Neuroanatomia medula espinhal
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Neuroanatomia: Macroscopia da Medula Espinhal e seus Envoltorórios
Bruno L. Sandes
Acadêmico Funorte
Montes Claros – 10.02.2010
Introdução
• “miolo” / indica o que está dentro
• Órgão do SNC mais simples e cuja estrutura(tubo neural) foi menos modificada durante odesenvolvimento.
• Conceito: é uma massa cilindróide de tecidonervoso situada dentro do canal vertebralsem, entretanto, ocupá-lo completamente.
Introdução
• Cranialmente a medula limita-se com o bulbo,aproximadamente ao nível do forame magno doosso occipital.
• No homem adulto mede aproximadamente45cm, sendo pouco menor na mulher.
• O limite caudal da medula tem importânciaclínica e no adulto situa-se geralmente na 2ªvértebra lombar (L2)
• A medula termina afilando-se para formar umcone, o cone medular, que continua com umdelgado filamento meníngeo, o filamentoterminal.
Cone Medular
Filamento Terminal
Forma e Estrutura Geral• O calibre da medula
espinhal não é uniforme,pois apresenta duasdilatações denominadasintumescência cervical eintumescência lombar.
• Formação: Maiorquantidade de neurôniose, portanto, de fibrasnervosas que entram ousaem destas áreas.
C4-T1
T11-L1
L2
Forma e Estrutura Geral
• A superfície da medula apresenta os seguintes sulcoslongitudinais, que percorrem em toda a sua extensão:o sulco mediano posterior, fissura mediana anterior,sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior.
• Na medula cervical existe ainda o sulco intermédioposterior que se situa entre o sulco mediano posteriore o sulco lateral posterior e que se continua em umsepto intermédio posterior no interior do funículoposterior.
• Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazemconexão, respectivamente as raízes ventrais e dorsaisdos nervos espinhais.
Forma e Estrutura Geral• Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro da branca e
apresenta a forma de uma borboleta, ou de um "H". Nela distinguimos decada lado, três colunas que aparecem nos cortes como cornos e que sãoas colunas anterior, posterior e lateral. A coluna lateral só aparece namedula torácica e parte da medula lombar. No centro da substânciacinzenta localiza-se o canal central da medula.
• A substância branca é formada por fibras, a maioria delas mielínicas, quesobem e descem na medula e que podem ser agrupadas de cada lado emtrês funículos ou cordões:
• Funículo anterior: situado entre a fissura mediana anterior e o sulcolateral anterior.
• Funículo lateral: situado entre os sulcos lateral anterior e o lateralposterior.
• Funículo posterior: situado entre o sulco lateral posterior e o sulcomediano posterior, este ultimo ligado a substancia cinzenta pelo septomediano posterior. Na parte cervical da medula o funículo posterior édividido pelo sulco intermédio posterior em fascículo grácil e fascículocuneiforme.
Forma e Estrutura Geral
Conexões com os Nervos Espinhais
– Segmentos Medulares –
• Nos sulcos lateral anterior e lateral posteriorfazem conexão com pequenos filamentosnervosos denominados de filamentosradiculares, que se unem para formar,respectivamente, as raízes ventrais e dorsaisdos nervos espinhais. As duas raízes se unempara formação dos nervos espinhais,ocorrendo à união em um ponto situadodistalmente ao gânglio espinhal que existe naraiz dorsal.
Conexões com os Nervos Espinhais – Segmentos Medulares –
Raízes Nervosas
Topografia Vertebromedular• A um nível abaixo da segunda vértebralombar encontramos apenas asmeninges e as raízes nervosas dosúltimos nervos espinhais, que dispostasem torno do cone medular e filamentoterminal, constituem, em conjunto, achamada cauda eqüina. Como as raízesnervosas mantém suas relações com osrespectivos forames intervertebrais, háum alongamento das raízes e umadiminuição do ângulo que elas fazemcom a medula. Estes fenômenos sãomais pronunciados na parte caudal damedula, levando a formação da caudaeqüina.
Topografia Vertebromedular• Como conseqüência da diferença de ritmos de
crescimento entre a coluna e a medula, temos oafastamento dos segmentos medulares das vértebrascorrespondentes.
• Nível da medula - regra: entre os níveis C2 e T10,adicionamos o número dois ao processo espinhoso davértebra e se tem o segmento medular subjacente.
• No adulto, as vértebras T11 e T12 correspondem aossegmentos lombares. Já o processo espinhoso de L1corresponde aos cinco segmentos sacrais.
Relação das Raízes Nervosas com as Vértebras
Envoltórios da Medula
• Cranialmente a dura-mater espinhal, continuana dura-máter craniana, caudalmente ela setermina em um fundo-de-saco ao nível davértebra S2.
• Prolongamentos laterais da dura-máterembainham as raízes dos nervos espinhais,constituindo um tecido conjuntivo (epineuro),que envolve os nervos.
Envoltórios da Medula
• A aracnóide espinhal se dispõem entre a dura-mátere a pia-máter. Compreende um folheto justaposto àdura-máter e um emaranhado de trabéculasaracnóideas, que unem este folheto à pia-máter.
• A pia-máter é a membrana mais delicada e maisinterna. Ela adere intimamente o tecido superficialda medula e penetra na fissura mediana anterior.Quando a medula termina no cone medular, a pia-máter continua caudalmente, formando umfilamento esbranquiçado denominado filamentoterminal.
Envoltórios da Medula
Envoltórios da Medula
• A pia-máter forma, de cada lado da medula,uma prega longitudinal denominadaligamento denticulado, que se dispõem emum plano frontal ao longo de toda a extensãoda medula.
• Os dois ligamentos denticulados sãoelementos de fixação da medula eimportantes pontos de referência em cirurgiasdeste órgão.
Envoltórios da Medula
Envoltórios da MedulaEspaços Importantes para a Clínica:• O espaço epidural, ou extradural, situa-se entre a
dura-máter e o periósteo do canal vertebral. Contémtecido adiposo e um grande número de veias queconstituem o plexo venoso vertebral interno.
• O espaço subdural, situado entre a dura-máter e aaracnóide, é uma fenda estreita contendo umapequena quantidade de líquido.
• O espaço subaracnóideo contém uma quantidaderazoavelmente grande de líquido cérebro-espinhal oulíquor.
• Alguns autores ainda consideram um outro espaçodenominado subpial, localizado entre a pia-máter e otecido nervoso.
Vascularização da Medula Espinhal
Vascularização da Medula Espinhal• Artérias Espinhais Segmentares
- Artérias Radiculares
• Artérias Nutritivas (variáveis):- Grande Artéria Espinhal Anterior de Adamkiewicz –
responsável pela irrigação dos 2/3 inferiores da Medula
Vascularização da Medula EspinhalVeias da Medula Espinhal:
• Drenam para 6 canais longitudinais que secomunicam com as Veias do Cérebro e SeiosVenosos• Plexo Venoso Vertebral Interno
Conceitos Importantes• Substância cinzenta: neuróglia, corpos de
neurônios e fibras predominantementeamielínicas;
• Substância branca: neuróglia e fibraspredominantemente mielínicas;
• Núcleo: massa de s. cinzenta dentro de s. branca,ou grupo delimitado de neurônios comaproximadamente a mesma estrutura e função;
• Córtex: s. cinzenta que se dispõe em uma camadafina na superfície do cerebelo e do cérebro;
Conceitos Importantes
• Tracto: feixe de fibras nervosas comaproximadamente a mesma origem, mesmafunção e mesmo destino – amielínicas emielínicas. EX.: Tracto cortico-espinhal lateral.
• Fascículo: um tracto mais compacto.
• Lemnisco: “fita”. Alguns feixes de fibras sensitivasque levam impulsos nervosos ao tálamo.
• Funículo: “cordão”. É usado para a s. branca damedula. Um funículo contém vários tractos oufascículos.
Estrutura da Medula EspinhalSubstância Cinzenta:
• Divisão:
– Cornos Anteriores
– Substância Cinzenta Intermédia
– Cornos Laterais
– Cornos Posteriores
Forma e Estrutura Geral
Neurônios Medulares
Viscerais
Radiculares
• Neurónios Somáticos
Axónio Longo de projeção
(tipo I de Golgi) Cordonais
de associação
• Neurónios
Axónio Curto
(tipo II de Golgi)
Núcleos da Substância Cinzenta
• Grupos ou Colunas do Corno Anterior (Zona Somato-Motora):– Grupo Interno/Medial(Musculatura Esqueleto axial)
– Grupo Externo/Lateral(Musculatura Esqueleto apendicular –
Intumescência cervical e lombar)
– Grupo Central:• Núcleo Frénico (nervos C3, C4 e C5)
• Núcleo Acessório (nervos C1-C6)
• Núcleo Lombo-Sagrado (nervos L2-S1)
Núcleos da Substância Cinzenta
• Grupos ou Colunas do Corno Posterior (Zona Somato-Sensível):
– Substância Gelatinosa de Rolando(portão da dor – regula entrada no SN de impulsos dolorosos)
– Núcleo Dorsal (Coluna de Clark)(Propriocepção inconsciente)
– Núcleo Propius
– Núcleo Aferente Visceral (Coluna de Betcherew)
• Lâminas de Rexed (I-X)• (distribuição regular dos neurônios medulares)
Estrutura da Medula Espinhal
1
3
2Substância Branca
1 - Coluna Branca Anterior
2 - Coluna Branca Lateral
3 - Coluna Branca Posterior
VIAS ASCENDENTES OU SENSITIVAS
•Postero lateral
•Espinocerebelar anterior e posterior Informação proprioceptiva e de receptores
•Espinotalâmico anterior Tacto protopático
•Feixes grácil e cuneiforme Sensibil. proprioceptiva e vibratória; tacto epicritico
•Espinotalâmico lateral Temperatura e dor
• Espino-tectal Reflexos espinovisuais
• Espino-olivar Órgãos cutâneos e proprioceptivos
•Espino-reticular Pele, músculos e articulações
VIAS DESCENDENTES OU MOTORAS
•Reticulo-espinhal Movimentos voluntários e actividade reflexa
•Rubro-espinhal Motilidade e facilita flexores
•Olivo-espinhal Actividade muscular
•Vegetativos descendentes Funções viscerais
•Tecto-espinhal Reflexos relacionados com visão
•Vestibulo-espinhal Equilibrio e facilitia extensores
•Feixes cortico-espinhais Movimentos voluntários (distais)Piramidais
Extra
Piramidais
VIAS INTERSEGMENTARES
• Ligação entre neurônios de diferentes níveis
• Descendentes e ascendentes
• Curtas e Longas
Lesões da Medula Espinhal
Lesões compressivas
Síndrome do choque espinhal
Síndromes destrutivas da medula espinhal
Lesões Compressivas da Medula Espinhal
• Causas extradurais
• Causas intradurais• Extramedulares
• Intramedulares
Síndrome do choque espinhal
• Segue-se a lesões agudas graves da medula espinhal
• Redução das funções medulares abaixo da zona afectada e do SNA
• Duração: < 24h - 4 semanas
Síndromes destrutivas da medula espinhal
• Síndrome do seccionamento transversal completo da medula espinhal
• Síndrome anterior da medula espinhal • Síndrome central da medula espinhal • Síndrome de Brown-Séquard ou hemissecção da
medula espinhal• Siringomielia• Poliomielite• Esclerose múltipla• Esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou síndrome de Lou
Gehrig
Síndrome da Transecção Medular Total
• Perda de toda a sensibilidade e motricidade voluntária abaixo do nível da lesão.
• Causas: deslocação de fraturas, ferida de arma branca ou de fogo, tumor em expansão.
• Paralisia do neurônio motor inferior e atrofia muscular
• Paralisia espástica bilateral• Perda bilateral de sensibilidade
Síndrome Medular Anterior
• Causas: contusão da medula por fratura ou deslocamento vertebral, lesão da artéria espinhal anterior, hérnia discal
• Paralisia bilateral do neurônio motor inferior
• Paralisia espástica bilateral
• Perda bilateral de sensibilidade
Síndrome Medular Central
• Causas: normalmente por hiperextensão da coluna cervical → compressão da medula entre os corpos vertebrais e ligamentos amarelos
• Paralisia bilateral do neurônio motor inferior• Paralisia espástica bilateral• Perda bilateral de sensibilidade
Síndrome de Brown-Séquard ou Hemissecção Medular
• Causas: deslocamento de fraturas da coluna vertebral, ferida de arma branca ou de fogo ou tumor em expansão
• Hemissecção completa (rara) ou incompleta
• Paralisia unilateral do neurónio motor inferior• Paralisia espástica unilateral• Anestesia cutânea unilateral• Perda unilateral de sensibilidade• Perda contralateral da sensibilidade
táctil, dolorosa e térmica
Siringomielia• Causas: anomalia do
desenvolvimento do canalcentral da medula, afetandonormalmente a região cervicalda medula e tronco cerebral.
lesão da via espino-talâmica lateral
Poliomielite
• Infecção viral aguda dos neurônios da coluna cinzenta anterior da medula espinhal e núcleos motores dos pares cranianos.
• Atrofia muscular
• Problemas respiratórios
Esclerose múltipla
• SNC - desmielinização das vias ascendentes e descendentes
• Causa desconhecida
• Possivelmente, mutações nos genes que codificam as proteínas das bainhas de mielina ou por reações auto-imunes contra essas proteínas.
• Sintomas: fraqueza dos membros, ataxia, espasticidade e paralisia.
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou Síndrome de Lou-qehrig
• Exclusiva das vias córtico-espinhal e neurónios motores dascolunas cinzentas anteriores
• Causa desconhecida
• Progressiva atrofia muscular, paresias, fasciculação,espasticidade. Pode afectar pares cranianos.
Bibliografia• Machado, Ângelo; Neuroanatomia Funcional; Editora
Atheneu; 2ª edição; 2004
• Snell, Richard; Neuroanatomia Clínica para Estudantes de Medicina; Editora Guanabara Koogan; 5ª edição; 2001
• Netter, Frank; Atlas of Human Anatomy; Elsevier; 4ª edição; 2006
Obrigado