Especial Círio 2008
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BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 1ESPECIAL
A pureza da fése renova com o Círio
ESPECIALVOL. 5, ANO I1 OUTUBRO 2008
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BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL2 BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL
A devoção à Virgem de Nazaré surgiu em Portugal,
em 1182, após o milagre ocorrido com dom
Fuas Roupinho, personagem ilustre da história
portuguesa. O título à Santa, venerado naquele país, é atribuído
ao nome de “Nazaré” por se acreditar que Ela teria sido
esculpida na cidade da Galiléia, onde a Sagrada Família viveu.
Assim, de Nazaré, a imagem de Maria, segundo a lenda, teria
seguido com um monge que fugia dos dominadores romanos,
chegando até São Jerônimo, que a levou para Santo Agostinho.
Por sua vez, este santo a deixou em um mosteiro
espanhol, onde a imagem permaneceu até meados do século
VIII, quando a invasão dos turcos obrigou os monges a
deixarem a região. Com a derrota do rei da Espanha durante
a invasão, a imagem, que estava sob a guarda do abade do
mosteiro, foi levada para território português. Após a morte
do religioso, a imagem de Nossa Senhora, escondida por ele,
cuidadosamente, na localidade conhecida como Sítio do
Monte Siano, somente foi encontrada muitos séculos depois
por pastores, em meio a pedras naquele monte.
A descoberta da imagem se espalharia por toda
aquela região. Dom Fuas Roupinho, líder nas batalhas
portuguesas, passou a visitar com freqüência o pequeno
altar erguido para proteger a imagem de Nossa Senhora.
Imbuído de sua devoção pela Virgem, dom
Roupinho, ao se encontrar na iminência da morte, à beira
de um precipício, enquanto caçava, clamou a proteção de
Nossa Senhora de Nazaré, sendo prontamente socorrido.
Subitamente, seu cavalo estancou, cravando as patas
O socorro prestado a um fiel devoto português deu início à uma história de
forte sentimento filial de milhões de católicos pela Mãe de Deus
e da Humanidade
As origens do Círio de Nazaré
EXPE
DIE
NTE
Especial Círio 2008 - Caderno extra do Jornal Voz de Nazaré Fundador: Pe. Florence Dubois, bta Presidente: Dom Orani João Tempesta, Arcebispo Me-
tropolitano de Belém do Pará Vice-presidente: Dom Carlos Verzeletti, Bispo Diocesano de Castanhal, Pará Diretora administrativo e financeiro: Marluce
Guerreiro Milhomem Diretor de Comunicação: Mário Jorge Alves Jornalista responsável e Edição: Felipe Melo (DRT/PA – 1769) Textos: Vladiana Alves,
Nathana Simões, Amanda Engelke e Felipe Melo Revisão: Felipe Melo e Vladiana Alves Ilustração, Diagramação e Edição de Arte: Henrique Corrêa (DRT/
PA – 1783) Fotos: Luiz Estumano, Ivan Cardoso, João Paraense e Fábio Pina Redação: (91) 4006-9200/ 4006-9238/ 4006-9239/ 4006-9244/ 4006-9245
Impressão: Gráfica Sagrada Família Tiragem: 5 mil exemplares Site: www.fundacaonazare.com.br E-mail: [email protected]
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 3ESPECIAL BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008ESPECIAL
traseiras no chão. A partir de então, o acontecido foi
tido como um milagre feito por Nossa Senhora.
Hoje, os portugueses reúnem-se na igreja matriz de
Nossa Senhora de Nazaré, construída no local onde o milagre
de dom Fuas Roupinho teria acontecido, a fim de prestar suas
homenagens à Mãe de Deus, no dia 14 de setembro.
A DEVOÇÃO NA AMAZÔNIA
O Círio de Nossa Senhora de Nazaré, há mais de 200
anos, transforma a vida do povo paraense. Uma comoção;
algo diferente, que faz com que todos hajam pela força da
fé. Desde o achado da imagem da Virgem Santa, no igarapé,
pelo caboclo Plácido, em 1700, a história dessa grande festa
passa a ser contada.
Ao longo de tantos anos, a Festa da Rainha da
Amazônia, como hoje é conhecido o Círio de Nazaré, não
poderia deixar de sofrer as alterações que vêm com o
tempo. No entanto, a essência, mantendo-se fiel à tradição,
não se altera: a cada ano, mais devotos passam a render
suas homenagens à Mãe de Deus; unindo a família na fé e
devoção, transformando o Círio no que muitos chamam de
“O Natal dos Paraenses”.
Remontando à colonização católica portuguesa
no Pará, após o achado, o caboclo Plácido, em sua própria
casa, constrói um oratório, onde ele e os moradores das re-
dondezas passaram a render devoções a Nossa Senhora de
Nazaré. Os milagres foram surgindo e, com a morte do dono
do pequeno oratório, foi construída uma ermida (pequena
capela) no local, onde hoje está a Basílica San-
tuário de Nazaré, lugar do qual a “imagem
do igarapé” nunca mais saiu.
A primeira procissão do Círio de Nazaré, com a
autorização do Vaticano, em setembro de 1792. Na maioria
das vezes, os fiéis se prolongavam na caminhada, tendo que
acender velas para prosseguir; além disso, em 1800, foi intro-
duzida na procissão um círio (uma grande vela de cera), que,
aceso, guiava o cortejo - daí o por quê do nome da Grande
Festa. Tempos mais tarde, o Círio passaria a ser no segundo
domingo de outubro, pela manhã.
Em 1855, a tradicional berlinda, que abriga a imagem
da Virgem durante a procissão foi incorporada à festa, sendo
puxada por uma junta de bois, com um estilo ainda diferente da
que se utiliza nos dias de hoje, criada em 1964. Naquele mesmo
Círio, a emblemática “corda” surgiria de um fato interessante:
atolada no atual Boulevard Castilho França (a então Rua da
Praia), a berlinda foi rebocada pelos romeiros que a puxavam
com uma corda. Esse que hoje é um símbolo de fé e gratidão
para os devotos de Nossa Senhora foi oficializado na procissão do
Círio de 1885, quando então passa a dar rumo à berlinda da Santa.
Além da corda, outros elementos inclusos ao Círio
foram: o Carro dos Milagres, que lembra a salvação do fi-
dalgo português dom Fuas Roupinho, e serve como abrigo
para as peças, normalmente de cera, oferecidas pelos romei-
ros como agradecimento a graças alcançadas, e o barco que
lembrava a salvação dos náufragos do brigue São João Batista,
que, segundo a história, foram salvos por Nossa Senhora.
No transcorrer dos anos, o trajeto do Círio de
Nazaré mudou bastante. Atualmente, com a Trasladação até
a Catedral de Belém, a procissão, na manhã do segundo
domingo de outubro, sai da igreja-mãe da Arquidiocese em
direção a Basílica Santuário de Nazaré, cumprindo cerca
de 4,5 km de fé, esperança e emoção.
Oração a NossaSenhora de Nazaré
Ó Virgem Imaculada de Nazaré,fostes na terra criatura tão humilde
a ponto de dizer ao Anjo Gabriel: "Eis aqui a escrava do Senhor!"Mas por Deus fostes exaltadae preferida entre todas as mulheres para exercer a sublimemissão de Mãe do Verbo Encarnado.Adoro e louvo o Altíssimo
que vos elevou a esta excelsa dignidade e vos preservou da culpa original.Quanto a mim, soberbo e carregado de pecados,sinto-me confundidoe envergonhado perante Vós.Entretanto, confiado na bondadee ternura do vosso coração imaculado e maternal,peço-vos a força de imitara vossa humildade
e participar da vossa caridadea fim de viver unido, pela graça,ao vosso divino Filho, Jesus,assim como vós vivestesno retiro de Nazaré.Para alcançar essa graça,quero com imenso afeto efilial devoção saudar-voscomo o Arcanjo São Gabriel:"Ave Maria, cheia de graça..."Nossa Senhora de Nazaré,rogai por nós.
ÊXTASE DE PLÁCIDOTotonho Di Salles *
Muitos anos atrás, perdi-do nas brumas do tempo, quando a estória ainda não era História, um ser anônimo e furtivo esguei-rava-se entre as árvores dentro da mata intensa e exuberante, numa tarde quente de calor tropical. Cansado, o caçador agacha-se às margens de um riacho para saciar sua sede e, de repente, uma brisa amena e num farfalhar das folhas abre-se um facho de luz por entre a folhagem densa e ilumina uma pequena imagem. Ele, pasmado vê, era uma santinha com uma criancinha no colo agasalhada em um nicho natural, cercada de flores humildes e puras, quão tão puro era o seu sorriso, parecendo dizer ao caboclo: “Plácido, acolhe-me junto a ti, que eu acolherei não somente a ti, mas a todos os que me acolherem. Eu os acolherei em meu imaculado coração, e ensina-rei o caminho que leva até aquele que mata todas as sedes do mun-do, que é Filho de Deus Altíssimo, o meu amado Filho Jesus.Eu sou a Virgem de Nazaré.”
* O autor também era artista plástico
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL
Que o desejo de paz e de fraternidade, presente durante o Círio de Nazaré, perdure mesmo depois da grande romaria é a vontade do Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Orani João Tempesta. Para ele, o Círio é momento de expressar o espírito missionário do cristão leigo, atuante na sociedade contemporânea.
Um bispo que peregrina
4 BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIALFOTOS: LUIZ ESTUMANO
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 5ESPECIAL
O Círio de Nazaré possui proporções gigantescas
na vida dos paraenses. Qual foi sua primeira impressão quando pode,
de fato, viver essa festa religiosa?
DOM ORANI Para quem está abaixo de Brasília os acontecimentos
do Norte do Brasil não são muitos divulgados. Quando eu vim para
Belém já tinha ouvido falar do Círio, seja por reportagem de jornal ou
alguma missa que era transmitida, nada mais. Creio que, assim como
para mim, todos que vêm do Sul e não conhecem o Círio, o que
mais impressiona, primeiro é o número de pessoas, depois as várias
peregrinações, celebrações e procissões que acontecem nessa época
de Círio, e a devoção, o testemunho e o entusiasmo do povo. Isso
demonstra uma cultura arraigada no coração das pessoas. Ao mesmo
tempo a coragem de um povo que, apesar das mudanças na cultura
do mundo de hoje, e mesmo crescendo a nossa região metropolitana,
o paraense continua com seu coração familiar, buscando essa ligação
com a Mãe Maria e, como Ela, ter no centro de sua vida, Jesus.
Deve haver algum tipo de preparação espiritual
dos devotos para o Círio?
DOM ORANI Todos nós temos a necessidade de nos preparar.
Qualquer festa exige uma preparação, até mesmo um aniversário de
criança em casa exige uma boa preparação. É claro que as pessoas
acabam se preparando pela própria vida, pelos acontecimentos e
pelas expectativa que gera. Mas eu acredito que hoje, em meio a
tantas contradições e pluralismos, e tantas questões ao nosso redor,
além da preparação espontânea, é importante realizar uma preparação
um pouco mais profunda como a que é feita no mês de setembro com
as reflexões, com o aprofundamento da nossa fé e do tema do Círio. Essa
é uma forma de se preparar para a grande festa.
Sobre o tema do Círio 2008, "Em Belém de Maria,
escolhemos a vida como missão". Por que ele foi escolhido?
DOM ORANI Os temas do Círio são escolhidos de acordo com
um tema do ano. Nesse ano, temos a Campanha da Fraternidade, que
tem o lema "Escolhe, pois, a vida". Estivemos em Quito, no Equador, e
lá, no 3º Congresso Missionário Americano, falamos da missão de todo
católico e o sentido permanente. Juntamos os dois temas de missão e
vida. Já que nossa missão é anunciar a vida que antes de mais nada é
Jesus, 'caminho, verdade e vida', não somente essa vida, mas também essa
vida que vai desde o nascer, passa pela juventude e chega à pessoa idosa.
Nosso pensamento é que todos tenham vida em plenitude.
A Igreja possui um trabalho atuante na vida dos
cristãos. Qual a sua maior preocupação com relação a missão deles?
DOM ORANI A grande missão do cristão leigo é ser a presença
de Deus na sociedade e testemunhar Jesus na sociedade e construir
uma vida mais justa, em que esse cristão deverá não impor suas
opiniões religiosas, mas levar as suas preocupações a todos. Estar de
forma efetiva como cristão é ser mais um fermento no meio da massa
que ajuda transformar o mundo. Acredito que o que vivenciamos hoje
de ruim está ligado a essa falta do sentido de ser cristão. Creio que
hoje as pessoas estão cada vez mais presentes na Igreja, seja como
catequista, seja como missionário em pastorais, mas ainda falta essa
presença na sociedade. De não se conformar com que está sendo
pregado no mundo, onde não se respeita a vida e tem o dinheiro como
centro de tudo. O cristão leigo é chamado a fazer a diferença, pois é
ele quem pode modificar o mundo.
E o que o senhor deseja aos paraenses que vão
viver mais um Círio de Nazaré?
DOM ORANI Quando terminam as férias de julho, as pessoas já
se voltam para o grande acontecimento do Círio. Em setembro, o
clima começa a transformar a cidade para o segundo domingo de
outubro, marcado por essa experiência, que não se descreve, mas se
vive. A todas as pessoas que vêm para o Círio, desejo que vejam que é
possível caminhar juntos, sem medo um do outro e testemunhar uma
cultura sadia. Espero também que se reforce os valores humanos e a
expectativa de estarmos sempre juntos em um mundo mais fraterno
e cristão. Quero, neste ano, estar novamente como peregrino e pedir
a Nossa Senhora de Nazaré que os projetos individuais de seus filhos
sejam alcançados.
"O paraense continua com seu coração familiar, buscando essa ligação com a Mãe Maria e, como Ela, ter no centro de sua vida, Jesus"
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008ESPECIAL
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIALBELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 20086 ESPECIAL
O "sim" da jovem Maria, que viveu em Nazaré, na Galiléia, cooperou com a realização dos planos de salvação do Senhor e mudou os rumos da história do mundo
de coragem e convicçãoMulher
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 7ESPECIAL
Cada um tem um modo especial e particular
de lembrar ou anunciar seu nome, "Nossa
Senhora, Mãe Maria, Rainha, Mãezinha".
Muitos são os argumentos para tentar explicar
o carinho e respeito dos cristãos, com base em
expressões culturais e religiosas. A única certeza
mesmo é que às vésperas do Círio a importância de
Nossa Senhora na vida dos cristãos fica mais evidente.
Para o patrólogo, padre André Telles, falar da
presença de Maria na vida dos cristãos é o mesmo
que lembrar de uma tradição de mais de 2.000 anos
na Igreja. "Quando as primeiras comunidades cristãs
sentiram a necessidade de deixar escrito aquilo que
Jesus realizou, fez com que Maria, João Batista e os
Apóstolos tivessem páginas importantes dentro do
Evangelho. Principalmente em Lucas, e também em
Mateus, que enfatizam bem a vida de Maria", explica.
"Em Lucas, com a frase de Nossa Senhora da
Anunciação, que diz: "eis aqui a serva do Senhor, faça-
se em mim a tua palavra" , é uma das mais magníficas
de Maria. Então, apesar do centro ser Jesus, existem
alguns personagens que possuem uma presença
fundamental na comunidade. "A figura Dela tem
páginas significativas no Evangelho que demonstram
sua importância", afirma padre André.
O presbítero fala ainda que a história de vida
de Maria deve servir de exemplo à sociedade, no que diz
respeito à experiência de ser mãe, na geração e educação
dos filhos. "Ela ficou grávida quando já era prometida
a José. Mesmo assim, com paciência, Ela assumiu a
responsabilidade e os perigos que representava na época
aquela maternidade. José poderia tê-la denunciado. Ela,
certamente, nas leis mosaicas, teria sido apedrejada".
Em meio a tantas discussões atuais sobre a
legalização do aborto, as decisões tomadas por Maria
podem expressar a consciência sobre a maternidade,
segundo o padre. "Ela não teve um lugar para dar
à luz o filho. Jesus nasceu em um estábulo, essa foi
uma das dificuldades, depois fugiu para o Egito e fez o
que pôde para salvar a vida do filho. Essa é um outra
lição que Ela deixa às mães, e às jovens mães: que não
abandonem os filhos", afirma o patrólogo.
"A figura Dela tem páginas significativas no Evangelho que demonstram sua importância"
A expressão grega "Theotokos" significa "Mãe de Deus" . Criado em virtude da promulgação do "Primeiro Dogma", o título foi o protagonista de uma série de disputas e discussões sobre a natureza Mariana. Segundo ele, Maria, a mãe de Jesus não só concebera o primogênito segundo a intervenção divina como também concebera ao próprio Deus encarnado sob a forma humana.Este título foi dado pela Igreja Cristã primordial no Concílio de Éfeso em 431. O significado teológico naquele momento foi enfatizar que o filho de Maria, Jesus era completamente, em essência, Deus e também completamente humano, e que as duas naturezas (humana e divina) estavam unidas numa só pessoa na Santíssima Trindade.
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BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL
Apesar do Círio de Nossa Senhora de
Nazaré iniciar oficialmente no mês de
outubro, os preparativos para a maior
festa religiosa do país começam cedo. Assim que
é escolhido o tema do Círio, quase com um ano
de antecedência.
Segundo o diretor-coordenador da
Festa, o bancário José Ventura, que pelo segundo
ano consecutivo está à frente dessa missão, 2008
reserva um Círio diferente. "Estou percebendo
o retorno das pessoas à Igreja, então acredito
que este será um grande Círio", diz.
A Diretoria da Festa do Círio, a cada
ano, é responsável pela organização das 11
romarias oficiais em todos os aspectos, como
logística, segurança, animação e, principalmente,
evangelização. Para desenvolver melhor esse
trabalho os diretores elaboram um plano de
metas para ser cumprido durante o ano e um
roteiro para os dias de romaria.
Para Ventura, a maior preocupação é com a
evangelização. "O foco central do Círio é evangelizar
em nome de Cristo, tocar o coração das pessoas e
sensibilizá-las com o amor de Maria. Nosso trabalho
tem que ser voltado para isso", afirma.
Mas para que o objetivo da Festa seja
alcançado é necessário tomar providências
sérias com a segurança dos fiéis. No ano passado,
um dos problemas enfrentados foi a falta de
vias de acesso ao longo da Avenida Nazaré, que
causou transtornos à população e dificultou o
encaminhamento da procissão. "Graças a Nossa
Senhora não tivemos problemas graves por
causa da interdição dessas travessas de acesso,
mas precisamos ficar atentos para que nada saía
da normalidade e, caso precise delas, as pessoas
possam transitar livremente", explica.
Como o volume de fiéis aumenta a cada
ano, a preocupação cresce na mesma proporção.
"O percurso é o mesmo, mas o número de
pessoas não é. Para que a procissão flua bem é
preciso pensar em algumas medidas. Nossa idéia
não é estabelecer horários para o Círio, apenas
fazer com que ele aconteça bem".
Na composição atual a Diretoria da Festa
do Círio é organizada em oito divisões, cada uma
responsável por um ponto da festa. Para José Ventura,
organizar o Círio não é uma tarefa fácil, "mas nos
sentimos realizados quando a romaria chega ao
Santuário e vemos as pessoas emocionadas. É uma
grande satisfação fazer parte disso".
Uma tarefa nada fácil em nome do amor
Organizar a maior festa religiosa do Brasil é um trabalho árduo, mas, ao mesmo tempo, desempenhado com alegria e zelo pela Igreja
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 20088 ESPECIAL
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 9ESPECIAL
Estou vivo, com certeza, por intercessão de
Nossa Senhora que guiou as mãos do médico
que extraiu um tumor de meu cérebro", declara
o devoto Albino Cruz. Assim como o dele, são inúmeros
os relatos de confiança na Mãe de Jesus. A procissão
do Círio de Nazaré reúne centenas de milhares de
pessoas que expressam sua fé, sua devoção e seu amor.
A professora Maria Cristina Hoertz fez uma
promessa à Virgem de Nazaré logo que chegou à
capital paraense,10 anos atrás. Sua filha havia nascido
com uma doença cardíaca e precisava fazer uma
operação de risco. Logo Cristina pediu a proteção
de Nossa Senhora e teve certeza que Ela abençoaria
sua filha. "Maria não falha no seu carinho de mãe para
conosco. Tenho certeza que minha filha foi curada
graças a Ela", declara a devota que, daquele ano em
diante, sempre acompanha a procissão.
Já a dona-de-casa Júlia Soares, este ano, vai acompanhar
a procissão na corda, pois conseguiu dar entrada na
compra da casa própria. "Acho que todos temos o
sonho de ter nossa própria casa, mas a situação para
a maioria da população é difícil. Maria me deu muita
força nessa luta e acompanhar o Círio na corda, não é
nada perto do que Ela merece", afirma.
Filhos confiam em Sua MãeCírio de Nazaré registra infindáveis casos da intercessão de
Nossa Senhora a Deus, por causas esperançosasde milhões de fiéis que simplesmente crêem
"
"Maria não falha no seu
carinho de mãe para conosco"
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 9FOTO: FÁBIO PINA
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL , SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 200810 ESPECIAL
Quilômetros percorridos com fé
Traslado para AnanindeuaNa sexta-feira, antevéspera do Círio de Nazaré,
às 12h, a imagem peregrina é levada até a igreja
de Nossa Senhora das Graças, em Ananindeua,
num percurso de 55 km, com a inclusão,
este ano, do bairro do Icuí. Esse traslado
é realizado desde 1992. No trajeto, a
imagem da Virgem é conduzida em
carro aberto, saudada por mais
de um milhão de pessoas. As
homenagens são diversas como
chuvas de papel picado, pétalas
de rosas, cânticos e fogos de
artifício. No início da noite,
a imagem da Santa chega
a Ananindeua, onde é
recebida por uma
multidão de fiéis.
Romaria RodoviáriaPor volta de 5h do sábado, o Arcebispo de
Belém, Dom Orani João Tempesta, preside uma
missa na igreja de Nossa Senhora das Graças,
em Ananindeua. Logo após, a imagem da Nossa
Senhora de Nazaré é colocada no alto de uma
caminhonete. A cortejo segue pela BR-316 rumo
ao distrito de Icoaraci, em Belém, e de lá sai a
tradicional Romaria Fluvial. Todo ano, carros da
Polícia Rodoviária Federal, centenas de outros
veículos e devotos percorrem o trajeto.
Em Belém, o carinho dos filhos
da Virgem Maria não se resume
somente ao segundo domingo
de outubro. Momentos antes do dia da Grande
Procissão até o final do mês, os fiéis participam
de manifestações públicas de sua veneração à
Mãe do Salvador e da Humanidade.
Além do Domingo do Círio, milhares de pessoas
vão às ruas para fazer suas homenagens em
outros momentos que embelezam de fé
e amor o sentimento filial por Maria de
Nazaré.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 11ESPECIAL BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 11ESPECIAL
Quilômetros percorridos com fé
Romaria FluvialSaindo do trapiche de Icoaraci, na mesma manhã
de sábado, por volta das 9h, a imagem da Nossa
Senhora de Nazaré é levada por um navio,
enfeitado com flores, balões e fitas coloridas. A
embarcação segue pela Baía do Guajará, seguida
por centenas de outros barcos.
Criada em 1986, a primeira Romaria Fluvial
foi acompanhada por 30 embarcações. Hoje,
esse número aumentou, chegando a mais de
400 barcos.
O percurso dura, em média, cinco horas. Durante
todo trajeto, fiéis, religiosos, jornalistas, políticos,
estudantes e ribeirinhos acompanham a romaria.
Carinhosamente chamada de “O Círio das
Águas”, a homenagem saúda Nossa Senhora até
a Escadinha do Cais do Porto, em Belém.
Romaria dos MotociclistasApós a chegada ao cais, por volta das 11h, a
imagem é colocada em um carro aberto para
então ser conduzida pelos motoqueiros até o
Colégio Gentil Bittencourt.
A Romaria dos Motociclistas, criada em 1990,
segue por um trajeto de aproximadamente 4
km, que é feito em cerca de 20 minutos.
Ao longo do percurso são muitas as homenagens
à Nossa Senhora. As fachadas dos prédios são
enfeitadas e a Santíssima é venerada com balões,
rosas e chuva de papel picado.
Após a sua chegada ao colégio, uma cerimônia
litúrgica marca a descida da imagem original,
encontrada por Plácido, do Glória, na Basílica
Santuário. A celebração é acompanhada por
milhares de fiéis. Foi em 1969, que o vigário de
Nazaré, padre Miguel Giambelli, decidiu descer
a imagem do Glória para ficar no presbitério da
Basílica, mais perto do povo.
TrasladaçãoRealizada na noite de sábado, com início às 18h, a
Trasladação leva a imagem peregrina do Colégio
Gentil Bittencourt até a Catedral de Belém, de
onde sai a Grande Procissão, no domingo.
Desde 1988, a Trasladação sai do Colégio Gentil,
fazendo o mesmo trajeto da procissão do Círio,
só que em sentido inverso. E, diferente do Círio,
em que carros de promessas acompanham a
procissão, na Trasladação apenas a berlinda é
conduzida pelos devotos.
Ao longo de todo o trajeto, milhares de pessoas
se aglomeram nas ruas para ver a passagem
noturna da Berlinda da Senhora de Nazaré.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL
Romaria dos CiclistasEssa é a romaria mais recente do Círio que este
ano ocorre no dia 25 de outubro. Os ciclistas,
em duas horas e meia de percurso, sairão da
Praça Santuário de Nazaré por volta de 8h de
sábado. A procissão passará pelas paróquias
dos Capuchinhos, São Miguel, São Judas Tadeu,
Santa Teresinha, Santo Antônio de Lisboa, entre
outras. A previsão de chegada é às 10h30 na
Praça Santuário.
Romaria da JuventudeNo dia 25 de outubro, quase sete mil jovens
são esperados para refletir sobre Maria em uma
procissão de duas horas de duração. A romaria
da Juventude sairá da paróquia São Pedro e São
Paulo, localizada no bairro do Guamá, às 16h30.
A previsão de chegada à Praça Santuário de
Nazaré é às 18h45.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 200812 ESPECIAL
Círio de NazaréNo segundo domingo de outubro, a procissão
sai da Catedral de Belém e segue até a Praça
Santuário de Nazaré, onde a imagem da Virgem
fica exposta para veneração dos fiéis durante
15 dias. O percurso é de 4,5 km e já chegou a
ser percorrido em nove horas e quinze minutos,
como ocorreu em 2004, no mais longo Círio
de toda a história. Realizado em Belém do
Pará há 216 anos, reúne cerca de dois milhões
de romeiros. É conhecida como a maior
manifestação católica do Brasil.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 13ESPECIAL
Romaria das CriançasNo primeiro domingo depois do Círio, às
7h30, os pequenos fiéis saem em procissão
percorrendo as ruas do bairro de Nazaré,
cantando e rezando, acompanhados por um
carro-som e fogos de artifícios ao longo do
trajeto. Antes, as crianças só eram vistas na
Grande Procissão, nos carros dos anjos, ou, no
colo dos pais, no entanto, foi em 1990, que os
pequeninos ganharam uma procissão só para
eles. O trajeto é curto, apenas 1,8 km, e dura,
em média, uma hora e meia. Ao final, as crianças
ainda têm o direito de beijar a imagem da
“Mamãe do Céu”.
RecírioNa manhã da segunda-feira, após o encerramento
da Festa, a imagem original da Virgem de Nazaré
retorna ao Glória, a partir das 6h. A subida da
imagem é realizada no presbitério da Basílica
desde 1969 e a estatueta permanece ali até o
próximo Círio.
Logo após a subida, acontece a celebração da missa
do recírio, às 6h30. Na Praça Santuário, por volta
das 7h30, sai uma procissão, com curto percurso,
de pouco mais de 200 metros conduzindo a
imagem peregrina da Virgem padroeira, até a
capela do Colégio Gentil Bittencourt.
Antigamente, o recírio era realizado no domingo à
tarde. Em 1859, ainda conhecido como “Último Ato
da Festividade Nazarena”, ao chegar à praça em
frente ao Palácio do Governo, a missa era celebrada,
e lá acontecia a queima de fogos de artifício.
Procissão da Festa No último domingo de outubro, às 8h30, sai
da Praça Santuário, uma procissão organizada
pelas sete comunidades paroquiais da
Basílica Santuário de Nazaré, num trajeto de
aproximadamente 2,5 km. O primeiro registro
dessa procissão é do ano de 1881.
Por volta das 20h, é celebrada a missa campal, de
encerramento da festa do Círio de Nazaré. Uma
missa começou a ser realizada em 1982, com a
inauguração da Praça Santuário, em frente à Basílica
de Nazaré. Logo após a celebração, na Barraca da
Santa, os diretores da Festa recebem diplomas
e medalhas em cerimônia simples. Por volta de
meia-noite, acontece um show pirotécnico, que
marca o final da quadra nazarena.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 13ESPECIAL
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BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL
Acolher o irmão que chega a Belém"Casa de Plácido" será centro para repouso e atendimento de romeiros que vêm de longe
Os romeiros de diversas cidades e Estados que
vêm a Belém para prestar sua homenagem
à Nossa Senhora de Nazaré durante a
festividade do Círio vão ganhar a primeira casa de acolhida
com a estrutura necessária para receber quem precisa de
acolhimento e atendimento ambulatorial.
Trata-se da Casa de Plácido, que terá 20 banheiros,
amplo salão para descanso, refeitório, enfermaria
e ambulatório. De acordo com Regina Ventura, da
organização do projeto, a previsão é que a Casa de
Plácido seja inaugurada oficialmente somente em maio
de 2009, mas neste ano já será possível receber os
romeiros que chegarem à cidade.
A Casa de Plácido terá mais de 1,2 mil metros
quadrados e está sendo construída no subsolo do
Centro Social de Nazaré, com acesso para a Estação
dos Carros e para a Loja Lírio Mimoso.
Padre José Ramos, reitor da Basílica Santuário,
explica que a construção conta com a doação de
fiéis e que é um projeto antigo.
"A idéia surgiu da necessidade que sentimos
de, a cada ano, receber os peregrinos de Nossa
Senhora de Nazaré que chegam na época do Círio.
Para se ter uma idéia, só em 2007, um total de
mais de 15 mil romeiros vieram caminhando dos
municípios do interior do Pará, no período que
compreende as semanas anterior e posterior ao
Círio", explica.
A Casa começou a ser construída no
início de julho. Regina Ventura conta que estão
sendo feitas as instalações elétricas e tubulações.
A intenção é que ao menos os banheiros e o
ambulatório estejam prontos este mês, na
semana em que os romeiros e promesseiros
começam a chegar.
Cerca de 200 pessoas estão sendo
preparadas para receber os romeiros. São
todos paroquianos voluntários, ou pessoas
de outros bairros, que querem oferecer sua
ajuda. Quem quiser conhecer mais sobre o
trabalho e contribuir com o projeto pode
entrar em contato pelo telefone 3202-
4888 e falar com Regina Ventura ou
padre José Ramos.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 200814
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 15ESPECIAL BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 15ESPECIAL
Desde 2002 desativada devido longa reforma, a Igreja da Sé, no centro histórico da cidade, continuará fechada, sem abrigar a missa de abertura da Grande Procissão
Mais um Círio
A Catedral Metropolitana de Belém
ainda não ficará pronta para ser
reaberta até o Círio 2008. A previsão
é que a saída do Círio de Nazaré deste ano
ocorra como nos anos anteriores: um palco será
montado em frente a igreja para a celebração da
Santa Missa e após a cerimônia será dado início
a procissão do Círio.
De acordo com o chanceler da Cúria
Metropolitana de Belém, padre Ronaldo
Meneses, até o final do ano a previsão é que
apenas a parte de engenharia do templo
esteja pronta. "Mas, a Catedral não estará
pronta completamente, ainda falta muito",
diz padre Ronaldo, sem precisar quando a
reforma ficará concluída.
Atualmente, as celebrações da
Arquidiocese de Belém estão sendo realizadas
na Igreja do Carmo, co-Catedral de Belém.
Dentre os trabalhos que estão
sendo feitos está a revitalização das pinturas
externas e internas do templo, recuperação
do telhado, do piso e outros serviços.
O orçamento para a reforma da
Catedral é de mais de R$ 11 milhões. A
reforma da Igreja da Sé começou em 2002. A
previsão é de que apenas em 2009 ela esteja
completamente concluída.
A Catedral Metropolitana de Belém é
imóvel tombado pelo Insituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Por se
localizar no centro histórico de Belém, também
é obra tombada pela Prefeitura. Ela foi a primeira
capela dedicada ao culto católico na capital e foi
construída no Forte do Presépio, em 1616. Em
13 de novembro de 1720, com a constituição
do Bispado do Pará, a matriz (até então igreja
de Nossa Senhora da Graça) ganhou os direitos
e honras de Sé Episcopal. Foi o rei de Portugal,
Dom João V, quem ordenou que no mesmo
local fosse erguida uma catedral, com muita
magnificência e grandeza.
As primeiras obras da igreja iniciaram em 1748
e foram concluídas em 1782, depois de quase
40 anos de lançamento da pedra fundamental.
O arquiteto italiano Antônio José Landi, um dos
maiores nomes da arquitetura, deu os retoques
finais à obra, colocando as torres, o frontão e
parte da decoração interna.
Entre as belezas da Sé destacam-se as
pinturas na abóbada e telas dos artistas italianos
Domenico de Angelis e Giusepe Capranesi,
produzidas no século XIX, durante uma ampla
reforma. Outro destaque é o grande órgão
Cavaillé-Coll, inaugurado em primeira audição
em 1882 pelos organeiros e organistas franceses,
Veerckamp e Moor.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL
A imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré éconduzida a diversos locais levando acalanto por onde passa
A Rainha visitaseus súditos
A Diretoria da Festa de Nazaré cumpre todos os
anos uma extensa agenda de visitas com a imagem
peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. Este ano, a
peregrinação começou no mês de julho e já foram visitados
diversos locais como escolas, órgãos públicos e privados, e
outras instituições. Diversos municípios também recebem
a imagem para veneração e louvor.
De acordo com o secretário executivo da
Diretoria da Festa, Mário Jorge Alves, em 2007, houve um
acréscimo de 32% na participação dos fiéis durante as
visitas, em comparação ao ano anterior. “Estamos muito
felizes com o crescimento da participação. Percebemos
que mais pessoas estão acompanhando e o número cresce
a cada ano. Infelizmente não temos como atender todas
as demandas para levar a imagem peregrina, mas estamos
atendendo todos os pedidos na medida do possível, pois em
cada visita demanda deslocar um certo número de pessoas
como diretores e guardas da Santa também”.
Abaetetuba, no nordeste do Pará, foi uma das
cidades que já recebeu a visita da imagem e mostrou que
é local de grande devoção mariana. Nossa Senhora foi
recebida com grande festa por Dom Flávio Giovenalle,
bispo de Abaetetuba, na igreja de Cristo Redentor, logo
na entrada da cidade. As ruas estavam todas decoradas
com balões e pequenos altares em frente às casas e aos
comércios. Promesseiros, devotos e curiosos chegavam de
todos os cantos para ver de perto a mesma imagem que
é seguida pelos devotos no segundo domingo de outubro,
em Belém. No local, houve uma pequena celebração,
encenações sobre a vida de Nossa Senhora e orações.
"Estamos muito felizes com o
crescimento da participação das
pessoas"
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 200816 ESPECIAL
FOTO: JOÃO PARAENSE
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 17ESPECIAL
"Quem traz na pele essa marca, possui a estranha mania de ter fé na Vida...", afirmam os versos da canção que homenageia a mulher que luta, que tem sonhos, graça, esperança e vê a Mãe Santíssima como uma referência para a caminhada
Eu me chamo Maria...
“Acredito que meu amor por Nossa Senhora veio da grande devoção de
minha mãe, que desde o nascimento de suas filhas
homenageou-A, dando os nomes de Maria da
Graça, Maria do Socorro e Maria de Fátima. Temos Maria como exemplo
de vida, pois Ela sempre foi crente em Deus sem
duvidar em nada. Rezamos todos os dias o terço de Nossa Senhora. Se as pessoas soubessem
o poder desta oração, rezariam todas as horas em pedidos e agradecimentos.”Maria da Graça Arraes - 53 anos
“Maria é nossa mãe modelo, mãe de todos nós. Acredito que Ela seja nossa maior intercessora. Sempre que vejo
passar a berlinda conduzindo-a, em me emociono muito, pois o carinho que tenho por Maria é muito
grande. Ela, com certeza, é minha fonte de inspiração como modelo de vida, através da sua Santidade.”
Maria de Nazaré Rodrigues - 70 anos
“Tenho um carinho sublime e muita confiança Nela. A presença de
Maria é constante na minha vida, principalmente, após alcançar a graça da cura de um câncer, através das
promessas que fiz à Maria. A fé é que me faz ter força para sobreviver. Nela posso enxergar o amor, a paz e a
força para seguir minha caminhada”.Maria do Socorro Araújo Couto - 41 anos
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 17ESPECIAL
“Eu e todos os meus irmãos fomos criados em um ambiente de devoção à Nossa
Senhora, pois minha mãe era bastante devota e sempre
nos transmitiu muita fé. Minhas irmãs, por
exemplo, todas têm também, seus nomes em homenagem à Maria. Ela,
para mim, é nosso maior modelo de mulher, pois viveu
plenamente a entrega aos planos de Deus.”
Maria de Belém Menezes - 82 anos
“Meu carinho por Maria é
infinito! Ela é a Mãe de Jesus e Mãe nossa. Ela é quem está sempre intercedendo por nós. Digo até que esse tanto
de amor não tem explicação. Tenho-a como exemplo de mãe e esposa para a minha vida e A sigo na minha devoção, na minha fé. Maria é a
minha fonte de inspiração.”Maria José Fonseca - 56 anos
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL
Ninguém sabe ao certo como se iniciou a confeccção dos brinquedos de miriti, que fazem parte da Festa do Círio. Também não há quem resista ao encanto da graciosidade das peças que retratam a realidade amazônica. E tudo isso pode ser visto numa feira especial.
Tradição colorida
A tradicional Feira de Brinquedos de Miriti,
que ocorre todos os anos em Belém,
por ocasião da festividade do Círio de
Nossa Senhora de Nazaré, foi aberta no dia 8 de
outubro, às 18h, na Praça Waldemar Henrique.
O miriti (palmeira típica nas áreas de
várzea da Amazônia) é matéria-prima para os
típicos brinquedos, leves e coloridos, vendidos
no dia do Círio.
De acordo com Amadeu Gonçalves,
que faz arte em miriti há 25 anos, e há dois é
presidente da Associação dos Produtores de
Miriti de Abaetetuba (ASAMAP), este ano a
Feira conta com a participação de diversos
expositores distribuídos em 80 estandes. Cada
estande tem ainda cerca de quatro expositores,
com girândolas, iguais àquelas usadas pelos
vendedores nos dias das romarias do Círio.
Foram trazidas a Belém cerca de 35
mil artigos de miriti, entre brinquedos e de
decoração. "Vamos vender e colorir o nosso
Círio de Nossa Senhora de Nazaré", diz Amadeu.
As novidades deste ano ficarão a cargo de cada
expositor que participará da Feira. "Todos os
anos a nossa mobilização é muito grande e com
certeza cada artista trará coisas novas e belas
para o público de Belém e de todo o mundo",
garante Amadeu.
A Feira ficará aberta de 8 a 11 de
outubro, sempre a partir das 16h. A coordenação
espera superar os números do ano passado,
quando 25 mil pessoas participaram da Feira e
mais de 30 mil peças de miriti foram vendidas.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 200818 ESPECIAL
FOTOS: FÁBIO PINA E JOÃOPARAENSE
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 19ESPECIAL
O almoço do Círio é reunião indispensável da família paraense em torno da Paz, da alegria e da ação de graças a Deus
Momentos de fraternidade
Um dos momentos mais marcantes
do segundo domingo de outubro é o
tradicional almoço do Círio, quando, após
a procissão, as famílias e as pessoas que passaram
horas percorrendo com Maria Santíssima o centro
da cidade, encontram-se, ao voltar às suas casas, para
celebrar a felicidade. Esse momento, mais do que um
almoço comum, reproduz a experiência vivida na
procissão e reúne os integrantes familiares, amigos e
hóspedes para confraternizar em nome da fé.
Segundo a jornalista aposentada Terezinha
de Jesus Santanna, esse é um dos momentos mais
importantes para a sua família. "O Círio é, com certeza,
um momento de grande fé do povo paraense e não só
aproxima as famílias, como as une. Na minha família,
por exemplo, cada filho tem sua vida e suas ocupações.
O almoço já é um encontro tradicional, pois
é quando nos encontramos em nome da fé e
confraternizamos", declara Terezinha.
Existe também, neste momento de
confraternização, uma espécie de reconhecimento
social de que a comida deve contemplar a importância
de uma ceia de Natal, por exemplo. Entretanto, para
os fiéis, o que importa realmente é o caráter especial,
em que neste almoço, como na Festa de Nazaré em
geral, surge com força a propensão ao perdão e a
reconciliação em nome da fé.
"É quando nós, povo mariano, celebramos
nossa Mãe Altíssima. Vivemos nesta hora, um
momento da paz de Maria em nossos lares. Toda a
cidade parece compartilhar do mesmo momento, da
mesma paz", conclui Terezinha.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008ESPECIAL
Camarão à paraense
Ingredientes (para 4 pessoas)
• 1 kg de camarão rosa sem casca• 2 limões• Cheiro-verde• 1 vidro de leite de coco• 3 colheres de sobremesa de farinha de trigo• Cebola• Sal a gosto• Pimenta-do-reino preta• Pimenta de cheiro• Azeite a gosto• 2 tabletes de caldo de peixe com leite de coco• Parmesão ralado• 500 gramas de espaguete cozido
Modo de preparo
Temperar o camarão com sal e suco de limão. Acrescente pimenta-do-re-ino moída e deixe marinar. Enquanto isso, cozinhar a massa com azeite e uma pitada de sal. Prepare o camarão, refogando em azeite de oliva e a cebola picada até ficar levemente dourada. Depois, cozinhe em fogo baixo, criando cal-do. Posteriormente, acrescente o leite de coco, e os cubos de caldo de peixe e coco, deixe cozinhar por 20 minutos em fogo baixo. Por último, Acrescente cheiro-verde picadinho e a pimenta-de-cheiro a gosto. Co-zinhe um pouco mais e acrescente farinha de trigo diluída em água, mexendo até engrossar. Com a massa já pronta e escorrida, monte o prato em uma travessa: uma camada de massa seguida de uma de camarão e assim suces-sivamente. Termine com o cama-rão. Acrescente o queijo ralado e leve ao forno até derreter o
queijo. Bom apetite!
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2008 ESPECIAL
Extensão daalegria no Arraial
Desde a construção
da Praça Santuário,
em 1981, o Arraial de
Nazaré tornou-se e popularizou-
se como um programa quase
intrínseco aos 15 dias da "Quadra
de Nazarena".
Por ser um programa tradicional
das famílias dos paraenses propicia
momentos de descontração e lazer
às crianças e adultos, todos os anos.
Nesse sentido, passar pelo Arraial
faz parte da festa.
O arraial funciona com lanchonetes,
barracas, parque de diversões, venda
de comidas típicas e regionais,
além do grande movimento de
pessoas que circulam pelo largo
de Nazaré o dia inteiro. Nesse
período, é comum ver grupos de
amigos e pais levando seus filhos
ao parque, transformando esses
dias em momentos agradáveis
de convivência e diversão em
família que ficarão gravados para
sempre na memória das crianças
e dos jovens, devotos de Nossa
Senhora.
BELÉM, SEXTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 200820 ESPECIAL