Existe Um Criador que se importa com você?
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Transcript of Existe Um Criador que se importa com você?
A foto da capa foi tirada em 1995, por meio de umtelesc
´opio espacial. Essas nuvens de g
´as e poeira ficam na
Nebulosa da´Aguia. Os cientistas acreditam que nessas
nuvens, os chamados “Pilares da Criac˜ao”,
formam-se estrelas.
N˜ao s
˜ao poucos os que se perguntam: ‘Como surgiu o
Universo, o nosso planeta e a vida? E o que isso tem a vercom a nossa busca de um sentido na vida?’
Muitos acreditam na criac˜ao, que existe um Criador que
se importa conosco. Indicam as pesquisas que isso´e
razo´avel nesta era cient
´ıfica?
De que modo as descobertas recentes acerca do nossoc
´erebro e da nossa capacidade de falar se relacionam
com essa quest˜ao vital?
Por que muitas pessoas cultas est˜ao examinando a B
´ıblia,
e ser´a que o que ela diz acerca de um Criador
´e de
interesse para n´os e nossos entes queridos?
Este livro aborda essas quest˜oes. Voc
ˆe ver
´a que as suas
respostas claras poder˜ao ajud
´a-lo a dar mais sentido
`a sua
vida e a lancar a base para um futuro mais feliz.
Existe um
CriadorQue Se Importa com Voc
ˆe?
Nebulosa da Aguia (M16) “Pilares da Criacao”
CRIAD
OR
ct-T
A foto da capa foi tirada em 1995, por meio de umtelesc
´opio espacial. Essas nuvens de g
´as e poeira ficam na
Nebulosa da´Aguia. Os cientistas acreditam que nessas
nuvens, os chamados “Pilares da Criac˜ao”,
formam-se estrelas.
N˜ao s
˜ao poucos os que se perguntam: ‘Como surgiu o
Universo, o nosso planeta e a vida? E o que isso tem a vercom a nossa busca de um sentido na vida?’
Muitos acreditam na criac˜ao, que existe um Criador que
se importa conosco. Indicam as pesquisas que isso´e
razo´avel nesta era cient
´ıfica?
De que modo as descobertas recentes acerca do nossoc
´erebro e da nossa capacidade de falar se relacionam
com essa quest˜ao vital?
Por que muitas pessoas cultas est˜ao examinando a B
´ıblia,
e ser´a que o que ela diz acerca de um Criador
´e de
interesse para n´os e nossos entes queridos?
Este livro aborda essas quest˜oes. Voc
ˆe ver
´a que as suas
respostas claras poder˜ao ajud
´a-lo a dar mais sentido
`a sua
vida e a lancar a base para um futuro mais feliz.
Existe um
CriadorQue Se Importa com Voc
ˆe?
Nebulosa da Aguia (M16) “Pilares da Criacao”
CRIAD
OR
ct-T
Existe um
CriadorQue Se Importa com Voc
ˆe?
� 1998
WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF PENNSYLVANIA
ASSOCIAC˜
AO TORRE DE VIGIA DE B´IBLIAS E TRATADOS
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
EXISTE UM CRIADOR QUE SE IMPORTA COM VOCˆ
E?
EDITORAS
WATCHTOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF NEW YORK, INC.
BROOKLYN, NEW YORK, U.S.A.
ASSOCIAC˜
AO TORRE DE VIGIA DE B´IBLIAS E TRATADOS
RODOVIA SP-141, KM 43, CES´
ARIO LANGE, SP, 18285-901, BRASIL
Edic˜ao de 2011
Esta publicac˜ao n
˜ao
´e vendida. Ela faz parte de uma obra
educativa b´ıblica, mundial, mantida por donativos.
Cr´editos das fotos: capa: J. Hester e P. Scowen (AZ State Univ.), NASA; p
´agina 6: Tomp-
kins Collection/Cortesia do Museum of Fine Arts, Boston; p´
aginas 12, 13 e 78: cortesia do
Anglo-Australian Observatory, fotos de David Malin; p´
aginas 14, 37 e 41: UPI/Corbis-
Bettmann; p´
agina 22: foto da NASA; p´
agina 76: Acr´opole, Atenas; p
´agina 86: L. Ferra-
rese ( Johns Hopkins University) e NASA; p´
agina 89: foto dos U.S. National Archives; p´
agi-
nas 91 e 117: Culver Pictures; p´
agina 107: foto da OMS, de Edouard Boubat; p´
agina 110:
rolo: cortesia do Shrine of the Book, Israel Museum, Jerusal´em; p
´agina 115: cortesia do
British Museum; p´
aginas 123, 129 e 136: Pictorial Archive (Near Eastern History) Est.;
p´
agina 130: Garo Nalbandian; p´
agina 163: cortesia: Garden Tomb; p´
agina 171: do livro
Liberty’s Victorious Conflict; p´
agina 179: barco a remo: Garo Nalbandian
A MENOS QUE HAJA OUTRA INDICAC˜
AO,
OS TEXTOS B´IBLICOS CITADOS S
˜AO DA
TRADUC˜
AO DO NOVO MUNDO DAS ESCRITURAS SAGRADAS
COM REFERˆ
ENCIAS.
IS THERE A CREATOR WHO CARES ABOUT YOU?PORTUGUESE (BRAZILIAN EDITION) (ct-T)
ISBN 978-85-7392-099-4
MADE IN BRAZIL IMPRESSO NO BRASIL
´I N D I C E
C A P´I T U L O P
´A G I N A
1 O que poder´a dar sentido
`a sua vida? 5
2 Qual´e a origem do Universo? — A controv
´ersia 10
3 Qual´e a origem da vida? 28
4 Vocˆe
´e
´ımpar! 49
5 O que revelam as obras? 73
6 Um antigo registro da criac˜ao — pode-se
confiar nele? 85
7 O que um livro pode ensinar-lhe a respeitodo Criador? 103
8 O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 120
9 Um Grande Instrutor nos revela maisa respeito do Criador 144
10 Se o Criador se importa, por que h´a
tanto sofrimento? 165
11 Torne sua vida mais significativae viva para sempre 184
J´
A SONHOU com uma vida melhor, seja na sua loca-lidade, seja num para
´ıso tropical? Uma vez ou outra,
a maioria de n´os j
´a sonhou com isso.
Em 1891, o pintor francˆes Paul Gauguin foi em bus-
ca de uma vida assim na Polin´esia Francesa. Mas logo
veio a realidade. Seu passado dissoluto trouxe doen-cas e sofrimentos para si mesmo e para outros. Quan-do a morte lhe parecia iminente, ele pintou um quadrodescrito como “derradeira express
˜ao da forca art
´ıs-
tica”. O livro (em inglˆes) “Paul Gauguin 1848-1903:
O Sofisticado Primitivo” diz: “O espectro da atividadehumana abrangido pelo quadro cobre todo o curso davida, do nascimento
`a morte . . . Ele interpretava a
vida como um grande mist´erio.”
Gauguin chamou esse quadro de “De onde viemos?O que somos? Para onde vamos?”�
Talvez j´a conheca essas perguntas. Muitas pessoas
refletivas as fazem. Depois de comentar os avancoscient
´ıficos e t
´ecnicos do homem, um editor do The Wall
Street Journal escreveu: “Nas nossas reflex˜oes sobre
o homem, seus dilemas, seu lugar no Universo, poucoavancamos desde o comeco dos tempos. Ainda nos per-guntamos quem somos, por que existimos e para ondevamos.”
De fato, algumas pessoas vivem apenas em func˜ao
de cuidar da fam´ılia, de ganhar a vida, de viajar ou de
outros interesses pessoais porque n˜ao conhecem ne-
nhum outro sentido na vida. Albert Einstein disse,
� D’o`
u venons-nous? Que sommes-nous? O`
u allons-nous?
C A P´I T U L O U M
O que poder´a dar
sentido`a sua vida?
certa vez: “O homem que acha que a sua vida n˜ao tem
sentido n˜ao
´e apenas infeliz, mas tamb
´em muito mal
preparado para a vida.” Nessa linha de racioc´ınio, al-
guns buscam dar um sentido`a sua vida dedicando-se
`as artes,
`a pesquisa cient
´ıfica ou a campanhas huma-
nit´arias para minorar o sofrimento alheio. Conhece
pessoas assim?´E compreens
´ıvel que surjam perguntas b
´asicas so-
bre o sentido da vida. Quantos pais, ao verem um fi-lho morrer de mal
´aria, ou de outra doenca, n
˜ao se per-
guntam: ‘Por que esse sofrimento? H´a algum sentido
nisso?’ Perguntas assim intrigam muitos homens emulheres que observam a pobreza, as doencas e as in-justicas no mundo. Guerras brutais n
˜ao raro levam
pessoas a se perguntar se pode haver algum sentidona vida.
O quadro de Gauguin levantou perguntas sobre o sentido da vida
6 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Mesmo que vocˆe n
˜ao tenha experimentado tais so-
frimentos, talvez concorde com o professor FreemanDyson, que disse: “N
˜ao estou sozinho quando faco as
mesmas perguntas que J´o [personagem b
´ıblico] fez.
‘Por que sofremos? Por que o mundo´e t
˜ao injusto?
Qual´e o objetivo da dor e da trag
´edia?’ ” Talvez voc
ˆe
tamb´em gostaria de saber as respostas.
Sem d´
uvida seria fundamental encontrar respostassatisfat
´orias. Certo professor, que passou pelos horro-
res do campo de concentrac˜ao de Auschwitz, observou:
“Nada no mundo . . . ajuda a pessoa t˜ao efetivamente
a sobreviver at´e mesmo
`as piores condic
˜oes do que sa-
ber que a sua vida tem sentido.” Ele achava que at´e
mesmo a sa´
ude mental da pessoa est´a ligada a essa
busca de sentido na vida.
Ao longo dos s´eculos, muitos procuraram respostas
na religi˜ao. Depois que Gautama (Buda) contemplou
um enfermo, um idoso e um cad´aver, ele buscou ilumi-
nac˜ao (ou sentido) na religi
˜ao, mas sem crer num Deus
pessoal. Outros tˆem recorrido
`a sua pr
´opria religi
˜ao.
E as pessoas hoje em dia? Muitas enfocam a suaatenc
˜ao na ci
ˆencia, descartando a religi
˜ao e “Deus”
como irrelevantes. “Quanto mais a ciˆencia progride”,
diz o livro Religion and Atheism, “tanto menos espacoparece sobrar para Deus. Deus virou um Expatriado”.
Por que dispensam um Criador?
Na verdade, a tendˆencia de descartar a religi
˜ao ou
a Deus tem ra´ızes em filosofias de homens que deram
ˆenfase
`a raz
˜ao pura e simples. Charles Darwin acha-
va que o conceito de “selec˜ao natural” explicava me-
lhor o mundo natural do que o da existˆencia de um
Criador. Sigmund Freud ensinou que Deus era uma
O que poder´
a dar sentido`
a sua vida? 7
ilus˜ao. E o conceito de que ‘Deus est
´a morto’ vem des-
de os dias de Friedrich Nietzsche. As filosofias orien-tais s
˜ao similares. Mestres do budismo afirmam n
˜ao
ser necess´ario saber sobre Deus. Quanto ao xinto
´ıs-
mo, o professor Tetsuo Yamaori disse que “os deusess
˜ao meros seres humanos”.
Embora o cepticismo a respeito de um Criador sejaamplo,
´e justific
´avel? Voc
ˆe com certeza conhece exem-
plos de ‘fatos cient´ıficos’ do passado que, com o tem-
po, revelaram-se totalmente errados. Conceitos como‘a Terra
´e plana’ e ‘o Universo inteiro gira ao redor do
nosso globo’ prevaleceram por s´eculos, mas o nosso
conhecimento hoje´e maior.
Que dizer de conceitos cient´ıficos um pouco mais re-
centes? Por exemplo, o fil´osofo David Hume, do s
´ecu-
lo 18 — que n˜ao aceitava um Criador — n
˜ao sabia
como explicar o complexo design biol´ogico existente
na Terra. A teoria de Darwin tentava explicar comoas formas de vida se desenvolveram, mas n
˜ao explicou
como a vida comecou, ou que sentido ela tem para n´os.
Assim, muitos cientistas e leigos acham que est´a
faltando alguma coisa. As teorias cient´ıficas talvez
tentem explicar como a vida comecou. Mas as ques-t
˜oes-chave giram em torno de por que comecou. Isso
afeta at´e mesmo pessoas criadas num meio em que
se acredita num Criador. Disse certa jovem europeia,estudante de Hist
´oria: “Para mim, Deus est
´a morto.
Se realmente existisse, n˜ao haveria tanta baderna no
mundo: inocentes passando fome, esp´ecies de animais
em extinc˜ao . . . A ideia de um Criador
´e absurda.” Em
vista das condic˜oes na Terra, muitos n
˜ao conseguem
entender por que um Criador — caso exista — n˜ao as
melhora.
8 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
No entanto, temos de admitir que muitos negam aexist
ˆencia de um Criador porque n
˜ao desejam crer.
“Mesmo que Deus me dissesse pessoalmente que pre-ciso mudar a minha vida”, disse um industrial euro-peu ao seu empregado, “ainda assim, eu n
˜ao mudaria.
Quero viver do jeito que eu gosto”.´
E´obvio que alguns
acham que aceitar a autoridade de um Criador confli-taria com a sua liberdade ou com o estilo de vida quepreferem. Talvez proclamem: ‘S
´o creio no que vejo, e
n˜ao vejo nenhum Criador invis
´ıvel!’`
A parte de por que certas pessoas ‘dispensam umCriador’, as perguntas a respeito da vida e seu senti-do ainda persistem. Depois de o homem passar a ex-plorar o espaco, o te
´ologo Karl Barth disse, quando lhe
perguntaram o que ele achava desse triunfo tecnol´ogi-
co: “Isso n˜ao resolve nenhum dos problemas que me ti-
ram o sono.” Hoje o homem voa no espaco e avanca apassos largos no “ciberespaco”. Ainda assim, pessoasrefletivas veem a necessidade de ter um objetivo, algoque lhes d
ˆe sentido
`a vida.
Convidamos a todos os de mente aberta a conside-rar esse assunto. O livro Belief in God and IntellectualHonesty (A Crenca em Deus e a Honestidade Intelec-tual) observa que a pessoa de “honestidade intelec-tual” caracteriza-se pela “prontid
˜ao de escrutinar o
que acredita ser verdadeiro” e por “prestar suficienteatenc
˜ao a outras evid
ˆencias dispon
´ıveis”.
No assunto em pauta, essas “evidˆencias dispon
´ıveis”
podem ajudar-nos a ver se existe, ou n˜ao, um Criador
da vida e do Universo. E, se existe um Criador, comoseria Ele? Teria o Criador uma personalidade que serelacionasse com a nossa vida? Considerarmos isso po-der
´a lancar luz sobre como tornar a nossa vida mais
significativa e recompensadora.
O que poder´
a dar sentido`
a sua vida? 9
OS ASTRONAUTAS emocionam-se ao fotografar a Ter-ra, que parece enorme quando vista atrav
´es da janela
de uma espaconave. “´
E o momento mais agrad´avel de
um voo espacial”, disse um deles. Mas a Terra´e bem
pequena em comparac˜ao com o sistema solar. Dentro do
Sol caberiam um milh˜ao de Terras, e sobraria espaco!
Mas poderiam esses fatos a respeito do Universo teralgo a ver com a nossa vida e seu sentido?
Facamos uma breve excurs˜ao mental ao espaco para
ver o Sol e a Terra em perspectiva. O Sol´e apenas uma
de um n´
umero assombroso de estrelas que ficam numdos bracos espirais da gal
´axia Via L
´actea,� ela mesma
apenas uma diminuta parte do Universo. A olho nu po-dem-se ver algumas manchas de luz que, na realidade,s
˜ao outras gal
´axias, como a bela Andr
ˆomeda, maior
do que a Via L´actea. A Via L
´actea, a Andr
ˆomeda e
mais umas 20 outras gal´axias s
˜ao mantidas juntas pela
gravitac˜ao num aglomerado, todas elas ocupando ape-
nas um pequeno espaco num vasto superaglomerado.O Universo cont
´em inumer
´aveis superaglomerados, e
isso n˜ao
´e tudo.
Os aglomerados n˜ao est
˜ao espalhados por igual no
espaco. Numa escala enorme, eles parecem paredes efilamentos envolvendo gigantescas regi
˜oes vazias, ou
‘bolhas’. Algumas partes s˜ao t
˜ao longas e largas que
parecem grandes muralhas. Isso talvez surpreenda a
� O diˆametro da gal
´axia Via L
´actea
´e de aproximadamente um
quintilh˜ao de quil
ˆometros, sim — 1.000.000.000.000.000.000 de
quilˆometros! A luz leva 100.000 anos para cruz
´a-la, e essa
´unica
gal´axia cont
´em mais de 100 bilh
˜oes de estrelas!
C A P´I T U L O D O I S
Qual´
e a origem do Universo?— A controv
´ersia
muitos que pensam que o Universo criou a si mesmonuma explos
˜ao c
´osmica casual. “Quanto mais clara-
mente vermos o Universo em todos os seus detalhesgloriosos”, conclui um escritor s
ˆenior da revista Scien-
tific American, “tanto mais dif´ıcil ser
´a explicarmos
com uma teoria simples como´e que ele se formou”.
Evidˆencias apontam para um Comeco
Todas as estrelas que vemos est˜ao na Via L
´actea. At
´e
os anos 20, esta parecia ser a´
unica gal´axia existente.
Mas provavelmente vocˆe sabe que em observac
˜oes pos-
teriores, com telesc´opios maiores, ficou provado que
isso n˜ao
´e assim. O Universo cont
´em pelo menos 50 bi-
lh˜oes de gal
´axias. N
˜ao s
˜ao 50 bilh
˜oes de estrelas, mas
pelo menos 50 bilh˜oes de gal
´axias, cada qual com bi-
lh˜oes de estrelas semelhantes ao Sol. Mas n
˜ao foi a
quantidade estonteante de enormes gal´axias que aba-
lou as crencas cient´ıficas nos anos 20. Foi o fato de es-
tarem todas em movimento.
Os astrˆonomos descobriram um fato not
´avel: quando
passaram luz gal´actica atrav
´es de um prisma, obser-
vou-se um ‘esticamento’ nas ondas luminosas, indican-do que se afastavam de n
´os a grande velocidade. Quan-
to mais distante a gal´axia, tanto mais rapidamente
parecia afastar-se. Isso indica um Universo em expan-s
˜ao.�
� Em 1995, os cientistas notaram o comportamento estranho daestrela mais distante (SN 1995K) j
´a observada, que estava explo-
dindo na sua gal´axia. Como as supernovas em gal
´axias vizinhas,
essa estrela tornou-se bem brilhante e da´ı, lentamente, foi per-
dendo o brilho, por´em num per
´ıodo mais longo do que jamais de-
tectado antes. A revista New Scientist pˆos isso num gr
´afico e
explicou: “O tracado da curva luminosa . . . est´a esticado no tem-
po por exatamente a quantidade esperada se a gal´axia se distan-
ciasse de n´os a aproximadamente metade da velocidade da luz.”
A conclus˜ao? Esta
´e “a melhor evid
ˆencia at
´e agora de que o Uni-
verso realmente est´a se expandindo”.
Qual´
e a origem do Universo? — A controv´
ersia 11
Mesmo sem sermos astrˆonomos profissionais ou
amadores podemos ver que um Universo em expans˜ao
teria profundas implicac˜oes no nosso passado — e tal-
vez tamb´em no nosso futuro pessoal. Alguma coisa
forcosamente desencadeou esse processo — uma for-ca suficientemente poderosa para vencer a imensagravidade do Universo inteiro.
´E v
´alido perguntar-
nos: ‘De que fonte viria uma energia t˜ao poderosa?’
Ainda que para a maioria dos cientistas o Univer-
O Sol (quadrinho)´
e insignificante na gal´
axia Via L´
actea,conforme ilustrado aqui com a gal
´axia espiral NGC 5236
12 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
so tenha tido um comeco bem pequeno e denso (umasingularidade), n
˜ao podemos fugir desta quest
˜ao fun-
damental: “Se em algum ponto no passado o Univer-so estava confinado a um estado singular de tamanhoinfinitamente pequeno e de infinita densidade, temosde perguntar o que havia ali antes e o que havia forado Universo. . . . Temos de encarar o problema de umComeco.” — Sir Bernard Lovell.
Isso envolve mais do que apenas uma fonte de vasta
A Via L´
actea cont´
em mais de 100 bilh˜
oes de estrelas, e´
e apenasuma de mais de 50 bilh
˜oes de gal
´axias no Universo conhecido
Qual´
e a origem do Universo? — A controv´
ersia 13
energia. Requer tamb´em previs
˜ao e intelig
ˆencia, pois
o ritmo de expans˜ao parece estar ajustado com gran-
de precis˜ao. “Se o Universo tivesse se expandido uma
trilion´esima parte mais r
´apido”, disse Lovell, “toda a
mat´eria no Universo j
´a estaria dispersa agora. . . .
E se tivesse sido uma trilion´esima parte mais lento,
as forcas gravitacionais teriam arruinado o Universomais ou menos dentro de seu primeiro bilh
˜ao de anos
de existˆencia. De novo, n
˜ao haveria estrelas de longa
vida nem a pr´opria vida”.
Tentativas de explicar o Comeco
Ser´a que os especialistas agora sabem explicar a
origem do Universo? Muitos cientistas, n˜ao
`a vontade
O astrˆ
onomo Edwin Hubble (1889-1953) percebeu que um desviovermelho na luz de gal
´axias distantes indicava que o Universo est
´a
em expans˜
ao e, portanto, teve um comeco
14 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
com a ideia de que o Universo possa ter sido cria-do por uma intelig
ˆencia superior, especulam que, por
meio de algum processo, ele tenha criado a si mes-mo do nada. Parece-lhe razo
´avel isso? Tais especula-
c˜oes em geral envolvem alguma variac
˜ao de uma teo-
ria (a do Universo inflacion´ario)� concebida em 1979
pelo f´ısico Alan Guth. No entanto, mais recentemen-
te, o Dr. Guth admitiu que a sua teoria “n˜ao explica
� A teoria da inflac˜ao especula o que aconteceu numa frac
˜ao de
segundo ap´os o comeco do Universo. Os defensores da inflac
˜ao
sustentam que o Universo inicialmente era submicrosc´opico e da
´ı
inflacionou (expandiu-se) mais r´apido do que a velocidade da luz,
uma afirmac˜ao que n
˜ao pode ser testada em laborat
´orio. A teoria
da inflac˜ao ainda
´e pol
ˆemica.
Tentativa de contar as estrelasCalcula-se que a gal
´axia Via L
´actea tenha mais de 100 bi-
lh˜oes de estrelas. Imagine uma enciclop
´edia que dedicasse
uma p´agina a cada uma dessas estrelas — o Sol e o restante
do sistema solar ficariam limitados a uma p´agina. Quantos
volumes seriam necess´arios para incluir todas as estrelas
da Via L´actea?
Com volumes razoavelmente grandes, diz-se que essaenciclop
´edia n
˜ao caberia na Biblioteca P
´ublica de Nova
York, com seus 412 quilˆometros de espaco nas estantes!
Quanto tempo levaria para examinar essas p´aginas? “Fo-
lhe´a-la num ritmo de uma p
´agina por segundo levaria mais
de dez mil anos”, explica o livro Coming of Age in the MilkyWay (Maioridade na Via L
´actea). No entanto, as estrelas da
nossa gal´axia s
˜ao mera frac
˜ao do n
´umero de estrelas exis-
tentes nos calculadamente 50 bilh˜oes de gal
´axias no
Universo. Se a enciclop´edia dedicasse uma p
´agina para
cada uma dessas estrelas, as bibliotecas do mundo inteirojuntas n
˜ao teriam espaco suficiente para abrig
´a-la. “Quanto
mais sabemos sobre o Universo”, diz o livro, “tanto mais ve-mos o qu
˜ao pouco sabemos”.
Qual´
e a origem do Universo? — A controv´
ersia 15
como o Universo surgiu do nada”. O Dr. Andrei Lindefoi mais expl
´ıcito num artigo em Scientific American:
“Explicar essa singularidade inicial — onde e quandotudo comecou — ainda
´e o problema mais renitente
da cosmologia moderna.”
Se os especialistas realmente n˜ao sabem explicar a
origem nem o desenvolvimento primordial do Univer-so, n
˜ao devemos procurar uma explicac
˜ao em outra
parte? De fato, vocˆe tem boas raz
˜oes para conside-
rar evidˆencias que muitos t
ˆem despercebido, mas que
lhe poder˜ao dar uma boa compreens
˜ao desse assunto.
Essas evidˆencias incluem as dimens
˜oes precisas de
quatro forcas fundamentais respons´aveis por todas
as propriedades e mudancas que afetam a mat´eria.
A simples menc˜ao de forcas fundamentais talvez leve
alguns a hesitar, pensando: ‘Isso´e coisa s
´o para os f
´ı-
sicos.’ N˜ao
´e. Vale a pena considerar os fatos b
´asicos,
pois nos afetam.
Coment´arios de Jastrow sobre o Comeco
Robert Jastrow, professor de Astronomia e de Geologia naUniversidade de Col
´umbia (EUA), escreveu: “Poucos astr
ˆo-
nomos poderiam ter previsto que esse evento — onascimento s
´ubito do Universo — se tornaria um fato cient
´ı-
fico comprovado, mas a observac˜ao dos c
´eus por meio de
telesc´opios obrigou-os a chegar a essa conclus
˜ao.”
Da´ı ele falou das implicac
˜oes disso: “A prova astron
ˆomica
de que [o Universo teve] um Comeco embaraca os cientis-tas, pois eles acreditam que todo efeito tem uma causanatural . . . O astr
ˆonomo brit
ˆanico E. A. Milne escreveu:
‘N˜ao podemos fazer suposic
˜oes sobre como eram as coisas
[no comeco]; no ato Divino da criac˜ao Deus n
˜ao teve obser-
vadores nem testemunhas.’ ” — The Enchanted Loom—Mindin the Universe.
16 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Regulagem perfeita
As quatro forcas fundamentais atuam tanto navastid
˜ao do cosmos como na infinita pequenez das es-
truturas atˆomicas. Sim, tudo ao nosso redor est
´a en-
volvido.
Elementos essenciais`a vida (especialmente o car-
bono, o oxigˆenio e o ferro) n
˜ao poderiam existir sem a
regulagem perfeita entre as quatro forcas manifestasno Universo. J
´a mencionamos uma dessas forcas, a
forca gravitacional. Outra´e a forca eletromagn
´etica.
Se esta fosse bem mais fraca, os el´etrons n
˜ao seriam
mantidos ao redor do n´
ucleo do´atomo. ‘Seria grave
isso?’, h´a quem se pergunte. Seria, pois os
´atomos
n˜ao poderiam ligar-se para formar mol
´eculas. Inver-
samente, se essa forca fosse bem mais forte, os el´e-
trons ficariam aprisionados no n´
ucleo do´atomo. N
˜ao
haveria reac˜oes qu
´ımicas entre os
´atomos, ou seja,
n˜ao haveria vida. J
´a nesse aspecto fica claro que a
nossa existˆencia e a vida dependem da regulagem per-
feita da forca eletromagn´etica.
Quatro forcas f´ısicas fundamentais
1. Gravitac˜ao: uma forca bem fraca a n
´ıvel de
´atomos.
Afeta objetos grandes — planetas, estrelas, gal´axias.
2. Eletromagnetismo: a forca principal de atrac˜ao entre
pr´otons e el
´etrons, permitindo a formac
˜ao de mol
´eculas.
Os relˆampagos s
˜ao uma das provas de sua forca.
3. Forca nuclear forte: a forca que liga os pr´otons e os
nˆeutrons entre si no n
´ucleo de um
´atomo.
4. Forca nuclear fraca: a forca que governa a desintegra-c
˜ao de elementos radioativos e a eficiente atividade termo-
nuclear do Sol.
Qual´
e a origem do Universo? — A controv´
ersia 17
E considere a escala c´osmica: uma leve diferenca na
forca eletromagn´etica afetaria o Sol, alterando assim
a luz que atinge a Terra, tornando dif´ıcil, ou imposs
´ı-
vel, a fotoss´ıntese nas plantas. Poderia tamb
´em rou-
bar da´agua as suas propriedades
´ımpares, que s
˜ao vi-
tais para a vida. Mais uma vez, a regulagem perfeitada forca eletromagn
´etica torna poss
´ıvel a nossa vida.
Igualmente vital´e a intensidade da forca eletro-
magn´etica em relac
˜ao
`as outras tr
ˆes. Por exemplo,
alguns f´ısicos calculam que esta forca seja 10.000.-
000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000(1040) de vezes maior do que a da gravidade. Pode-ria parecer
´ınfimo acrescentar mais um zero a esse
n´
umero (1041). Mas isso significaria que a gravida-de seria proporcionalmente mais fraca, e o Dr. Rei-nhard Breuer fala dos resultados disso: “Com gravida-de mais baixa as estrelas seriam menores, e a press
˜ao
da gravidade nos seus interiores n˜ao elevaria a tem-
peratura o suficiente para ocorrerem as reac˜oes de fu-
s˜ao nuclear: o Sol n
˜ao teria como brilhar.” Imagine o
que isso significaria para n´os!
E se a gravidade fosse proporcionalmente mais for-te, de modo que o n
´umero tivesse apenas 39 zeros
(1039)? “Com apenas esse pequeno ajuste”, continuaBreuer, “uma estrela como o Sol teria a sua expecta-tiva de vida drasticamente reduzida”. E h
´a cientistas
que acham que a regulagem´e ainda mais precisa.
De fato, duas qualidades not´aveis do Sol e de outras
estrelas s˜ao efici
ˆencia e estabilidade a longo prazo.
Veja uma ilustrac˜ao simples: para funcionar bem, o
motor de um carro precisa de uma combinac˜ao perfei-
ta de combust´ıvel e ar. Engenheiros projetam com-
plexos sistemas mecˆanicos e computadorizados para
aperfeicoar o desempenho. Se´e assim com um sim-
18 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ples motor, que dizer das eficien-tes estrelas de “combust
˜ao” como
o Sol? As forcas principais envol-vidas est
˜ao reguladas com preci-
s˜ao, viabilizando a vida. Ser
´a ca-
sual essa precis˜ao? A J
´o, da antiguidade, foi feita esta
pergunta: “Vocˆe conhece as leis que governam o c
´eu e
sabe como devem ser aplicadas na terra?” (J´o 38:33,
A B´ıblia na Linguagem de Hoje) Nenhum homem co-
nhece. Assim, de onde vem essa precis˜ao?
As duas forcas nucleares
A estrutura do Universo envolve muito mais do queapenas a regulagem perfeita da gravidade e da forcaeletromagn
´etica. Duas outras forcas f
´ısicas tamb
´em
se relacionam com a nossa vida.
A perfeita regulagem entre as forcas quecontrolam o Sol resulta em condic
˜oes
ideais para a nossa vida na Terra
Qual´
e a origem do Universo? — A controv´
ersia 19
Essas duas forcas operam no n´
ucleo de um´ato-
mo, muito evidentemente fruto de projeto inteligen-te. Considere a forca nuclear forte, que liga os pr
´otons
e nˆeutrons entre si no n
´ucleo do
´atomo. Gracas a essa
ligac˜ao podem-se formar v
´arios elementos — os leves
(como o h´elio e o oxig
ˆenio) e os pesados (como o ouro
e o chumbo). Pelo visto, se a forca de ligac˜ao fosse ape-
nas 2% mais fraca, existiria apenas o hidrogˆenio. In-
versamente, se essa forca fosse ligeiramente mais for-te, haveria apenas elementos mais pesados, mas n
˜ao
hidrogˆenio. Afetaria isso a nossa vida? Bem, se fal-
tasse hidrogˆenio no Universo, o Sol n
˜ao teria o com-
bust´ıvel necess
´ario para irradiar energia vitalizado-
ra. E,´e claro, n
˜ao ter
´ıamos
´agua nem alimento, pois
o hidrogˆenio
´e um ingrediente essencial de ambos.
A quarta forca em considerac˜ao, a forca nuclear fra-
ca, controla a desintegrac˜ao radioativa. Afeta tam-
b´em a atividade termonuclear no Sol. ‘Est
´a essa for-
ca em regulagem perfeita com as outras?’, talvez se
“Combinac˜ao de coincid
ˆencias”
“Se a forca fraca fosse um pouquinho mais forte, nenhumh
´elio teria sido produzido; se fosse um pouquinho mais fra-
ca, praticamente todo o hidrogˆenio teria sido convertido em
h´elio.”
“A margem de possibilidade de vir a existir um Universoem que haja certa quantidade de h
´elio e tamb
´em superno-
vas em explos˜ao
´e muito estreita. A nossa exist
ˆencia
depende dessa combinac˜ao de coincid
ˆencias, e da coinci-
dˆencia ainda mais fant
´astica dos n
´ıveis de energia nuclear
preditos [pelo astrˆonomo Fred] Hoyle. Diferentemente de
todas as gerac˜oes anteriores, n
´os sabemos como viemos a
existir. Mas como todas as gerac˜oes anteriores ainda n
˜ao
sabemos por quˆe.” — New Scientist.
20 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
pergunte. O matem´atico e f
´ısico Freeman Dyson ex-
plica: “A [forca] fraca´e milh
˜oes de vezes mais fraca do
que a forca nuclear.´
E fraca justamente o necess´ario
para que o hidrogˆenio no Sol queime num ritmo len-
to e constante. Se a [forca] fraca fosse mais forte oumais fraca, todas as formas de vida que dependem deestrelas do tipo do Sol tamb
´em estariam em perigo.”
Sim, esse ritmo de combust˜ao preciso mant
´em a Ter-
ra aquecida — mas n˜ao incinerada — e nos mant
´em
vivos.
Ademais, os cientistas acreditam que a forca fra-ca participa nas explos
˜oes de supernovas, que eles
acham ser o processo para a produc˜ao e distribuic
˜ao
da maioria dos elementos. “Se tais forcas nuclearesfossem ligeiramente diferentes do que s
˜ao, as estrelas
n˜ao produziriam os elementos dos quais voc
ˆe e eu nos
compomos”, explica o f´ısico John Polkinghorne.
Muito mais se poderia dizer, mas vocˆe sem d
´uvida
entende o ponto. Existe uma surpreendente regula-gem entre essas quatro forcas fundamentais. “Pareceque tudo ao nosso redor prova que a natureza fez tudocerto”, escreveu o professor Paul Davies. Sim, a regu-lagem perfeita entre as forcas fundamentais possibi-lita a exist
ˆencia e a operac
˜ao do nosso Sol, do nosso
agrad´avel planeta com as suas
´aguas vitalizantes, da
nossa atmosfera t˜ao essencial
`a vida, e de uma cole-
c˜ao enorme de preciosos elementos qu
´ımicos existen-
tes na Terra. Mas pergunte-se: ‘O que explica essaregulagem perfeita, e o que
´e respons
´avel por isso?’
Caracter´ısticas ideais da Terra
A nossa existˆencia exige precis
˜ao tamb
´em em ou-
tros sentidos. Considere as medidas da Terra e sua
Qual´
e a origem do Universo? — A controv´
ersia 21
posic˜ao em relac
˜ao ao res-
tante do sistema solar. Nolivro b
´ıblico de J
´o fazem-se
as seguintes perguntas, queinduzem
`a humildade: “Onde
[estavas] quando fundei a terra?. . . Quem lhe p
ˆos as medidas, caso
tu o saibas?” (J´o 38:4, 5) Como nunca
antes, essas perguntas exigem respostas.Por qu
ˆe? Por causa das coisas surpreenden-
tes que tˆem sido descobertas a respeito da Ter-
ra — incluindo seu tamanho e sua posic˜ao no siste-
ma solar.
N˜ao se encontrou nenhum outro planeta como a
Terra no Universo.´
E verdade que alguns cientistasapontam evid
ˆencias indiretas de que certas estrelas
tˆem em sua
´orbita objetos centenas de vezes maiores
do que a Terra. Mas o tamanho da Terra´e exatamen-
te o certo para que possamos existir. Como assim? Sea Terra fosse um pouquinho maior, a sua gravidadeseria mais forte e o hidrog
ˆenio (um g
´as leve) iria acu-
mular-se por n˜ao poder escapar dessa gravidade. Com
isso, a atmosfera seria in´ospita para a vida. Por outro
lado, se a Terra fosse um pouquinho menor, o essen-cial oxig
ˆenio escaparia e as
´aguas do planeta se eva-
porariam. Em ambos os casos, n˜ao seria poss
´ıvel vi-
vermos.
“As condic˜oes especiais existentes na Terra, em func
˜ao de seu
tamanho ideal, sua composic˜ao de elementos e sua
´orbita
quase circular a uma distˆancia perfeita de uma estrela de vida
longa (o Sol), possibilitaram o ac´umulo de
´agua na superf
´ıcie
da Terra.” (Integrated Principles of Zoology, 7.a edic˜ao)
Sem´agua, a vida na Terra n
˜ao poderia ter surgido.
Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
A Terra est´a tamb
´em a uma dist
ˆancia ideal do Sol,
um fator vital para a sustentac˜ao da vida. O astr
ˆo-
nomo John Barrow e o matem´atico Frank Tipler es-
tudaram “a proporc˜ao do raio da Terra e a dist
ˆancia
do Sol”. Eles conclu´ıram que a vida humana n
˜ao exis-
tiria “se essa proporc˜ao fosse ligeiramente diferen-
te da que se observa”. O professor David L. Blockdiz: “Os c
´alculos mostram que se a Terra ficasse s
´o
5% mais perto do Sol, uns 4 bilh˜oes de anos atr
´as te-
ria ocorrido um descontrolado efeito estufa [supera-quecimento da Terra]. Por outro lado, se a Terra fi-casse s
´o 1% mais longe do Sol, uns 2 bilh
˜oes de
anos atr´as teria ocorrido uma descontrolada glacia-
c˜ao [enormes camadas de gelo cobrindo grande par-
te do globo].” — Our Universe: Accident or Design?
A essa precis˜ao, acrescente-se o fato de que a Ter-
ra gira em torno de seu eixo uma vez por dia, na velo-cidade certa para produzir temperaturas moderadas.V
ˆenus leva 243 dias para fazer o mesmo. Imagine se
a Terra levasse tanto tempo! N˜ao suportar
´ıamos as
temperaturas extremas de dias e noites t˜ao longos.
Outro detalhe vital´e a trajet
´oria da Terra ao re-
dor do Sol. A trajet´oria dos cometas
´e larga e el
´ıpti-
ca. Felizmente, a da Terra n˜ao
´e assim; a sua
´orbita
´e quase circular. Isso tamb
´em nos poupa de extremos
de temperatura fatais.
N˜ao despercebamos tamb
´em a localizac
˜ao de nos-
so sistema solar. Se ficasse mais perto do centro daVia L
´actea, o efeito gravitacional de estrelas vizi-
nhas distorceria a´orbita da Terra. Em contraste, se
estivesse situado bem na extremidade dessa nossagal
´axia, o c
´eu noturno ficaria quase sem estrelas.
Qual´
e a origem do Universo? — A controv´
ersia 23
A luz das estrelas n˜ao
´e essencial
`a vida, mas n
˜ao
acrescentam elas uma grande beleza ao nosso c´eu no-
turno? E, com base em conceitos correntes sobre oUniverso, os cientistas calculam que nas extremida-des da Via L
´actea n
˜ao haveria elementos qu
´ımicos
suficientes para formar um sistema solar como o nos-so.�
Lei e ordem
Por observac˜ao pessoal, voc
ˆe sabe que todas as coi-
sas tendem para a desordem. Como todo dono de umacasa verifica, as coisas abandonadas tendem a estra-gar-se ou a desintegrar-se. Os cientistas chamam essatend
ˆencia de “segunda lei da termodin
ˆamica”. Vemos
� Os cientistas descobriram que os elementos revelam espanto-sa ordem e harmonia. Evid
ˆencia interessante disso
´e apresenta-
da no apˆendice “Unidades arquiteturais do Universo”, na p
´agi-
na 26.
Acredita s´o no que v
ˆe?
Muitas pessoas razo´aveis aceitam a exist
ˆencia de
coisas que n˜ao podem ver. Em janeiro de 1997, a revista
Discover publicou que os astrˆonomos haviam detectado o
que eles conclu´ıram ser cerca de uma d
´uzia de planetas
orbitando estrelas distantes.
“At´e agora esses novos planetas s
´o s
˜ao conhecidos
pela maneira como suas gravidades interferem nomovimento das estrelas m
˜aes.” Sim, para os astr
ˆonomos,
os efeitos vis´ıveis da gravitac
˜ao constitu
´ıram base para
crer na existˆencia de corpos celestes n
˜ao vistos.
Evidˆencias relacionadas — n
˜ao a observac
˜ao direta —
foi uma base adequada para os cientistas aceitarem oque ainda era invis
´ıvel. Muitos que creem num Criador
concluem que tˆem base similar para aceitar a exist
ˆencia
do que n˜ao podem ver.
24 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
essa lei em ac˜ao diariamente. Um carro novo ou uma
bicicleta nova abandonados viram sucata. Um pr´edio
abandonado se transformar´a em ru
´ınas. E o Univer-
so? A lei se aplica ali tamb´em. Portanto,
´e de supor
que a ordem no Universo deva, com o tempo, ceder`a
desordem total.
Mas parece que n˜ao
´e isso o que acontece com o Uni-
verso, como o professor de matem´atica Roger Penro-
se descobriu ao estudar o estado de desordem (ou,entropia) do Universo observ
´avel. Uma maneira l
´ogi-
ca de interpretar tais descobertas´e concluir que o
Universo comecou num estado de ordem e ainda´e
altamente organizado. O astrof´ısico Alan Lightman
observou que os cientistas “acham misterioso que oUniverso tenha sido criado num estado de ordem t
˜ao
elevado”. Ele acrescentou que “qualquer teoria de cos-mologia bem-sucedida devia em
´ultima an
´alise expli-
car esse problema da entropia”, ou seja, por que o Uni-verso n
˜ao se tornou ca
´otico.
De fato, a nossa existˆencia
´e contr
´aria a essa lei
reconhecida. Portanto, o que explica a nossa vida aquina Terra? Como j
´a mencionado, essa
´e uma pergunta
b´asica que merece uma resposta.
Sir Fred Hoyle explica em The Nature of the Universe: “Para fugirda quest
˜ao da criac
˜ao seria necess
´ario que toda a mat
´eria
do Universo fosse infinitamente velha, o que ela n˜ao pode ser.
. . . O hidrogˆenio
´e constantemente convertido em h
´elio e
em outros elementos . . . Como se d´a, ent
˜ao, que o
Universo consiste quase s´o de hidrog
ˆenio? Se a mat
´eria fosse
infinitamente velha isso seria totalmente imposs´ıvel. Vemos
assim que, pelo que o Universo´e, a quest
˜ao da criac
˜ao n
˜ao
pode ser simplesmente ignorada.”
Qual´
e a origem do Universo? — A controv´
ersia 25
A Pˆ
E N D I C E
“Unidades arquiteturais do Universo”´
E assim que uma moderna enciclop´edia de ci
ˆencia chama os
elementos qu´ımicos. H
´a uma variedade espantosa entre os elementos
da Terra; alguns s˜ao raros, outros abundantes. Certos elementos, como
o ouro, s˜ao atraentes para o olho humano. Outros s
˜ao gases que nem
sequer vemos, como o nitrogˆenio e o oxig
ˆenio. Cada elemento
´e feito de
certo tipo de´atomo. A construc
˜ao dos
´atomos e a relac
˜ao deles entre si
revelam economia e espantosa organizac˜ao, numa ordem semelhante
`a de um gr
´afico.
Uns 300 anos atr´as, conheciam-se apenas 12 elementos: antim
ˆonio,
arsˆenio, bismuto, carbono, chumbo, cobre, enxofre, estanho, ferro,
merc´urio, ouro e prata. Com a descoberta de novos elementos, os
cientistas notaram que estes refletiam uma ordem bem definida. Vistoque havia lacunas nessa ordem, cientistas como Mendeleyev, Ramsay,Moseley e Bohr teorizaram a exist
ˆencia de elementos desconhecidos e
suas caracter´ısticas. Com o tempo esses elementos foram descobertos,
exatamente conforme fora predito. Como podiam esses cientistasprever a exist
ˆencia de formas de mat
´eria ainda desconhecidas na
´epoca?
Bem, os elementos seguem uma ordem num´erica natural, baseada
na estrutura de seus´atomos.
´E uma lei comprovada. Assim, os livros
escolares podem apresentar uma tabela peri´odica de elementos em
linhas horizontais e em colunas — hidrogˆenio, h
´elio, e assim por diante.
A McGraw-Hill Encyclopedia of Science & Technology observa:“Poucas sistematizac
˜oes na hist
´oria da ci
ˆencia rivalizam-se com o
conceito peri´odico como ampla revelac
˜ao da ordem do mundo f
´ısico. . . .
Quaisquer elementos novos que venham a ser descobertos no futurocom certeza encontrar
˜ao um lugar no sistema peri
´odico, ajustando-se
`a sua respectiva ordem e revelando as peculiares caracter
´ısticas
familiais.”
Quando os elementos s˜ao dispostos nas linhas horizontais e nas
colunas da tabela peri´odica, observa-se uma relac
˜ao not
´avel entre os
elementos que aparecem numa mesma coluna. Por exemplo, na´ultima
coluna est˜ao h
´elio (N.° 2), ne
ˆonio (N.° 10), arg
ˆonio (N.° 18), cript
ˆonio
(N.° 36), xenˆonio (N.° 54) e rad
ˆonio (N.° 86). S
˜ao gases que brilham
intensamente quando atravessados por uma descarga el´etrica e s
˜ao
usados em certas lˆampadas. Tamb
´em, eles n
˜ao interagem facilmente
com v´arios outros elementos, como fazem outros gases.
Sim, o Universo — mesmo nas suas´ınfimas part
´ıculas at
ˆomicas —
revela espantosa harmonia e ordem. O que´e respons
´avel por essa
ordem, harmonia e variedade nos blocos de construc˜ao do Universo?
26
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Tabela peri´odica dos elementos
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lanta
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S´ eri
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act
in´ ıd
eos
A ordem e a harmonia dos elementos na tabelaperi
´odica refletem mero acaso ou projeto inteligente?
A TERRA fervilha de vida. Do gelado´
Artico`a flores-
ta amazˆonica, do deserto do Saara ao pantanal Ever-
glades, do escuro leito oceˆanico aos reluzentes picos
de montanha — a vida´e abundante. E tem muito po-
tencial de nos causar assombro.
A vida se apresenta em tipos, tamanhos e quanti-dades estonteantes. Um milh
˜ao de esp
´ecies de inse-
tos povoa o nosso planeta. Nas´aguas que nos cercam
nadam mais de 20 mil esp´ecies de peixes — alguns
do tamanho de um gr˜ao de arroz, outros do compri-
mento de um caminh˜ao. Pelo menos 350 mil esp
´ecies
de plantas — algumas ex´oticas, a maioria maravi-
lhosas — enfeitam o solo. E mais de 9 mil esp´ecies
de p´assaros voam acima de n
´os. Essas criaturas, in-
cluindo o homem, formam o panorama e a sinfoniaque chamamos de vida.
Ainda mais espantoso do que a agrad´avel varieda-
de de formas de vida, por´em,
´e a profunda uni
˜ao que
as interliga. Os bioqu´ımicos, que estudam a fundo as
criaturas da Terra, explicam que todas as coisas vi-vas — sejam amebas ou seres humanos — dependemde uma espantosa interac
˜ao: o trabalho de equipe dos
´acidos nucleicos (DNA e RNA) e das mol
´eculas de pro-
te´ına. Os intrincados processos que envolvem esses
componentes ocorrem praticamente em todas as c´e-
lulas do nosso corpo, assim como nas c´elulas de bei-
ja-flores, de le˜oes e de baleias. Essa interac
˜ao unifor-
me produz um belo mosaico de vida. Como surgiuessa orquestrac
˜ao de vida? Sim, qual
´e a origem da
vida?
C A P´I T U L O T R
ˆE S
Qual´
e a origem da vida?
Provavelmente vocˆe aceita o fato de que houve um
tempo em que n˜ao havia vida na Terra. A ci
ˆencia con-
corda com isso, bem como muitos livros religiosos.Mesmo assim, talvez saiba que essas duas fontes — aci
ˆencia e a religi
˜ao — divergem na explicac
˜ao de como
a vida comecou na Terra.
Milh˜oes de pessoas de todos os n
´ıveis culturais
acreditam que um Criador inteligente, o Projetista
Qual´
e a origem da vida? 29
Que chances tem o acaso?“O acaso, e somente o acaso, fez tudo — da sopa primor-
dial ao homem”, disse o prˆemio Nobel Christian de Duve, fa-
lando a respeito da origem da vida.´
E o acaso, por´em, uma
explicac˜ao racional para a causa da vida?
O que´e acaso? Alguns pensam em termos de probabili-
dade matem´atica, como no lancamento de uma moeda
para o alto. Mas n˜ao
´e assim que muitos cientistas usam
“acaso” com relac˜ao
`a origem da vida. A vaga palavra “aca-
so”´e usada como substituta de uma palavra mais precisa,
como “causa”, especialmente quando a causa´e desconhe-
cida.
“Personificar o ‘acaso’, como se estiv´essemos falando de
um agente causativo”, observa o biof´ısico Donald M. Mac-
Kay, “´e fazer uma transic
˜ao ileg
´ıtima de um conceito cient
´ı-
fico para um conceito mitol´
ogico quase religioso”. RobertC. Sproul tamb
´em destacou: “Por chamar h
´a tanto tempo de
‘acaso’ a causa desconhecida, as pessoas comecam a es-quecer-se de que se fez uma substituic
˜ao. . . . Para muitos, a
suposic˜ao de que ‘acaso
´e igual a causa desconhecida’ veio
a significar que ‘acaso´e igual a causa’.”
O prˆemio Nobel Jacques L. Monod, por sua vez, usou esta
linha de racioc´ınio “acaso igual a causa”: “O mero acaso,
absolutamente desimpedido, por´em cego, [est
´a] na pr
´opria
base da estupenda estrutura da evoluc˜ao”, escreveu. “O ho-
mem finalmente sabe que est´a sozinho na insens
´ıvel imen-
sid˜ao do Universo, do qual ele surgiu apenas por acaso.”
Note que ele diz: “POR acaso.” Monod faz como muitos ou-tros — eleva o acaso a um princ
´ıpio criativo. O acaso
´e apre-
sentado como meio pelo qual a vida veio a existir na Terra.
Segundo certos dicion´arios, “acaso”
´e ‘o suposto deter-
minante impessoal, sem objetivo, de inumer´aveis aconteci-
mentos’. Assim, quem diz que a vida surgiu por acaso est´a
dizendo que ela surgiu por meio de um poder casual desco-nhecido. N
˜ao estariam alguns virtualmente escrevendo
“Acaso” com inicial mai´uscula — dizendo, na verdade, Cria-
dor?
30 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
original, produziu a vida na Terra. Em contraste,muitos cientistas dizem que a vida surgiu de mat
´eria
sem vida, atrav´es de sucessivas reac
˜oes qu
´ımicas, por
mero acaso. Quem est´a certo?
N˜ao devemos encarar esse assunto como distante
de n´os e de nossa busca de uma vida mais significa-
tiva. Como j´a mencionado, uma das perguntas mais
fundamentais dos humanos tem sido: como´e que n
´os,
seres humanos vivos, viemos a existir?
A maioria dos livros cient´ıficos concentra-se na
adaptac˜ao e na sobreviv
ˆencia das formas de vida, em
vez de na quest˜ao mais central — a pr
´opria origem
da vida. Talvez tenha notado que as tentativas de ex-plicar a origem da vida em geral s
˜ao feitas em forma
de generalizac˜oes, tais como: ‘Por milh
˜oes de anos,
mol´eculas em colis
˜ao de alguma maneira produziram
a vida.’ Mas´e isso realmente satisfat
´orio? Isso signi-
ficaria que, exposta`a energia do Sol, a rel
ˆampagos
ou a vulc˜oes, alguma mat
´eria sem vida reagiu, orga-
nizou-se e, por fim, passou a viver — tudo isso semajuda orientada. Que enorme salto isso teria sido!De mat
´eria sem vida para mat
´eria viva! Poderia ter
acontecido assim?
Na Idade M´edia, aceitar esse conceito talvez n
˜ao
fosse dif´ıcil, pois a gerac
˜ao espont
ˆanea (a noc
˜ao de
que a vida poderia ter surgido espontaneamente demat
´eria sem vida) era uma crenca corrente. Final-
mente, no s´eculo 17, o m
´edico italiano Francesco Redi
provou que os gusanos apareciam na carne estraga-da s
´o depois de as moscas terem depositado ovos nela.
Nenhum gusano surgia em carne fora do alcance dasmoscas. Se insetos do tamanho das moscas n
˜ao sur-
giam simplesmente sozinhos, que dizer dos micr´obios
Qual´
e a origem da vida? 31
que continuavam a aparecer nos alimentos — cober-tos ou n
˜ao? Ainda que experimentos posteriores in-
dicassem que os micr´obios n
˜ao surgiam espontanea-
mente, a quest˜ao continuou controversial. Da
´ı veio o
trabalho de Louis Pasteur.
Muitos conhecem o trabalho de Pasteur, que re-solveu problemas ligados
`a fermentac
˜ao e a doen-
cas infecciosas. Ele tamb´em fez experi
ˆencias para
ver se formas de vida min´
usculas poderiam surgirpor si mesmas. Como talvez tenha lido, Pasteur de-monstrou que at
´e mesmo bact
´erias min
´usculas n
˜ao
se formavam em´agua esterilizada protegida da con-
taminac˜ao. Em 1864, ele anunciou: “A doutrina da
gerac˜ao espont
ˆanea jamais se recuperar
´a do golpe
mortal desferido por essa experiˆencia simples.” Isso
ainda´e verdade. Experimento algum produziu vida
de mat´eria sem vida.
Como, ent˜ao, poderia vir a existir vida na Terra?
Tentativas modernas de responder a essa perguntapodem remontar aos anos 20, aos trabalhos do bio-qu
´ımico russo Alexander I. Oparin. Ele e outros cien-
tistas desde ent˜ao t
ˆem produzido algo parecido com
o texto de um drama de trˆes atos, que representa o
que supostamente ocorreu no palco do planeta Ter-ra. O primeiro ato mostra os elementos, ou mat
´erias-
primas, da Terra virarem grupos de mol´eculas. Em
seguida, o salto para mol´eculas maiores. E o
´ultimo
ato apresenta o salto para a primeira c´elula viva.
Mas foi realmente assim que tudo aconteceu?
Nesse drama,´e fundamental explicar que a atmos-
fera primitiva da Terra era muito diferente do que´e
hoje. Segundo certa teoria, praticamente n˜ao havia
oxigˆenio livre, e os elementos nitrog
ˆenio, hidrog
ˆenio
32 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
e carbono formaram o amon´ıaco e o metano. A ideia
´e que, quando os rel
ˆampagos e a luz ultravioleta ca
´ı-
ram sobre uma atmosfera formada por esses gasese vapor de
´agua, surgiram ac
´ucares e amino
´acidos.
Mas tenha em mente que´e uma teoria.
Nesse drama te´orico, essas formas moleculares
escorreram para os oceanos ou para outros corposde
´agua. Com o tempo, os ac
´ucares, os
´acidos e os
outros componentes formaram um caldo de “sopa
Muitos cientistas reconhecem agora que as complexas mol´
eculas,fundamentais para a vida, n
˜ao poderiam ter sido geradas
espontaneamente numa sopa pr´
e-bi´
otica
Qual´
e a origem da vida? 33
pr´e-bi
´otica”, na qual os amino
´acidos, por exemplo,
combinaram-se e viraram prote´ınas. Estendendo
essa progress˜ao te
´orica, outros componentes, os nu-
cleot´ıdeos, formaram cadeias e viraram
´acido nuclei-
co, como o DNA. Tudo isso, supostamente, preparouo cen
´ario para o ato final do drama molecular.
Pode-se chamar esse´
ultimo ato, de que n˜
ao se temregistro, de hist
´oria de amor. As mol
´eculas de prote
´ı-
na e as mol´eculas do DNA encontraram-se por acaso,
houve compatibilidade e elas se uniram. Da´ı, pouco
antes de fechar as cortinas, nasce a primeira c´elula
viva. Se vocˆe viesse acompanhando esse drama, tal-
vez se perguntasse: ‘Isso´e vida real ou ficc
˜ao? Pode-
ria a vida na Terra realmente ter-se originado dessamaneira?’
Gˆenese em laborat
´orio?
No in´ıcio dos anos 50, os cientistas resolveram tes-
tar a teoria de Alexander Oparin. Era um fato esta-belecido que vida vem apenas de vida, mas os cientis-tas teorizavam que, se as condic
˜oes fossem diferentes
no passado, a vida poderia ter surgido lentamente dealgo sem vida. Poderia ser demonstrado isso? O cien-tista Stanley L. Miller, do laborat
´orio de Harold Urey,
tomou hidrogˆenio, amon
´ıaco, metano e vapor de
´agua
(presumindo ser esta a constituic˜ao da atmosfera pri-
mitiva), lacrou-os num frasco com´agua fervente no
fundo (para representar um oceano), e disparou fa´ıs-
cas el´etricas (como rel
ˆampagos) atrav
´es dos vapores.
Depois de uma semana apareceram vest´ıgios de uma
goma avermelhada, que Miller analisou e descobriuser rica em amino
´acidos — a ess
ˆencia das prote
´ınas.´
E prov´avel que voc
ˆe tenha ouvido falar dessa expe-
riˆencia, pois h
´a anos ela
´e mencionada em livros de
34 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ciˆencia e nas escolas para explicar como a vida na
Terra comecou. Explica mesmo?
Na verdade, o valor da experiˆencia de Miller
´e se-
riamente questionado hoje em dia. (Veja “Cl´assica,
mas question´avel”, p
´aginas 36-37.) N
˜ao obstante, seu
sucesso aparente levou a outros testes que at´e mes-
mo produziram componentes encontrados em´acidos
nucleicos (DNA ou RNA). Especialistas no campo (`as
vezes chamados de cientistas da origem da vida) es-tavam otimistas, pois aparentemente haviam repro-duzido o primeiro ato do drama molecular. E pareciaque as vers
˜oes em laborat
´orio dos dois atos restan-
tes se seguiriam. Certo professor de Qu´ımica afir-
mou: “A explicac˜ao da origem de um primitivo siste-
ma de vida por meio de mecanismos evolucion´arios
est´a bem
`a vista.” E um articulista cient
´ıfico obser-
vou: “Os magos especulavam que os cientistas, comoo Dr. Frankenstein, de Mary Shelley, num passe dem
´agica logo fariam surgir organismos vivos em seus
laborat´orios e, assim, demonstrar em detalhes como
se deu a gˆenese.” O mist
´erio da origem espont
ˆanea
da vida, muitos achavam, estava desvendado. — Veja“Direita, esquerda”, p
´agina 38.
Mudam as opini˜oes, persistem os enigmas
Em anos posteriores, por´em, esse otimismo se eva-
porou. Passaram-se d´ecadas, e os segredos da vida
“[A menor bact´eria que existe]
´e bem mais parecida com uma pessoa
do que as misturas de substˆancias qu
´ımicas de Stanley Miller,
porque a bact´eria j
´a tem essas propriedades de sistema. Portanto,
passar de uma bact´eria para uma pessoa
´e um passo menor do que
passar de uma mistura de amino´acidos para essa bact
´eria.”
— Professora de Biologia Lynn Margulis
Qual´
e a origem da vida? 35
36 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Cl´assica, mas question
´avel
A experiˆencia de Stanley Miller, de 1953, muitas vezes
´e citada como evid
ˆencia de que a gerac
˜ao espont
ˆanea po-
deria ter acontecido no passado. A validade de sua expli-cac
˜ao, contudo, baseia-se na suposic
˜ao de que a atmos-
fera primordial da Terra era “de reduc˜ao”. Isso significa
que continha apenas a menor quantidade de oxigˆenio li-
vre (n˜ao combinado quimicamente). Por qu
ˆe?
O livro “O Mist´erio da Origem da Vida: Reavaliando Teo-
rias Correntes” (em inglˆes) destaca que, se houvesse mui-
to oxigˆenio livre, ‘nenhum amino
´acido poderia ter sido
formado e, se por acaso fosse formado, se decomporia ra-pidamente’.� Qu
˜ao s
´olida foi a suposic
˜ao de Miller a res-
peito da chamada atmosfera primitiva?
Num documento cl´assico publicado dois anos depois de
sua experiˆencia, Miller escreveu: “
´E claro que essas ideias
s˜ao especulac
˜oes, pois n
˜ao sabemos se a Terra realmen-
te tinha uma atmosfera de reduc˜ao quando foi formada.
. . . At´e agora n
˜ao se achou nenhuma evid
ˆencia direta.”
— Journal of the American Chemical Society, 12 de maiode 1955.
Encontrou-se mais tarde essa evidˆencia? Uns 25 anos
depois, o articulista cient´ıfico Robert C. Cowen publicou:
“Os cientistas est˜ao tendo de repensar algumas de suas
suposic˜oes. . . . Surgiram poucas evid
ˆencias em apoio da
noc˜ao de uma atmosfera rica em hidrog
ˆenio, altamente
de reduc˜ao; no entanto, h
´a certas evid
ˆencias contra ela.”
— Technology Review, abril de 1981.
E desde ent˜ao? Em 1991, John Horgan escreveu em
Scientific American: “Na´ultima d
´ecada, mais ou menos,
� O oxigˆenio
´e altamente reativo. Por exemplo, ele se combina
com o ferro e forma ferrugem, ou com o hidrogˆenio e forma
´agua.
Se houvesse muito oxigˆenio livre numa atmosfera quando os
amino´acidos estivessem sendo montados, ele rapidamente se
combinaria com as mol´eculas org
ˆanicas e as desmancharia,
`a
medida que fossem formadas.
Qual´
e a origem da vida? 37
aumentaram as d´uvidas a respeito das suposic
˜oes de
Urey e Miller sobre a atmosfera. Experiˆencias em labora-
t´orio e reconstruc
˜oes computadorizadas da atmosfera . . .
sugerem que a radiac˜ao ultravioleta do Sol, hoje bloquea-
da pelo ozˆonio atmosf
´erico, teria destru
´ıdo as mol
´eculas
`a base de hidrog
ˆenio na atmosfera. . . . Tal atmosfera [di
´o-
xido de carbono e nitrogˆenio] n
˜ao teria sido conducente
`a
s´ıntese de amino
´acidos e de outros precursores da vida.”
Por que, ent˜ao, muitos ainda sustentam que a atmosfe-
ra primitiva da Terra era de reduc˜ao, contendo pouco oxi-
gˆenio? Em Molecular Evolution and the Origin of Life (Evo-
luc˜ao Molecular e a Origem da Vida), Sidney W. Fox e Klaus
Dose respondem: na atmosfera certamente n˜ao havia oxi-
gˆenio porque, por um lado, “experi
ˆencias em laborat
´orio
mostram que a evoluc˜ao qu
´ımica . . . seria grandemente
inibida pelo oxigˆenio” e porque componentes tais como os
amino´acidos “n
˜ao s
˜ao est
´aveis no decurso de per
´ıodos
geol´ogicos na presenca de oxig
ˆenio”.
N˜ao
´e isso um racioc
´ınio evasivo? A atmosfera primiti-
va era de reduc˜ao, diz-se, pois do contr
´ario a gerac
˜ao
espontˆanea da vida n
˜ao poderia ter ocorrido. Mas real-
mente n˜ao existe certeza de que era de reduc
˜ao.
Ainda h´a outro detalhe importante: se a mistura de ga-
ses representa a atmosfera, a fa´ısca el
´etrica imita o re-
lˆampago e a
´agua fervente seria o mar — o que, ou a quem,
representa o cientista que faz a experiˆencia?
continuam esquivos. Uns 40 anos depois de seu expe-rimento, o professor Miller disse
`a revista Scientific
American: “O problema da origem da vida revelou sermuito mais dif
´ıcil do que eu, e a maioria das outras
pessoas, imaginava.” Outros cientistas tamb´em mu-
daram de opini˜ao. Por exemplo, em 1969, o professor
de Biologia Dean H. Kenyon foi coautor do livro Bio-chemical Predestination (Predestinac
˜ao Bioqu
´ımica).
Mais recentemente, por´em, ele concluiu que seria
“fundamentalmente implaus´ıvel que mat
´eria e ener-
gia n˜ao assistidas se organizassem em sistemas vi-
vos”.
De fato, os trabalhos de laborat´orio comprovam a
afirmac˜ao de Kenyon de que existe “uma falha fun-
damental em todas as teorias correntes a respeito
Direita, esquerda
Sabemos que existem luvas direita e esquerda. D´a-se
o mesmo com as mol´eculas de amino
´acidos. Dos cerca de
cem amino´acidos conhecidos, apenas 20 s
˜ao usados em
prote´ınas, e nenhum
´e direito. Quando os cientistas produ-
zem amino´acidos em laborat
´orio, reproduzindo o que pre-
sumem ter acontecido numa sopa pr´e-bi
´otica, eles apuram
um n´umero igual de mol
´eculas direitas e esquerdas. “Esse
tipo de distribuic˜ao 50-50”, diz o The New York Times,
“n˜ao
´e caracter
´ıstico de vida, que depende apenas de ami-
no´acidos esquerdos”. Por que os organismos vivos se com-
p˜oem de amino
´acidos esquerdos
´e “um grande mist
´erio”.
At´e mesmo os amino
´acidos encontrados em meteoritos
“mostraram excessos de formas esquerdas”. O Dr. Jeffrey L.Bada, estudioso dos enigmas da origem da vida, disse que“alguma influ
ˆencia fora da Terra talvez tenha tido certa par-
ticipac˜ao em determinar se os amino
´acidos biol
´ogicos se-
riam direitos ou esquerdos”.
38 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
das origens qu´ımicas da vida”. Depois que Miller e
outros sintetizaram amino´acidos, os cientistas passa-
ram a tentar fabricar prote´ınas e DNA, necess
´arios
para a vida na Terra. Ap´os milhares de experi
ˆencias
com as chamadas condic˜oes pr
´e-bi
´oticas, qual foi o re-
sultado? O livro “O Mist´erio da Origem da Vida: Rea-
valiando Teorias Correntes” (em inglˆes) observa: “H
´a
um contraste impressionante entre o consider´avel su-
cesso em sintetizar amino´acidos e o persistente fra-
casso de sintetizar prote´ınas e DNA.” Os empenhos
nesse´
ultimo sentido s˜ao “fracassos constantes”.
Realisticamente, o mist´erio envolve mais do que
como surgiram as primeiras mol´eculas de prote
´ına e
de´acido nucleico (DNA ou RNA). Inclui como
´e que
elas trabalham juntas. “´
E somente pela parceria des-sas duas mol
´eculas que a vida contempor
ˆanea na
Terra´e poss
´ıvel”, diz The New Encyclopædia Britan-
nica. Contudo, como essa parceria se formou, obser-va essa enciclop
´edia, ainda
´e “um problema crucial e
n˜ao resolvido na quest
˜ao da origem da vida”. Sem d
´u-
vida.
O Apˆendice A, “Equipe a servico da vida” (p
´agi-
nas 45-47), considera alguns detalhes b´asicos do ins-
tigante trabalho de equipe das prote´ınas e dos
´acidos
nucleicos nas nossas c´elulas. Mesmo esse relance no
ˆambito das c
´elulas do nosso corpo desperta admira-
c˜ao pelo trabalho de cientistas nesse campo. Eles t
ˆem
lancado luz sobre processos extremamente complexosnos quais poucos de n
´os sequer pensam, processos
que, no entanto, funcionam todo instante de nossavida. De outro
ˆangulo, por
´em, a espantosa complexi-
dade e precis˜ao exigidas leva-nos de novo
`a pergun-
ta: como´e que tudo isso surgiu?
Qual´
e a origem da vida? 39
Talvez saiba que os cientistas da origem da vidan
˜ao cessam de tentar criar um cen
´ario plaus
´ıvel para
o drama do surgimento da vida. No entanto, seusnovos textos n
˜ao est
˜ao sendo convincentes. (Veja o
Apˆendice B, “Do ‘mundo do RNA’ ou de outro mun-
do?”, p´agina 48.) Por exemplo, Klaus Dose, do Insti-
tuto de Bioqu´ımica em Mainz, Alemanha, observou:
“No presente, todas as discuss˜oes sobre as teorias e
experiˆencias principais nesse campo acabam em im-
passe ou em admiss˜ao de desconhecimento.”
Mesmo na Conferˆencia Internacional sobre a Ori-
gem da Vida, em 1996, nenhuma soluc˜ao foi apresen-
tada. Em vez disso, a revista Science publicou que oscerca de 300 cientistas reunidos “haviam-se digladia-do com o enigma de como surgiram as mol
´eculas do
[DNA e RNA] e como evolu´ıram em c
´elulas autorre-
produtoras”.
Foi preciso inteligˆencia e educac
˜ao superior para
estudar e at´e mesmo comecar a explicar o que ocorre
a n´ıvel molecular nas nossas c
´elulas.
´E razo
´avel crer
que etapas complicadas ocorreram primeiro numa“sopa pr
´e-bi
´otica”, sem direc
˜ao, espontaneamente e
por acaso? Ou havia mais envolvido?
Por que os enigmas?
A pessoa hoje pode repassar quase meio s´eculo
de especulac˜oes e milhares de tentativas de provar
que a vida originou-se por si mesma. Se fizer isso,
“Essas experiˆencias . . . reivindicam a produc
˜ao de s
´ıntese abi
´otica
que, na realidade, foi produzida e projetada por um ser humanomuito inteligente e bem bi
´otico numa tentativa de confirmar
ideias com as quais ele estava grandemente comprometido.”— Origin and Development of Living Systems.
40 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
“Um ato intelectual volunt´ario”
O astrˆonomo brit
ˆanico Sir Fred Hoyle h
´a d
´ecadas estu-
da o Universo e a vida nele, at´e mesmo esposando a ideia
de que a vida na Terra veio do espaco sideral. Discursan-do no Instituto de Tecnologia da Calif
´ornia, ele falou da
ordem dos amino´acidos nas prote
´ınas.
“O grande problema na biologia”, disse Hoyle, “n˜ao
´e
tanto a pura verdade que a prote´ına consiste de uma ca-
deia de amino´acidos
interligados de certamaneira, mas que o ar-ranjo expl
´ıcito dos ami-
no´acidos d
´a a essa
cadeia propriedadesnot
´aveis . . . Se os ami-
no´acidos fossem inter-
ligados a esmo, have-ria um enorme n
´umero
de arranjos in´uteis aos
objetivos de uma c´elu-
la viva. Levando-se emconta que uma enzimat´ıpica tem uma cadeia
de talvez 200 elos, eque existem 20 possibilidades para cada elo,
´e f
´acil ver
que o n´umero de poss
´ıveis arranjos in
´uteis
´e enorme,
mais do que o n´umero de
´atomos em todas as gal
´axias
vis´ıveis atrav
´es dos maiores telesc
´opios. Isso no caso de
uma enzima, e existem mais de 2 mil delas, a maioria ser-vindo a objetivos muito diferentes. Assim, como
´e que a
situac˜ao chegou ao ponto que conhecemos?”
Hoyle acrescentou: “Em vez de aceitar a fantastica-mente pequena probabilidade de a vida ter surgido pormeio das forcas cegas da natureza, parecia melhor su-por que a origem da vida foi um ato intelectual volunt
´a-
rio.”
Qual´
e a origem da vida? 41
ser´a dif
´ıcil discordar do pr
ˆemio Nobel Francis Crick.
Discorrendo sobre teorias da origem da vida, Crickobservou que “h
´a demasiada especulac
˜ao em cima
de fatos escassos demais”. Portanto,´e compreens
´ıvel
que alguns cientistas que examinam os fatos con-cluam que a vida
´e complexa demais para despon-
tar mesmo num sofisticado laborat´orio, muito menos
num ambiente sem controle.
Se a ciˆencia avancada n
˜ao pode provar que a vida
poderia surgir por si mesma, por que alguns cientis-tas ainda se apegam a tais teorias? Algumas d
´ecadas
atr´as, o professor John D. Bernal lancou alguma luz
sobre isso no livro The Origin of Life (A Origem da
Mesmo um relance no mundo complexo e nas func˜
oes intrincadas decada c
´elula do corpo leva
`a pergunta: Como surgiu tudo isso?
˙ RibossomosOnde s
˜ao feitas
as prote´ınas
˙ N´
ucleoCentro decontrole dac
´elula
˙ Membrana celularControla o que entrae o que sai da c
´elula
˙ Mitocˆ
ondrioCentro deproduc
˜ao de
mol´eculas que
fornecem energiapara a c
´elula
˙ CromossomosCont
ˆem o DNA,
o plano mestre gen´etico
˙ Nucl´
eoloLocal demontagemdos ribossomos
Vida): “Pela aplicac˜ao dos estritos c
ˆanones [regras]
do m´etodo cient
´ıfico a esse assunto [a gerac
˜ao espon-
tˆanea da vida],
´e poss
´ıvel demonstrar eficazmente em
v´arios pontos na hist
´oria que a vida n
˜ao poderia ter
surgido [espontaneamente]; as improbabilidades s˜ao
grandes demais, as chances da emergˆencia de vida
s˜ao pequenas demais.” Ele acrescentou: “Lament
´avel
desse ponto de vista, a vida existe aqui na Terra emtoda a sua multiplicidade de formas e atividades, eos argumentos para justificar a sua exist
ˆencia preci-
sam ser distorcidos.” E o quadro n˜ao melhorou.
Considere as implicac˜oes subjacentes de tal racioc
´ı-
nio.´
E como dizer: ‘Cientificamente´e correto dizer que
a vida n˜ao poderia ter comecado por si mesma. Mas o
surgimento espontˆaneo da vida
´e a
´unica possibilida-
de que aceitamos. Assim,´e preciso distorcer os argu-
mentos para apoiar a hip´otese de que a vida surgiu es-
pontaneamente.’ Fica satisfeito com essa l´ogica? N
˜ao
exige tal racioc´ınio muita ‘distorc
˜ao’ dos fatos?
Existem, no entanto, cientistas cultos e respeita-dos que n
˜ao acham necess
´ario distorcer os fatos para
ajust´a-los a uma filosofia corrente a respeito da ori-
gem da vida. Em vez disso, permitem que os fatosapontem para uma conclus
˜ao razo
´avel. Que fatos e
que conclus˜ao?
Informac˜oes e intelig
ˆencia
Entrevistado num document´ario, o professor Ma-
ciej Giertych, renomado geneticista do Instituto deDendrologia da Academia Polonesa de Ci
ˆencias, de-
clarou:
“Estamos cientes da quantidade macica de infor-mac
˜oes contidas nos genes. A ci
ˆencia n
˜ao sabe como
Qual´
e a origem da vida? 43
tais informac˜oes poderiam ter surgido espontanea-
mente.´
E preciso uma inteligˆencia; n
˜ao poderiam
ter surgido de casualidades. Simplesmente misturarletras n
˜ao produz palavras.” Ele acrescentou: “Por
exemplo, o complex´ıssimo sistema de duplicac
˜ao de
prote´ınas do DNA e do RNA na c
´elula tinha de ser
perfeito logo de in´ıcio. Sen
˜ao, os sistemas de vida n
˜ao
poderiam existir. A´
unica explicac˜ao l
´ogica
´e que essa
massa de informac˜oes originou-se de uma intelig
ˆen-
cia.”
Quanto mais se aprende sobre as maravilhas davida, mais l
´ogico
´e aceitar esta conclus
˜ao: a origem
da vida requer uma fonte inteligente. Que fonte?
Como j´a mencionado, milh
˜oes de indiv
´ıduos cultos
concluem que a vida na Terra s´o poderia ter sido pro-
duzida por uma inteligˆencia superior, um projetista.
Sim, depois de um exame imparcial, eles concordamque, mesmo na nossa era cient
´ıfica,
´e razo
´avel dar ra-
z˜ao ao poeta b
´ıblico que, h
´a muito, disse sobre Deus:
“Contigo est´a a fonte da vida.” — Salmo 36:9.
Quer vocˆe j
´a tenha, quer n
˜ao, formado uma opini
˜ao
firme a respeito, voltemos a nossa atenc˜ao para al-
gumas maravilhas que envolvem vocˆe pessoalmente.
Fazer isso´e muito gratificante, e pode iluminar mui-
to esse assunto que afeta a nossa vida.
O professor Michael J. Behe disse: “Para quem n˜ao se v
ˆe obrigado
a restringir a sua busca a causas n˜ao inteligentes, a conclus
˜ao
taxativa´e que muitos sistemas bioqu
´ımicos foram projetados.
N˜ao foram projetados pelas leis da natureza, nem por acaso e
necessidade; eles foram planejados. . . . A vida na Terra, no seun
´ıvel mais fundamental, nos seus componentes mais cr
´ıticos,
´e produto de atividade inteligente.”
44 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
A Pˆ
E N D I C E A
Equipe a servico da vidaN
˜ao existiria vida na Terra sem o trabalho de equipe das mol
´eculas
de prote´ına e dos
´acidos nucleicos (DNA ou RNA) dentro de uma c
´elula
viva. Vejamos brevemente alguns detalhes desse instigante trabalhomolecular de equipe, pois s
˜ao estes que levam muitos a achar dif
´ıcil
crer que c´elulas vivas possam ter surgido por acaso.
Um exame minucioso do corpo humano, de suas c´elulas microsc
´opi-
cas e at´e mesmo do interior delas, revela que somos constitu
´ıdos pri-
mariamente de mol´eculas de prote
´ına. A maioria destas comp
˜oe-se de
“fitas” de amino´acidos vergadas e torcidas em v
´arios formatos. Algu-
mas formam uma bola, outras se parecem com as dobras do fole deum acorde
˜ao.
Certas prote´ınas trabalham com mol
´eculas parecidas com gordura
para formar membranas celulares. Outras ajudam a transportar oxigˆe-
nio dos pulm˜oes para o resto do organismo. Algumas prote
´ınas atuam
como enzimas (catalisadores) para digerir os alimentos, dividindo asprote
´ınas no alimento em amino
´acidos. Estas s
˜ao apenas algumas dos
milhares de tarefas das prote´ınas. Voc
ˆe teria raz
˜ao se dissesse que as
prote´ınas s
˜ao os artes
˜aos da vida; sem elas, a vida n
˜ao existiria. As pro-
te´ınas, por sua vez, n
˜ao existiriam sem a sua ligac
˜ao com o DNA. Mas
o que´e o DNA? Ao que se parece? Que ligac
˜ao tem com as prote
´ınas?
Cientistas brilhantes tˆem recebido pr
ˆemios Nobel por desvendar essas
quest˜oes. Mas n
˜ao precisamos ser grandes bi
´ologos para entender o
b´asico.
A mol´ecula mestra
As c´elulas se comp
˜oem em boa parte de prote
´ınas, de modo que
sempre s˜ao necess
´arias prote
´ınas novas para manter as c
´elulas, para
fabricar c´elulas novas e para facilitar as reac
˜oes qu
´ımicas dentro delas.
As instruc˜oes para a produc
˜ao de prote
´ınas est
˜ao nas mol
´eculas do
DNA (´acido desoxirribonucleico). Para entender melhor a produc
˜ao de
prote´ınas, d
ˆe uma olhada mais de perto no DNA.
As mol´eculas do DNA residem no n
´ucleo da c
´elula. Al
´em de abrigar
as instruc˜oes necess
´arias
`a produc
˜ao de prote
´ınas, o DNA armazena e
transmite informac˜oes gen
´eticas de uma gerac
˜ao de c
´elulas
`a seguin-
te. O formato das mol´eculas do DNA
´e parecido com uma escada de cor-
da contorcida (chamada de “espiral dupla”). Cada uma das duas has-tes da escada do DNA consiste de um vasto n
´umero de partes menores
chamadas nucleot´ıdeos, das quais existem quatro tipos: adenina (A),
guanina (G), citosina (C) e timina (T). Com esse “alfabeto” do DNA, umpar de letras — seja A com T ou G com C — formam um degrau na
45
escada de espiral dupla. A escada cont´em milhares de genes, que s
˜ao
as unidades b´asicas da hereditariedade.
O gene cont´em as informac
˜oes necess
´arias para fabricar prote
´ınas.
A sequˆencia de letras no gene forma uma mensagem codificada, ou
planta, que diz que tipo de prote´ına deve ser fabricada. Assim, o DNA,
com todas as suas subunidades,´e a mol
´ecula mestra da vida. Sem
as suas instruc˜oes codificadas diversas prote
´ınas n
˜ao poderiam existir
— nem a vida.
Os intermedi´arios
Contudo, visto que a planta para construir uma prote´ına est
´a guarda-
da no n´ucleo da c
´elula, e o local de construc
˜ao de prote
´ınas fica fora do
n´ucleo,
´e preciso ajuda para levar a planta codificada do n
´ucleo para o
“canteiro de obras”. As mol´eculas do RNA (
´acido ribonucleico) d
˜ao essa
ajuda. Estas mol´eculas s
˜ao quimicamente similares
`as do DNA, e a ta-
refa exige v´arias formas de RNA. Veja mais de perto esses extremamen-
te complexos processos de fabricar nossas vitais prote´ınas com a aju-
da do RNA.
O trabalho comeca no n´ucleo da c
´elula, onde uma sec
˜ao da escada
do DNA abre-se como um z´ıper. Isso permite que as letras do RNA se
acoplem`as expostas letras do DNA de uma das hastes do DNA. Uma
enzima passa pelas letras do RNA para uni-las num filamento. Assim,as letras de DNA s
˜ao copiadas em letras de RNA, formando o que se
poderia chamar de dialeto DNA. A rec´em-formada cadeia de RNA sepa-
ra-se, e a escada de DNA fecha-se de novo.
Com mais algumas modificac˜oes, esse tipo espec
´ıfico de RNA-men-
sageiro est´a pronto. Ele deixa o n
´ucleo e vai para o local de produc
˜ao
de prote´ınas, onde as letras de RNA s
˜ao decodificadas. Cada conjunto
de trˆes letras de RNA forma uma “palavra” que exige um amino
´acido
espec´ıfico. Outra forma de RNA procura esse amino
´acido, pega-o com
a ajuda de uma enzima e leva-o ao “canteiro de obras”. Enquanto a sen-tenca de RNA
´e lida e traduzida, produz-se uma crescente cadeia de
amino´acidos. Essa cadeia se enrosca e se entrelaca criando uma forma
´ımpar, resultando num certo tipo de prote
´ına. E talvez existam bem
mais de 50 mil tipos de prote´ına no nosso corpo.
At´e mesmo esse processo de entrelacamento das prote
´ınas
´e signifi-
cativo. Em 1996, cientistas ao redor do mundo, “armados com seusmelhores programas de computador, competiram para resolver um dosmais complexos problemas da biologia: como
´e que uma prote
´ına, com-
posta de um longo filamento de amino´acidos, se entrelaca e assume a
forma intrincada que determina o papel que ela desempenha na vida.. . . O resultado, em suma, foi: os computadores perderam, as prote
´ınas
venceram. . . . Os cientistas estimam que para uma prote´ına m
´edia,
46 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
composta de cem amino´acidos, resolver o problema do entrelacamen-
to tentando toda possibilidade real levaria 1027 (1 octilh˜ao) de anos”.
— The New York Times.
Consideramos apenas um resumo de como se forma uma prote´ına, o
suficiente para perceber a incr´ıvel complexidade desse processo. Voc
ˆe
tem ideia de quanto tempo leva para formar uma cadeia de 20 amino´a-
cidos? Cerca de um segundo! E´e um processo cont
´ınuo nas c
´elulas do
nosso corpo, da cabeca aos p´es.
Qual´e o ponto? Embora seja imposs
´ıvel mencionar todos os fatores
envolvidos, o trabalho de equipe necess´ario para produzir e manter a
vida´e assombroso. E a express
˜ao “trabalho de equipe” mal descreve
a interac˜ao precisa que a produc
˜ao de uma mol
´ecula de prote
´ına exige,
visto que a prote´ına necessita de informac
˜oes das mol
´eculas do DNA,
e o DNA necessita de v´arias formas de mol
´eculas de RNA especializa-
das. Tampouco podemos ignorar as v´arias enzimas, cada qual cumprin-
do um papel espec´ıfico e vital.
`A medida que o corpo fabrica c
´elulas,
que acontece bilh˜oes de vezes por dia sem a nossa direc
˜ao conscien-
te, s˜ao necess
´arias c
´opias de todos os tr
ˆes componentes: DNA, RNA e
prote´ınas. Pode-se perceber por que a revista New Scientist comentou:
“Tire um desses trˆes, e a vida acaba.” Ou indo al
´em: sem uma equipe
completa e bem entrosada, a vida n˜ao poderia ter surgido.
´E razo
´avel que cada um desses tr
ˆes componentes da equipe molecu-
lar tenha surgido espontaneamente ao mesmo tempo, no mesmo lugar,e t
˜ao bem interajustado que eles se poderiam combinar para realizar
suas maravilhas?
Existe, por´em, uma explicac
˜ao alternativa para o surgimento da vida
na Terra. Muitos vieram a crer que a vida´e o meticuloso produto de um
Projetista com inteligˆencia do mais alto grau.
Qual´
e a origem da vida? — Apˆ
endice 47
A Pˆ
E N D I C E B
Do “mundo do RNA” ou de outro mundo?Devido ao impasse que a equipe DNA-RNA-prote
´ınas representa, al-
guns pesquisadores apresentam a teoria do “mundo do RNA”. De quese trata? Em vez de afirmarem que o DNA, o RNA e as prote
´ınas origi-
naram-se simultaneamente para produzir vida, eles dizem que o RNAsozinho foi a primeira centelha de vida.
´E s
´olida essa teoria?
Nos anos 80, os pesquisadores descobriram em seus laborat´orios
que as mol´eculas de RNA podiam atuar como enzimas pr
´oprias, cortan-
do a si mesmas em duas e juntando-se de novo em seguida. Assim,especulou-se que o RNA poderia ter sido a primeira mol
´ecula auto-
duplicadora. Teoriza-se que, com o tempo, essas mol´eculas de RNA
aprenderam a formar membranas celulares e que, por fim, o organismoRNA fez surgir o DNA. “Os ap
´ostolos do mundo do RNA”, escreveu Phil
Cohen em New Scientist, “creem que a teoria deles deve ser encarada,se n
˜ao como evangelho, pelo menos como a coisa mais pr
´oxima da ver-
dade”.
Mas nem todos os cientistas aceitam esse conceito. Os c´epticos, ob-
serva Cohen, “argumentaram que — de mostrar que duas mol´eculas de
RNA participaram numa automutilac˜ao em tubo de ensaio a afirmar
que o RNA foi capaz de formar sozinho uma c´elula e provocar o surgi-
mento da vida na Terra — foi um salto grande demais”.
H´a ainda outros problemas. O bi
´ologo Carl Woese afirma que “a teo-
ria do mundo do RNA . . .´e irremediavelmente falha porque n
˜ao expli-
ca de onde veio a energia para alimentar a produc˜ao das primeiras mo-
l´eculas de RNA”. E os pesquisadores nunca localizaram um pedaco deRNA que duplicasse a si mesmo a partir do nada. H
´a tamb
´em a ques-
t˜ao da pr
´opria origem do RNA. Embora a teoria do “mundo do RNA” apa-
reca em muitos livros, a maior parte dela, diz o pesquisador Gary Olsen,“
´e otimismo especulativo”.
Outra teoria que alguns cientistas defendem´e que o nosso planeta
foi semeado com vida procedente do espaco sideral. Mas essa teoriarealmente n
˜ao responde
`a pergunta: o que originou a vida? Dizer que
a vida vem do espaco sideral, diz o articulista cient´ıfico Boyce Rensber-
ger, “apenas muda a localizac˜ao do mist
´erio”. N
˜ao explica a origem da
vida.´
E simplesmente esquivar-se da quest˜ao, transferindo o local da
origem da vida para outro sistema solar ou outra gal´axia. A quest
˜ao cen-
tral permanece.
48
ANTES de iniciar um novo dia vocˆe se olha no espe-
lho para checar a sua aparˆencia? Nessas ocasi
˜oes, tal-
vez n˜ao tenha tempo para pensar muito no assunto.
Mas tire um tempinho agora e maravilhe-se com o queest
´a envolvido numa simples olhada no espelho.
Com os olhos vocˆe se v
ˆe em cores, mesmo que a vi-
s˜ao em cores n
˜ao seja essencial para viver. A posi-
c˜ao dos ouvidos lhe d
´a uma audic
˜ao estereof
ˆonica,
que lhe permite localizar a origem dos sons, como avoz de uma pessoa amada. Isso pode parecer corri-queiro, mas um livro para engenheiros ac
´usticos co-
menta: “Em qualquer profundidade de exame do sis-tema auditivo humano, contudo,
´e dif
´ıcil escapar
`a
conclus˜ao de que suas intricadas func
˜oes e estruturas
C A P´I T U L O Q U A T R O
Vocˆ
e´
e´ımpar!
apontam para a existˆencia de uma m
˜ao generosa no
seu projeto.”
O nariz tamb´em d
´a evid
ˆencia de design maravilho-
so. Por meio dele respiramos, o que nos mant´em vi-
vos. E seus milh˜oes de receptores sensitivos permi-
tem-nos distinguir cerca de 10 mil odores diferentes.Quando comemos, outros sentidos atuam. Milharesde papilas gustativas transmitem-nos o sabor da co-mida, e outros receptores, na l
´ıngua, ajudam-nos a sa-
ber se os dentes est˜ao limpos.
N´os temos cinco sentidos: vis
˜ao, audic
˜ao, olfato, pa-
ladar e tato.´
E verdade que alguns animais tˆem vis
˜ao
noturna mais penetrante, olfato mais sens´ıvel ou au-
dic˜ao mais agucada do que n
´os. Mas o equil
´ıbrio des-
ses sentidos no homem certamente permite-lhe des-tacar-se dos animais em muitos sentidos.
Vejamos, por´em, por que podemos nos beneficiar
dessas habilidades e capacidades. Todas elas depen-dem daquele
´org
˜ao, de cerca de um quilo e meio, en-
cerrado em nossa cabeca: o c´erebro. Os animais t
ˆem
c´erebros funcionais, mas o c
´erebro humano tem qua-
lidades pr´oprias que nos tornam inegavelmente
´ımpa-
res. Como assim? E o que isso tem a ver com o nossointeresse numa vida significativa e duradoura?
O maravilhoso c´erebro
H´a anos o c
´erebro humano
´e comparado a um com-
putador, mas, segundo descobertas recentes, essacomparac
˜ao deixa muito a desejar. “Como comecar a
entender o funcionamento de um´org
˜ao que tem uns
50 bilh˜oes de neur
ˆonios com um quatrilh
˜ao de sinap-
ses (conex˜oes), e com capacidade de operac
˜ao de tal-
vez 10 quatrilh˜oes de vezes por segundo?”, perguntou
o Dr. Richard M. Restak. Sua resposta? “O desempe-
50 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
nho at´e mesmo do mais avancado computador de rede
neural . . . tem cerca de um d´ecimo de mil
´esimo da
capacidade mental de uma mosca.” Imagine, ent˜ao,
a distˆancia que separa o computador do c
´erebro hu-
mano, t˜ao fantasticamente superior!
Que computador pode consertar a si mesmo, rees-crever o seu programa ou se aprimorar com o passardos anos? Quando
´e preciso ajustar um sistema com-
putadorizado, um programador precisa escrever no-vas instruc
˜oes codificadas e dar entrada delas no sis-
tema. O c´erebro faz isso automaticamente, tanto na
infˆancia como na idade avancada. N
˜ao
´e exagero dizer
Campe˜ao de xadrez versus computador
Quando o avancado computador Deep Blue derrotou ocampe
˜ao mundial de xadrez, surgiu a pergunta: “N
˜ao so-
mos obrigados a concluir que o Deep Blue tem uma men-te?”
O professor David Gelernter, da Universidade de Yale,respondeu: “N
˜ao. O Deep Blue
´e apenas uma m
´aquina. Ele
n˜ao tem uma mente, assim como um vaso de flores n
˜ao
tem uma mente. . . . Seu maior significado´e este: os seres
humanos s˜ao campe
˜oes em construc
˜ao de m
´aquinas.”
O professor Gelernter apontou para esta diferenca prin-cipal: “O c
´erebro
´e uma m
´aquina capaz de criar um ‘Eu’. Os
c´erebros podem criar uma imagem mental de muitas coi-
sas, os computadores n˜ao.”
Ele concluiu: “O abismo entre o ser humano e [o compu-tador]
´e permanente e jamais ser
´a fechado. As m
´aquinas
continuar˜ao a tornar a vida mais f
´acil, mais saud
´avel, mais
rica e mais instigante. E os humanos continuar˜ao a preo-
cupar-se basicamente com o mesmo de sempre: consigomesmos, com os outros e, muitos deles, com Deus. Nessesaspectos, as m
´aquinas nunca tiveram influ
ˆencia. E nunca
ter˜ao.”
Vocˆ
e´
e´ımpar! 51
que os computadores mais modernos s˜ao bem primi-
tivos em comparac˜ao com o c
´erebro. Os cientistas cha-
mam-no de “a estrutura mais complicada que se co-nhece” e de “o objeto mais complexo do Universo”. Vejaalgumas descobertas que levam muitos a concluir queo c
´erebro humano
´e produto de um Criador que se im-
porta.
Use-o ou perca-o
Invenc˜oes
´uteis, como carros e avi
˜oes a jato, s
˜ao ba-
sicamente limitadas pelos mecanismos e sistemas el´e-
tricos fixos que os homens projetam e instalam. Emcontraste, o c
´erebro
´e, no m
´ınimo, um mecanismo ou
sistema biol´ogico altamente flex
´ıvel. Pode mudar de
acordo com o uso — ou abuso. Dois fatores principaisparecem determinar como o c
´erebro se desenvolve du-
rante a vida: o que n´os permitimos que entre nele
atrav´es de nossos sentidos e a nossa escolha de pen-
samentos.
Embora certos fatores heredit´arios possam influir
no desempenho mental, pesquisas modernas mos-tram que a capacidade do c
´erebro n
˜ao
´e fixada pelos
genes na concepc˜ao. “Ningu
´em suspeitava que o c
´ere-
bro fosse t˜ao mut
´avel como a ci
ˆencia agora sabe que
ele´e”, escreveu o autor Ronald Kotulak, ganhador do
prˆemio Pulitzer. Ap
´os entrevistar mais de 300 pesqui-
sadores, ele concluiu: “O c´erebro n
˜ao
´e um
´org
˜ao es-
t´atico;
´e uma sempre mut
´avel massa de conex
˜oes de
c´elulas profundamente afetadas pela viv
ˆencia.” — In-
side the Brain.
Mas as experiˆencias na vida n
˜ao s
˜ao a
´unica manei-
ra de moldar o c´erebro. O nosso modo de pensar tam-
b´em o afeta. Os cientistas verificam que o c
´erebro de
quem continua mentalmente ativo tem at´e 40% mais
52 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
conex˜oes (sinapses) entre as c
´elulas nervosas (neur
ˆo-
nios) do que o de pessoas mentalmente ociosas. Osneurocientistas concluem: se n
˜ao o usar, vai perd
ˆe-lo.
E os idosos? Parece que h´a certa perda de c
´elulas ce-
rebrais com o envelhecimento, e a idade avancadapode causar perda de mem
´oria. Mas a diferenca
´e
muito menor do que se cria antes. Uma mat´eria na
revista National Geographic sobre o c´erebro humano
dizia: “Os idosos . . . retˆem a capacidade de gerar no-
vas conex˜oes e de preservar as antigas via atividade
mental.”
Descobertas recentes sobre a flexibilidade do c´ere-
bro harmonizam-se com os conselhos da B´ıblia. Esse
livro de sabedoria exorta os leitores a ‘se transforma-rem reformando a sua mente’ ou a ‘se renovarem’ pelaassimilac
˜ao de “conhecimento exato”. (Romanos 12:2;
Colossenses 3:10) As Testemunhas de Jeov´a t
ˆem vis-
to isso acontecer, quando as pessoas estudam a B´ıblia
e aplicam os seus conselhos. Muitos milhares, de to-das as formac
˜oes sociais e culturais, t
ˆem feito isso.
Eles preservam a sua individualidade, mas tornam-se mais felizes e mais equilibrados, exibindo o que um
Supercomputador equivale a uma lesma
“Os computadores atuais n˜ao chegam nem perto da ca-
pacidade de um ser humano de 4 anos de ver, falar, loco-mover-se ou usar senso comum. Uma raz
˜ao, naturalmente,
´e a pr
´opria capacidade de computac
˜ao. Calcula-se que a
capacidade de processamento de dados at´e mesmo do su-
percomputador mais poderoso equivale ao sistema nervo-so de uma lesma — uma min
´uscula frac
˜ao da capacidade
dispon´ıvel do supercomputador que fica dentro do [nosso]
crˆanio.” — Steven Pinker, diretor do Centro de Neuroci
ˆencia
Cognitiva do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Vocˆ
e´
e´ımpar! 53
escritor do primeiro s´eculo chamou de “bom ju
´ızo”.
(Atos 26:24, 25) Essas melhoras vˆem em grande par-
te pelo bom uso de uma´area do c
´ortex cerebral loca-
lizada na parte frontal da cabeca.
O lobo frontal
A maioria dos neurˆonios na camada externa do c
´e-
rebro, o c´ortex cerebral, n
˜ao est
´a ligada diretamente
a m´
usculos e a´org
˜aos sensoriais. Por exemplo, consi-
dere os bilh˜oes de neur
ˆonios que comp
˜oem o lobo fron-
tal. (Veja o desenho, na p´agina 56.) Exames do c
´ere-
bro provam que o lobo frontal se ativa quando vocˆe
pensa numa palavra ou evoca recordac˜oes. A parte
frontal do c´erebro desempenha um papel especial em
vocˆe ser o que voc
ˆe
´e.
“O c´ortex pr
´e-frontal . . . est
´a mais ligado
`a for-
mulac˜ao de pensamentos,
`a intelig
ˆencia,
`as motiva-
c˜oes e
`a personalidade. Ele associa experi
ˆencias ne-
cess´arias para a criac
˜ao de ideias abstratas, crit
´erios,
persistˆencia, planejamento, preocupac
˜ao com outros e
consciˆencia. . . . S
˜ao as formulac
˜oes dessa regi
˜ao que
distinguem os seres humanos dos outros animais.”(Human Anatomy and Physiology, de Marieb) Certa-mente vemos evid
ˆencia dessa distinc
˜ao nas realiza-
c˜oes humanas em campos como a matem
´atica, a filo-
sofia e a justica, que envolvem primariamente o c´ortex
pr´e-frontal.
“O c´erebro humano comp
˜oe-se quase que exclusivamente do c
´ortex
[cerebral]. O c´erebro de um chimpanz
´e, por exemplo, tamb
´em tem
um c´ortex, mas em proporc
˜oes bem menores. O c
´ortex nos permite
pensar, lembrar, imaginar. Essencialmente, o que nos torna sereshumanos
´e o nosso c
´ortex.” — Edoardo Boncinelli, diretor de
pesquisas em biologia molecular, Mil˜ao, It
´alia.
54 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Por que os humanos tˆem um c
´ortex pr
´e-frontal
grande e flex´ıvel, que contribui para func
˜oes mentais
mais elevadas, ao passo que nos animais essa´area
´e
rudimentar ou inexistente? O contraste´e t
˜ao grande
que os bi´ologos que dizem que n
´os evolu
´ımos de ani-
mais falam da “misteriosa explos˜ao no tamanho do c
´e-
rebro”. O professor de Biologia Richard F. Thompson,notando a extraordin
´aria expans
˜ao do nosso c
´ortex ce-
rebral, admite: “Ainda n˜ao entendemos claramente
por que isso aconteceu.” Poderia ser que o homem foicriado com essa capacidade cerebral
´ımpar?
Inigual´avel capacidade de comunicac
˜ao
Outras partes do c´erebro tamb
´em contribuem para
sermos´ımpares. Atr
´as do c
´ortex pr
´e-frontal h
´a uma
faixa que passa pelo topo do c´erebro: o c
´ortex motor.
Nele h´a bilh
˜oes de neur
ˆonios que se conectam com os
m´
usculos. Ele tem tamb´em caracter
´ısticas que contri-
buem para sermos muito diferentes dos macacos ou deoutros animais. O c
´ortex motor prim
´ario nos d
´a “uma
De f´ısica da part
´ıcula ao nosso c
´erebro
O professor Paul Davies ponderou a capacidade do c´ere-
bro de lidar com o campo abstrato da matem´atica. “A ma-
tem´atica n
˜ao
´e algo que a gente encontra espalhado no
quintal dos fundos da casa. Ela´e produzida pela mente hu-
mana. Mas se perguntarmos onde a matem´atica
´e melhor
aplicada, a resposta´e em
´areas como f
´ısica da part
´ıcula e
astrof´ısica,
´areas de ci
ˆencia fundamental muito, muito dis-
tante do cotidiano.” O que implica isso? “Para mim, isso su-gere que a consci
ˆencia e a nossa capacidade de fazer
matem´atica n
˜ao s
˜ao meras casualidades, nem detalhes tri-
viais e tampouco subprodutos insignificantes da evoluc˜ao
[pela selec˜ao natural].” — Are We Alone?
Vocˆ
e´
e´ımpar! 55
capacidade excepcional (1) de usar as m˜aos para exe-
cutar trabalhos altamente engenhosos e (2) de usar aboca, os l
´abios, a l
´ıngua e os m
´usculos faciais para fa-
lar”. — Textbook of Medical Physiology, de Guyton.
Considere brevemente como o c´ortex motor afeta a
sua capacidade de falar. Mais da metade dele contro-la os
´org
˜aos de comunicac
˜ao, que ajuda a explicar a
inigual´avel capacidade de comunicac
˜ao dos humanos.
Embora as m˜aos desempenhem um papel na comuni-
cac˜ao (na escrita, nos gestos normais ou na linguagem
C´
ortex motor
Lobo frontal
C´
ortexpr
´e-frontal
´Area de Broca
´Area de Wernicke
˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙
de sinais), a boca em geral desempenha a maior par-te. A fala humana — da primeira palavra de um beb
ˆe
at´e a voz de uma pessoa de mais idade —
´e inquestio-
navelmente uma maravilha. Cerca de cem m´
usculosna l
´ıngua, nos l
´abios, nos maxilares, na garganta e no
peito interagem para produzir inumer´aveis sons. Note
este contraste: uma c´elula cerebral pode comandar
2 mil fibras do m´
usculo da barriga da perna de umatleta, mas as c
´elulas cerebrais para a laringe podem
concentrar-se em apenas 2 ou 3 fibras musculares.
˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˘ O c´
ortex cerebral´e a regi
˜ao de superf
´ıcie
do c´erebro mais fortemente ligada
`a intelig
ˆencia.
Se fosse nivelado, o c´ortex cerebral humano
cobriria quatro p´aginas de papel de carta; o de
um chimpanz´e, apenas uma; e o de um rato,
um selo postal. — Scientific American.
N˜ao sugere isso que o nosso c
´erebro
´e especialmente
equipado para a comunicac˜ao?
Cada frase curta que vocˆe pronuncia exige um pa-
dr˜ao espec
´ıfico de movimentos musculares. O signifi-
cado de uma express˜ao pode mudar, dependendo do
grau de movimento e da sincronizac˜ao ultrarr
´apida
de muitos m´
usculos diferentes. “Num ritmo confort´a-
vel”, explica o fonoaudi´ologo Dr. William H. Perkins,
“n´os pronunciamos cerca de 14 sons por segundo. Isso
´e duas vezes mais r
´apido do que podemos controlar a
l´ıngua, os l
´abios, os maxilares e outras partes do apa-
relho fonador quando os acionamos separadamente.Mas quando usamos todas essas partes juntas parafalar, elas comportam-se como os dedos de um ex
´ımio
datil´ografo ou de um grande pianista. Seus movimen-
tos combinam-se numa sinfonia de requintada sincro-nizac
˜ao.”
As informac˜oes necess
´arias para simplesmente per-
guntar “como vai?” est˜ao armazenadas numa parte do
lobo frontal do c´erebro chamada de
´area de Broca, que
alguns consideram ser o centro de articulac˜ao da pala-
vra. O neurocientista e prˆemio Nobel Sir John Eccles
Todos os povos tˆ
em um
No decorrer da Hist´oria, sempre que dois povos se en-
contraram, cada qual verificou que o outro falava um idio-ma. O livro The Language Instinct comenta: “Nunca se des-cobriu uma tribo muda, e n
˜ao h
´a registro de que uma
regi˜ao tenha servido de ‘berco’ de idioma do qual se espa-
lhou a grupos anteriormente sem idioma. . . . A universali-dade de idiomas complexos
´e uma descoberta que enche
os linguistas de espanto, e´e a primeira raz
˜ao para suspei-
tar que a linguagem´e . . . o produto de um instinto huma-
no especial.”
58 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
escreveu: “Nenhuma´area correspondente
`a . . .
´area
de Broca, de controle da fala, foi encontrada em ma-cacos.” Mesmo se uma
´area similar for encontrada em
animais, o fato´e que os cientistas n
˜ao conseguem fa-
zer com que os macacos produzam mais do que unspoucos grunhidos. O ser humano, por
´em, pode produ-
zir uma linguagem complexa, juntando palavras se-gundo a gram
´atica de sua l
´ıngua. A
´area de Broca aju-
da-o a fazer isso, na fala e na escrita.
Naturalmente, n˜ao se pode exercer o milagre da
fala sem conhecer pelo menos um idioma e entendero significado de suas palavras. Isso envolve outraparte especial do c
´erebro, conhecida como
´area de
Wernicke. Ali, bilh˜oes de neur
ˆonios discernem o sig-
nificado de palavras faladas ou escritas. A´area de
Linguagem e inteligˆ
enciaPor que a intelig
ˆencia humana
´e t
˜ao superior
`a de ani-
mais, como os macacos? Uma raz˜ao b
´asica
´e o nosso
uso de sintaxe — juntar sons para formar palavras e usarpalavras para fazer sentencas. O neurofisiologista te
´orico
Dr. William H. Calvin explica:
“Chimpanz´es selvagens usam cerca de tr
ˆes d
´uzias de vo-
calizac˜oes diferentes para transmitir cerca de tr
ˆes d
´uzias
de significados diferentes. Talvez repitam um som para in-tensificar o seu significado, mas eles n
˜ao ligam tr
ˆes sons
para acrescentar uma palavra nova ao seu vocabul´ario.
“N´os humanos tamb
´em usamos cerca de tr
ˆes d
´uzias
de vocalizac˜oes, chamadas de fonemas. Mas apenas as
combinac˜oes destes t
ˆem conte
´udo: n
´os colocamos num
segmento sons sem significado para formar palavras comsignificado.” O Dr. Calvin observou que “ningu
´em ainda ex-
plicou” como se deu o salto de “um som/um significado”dos animais para a nossa exclusivamente humana capaci-dade de usar sintaxe.
Vocˆ
e´
e´ımpar! 59
Wernicke ajuda a pessoa a entender o que ouve ou oque l
ˆe, podendo assim adquirir e assimilar informa-
c˜oes.
H´a ainda outros fatores envolvidos na linguagem
fluente. Para ilustrar: Um “ol´a” pode transmitir mui-
tos sentidos. O tom da voz indica se vocˆe est
´a feliz,
emocionado, aborrecido, apressado, incomodado, tris-te ou amedrontado, e pode at
´e mesmo revelar graus
desses estados emocionais. Outra´area do c
´erebro for-
nece informac˜oes para o lado emocional da lingua-
gem. Portanto, v´arias regi
˜oes do c
´erebro entram em
ac˜ao quando voc
ˆe se comunica.
Alguns chimpanz´es foram ensinados a usar uma
vers˜ao simplificada da linguagem de sinais, mas seu
uso basicamente se limita a simples pedidos de comi-da ou de outras coisas b
´asicas. Com experi
ˆencia em
ensinar alguns gestos simples de comunicac˜ao a chim-
panz´es, o Dr. David Premack concluiu: “A linguagem
humana´e um embaraco para a teoria evolucion
´aria
porque sua capacidade´e tremendamente maior do
que se possa explicar.”
Vocˆ
e sabe fazer mais do que apenas rabiscar“Ser
´a que apenas o homem, o Homo sapiens,
´e capaz
de comunicar-se por meio de linguagem? Obviamente, aresposta depende do que se quer dizer com ‘linguagem’— pois todos os animais superiores certamente se comuni-cam por meio de uma grande variedade de manifestac
˜oes,
como gestos, odores, chamadas, gritos e cantos, e at´e
mesmo danca, como as abelhas. Mas os animais, exceto ohomem, parecem n
˜ao ter uma linguagem gramatical estru-
turada. E os animais, o que pode ser muito significativo,n
˜ao desenham. Quando muito, apenas rabiscam.” — Pro-
fessores R. S. e D. H. Fouts.
60 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Podemos perguntar: ‘Por que os humanos tˆem essa
habilidade maravilhosa de comunicar pensamentos esentimentos, de fazer perguntas e de dar respostas?’A Encyclopedia of Language and Linguistics diz que“a fala [humana]
´e especial” e admite que “a busca
de precursores na comunicac˜ao animal pouco ajuda a
transpor o enorme abismo que separa a linguagem ea fala dos comportamentos n
˜ao humanos”. O profes-
sor Ludwig Koehler resumiu a diferenca: “A fala hu-mana
´e um segredo, um dom divino, um milagre.”
Como´e grande a diferenca entre o uso de sinais por
um macaco e a complexa capacidade lingu´ıstica de
uma crianca! Sir John Eccles falou a respeito do que amaioria de n
´os tamb
´em j
´a observou, isto
´e, a habilida-
de “exibida at´e mesmo por criancas de 3 anos com sua
torrente de perguntas no seu desejo de entender o seumundo”. Ele acrescentou: “Em contraste, os macacosn
˜ao fazem perguntas.” Sim, s
´o os seres humanos for-
mulam perguntas, inclusive sobre o sentido da vida.
Mem´oria, e muito mais!
Quando vocˆe se olha no espelho, talvez lhe venha
`a
mente como era a sua aparˆencia quando voc
ˆe era mais
jovem, at´e mesmo comparando-a com a sua poss
´ıvel
aparˆencia no futuro, ou como seria se aplicasse cos-
m´eticos. Esses pensamentos podem surgir quase in-
conscientemente, mas´e algo muito especial, que ne-
nhum animal pode experimentar.
“Na mente humana tamb´em encontramos estruturas de
maravilhosa complexidade”, nota o professor A. Noam Chomsky.“A linguagem
´e um exemplo, mas n
˜ao o
´unico. Pense na
capacidade de lidar com propriedades abstratas do sistemanumeral, [que parece] ser exclusiva dos humanos.”
Vocˆ
e´
e´ımpar! 61
Diferentemente dos animais, que vivem principal-mente em func
˜ao de suas necessidades presentes, os
humanos podem lembrar do passado e planejar o fu-turo. A chave para isso
´e a quase ilimitada capacida-
de de mem´oria do c
´erebro.
´E verdade que os animais
tˆem certo grau de mem
´oria, que lhes permite encon-
trar o caminho de volta para casa ou lembrar-se deonde encontrar alimentos. A mem
´oria humana
´e mui-
to superior. Certo cientista calculou que o nosso c´ere-
bro pode reter informac˜oes que “encheriam uns vinte
milh˜oes de volumes, tantos quantos os existentes nas
maiores bibliotecas do mundo”. Alguns neurocientis-tas estimam que num per
´ıodo de vida m
´edio a pessoa
usa apenas 1/100 de 1% (0,0001) do potencial do c´ere-
bro. Pode-se perguntar: ‘Por que temos um c´erebro
com tanta capacidade quando mal usamos uma fra-c
˜ao dele num per
´ıodo de vida normal?’
O nosso c´erebro tampouco
´e apenas um vasto lo-
cal de armazenagem de dados, como um supercompu-tador. Os professores de Biologia Robert Ornstein eRichard F. Thompson escreveram: “A habilidade quea mente humana tem de aprender — de armazenar ede lembrar-se de informac
˜oes —
´e o mais not
´avel fe-
nˆomeno no universo biol
´ogico. Tudo o que nos torna
seres humanos — a linguagem, o pensamento, o co-
O “dom” de perguntarSobre o futuro do Universo, o f
´ısico Lawrence Krauss es-
creveu: “N´os nos aventuramos a fazer perguntas sobre coi-
sas que talvez jamais venhamos a ver diretamente porquesomos capazes de fazer essas perguntas. Os nossos filhos,ou os filhos deles, um dia as responder
˜ao. N
´os somos do-
tados de imaginac˜ao.”
62 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
nhecimento, a cultura —´e resultado dessa extraordi-
n´aria capacidade.”
Ademais, a nossa mente´e consciente. Essa declara-
c˜ao pode parecer b
´asica, mas ela resume algo que
nos torna inquestionavelmente´
unicos. A mente temsido descrita como “a esquiva entidade onde a inteli-g
ˆencia, a tomada de decis
˜oes, a percepc
˜ao, o estado
de alerta e o sentimento de si mesmo residem”. As-sim como c
´orregos, riachos e rios correm para o mar,
as recordac˜oes, pensamentos, imagens, sons e senti-
mentos constantemente entram ou passam pela nos-sa mente. A consci
ˆencia, diz certa definic
˜ao,
´e “a per-
cepc˜ao do que se passa na mente do pr
´oprio homem”.
Pesquisadores modernos avancaram muito na com-preens
˜ao da composic
˜ao f
´ısica do c
´erebro e de alguns
Apenas os humanos fazem perguntas.Algumas s
˜ao sobre o sentido da vida
Vocˆ
e´
e´ımpar! 63
dos processos eletroqu´ımicos que ocorrem nele. Sa-
bem tamb´em explicar os circuitos e o funcionamento
de um computador avancado. Contudo, existe umaenorme diferenca entre c
´erebro e computador. O c
´ere-
bro deixa vocˆe consciente e c
ˆonscio de sua exist
ˆencia,
o que certamente n˜ao acontece com o computador. Por
que essa diferenca?
Como e por que a consciˆencia emerge de processos
f´ısicos no c
´erebro
´e realmente um mist
´erio. “N
˜ao vejo
como alguma ciˆencia possa explicar isso”, disse certo
neurobiologista. Tamb´em, o professor James Trefil
observou: “O que, exatamente, significa um humanoser consciente . . .
´e a
´unica grande pergunta nas ci
ˆen-
cias que nem mesmo sabemos como formular.” Uma
Diferentemente dos animais, os humanost
ˆem consci
ˆencia de si mesmos e do futuro
64 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
das raz˜oes
´e que os cientistas usam o c
´erebro para ten-
tar entender o c´erebro. E estudar apenas a fisiologia
do c´erebro talvez n
˜ao baste. A consci
ˆencia
´e “um dos
mist´erios mais profundos da exist
ˆencia”, observou o
Dr. David Chalmers, “mas apenas conhecer o c´erebro
pode n˜ao levar [os cientistas]
`a raiz do mist
´erio”.
No entanto, todos n´os somos conscientes. Por exem-
plo, as v´ıvidas recordac
˜oes de eventos passados n
˜ao
s˜ao meros fatos armazenados, como dados de infor-
mac˜ao num computador. Podemos refletir sobre nos-
sas experiˆencias, tirar lic
˜oes delas e us
´a-las para mol-
dar o nosso futuro. Podemos cogitar v´arias situac
˜oes
futuras e avaliar os poss´ıveis efeitos de cada uma. Te-
mos a capacidade de analisar, criar, apreciar e amar.Podemos ter conversas agrad
´aveis sobre o passado, o
presente e o futuro. Temos valores´eticos de compor-
tamento e podemos us´a-los ao tomar decis
˜oes que po-
dem, ou n˜ao, ser de benef
´ıcio imediato. Somos atra
´ı-
dos`a beleza nas artes e na moral. Na mente podemos
moldar e refinar as nossas ideias e imaginar como osoutros reagir
˜ao, caso as concretizemos.
Esses fatores produzem uma percepc˜ao que distin-
gue os humanos das outras formas de vida na Terra.O cachorro, o gato ou o p
´assaro se veem num espelho
e reagem como se estivessem vendo outro de sua es-p
´ecie. Mas quando voc
ˆe se olha no espelho, voc
ˆe se re-
conhece como ser dotado das capacidades acima men-cionadas. Voc
ˆe pode refletir sobre dilemas, como: ‘Por
que algumas tartarugas vivem 150 anos e algumas´arvores mais de mil anos, ao passo que um ser hu-mano inteligente
´e not
´ıcia se chegar aos 100?’ Diz o
Dr. Richard Restak: “O c´erebro humano, e somente
o c´erebro humano, tem a capacidade de recuar no
passado, examinar a sua pr´opria atuac
˜ao e, assim,
Vocˆ
e´
e´ımpar! 65
conseguir certo grau de transcendˆencia. De fato, a
nossa capacidade de reescrever o nosso pr´oprio rotei-
ro e de nos redefinir no mundo´e o que nos distingue
de todas as outras criaturas no mundo.”
A consciˆencia humana intriga alguns. O livro Life
Ascending, embora prefira uma simples explicac˜ao
biol´ogica, admite: “Quando nos perguntamos como
´e
poss´ıvel que um processo [a evoluc
˜ao] parecido com
um jogo de azar, com penalidades terr´ıveis para os
perdedores, poderia ter gerado qualidades como oamor ao belo e
`a verdade, a compaix
˜ao, a liberdade e,
acima de tudo, a expansividade do esp´ırito humano,
ficamos perplexos. Quanto mais pensamos nos nos-sos recursos espirituais, tanto maior o nosso espan-to.” Uma grande verdade! Assim, podemos concluir onosso exame da qualidade
´ımpar da natureza huma-
na com algumas evidˆencias de nossa consci
ˆencia que
ilustram por que muitos est˜ao convencidos de que tem
de existir um Projetista inteligente, um Criador, quese importa conosco.
Arte e beleza
“Por que as pessoas buscam t˜ao apaixonadamente
a arte?”, pergunta o professor Michael Leyton em seulivro Symmetry, Causality, Mind (Simetria, Causali-dade, Mente). Como ele destaca, alguns talvez digamque a atividade mental, como a matem
´atica,
´e obvia-
mente ben´efica para os humanos, mas de que serve a
arte? Leyton argumenta dizendo que as pessoas via-jam grandes dist
ˆancias para ver exibic
˜oes de arte e
concertos. Que emoc˜ao
´ıntima est
´a envolvida? Simi-
larmente, pessoas em todo o mundo penduram belasfotos ou quadros nas paredes de sua casa ou de seuescrit
´orio. Ou considere a m
´usica. A maioria gosta de
66 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ouvir certo estilo de m´
usica em casa ou no carro. Porqu
ˆe? Certamente n
˜ao
´e porque a m
´usica alguma vez
tenha contribu´ıdo para a sobreviv
ˆencia do mais apto.
“A arte talvez seja o fenˆomeno mais inexplic
´avel da es-
p´ecie humana”, diz Leyton.
Todos n´os sabemos, no entanto, que apreciar a arte
e a beleza faz parte daquilo que nos faz sentir “hu-manos”. Um animal sentado numa colina talvez olhepara o c
´eu colorido, mas ser
´a que se sente atra
´ıdo pela
beleza em si? A beleza de um riacho de montanha re-fletindo os raios do sol nos atrai, contemplamos comespanto a deslumbrante variedade numa floresta tro-pical, nos encantamos com uma praia ladeada de co-queiros ou admiramos um c
´eu preto-aveludado, salpi-
cado de estrelas. Muitas vezes nos extasiamos, n˜ao
´e
mesmo? Belezas assim abrasam o nosso corac˜ao, ele-
vam o nosso esp´ırito. Por qu
ˆe?
Vocˆ
e´
e´ımpar! 67
Por que´e que temos um anseio inato por coisas que
materialmente pouco contribuem para a nossa sobre-viv
ˆencia? De onde v
ˆem os nossos valores est
´eticos? Se
n˜ao aceitarmos um Criador que moldou esses valores
ao criar o homem, essas perguntas ficam sem respos-tas satisfat
´orias. D
´a-se o mesmo com relac
˜ao
`a bele-
za moral.
Valores morais
Muitos consideram as boas ac˜oes como forma supe-
rior de beleza. Por exemplo, ser leal a princ´ıpios em
face de perseguic˜ao, agir com altru
´ısmo para minorar
o sofrimento de outros e perdoar quem nos causa omal s
˜ao ac
˜oes que agradam ao senso moral de pessoas
refletivas em toda a parte. Esse´e o tipo de beleza
mencionado no antigo prov´erbio b
´ıblico: “A perspic
´a-
cia do homem certamente torna mais vagarosa a suaira, e
´e beleza da sua parte passar por alto a trans-
gress˜ao.” Ou como diz outro prov
´erbio: “A coisa dese-
j´avel no homem terreno
´e a sua benevol
ˆencia.” — Pro-
v´erbios 19:11, 22.
Todos n´os sabemos que h
´a pessoas, e at
´e mesmo
grupos, que ignoram ou pisoteiam os valores eleva-dos, mas a maioria n
˜ao faz isso. De que fonte v
ˆem os
valores morais presentes praticamente em todas as´areas e em todos os per
´ıodos? Se n
˜ao existe nenhuma
Fonte de moralidade, nenhum Criador, ser´a que o cer-
to e o errado originaram-se simplesmente de pessoas,da sociedade humana? Veja um exemplo: a maioriados indiv
´ıduos e dos grupos acham errado o assassi-
nato. Mas pode-se perguntar: ‘Errado em comparac˜ao
com o quˆe?’ Obviamente, existe um senso de morali-
dade que inspira a sociedade humana em geral e quetem sido incorporado nas leis de muitos pa
´ıses. Qual
68 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
´e a fonte desse padr
˜ao de moralidade? N
˜ao poderia ter
sido um Criador inteligente, que tem valores morais,e que implantou a faculdade da consci
ˆencia, ou senso
´etico, nos humanos? — Note Romanos 2:14, 15.
Podemos pensar no futuro e planej´a-lo
Outra faceta da consciˆencia humana
´e a nossa ca-
pacidade de considerar o futuro. Quando lhe pergun-taram se os humanos t
ˆem tracos que os distinguem
dos animais, o professor Richard Dawkins reconheceuque o homem tem, sim, qualidades
´ımpares. Depois de
mencionar “a habilidade de planejar usando a pre-vis
˜ao consciente, imaginada”, Dawkins acrescentou:
“Benef´ıcios a curto prazo sempre foram o que valeu na
evoluc˜ao; benef
´ıcios a longo prazo nunca valeram. Ja-
mais foi poss´ıvel que algo evolu
´ısse caso fosse ruim
para o bem imediato, a curto prazo, do indiv´ıduo. Pela
primeira vez agora´e poss
´ıvel que, pelo menos algu-
mas pessoas, digam: ‘Esqueca que vocˆe pode lucrar a
curto prazo derrubando esta floresta; j´a pensou no be-
nef´ıcio a longo prazo?’ Isso, sim, acho genuinamente
novo e´ımpar.”
Outros pesquisadores confirmam que a capacidadehumana de planejar com consci
ˆencia e a longo prazo
n˜ao tem igual. O neurofisiologista William H. Calvin
diz: “`
A parte dos preparativos para o inverno e parao acasalamento, ditados pelos horm
ˆonios, os animais
d˜ao surpreendentemente pouca evid
ˆencia de que pla-
nejam mais do que poucos minutos`a frente.” Alguns
animais armazenam alimentos antes de uma estac˜ao
Se o Universo e a nossa existˆencia nele fossem acidentais, a nossa
vida n˜ao teria sentido duradouro. Mas se a nossa vida no Universo
resulta de “projeto”, tem de haver um sentido satisfat´orio nela.
Vocˆ
e´
e´ımpar! 69
fria, mas eles n˜ao ponderam as coisas nem planejam.
Em contraste, os humanos consideram o futuro, at´e
mesmo o futuro distante. Alguns cientistas pensamno que pode acontecer com o Universo daqui a bilh
˜oes
de anos. J´a se perguntou por que o homem — t
˜ao di-
ferente dos animais —´e capaz de pensar no futuro e
fazer planos?
A B´ıblia diz a respeito do ser humano: “[O Cria-
dor] pˆos at
´e mesmo tempo indefinido no seu corac
˜ao.”
A vers˜ao Almeida (IBB) traduz assim: “P
ˆos na mente
do homem a ideia da eternidade.” (Eclesiastes 3:11)N
´os usamos diariamente essa capacidade distintiva,
mesmo num gesto t˜ao simples como nos olhar no es-
pelho e imaginar como ser´a a nossa apar
ˆencia daqui
Apenas os seres humanos apreciam a beleza,pensam no futuro e sentem-se atra
´ıdos a um Criador
70 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
a 10 ou 20 anos. E n´os confirmamos o que diz Ecle-
siastes 3:11 quando, mesmo casualmente, pensamosem conceitos como a infinidade do tempo e do espaco.Simplesmente termos essa capacidade harmoniza-secom o coment
´ario de que um Criador p
ˆos ‘eternidade
na mente do homem’.
Atra´ıdos a um Criador
Muitas pessoas, por´em, n
˜ao encontram satisfac
˜ao
plena em desfrutar a beleza, fazer o bem ao pr´oximo
e pensar no futuro. “´
E muito estranho”, nota o profes-sor C. Stephen Evans, “que mesmo nos nossos mais fe-lizes e prezados momentos de amor, muitas vezes sin-tamos que nos falta algo. Queremos mais, sem sabero que
´e esse mais que queremos”. De fato, os huma-
nos conscientes — diferentemente dos animais comquem dividimos esse planeta — sentem ainda outranecessidade.
“A religi˜ao est
´a profundamente arraigada na natu-
reza humana e manifesta-se em todos os n´ıveis de con-
dic˜ao econ
ˆomica e formac
˜ao cultural.” Isso resume a
pesquisa que o professor Alister Hardy apresenta emThe Spiritual Nature of Man (A Natureza Espiritualdo Homem). Ela confirma o que muitos outros estu-dos j
´a estabeleceram: crer em Deus
´e pr
´oprio do ho-
mem. Embora indiv´ıduos possam ser ateus, nac
˜oes
inteiras n˜ao s
˜ao. O livro Is God the Only Reality?
(´
E Deus a´
Unica Realidade?) observa: “Aˆansia reli-
giosa de sentido [na vida] . . .´e a experi
ˆencia comum
em toda cultura e toda era desde o surgimento da hu-manidade.”
De onde vem essa aparentemente inata percepc˜ao
de que Deus existe? Se o homem fosse um mero ajun-tamento acidental de
´acido nucleico e mol
´eculas de
Vocˆ
e´
e´ımpar! 71
prote´ına, o que levaria essas mol
´eculas a desenvolver
amor pela arte e pela beleza, tornar-se religiosas epensar na eternidade?
Para Sir John Eccles a explicac˜ao evolucionista da
existˆencia do homem “falha num aspecto muito vital:
n˜ao explica a exist
ˆencia de cada um de n
´os como ser
´ımpar de consci
ˆencia pr
´opria”. Quanto mais aprende-
mos sobre o funcionamento do c´erebro e da mente,
mais f´acil
´e ver por que milh
˜oes de pessoas conclu
´ı-
ram que a existˆencia consciente do homem
´e evid
ˆen-
cia de que existe um Criador que se importa conosco.
No cap´ıtulo seguinte, veremos por que pessoas de
todas as camadas sociais verificam que essa conclu-s
˜ao racional lanca a base para respostas satisfat
´orias
a perguntas vitais: por que existimos, e para onde va-mos?
De tentar escapar de tigres-dentes-de-sabre?
John Polkinghorne, da Universidade de Cambridge, In-glaterra, observou:
“O f´ısico te
´orico Paul Dirac descobriu algo que se chama
de teoria do campo quˆantico, que
´e fundamental para o
nosso entendimento do mundo f´ısico. N
˜ao posso crer que
a capacidade de Dirac de elaborar essa teoria, ou a capa-cidade de Einstein de elaborar a teoria geral da relativi-dade, sejam um derivativo da necessidade que nossosancestrais tiveram de tentar escapar dos tigres-dentes-de-sabre. Algo muito mais profundo, muito mais misterioso,est
´a acontecendo. . . .
“Ao observarmos a ordem racional e a evidente belezado mundo f
´ısico, reveladas por meio da ci
ˆencia da f
´ısica,
vemos um mundo cheio de indicativos de que h´a uma men-
te por tr´as disso. Para o crente religioso,
´e a mente do Cria-
dor que assim se discerne.” — Commonweal.
72 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
COMO j´a vimos em cap
´ıtulos anteriores, nas desco-
bertas cient´ıficas modernas h
´a muitas evid
ˆencias con-
vincentes de que o Universo e a vida na Terra tive-ram um comeco. O que causou esse comeco?
Ap´os estudarem as evid
ˆencias, muitos conclu
´ıram
que tem de haver uma Causa Prim´aria. No entanto,
eles talvez evitem atribuir personalidade a essa Cau-sa. Essa relut
ˆancia de falar em um Criador reflete a
atitude de alguns cientistas.
Por exemplo, Albert Einstein convenceu-se de que oUniverso teve um comeco, e ele queria “saber comoDeus criou o mundo”. Mas Einstein n
˜ao admitia crer
num Deus pessoal; ele falou de um c´osmico “sentimen-
to religioso que desconhece dogmas e um Deus conce-bido
`a imagem do homem”. Similarmente, o qu
´ımico
e prˆemio Nobel Kenichi Fukui disse crer na exist
ˆen-
cia de uma grande “estrutura” no Universo. Segundoele, “essa grande ligac
˜ao e estrutura pode ser expres-
sa em palavras como ‘Absoluto’, ou ‘Deus’ ”. Mas elechamou isso de “idiossincrasia da natureza”.
Vocˆe sabia que essa crenca numa causa impessoal
encontra um paralelo no pensamen-to religioso oriental? Muitos orien-tais creem que a natureza veio
`a exis-
tˆencia por si mesma. Esse conceito´e expresso at
´e mesmo nos caracteres
chineses para “natureza”, que literal-mente significam “tornar-se por si mes-mo” ou “autoexistente”. Einstein acha-va que seu conceito religioso c
´osmico
C A P´I T U L O C I N C O
O que revelam as obras?
encontrava boa express˜ao no budismo. Buda n
˜ao
achava importante saber se um Criador teve, ou n˜ao,
participac˜ao na formac
˜ao do Universo e dos humanos.
O xinto´ısmo tamb
´em n
˜ao explica como surgiu a natu-
reza, e os xinto´ıstas creem que os deuses s
˜ao esp
´ıri-
tos dos mortos que podem integrar-se`a natureza.
Curiosamente, esses conceitos n˜ao diferem muito
das ideias populares na Gr´ecia antiga. Consta que o
fil´osofo Epicuro (341-270 AEC) cria que os ‘deuses s
˜ao
remotos demais para nos causar o bem ou o mal’. Elesustentava que o homem
´e um produto da natureza,
provavelmente por meio da gerac˜ao espont
ˆanea e da
selec˜ao natural dos mais aptos. Portanto, os conceitos
similares atuais de modo algum s˜ao modernos.
Contemporˆaneos dos epicureus, os gregos estoicos
atribu´ıam
`a natureza a func
˜ao de Deus. Eles supu-
nham que, na morte, a energia impessoal dos huma-nos era reabsorvida pelo oceano de energia que consti-tui Deus. Achavam que cooperar com as leis naturaisera o bem supremo. J
´a ouviu conceitos similares hoje
em dia?
Polˆemica sobre um Deus pessoal
N˜ao devemos, por
´em, descartar como bizarro tudo
o que vem da Gr´ecia antiga. No contexto de tais cren-
cas, um famoso instrutor do primeiro s´eculo profe-
riu um dos mais significativos discursos da Hist´oria.
O m´edico e historiador Lucas registrou esse discurso
no cap´ıtulo 17 do livro de Atos dos Ap
´ostolos. Esse
discurso pode ajudar-nos a firmar o nosso conceitoda Causa Prim
´aria e ver onde nos encaixamos nes-
se quadro. Mas como pode um discurso proferido h´a
1.900 anos afetar hoje a vida de pessoas sinceras quebuscam um sentido na vida?
74 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Esse famoso instru-tor, Paulo, foi condu-zido perante uma altacorte em Atenas. Aliele se defrontou comepicureus e estoicos,que n
˜ao cr iam num
Deus pessoal. Nas suaspalavras iniciais, Pau-lo mencionou ter vis-to na cidade deles umaltar com a inscric
˜ao
“A um Deus Desconhe-cido” (grego: A·gn
´o-
stoi The·o´ı). Curiosa-
mente, alguns achamque o bi
´ologo Thomas
H. Huxley (1825-95) re-feriu-se a isso quandocunhou o termo “agn
´os-
tico”. Huxley aplicouessa palavra
`aqueles que afirmam que “a causa derra-
deira (Deus) e a natureza essencial das coisas s˜ao des-
conhecidas ou desconhec´ıveis”. Mas ser
´a que o Cria-
dor´e mesmo “desconhec
´ıvel”, como muitos dizem?
Na verdade, trata-se de uma m´a aplicac
˜ao da frase
de Paulo, e distorce seu argumento. Em vez de dizerque o Criador
´e desconhec
´ıvel, Paulo simplesmente
disse que Ele era desconhecido para aqueles atenien-ses. Paulo n
˜ao dispunha de tantas evid
ˆencias cient
´ı-
ficas da existˆencia de um Criador, como n
´os temos
hoje. Ainda assim, ele n˜ao tinha d
´uvidas de que exis-
te um Projetista pessoal, inteligente, cujas qualidades
Muitos orientais acreditam quea natureza veio
`a exist
ˆencia
por si mesma
O que revelam as obras? 75
devem atrair-nos a Ele. Note o que Paulo disse a se-guir:
“Aquilo a que sem o saber dais devoc˜ao piedosa, isso
´e o que eu vos publico. O Deus que fez o mundo e to-das as coisas nele, sendo, como Este
´e, Senhor do c
´eu
e da terra, n˜ao mora em templos feitos por m
˜aos, nem
´e assistido por m
˜aos humanas, como se necessitasse
de alguma coisa, porque ele mesmo d´a a todos vida, e
fˆolego, e todas as coisas. E ele fez de um s
´o homem
toda nac˜ao dos homens, para morarem sobre a super-
f´ıcie inteira da terra.” (Atos 17:23-26) Uma linha de
racioc´ınio interessante, n
˜ao acha?
Nesta colina, com a Acr´
opole nos fundos, Paulofez um discurso sobre Deus que induz
`a reflex
˜ao
76 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Sim, em vez de sugerir que Deus´e desconhec
´ıvel,
Paulo frisava que os construtores do altar de Atenas,bem como muitos de seus ouvintes, ainda n
˜ao O co-
nheciam. Da´ı Paulo os exortou — e a todos os que des-
de ent˜ao leram seu discurso — a procurar conhecer o
Criador, que ‘n˜ao est
´a longe de cada um de n
´os’. (Atos
17:27) Vemos assim que Paulo, jeitosamente, apresen-tou o fato de que podemos ver evid
ˆencias de que exis-
te um Criador por observarmos a Sua criac˜ao. Fazen-
do isso, podemos tamb´em discernir algumas de Suas
qualidades.
Examinamos v´arias linhas de evid
ˆencia que apon-
tam para a existˆencia de um Criador. Uma delas
´e o
vasto Universo, organizado com inteligˆencia, que ob-
viamente teve um comeco. Outra´e a vida na Terra,
incluindo a evidˆencia de “projeto” nas c
´elulas de nos-
so corpo. E uma terceira´e o nosso c
´erebro, com o nos-
so interligado sentimento de individualidade e inte-resse no futuro. Mas vejamos primeiro dois outrosexemplos das obras do Criador que nos afetam diaria-mente. Ao fazermos isso, pergunte-se: ‘O que isso mediz a respeito da personalidade Daquele que projetoue providenciou tais coisas?’
O que nos ensinam as Suas obras
Simplesmente observar a sua criac˜ao j
´a nos diz
muito a respeito do Criador. Paulo, noutra ocasi˜ao,
exemplificou isso dizendo a uma multid˜ao na
´Asia Me-
nor: “[O Criador] permitiu, nas gerac˜oes passadas,
que todas as nac˜oes andassem nos seus pr
´oprios ca-
minhos, embora, deveras, n˜
ao se deix[asse] sem teste-munho, por fazer o bem, dando-vos chuvas do c
´eu e
estac˜oes frut
´ıferas, enchendo os vossos corac
˜oes ple-
namente de alimento e de bomˆanimo.” (Atos 14:16,
O que revelam as obras? 77
17) Note o exemplo que Paulo deu de como o Criador,ao prover alimentos para a humanidade, deu “teste-munho” de Sua personalidade.
Atualmente, em alguns pa´ıses, as pessoas acham
natural a disponibilidade de alimentos. Em outros,muitas lutam para ter o que comer. Seja como for, at
´e
mesmo a possibilidade de ter alimentos depende dasabedoria e da bondade do Criador.
Os alimentos, tanto para o homem como para osanimais, resultam de intrincados ciclos — tais comoo ciclo da
´agua, do carbono, do f
´osforo ou do nitrog
ˆe-
nio. Sabe-se que no vital processo da fotoss´ıntese, as
plantas usam o di´oxido de carbono e a
´agua como ma-
t´erias-primas para produzir ac
´ucares, usando a luz
solar como fonte de energia. Incidentalmente, duran-te a fotoss
´ıntese as plantas liberam oxig
ˆenio. Pode-se
chamar isso de “res´ıduo in
´util”? Para n
´os esse subpro-
duto certamente n˜ao
´e in
´util.
´E absolutamente es-
QUAL´
E A SUA CONCLUS˜
AO?˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙ ˙
O Universo
N˜ao teve
comecoTeve umcomeco
Semcausa
Foicausado
Por uma COISAeterna
Por um SEReterno
78 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
sencial que respiremos oxigˆenio para metabolizar, ou
queimar, o alimento no nosso corpo. N´os exalamos o
resultante di´oxido de carbono, que as plantas reci-
clam como mat´eria-prima para a fotoss
´ıntese. Talvez
tenhamos estudado esse processo numa aula de ciˆen-
cias, mas isso n˜ao o torna menos vital e maravilhoso.
E isso´e apenas o comeco.
Nas nossas c´elulas e nas dos animais, o f
´osforo
´e vi-
tal para transferir energia. De onde vem o f´osforo de
que necessitamos? De novo, das plantas. Elas absor-vem fosfatos inorg
ˆanicos do solo e os convertem em
fosfatos orgˆanicos. N
´os consumimos vegetais que con-
tˆem f
´osforo nessas formas e o usamos para atividades
essenciais. Depois, o f´osforo volta ao solo como “res
´ı-
duo” orgˆanico que pode ser reabsorvido pelas plantas.
Precisamos tamb´em de nitrog
ˆenio, que
´e parte de
toda mol´ecula de prote
´ına e de DNA em nosso cor-
po. Como obtemos esse elemento t˜ao essencial para a
Uma conclus˜ao razo
´avel
Os cientistas em geral concordam que o Universo teveum comeco. A maioria tamb
´em concorda que, antes des-
se comeco, deve ter existido algo real. Alguns cientis-tas falam de energia sempre existente. Outros postulamcomo condic
˜ao preexistente um caos primordial. N
˜ao im-
porta que termos se use, a maioria pressup˜oe a exist
ˆen-
cia de algo — algo sem um comeco — que se estendeinfinitamente no passado.
Portanto, a quest˜ao que se apresenta
´e se n
´os pressu-
pomos a existˆencia de uma coisa eterna ou de um ser
eterno. Depois de considerar o que a ciˆencia j
´a aprendeu
acerca da origem e da natureza do Universo e da vidanele, qual dessas alternativas lhe parece mais razo
´avel?
O que revelam as obras? 79
vida? Embora cerca de 78% do ar seja nitrogˆenio, nem
as plantas nem os animais podem absorvˆe-lo direta-
mente. Assim, o nitrogˆenio no ar precisa ser conver-
tido em outras formas antes de poder ser absorvidopelas plantas e, mais tarde, utilizado pelos humanose pelos animais. Como acontece essa convers
˜ao, ou fi-
xac˜ao? De v
´arias maneiras. Uma delas
´e pela ac
˜ao dos
relˆampagos.� A fixac
˜ao de nitrog
ˆenio
´e tamb
´em reali-
zada pelas bact´erias que vivem em n
´odulos nas ra
´ı-
zes de leguminosas, como ervilhas, soja e alfafa. Es-sas bact
´erias convertem o nitrog
ˆenio atmosf
´erico em
substˆancias que as plantas podem usar. Assim, ao co-
mer legumes vocˆe absorve nitrog
ˆenio, que seu corpo
precisa para produzir prote´ınas. Surpreendentemen-
te, encontramos esp´ecies de leguminosas nas flores-
tas tropicais, nos desertos e at´e nas tundras. E, se
uma´area for queimada, as leguminosas em geral s
˜ao
as primeiras a crescer de novo.
Que maravilhosos sistemas de reciclagem! Cadaqual reutiliza bem os res
´ıduos dos outros ciclos.
A energia necess´aria vem principalmente do Sol
— uma fonte limpa, inesgot´avel e constante. Que con-
� Os relˆampagos transformam parte do nitrog
ˆenio em uma
forma absorv´ıvel, que cai na terra com a chuva. As plantas
usam isso como fertilizante natural. Depois que os humanos eos animais consomem plantas e usam esse nitrog
ˆenio, ele re-
torna ao solo como compostos de amˆonio e parte, eventualmen-
te, se reconverte em nitrogˆenio gasoso.
“Cada um dos elementos essenciais`a vida — carbono,
nitrogˆenio, enxofre —
´e convertido por bact
´erias de
um composto inorgˆanico e gasoso em uma forma que
pode ser usada pelas plantas e pelos animais.”— The New Encyclopædia Britannica.
80 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
traste com os esforcos humanos de reciclar recursos!At
´e mesmo os produtos de fabricac
˜ao humana chama-
dos de amigos do meio ambiente talvez n˜ao contri-
buam para um planeta mais limpo, por causa da com-plexidade dos sistemas de reciclagem humanos. Sobreisso, a revista U.S.News & World Report disse queos produtos deviam ser projetados de modo que seuscomponentes de alto valor pudessem ser facilmenterecuperados pela reciclagem. N
˜ao
´e isso o que obser-
vamos nesses ciclos naturais? Portanto, o que isso re-vela a respeito da previd
ˆencia e sabedoria do Criador?
Imparcial e justo
Para nos ajudar a conhecer outras qualidades doCriador, consideremos mais um sistema — o sistemaimunol
´ogico do nosso corpo — que tamb
´em envolve
bact´erias.
“Embora o interesse humano em bact´erias n
˜ao raro
se focalize nos seus efeitos prejudiciais”, observa TheNew Encyclopædia Britannica, “a maioria das bact
´e-
rias s˜ao inofensivas para os seres humanos, e muitas
delas s˜ao realmente ben
´eficas”. De fato, a sua impor-
tˆancia
´e de vida ou morte. As bact
´erias desempenham
um papel crucial no ciclo do nitrogˆenio acima mencio-
nado, bem como nos ciclos que envolvem o di´oxido de
carbono e alguns elementos. E tamb´em precisamos
das bact´erias no nosso trato digestivo. Temos cerca de
400 esp´ecies apenas no nosso trato intestinal baixo, e
elas ajudam a sintetizar a vitamina K e a processarres
´ıduos. Como outro benef
´ıcio para n
´os, as bact
´erias
ajudam as vacas a transformar capim em leite. Ou-tras bact
´erias s
˜ao vitais na fermentac
˜ao — na fabri-
cac˜ao de queijo, iogurte, picles, chucrute e kimchi.
O que revelam as obras? 81
Mas o que acontece se as bact´erias se instalarem no
nosso corpo num lugar proibido?
Nesse caso, uns dois trilh˜oes de gl
´obulos sangu
´ıneos
brancos em nosso corpo combatem as bact´erias que
poderiam nos prejudicar. Daniel E. Koshland, Jr., edi-tor da revista Science, explica: “O sistema imunol
´ogi-
co foi projetado para reconhecer invasores. Para isso,ele gera aproximadamente 1011 [100.000.000.000] detipos diferentes de receptores imunol
´ogicos, de modo
que, independentemente do formato ou da esp´ecie do
invasor haver´a algum receptor complementar para re-
conhecˆe-lo e efetuar a sua eliminac
˜ao.”
Um tipo de c´elulas que o corpo usa para combater
os invasores s˜ao os macr
´ofagos; seu nome significa
“grande comedor”, o que´e apropriado, pois eles de-
voram substˆancias estranhas no nosso sangue. Por
exemplo, depois de devorar um v´ırus invasor, os ma-
cr´ofagos quebram-no em pequenos fragmentos. Da
´ı
eles exibem uma part´ıcula de prote
´ına do v
´ırus. Essa
frac˜ao de prote
´ına sinalizadora serve de bandeira ver-
melha para o nosso sistema imunol´ogico, soando o
alarme de que corpos estranhos andam`as soltas den-
tro de n´os. Se outra c
´elula do sistema imunol
´ogico, a
c´elula T auxiliadora, reconhecer a prote
´ına do v
´ırus,
ela troca sinais qu´ımicos com os macr
´ofagos. Essas
substˆancias qu
´ımicas s
˜ao em si mesmas prote
´ınas ex-
traordin´arias, que t
ˆem uma estonteante s
´erie de fun-
c˜oes, regulando e impulsionando a reac
˜ao de nosso sis-
tema imunol´ogico
`a invas
˜ao. Esse processo resulta
numa luta vigorosa contra o tipo espec´ıfico de v
´ırus.
Assim, em geral, conseguimos vencer as infecc˜oes.
Realmente h´a muito mais envolvido, mas mes-
mo essa descric˜ao breve revela como
´e complexo
82 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
o nosso sistema imu-nol
´ogico. Como viemos
a possuir esse intrin-cado mecanismo? N
´os
o recebemos de graca,independentemente dacondic
˜ao financeira ou
social de nossa fam´ı-
lia. Compare isso coma disparidade no aten-dimento
`as necessida-
des de sa´
ude da maio-ria das pessoas. “Paraa OMS [Organizac
˜ao
Mundial da Sa´
ude] acrescente disparida-de
´e literalmente uma
quest˜ao de vida ou mor-
te, visto que os pobrespagam o preco da desi-gualdade social com a sua sa
´ude”, escreveu o diretor-
geral da OMS, Dr. Hiroshi Nakajima.´
E compreens´ıvel
o desabafo de uma moradora de favela em S˜ao Paulo:
“Para n´os, assist
ˆencia m
´edica boa
´e como uma merca-
doria numa vitrine de um shopping luxuoso. Podemosolhar, mas n
˜ao
´e para n
´os.” Milh
˜oes de pessoas ao re-
dor do globo pensam o mesmo.
Tais disparidades induziram Albert Schweitzer a irpara a
´Africa a fim de dar assist
ˆencia m
´edica aos
menos privilegiados, e seus esforcos valeram-lhe umpr
ˆemio Nobel. Que qualidades voc
ˆe associa a homens
e mulheres que tˆem feito boas ac
˜oes similares? Pro-
vavelmente deduz que eles tˆem amor
`a humanidade
Deus deu a cada um de n´
osum sistema imunol
´ogico que
supera tudo o que a medicinamoderna possa oferecer
O que revelam as obras? 83
e um senso de justica, achando que as pessoas nospa
´ıses em desenvolvimento tamb
´em merecem receber
cuidados m´edicos. Que dizer, ent
˜ao, do Provisor do
maravilhoso sistema imunol´ogico implantado em n
´os
independentemente da condic˜ao financeira ou social?
N˜ao revela isso de modo ainda mais eloquente o amor,
a imparcialidade e a justica do Criador?
Conheca o Criador
Os sistemas acima mencionados s˜ao apenas exem-
plos b´asicos das obras do Criador, mas n
˜ao revelam
elas que Ele´e uma pessoa real e inteligente cujas qua-
lidades e modos nos atraem? Muitos outros exemplospoderiam ser considerados. No entanto, a vida nosensina que apenas observar as obras de uma pessoatalvez n
˜ao baste para conhec
ˆe-la bem.
´E poss
´ıvel at
´e
entendˆe-la mal, se n
˜ao tivermos um quadro completo
a seu respeito. E, se essa pessoa foi difamada ou apre-sentada numa luz desfavor
´avel, n
˜ao seria bom ouvir
o seu lado? Poder´ıamos conversar com ela para desco-
brir como reage sob diferentes circunstˆancias, e que
qualidades demonstra.
Claro que n˜ao podemos falar face a face com o po-
deroso Criador do Universo. No entanto, ele reveloumuito sobre si mesmo como pessoa real num livro dis-pon
´ıvel, completo ou em parte, em mais de 2 mil idio-
mas, incluindo o seu, leitor. Esse livro — a B´ıblia —
convida vocˆe a conhecer e a cultivar uma relac
˜ao com
o Criador: “Chegai-vos a Deus”, diz ela, “e ele se che-gar
´a a v
´os”. Ela mostra tamb
´em como tornar-se ami-
go de Deus. (Tiago 2:23; 4:8) Isso lhe interessa?
Para esse fim, convidamo-lo a considerar o ver´ıdico
e fascinante relato do Criador a respeito de suas ati-vidades criativas.
84 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
“QUEM pode dizer de onde veio tudo isso, e comoaconteceu a criac
˜ao?” Esta pergunta
´e feita no poema
“O Cˆantico da Criac
˜ao”. Composto em s
ˆanscrito h
´a
mais de 3 mil anos, faz parte do Rig-Veda, um livrosagrado hindu. O poeta duvidava de que at
´e mesmo
os muitos deuses hindus soubessem “como aconteceua criac
˜ao”, pois “os pr
´oprios deuses s
˜ao posteriores
`a
criac˜ao”. — O grifo
´e nosso.
Escritos de Babilˆonia e do Egito apresentam mitos
similares acerca do nascimento de seus deuses numUniverso que j
´a existia. Um ponto-chave, por
´em,
´e que
esses mitos n˜ao podiam informar de onde veio o Uni-
verso original. Vocˆe ver
´a, contudo, que h
´a um registro
da criac˜ao que
´e diferente. Esse registro, a B
´ıblia, co-
meca dizendo: “No princ´ıpio Deus criou os c
´eus e a
terra.” — Gˆenesis 1:1.
Mois´es escreveu essa declarac
˜ao simples e vigorosa
uns 3.500 anos atr´as. Ela enfoca um Criador, Deus,
que j´a existia antes do Universo material, porque Ele
o criou. O mesmo livro ensina que “Deus´e Esp
´ırito”,
o que significa que ele existe numa forma que os nos-sos olhos n
˜ao podem enxergar. (Jo
˜ao 4:24) Tal exist
ˆen-
cia talvez seja mais f´acil de entender hoje, visto que
os cientistas falam de poderosas estrelas de nˆeutrons
e buracos negros no espaco — objetos invis´ıveis que
s˜ao detect
´aveis pelos efeitos que produzem.
Significativamente, a B´ıblia relata: “H
´a corpos ce-
lestes e corpos terrestres; mas a gl´oria dos corpos
C A P´I T U L O S E I S
Um antigo registro da criac˜ao
— pode-se confiar nele?
celestes´e de uma sorte e a dos corpos terrestres
´e de
sorte diferente.” (1 Cor´ıntios 15:40, 44) Isso n
˜ao se re-
fere`a invis
´ıvel mat
´eria c
´osmica que os astr
ˆonomos es-
tudam. Os “corpos celestes” mencionados s˜ao corpos
espirituais inteligentes. ‘Quem, al´em do Criador, tem
um corpo espiritual?’, vocˆe talvez se pergunte.
Criaturas celestiais invis´ıveis
Segundo o registro b´ıblico, o dom
´ınio vis
´ıvel n
˜ao foi
a primeira coisa criada. Esse antigo relato da criac˜ao
diz que o primeiro ato de criac˜ao foi trazer
`a exist
ˆen-
cia outra pessoa espiritual, o Filho primogˆenito. Ele
foi “o primogˆenito de toda a criac
˜ao”, ou “o princ
´ıpio da
criac˜ao de Deus”. (Colossenses 1:15; Revelac
˜ao [Apo-
calipse] 3:14) Esse primeiro indiv´ıduo criado era
´ım-
par.
Discos de poeira c´
osmica, como este na gal´
axia NGC 4261,evidenciam a presenca de poderosos buracos negros, invis
´ıveis.
A B´ıblia fala da exist
ˆencia, em outro dom
´ınio, de criaturas poderosas,
por´
em invis´ıveis
86 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Ele foi a´
unica criac˜ao produzida diretamente por
Deus, e foi dotado de grande sabedoria. De fato, umescritor posterior, um rei famoso por sua pr
´opria sa-
bedoria, chamou esse Filho de “mestre de obras”, queparticipou de todas as obras criativas subsequentes.(Prov
´erbios 8:22, 30; veja tamb
´em Hebreus 1:1, 2.)
Sobre ele, um instrutor do primeiro s´eculo chamado
Paulo escreveu: “Mediante ele foram criadas todas asoutras coisas nos c
´eus e na terra, as coisas vis
´ıveis e
as coisas invis´ıveis.” — Colossenses 1:16; note Jo
˜ao
1:1-3.
O que s˜ao essas “coisas invis
´ıveis” nos c
´eus que o
Criador produziu por meio desse Filho? Embora os as-tr
ˆonomos falem de bilh
˜oes de estrelas e de invis
´ıveis
buracos negros, a B´ıblia nesse caso refere-se a cente-
nas de milh˜oes de criaturas espirituais — com cor-
pos espirituais. ‘Por que’, alguns talvez se perguntem,‘criar esses inteligentes seres invis
´ıveis?’
Assim como o estudo do Universo pode esclareceralgumas quest
˜oes a respeito de sua Causa, o estudo
da B´ıblia pode suprir-nos de informac
˜oes importantes
acerca de seu Autor. Por exemplo, ela diz que ele´e o
“Deus feliz”, cujas intenc˜oes e ac
˜oes refletem amor.
(1 Tim´oteo 1:11; 1 Jo
˜ao 4:8) Portanto, podemos con-
cluir logicamente que Deus queria ter o companhei-rismo de outras pessoas espirituais inteligentes quetamb
´em usufru
´ıssem a vida. Cada uma destas teria
um trabalho satisfat´orio a realizar, mutuamente be-
n´efico, e que contribuiria para os objetivos do Criador.
Nada indica que essas criaturas espirituais obede-ceriam a Deus como rob
ˆos. Ao contr
´ario, Deus do-
tou-as de inteligˆencia e livre-arb
´ıtrio. Os relatos b
´ı-
blicos indicam que Deus incentiva a liberdade de
Um antigo registro da criac˜
ao — pode-se confiar nele? 87
pensamento e de ac˜ao — certo de que isso n
˜ao repre-
senta uma ameaca permanente`a paz e
`a harmonia
no Universo. Paulo, usando o nome do Criador, comoconsta na B
´ıblia em hebraico, escreveu: “Jeov
´a
´e o Es-
p´ırito; e onde estiver o esp
´ırito de Jeov
´a, ali h
´a liber-
dade.” — 2 Cor´ıntios 3:17.
Coisas vis´ıveis nos c
´eus
Quais s˜ao as “coisas vis
´ıveis” que Deus criou por
meio de seu Filho primogˆenito? Estas incluem o Sol e
todos os outros bilh˜oes de estrelas e de mat
´erias que
formam o Universo. Ser´a que a B
´ıblia nos d
´a uma
ideia de como Deus produziu tudo isso do nada? Veja-mos, examinando a B
´ıblia
`a luz da ci
ˆencia moderna.
No s´eculo 18, o cientista Antoine-Laurent Lavoisier
estudou o peso da mat´eria. Ele notou que, depois de
uma reac˜ao qu
´ımica, o peso do produto igualava ao
peso combinado dos ingredientes originais. Por exem-plo, se queimarmos papel em oxig
ˆenio, as cinzas e os
gases resultantes pesar˜ao o mesmo que o papel e o
oxigˆenio originais. Lavoisier prop
ˆos uma lei — ‘a con-
servac˜ao de massa, ou mat
´eria’. Em 1910, a The Ency-
clopædia Britannica explicou: “A mat´eria n
˜ao pode ser
criada nem destru´ıda.” Isso parecia razo
´avel, pelo me-
nos naquele tempo.
Contudo, a explos˜ao de uma bomba at
ˆomica sobre
a cidade japonesa de Hiroshima, em 1945, expˆos pu-
blicamente uma falha na lei de Lavoisier. Na explo-s
˜ao de uma massa de ur
ˆanio supercr
´ıtica, formam-se
diferentes tipos de mat´eria, mas a sua massa combi-
nada´e menor do que a do ur
ˆanio original. Por que essa
perda? Porque parte da massa do urˆanio
´e convertida
numa assombrosa descarga de energia.
88 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Outro problema com a lei de Lavoisier, sobre aconservac
˜ao da mat
´eria, surgiu em 1952 com a de-
tonac˜ao de um artefato termonuclear (a bomba de
hidrogˆenio). Nessa explos
˜ao, os
´atomos de hidrog
ˆe-
nio combinaram-se para formar o h´elio. A resultan-
te massa do h´elio, por
´em, era menor do que a do hidro-
gˆenio original. Uma parte da massa do hidrog
ˆenio foi
convertida em energia explosiva, uma explos˜ao mui-
to mais devastadora do que a bomba lancada sobreHiroshima.
Como essas explos˜oes provaram, uma pequena
quantidade de mat´eria representa uma enorme quan-
tidade de energia. Esse v´ınculo entre a mat
´eria e a
energia explica a potˆencia do Sol, que garante a nossa
vida e o nosso bem-estar. Que v´ınculo
´e esse? Bem, uns
40 anos antes, em 1905, Einstein havia predito umarelac
˜ao entre mat
´eria e energia. Muitos conhecem
Testes confirmaram a teoria cient´ıfica de que mat
´eria pode
ser convertida em energia e energia, em mat´
eria
Um antigo registro da criac˜
ao — pode-se confiar nele? 89
a sua equac˜ao E˙mc2.� Depois que Einstein formulou
essa relac˜ao, outros cientistas puderam explicar como
´e poss
´ıvel que o Sol continue a brilhar j
´a por bilh
˜oes
de anos. No interior do Sol ocorrem cont´ınuas reac
˜oes
termonucleares. Deste modo, a cada segundo, o Solconverte uns 564 milh
˜oes de toneladas de hidrog
ˆenio
em 560 milh˜oes de toneladas de h
´elio. Assim, cerca de
4 milh˜oes de toneladas de mat
´eria s
˜ao transformadas
em energia solar, uma frac˜ao da qual atinge a Terra
e sustenta a vida.´
E significativo que o processo ao reverso tamb´em
´e
poss´ıvel. “A energia transforma-se em mat
´eria quan-
do part´ıculas subat
ˆomicas colidem em altas velocida-
des e criam novas part´ıculas, mais pesadas”, explica
The World Book Encyclopedia. Os cientistas realizamisso em escala limitada usando m
´aquinas enormes, os
chamados aceleradores de part´ıculas, nos quais par-
t´ıculas subat
ˆomicas colidem em velocidades fant
´asti-
cas, criando a mat´eria. “Estamos reproduzindo um
dos milagres do Universo — transformar energia emmat
´eria”, explica o f
´ısico e pr
ˆemio Nobel Dr. Carlo
Rubbia.
‘´
E verdade’, algu´em talvez diga, ‘mas o que isso tem
a ver com o registro da criac˜ao que se l
ˆe na B
´ıblia?’
Bem, a B´ıblia n
˜ao
´e um livro de ci
ˆencia, embora te-
nha-se revelado atualizada e afinada com os fatoscient
´ıficos. Do comeco ao fim, a B
´ıblia aponta para
Aquele que criou toda a mat´eria no Universo, o Cien-
tista. (Neemias 9:6; Atos 4:24; Revelac˜ao 4:11) E ela
mostra claramente a relac˜ao entre energia e mat
´e-
ria.
� Energia´e igual
`a massa multiplicada pela velocidade da
luz ao quadrado.
90 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Por exemplo, a B´ıblia
convida os seus leitores:“Levantai ao alto os vossosolhos e vede. Quem criouestas coisas? Foi Aqueleque faz sair o ex
´ercito de-
las at´e mesmo por n
´umero,
chamando a todas elas pornome. Devido
`a abund
ˆan-
cia de energia dinˆamica,
sendo ele tamb´em vigoro-
so em poder, n˜ao falta nem
sequer uma delas.” (Isa´ıas
40:26) Sim, a B´ıblia diz que uma fonte de tremenda
energia dinˆamica — o Criador — trouxe
`a exist
ˆencia
o Universo material. Isso se harmoniza plenamentecom a tecnologia moderna. S
´o isso j
´a basta para que
o registro b´ıblico da criac
˜ao mereca o nosso profundo
respeito.
Depois de terem criado nos c´eus coisas invis
´ıveis e
vis´ıveis, o Criador e seu Filho primog
ˆenito voltaram
a sua atenc˜ao para a Terra. De onde ela se originou?
A variedade de elementos qu´ımicos que comp
˜oe o nos-
so planeta pode ter sido produzida diretamente porDeus pela transformac
˜ao de energia din
ˆamica ilimi-
tada em mat´eria, algo que os f
´ısicos hoje dizem que
´e
plaus´ıvel. Ou, como muitos cientistas acreditam, a
Terra pode ter sido formada de mat´eria expelida na
explos˜ao de uma supernova. Ou ainda, quem garante
se houve, ou n˜ao, uma combinac
˜ao de m
´etodos, destes
acima mencionados e de outros, que os cientistas ain-da n
˜ao descobriram? Seja qual for o mecanismo usa-
do, o Criador´e a Fonte din
ˆamica dos elementos que
Um antigo registro da criac˜
ao — pode-se confiar nele? 91
comp˜oem a Terra, incluindo todos os minerais essen-
ciais para nos manter vivos.
Pode-se avaliar que a formac˜ao da Terra envolveria
muito mais do que suprir todos os materiais nas pro-porc
˜oes corretas. O tamanho da Terra, sua rotac
˜ao, sua
distˆancia do Sol, bem como a inclinac
˜ao de seu eixo e
a forma quase circular de sua´orbita ao redor do Sol
tamb´em teriam de ser rigorosamente precisas — exa-
tamente como s˜ao.
´E
´obvio que o Criador p
ˆos em opera-
c˜ao ciclos naturais que deram ao nosso planeta condi-
c˜oes de sustentar muitas formas de vida. Temos todos
os motivos de nos maravilhar diante de tudo isso. Masimagine a reac
˜ao dos celestiais filhos espirituais de
Deus ao observarem a criac˜ao da Terra e da vida nela!
Um livro b´ıblico diz que eles ‘juntos gritavam de j
´ubi-
lo e comecaram a bradar em aplauso’. — J´o 38:4, 7.
O significado de Gˆenesis, cap
´ıtulo 1
O primeiro cap´ıtulo da B
´ıblia fornece alguns deta-
lhes a respeito de medidas vitais tomadas por Deusna preparac
˜ao da Terra para o usufruto do homem.
O cap´ıtulo n
˜ao d
´a todos os detalhes; ao l
ˆe-lo, n
˜ao de-
vemos nos abalar caso ele omita certas particularida-des que os leitores antigos nem poderiam ter enten-dido. Por exemplo, ao escrever esse cap
´ıtulo, Mois
´es
n˜ao falou das func
˜oes de algas e bact
´erias microsc
´o-
picas. Essas formas de vida s´o chegaram ao campo da
vis˜ao humana depois da invenc
˜ao do microsc
´opio, no
s´eculo 16. Mois
´es tampouco falou especificamente dos
dinossauros, cuja existˆencia foi deduzida
`a base de
f´osseis, no s
´eculo 19. Em vez disso, Mois
´es foi inspira-
do a usar palavras que pudessem ser entendidas porpessoas de seus dias — mas palavras exatas em tudoque dizia respeito
`a criac
˜ao da Terra.
92 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Ao ler Gˆenesis, cap
´ıtulo 1, do vers
´ıculo 3 em dian-
te, vocˆe ver
´a que ele est
´a dividido em seis “dias” cria-
tivos. H´a quem diga que estes eram dias literais de
24 horas, significando que o Universo inteiro e a vidana Terra foram criados em menos de uma semana!Mas
´e f
´acil descobrir que a B
´ıblia n
˜ao ensina isso. O li-
vro de Gˆenesis foi escrito em hebraico. Nesse idioma,
“dia” refere-se a um espaco de tempo. Pode ser um pe-r
´ıodo longo, bem como um dia de 24 horas. Mesmo em
Gˆenesis, os seis “dias” s
˜ao englobados num s
´o per
´ıo-
do longo — ‘o dia em que Jeov´a fez a terra e o c
´eu’.
(Gˆenesis 2:4; note 2 Pedro 3:8.) Na verdade, a B
´ıblia
revela que os “dias” (ou eras) criativos representammilhares de anos.
Pode-se ver isso pelo que a B´ıblia diz sobre o s
´eti-
mo “dia”. O registro de cada um dos primeiros seis“dias” termina dizendo ‘e veio a ser noitinha e veio aser manh
˜a, primeiro dia’, e assim por diante. No en-
tanto, essa express˜ao n
˜ao ocorre depois do registro do
s´etimo “dia”. E, no primeiro s
´eculo EC, uns 4 mil anos
mais adiante na corrente do tempo, a B´ıblia diz que
o s´etimo “dia”, de descanso, ainda continuava. (He-
breus 4:4-6) Portanto, o s´etimo “dia” era um per
´ıodo
que se estenderia por milhares de anos, e podemosconcluir logicamente o mesmo a respeito dos primei-ros seis “dias”.
O primeiro e o quarto “dia”
Pelo visto, a Terra j´a estava em
´orbita em torno do
Sol e j´a era um globo coberto de
´agua quando co-
mecaram os seis “dias”, ou per´ıodos, de obras cria-
tivas especiais. “Havia escurid˜ao sobre a superf
´ıcie
[do abismo aquoso].” (Gˆenesis 1:2) Naquele est
´agio
primordial, alguma coisa — talvez uma mistura de
Um antigo registro da criac˜
ao — pode-se confiar nele? 93
vapor de´agua, ou-
tros gases e cinzasvulc
ˆanicas — deve
ter impedido que aluz do Sol atingissea superf
´ıcie da Ter-
ra. A B´ıblia descreve
assim o primeiro pe-r
´ıodo criativo: “Deus
passou a dizer: ‘Hajaluz’; e gradualmen-te veio
`a exist
ˆencia
a luz”, ou a luz al-cancou a superf
´ıcie
da Terra. — Gˆene-
sis 1:3, traduc˜ao de
J. W. Watts.
A express˜ao “gra-
dualmente veio” ex-prime com exatid
˜ao
a forma do verbo he-braico em quest
˜ao,
denotando uma ac˜ao progressiva que leva tempo para
se consumar. Quem lˆe em hebraico encontra essa for-
ma verbal umas 40 vezes em Gˆenesis, cap
´ıtulo 1, e isso
´e uma chave para entender o cap
´ıtulo. O que Deus co-
mecou a fazer na figurativa noitinha de um per´ıodo
(ou era) criativo tornava-se progressivamente claro,ou evidente, depois da manh
˜a daquele “dia”.� Tam-
b´em, o que foi iniciado num per
´ıodo n
˜ao precisava es-
tar plenamente acabado quando comecava o per´ıodo
� Para os hebreus, o dia comecava`a noitinha e ia at
´e o p
ˆor
do sol seguinte.
Obras criativas do primeiro ao terceiro“dia” possibilitaram uma espantosavariedade de vegetac
˜ao
94 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
seguinte. Para ilustrar, a luz surgiu gradualmente noprimeiro “dia”, mas foi s
´o no quarto per
´ıodo criativo
que o Sol, a Lua e as estrelas puderam ser vistos.— G
ˆenesis 1:14-19.
O segundo e o terceiro “dia”
Antes de fazer surgir o solo seco, no terceiro “dia”criativo, o Criador suspendeu parte das
´aguas. Com
isso, a Terra ficou envolta num manto de vapor de´agua.� Esse registro antigo n
˜ao descreve — nem pre-
cisava descrever — os mecanismos usados. Em vezdisso, a B
´ıblia enfoca a expans
˜ao entre as
´aguas de
cima e as de superf´ıcie. Ela chama isso de “c
´eus”. Mes-
mo hoje as pessoas usam esse termo para a atmosfe-ra, onde as aves e os avi
˜oes voam. No tempo oportu-
no, Deus encheu esses c´eus atmosf
´ericos com uma
mistura de gases essenciais para a vida.
Contudo, durante os “dias” criativos a´agua de su-
perf´ıcie baixou, de modo que surgiu o solo seco. Tal-
vez usando forcas geol´ogicas que ainda hoje movem
as placas da Terra, pelo visto Deus empurrou paracima as cristas oce
ˆanicas para formar continentes.
Isso teria produzido o solo seco acima da superf´ıcie
das´aguas e profundos abismos oce
ˆanicos, que os ocea-
n´ografos agora mapeiam e estudam com grande inte-
resse. (Note o Salmo 104:8, 9.) Depois da formac˜ao
do solo seco, aconteceu outra coisa maravilhosa. Le-mos: “Deus prosseguiu, dizendo: ‘Faca a terra brotar
� O Criador podia ter empregado processos naturais parasuspender essas
´aguas e mant
ˆe-las no alto. Essas
´aguas ca
´ı-
ram nos dias de No´e. (G
ˆenesis 1:6-8; 2 Pedro 2:5; 3:5, 6) Esse
evento hist´orico deixou uma marca indel
´evel nos sobreviventes
humanos e seus descendentes, como os antrop´ologos confir-
mam. Encontramos um reflexo desse evento nos relatos sobreinundac
˜oes preservados pelos povos em toda a Terra.
Um antigo registro da criac˜
ao — pode-se confiar nele? 95
relva, vegetac˜ao que d
ˆe semente,
´arvores frut
´ıferas
que deem fruto segundo as suas esp´ecies, cuja semen-
te esteja nele, sobre a terra.’ E assim se deu.” — Gˆe-
nesis 1:11.
Conforme considerado no cap´ıtulo anterior (“O que
revelam as obras?”), a fotoss´ıntese
´e essencial para as
plantas. Na c´elula de uma planta verde h
´a numerosos
corp´
usculos chamados cloroplastos, que obtˆem ener-
gia da luz solar. “Essas f´abricas microsc
´opicas”, ex-
plica o livro Planet Earth (Planeta Terra), “manufa-turam ac
´ucares e amidos . . . Jamais um humano
projetou uma f´abrica mais eficiente, ou cujos produtos
tivessem maior demanda, do que um cloroplasto”.
De fato, a futura vida animal dependeria dos cloro-plastos para a sobreviv
ˆencia. Tamb
´em, sem a vegeta-
c˜ao verde, a atmosfera da Terra seria excessivamen-
te rica em di´oxido de carbono, e n
´os morrer
´ıamos de
calor e de falta de oxigˆenio. Alguns especialistas d
˜ao
explicac˜oes espantosas sobre como se desenvolveu a
vida dependente da fotoss´ıntese. Por exemplo, eles di-
zem que quando certos organismos unicelulares na´agua comecaram a ficar sem alimentos, “algumas c
´e-
lulas pioneiras finalmente inventaram uma soluc˜ao.
Elas chegaram`a fotoss
´ıntese”. Mas poderia realmen-
te ter sido assim? A fotoss´ıntese
´e t
˜ao complexa que
os cientistas ainda tentam desvendar os seus mist´e-
rios. Vocˆe acha que a vida fotossint
´etica autorrepro-
dutora surgiu inexplicavelmente e espontaneamente?Ou acha mais razo
´avel crer que ela resulta de criac
˜ao
inteligente e propositada, conforme relata Gˆenesis?
O aparecimento de variedades novas de vida vege-tal talvez n
˜ao tenha cessado no terceiro “dia” criativo.
Pode ter prosseguido at´e mesmo no sexto “dia”, quan-
do o Criador “plantou um jardim no´
Eden” e fez “bro-
96 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
tar do solo toda´arvore de aspecto desej
´avel e boa para
alimento”. (Gˆenesis 2:8, 9) E, como j
´a mencionado, a
atmosfera da Terra com certeza j´a clareara no quar-
to “dia”, permitindo assim que mais luz do Sol e deoutros corpos celestes atingisse o planeta Terra.
O quinto e o sexto “dia”
No quinto “dia” criativo o Criador passou a encheros oceanos e os c
´eus atmosf
´ericos com uma nova for-
ma de vida — “almas viventes” — distintas da vege-tac
˜ao. Curiosamente, os bi
´ologos falam, entre outras
coisas, de reino vegetal e de reino animal, e os dividemem subclassificac
˜oes. A palavra hebraica traduzida
por “alma” significa “quem (ou que) respira”. A B´ı-
blia diz tamb´em que as “almas viventes” t
ˆem sangue.
Por conseguinte, pode-se concluir que as criaturas quet
ˆem tanto um sistema respirat
´orio como um sistema
circulat´orio — os habitantes dos oceanos e dos c
´eus,
que respiram — comecaram a aparecer no quinto pe-r
´ıodo criativo. — G
ˆenesis 1:20; 9:3, 4.
No sexto “dia” Deus deu mais atenc˜ao ao solo. Ele
criou animais ‘dom´esticos’ e animais ‘selv
´aticos’, que
eram classificac˜oes significativas quando Mois
´es es-
creveu o relato. (Gˆenesis 1:24) Portanto, foi no sexto
per´ıodo criativo que foram formados os mam
´ıferos ter-
restres. E os seres humanos?
Esse registro antigo nos informa que, por fim, oCriador decidiu produzir uma forma de vida realmen-te
´unica na Terra. Ele disse ao seu Filho celestial: “Fa-
camos o homem`a nossa imagem, segundo a nossa se-
melhanca, e tenham eles em sujeic˜ao os peixes do mar,
e as criaturas voadoras dos c´eus, e os animais do-
m´esticos, e toda a terra, e todo animal movente que
se move sobre a terra.” (Gˆenesis 1:26) De modo que
Um antigo registro da criac˜
ao — pode-se confiar nele? 97
o homem refletiria a imagem espiritual do Criador,exibindo as Suas qualidades. E o homem seria ca-paz de assimilar uma quantidade enorme de conheci-mentos. Assim, os humanos poderiam agir com in-telig
ˆencia superior
`a de qualquer animal. Tamb
´em,
diferentemente dos animais, o homem foi feito com acapacidade de agir segundo a sua pr
´opria livre vonta-
de, sem ser controlado basicamente por instinto.
Em anos recentes, os cientistas pesquisaram a fun-do os genes humanos. Comparando os padr
˜oes gen
´e-
ticos humanos ao redor da Terra, eles encontraramevid
ˆencias claras de que todos os humanos t
ˆem um
ancestral comum, uma fonte do DNA de todas as pes-soas que j
´a viveram e de cada um de n
´os. Em 1988, a
revista Newsweek apresentou essas descobertas numamat
´eria intitulada “Em busca de Ad
˜ao e Eva”. Esses
estudos baseavam-se num tipo de DNA mitocondrial,material gen
´etico transmitido apenas pela mulher.
Informac˜oes de 1995 acerca de pesquisas em DNA
masculino apontaram para a mesma conclus˜ao: “Hou-
ve um ancestral ‘Ad˜ao’, cujo material gen
´etico no cro-
mossomo [Y]´e comum a todo homem que hoje existe
na Terra”, como disse a revista Time. Sejam exatas,ou n
˜ao, em todos os detalhes, essas descobertas ilus-
tram que o relato em Gˆenesis
´e de alta credibilidade,
de autoria de Algu´em que esteve presente na
´epoca.
Que cl´ımax quando Deus reuniu alguns dos compo-
nentes do solo para formar seu primeiro filho huma-no, a quem chamou de Ad
˜ao! (Lucas 3:38) O relato his-
t´orico diz que o Criador do globo e da vida nele colocou
o homem que havia feito numa´area semelhante a um
jardim, “para que o cultivasse e tomasse conta dele”.(G
ˆenesis 2:15) Nessa
´epoca, o Criador talvez ainda es-
tivesse produzindo novos tipos de animais. A B´ıblia
98 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
diz: “Deus estava formando do solo todo animal selv´a-
tico do campo e toda criatura voadora dos c´eus, e ele
comecou a trazˆe-los ao homem para ver como chama-
ria a cada um deles; e o que o homem chamava acada alma vivente, este era seu nome.” (G
ˆenesis 2:19)
A B´ıblia de forma alguma sugere que o primeiro ho-
mem, Ad˜ao, fosse um mero personagem de ficc
˜ao. Ao
contr´ario, ele era uma pessoa real — um ser huma-
no de racioc´ınio e de sentimentos — que poderia en-
contrar alegria trabalhando naquele lar parad´ısico.
A cada dia ele aprendia mais a respeito de seu Cria-dor — Suas qualidades e personalidade — e de Suasobras.
Da´ı, depois de um per
´ıodo n
˜ao especificado, Deus
criou a primeira mulher, para ser a esposa de Ad˜ao.
E Deus acrescentou maior objetivo`a vida deles, com
esta miss˜ao significativa: “Sede fecundos e tornai-
vos muitos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e tende em
Em termos simples, a B´ıblia descreve
com exatid˜
ao o aparecimento sequencialde formas de vida na Terra
Um antigo registro da criac˜
ao — pode-se confiar nele? 99
sujeic˜ao os peixes do mar, e as criaturas voadoras dos
c´eus, e toda criatura vivente que se move na terra.”
(Gˆenesis 1:27, 28) Nada pode mudar esse objetivo ex-
presso do Criador, a saber, que a Terra inteira setransforme num para
´ıso habitado por humanos feli-
zes, vivendo em paz entre si e com os animais.
O Universo material, incluindo o nosso planeta e avida nele, atestam claramente a sabedoria de Deus.Portanto, Deus obviamente podia prever que, com otempo, alguns humanos talvez preferissem agir demodo independente ou rebelde, mesmo sendo Ele oCriador e o Dador da Vida. Essa rebeldia poderia obs-truir a grandiosa obra de fazer um para
´ıso global.
O relato diz que Deus apresentou a Ad˜ao e Eva um
teste simples, que os lembraria da necessidade de se-rem obedientes. A desobedi
ˆencia, disse Deus, resulta-
ria na perda da vida que ele lhes dera. O Criador de-monstrou interesse e preocupac
˜ao ao alertar os nossos
primeiros ancestrais contra um proceder errado queafetaria a felicidade de toda a raca humana. — G
ˆene-
sis 2:16, 17.
No fim do sexto “dia”, o Criador havia feito tudo oque era necess
´ario para cumprir o seu objetivo. Ele
podia, com toda raz˜ao, dizer que tudo o que fizera era
“muito bom”. (Gˆenesis 1:31) Nesse ponto, a B
´ıblia in-
troduz outro per´ıodo importante ao dizer que Deus
“passou a repousar no s´etimo dia de toda a sua obra
que fizera”. (Gˆenesis 2:2) Visto que o Criador “n
˜ao se
cansa nem se fatiga”, por que se diz que ele repousou?(Isa
´ıas 40:28) Isso indica que ele cessou de realizar
obras de criac˜ao material; al
´em disso, ele ‘descansa’
sabendo que nada, nem mesmo uma rebeli˜ao no c
´eu
ou na Terra, pode frustrar a realizac˜ao de seu gran-
de objetivo. Deus confiantemente abencoou o s´etimo
100 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
“dia” criativo. Assim, as leais criaturas inteligentesde Deus — os humanos e as criaturas espirituais in-vis
´ıveis — podem ter certeza de que, no fim do s
´etimo
“dia”, a paz e a felicidade v˜ao imperar em todo o Uni-
verso.
Pode-se confiar no relato de Gˆenesis?
Mas pode-se realmente ter f´e nesse relato da cria-
c˜ao e nas perspectivas que ele apresenta? Como vi-
mos, as pesquisas gen´eticas modernas caminham na
direc˜ao da conclus
˜ao declarada na B
´ıblia h
´a muito
tempo. Tamb´em, a sequ
ˆencia dos eventos apresenta-
da em Gˆenesis tem chamado a atenc
˜ao de alguns cien-
tistas. Por exemplo, o famoso ge´ologo Wallace Pratt
disse: “Se eu, como ge´ologo, tivesse de explicar conci-
samente nossas ideias modernas sobre a origem daTerra e o desenvolvimento da vida sobre ela a um povo
‘Como ge´
ologo, dificilmente poderia fazer melhordo que seguir bem de perto grande parte da linguagem
do primeiro cap´ıtulo de G
ˆenesis.’ — Wallace Pratt
Um antigo registro da criac˜
ao — pode-se confiar nele? 101
simples, pastoril, tal como o das tribos a quem foi di-rigido o Livro de G
ˆenesis, dificilmente poderia faz
ˆe-lo
melhor do que seguir bem de perto grande parte dalinguagem do primeiro cap
´ıtulo de G
ˆenesis.” Ele ob-
servou tamb´em que a sequ
ˆencia da origem dos ocea-
nos, da emergˆencia de solo seco, bem como do surgi-
mento de vida marinha, de aves e de mam´ıferos
´e, em
essˆencia, a sequ
ˆencia das principais divis
˜oes do tem-
po geol´ogico.
Considere: como poderia Mois´es — milhares de
anos atr´as — ter colocado seu relato nessa sequ
ˆencia
correta se a sua fonte de informac˜oes n
˜ao fosse o pr
´o-
prio Criador e Projetista?
“Pela f´e”, diz a B
´ıblia, “
´e que sabemos que o univer-
so foi ordenado pela palavra de Deus, de forma que omundo vis
´ıvel n
˜ao procedeu de outras coisas vis
´ıveis”.
(Hebreus 11:3, traduc˜ao Mensagem de Deus) Muitos
n˜ao aceitam esse fato, preferindo crer no acaso ou em
algum processo`as cegas que, supostamente, produziu
o Universo e a vida.� Mas, como vimos, existem mui-tas e variadas raz
˜oes para crer que o Universo e a vida
terrestre — incluindo a nossa vida — originam-se deuma Causa Prim
´aria inteligente, um Criador, Deus.
A B´ıblia reconhece francamente que “a f
´e n
˜ao
´e pro-
priedade de todos”. (2 Tessalonicenses 3:2) Contudo,f´e n
˜ao
´e credulidade. A f
´e baseia-se em fundamentos.
No pr´oximo cap
´ıtulo, consideraremos outras raz
˜oes
v´alidas e convincentes para se poder confiar na B
´ıblia
e no Grandioso Criador, que se importa com cada umde n
´os.
� Para mais informac˜oes sobre a origem das formas de vida
na Terra, veja o livro A Vida — Qual a Sua Origem? A Evolu-c
˜ao ou a Criac
˜ao?, publicado pelas Testemunhas de Jeov
´a.
102 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
PROVAVELMENTE vocˆe concorda que um livro in-
formativo e interessante´e de grande valor. A B
´ı-
blia´e um livro assim. Nele voc
ˆe encontra cativantes
hist´orias reais que destacam elevados valores mo-
rais. Encontra tamb´em ilustrac
˜oes v
´ıvidas de verda-
des importantes. Um de seus escritores, famoso porsua sabedoria, disse que “procurou achar palavrasdeleitosas e a escrita de palavras corretas de verda-de”. — Eclesiastes 12:10.
O livro que chamamos de “B´ıblia”
´e, na verdade,
uma colec˜ao de 66 livros menores escritos num espa-
co de mais de 1.500 anos. Por exemplo, entre 1513 e1473 AEC Mois
´es escreveu os primeiros cinco livros,
comecando com Gˆenesis. Jo
˜ao, um ap
´ostolo de Jesus,
foi o´
ultimo escritor b´ıblico. Ele escreveu um relato
da vida de Jesus (O Evangelho de Jo˜ao), al
´em de car-
tas mais breves e o livro de Apocalipse (ou Revela-c
˜ao), que aparece como
´ultimo livro na maioria das
B´ıblias.
Durante os 1.500 anos desde Mois´es at
´e Jo
˜ao,
umas 40 pessoas participaram na escrita da B´ıblia.
Eram homens sinceros e devotos, interessados emajudar outros a aprender sobre o Criador. Seus escri-tos ajudam-nos a conhecer a personalidade de Deuse a aprender como agrad
´a-lo. A B
´ıblia esclarece tam-
b´em por que existe tanta perversidade no mundo e
como ser´a eliminada. Os escritores b
´ıblicos aponta-
ram para o tempo em que a humanidade viver´a mais
diretamente sob o dom´ınio de Deus, e descreveram
C A P´I T U L O S E T E
O que um livro pode ensinar-lhea respeito do Criador?
algumas das condic˜oes emocionantes que poderemos
usufruir ent˜ao. — Salmo 37:10, 11; Isa
´ıas 2:2-4; 65:17-
25; Revelac˜ao 21:3-5.
Provavelmente vocˆe sabe que muitos desprezam a
B´ıblia, considerando-a um livro antigo de sabedoria
humana. Contudo, milh˜oes de pessoas est
˜ao convic-
tas de que seu verdadeiro Autor´e Deus, que ele guiou
os pensamentos de seus escritores. (2 Pedro 1:20, 21)Como se pode saber se aquilo que os escritores b
´ıbli-
cos escreveram realmente vem de Deus?
Bem, h´a diversas linhas de evid
ˆencia convergentes
que podem ser consideradas. Muitos fizeram isso econclu
´ıram que a B
´ıblia
´e mais do que um mero livro
humano e que a sua fonte´e sobre-humana. Ilustre-
mos isso com uma´
unica linha de evidˆencia. Ao fazer-
mos isso, podemos aprender mais acerca do Criadordo Universo, a Fonte da vida humana.
Predic˜oes cumpridas
Muitos dos escritores b´ıblicos registraram profe-
cias. Longe de afirmarem que podiam pessoalmenteprever o futuro, esses escritores atribu
´ıram o cr
´edito
ao Criador. Por exemplo, Isa´ıas identificou a Deus
como “Aquele que desde o princ´ıpio conta o final”.
(Isa´ıas 1:1; 42:8, 9; 46:8-11) A capacidade de predizer
eventos com d´ecadas, ou mesmo s
´eculos, de antece-
dˆencia distingue o Deus de Isa
´ıas como
´unico. Ele n
˜ao
´e mero
´ıdolo, como aqueles que as pessoas no passa-
do e no presente tˆem adorado. As profecias da B
´ıblia
nos d˜ao provas convincentes de que ela n
˜ao
´e de au-
toria humana. Veja como o livro de Isa´ıas confirma
isso.
Uma comparac˜ao do conte
´udo de Isa
´ıas com os da-
dos hist´oricos mostra que esse livro foi escrito por vol-
104 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ta de 732 AEC. Isa´ıas predisse calamidades para os
habitantes de Jerusal´em e de Jud
´a, porque eram cul-
pados de derramamento de sangue e de idolatria.Predisse tamb
´em que a terra deles seria devasta-
da, que Jerusal´em e seu templo seriam destru
´ıdos e
que os sobreviventes seriam levados como prisionei-ros para Babil
ˆonia. Mas Isa
´ıas profetizou tamb
´em
que Deus n˜ao se esqueceria dessa nac
˜ao prisionei-
ra. O livro predisse que um rei estrangeiro, chama-do Ciro, conquistaria Babil
ˆonia e libertaria os ju-
deus para que retornassem`a sua terra natal. De fato,
Isa´ıas refere-se a Deus como “Aquele que diz a res-
peito de Ciro: ‘Ele´e meu pastor e executar
´a comple-
tamente tudo aquilo em que me agrado’; dizendo eude Jerusal
´em: ‘Ela ser
´a reconstru
´ıda’, e do templo:
‘Lancar-se-´a teu alicerce.’ ” — Isa
´ıas 2:8; 24:1; 39:5-7;
43:14; 44:24-28; 45:1.
Nos dias de Isa´ıas, no oitavo s
´eculo AEC, tais predi-
c˜oes podiam parecer inacredit
´aveis. Naquele tempo,
Babilˆonia n
˜ao era nem mesmo uma pot
ˆencia militar
significativa. Estava sujeita`a verdadeira pot
ˆencia
mundial da´epoca, o Imp
´erio Ass
´ırio. Deve ter sido es-
tranha tamb´em a ideia de que um povo conquistado,
que fora levado a uma terra distante como exilados,pudesse ser libertado e recuperar a sua terra. “Quem´e que j
´a ouviu uma coisa destas?”, Isa
´ıas escreveu.
— Isa´ıas 66:8.
No entanto, o que vemos se avancarmos dois s´ecu-
los? A hist´oria posterior dos judeus antigos provou
que a profecia de Isa´ıas cumpriu-se em detalhes. Ba-
bilˆonia de fato tornou-se poderosa, e destruiu Jerusa-
l´em. O nome do rei persa (Ciro), a sua posterior con-
quista de Babilˆonia e o retorno dos judeus s
˜ao fatos
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador? 105
hist´oricos aceitos. Os detalhes profetizados cumpri-
ram-se com tanta precis˜ao que, no s
´eculo 19, alguns
cr´ıticos afirmavam que o livro de Isa
´ıas era uma far-
sa. Com efeito, diziam: ‘Isa´ıas talvez tenha escrito os
primeiros cap´ıtulos; mas um escritor posterior, nos
dias do Rei Ciro, completou a escrita do livro de modoque parecesse prof
´etico.’ Algu
´em pode fazer esses co-
ment´arios depreciativos, mas quais s
˜ao os fatos?
Predic˜oes genu
´ınas?
As predic˜oes no livro de Isa
´ıas n
˜ao se limitam a
eventos envolvendo Ciro e os judeus exilados. Ele pre-disse tamb
´em a situac
˜ao final de Babil
ˆonia, e seu
livro forneceu muitos detalhes sobre um vindouroMessias, ou Libertador, que sofreria e depois seriaglorificado. Pode-se provar que essas predic
˜oes foram
escritas com muita antecedˆencia, sendo, portanto,
profecias genu´ınas?
Considere o seguinte. Isa´ıas escreveu sobre a situa-
c˜ao final de Babil
ˆonia: “Babil
ˆonia, ornato dos rei-
nos, beleza do orgulho dos caldeus, ter´a de tornar-
se como quando Deus derrubou Sodoma e Gomorra.Nunca mais ser
´a habitada, nem residir
´a ela por ge-
rac˜ao ap
´os gerac
˜ao.” (Isa
´ıas 13:19, 20; cap
´ıtulo 47)
O que realmente aconteceu?
Os fatos mostram que Babilˆonia por muito tempo
dependia de um complexo sistema de irrigac˜ao, for-
mado por represas e canais entre os rios Tigre e Eu-frates. Pelo visto, esse sistema aqu
´atico foi danifica-
do por volta de 140 AEC, na destrutiva conquista deBabil
ˆonia pela P
´artia, e ficou praticamente arruina-
do. Com que resultado? A The Encyclopedia Ameri-cana explica: “O solo ficou saturado de sais minerais,e formou-se uma crosta de
´alcali sobre a superf
´ıcie,
106 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
impossibilitando o seu uso agr´ıcola.” Uns 200 anos
depois, Babilˆonia ainda era uma cidade populosa,
mas isso n˜ao durou muito tempo. (Note 1 Pedro 5:13.)
Por volta do terceiro s´eculo EC, o historiador Dio C
´as-
sio (c. 150-235 EC) falou de um visitante que s´o en-
controu “montes de terra, pedras e ru´ınas” em Babi-
lˆonia. (LXVIII, 30) Significativamente, nessa
´epoca
Isa´ıas j
´a estava morto e seu livro completo j
´a circu-
lava havia s´eculos. E, se voc
ˆe visitar Babil
ˆonia hoje
em dia, ver´a apenas ru
´ınas dessa ex-cidade glorio-
sa. Embora cidades antigas como Roma, Jerusal´em
e Atenas existam at´e os nossos dias, Babil
ˆonia jaz
desolada, desabitada, uma ru´ına; exatamente como
Isa´ıas predisse. A predic
˜ao cumpriu-se.
Focalizemos agora o que Isa´ıas disse acerca do
vindouro Messias. Segundo Isa´ıas 52:13, esse servo
S´
eculos depois de a B´ıblia ter predito isso, a poderosa Babil
ˆonia
tornou-se uma ru´ına desolada, e permanece assim at
´e hoje
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador? 107
especial de Deus por fim ‘alcancaria um alto posto eseria muit
´ıssimo exaltado’. Contudo, o cap
´ıtulo se-
guinte (Isa´ıas 53) profetizou que, antes de sua exal-
tac˜ao, o Messias passaria por uma experi
ˆencia es-
pantosamente diferente. Vocˆe talvez se surpreenda
com os detalhes registrados nesse cap´ıtulo, ampla-
mente reconhecido como profecia messiˆanica.
Como poder´a ler ali, o Messias seria desprezado
por seus compatriotas. Certo de que isso ocorreria,Isa
´ıas escreveu como se j
´a tivesse acontecido: “Ele
foi desprezado e evitado pelos homens.” (Vers´ıculo 3)
Esses maus-tratos seriam totalmente injustificados,pois o Messias faria o bem ao povo. “Foram as nossasdoencas que ele mesmo carregou”, foi como Isa
´ıas
descreveu as curas do Messias. (Vers´ıculo 4) Apesar
disso, o Messias seria julgado e condenado injusta-mente, permanecendo, no entanto, em sil
ˆencio peran-
te seus acusadores. (Vers´ıculos 7, 8) Ele se deixaria
entregar para ser morto ao lado de criminosos; du-rante a sua execuc
˜ao, seu corpo seria traspassado.
(Vers´ıculos 5, 12) Apesar de morrer como se fosse
criminoso, seria sepultado como rico. (Vers´ıculo 9)
E Isa´ıas declarou repetidas vezes que a morte injus-
ta do Messias teria valor expiat´orio, cobrindo os pe-
cados de outros humanos. — Vers´ıculos 5, 8, 11, 12.
Tudo isso realmente aconteceu. Os eventos regis-trados por contempor
ˆaneos de Jesus — Mateus, Mar-
cos, Lucas e Jo˜ao — confirmam que as predic
˜oes de
Isa´ıas realmente aconteceram. Alguns dos eventos
ocorreram depois da morte de Jesus, de modo queeste n
˜ao poderia ter manipulado as situac
˜oes. (Ma-
teus 8:16, 17; 26:67; 27:14, 39-44, 57-60; Jo˜ao 19:1, 34)
O cumprimento total das profecias messiˆanicas de
108 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Isa´ıas tem tido um efeito poderoso sobre os leitores
sinceros da B´ıblia ao longo dos s
´eculos, incluindo al-
guns que antes n˜ao aceitavam Jesus. O erudito Wil-
liam Urwick observa: “Muitos judeus, ao porem porescrito a raz
˜ao de sua convers
˜ao ao cristianismo, re-
conheceram que foi a leitura atenta desse cap´ıtulo
[Isa´ıas 53] que abalou a f
´e que tinham nos seus ve-
lhos credos e mestres.” — The Servant of Jehovah.�
Urwick fez essa observac˜ao em fins dos anos 1800,
quando alguns talvez ainda duvidassem que o cap´ı-
tulo 53 de Isa´ıas realmente tivesse sido escrito s
´ecu-
los antes do nascimento de Jesus. Contudo, descober-tas posteriores removeram essencialmente qualquerbase para d
´uvida. Em 1947, perto do mar Morto, um
pastor bedu´ıno encontrou um antigo rolo do livro in-
teiro de Isa´ıas. Peritos em escrita antiga conclu
´ıram
que o rolo era de uma data entre 125 e 100 AEC. Da´ı,
em 1990, uma an´alise
`a base de carbono 14 fixou o
per´ıodo de 202 a 107 AEC. Sim, esse famoso rolo de
Isa´ıas j
´a era bem antigo quando Jesus nasceu. O que
revela uma comparac˜ao dele com as B
´ıblias moder-
nas?
Se vocˆe visitar Jerusal
´em, poder
´a ver fragmentos
dos Rolos do Mar Morto. Numa gravac˜ao, o arque
´o-
logo e professor Yigael Yadin explica: “N˜ao se passa-
ram mais do que uns quinhentos ou seiscentos anosentre o proferimento das palavras de Isa
´ıas e a c
´opia
nesse rolo, feita no segundo s´eculo AC.
´E espantoso
que — embora tenha mais de 2 mil anos — esse rolooriginal no museu tenha tanta similaridade com aB
´ıblia que lemos hoje, seja em hebraico, seja nas tra-
duc˜oes do original.”
� Note Atos 8:26-38, onde Isa´ıas 53:7, 8
´e citado.
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador? 109
Obviamente, isso devia afetar o nosso conceito.A respeito de qu
ˆe? Bem, n
˜ao devia restar nenhuma
d´
uvida cr´ıtica de que o livro de Isa
´ıas n
˜ao
´e profe-
cia escrita depois do acontecido. Existem hoje provascient
´ıficas de que uma c
´opia dos escritos de Isa
´ıas foi
feita bem mais de cem anos antes de Jesus nascer, emuito antes da desolac
˜ao de Babil
ˆonia. Assim, que
d´
uvida pode haver de que os escritos de Isa´ıas pre-
disseram tanto o destino final de Babilˆonia como os
sofrimentos injustos, o tipo de morte e o tratamen-to dispensado ao Messias? E os fatos hist
´oricos eli-
minam qualquer base para negar que Isa´ıas tenha
Este rolo de Isa´ıas, copiado no segundo s
´eculo AEC, foi achado numa
caverna perto do mar Morto. Ele predisse em detalhes eventos queocorreram centenas de anos depois de sua escrita
110 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
predito com exatid˜ao o cativeiro dos judeus e sua
libertac˜ao de Babil
ˆonia. Essas predic
˜oes cumpridas
constituem apenas uma das muitas linhas de evidˆen-
cia de que o verdadeiro autor da B´ıblia
´e o Criador, e
de que a B´ıblia
´e “inspirada por Deus”. — 2 Tim
´oteo
3:16.
H´a muitas outras indicac
˜oes de que a B
´ıblia
´e de
autoria divina. Entre estas, a exatid˜ao da B
´ıblia em
astronomia, geologia e medicina; a harmonia inter-na de seus livros, escritos por dezenas de homens aolongo de centenas de anos; sua harmonia com muitosfatos da hist
´oria secular e da arqueologia; e seu c
´odi-
go moral que era superior aos c´odigos de povos vizi-
nhos daqueles tempos, e que ainda hoje´e reconheci-
do como sem igual. Estas e outras linhas de evidˆencia
tˆem convencido in
´umeras pessoas diligentes e since-
ras de que a B´ıblia
´e legitimamente um livro que pro-
cede do nosso Criador.�
Isso tamb´em pode ajudar-nos a tirar algumas con-
clus˜oes v
´alidas a respeito do Criador — ajudando-nos
a conhecer as suas qualidades. N˜ao prova a sua ca-
pacidade de olhar`a frente no tempo que ele tem ca-
pacidades perceptivas que n´os, humanos, n
˜ao temos?
Os humanos n˜ao sabem o que acontecer
´a no futu-
ro distante, tampouco podem control´a-lo. O Criador
pode. Ele pode tanto prever o futuro como ordenar oseventos para que se cumpra a sua vontade. Apropria-damente, Isa
´ıas descreve o Criador como “Aquele que
desde o princ´ıpio conta o final e desde outrora as coi-
sas que n˜ao se fizeram; Aquele que diz: ‘Meu pr
´oprio
� Para detalhes sobre a origem da B´ıblia, veja a brochura Um
Livro para Todas as Pessoas e o livro A B´ıblia — Palavra de
Deus ou de Homem?, publicados pelas Testemunhas de Jeov´a.
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador? 111
conselho ficar´a de p
´e e farei tudo o que for do meu
agrado.’ ” — Isa´ıas 46:10; 55:11.
Conheca melhor o Autor
N´os chegamos a conhecer uma pessoa conversando
com ela e vendo como ela reage a diferentes circuns-t
ˆancias. Esses dois m
´etodos s
˜ao poss
´ıveis quando se
trata de conhecer outros humanos, mas como conhe-cer o Criador? N
˜ao podemos conversar diretamente
com ele. Mas, como j´a vimos, ele revela muito sobre si
mesmo na B´ıblia — tanto pelo que disse como pelo
que fez. Ademais, esse livro´ımpar realmente nos con-
vida a cultivar uma relac˜ao com o Criador. Ele nos
exorta: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegar´a a v
´os.”
— Tiago 2:23; 4:8.
Considere um passo inicial: se vocˆe deseja ser ami-
go de algu´em, com certeza desejar
´a saber o seu nome.
Bem, qual´e o nome do Criador, e o que seu nome re-
vela a Seu respeito?
A parte da B´ıblia em hebraico (em geral chamada
de Velho Testamento) fornece-nos o nome´ımpar do
Criador.´
E representado nos manuscritos antigos porquatro consoantes hebraicas que podem ser transli-teradas por YHWH ou JHVH. O nome do Criadoraparece cerca de 7 mil vezes, muito mais vezes do queos t
´ıtulos Deus ou Senhor. Por muitos s
´eculos, quem
lia a B´ıblia em hebraico usava esse nome pessoal.
Com o tempo, por´em, muitos judeus desenvolveram
um medo supersticioso de pronunciar o nome divino,de modo que n
˜ao preservaram a sua pron
´uncia.
“A pron´
uncia original acabou se perdendo; tentati-vas modernas de recuperac
˜ao s
˜ao conjecturais”, diz
um coment´ario judaico sobre
ˆExodo. Admitidamente,
112 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
n˜ao podemos saber ao certo como Mois
´es pronuncia-
va o nome divino, que encontramos emˆ
Exodo 3:16 e6:3. Mas quem, objetivamente falando, se sentiriahoje obrigado a tentar pronunciar o nome de Mois
´es
ou o de Jesus com o som e a entonac˜ao exatos usados
quando eles estiveram na Terra? N˜ao obstante, n
˜ao
deixamos de nos referir a Mois´es e a Jesus por nome.
O ponto´e: em vez de nos interessarmos demais em
saber exatamente como um povo antigo que falavaoutro idioma pronunciava o nome de Deus, por quen
˜ao usar a pron
´uncia comum no nosso idioma? Por
exemplo, “Jehovah” ou “Jeov´a”
´e usado h
´a s
´eculos em
portuguˆes, e ainda
´e amplamente aceito como o nome
do Criador.
Mas existe algo mais significativo do que detalhesacerca da pron
´uncia do nome. Trata-se de seu signi-
ficado. O nome em hebraico´e uma forma causativa
do verbo ha·w´
ah, que significa “tornar-se” ou “mos-trar ser”. (G
ˆenesis 27:29; Eclesiastes 11:3) A obra The
Oxford Companion to the Bible d´a o significado de
“ ‘ele causa’ ou ‘causar´a que seja’ ”. Assim, podemos
dizer que o nome pessoal do Criador significa literal-mente “Ele Causa que Venha a Ser”. Note que a
ˆen-
fase n˜ao est
´a nas atividades do Criador no passado
remoto, como alguns talvez tenham em mente ao usa-rem a express
˜ao “Causa Prim
´aria”. Por que n
˜ao?
Porque o nome divino relaciona-se com o que oCriador tenciona fazer. Os verbos hebraicos t
ˆem ba-
sicamente apenas dois estados, e o estado envolvidono nome do Criador “denota ac
˜oes . . . em processo de
desenvolvimento. N˜ao expressa mera continuidade
de uma ac˜ao . . . mas o seu desenrolar desde o seu prin-
c´ıpio at
´e o t
´ermino”. (A Short Account of the Hebrew
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador? 113
Tenses) Sim, por meio de seu nome, Jeov´a revela a si
mesmo como ativo cumpridor de objetivos. Aprende-mos assim que — com ac
˜ao progressiva — ele se tor-
na o Cumpridor de promessas. Muitos consideramuma alegria e um revigoramento saber que o Cria-dor sempre cumpre os Seus objetivos.
O objetivo Dele — e o nosso
Ao passo que o nome de Deus reflete objetivo, mui-tos acham dif
´ıcil ver um objetivo real na sua pr
´opria
existˆencia. Eles observam a humanidade passar de
uma crise para outra — guerras, desastres naturais,epidemias, pobreza e crime. Mesmo os poucos privi-legiados que de alguma forma escapam dos efeitos detais cat
´astrofes n
˜ao raro admitem ter d
´uvidas ator-
mentadoras a respeito do futuro e do sentido de suasvidas.
A B´ıblia observa: “O mundo f
´ısico foi sujeito
`a frus-
trac˜ao, n
˜ao por seu pr
´oprio desejo, mas pela vontade
do Criador, que, ao assim fazer, deu-lhe esperanca deque um dia poder
´a ser libertado . . . e ser levado a par-
ticipar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.” (Ro-manos 8:20, 21, The New Testament Letters, de J. W.C. Wand) O relato em G
ˆenesis mostra que houve um
tempo em que os humanos estavam em paz com o seuCriador. Reagindo
`a m
´a conduta humana, Deus com
justica sujeitou a humanidade a uma situac˜ao que,
de certa forma, produziu frustrac˜ao. Vejamos como
isso aconteceu, o que revela acerca do Criador e o quepodemos esperar do futuro.
Segundo essa hist´oria escrita, que de muitas ma-
neiras mostrou ser comprov´avel, os primeiros huma-
nos criados foram chamados de Ad˜ao e Eva. O relato
mostra que eles n˜ao foram deixados
`as cegas, sem ob-
114 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
jetivo nem instruc˜oes a respeito da vontade de Deus.
Como at´e mesmo qualquer pai humano prestimoso
faria com seus filhos, o Criador deu`a humanidade
instruc˜oes
´uteis. Ele lhes disse: “Sede fecundos e tor-
nai-vos muitos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e tendeem sujeic
˜ao os peixes do mar, e as criaturas voadoras
dos c´eus, e toda criatura vivente que se move na ter-
ra.” — Gˆenesis 1:28.
Assim, os primeiros humanos tinham um objetivosignificativo na vida. Isso inclu
´ıa cuidar da ecologia
da Terra e encher o globo com humanos respons´aveis.
(Note Isa´ıas 11:9.) Ningu
´em pode com justica culpar
o Criador pelo presente estado de nosso planeta po-lu
´ıdo, como se Ele tivesse dado aos humanos uma
desculpa para explorar e arruinar o globo. A palavra“sujeitar” n
˜ao autorizava a explorac
˜ao. Significava
cultivar e cuidar do planeta, confiado aos cuidadosdos humanos. (G
ˆenesis 2:15) Ademais, eles teriam
Esta carta, escritaem hebraicoantigo numfragmento decer
ˆamica, foi
desenterrada emLaquis. O nomede Deus (veja assetas) apareceduas vezes, o queindica que o nomedo Criador eraconhecido e deuso geral
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador? 115
um futuro permanente para realizar essa tarefa sig-nificativa. A sua perspectiva de nunca morrer
´e coe-
rente com o fato de que a capacidade cerebral doshumanos excede em muito o que se pode utilizar ple-namente numa vida de 70, 80, ou at
´e 100 anos. O c
´e-
rebro foi feito para ser usado indefinidamente.
O Deus Jeov´a, como produtor e diretor de sua cria-
c˜ao, deu aos humanos certa liberdade de ac
˜ao com
respeito a como cumpririam o Seu objetivo para coma Terra e a humanidade. N
˜ao foi exigente nem res-
tritivo demais. Por exemplo, ele confiou a Ad˜ao o que
seria a alegria de um zo´ologo — a miss
˜ao de estudar
e dar nome aos animais. Depois de observar as suascaracter
´ısticas, Ad
˜ao deu nomes, muitos deles descri-
tivos. (Gˆenesis 2:19) Esse
´e apenas um exemplo de
como os humanos poderiam usar seus talentos e ha-bilidades em conformidade com o prop
´osito de Deus.
N˜ao
´e dif
´ıcil entender que o s
´abio Criador de todo
o Universo poderia facilmente manter o controle dequalquer situac
˜ao na Terra, mesmo se os humanos
escolhessem um proceder tolo ou prejudicial. O regis-tro hist
´orico nos diz que Deus deu uma s
´o ordem res-
tritiva a Ad˜ao: “De toda
´arvore do jardim podes comer
`a vontade. Mas, quanto
`a
´arvore do conhecimento do
que´e bom e do que
´e mau, n
˜ao deves comer dela, por-
que no dia em que dela comeres, positivamente mor-rer
´as.” — G
ˆenesis 2:16, 17.
Essa ordem exigia que a humanidade reconheces-se o direito de Deus de ser obedecido. Os humanos,desde o tempo de Ad
˜ao at
´e hoje, t
ˆem sido obriga-
dos a aceitar a lei da gravidade e a viver em har-monia com ela. Seria tolo e prejudicial n
˜ao fazer
isso. Assim, por que deviam os humanos rejeitar vi-
116 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ver em harmonia com ou-tra lei, ou ordem, da partedo generoso Criador? Eledeixou claro quais seriamas consequ
ˆencias de se re-
jeitar sua lei, mas deu aAd
˜ao e Eva a opc
˜ao de obe-
decer-lhe voluntariamen-te.
´E f
´acil perceber nos re-
latos da primitiva hist´oria
do homem que o Criadorpermite aos humanos a li-berdade de escolha. Masele deseja que suas criatu-ras sejam supremamentefelizes, o que
´e uma conse-
quˆencia natural de viver em harmonia com as Suas
boas leis.
Num cap´ıtulo anterior vimos que o Criador produ-
ziu criaturas inteligentes invis´ıveis — criaturas es-
pirituais. A hist´oria do comeco da humanidade reve-
la que um desses esp´ıritos ficou obcecado com a ideia
de usurpar a posic˜ao de Deus. (Note Ezequiel 28:13-
15.) Ele abusou da liberdade de escolha que Deus per-mite e incitou os primeiros humanos ao que s
´o po-
demos chamar de franca rebeli˜ao. Por meio de um
desafiador ato de desobediˆencia direta — comerem
da “´arvore do conhecimento do que
´e bom e do que
´e
mau” — o primeiro casal reivindicou sua indepen-d
ˆencia do dom
´ınio de Deus. Mais ainda, a atitude de-
les revelou que endossavam a afirmac˜ao de que o
Criador privava os humanos do que´e bom. Era como
se Ad˜ao e Eva exigissem decidir sozinhos o que
´e bom
Isaac Newton formulou a lei dagravidade. As leis do Criadors
˜ao razo
´aveis, e obedec
ˆe-las
´e para o nosso bem
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador? 117
e o que´e mau — independentemente da avaliac
˜ao do
Criador.
Que contrassenso seria se homens e mulheres de-cidissem que n
˜ao gostam da lei da gravidade e a
desrespeitassem! Foi igualmente irracional da par-te de Ad
˜ao e Eva terem rejeitado os padr
˜oes mo-
rais do Criador. Os humanos certamente devem es-perar consequ
ˆencias negativas de violar a lei b
´asica
de Deus que exige obediˆencia, da mesma forma que a
lei da gravidade traz m´as consequ
ˆencias sobre quem
a viola.
A Hist´oria nos diz que Jeov
´a agiu. No “dia” em que
Ad˜ao e Eva rejeitaram a vontade do Criador eles en-
traram em decadˆencia, o que os levou
`a morte, como
Deus advertira. (Note 2 Pedro 3:8.) Isso revela maisum aspecto da personalidade do Criador. Ele
´e um
Deus justo, que n˜ao ignora covardemente a desobe-
diˆencia flagrante. Ele tem e segue padr
˜oes s
´abios e
justos.
Coerente com as suas not´aveis qualidades, Deus
com miseric´ordia n
˜ao eliminou de imediato a vida
humana. Por que n˜ao? Por considerac
˜ao
`a posterida-
de de Ad˜ao e Eva, que ainda n
˜ao havia nem sido con-
cebida, e n˜ao era diretamente respons
´avel pelo pro-
ceder pecaminoso de seus ancestrais. Ter Deus sepreocupado com a vida ainda a ser concebida revela-nos que tipo de Criador ele
´e. N
˜ao
´e um juiz implac
´a-
vel, sem sentimentos. Ele´e justo, disposto a dar a
todos uma oportunidade, e mostra respeito pela san-tidade da vida humana.
Isso n˜ao significa que as gerac
˜oes humanas futu-
ras viveriam sob as mesmas circunstˆancias deleito-
sas que o primeiro casal vivia. Pelo fato de o Criador
118 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ter permitido que a descendˆencia de Ad
˜ao entrasse
em cena, “o mundo f´ısico foi sujeito
`a frustrac
˜ao”. Mas
n˜ao era uma frustrac
˜ao ou desesperanca total. Lem-
bre-se de que Romanos 8:20, 21 diz tamb´em que o
Criador “deu-lhe esperanca de que um dia poder´a ser
libertado”. Isso´e algo que nos deve interessar.
Poder´a encontr
´a-Lo?
Na B´ıblia, o inimigo que induziu o primeiro casal
humano`a rebeli
˜ao chama-se Satan
´as, o Diabo, que
significa “Opositor” e “Caluniador”. Na sentenca pro-ferida contra esse principal instigador de rebeli
˜ao,
Deus o classificou de inimigo, mas lancou uma basepara que os humanos futuros tivessem esperanca.Deus disse: “Porei inimizade entre ti [Satan
´as] e a
mulher, e entre o teu descendente e o seu descenden-te. Ele te machucar
´a a cabeca e tu lhe machucar
´as o
calcanhar.” (Gˆenesis 3:15) Obviamente, trata-se de
uma linguagem figurativa, ou ilustrativa. O que sig-nificava a futura vinda de um “descendente”?
Outras partes da B´ıblia lancam luz sobre esse
intrigante vers´ıculo. Elas mostram que se relacio-
na com Jeov´a estar
`a altura de seu nome e ‘tornar-
se’ o que for necess´ario para cumprir seu objetivo
com relac˜ao aos humanos na Terra. Ao fazer isso, ele
usou uma nac˜ao espec
´ıfica, e a hist
´oria de seus tra-
tos com essa nac˜ao antiga constitui uma parte sig-
nificativa da B´ıblia. Consideremos brevemente essa
hist´oria importante. Com isso, poderemos aprender
mais sobre as qualidades do Criador. De fato, pode-mos aprender muitas coisas inestim
´aveis a Seu res-
peito fazendo um exame adicional do livro que eleproveu para a humanidade, a B
´ıblia.
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador? 119
ENTRE trov˜oes e rel
ˆampagos, cerca de 3 milh
˜oes de
pessoas estavam de p´e diante de uma montanha, na
pen´ınsula do Sinai. Nuvens cobriam o monte Sinai,
e o solo tremia. Nessas circunstˆancias memor
´aveis,
Mois´es levou o Israel antigo a uma relac
˜ao formal
com o Criador do c´eu e da Terra. —
ˆExodo, cap
´ıtu-
lo 19; Isa´ıas 45:18.
Mas por que o Criador do Universo se revelariade forma especial a uma determinada nac
˜ao, ainda
mais comparativamente pequena? Mois´es esclare-
ceu: “Foi por Jeov´a vos amar e por ele cumprir a de-
clarac˜ao juramentada que fizera aos vossos ante-
passados.” — Deuteronˆomio 7:6-8.
Essa declarac˜ao indica que na B
´ıblia h
´a muito
mais informac˜oes do que apenas fatos sobre a ori-
gem do Universo e a vida na Terra. Ela tem muitoa dizer sobre os tratos do Criador com os humanos— no passado, no presente e no futuro. A B
´ıblia
´e o livro mais estudado e de maior circulac
˜ao no
mundo, de modo que toda pessoa que preza a edu-cac
˜ao devia conhecer o seu conte
´udo. Facamos um
apanhado geral do conte´
udo da B´ıblia, primeiro da
parte mais conhecida como Velho Testamento. Aofazermos isso, obteremos tamb
´em uma valiosa com-
preens˜ao da personalidade do Criador do Universo
e Autor da B´ıblia.
No Cap´ıtulo 6, “Um antigo registro da criac
˜ao
— pode-se confiar nele?”, vimos que o relato b´ıblico
C A P´I T U L O O I T O
O Criador se revela— em nosso benef
´ıcio!
da criac˜ao apresenta fatos exclusivos acerca de nos-
sos primeiros ancestrais — as nossas origens. Esseprimeiro livro b
´ıblico cont
´em muito mais. Exem-
plos?
A mitologia grega e outras falam de uma´epoca
em que deuses e semideuses tinham tratos com oshumanos. Tamb
´em, segundo os antrop
´ologos, ao re-
dor do globo existem lendas sobre um antigo dil´
u-vio que aniquilou a maior parte da humanidade.Voc
ˆe pode, com raz
˜ao, descartar tais mitos. No en-
tanto, sabia que apenas o livro de Gˆ
enesis revela-nos os fatos hist
´oricos b
´asicos que mais tarde en-
contraram eco nesses mitos e lendas? — Gˆenesis,
cap´ıtulos 6, 7.�
No livro de Gˆenesis pode-se ler tamb
´em acerca
de homens e mulheres — pessoas fidedignas comquem podemos nos identificar — que sabiam daexist
ˆencia do Criador e levavam em conta a Sua
vontade nas suas vidas. Temos a obrigac˜ao de sa-
ber a respeito de homens como Abra˜ao, Isaque e
Jac´o, que estavam entre os “antepassados” men-
cionados por Mois´es. O Criador veio a conhecer a
Abra˜ao e chamou-o de “meu amigo”. (Isa
´ıas 41:8;
Gˆenesis 18:18, 19) Por qu
ˆe? Jeov
´a havia observado
e adquirido confianca em Abra˜ao como homem de
f´e. (Hebreus 11:8-10, 17-19; Tiago 2:23) O caso de
Abra˜ao mostra que Deus
´e acess
´ıvel. Seu poder e
capacidade s˜ao espantosos, mas ele n
˜ao
´e mera for-
ca ou causa impessoal. Ele´e uma pessoa real com
� Os nomes dos livros b´ıblicos est
˜ao em negrito para facilitar
a identificac˜ao de seu conte
´udo.
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 121
quem humanos como n´os podem cultivar uma rela-
c˜ao respeitosa — para nosso benef
´ıcio eterno.
Jeov´a prometeu a Abra
˜ao: “Todas as nac
˜oes da
terra h˜ao de abencoar a si mesmas por meio de teu
descendente.” (Gˆenesis 22:18) Isso amplia, ou esten-
de, a promessa feita nos dias de Ad˜ao a respeito de
um futuro “descendente”. (Gˆenesis 3:15) Sim, o que
Jeov´a disse a Abra
˜ao confirmou a esperanca de que
algu´em — o Descendente — viria no devido tempo
e colocaria`a disposic
˜ao de todos os povos uma b
ˆen-
c˜ao. Ver
´a que esse
´e o tema central que permeia
toda a B´ıblia, confirmando que ela n
˜ao
´e uma co-
lec˜ao de diversos escritos humanos. E conhecer o
tema da B´ıblia ajudar
´a voc
ˆe a entender que Deus
usou uma nac˜ao antiga — com o alvo de abencoar
todas as nac˜oes. — Salmo 147:19, 20.
Ter tido esse objetivo ao lidar com Israel indicaque Jeov
´a ‘n
˜ao
´e parcial’. (Atos 10:34; G
´alatas 3:14)
Ademais, mesmo quando Deus lidava primariamen-te com os descendentes de Abra
˜ao, pessoas de outras
nac˜oes eram bem-vindas para tamb
´em servirem a
Jeov´a. (1 Reis 8:41-43) E, como veremos mais adian-
te, a imparcialidade de Deus´e de tal ordem que to-
dos n´os hoje — seja qual for a nossa formac
˜ao nacio-
nal ou´etnica — podemos conhec
ˆe-lo e agrad
´a-lo.
Podemos aprender muito da hist´oria da nac
˜ao
com a qual o Criador lidou por s´eculos. Vamos divi-
di-la em trˆes partes. Ao considerarmos essas par-
tes, note como Jeov´a sempre agiu
`a altura do signi-
ficado de seu nome, “Ele Causa que Venha a Ser”, ecomo a sua personalidade se manifestou nos seustratos com pessoas reais.
122 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Parte Um — uma nac˜ao governada pelo Criador
Os descendentes de Abra˜
ao tornaram-se escravos noEgito. Por fim Deus convocou Mois
´es, que os levou
`a liberdade em 1513 AEC. Quando Israel tornou-se uma nac
˜ao, Deus era seu governante. Mas, em
1117 AEC, o povo quis ter um rei humano.
Que acontecimentos levaram Israel a estar comMois
´es no monte Sinai? O livro b
´ıblico de G
ˆene-
sis fornece o fundo hist´orico. Tempos antes, quando
Jac´o (tamb
´em chamado de Israel) vivia ao nordes-
te do Egito, ocorreu uma fome em todo o mundo en-t
˜ao conhecido. O zelo por sua fam
´ılia levou Jac
´o a
buscar alimentos no Egito, onde havia um gran-de estoque de cereais. Ele descobriu que o admi-nistrador dos alimentos era na verdade seu filhoJos
´e, que Jac
´o achava que tinha morrido anos an-
tes. Jac´o e sua fam
´ılia mudaram-se para o Egito e
foram convidados a permanecer ali. (Gˆenesis 45:25
–46:5; 47:5-12) No entanto, depois da morte de Jos´e,
O Criador libertou um povo escravizado e usou-opara a realizac
˜ao de seu prop
´osito
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 123
um novo Fara´o arregimentou os descendentes de
Jac´o para trabalho forcado e ‘amargurava-lhes a
vida com dura escravid˜ao, em argamassa argilosa e
em tijolos’. (ˆ
Exodo 1:8-14) Poder´a ler esse v
´ıvido re-
lato, e muito mais, no segundo livro b´ıblico,
ˆExodo.
Os israelitas sofreram maus-tratos por d´ecadas,
e ‘seu clamor por ajuda ascendia ao Deus verdadei-ro’. Recorrer a Jeov
´a era o proceder s
´abio. Ele esta-
va interessado nos descendentes de Abra˜ao e deci-
dido a cumprir o Seu objetivo de prover uma bˆenc
˜ao
futura para todos os povos. Jeov´a ‘ouviu os gemidos
de Israel e reparou neles’, indicando que o Criadorse compadece dos oprimidos e sofredores. (
ˆExodo
2:23-25) Ele escolheu Mois´es para liderar a liberta-
c˜ao de Israel da escravid
˜ao. Mas quando Mois
´es e
seu irm˜ao, Ar
˜ao, pediram ao Fara
´o do Egito permis-
s˜ao para que esse povo escravizado partisse, ele res-
pondeu desafiadoramente: “Quem´e Jeov
´a, que eu
deva obedecer`a sua voz para mandar Israel embo-
ra?” —ˆ
Exodo 5:2.
Poderia imaginar o Criador do Universo deixar-se intimidar por esse desafio, mesmo da partedo governante da maior pot
ˆencia militar da
´epo-
ca? Deus golpeou Fara´o e os eg
´ıpcios com uma s
´e-
rie de pragas. Finalmente, depois da d´ecima praga,
Fara´o concordou em libertar os israelitas. (
ˆExodo
12:29-32) Assim, os descendentes de Abra˜ao vieram
a conhecer a Jeov´a como pessoa real — que traz a
liberdade no Seu devido tempo. Sim, como seu nomeindica, Jeov
´a tornou-se cumpridor de suas promes-
sas de uma maneira dram´atica. (
ˆExodo 6:3) Mas
tanto Fara´o como os israelitas aprenderiam ainda
mais a respeito desse nome.
124 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Isso aconteceu porque Fara´o logo mudou de ideia.
Ele liderou seu ex´ercito numa feroz cacada aos
escravos que partiam, alcancando-os perto domar Vermelho. Os israelitas ficaram encurraladosentre o mar e o ex
´ercito eg
´ıpcio. Jeov
´a interveio,
abrindo uma passagem pelo mar Vermelho. Fara´o
devia ter reconhecido nisso uma demonstrac˜ao do
poder invenc´ıvel de Deus. Em vez disso, lancou as
suas forcas contra os israelitas — e morreu afoga-do junto com o seu ex
´ercito quando Deus fez com
que o mar voltasse`a sua posic
˜ao normal. O relato
emˆ
Exodo n˜ao diz exatamente como Deus realizou
esses feitos. Podemos cham´a-los corretamente de
milagres, pois as ac˜oes e seu momento para aconte-
cer fugiam ao controle humano. Certamente, taisac
˜oes n
˜ao seriam imposs
´ıveis para Quem criou tan-
to o Universo como todas as suas leis. —ˆ
Exodo14:1-31.
Esse evento demonstrou para os israelitas — edeve incutir em n
´os tamb
´em — que Jeov
´a
´e um Sal-
vador que age`a altura de seu nome. Contudo, deve-
mos discernir desse relato ainda outros aspectosdos caminhos de Deus. Por exemplo, ele agiu comjustica contra uma nac
˜ao opressiva e foi ben
´evolo
com Seu povo, atrav´es do qual viria o Descendente.
A respeito deste´
ultimo, o que lemos emˆ
Exodo´e ob-
viamente muito mais do que hist´oria antiga; rela-
ciona-se com o prop´osito de Deus de colocar uma
bˆenc
˜ao
`a disposic
˜ao de todos.
Para uma terra prometida
Saindo do Egito, Mois´es e o povo marcharam
pelo deserto at´e o monte Sinai. Os eventos ali
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 125
estabeleceram a base para os tratos de Deus com anac
˜ao por s
´eculos
`a frente. Ele proveu leis. Natural-
mente, eras antes disso o Criador j´a formulara as
leis que governam a mat´eria no Universo, que ain-
da vigoram. Mas, no monte Sinai, ele usou Moi-s
´es para fornecer leis nacionais. Podemos ler o que
Deus fez, bem como a Lei que ele forneceu, no livrode
ˆExodo e nos tr
ˆes livros que se seguem — Lev
´ıti-
co, N´
umeros e Deuteronˆ
omio. Os eruditos acre-
Pode-se crer em milagres?
“´
E imposs´ıvel usar a luz el
´etrica, as comunicac
˜oes sem
fio ou servir-nos das modernas descobertas m´edicas e ci-
r´urgicas e, ao mesmo tempo, crer no mundo de esp
´ıritos e
de milagres do Novo Testamento.” Essas palavras do te´olo-
go alem˜ao Rudolf Bultmann refletem o que muitos hoje
acham a respeito de milagres.´
E isso o que vocˆe pensa a
respeito dos milagres registrados na B´ıblia, como aquele
em que Deus dividiu as´aguas do mar Vermelho?
O Concise Oxford Dictionary define “milagre” como“evento extraordin
´ario atribu
´ıdo a alguma atividade sobre-
natural”. Tal evento extraordin´ario envolve uma interrupc
˜ao
da ordem natural, raz˜ao pela qual muitos n
˜ao se inclinam
a crer em milagres. Contudo, o que parece ser uma viola-c
˜ao da lei natural pode ser facilmente explicado
`a luz das
outras leis da natureza envolvidas.
Para ilustrar, a revista New Scientist publicou que doisf´ısicos da Universidade de T
´oquio aplicaram um campo
magn´etico extremamente forte num tubo horizontal parcial-
mente cheio de´agua. A
´agua foi forcada para as extremida-
des do tubo, deixando seca a parte do meio. O fenˆomeno,
descoberto em 1994, acontece porque a´agua
´e ligeira-
mente diamagn´etica, ou seja, um
´ım
˜a a repele. O confirma-
do fenˆomeno de a
´agua deslocar-se de onde um campo
magn´etico
´e muito forte para onde ele
´e mais fraco, foi ape-
126 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ditam que Mois´es tamb
´em escreveu o livro de J
´o.
Consideraremos alguns pontos de seu importanteconte
´udo no Cap
´ıtulo 10.
At´e hoje, milh
˜oes de pessoas em todo o mundo co-
nhecem e procuram obedecer aos Dez Mandamen-tos, a orientac
˜ao moral, central, da Lei inteira. Esta
Lei, por´em, cont
´em muitas outras diretrizes, que
s˜ao admiradas por sua excel
ˆencia. Compreensivel-
mente, muitos regulamentos centralizavam-se na
lidado de Efeito Mois´es. A New Scientist observou: “Deslo-
car a´agua
´e f
´acil — se voc
ˆe tiver um
´ım
˜a suficientemente
grande. Se tiver, praticamente tudo ser´a poss
´ıvel.”
Naturalmente, n˜ao se pode dizer com absoluta certeza
que processo Deus usou quando partiu o mar Vermelhopara os israelitas. Mas o Criador conhece nos m
´ınimos de-
talhes todas as leis da natureza. Ele poderia facilmentecontrolar certos aspectos de uma lei empregando outra leidentre as que ele criou. Para os humanos, o resultado po-deria parecer milagroso, especialmente se n
˜ao entendes-
sem bem as leis envolvidas.
Quanto aos milagres na B´ıblia, Akira Yamada, professor
em´erito da Universidade de Kyoto, no Jap
˜ao, diz: “Embora
seja correto dizer que [um milagre] n˜ao pode ser entendi-
do por ora`a base do ponto de vista da ci
ˆencia em que a
pessoa esteja envolvida (ou`a base do status quo da ci
ˆen-
cia),´e errado concluir que ele n
˜ao aconteceu, simplesmen-
te com base na autoridade da avancada f´ısica moderna ou
da avancada Bibliologia moderna. Daqui a dez anos, a ciˆen-
cia moderna de hoje ser´a uma ci
ˆencia do passado. Quan-
to mais rapidamente a ciˆencia progredir, maior a possibili-
dade de os cientistas de hoje se tornarem alvo de piadas,tais como ‘os cientistas dez anos atr
´as criam seriamente
nisso ou naquilo’.” — Gods in the Age of Science.
Como Criador, capaz de coordenar todas as leis da natu-reza, Jeov
´a pode usar seu poder para fazer milagres.
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 127
vida israelita daquele tempo, tais como regras so-bre higiene, saneamento e doencas. Embora dadasinicialmente a um povo antigo, tais leis refletem co-nhecimento sobre fatos cient
´ıficos que os especialis-
tas humanos s´o descobriram a partir do
´ultimo s
´e-
culo. (Lev´ıtico 13:46, 52; 15:4-13; N
´umeros 19:11-20;
Deuteronˆomio 23:12, 13) Pode-se muito bem per-
guntar: Como podiam as leis dadas ao Israel antigorefletir conhecimentos e sabedoria muito superio-res ao que era conhecido por nac
˜oes contempor
ˆa-
neas? Uma resposta razo´avel
´e que essas leis origi-
naram-se do Criador.
Essas leis serviam tamb´em para preservar as
sucess˜oes familiares e prescreveram deveres reli-
giosos que os israelitas deviam cumprir at´e a che-
gada do Descendente. Por concordarem em fazertudo o que Deus lhes pedia, eles se comprometiama obedecer a essa Lei. (Deuteron
ˆomio 27:26; 30:17-
20) Eles n˜ao conseguiriam obedecer
`a Lei com per-
feic˜ao,
´e verdade. No entanto, mesmo isso serviria
a um bom objetivo. Mais tarde, um perito em leisexplicou que a Lei ‘tornou manifestas as transgres-s
˜oes, at
´e que chegasse o descendente a quem se fi-
zera a promessa’. (G´alatas 3:19, 24) Portanto, a Lei
fez deles um povo`a parte, lembrou-lhes que neces-
sitavam do Descendente, ou Messias, e preparou-ospara acolh
ˆe-lo.
Os israelitas, reunidos no monte Sinai, concorda-ram em seguir a Lei de Deus. Desse modo, eles pas-saram a entrar no que a B
´ıblia chama de pacto, ou
acordo. O pacto foi entre aquela nac˜ao e Deus. Ape-
sar de terem entrado voluntariamente nesse pacto,
128 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
mostraram ser um povo obstinado. Por exemplo, fi-zeram um bezerro de ouro para representar a Deus.Fazerem isso era pecado, pois a adorac
˜ao de
´ıdolos
violava diretamente os Dez Mandamentos. (ˆ
Exodo20:4-6) Ademais, eles se queixaram das provis
˜oes
divinas, rebelaram-se contra o l´ıder designado por
Deus (Mois´es) e tiveram relac
˜oes imorais com mu-
lheres estrangeiras, adoradoras de´ıdolos. Mas de
que interesse´e isso para n
´os, que vivemos t
˜ao dis-
tante dos dias de Mois´es?
Novamente, n˜ao se trata de simples hist
´oria an-
tiga. Os relatos b´ıblicos a respeito da ingratid
˜ao de
Israel e das reac˜oes de Deus mostram que ele real-
mente se importa. A B´ıblia diz que os israelitas pu-
nham Jeov´a
`a prova “vez ap
´os vez”, fazendo-o sen-
tir-se “magoado” e ‘penado’. (Salmo 78:40, 41) Issonos d
´a certeza de que o Criador tem sentimentos e
se importa com o que os humanos fazem.
No monte Sinai, a antiga nac˜
ao de Israel entrounuma relac
˜ao pactuada com o Criador
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 129
De nosso ponto de vista, talvez pud´essemos pen-
sar que as transgress˜oes de Israel levariam Deus a
cancelar o seu pacto e, talvez, selecionar outra na-c
˜ao para cumprir a sua promessa. Mas ele n
˜ao fez
isso. Em vez disso, puniu os transgressores flagran-tes, mas foi misericordioso com a nac
˜ao delinquen-
te como um todo. Sim, Deus permaneceu leal`a pro-
messa feita ao seu fiel amigo Abra˜ao.
N˜ao muito tempo depois, Israel chegou perto de
Cana˜a, que a B
´ıblia chama de Terra Prometida.
Era habitada por um povo poderoso, mergulhadoem pr
´aticas moralmente degradantes. O Criador
havia concedido que se passassem 400 anos sem in-
A obediˆ
encia`
as inigual´
aveis leis do Criadorajudou Seu povo a desfrutar da Terra Prometida
130 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
tervir na vida deles, mas agora, com justica, decidiudar a terra deles ao Israel antigo. (G
ˆenesis 15:16;
veja tamb´em “Em que sentido um Deus ciumen-
to?”, nas p´aginas 132-133.) Como preparativo, Moi-
s´es enviou 12 espi
˜oes
`a terra. Dez deles mostraram
falta de f´e no poder salvador de Jeov
´a. Seu relat
´o-
rio levou o povo a murmurar contra Deus e a cons-pirar para retornar ao Egito. Em resultado, Deussentenciou o povo a vaguear no ermo por 40 anos.— N
´umeros 14:1-4, 26-34.
Em que resultou esse julgamento? Antes de suamorte, Mois
´es admoestou os filhos de Israel a se
lembrarem daqueles anos durante os quais Jeov´a
os havia humilhado. Mois´es disse-lhes: “Bem sa-
bes no teu pr´oprio corac
˜ao que Jeov
´a, teu Deus, te
corrigia assim como um homem corrige seu filho.”(Deuteron
ˆomio 8:1-5) Apesar de o terem insultado,
Jeov´a os sustentara, demonstrando que eles depen-
diam dele. Por exemplo, eles sobreviveram porqueele proveu a nac
˜ao de man
´a, uma subst
ˆancia comes-
t´ıvel com sabor de “bolachas de mel”. Obviamente,
eles deviam ter aprendido muito de sua experiˆencia
no ermo. Devia ter sido provada a importˆancia de
obedecer ao seu Deus misericordioso e de confiarnele. —
ˆExodo 16:13-16, 31; 34:6, 7.
Ap´os a morte de Mois
´es, Deus encarregou Josu
´e
de liderar Israel. Esse homem valente e leal condu-ziu a nac
˜ao at
´e Cana
˜a e corajosamente empreendeu
a conquista da terra. Em pouco tempo, Josu´e derro-
tou 31 reis e ocupou a maior parte da Terra Prome-tida. Essa hist
´oria emocionante encontra-se no li-
vro de Josu´
e.
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 131
Governo sem rei humano
Durante a jornada no ermo e os primeiros anosna Terra Prometida, a nac
˜ao tinha como l
´ıder Moi-
s´es e depois Josu
´e. Os israelitas n
˜ao precisavam de
um rei humano, pois Jeov´a era seu Soberano. Ele
providenciou que anci˜aos fossem designados para
tratar de ac˜oes jur
´ıdicas nos port
˜oes da cidade. Eles
preservavam a ordem e ajudavam o povo espiritual-mente. (Deuteron
ˆomio 16:18; 21:18-20) O livro de
Rute apresenta uma vis˜ao fascinante de como tais
anci˜aos resolveram uma causa com base na lei em
Deuteronˆomio 25:7-9.
Em que sentido um Deus ciumento?
“Jeov´a, cujo nome
´e Ciumento,
´e um Deus ciumento.”
Lemos esse coment´ario em
ˆExodo 34:14, mas o que signi-
fica?
A palavra hebraica traduzida por “ciumento” pode signi-ficar “que exige devoc
˜ao exclusiva, que n
˜ao tolera rivalida-
de”. Em sentido positivo isso beneficia suas criaturas, poisJeov
´a
´e ciumento com respeito ao seu nome e a sua ado-
rac˜ao. (Ezequiel 39:25) Seu zelo em cumprir o que seu
nome representa significa que ele cumprir´a seu objetivo
para com a humanidade.
Considere, por exemplo, sua condenac˜ao dos povos que
viviam na terra de Cana˜a. Certo erudito faz esta descric
˜ao
chocante: “O culto de Baal, de Astorete e de outros deu-ses dos cananeus consistia nas mais extravagantes orgias;seus templos eram centros de depravac
˜ao. . . . Os cana-
neus prestavam seu culto, praticando a licenciosidade, . . .e tamb
´em assassinando seus primog
ˆenitos, como sacrif
´ı-
cio aos mesmos deuses.” Os arque´ologos descobriram jar-
ros contendo despojos de criancas sacrificadas. EmboraDeus observasse o erro dos cananeus nos dias de Abra
˜ao,
132 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
No decorrer dos anos, a nac˜ao muitas vezes caiu
no desfavor de Deus, desobedecendo-o repetidas ve-zes e recorrendo a deuses cananeus. Mesmo assim,quando ela se metia em s
´erios apuros e invocava a
sua ajuda, Jeov´a a socorria. Ele convocava ju
´ızes
para liderar na libertac˜ao de Israel, salvando-a de
povos vizinhos opressores. O livro chamado Ju´ızes
apresenta vividamente as proezas de 12 desses co-rajosos ju
´ızes. — Ju
´ızes 2:11-19; Neemias 9:27.
O registro diz: “Naqueles dias n˜ao havia rei em
Israel. Cada um costumava fazer o que era direi-to aos seus pr
´oprios olhos.” (Ju
´ızes 21:25) A nac
˜ao
ele foi paciente com eles por 400 anos, concedendo-lhesbastante tempo para mudar. — G
ˆenesis 15:16.
Tinham os cananeus uma percepc˜ao clara da gravidade
de seu erro? Bem, eles possu´ıam a faculdade humana da
consciˆencia, reconhecida pelos juristas como base univer-
sal para moralidade e justica. (Romanos 2:12-15) Apesardisso, os cananeus persistiram nos detest
´aveis sacrif
´ıcios
de criancas e nas pr´aticas sexuais degradantes.
Jeov´a, no seu equil
´ıbrio de justica, determinou que aque-
la terra tinha de ser saneada. N˜ao era genoc
´ıdio. Cananeus
individuais (como Raabe) ou grupos inteiros (como os gi-beonitas), que aceitaram voluntariamente as elevadas nor-mas morais de Deus, foram poupados. (Josu
´e 6:25; 9:3-
15) Raabe tornou-se um elo na genealogia real que levouao Messias, e descendentes de gibeonitas foram privilegia-dos de ministrar no templo de Jeov
´a. — Josu
´e 9:27; Esdras
8:20; Mateus 1:1, 5-16.
Portanto, quando procuramos ver o quadro completo eclaro, baseado em fatos,
´e f
´acil perceber que Jeov
´a
´e um
Deus admir´avel e justo, ciumento no bom sentido, de uma
maneira que beneficia suas criaturas fi´eis.
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 133
tinha os padr˜oes estabelecidos na Lei, portanto,
com a ajuda dos anci˜aos e do ensino dos sacerdo-
tes, as pessoas tinham uma base para “fazer o queera direito aos seus pr
´oprios olhos”, com seguranca.
Ademais, a Lei provia um tabern´aculo, ou templo
port´atil, onde se ofereciam sacrif
´ıcios. A adorac
˜ao
verdadeira centralizava-se ali e isso ajudava a unira nac
˜ao naquele tempo.
Parte Dois — prosperidade sob o dom´ınio de reis
Quando Samuel era juiz em Israel, o povo exigiu umrei humano. Os tr
ˆes primeiros reis — Saul, Davi e
Salom˜
ao — reinaram 40 anos cada um, de 1117 a997 AEC. Israel atingiu seu pin
´aculo de riqueza e
gl´
oria, e o Criador tomou medidas importantes empreparac
˜ao do reinado do vindouro Descendente.
Como juiz e profeta, Samuel zelou pelo bem-estarespiritual de Israel, mas seus filhos eram diferen-tes. O povo por fim exigiu de Samuel: “Designa-nosdeveras um rei para nos julgar, igual a todas as na-c
˜oes.” Jeov
´a explicou a Samuel o sentido do pedido
deles: “Escuta a voz do povo . . . pois, n˜ao
´e a ti que
rejeitaram, mas´e a mim que rejeitaram como rei
sobre eles.” Jeov´a previu as consequ
ˆencias tristes
dessa nova situac˜ao. (1 Samuel 8:1-9) No entanto,
segundo a exigˆencia deles, Deus nomeou um rei so-
bre Israel e o escolhido foi Saul, um homem mo-desto. Apesar de seu comeco promissor, depois detornar-se rei, Saul revelou tend
ˆencias rebeldes e
infringiu os mandamentos de Deus. O profeta deDeus anunciou que o reinado seria dado a um ho-mem de quem Jeov
´a se agradasse. Isso nos deve fa-
134 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
zer ver quanto o Criador valoriza a obediˆencia de
corac˜
ao. — 1 Samuel 15:22, 23.
Davi, que viria a ser o pr´oximo rei de Israel, era
o filho mais novo de uma fam´ılia da tribo de Jud
´a.
Sobre essa escolha surpreendente, Deus disse a Sa-muel: “O mero homem v
ˆe o que aparece aos olhos,
mas quanto a Jeov´a, ele v
ˆe o que o corac
˜ao
´e.” (1 Sa-
muel 16:7) N˜ao
´e animador saber que o Criador olha
o que somos no´ıntimo e n
˜ao as apar
ˆencias? Mas
Saul tinha as suas pr´oprias ideias. Desde que Jeov
´a
escolhera Davi como futuro rei, Saul ficou obcecadocom a ideia de eliminar Davi. Jeov
´a n
˜ao permitiu
isso, e Saul e seus filhos acabaram morrendo numabatalha contra um povo beligerante, os filisteus.
Davi reinava na cidade de H´ebron. Depois, ele
capturou Jerusal´em, para onde mudou a sua capi-
tal. Ele tamb´em estendeu as fronteiras de Israel
at´e o pleno limite da terra que Deus prometera
dar aos descendentes de Abra˜ao. Poder
´a ler sobre
esse per´ıodo (e a hist
´oria de reis posteriores) em
seis livros hist´oricos da B
´ıblia.� Eles revelam que a
vida de Davi n˜ao foi uma vida sem problemas. Por
exemplo, sucumbindo ao desejo humano, ele come-teu adult
´erio com a bela Bate-Seba e da
´ı cometeu
outros erros para encobrir o seu pecado. Como Deusjusto, Jeov
´a n
˜ao poderia simplesmente ignorar o
erro de Davi. Mas, devido ao seu arrependimentosincero, Deus n
˜ao exigiu a aplicac
˜ao r
´ıgida da pena-
lidade da Lei. Ainda assim, Davi viria a ter muitosproblemas familiares em resultado de seus pecados.
� Esses s˜ao 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Cr
ˆoni-
cas e 2 Crˆ
onicas.
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 135
Durante todas essas crises, Davi veio a conhecera Deus como pessoa — algu
´em com sentimentos.
Ele escreveu: “Jeov´
a est´
a perto de todos os que o in-vocam . . . e ouvir
´a seu clamor por ajuda.” (Salmo
145:18-20) A sinceridade e a devoc˜ao de Davi es-
t˜ao claramente expressas nos lindos c
ˆanticos que
´E poss
´ıvel visitar a
´area, ao sul da muralha de Jerusal
´em,
onde o Rei Davi tinha sua capital
136 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ele compˆos, que constituem cerca da metade do li-
vro de Salmos. Milh˜oes t
ˆem derivado consolo e en-
corajamento dessa poesia. Considere a intimidadede Davi com Deus, como reflete o Salmo 139:1-4:“
´O Jeov
´a, tu me esquadrinhaste e me conheces. Tu
mesmo chegaste a conhecer meu assentar e meu le-vantar. De longe consideraste meu pensamento. . . .Pois n
˜ao h
´a palavra na minha l
´ıngua, mas eis que
tu,´o Jeov
´a, j
´a sabes de tudo.”
Davi conhecia em especial o poder salvador deDeus. (Salmo 20:6; 28:9; 34:7, 9; 37:39) Toda vezque ele o experimentava, a sua confianca em Jeov
´a
aumentava. Vocˆe pode ver evid
ˆencias disso no Sal-
mo 30:5; 62:8 e 103:9. Ou leia o Salmo 51, que Davicomp
ˆos depois de ter sido censurado pelo pecado com
Bate-Seba. Como´e reanimador saber que podemos
prontamente expressar nossos sentimentos ao Cria-dor, certos de que ele n
˜ao
´e arrogante, mas humilde-
mente se disp˜
oe a ouvir! (Salmo 18:35; 69:33; 86:1-8)Davi n
˜ao chegou a tal apreco apenas pela experi
ˆen-
cia. “Meditei em toda a tua atuac˜ao”, escreveu, “man-
tive-me voluntariamente preocupado com o trabalhodas tuas pr
´oprias m
˜aos”. — Salmo 63:6; 143:5.
Jeov´a fez um pacto especial com Davi, referente a
um reino eterno. Davi provavelmente n˜ao entendia
o pleno alcance desse pacto, mas,`a base de detalhes
registrados na B´ıblia mais tarde, vemos que Deus
estava indicando que o Descendente prometido vi-ria da linhagem de Davi. — 2 Samuel 7:16.
O s´abio Rei Salom
˜ao e o sentido da vida
Salom˜ao, filho de Davi, ficou famoso por sua sa-
bedoria, e podemos nos beneficiar dela lendo os
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 137
livros muito pr´aticos de Prov
´erbios e Eclesias-
tes.� (1 Reis 10:23-25) Este´
ultimo´e especialmente
´util para quem busca um sentido na vida, como fezo s
´abio Rei Salom
˜ao. Como primeiro rei israelita
nascido numa fam´ılia real, Salom
˜ao tinha amplas
perspectivas diante de si. Ele fez construc˜oes ma-
jestosas, podia saborear uma variedade impressio-nante de alimentos, apreciava a m
´usica e a compa-
nhia de pessoas not´aveis. No entanto, ele escreveu:
“Eu, sim, eu me virei para todos os meus trabalhosque minhas m
˜aos tinham feito e para a labuta em
que eu tinha trabalhado arduamente para a rea-lizar, e eis que tudo era vaidade [ou, futilidade].”(Eclesiastes 2:3-9, 11) A que conclus
˜ao isso levou?
Salom˜ao escreveu: “A conclus
˜ao do assunto, tudo
tendo sido ouvido,´e: Teme o verdadeiro Deus e
guarda os seus mandamentos. Pois esta´e toda
a obrigac˜ao do homem. Pois o pr
´oprio verdadeiro
Deus levar´a toda sorte de trabalho a julgamento
com relac˜ao a toda coisa oculta, quanto a se
´e bom
ou mau.” (Eclesiastes 12:13, 14) Em harmonia comisso, Salom
˜ao empreendeu a construc
˜ao de um tem-
plo glorioso, que levou sete anos, onde as pessoaspodiam adorar a Deus. — 1 Reis, cap
´ıtulo 6.
Por muitos anos, o reinado de Salom˜ao foi marca-
do por paz e abundˆancia. (1 Reis 4:20-25) Mesmo
assim, seu corac˜ao n
˜ao mostrou ser t
˜ao pleno para
com Jeov´a como o de Davi. Salom
˜ao arranjou mui-
tas esposas estrangeiras e permitiu que estas des-viassem seu corac
˜ao para os deuses delas. Jeov
´a
� Ele tamb´em escreveu C
ˆantico de Salom
˜ao, um poema de
amor sobre a lealdade de uma moca a um humilde pastor.
138 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
disse, por fim: “Sem falta arrancarei de ti o reino . . .Darei uma tribo ao teu filho, por causa de Davi,meu servo, e por causa de Jerusal
´em.” — 1 Reis
11:4, 11-13.
Parte Trˆes — o reino dividido
Depois da morte de Salom˜
ao, em 997 AEC, dez tri-bos do norte se separaram. Estas formaram o reinode Israel, que os ass
´ırios conquistaram em 740 AEC.
Os reis em Jerusal´em reinavam sobre duas tribos.
Este reino, Jud´
a, durou at´e que os babil
ˆonios con-
quistaram Jerusal´em (em 607 AEC) e levaram seus
habitantes como prisioneiros. Jud´
a ficou desoladopor 70 anos.
Quando Salom˜ao morreu, seu filho Robo
˜ao as-
sumiu o poder e tornou dura a vida do povo. Issoresultou numa revolta, e dez tribos se separaramformando o reino de Israel. (1 Reis 12:1-4, 16-20)No decorrer dos anos, esse reino do norte n
˜ao per-
maneceu fiel ao Deus verdadeiro. O povo n˜ao raro
se curvava perante´ıdolos em forma de bezerro de
ouro, ou praticava outras formas de adorac˜ao fal-
sa. Alguns reis foram assassinados e suas dinas-tias, derrubadas por usurpadores. Jeov
´a mostrou
grande paciˆencia, enviando repetidas vezes profe-
tas para alertar a nac˜ao de uma futura trag
´edia
caso continuasse com a sua apostasia. Os livros deOseias e Am
´os foram escritos por profetas cujas
mensagens centralizavam-se nesse reino do norte.Por fim, em 740 AEC, os ass
´ırios causaram a trag
´e-
dia que os profetas de Deus haviam predito.
No sul, 19 reis sucessivos da casa de Davi reina-ram em Jud
´a at
´e 607 AEC. Os reis Asa, Jeosaf
´a,
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 139
Ezequias e Josias governaram como seu antepassa-do Davi, e ganharam o favor de Jeov
´a. (1 Reis 15:9-
11; 2 Reis 18:1-7; 22:1, 2; 2 Crˆonicas 17:1-6) Duran-
te o reinado desses reis, Jeov´a abencoou a nac
˜ao.
A The Englishman’s Critical and Expository BibleCyclopædia observa: “O grande fator conservadorde J[ud
´a] foi o seu templo estabelecido por Deus, o
sacerd´ocio, a lei escrita e o reconhecimento do
´uni-
co Deus verdadeiro, Jeov´a, como seu verdadeiro rei
teocr´atico. . . . Essa obedi
ˆencia
`a lei . . . produziu
uma sucess˜
ao de reis com muitos monarcas s´abios
e bons . . . Assim, J[ud´a] sobreviveu mais tempo do
que a sua irm˜a do norte, mais populosa.” O n
´ume-
ro de reis bons foi muito inferior ao daqueles quen
˜ao andaram nos caminhos de Davi. Mesmo assim,
Jeov´a guiou as coisas de modo que ‘Davi, seu servo,
continuasse a ter sempre uma lˆampada diante de Si
em Jerusal´em, a cidade que Deus escolhera para
pˆor o Seu nome’. — 1 Reis 11:36.
Para a destruic˜ao
Manass´es foi um dos reis de Jud
´a que se afastou
da adorac˜ao verdadeira. “Ele fez o seu pr
´oprio fi-
lho passar pelo fogo, e praticou a magia e procuroupress
´agios, e constituiu m
´ediuns esp
´ıritas e prog-
nosticadores profissionais de eventos. Fez em gran-de escala o que era mau aos olhos de Jeov
´a, para o
ofender.” (2 Reis 21:6, 16) O Rei Manass´es levou seu
povo a ‘fazer pior do que as nac˜oes que Jeov
´a ani-
quilara’. Depois de repetidas vezes advertir Manas-s
´es e seu povo, o Criador declarou: “Vou esfregar
Jerusal´em at
´e ficar limpa, assim como se esfrega
140 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
um tacho sem asas.” — 2 Crˆonicas 33:9, 10; 2 Reis
21:10-13.
Como prel´
udio disso, Jeov´a permitiu que os as-
s´ırios capturassem Manass
´es e o levassem preso
com grilh˜oes de cobre. (2 Cr
ˆonicas 33:11) No ex
´ı-
lio, Manass´es caiu em si e “continuou a humilhar-
se grandemente por causa do Deus de seus ante-passados”. Como reagiu Jeov
´a? “[Deus] ouviu seu
pedido de favor, e restaurou-o a Jerusal´em ao seu
reinado; e Manass´es veio a saber que Jeov
´a
´e o
verdadeiro Deus.” Tanto o Rei Manass´es como seu
neto, o Rei Josias, realizaram reformas necess´a-
rias. Mesmo assim, a nac˜ao n
˜ao abandonou perma-
nentemente a vasta degradac˜ao moral e religiosa.
— 2 Crˆonicas 33:1-20; 34:1–35:25; 2 Reis, cap
´ıtu-
lo 22.
Significativamente, Jeov´a enviou profetas zelosos
para declararem o que ele achava a respeito do queestava acontecendo.� Jeremias transmitiu as pala-vras de Jeov
´a: “Desde o dia em que os vossos ante-
passados sa´ıram da terra do Egito at
´e o dia de hoje
. . . continuei a enviar-vos todos os meus servos,os profetas, diariamente levantando-me cedo e en-viando-os.” Mas as pessoas n
˜ao escutavam a Deus.
Agiam pior do que seus antepassados! (Jeremias7:25, 26) Deus as advertia repetidas vezes ‘porquetinha compaix
˜ao do seu povo’. Mesmo assim, elas
n˜ao correspondiam. De modo que Deus permitiu
� Um bom n´
umero de livros b´ıblicos cont
´em essas mensagens
prof´eticas inspiradas. Entre eles Isa
´ıas, Jeremias, Lamenta-
c˜
oes, Ezequiel, Joel, Miqueias, Habacuque, Sofonias. Oslivros de Obadias, Jonas e Naum focalizaram nac
˜oes vizi-
nhas cujas ac˜oes afetavam o povo de Deus.
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 141
que os babilˆonios destru
´ıssem Jerusal
´em e deso-
lassem a terra em 607 AEC. Por 70 anos ela fi-cou abandonada. — 2 Cr
ˆonicas 36:15, 16; Jeremias
25:4-11.
Esse breve retrospecto das ac˜oes de Deus devia
ajudar-nos a reconhecer o interesse de Jeov´a por
Sua nac˜ao e seus tratos justos com ela. Ele n
˜ao fi-
cou simplesmente`a espera para ver o que o povo
faria, como se n˜ao fizesse diferenca para ele. Ele
tentou ativamente ajud´a-lo. Voc
ˆe pode compreender
por que Isa´ıas disse: “
´O Jeov
´a, tu
´es nosso Pai. . . .
Todos n´os somos trabalho da tua m
˜ao.” (Isa
´ıas 64:8)
Concordemente, muitos hoje chamam o Criador de“Pai”, pois ele
´e sens
´ıvel como um pai humano amo-
roso e interessado. Contudo, ele tamb´em reconhece
que temos de assumir a responsabilidade pelo nos-so proceder e por seus resultados.
Depois de a nac˜ao ter passado 70 anos no cativei-
ro em Babilˆonia, Jeov
´a Deus cumpriu sua profecia
de restaurar Jerusal´em. O povo foi libertado e per-
mitiu-se que retornasse`a sua terra natal para ‘re-
construir a casa de Jeov´a, que havia em Jerusal
´em’.
(Esdras 1:1-4; Isa´ıas 44:24–45:7) V
´arios livros b
´ı-
blicos� abordam essa restaurac˜ao, a reconstruc
˜ao
do templo, ou os eventos que se seguiram. Um de-les, Daniel,
´e particularmente interessante porque
profetizou exatamente quando viria o Descenden-te, ou Messias, e predisse acontecimentos mundiaisem nossos tempos.
� Esses livros de hist´oria e de profecias incluem Esdras,
Neemias, Ester, Ageu, Zacarias e Malaquias.
142 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
O templo foi finalmente reconstru´ıdo, mas a si-
tuac˜ao de Jerusal
´em era deplor
´avel. Suas muralhas
e seus port˜oes estavam em ru
´ınas. De modo que
Deus suscitou homens como Neemias, para encora-jar e organizar os judeus. Uma orac
˜ao que podemos
ler em Neemias, cap´ıtulo 9, resume muito bem os
tratos de Jeov´a com os israelitas. Apresenta Jeov
´a
como “Deus de atos de perd˜ao, clemente e misericor-
dioso, vagaroso em irar-se e abundante em benevo-l
ˆencia”. Essa orac
˜ao mostra tamb
´em que Jeov
´a age
em harmonia com seu padr˜ao de justica perfeito.
Mesmo quando tem bons motivos para usar seu po-der para executar um julgamento ele sempre tempe-ra a justica com o amor. Fazer isso de modo equi-librado e excelente exige sabedoria. Obviamente,os tratos do Criador com a nac
˜ao de Israel devem
atrair-nos a ele e motivar-nos a nos interessar emfazer a Sua vontade.
Quando essa parte da B´ıblia (o Velho Testamen-
to) termina, Jud´a, com seu templo em Jerusal
´em,
havia sido restaurado mas estava sob dom´ınio pa-
g˜ao. Assim, como poderia cumprir-se o pacto de
Deus com Davi a respeito de um ‘descendente’ quegovernaria “para todo o sempre”? (Salmo 89:3, 4;132:11, 12) Os judeus ainda aguardavam o apareci-mento do “Messias, o L
´ıder”, que libertaria o povo
de Deus e estabeleceria um reino teocr´atico (gover-
nado por Deus) na Terra. (Daniel 9:24, 25) Mas eraesse o prop
´osito de Jeov
´a? Se n
˜ao era, de que modo
o prometido Messias traria a libertac˜ao? E como
isso nos afeta hoje? O cap´ıtulo seguinte considera-
r´a essas perguntas vitais.
O Criador se revela — em nosso benef´ıcio! 143
AS PESSOAS do primeiro s´eculo, na Palestina, “esta-
vam em expectativa”. De quˆe? Do “Cristo”, ou “Messias”,
predito pelos profetas de Deus com s´eculos de antece-
dˆencia. Elas tinham convicc
˜ao de que a B
´ıblia fora escri-
ta sob a orientac˜ao de Deus e que continha informac
˜oes
antecipadas sobre o futuro. Uma dessas, no livro de Da-niel, indicava que o Messias apareceria na parte inicialdaquele s
´eculo. — Lucas 3:15; Daniel 9:24-26.
Era necess´ario ter cautela, por
´em, pois surgiriam
falsos messias. (Mateus 24:5) O historiador judaicoJosefo menciona alguns: Teudas, que conduziu seus se-guidores ao rio Jord
˜ao, afirmando que suas
´aguas se-
riam divididas; um homem do Egito que conduziu aspessoas ao monte das Oliveiras, dizendo que o murode Jerusal
´em cairia
`a sua ordem; e um impostor con-
temporˆaneo do governador Festo, que prometeu trazer
al´ıvio dos problemas. — Note Atos 5:36; 21:38.
Em contraste com os seguidores iludidos de tais ho-mens, um grupo que veio a ser chamado “crist
˜aos” re-
conheceu que Jesus de Nazar´e era um grande instru-
tor e o verdadeiro Messias. (Atos 11:26; Marcos 10:47)Jesus n
˜ao era um impostor; ele tinha s
´olidas creden-
ciais, como´e amplamente confirmado nos quatro livros
hist´oricos chamados de Evangelhos.� Por exemplo, os
� Mateus, Marcos e Jo˜
ao foram testemunhas oculares. Lu-cas fez um estudo erudito, com base em documentos e relatos detestemunhas oculares. Os Evangelhos t
ˆem todas as caracter
´ısti-
cas que identificam os registros honestos, exatos e confi´aveis.
— Veja a brochura Um Livro para Todas as Pessoas, p´aginas 16-
17, publicada pelas Testemunhas de Jeov´a.
C A P´I T U L O N O V E
Um Grande Instrutor nos revelamais a respeito do Criador
judeus sabiam que o Messias nasceria em Bel´em, na
linhagem de Davi, e realizaria obras maravilhosas. Je-sus cumpriu todas essas profecias, conforme at
´e mes-
mo opositores atestaram. Sem d´
uvida, Jesus satisfezas qualificac
˜oes do Messias predito na B
´ıblia. — Ma-
teus 2:3-6; 22:41-45; Jo˜ao 7:31, 42.
As multid˜oes que conheceram a Jesus e observaram
suas obras not´aveis, que ouviram suas inigual
´aveis pa-
lavras de sabedoria e reconheceram sua capacidade deprevis
˜ao convenceram-se de que ele era o Messias. No
decorrer de seu minist´erio (29-33 EC), acumularam-se
evidˆencias que comprovaram ser ele o Messias. Na rea-
lidade, ele era mais do que isso. Um disc´ıpulo conhece-
dor dos fatos concluiu: “Jesus´e o Cristo, o Filho de
Deus.”� — Jo˜ao 20:31.
Por ter tal relac˜ao achegada com Deus, Jesus podia
explicar e revelar a personalidade de nosso Criador.(Lucas 10:22; Jo
˜ao 1:18) Jesus confirmou que sua rela-
c˜ao achegada com seu Pai comecou no c
´eu, onde cola-
borou com Ele na criac˜ao de todas as outras coisas, ani-
madas e inanimadas. — Jo˜ao 3:13; 6:38; 8:23, 42; 13:3;
Colossenses 1:15, 16.
A B´ıblia diz que o Filho foi transferido do dom
´ınio
espiritual e veio “a ser na semelhanca dos homens”.(Filipenses 2:5-8) N
˜ao se trata de um acontecimento
normal, mas ser´a que
´e poss
´ıvel? Os cientistas confir-
mam que um elemento natural, como o urˆanio, pode
� O Alcor˜ao diz: ‘Ser
´a chamado o Messias, Jesus, filho de Ma-
ria. Ser´a ilustre neste mundo e no outro.’ (Sura 3:45) Como hu-
mano, Jesus era filho de Maria. Mas quem era o pai? O Alcor˜ao
diz: “Aos olhos de Deus, Jesus´e como Ad
˜ao.” (Sura 3:59) As Es-
crituras Sagradas falam de Ad˜ao como o “filho de Deus”. (Lucas
3:23, 38) Nem Ad˜ao nem Jesus tiveram um pai humano; nenhum
deles resultou de relac˜oes sexuais com uma mulher. Concorde-
mente, assim como Ad˜ao era filho de Deus, Jesus tamb
´em o era.
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 145
ser transformado em ou-tro; eles at
´e calculam os
resultados da transfor-mac
˜ao de massa em ener-
gia (E˙mc2). Ent˜ao, por
que dev´ıamos n
´os duvi-
dar quando a B´ıblia diz
que uma criatura espiri-tual foi transformada paraviver como criatura hu-mana?
Ilustrando isso de ou-tra forma, pense no quealguns m
´edicos realizam
com a fertilizac˜ao in vitro.
A vida que comeca num“tubo de ensaio”
´e transfe-
rida para dentro de umamulher e mais tarde nas-
ce como um bebˆe. No caso de Jesus, a B
´ıblia nos asse-
gura que pelo “poder do Alt´ıssimo”, sua vida foi trans-
ferida para o ventre de uma virgem chamada Maria.Ela era da linhagem de Davi, de modo que Jesus po-dia ser o herdeiro permanente do Reino messi
ˆanico
prometido a Davi. — Lucas 1:26-38; 3:23-38; Mateus1:23.
Por ter uma relac˜ao achegada com o Criador, e por
ser semelhante a Ele, Jesus disse: “Quem me tem vis-to, tem visto tamb
´em o Pai.” (Jo
˜ao 14:9) Ele disse tam-
b´em: “Quem o Pai
´e, ningu
´em sabe exceto o Filho, e
aquele a quem o Filho estiver disposto a revel´a-lo.” (Lu-
cas 10:22) Assim, ao aprendermos sobre o que Jesusensinou e realizou na Terra, podemos ver mais clara-
Cientistas realizam a fertilizac˜
aoin vitro. O Criador transferiu avida de seu Filho para quenascesse como humano
146 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
mente a personalidade do Criador. Consideremos isso,usando as experi
ˆencias de homens e mulheres que ti-
veram tratos com Jesus.
A samaritana
“Ser´a que este
´e o Cristo?”, perguntou uma samari-
tana depois de conversar com Jesus por alguns instan-tes. (Jo
˜ao 4:29) Ela at
´e incentivou outros da cidade de
Sicar a conhecer a Jesus. O que a motivou a aceitar aJesus como o Messias?
Essa mulher encontrou Jesus enquanto ele descan-sava, depois de ter andado a manh
˜a inteira nas estra-
das poeirentas das colinas de Samaria. Embora cansa-do, Jesus falou com ela. Notando o seu grande interesseespiritual, Jesus transmitiu-lhe verdades profundas,salientando a necessidade de ‘adorar o Pai com esp
´ıri-
to e verdade’. Depois revelou que ele era realmente oCristo, fato que ainda n
˜ao havia admitido em p
´ublico.
— Jo˜ao 4:3-26.
Para a samaritana, o encontro com Jesus foi muitosignificativo. Suas anteriores atividades religiosas secentralizavam na adorac
˜ao no monte Gerizim e basea-
vam-se apenas nos primeiros cinco livros da B´ıblia. Os
judeus evitavam os samaritanos, muitos dos quais des-cendiam da miscigenac
˜ao entre as dez tribos de Israel
com outros povos. Que atitude diferente demonstrouJesus! Embora tivesse sido enviado “
`as ovelhas perdi-
das da casa de Israel”, ele de muito bom grado ensinoua samaritana. (Mateus 15:24) Com isso, Jesus refletiua disposic
˜ao de Jeov
´a de aceitar pessoas sinceras de to-
das as nac˜oes. (1 Reis 8:41-43) De fato, ambos, Jesus e
Jeov´a, est
˜ao acima da preconceituosa hostilidade reli-
giosa que permeia o mundo hoje. Sabermos disso deviaatrair-nos ao Criador e ao seu Filho.
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 147
H´a outra lic
˜ao que podemos aprender da disposic
˜ao
de Jesus de ensinar essa mulher. Na´epoca ela vivia
com um homem que n˜ao era seu marido. (Jo
˜ao 4:16-19)
Mas nem por isso Jesus deixou de dirigir-lhe a palavra.Imagine como ela deve ter apreciado ser tratada comdignidade! E ela n
˜ao foi a
´unica a receber esse trata-
mento. Quando alguns l´ıderes judeus (fariseus) criti-
caram Jesus por tomar uma refeic˜ao com pecadores
arrependidos, ele disse: “As pessoas com sa´
ude n˜ao pre-
cisam de m´edico, mas sim os enfermos. Ide, pois, e
aprendei o que significa: ‘Miseric´ordia quero, e n
˜ao sa-
crif´ıcio.’ Pois eu n
˜ao vim chamar os que s
˜ao justos, mas
pecadores.” (Mateus 9:10-13) Jesus ajudou pessoas quese sentiam oprimidas pelo fardo de seus pecados, porterem violado a lei ou os padr
˜oes de Deus. Como
´e rea-
nimador saber que Deus e seu Filho est˜ao dispostos a
Muitos vieram a conhecer melhor o Pai por ouvir aJesus e ver como ele tratava as pessoas
148 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
ajudar os que sofrem as consequˆencias de sua conduta
no passado! — Mateus 11:28-30.�
N˜ao despercebamos o fato de que nessa ocasi
˜ao, em
Samaria, Jesus falou de forma bondosa e prestimosacom uma mulher. Por que isso
´e significativo? Naquele
tempo, os homens judeus eram ensinados a evitar con-versar com mulheres em p
´ublico, at
´e mesmo com a pr
´o-
pria esposa. Os rabinos judeus achavam que as mulhe-res n
˜ao tinham capacidade de compreender instruc
˜oes
espirituais profundas, considerando-as de “mente fr´ıvo-
la”. Alguns chegaram a dizer: “Antes queimar as pala-vras da lei do que ensin
´a-las a mulheres.” Os disc
´ıpulos
de Jesus haviam sido criados em tal ambiente; assim,quando retornaram, eles “comecaram a admirar-se, por-que [ele] falava com uma mulher”. (Jo
˜ao 4:27) Esse rela-
to — apenas um entre muitos — ilustra que Jesus refle-tia as qualidades de seu Pai, que criou e dignificou tantoo homem como a mulher. — G
ˆenesis 2:18.
Depois disso a samaritana convenceu as pessoas desua cidade a ouvir a Jesus. Muitos examinaram os fa-tos e tornaram-se crentes, dizendo: “Sabemos que estehomem certamente
´e o salvador do mundo.” (Jo
˜ao 4:39-
42) Visto que n´os somos parte do “mundo” da humani-
dade, Jesus´e tamb
´em de import
ˆancia vital para o nos-
so futuro.
O ponto de vista de um pescador
Consideremos agora Jesus atrav´es dos olhos de duas
pessoas que conviveram bastante com ele: Pedro e de-pois Jo
˜ao. Esses homens comuns, pescadores, estavam
entre os seus primeiros seguidores. (Mateus 4:13-22;Jo
˜ao 1:35-42) Os fariseus os encaravam como “homens
� A atitude de Jesus reflete a de Jeov´a, descrita no Salmo 103
e em Isa´ıas 1:18-20.
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 149
indoutos e comuns”, parte do ‘povo da terra’ (�am-ha·�a�rets), pessoas desprezadas por n
˜ao haverem re-
cebido a instruc˜ao dos rabinos. (Atos 4:13; Jo
˜ao 7:49)
Muitas dessas pessoas, que ‘labutavam e estavam so-brecarregadas’ sob o jugo dos tradicionalistas religio-sos, ansiavam receber esclarecimento espiritual. O pro-fessor Charles Guignebert, da Sorbonne, comentou que“o corac
˜ao [dessas pessoas] era totalmente devotado a
Jav´e [Jeov
´a]”. Jesus n
˜ao desprezou esses humildes, fa-
vorecendo os ricos ou os influentes. Ao contr´ario, atra-
v´es de seus ensinos e pela maneira com que os tratou,
ele lhes deu a conhecer o Pai. — Mateus 11:25-28.
Pedro sentiu de perto essa empatia de Jesus. Logodepois que comecou a participar com Jesus no minist
´e-
rio, a sogra dele adoeceu com febre. Indo`a casa de Pe-
dro, Jesus a segurou pela m˜ao, e a febre passou! Talvez
n˜ao saibamos exatamente como ocorreu essa cura, as-
sim como os m´edicos hoje n
˜ao conseguem explicar ple-
namente como ocorrem algumas curas, mas a febredeixou essa mulher. Mais importante do que conhecerseu m
´etodo de cura
´e reconhecer que, por curar os doen-
tes e os afligidos, Jesus demonstrou compaix˜ao por
eles. Ele realmente queria ajudar as pessoas, assimcomo seu Pai. (Marcos 1:29-31, 40-43; 6:34) De sua con-viv
ˆencia com Jesus, Pedro podia ver que o Criador con-
sidera cada pessoa como merecedora de atenc˜ao e cui-
dados. — 1 Pedro 5:7.
Talvez queira comparar os relatos paralelos da cura da sogra dePedro realizada por Jesus. (Mateus 8:14-17; Marcos 1:29-31;Lucas 4:38, 39) O m
´edico Lucas incluiu o detalhe cl
´ınico que
ela tinha “febre alta”. Como Jesus conseguiu curar a ela e aoutros? Lucas admitiu que “o poder de Jeov
´a estava presente
para [Jesus] fazer curas”. — Lucas 5:17; 6:19; 9:43.
150 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Numa ocasi˜ao posterior, Jesus estava no P
´atio das
Mulheres, no templo em Jerusal´em. Ele observou pes-
soas colocarem contribuic˜oes nos cofres do tesouro.
Os ricos colocavam muitas moedas. Prestando detidaatenc
˜ao, Jesus viu uma vi
´uva pobre colocar duas moe-
das de muito pouco valor. Jesus disse a Pedro, Jo˜ao, e
a outros: “Deveras, eu vos digo que esta vi´
uva pobrelancou neles mais do que todos estes que lancam di-nheiro nos cofres do tesouro; pois todos eles lancaramneles dos seus excedentes, mas ela, de sua car
ˆencia,
lancou neles tudo o que tinha.” — Marcos 12:41-44.
Podemos notar que Jesus observava as boas qualida-des das pessoas e apreciava os esforcos de cada um.Que efeito acha que isso teve sobre Pedro e os outrosap
´ostolos? Percebendo do exemplo de Jesus como Jeov
´a
´e, Pedro mais tarde citou um salmo: “Os olhos de Jeov
´a
est˜ao sobre os justos e os seus ouvidos est
˜ao atentos
`as
s´
uplicas deles.” (1 Pedro 3:12; Salmo 34:15, 16) N˜ao se
sente atra´ıdo ao Criador e ao seu Filho que procuram
boas qualidades em vocˆe e que se disp
˜oem a ouvir as
suas s´
uplicas?
Ap´os uns dois anos de conviv
ˆencia com Jesus, Pedro
tinha certeza de que Jesus era o Messias. Certa vez, Je-sus perguntou aos seus disc
´ıpulos: “Quem dizem os ho-
mens que eu sou?” Cada um respondeu uma coisa. Eleent
˜ao lhes perguntou: “V
´os, por
´em, quem dizeis que eu
sou?” Pedro respondeu com confianca: “Tu´es o Cristo.”
Vocˆe talvez ache estranho o que Jesus fez a seguir. Ele
“os advertiu estritamente que n˜ao dissessem isso a nin-
gu´em”. (Marcos 8:27-30; 9:30; Mateus 12:16) Por que
fez isso? Jesus estava ali pessoalmente, de modo quen
˜ao queria que as pessoas tirassem conclus
˜oes
`a base
do que ouvissem dizer. Isso tem l´ogica, n
˜ao acha? (Jo
˜ao
10:24-26) O ponto´e: nosso Criador igualmente quer
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 151
O serm˜ao de inigual
´avel grandeza
Ao l´ıder hindu Mahatma Gandhi atribui-se a declarac
˜ao
de que se segu´ıssemos os ensinos desse serm
˜ao, ‘resolve-
r´ıamos os problemas do mundo inteiro’. O famoso antrop
´o-
logo Ashley Montagu escreveu que as descobertas moder-nas sobre a import
ˆancia psicol
´ogica do amor s
˜ao apenas
“a confirmac˜ao” desse serm
˜ao.
Esses homens referiam-se ao Serm˜ao do Monte proferi-
do por Jesus. Gandhi tamb´em disse que “os ensinos do
Serm˜ao se aplicam a cada um de n
´os”. O professor Hans
Dieter Betz observou recentemente: “A influˆencia exercida
pelo Serm˜ao do Monte geralmente transcende em muito
as fronteiras do juda´ısmo e do cristianismo ou mesmo da
cultura ocidental.” Esse serm˜ao tem “atrativo universal pe-
culiar”, acrescentou.
Por que n˜ao ler esse discurso relativamente curto, mas
fascinante? Ele se acha em Mateus, cap´ıtulos 5 a 7, e em
Lucas 6:20-49. Apresentamos aqui alguns dos pontos al-tos desse serm
˜ao de inigual
´avel grandeza:
Como ser feliz— Mateus 5:3-12; Lucas 6:20-23.
Como manter o amor-pr´oprio
— Mateus 5:14-16, 37; 6:2-4, 16-18; Lucas 6:43-45.
Como melhorar as relac˜oes com outros
— Mateus 5:22-26, 38-48; 7:1-5, 12; Lucas 6:27-38,41, 42.
Como diminuir os problemas maritais— Mateus 5:27-32.
Como lidar com a ansiedade— Mateus 6:25-34.
Como reconhecer a fraude religiosa— Mateus 6:5-8, 16-18; 7:15-23.
Como encontrar o sentido da vida— Mateus 6:9-13, 19-24, 33; 7:7-11, 13, 14, 24-27;Lucas 6:46-49.
152 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
que tenhamos conhecimento dele mediante nossa pr´o-
pria investigac˜ao de s
´olidas evid
ˆencias. Ele espera que
nossas convicc˜oes sejam baseadas em fatos. — Atos
17:27.
Como vocˆe pode imaginar, alguns dos conterr
ˆaneos
de Jesus n˜ao o aceitaram, apesar de amplas evid
ˆencias
de que ele tinha o apoio do Criador. Esse Messias sin-cero, mas humilde, n
˜ao era exatamente o que muitos,
preocupados com sua posic˜ao ou com objetivos pol
´ıti-
cos, queriam. Quase no fim de seu minist´erio, Jesus
disse: “Jerusal´em, Jerusal
´em, matadora dos profetas e
apedrejadora dos que lhe s˜ao enviados — quantas ve-
zes quis eu ajuntar os teus filhos . . . Mas v´os n
˜ao o qui-
sestes. Eis que a vossa casa vos fica abandonada.” (Ma-teus 23:37, 38) Essa mudanca de situac
˜ao para aquela
nac˜ao foi um passo significativo na realizac
˜ao do pro-
p´osito de Deus de abencoar todas as nac
˜oes.
Logo ap´os isso, Pedro e tr
ˆes outros ap
´ostolos ouviram
Jesus fazer uma profecia detalhada sobre a “termi-nac
˜ao do sistema de coisas”.� O que Jesus predisse
teve um cumprimento inicial quando os romanos ata-caram Jerusal
´em e a destru
´ıram, em 66-70 EC. A His-
t´oria mostra que a predic
˜ao de Jesus se cumpriu. Pedro
testemunhou muitas coisas que Jesus predisse, comomostram 1 e 2 Pedro, dois livros que Pedro escreveu.— 1 Pedro 1:13; 4:7; 5:7, 8; 2 Pedro 3:1-3, 11, 12.
Durante seu minist´erio, Jesus tratava os judeus com
paciˆencia e bondade. Mas ele n
˜ao hesitou em condenar
a iniquidade. Isso ajudou Pedro, e devia ajudar a todosn
´os, a entender nosso Criador mais plenamente. Ao ver
outras coisas em cumprimento da profecia de Jesus,Pedro escreveu que os crist
˜aos deviam ter “bem em
� Podemos ler essa profecia em Mateus, cap´ıtulo 24, Marcos, ca-
p´ıtulo 13, e Lucas, cap
´ıtulo 21.
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 153
mente a presenca do dia de Jeov´a”. Ele disse tamb
´em:
“Jeov´a n
˜ao
´e vagaroso com respeito
`a sua promessa,
conforme alguns consideram a vagarosidade, mas ele´e
paciente convosco, porque n˜ao deseja que algu
´em seja
destru´ıdo, mas deseja que todos alcancem o arrependi-
mento.” Da´ı acrescentou algumas palavras de encora-
jamento, falando sobre ‘novos c´eus e uma nova terra,
em que habitaria a justica’. (2 Pedro 3:3-13) Ser´a que
n´os, assim como Pedro, conseguimos enxergar as qua-
lidades de Deus refletidas em Jesus, e demonstramosque confiamos nas suas promessas para o futuro?
Por que Jesus morreu?
Na sua´
ultima noite com os ap´ostolos, Jesus tomou
uma refeic˜ao especial com eles. Nessas ocasi
˜oes, era
costume entre os judeus oanfitri
˜ao demonstrar hospi-
talidade por lavar os p´es dos
convidados, que talvez tives-sem caminhado de sand
´a-
lias por estradas poeirentas.Mas ningu
´em se ofereceu a
fazer isso por Jesus. Assim,ele se levantou humildemen-te, pegou uma toalha e umabacia, e comecou a lavar osp
´es dos ap
´ostolos. Quando
chegou a sua vez, Pedro fi-cou envergonhado de acei-tar esse servico de Jesus. Ele
disse: “Certamente nunca lavar´as os meus p
´es.” Jesus
respondeu-lhe: “A menos que eu te lave, n˜ao tens par-
te comigo.” Sabendo que iria morrer em breve, Jesus
Jesus lavou os p´
es dosap
´ostolos, deixando um
padr˜
ao de humildade queo Criador aprecia
154 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
acrescentou: “Se eu, embora Senhor e Instrutor, laveios vossos p
´es, v
´os tamb
´em deveis lavar os p
´es uns dos
outros. Pois estabeleci o modelo para v´os, a fim de que,
assim como eu vos fiz, v´os tamb
´em facais.” — Jo
˜ao
13:5-17.
D´ecadas mais tarde Pedro incentivou os crist
˜aos a
imitar a Jesus, n˜ao por realizar um ritual de lava-p
´es,
mas por servir com humildade a outros em vez de ‘do-min
´a-los’. Pedro tamb
´em reconheceu que o exemplo de
Jesus provava que “Deus se op˜oe aos soberbos, mas d
´a
benignidade imerecida aos humildes”. Que lic˜ao a res-
peito do Criador! (1 Pedro 5:1-5; Salmo 18:35) Todavia,Pedro aprendeu mais.
Depois daquela refeic˜ao final, Judas Iscariotes, que
era ap´ostolo, mas se tornou ladr
˜ao, conduziu um ban-
do de homens armados para prender Jesus. Pedro rea-giu. Ele puxou da espada e feriu um homem da turba.Jesus corrigiu a Pedro: “Devolve a espada ao seu lugar,pois todos os que tomarem a espada perecer
˜ao pela es-
pada.” Da´ı,
`a vista de Pedro, Jesus tocou no homem,
curando-o. (Mateus 26:47-52; Lucas 22:49-51) Obvia-mente, Jesus viveu
`a altura de seus ensinamentos, de
‘continuar a amar os inimigos’, em imitac˜ao de seu Pai,
que “faz o seu sol levantar-se sobre in´ıquos e sobre
bons, e faz chover sobre justos e sobre injustos”. — Ma-teus 5:44, 45.
Naquela noite estressante, Jesus foi conduzido`as
pressas a uma audiˆencia no supremo tribunal judaico.
Foi acusado falsamente de blasfˆemia, levado ao gover-
nador romano e, da´ı, injustamente entregue para a
execuc˜ao. Judeus e romanos cacoaram dele. Foi sub-
metido a maus-tratos brutais e finalmente pregadona estaca. Grande parte do tratamento cruel a que
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 155
foi submetido cumpriu profecias escritas com s´ecu-
los de antecedˆencia. At
´e mesmo soldados que viram
Jesus na estaca de tortura admitiram: “Certamenteeste era o Filho de Deus.” — Mateus 26:57–27:54; Jo
˜ao
18:12–19:37.
Esses acontecimentos devem ter levado Pedro e ou-tros a perguntar-se: ‘Por que o Cristo teve de morrer?’Foi apenas mais tarde que eles entenderam. Por umlado, tais eventos cumpriram a profecia de Isa
´ıas, ca-
p´ıtulo 53, que mostrava que o Cristo tornaria poss
´ıvel
o livramento n˜ao s
´o para os judeus, mas para toda
a humanidade. Pedro escreveu: “Ele mesmo levou osnossos pecados no seu pr
´oprio corpo, no madeiro, a fim
de que acab´assemos com os pecados e viv
ˆessemos para
a justica. E ‘pelos seus verg˜oes [fomos] sarados’.” (1 Pe-
dro 2:21-25) Pedro compreendeu o sentido da verdadeque Jesus havia apresentado: “O Filho do homem n
˜ao
veio para que se lhe ministrasse, mas para ministrare dar a sua alma como resgate em troca de muitos.”(Mateus 20:28) Jesus tinha de renunciar ao seu direi-to
`a vida como humano perfeito a fim de livrar a hu-
manidade da condic˜ao pecaminosa herdada de Ad
˜ao.
Trata-se de um dos ensinos fundamentais da B´ıblia
— o resgate.
O que envolve o resgate? A seguinte ilustrac˜ao po-
der´a ajud
´a-lo: suponhamos que voc
ˆe tivesse um com-
putador, mas um dos arquivos eletrˆonicos estivesse
danificado por um v´ırus que algu
´em introduziu num
programa perfeito. Isso ilustra o efeito do que Ad˜ao fez
quando deliberadamente desobedeceu a Deus, ou pe-cou. Voltando
`a ilustrac
˜ao, quaisquer c
´opias que fizes-
se do arquivo eletrˆonico corrompido seriam afetadas.
Mas nem tudo estaria forcosamente perdido. Com umprograma especial, voc
ˆe poderia detectar e eliminar
156 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
a contaminac˜ao dos arquivos de seu computador. De
forma compar´avel, a humanidade recebeu um “v
´ırus”,
o pecado, de Ad˜ao e Eva, e precisamos de ajuda de
fora para elimin´a-lo. (Romanos 5:12) Segundo a B
´ıblia,
Deus providenciou essa limpeza para n´os mediante a
morte de Jesus. Trata-se de uma provis˜ao amorosa da
qual podemos nos beneficiar. — 1 Cor´ıntios 15:22.
Reconhecendo o que Jesus realizou, Pedro sentiu-semotivado a “viver o resto de seu tempo na carne, n
˜ao
mais para os desejos dos homens, mas para a vontadede Deus”. Para Pedro, bem como para n
´os, isso signifi-
ca evitar h´abitos corruptos e estilos de vida imorais.
Outros talvez tentem dificultar as coisas para quem seesforca em fazer a “vontade de Deus”. Mas a pessoaver
´a que sua vida ser
´a mais rica, mais significativa.
(1 Pedro 4:1-3, 7-10, 15, 16) Isso se deu no caso de Pe-dro, e o mesmo pode se dar conosco se ‘encomendarmosas nossas almas, ou vidas, ao fiel Criador ao passo quefazemos o bem’. — 1 Pedro 4:19.
Um v´ırus no computador pode ser eliminado de um sistema;
a humanidade necessita do resgate de Jesusa fim de livrar-se da imperfeic
˜ao herdada
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 157
Um disc´ıpulo que reconheceu o amor de Deus
O ap´ostolo Jo
˜ao foi outro disc
´ıpulo que teve bastan-
te convivˆencia com Jesus e que, portanto, pode ajudar-
nos a entender melhor o Criador. Jo˜ao escreveu um
Evangelho e trˆes cartas (1, 2 e 3 Jo
˜ao). Numa destas,
ele nos explicou: “Sabemos que o Filho de Deus veio enos deu capacidade intelectual para podermos obterconhecimento do verdadeiro [o Criador]. E n
´os estamos
em uni˜ao com o verdadeiro, por meio do seu Filho Je-
sus Cristo. Esse´e o verdadeiro Deus e a vida eterna.”
— 1 Jo˜ao 5:20.
Jo˜ao havia adquirido conhecimento “do verdadeiro”
por usar sua “capacidade intelectual”. O que ele discer-niu sobre as qualidades do Criador? “Deus
´e amor”, es-
creveu, “e quem permanece no amor permanece emuni
˜ao com Deus”. Como podia Jo
˜ao ter certeza disso?
“O amor´e neste sentido, n
˜ao que n
´os tenhamos amado
a Deus, mas que ele nos amou e enviou seu Filho” comoresgate para n
´os. (1 Jo
˜ao 4:10, 16) Assim como Pedro,
Jo˜ao tamb
´em reconheceu o amor que Deus demonstrou
ao enviar seu Filho para morrer em nosso favor.
Jo˜ao, tendo convivido t
˜ao de perto com Jesus, podia
perceber os sentimentos dele. Um incidente em Betˆa-
nia, perto de Jerusal´em, impressionou profundamente
a Jo˜ao. Ao saber que seu amigo L
´azaro estava muito
doente, Jesus viajou a Betˆania. Quando ele e os ap
´os-
tolos chegaram, L´azaro j
´a estava morto havia pelo me-
nos quatro dias. Jo˜ao sabia que o Criador, a Fonte da
vida humana, dava poder a Jesus. Portanto, ser´a que
Jesus podia ressuscitar a L´azaro? (Lucas 7:11-17; 8:41,
42, 49-56) Jesus disse a Marta, irm˜a de L
´azaro: “Teu
irm˜ao se levantar
´a.” — Jo
˜ao 11:1-23.
Da´ı Jo
˜ao viu a outra irm
˜a de L
´azaro, Maria, vir ao
encontro de Jesus. Como Jesus reagiu? Ele “gemeu no
158 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
esp´ırito e ficou aflito”. Para descrever a reac
˜ao de Je-
sus, Jo˜ao usou uma palavra grega (traduzida “gemeu”)
que tinha o sentido de fortes emoc˜oes que emanam da
dor sentida no corac˜ao. Jo
˜ao p
ˆode ver que Jesus ficou
“aflito”, ou que suas emoc˜oes estavam agitadas, com
grande pesar. Jesus n˜ao era indiferente ou insens
´ıvel.
Ele ‘entregou-se ao choro’. (Jo˜ao 11:30-37) Obviamen-
te, Jesus tinha profundos e ternos sentimentos, que
Um homem de ac˜ao
Jesus Cristo n˜ao era um recluso passivo. Era um homem
de ac˜ao, decidido. Viajava
`as “aldeias num circuito, ensi-
nando”, ajudando pessoas “esfoladas e empurradas dumlado para outro como ovelhas sem pastor”. (Marcos 6:6;Mateus 9:36; Lucas 8:1) Diferentemente de muitos l
´ıderes
religiosos ricos da atualidade, Jesus n˜ao acumulou rique-
zas; ele n˜ao tinha “onde deitar a cabeca”. — Mateus 8:20.
Embora concentrasse seus esforcos em prover cura e ali-mento espirituais, Jesus n
˜ao ignorava as necessidades f
´ı-
sicas das pessoas. Curava os doentes, os deficientes e ospossessos por dem
ˆonios. (Marcos 1:32-34) Em duas oca-
si˜oes alimentou milhares de ouvintes atentos, porque sen-
tiu pena deles. (Marcos 6:35-44; 8:1-8) Era sua preocu-pac
˜ao pelas pessoas que o motivava a realizar milagres.
— Marcos 1:40-42.
Jesus agiu decisivamente ao limpar o templo de merca-dores gananciosos. Os que o observavam lembraram-sedas palavras do salmista: “O zelo da tua casa me devo-rar
´a.” (Jo
˜ao 2:14-17) Ele n
˜ao poupou palavras ao con-
denar l´ıderes religiosos hip
´ocritas. (Mateus 23:1-39) Nem
se deixou pressionar por pol´ıticos importantes. — Mateus
26:59-64; Jo˜ao 18:33-37.
Achar´a emocionante ler o relato sobre o minist
´erio din
ˆa-
mico de Jesus. Muitos que o fazem pela primeira vez come-cam com o relato curto, por
´em din
ˆamico, de Marcos a res-
peito desse homem de ac˜ao.
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 159
ajudaram Jo˜ao a avaliar os sentimentos do Criador, e
isso nos devia ajudar de forma similar.
Jo˜ao sabia que os sentimentos de Jesus o induziam
a agir de forma positiva, pois ele ouviu Jesus clamar:“L
´azaro, vem para fora!” E isso aconteceu. L
´azaro vol-
tou a viver e saiu do t´
umulo. Que alegria devem tersentido as suas irm
˜as e os outros observadores! Muitos
ent˜ao depositaram f
´e em Jesus. Seus inimigos n
˜ao po-
diam negar que ele havia realizado essa ressurreic˜ao;
mas, quando a not´ıcia sobre isso se espalhou, eles ‘de-
liberaram matar a L´azaro’ bem como a Jesus. — Jo
˜ao
11:43; 12:9-11.
A B´ıblia descreve Jesus como ‘a representac
˜ao exa-
ta do pr´oprio ser do Criador’. (Hebreus 1:3) Assim, o
minist´erio de Jesus fornece amplas provas do forte in-
teresse que ele e seu Pai tinham e tˆem de desfazer os
danos causados pela doenca e pela morte. E isso n˜ao se
restringe`as poucas ressurreic
˜oes registradas na B
´ı-
blia. De fato, Jo˜ao estava presente quando Jesus disse:
“Vem a hora em que todos os que est˜ao nos t
´umulos me-
moriais ouvir˜ao a sua voz [a do Filho] e sair
˜ao.” (Jo
˜ao
5:28, 29) Note que em vez de usar a palavra comumpara sepultura, Jo
˜ao usou aqui uma palavra traduzida
por “t´
umulos memoriais”. Por quˆe?
Porque a mem´oria de Deus est
´a envolvida. Certa-
mente o Criador do vasto Universo consegue lembrar-se de todo detalhe de cada um de nossos entes queridosfalecidos, incluindo n
˜ao s
´o as caracter
´ısticas inerentes,
como tamb´em as adquiridas. (Note Isa
´ıas 40:26.) E n
˜ao
´e s
´o o fato de que ele pode lembrar-se. Tanto ele como
seu Filho querem fazer isso. Com relac˜ao
`a maravilho-
sa perspectiva da ressurreic˜ao, o fiel J
´o disse a respei-
to de Deus: “Morrendo o var˜ao vigoroso, pode ele vi-
ver novamente? . . . Tu [Jeov´a] chamar
´as e eu mesmo
160 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
te responderei. Ter´
as saudades do trabalho das tuasm
˜aos.” (J
´o 14:14, 15; Marcos 1:40-42) Que maravilhoso
Criador temos, digno de nossa adorac˜ao!
O ressuscitado Jesus — a chavepara uma vida significativa
O amado disc´ıpulo Jo
˜ao observou Jesus de perto at
´e
a morte deste. Mais do que isso, Jo˜ao registrou a maior
ressurreic˜ao j
´a ocorrida, um evento que lanca um fir-
me alicerce para que possamos ter uma vida perma-nente e significativa.
Os inimigos de Jesus fizeram com que ele fosse exe-cutado, pregado numa estaca como criminoso comum.Os observadores — incluindo l
´ıderes religiosos — ca-
coaram dele enquanto ele passou por horas de sofri-mento. Mesmo em agonia na estaca, ao ver sua m
˜ae,
Jesus disse-lhe a respeito de Jo˜ao: “Mulher, eis o teu
filho!”´
E prov´avel que Maria a essa altura fosse vi
´uva,
e seus outros filhos ainda n˜ao eram disc
´ıpulos.� Assim,
Jesus confiou sua m˜ae idosa aos cuidados de seu disc
´ı-
pulo Jo˜ao. Esse gesto tamb
´em refletia o conceito do
Criador, que diz que devemos cuidar das vi´
uvas e dos´orf
˜aos. — Jo
˜ao 7:5; 19:12-30; Marcos 15:16-39; Tiago
1:27.
Mas, estando morto, como podia Jesus cumprir seupapel de “descendente”, atrav
´es de quem ‘todas as na-
c˜oes da terra haveriam de abencoar a si mesmas’? (G
ˆe-
nesis 22:18) Com a sua morte, naquela tarde de abrilde 33 EC, Jesus entregou sua vida como base para oresgate. Para seu compassivo Pai, deve ter sido muitodoloroso ver a agonia de seu Filho inocente. Contudo,
� Pelo menos dois deles mais tarde tornaram-se disc´ıpulos e es-
creveram cartas de encorajamento — Tiago e Judas encontra-das na B
´ıblia.
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 161
dessa forma, fez-se a provis˜ao para o preco de resgate
necess´ario para livrar a humanidade da escravizac
˜ao
ao pecado e`a morte. (Jo
˜ao 3:16; 1 Jo
˜ao 1:7) Estava
pronto o cen´ario para um grandioso desfecho.
Visto que Jesus Cristo desempenha um papel vitalna realizac
˜ao do prop
´osito de Deus, ele tinha de voltar
a viver. Foi isso que ocorreu, e Jo˜ao foi testemunha. No
terceiro dia ap´os a morte e sepultamento de Jesus, bem
cedo de manh˜a, alguns disc
´ıpulos foram ao t
´umulo. Es-
tava vazio. Aquilo os deixou intrigados, at´e que Jesus
apareceu a v´arios deles. Maria Madalena disse: “Te-
nho visto o Senhor!” Os disc´ıpulos n
˜ao aceitaram o
testemunho dela. Mais tarde eles se reuniram numaposento trancado e Jesus apareceu de novo, e at
´e con-
versou com eles. Em quest˜ao de dias, mais de 500 ho-
mens e mulheres tornaram-se testemunhas ocularesde que Jesus deveras estava vivo. Pessoas daquele tem-po que talvez fossem c
´epticas podiam indagar dessas
testemunhas confi´aveis e comprovar os fatos. Os cris-
t˜aos podiam estar certos de que Jesus havia sido res-
suscitado e estava vivo qual criatura espiritual, assimcomo o Criador. A evid
ˆencia disso era t
˜ao abundante e
confi´avel que muitos preferiram enfrentar a morte a
negar que Jesus havia sido ressuscitado. — Jo˜ao 20:1-
29; Lucas 24:46-48; 1 Cor´ıntios 15:3-8.�
O ap´ostolo Jo
˜ao tamb
´em sofreu perseguic
˜ao por dar
testemunho sobre a ressurreic˜ao de Jesus. (Revelac
˜ao
1:9) Mas quando estava no ex´ılio, ele recebeu uma re-
� Um oficial romano de alto escal˜ao ouviu o relato de Pedro, uma
testemunha ocular: “Sabeis de que assunto se falava em toda aJudeia . . . Deus ressuscitou a Este no terceiro dia e lhe concedeutornar-se manifesto . . . Ele nos ordenou que preg
´assemos ao povo
e que d´essemos um testemunho cabal de que Este
´e o decretado
por Deus para ser juiz dos vivos e dos mortos.” — Atos 2:32; 3:15;10:34-42.
162 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
compensa incomum. Jesus fez com que ele tivesse umas
´erie de vis
˜oes que nos revelam o Criador mais clara-
mente e mostram o que o futuro trar´a. Encontrar
´a isso
no livro de Apocalipse (Revelac˜
ao), que usa muitossimbolismos. Jesus Cristo
´e ali representado como Rei
vitorioso que em breve completar´a a vit
´oria sobre seus
inimigos. Esses inimigos incluem a morte (um inimigode todos n
´os) e a criatura espiritual corrupta chamada
Satan´as. — Revelac
˜ao 6:1, 2; 12:7-9; 19:19–20:3, 13, 14.
Perto do fim de sua mensagem apocal´ıptica, Jo
˜ao teve
uma vis˜ao do tempo em que a Terra ser
´a um para
´ıso.
Uma voz descreveu as condic˜oes que prevalecer
˜ao ent
˜ao:
“O pr´oprio Deus estar
´a com [a humanidade]. E enxuga-
r´a dos seus olhos toda l
´agrima, e n
˜ao haver
´a mais mor-
te, nem haver´a mais pranto, nem clamor, nem dor. As
coisas anteriores j´a passaram.” (Revelac
˜ao 21:3, 4) No
desenrolar do prop´osito de Deus, a sua promessa feita a
Abra˜ao ser
´a cumprida. — G
ˆenesis 12:3; 18:18.
Testemunhas oculares viram Jesus ser colocado num t´
umulo (comoesse) e constataram que ele foi ressuscitado no terceiro dia
Um Grande Instrutor nos revela mais a respeito do Criador 163
Avida ent˜ao ser
´a a “verdadeira vida”, compar
´avel ao
que Ad˜ao tinha diante de si quando foi criado. (1 Ti-
m´oteo 6:19) A humanidade nunca mais ter
´a de tatear
para encontrar o Criador e entender sua relac˜ao com
ele. Contudo, vocˆe talvez pergunte: ‘Quando
´e que isso
vai acontecer? E por que o Criador, que se importa coma humanidade, permite a exist
ˆencia do mal e do sofri-
mento at´e hoje?’ Consideraremos a seguir essas per-
guntas.
Jesus os motivou a agirNo livro de Atos encontramos um registro hist
´orico de
como Pedro, Jo˜ao, e outros deram testemunho sobre a
ressurreic˜ao de Jesus. Grande parte do livro relata even-
tos envolvendo um brilhante estudante de direito chama-do Saulo, ou Paulo, que fora um inimigo violento do cris-tianismo. O ressuscitado Jesus apareceu para ele. (Atos9:1-16) Tendo prova indisput
´avel de que Jesus estava vivo
no c´eu, Paulo depois disso testemunhou zelosamente so-
bre esse fato a judeus e a n˜ao judeus, incluindo fil
´osofos
e governantes.´
E impressionante ler o que ele disse atais homens instru
´ıdos e influentes. — Atos 17:1-3, 16-34;
26:1-29.
No decorrer de algumas d´ecadas, Paulo escreveu mui-
tos livros do chamado Novo Testamento, ou EscriturasGregas Crist
˜as. A maioria das B
´ıblias cont
´em um
´ındice,
ou listagem de livros. Paulo escreveu 14 deles, de Roma-nos a Hebreus. Esses forneceram verdades profundas ediretrizes s
´abias para os crist
˜aos daquele tempo. Eles s
˜ao
at´e mais valiosos para n
´os, que n
˜ao temos acesso direto
aos ap´ostolos e a outras testemunhas dos ensinos, das
obras e da ressurreic˜ao de Jesus. Voc
ˆe constatar
´a que os
escritos de Paulo podem ajud´a-lo em sua vida familiar,
em seus tratos com colegas de trabalho e vizinhos, e emconduzir sua vida, para que tenha significado real e lheproporcione satisfac
˜ao.
164 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
A CADA minuto, mais de 30 pessoas morrem de doen-cas infecciosas, 11 de c
ˆancer e 9 de doencas card
´ıa-
cas. E como vocˆe sabe, essas s
˜ao apenas algumas das
doencas que afligem as pessoas; muitos sofrem e mor-rem de outras causas.
Em 1996, um rel´ogio no sagu
˜ao do pr
´edio das Na-
c˜oes Unidas, na cidade de Nova York, registrava uma
batida simb´olica para cada beb
ˆe nascido numa fam
´ı-
lia pobre — 47 por minuto. Tamb´em, todos os dias,
20% da populac˜ao mundial vai dormir com fome.
E que dados vocˆe acrescentaria se tentasse calcular
o´ındice de criminalidade no lugar onde voc
ˆe mora?
Temos de encarar a realidade de que vivemos nummundo permeado de sofrimento.
“No entanto”, diz um ex-policial, “muitos de n´os
n˜ao nos sensibilizamos muito com as injusticas que
C A P´I T U L O D E Z
Se o Criador se importa,por que h
´a tanto sofrimento?
nos cercam”. Essa insen-sibilidade, por
´em, talvez
logo se desvaneca quan-do a nossa vida ou a vidade algu
´em que amamos
est´a envolvida. Por exem-
plo, coloque-se no lugarde Masako, que cuidouda m
˜ae e do pai que so-
friam de cˆancer. Ao v
ˆe-los
perder peso e gemer dedor, ela se sentia comple-tamente impotente. Ou imagine o desespero de Sha-rada, uma menina asi
´atica que tinha nove anos quan-
do foi vendida pelo pai por 14 d´olares. Levada de sua
aldeia para uma cidade estrangeira, era obrigada afazer sexo com seis homens por dia.
Por que tais sofrimentos s˜ao t
˜ao comuns? E por que
o Criador n˜ao acaba com isso? Devido a tais sofrimen-
tos, muitos n˜ao querem saber de Deus. A m
˜ae do ex-
policial mencionado foi v´ıtima de um psicopata. Ele
explica sua reac˜ao: “A ideia de que existe um Deus
soberano, amoroso, que controla o Universo, nuncame pareceu mais remota.” Voc
ˆe tamb
´em talvez per-
gunte: ‘Por quˆe?’ Sim, por que existe tal sofrimento?
Qual´e a causa, e ser
´a que o Criador se preocupa com
isso?
O sofrimento resulta de uma vida anterior?
No mundo todo, milh˜oes acreditam que a raiz do
sofrimento est´a no passado da pessoa; que o sofri-
mento atual´e um castigo pelo que ela fez numa vida
anterior. “O sofrimento humano se deve a estarmos
Muitos acreditam no ciclo docarma, do nascimento
`a morte
166 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
vinculados ao carma, pois todos n´os, assim que nas-
cemos, carregamos um fardo pesado do carma passa-do.”� Esse conceito foi expresso por Daisetz T. Suzuki,fil
´osofo que popularizou o zen-budismo na sociedade
ocidental. Os s´abios hindus haviam criado “a lei do
carma” na tentativa de explicar o sofrimento huma-no. Mas trata-se de uma explicac
˜ao razo
´avel, ou real-
mente satisfat´oria, para o sofrimento?
Certa mulher budista disse: “Eu achava que n˜ao ti-
nha sentido ter de sofrer por causa de algo com quenasci, mas de que eu nada sabia. Eu tinha de aceit
´a-
lo como meu destino.” Essa explicac˜ao do sofrimento
n˜ao a satisfez. Talvez o mesmo se d
ˆe com voc
ˆe. Em-
bora o conceito da reencarnac˜ao possa n
˜ao ser comum
onde vocˆe mora, ele se baseia num ensino comum em
toda a cristandade e nas demais religi˜oes — o ensi-
no de que os humanos tˆem uma alma imortal que so-
brevive ao corpo. Diz-se que essa “alma” est´a envol-
vida no sofrimento — quer na vida atual, quer numaoutra.
Tais conceitos s˜ao generalizados, mas que prova
h´a de que s
˜ao corretos? Em assuntos importantes
como esse, n˜ao
´e mais s
´abio basear-se no que diz
o Criador? Embora conceitos e fortes convicc˜oes de
humanos possam estar equivocados, vimos que asdeclarac
˜oes de Deus s
˜ao confi
´aveis.
Conforme observamos no cap´ıtulo anterior, o peca-
do de nossos primeiros pais humanos foi respons´avel
pela pior trag´edia humana: a morte. O Criador avi-
sou Ad˜ao: “No dia em que [desobedeceres, ou peca-
res,] positivamente morrer´as.” (G
ˆenesis 2:17; 3:19)
� Diz-se que o carma´e “a influ
ˆencia das ac
˜oes passadas do
indiv´ıduo sobre suas vidas futuras, ou reencarnac
˜oes”.
Se o Criador se importa, por que h´
a tanto sofrimento? 167
Deus n˜ao fez nenhuma menc
˜ao de Ad
˜ao ter uma alma
imortal; ele era humano. Em termos b´ıblicos, isso sig-
nifica que ele era uma alma. Assim, quando ele mor-reu, a alma chamada Ad
˜ao morreu. Depois disso ele
n˜ao estava mais consciente nem sofria.
Nosso Criador n˜ao promove nem concorda com os
ensinos do carma, dos ciclos de renascimento, ou deuma alma imortal que possa sofrer numa exist
ˆencia
posterior. Por´em, se entendermos quais s
˜ao os efeitos
do pecado de Ad˜ao, poderemos compreender melhor
por que existe o sofrimento hoje.
N˜ao existe alma imortal
A B´ıblia ensina que cada pessoa
´e uma alma humana;
quando a pessoa morre, a alma morre. Ezequiel 18:4 diz:“A alma que pecar — ela
´e que morrer
´a.” Os mortos n
˜ao
est˜ao conscientes ou vivos em algum lugar. Salom
˜ao es-
creveu: ‘Os mortos n˜ao est
˜ao c
ˆonscios de absolutamente
nada.’ (Eclesiastes 9:5, 10) Nem os judeus nem os primei-ros crist
˜aos ensinavam que a alma fosse imortal.
“A alma no V[elho] T[estamento] n˜ao significa uma parte
do homem, mas o homem inteiro — o homem como ser vi-vente. Similarmente, no N[ovo] T[estamento] ela significavida humana . . . A B
´ıblia n
˜ao fala da sobreviv
ˆencia de uma
alma imaterial.” — New Catholic Encyclopedia.
“O conceito da imortalidade da alma e a f´e na ressurrei-
c˜ao dos mortos . . . s
˜ao conceitos situados em planos total-
mente diferentes.” — Dopo la morte: immortalit`
a o resurre-zione?, do te
´ologo Philippe H. Menoud.
“Visto que o homem, como um todo,´e pecador, segue-se
que na morte ele falece completamente, com corpo e alma(morte total) . . . Entre a morte e a ressurreic
˜ao h
´a uma la-
cuna.” — Catecismo luterano Evangelischer Erwachsenen-katechismus.
168 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Onde comecou o sofrimento?
Embora seja dif´ıcil compreender o pleno alcance do
sofrimento humano, usar o instrumento correto podeser de ajuda. Assim como os bin
´oculos nos ajudam a
ver objetos distantes com mais clareza, a B´ıblia nos
ajuda a discernir a causa do sofrimento.
Por um lado, a B´ıblia nos alerta ao fato de que “o
tempo e o imprevisto” sobrevˆem a todos os humanos.
(Eclesiastes 9:11) Por exemplo, Jesus referiu-se a umacontecimento conhecido nos seus dias, quando umatorre desabou, matando 18 pessoas. Ele esclareceuque essas v
´ıtimas n
˜ao eram pecadores piores do que
outros. (Lucas 13:1-5) Elas estavam no lugar erradona hora errada. Mas a B
´ıblia fornece esclarecimen-
tos adicionais, dando informac˜oes que explicam de
forma satisfat´oria as principais causas do sofrimen-
to. Que informac˜oes s
˜ao essas?
Depois que os primeiros humanos pecaram, o divi-no Juiz, Jeov
´a, determinou que eles n
˜ao tinham di-
reito de continuar a viver. No decorrer dos anos, elespassaram por muito sofrimento, at
´e que morreram
de fato. Seu sofrimento — os efeitos do envelheci-mento e da doenca, a luta para ganhar o sustentoe o pesar de ver a fam
´ılia dilacerada pelo ci
´ume e
pela violˆencia — foi consequ
ˆencia de seus pr
´oprios
atos. (Gˆenesis 3:16-19; 4:1-12)
´E importante lembrar-
se que foram eles mesmos que causaram todo aquelesofrimento. Mesmo assim, como entender por que osofrimento continua at
´e os nossos dias?
Embora muitos n˜ao se considerem pecadores, a B
´ı-
blia coloca os fatos na perspectiva correta, dizendo:“Por interm
´edio de um s
´o homem entrou o pecado no
mundo, e a morte por interm´edio do pecado, e assim
Se o Criador se importa, por que h´
a tanto sofrimento? 169
a morte se espalhou a todos os homens, porque todostinham pecado.” (Romanos 5:12) O primeiro casal hu-mano colheu as consequ
ˆencias de seu proceder preju-
dicial, mas seus descendentes tamb´em foram afeta-
dos. (G´alatas 6:7) Sua prog
ˆenie herdou a imperfeic
˜ao,
que leva`a morte. Alguns acham isso mais f
´acil de en-
tender quando consideram o fato cient´ıfico de que
mesmo hoje os filhos podem herdar doencas ou de-fici
ˆencias dos pais. Isso pode acontecer com doen-
cas como a hemofilia, talassemia (anemia mediterrˆa-
nea), doencas das art´erias coron
´arias, um tipo de
diabetes e at´e c
ˆancer de mama. Embora os filhos n
˜ao
tenham culpa nenhuma, eles podem sofrer os efeitosda heranca gen
´etica.
Nossos antepassados gen´eticos, Ad
˜ao e Eva, deci-
diram rejeitar o modo de Jeov´a reger a humanidade.�
Como´e do seu conhecimento, a Hist
´oria mostra que
os humanos j´a tentaram todo tipo de reg
ˆencia no es-
forco de governar a Terra. Alguns homens e mulhe-res envolvidos nesses empenhos eram bem-intencio-nados. Todavia, como voc
ˆe avalia os resultados de
o homem tentar governar a si mesmo? Ser´a que a
maior parte do sofrimento humano foi atenuada? Deforma alguma. Ao contr
´ario, muitas diretrizes e guer-
ras nacionais aumentaram o sofrimento. Uns 3 milanos atr
´as, um s
´abio governante observou: “Homem
� Gˆenesis 2:17 mostra que Deus ordenou a Ad
˜ao que n
˜ao co-
messe da´arvore do conhecimento do bem e do mal. Numa nota
explicativa, A B´ıblia de Jerusal
´em (1985) comenta o que signi-
ficava esse conhecimento: “´
E a faculdade de decidir por si mes-mo o que
´e bem e o que
´e mal, e de agir consequentemente: rei-
vindicac˜ao de autonomia moral pela qual o homem nega seu
estado de criatura (cf. Is[a´ıas] 5,20). O primeiro pecado foi um
atentado`a soberania de Deus.”
170 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
tem dominado homem paraseu preju
´ızo.” — Eclesiastes
8:9.
Acha que a situac˜ao
´e
bem diferente hoje, tal-vez melhor? A maioriaresponderia que n
˜ao.
Muitos homens, mulhe-res e criancas sofrem, n
˜ao
s´o por causa do pecado e da
imperfeic˜ao herdados, mas em
consequˆencia do que eles mes-
mos ou outros fizeram. Pense nam
´a administrac
˜ao dos recursos
da Terra, muitas vezes devido`a
ganˆancia. O homem
´e culpado,
tamb´em, de causar poluic
˜ao, de
gerar a pobreza e de contribuirpara a fome ou para as epidemias. Mesmo algumascat
´astrofes da natureza s
˜ao provocadas pelo homem.
Existe ainda outra causa principal de sofrimento quepassa usualmente despercebida.
Quem est´a por tr
´as do sofrimento
Um livro da B´ıblia
´e especialmente esclarecedor,
revelando-nos a causa prim´aria do sofrimento e por
que um Criador que se importa o tem permitido. Esselivro, J
´o, pode esclarecer qualquer mal-entendido so-
bre a quest˜ao do sofrimento. Faz isso por nos trans-
portar ao dom´ınio invis
´ıvel, onde ocorreram certos
eventos de importˆancia fundamental.
Uns 3.500 anos atr´as, pouco antes de Mois
´es es-
crever os primeiros livros da B´ıblia, um homem
Alexis, filho doCzar Nicholas II eAlexandra, herdou ahemofilia. N
´os herdamos
a imperfeic˜
ao do nossoantepassado Ad
˜ao
171
chamado J´o vivia onde hoje
´e a Ar
´abia. O relato diz
que J´o era reto, bondoso e respeitado. Tinha grandes
riquezas em forma de gado, sendo at´e chamado de “o
maior de todos os orientais”. J´o tinha tamb
´em uma
fam´ılia feliz, com esposa, sete filhos e tr
ˆes filhas. (J
´o
1:1-3; 29:7-9, 12-16) Certo dia, um mensageiro veiocorrendo, dizendo-lhe que parte de seus valiosos re-banhos havia sido saqueada por um bando de saltea-dores. Logo outro relatou a perda dos rebanhos dasovelhas. Da
´ı os caldeus levaram seus 3 mil camelos,
matando a todos os ajudantes, exceto um. Por fim veioa pior not
´ıcia. Um vento incomum devastou a casa de
seu primogˆenito, matando todos os seus filhos que es-
tavam reunidos ali. Diante de tal sofrimento, ser´a
que J´o culpou a Deus? Como voc
ˆe teria se sentido no
lugar dele? — J´o 1:13-19.
As calamidades n˜ao pararam a
´ı. J
´o foi afligido por
uma doenca horr´ıvel, que o cobriu de fur
´unculos ma-
lignos.� Ficou t˜ao doente e repugnante que sua espo-
sa culpou a Deus. “Amaldicoa a Deus e morre!”, dis-se ela. J
´o n
˜ao sabia por que estava sofrendo, mas n
˜ao
culpou a Deus. Lemos: “Em tudo isso n˜ao pecou J
´o
com os seus l´abios.” — J
´o 2:6-10.
Ao ficarem sabendo das aflic˜oes de J
´o, tr
ˆes conhe-
cidos foram visit´a-lo. “Onde j
´a se viu que justos fos-
sem exterminados?” (BJ), perguntou Elifaz, que pre-sumiu que J
´o tivesse agido com perversidade. (J
´o,
cap´ıtulos 4, 5) Ele acusou J
´o de pecados secretos, at
´e
� Outras passagens nos permitem ter um quadro mais com-pleto do sofrimento de J
´o. Sua carne ficou coberta de gusanos,
a pele formou crostas e seu h´alito era repugnante. J
´o sentia
dores terr´ıveis, e sua pele, escurecida, ca
´ıa. — J
´o 7:5; 19:17;
30:17, 30.
172 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
de negar p˜ao aos necessitados e de ter oprimido vi
´u-
vas e´orf
˜aos. (J
´o, cap
´ıtulos 15, 22) Os dois outros con-
soladores hip´ocritas tamb
´em desprezaram J
´o, como
se ele fosse respons´avel por seus sofrimentos. Eles ti-
nham raz˜ao? De modo algum!
O livro de J´o nos ajuda a identificar a causa b
´asi-
ca do sofrimento desse homem e compreender por queDeus o permitiu. Os cap
´ıtulos 1 e 2 nos revelam o que
acabara de ocorrer nos c´eus invis
´ıveis, no dom
´ınio es-
piritual. O esp´ırito rebelde chamado Satan
´as� reu-
niu-se com outros esp´ıritos na presenca de Deus. Ao
se mencionar o proceder inculpe de J´o, Satan
´as de-
safiou: “´
E por nada que J´o teme a Deus? . . . Ao in-
v´es disso, estende tua m
˜ao, por favor, e toca em tudo
o que ele tem e vˆe se n
˜ao te amaldicoar
´a na tua pr
´o-
pria face.” — J´o 1:9-12.
Em outras palavras, Satan´as acusou Deus de su-
bornar a J´o. Essa criatura espiritual arrogante afir-
mou que se J´o fosse privado de sua riqueza e de sua
sa´
ude, ele iria amaldicoar a Jeov´a. Por extens
˜ao, Sa-
tan´as estava afirmando que nenhum humano ama-
ria a Deus e seria leal a Ele diante do sofrimento. Taldesafio teve um impacto global e duradouro. As ques-t
˜oes levantadas por Satan
´as tinham de ser resolvi-
das. Assim, Deus deu a Satan´as liberdade de agir
contra J´o, e Satan
´as causou aquelas v
´arias formas de
sofrimento a J´o.
Compreensivelmente, J´o n
˜ao sabia, e n
˜ao tinha
condic˜oes de saber, da quest
˜ao universal que foi le-
vantada nos c´eus. E Satan
´as fez as coisas de modo a
� Num cap´ıtulo anterior, “O que um livro pode ensinar-lhe a
respeito do Criador?”, consideramos o papel que Satan´as, o Dia-
bo, teve no pecado de Ad˜ao e Eva.
Se o Criador se importa, por que h´
a tanto sofrimento? 173
parecer que Deus era o causador de todas aquelas ca-lamidades. Por exemplo, quando um rel
ˆampago atin-
giu os rebanhos de ovelhas de J´o, o ajudante que so-
breviveu concluiu que era “o pr´oprio fogo de Deus”.
Embora J´o n
˜ao soubesse por que aquelas coisas esta-
vam ocorrendo, ele n˜ao amaldicoou nem rejeitou a
Jeov´a Deus. — J
´o 1:16, 19, 21.
Se vocˆe analisar as circunst
ˆancias por tr
´as da ex-
periˆencia de J
´o, ver
´a que a quest
˜ao
´e: ser
´a que os hu-
manos servir˜ao a Jeov
´a por amor, apesar de dificul-
dades? J´o ajudou a fornecer a resposta. Somente o
verdadeiro amor a Deus poderia ter movido uma pes-soa a permanecer fiel a Jeov
´a, e foi isso o que J
´o fez.
Que bela resposta para as acusac˜oes falsas de Sata-
n´as! Essa quest
˜ao, contudo, n
˜ao comecou e terminou
com J´o; ela se tem estendido por s
´eculos. N
´os tamb
´em
estamos envolvidos.
Como´e que muitos reagem quando veem ou pas-
sam por sofrimento, quaisquer que sejam as causas?Eles talvez desconhecam as quest
˜oes levantadas nos
dias de J´o, ou talvez nem acreditem que Satan
´as
existe. Assim, muitas vezes duvidam da existˆencia
do Criador, ou culpam-no pelo sofrimento. Qual´e a
sua opini˜ao a respeito? Do que sabe sobre o Criador,
n˜ao concorda com o escritor b
´ıblico Tiago? Apesar do
sofrimento, ele tinha a seguinte convicc˜ao: “Quan-
do posto`a prova, ningu
´em diga: ‘Estou sendo prova-
do por Deus.’ Pois, por coisas m´as, Deus n
˜ao pode ser
provado, nem prova ele a algu´em.” — Tiago 1:13.
Temos uma valiosa ajuda para obter um conceitos
´abio. Esta ajuda consiste em considerar o exemplo
de Jesus. Sabemos que Jesus´e reconhecido por sua
perspic´acia, conhecimento e habilidade como instru-
174 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
tor. Qual era seu conceito sobre Satan´as e o sofrimen-
to? Jesus tinha certeza de que Satan´as, o Diabo, tan-
to existe como pode causar o sofrimento. Satan´as,
que tentou quebrar a integridade de J´o, tentou fazer
o mesmo com Jesus abertamente. Al´em de provar que
Satan´as existe, isso mostra que o desafio lancado nos
dias de J´o ainda vigorava. Como J
´o, Jesus provou-se
fiel ao Criador, n˜ao se deixando seduzir por riquezas
e poder, embora isso lhe causasse sofrimento f´ısico e
morte numa estaca de tortura. O caso de Jesus mos-tra que Deus ainda estava permitindo que humanosdemonstrassem sua lealdade a Ele apesar dos proble-mas. — Lucas 4:1-13; 8:27-34; 11:14-22; Jo
˜ao 19:1-30.
Por que se deu tempo ao tempo
Para entendermos o sofrimento, temos de reco-nhecer suas causas: acidentes, tend
ˆencias humanas
pecaminosas, a m´a administrac
˜ao dos recursos da
Terra pelo homem, e Satan´as, o Diabo. Contudo,
n˜ao basta saber o que est
´a por tr
´as do sofrimento.
Ser´a que demorou tanto assim?
Dos dias de J´o at
´e o tempo de Jesus talvez pareca um
per´ıodo muito longo para o sofrimento ter continuado — uns
1.600 anos. Para um humano, cem anos pode parecer mui-to tempo para esperar o al
´ıvio do sofrimento. Mas temos de
reconhecer que as quest˜oes-chave levantadas por Satan
´as
refletiram de forma negativa sobre o Criador. Do ponto devista de Deus, a permiss
˜ao do sofrimento e da iniquidade
tem sido por um breve per´ıodo. Ele
´e o “Rei da eternidade”,
para quem ‘mil anos s˜ao como ontem que passou’. (1 Tim
´o-
teo 1:17; Salmo 90:4) E para os humanos que receberema vida eterna, esse per
´ıodo da Hist
´oria em que o sofrimen-
to existiu tamb´em parecer
´a relativamente curto.
Se o Criador se importa, por que h´
a tanto sofrimento? 175
Quando algu´em
´e afligido,
´e f
´acil sentir-se como Ha-
bacuque, um profeta da antiguidade, quando disse:“At
´e quando,
´o Jeov
´a, terei de clamar por ajuda e tu
n˜ao ouvir
´as? At
´e quando clamarei a ti por socorro
contra a violˆencia e tu n
˜ao salvar
´as? Por que me fa-
zes ver o que´e prejudicial e continuas a olhar para
a mera desgraca? E por que h´a assolac
˜ao e viol
ˆencia
diante de mim, e por que vem a haver altercac˜ao, e
por que se sustenta contenda?” (Habacuque 1:2, 3)Sim, por que Jeov
´a ‘continua a olhar para a desgra-
ca’ aparentemente sem agir? Sendo o Todo-Podero-so, ele tem o poder e o amor
`a justica necess
´arios
para acabar com o sofrimento. Assim, quando far´a
isso?
Conforme mencionado anteriormente, quando oprimeiro casal humano escolheu a independ
ˆencia to-
tal, o Criador estava certo de que alguns de seus des-cendentes agiriam de forma diferente. Jeov
´a sabia-
mente deu tempo ao tempo. Por quˆe? Para provar
que o dom´ınio sem o Criador s
´o traz infelicidade, ao
passo que viver em harmonia com o que Ele requer´e correto e traz felicidade.
No´ınterim, Deus tem mantido a Terra como um
lugar razoavelmente agrad´avel. O ap
´ostolo Paulo ar-
razoou: “Ele permitiu, nas gerac˜oes passadas, que
todas as nac˜oes andassem nos seus pr
´oprios cami-
nhos, embora, deveras, n˜ao se deixou sem testemu-
nho, por fazer o bem, dando-vos chuvas do c´eu e
estac˜oes frut
´ıferas, enchendo os vossos corac
˜oes ple-
namente de alimento e de bomˆanimo.” (Atos 14:16,
17) Evidentemente, o Criador n˜ao causa o sofrimen-
to, mas o tem permitido para resolver quest˜oes de
importˆancia vital.
176 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Quando vir´a o al
´ıvio?
Na realidade, o fato de o sofrimento estar aumen-tando mostra que se aproxima o tempo de ele ser eli-minado. Por que se pode dizer isso? A B
´ıblia revela o
que aconteceu no dom´ınio invis
´ıvel nos dias de J
´o, e
faz o mesmo a respeito de nossos dias. Seu´
ultimo li-vro, Apocalipse, ou Revelac
˜ao, enfoca um conflito que
ocorreu nos c´eus. Qual foi o resultado? Satan
´as “foi
lancado para baixo,`a terra”, com suas hordas demo-
n´ıacas. “Por esta raz
˜ao”, continua esse livro da B
´ıblia,
“regozijai-vos,´o c
´eus, e v
´os os que neles residis! Ai da
terra e do mar, porque desceu a v´os o Diabo, tendo
grande ira, sabendo que ele tem um curto per´ıodo”.
— Revelac˜ao 12:7-12.
Uma considerac˜ao detalhada de profecias b
´ıblicas
indica que tal evento ocorreu neste s´eculo. Como tal-
vez saiba, historiadores respeitados reconhecem queo ano de 1914 marcou um grande ponto de virada naHist
´oria, com o in
´ıcio da Primeira Guerra Mundial.�
Desde ent˜ao, o sofrimento e as aflic
˜oes na Terra au-
mentaram. Jesus apontou para esse mesmo per´ıodo
quando seus disc´ıpulos achegados lhe perguntaram
sobre “o sinal da [sua] presenca e da terminac˜ao do
sistema de coisas”. Ele disse: “Nac˜ao se levantar
´a
contra nac˜ao e reino contra reino; e haver
´a grandes
terremotos, e, num lugar ap´os outro, pestil
ˆencias e
escassez de v´ıveres; e haver
´a vistas aterrorizantes e
grandes sinais do c´eu.” (Mateus 24:3-14; Lucas 21:5-
19) Essas palavras, que indicam grande sofrimento,
� Para uma considerac˜ao dessa profecia, veja o cap
´ıtulo 9 do
livro O Que a B´ıblia Realmente Ensina?, publicado pelas Tes-
temunhas de Jeov´a.
Se o Criador se importa, por que h´
a tanto sofrimento? 177
est˜ao tendo um cumprimento completo, pela primei-
ra vez na Hist´oria.
A B´ıblia diz que tais eventos s
˜ao um prel
´udio da
“grande tribulac˜ao, tal como nunca ocorreu desde o
princ´ıpio do mundo at
´e agora, n
˜ao, nem tampouco
ocorrer´a de novo”. (Mateus 24:21) Essa ser
´a a inter-
venc˜ao decisiva de Deus nos assuntos humanos. Ele
agir´a para p
ˆor fim ao atual sistema de coisas perver-
so, que tem causado sofrimento por tanto tempo. Masisso n
˜ao significar
´a o ‘fim do mundo’ por meio dum
holocausto nuclear que ir´a destruir a humanidade.
A Palavra de Deus nos assegura que haver´a sobrevi-
ventes. “Uma grande multid˜ao . . . de todas as nac
˜oes,
e tribos, e povos, e l´ınguas”, sair
´a viva dessa tribula-
c˜ao. — Revelac
˜ao 7:9-15.
Ponto de virada na Hist´oria
“Fazendo um retrospecto hoje, vemos claramente queo irrompimento da Primeira Guerra Mundial introduziu,usando o expressivo termo do historiador brit
ˆanico Arnold
Toynbee, uma ‘Era de Tumultos’ do s´eculo vinte, da qual a
nossa civilizac˜ao de forma alguma conseguiu sair.” — The
Fall of the Dynasties, Edmond Taylor.
“´
E sem d´uvida o ano de 1914, n
˜ao o de Hiroshima, que
marca o ponto de virada em nossos tempos, pois a essaaltura podemos ver que . . . foi a primeira guerra mundialque introduziu uma era de transic
˜ao confusa, no meio da
qual estamos nos debatendo.” — Dr. Ren´e Albrecht-Carri
´e,
Barnard College.
“Em 1914, o mundo perdeu a coerˆencia que nunca
mais conseguiu recuperar. . . . Este tem sido um tempode extraordin
´aria desordem e viol
ˆencia, tanto fora das
fronteiras nacionais como dentro delas.” — The Econo-mist.
178 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Para ter um quadro completo, considere o que aB
´ıblia diz que se seguir
´a. Restaurar-se-
´a o lar para-
d´ısico da humanidade, conforme era o prop
´osito ori-
ginal de Deus. (Lucas 23:43) Todos ter˜ao um lugar
para morar. Isa´ıas escreveu: “ ‘H
˜ao de construir casas
e as ocupar˜ao; e h
˜ao de plantar vinhedos e comer os
seus frutos. . . . Porque os dias do meu povo ser˜ao
como os dias da´arvore; e meus escolhidos usufruir
˜ao
plenamente o trabalho das suas pr´oprias m
˜aos. N
˜ao
labutar˜ao em v
˜ao, nem dar
˜ao
`a luz para perturbac
˜ao;
porque s˜ao a descend
ˆencia composta dos abencoados
por Jeov´a, e seus descendentes com eles. . . . O lobo e
Mesmo tendo permitido o sofrimento, o Criadorproporciona aos humanos muitas coisas agrad
´aveis
Se o Criador se importa, por que h´
a tanto sofrimento? 179
o cordeirinho´e que pastar
˜ao como se fossem um, e o
le˜ao comer
´a palha como o touro . . . N
˜ao far
˜ao dano
nem causar˜ao ru
´ına em todo o meu santo monte’, dis-
se Jeov´a.” — Isa
´ıas 65:21-25.
E o sofrimento pessoal? N˜ao haver
´a mais guer-
ra, violˆencia nem crime. (Salmo 46:8, 9; Prov
´erbios
2:22; Isa´ıas 2:4) O Criador do homem e Dador da
Vida ajudar´a os humanos obedientes a adquirir e
usufruir a plena sa´
ude. (Isa´ıas 25:8; 33:24) N
˜ao ha-
ver´a mais fome, pois restaurar-se-
´a o equil
´ıbrio eco-
l´ogico da Terra, e ela produzir
´a em abund
ˆancia. (Sal-
mo 72:16) De fato, as causas de sofrimento que hojevemos ser
˜ao coisas do passado. — Isa
´ıas 14:7.
Essas certamente s˜ao as melhores not
´ıcias. Toda-
via, alguns talvez achem que mesmo assim faltariamduas coisas para que a felicidade fosse completa. Asb
ˆenc
˜aos de uma vida assim seriam limitadas se a pes-
soa tivesse de morrer depois de apenas 70 ou 80 anos.E ela n
˜ao se sentiria triste de pensar nas pessoas
queridas que talvez tenham morrido antes de o Cria-dor ter eliminado o sofrimento humano? Qual
´e a so-
luc˜ao para isso?
Desfazendo o pior sofrimento
O Criador tem a soluc˜ao. Ele produziu o Universo
e a vida humana aqui na Terra. Ele pode realizar oque est
´a al
´em da capacidade humana, ou o que os hu-
manos est˜ao s
´o comecando a perceber que
´e poss
´ıvel.
Veja apenas dois exemplos disso.
Temos o potencial de viver para sempre.
A B´ıblia apresenta claramente a perspectiva de re-
cebermos vida eterna da parte de Deus. (Jo˜ao 3:16;
17:3) Depois de estudar os genes em c´elulas humanas,
180 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
o Dr. Michael Fossel disse que a qualidade das c´elu-
las reprodutoras masculinas n˜ao se deteriora com a
idade. “Os genes que j´a possu
´ımos, expressos de modo
correto, podem impedir que as nossas c´elulas enve-
lhecam.” Isso se harmoniza com o que vimos no cap´ı-
tulo 4, que na vida atual n˜ao usamos nem uma
´ınfi-
ma parte da capacidade do c´erebro, que parece ter
sido projetado para funcionar infindavelmente. Tra-ta-se naturalmente de apenas alguns detalhes suple-mentares ao que a B
´ıblia diz diretamente — Jeov
´a
tornar´a poss
´ıvel que vivamos para sempre sem sofri-
mento. Note o que ele promete no´
ultimo livro da B´ı-
blia: “[Deus] enxugar´a dos seus olhos toda l
´agrima,
e n˜ao haver
´a mais morte, nem haver
´a mais pranto,
nem clamor, nem dor.” — Revelac˜ao 21:4.
O Criador tem a capacidade de ajudar algu´em que
sofreu e morreu — trazendo-o de volta`
a vida por meioda ressurreic
˜ao.
L´azaro foi um dos que foram ressuscitados. (Jo
˜ao
11:17-45; veja as p´aginas 158-160.) O professor
Donald MacKay usou a ilustrac˜ao de um arquivo
de computador. Ele escreveu que a destruic˜ao de
um computador n˜ao necessariamente significa o fim
permanente de uma equac˜ao ou de um programa
´E poss
´ıvel haver a ressurreic
˜ao da pessoa?
O neurologista Richard M. Restak fez o seguinte comen-t
´ario sobre o c
´erebro humano e seus neur
ˆonios: “Tudo que
somos e tudo que fizemos poderia ser lido por um observa-dor capaz de decifrar as conex
˜oes e circuitos que se forma-
ram dentro dos nossos 50 bilh˜oes de c
´elulas nervosas.” Se
´e assim, ser
´a que o nosso Criador, com as informac
˜oes que
possui, n˜ao seria capaz de reconstituir uma pessoa?
Se o Criador se importa, por que h´
a tanto sofrimento? 181
Suas conex˜oes neurais est
˜ao contadas
Jesus disse: “Os pr´oprios cabelos de vossa cabeca
est˜ao todos contados.” (Mateus 10:29-31) E a massa
cinzenta dentro da sua cabeca? As c´elulas do c
´erebro
(chamadas neurˆonios) s
˜ao t
˜ao pequenas que podem ser
vistas apenas com um microsc´opio potente. Imagine se
vocˆe tentasse contar, n
˜ao s
´o os neur
ˆonios, mas as in-
terconex˜oes menores (sinapses), que podem chegar a
250 mil no caso de alguns neurˆonios!
O Dr. Peter Huttenlocher, usando um potente micros-c
´opio eletr
ˆonico, foi pioneiro em contar as conex
˜oes neu-
rais ao realizar aut´opsias — de fetos, de beb
ˆes e de pes-
soas de idade. Surpreendentemente, todas as amostras,cada uma do tamanho aproximado de uma cabeca dealfinete, tinham basicamente o mesmo n
´umero de neu-
rˆonios, cerca de 70 mil.
O Dr. Huttenlocher comecou ent˜ao a contar o n
´ume-
ro de conex˜oes neurais, ou das c
´elulas cerebrais, em
tais amostras min´
usculas. Os neurˆonios do feto tinham
124 milh˜oes de conex
˜oes; os de um rec
´em-nascido,
253 milh˜oes; os de um beb
ˆe de 8 meses, 572 milh
˜oes.
O Dr. Huttenlocher descobriu que depois, com o cresci-mento da crianca, o n
´umero gradualmente diminu
´ıa.
Essas descobertas s˜ao de interesse em vista do que a
B´ıblia diz sobre a ressurreic
˜ao. (Jo
˜ao 5:28, 29) Um adul-
to tem no c´
erebro inteiro cerca de um quatrilh˜ao de co-
nex˜oes neurais, que representa o n
´umero 1 seguido de
15 zeros. Ser´a que o Criador tem a habilidade de n
˜ao s
´o
contar essas conex˜oes, mas tamb
´em de reconstru
´ı-las?
A Enciclop´
edia Delta Universal diz que o n´umero de
estrelas no Universo´e de 200 quintilh
˜oes, ou seja, 2 se-
guido de 20 zeros. O Criador conhece todas essas es-trelas por nome. (Isa
´ıas 40:26) Assim, ele
´e perfeitamente
capaz de lembrar-se e reconstruir as conex˜oes neurais
que constituem as recordac˜oes e os sentimentos dos hu-
manos que ele decidir ressuscitar.
182 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
armazenado nele. A mesma equac˜ao ou programa
pode ser colocado em outro computador e ser utiliza-do ali, “se o matem
´atico assim desejar”. O professor
MacKay continuou: “A ciˆencia mecan
´ıstica do c
´erebro
n˜ao parece assim colocar nenhuma objec
˜ao
`a espe-
ranca de vida eterna expressa na [B´ıblia], com sua
caracter´ıstica
ˆenfase na ‘ressurreic
˜ao’.” Se um huma-
no morreu, o Criador tem condic˜oes de mais tarde
trazˆe-lo de volta
`a vida, como fez com Jesus e como
Jesus fez com L´azaro. MacKay concluiu que a morte
de uma pessoa n˜ao seria nenhuma barreira a ela ser
trazida de volta`a vida num novo corpo, “se o Criador
assim desejar”.
Sim, a soluc˜ao derradeira est
´a com o nosso Cria-
dor. Somente Ele pode eliminar totalmente o sofri-mento, reverter os efeitos do pecado e acabar com amorte. Jesus Cristo falou a seus disc
´ıpulos sobre um
not´avel acontecimento ainda futuro. Ele disse: “Vem
a hora em que todos os que est˜ao nos t
´umulos memo-
riais ouvir˜ao a sua voz e sair
˜ao.” — Jo
˜ao 5:28, 29.
Imagine! O Soberano Governante do Universo temn
˜ao s
´o a disposic
˜ao, mas tamb
´em a capacidade, de
trazer de volta`a vida os que ele tem em sua mem
´o-
ria. Eles receber˜ao a oportunidade de se provar dig-
nos de receber a “verdadeira vida”. — 1 Tim´oteo 6:19;
Atos 24:15.
Mas ser´a que se exige de n
´os algo agora, enquanto
aguardamos o al´ıvio total do sofrimento humano?
Em caso afirmativo, poderia isso tornar a nossa vidaatual ainda mais significativa? Vejamos.
Se o Criador se importa, por que h´
a tanto sofrimento? 183
N˜
AO importa onde vivamos, ficamos a par das des-cobertas cient
´ıficas. Bi
´ologos, ocean
´ografos e outros
continuam a aumentar nosso conhecimento a respei-to da Terra e da vida nela. Contemplando o espaco,astr
ˆonomos e f
´ısicos aprendem cada vez mais sobre o
nosso sistema solar, sobre as estrelas e at´e mesmo so-
bre as gal´axias distantes. A que conclus
˜ao nos leva
tudo isso?
Muitas pessoas inteligentes concordam com oRei Davi, da antiguidade: “Os c
´eus declaram a gl
´oria
de Deus; e a expans˜ao est
´a contando o trabalho das
suas m˜aos.” (Salmo 19:1)
´E verdade que alguns tal-
vez discordem dessa declarac˜ao ou digam que n
˜ao h
´a
como certificar-se da existˆencia de um Criador. Mas
ap´os ter considerado as evid
ˆencias apresentadas nes-
te livro, n˜ao acha voc
ˆe que h
´a motivos de sobra para
crer na existˆencia de um Criador que originou o Uni-
verso e a vida?
O ap´ostolo Paulo disse: “Na realidade, j
´a pelo ra-
cioc´ınio d
´a para conhecer Deus, suas perfeic
˜oes, seu
poder eterno e sua divindade. Basta olhar para tudoo que Deus fez, desde a criac
˜ao do mundo. Desta ma-
neira, ningu´em tem desculpa de n
˜ao conhecer Deus.”
(Romanos 1:20, B´ıblia F
´acil) A mat
´eria sobre a cria-
c˜ao, abrangida nos cap
´ıtulos anteriores, tornou mais
f´acil “conhecer Deus” e apreciar “suas qualidades in-
vis´ıveis”. (Traduc
˜ao do Novo Mundo) O objetivo, con-
tudo, n˜ao
´e s
´o saber que a criac
˜ao f
´ısica evidencia a
existˆencia de um Criador. Por que n
˜ao?
C A P´I T U L O O N Z E
Torne sua vida mais significativa eviva para sempre
Muitos cientistas se dedicam a estudar o Universo,mas ainda assim sentem um vazio, porque n
˜ao con-
seguem encontrar um significado duradouro para avida. Por exemplo, o f
´ısico Steven Weinberg escre-
veu: “Quanto mais o Universo nos parece compreens´ı-
vel, tanto menos entendemos seu objetivo.” A revistaScience citou o conceito do astr
ˆonomo Alan Dressler:
“Quando os pesquisadores dizem que a cosmologia re-vela a ‘mente’ ou as ‘obras’ de Deus, eles atribuem aodivino o que no final das contas talvez seja o quemenos importa no Universo: a sua estrutura f
´ısica.”
Dressler indicou que o mais importante´e o sentido da
existˆencia humana. Ele observou: “As pessoas aban-
donaram a velha crenca de que o homem´e o centro
do Universo, mas precisam resgatar a crenca de quesomos a chave para o sentido da vida.”´
E evidente que cada um de n´os deve estar pro-
fundamente interessado no significado de nossa
Deus em que sentido?
“Cientistas e outros`as vezes usam a palavra ‘Deus’
para designar algo t˜ao abstrato e impessoal que se torna
quase imposs´ıvel distingui-Lo das leis da natureza”, co-
mentou Steven Weinberg, ganhador do prˆemio Nobel por
seus trabalhos sobre as forcas fundamentais. Ele acres-centou:
“No meu parecer, se a palavra Deus h´a de ter algum sig-
nificado, deve ser aplicada a um Deus que se importa, umcriador e legislador que estabeleceu n
˜ao somente as leis
da natureza e do Universo, mas tamb´em as normas do
bem e do mal, uma entidade que se preocupa com as nos-sas ac
˜oes, em suma, algo que mereca nossa adorac
˜ao.
. . . Esse´e o Deus que interessou a homens e mulheres
atrav´es da Hist
´oria.” — Dreams of a Final Theory.
Torne sua vida mais significativa e viva para sempre 185
existˆencia. O mero fato de admitir a exist
ˆencia do
Criador, ou Projetista-Mestre, e a nossa dependˆencia
dele, n˜ao d
´a automaticamente sentido
`a nossa vida.
Isso se d´a em especial porque a vida nos parece t
˜ao
curta. Muitos se sentem como o Rei Macbeth, de umadas pecas de Shakespeare:
“A vida´e sombra passageira.
Um pobre ator que chega, agita a cena inteira,Diz seu papel e sai. E ningu
´em mais o nota.´
E um conto narrado a´ı por um idiota,
Cheio de sons, de f´
uria e n˜ao dizendo nada.” — Macbeth,
Ato V, Cena V; traduc˜ao de Artur de Sales.
Pessoas no mundo todo se identificam com essaspalavras, mas quando se veem diante de uma crisegrave, talvez ainda clamem a Deus por ajuda. Eli
´u,
um s´abio da antiguidade, disse: “Por causa da multi-
d˜ao de opress
˜oes eles clamam por socorro . . . E no en-
tanto, ningu´em disse: ‘Onde est
´a Deus, o Grandioso
que me fez?’´
E ele quem nos ensina mais do que aosanimais da terra, e nos faz mais s
´abios do que mesmo
as criaturas voadoras dos c´eus.” — J
´o 35:9-11.
As palavras de Eli´
u salientam que n´os, humanos,
n˜ao somos a verdadeira chave para o sentido da vida.
A chave´e o nosso Grandioso Criador, e qualquer sig-
nificado real para a nossa existˆencia logicamente en-
volve a ele e depende dele. Para encontrarmos talsentido e a profunda satisfac
˜ao que isso traz, precisa-
mos conhecer o Criador e harmonizar nossa vida coma sua vontade.
´E necess
´ario recorrer ao Criador
Mois´es fez isso. Ele admitiu realisticamente: “Os
dias dos nossos anos s˜ao em si mesmos setenta anos;
e se por motivo de potˆencia especial s
˜ao oitenta anos,
186 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
mesmo assim a sua insistˆencia
´e em
desgraca e em coisas prejudiciais.” Sa-ber disso n
˜ao o tor-
nou triste ou pessi-mista; mas o ajudoua reconhecer o valorde recorrer ao Cria-dor. Ele orou: “Mos-tra-nos como contaros nossos dias de tal modoque possamos introduzir umcorac
˜ao de sabedoria. Far-
ta-nos de manh˜a com a tua
benevolˆencia, para que grite-
mos de j´
ubilo e nos alegremosem todos os nossos dias. E mostre estar sobre n
´os a
afabilidade de Jeov´a, nosso Deus.” — Salmo 90:10, 12,
14, 17.
‘Fartos de manh˜
a com a benevolˆencia.’ ‘Alegria em
todos os nossos dias.’ ‘Afabilidade de Deus sobre n´
os.’N
˜ao sugerem essas frases que a pessoa encontrou o
sentido da vida, algo que escapa`as pessoas em geral?
Um fator importante para encontrar o sentido davida
´e reconhecer nosso lugar perante o Criador. De
certa forma, ter mais conhecimento sobre o Universopode ser de ajuda. Davi perguntou: “Quando vejo osteus c
´eus, trabalhos dos teus dedos, a lua e as estrelas
que preparaste, que´e o homem mortal para que te
lembres dele, e o filho do homem terreno para quetomes conta dele?” — Salmo 8:3, 4.
Por´em n
˜ao basta apenas reconhecer que Jeov
´a
criou o Sol, a Lua e as estrelas e a vida na Terra, comtoda a sua infraestrutura. (Neemias 9:6; Salmo 24:2;
Mois´
es se deu conta de quen
˜ao importa quanto tempo
vivamos, s´
o Deus pode darverdadeiro sentido
`a vida
Torne sua vida mais significativa e viva para sempre 187
Isa´ıas 40:26; Jeremias 10:10, 12) Conforme j
´a vimos,
o nome´ımpar de Jeov
´a indica que ele
´e um Deus que
tem um prop´osito e que ele
´e o
´unico que pode reali-
zar sua vontade plenamente.
Isa´ıas escreveu: “Ele, o verdadeiro Deus, o Forma-
dor da terra e Aquele que a fez, Aquele que a esta-beleceu firmemente, que n
˜ao a criou simplesmente
para nada, que a formou mesmo para ser habitada.”Isa
´ıas citou a seguir as palavras de Jeov
´a: “Eu sou
Jeov´a, e n
˜ao h
´a outro.” (Isa
´ıas 45:18) E Paulo mais
tarde disse a respeito de concrist˜aos: “N
´os somos pro-
duto de sua obra e, em uni˜ao com Cristo Jesus, fomos
criados para boas obras.” Um fator central dessas“boas obras”
´e tornar conhecida “a grandemente di-
versificada sabedoria de Deus, segundo [seu] prop´osi-
to eterno”. (Ef´esios 2:10; 3:8-11) N
´os podemos e logica-
mente devemos estar envolvidos com o nosso Criador,esforcando-nos a aprender seu prop
´osito e cooperar
com ele. — Salmo 95:3-6.
Reconhecermos que existe um Criador amorosoque se importa conosco deve motivar-nos
`a ac
˜ao. Por
exemplo, note a relac˜ao entre tal reconhecimento e o
modo como devemos tratar outros. “Quem defrauda ode condic
˜ao humilde tem vituperado Aquele que o fez,
mas aquele que mostra favor ao pobre O est´a glorifi-
cando.” “N˜ao foi um s
´o Deus que nos criou? Por que
´e que agimos traicoeiramente uns para com os ou-tros?” (Prov
´erbios 14:31; Malaquias 2:10) Portanto,
reconhecermos que existe um Criador que se impor-ta deve motivar-nos a ter mais considerac
˜ao para com
outros que Ele criou.
N˜ao estamos sozinhos nisso. O Criador pode aju-
dar-nos. Embora Jeov´a atualmente n
˜ao esteja crian-
188 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
do coisas na Terra, pode-se dizer que ele ainda atuade uma outra maneira. Ele ajuda de forma ativa eprodutiva os humanos que procuram sua orientac
˜ao.
Ap´os ter pecado, Davi pediu: “Cria em mim um cora-
c˜ao puro,
´o Deus, e p
˜oe dentro de mim um esp
´ırito
novo, firme.” (Salmo 51:10; 124:8) E a B´ıblia exorta
os crist˜aos a “p
ˆor de lado a velha personalidade” mol-
dada pelo mundo ao seu redor e a ‘revestir-se da novapersonalidade, que foi criada segundo a vontade deDeus’. (Ef
´esios 4:22-24) Sim, Jeov
´a pode criar um
novo corac˜ao figurativo nas pessoas, ajudando-as a
desenvolver a personalidade que reflete as Suas qua-lidades.
Isso, por´em,
´e apenas o comeco. Precisamos ir mais
a fundo. Paulo disse a certos atenienses instru´ıdos:
‘O Deus que fez o mundo e todas as coisas nele, de-cretou os tempos designados para os homens busca-rem a Deus, se tateassem por ele e realmente o achas-sem, embora, de fato, n
˜ao esteja longe de cada um de
n´os.’ — Atos 17:24-27.
O conhecimento torna a vida significativa
Do que j´a consideramos, torna-se claro que o Cria-
dor forneceu abundantes informac˜oes atrav
´es de sua
criac˜ao f
´ısica e atrav
´es de sua Palavra inspirada, a
B´ıblia. Ele nos incentiva a aumentar em conhecimen-
to e em perspic´acia, at
´e mesmo predizendo o tempo
em que “a terra h´a de encher-se do conhecimento de
Jeov´a assim como as
´aguas cobrem o pr
´oprio mar”.
— Isa´ıas 11:9; 40:13, 14.
N˜ao
´e da vontade do Criador que nossa capacida-
de de aprendizagem e de aprimoramento se limite auma vida de 70 ou 80 anos. Voc
ˆe pode ver isso numa
Torne sua vida mais significativa e viva para sempre 189
das mais famosas declarac˜oes de Jesus: “Deus amou
tanto o mundo, que deu o seu Filho unigˆenito, a fim
de que todo aquele que nele exercer f´e n
˜ao seja des-
tru´ıdo, mas tenha vida eterna.” — Jo
˜ao 3:16.
“Vida eterna”. N˜ao
´e uma fantasia. Muito pelo
contr´ario, o conceito de viver para sempre est
´a em
harmonia com a perspectiva que o Criador colocoudiante de nossos primeiros pais, Ad
˜ao e Eva. Est
´a em
harmonia com os fatos cient´ıficos a respeito da cons-
tituic˜ao e da capacidade de nosso c
´erebro. E est
´a em
harmonia com o que Jesus Cristo ensinou. A vidaeterna para a humanidade era um dos ensinos b
´asi-
cos da mensagem de Jesus. Na´
ultima noite que pas-sou com os ap
´ostolos, ele disse: “Isto significa vida
eterna, que absorvam conhecimento de ti, o´
unicoDeus verdadeiro, e daquele que enviaste, Jesus Cris-to.” — Jo
˜ao 17:3.
Encontrar um significado duradouro na vidaabre possibilidades infind
´aveis
190 Existe um Criador Que Se Importa com Vocˆ
e?
Conforme considerado no cap´ıtulo anterior, a pro-
messa de vida eterna feita por Jesus se tornar´a rea-
lidade aqui mesmo na Terra, para milh˜oes de pes-
soas. Evidentemente, ter essa perspectiva pode darum grande significado
`a vida da pessoa. Envolve de-
senvolver uma relac˜ao com o Criador. Tal relac
˜ao,
mesmo hoje,´e essencial para se ganhar a vida eter-
na. Imagine as perspectivas que tal vida abre paravoc
ˆe: aprender coisas novas, conhecer novos lugares
e ter experiˆencias completamente novas — tudo sem
a limitac˜ao hoje imposta por doencas e morte. (Note
Isa´ıas 40:28.) O que voc
ˆe poderia fazer, ou faria, com
uma vida assim? Vocˆe
´e quem melhor conhece os seus
interesses, os talentos que gostaria de desenvolver eas respostas que procuraria. Poder realizar tais coi-sas tornar
´a sua vida mais significativa!
Paulo tinha raz˜oes s
´olidas para aguardar o tempo
em que ‘a pr´opria criac
˜ao tamb
´em ser
´a libertada da
escravizac˜ao
`a corrupc
˜ao e ter
´a a liberdade gloriosa
dos filhos de Deus’. (Romanos 8:21) Os que alcanca-rem tal liberdade ter
˜ao uma vida realmente signifi-
cativa hoje e para sempre, para a gl´oria de Deus.
— Revelac˜ao (Apocalipse) 4:11.
As Testemunhas de Jeov´a no mundo todo estuda-
ram esse assunto. Est˜ao convictas de que existe um
Criador que se importa com elas e com vocˆe. Elas t
ˆem
o maior prazer de ajudar as pessoas a adquirir o co-nhecimento que lhes permitir
´a ter uma vida real-
mente significativa. Convidamo-lo a considerar esseassunto com elas. Fazer isso tornar
´a sua vida mais
significativa n˜ao s
´o hoje, mas para todo o sempre!
Torne sua vida mais significativa e viva para sempre 191
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