Introdução
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INTRODUÇÃO
A física e a engenharia baseiam-se fundamentalmente em relações
entre quantidades mensuráveis, contudo qualquer medida ou valor
experimental tem pouco significado, a não ser que tenha uma estimativa do seu
erro ou incerteza e o valor por nós medido reflita a precisão com que foi medido
[FIALHO, 2006].
Mesmo com equipamentos de maior precisão e em condições ambientes
bem controladas, os erros de medição são inevitáveis e esses podem ocorrer
devido a erro de paralaxe, que consiste em um aparente deslocamento de um
objeto observado causado por uma mudança no posicionamento do
observador, aos erros do instrumento, etc.
A maioria das situações que envolvem medidas podem ser divididas em
duas famílias:
a) Medida direta – medida tomada com um tipo específico de instrumento,
como paquímetro, micrômetro, etc.
b) Medidas indiretas – o valor da grandeza é determinado a partir da
medição direta de outras grandezas.
Na maioria dos experimentos, a medição de uma grandeza R de
interesse é feita de maneira indireta, sendo esta grandeza obtida a partir de
medidas de n grandezas primárias {a1, a2, a3 ... an}. O cálculo de R é feito a
partir de uma função conhecida das grandezas primárias. Estas grandezas são
também denominadas grandezas de entrada, enquanto a grandeza R é
denominada grandeza de saída. Em linguagem formal escrevemos:
R=f (a1 , a2 ,a3 ...an)
(1)
Utilizando aproximações e um grande número de medidas (amostras),
podemos admitir o valor médio como o valor verdadeiro. Da mesma forma, a
incerteza padrão pode ser considerada como o desvio padrão verdadeiro.
Fazendo um desenvolvimento matemático apropriado segundo o método de
Kleine e McClintock, temos uma expressão para calcular a propagação de erro
da grandeza de saída, como mostra a Equação 2 [TOGINHO FILHO E
ANDRELLO, 2009]:
σ R=√( ∂Ra1 ×σ a1)2
+( ∂Ra2 ×σ a2)2
+( ∂Ra3 ×σ a3)2
+… ( ∂Ran ×σ an)2
(2)
Este trabalho tem como objetivo avaliar a propagação de erro pelo
método de Kleine e McClintock na determinação experimental da 1° frequência
natural de uma estrutura tipo viga na condição engastada-livre pelo método de
flexão e comparar este resultado com a 1° frequência teórica segundo a teoria
de Euler – Bernoulli.
Observa-se que a análise de vigas é bastante comum em problemas de
engenharia, tornando-se fundamental o estudo de sua formulação. Para uma
relação muito pequena, entre a altura (h) da seção transversal de uma viga e
seu comprimento (L), define-se a viga de Euler. Esta se caracteriza por
considerar apenas os efeitos de flexão devido à tensão normal.
MATERIAIS
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados os materiais
discriminados abaixo:
Relógio comparador;
Régua;
Balança;
Paquímetro;
Micrômetro;
Viga em alumínio;
Massa conhecida para produzir força na exterminada da viga.
MÉTODOS
Na primeira etapa do trabalho, foram realizadas cinco medições da
altura (utilizando o micrômetro) e da largura (utilizando o paquímetro) da viga
de alumínio, em distâncias diferentes ao longo do seu comprimento. O
comprimento foi determinado uma única vez, com o uso da régua, assim como
a massa da viga, utilizando a balança digital.
Na segunda etapa, a viga foi engastada, permanecendo com apenas
uma extremidade livre. Com o uso da régua foi medido o comprimento útil, ou
seja, o comprimento que sofre o efeito de deflexão devido ao peso provocado
por uma massa conhecida imposta na extremidade livre. Essa massa da força
foi determinada utilizando a balança digital. A deflexão foi medida cinco vezes
com o uso do relógio comparador.
Foi realizado o cálculo da média (Equação 3) e do desvio padrão
(Equação 4), das amostras medidas, e comparado o resultado com a resolução
do instrumento. O menor valor, entre o desvio padrão e a resolução do
instrumento, foi utilizado nos cálculos de propagação de erro segundo Kleine e
McClintock.
x=1n∑i=1
n
x i
(3)
σ=√ 1n∑i=1n
(x i−x )2
(4)
Foi determinado o volume da viga, a densidade da viga, o momento de
inércia, a área, a massa útil da viga engastada – livre, o volume útil da viga
engastada – livre, o módulo de elasticidade e a 1° frequência natural da viga
engastada – livre, segundo as equações abaixo:
Volume da viga: V=L∗b∗h (5)
Densidade da viga: ρ=MV
(6)
Momento de inércia: I=b∗h3
12
(7)
Massa útil da viga engastada – livre: M útil=ρ∗V útil (8)
Volume útil da viga engastada – livre: V útil=Lútil∗b∗h (9)
Força Peso da massa: P=M p∗9,81 (10)
Módulo de elasticidade: E=P∗Lútil
3
3∗V X=L∗I
(11)
1° Frequência natural da viga: f 1=12∗π
∗( 1,875Lútil )2
∗√ E∗Iρ∗A
(12)
Área da secção transversal: A= b*h
(13)
O resultado obtido, experimentalmente, da primeira frequência natura foi
comparado com o resultado teórico, obtido através da Equação 14.
f 1=(βL )2∗√ E∗I
ρ∗A∗L4
2∗π
(14)
βL= 1,875104
E=70 GPa
A=bcomercial *hcomercial =4,03225*10-4 m2
I= 4,03225*10-4
ρ=2700 Kg/m³
L= Lútil
RESULTADOS
O dados, referentes as dimensões da viga e a deflexão provocada pela
massa, estão resumidos na Tabela 1, juntamente com o erro do instrumento
utilizado para determinada medição.
Tabela 1- Dados coletados da viga de alumínio
Altura
(h) [mm]
Largura
(b) [mm]
Deflexão
(VX=L) [mm] Comprimento (L) [mm]
Rrégua: 1053 ± 16,22 63,5 4,23
6,21 63,45 4,13 Comprimento útil (Lútil) [mm]
Rrégua: 910 ± 16,12 63,4 4,14
6,21 63,45 4,22 Massa da Força (Mpeso) [Kg]
Rbalança: 0,16204 ± 0,000016,19 63,3 4,24
Resolução
micrômetro
[mm]
Resolução
paquímetro
[mm]
Resolução
relógio
comparador
[mm]
Massa da viga (M) [Kg]
Rbalança: 1,1148 ± 0,0001
± 0,05 ± 0,05 ± 0,01
Com os dados da Tabela 1, foram realizados os cálculos da média e do
desvio padrão segundo as Equações 3 e 4. Os resultados estão disponíveis na
Tabela 2.
Tabela 2- Resultados da média e do desvio padrão para a altura, largura e
deflexão da viga de alumínio.
Média altura (h)
[mm]
Média largura (b)
[mm]
Média deflexão (V X=L)
[mm]
6,19 63,42 4,19
Desvio Padrão (σ h)
[mm]
Desvio Padrão (σ b)
[mm]
Desvio Padrão (σ V X=L)
[mm]
0,04 0,08 0,05
Comparando a resolução dos instrumentos com o desvio padrão da
média, observa-se que o desvio padrão da largura e da deflexão são maiores
que a resolução do instrumento e por isso serão usados para o cálculo da
propagação de erro. Já, no caso da altura, será usada a resolução do
instrumento para o cálculo da propagação de erro.
De acordo com as Equações 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13 foram obtidos
os valores, para as propriedades da viga, dispostos na Tabela 3.
Tabela 3- Propriedades da viga.
Volume (V) [mm³]
413375,9994
Densidade (ρ) [Kg/mm³]
2,69682*10-6
Área (mm2)
392,5698Momento de inércia (I) [mm4]
1253,478643
Massa útil da viga (Mútil) [Kg]
0,963407407
Volume útil da viga (Vútil) [mm³]
357238,518
Força Peso (P) [N]
1,5896124
Módulo de elasticidade (E)
[N/mm²]
75989,91373
Frequência natural (f)
[(N/Kg*mm³)1/2]
0,202671201
A propagação de erro foi calculada de acordo com o método de Kleine e
McClintock, onde se estima a propagação de uma certa grandeza a partir do
desvio padrão de suas variáveis dependentes. Esse cálculo foi feito para todas
as propriedades da Tabela 3.
1. Para o Volume (V) [mm³]:
σ V=√( ∂V∂ L )2
∗σ L2+( ∂V∂b )
2
∗σ b2+( ∂V∂h )
2
∗σ h2
(14)
σ V=√ (b∗h )2∗σ L2+(L∗h )2∗σb
2+ (L∗b )2∗σ h2 (15)
σ V=3398,197004mm ³
2. Para a densidade (ρ) [Kg/mm³]:
σ ρ=√( ∂ ρ∂M )2
∗σM2+( ∂ ρ∂V )
2
∗σV2
(16)
σ ρ=√( 1V )2
∗σM2+(−MV 2 )
2
∗σV2
(17)
σ ρ=2,21708∗10−8 Kg
mm3
3. Para o momento de inércia (I) [mm4]:
σ I=√( ∂ I∂b )2
∗σb2+( ∂ I∂h )
2
∗σ h2
(18)
σ I=√( h3
12 )2
∗σ b2+( b∗3∗h
2
12 )2
∗σ h2
(19)
σ I=30,41204025mm4
4. Para a massa útil da viga (Mútil) [Kg]:
σM útil=√( ∂M útil
∂ ρ )2
∗σ ρ2+( ∂Mútil
∂V útil)2
∗σ V útil
2
(20)
σM útil=√ (V útil )
2∗σ ρ2+ ( ρ )2∗σV útil
2 (21)
σM útil=0,011213257 Kg
5. Para o volume útil da viga (Vútil) [mm³]:
σ V útil=√( ∂V útil
∂ Lútil )2
∗σ Lútil2+( ∂V útil
∂b )2
∗σb2+( ∂V útil
∂h )2
∗σ h2 (22)
σ V útil=√ (b∗h )2∗σ Lútil
2+ (Lútil∗h )2∗σ b2+ (Lútil∗b )2∗σh
2 (23)
σ V útil=2943,348621mm3
6. Para o força peso (P) [N]:
σ P=√( ∂ P∂M P)2
∗σM P
2
(24)
σ P=√g2∗σM P
2
(25)
σ P=0,0000981N
7. Para o módulo de elasticidade (E) [N/mm²]:
σ E=√( ∂ E∂ P )2
∗σP2+( ∂E∂ Lútil )
2
∗σ Lútil2+( ∂E
∂V X=L)2
∗σV X=L
2+( ∂ E∂ I )2
∗σ I2 (26)
σ E=√( Lútil3
3∗V X=L∗I )2
∗σ P2+( P∗3∗Lútil
2
3∗V X=L∗I )2
∗σ Lútil2+( −P∗Lútil
3
3∗V X=L2∗I )
2
∗σV X=L
2+( −P∗Lútil3
3∗I 2¿V X=L)2
∗σ I2
(27)
σ E=2090,967909N
mm2
8. Para a 1° frequência natural da viga engastada – livre:
σ f=√( ∂ f∂Lútil )
2
∗σ Lútil2+( ∂ f∂ E )
2
∗σ E2+( ∂ f∂ I )
2
∗σ I2+( ∂ f
∂ Mútil)2
∗σM útil
2 (28)
σ f=√( 1,8752∗(−2 )∗E12∗I
12
2∗π∗Lútil3∗( ρ∗A)1 /2 )
2
∗σLútil2+( 1,8752∗I
12
2∗π∗Lútil2∗2∗E
12∗( ρ∗A)
12 )2
∗σ E2+( 1,8752∗E
12
2∗π∗Lútil2∗2∗I
12∗(ρ∗A )
12 )2
∗σ I2
¿+( 1,8752∗(−1 )∗E12∗I
12
2∗π∗Lútil2∗2∗ρ
32∗A1 /2 )
2
∗σ ρ2+( 1,8752∗(−1 )∗E
12∗I
12
2∗π∗Lútil2∗2∗A
32∗ρ1 /2 )
2
∗σ A2
(29)
σ f=0,00392391( NKg∗mm3 )
12
9. Para a área
σ A=√( ∂ A∂b )2
∗σ b2+( ∂ A∂h )
2
∗σh2 (30)
σ A=√(h2∗σb2)+b2∗σh2 (31)
σ A=3,205551mm2
10.Calculando a 1° frequência teórica da viga, pela Equação 14, advinda da
teoria de Euler- Bernoulli, tem-se:
ω=√ E∗I∗β4
ρ∗A
(32)
β=1,875104Lútil
(33)
f= ω2∗π
=5,22243787Hz
Os resultados, dos cálculos das propriedades da viga e do erro
propagado, estão dispostos na Tabela 4 com suas unidades de acordo com o
Sistema Internacional.
Tabela 4-Propriedades da viga e o erro propagado.
Propriedades Valores Erro propagado
Volume (V) [m³] 0,000413376 ±0,000003398
Densidade (ρ) [Kg/m³] 2696,82 ±22,17
Momento de inércia (I) [m4] 1,25348*10-9 ±0,030412*10-9
Massa útil da viga (Mútil) [Kg] 0,9634 ±0,0154
Volume útil da viga (Vútil) [m³] 0,000357239 ±0,000004891
Força Peso (P) [N] 1,58961 ±0,00001
Módulo de elasticidade (E) [N/m²] 75989913729 ±3253494281
Frequência natural experimental
(Hz)
6,41 ±0,12
Frequência natural teórica (Hz) 5,22
CONCLUSÃO
Comparando-se a frequência natural teórica com a experimental,
observa-se que há uma diferença que pode variar de 17 a 20%. Isso se deve
aos erros de paralaxe, a pouca experiência na utilização dos equipamentos e
na aferição das medidas, etc. Além disso, os valores teórico idealizam
situações e condições de modo que dificilmente pode-se chegar a exatidão
desse valor através de experimentos que não estejam de acordo com a norma,
que gerou o valor usado como parâmetro.
BIBLIOGRAFIA
FIALHO, A. B. Instrumentação Industrial-Conceitos, Aplicações e Análise, 4°
edição, Editora Érica, 2006.
TOGINHO FILHO, D. O., ANDRELLO, A.C., Medição e propagação de erros.
Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral.
Departamento de Física, Universidade Estadual de Londrina, Março de 2009.
.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
ENGENHARIA MECÂNICA
INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL
PROF. MARCOS IRMÃO
GRADUANDA: CAMILA COELHO GUIMARÃES
RELATÓRIO
DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA FREQUÊNCIA
NATURAL DE UMA VIGA ENGASTADA - LIVRE
JUAZEIRO, BA.
2013