Mutações sociais e sistemas educativos

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Mutações Sociais e os Sistemas Educativos

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Mutações Sociais e os Sistemas

Educativos

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Sociedade

Educação

Sistemas Educativos

Mutações Sociais

Tecnologia

Ciência

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“O modo como uma sociedade seleciona, classifica, distribui, transmite e avalia os saberes

destinados ao ensino reflete a distribuição do poder no seu interior e a maneira como, desta

forma, se assegura o controlo social dos comportamentos individuais.” (Forquin ,1993, p.85)

A sociedade estrutura-se por uma base constituída pelas forças produtivas e das relações de

produção, donde se originam as ideias, a política, a religião, o direito e a filosofia que

constituem a superestrutura.

“Na sociedade do conhecimento, o elemento diferenciador na atividade produtiva é o próprio

conhecimento, sendo que as matérias primas passam a ter uma conotação secundária. Nessa

sociedade produziram-se também outras grandes mudanças nos âmbitos social, econômico e

produtivo. Entre elas, a mudança no modo de comunicação, derivada do surgimento da

internet e das tecnologias de digitalização de documentos. A comunicação passa a ser

processada de “muitos para muitos", facilitando a disseminação de informações e a

socialização do conhecimento. “ (Calle & Silva, 2008, p.2)

Sociedade

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Sociedade

Na Era da Revolução Industrial

Com a Revolução Industrial, no séc. XVIII , com o grande crescimento económico, com a necessidade de produção e com as aspirações sociais de igualizar todos os cidadãos pretendeu-se com a massificação da escola dotar os cidadãos com as competências básicas para o mercado do trabalho, com o fim de dar resposta ao grande desenvolvimento económico.

Como resposta a esta necessidade, criou-se um, modelo educativo, denominado por Modelo Dominante( tradicional – paradigma resistente).

O Modelo Dominante tinha como objetivos:

- formar cidadãos em grande número;

- ensino em série;

- ensino igual para todos sem ter em atenção as características individuais de cada cidadão, bem como as suas dificuldades de aprendizagem;

- ensino de elite;

- aumentar a produção;

- dar resposta ao desenvolvimento económico.

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Sociedade

Na Era da Revolução Industrial Modelo

Emergente(Paradigma emergente)

Modelo Dominante(Paradigma

convencional)

- Bem-estar económico;- Ser Humano como um meio

de produção;- Educação para o diploma, o

status, o poder;- Interesses inferiores

(estratégias pessoais de grupo);

- Ensino quantitativo;- Uniformizado, sectorial;- Racionalidade técnico-

instrumental.

- Ética, valores;- Compreensão mútua;

- Cidadania consciente;- Participação democrática;- Pluralismo, diversidade e

transformação:- Competências sociais;- Bem-estar Humano;- Ser Humano enquanto tal;- Educação para o

desenvolvimento global do Homem;

- Integrada e reflexiva;- Interesses superiores;- Qualitativo;- Racionalidade

interpretativa, crítica, de fins emancipadores.

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Perspetivas educativas da sociedade do séc.XX

Modelo Dominante

Modelo Emergente

Objectivos: - formar cidadãos em grande número; - ensino em série; - ensino igual para todos sem ter em atenção as características individuais de cada cidadão, bem como as suas dificuldades de aprendizagem; - ensino de elite; - aumentar a produção; - dar resposta ao desenvolvimento económico.

Objectivos: - valorização humana; - democratização da educação; - educação para todos; - direito à escolaridade básica: - respeito pela diferença; - participação democrática pelos diferentes agentes educativos; - cidadania; - pluralidade do ensino; - coesão social.

Resultado

- Exclusão social;- Abandono escolar;- Taxas de analfabetismo;- Trabalho infantil;- Ainda não consegue dar

resposta aos interesses dos vários actores educativos (alunos, pais, professores…)

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Modelo EmergenteSociedade Pós-Moderna

Necessidades- Ter consciência da

existência da diversidade de apetências, de aspirações e de necessidades na oferta educativa para existir o conceito de equidade, como resposta ao fracasso do modelo dominante.

- Autonomia para as escolas definirem a sua orientação educativa.

- Contornar os obstáculos tendencialmente meritocráticos.

- Participação dos actores educativos na construção da educação com a implementação de ideias e medidas.

Noção de qualidade em Educação:-Melhoramento contínuo no cumprimento dos objectivos estabelecidos, dos processos e das instituições;- Articulação dos planos curriculares e conteúdos programáticos com a capacidade dos próprios alunos construírem conhecimentos (aluno activo);- Eficácia;- Eficiência;- Adaptação dos recursos de forma

coerente com as necessidades dos contextos e territórios educativos;

- Liderança;- Professor como um

impulsionador.

Noção de produtividade:- Sucesso escolar dos alunos;- Bem-estar dos alunos;- Índices de empregabilidade.

a resposta a estas

necessidades leva à

Assim sendo, a escolarização passaria a traduzir uma sociedade mais justa, mais equilibrada e mais desenvolvida.

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Educação

Educação engloba os processos de ensinar e aprender.

É um fenómeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade.

A educação é entendida como uma prática social que procura formar indivíduos para a vida em sociedade e, portanto, deve proporcionar uma visão que lhes permita uma compreensão da sociedade em todas as suas dimensões. Desta forma, a percebemo-nos que a educação se dá no contexto da sociedade, e não apenas na sala de aula, caracterizando a relação que há entre o seu humano, a sociedade e a educação através de diferentes teorias sociológicas.

Quatro Pilares da Educação

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São as bases da Educação ao longo da vida e servem de orientação para as instituições de ensino implementarem uma metodologia inovadora baseada no desenvolvimento de competências, que privilegia um desenvolvimento completo da pessoa, capacitando-se para agir de forma responsável e eficaz na sociedade.A educação ao longo da vida deve aproveitar todas as oportunidades oferecidas pela sociedade.

“A educação deve transmitir, de facto, de forma maciça e eficaz. Cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro. Simultaneamente, compete-lhe encontrar e assinalar as referências que impeçam as pessoas de ficar submergidas nas ondas de informações, mais ou menos efémeras, que invadem os espaços públicos e privados e as levem a orientar-se para projetos de desenvolvimento individuais e coletivos. À educação cabe fornecer, dalgum modo, a cartografia dum mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele.” (Delors, 1996, p.77)

“Numa altura em que os sistemas educativos formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, em detrimento doutras formas de aprendizagem, importa conceber a educação como um todo. Esta perspetiva deve, de futuro, inspirar e orientar as reformas educativas, tanto ao nível da elaboração de programas como da definição de novas políticas pedagógicas.” (Delors, 1996, p.88)Aprender a

conhecerAprender a viver

com os outrosAprender a serAprender a

fazer

Beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo

da vida.

Compreender e respeitar o outro.

Desenvolver a personalidade.

Desenvolver competências e

aprender a trabalhar em equipa.

Quatro Pilares da Educação

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Sistemas Educativos

O sistema educativo é o conjunto de meios pelo qual se concretiza o direito à educação (artigo 2.º da Lei de Bases), o desenvolvimento global da personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade.

O sistema educativo é desenvolvido através de várias instituições e entidades públicas, particulares e cooperativas que possuem os mesmos objetivos e que cooperam entre si de forma a proporcionarem os conhecimentos, as aptidões e os valores necessários à realização individual e profissional na sociedade contemporânea.

O sistema educativo promove:

a) O desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros, das suas personalidades, ideias e projetos individuais de vida, aberto à livre troca de opiniões e à concertação;

b) A formação de cidadãos capazes de julgarem, com espírito crítico e criativo, a sociedade e, que se integram e de se empenharem ativamente no seu desenvolvimento, em termos mais justos e sustentáveis.”

O sistema educativo é desenvolvido de forma a garantir a liberdade de aprender e de ensinar..

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Mutações Sociais Os sistemas educativos necessitam

de acompanhar as mutações sociais

Sistemas Educativos

A sociedade contemporânea, em que vivemos, altera e muda significativamente os

Sistemas Educativos pelos quais nos regemos.

Esta nova sociedade em que vivemos foi designada pela primeira vez como “sociedade

pós-industrial”, por Daniel Bell. Mais tarde, por outros autores, foi também designada

como sociedade do conhecimento, pela sua centralidade no conhecimento e pela perda de

importância dos fatores tradicionais de produção.

Estas tendências de mudança da sociedade do conhecimento não fariam sentido sem as

mútuas relações que se estabelecem entre Sociedade e Educação, pois as mesmas

implicam mudanças sociais, económicas e políticas. Estas transformações modificam a

organização da sociedade tal como a conhecemos. Refletindo sobre o papel e função

reguladora do Estado, este deixa de estar centralizado no aparelho administrativo e passa

a partilhar poderes com a sociedade civil.

“Vivemos numa economia baseada no conhecimento, numa sociedade do conhecimento. As

economias baseadas no conhecimento são estimuladas e impelidas pela criatividade e pelo

engenho. As escolas das sociedades do conhecimento têm de criar estas qualidades, caso

contrário, os membros das sociedades e os seus países não se desenvolverão.”

(Hargreaves, 2003, p.13)

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Os sistemas educativos existem para garantir o direito à Educação.

O sistema educativo português, em concreto, com base na lei n.º 46/86, de 10 de

outubro, (LBSE):

• procura assegurar o direito à educação e à cultura para todas as crianças;

• a escolaridade obrigatória alargada para nove anos;

• a formação de todos os jovens para a vida ativa;

• o direito a uma justa e efetiva igualdade de oportunidades;

• a formação de jovens e adultos que abandonaram o sistema (ensino recorrente);

• a liberdade de aprender e ensinar e a melhoria educativa de toda a população.

Com base nesta Lei, assistimos, assim, à instituição de uma nova organização do sistema

educativo português que assenta numa educação pré-escolar; numa educação escolar e

extra-escolar que engloba atividades de alfabetização, de educação de base e de iniciação

ao aperfeiçoamento profissional. Mas, porque os sistemas educativos devem ser o reflexo

das necessidades sociais de uma época, devem sofrer atualizações sempre que seja

necessário.

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“Os sistemas educativos confrontam-se, hoje, com uma complexidade de problemas com

origem no processo de evolução das políticas e na transformação ou manutenção do

comportamento das administrações que as suportam, no carácter mutável das sociedades

contemporâneas nos aspetos sociais, financeiros, económicos, políticos e culturais e na

dificuldade de conceber soluções em contextos de incerteza permanente.” (Ramos, 2007)

“A par das instituições públicas, as nossas escolas devem, portanto, promover a

humanidade, o sentido de comunidade e a identidade cosmopolita que compensarão os

efeitos mais destrutivos da economia baseada no conhecimento.” (Hargreaves, 2003,

p.13)

“os sistemas educativos terão de ser flexíveis, ter capacidade de adaptação à mudança

constante, sendo proactivos e capazes de utilizar, na sua máxima extensão, todas as

possibilidades conferidas pelas modernas tecnologias da informação e comunicação, ao

mesmo tempo que funcionam como elemento agregador de indivíduos, que na perspetiva

de enriquecimento de saberes, quer no exercício ativo de cidadania”. (Ramos, 2007)

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Bibliografia: 

Costa, M. Matos, P. (2007). Abordagem Sistémica do Conflito. Lisboa: Universidade Aberta

Dávila Calle, Guillermo Antonio & Da Silva, Edna Lucia (2008). Inovação no contexto da

sociedade do conhecimento, Revista TEXTOS de la CiberSociedad, 8. Temática Variada.

Disponível em http://www.cibersociedad.net

Delors, J. (1996). Educação um tesouro a descobrir – Relatório para a UNESCO da

Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Porto: Edições ASA.

Hargreaves, A. (2003). O Ensino na Sociedade do Conhecimento. Porto: Porto Editora

Ramos, C (2007). Aspetos contextuais dos sistemas educativos. Disponível em:

http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166311