Johrei e Gnose

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JOHREI E GNOSE BRAZ UZUELLE

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JOHREI E GNOSEBRaz UzUEllE

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JOHREI E GNOSEPor Braz Uzuelle

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Nosso corpo possui uma energia que o mantém vivo.Mas, essa energia não é  produzida pelo corpo.Na verdade, é essa energia que produz o corpo.Nos minerais, nos vegetais e nos animais, também ocorre o mesmo processo.De igual maneira, acontece com o nosso planeta, com as estrelas e com o universo.A esta misteriosa e sagrada energia, chamo de vida.Neste livro, Braz une dois pilares de sabedoria, a Gnosis e a Messianica, e discerne, compara e equipara com iluminada clareza esta força universal.Cada página é um convite à reflexão, e cada reflexão cria uma ânsia de conhecimento e interesse pela página seguinte. É uma  good trip que vale a pena fazer.Ditoso que sou, por tê-lo como amigo, considero um privilégio e uma honra prefaciar tão grandiosa obra.Eydher.

pREfácIO

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Para o Ali Onaissi pela revisão, para o Eydher F. P. Gama pelo prefácio, para a Sueli Rojas pela beleza (dela e do visual do livro – com todo o respeito Douglão). E para todos que compreenderam que “as regras foram feitas para serem compreendidas e... quebradas”.

aGRadEcImENtOS

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SUmáRIO

DEDICATÓRIA ....................................................................................10

APRESENTAÇÃO .................................................................................12

1- JOHREI E A ALQUIMIA ..................................................................14Pranayama ..............................................................................................16Sangue e johrei .....................................................................................18

2- FÉ NO JOHREI ................................................................................20

3- A CULTURA DO SU ........................................................................22Shojo e daijo .........................................................................................25

4- ALQUIMIA À LUZ DO DIA ............................................................28A lei do três ..........................................................................................31

5- SOLO SAGRADO OU PROTÓTIPO DO PARAÍSO ......................32Oceano do sexo ....................................................................................34Amatsu norito ......................................................................................35Hieros gamus ........................................................................................36

6- JOHREI E PRESENÇA .....................................................................38

7- SONEN: O NÃO PENSAMENTO ...................................................42

8- AUTO-OBSERVAÇÃO E EU DO MOMENTO ..............................46

9- VERDADE, BEM E BELO NAS ARTES ..........................................48A prática do belo ..................................................................................50

10- ARTE E COMPORTAMENTO GREGÁRIO ................................52

11- OVER MIND POSITIVO ...............................................................54Arte como elemento de transformação ............................................55

12- GNOSE E JOHREI .........................................................................58O arco, a flecha e o alvo .....................................................................60

13- ERA DA NOITE OU ERA DE AQUÁRIUS ? ................................64Era de Aquárius ....................................................................................64Era da noite ..........................................................................................65

ADENDO ..............................................................................................68Prática para ministrantes de johrei ...................................................68Durante o johrei..................................................................................69Meditação no johrei ............................................................................70

EXORTAÇÃO FINAL ............................................................................72

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................74

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dEdIcatóRIa

A todas as mulheres. Às que nos precederam e às que virão. Único portal possível para a entrada em qualquer um dos nove céus.Aproveito para manifestar aqui um “mea culpa” um tanto isolado e retardatário, mas ainda possível, para redimir o “macho” ao longo de grande parte da história humana. Pelo menos quanto ao que me cabe, como homem e dependente que sou, “da porção melhor que há em mim agora... é o que me faz viver...” A bênção, Gilberto Gil.O gênero em questão (arquétipo feminino no seu aspecto transcendente: Divina Mãe Kundalini, Kannon, Kuan Yin, Ísis, Reia, Cibele, Minerva, Lakshmi e tantos quantos nomes se lhas dê, e também às suas representantes humanas) é mais pertinente do que se possa supor em se tratando de coisas espirituais, porque ela é “a porta estreita e difícil” aberta a todos que se atrevem a decifrá-la, mas também aos que apenas o intuem e devotam, sendo ele, o gênero feminino, tema maior deste livro, como se verá ao longo da leitura em vários momentos.Explícita e subliminarmente.Por isso escrevo uma carta aberta a todas “Elas”. Às que ainda restam:“Estamos nos consumindo. Nós, homens. Perdidos e desencontrados, e é preciso uma tábua de salvação. Perdidos e aturdidos. Como uma criança abandonada e em castigo cujo delito não justifica, aos nossos olhos, tamanha pena. O fio da lógica escapa agora, como escaparam as ações e atitudes nossas, homens que somos, alimentando séculos de dominação patriarcal e machista. A fêmea dá coerência, embora elas mesmas, impulsivas.Estamos perdidos, todos carentes de um (uma) guia, que nos receba, acolha e conduza.Crianças, nós homens, cujo brinquedo perigoso, o da dominação, fugiu-nos do controle, e agora, atônitos, não sabemos como reverter.Pedimos socorro às mães, esposas, amadas, shaktis, fadas, sacerdotisas, amantes, irmãs, vestais; reconduzam-nos ao bom caminho. Não se neguem, apesar de terem sido injustiçadas, e vilipendiadas nas casas, fogueiras, camas e em suas mais sublimes emoções. Perdoem-nos, curem-nos, restituam-nos o poder de criar, agora com consciência.

Transformem-nos em homens completos, fragmentados que estamos.Penitencio-me em nome dos homens – dos que ainda restam – e não falo aqui de machos empedernidos e sim dos que já sabem que a realização plena, só é possível quando passa pelo caminho estreito e restrito da fêmea; mãe primeiro, amante depois, parceira sempre, guia o tempo todo.Disse um iogue: ‘Para que preciso de mulher se tenho uma dentro de mim?’. Verdade relativa, porque a ‘porção melhor que tenho em mim agora’ só é possível, por obra e graça dos amores de uma mulher, a autêntica. Por condescendência ou doação espontânea de uma... Mulher.Penetrar a alma feminina e assimilar-lhe o espírito, é tornar-se-lhe, ou melhor... ‘voltar a ser uno’.Significa troca de humores, suores, amores. ‘Por trás de um grande homem está uma grande mulher, dizem os machistas disfarçados, perpetuadores da condição de macho no comando e não entendem que... por trás de um ser completo estão um homem e uma mulher que se amam. O homem é a chave, a mulher a porta, porém os segredos de acesso só ela os sabe”.

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apRESENtaçãO

Estamos vivendo a era da síntese, ou melhor, caminhando para isso, nessa época de pluralismos conceituais na religião, ciência, filosofia e arte, oriundos de meios de informação cada vez mais sofisticados. Somos bombardeados drástica e continuamente, tendo como alvos nossas retinas, mais do que elas podem assimilar, audição sem possibilidade de escolha e devida proteção, e como corolário... invasão psíquica e psicológica.Nosso espírito, ou o que há de mais abstrato e essencial em nós, precisa de sossego. “Eu quero o silêncio das bocas cansadas”, disse o poeta.E também o silêncio da mente e do corpo numa ação, quando for solicitada, mais concentrada e objetiva.Não a calma da desistência ou apatia, mas da escolha consciente, e certos de que toda informação, da qual somos alvos inertes, tem seu núcleo vital usurpado pelo caos e pela confusão, que, como agregados indesejáveis, descaracterizam-lhe a essência. Tomar posse desse núcleo é o trabalho do homem contemporâneo que já despertou, e só para quem já despertou, para a possibilidade e opção da transcendência, e assim exercitar seu – nosso – direito humano e capacidade de “ir e vir”.Retiro monástico ou chope no shopping, são soluções paliativas para a maioria de semi-despertos, ou desajustados, que resvalam quase sempre para um “rota de fuga”. Daí a motivação que surgiu em mim, despretensiosamente, de anotar pontos convergentes – e também não – de experiências vividas, na participação prática e conceitual de duas escolas, modernas na sua formatação e tradicionais nas suas origens: A Gnose contemporânea, oriunda de uma ascese e prática cristãs primitivas, crísticas, melhor dizendo, trazidas à modernidade por Victor Manuel Gomes, nome de batismo do V.M. Samael Aun Weor, líder gnóstico, e da I.M.M.B. Igreja Messiânica Mundial, fundada por Mokiti Okada, chamado também de Meishu Sama, cujo principal objetivo é alinhar o ser humano com as práticas da Verdade, do Bem e do Belo, meta maior de toda escola de regeneração humana, trilogia essa, citada por Santo Agostinho, entre outros, e que teve sua origem – a I.M.M.B. – com a ruptura e dissidência de M.O. da Omoto, uma escola de tendência esotérica, cuja genealogia deve-se ao xintoísmo.Portanto, este livro é o resultado de práticas e observações vivenciadas por mim com

seus consequentes efeitos e – defeitos –, certamente conceituais, considerando que é a minha ótica.Já foi dito e profetizado por S.A.W. que a religião do futuro será a síntese ou o melhor da metafísica cristã com o melhor do budismo. Claro está que falo aqui de religião, enquanto fenômeno de massas, salvaguardando as linhas esotéricas de outras religiões, que percebem o fio condutor e as convergências essenciais; sufísmo, budismo tântrico, taoísmo, cabala etc. que deram origem – ou se originaram – das religiões conhecidas; islamismo, budismo, hinduísmo, judaísmo e cristianismo.Creio que a antessala da verdade é o caos, ou como disse Heidegger sobre o processo de criação nas artes, “é um encontro”. Para haver um insight é preciso uma catarse e consequente esvaziamento da matéria inútil.A pós-modernidade vive agora uma catarse. A “torre fulminada” do tarô ou “kali-yuga” idade de ferro hinduísta, refletem este fenômeno sócio-humano.A confusão, sinaliza, aponta uma reorganização, uma síntese das artes na sua esfera, outra da filosofia, mais uma das religiões, também na ciência e finalmente a Síntese Maior, a Lei Maior do encontro desses quatro pilares do conhecimento humano: arte, filosofia, religião e ciência.

Braz Uzuelle

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1.JOHREI E a alQUImIa

Religião, amor, sexo:

A busca no solto, do nexo

(B.U.)

Abriu os olhos e deparou-se com a palma de uma mão, branca e delicada voltada para ele, à altura da testa, e por trás dela, um rosto bonito e sorridente de uma jovem e bela mulher, com olhos tranquilos que também sorriam. Mãos e olhos ministrando johrei.

Fechou-os novamente e abandonou-se àquela sensação. Sentiu como se um suave e agradável torpor invadisse seu corpo, enquanto buscava na memória os últimos acontecimentos que o levaram àquela estranha e insólita situação.

Fábio é estudante de design gráfico, e naquela manhã saíra apressado com os livros da faculdade - sem o desjejum - para um encontro profissional, com a perspectiva de um estágio remunerado, que o salvaria de uma indesejável contingência econômica desfavorável.

Morava numa república de jovens estudantes, vindos do interior, como ele, e tinha seus compromissos com o aluguel partilhado.

Mas naquele momento deixou a preocupação de lado, para desfrutar de uma intimidade não buscada, mas muito agradável, resultado de uma situação aparentemente negativa.

Foi apenas uma queda de pressão, e consequente perda momentânea dos sentidos, que redundou num desmaio seguindo-se um feliz encontro.

Levantou-se depois de alguns minutos de confiante abandono, recolheu os livros espalhados –entre os quais Histórias Extraordinárias de Edgar Allan Poe – e foi tomar café da manhã com Kátia, também estudante, que ele não conhecia até aquele evento... auspicioso evento. Tinham muito que conversar.

Um conhecimento maravilhoso que Mokiti Okada, ou Meishu Sama, trouxe ao mundo contemporâneo é o johrei: transmissão da energia cósmica, sendo o próprio homem, seu vetor e veículo, através da imposição das mãos postas alternadamente, a uma distância de 1 metro aproximadamente do recebedor, sob a condição de um silêncio compartilhado para um aproveitamento completo.

Sacralizar qualquer evento e ação são próprios do comportamento oriental, atitude essa que deve ser mantida durante essa prática como um estado de oração.

O ministrante usará uma medalha – ohikari – sobre a qual a energia atua, e em seguida transferida ao recebedor, sendo esta uma das práticas dos messiânicos.

A obtenção do ohikari é conseguida depois de um tempo de frequência em qualquer igreja messiânica, e após ter vivido algumas experiências como recebedor, coisa que inevitavelmente acontecerá.

Acredito que este é o grande diferencial e divisor de águas, que separam esta religião, enquanto fenômeno de massas, de outras menos pragmáticas.

Sei também que existem linhas dissidentes, ou com outras origens que usam este procedimento.

Tenho conhecimento de que o prana universal – energia etérica – proveniente do Sol envolve e satura todos os corpos e que somos “bombardeados” intermitentemente, por essa força de natureza eletro-magnético.

Esse “elã” vital sustenta e mantém suspenso o cosmo, assemelhando-se assim, a uma bolsa amniótica universal, análoga a uma mãe acolhedora, numa gravidez cósmica e atemporal.

É a Maha-Kundalini, Mãe do Cosmo, amorosa e severa a um só tempo, e nós, seres infinitesimais, os filhos muito amados e protegidos nessa matriz, nesse inimaginável útero macro ecumênico.

Chamado também de “fohat”, ou força ígnea responsável pela criação do universo e grande mantenedor da biologia universal, elemento sem o qual o mundo manifestado desintegrar-se-ia.

Poder-se-ia chamar de “Pleroma” a esse alento ou campo transcendente do Absoluto, que é emanação da Realidade manifestada e para a qual um dia ou Noite Cósmica (Pralaya), o universo retornará.

O Maha-Espírito do universo.

Os estudantes e praticantes de ioga também sabem que o fluir harmonioso e alternado dessa bioenergia é o que confere saúde e equilíbrio ao “sadhaka”.

“Fluir harmonioso e alternado” significa que essa força vital é dupla em sua manifestação, positivo-negativa, e que corresponde a uma decodificação, no momento do johrei, na captação e transmissão de tão indispensável alento.

Apropriando-me de licença poética, posso dizer que a totalidade dessa energia prânica compara-se aos componentes da semente (sêmen) translúcida na força sexual com seus elementos polarizados; masculino e feminino simbolizada ou representada por espermatozóides, que se revelam em um dos dois sexos, após o nascimento.

Lembrando ainda que o gênero humano, na sua genealogia imita ou repete um fenômeno universal da criação, que é a cooperação de forças opostas complementares para que o nascimento aconteça, sendo ele de insetos, homens, planetas ou deuses.

O nosso gene carrega, ou traz em si, as suas características imanentes (x ou y) de masculino ou feminino, comum a toda fenomenologia universal e dualista, razão pela qual a potência captada pelo johrei é energia bipolarizada.