Luxação congénita da anca
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FISIOTERAPIA PEDIÁTRICA
LUXAÇÃO CONGÉNITA DA ANCA
Docente: Olga Maia
LUXAÇÃO CONGÉNITA DA ANCA
A luxação congénita da anca ou a displasia congénita da anca pode estar presente em 10% das crianças nascidas vivas, percentagem que vai decrescendo até 2% ou 3%, nas formas mais graves. A frequência da luxação também se altera com os factores geográficos, raciais e antecedentes familiares semelhantes a uma maior elasticidade generalizada dos ligamentos.
A doença incide mais no sexo feminino e há uma predominância do lado esquerdo. Costuma ser uma lesão bilateral.
A Manobra de Barlow descoberta em 1962 é realizada em dois tempos pelo médico para ver se é possível encaixar a cabeça femural no acetábulo. Quando isso acontece ouve-se um clique ou estalido, o que significa que existe uma luxação da anca.
A criança sofre de displasia da anca, quando apresenta os seguintes dados clínicos:
Encurtamento aparente do membro inferior em relação ao lado oposto;
Hipotrofia da musculatura de um membro em relação ao outro;
Proeminência do grande trocânter (parte externa do ossos fémur) do lado afectado;
Assimetria das pregas da pele na região inguinal e glútea;
Limitação da abdução do membro inferior afectado com as coxas flectidas a 90º sobre o tronco (como se estivesse fazendo um
número 4);
Articulações dos joelhos em flexão total. Até 18 meses de idade o tratamento é com a fralda para tentar encaixar a cabeça do
fémur, depois disso é feita uma cirurgia chamada de osteoctomía.
ETIOLOGIA
Teorias: Multifatorial - Má formação - Neuropatia / miopatia
>> Má formação - Defeito germinal do talus
Defeito primário do astrágalo causando flexão plantar e inversão deste osso de modo contínuo com consequentes alterações das partes moles músculo-tendinosas e ligamentares.
>> Neuropatia / miopatia
Anormalidade primaria nas partes moles (unidade neuromuscular) produzindo alterações ósseas secundárias.
Do ponto de vista clínico, crianças com PTC apresentam artéria tibial anterior hipotrófica e hipotrofia óbvia do tornozelo. O pé anormal poderá chegar a ser consideravelmente menor em comprimento e largura.
DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito com a realização de testes que provocam a deslocação
de uma anca instável ou a redução (“encaixe”) de uma anca já deslocada; na prática são aqueles movimentos de abertura das coxas que o pediatra faz ao bebé.
Com frequência o médico diz à mãe que o filho tem um clique ou estalido da anca, não sendo estes de uma forma geral uma alteração patológica. Após o período neonatal a avaliação da anca deve continuar e manifestações como limitação ou assimetria na abertura das coxas ou encurtamento de um membro em relação ao outro podem traduzir doença.
Por vezes o diagnóstico é feito só mais tarde, quando a criança tem uma forma invulgar de andar (deambular) ou não consegue iniciar a marcha.
Para além da clínica, a ecografia, nos bebés mais pequenos e a radiografia da anca, nos mais velhos, pode ajudar o diagnóstico. Em situações mais complicadas podem ser necessários outros
exames como a ressonância magnética.
Diagnóstico diferencial
Anca Séptica;
Fractura da Anca;
Osteomielite do fémur;
Deficiência focal femoral proximal.
Tratamento conservador:
- Relativamente ao tratamento, este deve ser orientado por um ortopedista e deve ser individualizado, dependendo da idade da criança e da gravidade da situação. Muitas vezes quando se detecta uma anca instável ao nascimento é aconselhado, embora controverso, o uso de fraldas duplas ou triplas, que obriga a um posicionamento de normalização da anca.
- Do nascimento aos seis meses de idade, é usado uma tala de Palvlik no lactente, para reduzir a luxação da anca, durante seis semanas; ela estabiliza a anca com sucesso em 95% dos casos. Um atraso do diagnóstico até quatro semanas de idade não parece afectar o sucesso do tratamento com tala. A TJ.S. da anca é útil para determinar se a tala reduziu a anca no início do tratamento e avaliar se a displasia
acetabular regrediu adequadamente para permitir retirar a tala.
TRATAMENTO
Tratamento cirúrgico:
Em pacientes com LCA diagnosticada mais tarde, pode ser necessário a redução fechada da luxação da anca com miotomia do adutor da anca sob anestesia geral com imobilização prolongada. Pacientes mais velhos e os mais jovens que não respondem ao tratamento fechado podem exigir redução cirúrgica aberta da anca. Pode ser necessário o encurtamento do fémur proximal, para obter redução sem pressão excessiva sobre a cabeça do fémur. Em crianças maiores, se houver displasia do acetábulo ou a anca estiver em valgo, poderá ser necessária uma osteotomia desrotacional e varizante do fémur, para centralizar a cabeça femoral na região mais central do acetábulo.
Prognóstico
O diagnóstico precoce e o tratamento com órtese provavelmente resultarão numa anca normal no lactente com LCA.
O tratamento posterior por imobilização ou redução cirúrgica tem um prognóstico mais incerto, com a possibilidade de necrose avascular da anca, rigidez da mesma, infecção pós-operatória e instabilidade articular residual.
ESTUDO DE CASO
Dados Pessoais
Nome: M.F.
Idade: 6 anos
Sexo: Feminino
Diagnóstico Médico
Luxação congénita da anca
História Clínica
- Após a primeira consulta com o Pediatra, foi detectado no paciente uma diminuição das amplitudes normais, sendo diagnosticado luxação bilateral congénita da anca.
- Ao iniciar a marcha, verificou-se que a criança apresentava claudicação sem dor.
AVALIAÇÃO
Estado Geral:
- Esta paciente apresenta-se ao serviço acompanhada com a mãe.
- É uma criança participativa. A mãe é bastante interessada e comunicativa e está sempre pronta a ajudar sempre que solicitada.
Postura:
Postura: A paciente apresenta o membros inferiores normais, alternando com flexão do cotovelo e braço junto ao tronco.
Atitudes escolióticas: não apresenta atitude escoliótica.
Palpação:
Tónus muscular: a paciente possui um tónus muscular do
membro inferior, diminuído.
Amplitudes articulares passivas:
Relativamente ás amplitudes articulares passivas do membro inferior estas encontram – se limitadas.
Objectivos do Tratamento
A curto prazo:
- Conquistar a confiança da paciente;
- Manter/ganhar as amplitudes articulares normais da coxo-femural;
- Evitar a instalação de retracções capsulares, ligamentares e musculares que contribuem ainda mais para a diminuição da mobilidade do membro inferior;
- Aumentar o tónus muscular;
- Dar a noção do movimento normal para aquela articulação.
A longo prazo:
- Conquistar as amplitudes normais de todo o M.I. e utilizá-las harmoniosamente com o movimento;
- Obter um M.I. o mais funcional possível;
- Obter o máximo de funcionalidade do M.I. de modo a permitir uma maior independência possível nas AVD’s.
PROGRAMA DE TRATAMENTO
Utilização da bola de Bobath, para a mobilização da articulação coxo-femoral.
Rolar na bola, na posição de sentado, Fazer passar a bola á volta da criança, sem a
perder, Colocar vários obstáculos, com vários tamanhos
(labirinto), onde a criança, atravessa os obstáculos, realizando salto tesoura, cercar por fora, tentando não tocar nos objectos.
PROGRAMA DE TRATAMENTO
O relógio – Desenhar um relógio, onde a criança fixa uma das pernas e com a outra, vai pondo a perna nas horas certas.
A perseguição da serpente consiste na colocação de uma corda, que fica presa, por umas das extremidades, na outra a fisioterapeuta segura na corda, serpenteia-a rapidamente, mudando o ritmo e o sentido das oscilações da corda. Pretende-se que a criança, mate a cobra com o pé.
Atravessar o rio – idêntico ao anterior, com o objectivo de atravessar o rio sem tocar na água.
PROGRAMA DE TRATAMENTO
Luta de galos – frente a frente (fst/mãe e criança), a pé coxinho, segurem-se pela mão e lutam, mutuamente, fazendo com que o adversário ponha o pé no chão.
O Túnel – a fisioterapeuta, a mãe e a criança, colocam-se em fila de pernas afastadas, o primeiro lança a bola entre as pernas, fazendo passar a bola até ao último, que vai colocar-se rapidamente à frente do primeiro e assim sucessivamente.
BIBLIOGRAFIA
GARDNER, GRAY, O’RAHILLY – Anatomia – Guanabara Koogan, Brasil, 1998
RATLIFFE, Katherine T. – Fisioterapia Clínica Pediátrica – Editora Livraria Santos
S’JONGERS,J,J. – Jogos Educativos – Direcção geral dos desportos.
Trabalho realizado:
_Catarina Peniche, nº11962
_Liliana Seixedo, nº11640
_Marlene Adro, nº10606
_Mónica Videira, nº11597
_Sofia Paínhas, nº11740