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UMA CONVERSA SOBRE TEORIA DA INTEGRAÇÃO Incentivar abordagens usando uma teoria mais potente e.g. séries ortogonais generalizadas, distribuições de L. Schwartz, teoria de wavelets, integração de Lebesgue idéia básica da integração de Lebesgue: contém a integral de Riemann como um caso particular. Abordagens modernas envolvendo integração tende a adotar este conceito, aumentando as possibilidades e a riqueza de resultados.

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UMA CONVERSA SOBRE TEORIA DA INTEGRAÇÃO Incentivar abordagens usando uma teoria mais potente e.g. • séries ortogonais generalizadas, • distribuições de L. Schwartz, • teoria de wavelets, • integração de Lebesgue

idéia básica da integração de Lebesgue: contém a integral de Riemann como um caso particular. Abordagens modernas envolvendo integração tende a adotar este conceito, aumentando as possibilidades e a riqueza de resultados.

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Henri Lebesgue (1875-1941).

( )P,,ΑΩ ( )µ,,Βℜ

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O extraordinário conceito de integração de Lebesgue (1902) generaliza a integração clássica. • A integral de Lebesgue de funções integráveis à Riemann fornece o

mesmo resultado. • Há, porém, uma enorme variedade de sinais integráveis à Lebesgue cuja

integral de Riemann não existe. • A integração de Lebesgue possibilita integrar sinais numa região bem mais

sofisticada que um simples intervalo. A noção é baseada na Teoria de Conjuntos.

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MEDIDA DE UM CONJUNTO

1. Álgebra de Intervalos abertos Todos os intervalos ou conjuntos gerados a partir de uniões e

complementos finitos de intervalos na reta real constituem uma

álgebra de intervalos. Ela é adotada na integração de Riemann.

A medida de um intervalo, aberto ou fechado, pode ser definida pelo

seu comprimento (medida no sentido compatível com uma medida

euclidiana com uma régua).

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Se E:=(a,b) é um intervalo, então sua medida vale m(E):=b-a.

Como a medida de um ponto isolado é nula, a medida correspondente

a um intervalo fechado E:=[a,b] também corresponde à m(E):=b-a.

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2. σ-álgebra de intervalos abertos: A σ-álgebra de Borel.

Todos os intervalos ou conjuntos gerados a partir de uniões e

complementos (finitos ou não) de intervalos na reta real constituem

uma σ-álgebra de intervalos, a σ-álgebra de Borel. Ela é adotada na

integração de Lebesgue.

Vide o Conjunto de Cantor.

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Há “mais” conjuntos que não contém nenhum intervalo dentro da σ-

álgebra de Borel que conjuntos clássicos (Teoria da Categoria de

Baire).

Analogia: conjuntos derivados da álgebra de intervalos ⇔ números racionais, σ-álgebra de Borel: conjuntos “estranhos” ⇔ números irracionais...

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Dado um conjunto E da σ-álgebra de Borel, de medida µ(E),

definem-se duas medidas:

• Medida externa

• Medida interna

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medida externa

Seja I um conjunto aberto, EI ⊃ . Então )()( EIm µ≥ . Define-se a medida mo(E) como a medida externa de E

)()(:)(inf EEmIm

I

o µ≥=

Figura. Topologia numa medida externa.

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medida interna

Seja I um conjunto fechado, EI ⊂ . Então )()( EIm µ≤ . Define-se a medida mi(E) como a medida interna de E

)()(:)(sup EEmIm

I

i µ≤=

Figura. Topologia numa medida interna.

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Se mo(E)=mi(E)=µ(E) então o E é mensurável e sua medida vale µ(E). • medida de Lebesgue é aditiva, i.e. a medida da união (finita ou não) de

conjuntos disjuntos é a soma das medidas de cada um deles.

µµµµ é uma generalização da medida m de intervalos. Se E=(a,b)⊂ℜ, então

I:=(a-ε,b+ε)⊃E e ababEmIm

I

o −=−−+== )(inf)(:)(inf εε

ε ;

I:=[a+ε,b-ε]⊂E e ababEmIm

I

Sup i −=+−−== )(sup)(:)( εε

ε e a medida

coincide com a medida clássica para intervalos.

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Considere a partição do intervalo [0,1] em dois conjuntos disjuntos

(partição de Dirichlet em racionais e irracionais):

,10|: QxxxDQ ∈≤≤= e

,10|: IxxxDI ∈≤≤=

Claro que DIDQ∪=]1,0[ . A medida de Lebesgue de conjunto [0,1] é 1, e portanto

1)()(]1,0[ =+= DIDQ µµµ .

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Medida de Lebesgue do conjunto RQ: usa-se o arranjo de Cantor para

mostrar que os racionais Q são enumeráveis.

• Frações p/q com denominador q=1 (1ª linha) • Frações p/q com denominador q=2 (2ª linha) • ...

Os racionais podem ser arranjados em uma seqüência r1 r2 r3 ... (postos em correspondência biunívoca com N).

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Assim, dado ε>0 arbitrário, considera-se a seqüência de intervalos abertos In⊃DQ

• ε/2 centrado em r1 • ε/22 centrado em r2 • ... • ε/2n centrado em rn • ...

A medida externa de DQ é cotada por

εεεε

=+++=≤∑∞

=

...222

)()(32

1n

no ImDQm.

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Desde que 0)()(0 =≤≤ DQmDQm oi , segue-se que µ(DQ)=0. Como (0,1) = DQ ∪ DI ⇒ µ(0,1) = µ(DQ)+µ(DI)=1, tem-se que µ(DI)=1.

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Integral de Riemann e medida de Intervalos (Álgebra de Intervalos)

∫I dttf )( em que ),( +∞−∞=ℜ⊂I é um intervalo da álgebra acima.

Assim, por exemplo, ∫∫ =)1,0(

1

0)()( dttfdttf e ∫∫ ℜ

+∞

∞−= dttfdttf )()(

1

.

A integral de Riemann pode ser definida utilizando a medida de um intervalo.

O intervalo [a,b] é particionado como ),( 1 kk xx − , com bxxxxa n =<<<<= :...: 210 .

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• Para um intervalo aberto ),( 1 kk xx − , a medida vale

=− ),( 1 kk xxm xxx kk ∆=− − :1 .

Interessa o limite ∞→n e 0),( 1 →− kk xxm

(partição arbitrariamente refinada).

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Com )(: kk fy ξ= , o somatório

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∑∑=

−=

− −==n

kkkk

n

kkkk xxyxxmys

11

11 )(),(:

representa uma área que presumivelmente aproxima-se da área sob a

curva y=f(x).

Se s tem um único limite, independente da partição do intervalo

[a,b], então este limite é chamado de integral de Riemann.

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Integral de Lebesgue e medida de Lebesgue (σσσσ-Álgebra de Borel)

Para definir a integral de Lebesgue de f(x), particione o eixo da

ordenadas em ...,,, 210 nyyyy , com nyyyy <<<< ...210 e

construma o somatório

∑=

=n

kkk emy

1)(:σ

.

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Quando f é mensurável e limitada, a soma acima admite um único

limite independente da partição, provido que ela seja

substancialmente refinada. Este limite é chamado de integral de

Lebesgue.

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Diferenças entre as duas integrais. • o eixo das abcissas é particionado na Integral de Riemann.

• o eixo das ordenadas é particionado na Integral de Lebesgue.

• A integral de Riemann só pode ser feita sobre elementos da

álgebra de intervalos abertos. (noção chave: comprimento do

intervalo)

• A integral de Lebesgue pode ser calculada sobre qualquer

conjunto da σ-álbebra de Borel. (noção chave: medida do

conjunto).

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Diferenças entre as duas integrais.

• Os conjuntos ek desempenham o papel dos intervalos (xk-1,xk).

• A integral de Riemann falha quando f não permanece próximo a

yk na maioria dos intervalos (xk-1,xk) enquanto que a integral de

Lebesgue garante que f(x) é automaticamente próximo de yk

dentro dos intervalos ek.

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COMENTÁRIOS FINAIS

Pode ser mostrado que se a integral de Riemann existe, então a

integral de Lebesgue também existe e assume o mesmo valor.

Por outro lado, há uma enormidade de funções que não são

integráves à Riemann, mas que o são à Lebesgue.

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