Prisma53 | ago2014
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O resgate da arquitetura tradicional brasileira
Ano 13 - No 53 agosto 2014 R$ 15,00
Projeto ensina como desenhar um conjunto residencial, com ar de vila e usando as vantagens da alvenaria estrutural armada
12 concrete show
O maior evento da cadeia produtiva do cimento e do concreto da América
Latina pretende repetir, em sua 8a edição, o sucesso dos anos anteriores
16 entrevistaO engenheiro e professor-associado da Escola Politécnica da USP, Vanderley M. John, explica porque a Avaliação de Ciclo de Vida Modular (ACV-m) de blocos e pisos intertravados de concreto, desenvolvida pelo CBCS, em parceria com a BlocoBrasil e ABCP, representa um marco na construção civil brasileira
18 paisagismoO parque Celso Daniel, em Santo André, no ABC paulista, passou por uma grande
revitalização e modernização com o uso de pavimento intertravado de concreto
22 arquitetura
O residencial Jabuticabeiras, conjunto de 24 unidades habitacionais situado na
Zona Leste paulistana, mostra um desenho arquitetônico sofisticado do arquiteto
Samuel Kruchin, utilizando alvenaria estrutural armada como sistema construtivo
28 pré-moldados
O Grupo JCPM constrói o shopping RioMar Fortaleza, décimo empreendimento
do gênero desenvolvido pelo grupo e que será um dos maiores do gênero, no
Nordeste e no Brasil, com o uso de pré-moldados de concreto
35 alvenaria
A construtora paulista Tecnisa pesquisou os sistemas existentes e resolveu apostar
na alvenaria estrutural com blocos de concreto para erguer, em Diadema-SP, um
empreendimento com dez torres, de 19 andares cada, e 1.600 apartamentos
41 mesa-redonda
O 16o Fórum InterCement discutiu o mercado de lajes pré-fabricadas de
concreto, suas perspectivas para os próximos meses, desafios e soluções
nesta edição
revista prismasoluções construtivas compré-moldados de concretowww.revistaprisma.com.brpublicação bimestralagosto 2014
SEÇÕES
6 agenda
8 curtas
30 profissional top
50 destaque
53
5
Pr isma é uma publ icação b imestra l da Ed i tora Mandar im
www.mandar im.com.br
DIRETORES
Marcos de Sousa e S i lvér io Rocha
EDITOR RESPONSÁVELSi lvér io Rocha – MTb 15.836-SP
EQUIPE TÉCNICA
Abdo Hal lack, C láudio Ol ive i ra , Germán Madr id Mesa
(Co lômbia) , Hugo da Costa Rodr igues, Kát ia Zanzot t i ,
Marc io Santos Far ia , Paulo Sérg io Gross i ,
Rodr igo P iernas Andol fa to e Ronaldo V izzon i
COLABORADORES
Texto: Marcos de Sousa e Regina Rocha
Fotos: Pat r íc ia Be l for t
PROJETO GRÁFICO
LuaC Des igner
DIAGRAMAÇÃO/ARTE
Vin ic ius Gomes Rocha
Act Des ign Gráf ico
IMPRESSÃO
Van Moorse l Gráf ica e Ed i tora
REDAÇÃO
Edi tora Mandar im
Praça da Sé, 21, c j . 402,
São Paulo, CEP 01001-001
Tel . (11) 3117-4190
SECRETARIA E ASSINATURAS
I l ka Ferraz , te l . (11) 3117-4190,
www.por ta lpr isma.com.br
ou pe lo e-mai l i lka@mandar im.com.br
PUBLICIDADE
Diretor Comerc ia l : S i l vér io Rocha
s i lver io@mandar im.com.br
Representantação Comerc ia l :
Rubens Campo (Act )
(11) 99975-6257 - 5573-6037
rubens@act .ppg.br
APOIO INSTITUCIONAL
ABCP
ABTC
BlocoBras i l
ISSN: 1677-2482
Esta edição da Prisma é acompanhada pelo Manu-al de Desempenho – Alvenaria de Blocos de Concreto, num excepcional trabalho desenvolvido pelo engenhei-ro Cláudio Oliveira Silva, da ABCP, que contou com a colaboração de profissionais como o arquiteto Carlos Alberto Tauil, consultor técnico da BlocoBrasil, e dos engenheiro Luiz Póvoas e Cleuton Gomes, dirigentes re-gionais da BlocoBrasil para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina e Paraná, respectivamente.
Essa publicação traz dados extremamente importante para os projetistas, construtores e à toda a cadeia produ-tiva da construção civil: os resultados dos ensaios de blo-cos de concreto, estruturais e de vedação, realizados por renomados laboratórios de prestigiosas universidades brasileiras, nos quais se constata que os blocos de con-creto atendem a todas as exigências da Norma de De-sempenho, a NBR 15.575/2013. Essa informação, funda-mental para aqueles que se preocupam com a qualidade e com o desempenho dos sistemas construtivos que uti-lizam, estará disponível a partir da agora a contratantes, projetistas, especificadores, administradores públicos e ao público geral.
Essa notícia auspiciosa se soma a outra: a apresentação dos resultados da Avaliação do Ciclo de Vida Modular (ACV-M) de blocos e pisos intertravados de concreto, de-senvolvida pelo Conselho Brasileiro de Construção Sus-tentável (CBCS), em parceria com a BlocoBrasil e a ABCP. Como relata em entrevista nesta edição o engenheiro, professor-doutor associado da Escola Politécnica da USP, Vanderley Moacir John, coordenador desse trabalho que consumiu um ano de desenvolvimento da metodologia, levantamento de informações, auditorias de terceira parte e consolidação dos dados, “essa é uma iniciativa pioneira, nessa escala e com essa abrangência, na avaliação de pro-dutos da construção civil, no Brasil e no mundo” .
De acordo com Ramon Otero Barral, presidente da BlocoBrasil, essa é uma iniciativa que visa a demonstrar, de forma transparente e acessível a todo o mercado, o estágio atual do setor em relação ao meio ambiente. E, melhor, esses dados, que também estarão disponíveis aos interessados a partir de agora, permitirá a todos os fabricantes de blocos avaliarem sua situação nos itens pesquisados – consumo de cimento, de agregados, água, energia e de emissão de CO2 – e buscar melhorias, am-bientais e de gestão, de inovação, portanto.
Boa leitura!
EXPEDIENTE editorial
Na próxima edição
Arena do Morro, Natal
Revitalização do Farol da Barra, em Salvador
Avaliação de Ciclo de Vida
Prevenção de patologias
agenda
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CONCRETE SHOW 201427, 28 e 29 de agosto, em são Paulo
O maior evento relacionado ao mundo do cimento
e do concreto acontecerá em São Paulo, entre
27 e 29 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes.
O evento reunirá expositores de serviços, produtos,
máquinas e equipamentos ligados ao cimento e ao
concreto, além de contar, em paralelo, com o Concrete
Congress, que promoverá palestras sobre os mais
variados temas ao longo dos três da feira.
Mais informações: www.concreteshow.com.br
ARCTEC - 3a FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA PARA ARQUITETURA E URBANISMO10 A 13 de setembro, em São Paulo
A feira bienal voltada para a arquitetura e urbanismo
acontece no Centro de Exposições Imigrantes, na rodovia
dos Imigrantes, km 1,5, Água Funda, em São Paulo.
Informações: www.feiraartech.com.br
10o ENCONTRO NACIONAL DE ÁGUAS URBANAS (ENAU)16 a 18 de setembro, em São Paulo
Em sua décima edição, o Enau tem como recorte a
multidisciplinaridade do tema de águas urbanas. O evento
terá palestras com profissionais e pesquisadores da área,
exposição de pôsteres acadêmicos e debates para explorar
avanços, dificuldades, questões técnicas, políticas públicas,
planejamento e monitoramento de dados relacionados ao
tema. Informações: www.abrh.org.br/xenau/
7a CONFERÊNCIA DE PROJETO URBANÍSTICO1o a 3 de setembro, em Adelaide, Austrália
A cidade australiana promove sua 7a conferência sobre
urbanismo, abordando o tema Projetando cidades
produtivas para um público multidisciplinar, que inclui
arquitetos-paisagistas, urbanistas, arquitetos, engenheiros
e profissionais ligados ao planejamento urbano.
Informações: http://urbandesignaustralia.com.au/
8a BIENAL EUROPEIA DA PAISAGEM25 a 27 de setembro, em Barcelona, Espanha
A 8a Bienal da Paisagem de Barcelona pretende ser um
catalisador que busque responder às dúvidas e sirva de
guia para mudanças no campo da arquitetura paisagística.
Sob o tema Uma paisagem para você, as discussões
enfocarão o desenho da paisagem e o planejamento
hoje em dia, com o objetivo, segundo os organizadores,
“de proporcionar um futuro plausível (e emocionante)”.
Informações: http://www.coac.net/landscape/
default_eng.html
CONSTRUIR – FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO - RIO1o a 4 de outubro, no Rio de Janeiro
A Construir Rio, Feira Internacional da Construção,
é o maior evento do estado do Rio no segmento
da construção. Em sua 19a edição, o evento reúne
profissionais do setor em um espaço aberto ao debate
de tendências e apresentação de lançamentos.
Aberta ao público em geral, tem como perfil de seus
visitantes lojistas e atacadistas, arquitetos, engenheiros,
administradores de condomínio, profissionais da
construção em geral, designers de interiores,
decoradores e paisagistas; construtores, empreiteiros
e estudantes de áreas afins. Além da feira, ocorre
também o Fórum Construir, um conjunto de mostras e
palestras e workshops que trazem os assuntos mais
importantes do momento para a construção civil e a
sociedade. Informações: www.construirrio.com.br/
56o CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO7 a 10 de outubro, em Natal
O Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) promove,
de 7 a 10 de outubro, em Natal, no Rio Grande do
Norte, o 56o Congresso Brasileiro do Concreto. Fórum
de debates sobre a tecnologia do concreto e seus
sistemas construtivos, o evento objetiva divulgar as
pesquisas científicas e tecnológicas sobre o concreto e
as estruturas de concreto, em termos das inovações de
produtos e processos, melhores práticas construtivas,
normalização técnica, análise e projeto estrutural e
sustentabilidade. Pesquisadores de universidades,
institutos de pesquisa e empresas do Brasil e do
exterior estão convidados a apresentarem seus
trabalhos técnicos e científicos sobre os temas:Gestão
e Normalização, Materiais e Propriedades, Projeto de
Estruturas, Métodos Construtivos, Análise Estrutural,
Materiais e Produtos Específicos, Sistemas Construtivos
Específicos e Sustentabilidade. Informações: http://
www.ibracon.org.br/eventos/56cbc/
FEICON BATIMAT NE - SALÃO INTERNACIONAL DA COSNTRUÇÃO NORDESTE22 a 24 de outubro, em Olinda–PE
O evento Feicon Batimat é reconhecido como o maior
e mais qualificado salão da construção da América
Latina. Além da imperdível exposição, acontecem dois
eventos simultâneos: a Decor Prime Show – mostra
diferenciada das tendências em arquitetura, decoração
e design. E a Conferência, na qual importantes nomes
do setor se reúnem para debates e apresentações.
Informações: http://www.feiconne.com.br/
8
curtas
BLOCOBRASIL LANÇA MANUAL DE DESEMPENHO – ALvENARIACOM BLOCOS DE CONCRETO
De forma pioneira entre os materiais tradicionais utilizados pela construção civil brasileira,
a Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto (BlocoBrasil) está lançando neste
mês de agosto um Manual de Desempenho da alvenaria com blocos de concreto. Esse manual
demonstra, por meio de ensaios realizados por prestigiosas universidades e laboratórios
brasileiros, que os blocos de concreto atendem a todos os requisitos da NBR 15.575, a Norma de
Desempenho de Edificações Habitacionais, que entrou em vigor em 2013. O manual, desenvolvido
pela BlocoBrasil em parceria com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), é na
realidade um guia com todas as informações sobre o desempenho da alvenaria com blocos de
concreto, tratando dos aspectos ligados ao desempenho estrutural, resistência ao fogo, segurança
de uso e operação, estanqueidade, desempenho térmico e acústico, além de especificações de
durabilidade e manutenibilidade (relacionadas à manutenção) e impacto ambiental das paredes
construídas com blocos de concreto. A publicação será lançada no Concrete Show 2014,
que acontece em São Paulo, de 27 a 29 de agosto. “Nosso objetivo é facilitar o trabalho dos
projetistas e especificadores de alvenaria com blocos de concreto, utilizados em paredes de
vedação ou estruturais, quanto aos requisitos que as paredes de uma determinada edificação
devem atender, em relação às especificações da Norma de Desempenho, a ABNT NBR 15.575”,
explica o engenheiro Ramom Otero Barral, presidente da BlocoBrasil.
SUPERSIMPLES BENEFICIARÁ 450 MIL EMPRESAS
A lei que universaliza o Supersimples –
sistema de tributação diferenciado para as
micro e pequenas empresas que unifica
oito impostos em um único boleto e reduz,
em média, em 40% a carga tributária – foi
sancionada neste mês de agosto, em Brasília,
pela presidente Dilma Rousseff. A partir de 1º
de janeiro de 2015, a lei vai estender benefícios
para 142 novas categorias. Conforme o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), as regras devem alcançar
mais de 450 mil empreendimentos em todo
o país com faturamento anual de até R$
3,6 milhões. Com a mudança, advogados,
corretores, consultores, arquitetos, engenheiros,
jornalistas, publicitários, fisioterapeutas e
outras atividades da área de saúde que antes
eram impedidas de ingressar no Supersimples
poderão optar pela modalidade de tributação.
A primeira vantagem, conforme o Sebrae, é
a redução da burocracia, já que os impostos
federais, estaduais e municipais são pagos em
um único boleto. Além disso, há redução de
impostos na comparação com os regimes de
lucro presumido e lucro real na maior parte das
atividades.
Mais informações: www.sebrae.com.br
MP TORNA DEFINITIvA DESONERAÇÃO DA FOLHAA Medida Provisória 651/14 (DOU de 10/7/14) torna definitiva a desoneração da folha de
pagamento, inclusive para a construção civil. Pela Lei 12.546/11, a desoneração perduraria
até dezembro de 2014. Assim, as empresas beneficiadas com a extinção da contribuição
previdenciária patronal de 20% terão esse benefício assegurado, se a MP for convertida em
lei. Já as que sofrem prejuízos precisarão alterar seu planejamento. Além disso, a MP também
altera a tributação do PIS/Cofins cumulativos e as regras do Refis e do Fundo Garantidor da
Habitação Popular – FGHab, entre outras disposições.
PIS/Cofins - A partir de janeiro de 2015, o contribuinte poderá excluir da base de cálculo
do PIS/Cofins, apurados na forma cumulativa, outras receitas decorrentes de vendas do ativo
circulante e classificado como investimento, imobilizado ou intangível, e o valor despendido para
aquisição de participação societária, na alienação das cotas. A MP inova ao permitir a utilização
de prejuízos fiscais e de base negativa da CSLL, apurados até 31/12/2013 e declarados até
30/6/2014, mediante requerimento, para a quitação antecipada do parcelamento de débitos
vencidos até 31/12/2013, perante a Receita e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Os
créditos poderão ser utilizados entre empresas controladas e controladoras, de forma direta
ou entre empresas controladas diretamente por uma mesma empresa, em 31/12/2011,
domiciliadas no Brasil, e que mantenham essa condição até a data da opção pela quitação
antecipada do débito. O prazo de adesão ao parcelamento do Refis ou para efetuar o pagamento
à vista de débitos tributários também foi alterado para 25/8/2014. O contribuinte que pretende
parcelar débitos em até 180 deve ficar atento às regras de antecipação de pagamento
desses débitos: a) antecipação de 5% do montante da dívida para débitos até R$ 1 milhão;
b) antecipação de 10% da dívida para débitos maiores que R$ 1 milhão e até R$ milhões; c)
de 15% para débitos maiores que R$ 10 milhões, até R$ 20 milhões; d) de 20% para débitos
maiores que R$ 20 milhões.
FGHab - A MP eleva o valor da garantia do Fundo Garantidor da Habitação Popular – FGHab
de R$ 1.400.000,00 para R$ 2.000.000,00 para contratos no âmbito do Programa Minha Casa
Minha Vida. A medida também eleva o valor FGHab de R$ 1,4 milhão para R$ 2 milhões para
contratos no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida.
10
curtas
CBIC EMPOSSA NOvO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
O novo Conselho de Administração da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(Cbic) foi empossado no início de agosto,
em Brasília, e contou com a presença
de autoridades, membros do conselho
e representantes de órgãos e entidades
do setor produtivo. A nova gestão dará
continuidade ao trabalho já conduzido
pela entidade ao longo dos seus 57 anos.
A atuação da Cbic se faz presente nas
conquistas voltadas para o setor, como, por
exemplo, na aprovação da Lei 10.931/2004,
que revolucionou o mercado imobiliário; no
Programa de Aceleração do Crescimento
e no Programa Minha Casa, Minha Vida;
no Projeto Construção Sustentável; no
Projeto Inovação Tecnológica (PIT); na
participação da formulação da Norma de
Desempenho, entre outras ações. Em seu
discurso, o presidente da CBIC, José Carlos
Martins, lembrou da responsabilidade que é
representar os empresários da Construção,
por meio da entidade.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO: INDúSTRIA MAIS OTIMISTA
A Associação Brasileira da Indústria de
Materiais de Construção (Abramat) divulgou
na última terça-feira (5) o termômetro mensal
que apresenta o desempenho de vendas em
curto prazo no mercado interno. O estudo
revela que 57% das empresas associadas
à Abramat mantiveram a expectativa de
vendas regulares em julho, 8% elegeram
o período como bom para os negócios,
24% disseram que as vendas foram ruins
e 11% consideraram o mês muito ruim.
O termômetro mostra leve otimismo em
comparação às expectativas de junho,
que indicavam que 35% dos associados
esperavam vendas regulares, 11% boas,
32% ruins e 22% muito ruins. Para agosto,
a projeção da indústria está mais otimista:
57% das empresas confiam que as vendas
serão regulares e 32% acreditam que serão
boas. Apenas 8% das associadas indicaram
que o mês poderá ser ruim para os negócios
e 3% esperam vendas muito ruins.
BLOCOS DE CONCRETO: ESTABILIDADE, COM CRESCIMENTO NESTE 2O SEMESTRE
Estabilidade, com potencial pequeno de
crescimento. Estas são as perspectivas dos
fabricantes para o mercado de blocos de concreto
para o primeiro semestre de 2014, panorama
apurado pela pesquisa realizada neste mês de junho
pela BlocoBrasil-Associação Brasileira da Indústria
de blocos de concreto. Após um período de intenso
crescimento, especialmente entre 2008 e 2010,
os fabricantes brasileiros de blocos de concreto
passaram a conviver com índices de vendas mais estáveis, especialmente nos grandes centros das
regiões Sudeste e Sul, onde a concorrência entre as empresas é muito forte. Porém, regiões com menor
concentração de fabricantes e bons índices de crescimento da economia regional, como o Nordeste,
Norte, Centro-Oeste e nas regiões mais distantes das capitais em estados como São Paulo, por exemplo,
apresentam expectativas de maior crescimento dos negócios setoriais.
Assim, 43,6% dos fabricantes de blocos de concreto de todo o país que responderam à pesquisa
prevêem manter as vendas no mesmo nível do primeiro semestre. Já 40,7% das indústrias de blocos
de concreto estimam crescer entre 10% a 20% neste segundo semestre de 2014. Porém, quase 20%
(18,51%) dos fabricantes acreditam em diminuição entre 5% e 20% de suas atividades no segundo
semestre deste ano. O mercado imobiliário continua sendo o principal comprador dos blocos e pisos de
concreto (40,7%), com as obras de infraestrutura vindo em segundo lugar (24,07%), mesmo percentual
atribuído ao Programa Minha Casa, Minha Vida entre os que prevêem manutenção ou crescimento das
atividades. A economia em retração é o principal motivo, apontado por 39% das empresas, para os que
estimam redução das atividades em 2014.
Mais informações: www.portalprisma.com.br ou www.blocobrasil.com.br.
RJ SEDIARÁ CONGRESSO MUNDIAL DE ARQUITETURA 2020
O anúncio foi feito em 10 de agosto,
último dia da Assembleia Geral da União
Internacional dos Arquitetos (UIA), que
se realizou em Durban, na África do Sul.
A Rio 2020 bateu as candidaturas de Paris
e Melbourne (Austrália). O evento, o maior
congresso mundial da categoria, terá como tema “Todos os mundos. Um só mundo. Arquitetura 21”.
A expectativa é de participação de 15 mil arquitetos de todo o mundo. O CAU/BR apoiou a candidatura
apresentada pelo IAB e se compromete a contribuir para a implementação desta que é uma grande
vitória da união dos arquitetos brasileiros, representados também pelas entidades de seu colegiado:
Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), a Associação Brasileira dos Arquitetos Paisagistas
(ABP), a Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA) e Associação Brasileira de Ensino
de Arquitetura e Urbanismo (Abea), além do próprio Instituto de Arquitetos do Brasil. O Cialp (Conselho
Internacional dos Arquitetos de Língua Portuguesa) e a Federação Pan-Americana de Arquitetos fizeram
parte do grupo desde o início. Representando o IAB, o arquiteto Roberto Simon (conselheiro federal
do CAU/BR por SC) foi eleito para o Conselho da UIA, tendo como suplente a arquiteta Nadia Somekh
(conselheira do IAB-SP e do CAU/SP). A eleição ocorreu no sábado, dia 9. Ao todo, o Conselho da
UIA tem 28 membros dos cinco continentes e se reuniu pela primeira vez em 10/08. O mandato
é pelo período 2014/2017. Também foi eleito o novo presidente da UIA, o arquiteto Esa Mohamed,
representante da Malásia.
concrete show
REPORTAGEM: Divulgação Concrete ShowIMAGENS: Divulgação
Segundo maior
evento do mundo
no segmento, e
primeiro na América
Latina, Concrete
Show South America
2014, que acontecerá
entre os dias 27
e 29 de agosto,
apresentará mais
de 600 expositores
nacionais e
internacionais de
150 segmentos
distintos
EvEnto traz soluçõEs E inovaçõEs tEcnológicas
para a construção civilO Concrete Show South America
(8a Feira internacional em tecnologia e soluções para a cadeia produtiva do concreto e da construção civil) ocorre em um momento estratégico para os negócios da construção. Passada a eu-foria da realização da Copa do Mundo que foi responsável pelo crescimento do PIB do setor da Construção em 3% nos últimos quatro anos, a previsão é que o setor continue apresentando um cres-cimento em 2014 maior que o PIB do país. O cenário deve se consolidar prin-cipalmente pelas concessões de obras de infraestrutura, assim como a conti-nuidade do programa “Minha Casa, Mi-nha Vida” e grandes oportunidades do setor imobiliário.
Promovida pelo grupo inglês UBM, a próxima edição do Concrete Show, será o grande encontro do setor da constru-
ção neste segundo semestre de 2014. O evento acontece no Centro de Exposi-ções Imigrantes, em São Paulo, numa área com mais de 65 mil m2 totais de ex-posição – 45 mil m2 indoor e 20 mil m2 outdoor. Para dimensionar a escala de grandiosidade do evento, em 2013 nada menos que 580 expositores e 30 mil visi-tantes profissionais marcaram presença no maior show de tecnologia e inova-ções da América Latina.
“O Concrete Show destaca-se no mercado por ser uma das mais impor-tantes vitrines do mundo no segmento da construção civil. O evento trabalha forte para oferecer alternativas para o fomento da competitividade e produti-vidade do setor. No segundo semestre haverá a retomada importante para a economia o e resultado de vendas e ne-tworking será garantido” , explica Cas-
12 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
siano Facchinetti, diretor do evento.Palco dos mais importantes lança-
mentos da construção civil, o Concrete Show South America oferecerá aos seus visitantes a oportunidade de conhecer de perto funcionamento das máquinas, vivenciar contextos das mais diferentes obras e até mesmo testar equipamentos e ferramentas.
“Mais uma vez o Concrete Show será uma oportunidade para as construtoras conferirem o que há de mais atual nesta relevante área da nossa atividade” , afirma Sergio Watanabe, presidente do Sindus-Con-SP (Sindicato da Indústria da Cons-trução Civil do Estado de São Paulo).
A edição deste ano, que acontece-rá entre os dias 27 e 29 de agosto, deve superar os 30 mil visitantes e os 600 ex-positores oriundos de 36 países diferen-tes. Serão mais de 150 setores distintos em exposição apresentando alternati-vas para o aumento de produtividade e qualidade do setor. Uma das novidades que o público poderá ver de perto é a linha de robôs de demolição, desenvol-vida pela Huqsvarna. No seu estande, haverá demonstrações desses produtos,
que apresentam elevada potência, peso reduzido e um design funcional. A Im-pacto Protensão apresentará os cantei-ros sustentáveis, que contam com rápi-da instalação e aditivo antichamas.
O Concrete Show South America 2014 apresentará as mais recentes ino-vações tecnológicas e promoverá ne-tworking de alto nível, protagonizado pelos grandes players da construção ci-vil mundial. Serão apresentados maqui-nários, sistemas construtivos à base de cimento, serviços e uma infinidade de produtos e soluções para toda a cadeia produtiva.
“O Concrete Show se constitui em uma excelente oportunidade para as empresas conhecerem os avanços tec-nológicos na utilização do concreto e debaterem sobre estas inovações com alguns dos profissionais mais renoma-dos nesta área” , diz Roberto Kauffmann, presidente do Sinduscon-Rio.
Pensando na aplicação das soluções apresentadas, o Concrete Show este ano apresentará mais de 20 mil m2 de expo-sição outdoor na entrada da feira.
CONCRETE CONGRESSAlém de fomentar negócios, o
Concrete Show South America 2014
contará com um evento integrado – o
Concrete Congress, o qual oferecerá
conferências, cursos, seminários e
workshops sobre os mais diversos temas
referentes à capacitação, produtividade
e gestão. Temas como relacionados
a execução de projetos, normas de
desempenho e sustentabilidade serão
destaques na grade. Neste ano haverá
também o lançamento dos cursos
profissionalizantes organizados pelo
Senai, Sinduscon, ABCP e Abesc.
“A Indústria da Construção recuperou,
na última década, o papel de destaque
na economia brasileira. Nesse contexto,
o Concrete Show 2014 se insere
como uma oportunidade especial para
reafirmarmos esse protagonismo e
liderança”, disse Paulo Safady Simão,
presidente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (Cbic).
13
16 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma16 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
entrevista
Vanderley M. John
O engenheiro Vanderley M. John tem um currículo acadêmico de peso. Graduado em engenharia civil
pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1982), mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (1987) e doutor em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (1995), tem
pós-doutorado no Royal Institute of Technology da Suécia (2001). É professor-associado da Escola Politécnica
da USP e membro da coordenação das Engenharias da Fapesp. Membro do Conselho Brasileiro de Construção
Sustentável (CBCS), John coordenou o projeto Avaliação de Ciclo de Vida Modular (ACV-m) de blocos e pisos
intertravados de concreto, cuja primeira etapa, iniciada em 2013, foi concluída neste mês de agosto de 2014.
Esse projeto foi desenvolvido numa parceria do CBCS com a ABCP e a BlocoBrasil, pela qual os integrantes
pelo Conselho dialogaram com especialistas, como o engenheiro Claudio Oliveira Silva, da ABCP, e o arquiteto
Carlos Alberto Tauil, pela BlocoBrasil, para formatar o ACV-m de blocos e pisos de concreto. O ACV-m
avaliou os cinco principais itens de uma fábrica de blocos – consumo de água, de energia, de cimento e de
agregados; e a emissão de CO2. Este é o tema desta entrevista de John, que faz questão de destacar: “Este é
um projeto pioneiro e inovador na construção civil brasileira, por avaliar os principais itens de sustentabilidade
de um setor, de forma ampla e abrangente”.
“Esta é uma avaliação pionEira, no Brasil E no mundo”
Qual foi o objetivo central do projeto ACV-m de blocos e pisos intertravados de concreto?
Nossa meta inicial era a de desenvolver uma metodologia que permitisse traçar um retrato mais refinado desse setor. Retrato esse que possibilitasse aos empresários identificar potencial de melhoria. Por ele, os 33 fabricantes de blocos de diversos estados brasileiros, associados à BlocoBrasil, têm um diagnóstico de sua situação ambiental, por meio de indicadores como o consumo de cimento, água, energia e agregados e quanto emitem de CO2, verificando seu posicionamento em relação aos demais fabricantes do setor. Essa comparação se torna possível porque o fabricante – e somente ele – tem acesso aos seus dados específicos e, com eles em mãos, pode avaliar seu posicionamento em relação aos seus concorrentes ao examinar os dados gerais do setor, que são públicos e divulgados ao mercado.
Por que o projeto ACV-m pode ser considerado “pioneiro e inovador”?
No mundo todo e, em especial, em países europeus que são referência internacional, como a França, por exemplo, o setor de fabricantes de blocos de concreto faz uma ACV completa de um tipo de bloco. Avaliam tudo, cerca de três mil itens, de forma intensiva – consumo de cimento, de água, de energia, de emissões, de resíduos etc. A partir daí, os fabricantes e o mercado passam a achar que aqueles são os índices do setor, que aquela é a rota tecnológica padrão, de consumo desses itens principais e das emissões – essa avaliação passa a representar a fábrica padrão do setor. E muitos fabricantes pegam os resultados dessa ACV para mostrar que são melhores do que a média do setor. Eles criam um modelo de processo industrial que consideram ótimo, mas na realidade estão se baseando apenas em uma única indústria,
1717
mos o consumo de cimento, de água, de energia, de agregados e as perdas, os resíduos. Não medimos as águas obtidas de poços artesianos, assim como também não quantificamos as águas servidas. Aprendemos, após quase um ano trabalhando nesse projeto, que é mais fácil e melhor examinar a fábrica toda e distribuir esses valores pelos produtos, em vez de fazer o contrário, como praticávamos inicialmente. Aprendemos bastante até na forma de fazer as perguntas, as questões, aos fabricantes. Hoje, podemos dizer que temos condições de fazer um trabalho mais rápido e eficaz. Mas é preciso que as empresas tenham dados sobre o consumo de água, de energia, de agregados, por exemplo, de forma mais sistematizada. Estes são dados que permitem fazer uma avaliação mais rápida e eficaz e, principalmente, geram possibilidades de melhorias, de detectar desperdícios nas fábricas. Portanto, possibilita melhorias econômicas para os empresários também.
Se um comprador de blocos, uma construtora, por exemplo, qui-ser comprar blocos produzidos de forma ecoeficiente, ele pode consultar os relatórios da ACV-m?
Por essa metodologia, não afirmamos que o produto é bom ou ruim, mas sim até que ponto de ecoeficiência é possível chegar. Essa é uma informação que, a partir de agora, está disponível para todos os fabricantes de blocos e para o mercado também. Para o consumidor, profissional ou geral, o recado é claro: procure que você vai encontrar produtos que têm bom desempenho ambiental. Nos relatórios gerais, que tornamos públicos a partir de agora, um construtor pode saber quais são os melhores e os piores índices ambientais do setor. E pode verificar também quais são as medianas setoriais em relação aos principais itens avaliados – depois, é só solicitar esses dados de seus fornecedores e comparálos com os índices gerais do setor.
E quais os próximos passos desse projeto, já que ele é modular?A ideia central é a de que desenvolvemos uma metodologia
para o setor medir seu desempenho ambiental e, a partir daí, buscar melhorias, que certamente se traduzirão em melhor desempenho econômicofinanceiro. E a meta é a de formatar uma continuidade do projeto, que permita às empresas terem dados cada vez mais consistentes no setor de blocos de concreto, E esperamos que a BlocoBrasil adote essa metodologia e a aplique continuamente. Essa é a única forma de o setor melhorar.
que pode muito bem não representar o setor. Isto porque o modelo de ACV completo é muito caro, exige muitas horas técnicas de profissionais de alto nível, com PHD, e isto tem um custo muito elevado, que exclui as médias e pequenas indústrias dessa avaliação. Portanto, não representa o setor. O que buscamos fazer é algo diferente. É modular, porque pode ser complementado por avaliações posteriores e incluir outros fabricantes de diversos portes e localizações diferentes, ou seja, busca retratar um setor e mostrar os melhores e piores índices e as médias, o que chamamos de mediana do setor. Por isso, é um retrato muito mais confiável e abrangente. Por isso também é uma metodologia pioneira e inovadora, não apenas no Brasil, mas em escala mundial.
Essa metodologia é o diferencial dessa ACV-m, então?Sim. Porque optamos por simplificar o ACV, em vez de rea
lizar um estudo que traria apenas os números médios do setor, para diminuir os custos e permitir que as pequenas e médias indústrias possam participar e ter a sua avaliação. Não dá para fazer uma avaliação de um produto típico. Pela modalidade que desenvolvemos no CBCS, obtemos os valores máximos e mínimos e as médias. Com isso, geramos condições para que os empresários do setor possam verificar o quanto podem melhorar. Assim, informamos também ao mercado – às construtoras, aos arquitetos e engenheiros – que, se uma empresa contratante de blocos souber selecionar seu fornecedor, ela pode adquirir um produto ecoeficiente, entendendo os impactos ambientais de cada fabricante.
É possível um fabricante com gestão deficiente, que não segue as normas, apresentar desempenho ambiental satisfatório?
É praticamente impossível. Ecoeficiência é parte de um pacote de uma empresa organizada, em todos os sentidos, formalizada, que preza a qualidade e segue as normas da ABNT em seus processos produtivos. Mesmo porque, cada vez mais, essa será a única forma de sobrevida de um fabricante que compete no mercado formal, que exige qualidade e responsabilidade ambiental. Não existe ecoeficiência sem qualidade, sem formalidade, sem observar as regras legais em todas as áreas. A primeira providência de um comprador que busca ecoeficiência de seu fornecedor é verificar se ele está legalizado; este é o primeiro corte do mercado.
Como foi desenvolvida esta ACV-m, em termos práticos?O centro da metodologia foi identificar coisas simples. Medi
Para mais informações sobre a ACV-m de blocos e pisos intertravados de concreto,fale com Vanderley M. John ([email protected]) ou entre em contato pelo tel. (11) 3091-5794
paisagismo
REPORTAGEM: Regina RochaIMAGENS: Patrícia Belfort
Revitalizado,
o parque Celso
Daniel, em Santo
André-SP, recebeu
melhorias e um
programa que
responde às novas
necessidades do
público. O destaque
é a pavimentação,
com blocos
intertravados de
concreto
Um parqUe,o verde da matae o coloridodos blocos
Localizado na região central da cidade de Santo André, no ABC paulista, o Par-que Celso Daniel foi reaberto ao público no último mês de abril, após passar por uma grande reforma, de vários meses, iniciada no segundo semestre de 2013.
Para este projeto de revitalização, a cargo da Secretaria de Mobilidade Urba-na, Obras e Serviços Públicos da Prefei-tura de Santo André, um dos destaques foi o uso dos blocos intertravados de con-
creto na pavimentação. Foram adotados pavers em formato “espinha de peixe” , nas cores natural, amarelo e vermelho, nos seguintes locais: áreas de eventos, em praças, academias de ginástica, cami-nhos de circulação de pedestres, entorno das quadras e nas duas entradas do lugar.
Inaugurado em 1977, o Parque ficou muito tempo só recebendo obras de ma-nutenção; e a última reforma mais ampla foi feita há cerca de 15 anos, conta a arqui-
18 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
teta-urbanista Isaura Novais, gerente de implantação de áreas verdes do Departa-mento de Parques e Áreas Verdes (Dpav), ligado à Secretaria de Mobilidade Urba-na. Ainda assim, diz ela, nenhuma inter-venção do porte desta agora: “Sentimos a necessidade de atualizar o programa, para atender a novas necessidades do público, que hoje vão além da simples contempla-ção e descanso. Juntou-se, portanto, no projeto a intenção de inovar e qualificar,
o que fizemos por meio da diversificação das atrações” , completa.
O parque Celso Daniel ocupa uma área de 70 mil m2, densamente arboriza-da e com inúmeros espaços para a práti-ca esportiva. É importante opção de lazer não somente para a população local, mas também aos moradores de municípios vizinhos, principalmente devido à sua boa localização e facilidade de acesso por transporte público, explica a profissional.
os blocos intertravados, além de facilitaremna manUtenção,e de serem permeáveis ede alta resistência, foram escolhidos pela administração sobretUdo graças às sUas qUalidadesna coloraçãodo piso
19
paisagismo
As intervenções não pararam aí: foram implantadas novas pistas de caminhada, brinquedoteca, espaço pet, ampliação do playground, além de limpeza dos lagos, reforma de sanitários e reativação da lan-chonete. A prática de novos esportes não foi esquecida, com a criação de uma área para slakline (esporte de equilíbrio sobre uma fita de nylon esticada).
Quanto aos elementos naturais, foi construído um caminho das águas, com instalação de quedas e captação de águas pluviais. A vegetação foi reforçada com uma área especial para bromélias e orquídeas, e incrementado o plantio de mais árvores e plantas, sempre na bus-
A REvITAlIzAçãOSegundo Isaura, após um levanta-
mento técnico detalhado, detectou-se a necessidade de empreender diversas me-lhorias no parque, o que demandou in-vestimentos da ordem de R$ 5 milhões.
Essas obras vão da instalação de nova iluminação (com lâmpadas led) ao moni-toramento de segurança por câmeras, e a reforma e adequação da guarita e posto da guarda civil municipal. Além disso, os campos de futebol receberam grama sin-tética, foram construídas quadras de tê-nis, bicicletário e até um redário – espaço entre árvores onde o frequentador estica redes de balanço.
Históriasde um parqueA gleba de 67.959,20 m² onde
atualmente fica o Parque Celso
Daniel é bem antiga, e já passou por
diversas mãos. No século 19, o terreno
pertenceu a um grande proprietário
de terras, o ex-vereador Abílio Soares,
que depois o vendeu a outro dono de
terras, luiz Monteiro de Carvalho. Em
1943, a multinacional General Eletric
comprou a área, para implantação
de um clube de recreação para seus
funcionários. Finalmente, em 1974, o
local foi desapropriado e transformado
em parque público municipal, o que foi
oficializado três anos depois.
O lugar recebeu vários nomes: Chácara
São luiz; Parque Público Dom Pedro
II; Parque Municipal Duque de Caxias;
Parque Regional Duque de Caxias/
Centro de Exposições e lazer. Por
último, em homenagem ao prefeito
Celso Daniel, assassinado em 2002,
assumiu o nome atual.
20 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
FICHA TÉCNICA
Parque Municipal Prefeito Celso Daniel
Área: 67.959,20 m2
localização: Av. D. Pedro II, no 940 (entrada principal) e Av. Industrial - Bairro Jardim, Santo André, SP
Horário de funcionamento: das 6h às 24h
Execução do piso intertravado: Ponto Forte Construções e Empreendimentos e Provence Construtora
Projeto: Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos (SMUOSP)
Departamentos da SMUOSP que atuaram na reforma: Departamento de Parques e Áreas verdes (Dpav); Departamento de Conservação de vias (Dconvias); Departamento de Manutenção e Obras (DMO); Departamento de Engenharia de Trânsito (DET).
Custo da reforma: R$ 5 milhões
ca de obter um efeito diverso de colo-rações. “Sem considerar o trato com as árvores já existentes, foram plantadas 35 espécies variadas, num total de 366 es-pécimes arbóreos, além de arbustos e forrações” , conta a arquiteta.
CORES NOS BlOCOS E NA vEGETAçãOSegundo a equipe técnica do Dpav, os
blocos intertravados, além de facilitarem na manutenção, e de serem permeáveis e de alta resistência, foram escolhidos pela administração sobretudo graças às suas qualidades na coloração do piso.
Essa qualidade estética era algo que buscavam, relata a gerente do órgão:
“Queríamos um projeto que utilizasse mais cores, tanto na vegetação quan-to na área civil. Escolhemos forrações e árvores florísticas que, combinadas aos blocos, conferiram um contraste com o verde, dando mais movimento à pai-sagem, o que não existia antes” , analisa Isaura Novais.
Ao todo, foram aplicados no Par-que Celso Daniel aproximadamente 4.500 metros quadrados de blocos in-tertravados do tipo retangular, nas cores natural, vermelho e amarelo, e sextava-dos, para as áreas de estacionamento.
21
arquitetura
REPORTAGEM: Marcos de SousaIMAGENS: Divulgação/Samuel Kruchin
Construção
residencial
leva valores
da arquitetura
contemporânea
à zona leste
de São Paulo.
Edificações foram
realizadas com
o sistema de
alvenaria estrutural
armada
Uma casa, Um sobrado, Um edifícioVila Jacuí é um bairro na zona leste de
São Paulo, bem próximo a São Miguel Paulista, um dos marcos históricos da ca-pital paulista. Trata-se de uma região ur-banizada nos anos 1950 e que hoje con-ta com boa infraestrutura de transportes, lazer, educação e serviços.
Há cerca de cinco anos um grupo de empreendedores locais convidou o arquiteto Samuel Kruchin para proje-tar um conjunto de residências numa área de 1.500 m2 localizada no coração do bairro. A ideia era conceber uma solução que reunisse 24 unidades ha-bitacionais, seguindo a legislação mu-
nicipal conhecida como “lei das vilas” . Especialista em história e em restauro
de edificações históricas, Kruchin reme-teu suas pesquisas ao enorme universo de vilas residenciais que marcaram vá-rios bairros de São Paulo, especialmen-te na primeira metade do século 20. Em geral, eram casas geminadas, dispostas ao redor de praças e pátios, permitindo intensa vida comunitária entre os mora-dores. No terreno de Vila Jacuí o arquite-to encontrou uma centenária e frondosa jabuticabeira, que se tornou o centro do projeto e da futura construção.
Para viabilizar a obra no menor prazo
22 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
Uma casa, Um sobrado, Um edifícioe com o melhor custo possível, arquite-to e empreendedor optaram por cons-truí-la com fundações diretas, alvenaria estrutural armada e lajes pré-fabricadas. As fundações são constituídas por gran-des blocos posicionados sob os pontos de maior carga e baldrames de concre-to armado. As paredes, todas estruturais, foram desenhadas com blocos de con-creto vazados, numa modulação precisa, que evitou cortes das peças, com perdas mínimas de materiais. Vergalhões de aço e graute reforçam os pontos de concen-tração de cargas, e substituem os tradi-cionais pilares.
As lajes foram construídas com pai-néis pré-fabricados de concreto e vigo-tas treliçadas, também pré-fabricadas, propiciando a construção rápida da obra. “A alvenaria estrutural e as lajes pré-fabri-cadas evitaram a necessidade de formas e escoramentos, usados nas obras tradi-cionais” , explica Kruchin. Apenas as es-cadarias e lajes de proteção sobre as jane-las foram moldadas in-loco, completa o arquiteto. Além dos ganhos estruturais, o sistema de alvenaria estrutural com blo-cos de concreto permitiu a passagem das instalações elétricas e hidráulicas sem a necessidade de “rasgar” as paredes, evi-
a alvenaria estrUtUralcom blocosde concreto permitiU instalaçõeselétricas e HidráUlicas semnecessidadede “rasgar”as paredes
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arquitetura
AV. TENENTE LAUDELINO F. DO AMARAL
1 2.5 5 10
ELEVAÇÃO 2
CORTE AA
CORTE BB
ELEVAÇÃO 1
1º PAVIMENTO
2º PAVIMENTO
CAIXA D'ÁGUA
TÉRREO
PLATIBANDA
1º PAVIMENTO
2º PAVIMENTO
CAIXA D'ÁGUA
TÉRREO
PLATIBANDA
o residencial recUpera relações com a arqUitetUra tradicional brasileira, reinterpretando osseUs ritmos e cores
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AV. TENENTE LAUDELINO F. DO AMARAL
1 2.5 5 10
ELEVAÇÃO 2
CORTE AA
CORTE BB
ELEVAÇÃO 1
1º PAVIMENTO
2º PAVIMENTO
CAIXA D'ÁGUA
TÉRREO
PLATIBANDA
1º PAVIMENTO
2º PAVIMENTO
CAIXA D'ÁGUA
TÉRREO
PLATIBANDA
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FICHA TÉCNICA
Residencial das Jabuticabeiras
Local: Vila Jacuí, São Paulo-SP
Projeto de arquitetura: Kruchin Arquitetura
Projeto de instalações: Sandretec consultoria
Projeto de estrutura: STR (eng. Deusa de Oliveira Felix)
Paisagismo: Pró-Ambiente (eng. Patrícia Sarubbi)
Área do terreno: 1.500 m2
Área total construída: 2.307,28 m2
Início do projeto: agosto de 2009
Início da obra: maio de 2010
Conclusão da obra: julho de 2012
Fornecedores: Itauara (blocos de concreto), Itaratan Mármores (bancadas pias cozinha e banheiro, soleiras e baguetes), ABA esquadrias de alumínio (esquadrias e batentes), Sincol (folhas e portas), Sercop (serralheria: portões, guarda-corpos, corrimãos, grades)
tando as perdas de materiais e trabalho daí decorrentes.
IMPLANTAçãO E IDENTIDADE VISuALO conjunto se desenvolve em dois
blocos, com dois e três pavimentos, ge-rando unidades com metragens de 69 m2 a 110 m2 e tipologias também diferentes: algumas funcionam como apartamen-tos, outras, como sobrados, e algumas como casas térreas. “São casas, sobrados, mas parecem ser um único prédio” , ex-plica Kruchin.
Além da implantação, o residencial ostenta uma cuidadosa programação vi-sual na pintura das paredes e balcões, o que fez da construção um novo ponto de referência para o bairro. Samuel Kru-chin lembra que o estudo de fachadas demandou muitas horas de estudo até que a equipe de projeto conseguisse en-contrar a composição precisa de cores, texturas e áreas a serem preenchidas.
“O residencial recupera relações com a arquitetura tradicional brasileira, rein-terpretando os seus ritmos e cores. No projeto estão presentes elementos como o contraste de ritmos e a mescla de espa-ços cheios e vazios, além da combinação entre o branco e as cores fortes carac-terísticas presentes na arquitetura colo-nial” , explica o arquiteto.
Assim, embora o projeto se inspire nas antigas vilas paulistanas, a constru-ção resultou contemporânea. Está em Vila Jacuí, mas poderia estar na Vila Ma-dalena, ou em Roterdã, Barcelona ou Pa-ris. “De alguma forma, ao levar uma obra de arquitetura à zona leste, nosso proje-to rompe certo provincianismo paulista-no, que dá as costas aos bairros menos prestigiados e somente valoriza as áre-as mais tradicionais da cidade” , pondera Kruchin. Para ele, esse foi o maior desa-fio da obra.
arquitetura
26 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
pré-moldados
REPORTAGEM: Silvério RochaIMAGENS: Divulgação
O shopping RioMar
Fortaleza será um dos
maiores do Nordeste
e do Brasil, com
320 mil m2 de área
construída, erguido
com conceitos de
sustentabilidade
e o emprego de
pré-moldados de
concreto na estrutura
e em parte das placas
de revestimento
da fachada
arquitetura inovadora e conceitos sustentáveis
O shopping RioMar Fortaleza será um dos maiores do Nordeste e do Bra-sil, quando for inaugurado, em outubro próximo, com seus 320 mil m2 de área construída e 93 mil m2 de área bruta locável (ABL). O shopping, do grupo JCPM, teve seu projeto arquitetônico concebido levando em consideração as características f ísico-geográficas do seu entorno – está situado no bairro do Pa-picu, próximo aos conhecidos bairros de Aldeota e Meireles –, com forte ên-fase nos conceitos de sustentabilidade, característica presente também nos dez outros centros de compras próprios ou com participação do grupo, localizados em Pernambuco, Sergipe, Bahia e São Paulo. “O RioMar Fortaleza se integrará à paisagem local, promovendo a requali-
ficação da área onde está sendo implan-tado” , avalia Francisco Bacelar, diretor da Divisão Imobiliária do Grupo JCPM. “Será um novo polo de atratividade para Fortaleza, incrementando a economia do município e do Estado. ”
De acordo com o arquiteto André Sá, sócio-diretor do escritório de arquitetu-ra AFA, responsável pelo projeto do sho-pping, pelo partido arquitetônico ado-tado, “o mall se desenvolve, a partir do segundo pavimento, como sua artéria principal e que, “serpenteando longitu-dinalmente e distribuindo as lojas orga-nicamente, cria espaços com funções e hierarquias” .
O Shopping Riomar é um complexo com seis pavimentos, dos quais um ní-vel térreo de acesso, com garagem e lo-
28 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
jas – G1; um nível denominado G2, com garagem e lojas de serviços; três níveis de Lojas – L1, L2 e L3, e um nível de-nominado L4, onde está o cinema. To-dos os pavimentos têm garagens anexas. Além desses pavimentos principais, há ainda os pavimentos intermediários de garagens, que atenderão ao shopping e à torre empresarial.
AS vANTAGENS DA ESTRuTuRA PRé-MOlDADA
O sistema construtivo adotado foi o da solução em pré-moldado de concre-to, em toda a área do empreendimento, empregando, na área do deck-park, a es-trutura mista (concreto e aço). O proje-to estrutural utilizou a modulação dos pilares de 10 m x 8 m. Os pilares foram projetados com seção de 50 x 50 cm, contraventados com vigas de alturas va-riáveis e encimadas com lajes alveolares de piso de 1,20 x 10 m. Segundo o arqui-teto, essa modulação estrutural “obede-ce às formas idealizadas pela arquitetura e vai ao encontro do custo-benef ício da estrutura pré-moldada” .
Toda a estrutura pré-moldada de
concreto – pilares, vigas protendidas e lajes alveolares – foi fornecida pela uni-dade de Fortaleza do fabricante T&A, “num total de 210 mil m2 de estrutu-ras, ou cerca de 40 mil m3 de concre-to” , explica o diretor-presidente da em-presa, José Almeida. Foram utilizados na montagem da estrutura, que consu-miu 14 meses, de novembro de 2012 a janeiro de 2014, oito guindastes de até 170 toneladas de capacidade. Isto por-que, segundo Almeida, houve elemen-tos com até 34 m de altura e algumas vigas bastante extensas, peças de 16 m de comprimento e 20 toneladas de peso, especialmente na área do Cinema, onde localizam-se os maiores vãos.
FICHA TÉCNICA
Obra: Shopping RioMar
localização: Bairro do Papicu, Fortaleza
Área total do terreno: 114.000 m2
Área total construída: 303.000 m2
ABl (Área Bruta locável): 93.000 m2
vagas de estacionamento: 6.670
Arquitetura: AFA – André Sá e Francisco Mota Arquitetos
Construção: JCPM
Fornecedores: T&A (pré-moldados de concreto)
Investimento: R$ 600 milhões
385 lojas, sendo:• 15 lojas-âncora• 10 megalojas• 344 lojas satélites• 11 restaurantes• Praça de alimentação• Cinemas (12 salas, incluindo salas vip)• Teatro• Diversões eletrônicas e boliche• Academia de ginástica1 torre empresarial• Área total construída: 16.978m²• Área total privativa: 11.895m²• 304 salas• Business Center
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profissional top
Ércio Thomaz é engenheiro e pesquisador do Laboratório de Componentes
e Sistemas Construtivos - Centro de Tecnologia do Ambiente Construído
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).
Formado em 1973 pela Universidade Mackenzie, de São Paulo, ele
começou sua carreira em 1971, ainda como estagiário no IPT, instituição
na qual desenvolveu boa parte de suas atividades profissionais.
“Depois do estágio trabalhei em uma empresa fabricante de materiais de
construção, mas voltei ao instituto, já como pesquisador. Tentei novamente
a iniciativa privada, na área de infraestrutura, mas acabei retornando
ao IPT”, lembra Thomaz. Além da pesquisa tecnológica, o engenheiro
dedicou mais de duas décadas ao ensino, na Faculdade de Engenharia de
Sorocaba e na Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Álvares
Penteado; agora coordena a cadeira de Patologias da Construção do
Mestrado Profissional do IPT.
O especialista se tornou conhecido nacionalmente por suas pesquisas e
publicações sobre os problemas (patologias) que ocorrem nas edificações
e como evitá-los. Mestre e doutor em Engenharia pela Escola Politécnica
da USP, Ércio Thomaz publicou os livros “Trincas em Edifícios” e
“Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção” (Ed. Pini).
Hoje Thomaz segue trabalhando na prevenção de problemas na
construção, integrando Tecnologias, Sistemas de Gerenciamento e
Qualidade. “Apoiamos órgãos estaduais, como a CDHU e o FDE, mas
também atendemos a empresas construtoras, como a Gafisa e Tecnisa.
Atuamos desde a etapa de projetos para evitar vícios que depois irão
prejudicar as obras construídas”, explica.
Mais recentemente, Ércio Thomas coordenou os trabalhos da NBR 15.575
- Desempenho de Edificações Habitacionais, avaliando os sistemas
construtivos existentes no mercado brasileiro. “Nessa atividade, tentamos
agregar os enfoques de desempenho, durabilidade e estabilidade, sempre
tendo como pano de fundo a física das construções, o desempenho
térmico e acústico, e a resistência ao fogo”.
Otimista quanto ao futuro, Thomaz lembra a necessidade de que o país
mantenha a formação permanente de profissionais qualificados, cuja
falta foi sentida com os investimentos nos programas PAC e Minha Casa,
Minha Vida: “Na década perdida, o setor da construção foi desmantelado
e com a retomada, nos anos 2000, mesmo com todo o esforço realizado
pelo Senai, notou-se que faltam coordenadores, supervisores e mestres”,
conclui o especialista, que hoje trabalha para formar uma equipe jovem,
todos com menos de trinta anos.
PARA FALAR com Ércio Thomaz,envie e-mail para [email protected] ou ligue para o tel. (11) 3767-4164
O doutor em patologias
Ércio ThomazEngenheiro e pesquisador do IPT
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REPORTAGEM: Silvério RochaIMAGENS: Divulgação/Oterprem
A construtora Tecnisa
está desenvolvendo
o empreendimento
Flex Imigrantes, em
Diadema-SP, que
terá dez torres de
19 pavimentos e
1.600 unidades, com
alvenaria estrutural
de blocos de
concreto, escolhida
graças às vantagens
técnico-econômicas
em relação a outros
sistemas
AlvenAriA rAcionAlizAdA, construção de quAlidAde
O município de Diadema, situado no ABC paulista, é conhecido por ser uma cidade de população predominante-mente operária, que cresceu fortemente a partir da década de 1950, com a insta-lação da indústria automobilística na re-gião, mas que conta também com forte contingente de classe média.
Assim, o empreendimento Flex Imi-grantes, da construtora e incorporadora paulistana Tecnisa, situado em área es-tratégica – próxima às rodovias dos Imi-grantes, que empresta o nome ao conjun-to, e Anchieta e a algumas das principais avenidas e terminais de ônibus interurba-nos da cidade, visa a um público de clas-se média, em todos os seus estratos. O empreendimento é um dos maiores em
construção na Grande São Paulo, com dez torres de 19 pavimentos cada e 1.600 apartamentos de dois e três dormitórios, no total, com 44 m2 e 54 m2 de área útil, respectivamente, erguidos com alvenaria estrutural com blocos de concreto.
VANTAGENS DO SISTEMA CONSTRUTIVOSegundo a engenheira Fernanda Beli-
zário Silva, do departamento de Desen-volvimento Tecnológico da Tecnisa, a construtora avaliou, desde 2009, quan-do decidiu entrar no segmento econô-mico, com a linha de empreendimentos Flex, os diversos sistemas construtivos existentes no mercado, para que o custo por metro quadrado fosse adequado ao segmento. “Estudamos diversos sistemas
alvenaria
35
estudAmos diversos sistemAs construtivose A AlvenAriA estruturAlcom blocos de concreto foi A escolhidA porter tecnologiA desenvolvidA e permitir chegArA 20 pAvimentos, com flexibilidAde de plAntA e vAntAgens técnico-econômicAs
alvenaria
construtivos e a alvenaria estrutural com blocos de concreto foi o escolhido por ter tecnologia desenvolvida e permitir che-gar a 20 pavimentos, com flexibilidade de planta e vantagens técnico-eco nômicas” , explica ela. A engenheira diz que foram avaliados também os sistemas com al-venaria estrutural com blocos cerâmi-cos – descartados devido ao número de pavimentos que alcançaria, “máximo de oito”–, e o sistema de paredes de concre-to com fôrmas de alumínio, que também não passou na análise por “não permitir flexibilidade em termos de plantas, de modulação, por exigir alto investimento em fôrmas, tudo isso para uma obra úni-ca pesou contra esse sistema” .
RACIONAlIzAçãO E qUAlIDADEA obra teve início em setembro de
2012, mas o projeto estrutural começou a ser desenvolvido anteriormente, assim como o caderno de diretrizes, que con-
tém todos os detalhamentos do projeto, como modulação, vãos, interfaces da ar-quitetura e estrutura, visando à raciona-lização construtiva, à produtividade e à qualidade final do empreendimento, se-gundo a engenheira Fernanda.
A racionalização e a busca da máxi-ma industrialização da obra foram as metas da Tecnisa, desde o início dos projetos arquitetônico e estrutural, que foram pensados e desenvolvidos espe-cialmente para o sistema construtivo, “para extrair o máximo do potencial da alvenaria estrutural” , argumenta o enge-nheiro e professor da Poli-USP Luiz Sér-gio Franco, projetista estrutural do em-preendimento. Além disso, as análises da construtora indicaram a viabilidade de utilização de cinco gruas para o trans-porte vertical – uma para cada duas uni-dades – e de minicarregadeira na obra, permitindo transportar os paletes dire-tamente aos andares de trabalho.
36 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
A monocapa é um tipo de revestimento de fachada que foi criado para ser aplicado diretamente sobre o bloco de concreto e cerâmico, e sobre superfícies de concreto tratadas com chapisco rolado quartzolit, de acordo com a Weber Saint-Gobain. Para sua aplicação, as superfícies devem estar isentas de poeira e de partículas friáveis, aderidas, que possam prejudicar a aderência da argamassa (recomenda-se lavá-las e escová-las antes da aplicação da monocapa). As principais vantagens que oferece são a eliminação de etapas intermediárias como chapisco e emboço, e suas curas. O tempo de execução de um edifício de cerca de 5.000m2 de fachadas fica reduzido de 120 dias para 70 dias. A manutenção é uma simples lavagem a cada três anos em média, e custa 1/3 do preço de uma pintura. A durabilidade de um sistema argamassado puro, como é o caso da monocapa, no caso, pela NBR 15.575, é de 20 anos.
Revestimento econômico, de aplicação fácil e duRabilidade elevada
Também outros elementos de in-dustrialização e racionalização dos tra-balhos são adotados pela Tecnisa, tais como pré-lajes e escadas pré-fabricadas de concreto, argamassa industrializada, sistema hidráulico pex e revestimento de fachadas com monocapa (veja quadro) e fechamento com drywall, além de pré-moldados leves, como vergas de portas, por exemplo.
As torres têm início com unidades habitacionais deste o térreo; a estrutura, como é usual em obras de alvenaria es-trutural, começa com blocos de maior resistência, de 20 MPa, que diminui a cada dois pavimentos, atingindo 4 MPa no último andar. No mesmo diapasão, o projeto previu também a diminuição da quantidade de graute e de armaduras, a cada dois andares. “No projeto de alvena-ria estrutural, estudamos previamente as possibilidades de o proprietário poder fa-zer algumas alterações na planta-padrão,
como a ampliação de sala, por exemplo, sem praticamente interferir no custo fi-nal da obra” , explica o projetista Franco, mostrando na prática como funciona a flexibilidade do sistema de alvenaria es-trutural com blocos de concreto mencio-nada pela engenheira de desenvolvimen-to tecnológico da Tecnisa. O projetista
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explica que o projeto estrutural tem de ser desenvolvido tendo sempre em vis-ta a forma de execução que a construto-ra pretende implantar, numa “visão ho-lística” do sistema, e em conjunto com o projeto de produção – com todos os de-talhamentos de elevações, interferências, furações, instalações etc., “para melhorar a qualidade da obra” .
Para evitar a necessidade de escava-ções e contenções, de custo elevado, a concepção do projeto foi de erguer em área específica um edif ício-garagem – de oito pavimentos, com estrutura convencional e fechamento com blo-cos de concreto de vedação –, que for-necerá a maior parte das vagas necessá-rias ao empreendimento; cada unidade terá uma vaga de garagem. “Esse é um conceito utilizado nos empreendimen-tos Flex da Tecnisa basicamente para diminuição de custos” , revela o enge-nheiro Eduardo Pereira, gestor da obra Flex Imigrantes. Ele avalia também que “a alvenaria estrutural é uma ótima al-ternativa técnico-econômica, mas exige
controle tecnológico rigoroso de seus principais elementos, os blocos estrutu-rais, a argamassa e o graute” .
A construtora desenvolveu um rigo-roso sistema de homologação de seus fornecedores, que passam por inspeção nas fábricas, antes de serem aprovados, e tem exigências que afastam fabricantes sem qualidade garantida. “No caso dos blocos, exigimos que a empresa tivesse o Selo de Qualidade da ABCP; os lotes são identificados e devem ter laudo de ensaio do laboratório próprio do fabricante” , diz Pereira. Segundo Ramom Otero Barral, diretor comercial da Oterprem, que for-nece os blocos estruturais da obra, sua empresa foi escolhida “por priorizar a qualidade de seus produtos, detendo o Selo de Qualidade da ABCP e integran-do o PSQ blocos de concreto, do PBQP-H, apresentando assim um diferencial para o mercado” .
A obra teve um minucioso planeja-mento da sua logística – “essencial em obras desse tipo” , afirma o gestor da obra –, que, juntamente com os itens de in-dustrialização dos trabalhos, permite que um pavimento seja concluído, na al-venaria estrutural com o graute, em seis dias. São necessários mais três dias para a montagem da laje e a sua concretagem. Em relação à fachada, contabiliza Perei-ra, são exigidos 45 dias para concluir um edif ício com a aplicação da monocapa, considerada por ele como “imprescindí-vel” em uma obra Flex.
A obra foi dividida em três fases, das quais a primeira delas, com três torres e 480 unidades no total, será entregue em fevereiro de 2015; a obra será concluí-da em 2016. A Tecnisa emprega mão de obra própria até o nível de encarrega-do, cerca de 80 funcionários; o restan-te, aproximadamente 450 operários, no pico, é terceirizado.
FICHA TÉCNICA
Obra: Empreendimento residencial Imigrantes Flex
localização: Diadema-SP
Área do terreno: 35.000 m2
Projeto de Arquitetura: Tecnisa
Projeto estrutural: Arco Racionalização Construtiva/eng. luiz Sérgio Franco
Construção: Tecnisa
Número de torres: 10
Total de unidades: 1.599
Unidades por andar: 8
Pavimentos: 19
Vagas: 1.482 para apartamentos, 37 para visitantes, 16 para cadeirantes
Fornecedores: Oterprem (blocos estruturais), Weber Saint-Gobain (monocapa), M3SP (pré-lajes de concreto)
alvenaria
38 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
41
O mercado de lajes pré-fabricadas de concreto tende à estabilidade nos
negócios em 2014, com potencial de crescimento, mas precisa lidar com
a competição dos pequenos fabricantes, especialmente no segmento da
autoconstrução, que corresponde a cerca de 40% do seu mercado total.
Esse panorama, difícil, permeou as discussões do 16o Fórum InterCement,
que aconteceu em São Paulo, em 3 de junho último, e teve como tema as
lajes pré-fabricadas e painéis treliçados de concreto. O evento, tradicional
parceria entre a InterCement e a Revista Prisma, contou com a mediação
do jornalista Hermano Henning e a participação de Marcelo Morás
(consultor) , Emerson Augusto Dias (Lajes Paulista), Hideo Utida
(Grace), Luiz Norimatsu (M3SP Engenharia), Marcos Roberto de Oliveira
(M3SP Engenharia), Anderson de Oliveira (Sinaprocim), Daniel de Luccas
(Abilaje) e Walter Donizetti Venicio (Embu Agregados).
Mercado teM potencial de cresciMento, Mas exige investiMento eM tecnologia
Participantesdo 16o Fórum InterCement,que discutiu lajes pré-fabricadasde concreto
mesa-redonda
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mesa-redonda
Daniel de Luccas (Abilaje) – Hoje o
setor de lajes vive a mesma insegu-
rança da cadeia da construção, rela-
cionada a quanto o país vai crescer,
qual será o investimento etc. Só que o
mercado de lajes é sui generis porque
depende muito do segmento de auto-
construção, ou seja, da obra tocada
pelo proprietário do imóvel, que con-
trata um pedreiro ou um pequeno em-
preiteiro para tocar os serviços, com
ele mesmo gerenciando a obra. Há o
mercado formal, no caso o das cons-
trutoras, especialmente em progra-
mas como o Minha Casa, Minha Vida,
que demandam lajes pré-fabricadas.
No mercado de autoconstrução, que
representa até 50% do total, temos a
figura do pedreiro especificador, que
acaba influenciando o dono da obra.
É preciso mudar esse paradigma, não
só para laje, mas também para ou-
tros produtos, de o pedreiro ser o es-
pecificador. No mercado formal já há
uma preocupação com a qualidade;
as construtoras já se preocupam em
saber quais são as empresas que têm
e investem em qualidade, que contro-
lam processos, que ensaiam os pro-
dutos. Esses construtores estão sen-
do mais demandados por qualidade,
pois já há uma série de ferramentas
nas políticas públicas, especialmen-
te habitacionais, que passam a exigir
qualidade, como nas obras financia-
A concorrência é muito grande e há
muita informalidade no setor. Temos
um Programa Setorial da Qualidade,
no qual fazemos a inspeção técnica
e a Abilaje a coordenação e pelo qual
visitamos fábricas, verificamos a pro-
dução, os processos etc., e verifica-
mos a grande influência da mão de
obra na qualidade – como ela, mui-
tas vezes, não é qualificada, ocorre o
comprometimento da qualidade final
do produto. E há também o proble-
ma da falta de projeto. O fabricante
de lajes, que deveria ser demanda-
do pelo projetista, pela construtora já
com o projeto estrutural pré-definido,
que o fabricante usaria para produ-
zir exatamente o que foi projetado,
e todos fariam o orçamento com a
mesma base, mas não é isso o que
acontece. O dimensionamento e o
projeto, na parte da laje, ficam para
o fabricante e aí cada empresa usa
seu projeto, sua ferramenta de cál-
culo para especificar. Então uns têm
mais armadura de aço, outros me-
nos, um faz uma laje mais alta, outro,
mais baixa. E aí há essa concorrência
de preços díspares, devido à falta de
projeto. Nossa previsão, ao final de
2013, era de um crescimento de 6%
para este ano; hoje estamos falando
de 2% a 4%, no máximo, na cadeia
de produtos de cimento. E o setor de
lajes não deve superar isso.
MERCADO
Emerson Augusto Dias (Lajes
Paulista) – Diria que o setor vive uma
fase de estabilidade nos negócios.
Marcos Roberto de Oliveira
(M3SP Engenharia) – Nossa carga tri-
butária é muito alta. Com a Nota Fis-
cal eletrônica, quando o produto sai
da fábrica, já está pagando impos-
tos. E o retorno que temos desse im-
postos não corresponde ao que foi
pago. Se a carga tributária não fosse
tão alta, poderíamos investir mais em
fábricas, nos nossos colaboradores.
Ficamos sempre trocando seis por
meia dúzia. Investir na fábrica, na me-
lhoria de processos e de gestão, isto
acaba ficando só na necessidade e
na vontade, porque não sobram re-
cursos para fazermos isso. A questão
do produto em si não é problema; po-
demos avançar, melhorar. O mercado
está muito bom, principalmente com
o Minha Casa, Minha Vida, que deu
um plus interessante para todos nós.
Walter Donizetti Venicio (Embu
Agregados) – O volume de serviço
está bom, mas há o problema da ren-
tabilidade e, ainda, dos muitos clien-
tes que não olham para a qualidade.
Anderson Oliveira (Si na procim)
– No setor de lajes não há grandes
empresas, somente médias e peque-
nas. A falta de união das empresas e
dos empresários é porque cada um
a sua região, o seu mercado, sem a
preocupação de conversar para en-
tender o mercado, para compreen-
der as políticas que envolvem esse
setor. A questão do preço reflete
essa falta de visão de conjunto – se
o preço está bom, se está ruim, eles
não sabem. O referencial de preço
é o praticado pelo líder da região.
Marcos de Oliveira (M3SP Engenharia)Daniel de Luccas (Abilaje)
43
das com recursos do FGTS. Nelas,
os construtores precisam utilizar ma-
teriais qualificados pelos programas
setoriais da qualidade (PSQs), certifi-
cados, produzidos de acordo com as
normas da ABNT. O construtor preci-
sa dessa certificação para demons-
trar que os produtos utilizados naque-
la obra têm qualidade garantida.
Henning – Essa é uma maneira mais
fácil de trabalhar?
De Luccas – Sim, porque o cons-
trutor não fica refém das opiniões do
fornecedor A ou B. O PSQ visa a uni-
formizar isso. Então, ele dá uma iso-
nomia competitiva a todos os produ-
tores que participam do programa.
Todos aqueles que participam dos
PSQs atendem às normas técnicas
e aos contratantes – construtoras
ou comprador final – pode escolher
por outras condicionantes, inclusive
o preço, porque ele tem certeza da
qualidade.
Hideo Utida (Grace) – O mercado
teve recentemente uma queda acen-
tuada na venda de alguns produtos;
isto vale para concreteiras também.
Mas temos conversado com empre-
sários de alguns setores e eles têm
mostrado uma visão mais otimista
em relação à produção. Mas com o
seguinte viés: “Se a produção deste
ano empatar com o que tivemos em
2013, já estaremos felizes”. Isso mos-
tra que dificilmente conseguiremos
superar o ano passado, em termos
de negócios. Se olharmos o históri-
co da indústria do cimento, em 2013,
comparado a 2012, ela cresceu 6%,
um número considerável. Se analisar-
mos neste ano, quase na metade, a
expectativa é que cheguemos a um
crescimento de 4% nesse setor.
Marcelo Morás (consultor) – Não
existem grandes fabricantes no se-
tor, mas há muitos, e em boa parte
pequenos. Lembramos que o investi-
mento para montar uma fábrica de la-
jes é muito pequeno. Enquanto para
montar uma fábrica de blocos regular
se gasta cerca de R$ 1 milhão, não
custa 10% disso para montar uma fá-
brica de lajes. E a tecnologia na fábri-
ca de lajes não é a mais avançada. A
armadura vem pronta.
De Luccas – E o concreto usado
pelo fabricante de laje é o chamado
concreto plástico, que é muito mais
fácil de ser feito, pois não exige tanto
controle da produção. E o que man-
da é o aço: 2/3 do custo são das ar-
maduras. E esse é um concreto que
aceita muito desaforo. O fabricante
então pode fazer muita barbaridade
e ainda assim consegue entregar um
produto que talvez não dê problema
na obra. Esse é o grande vilão da his-
tória: as patologias não aparecem de
imediato.
Marcos Roberto – Até porque a
parte de resistência à compressão é
a realizada pela capa de concreto,
que é feita na obra. É como se esse
concreto fosse, grosso modo, o invó-
lucro da laje.
De Luccas – Esse concreto está li-
gado à durabilidade do sistema estru-
tural. Se o concreto foi feito de qual-
quer jeito, só se perceberá isso após
20 ou 30 anos.
CONQUISTA DE NOVOS MERCADOS
Marcelo Morás (consultor) – Creio
que o autoconstrutor ainda é o maior
mercado dos fabricantes de lajes. E
também o comportamento estrutural
das lajes pré-fabricadas não é o mais
adequado para determinadas obras.
De Luccas – O setor tem a preo-
cupação de conquistar novos mer-
cados sim. Isto porque, nos últimos
cinco anos, entraram no mercado
sistemas concorrentes, como os de
fôrmas metálicas, por exemplo, que
vão disputar mercado com o setor de
lajes pré-fabricados e painéis treliça-
dos. Mas ainda o maior concorrente
é a laje moldada in loco. O maior de-
safio é substituir a laje feita artesanal-
mente, na obra, e industrializar o pro-
cesso, preferencialmente com lajes
pré-fabricadas de concreto, no caso
deste setor, claro. E isto não tem
a ver com o tipo de obra, mas sim
como ela é executada. Hoje temos
ainda, em boa parte, um processo de
confecção de laje no canteiro, pro-
cesso esse que é moroso, ineficiente
Anderson de Oliveira (Sinaprocim) Walter Donizetti Venicio (Embu Agregados)
44
Marcelo Morás (consultor) Emerson Augusto Dias (Lajes Paulista)
R$ 300 mil, em tecnologia, que per-
mite a ele ter uma fábrica muito mais
moderna e mais produtiva. Já para
conquistar novos mercados, supe-
rando a laje moldada in loco, a gran-
de dificuldade dos fabricantes é no
transporte vertical na obra: como
fazer para esses elementos pré-fa-
bricados alcançarem o 10o ou o 15o
andar, por exemplo, em obras que
muitas vezes não têm equipamentos
para içamento.
PROGRAMAS HABITACIONAIS
Oliveira – Os programas habitacio-
nais, como Minha Casa, Minha Vida,
são muito importantes para o setor.
Mas esses programas não compram
apenas quantidade, mas também co-
meçam a exigir qualidade, e o setor
precisará se preparar para atender a
essa exigência.
De Luccas – A Norma de Desem-
penho, que entrou em vigor em 2013,
agrega exigências de desempenho
mínimo dos produtos, impactando
desde o projeto arquitetônico e estru-
tural até a construção. E os fabrican-
tes precisam se conscientizar disso e
atender a essas exigências.
NORMAS
Oliveira – Estamos revisando todas
as normas de laje. São cinco normas,
mesa-redonda
e desperdiçador de recursos. Quan-
do é introduzido um processo indus-
trializado, com os elementos pré-fa-
bricados, há uma melhoria sensível
nesse sistema de construção.
Luiz Norimatsu (M3SP Engenha-
ria) – Hoje o mercado demanda mui-
ta atualização tecnológica, que deve
ser feita de forma bastante prática e
visando à rentabilidade. É essencial
ter controle de qualidade da produ-
ção e, infelizmente, esse controle
de qualidade muitas vezes peca por
causa do nível da mão de obra, que
hoje tem custo elevado e não dá o
retorno desejado.
Morás – Creio que o principal proble-
ma é relacionado à baixa produtivida-
de da mão de obra.
DESAFIOS
Oliveira – Os fabricantes, verifica-
mos no programa de qualidade, vêm
investindo em tecnologia, visando à
qualidade, mas principalmente ao
aumento da produtividade, porque,
muitas vezes, estão instalados em
área pequena e não têm capacida-
de para adquirir uma área maior. A
solução é produzir mais, no mes-
mo ambiente. Ele vai verticalizando
a produção, com o investimento,
relativamente pequeno, de R$ 200,
que estão passando por um proces-
so de revisão e aperfeiçoamento e
buscando melhorar a sua interpreta-
ção, buscando transformar a sua lin-
guagem em algo muito mais próximo
da indústria, do fabricante, que mui-
tas vezes é um empresário, não um
técnico. Este, muitas vezes, é um
contratado “de gaveta”, o que é uma
deficiência do nosso setor. Os fabri-
cantes precisam ter um responsável
técnico, com registro no Crea, e mui-
tas vezes não têm.
De Luccas – O Crea é um órgão bu-
rocrático. Na questão técnica, ele só
intervém se houver um acidente
Oliveira – E no caso da laje, o maior
problema é que ela não cai. Muitas
vezes, o acidente ocorre por causa
da carga de trabalho, devido à con-
cretagem, que, se não for bem feita
em todos os seus detalhes, aconte-
ce a patologia. Mas há uma deficiên-
cia na atribuição da responsabilidade
da fiscalização de obras. Como enti-
dade, podemos alertar um fabrican-
te de que ele não está seguindo as
normas em vigor, mas não podemos
fazer nada além disso. E o Crea, que
deveria fazer isso, não faz.
Emerson Augusto Dias (Lajes
Paulista) – Um dos nossos desafios
hoje é desenvolver a automação, a
qualidade e o controle da produção.
O que o Minha Casa, Minha Vida está
trazendo, que é o controle de quali-
dade do projeto e da construção,
acho que está começando a mexer
com o mercado.
Oliveira – Infelizmente, em relação à
laje, isto ainda é muito pouco visto,
porque há outros produtos, a fiscali-
zação verifica a construção como um
46
mesa-redonda
Hideo Utida (Grace) Luiz Norimatsu (M3SP Engenharia)
todo. Então, a laje, como é de difícil
averiguação, pois exige ensaios para
aferir sua qualidade, em geral é dei-
xada de lado. Mas, com as novas es-
pecificações do Minha Casa, Minha
vida, vamos dizer quais lajes são re-
comendadas, quais os fabricantes
são recomendados, por participarem
dos programas setoriais da qualida-
de (PSQs). Isto deverá ser implantado
até o final deste ano. Aí o mercado
começa a mudar, porque nosso setor
é movido pela parte comercial.
Oliveira – E há muitos fabricantes
cujo registro é de comércio de ma-
terial de construção, sua função ori-
ginal. Ele não paga imposto típico
de indústria. O que as cimenteiras
fazem, assim como a InterCement,
é estar perto dos fabricantes, forne-
cendo assessoria técnica, isto agre-
ga muito valor. Muitas vezes o fabri-
cante consome muito mais do que
ele deveria e o fabricante de cimento
o orienta a fazer da melhor – e mais
econômica – forma técnica. Melhora
os processos e economiza cimen-
to também, mas esse fabricante vai
produzir mais, vender mais e crescer.
E aí vai consumir mais. Nesse sen-
tido, a assessoria da cimenteira nos
ajuda. E esse é o papel do fabricante
de cimento. E os fabricantes, como
são diversos numa mesma região,
podem ser bem atendidos pela ci-
menteira. E ele enxerga os benefí-
cios, quando se mostra que, com a
economia no cimento, pode comprar
mais fôrmas, ou trocar a betoneira ou
o misturador, modernizar a fábrica,
enfim.
De Luccas – A norma que temos
hoje, a NBR14859-1/2002, trata de
lajes pré-fabricadas e não de lajes
pré-moldadas. Existe uma distinção
entre esses dois termos. Existe uma
norma de elementos pré-moldados,
cuja principal diferença é o rigor no
controle tecnológico. Então um pré-
fabricado necessariamente precisa
ser feito em uma instalação industrial
destinada a esse fim. O pré-moldado
pode ser feito no canteiro, com con-
troles menos rigorosos. Assim, con-
segue-se ter uma produção de lajes
pré-moldadas, que seria a maioria
dessas fábricas sem a qualificação
necessária, e há um nível superior,
que seriam as lajes pré-fabricadas,
produzidas por indústrias de ponta,
que não passam de 50 hoje no Brasil.
Donizetti – E as lajes feitas no can-
teiro, têm a mesma carga tributária?
Marcos Roberto – Não. E isso é
um fator contra o qual precisamos
nos unir. No Rio de Janeiro já es-
tamos buscando. Nós pagamos
ICMS, mas a produção no canteiro
não paga. Então, se o construtor ti-
ver um canteiro grande, ele prefere
fazer a laje lá.
De Luccas – A fabricação em can-
teiro não é proibida, mas para isso a
lei exige que seja tirada uma licen-
ça ambiental para esse fim. Quando
o construtor coloca o tempo exigido
para isso e os custos decorrentes, ele
verificará que não compensa produzir
em canteiro, mesmo porque ele não
pode esperar o tempo da burocracia
para formalizar o negócio.
De Luccas – No programa setorial
da qualidade (PSQ), participam cer-
ca de 40 empresas, que representam
um volume de cerca de 500 mil m2
mensais. Temos empresas que fazem
lajes e painéis treliçados,vigotas pro-
tendidas e lajes alveolares. Estima-
mos que o mercado hoje envolva algo
entre 2 e 3 milhões de m2 mensais.
Uma empresa de porte médio, quase
grande, produz entre 80 e 100 m3 de
concreto por mês, quantidades que,
perto de outros setores de produtos
de cimento, são ridículas, ínfimas.
Oliveira – Isto porque o maior volu-
me de concreto, na laje, não está na
fábrica, está na obra, onde ela rece-
be a capa de concreto, que recebe
mais de 95% da quantidade de con-
creto. Por outro lado, a armadura já é
o grande item de consumo.
De Luccas – Estamos em processo
de revisão das normas de lajes. Estão
em revisão as NBRs 14.859, 14.860
e 14.862 e é importante informar a to-
dos que a estrutura da norma de lajes
mudou: ela era dividida em três nor-
mas e agora ela vai virar uma única
48
mesa-redonda
norma, dividida em partes – a 14.859
parte 1, sobre elementos estruturais
do concreto; parte 2, sobre os en-
chimentos, cerâmica e EPS; parte 3,
as treliças; e a parte 4, que é a parte
nova, as questões de projeto, deta-
lhamento executivo e montagem. De-
pois dessas partes prontas, a ideia é
fazer um manual de boas práticas, ou
práticas recomendadas. É um pro-
cesso interessante, que vai contribuir
para essa questão de projeto, sobre o
qual a norma hoje é omissa.
Oliveira – E a linguagem é didática,
mas precisa, especialmente nos pon-
tos relativos às patologias, visando a
orientar para não ter problemas.
OUTRAS TECNOLOGIAS
Morás – O que se observa na maio-
ria dos fabricantes de lajes, é a ne-
cessidade de uma cura mais eficien-
te, principalmente térmica, permitindo
ao fabricante produzir num dia e en-
tregar no dia seguinte.
Dias – O que dificulta a entrada des-
se tipo de cura é a verticalidade da
produção nas fábricas de lajes.
Oliveira – Uma coisa que podería-
mos avançar no nosso setor, é que
hoje temos elementos pré-fabrica-
dos de 13 cm, as vigotas; temos os
minipainéis, de 25 cm; temos as pré-
lajes, de 1 m, 1,25 m; e até a tam-
pa. Então, o desafio é encontrar ou-
tras especificações, nas quais se usa
menos material.
Utida – E na questão dos aditivos,
boa parte das empresas de lajes não
está preparada, até mesmo por falta
de espaço. Quando usa aditivo, utili-
za um só, porque não há espaço para
usar mais do que isso. E muitas ve-
zes o fabricante não tem um sistema
de controle tecnológico para medir a
qualidade dos produtos. E os aditi-
vos permitem não apenas economia,
mas também otimizar a produção,
minimizando a questão da mão de
obra. Porque, com um concreto mais
plástico e desde que a indústria es-
teja preparada, o fabricante terá um
processo muito mais rápido – ele não
precisará vibrar o concreto, não ne-
cessitará do mesmo contingente de
pessoal, que, parte dele, poderá ser
usado em outras funções, e o con-
creto ficará muito melhor acabado,
não haverá o retrabalho, além de a
processo ganhar agilidade.
Oliveira – Mas muitos fabrican-
tes enxergam qualquer inovação ou
acréscimo tecnológico como um pro-
blema, infelizmente.
De Luccas – Quando se propõe a
um fabricante a utilização de aditivos
para melhorar a performance do con-
creto, a primeira preocupação dele
é com relação a quanto vai custar
isso – se são R$ 5 ou R$ 10 mais,
ele normalmente rejeita. Mas ele não
mede os benefícios subseqüentes,
como a redução de mão de obra. Se
antes ele precisava de quatro operá-
rios para espalhar o concreto nas fôr-
mas, ele precisará de apenas um; os
outros três ele poderia realocar para
laboratório, inspeção de qualidade,
entre outras atividades, poderia pa-
gar melhor aos funcionários, poderia
contratar funcionário mais qualifica-
do. Mas ele não faz essa conta, em
geral. Ele só mede a fatia reais por
metro cúbico, que vai encarecer.
MEIO AMBIENTE
Morás – Das fábricas que visitei no
ano passado, cerca de 90% delas
usava como desformante óleo die-
sel queimado, em vez de comprar o
produto adequado. Ele aplica esse
óleo na fôrma. Mas, esse óleo, as-
sim como facilitou na desfôrma, vai
impedir a aderência do revestimento,
após a laje instalada. E esse reves-
timento pode cair, posteriormente,
gerando um problema de qualida-
de. Isto sem contar com os produtos
como enxofre, os quais os operários
são obrigados a manusear. E quan-
tos por cento das fábricas usam esse
sistema?
De Luccas – Quase todas.
Dias – E hoje há no mercado produ-
tos desmoldantes muito bons,alguns
à base de água.
Utida – O óleo diesel é muito mais
barato que qualquer desmoldante,
mas seu uso é obviamente incorreto,
porque ele também é perigoso, infla-
mável, contém enxofre, mas é usado
por causa do custo. E se o fabrican-
te for utilizar produtos especialmen-
te desenvolvidos para a indústria de
pré-fabricados, ele pagará cerca de
cinco a seis vezes mais. As indústrias
de aditivos já desenvolveram desmol-
dantes à base de óleos vegetais, cha-
mados de biodegradáveis, uma linha
muito interessante, até por conta des-
se mercado do Minha Casa, Minha
Vida, no qual há painéis muito gran-
des e de aplicação muito rápida, eles
são chamados de à base de água, na
verdade eles são solúveis em água e
isso permite atender não só à ques-
tão de estar corretamente utilizado,
mas oferece propriedades importan-
tes, como na questão de evitar a for-
mação da bolha, do ar aprisionado na
superfície do concreto.
A arena do morro
Mãe Luiza é um bairro
de Natal localizado entre
as dunas e uma região
valorizada da cidade.
Trata-se de área de
beleza rara, com uma
delicada relação com
o ambiente natural.
Agora, por iniciativa
do Centro Sócio-
Pastoral Nossa
Senhora da Conceição
e da Fundação
Ameropa, instituição
suíça de ajuda ao
desenvolvimento, a
comunidade ganhou
uma singela obra de
arquitetura projetada
pelo escritório de
arquitetura também
suíço Herzog & de
Meuron, autor de obras
como a Allianz Arena
em Munique e o estádio
Ninho de Pássaro, em
Pequim, China.
Trata-se de um espaço
cultural e esportivo
construído com uma
grande cobertura
metálica e curiosos
volumes curvilíneos
executados com
elementos de concreto
vazados. Esses blocos
foram especialmente
desenhados,
concebidos e fabricados
por uma empresa local
para a obra. Conheça
os detalhes da Arena
do Morro na próxima
edição da Prisma.
Foto: Leonardo Finotti