Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um...

14
Manual de em Espaços Verdes Bragança Câmara Municipal 2010 Boas Práticas Boas Práticas

Transcript of Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um...

Page 1: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

Manual de

em Espaços VerdesBragança

Câmara Municipal2010

Boas Práticas

Boas Práticas

Page 2: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-
Page 3: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-
Page 4: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

2

Coordenaçãoeditorial: JoãoC.Azevedo ArturGonçalves

Autores: AmílcarTeixeira AnaMariaCarvalho AnaMariaGeraldes AntónioCastroRibeiro ArturGonçalves CarlosAlexandreChaves ErmelindaPereira JaimePires JoãoC.Azevedo JoãoPauloMirandadeCastro LuísNunes ManuelFeliciano MargaridaArrobas MariaAlicePinto MariadoSameiroPatrício PauloCortez StephenG.Dicke

Design: AtilanoSuarez–ServiçosdeImagemdoInstitutoPolitécnicodeBragança

Impressão:Escola Tipografica - Braganca Tiragem:10000exemplares DepósitoLegal:316446/10 ISBN:978-989-8344-08-3 Edição: CâmaraMunicipaldeBragança·2009 FortedeS.JoãodeDeus 5301-902Bragança·Portugal http://www.cm-braganca.pt

Page 5: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

3

Índice

Prefácio................................................................. 7

Introdução............................................................ 9

Concepçãoeinstalaçãodeespaçosverdes....... 13

2.1Análisedolocaleenvolvente............... 15ConsideraçõesFinanceiras.......................... 15ConsideraçõesAmbientais.......................... 15ConsideraçõesSociais.................................. 21Recursos............................................................. 22Bibliografia........................................................ 22

2.2Preparaçãodosolo.............................. 23Oqueéosolo?................................................ 23Quais as características do solo impor-tantesparaobomdesenvolvimentodavegetação?........................................................ 23Preparação do solo para instalação davegetação.......................................................... 25

2.3Regaedrenagem................................... 29Sistemasderega............................................. 291-Aberturaefechodevalas...................... 302-Tubagem...................................................... 303-Dispositivosparaaaplicaçãodaágua 304-Equipamentosdecontrolodarega... 355-Provadeensaio......................................... 36Drenagem......................................................... 36Bibliografia........................................................ 37

2.4Selecçãoeinstalaçãodeespéciesvegetais................................... 392.4.1Relvados............................................. 41

Definiçãoetiposfuncionaisderelvado. 41

Selecçãodeespéciesecultivares............. 43Instalação.......................................................... 43Preparaçãodosolo........................................ 44Sementeira........................................................ 46Bibliografiarecomendada........................... 48

2.4.2Árvores,arbustoseherbáceas......... 49Selecçãodeespéciesvegetais................... 49Plantaçãodeespéciesvegetais(excep-torelvados)...................................................... 53Regras elementares para a selecção einstalaçãodeespéciesvegetais................ 57Sugestão de espécies arbóreas, arbus-tivaseherbáceasparaascondiçõesdacidadedeBragança...................................... 61Árvores–folhosas......................................... 61Árvores–resinosas........................................ 63Espéciesparaformarsebes......................... 64Arbustos–perenifóliosesemi-perenifólios 65Arbustos–caducifólios................................ 65Herbáceasbienaiseperenes...................... 66Espéciescomorgãossubterrâneos.......... 67Espéciesparacoberturadosoloefixa-çãodetaludes............................................... 68Bibliografiarecomendada........................... 69

2.5Preservaçãodeárvoresemlocaisdeobra........................................ 71

Porquesedevemprotegerasárvores?.. 71Raízescríticas................................................... 71Danoscausadospelasactividadesasso-ciadasàconstrução....................................... 73Vedações............................................................ 75

Page 6: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

4

Queárvoressalvar?........................................ 75Quatro passos para a protecção de ár-vores: cartografia e planeamento, pré-tratamento,supervisãoepós-tratamento 76Bibliografia........................................................ 81ListadeVerificação......................................... 82

Manutençãoegestão......................................... 85

3.1Fertilização............................................ 87Quais os nutrientes considerados es-senciais ao desenvolvimento da vege-tação?.................................................................. 87Como se avalia o estado da fertilidadede um solo? Como se determinam asnecessidadesdavegetação?...................... 88Fertilização........................................................ 90

3.2Rega........................................................ 93Eficiênciaderegaecálculodasnecessi-dadestotaisderega...................................... 97Eficiênciaderega............................................ 97Medidasparamelhoraraeficiênciadossistemasderega............................................. 97Cálculopráticodaeficiênciaderega....... 98Quantidade de água a aplicar na rega(dotaçãoderega)........................................... 99Cálculodotempoderega........................... 99Determinaçãopráticadataxadeaplica-çãodeáguadeumsistemaderega........ 100Operações de manutenção dos siste-masderegaeconduçãodarega.............. 100Bibliografia........................................................ 101Anexo-Estimativadasnecessidadeshí-dricasdosespaçosverdes........................... 102

3.3Relvados................................................. 103Fertilização........................................................ 103Rega..................................................................... 103Arejamento....................................................... 103

Corte.................................................................... 104Controlodeinfestantes,pragasedoenças. 106Pragasedoenças............................................ 108Renovaçãoderelvados................................ 108Bibliografia........................................................ 109

3.4Manutençãodeárvores........................ 111Podasdeárvoresemmeiourbano.......... 111Objectivosdapoda........................................ 111Aárvorecertanolocalcerto...................... 111Métodosdecorte........................................... 112Formaçãodaárvorejovem......................... 113Bibliografia....................................................... 117

3.5Manutençãodearbustos...................... 119Podasdearbustos.......................................... 119Bibliografia....................................................... 124

3.6Protecçãodasárvorescontraagentesnocivos............................... 125

Prevenção.......................................................... 125Monitorização,reconhecimentodopro-blema fitossanitário e identificação doagentenocivo................................................. 128Meiosdeluta.................................................... 128Bibliografiarecomendada........................... 129Portaisrecomendados.................................. 129

3.7ÁrvoresdeRisco.................................... 139ÁrvoresdeRisco.............................................. 139Monitorização................................................ 140Medidasparaaminimizaçãoderiscos... 141Bibliografia........................................................ 142

3.8Linhasdeáguaegaleriasripícolas...... 143Como podemos melhorar a qualidadedaágua?............................................................. 143Comopodemosminorarosefeitosdascheiasedassecas?......................................... 143Manutenção/ recuperação das galeriasripícolas............................................................. 144Bibliografiarecomendada........................... 145

Page 7: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

5

3.9Inventárioegestãodainformação..... 147Aárvorenomeiourbano............................ 147Planeamento e Gestão de Parques Ar-bóreosUrbanos............................................... 148InventárioArbóreoUrbanodaCMB........ 149Bibliografia....................................................... 152

3.10Resíduosdejardim.............................. 153Compostagem................................................. 153Outrosmétodosdecompostagem.......... 154Aplicaçãodocomposto............................... 155Bibliografia........................................................ 156

3.11Envolvimentoeparticipaçãodapopula-çãonagestãodosespaçosverdes............. 157

Criarumprojectocomunitário.................. 157Instalação.......................................................... 158Financiamento................................................. 158Manutençãoedinamização....................... 159Bibliografia........................................................ 160

3.12Segurançaehigienenosespaçosverdes................................. 161

Concepção....................................................... 161Espaçosdejogoerecreio............................ 162Manutenção.................................................... 164Bibliografia........................................................ 165

Glossário............................................................... 167

Autores................................................................. 171

Page 8: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

23

2.2 Preparação do solo Margarida Arrobas e Ermelinda Pereira

Osoloéolocalondesedesenvolveavegetação.Éumsistemacomplexodematerialsólido,acompanhadodeumespaçoporosoondecirculaáguaear,cominúme-rosmicrorganismos.Estesistemaédinâmico,estandoempermanentealteração, resultadoda influênciadoambiente.

O que é o solo?Osoloéconstituídoporumamisturadequatro

componentes:i) material inorgânico (pedaços de rochas,

pedrasecalhaus,areia,limoeargila):osele-mentosmineraisdemaioresdimensões(pe-dras,areia)facilitamoarejamentodosoloeadrenagemdeáguaemexcessoeosdemenordimensão(argila)têmcomoprincipalfunçãoreteráguaenutrientesnosolodurantemaistempo;otipoderochaquedáorigemaumsolocondicionaassuasprincipaiscaracterís-ticasfísicasequímicas;

ii) material orgânico (organismos e partes deplantas em diferentes estado de decompo-sição):adecomposiçãodamatériaorgânicalibertanutrientesparaosoloquepodemserreutilizadospelasplantas;apresençadamaté-riaorgânicanosolocontribuiparaaretençãodeáguaenutrientes;

iii) ar:movimenta-senoespaçoporosopermitin-doqueasraízestenhamacessoaooxigénio;

iv) água:comnutrientesdissolvidos,soluçãofun-damentalparaocrescimentodasdiferentesespéciesvegetais,tambémsemovimentanoespaçoporoso.

Os quatro componentes referidos contribuemparaaformaçãodeumsolodeboaqualidade.Aspro-porçõesmédiasadequadasdesteselementosdeverãoserdecercade45%paraomaterialmineral,cercade5%dematériaorgânicae25%dovolumeporosodeveestarocupadocomarenquantoosoutros25%devemconterágua.

Ossolosnemsemprepossuemestasproporções.Emambienteurbano,ondeamovimentaçãodacamadamaissuperficialéfrequente,osdesaterrosdaconstruçãocivilretirampartesimportantesdesubsolo,pobresemargilaouemmatériaorgânica,quesão,muitasvezes,utilizadas para preencher vazios que serão futurosjardins.Estafrequentemovimentaçãodeterrasafectaaspropriedadesdosolo,delaresultandomuitasvezesambientesdesfavoráveisaodesenvolvimentovegetal.Assim,torna-separticularmenteimportanteoconhe-cimento das características do solo para se procederaintervençõesqueresultemnumaclaramelhoriadascondiçõesparaodesenvolvimentoradicularecresci-mentodasplantas.

Umbomsolodevefornecerágua,oxigénioenutrientes para o desenvolvimento da vegetação.Umsolobempreparadoéfundamentalparaosu-cessodainstalaçãodevegetação,particularmentenascidades.

Quais as características do solo importantes para o bom desenvolvimento da vegetação?

As características do solo consideradas maisimportantes para um bom desenvolvimento vegetaldividem-seemcaracterísticafísicas,químicasebiológi-cas.Nasfísicasdestacam-seai)textura,ii)estrutura,iii)densidadeaparente,iv)porosidadeev)humidadedosolo;nasquímicasassumemparticularrelevânciaovi)pHeavii)capacidadedetrocacatiónica;asbiológicas

Page 9: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

24

estãorelacionadascomaexistênciadeorganismosnosolo,importantesnareciclagemdenutrientes,cujaacti-vidadedependedascaracterísticasfísicasequímicasdosolo.Acorrectacompreensãodascaracterísticasbásicasdo solo (físicas, químicas e biológicas) bem como assuasinteracçõespermiteaidentificaçãoecorrecçãodeproblemasqueafectamoadequadodesenvolvimentodavegetação.

i)TexturaDiz respeito à proporção relativa de partículas

mineraisdediferentesdimensões(areia,limoeargila)no solo. O conjunto destas partículas com diâmetroinferiora2mmdenomina-sedeterrafina.Asdemaio-resdimensõesdenominam-sedeareiaeconferemumcarácter grosseiro ao solo; as de menores dimensõesdenominam-sedeargilaeconferemumcarácterfinoaosolo.Adominânciadecadaumdestesgrupospermitequeosolorecebaadesignaçãodearenoso,limosoouargiloso,havendoaindaumavariadagamadetexturasintermédias.Ossoloscomproporçõesequilibradasdostrês tipos de partículas recebem a denominação defrancos.Ossolosarenosossão,emgeral,muitoporosos,muitopermeáveis,bemdrenadosearejados,masdebaixa fertilidade. Os solos argilosos, com dominânciadas partículas de menores dimensões, possuem umelevadoíndicedefertilidadeumavezquesãoaspar-tículasdemenoresdimensões(menoresde0,002mm)as responsáveispela retençãodosnutrientesnosolodurantelargosperíodosdetempo.Noentanto,possuemporosdemuitopequenasdimensõessendo,porisso,poucopermeáveis,poucoarejados,commádrenagemefacilmentecompactáveis.Ossolosdetexturafrancasão,emgeral,osmaisfavoráveisaodesenvolvimentodamaioriadasespéciesanuaisouplurianuais.

Emcondiçõesnaturaisatexturadosoloformado

numadeterminadaáreasóvariasehouverfenómenosintensosdeerosãooudedeslizamentodeterras.Artifi-cialmentepodevariar,quandoháintroduçãodemate-rialtransportado(dedesaterrosounão),oudeentulho.Aintroduçãodestesresíduosinterrompeofluxonormaldaáguanosolo.

ii)EstruturaOarranjoqueestaspartículas(areia,limoeargila)

tomamnosolo juntamentecompartículasorgânicasdenomina-sedeestrutura.Aspartículasjuntasformamagregados.No interiordosagregadosexistemmicro-poros que retêm água mas, entre agregados, devemexistir poros de maiores dimensões que permitem adrenagemdaáguaemexcesso,promovendoumbomarejamento.Umsolocomumaboaestruturapermiteuma adequada circulação da água, trocas gasosas eumsaudávelcrescimentoradicular.Osagregadosquecompõemaestruturadosolosãofrágeisefacilmentedestrutíveis.Acompactaçãodestróiosagregados,fazdiminuiroespaçoporosoaumentandoosproblemasde drenagem e de fluxo de nutrientes, e aumenta aresistência das raízes à penetração. A estrutura maisfavorávelaodesenvolvimentoradiculardenomina-sedegrumosa,emqueaspartículasestãoassociadasentresiempequenosgrumos.

iii)DensidadeAparenteUma propriedade relacionada com a estrutura

éadensidadeaparentequesedeterminaapartirdeumarelaçãoentremassadesolosecoporunidadedevolumeedescreveoníveldecompacidadeouograudeproximidadeentrepartículas.Umsolonormalpos-suivaloresdedensidadeaparentevariáveisentre1e1,6gcm-3.Noslocaisdeconstruçãoossolospossuemcomfrequênciavaloressituadosentre1,7e2,2gcm-3,

Page 10: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

25

valoresquedificultammuitoodesenvolvimentoradi-cular.Apresençadematériaorgânicacontribuiparaadiminuiçãodovalordedensidadeaparentedossolos.

iv)PorosidadeAporosidadedosoloé funçãoda texturaeda

estruturadosolo.Otamanho,númeroedistribuiçãodosporosinfluenciaaformacomooar,águaenutrientesdissolvidos se movem através do volume do solo. Oespaçoporosoéfacilmentealterávelseosoloformo-bilizadooucompactado.Aporosidadeincluidoistiposde poros: macroporos e microporos. Os macroporosestão,normalmente,preenchidoscomarepermitemamovimentaçãolivredaáguacomnutrientesdissolvidosatravésdosolo.Osmicroporossãopequenosespaçosporososqueretêmáguaenutrientesdissolvidos,apósadrenagemdaáguaemexcesso,removidanosmacro-poros.Afaltadearejamentopodeserumproblemanossolos argilosos, normalmente muito compactos, pos-sivelmenteencharcados.Nestessoloscomcondiçõesanaeróbicas,desenvolvem-secoloraçõesacinzentadaseazuladaseodesenvolvimentodosistemaradiculardasespéciesémuitolimitado.

v)HumidadeÉ importante que exista humidade no solo

paraqueavegetaçãopossacompensarasperdasportranspiraçãoesemantenhamhidratadas.Alémdisso,aabsorçãodosnutrientesdependedaexistênciadeáguanosolo.Acapacidadederetençãodeáguapelossolosdependedasuacomposição,talcomoficouexpressoanteriormente.

vi)pHOpHdáinformaçãosobreaacidezdosolo.Esta

característica afecta a disponibilidade de nutrientes

nosoloeaactividadedosmicrorganismos.OsvaloresdepHnossolosvariamentre3e9,estandoosvaloresinferioresa7associadosaossolosácidoseossuperio-resa7associadosasolosalcalinos.Agamadevaloresconsiderada mais favorável ao desenvolvimento davegetaçãositua-seentre5,5e6,5.Noentanto,algumasespéciescrescemmelhoremsolosácidoseoutrasemsolosalcalinos.ParadeterminadosvaloresdepHalgunsnutrientes tornam-se insolúveiseficam indisponíveisparaasraízes.Porex.,emsolosácidosocálcioeomag-nésioestãomenosdisponíveiseemsolosalcalinoséoferro,zincoecobrequeestãomenosdisponíveis.Acorrecçãodaacidezfaz-secomoobjectivodeaumentaradisponibilidadedosnutrientes,adicionandocalcárioaosolo.Quandoaalcalinidadesedeveànaturezadomaterialoriginário(casodesoloscomorigememro-chasbásicaseultrabásicas)acorrecçãodopHnãoseapresentacomotarefafácil.

vii)CapacidadedeTrocaCatiónica(CTC)A fertilidade do solo depende da capacidade

das partículas do solo reterem nutrientes nas suassuperfícies.Aspartículasdosoloestãocarregadasne-gativamenteeatraemcargaspositivas(catiões)deiõescomoocálcio,magnésio,potássio,sódio,hidrogénioealumínio.Acapacidadequeosolotemparareteretrocarnutrientescarregadospositivamentecomasoluçãodosolodenomina-sedecapacidadedetrocacatiónica.Aspartículasdosoloqueatraemmaiscatiõessãoasdemenordimensão,minerais(argilas)eorgânicas(húmus).Assimossolosdetexturafinasão,emgeral,maisférteisqueossolosdetexturagrosseira(arenosos).AsanáliseslaboratoriaispodemdarindicaçãosobreaCTCdossolos.

Preparação do solo para instalação da vegetaçãoApreparaçãodosolodolocaldeplantaçãodeve

sercuidada,paraqueasraízessedesenvolvamdeforma

Page 11: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

26

adequada.Emáreasurbanas,olocalaprepararpodenecessitar de um planeamento especial pois poderátratar-sedeumaavenidaouumparquedeestaciona-mento.Olocalpodeterasfalto,oupartirdedepósitosdeconstruçãocivil.Questõescomoestaspodemcausaralgumasurpresanomomentodapreparaçãodoterrenoepodemter,comoconsequência,oaumentodotempodepreparaçãodoespaçoverde.Assim,antesdesepro-cederàselecçãodeespécieseàrespectivaplantação,énecessárioconhecerbemascondiçõesdolocalondeseráimplementadoumjardimouespaçoverde.

A identificaçãodepossíveisproblemasdosolodeverápassarpelasuapréviaanálise:numlaboratóriopoder-se-ãoavaliarparâmetroscomoatextura,oteoremmatériaorgânica,asuacapacidadederetençãodeágua,aeventualcompactaçãoouoseuníveldefertili-dade(pHenutrientes).

A preparação dos solos envolve alguns passospréviosdestinadosacriarumambientequefavoreçaodesenvolvimentoradiculareque,nofinal,garantamaexistênciadeágua,oxigénioenutrientes:

• Eliminaçãodavegetaçãoinfestante• Preparaçãodosolopropriamentedita.

RemoçãodavegetaçãoinfestanteAvegetaçãoinfestantedeveserremovida,uma

vezquecompetecomárvoresevegetaçãoprincipalporáguaenutrientesdosolo.

Háváriasformasderemoçãodestetipodevege-taçãomasométodoaadoptardependedolocaledosrecursosdisponíveis.

• Recursoaherbicidas:osherbicidasmatamse-mentesegramíneasemcercade10diasapósasuaaplicação.Nautilizaçãodestesprodutosémuitoimportanteseguirasrecomendaçõesdofabricante,expressasnosrótulos.

• Mobilizações múltiplas: ajudam a controlar avegetação.Umaopçãopodeserlavrarumavez,duranteoVerãoouOutonoeumaoutraantesdaplantação.Seforusadoequipamentopesadodevemsertomadasalgumasprecauçõesparaevitaraexcessivacompactaçãodosolo,espe-cialmenteseesteestiverhúmido.Aszonaspró-ximodasraízesnecessitamdeespecialatenção,evitandoaformaçãodesuperfíciesvidradas.

• Coberturasplásticas:acolocaçãodecoberturascomplásticonegrodurante2a3semanasnoVerãomatainfestantesesementes.Oplásticodeveseropacoàluzedeveremover-seantesdaplantaçãodasárvores.

• Mondamanualdeervasdaninhas:étrabalho-saesósetornapráticaquandoefectuadaempequenasáreas.

• Retirar relva: por vezes é necessário removertufos de relva do local de plantação. Nestaoperação algum do solo superficial pode serremovidoeporissopodesernecessáriorepô-locommaissolosuperficialoucomumcompostoorgânico.

PreparaçãodosoloAscondições do solo no local deplantação in-

fluenciamacapacidadedesobrevivênciadasespéciesao processo de plantação e formação. Os problemascomascondiçõesdosolodevemseridentificadosnolocalduranteaselecçãoecomplementadoscomanáli-seslaboratoriais,deformaaseremcorrigidosantesdaplantação.

Osolo,naáreadeplantaçãodeárvoresearbustosoudesementeiradeespéciesanuaisourelva,necessitadesercuidadosamenterevolvidoparafacilitarocresci-

Page 12: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

27

mentoradicular.Namobilizaçãodolocaldeveevitar-seaformaçãodesuperfíciesdemasiadolisas.

Quandosepreparaosolodevemconsiderar-seaindaváriosfactores:

• Ahumidade Asboascondiçõesdeplantaçãoexigemqueo

solotenhaalgumahumidade.Seosoloestivermuitoencharcadooumuitosecodeveevitar-seapreparaçãodosoloeaplantação.

• Textura Atexturarequerparticularatençãonomomen-

todapreparaçãodosolo.Ossoloscomteoreselevadosemareiasãofáceisdetrabalharmasperdemfacilmenteaáguaeosnutrientes.Nes-tessolos,aadiçãodematériaorgânicahumifi-cadapodeaumentarasuafertilidade.Mobilizarsolos argilosos, quer no estado húmido, querno estado seco, pode tornar-se muito difícilsendo,porvezes,necessáriomaistempoparaaplantação.

• Compactaçãodosolo Emambienteurbano,acompactaçãopodeser

umproblemafrequente.Acompactaçãodosoloresulta, sobretudo, da pressão exercida pelospasseiosepelotráficoemgeral.Estapressão

reduz a porosidade do solo, o arejamento edificultaodesenvolvimentoradicular.Nosso-losdetexturafinapodeformar-seumacrustasuperficialqueimpedeacirculaçãodaáguaemprofundidade.Nasuamobilizaçãodeveserusa-doequipamentoquepermitasoltá-lo,comoporexemploumaenxada,picaretaouequipamentomecânicoleve(motocultivadores).

Nossolosmaissusceptíveisdesofreremosefeitosdacompactaçãodeveráserincorporadoumprodutoor-gânico,oqueresultaránamelhoriadaqualidadedosolo.

A compactação do solo pode ser minimizadapelaaplicação,àsuperfície,deumacamadaorgânicagrosseira (porexemplo,cascasdeárvores)comcercade15cmdeespessura.

• Interfacesdosolo Quando se procede à preparação do solo é

necessárioprestaratençãoarochaseresíduosdeconstruçãoquandosemobilizaosolocomequipamentomecânico.Emgeral,estesresídu-osdiminuemasuaqualidade.

• Correcçõesdosolo A camada mais fértil do solo está, em geral,

confinada aos primeiros centímetros, por setratardolocalquerecebeosresíduosorgânicos

Algum equipamento de mobilização do solo. Da esquerda para a direita: enxadas, picareta e moto cultivador.

Page 13: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

28

devegetaçãopré-existente,querecebeáguae,eventualmente,algunsfertilizantes.Noentanto,em ambiente urbano associado à construçãocivil,aremoçãodacamadasuperficialdosoloé prática comum, tendo como consequênciaa diminuição da sua fertilidade.Da análise àscaracterísticas físicas e químicas do solo quefica,poderesultaranecessidadedeseintrodu-ziremcorrectivosmineraisouorgânicosafimdegarantirumambientefavorávelaodesen-volvimentoradicular.Naalturadapreparaçãodosoloparaseinstalaranovavegetaçãodeveproceder-seàincorporaçãodestescorrectivos,nasquantidadesaconselhadaspelolaboratório.Háaindaapossibilidadedeseprocederà in-corporaçãodesolosuperficialtransportadodeoutroslocais.Nestecaso,étambémconvenienteconhecer-seassuascaracterísticas,atravésdeanáliseprévia.A introduçãodecorrectivossódeveráserfeitaseforcomprovadaasuaneces-sidade.

Page 14: Manual de Boas Práticas · Manual de em Espaços Verdes Bragança ... ção de taludes ... de um espaço poroso onde circula água e ar, com inúme-

Plano Verde da cidade de Bragança

O Município de Bragança decidiu, em Julho de 2004, através da Divisão de Defesa do Ambiente, iniciar o Plano Verde da cidade

de Bragança, assinando um protocolo de colaboração com o Instituto Politécnico de Bragança, no sentido da elaboração do Plano Verde da cidade, do livro Espaços Verdes de Bragança e

do Manual de Boas Práticas em Espaços Verdes.

O Manual de Boas Práticas em Espaços Verdes aborda, de uma forma prática e profusamente ilustrada, todas as fases essen-

ciais na concepção, instalação, manutenção e gestão de espaços verdes, sejam eles privados ou públicos.

O Manual de Boas Práticas em Espaços Verdes é uma publica-ção fundamental para os amantes e entusiastas dos espaços

verdes, com e sem formação especializada, fornecendo a informação de base sobre as boas práticas nos espaços verdes

e informação mais especializada para o leitor mais exigente.