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Uso de polifarmácia entre idosos e a contribuição da atenção farmacêutica Julho/2016
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016
Uso de polifarmácia entre idosos e a contribuição da atenção
farmacêutica
Michelle Silva Dantas – [email protected]
Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica
Instituto de Pós Graduação - IPOG
Salvador, BA, 10/09/2015
Resumo
No Brasil, diversos idosos apresentam doenças crônicas, o que poderá contribuir para o uso
da popilfarmácia, que sem atenção farmacêutica devida pode acarretar em implicações à
saúde dos mesmos. Neste sentido, as questões de investigação deste estudo foram: o que
abordam as produções científicas sobre as implicações da polifarmácia entre idosos e qual a
contribuição da atenção farmacêutica? Na tentativa de responde-las objetivo-se analisar o que
abordam as produções científicas sobre as implicações da polifarmácia entre idosos e a
contribuição da atenção farmacêutica. Trata-se de uma revisão de literatura, com coleta de
dados realizada nas bases de dados da Lilacs, SciELO e web of sience, entre o período de 2010
até agosto de 2015, a partir dos descritores: atenção farmacêutica, uso de medicamentos,
polimedicação e idoso. Os resultados indicam que entre as implicações do uso da polifarmácia
entre os idosos, estão: o aumento de eventos adversos, redução da adesão ao tratamento
farmacológico e aumento da morbimortalidade. Conclui-se que, apesar das produções
científicas abordarem que o uso da polifarmácia pela população idosa é elevada e que provoca
diversos impactos negativos, poucos foram os estudos que fizeram menção a importância da
atenção farmacêutica como estratégia capaz de ao menos reduzir estes impactos.
Palavras-chave: Atenção Farmacêutica. Uso de medicamentos. Polimedicação. Idoso.
1. Introdução
No Brasil, conforme o Programa de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento,
os idosos são todos os indivíduos que têm 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2010a).
Atualmente, 10,8% da população brasileira é composta por indivíduos idosos. Isto se deve o
progresso da elevação da expectativa de vida média ao nascer que, enquanto na década de 1960,
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era de 50 anos de idade, no ano de 2008 aumentou para 72,8 anos e, atualmente, a projeção é
de 81,3 anos no ano de 2050, nivelando-se a países desenvolvidos (IBGE, 2011).
O progresso supracitado, se deu por vários motivos, sendo o principal deles a redução
da mortalidade e fatores positivos como a expansão de políticas e ações públicas bem-
sucedidas, minimização da mortalidade infantil, desenvolvimento de novas tecnologias
diagnósticas e para o tratamento e outros componentes que contribuíram para o envelhecimento
das pessoas (BRASIL,2010b)
Entretanto, considera-se que o envelhecimento populacional ocasiona algumas
consequências negativas, que por vezes, afeta a população de maneira geral. Uma das principais
consequências é o aumento da prevalência de determinadas doenças crônicas, principalmente
as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que são responsáveis por mudanças
epidemiológicas e nos setores público e privado de saúde (BRASIL, 2011).
O uso de medicamentos tem sido uma das principais escolhas de tratamento para o
controle e prevenção das DCNT entre os idosos, em especial as mais prevalentes, como a
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Entretanto, cerca de 40% das admissões hospitalares de
pacientes idosos são relacionadas a implicações decorrentes do uso medicamentos, incluindo
efeitos tóxicos advindos do seu uso (MENESES; SÁ, 2010).
Neste sentido, conforme descreve Silveira (2014) estudos que tenham como temática o
uso de polifarmácia entre pessoas idosas e seus impactos são fundamentais, pois sinalizam
reflexões sobre a necessidade de reorientação da atenção farmacêutica e da adoção de
tratamentos não farmacológicos (quando possível) entre a população idosa.
Reforçando as indagações supracitadas, sabe-se que a atuação farmacêutica, na qual o
profissional farmacêutico desempenha papel ativo em benefício do paciente, pois auxiliando o
prescritor na seleção do medicamento, colabora de forma direta para que aconteça o tratamento
desejado. O uso de polifarmácia, mesmo que apropriado, exige o acompanhamento
farmacoterapêutico (BUENO et al, 2012).
De forma geral, ver-se com aumento no número de idosos, como visto no Brasil, eleva-
se também a proporção de indivíduos deste segmento com DCNT, o que requer na maioria das
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vezes de intervenções medicamentosas para minimizar dores e desconfortos musculares, á
exemplo. No entanto, a problemática identificada é que vários idosos fazem uso da polifarmácia
com ou sem as orientações necessárias, o que poderá prejudicar o resultado dos tratamentos e
acarretar danos a sua saúde. Logo, a relevância da atenção farmacêutica na tentativa de, ao
menos reduzir, as complicações decorrentes da polifarmácia entre estes indivíduos.
Sendo assim, este estudo torna-se relevante, devido a possibilidade de que, a partir dos
resultados alcançados, seja possível ampliar as reflexões sobre as implicações decorrentes do
uso da polifarmácia entre idosos e a importância da atenção farmacêutica para que este
problema possa ser ao menos reduzido, proporcionando assim, melhoria nas condições de saúde
deste segmento da população.
Para tanto, esta pesquisa tem como questões: o que abordam as produções científicas
sobre as implicações da polifarmácia entre idosos, relacionando-as com a contribuição da
atenção farmacêutica? Na tentativa de responder estas questões o objetivo deste estudo é
analisar o que abordam as produções científicas sobre a polifarmácia entre idosos,
relacionando-as com a contribuição da atenção farmacêutica.
2. Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão de literatura, com coleta de dados realizada por meio
das bases de dados da Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Web of sience, com a utilização dos
descritores: polimedicação, uso de medicamentos, atenção farmacêutica e idoso.
Utilizou-se como critérios de inclusão: artigos científicos que se encontravam
publicados em periódicos da área da saúde, nacionais completos publicados em português ou
inglês que pudessem ser pesquisados gratuitamente, com resumos disponíveis nas bases de
dados selecionadas e que no título fosse mencionado o uso de medicamento por individuos
idosos. Além destes critérios, foram pesquisados artigos atuais, publicados nos últimos cinco
anos, sendo assim, de 2010 a agosto de 2015.
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Primeiramente foi realizada uma pré-leitura de artigos para levantamento bibliográfico,
depois, aconteceu a seleção das referências para análise e sintetização das informações que mais
se enquadrava com o objetivo sugerido neste estudo. Foram encontrados 39 artigos para a
leitura inicial dos títulos, objetivos e resumos.
Logo após, foram excluídos oito que se repetiam em mais de uma base, totalizando,
assim, 26 artigos. Para o refinamento dos artigos a serem inclusos neste estudo, realizou-se a
leitura na íntegra de todos os artigos, adotando os critérios de inclusão estabelecidos, o que
resultou em 16 artigos que foram lidos exaustivamente e analisados de maneira criteriosa e
sistemática.
Para organizar os resultados encontrados por meio da revisão de literatura da produção
científica selecionada, primeiramente realizou-se a elaboração de uma figura sinóptica para
caracterizar as informações dos artigos. Para a discussão, foram construídas duas categorias,
sendo elas: Implicações da polifarmácia entre idosos em diferentes contextos e A importância
da atenção farmacêutica para idosos em uso de medicamentos, com ênfase no uso de
polifarmácia.
3. Resultados
Dentre os 16 artigos analisados, notou-se que estes estavam distribuídos
respectivamente nas bases de dados Scielo, 9 (56,25%), Web of sience, 4 (25,00%) e Lilacs, 3
(18,75%). Os anos de 2010 e 2012 tiveram a maior quantidade de publicações, 6 (37,50%), em
cada ano, já para os anos de 2011 e 2015 não foram encontrados publicações que se inserissem
nos critérios estabelecidos para este estudo.
A Figura 1 apresenta de forma sintetizada os artigos incluídos nesta revisão, organizados
em formato de quadro. Neste, são apresentadas várias características desses artigos, sendo elas:
nome dos autores, ano de publicação, título do artigo, base de dados, periódico, objetivos,
principais resultados e conclusão. Outros resultados encontrados nos artigos que foram
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analisados também se encontram na forma discursiva, em articulação com o objetivo proposto
deste estudo.
Autores
Ano
Títulos
Base de dados
Periódicos
Objetivo(os)
Principais resultados Conclusões
ARAÚJO, Cristina M.C.;
MAGALHÃES,
Sérgia M.S.; CHAIMOWICZ,
Flávio
2010
Uso de Medicamentos
Inadequados e
Polifarmácia entre Idosos do
Programa Saúde da
Família.
Lilacs
Lat. Am. J. Pharm
Descrever o perfil de utilização de
medicamentos e
estimar a prevalência e
fatores associados
à polifarmácia e ao uso de
medicamentos inadequados entre
idosos do
Programa Saúde da Família de um
Centro de Saúde de
Belo Horizonte.
Os fatores associados à polifarmácia foram: cinco ou
mais problemas de saúde, uso de
medicamentos inadequados e gasto com
medicamentos no último mês,
enquanto os associados ao uso de medicamentos inadequados
foram idade igual ou superior a 70 anos, baixa escolaridade e o
uso de cinco ou mais
medicamentos.
A implementação de medidas voltadas para a otimização do
tratamento farmacoterapêutico
é fundamental.
BUENO, Cristiane Schmalzet et al
2012
Perfil de uso de medicamentos por
idosos assistidos
pelo Programa de Atenção ao Idoso
(P.A.I.) da UNIJUÍ.
Scielo
Ver. 5L5s. geriatr.
gerontol
Identificar os medicamentos
utilizados pelos
idosos assistidos pelo Programa
de Atenção ao
Idoso (P.A.I.) e investigar o uso de
medicamentos
potencialmente inapropriados
nessa população.
A polifarmácia foi verificada em 15 idosos. Entre os 117
medicamentos em uso,
considerando-se repetições, 13 são inapropriados para idosos,
destacando-se diazepam e
fluoxetina, cada um utilizado por três idosos.
É imprescindível reduzir o uso de medicamentos inapropriados
para melhorar a
qualidade de vida dos idosos. É necessária a colaboração do
prescritor e do profissional
farmacêutico, que é responsável por avaliar a
prescrição, identificar riscos
relacionados à terapêutica e intervir através da comunicação
com o prescritor responsável,
fornecendo informações e sugestões que facilitem a
utilização de serviços de saúde.
CARVALHO, Maristela Ferreira
Catão 5L 5L
2012
Polifarmácia entre idosos do Município
de São Paulo –
Estudo 68 SABE.
Scielo
Rev Bras Epidemiol
Foi avaliado o uso de cinco ou mais
medicamentos
(polifarmácia) e seus fatores
associados por
idosos do
município de São
Paulo.
A prevalência de polifarmácia foi de 36%. Iidade igual ou
superior a 75 anos, maior renda,
estar trabalhando, auto avaliação de saúde regular ou ruim,
hipertensão, diabetes, doença
reumática e problemas cardíacos
apresentaram associação
positiva com polifarmácia. Usar
apenas o sistema público de saúde associou-se inversamente
à polifarmácia.
O conhecimento dos fatores associados a
polifarmácia, como os
identificados nesse estudo, pode ser útil para alertar os
profissionais da saúde quanto à
importância de identificar e
monitorar os grupos de idosos
mais vulneráveis a polifarmácia
DAL PIZZOL, Tatiane da Silva 5L
5L
2012
Uso de medicamentos entre
idosos residentes em
áreas urbanas e rurais de município
no Sul do Brasil: um
estudo de base populacional.
Web of sience
Cad. Saúde Pública
Verificar a prevalência de uso
de medicamentos
e de polifarmácia entre idosos de
Carlos
Barbosa, Rio Grande do Sul,
Brasil, e comparar
as características sociodemográficas
Dados sociodemográficos, doenças crônicas, qualidade de
vida e medicamentos
autorreferidos foram coletados em entrevistas presenciais.
Associação entre local de
moradia e uso de medicamentos ou
polifarmácia, ajustada para
potenciais confundidores, foi avaliada por regressão de
Poisson com ajuste robusto da
O papel dos hábitos de vida, crenças e valores dos idosos
moradores em diferentes
áreas na procura por serviços de saúde e utilização
de medicamentos precisa ser
investigado, bem como fatores relacionados ao sistema de
saúde e condições de acesso aos
serviços e aos medicamentos.
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e de saúde
associadas ao uso, segundo o
local de moradia.
variância. A prevalência de uso
de medicamentos e de polifarmácia foi maior entre os
idosos urbanos. Morar na área
urbana apresentou associação positiva e
independente com uso de
medicamentos e polifarmácia. Morar na área urbana está
associado à maior prevalência de
uso de medicamentos e de polifarmácia entre idosos.
GALATO, Dayani;
SILVA, Eduarda Souza da;
TIBURCIO, Letícia
de Souza.
2010
Estudo de utilização
de medicamentos em idosos residentes
em uma cidade do
sul de Santa Catarina (Brasil):
um olhar sobre a
polimedicação.
Scielo
Ciênc. Saúde
coletiva
Avaliar o uso de
medicamentos em idosos residentes
em uma cidade do
sul de Santa Catarina.
Observou-se que 51,9% dos
idosos foram classificados como polimedicação menor, e 28,8%
classificaram-se como
polimedicação maior. As classes de medicamentos que mais
contribuíram para a
polimedicação foram aquelas que atuam no sistema
cardiovascular, nervoso e trato
alimentar e metabolismo, sendo utilizadas principalmente para
hipertensão, problemas
cardíacos e circulatórios, diabetes, insônia e depressão.
Verificou-se que 16,5% dos
idosos apresentam risco de possuir problemas relacionados
com medicamentos.
Os resultados deste estudo
evidenciaram que ser do sexo feminino, possuir baixo grau de
escolaridade e o número alto de
procura por serviços de saúde no último ano são fatores de
significância quando se avalia a
polimedicação em idosos. Porém, observou-se que viver
sozinho ou possuir baixa renda
não são fatores significantes para este estudo.
Quanto às doenças que mais
contribuem para a polimedicação, pode-se
destacar hipertensão,
problemas cardiovasculares, problemas endócrinos e
relacionados ao sistema
nervoso central, sendo que as classes de medicamentos que
mais contribuíram foram os
anti-hipertensivos, antidiabéticos, psicotrópicos e
antitrombóticos.
GUIMARÃES, Viviane Gibara 6L
6L.
2012
Perfil Farmacoterapêutico
de um Grupo de
Idosos assistidos por um programa de
Atenção
Farmacêutica na Farmácia Popular do
Brasil no município
de Aracaju – SE.
Web of sience
Ver Ciênc Farm
Básica Apl,
Compreender o perfil de uso dos
medicamentos em
idosos assistidos por um programa
de Atenção
Farmacêutica na Farmácia Popular
do Brasil no
município de
Aracaju- SE.
O consumo total de medicamentos foi de 383 com
média de 5,63, a polifarmácia
esteve presente em 63,2% dos pacientes. Os medicamentos
mais consumidos pertenciam ao
grupo anatômico que age no sistema cardiovascular e no trato
alimentar . No estudo foram
observadas 152 interações em 53
pacientes (77,95%), 19 casos de
medicamentos inadequados
(4,9%), e 35 (9,5%) interações fármaco- alimento.
Esses resultados sugerem o aprimoramento das prescrições
e avaliação constante da
qualidade da farmacoterapia de modo a promover o uso
racional de medicamentos nesta
faixa etária.
LUCHETTI, Giancarlo 6L 6L.
2010
Fatores associados à polifarmácia em
idosos
institucionalizados.
Scielo
Ver Bras Geriatr
Gerontol,.
Avaliar os fatores associados ao uso
de psicofármacos
em pacientes idosos
institucionalizados.
Após a regressão logística, encontrou-se associação entre a
prescrição de neurolépticos e
demência, enquanto que o uso de antidepressivos esteve associado a
maior número de medicamentos e
presença de depressão. O uso de psicofármacos em geral esteve
fortemente associado com
depressão, presença de demência e presença
Há alto consumo de psicofármacos em ILPI. A
associação destes com
polifarmácia e depressão é signifi cativa, e os portadores de
demência foram os que mais fi
zeram uso dos neurolépticos. Fatores como idade e sexo,
normalmente relevantes em
pacientes ambulatoriais, não apresentaram associação em
institucionalizados.
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de doenças psiquiátricas. Não
houve associação com as variáveis sexo, funcionalidade e idade.
MEDEIROS, Eloá
Fátima Ferreira et al.
2011
Intervenção
interdisciplinar enquanto estratégia
para o uso racional
de medicamentos em idosos.
Scielo
Ciênc Saúde
Coletiva
Avaliou a
efetividade de intervenções
interdisciplinares,
envolvendo médicos,
farmacêuticos e
nutricionistas, destinadas à
promoção do Uso
Racional dos Medicamentos.
Após a intervenção, houve uma
redução média no consumo de medicamentos em relação às
consultas da pré-intervenção. Os
medicamentos utilizados na terapêutica cardiovascular foram
os mais consumidos, o que se
encontra em consonância com as doenças autoreferidas pelas
idosas
Foi possível verificar que a
intervenção interdisciplinar em idosas pôde contribuir para
melhoria dos indicadores de
Uso Racional dos Medicamentos, em especial os
de prescrição.
MENESES, André
Luis Lima de; SÁ,
Maria Lúcia Barreto
2010
Atenção
farmacêutica ao
idoso: fundamentos e propostas.
Scielo
Ver Geriatria Gerontol.
Apresentar
estratégias
facilitadoras para implantar o serviço
de AtenFar, em farmácia
comunitária, capaz
de realizar cuidados e ações
educativas, tanto
em nível individual quanto coletivo,
aos idosos usuários
de medicamentos.
É possível oferecer atendimento
diferenciado ao idoso com a
implantação da atenção farmacêutica e demais serviços
em farmácias comunitárias, tendo como adicional atividades
de promoção à saúde,
possibilitando a ele compreender a dinâmica do uso adequado de
medicamento, como também
promover a saúde dessa população usuária.
Estratégias para a implantação
do serviço de atenção
farmacêutica nas farmácias comunitárias são de suma
importância para suprir a carência de informação, no
tocante a medicamentos,
em especial, da população com faixa etária avançada.
MUNGER, M.A.
2010
Polypharmacy and Combination
Therapy in the
Management of Hypertension in
Elderly Patients
with Co-Morbid Diabetes Mellitus
Web of sience
Drugs Aging
Não evidente de forma clara no
artigo.
Os riscos de polifarmácia eo potencial para a terapia deve ser
considerado inadequado e
equilibrada contra os possíveis benefícios de vários tratamentos
medicamentosos. Uma melhor
abordagem para reduzir os riscos e maximizar os benefícios da
polifarmácia deve incluir
avaliações regulares de listas de medicamentos dos pacientes,
que podem ser alteradas para
incluir, se for caso disso, a terapia de combinação e a
utilização de combinações em pílula única.
Formulações de um único comprimido pode simplificar o
regime de medicação. A terapia
de combinação racional de medicamentos pode maximizar
o controle da pressão arterial,
juntamente com o controle glicêmico e ajudar a maximizar
os benefícios da polifarmácia
nos resultados em pacientes idosos com hipertensão e co-
mórbidas diabetes.
NEVES, Sabrina
Joany Felizardo.
2013
Epidemiologia do
uso de
medicamentos entre idosos em área
urbana do Nordeste
do Brasil.
Web of sience
Rev Saúde Pública
Analisar o uso de
medicamentos
entre idosos e os fatores
associados
A prevalência de uso de
medicamentos foi de 85,5%. A
polifarmácia ocorreu em 11% dos casos. Os medicamentos de
uso nos sistemas cardiovascular
(42,9%), nervoso central (20,2%), digestório e no
metabolismo orgânico (17,3%)
foram os mais utilizados. O uso de polifarmácia associou-se à
escolaridade, à saúde
autorreferida, à doença crônica autorreferida e ao número de
consultas médicas ao ano.
.
A proporção de uso de
medicamentos é elevada entre
idosos, inclusive daqueles considerados inadequados, e há
desigualdades entre grupos
de idosos quando se considera escolaridade, quantidade de
consultas médicas e saúde
autorreferida.
Perfil dos
medicamentos
prescritos para
Identificar os
medicamentos
utilizados pelos
Verificou-se polifarmácia em
47,20% dos idosos. Os
medicamentos mais prescritos
Verificaram-se polimedicação
e uso de medicamentos
potencialmente inapropriados
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RIBAS, Carlise
and OLIVEIRA, Karla Renata de.
2014
idosos em uma
Unidade Básica de Saúde do município
de Ijuí-RS.
Scielo
Rev. bras. geriatr.
gerontol
idosos atendidos
numa Unidade Básica de Saúde
do município de
Ijuí-RS e entre estes, os
medicamentos
potencialmente inapropriados para
esta faixa etária,
além de verificar as potenciais
interações
envolvendo esses
medicamentos.
atuam no sistema
cardiovascular, no aparelho digestivo e
metabolismo e no sangue e órgão
hematopoiéticos. Do total de especialidades farmacêuticas,
16,09% foram considerados
medicamentos potencialmente inapropriados, de acordo com os
critérios de Beers, que foram
prescritos a 21,68% idosos. Estão expostos a interações
medicamentosas 56,34% dos
idosos que receberam medicamentos potencialmente
inapropriados, dos quais
67,50% estão expostos a duas ou mais
interações.
entre os idosos em estudo, mas
estas podem estar sendo necessárias, pois foram
identificados medicamentos
indicados para as doenças crônicas prevalentes nessa faixa
etária. Diante disso, sugere-se o
uso dos critérios de Beers na avaliação da farmacoterapia em
idosos, destacando-se ainda a
necessidade de incorporar o uso de terapias não farmacológicas,
a fim de favorecer a redução no
consumo de medicamentos.
SECOLI, Silvia Regina.
2010
Polifarmácia: interações e reações
adversas no uso de
medicamentos por idosos.
Lilacs
Rev Bras Enferm
Refletir sobre a polifarmácia em
idosos com ênfase
nas reações adversas e nas
interações
medicamentosas.
A vulnerabilidade dos idosos aos problemas decorrentes do uso de
medicamentos é bastante alta, o
que se deve a complexidade dos problemas clínicos, à
necessidade de múltiplos
agentes terapêuticos e às alterações farmacocinéticas e
farmacodinâmicas inerentes ao
envelhecimento.
Racionalizar o uso de medicamentos e evitar os
agravos advindos da
polifarmácia serão, sem dúvida, um
dos grandes desafios da saúde
pública desse século.
SILVA, Anderson
Lourenço da et al.
2012a
Utilização de
medicamentos por idosos brasileiros,
de acordo com a
faixa etária: um inquérito postal.
Web of sience
Cad. Saúde Pública
Avaliar fatores
associados ao uso de medicamentos
por idosos.
Os medicamentos
mais utilizados pertenciam ao sistema cardiovascular. Idade de
70 ou mais anos, sexo feminino,
pior percepção de saúde, interrupção de atividades
habituais, mais de 6 consultas
médicas no último ano, filiação a plano de saúde e relato de 4 ou
mais doenças estavam
associados ao uso de medicamentos entre os
participantes.
A partir do conhecimento
dos fatores que se mostraram associados ao uso de
medicamentos, espera-se
contribuir para a elaboração de políticas públicas direcionadas
ao bem-estar desse subgrupo
populacional, que visem à adequação da assistência
farmacêutica às suas reais
necessidades, promovendo desta forma a racionalização do
uso de medicamentos e,
consequentemente, a otimização da terapêutica
medicamentosa.
SILVA, Gilmar de
Oliveira Barros et
al.
2012b
Uso de
medicamentos
contínuos e fatores
associados em idosos de Quixadá,
Ceará.
Scielo
Rev. bras. epidemiol
Analisar a
polifarmácia (uso
diário de dois ou
mais) de medicamentos
contínuos e seus
fatores associados em idosos.
Constatou-se uma prevalência
de
70,6% de polifarmácia em
idosos, sendo mais elevada no sexo feminino (66,4%). Os
fatores associados positivamente
ao uso de dois ou mais medicamentos contínuos foram:
renda familiar acima de um
salário mínimo; duas ou mais condições crônicas
autorreferidas e autopercepção
da qualidade de vida regular e ruim.
Uma prática de polifarmácia de
medicamentos contínuos em
idosos,remete a questões
relativas aos aspectos social, cultural, econômico e de saúde
SILVEIRA, Erika
Aparecida;
DALASTRA,
Polifarmácia,
doenças crônicas e
marcadores
Estimar a
prevalência de
polifarmácia e sua associação com
A prevalência de polifarmácia
foi de 28% (IC95% 23,1 - 32,5),
observando-se associação significativa com sexo feminino,
A elevada prevalência de
polifarmácia e sua associação
com marcadores nutricionais e doenças crônicas demonstra a
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Luana; PAGOTTO,
Valéria.
2014
nutricionais em
idosos.
Scielo
Rev. bras. epidemiol
marcadores
nutricionais, doenças crônicas,
variáveis
sociodemográficas e de saúde.
faixa etária 75 - 79 anos, estado
nutricional eutrófico e obeso, uso de dieta, percepção de saúde
péssima, presença de duas, três
ou mais doenças crônicas
necessidade de vigilância e
monitoramento nutricional em idosos.
Figura 1: Produções Científicas utilizadas no estudo, de acordo autor, ano, título, base de dados, periódico,
objetivo(os), Principais resultados e conclusões.
Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015).
4. Discussão
4.1. Implicações da polifarmácia entre idosos em diferentes contextos
O perfil dos idosos brasileiros aponta que esta população apresenta vários problemas de
saúde, em especial as DCNT, como as cardiovasculares, uma das mais prevalentes entre os
idosos, problema que na maioria das vezes os fazem necessitar de medicamentos de uso
contínuo (LUCHETTI, 2010). Então, as DCNT podem se transformar em problemas de longa
duração e requererem, para atendimento adequado, ampla quantidade de recursos materiais e
humanos. Isto porque, a elevada prevalência de DCNT faz muitos dos idosos serem
consumidores de medicamentos (GAUTÉRIO, 2012).
Conforme estudo sobre o Perfil dos medicamentos prescritos para idosos em uma
Unidade Básica de Saúde verificou-se que esses indivíduos receberam um elevado número de
medicamentos. Descarte, este acontecimento merece atenção, devido às alterações
características do envelhecimento e aos efeitos que poderão ser desencadeados. Além do que,
parcela desses idosos utiliza medicamentos potencialmente inapropriados, elevando assim o
risco de interações medicamentosas, podendo comprometer a segurança e a qualidade de vida
desta população. Por outro lado, a polifarmácia e o uso de medicamentos potencialmente
inapropiados podem estar sendo necessários, tendo em vista que foram identificados
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medicamentos indicados para as doenças crônicas prevalentes nesta faixa etária (RIBAS;
OLIVEIRA, 2014).
O uso concomitante de 5 ou mais medicamentos é denominado por Secoli (2010) de
polifarmácia. Entre as implicações decorrentes polifarmácia entre idosos no Brasil, encontra-se
a elevada prevalência que varia a depender da região do país e/ou do local onde ocorreu a
pesquisa, conforme foi visto em artigos que compuseram esta revisão de literatura, à exemplo:
estudos realizados no mesmo ano em zonas de cobertura dos Programas de Saúde da Família
(PSFs) que apresentaram prevalência semelhantes, respectivamente 28,8% em Tubarão-SC
(GALATO, 2010) e, 27,7% em Belo Horizonte-MG (ARAÚJO; MAGALHÃES;
CHAIMOWICZ, 2010).
Mais recentemente, em Carlos Barbosa-RS, nas áreas urbanas e rurais, a prevalência
encontrada foi de 19,7% (DAL PIZZOL, 2012). Em São Paulo-SP, a partir de estudo de base
populacional, 36% (CARVALHO et al., 2012). Em Aracaju-SE, com grupo de idosos assistidos
por um programa de Atenção Farmacêutica, 63,20% (GUIMARÃES, 2012). E, em Rio Grande
do Sul, é em uma Instituição de Longa Permanência 30,8% dos idosos estavam em uso de
polifarmácia (GAUTÉRIO, 2012).
A prevalência da polifarmácia de medicamentos contínuos em estudo realizado com
idosos do Quixadá, Ceará foi a mais elevada entre os artigos analisados (70,6%), sendo maior
no sexo feminino (66,4%). A faixa etária mais prevalente foi para os idosos que tinha acima de
70 anos (63,8%). Entre os fatores de risco associados estavam duas ou mais condições crônicas
autorreferidas e autopercepção da qualidade de vida regular e ruim (SILVA, 2012b).
Já na investigação realizada por Neves (2013) em área urbana do Nordeste, identificou-
se a menor prevalência, a de 11,0% dos casos. E, os fatores que se mostraram associados foram
a menor escolaridade, à saúde autorreferida como negativa, presença de duas ou mais doenças
crônicas autorreferidas e ao número de consultas médicas ao ano.
Outros fatores de risco associados à polifarmácia também foram encontrados, como a
presença de cinco ou mais problemas de saúde e ao uso de medicamentos inapropriados, sendo
que tal prática se reflete no aumento do gasto mensal com medicamentos (ARAÚJO;
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MAGALHÃES; CHAIMOWICZ, 2010). Assim como, ser do sexo feminino, faixa etária
75 – 79 anos, ter a autoavaliação de saúde péssima e apresentar de duas ou mais doenças
crônicas, estado nutricional eutrófico e obeso e está em uso de dieta também aumenta a
prevalência da polifarmácia (SILVEIRA, 2014).
Para Carvalho (2012) a polifarmácia geriátrica tem aumentado mundialmente e
apresenta-se a partir de uma etiologia multifatorial. Sendo que, os idosos usam um número
desproporcional de prescrições de medicamentos, os regimes terapêuticos são complexos,
especialmente na vigência de co-morbidades o que eleva a vulnerabilidade desse grupo
ocorrência de eventos adversos e prejudicando sua capacidade funcional.
A polifarmácia está relacionada ao acréscimo do risco de interações medicamentosas,
de reações adversas a medicamentos, de causar toxicidade cumulativa, de diminuir a adesão ao
tratamento farmacológico, de provocar erros de medicação e aumentar a morbimortalidade.
Porém, o crescimento da indústria farmacêutica e o marketing de medicamentos podem está
contribuindo para o aumento das prescrições pelos profissionais de saúde, contribuindo para o
uso de múltiplos medicamentos pelos idosos (SECOLI, 2010).
Ainda de acordo Secoli (2010) as interações medicamentosas ocorrem quando um
fármaco influencia a ação de outro. Sendo que, as consequências, gravidade e prevalência destas
interações associam-se às propriedades dos fármacos e às condições clínicas dos pacientes.
Conseguintemente, as pessoas idosas estão mais vulneráveis às ocorrências de interações
medicamentosas, por conta dos processos farmacocinéticos e farmacodinâmicos dos fármacos
e às alterações fisiológicas que acontecem devido ao processo de envelhecimento, maiormente
nas funções hepáticas, renal e cardíaca, além da perda da massa muscular, de água corpórea
total e de albumina sérica.
Na pesquisa de Silva (2012a) o uso de maior quantidade de medicamentos pelos idosos
com mais idade foi observado, embora muitas vezes preciso, pode desencadear graves
implicações, tais como maior número de reações adversas, risco de utilizar os medicamentos
de formas inadequados, dificuldade de adesão ao tratamento farmacológico, além de levar ao
incremento do risco de morbidades e mortalidade. Além do que, a polifarmácia pode contribuir
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para a ocorrência de iatrogenia, por exemplo, devido à utilização de medicamentos de eficácia
e segurança questionáveis. Acrescentem-se também, as limitações físicas e cognitivas presentes
nesta etapa da vida que podem dificultar a correta utilização desses medicamentos,
especialmente em situações de polifarmácia.
No geral, o perfil de doenças crônicas e as classes medicamentosas prevalentes,
demonstram que a polifarmácia em idosos pode estar relacionada a tratamentos de longa
duração, o que sugere a prosseguimento da prática em anos posteriores, e isto, por conseguinte,
requer atenção e acompanhamento longitudinal de profissionais de saúde (SILVEIRA, 2014),
entre estes, os profissionais farmacêuticos
4.2 A importância da atenção farmacêutica para idosos em uso de medicamentos, com
ênfase no uso de polifarmácia
Diante das transformações decorrentes do processo de envelhecimento, como a elevação
de DCNT e, por conseguinte necessidade de idosos fazerem uso de medicamentos, Munger
(2010) adverte que, o uso racional da polifarmácia por esses indivíduos pode maximizar o
controle de algumas dessas doenças, como da pressão arterial e da glicemia. No entanto, é
essencial que prescritores e farmacêuticos monitorem o uso simultâneo de vários
medicamentos, evitando os riscos que a polifarmácia pode causar.
O farmacêutico é o profissional responsável pela avaliação da prescrição, podendo,
nesse momento, identificar riscos que estão relacionados a terapêutica e intervir, por meio da
comunicação com o prescritor responsável, por exemplo, trocando informações e sugestões que
possam diminuir os eventos de reações adversas a medicamentos e a necessidade de utilização
de serviços de saúde, por vários idosos em uso de polifarmácia (BUENO et al, 2012).
Em estudo sobre perfil farmacoterapêutico de um grupo de idosos, os autores abordam
a relevância de fomentar programas de atenção farmacêutica que possam proporcionar a
redução dos riscos de problemas que interferem na qualidade da farmacoterapia de pessoas
idosas, o que poderá ampliar a possibilidade de resultados terapêuticos positivos nesta
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população. Além disso, apontam para a necessidade de aprimorar o manejo da farmacoterapia
e o acompanhamento da sua utilização nesta faixa etária (GUIMARÃES, 2012).
Isto se torna importante, pois os idosos que fazem uso de polifarmácia podem está
utilizando medicamentos inapropriados e têm maiores chances de apresentar as reações
relacionadas ao uso desses medicamentos. Sendo assim, é essencial que o prescritor, assim
como o farmacêutico conheçam os medicamentos inapropriados, para evitar os problemas
decorrentes de sua utilização indevida em idosos (BUENO et al, 2012).
É fundamental também, uma ampliação das discussões sobre a necessidade de adoção
de medidas para a promoção do uso racional de medicamentos entre a população idosa no
Brasil, educação continuada dos profissionais prescritores, qualificação dos sistemas de saúde
para oferecer educação permanente e acesso a informações adequadas em ocasiões cabíveis, e
adoção de medidas no âmbito da assistência farmacêutica através da criação e implementação
de listas de medicamentos e protocolos clínicos que se enquadram adequadamente às demandas
da população idosa (NEVES, 2013).
Uma das maneiras de ampliar as discussões a cimas mencionadas podem ser por meio
do conhecimento de fatores que se mostram associados ao uso de medicamentos na população
idosa, haja vista que desta forma espera-se contribuir para a elaboração de políticas públicas
direcionadas ao bem-estar desse subgrupo populacional, que visem à adequação da assistência
farmacêutica às suas reais necessidades, promovendo assim a racionalização do uso de
medicamentos e, por conseguinte, a otimização da terapêutica medicamentosa entre os idosos
(SILVA, 2012a).
Além dessas medidas, é sabido que a elevada prevalência de uso de medicação
principalmente na classe terapêutica das doenças cardiovasculares revela a necessidade de
adoção de medidas no âmbito da assistência farmacêutica que propiciem o estímulo à atividade
física e de hábitos alimentares saudáveis. Além disso, é fundamental a orientação contínua dos
idosos e cuidadores quanto aos riscos do uso de medicamentos (NEVES, 2013).
A atuação do farmacêutico na promoção do uso racional de medicamentos por idosos e
sua inserção em equipes multiprofissionais otimizam a farmacoterapia dos pacientes geriátricos
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e amplia a qualidade e segurança do cuidado (MEDEIROS, 2011), o que poderá reduzir as
implicações decorrentes do uso da polifarmácia na população idosa.
Entre as estratégias e recomendações propostas em estudo sobre a atenção farmacêutica
ao idoso estão as que são voltadas para a formulação de políticas nacionais de medicamentos e
do repensar o papel do farmacêutico no sistema da atenção à saúde, assim como a implantação
do serviço de atenção farmacêutica nas farmácias comunitárias com o propósito de suprir a
carência de informação, no tocante a medicamentos, em especial, da população com faixa etária
avançada (MENESES; SÁ, 2010).
5 Conclusão
Diante dos resultados alcançados, conclui-se que a prevalência da polifarmácia entre a
população idosa tem ampla variação no Brasil, sendo utilizada por quase um terço dos idosos
de algumas regiões do pais e o local de pesquisa. Em partes, os artigos analisados investigavam
a prevalência da polifarmácia em diferentes grupos de idosos e fatores que se mostraram
associados.
Apesar dos artigos apresentarem diversos impactos negativos do uso da polifarmácia
por idosos, poucos mencionaram estratégias que poderia ser utilizadas no intuito de ao menos
minimizar estes impactos, como a atenção farmacêutica que é essencial na avaliação das
prescrições e conhecimento dos medicamentos inapropriados que o idoso, entre outros.
Merecendo assim, que outras produções sejam realizadas com o intuito de apontar a importância
desta atenção às pessoas idosas que fazem uso de medicamentos e, por vezes polifarmácia.
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