UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Por: ......
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Por: ......
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O SUPERVISOR E SEU PAPEL NA TRANSFORMAÇÃO DAS
RELAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS DA LEITURA E DA ESCRITA, NO
PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Por: Inácia Rodrigues Ferreira
Orientador
Prof. Antonio Fernando Vieira Ney
Oeiras
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O SUPERVISOR E SEU PAPEL NA TRANSFORMAÇÃO DAS
RELAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS DA LEITURA E DA ESCRITA, NO
PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Supervisão Escolar
Por: . Inácia Rodrigues Ferreira
Oeiras
2010
RESUMO
A noção de escrita não deve estar ligada a atividades como: escrever para treinar a
ortografia, ou seja, sem nenhuma mensagem a transmitir e sem saber para quem se
está escrevendo ou por que está escrevendo. A ênfase praticamente exclusiva da
“cópia”, excluindo tentativas de criar representações para séries de unidade
lingüística similares ou para mensagens sintaticamente elaboradas, faz com que a
escrita se apresente como objeto alheio à própria compreensão. Está ali para ser
copiado, reproduzindo, porém não compreendido, nem recriado. Nesta conjuntura,
muitas vezes o Supervisor se anula ou é anulado pelo professor, pois ainda não se
desmistificou a idéia de que a preocupação com a leitura e a escrita é algo inerente
aos professores de língua. Contudo, o supervisor tem, no contexto atual, uma
importância que não pode ser deixada de lado. É ele quem pode, e deve, fornecer
aos professores materiais, orientações e acima de tudo todo e qualquer apoio que
dele necessitar o professor. Com esta convicção espera-se que a linguagem oral e
escrita na Unidade Escolar Orlando Carvalho venha possibilitar a inserção do sujeito
na sociedade e sua transformação. Sendo assim um dos aspectos a ser abordada é
a leitura e a escrita como meio transformador das relações e práticas sociais em
uma cultura letrada, bem como a formação do indivíduo como ser social, e como tal
é de suma importância ter domínio da linguagem para atuar dentro da sociedade na
qual está inserido, logo após de faz uma abordagem de como de ser a prática
pedagógica do professor no que se refere a aquisição da linguagem oral e escrita, já
que esta deve ser na verdade o elo que mediará a criança e o conhecimento
sistematizado no processo de aprendizagem. Neste contexto fez-se um estudo de
caso na Unidade Escolar Orlando Carvalho, com coleta de dados para verificar
como ocorre o processo de desenvolvimento da leitura e da escrita em fase inicial na
referida instituição de ensino.
Palavras-Chaves: Escrita – Leitura – Prática – Inserção
METODOLOGIA
Inicialmente, realizou-se um levantamento das teorias através das
pesquisas, sobre o tema que se transformou em um pano de fundo para direção do
trabalho em questão e para contextualização dos depoimentos dos atores.
Seguiu-se então para pesquisas em fontes diversas (livros, revistas,
internet) que permitiram uma base teórica diversificada na medida em que cada
autor trouxe conhecimentos específicos a respeito de tema. Troca de informações
com profissionais da área (supervisores de escolas variadas), que possibilitaram o
conhecimento real e sua associação com o que foi estipulado, estudado e
apresentado nos aportes teóricos.
Estudo de caso (observação da Unidade Escolar Orlando Carvalho)
que serviu como uma visão concreta de tudo o que foi trabalhado ao longo dos
capítulos de maneira a refutar ou ratificar a aprendizagem adquirida. Os dados
colhidos revelam sua importância à medida que se agrupam em unidades de
significado, considerando-se a especificidade do objeto, no caso em questão,
essencialmente, relacional. O professor e o supervisor são investigados a partir de
sua relação, contada e avaliada por ambos, analisada também pelo diretor,
considerados, as três, partes integrantes do objeto.
Na investigação dos dados, utiliza a entrevista como técnica, por
possibilitar o acesso a informações a partir da linguagem do próprio entrevistado. A
interpretação dos aspectos relacionados ao contexto investigado é realizada, então,
a partir de um diálogo entre o investigador e os atores e a análise é feita de forma
indutiva, ou seja, partindo de cada parte para se chegar a um todo.
A compreensão do contexto requer ainda a análise dos documentos da
escola e da legislação educacional específica, visando alcançar um entendimento
global da situação estudada.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 07 CAPITULO I- A LEITURA E A ESCRITA COMO MEIO TRANSFORMADOR DAS
RELAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS EM UMA CULTURA LETRADA ....................12
1.1. A linguagem e a vida social ...................................................................15
1.2. O Supervisor Escolar em seus ditames atuais....................................18
1.3. Língua oral e escrita ..................................................................................19
1.4. Escola x Linguagem x Educação..............................................................22
CAPITULO II- A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM FACE DA AQUISIÇÃO DA
LEITURA E DA ESCRITA .........................................................................................24
2.1. Primeiras experiências com a leitura e a escrita na escola .....................28 2.2. As dificuldades mais comuns, encontradas no desenvolvimento da
leitura e da escrita. ..............................................................................................32
2.3. Condições favoráveis para a aquisição da leitura e da escrita ...............34
CAPITULO III- A LEITURA E A ESCRITA COMO MEIOS TRANSFORMADORES
DAS RELAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS NO 1° ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL NA ESCOLA ORLANDO CARVALHO NA CIDADE DE
OEIRAS......................................................................................................................38
CONCLUSÃO ...........................................................................................................51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................53
ANEXOS....................................................................................................................55
INTRODUÇÃO
Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã, ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele cantou e o lance a outro: de um outro galo que apanhe o grito que um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros se cruzem os fios do sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos, .......................................................................
(João Cabral de Melo Neto)
Atualmente, a leitura tem se caracterizado como um dos meios que
possibilita a participação do homem na vida em sociedade, em termos de
compreensão do presente e passado e em termos de possibilidade de
transformação sociocultural futura. E, por ser um instrumento de aquisição,
transformação e produção do conhecimento a leitura, se utilizada de forma crítica e
reflexiva dentro e fora da escola torna-se certamente uma forma de combate a
alienação capaz de facilitar às pessoas e aos grupos sociais a realização da
liberdade das diferentes dimensões da vida.
Diante dessa perspectiva, é notória a necessidade de estimular a criança
o quanto antes, o interesse e o gosto pela leitura, pois a mesma precisa ser
seduzida pela leitura de uma forma bastante prazerosa, destacando assim, nesse
processo, qualquer artifício que possa tornar a leitura uma obrigação. Portanto, a
leitura não pode ser compreendida apenas como a decodificação de símbolos
gráficos, mas sim como a leitura de mundo que deve ser constituída de sujeitos
capazes de compreender o mundo e nele atuar como cidadãos. “A aprendizagem da
linguagem escrita é muito mais que a aprendizagem de um código de transcrição: é
a construção de um sistema de representação”, FERREIRO (1999, p.54).
Roger Chartier (1990, p.29) afirma que “não existe nenhum texto fora do
suporte em que não haja compreensão da escrita, qualquer que seja, que não
dependa das formas através das quais ele chega ao seu leitor”.
O estudo traz como tema: O SUPERVISOR E SEU PAPEL NA
TRANSFORMAÇÃO DAS RELAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS DA LEITURA E DA ESCRITA, NO
PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, tendo como problematização a forma como
a língua e o ler contribuem para a transformação das relações e práticas sociais.
A escolha do tema se justifica por perceber a real importância de uma
prática adequada que desperte no discente a conscientização de quão necessário é
o ato da leitura e da escrita para o seu desenvolvimento, observando de que forma a
língua e particularmente o ler contribui para a transformação das relações e práticas
sociais dentro da sociedade da qual está inserido percebendo a importância do
supervisor neste processo de transformação.
A educação é uma forma de intervenção no mundo, por isso, a escola
nunca foi e nunca será neutra e o professor é ator principal desse cenário,
principalmente tendo em vista que o mundo está em constante transformação
impulsionada pela evolução tecnológica que trouxe grandes inovações, tanto no
meio de produção quanto nas relações interpessoais. Por essa razão questionar a
docência é uma tarefa difícil, mas importante, tendo em vista que o educando tem
papel fundamental na formação de um mundo de desigualdade social gritante, em
que há uma separação entre quem tem uma educação de igualdade e quem não
pode ter acesso a ela, ficando assim à margem da sociedade capitalista em que
vive.
Diante dessa preocupação nasceu a vontade e a necessidade em trabalhar
com o tema anteriormente ventilado. Nesse sentido cabe salientar no exposto os
objetivos levantados nesse estudo de pesquisa que vem nortear a prática da leitura
e da escrita no 1º ano do ensino fundamental, da Unidade Escolar Orlando Carvalho:
Reconhecer e valorizar a língua como processo que se constitui e se transforma nas
relações e práticas sociais; oportunizar o estudante, as expressões de sentimentos,
idéias, opiniões e experiências, valorizando a interação com forma de dar qualidade
aos intercâmbios comunicativos e como forma de elaboração de conhecimento;
valorizar a leitura como fonte de fruição, estética, entretenimento, informação e
publicidade; favorecer a formação da reflexão e consciência crítica da criança na
construção de propostas de compreensão de textos (orais e escritos) que circulam
na sociedade, possibilitar ao aluno um contato mais próximo com diferentes
tipologias textuais; ajudá-lo a produzir e interpretar textos considerando-o um ser
ativo capaz, com ideias próprias que segue caminho definido.
Nesse sentido se faz necessário observar as grandes transformações que
vem ocorrendo ao longo dos anos em relação à concepção de formar leitores ou
alfabetizar, sabendo que a leitura começa muito cedo, pois, o aprendente poderá ter
contato com os livros mesmo antes de dominar a leitura ou ter concluído a
aprendizagem da própria escrita.
Considerando o pouco tempo vivenciando na escola campo por meio do
estudo de pesquisa, percebemos que os trabalhos desenvolvidos na instituição
estão de acordo com os métodos exigidos pela LDB 9394/96, na qual a escola
busca construir um ensino de qualidade, que possibilite formar alunos leitores,
pesquisadores e sobretudo construtores do seu pensamento, promovendo encontros
pedagógicos orientados pela coordenação e debates sobre novas metodologias e
maneiras de ensinar e aprender.
Diante dessa preocupação nasceu a vontade e a necessidade em trabalhar
com o tema anteriormente citado, com o objetivo de possibilitar e incentivar o
discente um contato mais próximo com diferentes tipologias textuais, tendo em vista
as grandes transformações que vem ocorrendo ao longo dos anos em relação à
concepção de formar leitores ou alfabetizar, sabendo que a leitura começa muito
cedo, pois o aluno poderá ter contato com os livros mesmo antes de dominar a
leitura ou ter concluído a aprendizagem da própria escrita.
Sendo assim um dos aspectos a ser abordado é a leitura e a escrita como
meio transformador das relações e práticas sociais em uma cultura letrada, tem
como a formação do indivíduo como ser social, e como tal, é de suma importância
ter o domínio da linguagem para atuar dentro da sociedade na qual está inserido.
Logo após se faz uma abordagem de como deve ser a prática pedagógica do
professor, no que se refere a aquisição da linguagem oral e escrita, já que esta deve
ser na verdade o elo, que mediará a criança e o conhecimento sistematizado, no
processo de aprendizagem.
Este trabalho de pesquisa foi explicitado conforme os preceitos e
embasamento de alguns teóricos renovados, onde defendem que a atividade
fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos estudantes é a leitura.
Foucambert traz uma grande contribuição para a compreensão do ensino da leitura.
Na fase de aprendizado, o meio deve proporcionar à criança toda ajuda para utilizar textos verdadeiros e não simplificar os textos para adaptá-los às possibilidades atuais do aprendiz. Não se aprende primeiro a ler palavras, depois frases, mais adiante textos e, finalmente textos dos quais se precisa.(FOUCAMBERT, 1994, p.19)
As questões relativas à leitura e ao gesto de ler vem sendo muito
discutidas. O ato de ler, antes restrito a ambientes fechados, hoje acontece em
todos os lugares. As nossas concepções se completam com o dizer de Cagliari
(1995, p.148) que: a maioria do que se deve aprender na vida terá de ser
conseguido através da leitura fora da escola, mas o mundo da leitura tem muitas
facetas, e sua importância no ambiente alfabetizar, é ter para ampliar os limites do
próprio conhecimento para adquirir informações simples e complexas, lê-se para ter
visão do mundo.
No tocante ao corpo discente, a escola vivencia um exacerbado desnível
de leitura e escrita e desinteresse dos alunos pelas atividades propostas em sala de
aula e extra-sala, uma vez que não dispõem de um efetivo acompanhamento
familiar. Partindo dessa ótica, durante nossa pesquisa chegamos às seguintes
problematizações: de que forma a língua e particularmente o ler, contribui para a
transformação das relações sociais? De que forma o professor das escolas públicas
estaduais contribui na compreensão e valorização da língua e da escrita? Este
problema nos conduziu a seguinte hipótese: A língua e a valorização da leitura na
escola possibilita a inserção do sujeito na sociedade e sua transformação. Como
também a realização da pesquisa nos ofereceu como etapa relevante na aquisição
do conhecimento. Tendo como objeto geral: reconhecer e valorizar a língua como
processo que constitui e se transforma nas relações e práticas sociais. A partir do
geral, elaboramos os específicos como: valorizar a leitura como fonte de fruição,
estética, entretenimento, informação e publicidade; possibilitar ao aluno um contato
mais próximo com diferentes tipologias textuais; ajudá-los a produzir e interpretar
textos considerado-o um ser ativo e capaz, com ideias próprias que segue caminho
definido, entre outros.
Diante das bibliografias consultadas, verificamos que, situando a função
social da leitura e da escrita na vida do aluno, o ensino será capaz de tornar-se
elemento integrador de entendimento entre as diversas áreas do conhecimento,
oferecendo aos mesmos uma leitura da realidade em que se encontra.
CAPITULO I
A LEITURA E A ESCRITA COMO MEIO TRANSFORMADOR
DAS RELAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS EM UMA CULTURA
LETRADA
A plena participação do homem na sociedade está estreitamente ligada
ao domínio da língua, ou seja, ao uso das linguagens oral e escrito em conformidade
com cada situação comunicativa, pois é por meio delas que se comunica, defende
suas opiniões, tem acesso à informação. Nesse sentido, ler e escrever, fazer uso da
leitura e da escrita, transformam o individuo e o levam a um estado ou condições,
sob vários aspectos: social, cultural, cognitivo, lingüístico, entre outros.
Vivemos em um mundo globalizado, o qual faz exigência por pessoas
atualizadas que saibam vivenciar nesse novo modelo de vida e que sejam capazes
de incorporarem-se nessa diversidade cultural que estamos inseridos. Sendo assim,
vivemos desde muito cedo rodeado por uma cultural letrada, que envolve uma
interação entre a linguagem oral e escrita.
Nesse processo, a construção da capacidade de ação simbólica, sobre o
mundo social e natural, possibilita às crianças, representarem esse mundo através
de símbolo. Pois elas nascem com um código num nível elementar biológico e
progressivamente, através das interações com sujeitos da cultura, vão incorporando
esses sistemas de símbolos e signos, utilizando-os, transformando-os e
desenvolvendo essa função mental superior. Desse modo são os adultos e outros
que interagem com a criança que atribuem significado a um movimento seu,
tornando-o gesto; dão significado aos seus balbucios, tornando-os fala; aos seus
rabiscos e garatujas tornando-os desenhos ou escritos tornando-os linguagens, que
nessa faixa etária se mesclam, funcionando de forma interdependente e
sedimentando outra forma de as crianças, como sujeitos sociais, se relacionarem
com a cultura.
Segundo Gouvêa:
Na sociedade contemporânea, embora haja inserções diferenciadas das crianças nas diversas culturas que coexistem num mesmo país, num mesmo estado, numa mesma cidade, definindo, portanto, uma diversidade na constituição desses sujeitos, podemos dizer que há uma cultura da infância, uma lógica infantil que se diferencia do mundo do adulto. Portanto há uma interação entre os aspectos da natureza e da cultura que vai constituindo as especialidades do ser criança nessa sociedade. E dentre essas especialidades podemos citar a sua extrema dependência física ao nascer e a progressiva autonomia, na perspectiva do auto-cuidado. Nota-se nas crianças um grande desenvolvimento físico-motor e, a partir das diversas interações estabelecidas com os objetos e espaços a que tem acesso, mediados pelos diferentes sujeitos dessa cultura, que as quais vão estabelecendo laços sociais e afetivos, construindo sua corporeidade, sua identidade e ao mesmo tempo vão se apropriando dos significados historicamente construídos nessa cultura: conhecimento, valores e práticas sociais. ( 2002, p.13)
Desse modo as possibilidades de aprender e se desenvolver são
determinados pelo tipo de experiência e pela qualidade das interações que
estabelecem com a sua cultura e nesse sentido, os aspectos educativos coletivos
que são as escolas, desempenham um papel fundamental, o de proporcionar esse
desenvolvimento, porém é necessário para tanto, que o professor tenha um
conhecimento de seus alunos, ou seja, é necessário que o educador possa
conhecer os valores e as práticas nos quais estes estão se constituindo, bem como
conhecer as especificidades e necessidades das crianças, levando em conta esses
conhecimentos e contribuindo assim para a aprendizagem dos alunos.
Deve-se enfatizar, que as crianças ao entrarem na escola, trazem consigo
experiências diversas com a leitura e a escrita, bem como suposições acerca dos
seus funcionamentos, porém se vêem impedidas de explicitá-las na escola. Querem
aprender, mas nem sempre a escola dispõe a ensinar o que estas realmente
desejam. Mesmo sendo esta instituição, encarregada de possibilitar o contato
sistemático e intenso do aluno com o sistema da leitura e da escrita.
E assim Emília Ferreiro afirma que,
Um dos fracassos da escola é ocasionado pela razão mencionada acima, cuja maioria das escolas ignora as experiências, que as crianças possuem. No entanto espera-se que as crianças cheguem à escola sabendo pegar no lápis, copiar da lousa, discriminar sons “falar direito”. E a ausência desses pré-requisitos, as faz ser consideradas inaptas para aprender a ler e
escrever e estas são condenadas às atividades do período preparatório. (1992, p.32)
Estudos mostram que muito antes da criança receber instrução formal
para ler e escrever, o processo de aquisição necessário para a realização dessas
atividades já teve seu início determinado. No entanto a escola na maioria das vezes
não leva em consideração a bagagem que a criança já traz consigo dificultando
assim o processo ensino-aprendizagem.
Similar a tal idéia está o pensamento de Rego (1995, p. 38), afirma que
“as crianças descobrem sobre a língua escrita antes de aprender a ler”. A autora
chega a essa conclusão a partir de seus estudos, nos quais buscam estabelecer
uma comparação entre o processo de aquisição da linguagem oral, e o da escrita. E
assim da mesma forma como se evidenciou que as crianças adquirem a linguagem
oral, quando envolvidas em contextos significativos em que a linguagem é
significativa para elas, ao mesmo passo pode-se constatar que se uma criança vive
em uma cultura letrada, na qual ela pode presenciar situações significativas de uso
da leitura e da escrita, inicia-se então o processo de aprendizagem dessa
linguagem.
Diante dessa realidade, se a criança desde cedo, vivencia situações,
onde vêem seus pais freqüentemente fazendo uso, por exemplo: de leituras de
jornais e revistas, para se informar sobre os acontecimentos diários, ou ler a bula
para se orientar sobre o uso de medicamentos, ou ler uma receita para fazer um
bolo, ou anotar um recado, ou fazer uma lista para não se esquecer de algo, ou
escrever uma carta para se comunicar com alguém que está distante, ou mesmo se
deliciar e “viajar” com historias ou poesias, esta criança está tendo contato com
diversos tipos de textos, necessários a alguma forma de interlocução através da
escrita, apropriando-se progressivamente dos seus usos e funções e de suas
estruturas próprias. E assim o processo de alfabetização é desencadeado meio a
uma cultura escrita.
Para Soares (2001, p. 75) “letramento é o estado ou condição de que se
envolve nas numerosas e variadas práticas sociais de leitura e escrita”, e
acrescentar ainda: “letramento é um conjunto de práticas de leitura e escrita que
resultam de uma concepção de o quê, como, quando e por que ler e escrever”.
A criança vive constantemente dentro de uma cultura e é
conseqüentemente envolvida por essas práticas, tornando-as automaticamente
seres letrados, mesmo que estas ainda não saibam ler e escrever de forma
convencional.
Percebe-se, portanto, que o letramento, ocorre bem antes de termos
dominado a aprendizagem do código, mas a partir da vivência de situações, por
meio de interação com sujeitos, letrados, as crianças vão se apropriando do sistema
de representação dessa língua.
Ao pesquisar como se dá o processo de reconstrução pelas crianças
desse sistema de representação da língua escrita, Emília Ferreiro e colaboradores,
concluíram que quando elas têm acesso a essa linguagem, vão construindo
hipóteses muito próprias sobre o que a escrita representa e como ela é
representada, buscando compreender o nosso sistema alfabético de escrita. E assim
quando o aprendente a partir do contato com diversas situações de escrita, mediada
por outros sujeitos letrados, este vai estabelecendo o processo de construção de
nosso sistema de representação, criando hipóteses até chegar à percepção de que
cada fonema corresponde a um grafema (hipótese alfabética), sendo um passo para
compreensão das regras ortográficas.
1.1. A LINGUAGEM E A VIDA SOCIAL
A linguagem oral e escrita são atividades essenciais no desenvolvimento
do ser humano, pois estas têm funções práticas imprescindíveis tanto na vida
humana, quanto na social. Haja vista que o ser humano é apenas metade de si a
outra metade é a sua expressão. Nessa perspectiva a linguagem é um dos meios
mais utilizados para que haja comunicação e é também por meio desta que o
homem se torna um ser global, um cidadão inserido na civilização moderna, com o
domínio de símbolos da comunicação humana. Sendo assim é de suma importância
incentivar e estabelecer este vínculo na criança desde cedo, para que assim,
possam adquirir o manejo da língua dos adultos e deixarem para traz o balbucio e a
expressão fragmentada, e isso faz surgir nas mesmas um novo raciocínio que
decorre não só do desenvolvimento do cérebro, mas também da circunstância de
que o indivíduo dispõe agora da língua materna, a serviço de todo o seu trabalho de
atividade mental.
Conforme ressalta Soares:
Cada um de nós de tem saber usar uma boa linguagem para poder desempenhar o seu papel de indivíduo humano e membro da sociedade humana. Pois não se pode admitir que um instrumento tão essencial, seja mal conhecido e mal manejado. (1995, p.39)
A linguagem é fundamental na vida do ser humano, sendo assim é
essencial termos consciência da sua importância, bem como sabermos utilizá-la e
transformá-la em nosso bem comum.
O grande desafio, neste processo seria o de tornar possível a descoberta
e a utilização da leitura e da escrita como um instrumento de reflexão sobre o
próprio pensamento. Pois a leitura e a escrita são atividades dialógicas, as quais
ocorrem no meio social, através de um processo histórico da humanidade, onde o
objetivo principal é a comunicação, qual é socialmente construída e transmitida
culturalmente.
Na concepção de Bakhtin:
O trabalho com a leitura e a escrita adquire um caráter sócio-histórico do diálogo, e a linguagem preenche a representação social; a palavra está sempre carregada de um construído ou de um sentido ideológico ou vivencial. (1992, p.18)
Diante desse paradigma, a função primordial da escola, é propiciar aos
alunos caminhos para que eles aprendam de forma consciente e consistente, os
mecanismos de apropriação do conhecimento. Assim como a de possibilitar que os
alunos atuem, criticamente em seu espaço social, capacitando-os na conquista de
uma participação cultural e na reivindicação social.
De acordo com Cagliari:
A escola transmite uma concepção de que a escrita é a transcrição da oralidade, partindo do pressuposto de que o aprendiz deve unicamente conhecer a estrutura da escrita, sua organização em unidade e seus princípios fundamentais, que incluíram basicamente algumas das noções sobre a relação entre escrita e oralidade, para que possua os pré-requisitos, aprenda e desenvolva as atividades de leitura e de produção de escrita. (1989, p.26)
Na abordagem tradicional, o aprendizado dessas práticas, bem como o
acesso às primeiras letras, são acrescidas primeiramente do reconhecimento das
sílabas, palavras, frases, que em conjunto formariam os textos. E só após os
conhecimentos dessas unidades é que o aluno estaria apto a ler e a escrever,
ressaltando, portanto em uma decifração de signos linguísticos e de um ensino-
aprendizagem como um processo cumulativo.
Já na abordagem construtiva o aprendizado de tais práticas, está
relacionada ao reconhecimento de palavras e textos que tenham significação para
as crianças, onde estas aprenderão o todo para chegar às partes e não ás partes
isoladamente para chegar ao todo.
A temática citada acima é um dos fatores que dificultam o processo de
desenvolvimento das crianças, já que esta ainda é muito utilizada em sala de aula,
mesmo com tantas pesquisas, descobertas e debates realizados pelos estudiosos,
buscando solucionar ou pelo menos minimizar tal situação. Além do fato de que as
crianças são tratadas na maioria das vezes como seres homogêneos, o que na
realidade não é o caso, pois sabemos que cada um tem um nível de
desenvolvimento diferente, o que faz com que a aprendizagem de fato não ocorra da
mesma forma para todos. E tudo isso aliado ao fato de que essas habilidades, são
ensinadas desprovidas de significados ou significação e por profissionais que nem
sempre estão qualificados para desempenhar este trabalho fazendo assim como que
o mesmo não tenha êxito esperado e acabe emperrando essas habilidades.
De acordo com os PCN’s de língua portuguesa (1997, p. 26), “produzir
linguagem significa produzir discursos, significa dizer alguma coisa para alguém, de
uma determinada forma, num determinado contexto histórico”. Diante desse
posicionamento, percebe-se que as escolhas feitas no momento em que iremos
dizer ou produzir um texto, não deve e nem pode ser aleatórias, ainda que possam
ser inconscientes, mas devem ser decorrentes das condições em que esse discurso
é realizado.
Vale ressaltar, que a linguagem é uma necessidade da humanidade, onde
sua função, como já foi abordada, além de possibilitar o pensamento, também
permite que haja uma comunicação ampla. Sendo assim, a comunicação a
expressão do pensamento e a interação são funções atribuídas à linguagem e são
essenciais para nossa vida social.
1.2- O SUPERVISOR ESCOLAR EM SEUS DITAMES ATUAIS
No contexto educativo atual o supervisor é um dos elementos que
compõe o grupo gestor e dentro dos ditames da contemporaneidade possui funções
variadas que muitas vezes confunde sobre sua real função. De acordo com
MARTINS:
O papel do Supervisor se fundamenta em objetivos educacionais representativo dos interesses das amplas camadas da população e leva em conta a especificidade do projeto pedagógico escolar, processo esse determinado pelos mesmos objetivos. (19946, p.87)
Desta forma os objetivos educacionais devem ser formulados dentro do
contexto real e dos conhecimentos que derivam das experiências. dentro deste
contexto, o ensino da leitura e da escrita também é uma responsabilidade e tarefa
do supervisor escolar uma vez que ele também é um agente de mudança.
Esse aspecto faz com que se entenda a importância do supervisor escolar
em seu momento diagnóstico junto ao professor. É este momento que fará com que
ambos compreendam os principais problemas que envolvem a turma e que precisam
ser selecionados através da fundamentação das dimensões pedagógicas e dos
métodos e técnicas administrativas, mais adequadas à promoção da racionalidade
interna e externa.
É por esta razão que a elaboração da proposta curricular deve ser
contextualizada na discussão para a construção da identidade da escola através de
um processo dinâmico de reflexão e elaboração contínua. Trata-se de coordenar o
processo de organização das pessoas no interior da escola, buscando a
convergência dos interesses dos seus vários segmentos e a superação dos conflitos
decorrentes deles.
Um desses interesses é a intensa mobilização dos educadores para
buscar uma educação crítica a serviço das transformações sociais, econômicas e
políticas, firmada no meio educacional utilizando na maioria das vezes a pedagogia
libertadora e a pedagogia crítico-social dos conteúdos.
Precisamente, é aí que esbarra a dimensão da função do supervisor na
educação contemporânea, onde tanto o especialista quanto os professores ainda
estão em reflexão das teorias para colocá-las em prática, e conseqüentemente
avaliar o redimensionamento dessas práticas dentro da construção coletiva do
projeto pedagógico da escola.
O supervisor escolar deve, portanto, ser habilitado e capacitado para
realizar suas atividades no interior da escola. Por esta razão, a proposta educacional
de uma escola que precisa promover os fins da educação dentro de seus princípios
básicos estando totalmente voltada para a inserção social da escola na comunidade
e da comunidade para a escola. Assim, a exigência de mudanças de atitudes do
professor para o desempenho satisfatório do papel do educador, em função das
transformações que se operam na sociedade advém da criação desses
conhecimentos, mediante as necessidades do momento.
1.3. LÍNGUA ORAL E ESCRITA
Ao longo dos anos, a pedagogia da leitura / escrita, dedicou-se
insistentemente a uma polemica inútil, sobre os métodos, isso porque, nas
metodologias tradicionais, estas habilidades não estavam sendo desenvolvidas de
forma consciente. E como bem ressalta Grossi:
A metodologia tradicional construiu em sua trajetória, seqüelas idealizadoras de progressão acumulativa, os famosos passos metodológicos, que vão do simples ao complexo, do fácil ao difícil com uma definição desses termos feita de fora, sem sequer duvidar que essas definições, possam não corresponder ao que é difícil para as crianças.(1990, p.20)
Nesse processo que envolve apreensão e construção da linguagem
devemos salientar dois tipos de linguagem; a oral e a escrita. A comunicação oral é
um sistema de signos históricos e sociais que possibilitam o homem significar o
mundo e realidade. Assim aprende-la é aprender não só as palavras, mas também
os seus significados culturais e com eles os modos pelos quais as pessoas do seu
meio social entendem e interpretam a realidade e a si mesma. Já a linguagem
escrita é a forma pelo meio da qual, utilizamos para transcrevermos a comunicação
oral através de palavras cujas regras ortográficas são seguidas.
Deve-se ressaltar que dentre as múltiplas linguagens que estão presentes
no contexto social da criança, o seu primeiro contato, é com a linguagem oral, por
meio da convivência com seus pais e família, onde a mesma presencia e ouve
freqüentemente, estes, utilizando a “fala” para se comunicarem. E é nesse contexto
ouvindo e interagindo com esses falantes que ela aprende a falar, fazendo uso
inicialmente do choro e dos gestos para entendido, tais como o movimento dos
braços, das mãos e das pernas, até chegar ao balbucio e a palavras fragmentadas.
Por este motivo podemos dizer que a língua está entre nós, determinando a
aquisição da linguagem, cuja qual se repete em cada ser.
Posteriormente a aquisição da linguagem oral, a criança adquire a
linguagem escrita, pois desde muito cedo, convivem também intensamente com a
mesma, seja através de anúncios, rótulos, jornais, revistas, livros, outdoors,
prateleiras de supermercado, enfim de uma grande variedade que se espalha pela
cidade, permeando no nosso dia-a-dia.
E é por meio dessa multiplicidade de tamanhos, cores e funções, que as
crianças aos poucos vão prestando atenção a escrita, ao mesmo passo inicia-se o
processo de apropriação desta, primeiramente através do desenho, logo após do
rabisco, que serão transformadas em garatujas1, depois em hipóteses alfabética e
finalmente e convencionalidade ortográfica e gramatical.
Os estudos de Maria Cócco e Antônio Haitler:
Mostram que as concepções da criança sobre a linguagem, ocorre em longo processo, em que as mesmas observam, estabelecendo relações, organizando e interiorizando conceitos, reelaborando, até chegar ao código alfabético usado pelo adulto. Da mesma forma que o ser humano nasce, passa pela adolescência, até atingir a idade adulta, a criança apresenta “frases” ou “níveis” de desenvolvimento quanto à construção do pensamento em relação à linguagem. (1996, p.36)
Portanto, o professor, bem como a família deve respeitar as fases de
desenvolvimento das crianças, procurando avaliar e acompanhar o ritmo individual
de cada um, proporcionando os mesmos subsídios para que essas tenham como
ponto de partida um processo alfabetizador, significativo, instigante e sem traumas.
Em estudos realizados por Ferreiro e Teberosky (1985), as crianças são
facilmente alfabetizáveis, desde que descubram, através de contextos sociais
funcionais, que a escrita é um objeto interessante que merece ser conhecido como
tantos outros objetos da realidade, as quais dedicam melhor esforços intelectuais.
Porém são os adultos que tem dificultado o processo, criando seqüelas
idealizadoras de progressão cumulativa, estimulado modos idealizados de falar, que
estariam ligados a escrita e construindo definições de fácil e difícil que nunca
levaram em conta de que maneira se define o fácil e o difícil para o sujeito principal
da aprendizagem; a criança.
Com isso muitas vezes a aquisição da leitura e da escrita, torna-se uma
experiência totalmente traumática, para muitas crianças, por se reduzir a técnicas e
treinos repetitivos, que não tem nenhum significado, e que conseqüentemente não
despertam o interesse e a curiosidade e o gosto, bem como o prazer de querer
aprender. Então é importante incentivar as crianças e principalmente fazer com que
1 Desenho mal feito, rabisco – MINIDICIONÁRIO, Aurélio, (1993, p. 304)
elas se sintam despertadas e desafiadas a aprenderem, para tanto é preciso
oferecer um ambiente caracterizado pela leitura, com uma diversidade muito grande
de textos, tanto na escola como também em casa, onde eles possam ter esse
contato constantemente, desde o seu nascimento.
Contudo, pode-se dizer que a leitura e escrita se completam, se
complementam e vão muito além da linguagem oral, já que estas representam o
registro do pensamento humano, através de signos e normas criadas por este
pensamento, e assim a escrita só tem sentido se houver leitor e só se lê se houver
algum registro, onde um não existe sem o outro. Pois ler só se aprende lendo, e
escrever só se aprende lendo e escrevendo.
1.4. ESCOLA X LINGUAGEM X EDUCAÇÃO
A escola por muito tempo foi considerada pela sociedade como um
espaço especifico, o qual era reservado unicamente para a transmissão do
conhecimento, que a mesma julgava ser importante para as novas gerações. Porém
este paradigma começa a se modificar nos anos 90, com o surgimento de debates
sobre a educação que traz como centro da questão o sentido de uma reflexão sobre
a nova função política e social da escola na formação da cidadania.
Pois, estudos realizados constataram que há uma estreita articulação
entre as relações de convivência social instituídas pela escola e a cidadania. Já que
é no exercício da vivencia entre os seres diferentes que se aprendem normas, sem
as quais a sociedade não viveria.
Entretanto não é apenas para convivência social e para a socialização
que existe a escola, ela surge também como já foi mencionado, para transmitir de
fora sistematizada, a linguagem e o saber acumulado pela humanidade. Sendo
também por meio dela, juntamente com a comunidade e especificamente a família,
que a criança recebe educação e instrução formal.
De acordo com os PCN’s:
O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vistas, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. Assim a democratização social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos necessário para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos. PCN’s (1997, p. 23)
Convém enfatizar, que a promoção a uma educação igualitária, onde não
haja distinções, gratuita e de qualidade é um direito de toda e qualquer pessoa,
direito esse garantido através da constituição vigente. Considerado que a instituição
escolar é o local encarregado para que ocorra tal promoção, não podemos admitir
que a mesma incorpore em sua prática, comportamento preconceituoso em relação
a variedade lingüística dos alunos. No entanto o que na verdade acontece, é que a
escola como espelho da sociedade não admite o diferente e prefere adotar só as
noções de certo ou errado, numa falsa visão da realidade. E assim rotulam os
alunos; de inteligente e culto, apenas aqueles que conseguem falar o dialeto –
padrão, e aqueles que falam outros dialetos, são considerados como ignorantes e
incapazes.
Dessa forma Cagliari afirma que
A escola é um labirinto, cuja saída cada um deve descobrir por si para merecer ser contemplado com a prova do saber. Ressalta ainda, que a escola diz que quer ensinar, mas no final das contas, percebe-se que ela ensina de maneira muito estranha, e esconde mais do que mostra, cobra de seus alunos um conhecimento pleno, como se eles fossem obrigados a tê-lo, sem ela ministrá-lo e sem eles poderem perguntar. (1994, p. 27)
Com isso, percebe-se que as escolas cobram dos alunos na maioria das
vezes, conhecimentos, que não foram ensinados. Da mesma forma, como propagam
políticas “errôneas”, quando dizem querer ensinar sem distinções, quando na
verdade, sabemos que a realidade é outra, existe uma dualidade no ensino que é
camuflada em meio e tantas desigualdades culturais e sociais.
Sendo assim a escola deve e precisa aceitar a variedade lingüística dos
seus discutir, procurando modificar toda a sua visão de valores educacionais. Pois
só assim os educadores sentirão apoiados e terão segurança para aprender a
linguagem padrão, a qual envolve a apreensão adequada da leitura e da escrita.
Para Ferreira (1996) o aprendizado da língua oral e escrita é entendido da
seguinte maneira:
Na aprendizagem da língua oral, os adultos que rodeiam a criança manifestam entusiasmo quando ela faz suas primeiras tentativas para comunicar-se oralmente. Todos tentam compreender o que a criança disse supondo que quis dizer algo, e dão feedback lingüístico ao responder as suas perguntas parafraseando, quando parece necessário. No caso da língua escrita, o comportamento da comunidade escolar é marcadamente oposto. Quando a criança faz suas primeiras tentativas para escrever é desqualificada de imediato porque “faz garatujas”. “Ninguém tenta retraduzir o que a criança escreveu, porque lhe nega o direito de aproximar-se da escrita por um caminho diferente do indicado pelo método escolhido pelo professor”. Manguel (1997) defende o uso das leituras nas sociedades, enfatizando que diz que em todas as sociedades letradas, aprender a ler tem algo de iniciação, de passagem ritualizada para fora de um estado de dependência e comunicação rudimentar. (1996, p.28)
A criança, aprendendo a ler, é admitida na memória comunal por meio de
livros, familiarizando-se assim com um passado comum que ela renova em maior ou
menor grau a cada leitura. Ferreira e Palácio (1987), alerta para o fato de que a
ajuda que podemos dar a um aprendiz que está tendo dificuldades para se apropriar
da escrita não deve se aproveitar a seqüência de níveis para ensiná-lo, e sim,
compreender o nível em que se encontra e, a partir daí, fazer intervenções que o
levem a transpor aquele de aquisição. Lúria (1986) mostra que a linguagem escrita
foi inventada para que pudéssemos estender nossa memória, que possui uma
capacidade limitada de armazenamento, e fazer historia através dos registros. Fala
também, da imitação do gesto de ler e escrever e mostra como crianças muito
pequenas são capazes de grafar sinais para memorizarem muitas frases faladas em
seguida. Para Vigotsky;
Existe uma relação indissociável entre pensamento e linguagem: “a relação pensamento e linguagem é um processo, um movimento contínuo de vai-e-vem do pensamento para a palavra e vice-versa. O pensamento passa por muitas transformações até transformar-se em fala. Não é só a expressão que ele encontra na fala, encontra a sua realidade e a sua forma.(1993, p.52)
O escritor Cagliari (1990) defende que de sua forma o professor estará
mais livre para selecionar os métodos, as técnicas; buscará rumos e o ritmo que
considera mais adequados a sua turma, colorando sua sensibilidade acima de
qualquer modelo preestabelecido. A teoria sugere uma prática, mas não especifica o
que se deve fazer a cada instante.
Ainda que a escola, há séculos tenha se tornado o lugar privilegiado para
adquirir e praticar o ato de ler e conseqüentemente escrever, sabemos que a prática
desenvolvida nessa instituição está longe de corresponder às reais capacidades do
aluno e às exigências da escola moderna. Parece que a escola não percebeu o
significado que devem ter leitura e escrita para o cidadão hoje. Há uma distancia
considerável entre o saber que a escola passa e o saber fazer que a sociedade
exija. Enquanto a escola prioriza a copia, a reprodução, os novos tempos dão
primazia á capacidade crítica, à produção autônoma. Para Cagliari (1995, p. 148) ”a
leitura é uma herança maior do que qualquer diploma, processo descoberto como
fuga do saber cientifico”.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s
Cabe a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzir-los e interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade. Um exemplo: nas aulas de Língua Portuguesa, não se ensina a trabalhar com textos expositivos como os das áreas de História, geografia ciências Naturais; e nessas aulas também não, pois considera-se que trabalhar com textos é uma atividade especifica da área de Língua Portuguesa. (1997, vol. 2, p. 20)
Dessa forma, a escola tem um papel inquestionável naquilo que diz
respeito ao universo que apresenta e socializa aos alunos. Esta relevância precisa
ser entendida por todos que formam o colegiado e em especial pelo supervisor que
mantém, ou deveria manter, diálogo constante com os professores enfocando a
importância dos textos na vida social de cada aluno.
Capítulo II
A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM FACE DA AQUISIÇÃO DA
LEITURA E DA ESCRITA
Encontrar meios e novas saídas para reformular ou se não melhorar a
prática pedagógica em face da aquisição da leitura e da escrita é sem duvida uma
necessidade importante para todos aqueles que desejam melhorar a qualidade de
ensino. Porém, o ponto de partida para tanto, deve buscar insistentemente o
relacionamento de teorias que conduzam de um modo competente, a uma prática
pedagógica que restaure o verdadeiro conceito de ler e escrever. Mas para isso é
fundamental que o professor, assuma uma nova postura diante desse novo modelo
de ensino, onde o mesmo deve deixar de ser o saber, e passe a assumir a função
de mediador, entre o sujeito que aprende e o objeto de conhecimento.
Essas práticas devem na verdade, estarem voltadas para suprir as
necessidades desses sujeitos aprendiz, bem como devem estar vinculados à
atividades que façam de fato parte do seu cotidiano não só dentro da escola, como
especialmente fora dela. Para que assim este seja instigado não só a sentir a
necessidade, como também o prazer em adquirir o manejo das mesmas.
Porém ser um educador que incorpore em sua prática tal postura
mencionada acima exige deste uma ampla qualificação tanto teórico, no que diz
respeito ao (acumulo de cursos, de conhecimentos e de técnicas) quanto uma
capacitação prática (fruto de sua própria experiência ou de colegas), além da
facilidade de saber transformar os conhecimentos teóricos em prática, o qual se
considera o mais difícil, mas não impossível.
Conforme Cagliari :
O desafio é justamente, como trabalhar esse conhecimento do ponto de vista teórico e conceitua, ou seja, levar o professor a refletir sobre a reflexão-na-açao, onde o professor competente seria aquele que ministra, é capaz de estabelecer uma análise reflexiva de atuação. Portanto os programas de formação de professores devem procurar dar conta deste
problema: subsidiar o professor para que ele possa ser um prático reflexivo, autônomo e comprometido com sua prática educativa. (1994, p.14)
De acordo com o posicionamento acima, pode-se dizer que os cursos de
formação devem fazer com os professores estejam analisando sua prática, para que
este possa verificar onde estão suas falhas e conseqüentemente descobrir meios
para “como e quando” consertar ou pelo menos tais falhas. E assim o professor
estará dando o primeiro passo para encontrar uma estratégia adequada para uma
prática educativa reflexiva e consciente.
Fica assim evidente que o profissional moderno deve acompanhar o
processo rápido de mudança, tendo em vista que o mundo está em constante
transformação impulsionada pela evolução tecnológica que trouxe grandes
inovações, tanto no meio de produção quanto nas relações interpessoais. Essas
inovações acabam por exigir cada vez mais da formação profissional. Por essa
razão questionar a docência é uma tarefa difícil, mas também importante, tendo em
vista que o professor tem papel fundamental na formação do aprendente. Daí a
necessidade de haver esse comprometimento, por parte dos educadores. Para tanto
a escola é fundamental no desenvolvimento da linguagem escrita e na formação de
leitores.
As práticas pedagógicas enfatizam que o trabalho com a escrita é
favorável para melhor desempenho da linguagem oral os quais serão fundamentais
no processo de alfabetização. E assim Cunha (1983) afirma que “para que o
processo de alfabetização seja iniciado é necessária uma linguagem verbal
adequada, que futuramente, dê condições à comunidade e a fixação de conceitos“.
Ressalta ainda que:
O enriquecimento de vocabulário é indispensável a uma forma de expressão mais eficiente. A ampliação de vocabulário alimenta também a imaginação e possibilita uma melhor conceituação [...] A pronunciação correta das palavras é importante não só para possibilitar a alfabetização, mas pra também um bom desempenho social da linguagem. (1983, p.2)
Conforme o posicionamento de Cunha Castro percebe-se a importância
de termos professores (principalmente os que trabalham com criança de
alfabetização) realmente qualificados. Pois, como se sabe a alfabetização é a base,
e por este motivo precisa ser bem desenvolvida, (desde a parte da oralidade, como
da escrita e da pronuncia das palavras). E este último aspecto é essencial, já que
através de uma pronuncia correta das palavras, que a criança terá uma maior
facilidade para escrevê-la, bem como lhe Dara oportunidade para um melhor
desempenho da sua oralidade fornecendo ao mesmo tempo subsídios para que esta
criança se torne um adulto o qual tenha facilidade em se expressar socialmente.
Similar a tal pensamento, está o posicionamento de Vygotsky enfatizando
que:
A linguagem oral é um primeiro momento, o canal / elo de ligação entre a linguagem escrita e aquilo que ela pretende representar e, portanto, é pela própria linguagem oral que se da internacionalização de aspectos da aprendizagem da escrita. A linguagem oral passa a ser como substrato para a construção da linguagem escrita, que mais tarde ganha autonomia como um sistema simbólico de primeira ordem, autônomo, podendo operar por se mesmo. A linguagem escrita ao ser internalizada, bem como a linguagem oral, transforma-se para construir o funcionamento interno. (1994, p. 68)
Diante de tal posicionamento nota-se que, a linguagem oral, representa
na verdade um intercâmbio entre linguagem escrita propriamente dita e o que esta
pretende representar. Onde tanto as aquisições da linguagem oral, como da escrita
devem estar interligados. Pois, só assim o aprendente conseguirá se desenvolver
plenamente tanto, no que diz respeito à leitura quanto à escrita.
Contudo, percebe-se uma grande necessidade de ser incorporada nas
escolas uma prática que seja realmente eficaz para desenvolver nos alunos o gosto
pela escrita, de uma forma bem mais satisfatória, onde estes possam aprender de
uma forma menos mecanizada possível. Que estes sejam submetidos a exercícios
repetitivos retirados de Cortilhos que só fazem com que os mesmos se
desinteressem e acabe achando cansativo, enfadonho a apreensão dessas
habilidades. Habilidades essas que devem ser na verdade considerada pelas
crianças como uma descoberta fascinante e maravilhosa.
2.1. PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS COM A LEITURA E A ESCRITA NA
ESCOLA
A leitura e a escrita são atividades que englobam um grande numero de
conhecimentos, habilidades, técnicas, valores, usos sociais e funções: por estes
motivos não podem ser desligados de seus usos, os quais são necessários na vida
em sociedade. Entretanto nas escolas, geralmente acaba acontecendo o contrario
do que era para acontecer. Essas atividades, na maioria das vezes não são
relacionadas ausos sociais, portanto sem significado para as crianças, o que faz
com que a leitura e a escrita sejam vistas pelos alunos como algo mecânico e chato
e sem grande utilidade fora da escola, gerando assim um grande equivoco, que faz
com que as crianças se tornem adultos que gostam de ler e nem tão pouco
escrever.
Sendo assim as primeiras experiências com a leitura e a escrita na
escola, as quais deveriam ser uma descoberta fantástica, acaba muitas vezes
tornando um momento traumático que deixara seqüelas, que farão essas crianças
sentirem dificuldades por um longo período de suas vidas ou até mesmo pela vida
inteira.
Algum tempo atrás o fato da pessoa saber assinar o seu próprio nome, já
fazia com que este fosse considerado alfabetizado, o qual tinha, portanto o domínio
da leitura e da escrita. Hoje após muitos estudos realizados, sabe-se que só este
simples aspecto, não o torna um ser alfabetizado, porque a alfabetização envolve
conhecimentos que vão desde a decifração do código, quando a transcrição e a
interpretação não só da leitura como da própria escrita, conhecimentos estes que
estão muito além da simples decodificação de um nome. Por este motivo, muitas
vezes distinguir um ser alfabetizado se torna muito complexo, pois, como sabe-se
existe um grande numero de pessoas que chegam aos bancos universitários, sendo
um analfabeto funcional, o qual sabe até ler e escrever. Porém, não sabe interpretar
ou muitas vezes tem uma dificuldade enorme em redigir um texto. Mostrando assim
déficits que não foram devidamente somados e aprendidos na educação básica.
Com isso o processo da leitura e da escrita vem sendo ao longo dos anos
trabalhada de forma artificial, praticada por meio de textos fabricados para fazer ler,
enquanto na verdade deveria ser uma atividade de caráter social, onde o leitor /
escritor soubesse o porquê precisa saber ler e escrever.
E como ressalta Anne Marier Chatier:
”[...] A leitura escolar é indubitavelmente arcaicas, vinculo de representações do mundo que estão ultrapassadas enquanto a leitura social se aprende a atualidade, à realidade motriz do mundo contemporâneo”. (1994, p. 155)
Baseado no posicionamento d a autora percebe-se que a leitura escolar e
conseqüentemente, a prática da escrita, são atividades repetitivos, impostos, onde
tem como ponto de partida textos imutáveis, sem sentido e tradicional. Ao contrario
da leitura social que estão relacionados a satisfazer o prazer pessoal. Por este
motivo é comum encontrarmos pessoas que adoram ler livros e escrever, e ao
mesmo tempo não gostam dessas mesmas atividades se estiverem relacionadas
com a escola.
Entretanto as autoras citadas acima salientam a importância da distinção
entre a leitura e a escrita, pois nota-se o domínio da leitura e da escrita, muitas
vezes é falada como se tratasse das mesmas habilidades, deixando de lado as
distinções e especificidades entre cada uma, e muitas vezes são tão expressivas
que uma mesma pessoa pode ser um leitor fluente, no entanto ser um mau escritor.
Por este motivo elas fazem uma distinção entre o que é ler e o que é escrever.
Dessa forma, afirma que:
Ler é um conjunto de habilidades que vai desde decodificar palavras escritas até a capacidade de compreender textos escritos [...] enquanto que escrever engloba desde a habilidade de traduzir grafemas até a habilidade cognitiva e meta - cognitiva, inclui habilidade motoras, ortografia uso de pontuação [...] (1986, p.48)
Nota-se assim, que tanto a habilidade da leitura, quanto da escrita, ambas
tem suas especificidades que faz com que estas sejam diferenciadas, ao ponto de
ter pessoas que tem um completo fascínio por uma e, no entanto detesta a outra.
Porém é papel do professor, juntamente com a família fazerem com que a leitura e a
escrita sejam estimuladas de forma prazerosa, o quanto antes, para que esta
criança não tenha dificuldade, nem tão pouca preferência, por uma só, mas sim que
goste dessas práticas por iguais. Visto que, são atividades que devem estar
interligadas, devendo caminhar lado-a-lado e serem desenvolvidas com a mesma
intensidade.
A escola deve ser o espaço no qual essas habilidades sejam oferecidas
às crianças, sempre mediados pelo professor, de forma atrativa, prazerosa,
induzindo o aprendente a fazer diversas leituras como: poemas, ficção, receitas,
historias em quadrinhos, contos, par lendas dentre outras. Tendo o cuidado de não
tornar essa prática um significado apresentando um caráter obrigatório, através do
qual a criança a veja como punição por algo que deixou de realizar em certo
momento do seu dia-a-dia. Porém como ressalta Martins, afirma que:
Ao invés de levarmos a criança ou jovem ao livro em sua relação com as outras linguagens, parece que é o livro que se transforma e se apequena para ir ao encontro deles. Tudo “tem” que ser simplificado, adequado. Criam-se leituras especificas: a da criança, a do jovem e, agora a do professor que se apequena também. Trabalha-se com Ada leitura da escola e não com a leitura na escola. (MARTINS, 1994, p. 75)
É notório que tal procedimento desrespeita tanto o aluno leitor como o
leitor em geral, os quais são de forma antecipada, acreditando que estes sejam
incapazes de captar a leitura dos livros. E assim os livros são simplificados e
adaptados com a intenção de facilitar a aprendizagem e adequar ao nível que julgam
ser necessários, mas que nem sempre condiz com a realidade, pois percebe-se que
cada pessoa tem um nível especifico de aprendizagem. Portanto, não pode haver
essa simplificação generalizada dos livros. Por este motivo pode-se dizer que
trabalho desenvolvido no sentido de formar leitores / escritores, exige e requer uma
avaliação complexa, plural e acima de tudo a longo prazo.
Finalmente pode-se perceber que a leitura e a escrita, nem sempre são
atividades fáceis de serem aprendidas, e que vai exigir tanto do professor quanto do
aluno um maior comprometimento. Já que não basta apenas alfabetizar, mas sim
formar leitores / escritores efetivos. Alcançar tal objetivo depende sem duvida de
logo no inicio ser oferecido às crianças tanto na escola (principalmente), como
também em caso de experiências enriquecidas.
2.2. AS DIFICULDADES MAIS COMUNS, ENCONTRADAS NO
DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA
Se dentro da escola, não tivermos estudantes vivenciando oportunidades
sistemáticas de leitura e escrita, ocorrera o risco de termos um ensino reprodutivo. O
qual tem sido uma prática cada vez mais rejeitada. E essas atividades de leitura e de
escrita, acabam se transformando em um ritual burocrático, no qual o estudante ler
sem poder discutir, Le sem compreender, responde questionários mecanicamente e
escreve textos buscando simplesmente concordar com o professor ou professora.
Porém, o que se deseja hoje, é que estudantes, e também professores,
possam transformar-se em leitores e produtores de textos, onde estes sejam
capazes de produzir a sua escrita e conseqüentemente a sua comunicação no
mundo, esses são certamente o ponto de partida para qualquer possibilidade de
mudança das práticas tradicionais e repetitivas de leitura e de escrita. Ler e
escrever, portanto, implica transformar as práticas e os espaços escolares, o que
nos leva a uma reflexão sobre a relação como desenvolvimento da leitura e da
escrita na sala de aula.
Um fator importante que cada dificultando a aquisição da leitura e da
escrita é a falta de acesso a diversidade de textos que aliados a falta de liberdade
que os alunos não têm para escolher os livros que realmente querem ler, acabam
impedindo uma possibilidade maior de apreensão e ampliação do conhecimento.
Para Zilberman (2003, p. 16):
A sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto pela leitura e pela escrita, assim como um campo importante para o intercâmbio da cultura literária,não podendo ser ignorada muito menos desmentida sua utilidade. Por isso o educador deve adotar uma postura criativa que estimule o desenvolvimento integral da criança.
Assim o educador preocupado coma formação do gasto pelo
desenvolvimento de tais habilidades, deve reservar espaços em que proponha
atividades novas sem o compromisso de impor leituras e avaliar o educando. Sabe-
se que as leituras e automaticamente a escrita fazem parte de um dos meios de
inserção no mundo e da satisfação de necessidades do ser humano. no entanto,
muitos professores descobrem a importância da leitura / escrita e da literatura mais
especificamente, por ignorar seu valor ou por falta de informação. A prática
educativa com a literatura nas series iniciais do ensino fundamental quase sempre
se resume em textos repetitivos, seguidos por copias e exercícios dirigidos e
mecânicos, onde o espaço para a reflexão e comparação raramente encontra lugar,
o que de fato, não deveria mais acontecer, pois como é do conhecimento de todos,
não se pode referir a leitura como um ato mecanizado e sem a preocupação de
atribuir significados.
No âmbito desta abordagem os PCn’s ressalta que;
A leitura na escola tem sido fundamental, um objeto de ensino. Para que possa contribuir também objeto de aprendizagem, é necessário que faça sentido para o aluno, isto é, a atividade de leitura deve responder do ponto de vista, a objetivos de realizações imediatas. Como se trata de uma prática social, complexa, se a escola pretende transformar a leitura em um objeto de aprendizagem, deve preservar sua natureza e complexidade, sem descaracterizá-la. Isso significa trabalhar com as diversidades que caracterizam a leitura. PCn’s (1998, p. 54)
De acordo com o posicionamento descrito acima, fica evidente que para
aprender a ler e escrever é preciso interagir com uma variedade de textos escritos e
participar de fato atos de leitura. É importante que a criança receba incentivo e ajuda
de leitores experientes para ampliar os seus objetivos e interesses.
Cagliari comenta que:
A escrita seja qual for, tem como objetivo primeiro permitir a leitura. a leitura é uma interpretação da escrita, que consiste em traduzir os símbolos escritos em fala. Alguns tipos de escrita se preocupam com a expressão oral e outros apenas com a transmissão de significados específicos, que devem ser decifrados por quem é habilitado. (CAGLIARI,1993, p. 103),
Observa-se então, que a escrita é uma ferramenta provida da leitura, já
que esta é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo através do
significado do texto. Portanto a escrita é uma ferramenta necessário e imprescindível
para a evolução do conhecimento e comunicação com o mundo, daí a necessidade
de haver esse constante aperfeiçoamento. O processo de desenvolvimento da
escrita não resulta de uma simples copia realizada de forma mecânica e tradicional,
mas é um processo de construção pessoal. Portanto, entende-se que a evolução da
escrita alfabética acontecera de forma processual, onde a criança passara por
diferentes etapas até chegar ao domínio satisfatório da própria língua. Durante o
desenvolvimento construtivo da leitura e da escrita, a criança passa por fase de
grande significação no seu processo de desenvolvimento cognitivo.
Diante do exposto, percebe-se a complexidade frente a essa problemática
que envolve o problema da leitura, nas series iniciais, abrange fatores, onde se
misturam e acabam dificultando e até mesmo impedindo um maior desenvolvimento,
no ensino, o qual deve ter inicio não apenas com a inovação de método, mas a
permanência de medidas que devem ser tomadas com firmeza, competência e
conhecimento fundamentado, aliados a um aperfeiçoamento constante, por parte do
professor, devendo haver também um investimento permanente em recursos, e
todas essas medidas devem ser freqüentemente realizadas para suprir os efeitos
desejados.
2.3. CONDIÇÕES FAVORÁVEIS PARA A AQUISIÇÃO DA LEITURA E
DA ESCRITA
Muitos tem se divertido sobre o que realmente dificulta a aquisição da
leitura e da escrita e muitos, tem sido os fatores apontados como causadores de tal
problema. Dentre estes fatores, o uso da cartilha, aliada a uma metodologia tem sido
bastante apontada e bastante questionada entre educadores, que na sua grande
maioria atribuem à cartilha a única responsável pelo fracasso da alfabetização e há
uma posição bastante forte entre os mesmos em afirmar que a solução; é abolir a
cartilha. Porém não pode responsabilizar apenas as “cartilhas” por tal fracasso,
deve-se primeiramente examinar o espaço mais amplo da escola e do sistema de
ensino onde acontece esse processo. Pois na precariedade do nosso ensino, a idéia
de retirar as cartilhas das mãos do professor, substituindo-as por outras práticas e
outros métodos não apresentado soluções eficazes.
Portanto, não basta apenas querer que os professores, passem uma
borracha e mudem sua prática pedagógica, sem nenhuma reflexão nem tão pouco
orientação, e se tornem como em um “passe de mágica”, construtivistas.
Para tanto, é necessário uma análise reflexiva bem ampla, onde seja
revisto todo o sistema educacional e conseqüentemente todos os envolvidos nesse
processo. Onde estes possam estar não só inteirados e atualizados com as
modalidades inovadoras de ensino, como também sejam orientados, fundamentados
e capacitados que seja capaz de se tornar um professor / leitor / mediador.
Pois como salienta MARTINS:
O professor / leitor / mediador é aquele que indica [...] textos que são significativos para se mesmo e que acha que poderão sê-lo, também para o aluno. Por isso, o professor mediador é o que lê antes, cercando o texto em suas possíveis leitura e na verbalização das impressões, criarem condições para que o aluno possa desenvolver sua sensibilidade para perceber e desvelar o mundo dos textos em sua diversidade e pluralidade. (MARTINS, 1994, p. 79)
Nesse sentido percebemos que, inserir a criança no mundo letrado é
permitir que ela seja construtora do seu próprio conhecimento, tendo em vista sua
forma de conhecer e compreender o mundo que o cerca. Compreendermos que, a
escrita é uma linguagem representada, onde as palavras sobrevivem a todo tempo
guardadas pela memória da humanidade e transmite por meio de ensinamentos
valiosos, todo o seu potencial através do processo ensino-aprendizagem.
A aquisição da leitura e da escrita, como já é de conhecimento, deve
ocorrer sem traumas e medos. Para isso é preciso intervir de forma a despertar na
criança querer e compreender seu significado. O professor precisa oferecer à
criança a possibilidade de compreender a linguagem escrita como um instrumento
de comunicação e um objeto de conhecimento. Caso isto não ocorra, a escrita torna-
se um elemento cuja validade fica restrita ao meio ambiente escolar, porque serve
somente para “aprender”, para receber uma boa nota ou para passar e ano. Portanto
a aquisição da linguagem escrita é objetivada principalmente como forma de
interação, manifestada por meio de diversos usos sociais construídos no seu
contexto e na sua cultura. No processo de ensino-aprendizagem da leitura e da
escrita aprender sobre as funções desta é tão importante quanto aprender suas
formas. Goordamn (1995, p. 37) afirma que “as práticas escolares muitas vezes
apresentam a escrita como um objeto de contemplação, ou seja, é permitido às
crianças olhar e reproduzir, não sendo possível experimentá-la ou transformá-la”.
Dessa forma, a escrita é um objeto de propriedade de outrem e não pode pertencer
às crianças. É um objeto que não pode ser transformado, alterado ou recriado por
meio de intercâmbios sociais.
Nessa perspectiva é necessário que se tenha uma clareza de que a
intervenção do professor na aprendizagem de leitura e da escrita é de grande
importância, este deve “[...] ensinar às crianças a linguagem escrita e na o apenas a
escrita das letras. (Vygotsky, 1991, p. 134), para ter significado e torna-se uma
necessidade ou mesmo uma tarefa que possam incorporar a vida.
Dessa forma a escrita deixa de ser uma habilidade motora para tornar-se
uma forma nova e complexa de linguagem. É considerado que estas habilidades têm
funções culturais, exigem assim uma mediação de alguém que domine este sistema
se signos e símbolos pertencentes ao sistema alfabético. Tal mediação deve ocorrer
de forma construtiva tanto para o educador quanto principalmente para o educando,
já que ensinar não é mais apenas transmitir informações a um ouvinte. É, no entanto
ajudá-lo a transformar suas idéias, mas para isso é preciso conhecê-lo, escutá-lo
atentamente, compreender seu ponto de vista, ajudando-o assim a avançar nesse
processo de aprendizagem.
Diante do que foi exposto, percebe-se que para a leitura e a escrita se
tornarem mais prazerosa e significativa é preciso que o professor tenha a
preocupação de permitir as crianças o aceso a atos funcionais e significativos da
leitura e da escrita, e que acima de tudo despertem o desejo de se apropriarem da
língua padrão, em todos os seus usos e complexidade. E é nessa interação com o
uso social da língua escrita, que provocara no aprendiz a compreensão da escrita
como sistema de representação.
Sendo assim pode-se deduzir que encontrar métodos ou uma formula que
se aplique como uma “receita pronta e acabada”, pois como já foi relatado cada
aluno tem seu nível de aprendizagem e suas especificidades, o que os torna seres
diferenciados, fato esse que faz com que receitas prontas sejam inviáveis em tal
processo. Põem, ao fornecer aos alunos as condições mencionadas acima, para que
estes se desenvolvam, pode ser certamente o primeiro passo para que os mesmos
adquiram de forma mais rápida o domínio da leitura e da escrita.
CAPITULO III
A LEITURA E A ESCRITA COMO MEIOS
TRANSFORMADORES DAS RELAÇÕES E PRÁTICAS
SOCIAIS NO 1° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
ESCOLA ORLANDO CARVALHO NA CIDADE DE OEIRAS
Este capítulo terá como base o estudo de caso referente a aquisição da
linguagem como fator histórico e social, e tem a finalidade de mostrar de forma clara
e precisa, resultados adquiridos através de uma pesquisa de campo, realizada na
Unidade Escolar Orlando Carvalho, buscando investigar e coletar dados sobre a
prática da leitura e da escrita como meios transformadores das relações e práticas
sociais, além de um estudo sobre o que dificulta a apreensão da leitura no processo
de alfabetização, analisando como acontece esse procedimento e qual a
metodologia mais adequada, já que somos conhecedores de que existe uma grande
parte de alunos que chega a 4° série do ensino fundamental sem saber ler e
escreve, seja porque são crianças oriundas de ambientes não leiturizados, seja
porque ao chegar à escola eles encontram dificuldades em assimilar esses novos
conhecimentos, por serem tratados como alunos passivos e sem nenhum
conhecimento prévio.
A referida instituição de ensino está localizada na Rua Getulio Vargas,
292, no bairro Floriano Peixoto, na cidade de Oeiras Piauí, a qual atende as
modalidadade de ensino fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos e
funciona em três turnos: manhã, tarde e noite.
Para início, enfatizamos que as várias concepções que hoje se propagam
não devem ser visto como verdade absoluta, pois sabe-se que a criança ao
ingressar na escola, já traz consigo conhecimentos adquiridos em seu meio e que
estes conhecimentos devem ser valorizados no que dizem respeito ao processo de
assimilação da leitura e da escrita.
Entretanto definir o melhor caminho ainda é um desafio bastante
complexo, que consiste em rever as metodologias, adequando-as a própria
realidade, buscando ao mesmo tempo conviver com a angústia de reconhecer aquilo
que ainda não se sabe, aceitando os erros como construtivos e o novo sem
preconceito, não abandonando os acertos já conquistados.
Sendo assim o ponto de partida é respeitar o conhecimento que o aluno já
possui quando se inicia na vida escolar. Pois só assim o ato de ler e escrever fará
algum sentido para a criança porque a escola não é um mundo á parte, isolado do
grupo cultural a que o aluno pertence. Neste sentido, é descobrindo o encontro das
palavras que o ser humano socializa-se tornando-se um ser global, simbólico, social,
um cidadão inserido na civilização moderna, com o domínio dos símbolos da
comunicação humana. Por este motivo a leitura e a escrita são atividades essenciais
para o nosso desenvolvimento humano.
É sabido que a linguagem é uma forma, por meio da qual o homem
resgata o mundo externo no seu universo interno. E a ação de registrar tem por
objetivo exercitar diferentes possibilidades de marcar a aprendizagem por meio da
criação. Sendo assim a leitura e a escrita são práticas, que devem ser desenvolvidas
com coerência e competência uma vez que ela deve resultar na transmissão de um
conhecimento a outra de algo que uma já tem e a outra não. É, pois, a divisão do
que se sabe com quem não sabe uma divisão em que nada se perde, mas se
multiplica.
Por esta razão é preciso que se perceba a escola enquanto instituição
formadora de valores e ajustamento social; um órgão que busca incessantemente à
dinâmica societária, estabelecendo associação com aspectos da cidadania,
buscando priorizar as dimensões humanísticas.
Neste cenário, a escola Estadual Orlando Carvalho, lança-se ao desafio
de desenvolver uma prática educativa que considere os interesses e as motivações
dos alunos, procurando proporcionar aprendizagens essenciais para a formação de
cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de transformar a realidade,
vivenciada pelos mesmos.
Diante dessa perspectiva, a escola utiliza a prática pedagógica de
projetos, onde os professores selecionam um tema, a partir das necessidades e
dificuldades dos alunos, e assim o ensino ocorre de forma gradativa, baseado em
uma proposta construtiva, no qual o aluno é o construtor do seu conhecimento.
Contudo, há também uma mesclassem do tradicional, pois os profissionais da escola
ressaltam que este método não pode ser completamente abandonado, já que em
alguns momentos é necessário utilizá-lo.
A proposta pedagógica, da instituição de ensino, contempla uma prática
que desenvolve dentre outros eixos, o hábito e o gosto pela leitura, por estarem
convictos de que é a leitura que vai favorecer o progresso contínuo das crianças e o
quanto mais cedo, esta for incentivada melhor, pois as crianças nessa fase
encontram-se motivadas e abertas para novas descobertas e para novos horizontes,
e uma boa alfabetização é na verdade a base, a qual deve ser bem sólida, para um
bom êxito no futuro.
Dessa forma a escola, procura alcançar esse objetivo, trabalhando com a
diversidade de textos e leituras complementares em livros, revistas, jornais e
receitas, etc., ou seja, textos significativos, buscando dessa forma estratégias que
possam despertar nos alunos o gosto pela leitura e conseqüentemente pela escrita.
No que se referem aos princípios do construtivismo, os alunos se
alfabetizam participando de práticas sociais da leitura e da escrita, cuja referência de
textos para eles não é mais uma cartilha, com frases soltas e sem sentido. E nesse
processo as crianças aprendem a ler e a escrever, mesmo que ainda não tenham
esse completo domínio. Cabe, portanto, ao professor organizar atividades que
favoreçam a reflexão, sobre a escrita, pois é pensando que ele aprende. E como
afirma Emilia Ferreiro (1996): “o processo de alfabetização não é um estado ao qual
se chega, mas algo contínuo, o qual de vê ter inicio bem cedo e não termina nunca”.
Segundo Aroeira:
A percepção do indivíduo sobre a importância do ato de ler fica mais clara quando ele percebe que um texto existe na medida EM que se constitui ponto de encontro entre dois sujeitos, o que escreve e o que lê, escritor e leitor. AROEIRA (2006,p.63)
Com base na aferição acima, pode-se entender que é de grande
importância que o professor tenha de que criar condições de leitura não significa
apenas ler o dar lugar aos livros, mas sim dialogar com o aluno sobre a leitura, ou
seja, sobre o sentido que ele dá às várias formas em que o texto se apresenta e que
o próprio professor passe a ler junto com ele fazendo trocas, indagando,
questionando trazendo novos elementos, pois sua função seria não
necessariamente a de ensinar, mas de criar condições para o aluno realizar sua
própria leitura, conforme seus interesses, necessidades, fantasias, segundo as
duvidas e situações que a realidade lhe oferece.
Estas considerações são importantes porque a leitura é fonte de
conhecimento, informação, imaginação e criatividade. O professor só conseguirá
estimular a leitura e formar novas leituras se estiverem convictos das vantagens de
ler e adequar suas práticas às suas atividades diárias de sala de aula, Isto é, ser
também um leitor.
Sabe-se que as atividades de leitura realizadas em sala de aula, não
podem ser trabalhadas de forma imposta e enfadonha, devem proporcionar ao aluno
a condição de bom leitor, capaz de analisar o texto lido e compreender as idéias, e
de identificar no ler os elementos básicos e os efeitos do sentido que buscam
envolver o leitor. Na escola essa prática deve acontecer com a diversidade de textos
e o professor deve utilizar metodologias que busquem motivar o aluno para o
exercício desta prática.
Para Cunha:
Ao ler uma historia, o professor pode utilizar atividades de apreciação de ilustração de florestas castelos, animações e pessoas que aparecem em diferentes histórias, convidando os alunos a observarem essas informações quando forem ilustrar os cenários das historias que escrevem. (CUNHA, 1995, p. 57),
Nas séries iniciais as crianças adoram historinhas que tenham imagens,
cores e muitas vezes identificam-se com as personagens. Sendo assim, o professor
poderá escolher os livros que tenham esses atrativos. Por meio das imagens, as
crianças vêem o vestuário, o ambiente, as diferenças entre os personagens. Etc.
com essas informações ela vai criar e ilustrar suas próprias histórias.
Nesse sentido, as atividades da leitura e de escrita propostas pelo
professor devem sempre colocar as crianças em situações mais próximas, utilizando
as diferentes estratégias para a leitura em busca do sentido dos textos. A
criatividade de cada professor é o limite. Segundo Freire (2006, p. 25), “quem ensina
aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Somos indivíduos que a
cada dia aprendemos algo novo, não somos completos e nem acabados, estamos
sempre em contato com as novas informações, novos conhecimentos.
Com o professor em sala de aula ou fora dela, não é diferente, ele é o
construtor do conhecimento, ele não é pronto e acabado. No exercício da sua
função, o mesmo aprende juntamente com os seus alunos e no contexto na qual
estão inseridos. De certo, deve existir o respeito aos mesmos e a sua realidade de
vida, relação professor / aluno é uma troca de experiências, apoio e interação.
Diante disso, o professor tem que estar ciente do seu verdadeiro papel
dentro da escola, da sala de aula. Lá, ele é o orientador, o facilitador, o
transformador do conhecimento. Como já foi abordado, tem que gostar de ler, ter
conhecimentos das diversas leituras, utilizarem recursos e textos diversos, enfim sua
criatividade. Mas, sabemos que muitas vezes isso não acontece, pois o professor
não se interessa, está cansado por lecionar a muitos anos, trabalhando em dois ou
até três turnos, com series diferentes, não é bem remunerado, não recebe incentivo
do governo, a escola não disponibiliza recursos, etc. dessa forma o ensino-
aprendizagem está carente de qualidade e significado.
Para Freire:
É esta força misteriosa às vezes chamada vocação, que explica a quase devoção com que a maioria do magistério nele permanece, apesar da
imoralidade dos salários. E não apenas permanece, mas como pode seu dever amorosamente.(FREIRE, 2006, p.161)
Sabe-se que a realidade do professor é árdua, mas existem muitos que
não desistem, que lutam por seus direitos e contribuem de fato para um ensino-
aprendizagem de qualidade. Ensinar e educar os filhos de outras famílias não é
tarefa fácil, exige muito do professor, é uma questão de vacação, esperança,
perseverança, disponibilidade, compromisso e amor.
O professor é a ponte entre o aluno e o conhecimento. Então é importante
que a criança progrida na leitura e que encontre prazer e sentido nos múltiplos
contatos com a língua escrita. Professores e alunos, nesse sentido podem ser
verdadeiros parceiros para compreender o que é o ato de ler.
A professora da sala de alfabetização ao ser entrevistada sobre os vários
pontos, no que se refere ao processo de desenvolvimento da leitura e da escrita,
enfatiza que
A criança traz para a escola muitos conhecimentos e vivencias do dia-a-
dia, assim a escola nesse processo de desenvolvimento da aprendizagem ir
sistematizar essas experiências e transformá-las em novos conhecimentos levando
em conta a necessidade de cada criança fazendo com que essa venha construir e
descobrir novos saberes / aprendizagens.
Afirma também não existir um método especifico adotado. O trabalho é
feito mediante proposta construtivista, onde professores e coordenadores tentam
trazer para a prática de sala de aula, conhecimentos e estudos de alguns teóricos
que possam auxiliar ou nortear o processo educativo. A mesma ressalta que, o
maior desafio é fazer com que essas crianças entendam por qual “razão” estão ali,
naquele ambiente diferente da sua casa. Esse é o primeiro desafio de
“conscientização”, é “motivar’ as mesmas a estarem ali todos os dias. Para isso o
espaço escolar e o ambiente de sala de aula, precisam ser bastante atrativos, aí
entra também outro desafio, o de estarmos sempre favorecendo situações que ás
mesmas queiram participar e fazer acontecer a leitura e a escrita. Um dos recursos a
ser trabalhado é a própria criança, esse material é o primordial, para daí utilizarmos
os outros objetos de trabalho que envolva o lúdico, os contos, jogos,brincadeiras e a
literatura infantil.
O professor é a categoria em afirmar que não existe uma receita, algo
pronto, determinado para fazer esse processo acontecer. O professor pode e deve,
juntamente com o seu instrumento de trabalho o livro didático, ir montando algum
material que ira auxiliá-lo; portanto a mesma não é a favor da cartilha, pois trabalhar
de forma descontextualizada, é uma forma limitada e não instiga a criança à suas
próprias descobertas.
Ao terminar a sua entrevista o professor, ressalta que um ambiente
favorável, acolhedor, prazeroso e acima de tudo alfabetizado é imprescindível para
nesse processo da leitura e da escrita. Diz, pois, que esse é um processo delicado
que requer do profissional, esforço e dedicação, uma vez que a alfabetização é a
base, o alicerce, e este devem ser bem alicerçados para um bom desempenho
posteriormente.
Com a pesquisa observa-se que a escola encontra inúmeras dificuldades
no processo de desenvolvimento da linguagem oral e escrita; como a falta de uma
biblioteca, a qual serviria como fonte de pesquisas, tanto para o aluno, incentivando-
o a leitura, como para o professor, usando-a como fonte de apoio e pesquisa.
Outro aspecto negativo, refere-se a infra-estrutura da escola, em especial
das salas de aula, pois, estas não dispõe de espaço, para que possa ser
implantadas as rodas de leituras, já que as mesmas são pequenas, comparadas a
enorme quantidade de aluno. Como se não bastasse essas deficiências, a instituição
é carente de livros didáticos, os quais não atendem a demanda dos educandos;
quanto aos paradidáticos a mesma possui um acervo reduzido, dificultando assim
atividades que pudessem ser desenvolvidas, ou até mesmo o empréstimo destes,
para que os alunos pudessem levá-los para casa.
Ao ser questionado sobre quais as dificuldades atribuídas ao processo de
desenvolvimento da linguagem oral e escrito, a diretora da referida instituição,
ressalta que:
Uma das maiores dificuldades em se desenvolver a leitura e a escrita nas crianças,é na verdade, a falta de recursos para equipar a escola, como livros didáticos e paradidáticos, pois ao que tem aqui são tão pouco que não dão para subsidiar os professores e nem mesmo para atender a demanda dos alunos. Outra questão é a falta de uma biblioteca, que infelizmente vem com isso prejudicar os alunos por não terem uma riqueza como essa à sua disposição. Além disso, a falta de acompanhamento da família que na grande maioria não acompanha as atividades propostas às crianças. E não podemos deixar de falar e apontar outro fator que dificulta o processo do ensino-aprendizagem, como um melhor preparo dos educadores desta instituição. (Diretora)
De acordo com PCN de Língua Portuguesa:
Há uma série de condições essenciais para desenvolver uma prática de litura eficiente: dispor de uma boa biblioteca na escola; dispor de um acervo de classe com livros e outros materiais de leitura; organizar momentos de leitura livre em que o professor também leia; planejar as atividades diárias garantindo que as leituras tenham a mesma importância que as demais; possibilitar aos alunos a escolha de suas leituras; garantir que os alunos não sejam importunados durante os momentos de leitura com perguntas sobre o que estão achando; possibilitar aos alunos o empréstimo de livros na escola; incentivar a leitura diária; usar textos diversificados.
Percebe-se que as atividades de leituras e de escrita devem proporcionar
aos alunos condições para que possam de uma forma permanente e autônoma,
localizar novas informações pela leitura de mundo e expressa-las. Assim a leitura e
escrita constituem-se como competências, não apenas de uso, mas igualmente de
compreensão da vida em sociedade.
Ester Gouveia compartilha com a idéia do PCN de Língua Portuguesa
ressaltando que:
A reflexão da prática cotidiana, em classe de educação infantil, embasada na teoria construtivista de educação e na sua aplicação prática, tem mostrado a necessidade do desenvolvimento de uma proposta pedagógica que oportunize situações de ensino-aprendizagem, que envolva a leitura e a escrita como objeto social do conhecimento. Portanto, a primeira ação a ser trabalhada nessa fase é colocar a leitura e a escrita como objetos presentes na sala de aula. (GOUVEIA, 2002, p.18)
É de suma importância, que o professor esteja capacitado para
desenvolver sua ação de mediador entre a criança e o ambiente leiturizado, ficando
evidente a real necessidade de recursos que venham viabilizar a aquisição da leitura
e da escrita de forma significativa, despertando na criança o gosto e o prazer em ler
r escrever.
Vale salientar o desejo por parte da instituição de trabalhar em parceria
com a comunidade, buscando uma integração entre o educando, a escola e a
família, no sentido de promover uma aprendizagem mais eficaz e eficiente. Todavia,
constatamos que esse problema está longe de ser selecionado, pois falta a
conscientização e esclarecimento por parte dos pais, os quais, a grande maioria,
provém de bairros periféricos, com baixo poder aquisitivo e com um nível de
conhecimento pelo menos em “segundo plano”, assim não dificultam esse processo,
como transferem toda a responsabilidade que é também deles, somente para a
escola.
Na concepção de Freire:
As crianças que vivem em ambientes onde a leitura e a escrita estão presentes, apresentam um grau de letramento maior do que as que não vivem nas mesmas condições, por isso a importância da escola instrumentar-se para ser mais um vinculo deste letramento. (FREIRE, 1984, p.24)
É notória a importância dos pais proporcionarem aos seus filhos desde
cedo o prazer pelo mundo encantado da leitura, lendo diversos tipos de textos,
principalmente os que mais o agradam, como também presenteando-os com livros,
revistas em quadrinhos, jogos educativos, dentre outros. É necessário também o
acompanhamento por parte da família nas atividades promovidas pela escola, no
sentido de melhorar o desenvolvimento do educando. Certamente, a criança que
tem todo esse aparato terá mais êxito do que aquela que não teve nenhum contato
anterior com a leitura.
Através de conversações com o corpo docente, direção e coordenação,
os mesmos ressaltam que adotam em sua postura de mediador de conhecimentos o
uso da leitura e da escrita como algo indispensável na transformação das relações e
práticas sociais da criança, por acreditarem que o ato de ler e escrever são quem vai
promover o progresso continuo das crianças, contribuindo assim para que as
mesmas se desenvolvam como indivíduos capazes de não só ler, mas interpretar e
reescrever o que ler. Isso porque o ato de ler é função primordial da escola, sendo
esta que possibilita o educando a ler o mundo e a construir a sua própria historia.
No tocante, percebemos através de observações que a escola
pesquisada apresenta um quadro de profissionais ainda receosos em relação aos
avanços educacionais, isto é, aos novos paradigmas da educação. Alguns abertos e
prontos a inserir-se nesse novo processo, outros amarrados, fechados a qualquer
mudança, sem se quer analisar o beneficio que trará a educando – parte mais
importante desse processo – como também o seu engrandecimento profissional.
Esse é um dos fatores que aliados a falta de boa vontade por alguns professores em
colaborar com a pesquisa, acaba por dificultar a realização desse trabalho, fato esse
que impede também a evolução da prática educativa.
Diante da pesquisa realizada fica claro que a responsabilidade pela falta
de incentivo a leitura é de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem
ao longo da formação escolar da criança. Portanto, o ato de ler e escrever
contribui,fortalece e incentiva professores e alunos a serem leitores e escritores mais
atuantes e terem uma consciência mais aguçada, enfim ter um jeito novo de ensinar
e aprender.
No que diz respeito no critério de avaliação, as Escolas Estaduais do
Ensino da Cidade de Oeiras – Piauí adotam em sua proposta a estruturação seriada,
cuja avaliação ocorre através de avaliações mensais, bimestrais como também a
aplicação de avaliação paralela, sendo considerada a parte qualitativa, observando-
se uma maior ênfase o quantitativo, sendo efetuadas com base em notas, por
acreditarem ser uma forma de ter um melhor aproveitamento sobre o conhecimento
adquirido pelo educando, e atender assim uma cobrança da comunidade familiar.
Diante disso, é notória a falta de capacitação dos professores da referida
escola em relação ao processo avaliativo, pois este deve ocorrer continuamente,
observando os métodos indicados pelos PCN’s, que consiste em uma avaliação
cumulativa, por meio de registros, fichas e relatórios.
Conforme Martins:
A avaliação quantitativa constitui um enfoque perverso, pois compara um aluno com outro mediando à capacidade através de notas, como quem mede a altura do salto transporto, através da posição horizontal da barra, enquanto que avaliação do desempenho necessita ser permanente, uma vez que a aprendizagem é um processo contínuo, diferente do sistema de provas ocasionais, e, sobretudo necessita apresentar um caráter diagnostico e numa um meio de punição, de certo e errado, de inclusão ou exclusão. O acompanhamento necessita está centralizado nele mesmo, e seu portfólio perfeito registra os passos afetivos do seu processo. (MARTINS, 1994, p.62)
Pode-se perceber claramente que a avaliação vem sendo trabalhada
ainda de forma errônea, sendo utilizada como instrumento de punição, com a
finalidade de medir a capacidade do aprendente através de notas. A avaliação só
acontecerá de forma correta quando esta deixar de ser avaliando desempenho do
seu alunado no dia-a-dia.
De acordo com as obras estudadas para realizar esta pesquisa, fica
evidente que infelizmente ainda há uma grande distorção dos conhecimentos
referentes à teoria ao longo dos cursos de graduações, se confrontarmos com a
realidade das escolas, especificamente a prática utilizada na escola pesquisada.
O que ocorre é que a prática está um pouco desvinculada da teoria, e isso
é temeroso, pois não existe ensino-aprendizagem, quando não há esse casamento
da prática com a teoria. Entretanto deve-se salientar uma mudança ainda que
pequena, mas que ano deixa de ser significativo e acima de tudo importante, que é o
conhecimento e a conscientização dos profissionais, de estarem convictos de que,
do jeito que a educação encontra-se, não pode continuar, e o melhor, o desejo de
querer mudar, que sem duvida é um passo que se pode dizer que é o primeiro de
muitos outros, que certamente virão é uma esperança que renasce, a qual devemos
agarrar e lutar para ver enfim essa realidade mudar. E assim ter uma educação de
qualidade, para que possamos atuar ativamente na sociedade atual, a qual estamos
inseridos e que passa por constantes transformações decorrentes do mundo
globalizado que requer um cidadão também globalizado.
Contudo, a litura e a escrita são atividades as quais correspondem a uma
prática social, e é por meio das quais que o ser humano, se torna esse cidadão
pensante, reflexivo e crítico. Sendo assim o grande desafio da escola é mostrar
“essa importância”aos alunos, para que eles possam perceber, que a falta de habito
e gosto para realizarem tais habilidades, os mesmos podem apresentar sérios
problemas na organização do pensamento e na escrita. Na qual pode implicar a falta
de senso critico da realidade e condições de fazerem escolhas pessoais para o seu
futuro, ou de sua comunidade e de seus pais.
Todavia, diante das inovações atuais que a nossa sociedade está
constantemente exposta; saber ler e escrever são uma exigência cada vez mais
requisitada e valorizada, para que possamos tornar cidadãos competentes para que
possa atuar de forma ativa dentro desse novo paradigma de vida, que o mundo
globalizado nos impõe.
Entretanto, apesar disso, e mesmo com toda a presença maciça e
diversificada da leitura e da escrita, nas atividades que se realizam novas escolas,
ainda assim vivemos às voltas com altos índices de analfabetismo funcional, evasão
e repetência, os quais são na maioria das vezes camuflado ou até mesmo
remediados por meio de artifícios paliativos, que são criados pelos nossos
governantes, com a finalidade de defender um problema muito serio, e que está
muito além, dessas meras políticas que na verdade não solucionam o problema,
mas sim agrava ainda mais.
Diante do exposto, percebemos que este problema só será enfim.
Solucionado quando tivermos no poder, representantes realmente preocupados e
comprometidos, no sentido de não só melhorar o sistema educacional, mas também
fornecer condições dignas de trabalho, que vão desde a infra-estrutura da escola,
como equipamento adequados (diversidade de livros paradidáticos, computadores,
TV, vídeo, todo o suporte necessário para que os professores tenham a sua
disposição uma variedade de formas para ministrarem aulas significativas e
atraentes para o aluno), contando também com a competência e disponibilidade
desses professores. Cabe ressaltar que aos educadores se faz necessário não só
cursos de capacitação e qualificação, mas também melhores salários, para que
estes possam se sentir motivado e desfiado para desempenharem um bom trabalho.
E dessa forma haveria uma educação de qualidade para os alunos, onde esses
sentiriam prazer em aprender.
Contudo, enquanto essas necessidades não são atendidas cabe a escola,
juntamente com a comunidade tentar amenizar esta situação, procurando promover
um ambiente acolhedor, onde o conhecimento que o aluno já traz consigo seja
valorizado e onde ele próprio possa perceber a finalidade de saber ler e escrever
para a sua vida social. Por este motivo o educador deve oferecer-lhes textos
significativos e aulas criativas, procurando também conscientizar a família para a
importância de trabalhar em conjunto, no sentido de que a criança perceba que a
escola é na verdade a extensão de sua casa.
Sendo assim aprender a ler e a escrever é um processo que se
desenvolve ao longo de toda a escolaridade e se estende por toda a vida.
Transformando-se em práticas indissociáveis para a nossa vida.
Portanto, na visão de Aroeira (2006) educar hoje exige do professor muito
mais do que a simples transmissão de conhecimentos ao aprendente, e a este
requer muito mais do que uma aprendizagem mecânica, e sem sentido.
CONCLUSÃO
Diante de tudo que foi relatado ao longo deste trabalho é possível
concluirmos que a aquisição de leitura e da escrita, é de fundamental importância no
desenvolvimento e atração do cidadão contemporânea. Portanto o manejo e o habito
de tais práticas é à base de qualquer ato educacional, devendo assim ser
despertados e estimulados o quanto antes, visto que, vive-se em um mundo letrado
e como tal, somos automaticamente provocados a interagir com o mesmo.
Sendo assim, fica claro a necessidade de se promover trabalhos que
priorizem a leitura como meio de se desenvolver no aprendente o senso crítico, a
análise de seu contexto, a releitura de sua escrita, oportunizando assim meios de
melhorar a qualidade de vida. Uma vez que o ato de ler e escrever não só contribui,
como também fortalece e incentiva professores e alunos a serem leitores e
escritores mais atuantes e a terem uma consciência mais aguçada, assim como um
jeito novo e diferente de ensinar e aprender.
É importante, então, que o professor conheça o contexto cultural de seus
alunos, para que dessa forma, possa realizar um trabalho mais consciente e
significativo, bem como é essencial, a valorização de tal conhecimento por parte do
educador, para que a partir dele, seja o ponto de partida do professor. Por este
motivo é de suma importância, valorizar o currículo oculto que o aprendente traz de
sua casa e do seu contexto social.
Diante da pesquisa realizada na escola, já mencionada, deduzimos,
dentre outros eixos, que a proposta pedagógica da mesma contempla uma prática
que prioriza o desenvolvimento da leitura, por acreditar que ambas, é que
promoverão o progresso continuo das crianças. Dessa forma a instituição procura
alcançar tal objetivo, trabalhando com a diversidade de textos e leituras
complementares em revistas, jornais, etc., ou seja, textos significativos, buscando
assim estratégias que despertem no aluno o gosto, o prazer, e o interesse pela
prática da leitura e da escrita.
Porém observamos que apesar da instituição apresentar uma proposta
bem estruturada nesse sentido, bem como um quadro de professores preocupados
em desempenhar um bom trabalho, ainda assim falta muito a se fazer, para chegar
ao ponto desejado, onde dentre tantas coisas, podemos destacar: mais e melhores
cursos de capacitação e qualificação para os profissionais, equipamentos melhores
e mais satisfatórios na escola. Organização de uma biblioteca aplicação de acervos
de livros, uma melhor organização das salas, o sentido de ampliá-las, criando mais
espaço para que se criem cantinhos de leituras. Pois, percebemos que esses fatores
que acabam dificultando e impedindo mm melhor trabalho e conseqüentemente um
maior desenvolvimento e aprendizagem da leitura e da escrita.
Contudo, vale enfatizar, como procurar conscientizar os professores da
necessidade em modificar o sistema educacional, onde não só o corpo docente deve
se mobilizar em alcançar tal objetivo, mas como todos nós, devemos dar nossa
parcela de contribuição.
É importante ressaltar que o presente trabalho não tem a presença de
defender verdades únicas e absolutas, nem tão pouca mostra fórmulas prontas para
tal problemática. No entanto visa colaborar, contribuir para realização de futuras
pesquisas sobre a leitura e a escrita como meios transformadores das relações e
práticas sociais no 1° ano de ensino fundamental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKTIN, Mikal. Moralismo e Filosofia da Linguagem. 6 ed. São Paulo Hucite, 1992.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamentação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília – DF: MEC, SEF, 1997.
CAGLIARI, Luís Carlos. Alfabetização e Linguística. 3 ed. São Paulo: Scipione, 1990.
CHARTIER, Anne Marier. Simpósio sobre a leitura e a escrita na sociedade e na escola. Brasília, 1994.
CÓCCO, Maria Fernandes e HATLLER, Marco Antônio. O acidente In: ALPI. Análise linguagem e pensamento. São Paulo: FTD, 1996.
CUNHA, Maria Antonieta, Antunes. Literatura Infantil: teoria e prática. São Paulo.
Ática,1983
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogêne da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
FERREIRO, Emília. Reflexão sobre alfabetização da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. FERREIRO,Emília.PALÁCIO, Margarita Gomes. Os processos de leitura e escrita: Novas Perspectivas. Porto Alegre. 1987
FREIRE, Paulo. A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1984. FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médias, 1994
GOODMAN, Y. Como as crianças constroem a leitura e a escrita: perspectivas piagetianas. Porto Alegre: Arte Médicas, 1995.
GOUVÊA, M.C.S. Infância, Sociedade e Cultura. In: Carvalho, A.; SALLES, F. GUIMARÃES, M.A. (orgs.). Desenvolvimento e aprendizagem. Belo Horizonte: Editora UHMG, Proex, 2002.
GROSSI, Ester Pular. Didática do nível alfabético. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1990. LURIA, A. R. Pensamentos e Linguagens. Porto Alegre. Artes Médicas, 1986 MARTINS, Maria Helena. O que é a leitura. 19. Ed. São Paulo. Brasiliense. 1994
PROPOSTA PEDAGÓGICA. Escola Estadual Orlando Carvalho, 2004. REGO, Teresa Cristina. Vigotsky: Uma perspectiva histórico-cultural. 2. Ed. Petrópolis. Vozes, 1995
SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 13. Ed. São Paulo: Ática, 1995.
VIGOTSKY. L. S.; A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. _____________; TEBEROSKY, Ana. Psiocogênese da Língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
ZILBERMAN, Regina. A leitura infantil na escola. 5 ed. São Paulo: Global, 2003.
_________________. Leitura e desenvolvimento da Linguagem. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1989.