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    ndice

    Nota Introdutria 2

    A China e os Combustveis Fsseis Africanos

    Ana Cristina Alves3

    World LNG Outlook

    Matteo Mazzoni...18

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    Nota Introdutria

    O Relatrio "Energia em Angola 2013" a ser publicado no primeiro trimestre de 2014 engloba os

    captulos do Relatrio de 2012, devidamente actualizados, que por motivo de fora maior no

    foram ainda publicados, mas distribudos em CD-ROM o ano passado, e dois novos captulos,

    cujo contedo compe este CD-ROM que tm em mos.

    O primeiro intitulado " A China e os Combustveis Fsseis Africanos" da autoria de Ana Cristina

    Alves, uma conhecida especialista das relaes da China com o nosso continente, analisa com

    pormenor os interesses daquele pas asitico em frica, cobrindo praticamente tudo o que se

    conhece sobre o assunto, de forma detalhada e bastante quantificada.

    O segundo captulo "World LNG Outlook" da autoria de Matteo Mazzoni uma panormica

    completa e actualizada, a nvel mundial, do mercado do LNG, com destaque para algumas

    situaes particulares pouco conhecidas do pblico em geral.

    Jos de Oliveira

    Coordenador do Ncleo de Energia do CEIC

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    A China e os Combustveis Fsseis Africanos

    Ana Cristina Alves

    South African Institute of International Affairs

    1. Um olhar sobre as necessidades energticas chinesas

    A China, devido ao tamanho da sua populao e ao rpido ritmo de crescimento econmico, tornou-se em 2010 o maior consumidor de energia do mundo, respondendo em 2012 por 22% do consumo global de energia, ultrapassando os EUA (presentemente com 17%)1. Historicamente, os combustveis fsseis tm dominado a matriz energtica da China em grande parte devido ao fato de que esses recursos abundam no seu subsolo. Os combustveis fsseis representam mais de 90% do seu consumo de energia primria (2012: carvo 68,5%; petrleo 17,7%; e gs natural 4,8%).2 Embora a China figure entre os maiores produtores de combustveis fsseis, a demanda interna impulsionada pela rpida urbanizao e industrializao do pas, ultrapassou rapidamente a produo nacional, forando Pequim a procurar no exterior abastecimento e reservas como forma de garantir a sua segurana energtica.

    Segundo a maioria das previses de energia, nas prximas dcadas a China ir no s consolidar a sua posio como maior consumidor de energia do mundo mas tambm tornar-se no maior importador mundial de energia. Embora se preveja que as polticas de diversificao e busca de eficincia que Pequim tem vindo a por em prtica em anos recentes contribuam para diminuir gradualmente a parcela dos combustveis fsseis no cabaz energtico da China, espera-se que estes continuem a responder pela maioria das necessidades energticas da China a mdio/longo prazo (82% em 2030).3

    O carvo representa a maior parcela do consumo energtico chins. Em 2012 a China detinha 13% dos depsitos conhecidos de carvo do mundo (terceira maior reserva depois dos EUA e da Rssia) e foi responsvel por 47,5% (1.825 MTOE) da produo global. Embora sua produo de carvo tenha expandido de forma constante, a demanda domstica quase que triplicou desde 2000, superando a produo em 2011 pela primeira vez, tornando-se naquele ano importador lquido de carvo (China consumiu 1,873 milhes de tep em 2012, ou 50% do consumo mundial).4 Tendo em conta que o carvo gera a maior parte da energia eltrica residencial e das indstrias pesadas tais como ao e construo, o consumo interno dever crescer ainda mais nos prximos anos. Esta situao combinada com o aumento domstico dos custos de produo, os gargalos de transporte, menor eficincia, questes de segurana e preocupaes ambientais,5 justifica o esperado aumento das importaes de carvo da China nos prximos anos. Atualmente, a maior parte das importaes de carvo chinesas tm origem na regio (Indonsia e Austrlia). Todavia, na medida que a sua dependncia externa aumenta, a China ser crescentemente pressionada a diversificar as suas fontes de abastecimento, de modo a garantir um fornecimento constante. Devido proximidade geogrfica, de esperar que os recm-descobertos reservatrios na costa oriental de frica (Moambique e Tanznia) despertem o interesse da China num futuro prximo.

    Embora a parcela de gs natural responda presentemente apenas por uma frao do mix de energia da China, o consumo dever crescer significativamente nos prximos anos, em funo do esforo de diversificao da sua matriz energtica do carvo e do petrleo. Em 2012 a China possua 1,7% das reservas mundiais conhecidas (3,1 trilies de metros cbicos) e apesar do aumento substancial da produo nos ltimos anos, esta no conseguiu manter-se a par da demanda. A China tornou-se um importador lquido de gs natural em 2007. Em 2012, a China produziu 107 mil milhes de metros cbicos de gs natural e consumiu 143,8 bilies de metros

    1 BP Statistical Review of World Energy, junho de 2013, p. 40

    2 BP Statistical Review of World Energy, junho de 2013, p. 41

    3 BP, Energy Outlook 2030: China

    4 Nmeros neste pargrafo de acordo com BP, op. Cit, 2013

    5 EIA, China, 4 Septembro 2012, http://www.eia.gov/countries/cab.cfm?fips=CH

    http://translate.google.com/translate?hl=en&prev=_t&sl=en&tl=pt-BR&u=http://www.eia.gov/countries/cab.cfm%3Ffips%3DCH

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    cbicos (4,3% do consumo global), um notvel aumento de 600% desde 2000.6 Segundo previses da EIA a China dever triplicar o seu consumo de gs natural at 2035.7 Inicialmente Pequim obtinha a maioria das suas importaes de gs natural das regies vizinhas atravs de gasodutos, nomeadamente da Rssia e da sia Central. No entanto, em linha com os esforos de Pequim para diversificar os seus fornecedores de energia, a China tem vindo a intensificar as importaes de gs natural lquido (GNL) nos ltimos anos, representando em 2012 cerca de metade do total das importaes de gs natural (41,3 bilies de metros cbicos). Embora cerca de dois teros provenha de regies vizinhas (Austrlia, Indonsia e Malsia), a China j importa GNL de regies mais distantes, nomeadamente da Nigria (6% das importaes de GNL da China em 2006).8 medida que o seu consumo de gs natural expande, os campos de gs descobertos recentemente no offshore da frica Oriental (Moambique e Tanznia) sero cada vez mais atraentes para Pequim.

    O petrleo , no entanto, a maior dependncia externa da China atualmente. De exportador lquido de petrleo at 1993, em menos de duas dcadas a China transformou-se no segundo maior consumidor mundial depois dos EUA, e est prevista tornar-se o maior importador mundial em 2014.9 Apesar de ser o quarto maior produtor de petrleo do mundo (5 % da produo mundial) e de se esperar que as novas descobertas de petrleo em alto mar compensem parte da queda registrada em seus campos terrestres, prev-se que as importaes continuem crescendo nos prximos anos em funo da rpida expanso da demanda domstica. Em 2012, mais da metade do consumo total de petrleo da China (10,2 milhes de bpd) foi atendida por importaes (5,4 milhes bpd).10 Embora esta diferencial deva crescer a um ritmo mais lento nos prximos anos devido ao arrefecimento econmico da China, a EIA projeta que o consumo de petrleo Chins chegue a 17,6 milhes de barris por dia em 2040.11 De acordo com a Wood Mackenzie, 70% de sua demanda de petrleo dever ser atendida por importaes em 2020.12 Calcula-se que a China sozinha seja responsvel por 62% do crescimento da demanda mundial de petrleo entre 2011 e 2013.13 Embora a maior parte das suas importaes de petrleo sejam ainda originrias do Oriente Mdio, a frica viu a sua participao aumentar substancialmente na ltima dcada em resultado dos esforos de diversificao de Pequim, que procura desta maneira evitar interrupes no fornecimento dada a instabilidade no Mdio Oriente. Em 2011, a frica foi responsvel por quase um quarto das importaes chinesas de petrleo, das quais mais de metade originrias de Angola - actualmente o segundo maior fornecedor da China depois da Arbia Saudita.14 Entre outros fornecedores de petrleo da frica figuram: Sudo, Sudo do Sul e Repblica do Congo.

    Embora a China tenha at agora sido capaz de alimentar suas necessidades energticas comprando fornecimento no mercado internacional, a magnitude do seu consumo domstico torna-a particularmente vulnervel a flutuaes de preos e potencial escassez provocados, inter alia, por cartelizao, bloqueios e interrupes de transporte. A deciso no incio de 2000 de estabelecer reservas estratgicas e um sistema de proteo de recursos minerais estratgicos (petrleo e alguns metais de base como cobre, alumnio e minrio de ferro), sublinham a crescente preocupao Chinesa nesta matria.

    Alm da criao de reservas estratgicas e dos esforos de diversificao de fornecedores, ao longo da ltima dcada Pequim tem vindo a implementar uma srie de polticas e instrumentos com vista a garantir a sua segurana energtica. Entre estes destaca-se a aquisio de ativos de

    6 Salvo disposio em contrrio, os nmeros deste pargrafo de acordo com a BP, op. Cit, 2013

    7 EIA, op. cit., 2012

    8 EIA, Op. Cit., 2012

    9 Agncia de Informao de Energia dos EUA, 'China prestes a se tornar o maior importador lquido de petrleo do

    mundo ainda este ano ", 2 de Agosto de 2013, http://www.eia.gov/todayinenergy/detail.cfm?id=12471 10

    BP, op. cit, 2013 11

    EIA, Annual Energy Outlook 2013, 2013 p. 159, http://www.eia.gov/forecasts/aeo/pdf/0383 (2013). pdf 12

    Petroleum Economist, China set to become worlds largest oil importer, 22 de Agosto 2013, http://www.petroleum-economist.com/Article/3246492/China-set-to-become-worlds-largest-oil-importer.html 13

    EIA, op. cit., 2012 14