, que foi fazer com que os alunos se
aproximassem do texto poético.
A proposta aqui exposta pode ser ainda incrementada pelos professores de
Língua Portuguesa da escola pública do Paraná. Também se pode usar a mídia
para enriquecer as aulas para que a leitura de poemas aconteça cada vez mais em
todo processo de ensino, abarcando todo âmbito escolar.
A relação professor-aluno se transformou com o trabalho realizado em
equipe, com ajuda mútua, modificando o modo de pensar e agir e os resultados
servirão como diretriz para o ensino da língua, que é viva, estimulando um cidadão
capaz de ler o mundo, aumentando a confiança em suas potencialidades. Em
síntese, pode-se afirmar que esse projeto, de fato, trouxe significativos
conhecimentos no que se refere aos recursos do gênero poético.
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