“LABORATÓRIO VIVO”: O CULTIVO DA HORTA ORGÂNICA … · plantio da horta doméstica, a horta...
Transcript of “LABORATÓRIO VIVO”: O CULTIVO DA HORTA ORGÂNICA … · plantio da horta doméstica, a horta...
“LABORATÓRIO VIVO”: O CULTIVO DA HORTA ORGÂNICA COM O PROPOSTA PEDAGÓGICA À EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA
Salete Ana Treméa1 Rosana Biral Leme2
Resumo: Este artigo é o resultado da viabilização de uma proposta de Educação Ambiental no Ensino Fundamental, por meio de práticas ecopedagógicas de forma lúdica que despertam a consciência ecológica em diversos atores sociais na comunidade escolar. Para tal, fez-se necessário implantar uma atividade teórica e prática – a Horta Orgânica –, que foi um mecanismo propulsor da interdisciplinaridade, uma vez que, promoveu a interação dos envolvidos em um “Laboratório Vivo”, cada qual agregando sua contribuição: os professores , na medida em que adaptarem seus conteúdos a uma nova abordagem, mais atrativa no processo de ensino-aprendizagem, abordando nas suas práticas cotidianas saberes ambientais; os alunos , que por meio do estudo de princípios voltados à ótica ambiental, puderam despertar uma sensibilidade ecológica mais apurada, que possibilitou a resolução de problemáticas ambientais existente no espaço escolar em equipe, vivenciando a realidade contemporânea, que exige uma ação positiva e consciente em sociedade, bem como o acesso a um tema transversal, meio ambiente que proporcionou a integração e o diálogo de saberes; os pais , que por meio dos filhos, tiveram acesso a um conteúdo não trabalhado, nem discutido em sua realidade tempo-escola, proporcionando a oportunidade da abertura de novos saberes. Estes atores, por meio dos conteúdos e de oficinas lúdicas vivenciadas na construção da horta orgânica na escola puderam mudar não somente a sua prática cotidiana, mas construir hábitos e atitudes críticas e conscientes, que levaram a assumir compromissos permanentes com a qualidade ambiental, bem como formas de ver e agir no espaço sócio-ambiental, que transcendem o ambiente escolar. Palavras-chave: educação ambiental; horta orgânica, diálogo de saberes.
Abstract : This article is the result of the feasibility of a proposed Environmental Education in Elementary Education, through ecopedagogical practices through play that arouse ecological awareness on various social actors in the school community. To this end, it was necessary to deploy an activity theory and practice - the Organic Garden - which was a drive mechanism of interdisciplinarity, since promoted the interaction of those involved in a "Living Laboratory", each adding their contribution: the extent that teachers adapt their content to a new approach, more attractive in the process of teaching and learning, focusing on their daily practices environmental knowledge, the students through the study of principles aimed at environmental perspective, could trigger a more ecologically sensitive found, which allowed the resolution of environmental problems existing in the school team, experiencing the contemporary reality, which requires a positive action and conscious society, as well as
1 Pós-graduada em Metodologia do Ensino de Geografia, Supervisão e Gestão Escolar, graduada em Geografia pela FACIBEL, professora da rede estadual de ensino, atuante na área de Geografia e participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, ano 2010. SEED/PR. Email: [email protected]. 2 Professora orientadora – UNIOESTE – Francisco Beltrão, Doutora em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP. Email: [email protected].
2
access to a cross-cutting theme, the environment that provided the integration of knowledge and dialogue; parents through the children had access to a content that is not worked, nor discussed in their reality-time school, providing the opportunity of the opening of new knowledge. These actors, by means of content and workshops play experienced in building the organic garden at the school could change not only their daily practice, but habits and attitudes critical and conscious, leading to permanent commitments to environmental quality, as well as ways to see and act in the socio-environmental factors which transcend the school environment. Keywords : environmental education, organic garden, a dialogue of knowledge
INTRODUÇÃO
A intenção de realizar a presente discussão surgiu no decorrer dos trabalhos
realizados com os alunos, além dos diversos questionamentos feitos quando
ministrava a aulas de Geografia com ênfase em meio ambiente e saúde, além de por
em prática uma metodologia inovadora e motivadora aos alunos, aproveitando
espaços na escola para realizar atividades que valorizassem o meio ambiente.
Desde muito cedo sonhava em ser professora, assim, desde a adolescência
busquei a formação de magistério que focava o ensino rural, no decorrer já
empregávamos técnicas orgânicas no cultivo dos alimentos na escola e na família.
No ano de 1970, ainda no estado do Rio Grande do Sul iniciei a carreira de
professora, sendo que em 1978 ingressei no quadro efetivo de funcionários do
estado do Paraná. Em 1991 conclui o curso superior em Geografia na FACIBEL
(Faculdade de Ciências Humanas de Francisco Beltrão), desde então venho
aprimorando-me com pós-graduações no Ensino de Geografia, em Supervisão e
Gestão Escolar, e cursos oferecidos pela SEED-PR.
Após muitos anos em sala de aula como professora do ensino fundamental e
médio, percebi a necessidade de estudar mais aprofundadamente o tema Educação
Ambiental correlacionada com a matéria por mim disciplinada, assim, quando surgiu
a oportunidade de participar do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE
vislumbrei a chance de consolidar este desejo.
Deste modo, o presente tema originou-se da necessidade na adoção de
uma metodologia capaz e eficiente de interligar práticas ambientalmente
3
sustentáveis com meio ambiente e saúde de forma simples e assimilação fácil pelos
alunos no cotidiano escolar.
Este trabalho é parte conclusiva do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, um Programa de Formação Continuada de Professores da
Rede Estadual da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, como parte
integrante da carreira do magistério, em parceria IES e NREs. Desenvolveu-se a
partir de um trabalho de intervenção na escola, como forma de mudança e melhoria
no processo ensino-aprendizagem.
Especialmente, este artigo tem por objetivo relatar e refletir sobre a aplicação
do projeto de intervenção, Unidade Didática com a temática ambiental “Laboratório
Vivo”: o cultivo da horta orgânica como proposta pedagógica à educação ambiental
na escola.
O projeto de estudo, utilizando como pressuposto teórico os princípios
básicos da Educação Ambiental, tem por finalidade possibilitar a inserção de
práticas sustentáveis e de educação ambiental no cotidiano dos docentes e
discentes do Colégio Estadual Júlio Giongo Ensino Fundamental Médio e Normal da
cidade de Pranchita no Sudoeste do Paraná, especificamente os alunos da 5ª série
“A”, por meio de uma proposta viável e necessária.
O projeto de intervenção ambiental teve como premissa básica viabilizar a
implantação de uma horta orgânica no colégio, utilizando-se para isso, de um
espaço geográfico disponível e ocioso, no qual serão realizadas ações em oficinas
ludopedagógicas articuladas aos conteúdos lecionados na sala de aula. Para as
disciplinas que compõem a grade curricular da 5ª série A, cabe a função de orientar
de forma técnica e pedagógica a partir do auxilio dos professores regentes das
mesmas, também de os alunos sobre as práticas que serão usadas no cultivo da
horta. Além de contribuir para o a enriquecimento da merenda escolar e resgatar o
plantio da horta doméstica, a horta orgânica colocará o aluno do centro urbano em
contato com a terra, permitindo a interatividade da ação educacional com a relação
direta do fazer cultural e com as relações do homem com a terra, como ser
integrante e transformador do meio ambiente.
Pretende-se que esta atividade seja uma aliada consubstancial, na
perspectiva da proposta política pedagógica, da práxis dialética dos temas
transversais, que possibilite a melhoria da qualidade de vida escolar e familiar com a
mudança de hábitos, atitudes e gostos alimentares, bem como a mudança da
4
postura e da percepção de responsabilidade em relação à Educação Ambiental
quanto aos diversos espaços em que vivem.
Para alcançar essa pretensão, esse projeto aposta no incentivo pelo gosto de
se cultivar uma horta na escola como eixo gerador de ações de Educação Ambiental
de forma real e interdisciplinar, que viabilizará o desenvolvimento de conteúdos das
diversas áreas do conhecimento com competência, habilidade, criatividade e prazer,
através de experiências ludopedagógicas e ecologicamente saudáveis com
aprendizado básico e científico, na busca de soluções criativas e fundamentadas na
abordagem do tema.
A atividade de horta desenvolvida junto à escola incentiva os alunos ao hábito
de cultivar alimentos orgânicos, mostrando o valor nutricional das hortaliças
cultivadas de forma sustentável e ecológica, que agride menos o meio ambiente,
sendo econômica e qualitativamente viável para a sociedade envolvida no projeto.
A Lei nº. 9.795/99, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental,
aborda nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica da SEED-PR, que a
temática da Educação Ambiental deve estar presente em todas as disciplinas,
caracterizando-se como uma prática educativa integrada, contínua e permanente, na
dimensão sócio-ambiental, nos conteúdos específicos ao longo da Educação Básica,
de forma contextualizada e a partir das relações com as questões políticas e
econômicas. Cumpre mencionar que para tornar eficaz o disposto pela Lei, a
Educação Ambiental pode ser utilizada em diferentes práticas pedagógicas como
instrumentos para, por exemplo, no caso da disciplina de Geografia, a compreensão
do espaço geográfico, dos conceitos e das relações sócio espaciais nas diversas
escalas geográficas. Dessa forma, a Educação Ambiental deve ser compreendida
como um tema “transversal”, que pode ser tratado no currículo nas diferentes áreas
do conhecimento.
Uma forma de abordar os temas transversais, no caso a Educação Ambiental
favorece a compreensão de vários aspectos, que compõem a realidade articulando
as contribuições de diversos campos do conhecimento e é por meio do
desenvolvimento de projetos com atividades e práticas de Educação Ambiental na
escola. E é a partir desta percepção que se desenvolve a proposta de trabalho da
horta escolar, como “Laboratório Vivo” para estudos e experiências inter e
transdisciplinar.
5
Para tanto, faz-se necessário observar a distribuição dos conteúdos na grade
curricular dos alunos do ensino fundamental, uma vez que a temática ambiental
encontra-se fragmentada, o que dificulta o diálogo de saberes entre as disciplinas,
os professores e alunos, impossibilitando a inclusão de práticas integradas no
cotidiano desses atores sociais.
O projeto favorece toda a comunidade escolar pelos benefícios que as
diferentes atividades proporcionam na melhoria do meio ambiente e da qualidade de
vida no engajamento dos professores e alunos no fazer pedagógico escolar.
REFERENCIAL TEÓRICO: A CRISE AMBIENTAL E OS DESAFIO S DA
CONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Geografia é uma ciência que estuda o espaço geográfico e as ações do
homem em relação ao meio em que está inserido. Esta disciplina não abrange
apenas ao ambiente da sala de aula, mas é uma prática diária, portanto a forma
como são abordados e construídos os conhecimentos com os alunos é o cerne de
uma Educação mais democrática e comprometida na luta contra a falta de
consciência ambiental e participação, e contra a exclusão social. Nesse sentido,
Dias (1994, p. 35) salienta que:
Temos que encontrar o equilíbrio que permita viver com desigualdade e igualdade, perseverando os sistemas que assegurem a vida no planeta. Apesar do óbvio, o homem não tem demonstrado ter compreendido essa necessidade premente.
Referindo-se ao papel da Educação Ambiental, Dias (1994) assevera que a
mesma teria que estimular o desenvolvimento de uma nova consciência a respeito
das relações do homem com o seu ambiente, para depois produzir novas condutas
capazes de levar os cidadãos a se envolverem com as questões ambientais e
reconhecerem que os valores inculcados pela Educação Ambiental desempenham
um papel muito importante na sadia relação entre homem e meio ambiente.
Atualmente, no contexto escolar, faz-se necessário minimizar a desigualdade
humana, com o resgate de valores éticos e ambientais, considerando-os em todos
os planos e em qualquer área de atividade.
Dias (1994, p. 19), afirma que:
6
Valores como o respeito pela vida e pela natureza, solidariedade, altruísmo, democracia, responsabilidade, honestidade, amizade, tolerância, autodisciplina, lealdade, modéstia e outros, precisam ser redescobertos. Se quisermos reverter o quadro que encontramos nos noticiários, ou nas ruas, ou na nossa própria inquietação existencial, temos que começar logo, pois temos muito tempo excedente para nos enclausurarmos em improdutivas discussões acadêmicas.
Observa-se na citação do autor, que ele aponta atitudes efetivas para
melhorar a qualidade ambiental. Assim, espera-se que as autoridades educacionais
e autoridades da área ambiental orientem seus servidores para a inclusão da
questão de valores ambientais em suas práticas, desde cursos de capacitação,
reformulação de conteúdos disciplinares, elaboração de políticas públicas, até a
preparação de recursos institucionais para ações educativas formais e não formais.
Apenas dessa forma, acredita-se, é que os predispostos da Lei nº. 9.795/99 não se
resultarão em uma infrutífera “letra morta”, sem eficácia por não haver preparo e
qualificação dos profissionais para sua implementação prática.
No contexto escolar constata-se que a Educação Ambiental é abordada de
forma compartimentada, sem envolvimento maior por parte da comunidade escolar
(diversos profissionais da escola, alunos, pais e pessoas da comunidade).
Os modelos de desenvolvimento econômicos adotados principalmente pelos
países ricos são causadores de degradação ambiental, desigualdades sociais e
misérias. No Brasil, os problemas ambientais mais graves relacionam-se com o
desmatamento, os incêndios florestais, a erosão, a escassez de água, a
desertificação, a extinção de espécies, o aumento de favelas e o uso inadequado da
terra, bem como, a exploração dos nossos recursos naturais por processos
predatórios (destruidores), que atendem exclusivamente aos interesses econômicos
de pequena parte da população.
Os efeitos perversos elencados não são suportados proporcionalmente por
toda a coletividade, uma vez que, a maior carga de danos ambientais é sustentada
por países pobres, com políticas públicas mais frágeis na esfera ambiental e que
possibilitam maiores investimentos em atividades industriais perigosas e poluidoras.
Dias (1994 p. 28), ao abordar a temática, afirma que “[...] a maioria dos problemas
ambientais tem suas raízes em fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e
éticos”.
7
O direito ao desenvolvimento pressupõe o respeito aos princípios ecológicos,
pois o ser humano, além de ser parte integrante da natureza, não é apenas um ser
de materialidade, mas também de espiritualidade, e desfruta de recursos materiais
que são limitados e devem assegurar às gerações presentes e futuras a satisfação
de suas necessidades básicas. Por isso, o novo paradigma deve conceber o mundo
como um todo integrado e a nova visão de mundo precisa ser holística. O
crescimento econômico linear necessita ser substituído por um desenvolvimento
sustentável, fundado na co-responsabilidade, na cooperação e na solidariedade.
A sociedade carece de mudanças nos valores culturais. Dentre estas, é
imprescindível a modificação na racionalidade, isto é, da forma de conhecer e utilizar
a natureza. Para que haja a superação da visão antropocêntrica de mundo –
segundo a qual, o homem se conhece como o único detentor de direitos –, torna-se
mister uma nova forma de conhecimento que venha a superar a lógica de que saber
é poder. Esta mudança apenas é possível quando provém do diálogo entre os
saberes, o qual deve se dar com uma abertura da relação entre o saber e o sujeito,
gerando a emergência de novas identidades (LEFF, 2004). Dessa forma, a pesquisa
pressupõe a formação de uma consciência ecológica através da educação escolar
com uma alfabetização ecológica para a preservação do meio ambiente atual e
futuro, por meio da ecopedagogia na escola.
A preocupação pela preservação dos recursos naturais passou a ser
preocupação mundial, bem como responsabilidade de todos. A partir do movimento
que o homem começou a sentir e observar a degradação do meio ambiente tornou-
se corresponsável pela mudança. Segundo Sirvinskas (2005), a evolução do homem
foi longa até atingir uma consciência plena e completa da necessidade da
preservação do meio ambiente. Esta consciência advém tanto das ameaças que
vem sofrendo nosso planeta, quanto pela necessidade de preservação dos recursos
naturais para as futuras gerações.
Na concepção de Capra (1982), a obsessão pelo crescimento econômico e
pelo sistema de valores que lhe é subjacente está ameaçando o futuro do planeta. A
economia global está demandando recursos naturais além dos padrões de
sustentabilidade. Criou-se um meio ambiente físico e mental no qual a vida se tornou
extremamente insalubre. Talvez o aspecto mais trágico desse dilema social seja o
fato de que o perigo à saúde, gerado pelo sistema econômico capitalista, é causado
tanto pelo processo de produção, quanto pelo consumo de muitos artigos supérfluos
8
que são produzidos e promovidos por campanhas maciças de publicidade são
propulsores da expansão econômica.
Boff (2000, p. 83) enfatiza que:
A terra, já dizia Gandhi, atende às necessidades humanas de todos, mas não agüenta a voracidade das elites consumidoras. O tipo de relação pilhadora da natureza deve encontrar o seu limite, porque os recursos da Terra não são renováveis, são limitados. Aqui há um limite intrínseco à perpetuação da ordem do capital como ordem mundial.
Observa-se que, são várias as violências causadas ao meio ambiente e para
buscar proteção é imprescindível a conscientização do homem, para se apropriar
das palavras de Sirvinskas, “por meio do conhecimento homem versus ambiente”
(2005, p.4). A partir do momento em que o homem começa a perceber os
problemas, esse pode modificar suas posturas e superá-las. A legislação ambiental
brasileira é considerada uma das mais completas, prevendo instrumentos de
controle como o zoneamento ambiental, o licenciamento e a avaliação de impactos e
a obrigatoriedade de reparação de dano ambiental. No entanto, as leis são sempre
consideradas um tema só para especialistas. Todavia, na legislação está
estabelecido que cabe à sociedade desempenhar um papel importante como
cidadãos, facultando-lhes o encaminhamento de ações populares ambientais Uma
vez que, de acordo com a Constituição Brasileira de 1988, capítulo VI, artigo 225:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.
Para contribuir com a parte que cabe ao cidadão e transformar essa
informação em realidade é importante conhecer também a Legislação e a Política
Ambiental Brasileira. Leis e resoluções foram publicadas, até mesmo, há autonomia
dos estados e municípios sobre a questão, mas a aplicação da lei e a
implementação de medidas efetivas para assegurarem um meio ambiente
equilibrado para todos, deixam muito a desejar. De toda maneira, é importante que
se desenvolva um projeto de consciência ambiental que proporcione desde cedo,
aos cidadãos, práticas sustentáveis.
9
No mesmo sentido, Reigota (1994, p.15) aponta que na Conferência de
Estocolmo, primeiro texto que aborda a temática da Educação Ambiental, está
disciplinado o dever de educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais.
Capra (1996) enfatiza o caráter indispensável da Educação Ambiental, ou nas
suas palavras, do “eco-alfabetização”, isto é, a necessidade dos atores sociais
pertencentes à biota em conhecer os princípios e fundamentos para uma
comunidade sustentável. Segundo o autor, é necessário revitalizar as comunidades
educativas, comerciais e políticas, para que as mesmas ajam de forma sustentável e
tornem-se comunidades humanas sustentáveis. Para tanto, é imprescindível que os
atores sociais conheçam os princípios básicos da ecologia, como: a
interdependência e interligação mútua de todas as práticas humanas na dinâmica da
natureza, por meio do pensamento sistêmico e a natureza cíclica dos processos
ecológicos, que demonstra a importância de um agir sustentável que não afete a
cadeia alimentar e de exigência de todos os seres vivos.
Deste modo, a Educação Ambiental é uma prática que deve estar presente
em todas as ações do cotidiano, estimulando a consciência ambiental. Seguin (2002,
p. 101) afirma que “a prática educativa, associada a outras práticas sociais, é
produtora de saberes e valores”. Valores estes, que devem ser repensados e
contextualizados num novo cenário ambiental, todavia, ainda não se observa no
âmbito escolar, uma eco-alfabetização interdisciplinar e contextualizada, uma vez
que, é tida ainda, como um conteúdo estanque, uma parte sem conexão com o todo.
Em complemento, Dias (1994, p. 7) assevera que:
A Educação Ambiental deveria considerar o meio ambiente em sua totalidade, ser contínua, atingir todas as faixas de idade, ocorrer dentro e fora da escola e examinar as questões ambientais locais, nacionais e internacionais, sob o enfoque interdisciplinar.
Para Reigota (1994), a introdução do ensino de Educação Ambiental na
escola passa por uma modificação fundamental na própria concepção de Educação,
a qual provoca uma “revolução” pedagógica. Segundo relatos de professores do
colégio em que se aplicou a presente experiência de intervenção pedagógica, a
Educação Ambiental tem provocado nos alunos grande interesse pelos temas
abordados e participação nas atividades propostas, bem como o envolvimento entre
10
os professores de várias disciplinas e entre eles e os alunos, não só na escola, mais
também na comunidade.
Dessa forma, educação atua como um instrumento de defesa ambiental. Ela é
o primeiro passo para a conscientização e valorização da biota. Capra (1996, p. 231)
enfatiza que “precisamos nos tornar, por assim dizer, ecologicamente alfabetizado.
[...] entender os princípios de organização das comunidades ecológicas e usar esses
princípios para criar comunidades humanas sustentáveis.” Seguin (2005, p. 3)
complementa asseverando que a educação é base e princípio densificador do
Estado Democrático. É um direito subjetivo do cidadão, através do qual ele assume
a plenitude de sua dignidade e resgata a cidadania.
Trata-se, assim, de uma questão ética que não pode ser apenas ambiental,
mas também socioambiental, pois o ambiente vem marcado pelo social e o social
pelo ambiental. Isso não significa diminuir a importância do ser humano, nem de
supervalorizar os demais seres, em detrimento daquele, mas apenas de
compreender o homem como membro da natureza, como um ser que faz parte do
complexo das relações do universo.
Boff (2000b, p.72) aponta ainda que o ser humano é um ser de relações
ilimitadas, juntamente com outros no mesmo mundo e no mesmo cosmos e, por
isso, a proteção da natureza implica na conservação da própria humanidade. A
evolução do universo e a melhora na qualidade geral de vida dependem de uma
relação harmoniosa do ser humano com o meio ambiente e com os ecossistemas
naturais; depende da inclusão da população pobre no processo de desenvolvimento.
Enfim, o que pode ser aferido dos ensinamentos desses estudiosos é que
somente existirá progresso social se todos os seres humanos forem beneficiários do
avanço científico, com um mínimo de dignidade, sem prejuízo da existência das
gerações futuras. Deve-se, portanto, primar pela conscientização de valores ideais
como reciclar, poupar, flexibilizar e diversificar. É necessário que os indivíduos
despertem a sensibilidade para captar as implicações ambientais, por meio de uma
reflexão ética sobre o tema, na qual os valores ecológicos ideais sejam ressaltados
primando pelo pleno desenvolvimento do homem, bem como pelo seu preparo para
o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho e, por fim, seu
engajamento ecológico.
A tradicional separação entre as disciplinas, humanas, exatas e naturais,
perde sentido, já que o que se busca é o conhecimento integrado de todas elas para
11
a solução dos problemas ambientais. Nesse sentido, Reigota esclarece o real
sentido do conhecimento escolar propiciado pela prática da Educação Ambiental:
Na Educação Ambiental escolar devem-se enfatizar os estudos do meio ambiente onde vive o aluno, procurando levantar os principais problemas da comunidade, as contribuições da ciência, os conhecimentos necessários e as possibilidades concretas para a solução dele (1994, p.27).
Para muitos professores, pais e alunos, a Educação Ambiental só pode ser
feita quando se sai da sala de aula e se estuda a natureza “in loco”, mas se apossar
dessa perspectiva significa correr o risco de tê-la como única atividade possível,
quando na verdade é apenas mais uma dentre um extensivo leque de possibilidades
existente.
O fato de a educação ambiental escolar priorizar o meio onde vive o aluno,
não significa de forma alguma, que as questões (aparentemente) distantes do seu
cotidiano devam ser ignoradas, pois estamos procurando desenvolver também a sua
consciência e participação como cidadão planetário.
DISCUSSÕES E RESULTADOS
A importância do espaço físico da escola como um recurso educacional está
crescendo. As escolas estão dando maior ênfase ao aprendizado ativo e ao
engajamento prático, na mesma medida em que procuram melhorar a qualidade
ambiental do espaço escolar. O foco já não é apenas “o que ensinar para os
estudantes” e “como eles estão se comportando”. Hoje, a escola é um ponto de
partida em que crianças, jovens, adultos e a comunidade interagem e aprendem
juntos. Consideramos o habitat, a horta orgânica na escola, um “Laboratório Vivo”
de aprendizagem a céu aberto, que fornece elementos essenciais para a vida dentro
e fora da escola e traz oportunidades de experiências e saberes para todas as
idades.
A utilização da horta orgânica como um instrumento pedagógico evoca a
aplicação de um conceito profundo na pedagogia. Historicamente consideramos
apenas a biblioteca, o laboratório de informática como ferramentas essenciais para a
preparação dos estudantes com habilidades necessárias para que eles sejam bem
12
sucedidos no futuro. Pois bem, agora é preciso reconhecer as lições que a natureza
pode nos ensinar por meio de uma horta na escola, que revele a integração do
conhecimento escolar e a prática cotidiana na inter e transdisciplinaridade. No
século XXI este tipo de conhecimento é tão importante quanto a leitura e a
informática, portanto é uma necessidade básica da Educação.
Optou-se neste trabalho, pelo desenvolvimento de um projeto de
sustentabilidade ambiental de cunho teórico e prático com os alunos da 5ª série “A”
no Colégio Estadual Júlio Giongo, em Pranchita – PR, por meio de uma metodologia
holística e ecológica, através da qual se pretende realizar uma prática voltada às
necessidades da escola e aos interesses dos alunos, integrando conhecimentos
ambientais e curriculares por meio de aulas articuladas, para que possam utilizar a
base teórica para as aplicações práticas no processo educativo.
A educação para a cidadania propõe questões sociais para a aprendizagem e
a reflexão dos alunos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais e Estaduais (DCEs) incluem no currículo escolar temas
transversais, dentre eles a Educação Ambiental que pode ser trabalhada de forma
interdisciplinar ou transversal. Em atenção ao disposto quanto aos temas
transversais, esse projeto, pautando-se numa melhor qualidade de vida e educação
do aluno, propõe o desenvolvimento das atividades previstas como objetivos
estruturados por meio de ações, em oficinas ludopedagógicas.
Os instrumentos utilizados no desenvolvimento deste trabalho caracterizam-
se pelas pesquisas bibliográficas, documentais, práticas didáticas, artigos de revista
e internet, além de vários outros meios e técnicas de pesquisa direta e indireta.
Busca-se construir propostas, sugestões para subsidiar o planejamento e a viabilizar
as atividades de Educação Ambiental, lúdicas e práticas na escola.
Muitos conceitos-chave devem ser seguidos para se obter sucesso na
experiência, como modelo em outras escolas com desafios similares, primeiro
estabelecer uma relação de confiança antes de se iniciar o processo para assegurar
uma continuação positiva entre os participantes, cujo tema central é a Educação
Ambiental. O foco principal do trabalho foi melhorar os hábitos, as atitudes e o
comportamento em relação ao meio ambiente e saúde buscando uma maior
conscientização ecológica em relação ao espaço geográfico em que vive.
O maior desafio estava em educar, incentivar e inspirar as pessoas a agirem
de forma ecologicamente responsável e sustentável no meio ambiente, buscando
13
uma melhor qualidade de vida, reforçando a importância que se deve ter com o
habitat.
Como relata o trabalho, a horta é um “Laboratório Vivo”, que possibilita uma
aprendizagem teórica e prática, auxiliando os professores nas aulas de diversas
disciplinas de acordo com os objetivos, pensando no aprender dos alunos, nas
expectativas e necessidades.
Os resultados superaram as expectativas porque as atividades na escola
foram além do planejado, envolvendo alunos e professores de outras séries com
uma maior integração e participação das atividades escolares.
O fazer pedagógico revelou estratégias significativas oferecendo ao aluno
oportunidades de “aprender a aprender” fazendo.
O projeto viabilizado na escola tem valiosas repercussões na sociedade local,
quando:
- os alunos conseguem realizar suas idéias de forma clara e precisa durante
as atividades propostas;
- na escrita é possível perceber os sentimentos que o trabalho proporciona
aos alunos e professores;
- quando as hortaliças cultivadas na horta orgânica são inseridas na merenda
escolar, fazem muito sucesso e todos querem provar, pois é do trabalho dos alunos
e professores que é torna-se possível colhê-las;
- na colaboração e o envolvimento de alunos e professores de outras séries
valorizam a proposta de estudos e trabalhos apresentados;
- na demonstração afetividade e maior comprometimento nos trabalhos em
sala de aula que os alunos passam a transparecer, no respeito e tolerância as
diferenças presentes entre eles, dialogam com atenção e respeito.
A construção coletiva de saberes gera frutos dos quais cada um tem a
oportunidade de vivenciar um espaço escolar mais organizado, mudança de atitudes
em relação ao meio e saúde, realização de atividades inter e multidisciplinares,
satisfação e prazer da colheita e do consumo de alimentos, que são frutos do
trabalho na valorização do meio ambiente e da vida.
O projeto exige o envolvimento da comunidade escolar, bem como a
participação de entidades públicas e particulares por se tratar de saberes científicos
e técnicos na sua viabilização e implantação.
14
DESENVOLVIMENTO
A implantação do projeto de uma horta orgânica na escola teve início no dia
04 de julho de 2011, no Colégio Estadual Julio Giongo Ensino Fundamental, Médio e
Normal localizado no perímetro urbano da cidade de Pranchita/PR. Nesse período a
professora proponente apresentou o projeto a direção e a equipe pedagógica, que
concordaram com a necessidade da realização de atividades práticas de Educação
Ambiental (EA) envolvendo alunos, professores e comunidade, sendo que a EA está
contemplada no currículo escolar da referida unidade de ensino. O projeto teve
ótima aceitação.
Na elaboração da proposta de intervenção pretendeu-se apresentar uma
alternativa motivadora no ensino-aprendizagem de EA na Geografia e outras
disciplinas, utilizando a metodologia da ludicidade. O que se deseja é promover uma
formação articulando os conteúdos e na interdisciplinaridade por meio de atividades
teóricas e práticas na horta orgânica escolar, através de sua implantação, que
permite um ensino com técnicas dinâmicas de forma pedagógica no processo de
ensino- aprendizagem, onde o ser humano se perceba como parte integrante e
agente de transformação do ambiente em que vive e, veja essa ação de forma
sustentável e ecologicamente viável.
Desse modo, produziu-se um projeto composto de fundamentação teórica e
prática em atividades com modelo de oficinas, explorando o contexto local em
diferentes situações com a utilização de técnicas variadas, e como motivação a
construção do mural e banner sobre o tema elaborado.
A aceitabilidade do projeto foi tão estimuladora, que a professora proponente
e demais professores colaboradores do PDE nas áreas de Ciências e Educação
Física, elaboraram um painel idealizado e construído pelos interessados. O slogan
do painel foi o seguinte: “Da horta à arte de comer e brincar” , trazendo a
importância da atividade lúdica, a teoria e a prática no ensino e aprendizagem
advindos do trabalho pedagógico da horta orgânica.
A ideia de implantar a horta orgânica escolar surgiu a partir de várias
necessidades, dentre elas destacam-se: a necessidade de uma prática pedagógica
que despertasse maior envolvimento dos professores e alunos na questão da EA
escolar; a ocupação de um espaço ocioso, além da urgência de encontrar uma
15
temática que possibilitasse a valorização do ambiente escolar com a participação da
comunidade escolar.
A primeira ação do projeto foi a apresentação no colegiado escolar, direção,
supervisão, funcionários e alunos para que pudéssemos verificar como cada
membro se posicionava em relação a questão. Em seguida, alguns professores de
diferentes áreas e disciplinas se propuseram a participar para a realização do projeto
de intervenção.
A apresentação do projeto aos pais ocorreu em agosto de 2011, em reunião
pedagógica mediante a convocação efetuada pela direção escolar. A professora
apresentou o projeto e as atividades que seriam desenvolvidas. Os pais
concordaram e consideraram interessantes, principalmente porque a maioria é
oriunda de famílias cuja renda provém da agricultura e, portanto, resgatar a cultura
agroecológica local.
O desenvolvimento das atividades “oficinas”, contou com a colaboração de
outros professores que se empenharam no auxílio e realização das ações,
aproveitando os conteúdos de suas disciplinas (interdisciplinaridade) com o contexto
ambiental da horta escolar.
No início de setembro de 2011, ocorreu a apresentação do projeto aos alunos
com aula expositiva, painéis, slides e vídeos. Os alunos ficaram motivados, a
proposta era inovadora, principalmente porque envolvia o lúdico e atividades
práticas fora da sala de aula. A turma escolhida foi a 5ª série “A” formada por trinta
alunos. O primeiro passo foi levar os alunos para conhecer o local em que seria
desenvolvida a horta escolar. A seguir as aulas foram ocorrendo normalmente, com
a exposição dos conteúdos relacionados à Geografia e EA.
Na efetivação da proposta do trabalho, primeiramente os alunos responderam
um questionário “pré-teste” que teve o objetivo de diagnosticar o conhecimento e o
interesse dos mesmos com relação à implantação de uma horta orgânica no
ambiente escolar tendo como tema a Educação Ambiental (EA).
O questionário diagnóstico aplicado foi composto por questões abertas e
proporcionou uma ampla variedade de respostas, expressas livremente pelo aluno.
Este instrumento contemplou perguntas que buscaram caracterizar e investigar o
nível de informação e formas de entendimento que os educandos possuem com
relação ao ambiente em que vivem, além de identificar a percepção do grupo quanto
16
aos aspectos ambientais, conhecimentos sobre EA, alimentação saudável e as
dinâmicas da natureza.
Para conhecer a realidade dos alunos foi aplicado um questionário como “pré
teste” e “pós teste” conforme o quadro 1 a seguir:
QUESTÕES PRÉ TESTE PÓS TESTE 1. Existência de horta na família 27 28 2. Consumo de hortaliças 30 30 3. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas 27 28 4. Importância do cultivo da horta escolar 30 30 5. Realização de atividades práticas na escola. 30 30 6. Existem problemas ambientais na escola 30 - 7. Disciplinas que tratam do tema educação ambiental na escola. Geografia 30 30 Ciências 28 30 Língua Portuguesa 3 30 Educação Física - 28 Artes - 30 8. Influência da lua no cultivo das plantas 30 30 9. Uso de plantas medicinais na família. 30 30
Na primeira e terceira questões os alunos responderam se havia uma horta
em suas residências e se cultivavam plantas medicinais, condimentares e
aromáticas, 90% dos pesquisados responderam que sim e 10% que não, justificando
a falta de espaço físico para plantio.
Na questão número dois, o consumo de hortaliças em suas casas é de 100%
dos alunos, bem como na questão número quatro da importância do cultivo da horta
escolar e também na questão número cinco a realização de atividades práticas na
escola. Na questão seis, a ocorrência de problemas ambientais no espaço escolar
praticamente foi solucionada durante as atividades propostas no projeto.
As disciplinas que trabalham o tema EA na escola na questão sete são:
Geografia 100%, Ciências 93%, Língua Portuguesa 10%, Educação Física e Artes
não abordam o tema. Após o projeto de intervenção escolar a participação dos
professores de outras disciplinas na discussão e colaboração com os temas
referentes à EA foi expressiva, chegando a quase 100% das respostas obtidas por
meio dos alunos no pós-teste.
A influência lunar no cultivo de plantas na questão número oito, e o uso de
plantas medicinais na questão número nove, representaram 100% dos alunos.
17
Após a análise, sistematização e registro das opiniões dos alunos, deram-se
início a outras atividades e oficinas, como: “O meio ambiente em palavras”, cujo
registro visou a construção de um Glossário Ambiental, com termos que vão auxiliar
na compreensão e contextualização dos assuntos abordados no decorrer dos
trabalhos realizados, e que tiveram continuidade durante o ano letivo.
A oficina “Trilha Escolar” teve a função de familiarizar os alunos com o
espaço escolar e a visualização dos problemas ambientais existentes no espaço
geográfico. Após a identificação e discussão coletiva, relacionaram-se as possíveis
soluções na melhoria do ambiente. Em algumas soluções tiveram a colaboração do
1º Ano do Curso Normal, sendo do agrado de todos participarem na resolução dos
problemas da escola. Os relatos escritos e orais demonstraram a satisfação dos
alunos na resolução de situações problemas relacionados ao meio ambiente. A
exposição com imagens em mural alertou nos cuidados que todos devem ter em
manter a escola um ambiente organizado e saudável.
No trabalho e estudo de campo promoveu-se uma aula com a “Visita a uma
horta comercial” nas proximidades da escola. Os alunos tiveram a oportunidade de
observar e realizar a troca de ideias e experiências com o proprietário, contribuindo
no saber para o cultivo da horta orgânica na escola.
Realizados os procedimentos da oficina, na busca de informações práticas
constatou-se ser uma forma de intervenção correta na ocupação do espaço, pautada
em modelo produtivo ecologicamente sustentável.
Os alunos demonstraram interesse e participação favorável à aplicação do
projeto na escola, percebendo que é necessário conhecimento e dedicação.
Na representação do “Mapa da horta escolar”, os alunos necessitaram
exercitar o olhar geográfico sobre o espaço determinado ou área e fazer sua
representação usando da escala geográfica, possibilitando o planejamento de
acordo com o manual técnico e os materiais disponíveis. Foi interessante observar
que os canteiros foram projetados com formas geométricas como: círculos
(mandala), retângulos, triângulos, paralelogramos e espirais.
Após a definição e elaboração do mapa, os alunos fizeram uma exposição no
mural, despertando assim a curiosidade e interesse de todos na escola. Ficou muito
bacana a organização do espaço da horta!
“Conhecendo o solo” foi uma oficina de pesquisa de campo realizada na
escola por técnicos e agrônomos com a finalidade de conhecer para realizar a
18
correção do potencial hidrogênico (pH) do solo destinado a horta. Após obter os
dados do laboratório o agrônomo retornou a escola e informou como seria o cultivo
orgânico para cultivar alimentos livres de agrotóxicos e atingir uma boa
produtividade de forma saudável na horta orgânica. O solo apresentou-se altamente
produtivo, surpreendendo a todos, possibilitando assim o cultivo de hortaliças e
demais vegetais de forma produtiva.
O trabalho da “Construção da horta escolar” aconteceu de forma planejada
com a participação dos alunos, pais e outros membros da escola, em equipe,
visando integrar a horta com o cotidiano dos alunos. Os educandos foram divididos
em grupos menores para que pudessem melhor acompanhar o preparo do solo, o
plantio e o desenvolvimento dos vegetais, verificando a presença de pragas,
promovendo a rega diária, a limpeza sempre que necessário, enfim observando o
processo de formação e desenvolvimento da horta orgânica. Nesta atividade alunos
de outras séries também participaram voluntariamente no trabalho.
Em meados do mês de setembro foram iniciados os trabalhos com a
preparação do solo, plantio de mudas de alface, chicória, cenoura, beterraba,
tomate, pimentão, rabanete, plantas medicinais, condimentares (salsa, cebola...) e
aromáticas, sempre seguindo o calendário lunar ou astronômico/agrícola.
A manutenção da horta foi realizada pelos alunos, em conjunto com a
orientadora do projeto e outros colaboradores da comunidade escolar.
Na construção dos canteiros os alunos utilizaram com criatividade, materiais
recicláveis como: garrafas pet, caixas de leite, pneus, latinhas de alumínio entre
outros.
Segundo relatos dos alunos: “Existem diversos motivos para criar uma horta
orgânica. O primeiro e o mais importante é a saúde”. “Se estamos comendo um
alimento ecológico e orgânico também estamos ajudando a saúde do Planeta”. “O
contato com a terra de “pés descalços” traz um bem estar”. “O trabalho na horta me
faz feliz”. “Ver as plantas crescerem saudáveis e rápidas é muito gratificante o
trabalho”.
A horta orgânica como “Laboratório Vivo” na escola, foi visitada pela
comunidade escolar, empresários e autoridades educacionais do NRE de Francisco
Beltrão.
Uma vez implantada a horta é possível imaginar, que a cada ano, novas
turmas darão continuidade ao projeto, o plantio da horta revelou estratégias
19
importantes, ao oferecer aos alunos oportunidade de aprender fazendo. O foco
principal do trabalho foi mudar os hábitos alimentares prejudiciais à saúde,
introduzindo alimentos orgânicos saudáveis cultivados em ambiente natural.
O trabalho de “Compostagem” foi realizado com lixo orgânico vindo da
cozinha e pátio da escola, tendo também a contribuição de pais, na coleta de outros
elementos como esterco e cinza para a realização da composteira. Como a horta é
orgânica se fez necessário saber como se prepara a compostagem que resultou em
adubo orgânico, portanto houve o acompanhamento do agrônomo e dos alunos no
decorrer do processo de formação do adubo orgânico, resultando em efeito positivo,
a sua produção junto à horta da escola e de fácil acesso. Foram trabalhados em sala
de aula pelos professores assuntos referente a necessidade de aeração da
composteira, a importância de manter o material sempre úmido e as temperaturas
que produzidas pelo composto, além da manutenção do formato das leiras.
A oficina de “Conservação do solo” foi uma amostragem em pequena
escala para que os alunos observassem e refletissem sobre a proteção do solo por
meio da cobertura vegetal. Os alunos realizaram as atividades na horta e
preencheram com precisão a tabela de resultados e constataram que o solo precisa
de cobertura para a sua conservação e produtividade. Durante a atividade e os
questionamentos, os alunos nomearam outras causas de erosão do solo além das
chuvas (ventos, desmatamento, cultivo sem terraços, ausência fossas de retenção
das chuvas...), também souberam identificar algumas formas de cultivo que evita a
erosão do solo (plantio direto, curvas de nível, quebra ventos...).
A oficina de “Cultivo em terrário” foi realizada por alunos de outra série (6ª
“A”), devido à falta de tempo e principalmente pelo interesse de outros alunos em
participar do projeto. O experimento atingiu o resultado com a compreensão do ciclo
hidrológico na biosfera terrestre e a dinâmica natural da biodiversidade. Esta
atividade manteve a atenção, o interesse e a curiosidade dos alunos
permanentemente no decorrer do ano letivo escolar.
A “Criação do espantalho” de forma lúdica e inter/multidisciplinar de Artes,
foi feita por alunos da 7ª B. O resultado surpreendeu a todos, pela organização,
criatividade e interesse dos mesmos em participar do projeto. Os alunos se
organizaram em equipes e com materiais recicláveis construíram diversos
espantalhos, usando a imaginação e fantasia. A turma se sentiu motivada e feliz em
participar no projeto, realizando uma exposição no dia da “Gincana de Pais e Filhos”
20
no Ginásio de Esporte local. A atividade chamou a atenção dos visitantes. Um
espantalho foi exposto na horta da escola, para defender e proteger a plantação dos
possíveis invasores. Este novo personagem também despertou sentimentos nas
pessoas como: respeito, amizade, admiração e alegria, tanto que aqueles que
passavam pela horta olhavam e comentavam sua representação e papel de
defender a horta de possíveis invasores.
A “Horta suspensa” foi realizada após pesquisa, estudo e planejamento, por
alunos da 6ª Série “A”, com a finalidade de cultivar em pequenos espaços
disponíveis, principalmente na área urbana.
As demonstrações foram inéditas e foi possível mostrar que é viável produzir
alimentos orgânicos através da horta suspensa, basta criatividade e boa vontade em
querer produzir alimentos naturais em casa, de fácil acesso, baixo custo e
saudáveis. A atividade tornou-se muito significativa e prazerosa aos envolvidos.
Os trabalhos realizados foram expostos à comunidade escolar e houve
grande interesse por parte dos visitantes.
Três meses após o plantio e o cultivo das hortaliças, plantas medicinais e
condimentares foram realizadas pelos alunos participantes a colheita de alguns
produtos para a merenda escolar, para o consumo de alunos e professores.
O “Dia de merendeira” foi um momento especial, após muitos estudos,
planejamento, trabalho contínuo, aulas teóricas e práticas, calo nas mãos, suor no
rosto e pele queimada pelas longas horas de trabalho dos alunos e colaboradores,
chegou a hora da colheita e do preparo dos alimentos pelos alunos, professores e
auxiliares na merenda especial, com produtos orgânicos colhidos da horta da escola
e da casa dos alunos. Foi um dia de festa em que todos aguardavam com
curiosidade a preparação e a degustação dos alimentos na escola.
O momento foi de alegria, festa, agradecimentos, aplausos e muito alimento
gostoso e saudável. Foi a grande confraternização do projeto escolar, juntamente
com outros professores e colaboradores. Todos demonstraram satisfação na
merenda do dia, valorizando os alimentos que foram cultivados por eles próprios na
escola e em casa, obtendo um novo significado com uma alimentação saudável.
A oficina da “Maquete” foi realizada por um grupo de alunos da 6ª “A”, como
amostragem de um espaço para horta orgânica no solo e também suspensa. Ficou
criativa e sugestiva para pequenos ambientes.
21
Na oficina de “Poesia temática”, a atividade foi desenvolvida pela professora
de Língua Portuguesa estimulando a redação e a oralidade por meio de poesias,
versos, paródias e músicas. Os alunos optaram por elaborar seus trabalhos em
duplas. A escrita de poesias e textos pelos alunos mostra o quanto este trabalho
junto à horta orgânica teve influência no pensar e agir de cada participante no
processo: “Nós agradecemos a professora pela brilhante idéia de uma horta
orgânica na escola, pelos alimentos que iremos consumir e uma vida mais saudável
iremos ter”. “Fizemos os canteiros, reciclamos e não usamos produtos químicos na
horta”. “Na horta a gente tem mandioca, pipoca, pepino, pimentão, alface, cebolinha,
tomate e almeirão”. “Depois das plantas crescidas faremos a colheita para uma
merenda bem merecida”. ”Todos os alunos estão entusiasmados com a horta e com
os alimentos que iremos consumir na merenda escolar e assim ficaremos mais bem
alimentados”. ”É colocando a mão na terra, que vamos aprender a participar, dando
o valor as verduras e legumes da nossa horta escolar”. “Esta foi a primeira vez que
vimos uma horta formar como meio de aprender e educar”.
Pelos relatos, os alunos entenderam a importância do projeto horta orgânica
como um “Laboratório Vivo” na escola, bem como a importância de se relacionar
com os conteúdos em estudo na prática, principalmente quando se refere ao cultivo
e alimentação orgânica saudável.
Os pais em visita a escola demonstraram curiosidade e orgulho pelos
trabalhos realizados pelos filhos, lendo os relatos e conhecendo a horta orgânica.
A oficina de construção da “Horta familiar”, devido a falta de tempo e da
influência do clima seco, foi trabalhada neste início de ano letivo de 2012, com a
participação voluntária por vários alunos da turma do projeto, que optaram por
acompanhamento técnico, embora a maioria dos alunos tenha algo cultivado em
suas casas como condimentos, plantas medicinais e algumas variedades de
hortaliças.
Os alunos têm demonstrado interesse na realização ou manutenção da horta
doméstica, buscando informações principalmente sobre o calendário lunar, sendo
que cultivam a tradição dos seus antepassados quanto à influência da Lua nos seres
vivos. A escola dispõe dessas informações através de calendários astronômicos ou
biodinâmicos.
No decorrer do projeto em diversos momentos os alunos vivenciaram a oficina
ecológica “Eco-ludo” , onde de forma participativa e dinâmica no ambiente escolar,
22
cultivando a amizade, o respeito e o espírito de equipe, vivenciaram uma
conscientização, mediante a reflexão sobre os procedimentos no meio em que vivem
e necessários a EA, contribuindo para a formação de atitudes ecológicas no
cotidiano escolar e familiar.
Na oficina de avaliação “Dança das bexigas”, foram avaliados os conteúdos
e temas trabalhados relacionados às ações propostas e vivenciadas pelos
professores e alunos. A atividade lúdica envolveu outros professores (Ciências,
Português, Artes e Educação Física), que em diversas situações já haviam
participado de atividades conjuntas, mas esta atividade culminante tornou-se alegre,
descontraída, contagiante e inteligente, onde foram realizadas dinâmicas
significativas tanto no aspecto cultural quanto comportamental dos envolvidos.
Ficamos convencidos de que as atividades coletivas dos professores foi um sucesso
como encerramento da Unidade Didática, atingindo os objetivos e metas propostas
no projeto.
A aplicação do “Pós-teste” foi a última atividade. O questionário foi aplicado
pela segunda vez junto aos alunos, para avaliar as mudanças em suas observações
conceitos e atitudes.
Por meio deste instrumento, foi possível comparar os dados obtidos na
aplicação prévia, analisando as mudanças que ocorreram após a realização das
atividades. Pelo diagnóstico da realidade após a realização das atividades propostas
constatou-se avanços significativos nos percentuais do pré-teste inicial, onde alunos
e professores demonstraram maior envolvimento e participação, apresentando
resultados positivos, cumprindo assim com a inter e a transdisciplinaridade proposta
pelo projeto na escola.
As atividades apresentadas podem fazer parte das ações planejadas nas
escolas de Educação em Tempo Integral.
É importante registrar que paralelamente a implementação da Unidade
Didática desenvolveu-se o curso GTR (Grupo de Trabalho em Rede) com
professores, colegas de Geografia de diversos lugares do Paraná, onde um ocorreu
compartilhamento de saberes pedagógicos e de experiência vivenciadas, permitindo
dessa forma uma maior integração do fazer pedagógico, proporcionando assim
maior segurança nas atividades realizadas.
É importante destacar que todas as etapas das atividades foram
acompanhadas de diálogos, discussões e reflexões sobre os conceitos necessários
23
para a efetivação dessas práticas ambientais para uma maior interação homem-
natureza.
As atividades apresentadas já podem ser do conhecimento de muitos, porém
a ideia é de mudar-se o referencial: não olhar a natureza como domínio do Homem,
mas olhá-la como parte do ser humano atual. Essas dinâmicas permitem que novos
saberes sejam construídos com os alunos, professores e pais, facilitando a
apropriação de conteúdos sistematizados, articulados com o currículo da escola.
Portanto, é preciso mobilizar a comunidade escolar neste processo, permitindo uma
formação global dos alunos no ambiente escolar. Os depoimentos dos alunos,
professores e pais foram surpreendentes e significativos no decorrer da
implementação pedagógica, permitindo o contínuo interesse e comprometimento dos
envolvidos, mediante manifestações de entusiasmo, de alegria, de prazer, de
encantamento e de realização coletiva e individual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos conceitos-chave devem ser seguidos para se obter sucesso nas
experiências, como modelo em outras escolas com desafios similares, primeiro
estabelecendo uma relação de confiança antes de se iniciar o processo para
assegurar uma comunicação eficaz entre os participantes, cujo tema central seja a
EA. Tendo assim como foco principal do trabalho a mudança de hábitos, atitudes e
comportamentos em relação meio ambiente e saúde, busca-se uma maior
conscientização ecológica em relação ao meio em que vive.
Todo o trabalho desenvolvido em uma instituição educacional tem por fim um
objetivo social de educar e oferecer melhores condições de vida e transformação
social para a população, baseando-se assim na função da escola em desenvolver
projetos e atividades que visem à disseminação do conhecimento através de suas
ações de ensino teórico e pratico.
O projeto horta orgânica na escola vem preencher uma lacuna, permitindo que
haja participação da comunidade escolar, cumprindo assim seu papel fundamental
que é o ensino e aprendizagem no processo de formação integral para a cidadania.
Segundo relatos da Professora de Língua Portuguesa: “Trabalhar com a
disciplina de Geografia possibilitou-me desenvolver ações que buscam interesses
24
comuns nas disciplinas que é o conhecimento e a mudança de atitude, contribuindo
para uma aprendizagem eficaz e contextualizada para os educandos”.
De acordo com o contexto é necessário deixar de ver a EA como um tema a
ser trabalhado pontualmente e isoladamente para entendê-la como uma prática
pedagógica cotidiana. A maneira de conceber o ensino através do trabalho com
projetos tem como ponto de partida os questionamentos e interesses dos alunos,
estes levados ao campo ambiental, podem ultrapassar diversas barreiras que muitas
vezes estão cristalizadas na concepção de não se sentirem como partes integrantes
do meio ambiente.
O projeto “Laboratório vivo” buscou estimular nos educandos mudanças de
atitudes diárias, entre elas proporcionar o respeito entre os seres humanos e os
demais seres vivos, promovendo hábitos de alimentação saudável e um trabalho
coletivo, por meio de uma prática prazerosa e significativa no processo de ensino e
aprendizagem, com a implantação de uma horta orgânica no espaço escolar.
Na implantação do projeto foi possível investigar, que por meio de atividades
educativas, os alunos melhoraram seus conceitos e atitudes, apresentando interesse
em melhorar o ambiente em que vivem. Evidenciou-se que toda ação educativa
constitui-se de um veículo importante de transmissão de conceitos, informações,
elaboração de novos saberes, construção de novos conhecimentos e somente
assim, as atitudes comportamentais foram modificadas e/ou melhoradas, mediante a
sensibilização e a mudança de pensamento dos alunos no decorrer do processo de
ensino e aprendizagem, enfocando o seu comprometimento como agente social de
transformação do seu meio.
Assim sendo, sabe-se que preparar os alunos para a cidadania, requer
oferecer-lhes momentos práticos e não mais de mero repetidor do conhecimento. As
experiências vivenciadas revelaram que os alunos apresentaram maiores interesses
em trabalhar a Educação Ambiental e Educação Alimentar em suas práticas
escolares. É importante ressaltar que todas as atividades foram desenvolvidas em
equipe e que nas mesmas houve acompanhamento da professora responsável e
também de técnicos, sempre buscando a reflexão sobre o desenvolvimento de
saberes relacionados à horta orgânica como “Laboratório Vivo”, espaço de estudo,
pesquisa e vivência.
Fatores como, a maior interação de diversos professores e por parte dos
alunos em desenvolver atividades no ambiente escolar contribuiu para mudanças de
25
percepção e atitudes em relação ao meio ambiente e hábitos alimentares, por ser
um espaço de aprendizagem.
Através das atividades descritas os alunos tiveram a oportunidade de conciliar
teoria e prática, aplicando na vivência o que aprendem na sala de aula. Desta forma
levarão uma experiência valiosa para a vida, no relacionamento entre homem e
natureza.
Outro ponto positivo e importante foi mostrar que é possível produzir
alimentos orgânicos, sem resíduos de defensivos agrícolas danosos à saúde. Isto só
pode ser viabilizado empregando um modelo de produção agrícola que proteja o
meio ambiente, a saúde do produtor e o consumidor de alimentos.
Utilizando espaços criativos construídos através de diversos modelos de horta
orgânica, revelaram-se estratégias importantes e significativas oportunizando aos
alunos meios de aprender fazendo. Sendo que, o principal desafio está em educar,
motivar e inspirar as pessoas para a substituição de hábitos nocivos que danificam a
saúde por hábitos saudáveis.
No entanto, existem obstáculos que tornam difícil o desenvolvimento de um
projeto sobre horta, devendo ser superados com criatividade e muita disposição por
parte dos educadores, sendo que, a construção de horta orgânica requer tempo e
dedicação, que nem sempre os professores dispõe devido à reduzida carga horária.
O objetivo principal do trabalho foi articular na prática os conteúdos
trabalhados em sala de aula de forma lúdica e prazerosa, e que conforme
demonstrado foi atingido com sucesso e segundo a opinião da comunidade escolar,
o projeto foi considerado uma referência.
As participações em projetos que ofereçam educação multidisciplinar, como
as oficinas ambientais colaboram para a difusão da cultura do respeito ao meio
ambiente e a saúde nas esferas individual e coletiva da sociedade.
Por meio deste percebeu-se que o tema Educação Ambiental (meio ambiente
e saúde) pode e deve ser trabalhado ao longo do ano letivo, incorporadas as suas
dimensões no planejamento pedagógico. As atividades previstas fora da sala de
aula (aulas de campo) devem culminar com ações concretas e experiências práticas.
Por menores que sejam esses momentos são importantes como reflexão e vivência,
porém nunca descontextualizados do todo. É importante partir do local para o global,
da realidade próxima e de problemas factíveis de serem resolvidos.
26
A escola precisa estar refletindo suas representações sociais e a partir delas
ir construindo novas representações e relações, mais flexíveis, mais
contextualizadas, mais construtivas, mais transformadoras e que respondam com a
eficiência às perspectivas socioambientais, transformando a escola de fato, num
lugar de formar cidadãos para enfrentar as nuances da realidade brasileira e
planetária.
Na verdade o que se procurou afirmar, ao longo do trabalho e do artigo ora
apresentado, é que não existe uma única metodologia apropriada, fórmulas mágicas
e sim, a criatividade, a ousadia e o uso de recursos simples que podem auxiliar para
que determinadas temáticas sejam mais fáceis de serem abordadas, constituindo-se
em momentos ricos de aprendizagem.
Reforça-se por meio deste artigo, a crença de que, a Educação é um
instrumento de luta, de resistência, de transformações, de estabelecimento de novas
relações nas quais os educadores têm um papel fundamental.
Sendo assim, conclui-se que preparar os alunos para o futuro requer oferecer-
lhes momentos de integração com os demais saberes, sistematizando
conhecimentos sobre as problemáticas ambientais, buscando uma nova visão e uma
nova perspectiva para o nosso meio ambiente local e planetário.
Neste contexto este projeto visou propiciar o diálogo sobre a práxis educativa
– para e pela vida – na escola. Faz-se necessário ainda afirmar que o PDE veio
como proposta de educação continuada para incentivar, entusiasmar e melhorar a
formação dos professores e assim fazer diferença na educação paranaense.
Este projeto continuará com sua implementação que envolva todas as séries
do Ensino Fundamental da escola buscando promover os processos de ensino e
aprendizagem que priorizem não apenas o melhor desempenho dos conteúdos
escolares, como também propicie aos alunos uma capacidade de correlacionar
estes conhecimentos com a sua realidade cotidiana e o espaço em que ele se
habilita a transformar.
O projeto desenvolvido em Educação Ambiental pode ser utilizado,
simultaneamente, por professores (as) de diferentes disciplinas de uma mesma série
de forma multi e interdisciplinar em diferentes momentos no cotidiano escolar.
27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais Apresentação do Temas Transversais: Ética . Brasília: MEC / SEF, 1997 vol. 8.
BRASIL, Constituição Federal de 1988 . República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.
BOFF, Leonardo. Ética da vida . 2. ed. Brasília: Letraviva, 2000a.
______. Ethos mundial: um consenso mínimo entre os humanos. Brasília: Letraviva, 2000b.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. Traduzido por Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Cultrix, 1996. Tradução de The web of life.
______. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente: uma convincente visão de uma nova realidade. A reconciliação da ciência e do espírito humano e o futuro que está para acontecer. São Paulo: Cultrix, 1982.
DIAS, Genebaldo F. Educação Ambiental: princípios e Práticas. São Paulo: Goiás, 1994.
LEFF, Enrique. A complexidade Ambiental. São Paulo: Cortez, 2003.
_______. Aventuras da epistemologia ambiental: da articulação das ciências ao diálogo de saberes. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
SEGUIN Elida. Direito Ambiental: nossa casa planetária. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1994.
SIRVINSKAS, Luiz Paulo. Manual de Direito Ambiental. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.