INDISCIPLINA NA ESCOLA: CAUSAS E DIFERENTES...
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Volume 1, Número 3
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
INDISCIPLINA NA ESCOLA: CAUSAS E DIFERENTES MANIFESTAÇÕES
Páginas 159 a 171 159
INDISCIPLINA NA ESCOLA: CAUSAS E DIFERENTES MANIFESTAÇÕES
Maria Aparecida Andrade
Maria de Lourdes Lopes
RESUMO - Este artigo analisa a indisciplina, suas principais causas, diferentes
manifestações e quem contribui para o aumento de tal problema, citam caminhos
favoráveis para a postura indisciplinar, onde se estende do ambiente familiar até a
instituição escolar. Destaca que a indisciplina escolar tornam-se um dos principais
desafios aos objetivos educacionais. Baseado em estudo bibliográfico procura destacar
alguma sugestões para o professor repensar a sua prática enquanto mediador do
conhecimento, para a escola considera a importância da convivência dentro da instituição
e como ela tem função de formar o educando autônomo e crítico, com a ajuda e
responsabilidade dos pais que devem assumir seu papel com autonomia.
Palavras-chave: Indisciplina Escolar, Controle, Respeito, Disciplina.
ABSTRACT - This article analyzes the indiscipline, its main causes, different
manifestations and who contributes to the increase of such problem, mention favorable
paths for the indisciplinary position, where it extends from the familiar environment to
the school institution. It emphasizes that school indiscipline becomes one of the main
challenges to educational goals. Based on a bibliographical study, it seeks to highlight
some suggestions for the teacher to rethink his practice as a mediator of knowledge, for
the school considers the importance of coexistence within the institution and how it has
the function of forming the autonomous and critical educator, with the help and
responsibility of the parents who must assume their role with autonomy.
Keywords: School Discipline, Control, Respect, Discipline.
INTRODUÇÃO
O conceito de indisciplina não é estático, uniforme e tampouco universal, é um
ato que leva o educando a desordem, desobediência, se manifesta no contexto cultural, os
discentes tentam resistir a essa cultura para impedir o trabalho escolar.
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Um aluno indisciplinado se rebela, não acata, nem se submete, nem tão pouco se
acomoda, provocando dentro da sala de aula um desrespeito e questionamentos, é a
incapacidade de se ajustar ás normas e padrões explícitos pela escola, como cita Aquino:
O ensino teria como um de seus obstáculos centrais a conduta desordenada dos alunos,
traduzida em termos como: bagunça, tumulto, falta de limites, maus comportamentos,
desrespeito às figuras de autoridade etc. (Aquino, 1996, pag. 40).
O ato indisciplinar de um aluno, muitas vezes vem daqueles que está mal na
escola, se percebem como seres excluídos no processo de aprendizagem, se sentem
humilhados, diante isso, decidem a não concordar com o que é oferecido.
A indisciplina tem sido vivenciada intensamente nas escolas, é como uma fonte
de estresse nas relações interpessoais, por ser uma grande preocupação, esta pesquisa
levantou como problema o que contribui para o aumento da indisciplina na escola,
visando sugerir uma hipótese para apontar quem são seus causadores, onde se atribui uma
carência estrutural no educando, causada por tais fatores: sócio - histórico que são os
condicionantes culturais; atribuindo ainda aos problemas econômicos; psicológicos, a
carência familiar ou a distúrbios psicológicos dos alunos; a má formação e a incapacidade
do professor de administrar as novas formas de existência social concreta contribuindo
para que pensem criticamente sobre sua função que desempenha como educador; e a baixa
qualidade da educação nas escolas.
Com isso tornou-se um dos maiores obstáculos pedagógicos nos dias atuais, é um
dos causadores da falta de aproveitamento escolar, com essas perspectivas inclui os
objetivos pretendidos na pesquisa que é conhecer as principais causas da indisciplina na
escola, identificar circunstâncias que leva o aluno a ter comportamentos desviantes,
analisar a postura da escola enquanto mediadora do conhecimento frente a indisciplina,
contribuir para reflexão e mudanças da postura pedagógica e perceber que não é preciso
mudar quem trabalha na escola, é necessário um novo aprimoramento em torno da
educação, e assim, as justificativas que levaram a realizar este estudo, devido grandes
indisciplinas existentes na escola, e para ajudar e servir de apoio e orientações
fundamentais para a construção das práticas pedagógicas em sala de aula, trazer todos os
envolvidos na construção do educando para uma possível relação a fim de combater esse
problema.
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REFERENCIAL TEÓRICO
Indisciplina: conceituações e considerações
Ao procurar conceituações sobre o fenômeno escolar, indisciplina, observa-se que
o termo reveste de complexidade e ambiguidade, dependendo da orientação.
Considerando que indisciplina é o contrário de disciplina, muitos autores partem da
conceituação de disciplina, estabelecendo depois o contrário.
Guimarães (apud Aquino, 1996, p. 73) considera disciplina como um regime de
ordem imposta ou livremente consentida que convenha ao funcionamento regular.
Para Rego (apud Aquino 1996, p. 85), o meio educacional costuma compreender
a disciplina como obediência cega a um conjunto de prescrições e, principalmente como
um pré-requisito para o bom aproveitamento do que é oferecido na escola. Nessa visão as
regras são imprescindíveis ao desejado ordenamento, ajustamento, controle e coerção de
cada aluno e da classe como um todo.
Para Tiba (1996), disciplina é o conjunto de regras éticas para se atingir um
objetivo. A ética é entendida, aqui, como critério qualitativo do comportamento humano
envolvendo e preservando o respeito ao bem estar. Para o autor a disciplina não depende
exclusivamente de um indivíduo: pressupõe a existência do disciplinador e do
disciplinado em função de um objetivo, num determinado contexto. O contexto da
disciplina relaciona-se com o local e valores culturais vigentes. Este considera que
disciplinar é um ato complementar, isto é, depende das características pessoais do
disciplinado e do disciplinador. Portanto, diferentes professores conseguirão diversos
resultados com uma mesma classe e várias classes promoverão diferentes
comportamentos num mesmo professor.
O autor Içami Tiba (1996) ao considerar disciplina faz uma análise a respeito de
disciplina escolar conceituando-a como um conjunto de regras que devem ser obedecidas
para o êxito do aprendizado escolar. É uma qualidade de relacionamento humano entre o
corpo docente e os alunos em sala de aula, como em qualquer relacionamento humano na
disciplina também é preciso levar em consideração as características de cada um dos
envolvidos professor/aluno e ambiente. De acordo com autor o aluno é também peça
chave para a disciplina escolar e o sucesso da aprendizagem. A maior dificuldade
atualmente encontrada é a falta de motivação para estudar, porém quando o aluno tem
interesse em ganhar alguma coisa, se torna mais disciplinado. Ainda segundo Tiba o
ambiente escolar também interfere na disciplina, classes muito barulhentas, salas
apertadas, quentes e superlotadas são locais pouco prováveis para se conseguir uma boa
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disciplina, no entanto, a condição que mais prejudica é o estado psicológico. Um
professor que trabalha numa instituição que sempre protege o aluno, independentemente
do fato de este ter ou não razão, não tem respaldo da instituição de que precisa.
Quando os pais proporcionam a seu filho um pouco de liberdade e flexibilidade
nas questões cotidianas, descobrirá que ele responde bem ao desafio de tomar suas
próprias decisões, além de perceber que a vida geralmente oferece várias possibilidades
para se alcançar um objetivo. Os autores ressaltam que para impor limites é necessário
lembrar que o tom da voz e as palavras com que se usam perante as crianças podem fazer
toda a diferença entre uma luta de poder feroz e um espírito de reciprocidade. O ponto
chave é declarar suas regras e expectativas. Uma demonstração de raiva apenas aumenta
a resistência da criança quanto à mensagem. Sugere-se que os pais bem como os
professores façam listas separadas de questões negociáveis e não negociáveis.
Lembrando-se que “negociável” não significa que vale tudo, apenas que a flexibilidade é
possível. Essa abordagem requer esforço e paciência, especialmente no início. Quando se
estiver cansado ou ocupado ou a criança estiver sendo particularmente inflexível, ela pode
parecer impossível. Neste caso é bastante tentador ceder para evitar uma cena de
discussão; mas deve-se tentar conseguir que as crianças sigam de maneira séria as regras
não negociáveis, não apenas reduzirá tensão de ambas as partes, como também ensinará
a elas, uma lição importante sobre autodisciplina. Enfatizam que ás vezes pode parecer
que os ataques de fúria são o principal meio de comunicação de uma criança. Apesar de
extremamente desagradáveis, são perfeitamente normais em crianças pequenas já que não
se resumem a uma questão de saber se comportar ou não. Uma criança pequena
literalmente não pode reprimir seus sentimentos, pois vive em um universo
melodramático no qual qualquer questão é de extrema importância. Também faltam a ela
as habilidades de linguagem para expressar seus sentimentos.
Segundo Samalin e Whitney (2003) é trabalho dos pais impor limites. Mas, a meta
dos filhos é tentar escapar deles em qualquer oportunidade. Os pais devem fornecer
estrutura, eles querem liberdade. Os pais precisam garantir a sua segurança, eles são
atraídos pela aventura e o perigo. Os pais querem a consciência das consequências e os
filhos são impulsivos e completamente imersos no aqui e agora. Finalmente, a escolha
não tem de estar entre ser muito permissivo ou muito rígido. Há outro caminho que se
chama autoridade. Ser permissivo significa ter de subornar, pleitear e ceder
frequentemente levando a criança a ser feliz com os limites que lhe é imposta. Enquanto
que ser rígido é quando os pais assumem um autoritarismo excessivo e esperam
obediência inquestionável. Ser muito autoritário significa obediência total das crianças e
qualquer custo. As crianças nem sempre precisam de uma explicação nem têm que gostar
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de regras impostas. Criar filhos de forma muito autoritária gera rebeldia e mesquinhez.
Para estes autores convém lembrar que impor limites não pode comparar a impor castigos
e sim, é ensinar as crianças a pensam, argumentarem, planejarem e anteciparem os
resultados de suas ações, ou seja, ensinar como ser responsável. O melhor modo para
realizar isso é ajudar as crianças a aprenderem por meio das o disciplina. O castigo
normalmente é ineficaz porque seu objetivo é fazer a criança se sentir mal, e não ajuda a
se comportar de maneira diferente de uma próxima vez. Usar as “consequências”
possibilita as crianças uma maneira de antecipar os resultados de um comportamento
inaceitável e de participar de um plano para muda-lo. Geralmente o castigo não diminui
a frequência do comportamento dela não muda, está na hora de procurar uma abordagem
diferente. Sendo assim, o objetivo dos pais é dar vida ao aprendizado de seus filhos
cabendo a família e aos professores instruir, ensinar e ajuda-los a desenvolverem a auto
disciplina. Estes afirmam que uma das metas da disciplina positiva é ajudar as crianças a
estarem atentas ao comportamento inaceitável e instigar nelas um desejo de fazer o
melhor apesar de muitos dos métodos disciplinares que os pais usam não terem, de modo
algum, esse efeito. Ao invés disso, o castigo disfarçado de disciplina pode fazer uma
criança sentir ressentimento e fúria por seus pais. Esse é um dos motivos por que bater é
tão ineficaz.
Indisciplina Escolar
Nas últimas décadas os problemas de indisciplina nas escolas tornaram-se um dos
principais desafios aos objetivos educacionais. Entre os educadores essa questão se
apresenta como obstáculo complicador do trabalho pedagógico. Os atos considerados
indisciplinados deixaram de ser encarados como esporádicos e particulares no cotidiano
das escolas para se tornarem, talvez, uma das razões mais nucleares do alegado desgaste
ocupacional dos profissionais da educação (AQUINO, 1996; VASCONCELOS, 1998).
A indisciplina é um fenômeno escolar que ultrapassa fronteiras socioculturais
(etnias, credo, orientação sexual) e também econômicas. Segundo Aquino (2003), países
socioeconomicamente mais estáveis enfrentam situações semelhantes às do Brasil. A
indisciplina, portanto, não é um fenômeno exclusivo de países subdesenvolvidos, mas
está presente em lugares onde há melhores condições estruturais do trabalho escolar. A
indisciplina também atravessa indistintamente escolas públicas e privadas e pode ocorrer
em todos os níveis de ensino, desde a educação infantil até a universidade. Assim, o Brasil
é apenas mais um país em que a indisciplina tem sido apontada como um grande problema
do sistema escolar.
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É corrente a compreensão de que este fenômeno esteja diretamente relacionado a
regras, normas e à postura adotada pelos sujeitos frente às relações constituídas nas
diversas situações escolares, tanto na relação professor-aluno e aluno-aluno, quando
frente às formas de organização e gestão escolares e pedagógicas, seja na sala de aula ou
na escola. Tanto nos modelos de educação mais progressista, percebe-se essa relação
intrínseca ao cumprimento e/ou estabelecimento consensuado de normas e regras de
convivência e de organização, seguida do uso de sansões advindas do seu
descumprimento. Portanto, regras e normas e seu cumprimento ou descumprimento são
entendidas em estreita relação com a problemática da indisciplina (ARAÚJO, 1996;
ESTRELA, 1994; LA TAILLE, 1996; 2000).
É preciso distinguir a indisciplina escolar de outras formas de violência que afetam
a vida nas escolas. Estrela (1994) propõe uma interpretação funcional da indisciplina que
permite distinguir a indisciplina na escola ( e especialmente na turma) de outras formas
de indisciplina social. Conforme Estrela (1994, p. 12), “se a indisciplina escolar pode
tocar as fronteiras da delinquência, ela raras vezes é delinquência, pois não viola a ordem
legal da sociedade, mas apenas a ordem estabelecida na escola em função das
necessidades de uma aprendizagem organizada coletivamente.” Por isso, a indisciplina
escolar não deve ser confundida com delinquência e nem com patologia individual de
ordem biopsicológica.
Algumas práticas de violência sutis observadas na escola podem ser colocadas
para distinguir a indisciplina da violência, tais como o racismo ou a intolerância e, até, os
mecanismos relativos à violência simbólica presentes na relação pedagógica apontada por
Bourdieu (BOURDIEU E PASSERON, 1975). Nesse sentido, indisciplina e violência
possuem alterações expressivas de significados correntes sobre o conjunto das ações
escolares.
A indisciplina pode implicar violência, mas não é necessário que esta ocorra. É
neste sentido, que alguns autores distinguem vários níveis de indisciplina tais como
perturbação, conflitos e vandalismo. A perturbação pode afetar o funcionamento das aulas
ou mesmo da escola. Os conflitos podem afetar as relações formais e informais entre os
alunos, podendo atingir alguma agressividade e violência, envolvendo por vezes atos de
extorsão, violência física ou verbal, roubo, vandalismo etc. Além disso, os conflitos
podem afetar, também, a relação professor aluno, colocando em causa a autoridade e o
estatuto do professor.
De acordo com Aquino (1996), a indisciplina escolar não é um fenômeno estático;
ao contrário, está relacionada a um conjunto de valores e expectativas que variam e
mudam ao longo da história, nas mais diferentes culturas da sociedade. Além disso, pode
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ser observadas em diversas classes sociais, instituições e até mesmo dentro de uma mesma
camada social.
Causas da Indisciplina
A escola tem o dever de continuar a educação que o seio familiar proporciona, e
ensiná-lo a ser disciplinada, onde as primeiras disciplinas partem dos pais que é o ponto
fundamental para a educação das crianças, que se agirem com maus exemplos acabam
contribuindo para o desenvolvimento de seres indisciplina\dos, que expandirá em direção
da escola e para a sociedade.
Aquino afirma: “De ambos os modos, a indisciplina apresenta-se como sintoma
de relações descontínuas e conflitantes entre o espaço escolar e as outras instituições
sociais. (Aquino, 1996, pag. 48).
A família é um inicio para todos conviver bem em sociedade, é segurança para
enfrentar qualquer problema, mas se por algum motivo a família se desestruturar, ou viver
em conflitos, será como a razão para a indisciplina existir em uma criança, ocasionando
diretamente no espaço escolar e na sociedade.
Aquino cita, “Limite: as crianças hoje, não teriam limites, os pais não os
imporiam, a escola não os ensinariam, a sociedade não os exigiria, a televisão os sabotaria
etc”. (Aquino, 1996, pag. 9).
Desde muito cedo a criança entra em contato com modelos diferentes de
funcionamento, pois possuem uma formação diferente dos pais, muitas vezes o pai e a
mãe trabalham fora e a formação dos filhos passa a ser confiada a outras pessoas ou pais
em fim de relacionamento ou já separados, brigam, discute, a criança vê e ouve tudo
aquilo e acaba minando no ambiente familiar, onde na maioria das vezes provocam
enormes diferenças comportamentais, e os meios de comunicações acabam contribuindo
para todos esses problemas dificultando ainda mais a convivência e interferindo no
processo de ensino-aprendizagem, ocasionando na falta de interesse por estudar e prestar
atenção na aula, onde esses alunos chega ao ponto de ir a escola só porque são obrigados
pelos pais tudo por causa que eles possuem um programa federal que os beneficiam, esse
programa depende muito da frequência escolar dos filhos, e por medo de perder aquele
benefício levam os filhos para a escola de qualquer jeito.
Tiba cita: “Assim, tanto para alta, como para a baixa autoestima, a indisciplina
está presente”. ( Tiba, 2006, pag. 154).
Alunos de baixa autoestima, também podem ser seres indisciplinados, só
incomodam menos os professores, sofrem muito mais do que causam sofrimento aos
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outros, diferente dos com autoestima, que provocam manifestações, confusões,
ultrapassando os limites da escola.
A adolescência é a fase mais necessária em que os pais precisam estar mais atentos
aos filhos, e os filhos pensam que não vão precisar nem um pouco dos pais, esta é uma
fase que não toleram aqueles pais autoritários, mandões, espiões na vida dos filhos, esse
tipo de indisciplina não são causadas pela família, e sim são algumas reações
indisciplinares em reconhecer e respeitar as opiniões dos pais por ser de um mundo
diferente deles. “Em suma, parece que não são poucos aqueles para qual a indisciplina
seria uma espécie de grande e último mal, e a qualidade das capacidades psicológicas da
criança, a causa das causas”. (Lajonquiére, 1996, pag. 26).
Não são poucas as pessoas que passam por isso, são diferentes os tipos, mas tem
em comum ser um grande mal e de responsabilidade de todos, é de tristeza tamanha ver
uma família ter um filho indisciplinado, eles tentam conviver com isso, e chegar a um fim
de não saber mais o que fazer, pois conversas, limites, castigos muitas vezes não dá jeito,
e bater, a lei da palmada 7672 hoje é bem clara não pode, mas como era a criação das
crianças de antigamente? Simplesmente não era no tapa, no puxão de orelha, na
palmatória, e esses sim são até mais educados que os dos tempos de hoje, por isso, que os
jovens de hoje são tão diferentes, pensam que os pais não podem mais bater então fazem
o que querem. O agir e a capacidade psicológica de cada criança também dependem muito
desde quando está na barriga da mãe, pois se a gravidez for turbulenta, cheia de tristezas,
agonias, raiva, isso passará refletir na criança e ela passa a se desenvolver assim, em meio
a crises e a comportamentos indisciplinados.
Chega-se a um tempo em que casais decidem muitas vezes em não ter filhos por
medo de não saber educar, ou tem filhos e não tem capacidade alguma de assumirem a
responsabilidade de educá-lo, alguns professores vão para sala de assumirem a
responsabilidade de educa-la, alguns professores vão para a sala de aula assustados por
ainda não saberem o que encontrará em sua classe, e a sociedade acaba oferecendo meios
que influencia para o aumento de tais problemas, todas as condutas indisciplinares são
transportadas diretamente para a instituição escolar, que por sua vez, tenta regularizar
toda a situação com normas e regras estabelecidas, pedindo a compreensão de todos que
participa da educação das crianças, enquanto isso, a indisciplina na escola passa a ser a
causa das causas.
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Autoridade e autoritarismo: atitudes para reflexão
Segundo Moço (2009), partir de atitudes autoritárias, até mesmo ficar irritado,
gritar, castigar os alunos que se comportam inadequadamente não solucionará o
problema, nem do educador, menos ainda do educando, pois quando tentamos impor
a disciplina sem a necessária explicação, surgem outros transtornos, tais como revoltas
agressividade excessiva e evasão escolar. O papel do professor nessa construção é possuir
conhecimento, adequar a metodologia a utilizar para obter êxito na aprendizagem do
aluno. Saber planejar suas aulas e obter a segurança em relação ao conteúdo que será
trabalhado, já é um bom começo.
Para Trevisol (apud MOÇO, 2009), é necessário, poder diversificar a metodologia,
pois estamos interagindo com alunos e a participação destes pode ser estimulada com
situações desafiadoras. O desenvolvimento da autonomia, portanto, passa a ter
participação de todos. Sem a diversificação da metodologia para motivação dos alunos, o
aprendizado em sala de aula pode torna-se desmotivante e monótono, pois não evolui
junto à educação social do educando.
Um exemplo deste fato é o acesso ao mundo virtual pela internet. Para um aluno
é fácil procurar o conteúdo na internet, sem ter a necessidade de pensar, mas isso pode
tornar o aprendizado fácil, porém desqualificado. O professor deve estimular o seu aluno
a observar que a sala de aula não é desmotivante, dessa forma o educador deve sempre se
atualizar e acompanhar o desenvolvimento global em todas as áreas enfatizando a área
educacional.
Trevisol (apud MOÇO, 2009) ressalta que o desrespeito do professor com o aluno
pode ser fator para a indisciplina. O educador deve sempre manter uma postura
profissional, utilizar de linguagens e falas adequadas para as respectivas idades, não sendo
necessário faltar com os princípios éticos. Alguns alunos são vítimas desse desrespeito,
até mesmo de bulling, fato que ocorre até com muita frequência. O professor, por sua vez,
desconfia do aluno e um exemplo disso é quando ele pede para ir ao banheiro pela
segunda vez e o professor acha que ele usou este argumento só para poder fugir da aula.
É fundamental a análise desse comportamento, o professor demonstra uma falta
de sensibilidade moral e o respeito ao aluno adquire um caráter unilateral. A ofensa à
autoridade passa a ser encarada de forma mais grave do que a ofensa que se dá entre os
colegas.
Para Ramos (apud MOÇO, 2009), se um aluno ofender a professora com palavras
chulas, este aluno está correndo o risco de ser advertido, suspenso ou de ter sua conduta
avaliada pelo conselho escolar. Quando este mesmo aluno vem a praticar o mesmo com
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um colega, ninguém está pronto a tomar uma atitude com relação ao problema, ou seja,
às vezes fica entendido que se deve respeitar somente aquele que possui autoridade e pode
maltratar os iguais ou menores que você. Mesmo em momentos muito conturbados em
sala de aula temos que agir de forma a manifestar certo desagrado em relação ao
comportamento inadequado.
Dessa forma, conforme Moço (2009), quando um aluno começa a conversar sobre
um assunto que não diz respeito à aula durante a explicação, não basta somente mudar
aquele aluno de lugar, nem castigá-lo. Isso não ajuda a resolver o problema e também não
colabora com a aprendizagem da turma. Deve-se chamar a atenção e mostrar que não é
somente o aluno por si próprio que está sendo prejudicado, mas sim o grupo todo, ou seja,
tratar o aluno dessa forma faz com que ele comece a perceber como poderá agir em
momentos de conflitos e problemas. O professor deverá utilizar de metodologia
apropriada, portanto, para despertar o interesse do aluno em sala de aula, suprir a
necessidade de saber de educando.
Para Moço (2009), amenizar a indisciplina é um trabalho que não tem fim, pois
será necessário manter este tema sempre vivo e atualizado. Temos como exemplo a
escola, ela sempre está em movimento, está sujeita a mudanças. A cada passar de ano
chegam novos diretores, coordenadores, professores e alunos, os quais nem sempre estão
alinhados numa mesma visão e nem sempre a mais adequada. Refletindo sobre isso,
sempre surgirão diferentes casos de indisciplina e para que venha a ter um bom resultado
é preciso estar sempre trabalhando, estudando, discutindo e fazendo acordos em relação
ao problema da indisciplina na escola. Trevisol (apud MOÇO, 2009), por sua vez, afirma
que o tratamento dado à falta de disciplina e os problemas de comportamento podem levar
a criança a perceber quando uma regra está sendo desnecessária ou até mesmo perceber
o seu mau funcionamento. Alguns alunos fazem de tudo para chamar a atenção e esperar
que o professor os solicite, manifestando certo interesse pelas suas ideias, como se
estivessem pedindo certo cuidado.
De acordo com Trevisol (apud MOÇO, 2009), é importante que coloquemos
regras, mas estas regras podem ser combinadas, para que crianças e jovens saibam e
possam gerenciá-las de uma forma mais autônoma, podendo, assim, viver bem em
sociedade.
Para o referido autor também se deve valorizar o trabalho grupal e as opiniões do
educando. A criança, convivendo num ambiente com atitudes como esta vai adquirindo
mais autonomia e pode se tornar apta a tomar decisões maduras responsáveis, com
qualidade e que reflitam em nosso meio social. Cada aluno, em situação diferente, se
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coloca sempre a frente de novos desafios, nos quais necessita de orientações, ajuda para
pensar.
Entretanto, para se ter alguma mudança em relação à indisciplina é necessário que
a escola estabeleça um ambiente de cooperação, de interação, em que o valor humano,
sua integração e sua dignidade marquem as relações, sendo que esta conquista se dá por
meio de todo percurso, de toda formação continuada, deixando claro que os conflitos
sempre irão aparecer. Devemos lembrar sempre que o mais importante é saber lidar com
a causa do conflito e não apenas culpar, criticar sem uma razão óbvia, e até mesmo impor
uma punição.
Segundo Moço (2009), o educador deve possuir a consciência de que a escola é
um local de aprendizado e não um local de punição crítica excessiva, dessa forma o
educador conseguirá ser exemplo e obter respeito. O fundamental é saber o que
finalmente levou os alunos a terem dificuldades, buscando soluções justas e respeitosas.
Assim, alguns valores são fundamentais, como a honestidade e a verdade.
Nesse entendimento o professor deve evitar agir por impulso, sem raciocinar ou
conter suas emoções, sempre manter a calma e saber principalmente controlar suas ações
antes de agir. Saber reconhecer, também, os sentimentos, saber como orientar
comportamentos e, por último, acreditar que o conflito pertence aos envolvidos, ou seja,
não aceitar qualquer resolução para o problema. Enquanto professor deve ser um
mediador, ajudando o aluno a compreender o problema, incentivando-o a falar dos
sentimentos e do porquê de suas ações para que, ao final, busquem a solução para o
problema da indisciplina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, a indisciplina na escola tem suas múltiplas causas, não programáveis,
emergentes, e vem ocupando cada vez mais as escolas públicas e particulares, de inicio o
aluno na sala de aula costuma testar o professor com atitudes de rebeldia para conhecer
com quem estão lidando.
E assim o professor para poder desenvolver seu trabalho abre mão de seu tempo
para conter os educandos, onde seria necessário fazer com que revejam a sua prática,
utilizem o espaço da escola para a construção da cidadania e de uma sociedade mais justa,
baseada em princípios de igualdade, prevenindo de tratamentos desiguais, onde não seria
provavelmente a solução mas pelo menos a diminuição de boa parte dos problemas.
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A escola muitas vezes com pouca preparação e insuficiente em materiais didáticos
para se trabalhar, a indisciplina se vê obrigada a refletir como se trabalhar, e se adaptar
ao modo de ver esse novo mundo, onde deve buscar soluções, incentivar as famílias a
acompanhar a educação dos seus filhos, desenvolverem trabalhos dentro da instituição
para lidar com a indisciplina, criar conselhos escolares e convidar os pais a participar,
para ser um local seguro de boas convivências e de crescimento pessoal e profissional.
E os pais sabem como ninguém que educar é um exercício de teimosia, é preciso
insistir nessa rotina até que seja cumprida, manter sempre informações quanto as metas,
realizações e atividades escolares de seus filhos, e ainda perceber que o problema de
muitos jovem é a carência familiar, e muitas vezes o que os filhos mais precisam é de
amor, carinho, companheirismo e compreensão.
E assim todos que participam da responsabilidade de educar devem comprometer-
se a trabalhar em coletivo para caminhar em uma mesma direção, pois a indisciplina é um
problema de ordem social, e os limites coletivos é o papel principal para a transformação,
e juntos precisam de persistência e para se mudar é preciso ter esperança de um novo
mundo.
REFERÊNCIAS
AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus, 1996.
ARAÚJO, Ulisses F. (coor.) Disciplina, Indisciplina e a complexidade do cotidiano
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Volume 1, Número 3
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
INDISCIPLINA NA ESCOLA: CAUSAS E DIFERENTES MANIFESTAÇÕES
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