inercia

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 Matriz de In´ erci a Ricardo Bianconi Mar¸ co de 2008 Vamos deduzir a express˜ ao da chamada matriz de in´ ercia a partir do c´ alculo do momento de in´ erc ia em rel ao a um eixo qualquer passando pela origem. O  Mome nto de In´ erci a  de uma part´ ıcula de massa m em rela¸ ao a uma reta (ou eixo)  r ´ e denido como  I  = m ·  d 2 , sendo que  d  ´ e a di st ˆ ancia da part´ ıcula ao eixo. Pelo processo de discretiza¸ ao e limites, apropriado ` as integrais, p odemos denir o momen to de in´ ercia em rela¸ ao ` a reta  r  de um s´ olido  S , cuja densidade ´ e dada pela fun¸ ao  δ  :  S   R, e denotando a distˆ ancia de um ponto  P  = (x,y,z  ) ` a reta  r  por  d r (x,y,z  ), como sendo a integral I r  =  S d r 2 (x,y,z  ) δ (x,y,z  ) dxdydz, ou, de um modo mais sucinto, fazendo dm =  δ (x,y,z  ) dxdydz , I r  =  S d r 2 (x,y,z  ) dm. Vamos calcular o momento de in´ ercia de S  em rela¸ ao ` a reta  r  (passando pela origem), cuja equa¸ ao vetorial ´ e dada por ( x,y,z  ) = t v , com t  ∈  R e   v  = (a,b,c), com a 2 + b 2 + c 2 = 1. Pela escolha de um vetor unit´ ario como vetor diretor da reta, a fun¸ ao  d r 2 (x,y,z  ) ´ e igual ao quadrado do m´ odulo do produto vetorial de  v  por  −−→ OP  = (x,y,z  ) (0, 0, 0) = (x,y,z  ), ou seja, d r 2 (x,y,z  ) = (bz cy) 2 + (cx az ) 2 + (ay bx) 2 = a 2 (y 2 + z 2 ) + b 2 (x 2 + z 2 ) + c 2 (x 2 + y 2 ) 2(abxy + acxz  + bcyz ). Assim, temos que I r  =  a 2  S (y 2 + z 2 ) dm + b 2  S (x 2 + z 2 ) dm + c 2  S (x 2 + y 2 ) dm 2ab  S xy dm 2ac  S xz dm 2bc  S yz dm As integrais I 11  =  S (y 2 + z 2 ) dm, I  22  =  S (x 2 + z 2 ) dm, I  33  =  S (x 2 + y 2 ) dm 1

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inercia

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  • Matriz de Inercia

    Ricardo Bianconi

    Marco de 2008

    Vamos deduzir a expressao da chamada matriz de inercia a partir do calculo do momento deinercia em relacao a um eixo qualquer passando pela origem.

    O Momento de Inercia de uma partcula de massa m em relacao a uma reta (ou eixo) re definido como I = m d2, sendo que d e a distancia da partcula ao eixo. Pelo processo dediscretizacao e limites, apropriado a`s integrais, podemos definir o momento de inercia em relacaoa` reta r de um solido S, cuja densidade e dada pela funcao : S R, e denotando a distancia deum ponto P = (x, y, z) a` reta r por dr(x, y, z), como sendo a integral

    Ir =

    S

    dr2(x, y, z) (x, y, z) dxdydz,

    ou, de um modo mais sucinto, fazendo dm = (x, y, z) dxdydz,

    Ir =

    S

    dr2(x, y, z) dm.

    Vamos calcular o momento de inercia de S em relacao a` reta r (passando pela origem), cujaequacao vetorial e dada por (x, y, z) = t~v, com t R e ~v = (a, b, c), com a2 + b2 + c2 = 1.

    Pela escolha de um vetor unitario como vetor diretor da reta, a funcao dr2(x, y, z) e igual ao

    quadrado do modulo do produto vetorial de ~v porOP = (x, y, z) (0, 0, 0) = (x, y, z), ou seja,

    dr2(x, y, z) = (bz cy)2+(cxaz)2+(ay bx)2 = a2(y2+z2)+ b2(x2+z2)+ c2(x2+y2)2(abxy+

    acxz + bcyz).Assim, temos que

    Ir = a2

    S

    (y2 + z2) dm+ b2

    S

    (x2 + z2) dm+ c2

    S

    (x2 + y2) dm

    2ab

    S

    xy dm 2ac

    S

    xz dm 2bc

    S

    yz dm

    As integrais

    I11 =

    S

    (y2 + z2) dm, I22 =

    S

    (x2 + z2) dm, I33 =

    S

    (x2 + y2) dm

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  • sao os momentos de inercia de S em relacao aos eixos coordenados, e as integrais

    I12 = I21 =

    S

    xy dm

    I13 = I31 =

    S

    xz dm

    I23 = I32 =

    S

    yz dm

    sao os produtos de inercia (de S em relacao aos planos coordenados).A matriz I = (Im,n)1m,n3 e a Matriz de Inercia do solido S (em alguns livros e chamada de

    tensor de inercia).Observe-se que o momento de inercia em relacao a` reta r dada pela equacao (x, y, z) = t~v acima

    pode ser escrito matricialmente como

    Ir =[a b c

    ] I11 I12 I13I21 I22 I23I31 I32 I33

    I

    abc

    Vamos analisar o momento de inercia Ir como funcao, Ir = I(a, b, c), da direcao ~v = (a, b, c),cujo domnio esta restrito a` esfera a2 + b2 + c2 = 1.

    Esta e uma funcao de classe C e. como seu domnio e um conjunto compacto de R3 (ou seja,fechado e limitado), ela deve assumir um valor mnimo e um valor maximo.

    Vamos usar o metodo dos multiplicadores de Lagrange para achar os pontos de maximo e demnimo de I(a, b, c), com a restricao a2 + b2 + c2 = 1. Temos que resolver as equacoes

    I

    a= 2 a,

    I

    b= 2 b,

    I

    c= 2 c,

    ou, vetorialmente, I = 2(a, b, c) = 2~v. Assim, temos:I

    a= 2a I11 + 2b I12 + 2c I13,

    I

    b= 2a I21 + 2b I22 + 2c I23,

    I

    c= 2a I31 + 2b I32 + 2c I33,

    ou seja, I = 2 I, ou seja, o metodo dos multiplicadores de Lagrange reduz-se ao problema deresolver I~v = ~v, ou seja, achar os autovalores e autovetores da matriz de inercia I.

    Como a matriz de inercia I e simetrica, ela e diagonalizavel e possui tres autovalores, 0 < 1 2 3, e podemos achar uma base ortonormal de autovetores {~v1, ~v2, ~v3}. Nessa nova base, amatriz de I sera diagonal, ou seja, os produtos de inercia serao nulos.

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