São Paulo, 24 de setembro de 2009
description
Transcript of São Paulo, 24 de setembro de 2009
I Conferência Municipal de Saúde Ambiental do Município de São Paulo
Instrumentos de Controle Social para a Construção de Políticas de
Saúde Ambiental
Prof. Dr. Fernando Ferreira CarneiroUnB - Campus Ceilândia/DF
São Paulo, 24 de setembro de 2009
Sumário
Definindo conceitos: controle social ou participação social?
Histórico da participação social na construção das políticas públicas (saúde, ambiente e cidades)
Instrumentos e experiências A necessidade de se integrar agendas Metodologias participativas Exemplos de São Paulo
Um convite ao debate: participação social e privatização
Definindo conceitos: controle ou participação social?
Origem do termo: Contexto histórico: Ditadura A idéia: controle social sobre o Estado
O desafio para a participação social: Participar da construção e se empoderar do
processo de implantação das políticas públicas.
Histórico O papel dos movimentos sociais na
construção e na execução das políticas públicas no Brasil.
Os três casos Movimento Ambiental Brasileiro Reforma Sanitária Brasileira Reforma Urbana
Desigualdades de exposição e impactos na saúde
Problemas diferentes no âmbito local, nacional ou global
Problemas de risco tradicionais e modernos
Diversidade de problemas no meio ambiente e saúde
Fonte: OMS, 2001
Pensando sobre o nosso modelo de desenvolvimento...
A ideologia do desenvolvimento
(Rigotto, 2008)Faz crer que o sentido da vida humana
é promover o crescimento ilimitado da
produção (e do consumo) Desenvolvimento sustentável:
para quem?
Por que não um Plano
de Aceleração da Distribuição – PAD?
Macro Agendas Fórum Social Mundial
Agenda 21 Promoção da
Saúde
Agendas Locais Fóruns Sociais Municipais, Estaduais e Nacional.
Agenda 21 local;
Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS)
Municípios Saudáveis
Silos
Participação
Social
Instrumentos de operacionalização ao nível local da participação social
Orçamento participativo
Conselhos,
Comitês e outros fóruns de controle social
Plano Diretor
Conselhos de Meio Ambiente e de Bacias Hidrográficas
Licenciamento
Ambiental
Educação Ambiental
Conselhos de
Saúde
Plano Municipal
de Saúde
Atenção Básica
APA
Vigilância em Saúde
Saneamento
A integração das grandes agendas: do macro ao micro
Algumas estratégias Globais/Locais:
Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável
Municípios SaudáveisAtenção Primária AmbientalAgenda 21 LocalDesenvolvimento Local Integrado e Sustentável
A Promoção da Saúde Estratégia ampliada que enfatiza a importância do poder e
da autonomia local no sentido de garantir uma maior participação social, constituindo-se em um marco referencial de caráter eminentemente intersetorial, cujas principais estratégias são:
1.Construção de políticas públicas saudáveis 2. Criação de ambientes favoráveis à saúde 3. Reforço à ação comunitária 4. Desenvolvimento de habilidades pessoais 5. Reorientação dos serviços de saúde
Municípios Saudáveis É uma filosofia e também uma estratégia que permite
fortalecer a execução das atividades de promoção da saúde como a mais alta prioridade dentro de uma agenda política local.
Uma cidade saudável, na definição da OMS, "... é aquela que coloca em prática de modo contínuo a melhoria de seu meio ambiente físico e social utilizando todos os recursos de sua comunidade". Um dos principais pilares desta iniciativa é a ação intersetorial (www.opas.org.br).
Atenção Primária Ambiental
É uma estratégia de ação ambiental, preventiva e participativa em nível local, que reconhece o direito do ser humano de viver em um meio ambiente saudável e adequado, e a ser informado sobre os riscos do ambiente em relação à saúde, bem-estar e sobrevivência, ao mesmo tempo que define suas responsabilidades e deveres em relação à proteção, conservação e recuperação do ambiente e da saúde (OPAS, 2000).
6 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL
Participação da comunidade;
Organização;
Prevenção e Proteção Ambiental;
Solidaridade e equidade;
Integralidade;
Diversidade.
Fonte: (OPAS, 2000).
CARACTERÍSTICAS DA A.P.A. Descentralização;
Intersetorialidade e interdisciplinaridade;
Co-gestão pública-privada e autogestão;
Coordenação;
Eficiência;
Autonomia política e funcional
Fonte: (OPAS, 2000).
Propondo Novas definições para a APA no Brasil Crítica a definição de APA Proposta:
Atenção Primária em Saúde Ambiental (APSA) - respeitar o setor saúde como promotor do processo e recolocar a saúde ambiental como o objeto agregador das ações no nível local.
Atenção Básica em Saúde no Brasil Atenção Primária em Saúde Programa Saúde da Família
Conquistas: melhoria do acesso aos serviços
Desafios: Ações sobre o meio ambiente visando a
melhoria da saúde Formação específica em saúde ambiental
Perspectivas Segundo o Ministério da Saúde (1999):
“a ampliação do conceito de Atenção Básica se torna necessária para avançar na direção de um sistema de saúde centrado na qualidade de vida das pessoas e de seu meio ambiente” .
FUN
AS
ARelações entre meio ambiente, saúde e sustentabilidade
Sustentabilidade
Meio ambiente
Saúde
Saúde Ambiental
Fonte: OMS, 2001Modificado por Carneiro, 2003
Assistênciaa Saúde
Promoção da Saúde
Vigilância em Saúde
Epidemiológica Sanitária Trabalhador Ambiental
APA
Questões Ambientais
Ecossistema
Interfaces entre Promoção da Saúde, Vigilância e as questões ambientais
ABS
Saneamento
Educação AmbientalSaúde indígena
Educação em Saúde
Efeito IRA
Partículas irritantes
Agentesinfecciosos
Baixas temperaturas
Desnutrição
Ar conta-minado
Qualidade da habitação
Climainteriores
Alimentos
QueimadasRelação
pessoa/quartoFalta de
habitaçãoQualidade das terras
Modelo agrícola
Modelo de desenvolvimento
Neoliberal
Modelo de desenvolvimento
urbano
Ausência de Reforma Agrária
Ações
Forçasmotrizes
Pressões
Estado
Exposição
Fatores relacionados com infecções respiratórias agudas em crianças
Fonte: OMS, 2001. Modificado por Carneiro, 2001
Forçasmotrizes
Pressões
Situação
Exposição
Efeito
Campo de Ação
Ações
Fonte: OMS, 2001
ABS
Assistência
Vig. Epidemiológica
Vig Sanitária
Vig. Ambiental
FSM Promoção da
Saúde, Agenda 21
APA, MS, Agenda 21
Local, DLIS
Modelo de desenvolvimento alternativo
Controle das pressões do capital
Melhoramento do meio
Educação
Intervenções terapêuticas
Açã
o
Diversos setores
Diversas disciplinas
Diversas ações
Meio ambiente e saúde: Controle do impacto
Fonte: OMS, 2001Adaptdado por Carneiro, 2002
Mobilização Social
Educação
Prioridade Política de Estado
Dengue em CubaAções
integradas1. Educação Ambiental/APA
2. Vigilância Ambiental
3. Vigilância Entomológica
4. Vigilância Epidemiológica
5. Assistência
Agenda 21 Local É um processo de desenvolvimento de
políticas para o alcance da sustentabilidade, cuja implementação depende, diretamente, da construção de parcerias entre o Poder Público e a Sociedade Civil, representando um dos maiores desafios à sua implementação.
Sua formulação resulta em um cenário para o futuro e para o desenvolvimento sustentável(www.mma.gov.br).
Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável É uma estratégia de indução ao desenvolvimento
que prevê a adoção de uma metodologia participativa, pela qual mobilizam-se recursos das comunidades, em parceria com atores da sociedade civil, de governos e empresas, em todos os níveis, para a realização de diagnósticos da situação de cada localidade, a identificação de potencialidades, a escolha de vocações e a confecção de planos integrados de desenvolvimento (www.dlis.org.br).
FSM O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de
encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, de entidades e movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo, e estão empenhadas na construção de uma sociedade planetária centrada no ser humano (www.forumsocialmundial.org.br).
Corredor Temático de Saúde, Ambiente, Trabalho, Saneamento, Moradia e Sociedade no III Fórum
Social Mundial
Elementos de Convergência
Participação Social Intersetorialidade
Desenvolvimento Sustentável
Ações em andamento no Brasil Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no
Brasil (FASE,FIOCRUZ,CGVAM/SVS/MS)
http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=2220
Quem é quem na saúde ambiental no Brasil (CGVAM/FIOCRUZ)
Indicador de vulnerabilidade socioambiental (CGVAM/ASISAST/CEBRAP)
PISAST (CGVAM/COSAT) Atlas da água e do saneamento no Brasil
(FIOCRUZ/CGVAM) Conferência Nacional de Saúde Ambiental
Mapeamento ambiental de riscos a saúde desenvolvida pelo Consórcio Ambiental da Macro Região número 5 no Estado do Rio de Janeiro.
Construção de indicadores de saúde ambiental no nível local (Complexo do Alemão no Município do Rio de Janeiro/RJ)
“Campo Saudável”. espaços de formação desenvolvidos pelo setor de
saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST módulo de saúde ambiental do curso técnico em
saúde comunitária
encontros regionais dos coletivos de saúde.
Como integrar as estratégias no nível local? Integração dos processos de planejamento participativos locais
a vigilância cidadã do ambiente A Vigilância da qualidade da água, do ar,
solos, desastres, substâncias químicas e etc devem buscar parcerias que possam ir além do âmbito estritamente governamental.
Casos emblemáticos:Município de São Paulo Distribuição da população residente, por regiões, segundo áreas de risco e de
não risco-ambiental – município de São Paulo
Fonte: IBGE, Censo 2000; CEM-Cebrap; Marques (2005), Alves (2007)
Áreas Regiões pobres
Regiões de classe média
Regiões de classe alta
Total do município
Áreas de risco 55,01 37,61 7,38 100,00
Áreas de não risco 32,90 51,23 15,87 100,00
Total 37,12 48,63 14,25 100,00
Ferramentas da APAMatrizes e mapas
IVAN - CEMEA
L. DA FORMIGA
P. DO MARCELO
FONTINHA
JOÃO DA PADARIA
P. DO HELVÉCIO
L. DO CHÁ
MAPEAMENTO DE RISCO AMBIENTAL - PRESENÇA DE CARAMUJO DA ESQUISTOSSOMOSE
Rio do CarmoCórregoLagoaRepresaEsgoto a céu abertoCaixa d'água
Estrada de ferroPonteVia de acessoIgrejaEscolaCaramujo
Efeitos sobre saúde
Problemas ambientais
Ver
min
ose
Fra
qu
eza
To
ntu
ra
Pro
ble
mas
re
spir
ató
rio
s
Pro
ble
ma
no
s
olh
os
Pro
ble
mas
de
pel
e
Pro
ble
mas
no
fí
ga
do
Pro
ble
ma
no
s
rin
s
Pro
ble
ma
de
estô
mag
o
Pre
ssã
o a
lta
Tra
nst
orn
o
me
nta
l
Cân
cer
Aci
den
te
vio
lên
cia
Uso de agrotóxicos
Desmatamento Queimadas Seca Monocultura Lixo Falta de saneamento
Criação solta Trabalho inseguro
Oficina de Mapeamento de Riscos Ambientais, conduzida pelo Prof. Fernando Carneiro/UnB
Quixeré/CE. Apoio CNPq
Experiências atuais apoiadas pela área de saúde ambiental do Ministério da Saúde em São Paulo
Projeto Metrópoles Saudáveis (São Paulo, Buenos Aires e México) PROAM
PAVS – Projeto Ambientes Verdes e Saudáveis – São Paulo – Capital(Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, Secretaria de Saúde, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente)
Módulos: 1-Lixo2-Água e Energia3-Biodiversidade4-Convivência saudável com animais e zoonoses5-Consumo consciente6-Cultura de paz e não violência
5.500 agentes comunitários de saúde e de proteção social treinados
Desafios construir a organicidade das
políticas públicas, ou seja, a sociedade civil organizada participando das decisões e dos processos de implementação das ações de governo.
Injustiça Ambiental:Injustiça Ambiental:• Acesso desigual aos recursos naturais
• Distribuição desigual dos benefícios do desenvolvimento
• Destinação da maior carga dos danos ambientais do desenvolvimento aos trabalhadores de baixa renda, grupos sociais discriminados, povos étnicos tradicionais, populações marginalizadas nas periferias das grandes cidades• Exclusão da participação nos processos de tomada de decisão e de elaboração, desenvolvimento e implantação de políticas públicas (ACSELRAD, HERCULANO e PÁDUA, 2004).
Justiça AmbientalJustiça Ambiental
... a busca do tratamento justo e do
envolvimento de todas as pessoas,
independentemente de sua raça, cor,
origem ou renda no que diz respeito à
elaboração, desenvolvimento, implantação
e reforço de políticas, leis e regulações
ambientais.
Novos paradigmas?
“Nós fizemos a reforma sanitária que criou o SUS, mas o núcleo dele, desumanizado, medicalizado, está errado. Temos de entrar no coração deste modelo e mudar. Qual o fundamento? Primeiro é a promoção da saúde e não da doença. O SUS tem de, em primeiro lugar, perguntar o que está acontecendo no cotidiano das vidas das pessoas e como eu posso interferir para torná-la mais saudável.”
[1] Sergio Arouca, O Pasquim, 21, n° 28, 20 de agosto de 2002.
O olhar da saúde ambiental Um paradigma emergente? Um novo ciclo para o SUS?
Participação social e as privatizações A Guerra por Água – Vandana Shiva
O caso da revolta da água na Bolívia O plebiscito sobre a privatização da água no
Uruguai Brasil: compra de áreas com reservas de água
subterrânea pela Coca Cola Saúde – Os casos do EUA e de São Paulo O caso do Petróleo -Brasil –Década de 50 - O
movimento do “Petróleo é nosso”
QUESTÕES ESTRATÉGICAS (Rigotto, 2009)QUESTÕES ESTRATÉGICAS (Rigotto, 2009) POLÍTICA DE SAÚDE AMBIENTAL:POLÍTICA DE SAÚDE AMBIENTAL:
ELIMINAÇÃO/ANTECIPAÇÃO/ELIMINAÇÃO/ANTECIPAÇÃO/
MITIGAÇÃO/INFORMAÇÃO SOBRE OS RISCOSMITIGAÇÃO/INFORMAÇÃO SOBRE OS RISCOS DESOCULTAMENTO DOS DANOS AMBIENTAIS E À DESOCULTAMENTO DOS DANOS AMBIENTAIS E À
SAÚDESAÚDE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVAINVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA SAÚDE AMBIENTAL E SAÚDE DO TRABALHADOR SAÚDE AMBIENTAL E SAÚDE DO TRABALHADOR
IMPLEMENTADOS NOS TERRITÓRIOS, JUNTO IMPLEMENTADOS NOS TERRITÓRIOS, JUNTO COM A ATENÇÃO BÁSICA E COM PARTICIPAÇÃO COM A ATENÇÃO BÁSICA E COM PARTICIPAÇÃO SOCIALSOCIAL
A LENDA DA MÃE DA MATA - AMAZONIAA LENDA DA MÃE DA MATA - AMAZONIA
Cenários e futuro
MST, 2000
Contantos:[email protected]