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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Psicologia
Marco Antonio dos Santos Ferreira¹
Tatiana Schultz²
ATRIBUTOS QUE DEFINEM A ESCOLHA DE UM PARCEIRO NA BUSCA DE
UM RELACIONAMENTO AMOROSO
Curitiba 2005
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Psicologia
Marco Antonio dos Santos Ferreira¹
Tatiana Schultz²
ATRIBUTOS QUE DEFINEM A ESCOLHA DE UM PARCEIRO NA BUSCA DE
UM RELACIONAMENTO AMOROSO
Artigo científico apresentado à disciplina de Pesquisa em Psicologia, atendendo aos requisitos necessários para aprovação na habilitação de Bacharel de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná. Supervisor: Nicolau Steibel
Curitiba 2005
¹Marco Antonio dos Santos Ferreira – Rua: General Ary Duarte Nunes, 563, sobrado 1 - Bairro Uberaba - CEP 81530-520 - Curitiba/PR Fone: (41) 2102-5721 e-mail: [email protected] ²Tatiana Schultz – Rua:Cláudio Paulino Dariva , 188-B - Bairro Boa Vista - CEP 82540-210 - Curitiba/PR Fone: (41) 3252-3038 e-mail: [email protected]
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ATRIBUTOS QUE DEFINEM A ESCOLHA DE UM PARCEIRO NA BUSCA DE UM RELACIONAMENTO AMOROSO
Marco Antonio dos Santos Ferreira
Tatiana Schultz
Orientador: Nicolau Steibel
Universidade Tuiuti do Paraná
Resumo
Este estudo tem como objetivo investigar o processo de escolha amorosa em homens e mulheres de diferentes faixas etárias, em diversas relações amorosas - namoro, casamento, separação e recasamento, as características dos atributos de seleção para inicio das relações amorosas por eles estabelecidas; as alterações destes atributos com a mudança de idade. Foram estudados dois grupos: 300 adultos (166 solteiros, 97 casados, 25 separados e 12 viúvos) divididos em dois grupos (188 até 35 anos e 112 acima de 40 anos de idade) . Na avaliação da escolha amorosa foram utilizados 18 atributos dispostos em escalas de avaliação de 5 pontos, tal como proposto por Buss (1989) e Silva (2001) , contendo tópicos referentes a dimensões relevantes da seleção de parceiros para uma relação com fins de relacionamento/casamento. Os resultados mostraram algumas diferenças nos atributos mais desejados entre homens (boa aparência) e mulheres (ter filhos) de ambos os grupos e algumas semelhanças no processo de escolha amorosa (amor, atração mutua, confiabilidade, educação e inteligência) dos sujeitos, bem como alteração de padrão quanto a atributos de escolha conforme o envelhecimento dos pesquisados (boa aparência e sociabilidade por disposição para agradar e ter filhos). Tais resultados são relevantes para a prática clínica da terapia de casal ou pessoas solteiras na procura de relacionamentos amorosos, possibilitando uma melhor compreensão das especificidades da relação amorosa em diferentes idades e gêneros. Palavras-chave: Escolha amorosa, Relação amorosa, Amor, Atributos de seleção.
Abstract
Keywords:
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Durante toda a vida, homens e mulheres procuram pares que os acompanhem por
sua existência, em relacionamentos que variam graus de intensidade e comprometimento
ao longo da idade, que se diferem na configuração em razão das opções sexuais, alternam
posicionamentos sociais, às vezes até econômicos, contudo mantendo a idéia da presença
de uma parceria ao longo do caminho da vida. O que realmente se procura em um
parceiro quando o objetivo é um relacionamento amoroso? Que atributos não são
expressos verbalmente, sendo, contudo, essenciais para que exista certa aproximação?
Que despertaria a escolha por um parceiro em detrimento a tantos outros de nosso
cotidiano? Este artigo tem por finalidade, a partir de uma pesquisa científica realizada
para estudo da renuncia nas relações amorosas, descrever que atributos são estes e de
como variam ao longo da idade, buscando tornar claro que há muito mais conteúdo em
uma seleção inconsciente do que temos conhecimento. A proposta deste artigo repousa na
apresentação dos atributos mais desejados em um parceiro, a partir de um modelo de
Buss (1989) e Silva (1992), diferenciados em dois grupos, separados em faixas etárias,
inicialmente até 35 anos e acima de 40. Focando a discussão nas variações apresentadas
na ordem destes atributos, bem como nas mudanças de comportamentos que podem ser
sugeridas por estas variações baseadas nos conceitos psicanalíticos, sistêmicas e
evolucionistas.
Segundo Silva (2001), os atributos elencados de atração mútua e amor entendem a
realidade de nossa sociedade ocidental, a qual aceita como essenciais para um
relacionamento amoroso o próprio amor e a atração sexual entre os parceiros, sendo
consciente a sua eleição como item de maior prioridade, baseada igualmente no mito do
amor romântico.
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O valor de cada comportamento, em um relacionamento amoroso, passa pelo
crivo de avaliações muito mais profundas do que uma simples avaliação de conceitos
estéticos ou intelectuais. Philippe Turchet (2003) considera que uma comunicação muito
mais ampla se dá desde um primeiro encontro de olhares, quando são iniciados os
processos de seleção, avaliação e validação do parceiro. O parceiro procurado para um
relacionamento amoroso deve carregar um conjunto de características, comportamentos e
valores que não nos foram ensinados por nossos pais, discutidos na escola ou mesmo
estejam orientados por um check-list disponível na internet. Sugerimos uma reflexão
sobre quais atributos buscamos de maneira consciente em nossos parceiros para
relacionamentos amorosos e quais atributos permanecem encobertos.
Para fins deste artigo estabelecemos que a citação de relação amorosa refere-se a
qualquer tipo de relacionamento amoroso entre casais. Fisher (1995) cita que nenhum
outro aspecto do comportamento humano é tão complexo, sutil e universal quanto o jogo
do acasalamento humano, e que embora as estratégias sexuais sejam diferentes de um
indivíduo para o outro, a seqüência básica do amor, do namoro e do casamento tem
milhares de esquemas que parecem incorporados na psique humana, que são produto do
tempo, da seleção e da evolução.
Recorremos a Bonnie Kreps (1992), para apresentarmos uma análise do mito do
amor romântico, visto ser o amor um atributo essencial para um relacionamento amoroso
na cultura ocidental. Partindo do início da que costuma ser chamada a maior história de
amor do mundo. O Romance de Tristão e Isolda: “Meus senhores, se quiserem ouvir um
conto de amor e morte...” Sentimos o encanto que um mito pode lançar sobre nós, como
tem feito este mito nos últimos oitocentos anos. De todos os mitos que compõe nossa
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visão costumeira da vida, esse está entre os mais poderosos. Seu legado, reconheçamos
ou não, está no âmago daquilo que chamamos de amor romântico: o êxtase precipitado do
amor a primeira vista, a rara agonia da paixão contrariada, o êxtase de uma união que nos
eleva para fora da realidade insípida e para dentro de um exaltado estado de ser – tudo
nasce do mito de Tristão. Como esta história abastece incontestáveis paixões? O que
temos neste romance é o amor romântico na versão clássica codificada pelo amor na corte
de Provença do século XII, sociedade esta que produziu a tradição intensamente
romântica conhecida como amor cortes (ou donnoi), que se tornou o padrão para todos os
modelos ocidentais posteriores de amor romântico. Mas o que Tristão realmente deseja?
Ele deseja procurar Isolda, lutar por ela, ansiar por ela, sofrer por ela. Ele chega a morrer
por perder a esperança de vê-la novamente, porém não parece querer se prender demais e
se apaixonar de verdade por ela. O tortuoso caminho desta trama faz sentido, o que
Tristão realmente quer não é Isolda, mas sim amar Isolda. Existe uma boa diferença entre
essas duas coisas, e sua escolha é clara. Seu desejo não é amar, mas ser arrebatado pelo
amor. Ele quer viver marcado pela pira chama de uma grande paixão e, no sentido ideal,
morrer por ela.
A busca, de um parceiro ou parceira ideal, remonta a mais antiga história escrita
da humanidade. Da mitologia grega, no Mahabaratha, na Bíblia, de Ulisses ao O código
da Vinci, toda a civilização ocidental cultua um modelo de amor romântico, propagado
em romances levados às telas dos cinemas, na televisão pelas novelas e folhetins;
difundido nas letras das canções e ampla e apaixonadamente apresentados na poesia. Os
grandes romances serviram para fixar os mitos a respeito do amor. Como ter uma amada
sem a abnegação de Julieta? Por que o namorado não carrega a dedicação de Tristão?
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Como uma amante pode diferir de sua dedicação de Penélope? Quem compararia seu
parceiro a Patroco? Que amor foge deste conjunto de modelos? Onde citaram que o
parceiro teria ou desejaria individualidade, que o relacionamento não duraria a vida toda
ou que seu amado não morreria por você? Segundo Mira y López (2003):
“ o amor é, por definição, um processo complexo e contraditório, que não pode ser
situado nem limitado concretamente em um determinado setor conceitual. Sua energia
não somente é a maior e a mais variada de quantas possamos imaginar, mas, além disso,
ainda engloba, por uma “absorção” sui generis, o medo, a ira, e o dever. Talvez por isso,
seja a única força capaz de aumentar na razão direta dos obstáculos ou resistências que se
lhe opõem. Delicado e forte, puro e perverso, terno e cruel, audaz e tímido, sincero e
teatral...não há contradição e antinomia que não possa ser encontrada no amor. Mas o
grande paradoxo biológico do amor é o fato de existir em forma bifásica, determinando
um constante fluxo e refluxo (efusão e infusão) vital, em virtude do qual o ser enamorado
se sente simultaneamente mais exuberante e mais exausto, mais cheio e mais vazio, mais
“vivo” e mais “amortecido”.
Para Hellinger (2001), o homem e a mulher precisam um do outro. O homem
aceita uma mulher porque sente que como homem lhe falta a mulher e a mulher aceita um
homem porque sente que como mulher lhe falta o homem. A ambos falta o que o outro
tem e cada um pode dar ao outro o que ele precisa. Para que o relacionamento de um
casal dê certo o homem precisa ser um homem e permanecer um homem e a mulher
precisa ser uma mulher e permanecer uma mulher. Quando o homem toma a mulher
como sua esposa e a mulher toma o homem como marido, eles consumam o amor como
homem e mulher. É através dessa consumação do amor que o homem e a mulher se
vinculam de maneira indissolúvel. Depois disso, mesmo que queiram, já não são livres.
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Ao apresentar uma abordagem psicanalítica sobre o amor Sesarino (2005)
apresenta:
“... do amor se fala, se conta, se canta e se encanta. Em todos os tempos, em todos os
lugares, em todos os povos, o amor está presente. É o mistério humano. O amor fascina e
faz sina. Quem não se fascina ao falar do amor? O amor é o tema central da existência
humana. Falar do amor é falar da essência da vida. Da filosofia à religião, da literatura à
poesia e à música, o amor está sempre presente sob as mais diversas formas de discursos
e de pensamentos. O amor é o laço social, é a base de toda forma de relação, da família,
do trabalho, do namoro, da amizade, etc. Na filosofia, o amor resulta da tensão que o bem
causa no humano. Assim, para Platão, o amor é o entusiasmo através do qual a alma,
sensível à atração da beleza perfeita, tende para a imortalidade. O amor não é a beleza
nem a bondade, nem a perfeição; é por essência um élan, não somente em direção à
depuração do ser, mas em direção a depuração do bem. Freud entende o amor e o ódio
como forças constitutivas do movimento universal. Na religião, o amor se apresenta em
duas categorias, o amor humano, sensual, carnal, voltado aos objetos; e o amor divino,
espiritual, que visa a doação e a adoração.Falando da importância do amor, Freud nos
adverte ao dizer que “um egoísmo forte constitui uma proteção contra o adoecer, mas um
último recurso, devemos começar a amar afim de não adoecermos, e estamos destinados
a cair doentes se, em conseqüência, formos incapazes de amar.” E também que “...apenas
uma pequena minoria de pessoas acha-se capacitada, por sua constituição, a encontrar
felicidade no caminho do amor.” Freud, afirma que o protótipo de toda relação de amor é
a experiência de uma criança que suga o seio da mãe. A partir daí, cada encontro de um
objeto é, na realidade, um reencontro dele. Podendo-se entender com isso que todo objeto
de amor é uma substituição de um objeto primordial, anterior à barreira do incesto, sendo
o amor, uma substituição de um objeto recalcado, um amor de repetição. É de um
primeiro amor que resulta o recalque e o inconsciente, logo, o amor traumatiza porque é
impossível lhe dar o que lhe falta.”
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Já Herb Goldberg (1994), diz que sentimentos românticos são poderosos e
obscurecem o senso de clareza de uma pessoa que está nas lutas do amor. Eles distorcem
a realidade e criam forte tendência a negar o que todo mundo pode ver. A atração
romântica é motivada por necessidades defensivas que tornam impossível ver o outro
pelo que realmente é, e com freqüência a trama é mútua. O casal romântico se relaciona
com grande autoconsciência e sensibilidade a fim de evitar que as mais profundas e
perturbadoras respostas e sentimentos emerjam desabrochados. Avaliar o potencial de
uma relação com um parceiro envolve ver aquela pessoa de forma realista, mas os
sentimentos românticos trabalharão, inevitavelmente, contra a objetividade. A menos que
uma grande autoconsciência tenha se desenvolvido numa pessoa e esforços intensos de
mudança hajam ocorrido, o melhor caminho para predizer o futuro de uma relação com
uma mulher é dar uma olhada objetiva em seu passado, ou seja, na sua história com os
homens. Homens e mulheres parecidos são influenciados, em seu processo de relação,
pela dinâmica do meio ambiente de infância e pelo relacionamento dos pais, por esse
motivo, pode ser útil olhar para o passado da família de um parceiro em potencial. O
nível de auto-estima da parceira será um fator importante para avaliar suas perspectivas
de ter uma experiência positiva. Também são significativos, as circunstâncias e o tom do
sentimento de seu primeiro encontro. É preciso fazer um exame de equilíbrio de poder. A
regra geral de procedimento é que a pessoa com um superequilíbrio de poder na relação
tenderá a ficar entediada, enquanto a sem poder fica “faminta” por reafirmação e amor. É
importante olhar para os padrões de hábito da outra pessoa logo cedo e ser honesto
consigo mesmo sobre como se sente a respeito deles, pois maneirismos irritantes e
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hábitos podem causar desgaste. Outro ponto importante é a dinâmica da relação. A
administração da raiva e do conflito é um elemento crucial.
Para Abrahms e Spring (1997), existem alguns tipos de perda diferentes que o
parceiro magoado provavelmente irá sentir. Todas são variações de uma perda básica,
que vai além da perda do parceiro: a perda de si mesmo. Entre elas estão:
1- Identidade: Uma decepção amorosa força o indivíduo a redefinir-se da maneira
mais fundamental, pois se percebe desfigurado, diferente de tudo que jamais vira em si
mesmo. Embotado pela infidelidade do parceiro, o indivíduo perde de vista o referencial
de si mesmo e passa a duvidar de suas qualidades, da sua capacidade de ser desejado.
2- Crença de ser especial: O indivíduo perde a convicção de ser a cara metade do
parceiro, de que ninguém poderia fazê-lo mais feliz, de que juntos formavam uma união
primordial. A relação extraconjugal acaba com a ilusão de que são especiais um ao outro.
3- Auto-estima: Os atos desesperados do indivíduo, na tentativa de reconquistar o
parceiro, violam os seus valores e princípios fundamentais.
A paixão oferece um encontro instantâneo e fulgurante com o perdido. O homem
encontra na mulher amada aquele pedaço de si que o completa. Não é um encontro, mas
um reencontro com o próprio, os sentimentos são exaltados, a pessoa amada sintetiza o
que sempre se desejou. As expressões que definem a paixão, “o homem que sempre
esperei”, “minha cara metade”, não deixam dúvidas sobre a história do sujeito perdido,
pois se não fosse assim o encontro não seria tão eufórico.
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Método
Participantes
Foram estudados dois grupos: 300 adultos (166 solteiros, 97 casados, 25
separados e 12 viúvos) divididos em dois grupos (188 até 35 anos e 112 acima de 40 anos
de idade). Na avaliação da escolha amorosa foram utilizados 18 atributos dispostos em
escalas de avaliação de 5 pontos, tal como proposto por Buss (1989) e Silva (2001) ,
contendo tópicos referentes a dimensões relevantes da seleção de parceiros para uma
relação com fins de relacionamento/casamento.
Instrumentos
Utilizado um questionário estruturado com questões fechadas, com escala tipo
Likert, para avaliação quantitativa , através de questionário específico desenvolvido pela
equipe de pesquisa para fins de estudo na renuncia em relacionamentos amorosos, foram
coletados e extraídos os dados específicos para este artigo:
Sócio-demográficos: sexo, idade, estado civil, quantidade de filhos, tempo de
relacionamento, (questões entre I a V). E atributos fundamentais para escolha de um
parceiro ideal para um relacionamento: a questão 43, com 18 itens solicitando a
ordenação de 1 a 5 para os itens considerados de maior prioridade (questão 41).
Procedimento
Na coleta, solicitamos aos participantes, adultos da região metropolitana de
Curitiba, acima dos 25 anos de idade, que respondessem aos questionários, pelos quais
foram identificados apenas por sexo, idade e estados civil.
Resultados e Discussão
Seguem conforme Silva (2001), algumas definições dos agrupamentos dos
atributos mais valorizados num parceiro amoroso para fins de casamento: para haver
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atração mútua/amor entre os parceiros: os atributos atração/amor. Essa não é a
característica de um parceiro amoroso, mas sim um estado afetivo recíproco da dupla de
parceiros. Esse estado passou a existir porque cada um dos parceiros tinha as
características que o outro considera importantes para um relacionamento amoroso.
Conforme dados coletados dispostos na Figura 1.
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%
100,00%
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Figura 1: Quadro dos atributos mais procurados, sem distinção de idade.
Seguindo a mesma classificação de Silva (2001), Na busca de ter bom status
social: os atributos poderoso, alto status social e dominante. Ter um bom status social é
muito importante na escolha de um parceiro amoroso. Uma das explicações da
importância desse grupo é que esse tipo de qualidade é facilmente conversível em
benefícios para o cônjuge e seus descendentes. Na procura de um parceiro atraente: os
atributos elegante, requintado, boa aparência e sexy. Esse grupo de atributos é muito
importante na seleção de parceiros. Se um parceiro não sentir atração pelo outro, o
relacionamento entre eles não poderá ser caracterizado como amoroso. A aparência é
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importante porque é um dos principais determinantes da atração e está associada ao status
social e econômico, à saúde, à idade, à capacidade reprodutiva, etc.
Na procura de um ser amistoso: os atributos ter senso de humor, amistoso, fácil de
lidar, gentil e atencioso, ter disposição para agradar. Esse grupo engloba várias
qualidades que facilitam o convívio com o parceiro amoroso, com os filhos, com a
família em geral, com os amigos, etc. Buscando um parceiro com saúde: os atributos
emocionalmente estável e saudável. Nesse grupo estão incluídos dois tópicos
relacionados com a saúde: um aspecto da saúde psicológica (“emocionalmente estável”) e
um tópico genérico sobre a saúde (“saudável”). Esses dois atributos são tremendamente
importantes porque são pré-requisitos para a existência de vários outros atributos que
afetam bastante o relacionamento amoroso, como a capacidades de trabalho e o
desempenho social para Silva (2001).
Em um parceiro orientado para a família: os atributos deseja um lar e filhos, boa
(bom) cozinheira (o) e dona (o) de casa. Esse grupo inclui qualidades fundamentais para
um relacionamento amoroso mais amplo. Quem quer montar uma casa e ter filhos com o
parceiro deve possuir esses dois atributos, principalmente o primeiro deles. O segundo,
relativo a cozinhar bem, já foi mais importante em épocas passadas. Para uma boa
perspectiva econômica: os atributos boa capacidade para ganhar dinheiro, rico,
ambicioso, dedicado ao trabalho/empreendedor. Esse grupo inclui as qualidades que
capacitam o parceiro para propiciar os recursos materiais para alimentar, educar, vestir,
etc, a sua família. O parceiro tanto pode já estar na posse desses recursos (já ser “rico”)
como ter a capacidade para produzi-los (“ter boa capacidade para ganhar dinheiro”, “ser
dedicado ao trabalho/empreendedor”, “ser ambicioso”, etc). Ainda na classificação de
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Silva (2001), um parceiro com boas características de personalidade: os atributos
confiável, estabilidade emocional e maturidade. As boas características de personalidade
são muito importantes porque aumentam a segurança de que as qualidades que você está
observando agora no parceiro não vão desaparecer de um momento para outro. As
características de personalidade duram muito tempo e são muito difíceis de mudar.
Quando se procura alguém que possua características sociais valorizadas: os atributos
sociável, ter personalidade excitante, popular. O sucesso social é muito valorizado num
parceiro amoroso. Esse sucesso facilita o convívio social, faz com que a pessoa sinta que
está tomando a decisão certa ao escolher o parceiro que tem essas características,
fortalece a auto-estima e facilita a vida do casal (como arranjar emprego e obter favores,
por exemplo). Para um parceiro de seja inteligente e criativo: os atributos inteligente,
criativo e artístico. A inteligência é uma habilidade básica que facilita o domínio de
outras habilidades. A criatividade contribui para aumentar o leque de possíveis soluções
dos problemas da vida. Para educação compatível com a educação do parceiro: ter nível
de escolaridade compatível com o do parceiro, ter nível cultural compatível com o nível
cultural do parceiro. A compatibilidade do nível educacional aumenta as chances de que
os parceiros compartilhem a visão de mundo e dêem importância semelhante para vários
fatos que afetam profundamente a vida do casal (como educar os filhos, viagens, ter TV a
cabo, computador, internet, etc).
Em se ter boas características hereditárias: altura e compleição física. Essas
características são importantes por três motivos: 1) dizem respeito aos padrões estéticos
de quem está fazendo a escolha, 2) têm impacto social positivo para o parceiro (“dize-me
com quem andas e eu te direi quem és”) e 3) são decisivas para o sucesso reprodutivo (o
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filho vai herdar parte delas e o seu sucesso para sobreviver e procriar vai depender, em
parte, dessas características). Para se ter valores, religião e ideologia semelhantes aos do
parceiro: ter formação religiosa semelhante, ter formação política semelhante. A nossa
postura política e a nossa religiosidade podem determinar muitas das nossas decisões e
ações. Se os parceiros não compartilharem tais posturas poderão ter muitos conflitos
entre si. Segundo Silva (2001), por outro lado, na análise de atributos considerados
indesejáveis num parceiro, para que o parceiro amoroso seja considerado atraente e
adequado, além de possuir as qualidades que enumeramos anteriormente não deve ter
muitos defeitos nem apresentar defeitos graves. Muitos dos defeitos graves são os
inversos das qualidades desejáveis. Isso pode ser facilmente constatado colocando-se as
locuções negativas “não ter” ou “não ser” na a lista de qualidades, apresentada
anteriormente. Acrescentar tais locuções torna cada uma dessas qualidades um defeito
muito sério. Quanto mais importante for uma qualidade, maior será a gravidade do
defeito decorrente da sua ausência ou da presença de um atributo que é o seu oposto.
Já para uma visão evolucionista as diferenças de atributos apresentadas podem ser
observadas pela ótica evolucionista onde, segundo Fisher (1995.), para o grupo mais
jovem buscaríamos nos comportamentos de sobrevivência nas savanas, em nossos
ancestrais coletores e caçadores os princípios de seleção dos parceiros por sua força,
capacidades de defesas, carga genética, violência, velocidade e tudo mais que pudesse
garantir que a prole teria maiores chances de sobrevivência (e sua carga genética). A
fêmea procurando um macho capaz de alimentá-la, defendê-la, forte o suficiente para
continuar a existir enquanto a prole crescesse. O homem a procura de uma fiel depositaria
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de seu material genético, predileção por esta parceira se evidencia na Figura 2, com os
dados levantados na pesquisa.
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%
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Figura 2: Quadro dos atributos mais procurados por pessoas até 35 anos.
Para Parissoto et al (2003) e Buss (1988) o investimento parental pode ser
definido como qualquer tempo, esforço ou energia gasta para garantir a sobrevivência de
um filhote à custa de outras formas de investimento, incluindo esforços alocados para
competição por outros parceiros. Nos mamíferos, particularmente nos seres humanos, os
machos podem investir muito pouco na prole: apenas o esperma (produzido aos milhões),
necessário para a inoculação e fertilização da fêmea. Já esta última faz um investimento
bem mais significativo: tem poucos gametas e pode ter no máximo vinte e cinco filhotes
durante toda a sua vida. Precisa manter-se por nove meses de gestação, além de investir
em amamentação e desenvolvimento de cada filhote por alguns anos. Exatamente por
esta assimetria é que o sexo que investir mais deve ser necessariamente mais
discriminativo na seleção de seu par. A seleção de parceiros sexuais entre homens e
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mulheres foi similar para muitos domínios, nos quais ambos os sexos defrontaram-se com
os mesmos problemas adaptativos ao longo da história evolutiva. No entanto, dadas as
diferenças reprodutivas entre eles do mínimo investimento parental em cada filhote, não
seria de surpreender que machos e fêmeas desenvolvessem e evoluíssem estratégias
reprodutivas diferentes (mecanismos psicológicos padronizados) para lidar com tais
problemas específicos, selecionando traços sexuais distintos. O homem tenderia a
estratégias de curta duração, minimizando ao máximo o comprometimento com cada
fêmea, tendo desejo e freqüência sexual aumentados e sendo capaz de detectar
rapidamente sinais de disponibilidade ao sexo e fertilidade feminina. A fêmea buscaria
relacionamentos mais duradouros para garantir a proteção e o investimento paterno nela e
em sua prole, ou relacionamentos curtos com provedores de imediato retorno. Uma
importância do investimento parental para mulheres acima de 40 anos se apresenta na
Figura 3 dos dados levantados na pesquisa.
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Figura 3: Quadro dos atributos mais procurados por pessoas acima dos 40 anos
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O objetivo final da estratégia sexual é o sucesso reprodutivo. Ela guia o esforço
reprodutivo de ambos os sexos e é constituída: 1) por mecanismos psicológicos
desenvolvidos para solucionar problemas adaptativos; 2) por suas diferentes
manifestações comportamentais. Três diferenças básicas universais entre os sexos foram
detectadas na escolha de parceiros sexuais. Os homens tendem a valorizar mais do que as
mulheres a aparência física e a juventude (critérios de saúde e fertilidade). Enquanto as
mulheres, comparadas aos homens, valorizam mais as capacidades econômicas (critério
de oferta de recursos). Isso não quer dizer que as mulheres não valorizem os aspectos
físicos. Elas também o fazem, mas menos do que os homens. Tanto homens quanto
mulheres selecionam pares por vários aspectos, dependendo da estratégia de curta ou
longa duração, podendo valorizar mais alguns aspectos do que outros. Novas teorias de
seleção sexual sugerem que a mulher pode escolher de acordo com as demandas do meio
ambiente. Se existem muitas ameaças naturais, como doenças (em países
subdesenvolvidos), ela escolheria pela aparência e simetria do homem, buscando melhor
qualidade genética e resistência física (bons-genes). No caso da demanda ser de recursos,
a prioridade de preferência seria por parceiros bons provedores. Alguns outros autores
compararam as leis da economia com o mercado sexual, sugerindo que ambos os sexos
escolhem seus parceiros de acordo com os seus próprios valores reprodutivos em um
determinado nicho. Apesar de serem as mulheres que selecionam os melhores parceiros,
os homens de boa genética (simétricos) e com recursos poderiam selecionar mais
tranqüilamente suas parceiras para relacionamentos à longo prazo (Parissoto et al, 2003).
Para os homens acima de 40 anos, Shanor (1978) descreve como anos de ouro, uma fase
de estabilidade, inexistente na realidade da maioria de nossos antepassados, cuja
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expectativa de vida resumia-se em no máximo há cinqüenta anos até pouco mais de cem
anos. Uma fase na qual os parceiros de mesma idade, outrora fora das disputas pelo
melhor material genético disponível, se dispunham há compartilhar seu tempo com pares
de outro sexo com participantes da comunidade, mais afastados dos centros de decisão,
com expectativas unicamente de sobrevivência.
Considerações Finais
A partir da análise dos resultados podemos constatar que os homens e mulheres,
independente da idade, valorizam um conjunto das mesmas qualidades na busca de seus
parceiros, os atributos: atração mútua, amor, confiabilidade, educação e a inteligência.
Tais qualidades são igualmente valorizadas pelas mulheres que priorizam o desejo de ter
lar e filhos após os 40 anos, em substituição a boa saúde e ambição. Enquanto os homens
acima dos 40 anos valorizam também a disposição em agradar e estabilidade emocional,
em prioridade a boa aparência e sociabilidade. Estes resultados confirmam o que é
ressaltado pela literatura em Silva (2001) e em Buss (1986).
Na comparação dos atributos mais importantes listados nesta pesquisa com as de
Buss e Silva, verificamos a manutenção das prioridades na escolha amorosa para homens
e mulheres com relação aos 10 atributos mais importantes. Observou-se uma semelhança
nas respostas de homens e mulheres que valorizaram os atributos atração mútua, amor
com atributos de maior importância em quaisquer idades ou subgrupos, principalmente
para homens acima de 40 anos. Confirmando assim os atributos de amor e a atração
mutua como pré-requisitos na escolha de parceiros para fins de relacionamento. Estes
dados também estão de acordo com aquelas encontradas por Ubillos el al (2000) e
Hendrick e Hendrick (1992) nos estudos que conduziram. O amor, conforme Sesarino
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(2005), que fascina e faz sina, confirma sua importância nos relacionamentos da
civilização ocidental.
Quanto ao que foi considerado menos importantes na busca para uma relação
amorosa, homens e mulheres desvalorizam igualmente: requinte, elegância e os atributos
mesmos antecedentes políticos. Enquanto no geral os homens deste grupo não valorizam
também uma boa posição social e a virgindade em suas parceiras, as mulheres não
valorizam igualmente a virgindade em suas escolhas de parceiros. Nas análises para fins
de relacionamentos amorosos percebe-se que a sociabilidade e estabilidade emocional
foram muito valorizadas pelas mulheres e homens acima dos 40 anos.
Dentre os atributos procurados para fins de um relacionamento amoroso, um dos que
apresentam destaque, cabe evidenciar o posicionamento do atributo de confiabilidade por
parte das mulheres, sempre acima da média em quaisquer grupos ou idade, confirmando
assim a importância do investimento parental, no tocante a busca da garantia do
investimento paterno, conforme Parissoto el al (2003) e Buss (1989).
Os resultados deste estudo permitiram esclarecer algumas das diferenças que se
estabelecem nos critérios de seleção entre gêneros, na busca de parceiros para fins de
relacionamentos amorosos. Fatores como a mudança de idade e de expectativas de cada
sexo, possivelmente colaborando para a construção de modelos mais adequados de
entendimento e atendimento a pessoas com dificuldades nesta procura.
21
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