Trabalho de Pontes 2012.2013
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Pontes
Mestrado Integrado em Engenharia Civil
1º Semestre – 2012 / 2013
Estudo Prévio de Uma
Obra de Arte
Docente:
Prof. José Oliveira Pedro
Prof. Francisco Virtuoso
Elaborado por:
João Raposo, n.º 64535
Lisandra Miranda, n.º 64536
Nuno Martins, n.º 64541
Pedro Carvalho, n.º 51569
Lisboa, 7 de Janeiro de 2013
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
Mestrado Integrado em Engenharia Civil i
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................1
2. Condicionamentos ...............................................................................................................3
2.1. Condicionantes Topográficas........................................................................................3
2.2. Condicionantes Geotécnicas ........................................................................................4
2.3. Condicionantes Geométricas ........................................................................................4
2.4. Condicionantes Construtivas ........................................................................................5
2.5. Condicionantes Hidráulicas ..........................................................................................5
2.6. Condicionantes Paisagens e Ambientais.......................................................................5
2.7. Condicionantes Complementares ................................................................................6
3. Estudo preliminar de soluções .............................................................................................7
3.1. Secção em caixão .........................................................................................................7
3.2. Laje vigada ....................................................................................................................8
3.3. Laje vazada ...................................................................................................................8
3.4. Secção em laje nervurada.............................................................................................9
4. Dimensionamento da Solução ............................................................................................11
4.1. Funcionamento Estrutural ..........................................................................................11
4.2. Tabuleiro ....................................................................................................................11
4.3. Pilares .........................................................................................................................15
4.4. Encontros ...................................................................................................................18
4.5. Fundações ..................................................................................................................21
5. Acções e critérios de dimensionamento ............................................................................23
5.1. Verificação de segurança ............................................................................................23
5.1.1. Estado Limite Último ..........................................................................................23
5.1.2. Estado Limite de Serviço .....................................................................................24
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5.1.3. Estado Limite de Fendilhação e Verificação da Esbelteza dos Pilares .................26
5.2. Acções ........................................................................................................................30
5.2.1. Acções Permanentes ..........................................................................................30
5.2.2. Acções variáveis ..................................................................................................33
6. Análise e Dimensionamento ...............................................................................................41
6.1. Tabuleiro – Direcção Transversal ................................................................................41
6.1.1. Consola ...............................................................................................................41
6.1.2. Laje entre nervuras .............................................................................................44
6.1.3. Estado Limite de Utilização .................................................................................48
6.1.4. Estados Limite Últimos .......................................................................................49
6.2. Tabuleiro – Direcção Longitudinal ..............................................................................51
6.2.1. Esforço Longitudinal ...........................................................................................51
6.2.2. Pré-esforço Longitudinal.....................................................................................55
6.2.3. Estados Limite de Utilização ...............................................................................60
6.2.4. Estados Limites Últimos ......................................................................................61
6.3. Pilares e Encontros .....................................................................................................68
6.3.1. Análise Sísmica ...................................................................................................68
6.3.1.1. Análise Sísmica Longitudinal .......................................................................69
6.3.1.2. Análise Sísmica Transversal ........................................................................73
6.3.2. Análise da acção do Vento ..................................................................................77
6.3.2.1. Acções no tabuleiro ....................................................................................78
6.3.2.2. Acções nos Pilares.......................................................................................79
6.3.3. Dimensionamento dos Pilares ............................................................................80
6.3.3.1. Cálculo de Acções .......................................................................................80
6.3.3.2. Armaduras para o Estado Limite Último de Flexão .....................................83
6.3.3.3. Armaduras para o Estado Limite Último de Esforço Transverso .................86
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6.3.3.4. Análise dos efeitos de segunda ordem .......................................................89
6.3.3.5. Dimensionamento dos encontros ...............................................................90
6.4. Fundações ..................................................................................................................95
6.4.1. Fundações Directas .............................................................................................96
6.4.2. Fundações Indirectas ........................................................................................102
6.4.2.1. Estado Limite Último de Flexão ................................................................106
6.4.2.2. Estado Limite Último de Esforço Transverso ............................................108
6.4.2.3. Verificação das compressões nas estacas e tensões no solo ....................108
6.5. Dimensionamento dos Aparelhos Apoio ..................................................................110
6.6. Dimensionamento das Juntas de Dilatação ..............................................................111
7. Materiais e Processos Construtivos ..................................................................................113
7.1. Materiais ..................................................................................................................113
7.1.1. Classe do betão.................................................................................................113
7.1.2. Armadura..........................................................................................................114
7.2. Processos construtivos .............................................................................................115
7.2.1. Infra-estrutura ..................................................................................................115
7.2.2. Superestrutura .................................................................................................116
8. Conclusões .......................................................................................................................117
9. Bibliografia .......................................................................................................................119
Anexos
Anexo I – Enunciado do Trabalho
Anexo II – Superfícies de Influência para a consola (Análise Transversal)
Anexo III – Superfícies de Influência para a laje Central bi-encastrada (Análise Transversal)
Anexo IV – Superfícies de Influência para a laje Central bi-apoiada (Análise Transversal)
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Anexo V – Ábaco de Hambly
Anexo VI – Verificação das Descompressões do Pré-Esforço
Anexo VIII – Aparelhos de Apoio
Anexo IX – Juntas de Dilatação
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Índice de Figuras
Figura 1 – Elementos a introduzir no tabuleiro nas zonas de consola. .......................................13
Figura 2 – Dimensões adoptadas no pré-dimensionamento da secção transversal (medidas em
metros). ......................................................................................................................................13
Figura 3 – Secção transversal no vão e no apoio (medidas em metros). ....................................15
Figura 4 – Variação da secção transversal da superestrutura ao longo da ponte. .....................15
Figura 5 – Secção dos pilares (medidas em metros)...................................................................17
Figura 6 – Perspectiva simplificada de um encontro aparente. .................................................19
Figura 7 – Elementos constituintes do encontrão da esquerda. ................................................20
Figura 8 – Representação das fundações dos pilares. ................................................................22
Figura 9 – Planta da fundação do encontro E2. ..........................................................................22
Figura 10 – Perfil longitudinal da ponte com identificação dos pilares e encontros. .................26
Figura 11 – Modelo de cálculo de um pilar com aparelho de apoio fixo. ...................................27
Figura 12 – Secção transversal dos pilares. ................................................................................28
Figura 13 – Diferentes secções transversais ao longo do tabuleiro. ...........................................30
Figura 14 – Elementos não estruturais presentes no tabuleiro. .................................................31
Figura 15 - Representação das sobrecargas rodoviárias segundo o Eurocódigo, Tandem system
e UDL system. .............................................................................................................................33
Figura 16 – Largura do tabuleiro efectiva para sobrecargas rodoviárias. ...................................34
Figura 17 – Sobrecarga sobre os passeios. .................................................................................34
Figura 18 – Direcção das acções do vento sobre o tabuleiro. ....................................................38
Figura 19 – Modelo da consola. .................................................................................................42
Figura 20 – Modelo de cálculo da laje entre nervuras................................................................44
Figura 21 – Soluções transversais para análise do grau de encastramento elástico da laje
central (medidas em metros). ....................................................................................................45
Figura 22 – Distribuição da carga transversal nas nervuras do tabuleiro. ..................................52
Figura 23 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido às cargas permanentes. ..53
Figura 24 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido à sobrecarga uniforme. ..53
Figura 25 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido ao veículo tipo. ...............54
Figura 26 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido à sobrecarga dos passeios.
...................................................................................................................................................54
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Figura 27 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido à temperatura diferencial
negativa......................................................................................................................................54
Figura 28 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido à temperatura diferencial
positiva. ......................................................................................................................................54
Figura 29 – Traçado longitudinal dos cabos de pré-esforço. ......................................................57
Figura 30 – Posição dos cabos nas zonas de ½ vão central. .......................................................58
Figura 31 - Parâmetros de um cabo parabólico para cálculo das cargas equivalentes. ..............58
Figura 32 – Diagrama de momentos flectores totais devido ao pré-esforço. .............................59
Figura 33 – Diagrama rectangular simplificado. .........................................................................61
Figura 34 – Armaduras genéricas da uma das nervuras. ............................................................65
Figura 35 – Modelo de SAP do encontro 2. ................................................................................69
Figura 36 – Modelo com uma massa concentrada. ....................................................................70
Figura 37 – Modelo com 11 massas concentradas. ....................................................................73
Figura 38 – Modelo no SAP2000 com as forças aplicadas. .........................................................75
Figura 39 – Representação da altura total a considerar segundo a direcção transversal. ..........78
Figura 40 – Determinação do coeficiente cfx,0. ...........................................................................78
Figura 41 – Esquema de cálculo do método do diagrama rectangular simplificado...................83
Figura 42 – Disposição da armadura longitudinal para meia secção de pilar. ............................84
Figura 43 – Pormenorização da armadura adoptada nos pilares. ..............................................87
Figura 44 – Representação esquemática de uma sapata. ..........................................................97
Figura 45 – Representação da sapata – excentricidade maior que ¼ da dimensão da sapata. ..98
Figura 46 – Representação da sapata – excentricidade menor que ¼ da dimensão da sapata. .99
Figura 47 – Representação esquemática do maciço de encabeçamento. ................................102
Figura 48 – Modelo de escoras e tirantes para o encontro E2 na direcção longitudinal. .........103
Figura 49 – Modelo de escoras e tirantes para o encontro E2 na direcção transversal. ..........104
Figura 50 – Disposição da armadura para resistir no encontro E2. ..........................................105
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Índice de Tabelas
Tabela 1 – Dimensões das componentes do tabuleiro. ..............................................................13
Tabela 2 – Coeficientes de combinação de acções (ELU). ..........................................................24
Tabela 3 – Coeficientes de combinação de acções (ELS). ...........................................................24
Tabela 4 – Esbeltezas dos pilares. ..............................................................................................29
Tabela 5 – Cálculo dos esforços normais na base do pilar devido às cargas permanentes. .......29
Tabela 6 – Tensões máximas de tracção na base de cada pilar. .................................................30
Tabela 7 - Peso próprio do tabuleiro nas diferentes secções transversais. ................................31
Tabela 8 – Valores de cálculo da restante carga permanente. ...................................................31
Tabela 9 – Valores de cálculo .....................................................................................................32
Tabela 10 – Valores de sobrecarga rodoviária a utilizar. ............................................................33
Tabela 11 – Valores característicos das forças centrífugas. .......................................................35
Tabela 12 – Resultante das forças de arranque/frenagem sobre os pilares e encontros na
direcção longitudinal. .................................................................................................................36
Tabela 13 – Características do solo. ...........................................................................................36
Tabela 14 – Força de atrito referente a cada pilar. ....................................................................37
Tabela 15 – Acções devidas ao peso próprio na consola. ...........................................................42
Tabela 16 – acções devidas à restante carga permanente na consola. ......................................43
Tabela 17 – Acções na consola devidas ao veículo tipo, obtidas através das superfícies de
influência. ...................................................................................................................................43
Tabela 18 – Acções na consola devidas à sobrecarga uniforme rodoviária e à sobrecarga nos
passeios. .....................................................................................................................................44
Tabela 19 – Resultados do estudo do grau de encastramento elástico. ....................................45
Tabela 20 – Cargas permanentes e momentos actuantes na laje central resultantes de tais
cargas. ........................................................................................................................................46
Tabela 21 – Momento actuante na laje central devido ao efeito da temperatura diferencial. ..46
Tabela 22 – Momentos devidos ao veículo tipo corrigido com o grau de encastramento
elástico. ......................................................................................................................................47
Tabela 23 – Momentos devidos à sobrecarga corrigidos com o grau de encastramento elástico.
...................................................................................................................................................48
Tabela 24 – Quadro resumo dos momentos presentes nas lajes. ..............................................49
Tabela 25 – Momentos para a combinação Frequente de acções. ............................................49
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Tabela 26 – Momentos e armaduras para a verificação do ELU. ................................................51
Tabela 27 – Análise Longitudinal dos momentos para a secção transversal total (com as duas
nervuras). ...................................................................................................................................55
Tabela 28 – Momentos frequentes ao longo do tabuleiro tendo as sobrecargas como variável
base. ...........................................................................................................................................56
Tabela 29 – Momentos frequentes ao longo do tabuleiro tendo a temperatura diferencial
como variável base. ....................................................................................................................56
Tabela 30 – Cargas equivalentes para P∞=1000kN. ....................................................................58
Tabela 31 – Dados relativos ao pré-esforço longitudinal. ..........................................................59
Tabela 32 – Verificação de fendilhação das secções. .................................................................60
Tabela 33 – Larguras equivalentes e braços. ..............................................................................62
Tabela 34 – Armadura ordinária para as secções condicionantes. .............................................62
Tabela 35 – Armadura para a verificação do ELU. ......................................................................63
Tabela 36 – Esforço transverso nas secções condicionantes. .....................................................64
Tabela 37 – Esforço transverso nas secções condicionantes (continuação). ..............................64
Tabela 38 – Verificação da compressão nas bielas. ....................................................................65
Tabela 39 – Armadura de torção. ...............................................................................................66
Tabela 40 – Armadura transversal por secção. ..........................................................................67
Tabela 41 – Armadura transversal por secção (continuação).....................................................67
Tabela 42 – Rigidez das estacas. .................................................................................................68
Tabela 43 – Cálculo da massa total a considerar. .......................................................................70
Tabela 44 – Cálculo da rigidez total segundo a direcção longitudinal. .......................................71
Tabela 45 – Determinação da frequência e período. .................................................................71
Tabela 46 – Cálculo da força basal para os dois tipos de sismo na direcção longitudinal. .........72
Tabela 47 – Força sísmica absorvida por cada pilar, na direcção longitudinal. ..........................72
Tabela 48 – Forças correspondentes às massas concentradas nos elementos. .........................74
Tabela 49 – Cálculo das rigidezes transversais dos elementos. ..................................................74
Tabela 50 – Deslocamentos obtidos devido às forças Fi. ............................................................75
Tabela 51 – Cálculo da frequência e do período. .......................................................................75
Tabela 52 – Cálculo da força basal para os dois tipos de sismo na direcção transversal. ...........76
Tabela 53 – Força sísmica absorvida por cada elemento, na direcção transversal. ....................77
Tabela 54 – Cálculo do coeficiente de força para cada direcção. ...............................................79
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Tabela 55 – resultante da acção do vento sobre os pilares. .......................................................80
Tabela 56 – Esforços verticais actuantes na base dos pilares. ....................................................81
Tabela 57 – Forças totais na direcção longitudinal actuantes nos pilares, em kN. .....................82
Tabela 58 – Forças totais na direcção transversal actuantes nos pilares, em kN. ......................82
Tabela 59 – Momentos na base dos pilares devido à acção sísmica, as duas direcções. ...........83
Tabela 60 – Armadura Longitudinal do pilar. .............................................................................84
Tabela 61 – Cálculo do momento resistente correspondente à direcção longitudinal. .............85
Tabela 62 – Cálculo do momento resistente correspondente à direcção transversal. ...............85
Tabela 63- verificação da flexão composta nos pilares. .............................................................86
Tabela 64 – Cálculo da armadura necessária para o esforço transverso nas duas direcções. ....87
Tabela 65 – Armadura de esforço transverso a adoptar nas duas direcções. ............................87
Tabela 66 – Verificação ao esmagamento do betão na secção da base do pilar condicionante.88
Tabela 67 – Verificação da compressão das bielas. ....................................................................88
Tabela 68 – Verificação ao Estado limite de Encurvadura. .........................................................89
Tabela 69 – Contabilização do peso do betão da estrutura. ......................................................91
Tabela 70 – Cálculo dos impulsos de terras................................................................................92
Tabela 71 – Verificação de segurança ao deslizamento. ............................................................92
Tabela 72 – Cálculo dos momentos estabilizantes. ....................................................................93
Tabela 73 – Determinação dos momentos estabilizantes corrigidos. ........................................94
Tabela 74 – Cálculo dos momentos instabilizantes corrigidos. ..................................................94
Tabela 75 – Momentos provocados pelo solo. ...........................................................................94
Tabela 76 – Dimensionamento dos gigantes. .............................................................................95
Tabela 77 – Cálculo da armadura dos gigantes. .........................................................................95
Tabela 78 – Cálculo do esforço normal para a combinação rara de acções. ..............................96
Tabela 79 – Esforços obtidos para o dimensionamento da sapata. ...........................................97
Tabela 80 – Cálculos das excentricidades em ambas as direcções. ............................................98
Tabela 81 – Cálculo da armadura das sapatas para a direcção longitudinal. ...........................100
Tabela 82 – Cálculo da armadura das sapatas para a direcção transversal. .............................101
Tabela 83 – Cálculo da reacção por estaca. ..............................................................................103
Tabela 84 – Determinação da armadura para a direcção longitudinal. ....................................103
Tabela 85 – Esforços de dimensionamento. .............................................................................104
Tabela 86 – Cálculo das reacções correspondentes. ................................................................104
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Tabela 87 – Cálculo da armadura de tração no maciço de encabeçamento. ...........................105
Tabela 88 – Determinação do tipo de comportamento da estaca. ..........................................106
Tabela 89 – Características e tipo de comportamento das estacas. .........................................106
Tabela 90 – Determinação da área de armadura de flexão a adoptar em cada estaca. ...........107
Tabela 91 – Cálculo da armadura de esforço transverso a adoptar em cada estaca. ...............108
Tabela 92 – Esforços de cálculo não majorados. ......................................................................109
Tabela 93 – Tensões das estacas na direcção longitudinal. ......................................................109
Tabela 94 – Forças horizontais e verticais actuantes nos elementos verticais, assim com as
cargas máximas actuantes em toneladas. ................................................................................111
Tabela 95 – Amplitude dos deslocamentos a acomodar nas juntas. ........................................112
Tabela 96 – Características do Betão C30/37. ..........................................................................114
Tabela 97 – Características do aço A500NR. ............................................................................114
Tabela 98 – Características do aço de pré-esforço A1670/1860. .............................................114
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1. Introdução
O presente trabalho, realizado no âmbito da disciplina de Pontes, tem como principal objectivo
a definição, e posterior apresentação, de uma solução para uma ponte rodoviária de Classe I, a
nível de estudo prévio.
Numa primeira fase, procede-se à descrição dos condicionamentos fundamentais do projecto,
de forma a se definir, de seguida, as opções a analisar na procura da solução mais viável. A
escolha realizada corresponde à coerência de critérios de segurança, economia, estética e
funcionalidade, a facilidade de execução e o impacto ambiental, não esquecendo a fase
construtiva, uma vez que se trata de um critério essencial na realização deste tipo de
projectos.
Após a selecção da solução a desenvolver, procede-se ao pré-dimensionamento dos elementos
que fazem parte da estrutura da ponte, em particular, tabuleiro, pilares, encontros e
fundações. De igual modo, procede-se à quantificação das acções e á definição dos critérios de
dimensionamento.
De seguida, determinam-se os esforços actuantes, realizando-se assim uma análise estrutural a
todos os elementos, apurando-se com maior detalhe as geometrias previamente definidas,
calculando-se o pré-esforço necessário, as principais armaduras, tanto longitudinais, como
transversais, e seleccionando os aparelhos de apoio e juntas de dilatação a empregar no caso
de estudo.
Por fim, é realizada uma breve descrição dos materiais e processo construtivos a utilizar,
procurando justificar as opções tomadas.
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2. Condicionamentos
O meio ambiente é um aspecto fundamental para a realização e construção de uma obra de
arte, sendo por isso indispensável o estudo das suas variáveis, nomeadamente o estudo
geotécnico e geométrico, topográfico, ambiental e construtivo, entre outras.
Estes estudos permitem a escolha de várias hipóteses construtivas, permitindo, também, a
identificação de diversas limitações das hipóteses, auxiliando, inclusive, a execução de
melhorias no processo construtivo da obra de arte.
Apesar dos vários estudos referentes às condicionantes da zona em estudo, continuam a
existir diversos pormenores não abrangidos pelos mesmos e, de modo a serem fornecidas
todas as informações, seria necessário a realização de estudos complementares.
2.1. Condicionantes Topográficas
A condicionante topográfica é de extrema importância pelos diversos problemas que dela
podem surgir. Na execução da obra de arte em estudo, torna-se essencial a criação de uma
passagem inferior.
A altura do tabuleiro e a existência de cursos de água são dois factores marcantes na
realização das obras de arte, uma vez que podem gerar grandes dificuldades na execução e
posição dos pilares, sobre os quais será colocado o tabuleiro. Na construção da infra-estrutura,
constata-se a necessidade de se analisar a inclinação dos taludes, dado que esta não pode ser
superior à inclinação crítica, impedindo, assim, a ocorrência de escorregamentos de terra.
A existência de aterros é, também, de extrema importância para a construção, pelo facto dos
mesmos, em geral, serem constituídos por terra de fraca qualidade, impossibilitando assim a
construção de fundações directas.
Um outro aspecto fundamental na construção de pontes consiste na necessidade ou não de
contenções de terras. No caso deste factor ser necessário, existe a possibilidade de se
construírem encontros que permitem conter as terras, denominados encontros perdidos.
A infra-estrutura em estudo encontra-se localizada numa zona rural, que se admite
completamente deserta, não se verificando a existência de construções vizinhas, pelo que não
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irão existir limitações relativamente ao incómodo que a sua implantação terá no meio que a
rodeia (como espaços ou sombras).
2.2. Condicionantes Geotécnicas
As análises de prospecção geotécnica são realizadas através de ensaios de prospecção
mecânica, ensaios de rotação e ensaios SPT. A realização destes estudos permite a
determinação da constituição do solo, legendadas nas plantas fornecidas para a realização do
projecto.
Os estudos geotécnicos originam uma classificação mais qualitativa e menos precisa dos
terrenos. Na execução das infra-estruturas é essencial a escolha dos terrenos mais resistentes,
pelo facto de facilitarem a realização de fundações directas, bem como, de encostas
estabilizadas, de modo a não ser necessária a construção de infra-estruturas para a contenção
de terras.
No presente estudo, verifica-se que o terreno com maior resistência se encontra a pouca
profundidade, possibilitando o recurso a fundações directas. Este factor apenas não é
verificado no encontro que se localizará à direita, uma vez que nesta zona está-se perante um
grande volume de terreno de fraca qualidade (aterro).
2.3. Condicionantes Geométricas
As condicionantes geométricas são de extrema importância para a construção da obra de arte,
nomeadamente o seu perfil transversal, pela dificuldade de projecção do mesmo para
proporcionar uma utilização propícia. Em todas as obras de arte é imprescindível a realização
de passeios – no presente caso com 1,50m – para a circulação pedonal e de bermas para
diversos fins, especialmente para paragem de veículos, realização de arranjos da obra, etc.
Salienta-se que a obra de arte em questão apresenta uma rasante com inclinação da ordem
dos 5% e uma directriz curvilínea com um raio de 750m. No que diz respeito ao perfil
rodoviário, este toma o valor total de 12,5m.
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Na construção da ponte, a altura do tabuleiro, altura máxima dos pilares e o comprimento de
vão, são informações fundamentais. Na obra de arte em estudo, a altura máxima que a rasante
se contra do solo é cerca de 19m, tornando possível, à partida, o recurso de cimbre ao solo
nessa zona. Relativamente ao vão total da ponte, este é de aproximadamente 300m.
2.4. Condicionantes Construtivas
Na construção de viadutos, é importante o estudo da existência de limitações no seu processo
construtivo.
No presente caso não existem qualquer tipo de limitações construtivas. Desta forma, admitiu-
se que se tem à disposição qualquer tipo de equipamento, mão-de-obra ou material, tendo-se
considerado ainda que não existiram custos acrescidos relativamente ao transporte de
materiais e elementos pré-fabricados.
No que diz respeito ao factor económico, sendo a única limitação existente nesse campo,
procura-se proceder a um dimensionamento dos constituintes do projecto da forma mais
económica possível.
Refira-se que, como já foi referido, a altura máxima da rasante ao solo não limita em teoria a
utilização do processo construtivo “Cimbre ao Solo” (H ≤ 25m) – o mais económico nesta
situação.
2.5. Condicionantes Hidráulicas
Na planta do terreno fornecida para a realização do projecto, não existem cursos de água, logo
não se verificam problemas na implantação dos pilares.
2.6. Condicionantes Paisagens e Ambientais
O projecto em questão, tal como referido anteriormente, situa-se numa zona rural, não sendo
necessário, deste modo, cuidados de contenção sonora. No que diz respeito à estética e
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integração na paisagem da ponte, estas prendem-se ao facto dos vales serem relativamente
compridos e pouco profundos, tal como no presente caso.
Pelo facto de se ter admitido que não existem espécies de seres vivos raros na região não é
necessário qualquer tipo de cuidado especial nesta área questões ao nível do habitat dos
mesmos. A presença da estrutura não impede a passagem de seres vivos de um lado para o
outro.
2.7. Condicionantes Complementares
Condições Locais:
Não foram fornecidas informações relativamente ao acesso à obra, nem de restrições de
materiais, equipamentos ou de mão-de-obra nem, inclusive, a indicação da existência de água
potável nas redondezas.
Sismicidade:
A zona onde será realizada a obra é de fraca sismicidade, Viana do Castelo, de modo a que será
dispensável a utilização de reforços extras.
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3. Estudo preliminar de soluções
Neste capítulo apresentam-se algumas soluções possíveis, as quais serão confrontadas com
algumas condicionantes referidas anteriormente, comparadas entre si e, por fim, definida a
solução que será a mais equilibrada e alvo de estudo.
De referir que pontes em arco ou de tirantes não foram consideradas como soluções possíveis
para o caso em estudo, uma vez que se trata de uma obra cuja rasante se contra relativamente
próxima do solo, e a qual a presenta uma extensão considerável, este tipo de solução seria
inviável.
As soluções propostas já correspondem a uma combinação entre a solução longitudinal e a
solução transversal. Começou-se por posicionar os pilares em zonas que se consideravam
adequadas, determinando assim os vãos resultantes, dando origem, desta forma, ao tipo de
tabuleiro mais adequado para cada situação.
3.1. Secção em caixão
Este tipo de secção é utilizado, em geral, para vãos superiores a 50m, onde a superstrutura
não deve ter uma altura inferior a 2,50m, de forma a permitir a observação pelas faces
interiores, e a respectiva manutenção.
Para este tipo de solução, os vãos adoptados são de 55m e 42m para vãos interiores e laterais,
respectivamente. Tendo em conta as esbeltezas admissíveis para este tipo de secção, a altura
da superstrutura a considerar seria de 2,75m, admitindo uma secção em caixão unicelular
(maior simplicidade de execução), constante ao longo de todo o vão.
Apesar da altura considerável permitir um braço relativamente grande, tornando, assim, a
secção muito eficiente relativamente à resistência a momentos flectores, verificou-se que ser
uma altura exagerada, não se enquadrando a nível estético, tendo em consideração a pouca
altura da rasante ao solo.
Apesar de se tratar de uma solução adequada para pontes curvas, como é o caso em estudo,
chegou-se à conclusão que este não será um factor condicionante para a escolha da melhor
solução, uma vez que a directriz circular de curvatura é de 750m, e o comprimento da rasante
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Mestrado Integrado em Engenharia Civil 8
cerca de 300m, os efeitos de torção no tabuleiro derivados dessa curvatura poderão ser
desprezados.
De salientar a existência de grandes dificuldades relacionadas com o processo construtivo
deste tipo de secção, principalmente no que diz respeito à complexidade de cofragens,
betonagem e armaduras.
Deste modo, foi possível verificar que as desvantagens que esta solução conduziria são muitas,
não se justificando a escolha de uma secção em caixão, apesar de o número de pilares ser
relativamente menor, poupando-se assim em betão.
3.2. Laje vigada
Ao tentar diminuir o vão anteriormente arbitrado, chegou-se a um vão interior de 40 m, e vão
exterior de 30m, o qual conduziu ao recurso de uma alternativa de laje vigada. Esta solução
caracteriza-se por uma utilização mais reduzida do número de pilares e, deste modo,
possibilitar uma maior simplicidade a nível de cofragem, betonagem e armadura.
Por outro lado, o tabuleiro desta alternativa deverá apresentar uma espessura à volta dos
2,25m, apresentando uma esbelteza mais elevada, que condiciona bastante a sua integração
no sistema adjacente.
O facto de o tabuleiro apresentar um comprimento transversal de 16,5m, iria também
condicionar a solução já que à partida obrigaria o recurso a pré-esforço transversal, e desta
forma tornar a solução mais cara.
3.3. Laje vazada
A alternativa com vãos interiores com 26 m, permitiu uma solução mais leve a nível de
superstrutura, onde o tabuleiro tomaria agora uma altura de 1,3m.
Deste modo, verifica-se que a integração espacial seria deficiente em consequência da
presença de um elevado número de pilares, relativamente à baixa espessura do tabuleiro.
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A solução em questão apresenta como condicionante, ainda, o facto de se utilizar uma grande
quantidade de recursos a nível de betonagem e cofragem no que diz respeito aos pilares,
tornando-se deste modo uma solução mais complicada.
3.4. Secção em laje nervurada
A solução de secção transversal em laje nervurada surge com o objectivo de melhorar as
soluções anteriormente apresentadas (solução em laje vigada e em laje vazada), evitando, por
exemplo, o recurso ao pré-esforço transversal. Este tipo de solução é geralmente utilizado
quando se está na presença de comprimentos de vão até 35m.
Neste caso, optou-se por comprimentos de 32m e de 26m para vãos centrais e vãos laterais,
respectivamente. Como tal, considerou-se uma secção em laje nervurada com uma altura total
de 1,60m, ou seja, uma esbelteza de ⁄ ⁄ , de forma a não tornar a solução
demasiado densa. Para além disso, este tipo de solução possui a grande vantagem de ser
construtivamente mais simples, apesar de exigir maior quantidade de betão, tornando-se,
também, mais pesada, no que diz respeito ao peso próprio da superstrutura, pelo que se
optou por colocar vazamentos em cada nervura.
Quanto à geometria da secção, pretende-se que seja o mais leve possível, tendo em conta
diversas preocupações, nomeadamente a nível da posição de tamanhos dos vazamentos, de
forma a garantir uma distância razoável para a colocação do pré-esforço, e do tamanho das
consolas e laje interior, de modo a equilibrar os momentos instalados e a evitar o recurso a
pré-esforço transversal.
De referir que, tal como na solução anteriormente apresentada, optou-se por colocar apenas
um pilar, no que diz respeito à secção, recorrendo-se assim ao capitel, o qual transmite as
cargas do tabuleiro ao pilar. Neste caso, a solução apresenta um total de nove pilares.
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4. Dimensionamento da Solução
4.1. Funcionamento Estrutural
A definição da solução estrutural de uma ponte deve ter em consideração uma envolvente de
critérios, tais como o levantamento das características do local, o processo construtivo,
aspectos de dimensionamento, entre outros.
A solução final nem sempre é fácil de definir, tendo em conta que depende das restantes
soluções adoptadas e que condiciona os outros elementos estruturas que constituem a ponte.
No geral, existem os seguintes tipos de sistema estrutural possíveis:
Pontes em viga;
Pontes em pórtico;
Pontes em arco;
Ponte de Cabos (suspensa e de tirantes).
No caso do presente trabalho, a solução em estudo apresenta um eixo circular com um raio de
750m, uma extensão total na ordem dos 300m e uma altura máxima de 20m. Deste modo,
opta-se pelo sistema estrutural longitudinal convencional de pontes em viga simplesmente
apoiada, que atende a grande maioria dos casos de pontes cm pequenos vãos. As cargas que
actuam sobre a laje são transferidas para as nervuras e destas para os pilares (através de
aparelhos de apoio), e ao solo pelas fundações.
4.2. Tabuleiro
A selecção do tipo de secção estrutural está estritamente relacionada com:
A função da obra;
O vão;
O material estrutural;
O sistema estrutural longitudinal;
A largura do tabuleiro;
O processo construtivo;
Condicionantes estéticos.
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Tendo em conta que se conhece tanto a finalidade da obra (ponte rodoviária), como a largura
do tabuleiro, relacionada com a importância da via de comunicação, torna-se possível ter uma
noção das sobrecargas a actuar na estrutura.
O caso em estudo apresenta uma rodovia de 12,5m de largura, a qual integra vias e bermas
(indicados no enunciado), em que, com a introdução de passeios e outros elementos, perfaz
16,5m.
Na ausência de informações de maior detalhe, não é apontada qualquer questão de ordem
estética ou relacionada com a limitação de equipamentos de construção que justifique a
escolha da secção transversal. Deste modo, a solução adoptada trata-se de uma estrutura em
betão armado pré-esforçado, onde se conclui que o factor condicionante, decisivo na escolha
do sistema estrutural transversal, foi o vão.
Os vãos extremos e interiores foram fixados em 24m e 32m, respectivamente, concluindo-se
que a solução de sistema transversal em laje nervurada fosse a mais adequada do ponto de
vista técnico, económico e estético. Este tipo de solução é justificável em vãos compreendidos
entre os 20 e os 30 metros, uma vez que para tais distâncias a solução de laje maciça torna-se
muito pesada, tanto a nível estético como de peso próprio, com um elevado consumo de
betão e aço, assim como um mau aproveitamento do pré-esforço devido à pequena
excentricidade dos cabos. Desta forma, tais desvantagens são reduzidas pela solução
escolhida, para além de permitir uma variante com vazamentos, designada de laje nervurada
vazada.
De acordo com o exposto e tendo em conta a diversas regras de pré-dimensionamento,
apresenta-se seguidamente a solução adoptada.
Após a escolha da secção transversal, torna-se necessário definir os restantes elementos que
integram o tabuleiro, de modo a finalizar o seu dimensionamento:
Betuminoso com uma espessura de 0,05m;
Passeios sobre-elevados com 1,50m de largura útil, nos quais se encontram embebidos
3 tubos de PVC110mm para passagem de serviços;
Lancis com guarda de segurança (“Auto-safe”);
Guarda-corpos;
Vigas de bordadura;
Guardas de segurança.
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Figura 1 – Elementos a introduzir no tabuleiro nas zonas de consola.
Tal como referido anteriormente, atribuiu-se um comprimento de 16,5m para a largura do
tabuleiro. Para o pré-dimensionamento de tal dimensão foi necessário ter em conta a largura
dos elementos já apresentados, além das dimensões das vias e bermas apresentadas no
enunciado do trabalho (tabela 1).
Tabela 1 – Dimensões das componentes do tabuleiro.
Vias 1x3,75m para cada sentido
Bermas 2,50m exterior
Passeio 1,50m (largura útil)
Guarda de segurança 2x0,5
Figura 2 – Dimensões adoptadas no pré-dimensionamento da secção transversal (medidas em metros).
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Tendo em conta que a nível transversal os esforços mais condicionantes são os momentos
presentes nas consolas, com o objectivo de se obter uma solução equilibrada e que não
necessite de pré-esforço transversal, teve-se como principio que o comprimento das consolas
deveria ser inferior a metade do comprimento da laje entre vigas, tendo ficado definidos
comprimentos de 2,25m para as consolas e 4,0m para a laje entre nervuras.
No que diz respeito às nervuras, independentemente das solicitações em cada uma, foram
definidas dimensões iguais para ambas por razoes de ordem estética. De salientar que houve
necessidade de se arbitrar dimensões para a altura, base inferior e base superior da viga. Deste
modo, e uma vez que a secção transversal possui apenas duas nervuras, estas terão de ter
largura suficiente para permitir as dimensões da laje do tabuleiro em consola e entre nervuras
definidas acima, tendo-se definido uma dimensão de 3,0m para a base inferior, e para a base
superior 4,0m, introduzindo um declive na nervura (1:2,5) que favorece o aspecto estético do
tabuleiro, mas contraria o critério de dimensionamento da inclinação da nervura (1:3a4).
A nível de vazamentos, é possível incluir 3 vazamentos circulares, cada um com diâmetro de
65mm, em cada nervura, respeitando as distâncias mínimas entre os mesmos e entres os
vazamentos e o limite exterior da secção, de modo a acomodar armaduras e os cabos de pré-
esforço longitudinal (com tais características, torna-se possível a inclusão de um máximo de 6
cabos de pré-esforço por nervura com a mesma excentricidade). Deste modo, define-se um
espaçamento de 0,30m entre os vazamentos e entre eles e o limite exterior da nervura
(0,30m).
Para o pré-dimensionamento da altura das nervuras, numa primeira fase segue-se a regra que
preconiza que a esbelteza do tabuleiro no maior vão (Lvão central/h):
⁄ ⇒
Desta forma, definiu-se o valor de 1,60m para a altura de nervura.
No que diz respeito às consolas, estas apresentam uma espessura variável de 0,20m nas
extremidades para 0,35m na confluência com as nervuras, tendo em conta que os esforços
aumentam igualmente neste sentido, evitando-se assim o recurso ao pré-esforço para
precaver a fendilhação do betão. O momento aplicado deve ser inferior ao momento de
fendilhação, sendo este proporcional ao quadrado da espessura.
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Relativamente à laje entre nervuras, define-se uma espessura constante de 0,35m, admitindo-
se não ser necessário à partida o recurso a esquadros, uma vez que a distância entre nervuras
não é demasiado grande.
De salientar que a secção transversal é variável ao longo da direcção longitudinal, uma vez que
nos apoios possui uma carlinga transversal a ligar as nervuras, e em partes do vão do tabuleiro
a secção é vazada, tendo em conta que não existe necessidade de tanta área de betão para
resistir à compressão (caso que não se verifica nos apoios), diminuindo assim as cargas
permanentes.
Figura 3 – Secção transversal no vão e no apoio (medidas em metros).
Sendo assim, ao longo do vão são aplicadas carlingas nas secções dos apoios, com a dupla
função de distribuir as cargas para os apoios e de evitar a torção da secção do tabuleiro.
Todavia, deve-se referir que a carlinga não estará ligada à laje, de forma a permitir que a laje
tenha um comportamento de flexão cilíndrica ao longo de todo o comprimento do tabuleiro.
Figura 4 – Variação da secção transversal da superestrutura ao longo da ponte.
4.3. Pilares
Os pilares são elementos de elevada importância para a obra, tendo em conta que suportam
as acções provenientes da superstrutura, através da ligação da super-infraestrutura, a qual
pode ser monolítica ou então através de aparelhos de apoio. Deste modo, após a definição da
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ligação a adoptar e dos esforços associados a cada elemento, procede-se, então, ao pré-
dimensionamento dos pilares, o qual é realizado, numa primeira abordagem, respeitando
critérios estéticos. Antes de se efectuar qualquer cálculo, define-se que todos os pilares terão
a mesma secção, independentemente das diferenças de altura entre eles, uma vez que se
verifica ser a solução mais adequada a nível estético. De notar ainda que a dimensão do pilar
segundo a direcção transversal do tabuleiro deverá ser superior à dimensão segundo a
direcção longitudinal, visto que os pilares terão de ter, à partida, uma maior resistência nessa
direcção para efeitos do vento e do sismo.
Desta forma, no âmbito dos critérios acima referidos, pretende-se que a dimensão longitudinal
dos pilares esteja compreendida entre 2/3 a 1 vez a altura do tabuleiro, assim:
⁄
⇒
sendo b a dimensão do pilar na direcção longitudinal.
Tal condição segue uma sugestão de pré-dimensionamento de forma a que a espessura do
tabuleiro não se imponha ao pilar, criando uma sensação de fragilidade. Deste modo, e tendo
em conta outras verificações, admitiu-se que b = 1,60m como valor para a dimensão do pilar
na direcção longitudinal.
No que diz respeito à direcção transversal, h, considera-se que a sua largura terá que cumprir
as seguintes condições:
{
tal como na escolha da largura do pilar, devido a essencialmente critérios de esbelteza, optou-
se pelo valor de para a dimensão do elemento na direcção transversal. Tendo em
conta que se optou por apenas um pilar na direcção transversal, e que a largura das duas
nervuras juntamente com a distância entre elas ( ) é superior à
largura do pilar nessa mesma direcção, recorreu-se à utilização de um capitel no topo do pilar,
de forma a realizar a ligação entre o tabuleiro e o elemento vertical. A escolha de apenas um
pilar na direcção transversal foi feita a nível de simplificação, isto é, de forma a não se ter
demasiados pilares ao longo da extensão da ponte.
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Relativamente à forma da secção dos pilares, opta-se por uma secção não rectangular, tanto
para efeitos estéticos, como forma de minimizar a esbelteza deste elementos. Como tal, é
preferível evitar superfícies lisas e planas de grandes dimensões, pois a coloração e
acabamento do betão dificilmente consegue ser uniforme. Sendo assim, são criadas zonas
inclinadas nas arestas e zonas rebaixadas a meio em relação ao plano de superfície de modo a
minimizar a área do pilar, e simultaneamente criar sombras. Mantendo as dimensões atrás
referidas, chegou-se a uma solução esteticamente mais enquadrada.
Assim, após o pré-dimensionamento dos pilares, a solução final da secção destes elementos é
a apresentada na figura seguinte.
Figura 5 – Secção dos pilares (medidas em metros).
À partida define-se que os pilares serão de secção maciça, uma vez que a possibilidade de
vazamentos apenas se coloca nas extremidades da secção, sendo, neste caso, inseridos moldes
de cofragem perdidos, de modo a diminuir a área e, consequentemente, a quantidade de
betão a utilizar, tornando a solução mais económica.
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Por fim, relativamente aos elementos verticais, a ligação entre estes e o tabuleiro será
realizada, tal como foi referido anteriormente, através de um capitel. Esta solução é
considerada melhor tanto a nível estético, como a nível económico, tendo em conta que a
largura do tabuleiro não é demasiado grande (16,5m), e a distância entre nervuras é de apenas
5,0m, não se justifica o recurso a dois pilares na direcção transversal.
Quanto à altura total dos pilares, de referir que para além da distância do tabuleiro ao terreno,
é também considerado que estes se prolongam até às fundações directas, neste caso recorre-
se a sapatas, as quais se encontram ao nível de fundação.
4.4. Encontros
Os encontros da ponte são pré-dimensionados de forma a suportar e transmitir às fundações
as cargas verticais e horizontais exercidas pela superstrutura. No presente estudo, apesar de a
ponte se situar numa zona de pouca sismicidade, como é o conselho de Viana de Castelo, é
provável que as cargas horizontais resultantes da acção sísmica sejam condicionantes.
A obra de arte em estudo é constituída por um encontro aparente, tendo em conta que neste
caso o limite do tabuleiro não se encontra sobre o talude ao nível da rasante, e um encontro
perdido. Quanto ao encontro aparente, este caracteriza-se por alterar a posição do talude
natural, uma vez que se prolonga o talude até ao encontro, ao contrário do que acontece no
caso do encontro perdido, onde a superstrutura se prolonga até ao terreno, reduzindo-se,
deste modo, o encontro a um simples apoio para a extremidade do tabuleiro, sem ter por
conseguinte a função de suportar o aterro.
De um modo geral, nos encontros aparentes existe um muro de testa totalmente aparente e
dois muros laterais, normalmente ligados ao muro de testa, os quais se designam de muros de
avenida quando são perpendiculares a este. Conforme as condições topográficas e
geotécnicas, os muros de avenida são maiores ou menores, podendo em certos casos serem
suprimidos.
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Figura 6 – Perspectiva simplificada de um encontro aparente.
Tendo em conta que o centro de rigidez da obra de arte se situa próximo do centro de
gravidade da ponte, ambos os encontros têm ligação ao tabuleiro através de apoios móveis. A
definição dos encontros será realizada de tal forma que se consiga evitar o recurso a aparelhos
óleo-dinâmicos, com custos financeiros consideráveis e com necessidade de uma manutenção
superior.
No presente caso, um dos encontros tem condições de fundação que não são as ideais, o que
implica o recurso a fundações indirectas, uma vez que se apresenta como uma solução mais
económica a nível de escavações, quantidade de betão e cofragens, em comparação com as
fundações directas.
Dado o recurso a fundações indirectas, não se justifica uma grande altura do encontro. Deste
modo, no encontro da direita colocou-se o maciço de encabeçamento das fundações ao nível
do tabuleiro, podendo assim ser dispensada a utilização de gigantes e viga de estribo. No que
diz respeito ao encontro da esquerda, uma vez que a distância do terreno ao tabuleiro é
significativa, recorreu-se à solução convencional de viga estribo com gigantes de forma a fazer
ligação entre o tabuleiro e o maciço de encabeçamento. Neste caso adopta-se uma viga de
estribo com 1,5m de altura, 3m na sua dimensão longitudinal (de forma a coincidir com a
dimensão dos gigantes) e 16,5m na direcção transversal, correspondente à largura do
tabuleiro. Quanto aos gigantes, estes devem se encontram espaçados de 4,8 em 4,8 metros, o
que perfaz o uso de 6 gigantes, com uma espessura de 0,5m, a ligar a viga de estribo ao maciço
de encabeçamento.
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Para além dos elementos já referidos, os encontros são ainda constituídos pelo espelho
anterior, espelho lateral, dente sísmico e laje de transição, os quais podem ser observados na
figura 7.
Figura 7 – Elementos constituintes do encontrão da esquerda.
Tanto o espelho lateral, como o espelho anterior, servem apenas para contenção de terras e
protecção dos aparelhos de apoio aos agentes agressivos, não tendo qualquer função
estrutural. O dente sísmico tem como função travar os deslocamentos transversais do
tabuleiro através do contacto com a carlinga do encontro. A viga de estribo, como se referiu,
para além de fazer ligação ao maciço de encabeçamento através dos gigantes, serve de base
para os aparelhos de apoio que fazem a ligação ao tabuleiro.
Um outro aspecto a destacar sobre o pré-dimensionamento dos encontros prende-se ao
comportamento da superstrutura, o qual torna necessário decidir acerca do tipo de aparelhos
de apoio em que assenta o tabuleiro. De notar que de forma a evitar a criação de esforços que
poderão ser problemáticos na superstrutura, é viável que pelo menos um dos encontros
contenha aparelhos de apoio compatíveis com os deslocamentos longitudinais. Por outro lado,
tendo em conta a localização da ponte, não houve grande preocupação em que um dos
encontros absorva a grande maioria da força sísmica existente, já que a zona não é de
sismicidade demasiado elevada, não havendo preocupação de se instalarem aparelhos de
apoio que impeçam deslocamentos ao nível dos encontros. Assim, no caso em estudo optou-
se por aparelhos de apoio que permita deslocamentos longitudinais (encontros móveis).
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4.5. Fundações
Após o pré-dimensionamento do tabuleiro, pilares e encontros procedeu-se, finalmente, ao
pré-dimensionamento das fundações. Todavia, salienta-se que para as opções tomadas para
pilares e encontros, teve obrigatoriamente de se ter em conta o tipo de fundações que ambos
possuíam.
Tal como foi referido, o tipo de fundações adoptado tanto para os pilares como para o
encontro da esquerda são fundações directas, uma vez que ao analisar o corte geotécnico
verifica-se que em grande parte do terreno o nível de fundação não se encontra a grande
profundidade, não se justificando o recurso a fundações indirectas. Quanto ao encontro da
direita, a presença de um grande volume de aterro implicará o recurso a fundações indirectas,
tendo em conta, tal como já foi referido, não se justifica economicamente proceder à
escavação de todo aquele terreno.
Quanto às fundações dos pilares, optou-se por sapatas com dimensões em planta de 8m na
direcção transversal (direcção da maior dimensão do pilar), e de 3m na direcção transversal,
sendo que a altura de cada sapata não varia de pilar para pilar, tomando uma valor de 1,0m.
Relativamente à fundação do encontro da esquerda, naturalmente a sapata terá dimensões
superiores, optando-se por 17,5m na direcção transversal, 11m na direcção longitudinal e
1,5m de altura. No que diz respeito à fundação do encontro da direita, foram definidos
diâmetros de 1m para as estacas que serviram de fundação ao mesmo, tendo o maciço de
encabeçamento uma espessura correspondente a 2 diâmetros, que corresponde a 2 metros.
Deste modo, para o dimensionamento das fundações foi necessário ter em conta a carga
vertical transmitida e os momentos derivados das cargas horizontais ao nível do tabuleiro.
Estas cargas provêm da acção condicionante para o caso, seja esta a acção sísmica ou a acção
do vento.
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Figura 8 – Representação das fundações dos pilares.
Figura 9 – Planta da fundação do encontro E2.
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5. Acções e critérios de dimensionamento
5.1. Verificação de segurança
Neste trabalho a verificação da segurança é feita segundo as directrizes definidas no
Eurocódigo, onde será verifica a segurança aos Estados Limites Últimos e aos Estados Limites
de Utilização.
5.1.1. Estado Limite Último
De forma a efectuar a verificação de segurança ao E.L.U. utilizou-se a seguinte combinação de
esforços:
∑ [ ∑
]
Em que:
SGi,k é o esforço resultante de uma acção permanente, valor característico;
SQi,k é o esforço resultante de uma acção variável considerada como acção base, valor
característico;
SQj,k é o esforço resultante das restantes acções variáveis, valor característico.
Relativamente aos coeficientes de segurança, tanto para acções permanentes como variáveis
foi considerado um coeficiente de 1,5. Este valor foi utilizado tendo em conta que se encontra
numa fase de estudo prévio e, desta maneira, o dimensionamento é realizado dentro da
segurança, apesar de se reconhecer que numa fase posterior estes coeficientes tomam valores
diferentes e inferiores para algumas acções. No entanto, e só para acção do pré-esforço, como
esta é uma acção favorável, adopta-se neste trabalho um valor de 0,9 para o coeficiente de
segurança.
Para o caso de se considerar para a acção variável base a acção sísmica, a expressão de
verificação passa a ser:
∑
∑
Note-se que para esta acção (SEk) não se consideram coeficientes de segurança, visto que o
espectro respectivo já vem majorado do Eurocódigo.
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Tabela 2 – Coeficientes de combinação de acções (ELU).
Acção
Carga permanente 1,5 -
Resto da carga permanente 1,5 -
Acção rodoviária
TS
1,5
0,75
UDL 0,40
FCT 0,40
Temperatura 1,5 0
Vento 1,5 0,60
Sismo 1,0 -
Pré-esforço 0,9 -
5.1.2. Estado Limite de Serviço
No estudo dos estados limites de serviço é necessário fazer verificações relativamente à
fendilhação e à descompressão. Como tal, foram utilizadas as combinações de acções
frequente e quase permanente.
Sendo que Msob representa o conjunto dos momentos devidos à acção rodoviária (veículo tipo
e sobrecarga uniforme) mais a acção da sobrecarga dos passeios. Quanto aos coeficientes
utilizados, são apresentados na tabela seguinte.
Tabela 3 – Coeficientes de combinação de acções (ELS).
Acção
Carga permanente 1,0 -
Resto da carga permanente 1,0 -
Acção rodoviária
TS 0,75
0 UDL 0,40
FCT 0
Temperatura 0,60 0,50
Vento 0,20 0
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Para a verificação do ELS de fissuração é feita uma comparação entre o momento de
fendilhação e o momento da combinação frequente de esforços. Tendo em conta que se
admite a existência de fissuras no tabuleiro e que este se situa numa zona com ambiente
agressivo sujeito a problemas de corrosão e ataque químico devido à proximidade do mar,
admite-se um procedimento conservativo a consideração da combinação frequente de acções.
Em que W corresponde ao módulo de flexão e é dado por
, sendo e a espessura da zona
onde se analisa a fendilhação. Para o valor de fctm considera-se 2,9 MPa, uma vez que o betão
é do tipo C30/37.
Da mesma forma, os estados limites de descompressão são verificados em relação às
combinações frequentes de acções, pela mesma razão referida para a análise de fendilhação.
O estado limite de descompressão, o qual basicamente condiciona o dimensionamento do pré-
esforço, considera-se satisfeito sempre que não existem tensões de tracção ao nível das fibras
extremas do tabuleiro que estariam mais traccionadas na ausência de pré-esforço, devido à
combinação das acções do momento flector e esforço axial, recorrendo à seguinte expressão:
Em que:
P – valor do pré-esforço a determinar;
e – excentricidade do cabo de pré-esforço na secção a considerar;
A – área da secção;
w – módulo de flexão;
Mfreq – momento resultante da combinação frequente de acções.
A verificação da segurança ao Estado Limite Último faz-se também majorando as acções e
minorando as resistências dos materiais, nomeadamente o aço e o betão. Os coeficientes de
segurança destes materiais são s=1,15 e c=1,5.
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5.1.3. Estado Limite de Fendilhação e Verificação da Esbelteza dos Pilares
É necessário efectuar a verificação ao estado limite de fendilhação e da esbelteza dos pilares
para o dimensionamento dos mesmos e das respectivas ligações à superestrutura.
Para a verificação do estado limite de fendilhação é necessário ter em conta o efeito das
acções lentas (retracção e fluência) a somar ao efeito da temperatura uniforme, que poderão
vir a provocar fendilhações na base do pilar. A variação total de temperatura uniforme obtida
anteriormente e que será utilizada para este dimensionamento é de 51,5ºC.
Uma vez definida a acção, de modo a quantificar os esforços em cada pilar/encontro devido ao
encurtamento do tabuleiro, é necessário definir o tipo de ligação destes elementos à
estrutura. Assim, de modo a adaptar os deslocamentos devidos a variações sazonais de
temperatura e suportar o encurtamento provocado por fenómenos de fluência e retracção é
de prever juntas de dilatação.
Relativamente ao tipo de ligação entre os pilares e o tabuleiro, esta pode ser monolítica, com
um apoio fixo ou com um apoio móvel unidireccional (o uso de apoios móveis nas duas
direcções, em geral, não é utilizado uma vez que transversalmente, durante um sismo, o
tabuleiro poderia sair de cima do pilar).
Dada a altura dos pilares ser consideravelmente inferior a 30m – o maior dos pilares apresenta
uma altura de 19,25m até à fundação – não se levanta a possibilidade de haver pilares
monolíticos, pois o facto de a sua altura não ser elevada, faria com que os mesmos
apresentassem grandes rigidezes e levaria a que ocorressem tracções consideráveis na base
dos mesmos. Tendo este facto em conta e dado que a zona em que a ponte será construída
não apresenta grande sismicidade (zona Norte de Portugal) e para que a acção do sismo na
direcção longitudinal possa ser absorvida maioritariamente pelos pilares, obtêm-se, desta
forma, uma solução que tem por base o recurso de um maior número possível de pilares fixos,
sendo os restantes pilares móveis. Os dois encontros existentes são móveis, não absorvendo
qualquer esforço ao longo da direcção longitudinal.
Figura 10 – Perfil longitudinal da ponte com identificação dos pilares e encontros.
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
Mestrado Integrado em Engenharia Civil 27
Para determinar quais os pilares que seriam fixos ou móveis adoptou-se a verificação do
critério de fendilhação, ou seja, a tensão máxima de tracção admissível nos pilares é de
2,9MPa (uma vez que para estes é utilizado o betão C30/37).
Assim, calculam-se as tensões na base de cada pilar, dadas por:
onde,
N – Esforço normal na base do pilar devido às cargas permanentes;
A – Área da secção;
W – Momento estático de inércia.
Torna-se necessário proceder ao cálculo dos momentos na base dos pilares provocados pelos
deslocamentos do topo, para o caso da ligação pilar/tabuleiro ser apoiada, uma vez que para
os apoios móveis não existe momento.
O momento na base de um apoio fixo devido a um deslocamento no topo é dado por:
Figura 11 – Modelo de cálculo de um pilar com aparelho de apoio fixo.
em que,
K – Corresponde à rigidez do pilar na direcção correspondente;
E’ – Módulo de elasticidade do betão que para acções lentas, sendo neste caso reduzido
para metade;
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
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I – Momento de inércia na base do pilar, na direcção correspondente;
– Deslocamento no topo do pilar;
H – Comprimento do pilar.
Tendo definidas a altura e secção dos pilares e o modelo de ligação destes ao tabuleiro e uma
vez verificado o Estado Limite de Fendilhação, reúnem-se as condições para verificar os
critérios de esbelteza.
De salientar que tendo em conta a zona sísmica e o comprimento da ponte, não se colocou a
hipótese de concentrar o centro de rigidez nas extremidades de obra, isto é, os encontros
foram definidos como móveis. Deste modo, optou-se por admitir que o centro de rigidez da
obra de arte em estudo se encontra próximo do centro da mesma.
De forma a verificar a esbeltez dos pilares, optou-se por elementos verticais com uma secção
transversal não totalmente rectangular, apresentada na figura abaixo. De notar que os
vazamentos existentes são constituídos por tubos de PVC perdidos, utilizados apenas para que
fosse possível diminuir a área, alterando também a inércia e o raio do giração, verificando,
desta forma, a esbelteza máxima admissível.
Figura 12 – Secção transversal dos pilares.
A verificação da esbelteza dos pilares é realizada admitindo inicialmente que apresentam
todos ligações fixas ao tabuleiro, tal como é possível visualizar na tabela apresentada abaixo.
De salientar que se admitiu uma esbelteza limite, para os elementos verticais, de 80. Apesar de
dois dos pilares (P1 e P2) não verificar a esbelteza admitida (tabela 4), considera-se para estes
uma esbelteza superior (lim=90), verificando assim o critério.
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Tabela 4 – Esbeltezas dos pilares.
Pilares H lim
P1 18,00 83,28 80
P2 19,25 89,06 80
P3 17,50 80,96 80
P4 13,50 62,46 80
P5 10,75 49,73 80
P6 14,00 64,77 80
P7 10,75 49,73 80
P8 12,50 57,83 80
P9 15,75 72,87 80
Deste modo, procede-se à determinação dos tipos de apoio, tendo em conta o critério
anteriormente referido, isto é, ao critério de descompressão. Para tal determinam-se os
esforços actuantes em cada pilar, determinando assim as tensões de tracções presentes ao
nível da secção transversal do elemento.
Tabela 5 – Cálculo dos esforços normais na base do pilar devido às cargas permanentes.
Pilar CPtabuleiro (kN) PPpilar (kN) NCP (kN)
P1 9539,96 2631,44 12171,41
P2 10902,81 2814,18 13717,00
P3 10902,81 2558,35 13461,16
P4 10902,81 1973,58 12876,40
P5 10902,81 1571,56 12474,37
P6 10902,81 2046,68 12949,49
P7 10902,81 1571,56 12474,37
P8 10902,81 1827,39 12730,20
P9 9539,96 2302,51 11842,48
Como se pode verificar, a partir da tabela 6, esta hipótese é uma boa solução em termos de
verificação à fendilhação. Os pilares em que se verificam tracções elevadas, nomeadamente os
pilares P1, P7, P8 e P9, são definidos com ligações ao tabuleiro móveis, enquanto os restantes
serão considerados fixos, tendo em conta que, tal como se verifica pela mesma tabela,
verificam o critério de descompressão.
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Tabela 6 – Tensões máximas de tracção na base de cada pilar.
Pilares H M N
(+) fctm
[m] [m] [kN.m] [kN] [MPa] [MPa]
P1 18,00 0,06 12028 13896 5,71 2,9
P2 19,25 0,05 7887 15663 2,75 2,9
P3 17,50 0,03 6362 15375 1,80 2,9
P4 13,50 0,02 5346 14717 1,24 2,9
P5 10,75 0,00 0 14265 -2,17 2,9
P6 14,00 0,02 4971 14799 0,98 2,9
P7 10,75 0,03 16861 14265 8,80 2,9
P8 12,50 0,05 18705 14553 9,95 2,9
P9 15,75 0,06 15710 13525 8,16 2,9
5.2. Acções
5.2.1. Acções Permanentes
Toda a estrutura da obra de arte em estudo é constituída apenas por betão armado pré-
esforçado. Deste modo, o peso próprio a considerar é dado pelo produto do peso volúmico do
betão armado ( = 25kN/m3) pela área da secção transversal ou volume do elemento. As
acções permanentes (CP) são calculadas tendo em conta o peso próprio dos elementos
estruturais (PP), a restante carga permanente (RCP), a qual tem em consideração o peso de
elementos não estruturais, além dos efeitos de retracção e fluência do betão e o pré-esforço.
Peso Próprio
O peso próprio do tabuleiro (tabela 7) foi calculado em três secções distintas, na secção de vão
com vazamentos, secção de vão sem vazamentos e secção de apoio (figura 13).
Figura 13 – Diferentes secções transversais ao longo do tabuleiro.
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Tabela 7 - Peso próprio do tabuleiro nas diferentes secções transversais.
Área PP
[m2] [kN/m]
Secção vazada 12,20 304,91
Secção s/ vazamentos 14,19 354,69
Secção de Apoio 19,81 495,31
Restante carga permanente
Os valores de cálculo da restante carga permanente (tabela 8) foram obtidos tendo em conta
os diferentes elementos presentes no perfil tipo rodoviário (figura 14).
Figura 14 – Elementos não estruturais presentes no tabuleiro.
Tabela 8 – Valores de cálculo da restante carga permanente.
Altura Largura Carga
[kN/m3] [m] [m] [kN/m]
Betuminoso 24 0,05 12,5 15,00
Lancis 25 0,2 0,25 2,50
Guardas Segurança - - - 1,00
Vigas Bordadura - - - 5,00
Guarda Corpos - - - 1,50
Passeios 18 0,2 1,5 10,80
Total 35,8
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Retracção e fluência e variação uniforme de temperatura
A retracção e fluência caracterizam-se por serem efeitos de longo prazo que introduzem
deformações impostas na estrutura, como tal, são contabilizados como acções permanentes.
As extensões provocadas na estrutura devido a estes fenómenos, podem ser relacionados com
o coeficiente de dilatação térmica, , obtendo-se valores equivalentes a abaixamentos lentos e
uniformes de temperatura recorrendo à formula seguinte:
Na tabela 9 encontram-se apresentados os valores equivalentes de temperatura uniforme para
os efeitos de retracção e fluência. De notar que foi considerado um valor de de
forma a contabilizar o desempenho do betão.
Tabela 9 – Valores de cálculo
T (˚C)
Fluência -2,25E-04 -22,5
Retracção -2,00E-04 -20
De acordo com o Eurocódigo 1, a variação de temperatura uniforme considerada é de +15oC,
para variação positiva, e de -8oC, para variação negativa, sendo que a variação total de
temperatura mais desfavorável é dada pela seguinte expressão, com :
Pré-esforço
Quanto à acção do pré-esforço, esta foi considerada como sendo uma acção permanente
aplicada à estrutura. Tal consideração foi efectuada uma vez que, apesar de se tratar de uma
acção variável no tempo, tende para um valor limite num prazo curto quando comparado com
a vida da estrutura. Todavia, na verificação de segurança aos estados limites últimos os efeitos
que advêm do pré-esforço devem ser tidos em conta, considerando os estados de coacção que
provoca. Finalmente, deve-se referir que a introdução de pré-esforço na estrutura provoca
momentos hiperstáticos, os quais irão aliviar ou prejudicar as zonas mais condicionantes da
estrutura, consoante a posição em que se encontra o cabo.
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5.2.2. Acções variáveis
As acções variáveis foram quantificadas tendo em conta o Eurocódigo 1, parte 2, sendo
consideradas as sobrecargas rodoviárias e sobre os passeios, forças de arranque e frenagem,
força centrífuga, força de atrito, as acções do vento e dos sismos.
Sobrecarga rodoviária
O cálculo da sobrecarga rodoviária é feito considerando dois tipos de sobrecargas rodoviárias
indicadas no Eurocódigo (tabela 10). Uma das sobrecargas consiste na utilização de um veículo
tipo (Tandem System – TS), que simula a posição dos veículos em cima da ponte, e uma outra
sobrecarga uniforme distribuída (UDL system) (figura 15).
Tabela 10 – Valores de sobrecarga rodoviária a utilizar.
Veículo Tipo Sobrecarga Uniforme
( ) ( )
Lane 1 300 9,0
Lane 2 200 2,5
Lane 3 100 2,5
Restantes Lanes 0 2,5
Figura 15 - Representação das sobrecargas rodoviárias segundo o Eurocódigo, Tandem system e UDL system.
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De acordo com o Eurocódigo, o veículo tipo circula em vias convencionais também aqui
definidas, através do número de lanes definido por:
(
) (
)
onde n é o número de lanes a adoptar e w a largura do tabuleiro onde podem circular
sobrecargas rodoviárias (figura 16). Deste modo, obtem-se 4 lanes, sendo que cada veículo
tipo circulará centrada numa lane de 3m.
Figura 16 – Largura do tabuleiro efectiva para sobrecargas rodoviárias.
Sobrecarga dos passeios
A sobrecarga sobre os passeios foi definida segundo o Eurocódigo 2 – Parte 2, como sendo de
5kN/m2. Assim sendo, multiplicando este valor pela largura do passeio e pelo número de
passeios é possível obter o valor de 15kN/m, segundo a direcção longitudinal (figura 17).
Figura 17 – Sobrecarga sobre os passeios.
5kN/m2
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Variação linear de temperatura
As variações de temperatura fazem-se sentir ao nível do tabuleiro, sendo traduzidas como um
momento aplicado. Segundo o Eurocódigo, a variação de temperatura linear para tabuleiros de
betão é de +15oC e de -8oC, para temperaturas positivas e negativas, respectivamente. De
salientar que apenas a componente diferencial da parcela da temperatura é capaz de gerar
este tipo de esforço, de forma a ser contabilizado em futuras análises.
A acção da temperatura traduz-se em momento flector ao nível da laje central do tabuleiro,
através da seguinte expressão:
Força centrífuga
Como se trata de uma obra de arte com um raio de curvatura constante de 750m é necessário
considerar o efeito da força centrifuga provocada pela circulação dos veículos. A partir da
cláusula 4.4.2 do EC2-Parte 2 é possível determinar o valor desta força.
Tabela 11 – Valores característicos das forças centrífugas.
( )
⁄ ( )
Tendo em conta que e , obtém-se o seguinte valor para a força
centrifuga:
A força foi aplicada horizontalmente na direcção radial com sentido exterior à normal radial,
podendo deslocar-se para qualquer ponto na direcção longitudinal.
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Forças de arranque/frenagem
A força de arranque e frenagem a considerar foi calculada pela cláusula 4.4.1 do Eurocódigo 2,
Parte 2. Tendo em conta que a obra de arte em estudo tem um comprimento de 304m, o valor
da força a considerar foi o limite superior, que corresponde a 900kN. Esta força é aplicada
horizontalmente na direcção longitudinal.
Tendo a força total horizontal, aplicada segundo a direcção longitudinal, procedeu-se ao
cálculo da força de arranque/frenagem absorvida por cada elemento vertical, tendo em conta
a rigidez nessa direcção (tabela 12).
Tabela 12 – Resultante das forças de arranque/frenagem sobre os pilares e encontros na direcção longitudinal.
Elemento Absorção na direcção
longitudinal (%) Arranque/Frenagem
(kN)
E1 0,0 0,0
P1 0,0 0,0
P2 7,4 66,3
P3 9,8 88,3
P4 21,4 192,3
P5 42,3 380,8
P6 19,2 172,4
P7 0,0 0,0
P8 0,0 0,0
P9 0,0 0,0
E2 0,0 0,0
Impulsos de terras
Na determinação dos impulsos de terras considerou-se como características principais do solo
o ângulo de atrito interno e peso volúmico, sendo os valores apresentados na tabela seguinte.
Tabela 13 – Características do solo.
’ 30o
14,7 kN/m3
Através do coeficiente do coeficiente de repouso K0, foram determinados os impulsos de
terras de forma a verificar a segurança do encontro ao deslizamento e derrubamento.
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Força de atrito
Segundo o Eurocódigo, a força de atrito pode ser considerada como sendo 5% da força vertical
actuante. Deste modo, obtiveram-se os valores apresentados na tabela seguinte relativos à
força de atrito nos pilares móveis, uma vez que nos pilares com aparelhos de apoios fixos,
estas forças serão nulas.
Tabela 14 – Força de atrito referente a cada pilar.
Fv Fatrito
[kN] [kN]
P1 11267,95 563,40
P7 11575,51 578,78
P8 11714,24 585,71
P9 11267,95 563,40
Acção do vento
A acção do vento é contabilizada como sendo uma forças exercida sobre os veículos que
circulam na ponte, sobre o tabuleiro da ponte que é o elemento mais alto da estrutura, e
também sobre os pilares, sendo o mais alto sempre o mais desfavorável.
De acordo com o Eurocódigo 1 (Parte 1-4), esta acção quantifica-se como uma força que
depende de vários parâmetros, como a velocidade do vento, os coeficientes de forma e a
altura dos elementos em relação ao solo.
( )
Em que:
é o coeficiente de força relativo ao elemento de construção;
é a àrea de referência do elemento de construção, na direcção normal à acção do
vento;
( ) é a pressão dinâmica de pico à altura z, sendo ( ) ( ) ;
( ) é um coeficiente de exposição, que é determinado através de um gráfico
presente no Eurocódigo em função da altura acima do solo da estrutura e da categoria
do terreno. Neste caso, considera-se que o tabuleiro da ponte está a uma altura máxima
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de 17m e que o terreno é de categoria II (zona de vegetação rasteira e com obstáculos
isolados);
é a pressão dinâmica de referência calculada por ⁄ ;
é a massa volúmica do ar (valor recomendado de 1,25 kg/m3);
é o valor de referência do vento, considerando para tal 27 m/s, uma
vez que Viana do Castelo é uma zona A segundo o Eurocódigo, pois
não é uma zona costeira nem uma zona com altitude elevada.
Sendo assim, ( ) ( ) ( )
O capítulo 8, do mesmo Eurocódigo, que se dedica ao estudo das acções do vento no tabuleiro
das pontes, refere que as acções do vento nestas estruturas produzem forças nas 3 direcções,
e por isso é necessário determinar o coeficiente de força correspondente a cada direcção
(figura 18). Todavia, no presente trabalho esta acção apenas será quantificada como uma força
aplicada nas direcções transversal (direcção x) e longitudinal (direcção y), sendo desprezado o
vento na direcção vertical (direcção z) devido à pouca altura que a ponte apresenta.
Figura 18 – Direcção das acções do vento sobre o tabuleiro.
Para além da acção do vento sobre o tabuleiro, esta também foi quantificada sobre os pilares.
Para tal, recorreu-se ao Eurocódigo já referido, tendo-se admitido que o vento actua segundo
as duas direcções horizontais (direcção x e y), sobre elementos estruturais de secção
rectangular.
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Acção sísmica
A determinação dos efeitos provocados pela acção sísmica pode ser realizada recorrendo a
diferentes métodos de análise dinâmica, utilizando espectros de resposta, ou
simplificadamente com base em forças estáticas equivalentes. No presente trabalho estes
serão determinados recorrendo ao espectro de resposta, que posteriormente permite calcular
forças estáticas equivalentes.
A análise sísmica à estrutura em estudo será efectuada nas duas direcções horizontais, onde
será utilizado um sistema com 1 massa concentrada e um sistema com 9 massas concentradas,
para as direcções longitudinal e transversal, respectivamente.
No caso do sistema com 1 massa concentrada, a força sísmica total é dada, segundo o EC8,
pela seguinte expressão:
, com para pontes
Calculada a força sísmica total na direcção longitudinal, e recorrendo à relação da rigidez de
cada elemento com a rigidez total, determina-se a força transmitida a cada elemento
resistente nesta direcção.
Para o cálculo de Sd é necessário obter o valor do período (
), e, consequentemente o
valor da frequência própria, a qual pode ser determinada analiticamente para um sistema cm
1 massa concentrada através da seguinte expressão:
√
Em que K representa a rigidez da estrutura e M a massa concentrada no oscilador.
Na situação em que o sismo é aplicado na direcção transversal, tratando-se, assim, de um
sistema com várias massas concentradas, a força transmitida a cada elemento resistente,
segundo o EC8, é dada pela seguinte expressão:
∑
∑
em que:
Força sísmica total na direcção considerada;
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Rigidez do elemento i;
Distância entre o centro de rigidez e o ponto médio de aplicação da força sísmica;
Posição do elemento i em relação ao centro de rigidez.
A expressão para a determinação da frequência, para o cálculo da força sísmica total no caso
de um sistema com várias massas concentradas, é dada pelo Método de Rayleigh:
√∑
em que:
– Força cuja intensidade é igual ao peso da massa i;
– Deslocamento provocado na estrutura pelas forças Fi.
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6. Análise e Dimensionamento
Após o pré-dimensionamento dos elementos estruturais, é necessário verificar se as
dimensões adoptadas se adequam ao desempenho que se pretende, tal como determinar as
armaduras necessárias às verificações de segurança regulamentares.
6.1. Tabuleiro – Direcção Transversal
A análise e dimensionamento da secção transversal do tabuleiro realizou-se a partir de um
modelo estrutural simplificado da laje do mesmo, resultante da sua decomposição em
elementos estruturais isolados, neste caso consola, nervura e laje central. As verificações de
segurança foram realizadas relativamente ao estado limite de fendilhação na secção de
encastramento das consolas e na laje entre nervuras, no qual será averiguada a necessidade
ou não de pré-esforço transversal, bem como os estados limites últimos de flexão e esforço
transverso. O efeito de torção no tabuleiro também será considerado, facto que será explicado
posteriormente, e que irá influenciar o estado limite último de esforço transverso longitudinal.
Os cálculos foram realizados inicialmente por via analítica, tendo em conta o tipo de
carregamento, sendo posteriormente comparados num modelo de cálculo automático em
SAP2000. Quando se tratam de cargas uniformemente distribuídas, aproximou-se o
comportamento da laje ao comportamento de uma viga com igual espessura e com 1m de
largura, o que possibilitou o uso de diagramas de esforços de vigas, sendo que esta
aproximação provém do facto do tabuleiro apresentar flexão cilíndrica para este tipo de
carregamento. Por outro lado, no caso de se tratar de um carregamento concentrado,
recorreu-se à teoria elástica das lajes, utilizando para tal superfícies de influência de esforços e
ábacos apropriados.
6.1.1. Consola
A consola foi modelada como um elemento de laje com 1m de largura, sendo considerada
como uma ligação completamente encastrada na zona da nervura e livre na extremidade
oposta. Esta aproximação é relativamente boa, tendo em conta que as consolas apenas se
encontram apoiadas longitudinalmente nos encontros, sendo válido considerar o
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funcionamento em flexão cilíndrica na maior parte do trajecto da ponte. De notar que o facto
de haver simetria em relação ao eixo vertical da secção transversal, possibilitou o estudo de
apenas uma única laje de consola.
Figura 19 – Modelo da consola.
A carga permanente devido ao peso próprio do tabuleiro foi considerada como uma carga
trapezoidal, em consequência da mudança de espessura do tabuleiro, sendo esta 0,35m na
zona do encastramento e 0,20m na extremidade livre (figura 19).
A quantificação das cargas permanentes foi obtida através de um levantamento dos elementos
presentes no tabuleiro, resumido no quadro.
Tabela 15 – Acções devidas ao peso próprio na consola.
Massa volúmica Área secção Força Braço mpp
[kN/m3] [m2] [kN/m] [m] [kNm/m]
Carga distribuída rectangular
25 0,45 11,25 1,125 12,66
Carga distribuída triangular
25 0,17 4,22 0,75 3,16
Total 15,82
As cargas variáveis consideradas dizem respeito ao veículo tipo, sobrecarga rodoviária
uniforme e sobrecarga dos passeios, sendo que a variação de temperatura não foi
considerada, uma vez que não gera esforços na consola.
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Tabela 16 – acções devidas à restante carga permanente na consola.
Força Braço mrcp
[kN/m] [m] [kNm/m]
Viga Bordadura 2,50 2,25 5,63
Guarda Corpos 0,75 2,25 1,69
Lancil 1,25 0,375 0,47
Guardas Segurança 0,50 0,375 0,19
Betão Betuminoso 0,30 0,125 0,04
Passeio 5,40 1,25 6,75
Total 14,76
A determinação do momento flector originado pelo veículo tipo foi realizada através de
superfícies de influência de lajes. Desta forma, procedeu-se à representação, à escala, do
veículo tipo e da laje em questão, admitindo que o veículo circula no limite encostado ao
lancil, considerando esta a situação mais condicionante. De notar que apenas serão
consideradas duas rodas do veículo nesta análise, uma vez que as outras duas já se encontram
na zona da nervura. Quanto à carga considerada, esta tomou o maior valor admissível (Q = 150
kN), tendo em conta que apenas se considera uma lane na zona da consola.
O valor do momento é obtido através da seguinte expressão:
∑( )
Para a obtenção dos maiores coeficientes do diagrama, de forma a se obter o maior momento
no encastramento, colocaram-se as duas rodas do veículo tipo a variar segundo a direcção
longitudinal encostadas ao passeio. Após se ter testado várias posições, constatou-se que o
momento máximo acontece na posição que mostra a figura seguinte:
Tabela 17 – Acções na consola devidas ao veículo tipo, obtidas através das superfícies de influência.
Coeficiente mvt
[-] [kNm/m]
Posição 1 Roda 1 -3
-35,81 Roda 2 -3
Posição 2 Roda 1 6,03
38,05 Roda 2 0,35
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Quanto à sobrecarga uniforme associada ao veículo tipo, esta foi definida tendo em
consideração a lane 1, caracterizada pela carga máxima (9kN/m2), encostada ao lancil do
passeio (tabela 17).
Finalmente, procede-se ao cálculo do momento que é criado pela sobrecarga dos passeios
(tabela 18).
Tabela 18 – Acções na consola devidas à sobrecarga uniforme rodoviária e à sobrecarga nos passeios.
Carga Largura m
[kN/m2] [m] [kNm/m]
Sobrecarga uniforme
9,0 0,25 0,28
Passeio 5,0 1,50 9,38
6.1.2. Laje entre nervuras
A laje central encontra-se rigidamente ligada às nervuras longitudinais. Como tal, torna-se
necessário ter em conta o encastramento que as nervuras conferem à laje central, resultado
da sua rigidez de torção, da rigidez da própria laje e da distância entre carlingas. Desta forma,
foi necessário contabilizar também o encastramento mobilizado pelas consolas a essa mesma
laje. Sendo assim, na análise da laje entre nervuras recorreu-se ao modelo de cálculo
representado na figura 20.
Figura 20 – Modelo de cálculo da laje entre nervuras.
Tendo em conta que a laje entre nervuras não possui um encastramento perfeito, tal como já
foi referido, torna-se necessário contabilizar de forma mais rigorosa os esforços na secção
através do cálculo de um coeficiente que traduz esse grau de encastramento, dado pela
seguinte expressão:
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Em que:
Il – Inércia da laje entre nervuras;
Jv – Inércia de torção das nervuras;
L – Distância longitudinal entre carlingas;
b – Distância entre nervuras.
O grau de encastramento elástico foi obtido tendo em conta duas soluções para laje central,
com comprimentos de 8,00m e 4,00m (figura 21). Para além disso, também é realizada uma
análise distinta para a inércia de torção das nervuras, considerando a inércia elástica e
fissurada. Deste modo, obtêm-se quatro valores de , apresentados na tabela 20, sendo que
se adopta o menor valor obtido, considerando uma escolha conservativa.
Figura 21 – Soluções transversais para análise do grau de encastramento elástico da laje central
(medidas em metros).
Tabela 19 – Resultados do estudo do grau de encastramento elástico.
b = 4,0m b = 8,0m
elástico 0,87 0,93
fissurado 0,76 0,87
A partir da tabela apresentada anteriormente, e tal como já havia sido referido, os cálculos
serão realizados tendo em conta o menor valor obtido para o grau de encastramento, sendo
este . Este cálculo foi tido em conta considerando a secção de meio vão do vão
central, pelo que nas restantes secções do tabuleiro o grau de encastramento tende a
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Mestrado Integrado em Engenharia Civil 46
aumentar. No limite corresponde a 100 % nas secções sobre os apoios devido à presença das
carlingas.
Após o cálculo de , procedeu-se à determinação do momento, tal como se calculou na
consola, através de uma extrapolação linear entre estes dois modelos:
( )
De notar, que a presença das consolas também contribui para o encastramento da laje entre
nervuras, sendo a sua presença contabilizada para as cargas permanentes, através de uma
variação do diagrama de momentos correspondente à diferença entre os momentos na
consola e no vão sobre o apoio, reduzida pelo grau de encastramento da nervura. Tanto as
cargas permanentes, correspondentes à soma do peso próprio com da restante carga
permanente, como os momentos devidos a tais cargas, são apresentados na tabela seguinte.
Tabela 20 – Cargas permanentes e momentos actuantes na laje central resultantes de tais cargas.
pp rcp cp mapoio m1/2 vão
[kN/m2] [kN/m2] [kN/m2] [kNm/m] [kNm/m]
8,75 1,20 9,95 10,14 9,76
O efeito da variação de temperatura é apenas verificado na laje central, tendo em conta que é
a única que se encontra sujeita a algum grau de encastramento, pelo que, ao estar sujeita a
uma variação de temperatura diferencial, é originado um momento positivo uniforme ao longo
da laje, dado pela seguinte expressão:
Tabela 21 – Momento actuante na laje central devido ao efeito da temperatura diferencial.
Td E Ilaje h mT
[/oC] [oC] [GPa] (m4] [m] [kNm/m]
0,00001 15 33 0,0036 0,40 9,76
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A acção resultante do veículo tipo para a zona da laje central é realizada de forma semelhante
à descrita para a consola. Todavia, a presença do grau de encastramento provocado pelas
nervuras é tida em conta através do recurso a dois diagramas distintos de superfícies de
influência para o cálculo do momento positivo, um que represente uma laje com dois bordos
apoiados (Anexo IV) e outro que represente dois bordos encastrados (Anexo V). Em seguida,
procedeu-se de acordo com os pontos de Gauss à determinação do maior valor de momento, e
em seguida a uma linearização através da seguinte equação:
( )
Tabela 22 – Momentos devidos ao veículo tipo corrigido com o grau de encastramento elástico.
Bi-encastrado
Simplesmente Apoiado
Final
mapoio (kNm/m) -76,05 0 -17,94
m1/2vão (kNm/m) 53,32 84,25 60,61
A acção do veículo tipo mais condicionante na zona da laje central é efectuada tendo em conta
a presença de dois veículos tipo, sendo contabilizadas apenas 6 rodas no total, uma vez que
apenas é possível ter em conta a presença de duas lanes. Desta forma, um veículo tipo é
considerado com carga máxima de 150kN por roda (presença das 4 rodas na zona da laje
central), e o outro com carga de 100kN em cada uma das duas rodas. A fórmula utilizada para
o cálculo de cada momento através das superfícies de influência foi a mesma que se usou
anteriormente para a consola:
∑( )
Os momentos relativos à sobrecarga rodoviária uniforme foram contabilizados tendo em conta
a presença de um carregamento de 9 kN/m2 na lane 1 e de 2,5 kN/m2 na lane 2. Os valores dos
momentos na laje são estimados tendo em consideração o grau de encastramento obtido
anteriormente:
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Tabela 23 – Momentos devidos à sobrecarga corrigidos com o grau de encastramento elástico.
Bi-encastrado
Simplesmente Apoiado
Final
mapoio (kNm/m) -9,30 0 -7,11
m1/2vão (kNm/m) 3,87 11,74 5,73
6.1.3. Estado Limite de Utilização
Tal como referido anteriormente, as dimensões da secção foram escolhidas de forma a, se
possível, dispensar o recurso a pré-esforço transversal, sendo que a verificação do ELS de
fissuração baseia-se no cumprimento da condição em que o momento de fendilhação deve ser
inferior ao momento resultante da combinação frequente de esforços.
De notar que quando se analisa a zona da nervura, verifica-se que os esforços que vêm do lado
da consola são condicionantes, desprezando-se, desta forma, os resultados obtidos para o
encastramento da laje central (tabela 24).
Tendo em conta que a acção da temperatura é sempre positiva ao longo da laje central, os
esforços resultantes serão contabilizados apenas para a determinação dos momentos
positivos, uma vez que tem um efeito desfavorável.
Assim, para a combinação frequente, do momento na nervura, considera-se como variável
base a acção das sobrecargas rodoviárias compostas pelo veículo tipo, sobrecarga uniforme e
sobrecarga dos passeios. No que diz respeito ao cálculo do momento a meio vão da laje
central, acrescenta-se à variável base a acção da temperatura.
, para a nervura
, para o ½ vão da laje central
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Tabela 24 – Quadro resumo dos momentos presentes nas lajes.
m1/2vão mapoio mconsola
[kNm/m] [kNm/m] [kNm/m] [-]
cp 2,55 17,35 30,58 1,00
T 38,61 - - 0,50
vt 60,61 17,94 38,05 0,75
sobrecarga 5,73 7,11 0,28 0,40
sobrecarga passeio 0,00 0,00 9,38 0,40
Tabela 25 – Momentos para a combinação Frequente de acções.
½ vão da laje
central Nervura Consola
mfreq (kNm/m) 69,61 33,64 62,98
De referir que a tensão admissível, utilizada para o cálculo do momento de fendilhação, foi
calculada de acordo com o Eurocódigo a partir da seguinte fórmula (onde ):
{( ) }
Desse modo, e tendo em conta que a espessura da laje é constante ao longo da laje, ter-se-á o
mesmo valor de momento de fendilhação para a zona da nervura e para a zona a meio vão da
laje central:
Comparando este valor com os apresentados na tabela 26, verifica-se que as secções
analisadas não fendilham para a combinação frequente de acções. Desta forma, conclui-se que
é possível dispensar o pré-esforço transversal.
6.1.4. Estados Limite Últimos
A equação fundamental, tendo como acção variável base os esforços provenientes da
sobrecarga rodoviária, foi a utilizada para a verificação em relação aos estados limite últimos.
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No caso da verificação aos ELU, desprezou-se o efeito da temperatura, já que se parte do
princípio que a secção já se encontra fissurada e com baixa rigidez, sendo que os momentos
provocados por este efeito são praticamente nulos.
Os esforços resultantes do estado limite último de flexão foram, tal como referido
anteriormente, e utilizando os coeficientes parciais de segurança adequados, de acordo com o
EC2:
( ) onde
De notar que no caso da determinação dos momentos negativos na zona da nervura,
considerou-se uma análise distinta à esquerda e à direita, tendo em conta que as acções ao
serem diferentes vão provocar esforços também eles diferentes, e uma vez que a largura da
nervura é significativa, pode não se justificar utilizar a mesma armadura relativa ao momento
condicionante para toda a nervura.
Determinados os momentos de dimensionamento, a verificação da segurança foi feita através
do cálculo da armadura ordinária necessária para resistir a esses esforços, tal como se mostra
na tabela 27.
Quanto às tensões de cedência do betão e do aço, estas tomam valores de 20MPa e 435MPa
respectivamente, tendo em conta os materiais utilizados, os quais serão referidos no presente
documento.
Para além das secções estudadas, torna-se necessário proceder ao cálculo de uma armadura
mínima para colocar em zonas como o bordo livre da consola, sendo que serão contabilizados
os varões a utilizar a partir do valor obtido para a armadura em questão, para que a armadura
seja coerente ao longo de toda a secção.
Armadura Mínima: (
⁄ ) ⁄ – 10//15
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Tabela 26 – Momentos e armaduras para a verificação do ELU.
mSd μ ω
Área de Armadura
Armadura adoptada
Área de Armadura
[kNm/m] [-] [-] [cm2/m] [cm2/m]
Esquerda da Nervura
117,42 0,0652 0,0680 9,39 10//15 + 10//15 10,48
Direita da Nervura
63,59 0,0353 0,0361 4,98 10//15 5,24
½ Vão da laje central
103,34 0,0574 0,0596 8,22 10//15 + 10//15 10,48
6.2. Tabuleiro – Direcção Longitudinal
Tal como já foi referido anteriormente, o tabuleiro da ponte em estudo encontra-se apoiado
em dois encontros móveis, e em nove pilares fixos e móveis. O total do comprimento da obra
de arte de 304m encontra-se dividido em dois vãos laterais com 24m e oito vãos centrais com
32m de comprimento. Deste modo, na análise da direcção longitudinal trata-se o tabuleiro
como sendo uma viga contínua de 10 tramos.
6.2.1. Esforço Longitudinal
De forma a verificar a segurança na direcção longitudinal, foram analisadas as secções mais
solicitadas, tratando-se estas das secções de meio vão dos tramos lateral e central, e as
secções sobre os apoios. Quanto aos esforços a considerar neste estudo, estes dizem respeito
às cargas permanentes (peso próprio e restantes cargas permanentes), sobrecargas
(rodoviárias e passeios) e à temperatura.
Todos estes esforços são absorvidos pelas nervuras o que leva à necessidade de um estudo
individualizado das mesmas e, para isso, foi necessária através do abaco de Hambly o cálculo
da distribuição transversal de cargas.
Neste caso, o processo construtivo adoptado foi o de cimbre ao solo, não sendo necessário ter
em conta a influência das fases construtivas na evolução dos momentos estáticos, já que a
distribuição de momentos finais, correspondente ao somatório dos momentos em cada fase
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construtiva, não varia de forma significativa da distribuição elástica obtida sem ter em conta as
fases construtivas.
Os esforços obtidos na direcção longitudinal são essencialmente resistidos pelas duas nervuras
presentes no tabuleiro, havendo a necessidade de se determinar os esforços a que cada uma
se encontra sujeita. Como tal, foi necessário realizar a análise transversal de cargas através dos
ábacos de Hambly e do modelo de carlingas flutuantes.
No caso das cargas permanentes, considera-se que estas se distribuem de igual modo por
ambas as nervuras. Apesar de se poder considerar que esta hipótese é exacta para o caso do
peso próprio, o mesmo não se pode dizer das restantes cargas permanentes, uma vez que
existe assimetria de aplicação destas cargas. Todavia, este factor será desprezado, já que este
efeito é pouco significativo, tendo em consideração a fase de projecto em questão.
Relativamente ao efeito provocado pelas sobrecargas, foram retirados os coeficientes de
influência de cada nervura, tal como se pode verificar através da figura 23, onde se encontram
representados o andamento qualitativo da curva obtida pelo gráfico de Hambly e a linha de
distribuição transversal de cargas da nervura para o método das carlingas flutuantes. Como tal
é possível verificar que o método das carlingas flutuantes é o mais conservativo, considerando
que a carga irá toda para uma nervura, sendo o método considerado, apesar de não
representar exactamente o que acontece na realidade. Desta forma, a análise que se segue
realiza-se apenas para ½ secção transversal, considerando a nervura condicionante para as
sobrecargas.
Figura 22 – Distribuição da carga transversal nas nervuras do tabuleiro.
Este método é realizado para o tramo central, por este apresentar um maior vão, sendo assim
o mais condicionante, uma vez que a distância entre carlingas consecutivas é superior.
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Os esforços originados pelas sobrecargas correspondem ao máximo dos obtidos entre a
contabilização do veículo tipo e a sobrecarga uniforme. Desta forma, procura-se a localização
destas cargas que produza os esforços máximos para cada secção, determinando as
envolventes de esforços produzidos para as várias posições de carga, recorrendo às
capacidades do programa de modelação SAP2000, obtendo-se assim a situação mais
condicionante.
Em relação aos esforços produzidos pela temperatura, também se recorreu às capacidades do
programa SAP2000, onde houve a necessidade de se introduzir a razão entre a variação de
temperatura e a altura total do tabuleiro ( ⁄ e ⁄ , para variação de
temperatura positiva e negativa, respectivamente).
Serão de seguida apresentados os diagramas de momentos obtidos para a secção longitudinal.
Figura 23 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido às cargas permanentes.
Figura 24 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido à sobrecarga uniforme.
-40000
-30000
-20000
-10000
0
10000
20000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
-6000
-4000
-2000
0
2000
4000
6000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
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Figura 25 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido ao veículo tipo.
Figura 26 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido à sobrecarga dos passeios.
Figura 27 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido à temperatura diferencial negativa.
Figura 28 – Envolvente do diagrama de momentos flectores devido à temperatura diferencial positiva.
Mediante os diagramas apresentados anteriormente, resume-se na tabela seguinte os
resultados obtidos para a secção longitudinal, mas agora relativos apenas a ½ secção.
-4000
-2000
0
2000
4000
6000
8000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
-1000
-500
0
500
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
-15000
-10000
-5000
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
0
5000
10000
15000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
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Tabela 27 – Análise Longitudinal dos momentos para a secção transversal total (com as duas nervuras).
Momentos (kN/m)
CP
Sob. Uniforme
VT Sob
Passeios T+ T-
Vão Lateral Vão 13129,80 3337,57 6020,99 956,92 13415,63 -7155,01
(24m) Apoio -28471,64 -4926,64 -3561,92 -1456,15 13701,07 -7307,24
Vão Central Vão 14301,51 4299,11 6480,50 1270,67 11272,54 -6012,02
(32m) Apoio -30666,38 -5996,87 -3333,78 -1772,47 11276,51 -6014,14
6.2.2. Pré-esforço Longitudinal
A determinação do valor e traçado de pré-esforço é executada através da verificação da
descompressão nas fibras que se encontrariam mais traccionadas para a combinação
frequente de acções. Deste modo, para as secções de momentos máximos e mínimos, o valor
necessário de pré-esforço é calculado através das expressões:
Respectivamente para secções sujeitas a momentos positivos e negativos. De notar que os
parâmetros das expressões acima referem-se ao módulo dos valores.
Como se verá mais adiante, serão utilizados cordões do tipo 0,6’’N, com diâmetro nominal de
15,2 mm e área nominal de 140 mm2, correspondendo a uma tensão última de 1860MPa e,
consequentemente, uma força de rotura de 260kN.
Tal como realizado para a análise estrutural na direcção transversal, considera-se a
combinação frequente de esforços, neste caso para a verificação da descompressão. Na tabela
seguinte constam os resultados obtidos para a combinação escolhida.
considerando as sobrecargas como variável base
considerando a temperatura como variável base
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Tabela 28 – Momentos frequentes ao longo do tabuleiro tendo as sobrecargas como variável base.
MCP
1*Msob.unif 1*Mvt 1*Mpasseios 2*MT Mtotais
1 = 0,40 1 = 0,75 1 = 0,40 2 = 0,50
Vão Lateral Vão 13129,80 1335,03 4515,74 382,77 6707,82 26071,16
(24m) Apoio -28471,64 -1970,66 -2671,44 -582,46 -3653,62 -37349,82
Vão Central Vão 14301,51 1719,64 4860,37 508,27 5636,27 27026,06
(32m) Apoio -30666,38 -2398,75 -2500,33 -708,99 -3007,07 -39281,53
Tabela 29 – Momentos frequentes ao longo do tabuleiro tendo a temperatura diferencial como variável base.
MCP
2*Msob unif 2*Mvt 2*Mpasseios 1*Mtemp Mtotais
2 = 0 2 = 0 2 = 0 1 = 0,60
Vão Lateral Vão 13129,80 0,00 0,00 0,00 8049,38 21179,18
(24m) Apoio -28471,64 0,00 0,00 0,00 -4384,34 -32855,98
Vão Central Vão 14301,51 0,00 0,00 0,00 6763,53 21065,04
(32m) Apoio -30666,38 0,00 0,00 0,00 -3608,48 -34274,87
De referir que será determinado apenas um traçado de cabos de pré-esforço, admitindo ser
igual nas duas nervuras, e com a mesma força aplicada, uma vez que não é possível saber qual
das nervuras será a mais desfavorável, tendo em conta que pode ser qualquer uma das duas.
A determinação da parcela hiperestática das cargas equivalentes ao pré-esforço, necessária
para avaliar a força de pré-esforço a aplicar, já que se trata de uma estrutura hiperestática,
conduz a um cálculo iterativo. Este traçado é obtido tendo em conta diversos princípios, tais
como:
Traçado parabólico (2ºgrau);
Nas zonas de maiores momentos (positivos e negativos), beneficia-se da
excentricidade máxima dos cabos. Esta depende do diâmetro da bainha de pré-
esforço, o qual se admite ser de 10cm, tendo em conta que nesta fase ainda não se
conhece os cabos e bainhas a adoptar ( );
Localizar os cabos no interior do núcleo central nas secções de extremidade;
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A secção de excentricidade máxima, para momentos positivos, deve situar-se entre
0,35 a 0,5 L (comprimento do vão) do apoio de extremidade, nos vãos de
extremidade;
O traçado do cabo (ou resultante dos cabos) deve intersectar o centro de gravidade da
secção numa secção próxima da de momentos nulos das cargas permanentes,
devendo situar-se a 0,15 a 0,05 L (comprimento do vão) do apoio mais próximo;
O ponto de inflexão do traçado está sobre a recta que une os pontos de
excentricidade máxima, devendo situar-se a 0,10 e 0,20 L (comprimento do vão
central) do apoio mais próximo;
Nas zonas das ancoragens, deve ser previsto espaço suficiente para localização das
mesmas, de forma a respeitar as restrições de ordem prática da construção, assim
como os limites correspondentes às dimensões das mesmas e resistência do betão
necessários para resistir às forças de ancoragem. Também consideração envolve
também as ancoragens de continuidade a incluir nas juntas de betonagem,
considerando, assim, que estas juntas ocorrem sempre em secções sem vazamentos.
Feitas estas considerações, obtém-se o traçado que se apresenta de seguida:
Figura 29 – Traçado longitudinal dos cabos de pré-esforço.
De notar que a secção transversal é variável, fazendo com que a linha neutra também seja
variável ao longo da direcção longitudinal, afectando, desta forma, a excentricidade dos cabos.
Após várias tentativas de optimização, chegou-se a um traçado de cabos parabólico com 6
cabos por nervura ao longo de toda a extensão da ponte, perfazendo, assim, um total de 12
cabos por secção transversal. Considera-se que cada cabo é composto por 19 cordões, tendo a
bainha 10,7cm de diâmetro exterior, considerando-se assim uma boa aproximação manter as
excentricidades adoptadas anteriormente (15cm).
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Figura 30 – Posição dos cabos nas zonas de ½ vão central.
É necessário verificar a descompressão do traçado de cabos, calculando-se, para isso, o
momento hiperestático com a força de puxe referente aos cordões adoptados para cada
secção. Este cálculo é realizado através do programa SAP2000, no qual se aplicam as cargas
equivalentes ao pré-esforço num modelo de viga contínua (perfil longitudinal da ponte),
obtendo-se, desta forma, o respectivo diagrama de momentos.
As cargas equivalentes uniformemente distribuídas devidas ao pré-esforço em função de
são determinadas através da seguinte expressão:
∞
L2
Figura 31 - Parâmetros de um cabo parabólico para cálculo das cargas equivalentes.
Tabela 30 – Cargas equivalentes para P∞=1000kN.
Parábola f L q
[m] [m] [kN/m]
1 0,9529 20 -19,06
2 0,9286 20 -18,57
3 0,3714 8 46,43
4 0,4063 10 32,50
5 0,8938 22 -14,77
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Deste modo, os valores das cargas equivalentes acima apresentados são multiplicados pelo
valor da força de puxe (36600kN neste caso) sobre 1000kN.
Figura 32 – Diagrama de momentos flectores totais devido ao pré-esforço.
Relativamente ao diagrama de momentos hiperestáticos, este resultou do diagrama de
momentos totais, acima apresentado, subtraído dos momentos isostáticos ( ). Neste
modelo são também introduzidos momentos pontuais de 1811,70kN, nas zonas de mudança
de secção, originados pela excentricidade provocada por essa mesma alteração.
Tabela 31 – Dados relativos ao pré-esforço longitudinal.
Vão Lateral Apoio Lateral Vão Central Apoio Central
Mfreq (kN.m) 26071,16 -37349,82 27026,06 -39281,53
MHP (kN.m) 6298,86 12920,90 10841,29 11162,27
Excentricidade (m) 0,8 0,5 0,8 0,5
P∞ (kN) 28855,79 31786,61 34676,00 34855,95
Nº de cabos necessários 9,46 10,42 11,37 11,43
Nº de cabos adoptados 12
Ap (cm2) 319,2
Força de Puxe (kN) 36600
A partir dos valores obtidos é possível concluir que o traçado de pré-esforço a que se chega,
verifica o critério de descompressão para a combinação frequente de acções nas secções
condicionantes. De referir que apesar de não serem necessários tantos cabos nos tramos
laterais, não se justificava a redução de cabos nessas zonas, uma vez que se referem a
comprimentos pouco significativos.
O pré-esforço determinado corresponde ao valor útil, isto é, já se encontra contabilizado 10 e
14,2% de perdas, respectivamente para as instantâneas e as diferidas. Como tal, o valor obtido
-30000
-20000
-10000
0
10000
20000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
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resulta de uma estimativa, no qual também é considerado o facto de o cabo ser puxado a 80%.
Desta forma, obteve-se uma força de puxe de 3050kN por cabo.
Num estudo mais aprofundado haveria a necessidade de se proceder ao cálculo das perdas
efectivas, tal como ajustar o valor do pré-esforço útil, o que nesta fase não se revela oportuno.
Por fim, refere-se que foi verificada a descompressão no tabuleiro de 0,50 em 0,50 m, a qual
se apresenta no anexo VI, de forma a garantir que todas as secções se encontram
comprimidas.
6.2.3. Estados Limite de Utilização
Após o processo de dimensionamento do pré-esforço a aplicar, torna-se necessário validar
esse dimensionamento através da verificação nas fibras extremas das secções mais solicitadas
para a combinação escolhida. Para tal, optou-se por verificar que as secções em questão não
se encontram fendilhadas.
Esta análise tem por base a verificação de que o valor obtido para a tensão devido ao
momento característico não ultrapassa o valor da tensão de rotura à tracção do material.
Deste modo, calculou-se o momento para a combinação característica de acções, segundo o
Eurocódigo, é dado por:
Tabela 32 – Verificação de fendilhação das secções.
Mcaract fctm
[kN.m] [MPa] [MPa]
vão lateral 35896,83 -1,40 2,9
apoio lateral 31680,07 0,14 2,9
vão central 43022,67 1,02 2,9
apoio central 36020,33 1,01 2,9
A partir da tabela apresentada anteriormente, verifica-se que todas as secções condicionantes
do perfil longitudinal não apresentam fendilhação. Assim sendo, não existe a necessidade de
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se proceder à verificação de aberturas de fendas, considerando verificado o estado limite de
utilização.
6.2.4. Estados Limites Últimos
Estado de Limite Último de Flexão Longitudinal
Para a verificação da segurança à flexão foi utilizada a combinação fundamental de acções,
obtendo-se assim os esforços máximos espectáveis nas secções mais esforçadas.
( )
Relativamente aos momentos hiperestáticos devido ao pré-esforço, utilizaram-se dois
coeficientes parciais de seguranças, tal como indica o Eurocódigo, dependendo de acção ser
favorável ou desfavorável. Uma vez que que os momentos hiperestátivos tomam sempre
valores positivos, vão ter uma função favorável nas zonas dos apoios, e uma função
desfavorável nas zonas dos vãos.
Uma vez mais o efeito temperatura pode ser considerado desprezável, tal como na análise
transversal do tabuleiro, já que para este carregamento o tabuleiro se encontrar fissurado, ou
seja, com rigidez reduzida, originando o efeito da temperatura esforços auto-equilibrados.
Deste modo, a armadura é determinada considerando o pré-esforço do lado da resistência,
através do diagrama rectangular simplificado.
Figura 33 – Diagrama rectangular simplificado.
Satisfazendo as condições de equilíbrio de momentos e forças apresentadas de seguida, torna-
se possível determinar a armadura ordinária necessária.
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{
onde:
Tabela 33 – Larguras equivalentes e braços.
Dimensões (m) Secções de apoio Secções de vão
beq 6,0 8,0
h 1,60 1,60
Recobrimento armadura ordinária 0,05 0,05
Recobrimento pré-esforço 0,11 0,11
Distância do P.E. à arm. ordinária 0,0935 0,0935
Tabela 34 – Armadura ordinária para as secções condicionantes.
Vão Lateral Apoio Lateral Vão Central Apoio Central
MSd [kN.m] 42726,56 -47615,97 52537,22 -54829,96
Fc (kN) 31833,21 36887,28 40024,90 43760,54
Fp (kN) 30902,26 30902,26 38627,83 38627,83
Fs (kN) 930,95 5985,02 1397,08 5132,72
x 0,29 0,45 0,37 0,54
As (cm2) 21,40 137,59 32,12 117,99
Relativamente à armadura longitudinal devido ao esforço transverso nos encontros, esta
calcula-se através da seguinte expressão:
( ) com
Deste modo, obtém-se e respectivamente
⁄ ⁄ .
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Adopta-se assim uma armadura distribuída de 20//12,5 o qual corresponde a uma área de
25,13cm2/m.
Desta forma determina-se toda a armadura longitudinal necessária.
Tabela 35 – Armadura para a verificação do ELU.
Encontro
Vão lateral
Apoio lateral
Vão central
Apoio central
As,superior As,inferior As,superior As,inferior As,superior
As [cm2] 237,90 21,40 137,59 32,12 117,99
As/m [cm2/m] 23,79 2,68 22,93 4,01 19,67
d [m] 1,55 1,55 1,55 1,55 1,55
b [m] 6,0 8,0 6,0 8,0 6,0
As,min [cm2] 140,24 186,99 140,24 186,99 140,24
As,min/m [cm2/m] 23,37 23,37 23,37 23,37 23,37
Varões Adoptados 20//12,5
Para as restantes secções adopta-se a armadura mínima dada por:
(
⁄ )
⁄ ⁄ adoptando-se 20//12,5
Estado de Limite Último de Esforço Transverso e Torção
A verificação do estado limite último de esforço transverso é realizada em relação às secções
imediatamente ao lado dos apoios, onde este esforço é máximo e a secção se encontra sem
vazamentos, assim como nas secções onde o tabuleiro passa a ter vazamentos, dado que este
facto pode ser condicionante.
Obtém-se assim os valores de esforço transverso para as secções onde ocorre os seus
máximos.
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Tabela 36 – Esforço transverso nas secções condicionantes.
E1 P1 P2 P3
direita esquerda direita Esquerda direita esquerda direita
CP -1589,04 2775,36 -2858,62 2944,08 -2913,04 2889,66 -2898,10
VT -599,97 599,99 -599,99 599,99 -599,99 599,99 -599,99
Sob -287,00 407,04 -460,50 474,80 -476,89 474,80 -480,08
HP 231,70 231,68 -37,91 -37,92 10,38 10,37 -2,88
Vsd (kN) -3435,97 5905,25 -5916,58 5982,79 -5972,41 5957,04 -5970,12
Tabela 37 – Esforço transverso nas secções condicionantes (continuação).
P4 P5 E2
esquerda direita esquerda direita direita
CP 2904,61 -2902,46 2900,24 -2900,24 1589,04
VT 599,99 -599,99 599,99 -599,99 599,97
Sob 480,49 -481,60 481,36 -481,40 287,00
HP -2,89 0,99 0,98 -0,97 -231,68
Vsd (kN) 5974,16 -5974,87 5973,36 -5973,41 3435,99
De acordo com o Eurocódigo, de forma a ter em conta o efeito das bielas inclinadas, a
verificação da segurança deve ser efectuada a uma distância de z.cotg da face do pilar.
Todavia, o esforço máximo ocorre na secção imediatamente ao lado do apoio, pelo que se
optou por não realizar essa redução, opção que se admitiu ser conservativa.
Novamente, e pelas mesmas razões já referidas, o efeito da variação de temperatura não foi
tido em conta nesta verificação, assim, a armadura de esforço transverso é calculada de
acordo com a expressão:
( )
Tendo em conta a presença do pré-esforço, admitiu-se . Relativamente ao valor de z,
este corresponde a 0,9d, tomando assim o valor de 1,40m.
A verificação de que as bielas não sofrem esmagamento é realizada através da seguinte
expressão:
( )
[
]
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Neste caso, optou-se por realizar a análise para a secção com e sem vazamentos que
apresente maior valor de esforço transverso, uma vez que a existência de secções vazadas
conduz a menor área de betão, podendo ser condicionante para a verificação acima referida.
Tabela 38 – Verificação da compressão nas bielas.
Sem vazamentos Com vazamentos
Vsdmáx (kN) 5982,79 3962,97
d (m) 1,55 1,55
z (m) 1,40 1,40
o 25 25
bw (m) 3,0 3,0
bw nominal (m) 3,0 3,0
z*cotg() 2,99 2,99
bpilar (m) 1,60 1,60
fcd (MPa) 20 20
fck (MPa) 30 30
σc (MPa) 3,73 2,47
σc,máx (MPa) 11,70 11,88
A partir da tabela anterior, é possível verificar que para ambos os casos ,
concluindo-se assim que encontra-se verificada a compressão máxima nas bielas.
De referir que se despreza o facto de a nervura apresentar faces inclinadas, determinando-se
armadura como se existisse 6 ramos e colocando essa mesma quantidade de aço nos ramos
exterior, uma vez que na realidade os estribos existem em 8 verticais, estando assim do lado
da segurança.
Figura 34 – Armaduras genéricas da uma das nervuras.
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Na zona das secções vazadas, os estribos contornam os vazamentos (tubos de PVC),
mantendo-se fixos aquando da betonagem.
A armadura vertical mínima é dada por:
√
⁄ ⁄
Deste modo, obtém-se:
⁄ ⁄ (
⁄ ) ⁄ ⁄
De forma a ter em consideração o efeito da torção, procede-se à majoração do momento que
passará para a nervura, do lado da consola entra-se com todas as acções e do lado da laje
central apenas com o momento devido às cargas permanentes, desde modo majora-se M.
Sendo o momento torsor dado por:
com ( )
Majorando este valor por 1,5 obtém-se
Calcula-se a armadura de torção por:
( )
Tabela 39 – Armadura de torção.
Asecção sem vazamentos [m2] 14,19
h [m] 1,60
b [m] 8,87
perímetro [m] 20,93
2c' [m] 0,1
A/u 0,6777
bm [m] 8,19
hm [m] 0,92
Aef [m2] 7,55
Ast/s (por ramo) [cm2] 1,44
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Este valor de armadura é adicionado aos ramos exteriores após o cálculo dos estribos
referentes ao esforço transverso.
Por último, determina-se toda a armadura transversal necessária, apresentando-se na tabela
síntese abaixo.
Tabela 40 – Armadura transversal por secção.
E1 P1 P2 P3
direita esquerda direita Esquerda direita esquerda direita
(Asw,min/s)/ ramo
3,29 3,29 3,29 3,29 3,29 3,29 3,29
Asw/s/ ramo V
4,40 7,56 7,58 7,66 7,65 7,63 7,65
Øadoptar V Ø10//0,15 Ø12//0,15 Ø12//0,15 Ø12//0,15 Ø12//0,15 Ø12//0,15 Ø12//0,15
As 5,24 7,54 7,54 7,54 7,54 7,54 7,54
Asw/s/ ramo V+T
5,84 9,00 9,02 9,10 9,09 9,07 9,09
Øadoptar V+T
Ø12//0,15 Ø12//0,10 Ø12//0,10 Ø12//0,10 Ø12//0,10 Ø12//0,10 Ø12//0,10
As 7,54 11,31 11,31 11,31 11,31 11,31 11,31
Tabela 41 – Armadura transversal por secção (continuação).
P4 P5 E2
esquerda direita esquerda direita direita
(Asw,min/s)/ramo 3,29 3,29 3,29 3,29 3,29
Asw/s/ramo V 7,65 7,65 7,65 7,65 4,40
Ø adoptar V Ø12//0,15 Ø12//0,15 Ø12//0,15 Ø12//0,15 Ø10//0,15
As 7,54 7,54 7,54 7,54 5,24
Asw/s/ramo V+T 9,09 9,09 9,09 9,09 5,84
Ø adoptar V+T Ø12//0,10 Ø12//0,10 Ø12//0,10 Ø12//0,10 Ø12//0,15
As 11,31 11,31 11,31 11,31 7,54
De notar que fora das secções condicionantes, numa análise mais profunda, dever-se-ia
calcular a dispensa de armadura, passando a adoptar a armadura mínima.
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6.3. Pilares e Encontros
6.3.1. Análise Sísmica
Para o dimensionamento dos encontros e dos pilares, existe a necessidade de considerar a
acção sísmica, a qual pode ser preponderante ou não. Apesar de se tratar de uma ponte
situada numa zona em que a sismicidade não é das mais elevada, a sua verificação assume
grande importância, uma vez que existe uma grande probabilidade desta acção ser a mais
condicionante.
A consideração da acção sísmica tem por base a quantificação da acção horizontal que é
transmitida aos pilares e encontros nas duas direcções, longitudinal e transversal. Deste modo,
torna-se necessário determinar as rigidezes dos referidos elementos.
De referir que no caso do encontro da direita, o qual se encontra fundado através de estacas,
existe a necessidade de se realizar uma análise da rigidez ao nível das fundações. Como tal, foi
necessário determinar o coeficiente de reacção k dos solos onde se inserem as estacas, onde
se utilizou uma metodologia proposta por Vesic, o qual estabelece uma aproximação entre os
resultados obtidos a partir do modelo de Winkler e os obtidos com base no modelo do meio
contínuo, quer em termos de deslocamentos, quer em termos de momentos flectores
máximos, e é dada por:
√
onde:
Es – Módulo de elasticidade do solo;
Ee – Módulo de elasticidade da estaca;
Ie – Inércia da estaca;
B – Diâmetro da estaca;
s – Módulo de poisson do solo.
Tabela 42 – Rigidez das estacas.
Es (MPa) 15,0 x103
Ee(MPa) 33,0x106
Ie (m4) 0,0491
B (m) 1,00
νs 0,30
K (kN/m) 14505,87
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O perfil geológico disponibilizado não apresentava muito detalhe em relação ao terreno onde
iria ser fundado o encontro, referindo apenas que seria um aterro, como tal optou-se por um
terreno de fraca qualidade (Es=15,0x103 MPa; νs=0,3).
A determinação do coeficiente de rigidez do solo teve como propósito a obtenção de uma
rigidez, mais próxima possível da realidade, do encontro da direita. Como tal, procedeu-se a
uma simulação no programa de elementos finitos de um sistema que permitisse quantificar a
rigidez do solo em contacto com as estacas do encontro, através da inserção de “molas” ao
longo da profundidade das estacas. Por fim, aplicou-se uma força de intensidade de 1000kN
em cada direcção, na zona do maciço de encabeçamento, permitindo deste modo retirar os
deslocamentos e, por conseguinte, a rigidez em ambas as direcções.
Figura 35 – Modelo de SAP do encontro 2.
6.3.1.1. Análise Sísmica Longitudinal
A análise sísmica na direcção longitudinal da obra de arte é realizada recorrendo a um modelo
estático com uma massa concentrada. Desta forma, concentra-se a massa total da estrutura
que resiste à acção horizontal num oscilador de massa, MG.
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Figura 36 – Modelo com uma massa concentrada.
Ao adoptar esta modelo, a frequência da estrutura é obtida através da seguinte expressão:
√
Onde:
K – Rigidez total na direcção longitudinal dos elementos que absorvem a acção horizontal
na mesma direcção;
M – Massa movida pela acção horizontal.
A massa acima referida é constituída pela massa total do tabuleiro e metade da massa dos
pilares, admitindo a hipótese que metade da reacção é absorvida pela base do pilar.
Tabela 43 – Cálculo da massa total a considerar.
Tabuleiro Pilares Total
Peso (kN) 111005,89 9648,63 120654,52
Massa (ton) 11327,13 984,55 12311,69
A rigidez total na direcção em questão é obtida através da soma das rigidezes dos pilares com
aparelhos de apoio fixos, uma vez que são os que absorvem a acção horizontal na direcção
longitudinal. É de referir que os dois encontros foram dimensionados como encontros móveis,
sendo que não apresentam rigidez na obtenção da força sísmica longitudinal. A tabela seguinte
descreve para os pilares fixos a rigidez que estes introduzem no sistema.
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Tabela 44 – Cálculo da rigidez total segundo a direcção longitudinal.
Pilares Tipo de Pilar Rigidez
[kN/m]
P1 Móvel -
P2 Fixo 17012,28
P3 Fixo 22643,35
P4 Fixo 49323,46
P5 Fixo 97685,35
P6 Fixo 44225,29
P7 Móvel -
P8 Móvel -
P9 Móvel -
Ktot 230889,73
Deste modo, tendo-se conhecidas a massa e a rigidez da estrutura, torna-se possível o cálculo
da frequência, assim como do período da estrutura nessa direcção.
Tabela 45 – Determinação da frequência e período.
Rigidez (kN/m) 230889,73
Massa (ton) 12311,69
f (Hz) 0,69
T (seg) 1,45
Através do EC8 é possível verificar que o concelho de Viana do Castelo é uma zona sísmica 1.6
e 2.5 para os sismos do tipo 1 e 2, respectivamente. Verifica-se ainda, que a estrutura é de
classe de importância II e que, tendo em conta os valores do parâmetro de NSPT dos solos em
questão, o terreno é do tipo A. No que diz respeito ao coeficiente de comportamento, q, este
poderia assumir um valor entre 1,5 e 2, sendo tanto maior quanto maior a ductilidade da
estrutura. Tendo em conta que a ponte em estudo apresenta alguma ductilidade, e de forma a
tornar o cálculo algo conservativo, considera-se que o coeficiente de comportamento toma o
valor de 1,5 para a direcção longitudinal.
Assim sendo, torna-se possível determinar os parâmetros necessários à definição do espectro
da acção sísmica longitudinal e, consequentemente, a força sísmica para os dois tipos de
sismo, através da expressão:
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Tabela 46 – Cálculo da força basal para os dois tipos de sismo na direcção longitudinal.
Sismo 1.6 Sismo 2.5
agR (m/s2) 0,35 0,80
I 1 1
ag (m/s2) 0,68 1,20
Smáx 1,0 1,0
S 1,0 1,0
TB (s) 0,1 0,1
TC (s) 0,6 0,25
TD (s) 2,0 2,0
q 1,50 1,50
T (s) 1,45
Sd (m/s2) 0,47 0,34
A partir da tabela anteriormente apresentada verifica-se que o sismo do tipo 1 é o
condicionante, uma vez que apresenta o maior valor de aceleração, logo um maior valor de
força sísmica. Desta forma, considera-se o sismo do tipo 1 e, assim, obtém-se uma força
sísmica na direcção longitudinal de 3860,84kN.
Tendo em conta a força sísmica total na direcção em questão e, recorrendo à relação da
rigidez de cada elemento com a rigidez total, torna-se possível determinar a força transmitida
a cada elemento resistente nesta direcção.
As forças absorvidas por cada elemento apresentam-se na tabela seguinte, excluindo os pilares
P1, P7, P8 e P9, bem como os encontros, já que estes não apresentam rigidez na direcção
longitudinal.
Tabela 47 – Força sísmica absorvida por cada pilar, na direcção longitudinal.
Pilares Percentagem FE
[%] [kN]
P2 7,37 284,48
P3 9,81 378,64
P4 21,36 824,79
P5 42,31 1633,49
P6 19,15 739,53
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6.3.1.2. Análise Sísmica Transversal
A análise sísmica transversal foi efectuada de uma forma mais refinada, através do estudo da
influência de um maior número de massas referentes a cada pilar e encontros. Este facto deve-
se à forma mais uniforme como é absorvida a acção nos pilares e encontros nesta direcção, ao
contrário da análise sísmica longitudinal.
A discretização da estrutura foi efectuada em massas concentradas, referentes à massa
vibratória dos pilares em questão e da área de influência de tabuleiro. Calculam-se, assim, as
cargas permanentes que se concentram em cada massa, sendo que para os pilares, tal como
acontece na direcção longitudinal, considera-se metade da massa dos pilares, admitindo que
metade da reacção é absorvida pela base do pilar.
O tabuleiro foi modelado tendo em conta a sua inércia e módulo de elasticidade do betão.
Procedeu-se à aplicação do método de Rayleigh para a determinação da frequência própria
fundamental, sendo esta dada pela expressão:
√ ∑
∑
em que
– Força cuja intensidade é igual ao peso da massa i;
– Deslocamento provocado na estrutura pelas forças Fi.
Figura 37 – Modelo com 11 massas concentradas.
A tabela seguinte apresenta um resumo do peso total de cada massa.
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Tabela 48 – Forças correspondentes às massas concentradas nos elementos.
Elementos Peso Próprio Tabuleiro Fi
[kN] [kN] [kN]
E1 750,00 4362,32 5112,32
P1 1315,72 10246,52 11562,24
P2 1407,09 11684,03 13091,12
P3 1279,17 11684,03 12963,21
P4 986,79 11684,03 12670,82
P5 785,78 11684,03 12469,81
P6 1023,34 11684,03 12707,37
P7 785,78 11684,03 12469,81
P8 913,70 11684,03 12597,73
P9 1151,26 10246,52 11397,78
E2 2625,00 4362,32 6987,32
Estando determinadas as forças correspondentes ao peso de cada massa concentrada, existe a
necessidade de se calcular os deslocamentos que tais forças produzem. Deste modo, procede-
se à construção de um modelo com molas (figura 39), onde estas simulam a rigidez de cada
elemento, tendo os valores das rigidezes de cada elemento sido já calculados (tabela 50).
Salienta-se que na direcção transversal, todos os elementos verticais (encontros e pilares),
iram absorver a acção sísmica, uma vez que são todos fixos nessa direcção.
Tabela 49 – Cálculo das rigidezes transversais dos elementos.
Elementos Tipo Pilar Rigidez
[kN] [kN/m]
E1 Fixo 49500,00
P1 Fixo 449217,59
P2 Fixo 367267,14
P3 Fixo 488832,56
P4 Fixo 1064812,07
P5 Fixo 2108865,48
P6 Fixo 954751,09
P7 Fixo 2108865,48
P8 Fixo 1341356,54
P9 Fixo 670552,21
E2 Fixo 361663,65
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Figura 38 – Modelo no SAP2000 com as forças aplicadas.
Sendo assim, torna-se possível o cálculo dos deslocamentos referentes a cada elemento, os
quais são apresentados na tabela seguinte.
Tabela 50 – Deslocamentos obtidos devido às forças Fi.
Elementos di
[m]
E1 0,048
P1 0,037
P2 0,030
P3 0,022
P4 0,013
P5 0,007
P6 0,008
P7 0,007
P8 0,010
P9 0,016
E2 0,020
A definição de todos os intervenientes no método de Rayleigh, permitiu assim determinar a
frequência próprio fundamental da estrutura, tal como o período correspondente (tabela 52).
Tabela 51 – Cálculo da frequência e do período.
f (Hz) 3,13
T (seg) 0,32
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Tendo em conta os parâmetros retirados do EC8 aquando da definição da acção sísmica
longitudinal, está-se então em condições de determinar a força sísmica na direcção
transversal, novamente através da fórmula:
, com
Nesta direcção foi considerado um coeficiente de comportamento de 2, já que existe uma
maior capacidade de redistribuição das forças, como tal procedeu-se a uma amenização das
acelerações do sismo.
Tabela 52 – Cálculo da força basal para os dois tipos de sismo na direcção transversal.
Sismo 1.6 Sismo 2.5
agR (m/s2) 0,35 0,80
I 1 1
ag (m/s2) 0,68 1,20
Smáx 1,0 1,0
S 1,0 1,0
TB (s) 0,1 0,1
TC (s) 0,6 0,25
TD (s) 2,0 2,0
q 2,0 2,0
T (s) 0,32
Sd (m/s2) 1,14 1,57
Neste caso, o sismo do tipo 2 foi considerado mais condicionante, já que apresenta uma
aceleração de dimensionamento maior. Assim, a maior força sísmica obtida foi de 9905,12kN.
É necessário agora proceder ao cálculo das forças que são absorvidas por cada elemento,
correspondente a cada massa concentrada devido à acção sísmica. A força sísmica provoca no
tabuleiro um deslocamento transversal e uma rotação em torno do centro de rigidez
relativamente aos deslocamentos transversais do topo dos pilares e encontros. Essa rotação
deriva do facto do ponto médio de aplicação da força sísmica não coincidir com o centro de
rigidez.
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A resposta dos elementos foi calculada através da inserção no modelo de cálculo de elementos
finitos da força sísmica e, desta forma, obter a reacção dos elementos tendo em conta a
rigidez dos mesmos, o módulo da elasticidade e inércia dos elementos referentes ao tabuleiro.
A tabela seguinte apresenta a força sísmica absorvida por cada elemento.
Tabela 53 – Força sísmica absorvida por cada elemento, na direcção transversal.
Elementos FE
[kN]
E1 1074,18
P1 1892,69
P2 1736,74
P3 1283,89
P4 717,59
P5 410,70
P6 472,94
P7 387,99
P8 541,30
P9 779,24
E2 607,86
6.3.2. Análise da acção do Vento
Apesar de se tratar de uma zona em que a sismicidade não é das acções mais elevadas,
dificilmente a acção será condicionante em relação ao sismo, até porque os pilares não
apresentam uma altura muito elevada. Deste modo, procedeu-se apenas a uns cálculos
simples de forma a justificar tal informação.
De acordo com o que foi apresentado anteriormente, mais especificamente no capítulo
“Acções e Critérios de Dimensionamento”, a orça originada pelo vento é dada pela expressão:
( )
Resta determinar os coeficientes de força para o tabuleiro e pilares, para cada direcção
horizontal, pois tal como já foi referido, não será considerado a acção do vento na direcção
vertical.
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
Mestrado Integrado em Engenharia Civil 78
6.3.2.1. Acções no tabuleiro
O coeficiente de força segundo x (direcção transversal) é calculado tendo por base o tipo de
tabuleiro e através da relação entre a largura e a altura total do tabuleiro. Deste modo,
considera-se a altura do tabuleiro de 1,60m mais a altura correspondente ao tráfego
rodoviário, que se adoptou de 2,0m segundo Eurocódigo, perfazendo assim uma altura total
de 3,60m.
Figura 39 – Representação da altura total a considerar segundo a direcção transversal.
Sendo assim, para ⁄ e tendo em consideração o ábaco apresentado no
Eurocódigo (figura 41), onde se verifica que a ponte em estudo se encontra entre o tipo a) e o
tipo b), obtém-se assim um . Todavia, tendo em conta que a face exposta do
tabuleiro apresenta inclinação em relação à vertical, o valor do coeficiente sofre uma redução
de 0,5% por cada grau de inclinação, sendo deste modo corrigido para 1,09.
Figura 40 – Determinação do coeficiente cfx,0.
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
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No que diz respeito ao coeficiente de força segundo y (direcção longitudinal), o Eurocódigo
considera que, para pontes com tabuleiro de vigas de alma cheia, as forças segundo esta
direcção correspondem a 25% das forças segundo x.
6.3.2.2. Acções nos Pilares
A acção do vento também exerce forças nos pilares, em ambas as direcções. Deste modo, para
a determinação de tais esforços recorre-se novamente ao cálculo dos coeficientes de força,
onde o Eurocódigo define que para elementos estruturais de secção rectangular, estes apenas
dependem da razão entre a dimensão na direcção da acção do vento e a dimensão na direcção
perpendicular. Do mesmo modo que se considerou para o tabuleiro, admite-se que o vento
actua para cada direcção sobre uma área normal respectiva para cada pilar. Assim,
apresentam-se na tabela seguinte os coeficientes de força determinados cada direcção.
Tabela 54 – Cálculo do coeficiente de força para cada direcção.
Direcção X Direcção Y
b 5,50 1,60
d 1,60 5,50
b/d 3,44 0,29
1,35 2,10
De referir que a força resultante da acção do vento exercida sobre o tabuleiro é absorvida
pelos elementos verticais da ponte, do mesmo modo que é a força resultante da acção
sísmica. De seguida apresentam-se as forças resultantes da acção do vento sobre os pilares.
Note-se que ao fazer uma comparação dos valores apresentados na tabela acima com os
valores resultantes das forças sísmicas, é possível verificar, tal como se esperava, que a acção
do vento para esta situação não é de todo condicionante.
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
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Tabela 55 – resultante da acção do vento sobre os pilares.
Fw,x Fw,y
[kN] [kN]
P1 23,66 126,50
P2 28,86 154,32
P3 25,55 136,61
P4 17,98 96,14
P5 16,09 86,02
P6 15,61 83,49
P7 15,14 80,96
P8 18,92 101,20
P9 23,66 126,50
6.3.3. Dimensionamento dos Pilares
A secção dos pilares e a sua ligação ao tabuleiro pré-dimensionadas anteriormente, assim
como o correcto funcionamento em serviço dos pilares adoptados, terão de ser avaliadas,
sendo necessário calcular as armaduras necessárias, de modo a evitar o colapso em relação ao
Estado Limite Último. Caso contrário, existe necessidade de repetir o processo, realizando
novas verificações, inclusivamente aos Estados Limites de Utilização, no caso de a nova
situação assim o exigir.
6.3.3.1. Cálculo de Acções
Em primeiro lugar, e de modo a efectuar um dimensionamento é necessário calcular as acções
que o condicionam. Assim, a combinação fundamental condicionante para cada uma das
direcções, longitudinal e transversal, terá de ser tida em conta. Além das acções permanentes,
existe a necessidade de se considerar as acções variáveis que serão a frenagem/arranque,
atrito, o vento e o sismo na direcção longitudinal, e o vento e o sismo na direcção transversal,
bem como a força centrífuga. Note-se que não são contabilizadas as forças de lacete, uma vez
que se trata de uma ponte rodoviária.
Nas combinações em que a variável base é a acção sísmica não se procedeu a qualquer tipo de
majoração, já que, segundo o EC8, o espectro sísmico é já majorado aquando da definição
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
Mestrado Integrado em Engenharia Civil 81
desta acção. Outro aspecto importante prende-se com a não contabilização das acções
sísmicas quando outras acções são tidas como variável base, já que aquando de um sismo os
esforços sísmicos irão ser bem mais elevados.
Esforço Normal
Os pilares encontram-se sujeitos à flexão composta, tendo em conta que sobre estes actuam
forças horizontais e verticais, sendo os esforços normais de compressão benéficos para a
resistência dos pilares.
O esforço normal a ter em conta no dimensionamento dos pilares diz respeito apenas às
cargas permanentes, isto é, ao peso próprio do tabuleiro, assim como as restantes cargas
permanentes que nele se encontram, e ao peso próprio do pilar. Todas estas acções
encontram-se apresentadas na tabela abaixo.
Tabela 56 – Esforços verticais actuantes na base dos pilares.
PPpilar CPtabuleiro NCP
[kN] [kN] [kN]
P1 2631,44 11267,95 13899,40
P2 2814,18 11714,24 14528,43
P3 2558,35 11575,51 14133,86
P4 1973,58 11614,13 13587,71
P5 1571,56 11600,97 13172,52
P6 2046,68 11614,13 13660,81
P7 1571,56 11575,51 13147,07
P8 1827,39 11714,24 13541,63
P9 2302,51 11267,95 13570,47
Momentos flectores
No que diz respeito aos momentos na base do pilar, já que no topo estes são nulos, tendo em
conta que todos os elementos encontram-se ligados ao tabuleiro através de aparelhos de
apoio, existe a necessidade de quantificar as forças horizontais ao nível do topo e ao longo da
extensão dos pilares.
De notar que as forças consideradas para este cálculo dizem respeito ao sismo, vento,
frenagem/arranque e a força de atrito, utilizando-se posteriormente a combinação mais
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
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desfavorável para efeitos de dimensionamento. Quanto á força centrifuga, esta não será tida
em conta, uma vez que se verifica ser muito menor quando comparada com as outras acções
actuantes. Esta força é exercida segundo a direcção radial, provocando esforço em ambas as
direcções horizontais nos pilares, sendo assim, e uma vez que toma o valor de 64kN, tal como
foi possível verificar anteriormente, conclui-se que não faz sentido decompor a força, já que o
seu valor será desprezável.
Deste modo apresentam-se de seguida as tabelas de forças horizontais actuantes nos pilares, a
contabilizar para o cálculo do momento flector na base dos pilares.
Tabela 57 – Forças totais na direcção longitudinal actuantes nos pilares, em kN.
Vento
Frenagem/ arranque
Sismo Atrito
P1 126,50 0,00 284,48 563,40
P2 172,82 66,31 378,64 0,00
P3 161,17 88,26 824,79 0,00
P4 150,47 192,26 1633,49 0,00
P5 191,54 380,77 739,53 0,00
P6 131,46 172,39 0,00 0,00
P7 80,96 0,00 0,00 578,78
P8 101,20 0,00 0,00 585,71
P9 126,50 0,00 0,00 563,40
Tabela 58 – Forças totais na direcção transversal actuantes nos pilares, em kN.
Vento Sismo
P1 152,16 2843,18
P2 119,25 1457,79
P3 116,37 1093,47
P4 131,97 902,24
P5 148,33 521,11
P6 82,48 221,63
P7 143,42 454,89
P8 130,27 634,87
P9 99,85 729,93
Tendo em conta os valores apresentados, torna-se possível proceder ao cálculo dos momentos
na base de cada pilar para a acção horizontal mais condicionante, a acção sísmica, segundo
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Mestrado Integrado em Engenharia Civil 83
ambas as direcções, multiplicando-se as mesmas pelos respectivos braços até à base do pilar.
Estes valores são apresentados na tabela seguinte:
Tabela 59 – Momentos na base dos pilares devido à acção sísmica, as duas direcções.
Mlong Mtransv
[kN.m] [kN.m]
P1 51177,31 5120,63
P2 28062,48 7288,86
P3 19135,64 14433,76
P4 12180,19 22052,16
P5 5601,88 7950,00
P6 3102,86 0,00
P7 4890,06 0,00
P8 7935,90 0,00
P9 11496,41 0,00
6.3.3.2. Armaduras para o Estado Limite Último de Flexão
As armaduras para o estado limite último foram calculadas através de flexão composta, com
intervenção dos momentos proporcionados pela acção sísmica e, ainda, pela compressão que
provém apenas da carga permanente sem majoração, considerando ser a situação
condicionante.
O método de cálculo da armadura consistiu em arbitrar uma quantidade de armadura para a
secção do pilar e, a partir desta, procedeu-se ao cálculo analítico do momento resistente
correspondente, tendo em conta, em cada pilar, aos esforços a que se encontra sujeito. Este
cálculo foi realizado a partir do método do diagrama rectangular simplificado (figura 41).
Figura 41 – Esquema de cálculo do método do diagrama rectangular simplificado.
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A determinação do momento resistente teve por base o equilíbrio de forças:
{
onde:
Deste modo, admitiu-se que a armadura de flexão dos pilares é constituída por varões
Após diversas tentativas, de fora a verificar a condição da flexão composta, chegou-se aos
seguintes valores, de acordo com a disposição representada na figura 42:
Tabela 60 – Armadura Longitudinal do pilar.
As,1 As,2 As,3 As,4 As,5
(cm2/m) (cm2/m) (cm2/m) (cm2/m) (cm2/m)
Armadura adoptada
As (cm2/m) 63,83 147,30 39,28 98,20 49,10
Figura 42 – Disposição da armadura longitudinal para meia secção de pilar.
Posto isto, reuniram-se as condições para a determinação dos momentos resistentes
actuantes no pilar, para ambas as direcções. Estes valores apresentam-se nas tabelas
seguintes, tais como os valores obtidos para x.
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Tabela 61 – Cálculo do momento resistente correspondente à direcção longitudinal.
0,8x FC MRd
Fs,1 (kN) 2776,61
[m] [kN] [kN.m]
Fs,2 (kN) 3844,53 P1 0,75 20520,53 60210,50
P2 0,78 21149,56 61458,50
d1 (m) 2,70 P3 0,76 20755,00 60677,39
d2 (m) 1,05 P4 0,74 20208,85 59586,73
P5 0,73 19793,66 58750,27
h (m) 5,50 P6 0,75 20281,94 59733,34
b (m) 1,60 P7 0,73 19768,21 58698,78
Ac (m2) 6,58 P8 0,74 20162,77 59494,21
P9 0,74 20191,60 59552,11
Tabela 62 – Cálculo do momento resistente correspondente à direcção transversal.
0,8x F3,C d3 FC MRd
Fs,1 (kN) 12815,10
[m] [kN] [m] [kN] [kN.m]
Fs,2 (kN) 4271,70 P1 0,48 7866,20 0,36 30986,20 27708,57
Fs,4 (kN) 23120,00 P2 0,49 8495,23 0,35 31615,23 27905,15
P3 0,49 8100,66 0,36 31220,66 27782,34
d1 (m) 0,75 P4 0,48 7554,51 0,36 30674,51 27609,60
d2 (m) 0,35 P5 0,48 7139,32 0,36 30259,32 27476,15
d4 (m) 0,60 P6 0,48 7627,61 0,36 30747,61 27632,90
P7 0,48 7113,87 0,36 30233,87 27467,91
h (m) 5,50 P8 0,48 7508,43 0,36 30628,43 27594,88
b (m) 1,60 P9 0,48 7537,27 0,36 30657,27 27604,09
Tendo-se a armadura definida, tal como os momentos resistentes actuantes nos pilares, torna-
se possível realizar a verificação de segurança em relação à flexão composta, dada, de acordo
com o Eurocódigo, pela seguinte expressão:
(
)
(
)
O parâmetro depende da relação entre o esforço normal actuante e o esforço normal
resistente, variando entre 1 e 2. Neste caso, adopta-se , admitindo-se ser conservativo.
Sendo assim, apresenta-se na tabela seguinte as verificações para cada pilar.
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Tabela 63- verificação da flexão composta nos pilares.
(
)
(
)
P1 0,95
P2 0,59
P3 0,71
P4 0,91
P5 0,29
P6 0,03
P7 0,05
P8 0,09
P9 0,14
A partir da tabela anterior, é possível concluir que está verificada a segurança em relação aos
Estados Limites Últimos nos pilares.
6.3.3.3. Armaduras para o Estado Limite Último de Esforço
Transverso
O cálculo das armaduras transversais dos pilares (cintas) é efectuado com base no
esforço transverso obtido. As armaduras de esforço transverso são obtidas com base na
seguinte expressão:
yd
sdsw
fgz
V
s
A
)(cot
Adopta-se a estimativa corrente de z=0,9d (com d=1,60m na direcção longitudinal e d=5,50m
na direcção transversal) e considera-se θ=30°. Quanto à armadura mínima, utiliza-se a
expressão já apresentada no cálculo dos estribos para a superstrutura do presente trabalho,
assim como os critérios relativos à dimensão e espaçamento das cintas:
yk
ck
wf
f08,0min, ;
w
sw
wbs
A
min,
smáx = min (20 × φL,menor; bmin; 40 cm) ; φcinta = max (6 mm; 0.25 φL,maior)
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onde bw é igual a 5,5m para a direcção longitudinal e 1,6m para a direcção transversal.
Aplicando todas estas considerações, chega-se assim à armadura de esforço transverso
adoptada para os pilares, tendo esta que cumprir o maior valor entre a armadura mínima
regulamentar e a armadura calculada.
Tabela 64 – Cálculo da armadura necessária para o esforço transverso nas duas direcções.
Direcção Longitudinal Direcção Transversal
VSd z Asw/s VSd z Asw/s
[kN] [m] [cm2/m] [kN] [m] [cm2/m]
P1 284,48 1,44 2,62 2843,18 4,95 7,62
P2 378,64 1,44 3,49 1457,79 4,95 3,91
P3 824,79 1,44 7,60 1093,47 4,95 2,93
P4 1633,49 1,44 15,06 902,24 4,95 2,42
P5 739,53 1,44 6,82 521,11 4,95 1,40
P6 0,00 1,44 0,00 221,63 4,95 0,59
P7 0,00 1,44 0,00 454,89 4,95 1,22
P8 0,00 1,44 0,00 634,87 4,95 1,70
P9 0,00 1,44 0,00 729,93 4,95 1,96
Tabela 65 – Armadura de esforço transverso a adoptar nas duas direcções.
Dir. Longitudinal Dir. Transversal
ρmin 0,0009 0,0009
(Asw/s)min (cm2/m) 48,20 14,02
Armadura a adoptar (cm2/m)
10R 16//0,30 4R 16//0,30
67,00 26,80
Figura 43 – Pormenorização da armadura adoptada nos pilares.
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A tracção exercida nos estribos provoca uma diminuição na resistência à compressão do betão,
como tal existe a necessidade de se verificar que os pilares não atingem a rotura frágil por
esmagamento do betão. Nesta verificação, a tensão de compressão actuante correspondente
à combinação de acções condicionante.
[
]
Tabela 66 – Verificação ao esmagamento do betão na secção da base do pilar condicionante.
Pilar Condicionante (P2)
NSd (kN) 14528,43
σc (MPa) 2,21
σc,max (MPa) 10,56
Como se pode verificar as tensões de compressão actuantes são bastante inferiores em
relação à tensão limite de cálculo permitida. Mesmo não atingindo o limite, convém que os
pilares não estejam sujeitos a uma tensão de compressão muito elevada, para evitar efeitos de
fluência exagerados.
Por último, há ainda que verificar a compressão de bielas, através da fórmula:
Tabela 67 – Verificação da compressão das bielas.
Pilar Condicionante
σc,long (MPa) 0,48
σc,transv (MPa) 0,83
σc,max (MPa) 10,56
Pelo que se encontra verificada a compressão das bielas para qualquer um dos pilares.
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6.3.3.4. Análise dos efeitos de segunda ordem
A abordagem a utilizar para esta verificação é a apresentada no EC2 – Parte 1.1 (parágrafo
5.8). Este indica uma expressão que, no caso de cumprida (isto é, se a esbelteza em serviço do
elemento for inferior à limite), dispensa a consideração dos efeitos de 2ª ordem:
n
CBA
20lim
onde:
ef
A
2,01
1 (sendo que Ψe f é desconhecido, logo A=0,70);
21B ;
mrC 7,1 (rm é o quociente entre os momentos de primeira ordem M01 e M02,
portanto como não se tem momentos no topo do pilar rm=0);
cdc
Ed
fA
Nn
, no qual se considera NEd para a combinação condicionante e AC a área
da secção da base do pilar;
cdc
yds
fA
fA
e representa a percentagem mecânica de armadura, neste caso toma o
valor de 0,1314, logo B=1,12.
Tabela 68 – Verificação ao Estado limite de Encurvadura.
A B C λlim λ
P1 0,70 1,12 1,70 0,1056 83,2 83,4
P2 0,70 1,12 1,70 0,1104 80,5 89,2
P3 0,70 1,12 1,70 0,1074 81,6 81,1
P4 0,70 1,12 1,70 0,1032 83,2 62,6
P5 0,70 1,12 1,70 0,1001 84,6 49,8
P6 0,70 1,12 1,70 0,1038 83,0 64,9
P7 0,70 1,12 1,70 0,0999 84,6 49,8
P8 0,70 1,12 1,70 0,1029 83,4 57,9
P9 0,70 1,12 1,70 0,1031 83,3 73,0
Conforme previsto no pré-dimensionamento, a esbelteza do pilar P2 é superior à esbelteza
limite. Desta forma, nessa fase do trabalho admite-se que o pilar possui secção rectangular, de
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dimensões 5,50m x 1,60m, na zona enterrada, diminuindo assim a esbelteza do pilar. O mesmo
se admite para os pilares P1 e P3, os quais possuem uma esbelteza muito próxima da esbelteza
limite determinada.
6.3.3.5. Dimensionamento dos encontros
No pré-dimensionamento foi definido como melhor solução dois encontros móveis, sendo que
o encontro da esquerda (E1) seria um encontro aparente com fundações directas, enquanto o
encontro da direita (E2) seria um encontro perdido com fundações indirectas.
Quanto ao encontro E2, este é tido como um simples apoio para o tabuleiro, dado que o
maciço de encabeçamento das estacas se encontra directamente ligado ao tabuleiro. Por sua
vez, o encontro E1 apresenta na sua constituição 4 gigantes, cada um com 9m de altura, pelo
que os impulsos de terras actuam de forma considerável neste elemento.
As acções consideradas no dimensionamento dos encontros foram o peso próprio do encontro
e do solo, acções transmitidas ao elemento pelo tabuleiro da ponte, resultando nas
componentes verticais e horizontais dos apoios (RV e RH, respectivamente), pressões no
tardoz do encontro associadas ao impulso, I, do terreno e da sobrecarga, correspondentes ao
impulso activo, e as forças horizontais, H, directamente aplicadas no topo do espelho devidas
às acções de tráfego na zona da junta de dilatação.
Os impulsos passivos não foram contemplados para o dimensionamento destes elementos,
uma vez que são considerados como acções favoráveis.
A nível de verificação de segurança procedeu-se à verificação de segurança das fundações
através deslizamento e derrubamento no encontro da esquerda, tendo em conta os pesos dos
diferentes elementos constituintes do encontro, bem como o peso das terras por eles
mobilizados.
O encontro com fundações indirectas não foi sujeito a qualquer tipo de verificação, já que se
encontram fundados por estacas, deixa de fazer sentido realizar a verificação se segurança
quanto aos impulsos de terras, nomeadamente a verificação ao deslizamento e derrubamento.
A resultante de cada impulso foi determinada através das seguintes expressões:
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Para o cálculo dos impulsos e dos pesos foram utilizados vários pesos volúmicos: 17 kN/m3
para o solo superior (aterro) e 25 KN/m3 para o solo inferior (granito). Os valores de K0
(impulso repouso) foram de 0,55 e 0,40 para o aterro e para o granito, respectivamente.
A verificação de segurança ao deslizamento procedeu-se através da fórmula dada pelo EC7:
Em que:
Hd – está relacionada com os valores de cálculo de quaisquer impulsos de terras
impostos à fundação;
( ( ))
⁄ ;
Rpd – tempo de vida previsto da estrutura;
Vd’ – peso dos elementos em betão;
(
)
onde é o ângulo atrito solo minorado;
– coeficiente parcial para acções com o valor de 1,0;
A contabilização do peso do betão da estrutura, Vd’, é apresentada na tabela seguinte:
Tabela 69 – Contabilização do peso do betão da estrutura.
Área Volume Força
(m2) (m3) (kN)
Sapata 16,50 288,75 7218,75
Gigantes laterais (2) 46,80 23,40 1170,00
Gigante central (2) 46,80 23,40 1170,00
Muro testa 2,70 44,55 1113,75
Viga estribo 3,25 53,54 1338,56
Espelho anterior 0,54 8,95 223,78
Palas laterais 9,50 2,85 71,25
Laje perdida 2,00 33,00 825,00
Terra Interior 73,80 357,93 15784,71
Peso Tabuleiro
4362,32
total 33278,12
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Sendo assim, procede-se ao cálculo dos valores dos impulsos, os quais se apresentam na
tabela abaixo.
Tabela 70 – Cálculo dos impulsos de terras.
Volume
(m3) Força (kN)
Terreno 1
3751,95
Terreno 2
3016,92
Sobrecarga 1 30,00 2041,88
Sobrecarga 2 30,00 4950,00
total 13760,74
Nesta fase, encontram-se reunidos todos os parâmetros para que se possa verificar a
segurança relativamente ao deslizamento. Esta apresenta-se na tabela seguinte:
Tabela 71 – Verificação de segurança ao deslizamento.
Rd (kN) 23014,23
Hd (kN) 13760,74
∅'d (rad) 0,91
d 0,61
Deste modo, é possível concluir que a verificação ao deslizamento é verificada, uma vez que
Hd< Rd.
A verificação de segurança dos encontros ao derrubamento consiste na quantificação dos
momentos que instabilizam o sistema, e posterior comparação com os momentos que
estabilizam. O momento é calculado em torno do vértice onde poderá instabilizar o encontro.
Os momentos estabilizantes dizem respeito maioritariamente aos elementos de betão do
encontro, presentes no quadro seguinte.
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Mestrado Integrado em Engenharia Civil 93
Tabela 72 – Cálculo dos momentos estabilizantes.
Área Volume força braço momento em A
(m2) (m3) (kN) (m) (kN.m)
sapata 16,50 288,75 7218,75 5,50 39703,13
gigantes laterais (2) 46,80 23,40 1170,00 4,00 4680,00
gigante central (2) 46,80 23,40 1170,00 4,00 4680,00
muro testa 2,70 44,55 1113,75 1,65 1837,69
viga estribo 3,25 53,54 1338,56 3,15 4216,47
espelho anterior 0,54 8,95 223,78 4,33 967,85
Palas laterais 9,50 2,85 71,25 6,60 470,25
Laje perdida 2,00 33,00 825,00 7,50 6187,50
Terra Interior 73,80 357,93 15784,71 4,65 73398,92
Peso Tabuleiro
4362,32 1,00 4362,32
33278,12
Quanto aos momentos instabilizantes, estes encontram-se na tabela seguinte:
Volume força braço momento em A
(m3) (kN) (m) (kN.m)
terreno 1
3751,95 5,00 -18759,73
terreno 2
3016,92 1,17 -3529,80
Sobrecarga 1 30,00 2041,88 6,25 -12761,72
Sobrecarga 2 30,00 4950,00 1,25 -6187,50
13760,74
Para uma definição correcta das acções, segundo o EC7, que irão provocar a estabilização e
instabilização da estrutura, foi multiplicado por um coeficiente de 0,9 as acções estabilizantes
e 1,5 as instabilizantes. Apresenta-se em seguida os quadros correspondentes.
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Tabela 73 – Determinação dos momentos estabilizantes corrigidos.
Momento*coef.
(kN.m)
sapata 35732,81
gigantes laterais (2) 4212,00
gigante central (2) 4212,00
muro testa 1653,92
viga estribo 3794,82
espelho anterior 871,07
Palas laterais 423,23
Laje perdida 5568,75
Terra Interior 66059,02
Peso Tabuleiro 3926,08
total 126453,71
Tabela 74 – Cálculo dos momentos instabilizantes corrigidos.
Momento*coef
(kN.m)
terreno 1 -20635,70
terreno 2 -3882,78
Sobrecarga 1 -19142,58
Sobrecarga 2 -9281,25
total -52942,31
Como é possível verificar os momentos estabilizantes são superiores aos instabilizantes, como
tal está verificada a segurança.
O dimensionamento dos gigantes procedeu-se tendo em conta como acção base o sismo ou os
efeitos dos momentos provocados pelo solo nos gigantes. Tendo-se chegado à conclusão de
que o solo iria provocar um maior momento.
Tabela 75 – Momentos provocados pelo solo.
Força Braço Momento
terreno 1 3751,9 1,00 -3751,95
terreno 2 3016,9 4,83 -14571,73
Sobrecarga 1 2041,88 0,25 510,47
Sobrecarga 2 4950,00 4,75 -23512,50
Total -41325,71
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Para efeito de simplificação de cálculos, os gigantes são dimensionados segundo flexão
simples, para o momento mais condicionante. Deste modo, ao não se considerar o esforço de
compressão e o momento actuante segundo a outra direcção, está-se do lado de segurança,
efectuando um cálculo conservativo. É de notar, que devido ao facto de existirem 4 gigantes,
procedeu-se à divisão do momento actuante por quatro, de modo a dimensionar cada gigante.
Tabela 76 – Dimensionamento dos gigantes.
Momento Gigantes
Momento 1 gigante
FE 4611,19 1152,80
Momento -41325,71 -10331,43
Deste modo, torna-se possível determinar a armadura necessário em cada gigante, a qual se
encontra na tabela abaixo.
Tabela 77 – Cálculo da armadura dos gigantes.
Momento (kN.m) -10331,43
0,16
0,18
As (cm2) 100,85
Arm. adoptada 21∅25
6.4. Fundações
Através das boas características de resistência do solo às cargas aplicadas, foi possível a
escolha de fundações directas por sapatas, tanto para os pilares como para o encontro oeste.
As sapatas foram pré-dimensionadas utilizando como acção condicionante o esforço normal
calculado através da combinação rara, presente no EC:
Os esforços para cada elemento, referentes à combinação rara, estão representados no
quadro seguinte.
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Tabela 78 – Cálculo do esforço normal para a combinação rara de acções.
Nraro (kN)
E1 4111,63
P1 15507,43
P2 17917,19
P3 17565,23
P4 17029,98
P5 16617,29
P6 17103,07
P7 16578,44
P8 16930,40
P9 15178,50
E2 6934,87
6.4.1. Fundações Directas
Foram utilizados dois critérios, sendo que o primeiro critério baseia-se na contabilização da
capacidade resistente da sapata aos esforços de compressão, onde é considerado:
em que A e B são as dimensões das sapatas.
A tensão de cedência referente ao terreno é de 1000 kPa.
O segundo critério de dimensionamento foi realizado tendo em conta a rigidez das sapatas, a
resistência destas ao punçoamento e restrições geométricas tais como:
em que a é a largura do pilar.
Um factor de extrema importância é o cálculo da altura da sapata de modo à obtenção da
maior inclinação das bielas comprimidas, logo um melhor aproveitamento da resistência do
betão reduzindo assim a quantidade de armaduras necessária.
Nas sapatas foi também retirado os cantos superiores, pelo facto do betão ter pouca
importância nessas zonas devido à inclinação das bielas comprimidas.
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O dimensionamento das sapatas procedeu-se através do esforço normal obtido pela
combinação fundamental do EC8 e o momento na direcção longitudinal e transversal obtido a
partir do sismo.
Tabela 79 – Esforços obtidos para o dimensionamento da sapata.
NSd Mlong Mtransv
[kN] [kN.m] [kN.m]
P1 23422,88 51177,31 0,00
P2 26827,46 28062,48 5276,78
P3 26355,79 19135,64 7511,13
P4 25541,08 12180,19 14873,91
P5 24927,11 5601,88 22724,63
P6 25650,72 3102,86 8192,43
P7 24875,60 4890,06 0,00
P8 25347,28 7935,90 0,00
P9 22929,49 11496,41 0,00
E1 6028,42 4611,19 0,00
E2 10541,31 5556,5 0,00
A definição do tipo de sapata é primordial numa primeira fase, sendo utilizada um tipo de
sapata rígida, que nos permitiu considerar uma tensão do solo uniforme e descartar problemas
de punçoamento.
As fundações onde não existia influência numa direcção de momento, logo sem excentricidade
de carga, foram definidas da seguinte forma:
Figura 44 – Representação esquemática de uma sapata.
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⇒ (
)
sendo x a área carregada na direcção ortogonal.
Nas fundações em que existiu intervenção de momento, foi necessário o cálculo de uma
excentricidade, que permitiu aferir acerca do descarregamento de carga no solo. A
excentricidade foi calculada através quociente entre o momento e normal aplicados.
Na tabela seguinte apresenta-se as excentricidades consideradas nas várias direcções.
Tabela 80 – Cálculos das excentricidades em ambas as direcções.
Direcção
Longitudinal Direcção
Transversal
E1 0,76 0,00
P1 2,18 0,00
P2 1,05 0,20
P3 0,73 0,28
P4 0,48 0,58
P5 0,22 0,91
P6 0,12 0,32
P7 0,20 0,00
P8 0,31 0,00
P9 0,50 0,00
E2 0,53 0,00
A excentricidade quando maior que um quarto da dimensão em questão da sapata, possibilita
a que haja tensão em menos de metade da sapata (figura 45).
Figura 45 – Representação da sapata – excentricidade maior que ¼ da dimensão da sapata.
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⇒ (
)
sendo x a área carregada na direcção ortogonal.
A excentricidade menor que um quarto da dimensão em questão da sapata, permite uma
tensão em mais de metade da sapata. Como tal,
Figura 46 – Representação da sapata – excentricidade menor que ¼ da dimensão da sapata.
⇒ (
)
sendo y a área carregada na direcção ortogonal.
A quantidade de armadura a utilizar nas sapatas de cada elementos vertical, e para cada uma
das direcções, encontra-se representada nas tabelas seguintes.
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Tabela 81 – Cálculo da armadura das sapatas para a direcção longitudinal.
E1 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9
A 17,50 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00
excentricidade 0,76 2,18 1,05 0,73 0,48 0,22 0,12 0,20 0,31 0,50
A/4 4,38 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
e>A/4 FALSO VERDADEIRO FALSO FALSO FALSO FALSO FALSO FALSO FALSO FALSO
d altura sapata 1,50 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
0,9*H (d) 1,35 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90
e 0,76 2,18 1,05 0,73 0,48 0,22 0,12 0,20 0,31 0,50
0,35*a 1,93 1,93 1,93 1,93 1,93 1,93 1,93 1,93 1,93 1,93
tg alfa 0,55 3,97 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00
Rt 3302,95 18163,70 16100,30 14499,15 13205,47 13225,31 13080,65 13749,86 13107,74
Ft 5994,24 6764,74 1513,64 1341,69 1208,26 1100,46 1102,11 1090,05 1145,82 1092,31
As (cm2/m) 45,93 51,84 11,60 10,28 9,26 8,43 8,45 8,35 8,78 8,37
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Tabela 82 – Cálculo da armadura das sapatas para a direcção transversal.
E1 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9
A 11,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00
excentricidade 0,00 0,00 0,20 0,28 0,58 0,91 0,32 0,00 0,00 0,00
A/4 2,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75
e>A/4 FALSO FALSO FALSO FALSO FALSO VERDADEIRO FALSO FALSO FALSO FALSO
d altura sapata 1,50 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
0,9*H (d) 1,35 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90
e 2,00 0,00 0,20 0,28 0,58 0,91 0,32 0,00 0,00 0,00
0,35*a 1,93 1,93 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56
tg alfa 0,57 2,57 4,74 4,74 4,74 2,56 4,74 4,74 4,74 4,74
Rt 0,00 15438,11 16268,87 20874,91 16294,92 12437,80 12673,64 11464,74
Ft 5246,96 4554,45 3259,16 3434,54 4406,93 9739,39 3440,04 2625,76 2675,55 2420,33
As (cm2/m) 11,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00
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6.4.2. Fundações Indirectas
Pelo facto deste encontro se resumir a um simples apoio para o tabuleiro, considera-se que se
comporta como uma viga-estribo. Assim para o cálculo da armadura para as zonas
traccionadas recorre-se ao modelo de escoras e tirantes que distribui a carga proveniente de
cada aparelho de apoio para as estacas posicionadas na direcção transversal. Na direcção
transversal, como este encontro é móvel, não estão presentes momentos devidos às forças
longitudinais, pelo que se considera um dimensionamento sem excentricidade carga.
Figura 47 – Representação esquemática do maciço de encabeçamento.
Direcção Longitudinal
Como foi dito em cima, o cálculo da armadura para resistir à tracção contabiliza apenas a carga
de compressão, pois não se verifica carga horizontal aplicada na direcção longitudinal pelo
facto dos aparelhos de apoio serem móveis nesta direcção.
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Figura 48 – Modelo de escoras e tirantes para o encontro E2 na direcção longitudinal.
Sendo a reacção de cada pilar dada por:
Tabela 83 – Cálculo da reacção por estaca.
Nsd (kN) 10541,31
Número de estacas 8
R por estaca (kN) 1317,664
Depois de obtida a reacção vertical para cada estaca, o processo para calcular a armadura de
tracção é realizado. De notar que a força de compressão não se encontra centrada entre as
estacas, pelo qual se irá obter duas excentricidades diferentes.
Tabela 84 – Determinação da armadura para a direcção longitudinal.
R 1 e 2 R 1' e 2'
0,9*H 1,8 1,8
e 3,5 0,5
0,35*a 0,4 0,4
tg alfa 0,6 25,0
Ft 2285,4 52,7
As 0,00525 0,00012
As (cm2) 52,5 1,2
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Direcção Transversal
A partir do modelo seguinte foi possível determinar as reacções de cada conjunto de estacas.
Figura 49 – Modelo de escoras e tirantes para o encontro E2 na direcção transversal.
Recorrendo à seguinte fórmula foi possível calcular a reacção de cada estaca devido ao esforço
normal e momento actuante.
Os esforços de dimensionamento utilizados são apresentados na tabela seguinte.
Tabela 85 – Esforços de dimensionamento.
A partir dos quais foi possível determinar as seguintes reacções.
Tabela 86 – Cálculo das reacções correspondentes.
1 e 1' 2 e 2'
N+ 1652,97 1461,37
N- 982,3578 1173,96
Nsd (kN) 10541,31
Msd,sismo (kN.m) 5556,50
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A armadura de tracção no maciço de encabeçamento do encontro na direcção transversal foi
calculada utilizando os dados apresentados na tabela seguinte.
Tabela 87 – Cálculo da armadura de tração no maciço de encabeçamento.
R 1 e 1' R 2 e 2'
0,9*H 1,80 1,80
e 3,50 1,50
0,35*a 0,38 0,38
tg alfa 0,58 1,60
Ft 2866,98 910,92
As 0,01 0,00
As (cm2) 65,91 20,94
A armadura calculada para o maciço do encontro 2 será colocada de forma concentrada ao
nível das estacas como mostra a figura:
Figura 50 – Disposição da armadura para resistir no encontro E2.
Dimensionamento das Estacas
No que às estacas diz respeito, opta-se por diâmetros de 1m e 12m de comprimento.
Na análise estrutural nas estacas adopta-se a hipótese de o módulo de reacção do solo
constante em profundidade (k=cte).
De forma a determinar o comportamento da estaca, calculou-se o valor de coeficiente de
rigidez relativa solo-estaca (l) de forma a verificar o comportamento da estaca.
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O coeficiente de rigidez relativa do solo-estaca é determinado pela seguinte expressão:
√
Após determinar o valor de é possível determinar o tipo de comportamento, recorrendo à
seguinte tabela.
Tabela 88 – Determinação do tipo de comportamento da estaca.
Foram determinados os seguintes valores para e o seguinte tipo de comportamento.
Tabela 89 – Características e tipo de comportamento das estacas.
E2
L estaca (m) 12,00
Ep (kPa) 33000000,00
Ip (m4) 0,05
l 0,22
l x L 2,61
Comportamento Semi-Fléxivel
6.4.2.1. Estado Limite Último de Flexão
Conhecido o comportamento das estacas, reúnem-se as condições para verificar o estado
limite último de flexão nas estacas.
Tendo as estacas de todos os elementos um comportamento semi-flexível, obtém-se o valor
de momento actuante máximo na estaca através da expressão:
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Onde corresponde à carga actuante ao nível da cabeça da estaca sendo a força sísmica
dividida pelas número de estacas definidas para cada elemento. Pelo facto de se tratar de
estacas redondas, estas são dimensionadas apenas para a força horizontal condicionante.
Através das expressões anteriores foi possível determinar o valores máximos de e M por
estaca.
Tendo os esforços calculados, procedeu-se à determinação da área de armadura para cada
estaca.
Tabela 90 – Determinação da área de armadura de flexão a adoptar em cada estaca.
Vmax (x=0) [kN] 3331,07
Mmax (x=3,5818m) [kN.m] 103,64
0,007
0,006624
As,calculado (cm2) 2,39
As,min (cm2) 25,00
Segundo o EC2, como o valor da área da estaca Ac=0,785m2 se encontra entre 0,5 e 1, então a
armadura mínima longitudinal é As=25cm2.
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Mestrado Integrado em Engenharia Civil 108
6.4.2.2. Estado Limite Último de Esforço Transverso
A força horizontal aplicada na cabeça da estaca, além de produzir momento na estaca,
também produz uma força de corte, tendo a estaca que ser dimensionada para esse feito
também.
Estando a força aplicada na cabeça da estaca, esta tem que ser dimensionada para um esforço
transverso correspondente ao valor da força.
Para este dimensionamento adopta-se, novamente, a estimativa corrente de z=0,9d (com
d=1m) e considera-se θ 30°.
Quanto à armadura mínima, utiliza-se de novo a expressão:
yk
ck
wf
f08,0min, ;
w
sw
wbs
A
min,
Tabela 91 – Cálculo da armadura de esforço transverso a adoptar em cada estaca.
Vsd (kN) 3331,07
z (m) 0,9
Asw/s (cm2/m) 49,12
ρmin 0,000876
Asw/s min (cm2/m) 8,76
6.4.2.3. Verificação das compressões nas estacas e tensões no solo
Para este tipo de solo a tensão recomendada é de 5MPa, que permite uma limitação de forma
indirecta nos assentamentos que se vão obter. Não é aconselhável ter uma tensão mais
elevada que este valor sem serem efectuados estudos intensivos do comportamento do solo,
visto que isto implicaria ter de contabilizar assentamentos nas sapatas, que iriam influenciar a
análise estrutural de toda a estrutura.
É ainda necessário verificar a inexistência de tracções nas estacas.
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Quanto aos esforços de cálculo, vão ser assumidos os valores raros para o cálculo das tensões
no solo (não majorados).
Tabela 92 – Esforços de cálculo não majorados.
Nraro Mraro longitudinal Mraro transversal
E2 6934,87 5556,50 -
A partir destes valores e utilizando as expressões seguintes, calculam-se as tensões das estacas
nas duas direcções:
estacan
i
x
rarorarolongcomb A
y
yM
n
Nestaca
1
2.
'
Tabela 93 – Tensões das estacas na direcção longitudinal.
y=3,5m y=1,5m
σmax (kPa) 2104,94 1397,47
σmin (kPa) -371,22 336,25
Relativamente à direcção transversal, tem-se:
kPaAx
xM
n
Nestaca estacan
i
y
rarorarotransvcomb 72,1103
'
1
2.
Analisando os resultados obtidos demonstra-se que as tensões do solo são respeitadas, pois as
tensões das estacas não ultrapassam os 5MPa.
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6.5. Dimensionamento dos Aparelhos Apoio
De forma a melhorar a transmissão de cargas do tabuleiro aos elementos verticais, opta-se
pela escolha de aparelhos apoio no topo dos pilares e dos encontros, podendo estes serem
fixos ou móveis. Tal como referido anteriormente, os pilares P1, P7, P8 e P9, assim como os
encontros, apresentam aparelhos móveis, os quais permitem deslocamentos na direcção
longitudinal, ao contrário do que acontece nos restantes pilares, em que apresentam
aparelhos de apoio fixos, estando os deslocamentos impedidos quer na direcção transversal,
quer na direcção longitudinal.
A carga máxima horizontal a ser suportada depende do tipo de apoio utilizado. Nos casos dos
pilares fixos, estes devem ser dimensionados de forma a suportar todas e quaisquer forças
horizontais em ambas as direcções. No que diz respeito aos pilares móveis e aos encontros,
terão de ser dimensionados para resistir às forças horizontais na direcção transversal.
Para a determinação dos aparelhos de apoio utiliza-se a combinação rara de acções, uma vez
que esta permite a maximização das forças horizontais e verticais actuantes em cada elemento
e, por este facto, realiza-se um dimensionamento pelo lado da segurança.
Determina-se os valores de carga vertical e horizontal máximas em toneladas, os quais se
encontram na tabela seguinte, de forma a possibilitar uma melhor comparação coma
capacidade dos aparelhos de apoio (tabela 94).
As cargas determinadas serão divididas pelo número de aparelhos de apoio utilizados em cada
elemento, de forma a ser possível comparar a carga actuante por aparelho de apoio com a sua
capacidade.
Uma vez que existe apenas um pilar por alinhamento, opta-se por recorrer a 2 aparelhos de
apoio por cada pilar, ou seja, por alinhamento. O mesmo sucede para o caso dos encontros,
uma vez que estes não se encontram sujeitos a grandes forças, não se considera necessário
aumentar o número de aparelhos por encontro.
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Tabela 94 – Forças horizontais e verticais actuantes nos elementos verticais, assim com as cargas máximas
actuantes em toneladas.
Carga
Vertical Força
Longitudinal Força
Transversal Carga Vertical
Máxima Força Horizontal
Máxima
[kN] [kN] [kN] [ton] [ton]
E1 3182,51 0,00 461,12
324,75 47,05
P1 14238,57 75,90 2857,38
1452,92 291,57
P2 15063,37 385,75 1475,11
1537,08 150,52
P3 15073,57 472,16 1108,79
1538,12 113,14
P4 15053,49 907,62 913,02
1536,07 93,17
P5 15054,49 1734,92 530,76
1536,17 177,03
P6 15057,29 812,18 231,00
1536,46 82,88
P7 15058,60 48,57 463,97
1536,59 47,34
P8 15118,46 60,72 646,23
1542,70 65,94
P9 13851,06 75,90 744,12
1413,37 75,93
E2 2255,75 0,00 584,90
230,18 59,68
De referir que serão as cargas verticais que irão condicionar a escolha dos aparelhos de apoio,
uma vez que, em geral, relativamente às cargas horizontais é solicitado ao fornecedor que os
aparelhos de apoio em questão tenham uma capacidade de suporte a estas cargas, desde que
não sejam consideravelmente elevadas.
Deste modo, optou-se por aparelhos de apoio todos iguais (fixos e móveis), os quais possuem
uma capacidade vertical de 1800ton, sendo a capacidade horizontal de 90kN e o diâmetro de
108cm.
Os dados relativos a estes elementos encontram-se disponíveis no anexo VII.
6.6. Dimensionamento das Juntas de Dilatação
A superestrutura necessita conter juntas de dilatação, com a função de adaptar o tabuleiro aos
deslocamentos originados pelas variações sazonais de temperatura e suportar o encurtamento
provocado por fenómenos de retracção e fluência, assim como pela acção da variação
uniforme de temperatura. As juntas de dilatação serão colocadas entre o tabuleiro e os
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encontros, tendo em conta que não a extensão do tabuleiro não justifica adoptar estes
dispositivos noutros traços.
Para a determinação das juntas de dilatação é necessário conhecer os valores do alongamento
e encurtamento a que o tabuleiro fica sujeito, de modo a se poder determinar o valor da
amplitude máxima que a junta terá de permitir.
Na descrição das acções anteriormente realizada, assimilou-se a retracção e fluência a um
abaixamento lento e uniforme de temperatura equivalente a -42,5°C. Para considerar as
variações sazonais de temperatura, tem-se ainda em conta a variação uniforme da
temperatura, com um valor de ±15°C, sendo reduzido ao seu valor frequente, ou seja, ±9,0°C
( , com ). Assim, o encurtamento máximo estará associado a um abaixamento
lento e uniforme de -51,5°C e a dilatação máxima a um aumento de +4,8°C.
Apresentam-se, então, os valores dos deslocamentos a acomodar na junta e as respectivas
amplitudes:
Tabela 95 – Amplitude dos deslocamentos a acomodar nas juntas.
δ-
max δ+max Amplitude
[mm] [mm] [mm]
E1 78,28 7,30 85,58
P1 65,92 6,14 72,06
P2 49,44 4,61 54,05
P3 32,96 3,07 36,03
P4 16,48 1,54 18,02
P5 0,00 0,00 0,00
P6 16,48 1,54 18,02
P7 32,96 3,07 36,03
P8 49,44 4,61 54,05
P9 65,92 6,14 72,06
E2 78,28 7,30 85,58
Assim sendo, recomenda-se duas juntas de dilatação, uma em cada extremidade, do tipo
ALGAFLEX T100, do abricante “Alga”, ou com características e uivalentes, que suporta uma
amplitude de uma amplitude de 100mm, com uma tolerância de 50mm.
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7. Materiais e Processos Construtivos
7.1. Materiais
Para o correcto critério de dimensionamento é de enorme importância a escolha e selecção do
tipo de materiais de construção. Esta selecção deve ter em conta critérios quer a nível de
durabilidade, quer de resistência, pelo facto de a obra em questão apresentar período de vida
longo e os esforços envolvidos serem consideráveis.
Tendo em conta que, à partida, não existem limitações extraordinárias, prevalece o facto de
tornar o empreendimento o mais económico possível, optando-se assim por uma solução em
betão armado e pré-esforçado, em alternativa a uma solução mista ou metálica, pois o aço é
um material muito oneroso em Portugal.
7.1.1. Classe do betão
Devido à utilização de pré-esforço na construção da superestrutura ou tabuleiro, o qual é um
factor imprescindível neste tipo de obras, considera-se a utilização do betão C30/37 para as
peças pré-esforçadas.
No que diz respeito aos restantes elementos, tendo em conta que não estão sujeitos à
presença de pré-esforço, e que não existem ligações monolíticas ao tabuleiro, existia a
possibilidade de se recorrer a um betão de uma classe de resistência inferior. Todavia, com o
intuito de facilitar o processo construtivo, e apesar de estarem envolvidos grandes volumes de
betão, opta-se por utilizar o mesmo tipo de betão empregue no tabuleiro, uma vez que o
pouco ganho económico em utilizar um betão de uma classe de resistência mais baixa não
justifica a sua utilização.
O uso deste betão garante um bom comportamento á compressão e fendilhação, sendo as
suas condições apresentadas na tabela seguinte.
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
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Tabela 96 – Características do Betão C30/37.
fck 30 MPa
fcd 20 MPa
fctk 0.05 2,0 MPa
fctm 2,9 MPa
fctk 0.95 3,8 MPa
Ec.28 33 GPa
0,2
G 13,75 GPa
25 kN/m3
7.1.2. Armadura
No que diz respeito à armadura ordinária, optou-se pela utilização do aço A500NR, uma vez
que tanto economicamente, como a nível de desempenho, não se apresenta muito variável
em relação ao aço A400NR. Esta decisão foi tomada devido aos elevados esforços existentes
na estrutura, aproveitando assim para reduzir a área de armadura e garantir um certo grau de
ductilidade.
Tabela 97 – Características do aço A500NR.
fyd (MPa) fyk(MPa) εyd (1E-3) Es (GPa)
435 500 2,18 200
Uma vez que o dimensionamento do tabuleiro é realizado com recurso ao pré-esforço, é ainda
necessário definir a armadura de pré-esforço, optando-se pela utilização do aço A1670/1860,
cujas características se encontram em baixo apresentadas.
Tabela 98 – Características do aço de pré-esforço A1670/1860.
fyd (MPa) Fuk(MPa) εyd (1E-3) Es (GPa)
1670 1860 2,18 200
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7.2. Processos construtivos
Existem vários factores a considerar quando se opta por um método construtivo. Esses
factores variam desde a orientação e a altura da rasante, a configuração da superestrutura, a
topografia do terreno, construções prévias e o possível comportamento estático da obra de
arte durante as fases construtivas.
7.2.1. Infra-estrutura
Como em qualquer estrutura, começa-se por construir as fundações donde serão levantados,
posteriormente, os encontros e os pilares. Antes de se proceder à betonagem das sapatas,
existe a necessidade de se montar as armaduras de cada elemento de fundação. Ao betonar,
deve-se ter o cuidado de realizar uma boa vibração do betão.
Tal como já foi referido anteriormente, devido às boas condições de fundação nos pilares e no
encontro E1, estas serão efectuadas através de fundações directas (sapatas). No caso do
encontro E2, a fundação será indirecta, via estacas, ligadas à infra-estrutura através de um
maciço de encabeçamento.
A utilização de cofragem deslizante apenas se torna opção no caso pilares relativamente altos,
com alturas na ordem dos 50m, o que não corresponde ao presente estudo, sendo por isso
utilizada cofragem trepante, realizada por troços. Salienta-se o facto de as cofragens serem
reutilizadas nos vários troços construtivos, e nos vários pilares.
Cada troço de betonagem deverá ter adequadas dimensões para ter em conta o volume de
betão necessário, a quantidade de armadura, assim como a vibração e segregação do betão.
Os pilares devem resultar em elementos o mais vertical possível, evitando-se desvios
(excentricidades de 1ª ordem) que podem comprometer, de algum modo, a funcionalidade da
estrutura em serviço.
É no entanto aconselhado uma melhor sondagem das condições do terreno, para assegurar
com mais confiança a escolha do tipo de fundações a implantar.
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7.2.2. Superestrutura
Nesta fase construtiva é de extrema importância minimizar ao máximo o risco de haver
colapso da estrutura.
Tendo em conta todos os factores previamente mencionados, optou-se pela utilização de
cavalete apoiado sobre o terreno (cimbre ao solos). A utilização deste método construtivo faz
sentido neste caso, uma vez que a altura máxima livre dos pilares é da ordem dos 18,5m e
estamos perante uma solução economicamente competitiva.
A utilização de cimbre ao solo traz consigo alguns cuidados inerentes. O solo deverá ter
capacidade de suportar o peso do cimbre, assim como do tabuleiro, existindo a possibilidade
de se criar fundações directas (sapatas), de forma a transmitir melhor tais cargas ao terreno.
Antes de se efectuar a betonagem do tabuleiro, deve ser executado o empalme das armaduras
necessárias, de modo a garantir a continuidade da resistência aos esforços actuantes no
tabuleiro.
Por fim, a betonagem do tabuleiro deve ser feita por fases, tendo em conta que as juntas de
betonagem se devem situar a 1/5 do vão (zona onde a viga contínua apresenta momentos
nulos quando sujeita a um carregamento uniforme). Será ainda nestes pontos que se
tensionarão os cabos de pré-esforço adoptados e se farão as ancoragens de continuidade
necessárias, situação não adoptada no presente estudo. Os restantes cabos serão tensionados
aquando da finalização de outros troços adjacentes (em fases posteriores), de modo a
garantir-se ue existam cabos “activos” na junta de betonagem. Um dos cuidados que se terá
de ter durante a betonagem é a boa amarração dos tubos de vazamento, garantindo que estes
não vêm ao de cima após a aplicação do betão.
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Mestrado Integrado em Engenharia Civil 117
8. Conclusões
Qualquer projecto de Engenharia Civil abrange várias etapas, desde o programa base ao
projecto de execução. O presente trabalho diz respeito à fase de estudo prévio, pelo que o
grau de exigência da análise da solução a desenvolver não é muito grande. Deste modo,
salienta-se que existe a necessidade de, numa fase posterior, aprofundar determinado
factores, nomeadamente no que diz respeito às características mecânicas dos solos de
fundação e os custos associados às várias alternativas. Relativamente às características do
solo, devem ser recolhidas informações mais rigorosas, através de ensaios de prospecção
geotécnica maios avançados.
Apesar de nem sempre se conseguir realizar uma ponte que se incorpore numa solução mais
funcional e racional, tendo em conta que são diversos os factores e condicionantes estéticos,
económicos e ambientais. Todavia, procura-se elaborar da melhor forma possível um
equilíbrio entre todas as condicionantes. Uma vez que não há informação do contrário,
admite-se simplificadamente que não existem condicionamentos que inviabilizem a solução
desenvolvida, havendo a necessidade de se validar estas condições através de uma visita ao
local antes de se proceder ao estudo desta mesma solução.
O resultado de um bom pré-dimensionamento é verificado através do facto de os resultados
obtidos para as áreas de armadura, na análise realizada para todos os elementos, se situarem
dentro de um intervalo de valores aceitáveis. Da mesma forma, verifica-se que os valores que
se obtiveram de pré-esforço se enquadram nos valores expectáveis para este tipo de
estrutura.
Relativamente às diversas simplificações adoptadas, estas são consideradas adequadas no
sentido em que o nível de cálculos em questão não deveria ser demasiado complexo, tendo
em conta que nesta fase de projecto e no âmbito em que este se encontra, a consideração e
contabilização de determinados factores seria despropositada. Todavia, note-se que se
procura-se sempre que tais simplificações sejam sempre realizadas de forma conservativa,
beneficiando o factor segurança em detrimento da economia. Desta forma, relativamente à
determinação da rigidez conferida pelo solo às fundações dos diversos elementos verticais,
nomeadamente das estacas, são atribuídos valores com elevado grau de incerteza. Tanto as
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Mestrado Integrado em Engenharia Civil 118
estacas, como os gigantes, são dimensionados conservativamente à flexão simples, uma vez
que a consideração do efeito do esforço normal de compressão iria contribuir de modo
favorável para a verificação do Estado Limite Último, pelo que se torna possível a simplificação.
Relativamente ao encontro da direita, facto de este se encontrar fundado através de estacas,
conduz a que as verificações relativas aos impulsos de terras, nomeadamente a verificação ao
derrubamento e ao deslizamento, deixem de fazer sentido, pelo que neste caso não são
realizadas. O pré-esforço deverá ser alvo de um estudo mais pormenorizado, de forma a ter
em consideração a fase construtiva, de acordo com o plano de betonagem previsto.
O processo construtivo provoca alterações no diagrama de momentos flectores em relação ao
momento estático, pelo que se torna necessário contabilizar os efeitos diferidos do betão –
fluência e relaxação.
Estudo Prévio de uma Obra de Arte
Mestrado Integrado em Engenharia Civil 119
9. Bibliografia
Folhas de Apoio às Aulas – Estruturas de Betão I, Júlio Appleton.
Folhas de Apoio às Aulas – Estruturas de Betão II, Júlio Appleton e Carla Marchão.
Betão Armado e Pré-Esforçado I – Tabelas de Cálculo, Volume II, Augusto Gomes e
Carlos Martins, Secção de Folhas A.E.I.S.T. – Setembro 1993.
Betão Armado – Tabelas de Cálculo, Volume III, Augusto Gomes e João Vinagre, Secção
de Folhas A.E.I.S.T. – Setembro 1997.
Elementos Teóricos da Disciplina de Obras Geotécnica, Jaime A. Santos, Abril 2008.
Folhas da Disciplina de Pontes, A. J. Reis – Secção de Folhas A.E.I.S.T. – Revisão 2006.
Tabelas Técnicas da Disciplina de “ ontes”; IST.
Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes. (1983).
Lisboa: Porto Editora.
ANNEX A2 (EC0): Application for bridges (Normative), EM 1990.
Eurocódigo – Bases para o Projecto de Estruturas, NP EN 1990 2009.
Eurocódigo 1 – Acções em estruturas, Parte 1-4: Acções Gerais – Acção do Vento, NP
EN 1991-1-4 2010.
Eurocódigo 1 – Acções e estruturas, Parte 1-5: Acções Gerais – Acções Térmicas, NP
1991-1-5 2009.
Eurocode 1 – Actions on Structures, Part 2: Traffic loads on bridges, EN 1991-2 2003 .
Eurocódigo 2 – Projecto de estruturas de betão, Parte 1-1: Regras gerais e regras para
edifícios, NP 1992-1-1 2010.
Eurocode 2 – Design of Concrete Strutures, Part 2: Concrete Bridges, ENV 1992-2 1996.
Eurocódigo 7 – Projecto Geotécnico, Parte 1: Regras Gerais, NP EN 1997-1 2010.
Eurocódigo 8 – Projecto de estruturas para resistência aos sismos, Parte 1: Regras
Gerais, acções sísmicas e regras para edifícios, NP EN 1998-1 2010.
Eurocode 8 – Design of strutures for earthquake resistance, Part 2: Bridges, EN 1998-2.
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Mestrado Integrado em Engenharia Civil 120
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Anexos
Anexo I – Enunciado do Trabalho
Anexo II – Superfícies de Influência para a consola (Análise Transversal)
Anexo III – Superfícies de Influência para a laje Central bi-encastrada (Análise Transversal)
Anexo IV – Superfícies de Influência para a laje Central bi-apoiada (Análise Transversal)
Anexo V – Ábaco de Hambly
Anexo VI – Verificação das Descompressões do Pré-Esforço
Anexo VIII – Aparelhos de Apoio
Anexo IX – Juntas de Dilatação
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Anexo I – Enunciado do Trabalho
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Anexo II – Superfícies de Influência para a consola (Análise Transversal)
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Anexo III – Superfícies de Influência para a laje Central bi-encastrada (Análise Transversal)
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Anexo IV – Superfícies de Influência para a laje Central bi-apoiada (Análise Transversal)
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Anexo V – Ábaco de Hambly
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Anexo VI – Verificação das Descompressões do Pré-Esforço
Notas: n.º de cabos=12 e P∞ =36600kN
x e A W1 W2
Módulo Mtotal P.E.
Msecção variável
Mfreq,máx Mfreq, mín P*e MHP
[m] [m] [m2] [m3] [m3] [kN.m] [kN.m] [kN.m] [kN.m] [MPa] [MPa] [kN.m] [kN.m]
E1 0 0,15 14,19 3,3732 4,9672 5490,00 0 0 0 -4,21 -4,21 -1,47 -1,47 5490,00 0,00
vão 9,5 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 24896,78 0 21458,35 10065,54 -4,17 -8,04 -2,30 0,00 -29298,95 4402,17
P1 24 0,50 14,19 4,9672 3,3732 29314,49 1811,70 -20782,04 -37008,54 -4,66 -1,40 0,49 -4,32 18193,86 11120,63
vão 40 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 19478,78 0 27548,14 10378,06 -0,26 -6,09 -4,63 -1,16 -29386,14 9907,36
P2 56 0,50 14,19 4,9672 3,3732 26887,53 1811,70 -25086,36 -39047,00 -3,31 -0,50 -1,51 -5,65 18193,86 8693,67
vão 72 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 20360,26 0 26090,23 9528,52 -1,05 -6,68 -4,16 -0,81 -29386,14 9025,88
P3 88 0,50 14,19 4,9672 3,3732 27551,52 1811,70 -23769,03 -38588,64 -3,71 -0,72 -0,92 -5,31 18193,86 9357,66
vão 104 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 20120,68 0 26573,54 9685,61 -0,81 -6,54 -4,31 -0,89 -29386,14 9265,46
P4 120 0,50 14,19 4,9672 3,3732 27366,70 1811,70 -24087,86 -38761,02 -3,60 -0,65 -1,07 -5,42 18193,86 9172,84
vão 136 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 20181,59 0 26469,44 9627,85 -0,87 -6,59 -4,27 -0,86 -29386,14 9204,55
P5 152 0,50 14,19 4,9672 3,3732 27429,70 1811,70 -23965,75 -38715,38 -3,64 -0,67 -1,02 -5,39 18193,86 9235,84
vão 168 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 20181,59 0 26469,45 9627,82 -0,87 -6,59 -4,27 -0,86 -29386,14 9204,55
P6 184 0,50 14,19 4,9672 3,3732 27366,70 1811,70 -24087,91 -38760,78 -3,60 -0,65 -1,07 -5,42 18193,86 9172,84
vão 200 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 20120,68 0 26573,55 9685,62 -0,81 -6,54 -4,31 -0,89 -29386,14 9265,46
P7 216 0,50 14,19 4,9672 3,3732 27551,52 1811,70 -23769,01 -38588,19 -3,71 -0,72 -0,92 -5,31 18193,86 9357,66
vão 232 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 20360,26 0 26090,23 9528,53 -1,05 -6,68 -4,16 -0,81 -29386,14 9025,88
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x e A W1 W2
Módulo Mtotal P.E.
Msecção variável
Mfreq,máx Mfreq, mín P*e MHP
[m] [m] [m2] [m3] [m3] [kN.m] [kN.m] [kN.m] [kN.m] [MPa] [MPa] [kN.m] [kN.m]
P8 248 0,50 14,19 4,9672 3,3732 26887,53 1811,70 -25086,35 -39046,54 -3,31 -0,50 -1,51 -5,65 18193,86 8693,67
vão 264 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 19478,78 0 27548,14 10378,07 -0,26 -6,09 -4,63 -1,16 -29386,14 9907,36
P9 280 0,50 14,19 4,9672 3,3732 29314,49 1811,70 -20782,04 -37008,05 -4,66 -1,40 0,49 -4,32 18193,86 11120,63
vão 294 -0,80 12,20 2,9444 4,9389 24896,78 0 21458,35 10065,40 -4,17 -8,04 -2,30 0,00 -29298,95 4402,17
E2 304 0,15 14,19 3,3732 4,9672 5490,00 0 1,15 -0,15 -4,21 -4,21 -1,47 -1,47 5490,00 0,00
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Anexo VIII – Aparelhos de Apoio
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Anexo IX – Juntas de Dilatação
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