Família

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Família Por Sabrus Zeffar, SS.P., I.E.U. Nos dias de hoje, em face de supostos avanços das disciplinas psicológicas e sócio-antropológicas, vimos presenciando um sem número de proposições que intentam colocar a família neste ou naquele patamar, procurando dar ares de pioneirismo e vanguarda ao processo ou método a que se atrelam. De um lado, grupos ditos feministas verberam que família é uma entidade machista, opressora e imperialista, criada exclusivamente para dominar e oprimir a mulher. Por outra via, filhos atuais ou antigos, mal resolvidos em suas interações familiares fazem coro exato com o grupo mencionado, apenas mudando o alvo final. Para estes, enganam-se as feministas ao atribuírem à mulher o alvo exclusivo do projeto opressor do instituto familiar. Para eles o que se visa, em realidade, é a opressão do mais fraco, o que obviamente – à sua ótica – incluiria as mulheres, mas em nenhuma hipótese se limitaria a elas. Com isso, o quadro que temos é que família é um patriarcado tirânico, que tem em mira sugar até o tutano de pobres e incautos filhos, mulheres e dependentes em geral. A par destes, identificamos também outro grupo de pensamento que, intentando vir em defesa do instituto familiar, direta ou indiretamente banham-se nas águas turvas do catolicismo romano e propugnam por uma família retrógrada, ultrapassada e muitas vezes misantrópica. Finalmente, deparar-nos-emos com os antagônicos de todos os representantes anteriormente expostos. Falamos aqui dos aniquiladores da família! Aqueles que desejam vê-la extinta! Como argumento para tanto, usam a retórica dos grupos feministas/patriarcado-opressor, e como justificativa exaram as estultícies da vertente católico-romana – a qual contamina a maioria das concepções familiares da sociedade hodierna. Em face das revelações espirituais e das concepções cósmicas acerca da vida, como equacionarmos semelhantes problemas? Estará, com efeito, a família destinada à extinção? Ou estará sofrendo as transformações necessárias consoante o processo evolutivo por que passa a humanidade? Façamos uma análise ligeira acerca da evolução familiar, notadamente no reino hominal, durante a evolução terrestre. Desde os tempos imemoriais Não trataremos no escopo desta análise superficial o que concerne à reunião de agrupamentos humanos nas épocas primevas, em que o humanoide mal passava a dominar o raciocínio contínuo. Apenas abordaremos, para efeito deste estudo, a partir do período em que a criatura humana deixou o nomadismo como regra e passou a se fixar em áreas determinadas, iniciando as primeiras atividades de agricultura e pecuária organizadas. Pois é justamente por esta época que iniciam, com efeito, as relações familiares que interessam ao nosso estudo. Partamos de uma visualização do panorama espiritual para termos elementos de entendimento dos desdobramentos físicos que eles determinaram. Os Numes Espirituais que velavam e superintendiam a evolução da criatura humana, por essa época, começaram a organizar os processos de renascimento no mundo obedecendo ao critério de localizar os elementos pertencentes a uma determinada família espiritual, de maneira que pudessem se reagrupar na esfera física e aí desfrutarem dos benefícios da evolução em comum, conforme a necessidade do grupo e a determinação da Providência Divina. Como e por que existem famílias espirituais será apreciado mais adiante. Seguindo o curso, a medida implementada pelos Dirigentes Espirituais da humanidade fez com que a família rapidamente se estabelecesse forte, pois que apenas se redesenhava no plano físico o que já existia no plano extrafísico.

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Dissertação sobre a família

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FamíliaPor Sabrus Zeffar, SS.P., I.E.U.

Nos dias de hoje, em face de supostos avanços das disciplinas psicológicas e sócio-antropológicas,vimos presenciando um sem número de proposições que intentam colocar a família neste ounaquele patamar, procurando dar ares de pioneirismo e vanguarda ao processo ou método a que seatrelam.

De um lado, grupos ditos feministas verberam que família é uma entidade machista, opressora eimperialista, criada exclusivamente para dominar e oprimir a mulher. Por outra via, filhos atuais ouantigos, mal resolvidos em suas interações familiares fazem coro exato com o grupo mencionado,apenas mudando o alvo final. Para estes, enganam-se as feministas ao atribuírem à mulher o alvoexclusivo do projeto opressor do instituto familiar. Para eles o que se visa, em realidade, é aopressão do mais fraco, o que obviamente – à sua ótica – incluiria as mulheres, mas em nenhumahipótese se limitaria a elas. Com isso, o quadro que temos é que família é um patriarcado tirânico,que tem em mira sugar até o tutano de pobres e incautos filhos, mulheres e dependentes em geral.

A par destes, identificamos também outro grupo de pensamento que, intentando vir em defesa doinstituto familiar, direta ou indiretamente banham-se nas águas turvas do catolicismo romano epropugnam por uma família retrógrada, ultrapassada e muitas vezes misantrópica.

Finalmente, deparar-nos-emos com os antagônicos de todos os representantes anteriormenteexpostos. Falamos aqui dos aniquiladores da família! Aqueles que desejam vê-la extinta! Comoargumento para tanto, usam a retórica dos grupos feministas/patriarcado-opressor, e comojustificativa exaram as estultícies da vertente católico-romana – a qual contamina a maioria dasconcepções familiares da sociedade hodierna.

Em face das revelações espirituais e das concepções cósmicas acerca da vida, como equacionarmossemelhantes problemas? Estará, com efeito, a família destinada à extinção? Ou estará sofrendo astransformações necessárias consoante o processo evolutivo por que passa a humanidade?

Façamos uma análise ligeira acerca da evolução familiar, notadamente no reino hominal, durantea evolução terrestre.

Desde os tempos imemoriais

Não trataremos no escopo desta análise superficial o que concerne à reunião de agrupamentoshumanos nas épocas primevas, em que o humanoide mal passava a dominar o raciocínio contínuo.Apenas abordaremos, para efeito deste estudo, a partir do período em que a criatura humana deixouo nomadismo como regra e passou a se fixar em áreas determinadas, iniciando as primeirasatividades de agricultura e pecuária organizadas. Pois é justamente por esta época que iniciam, comefeito, as relações familiares que interessam ao nosso estudo.

Partamos de uma visualização do panorama espiritual para termos elementos de entendimento dosdesdobramentos físicos que eles determinaram. Os Numes Espirituais que velavam esuperintendiam a evolução da criatura humana, por essa época, começaram a organizar os processosde renascimento no mundo obedecendo ao critério de localizar os elementos pertencentes a umadeterminada família espiritual, de maneira que pudessem se reagrupar na esfera física e aídesfrutarem dos benefícios da evolução em comum, conforme a necessidade do grupo e adeterminação da Providência Divina.

Como e por que existem famílias espirituais será apreciado mais adiante.

Seguindo o curso, a medida implementada pelos Dirigentes Espirituais da humanidade fez com quea família rapidamente se estabelecesse forte, pois que apenas se redesenhava no plano físico o quejá existia no plano extrafísico.

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Note-se que quando dizemos que se estabeleceu forte não estamos, em nenhuma hipótese, criandoum plano idílico em que se instalou um sistema familiar acabado, superior e paradisíaco. Todas asanotações que fazemos guardam a proporção evolutiva da humanidade naquela ocasião.

Em função de acertos e necessidades evolutivas de cada subfamília dentro da família, aquele queexerceria a função protetora e diretora do grupo renascia no mundo com caráter ativo – comohomem; os demais membros que se associavam intimamente ao designado para dirigi-los,retornavam na condição de energia passiva – como mulheres. Tal o padrão geral, guardando-se emmente a possível alteração dessas proporções, notadamente tendo em vista as necessidadesevolutivas do grupo (subfamília); contudo, neste momento, não é necessário para os fins a que nospropormos aqui, descer à análise destas alterações.

No âmbito da crosta terrestre as Leis Espirituais Superiores reuniam essas subfamílias naconformação básica em que o diretor/protetor, anteriormente citado, era o esposo e os demaismembros que intimamente se lhe associavam, as esposas. Constituía-se assim os primeirosconsórcios poligâmicos na região da crosta terrestre. Grande nota de evolução se implantou, poisque, antes disso, não se verificava nenhuma espécie de consórcio familiar significativo.

Assim, núcleos familiares compostos por um esposo, acompanhado de 3 ou mais esposas passarama ser o fenômeno majoritário na formação familiar da terra, porque justamente refletiam aconformação das subfamílias espirituais, naturais na vivência dos planos extrafísicos.

Alguns leitores, neste ponto, poderão invocar que tal estado de coisas institucionaliza o machismo,desconsidera a individualidade feminina, oferecendo vantagens indevidas ao homem, como seja apossibilidade de ter diversas esposas, enquanto a mulher meramente se vê obrigada a guardar-se nasua perene servidão.

Lembrarmos que, em primeiro lugar, tratamos desta questão pela ótica da realidade, da vida imortal,que em hipótese alguma se atém aos meros fenômenos da matéria. Não consideramos a criaturahumana aqui como homem ou mulher, porque a consideramos como espírito e, em última análise,para sermos sucintos, não é homem nem mulher – ou se quisermos, pode ser as duas coisas. Eefetivamente o é. Numa existência poderá animar uma personalidade feminina, em outra umamasculina; em diferente existência ainda poderá deter uma personalidade homossexual, bissexualou transexual. E nada efetivamente terá mudado, continuará sendo o mesmo espírito. (Quem quiseraprofundar esta questão, leia também o nosso artigo sobre sexualidade.)

Retornando ao curso das ideias expostas antes desta digressão necessária, precisamos atentar paraum fato significativo. As famílias espirituais poderiam ser vistas como organizações de muitíssimogrande porte, não quantificáveis de fato pela grande maioria dos seus membros. As famílias em sisão formadas pela reunião de células que denominamos subfamílias, estas sim, compostas por umnúcleo e seus agregados. O núcleo é formado geralmente por 5 a 7 entidades (espíritos, almas) e osagregados por um número variável destas entidades (espíritos, almas). Sabe-se que é possível atransferência de membros do conjunto que denominamos agregados, de uma subfamília para outrasubfamília, dentro da mesma família espiritual. Não cabe tratarmos neste momento, porém, dosmotivos e condições para esta transferência.

No âmbito da existência terrestre, a família física é a corporificação da subfamília espiritual. Onúcleo – aquelas 5 a 7 entidades – é o gerador, mantenedor e protetor do grupo. No seio dasprimeiras sociedades de que tratávamos mais acima, em que a poligamia foi instituição natural eóbvia, os componentes do núcleo muito facilmente conseguiam organizar o grupo familiar terrestre.Seja entre eles mesmos – quando detentores desse direito – seja por determinação de autoridadesuperior – quando não possuíam o direito de escolher, mas estavam sujeitos à coerção cármica –indicava-se qual das entidades do núcleo tomaria forma como polo ativo (homem). Designado ocabeça da existência especificada, os demais membros do núcleo desceriam como vibração passiva(mulheres).

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Consideremos, a título de exemplo, uma subfamília com um núcleo de cinco entidades. Neste caso,teríamos um esposo, acompanhado de quatro esposas. Os filhos, ou seja, a descendência destenúcleo, são todos oriundos dos agregados desta subfamília. Por certo, podemos facilmentecompreender que por mais prolífica que a família fosse, apenas um pequeno número de agregadosterá ensejo à retomada da vida física. Eis um dos motivos que deve levar à grande reflexão comrelação à importância da vida física, assim como das responsabilidades que as famílias têmrespeitante ao oferecimento de novas possibilidades reencarnatórias.

Motivo das famílias espirituais

A finalidade da Criação é a evolução! Mais que qualquer das criaturas, o Princípio Inteligente(Espírito) dos Universos Criados por Deus sente, intui e chegará sempre a compreender plenamenteeste asserto.

A principal virtude, sem a qual nenhuma evolução se completa de fato, é o Amor. O sistema defamílias espirituais serve para dar elementos ao espírito em evolução para aprender nesta oficina aslições do amor supremo, cada vez mais dilatando-o, para ao final da evolução, pela reunião de todasas subfamílias de uma família espiritual, com outras famílias espirituais, então realmente formarmosa família universal única na esfera dos definitivamente redimidos.

Salta aos olhos, pois, o motivo de a Providência Divina instituir a família no processo evolucionaldo espírito. Vemos claramente que a santidade deste instituto é incontestável. Jamais poderá serdestruído como muitos apregoam, mas sem dúvida precisa ser urgentemente repensado, de formamenos egoística, para refletir com exatidão a sua fonte espiritual, se se deseja novos patamares nasrelações humanas e o progresso evolucional da alma imortal e da sociedade humana.

Analisando

O grande problema da família é o amor. Ou melhor dizendo, a falta dele!

Muitos poderão arguir: Mas como?! A base da família não é o amor?!

Idealmente é, mas na terra?!... Como seria bom se isso fosse plenamente verdade! O fato é que afamília tem se formado por aqui baseada principalmente em sentimentos de egoísmo, ciúme, invejae por incrível que pareça, de ódio... Todas essas aquisiçõezinhas humanas são completas antítesesdo amor!

No seio da família – e do amor – dois dos defeitos sentimentais mencionados induzemcaracterísticas catastróficas: o egoísmo e o ciúme. Embora o ciúme seja filho dileto do egoísmo,para efeitos didáticos, tratá-los-emos como entidades isoladas, inobstante indissociáveis.

Descido à arena física, o núcleo das subfamílias vinha configurado para se reunir em matrimôniodivino. Conforme explicamos alhures, uma das entidades assumia a condição de esposo e as demaisde esposas.

Famílias sólidas dentro dos preceitos superiores passaram a se formar na crosta do mundo enquantoo ser em evolução (homem, como espécie) se manteve equânime com as leis espirituais. No entanto,acicatado pelos agentes da escuridão, num dado ponto a criatura passou a se deixar contaminar emseus sentimentos mais puros. Os agentes das trevas, acalentando e exacerbando o egoísmo dos seresem evolução, passaram a inculcar na alma humana o ciúme venenoso.

Em função disso, muitas esposas já não viam mais em suas companheiras parte de um todo familiar,complementos umas das outras. Nem conseguiam ver como poderia o esposo amá-las intensamentea todas, na mesma medida. O ciúme passou a estabelecer a intriga e paulatinamente oenvenenamento completo das bases da família espiritual na crosta.

Por toda parte se levantaram supostos mensageiros divinos que apregoavam que os matrimôniosdeveriam se constituir de apenas duas pessoas. Segundo a arenga dos tais mensageiros era assimque Deus queria e ponto final. Não se importavam nem um pouco, estes avançados inovadores, se

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sua medida colidia frontalmente com as finalidades da vida na terra, cujo exclusivo moto é aevolução do princípio inteligente (espírito). Uma simples pergunta destruiria totalmente a falácia docasamento exclusivo em duplas: Como chegará a humanidade à família única, universal, ao final daevolução, se for estabelecido como base desta o exclusivismo de somente duas pessoas? Poucoprovável que chegássemos a esse desiderato com tal modelo!

Em sendo assim, não fora melhor abolir a família, tendo cada um a liberdade de estar com quemdesejar, livre de qualquer entrave? Não seria este um modelo mais universalista?

Semelhante medida teria a ver somente com prática sexual fisiológica, possivelmente; o que seriaum embotamento da realidade do ponto de vista espiritual e porta aberta a aberrações de largocurso. A família terrestre deve necessariamente ser um espelho, uma cópia o quanto possível, dassubfamílias espirituais – porque é a partir daí que são formadas e é baseada nelas que deveria existirna romagem terrestre.

Quando abordamos a questão, dizíamos que uma família espiritual é composta por subfamílias, quepor sua vez possuem um núcleo, composto geralmente por 5 a 7 entidades, e mais os agregados, osquais poderão comportar inumeráveis entidades. É evidente que a forma família → subfamília →núcleo → agregados trata-se de uma mera convenção para facilitar a análise da questão e colocaras ideias em termos humanos. Porque o ente real é realmente a família espiritual. As famíliasespirituais são compostas por miríades de espíritos. Embora todos os espíritos de uma famíliaespiritual sejam divina e misteriosamente interligados desde sua origem espiritual, é absolutamentecorreto afirmar que estes espíritos são sub agrupados em núcleos afins – desde esse primórdioespiritual – e que se buscam na eternidade para juntos fazer avançar a família rumo aos gloriososfins da evolução.

Não está em outra parte a gênese da teoria das almas gêmeas. Entretanto, diferentemente do que oegoísmo humano quis tecer, não se trata de dois espíritos que se buscam eternamente para osprocessos da redenção, porém grupos de entidades – de ordinário 5 a 7 – que ansiosamente sebuscam e se completam na eternidade da vida e que realmente só serão felizes quando estiveremefetivamente reunidas.

Estabelece-se claramente, que para efeitos deste estudo, subfamília é o grupo de almas afins quemencionamos no parágrafo anterior. Estas almas, de fato, constituem o núcleo da subfamília.

E os agregados, quem seriam? Ora, agregados, em realidade, são quaisquer entidades pertencentes àfamília espiritual que, por circunstâncias ditadas pela Lei ou conforme acerto particular entre osmembros – quando possuem essa prerrogativa, evidentemente – venham a viver no direto convíviode um determinado núcleo – como filhos, sejam biológicos ou não. Isso pode ocorrer na esferaespiritual, na material, ou em ambas as dimensões. Como os agregados possuem sempre seusgrupos afins (almas gêmeas, digamos assim), é mais visível o processo na esfera física, pois onúcleo ordinariamente serve de pais/tutores do agregado na existência humana. Eis porque, quandoabordamos a questão dos agregados, neste artigo, dissemos que pode haver, e na realidade semprehá, comunicação e troca entre agregados das subfamílias da mesma família espiritual.

De posse destas informações, percebemos que a família é uma instituição espiritual e divina,entretanto não exatamente com a configuração da maior parte das famílias terrestres atuais. Comoobra Divina, a família jamais poderá ser destruída, ou abolida! Todavia precisa sofrer umatransformação sensível para vir a refletir novamente sua matriz espiritual.

Estado dos núcleos na atualidade

As disputas do egoísmo e do ciúme, acalentandas no espírito humano de forma sistemática pelasforças inferiores, passou a dificultar de maneira sensível a reunião final do núcleo das subfamíliasna crosta terrestre, principalmente em função do estabelecimento, como regra, do consórciomatrimonial entre apenas duas pessoas.

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Este envenenamento espiritual foi refletir-se, incontinente, diretamente no plano extrafísico. Umaenormidade de implicações cármicas passaram a infelicitar um sem número de famílias(subfamílias) espirituais, fazendo-as recomeçarem na crosta indefinidas vezes apenas paraaprenderem a viver em harmonia com o grupo afim (núcleo), coisa que seria obtida facilmente se aconfiguração normal da família fosse observada naturalmente.

A aberração familiar, ou seja, a redução artificial, ditada pelo egoísmo, de um grupo de almas afinsde cinco entidades, por exemplo, para duas, num casamento terrestre, vem, ao longo dos séculos,engendrando uma enormidade de crimes e erros. A maioria dos desastres e crimes passionais, dastaras sentimentais, de certas psicopatias profundas têm aí sua origem.

Os Numes Espirituais responsáveis pela evolução humana, em face deste estado de coisas,começaram a ter de localizar separadamente muitos dos membros do núcleo afim.

Quando é inadiável o convívio na crosta de todos os indivíduos, em muitos casos, a viuvezdesnecessária precisa ser implementada, ou as separações inúteis precisam vir à baila, ou ainda énecessário recorrer ao processo de manutenção de amantes – quando é inarredável o convíciosimultâneo do núcleo – a fim de oferecer o ensejo necessário ao progresso geral da subfamília.

Contudo, nenhum destes remendos acima mencionados são capazes de substituir, com absolutosucesso, a conformação natural da família. Desses paliativos advêm sofrimentos, desilusão, vazio ea procrastinação do real avanço pessoal e da humanidade.

Como deveria ser a família?

A resposta mais conscienciosa para esta questão é: a família deve ser como ela internamente queiraser. Por mais paradoxal que isso possa soar, essa é a única solução adequada e superior para adoção.

Muitos poderão suscitar: mas não seria ideal a instauração da polifamília (ou poligamia)?

Realmente a polifamília é a condição natural do espírito, mas não é algo que deva ser imposto – defato, não o está sendo pelos próprios Numes que velam pela terra – assim como jamais amonogamia poderia ser imposta ou outro qualquer conserto desta natureza.

O que precisamos no mundo é permitir que as famílias adotem a forma que lhes aprouver. NemEstado, nem políticos, nem filósofos, nem educadores, nem ninguém tem direitos sobre esseprocesso, pois que a família é anterior ao Estado e é a única instituição que extrapola – praticamenteintacta – o plano da matéria. O Estado e qualquer instituição ou pessoa poderá dar opiniões sobre afamília, protegê-la, cuidá-la, etc. Entretanto, sua conformação não poderá ser ditada, a não ser pordecisão dos seus integrantes ou aspirantes, seja poligâmica ou monogâmica.

Em uma palavra: se alguém se sente confortável restringindo a sua prática familiar à condiçãomonogâmica, que dessa forma proceda. Tem todo o direito a isso. Todavia, se o seu anelo é afamília poligâmica, ou como melhor entendemos, a polifamília, e esta situação é que lhe deixaequilibrado, seja então seu procedimento nesta direção. Em qualquer dos casos a sociedade e oEstado têm o dever de ampará-lo totalmente.

Se dermos liberdade para as famílias serem e retratarem o que estiver no seu âmago, não resta amenor dúvida que em muito pouco tempo veremos a predominância da polifamília em relação àfamília monogâmica – egoísta, exclusivista e de caráter nitidamente misantrópico. Aquela – arelação polifamiliar – é a condição natural da alma imortal e só foi desarticulada a custa de durasproibições e ameaças ditadas pelo egocentrismo contaminante, marca do atraso moral dahumanidade.

Quando, sobre a face da terra, as subfamílias espirituais se reunirem harmonicamente, semdissenções, ciúmes, etc., então teremos ensejo de observar saltos evolutivos jamais registrados, emtodas as esferas das atividades humanas.

Visualizando a família monogâmica

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Tradicionalmente a família monogâmica é aquela composta por um homem e uma mulher. Nós,preferimos dizer composta por dois indivíduos, pois nem sempre serão um homem e uma mulher,no sentido anatomofisiológico. Esta nossa proposição, modernamente, já está sendo aceita. Desdelogo, afirmamos que esta forma de família – a monogâmica – foi artificialmente imposta pordiscursos religiosos embotados, que possivelmente se basearam no ciúme e lascívia de algunsdignitários das referidas correntes religiosas.

Por que colocamos lascívia junto ao ciúme? Ora, porque em alguns casos era a concupiscência decertos indivíduos que os movia em direção à propaganda monogâmica. Senão vejamos: o sujeito,possuía-se de desejo por mulher que já era esposa de outro homem. Vendo que esse homem, porexemplo, detinha outras três esposas, o enamorado imaginava que esse fato é que lhe tirava aspossibilidades de conquista da dama dos seus sonhos, completamente alheio a um fato oculto,porém, mais real que qualquer outra coisa: a dama supostamente dos seus sonhos, não estavacompondo a tal família por um capricho fortuito, contudo porque era parte daquela subfamíliaespiritual e nenhum outro lugar lhe competia que não fosse aquele meio.

O assédio das forças obscuras, que intentam procrastinar a evolução humana, exacerbando oegoísmo da criatura, nas manifestações destruidoras do ciúme, foi outro prato cheio na propagandamonogâmica. Assim, com o esquecimento temporário do passado facultado pela reencarnação, ohomem foi estimulado pelas forças das trevas a cultivar o exclusivismo sentimental, esquecido deque foi criado como espírito imortal imantado a um núcleo imediato (almas afins, almas gêmeas) ea uma família cósmica numerosa.

Tal, pois, o motivo da estruturação da monogamia. Entretanto, jamais funcionou realmente estaespécie de família. Sua existência é somente no rótulo – pro forma – como sói acontecer com todasas aparências.

Este arranjo familiar é responsável diretamente pela grande incidência dos amantes, fixos ouesporádicos, por muitos filhos sem pais e abandonados, pelos prostíbulos, as infidelidades e porquase todos os desregramentos sexuais extraconjugais.

Visualizando a polifamília

A polifamília é a forma natural de organização familiar porque reflete a realidade das famíliasespirituais. É a forma mais eficaz de relacionamento, tendente a elevar o padrão de entrosamentofraternal entre o núcleo da subfamília e a família espiritual a qual pertencem, preparando campo eespaço para as realizações do porvir na evolução espirital, no âmbito do entrosamento da famíliauniversal.

Trata-se da união de mais de dois indivíduos, geralmente apenas um sendo do tipo masculino,anatomofisiologicamente. Entretanto, isso poderá não ser sempre assim, como veremos adiante.

É importante entender uma coisa sobre polifamília: não se trata da união de um homem (quandoeste for o caso) com duas ou mais mulheres e, individualmente, destas mulheres com um homem;criando uma relação em que um homem, digamos, tem três mulheres e cada uma delas tem ummarido compartilhado e vivem em casas separadas, mesmo que em um mesmo imóvel. Apolifamília é uma relação que envolve todos os indivíduos do núcleo ao mesmo tempo. De fato,trata-se de um consórcio matrimonial coletivo, entre todos os membros, não significando com issoque deva existir, necessariamente, relacionamento bissexual entre eles.

Eis, pois, que a polifamília viverá sempre no mesmo lar, construindo, através dos embates do dia adia, a grande harmonia divina destinada aos cumpridores das Leis Supremas da Vida. Os filhosserão comuns, não importando sua procedência biológica, nem mesmo se advindos de outrosnúcleos, pela chamada adoção. Tudo da vida será partilhado e compartilhado.

E seria admissível, no âmbito da polifamília, a existência de uma esposa e múltiplos esposos, porexemplo? Desde que realmente esta é uma condição possível de ser determinada antes da existência

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terrestre, sim, temos de admitir como válida semelhante configuração. Basta para isso que mais deum dos membros do núcleo retorne na morfologia masculina. Embora, segundo os ensinos dosInstrutores Espirituais, não seja esta uma conformação comumente adotada pelos núcleos dassubfamílias espirituais, é preciso informar, há casos em que realmente são necessárias estasconfigurações, e aí com certeza ocorrerão.

E a polifamília formada por homossexuais, bissexuais e transexuais?

Precisamos entender que o homossexualismo, o bissexualismo e o transexualismo não são situaçõesirregulares ou anormais. São posições naturais da vida criadas por Deus. Assim, polifamílias poreles articuladas em nada diferem das outras compostas pelos chamados heterossexuais.

Acerca disso algo ainda compete dizer. Os transexuais femininos poderiam normalmente figurarcomo esposas em qualquer espécie de polifamília.

Como se encontram os membros da polifamília

As almas afins sempre se buscam na eternidade. Quando se encontrarem no mundo, uma atraçãoirresistível irá impeli-las umas em direção às outras. Às vezes, é essa santificada união eterna queleva às relações espúrias no mundo, em face dos tabus doentios engendrados pelo egoísmo humano.Outras vezes, leva até à loucura.

Entretanto, no momento em que as criaturas adquirem a compreensão sobre estas realidades, tudo semodifica. Abertos que estejam à verdade, serão levados a níveis superiores de existência, em queestarão entrelaçados verdadeiramente com todos os partícipes da sua jornada rumo ao infinito.

As forças que velam pela existência de cada um, providenciarão as formas adequadas de reunir ogrupo. Ainda que inconscientemente, todos se reconhecerão como membros de uma única família,como almas indissoluvelmente entrelaçadas, e serão impelidos uns aos outros. E dessa forma tudose cumprirá, sem que um til fique à margem.