SANTOS, Elizangela Maria Dos - A Marginalidade Na Performática Literatura Contemporânea
Elizangela F. de Lima
Transcript of Elizangela F. de Lima
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DME
CAMPUS DE JI-PARANÁ
ELIZANGELA FERREIRA DE LIMA
OS BENEFÍCIOS DAS MINHOCAS PARA O MEIO AMBIENTE E
SUA REPRODUÇÃO COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO
DE CONCEITOS MATEMÁTICOS
Ji-Paraná
2013
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DME
CAMPUS DE JI-PARANÁ
ELIZANGELA FERREIRA DE LIMA
OS BENEFÍCIOS DAS MINHOCAS PARA O MEIO AMBIENTE E
SUA REPRODUÇÃO COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO
DE CONCEITOS MATEMÁTICOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de Matemática e
Estatística, da Universidade Federal de Rondônia,
Campus de Ji-Paraná, como um dos requisitos
para obtenção do título de Licenciatura em
Matemática sob a orientação do Professor Dr.
Ariveltom Cosme da Silva.
Ji-Paraná
2013
Lima, Elizangela Ferreira de
L
732b
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013
Os benefícios das minhocas para o meio ambiente e sua
reprodução como recurso didático para o ensino de conceitos
matemáticos / Elizangela Ferreira de Lima; orientador, Ariveltom
Cosme da Silva. -- Ji-Paraná, 2013
38 f. : 30cm
Trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Matemática. –
Universidade Federal de Rondônia, 2013
Inclui referências
1. Matemática. 2. Ensino de matemática. 3. Modelagem
matemática. 4. Matemática e meio ambiente. 5. Minhocultura
(Matemática). I. Silva, Ariveltom Cosme da. II. Universidade Federal
de Rondônia. III. Titulo
CDU 51:502.11
Bibliotecária: Marlene da Silva Modesto Deguchi CRB 11/ 601
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ELIZANGELA FERREIRA DE LIMA
OS BENEFÍCIOS DAS MINHOCAS PARA O MEIO AMBIENTE E
SUA REPRODUÇÃO COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO
DE CONCEITOS MATEMÁTICOS
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado como parte dos requisitos
para obtenção do título de Licenciada em Matemática e teve o parecer final como aprovado,
no dia 20 de Janeiro de 2014, pelo Departamento de Matemática e Estatística, da
Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná.
Banca Examinadora
_______________________________________
Prof. Ms. Marlos Gomes Albuquerque
1º Membro – DME/UNIR
________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Jose Souza da Silva
2º Membro – DME/UNIR
___________________________________________
Prof. Dr. Ariveltom Cosme Silva
Orientador – DME/UNIR
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DEDICATÓRIA
À DEUS, PRIMEIRAMENTE,
Por ter me dado forças para superar os
obstáculos vivenciados durante a caminhada rumo ao fim
do curso.
À MINHA FILHA,
Priscila F. de L. dos Prazeres, que foi uma
das fontes de inspiração para que eu chegasse ao início e
término deste curso, minha única filha que durante os
obstáculos difíceis eu pensava em vencer para lhe dar
orgulho, pois assim como os filhos querem ser um orgulho
para os pais, assim eu também queria ser um orgulho para
minha filha.
À MEU NETO,
Rafael Ferreira Schweigert, um precioso
presente de Deus que também me alegrou nos momentos
tristes e me fez seguir nesta caminhada para que um dia
ele pudesse dizer: “Minha vó é professora!”, palavra que
eu esperava ouvir e que Deus já me proporcionou a
oportunidade de ouvi-la.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela força que me proporcionou para chegar até este momento que é
o final de uma batalha, por ter colocado as pessoas certas nos momentos certos de minha vida
que fizeram a diferença para que eu me mantivesse firme e em pé nesta caminhada.
À minha mãe, Gessi Antunes de Lima, por ser um dos motivos para que eu
permanecesse neste curso, por ter me dado apoio de diversas formas, por seu carácter que eu
sempre admirei, pessoa íntegra e trabalhadora, e quando a maioria das pessoas não
acreditaram em meu potencial e responsabilidade, ela acreditou, pois ser professora estava em
seu sangue, uma vez que ser professora de matemática era um sonho para sua vida e que
nunca teve a oportunidade que eu tive, sonho este, que se realizou em mim, sua filha. Eu
Agradeço completamente a ela esta realização, mesmo ela não estando mais em nosso meio.
Agradeço também à meu pai, Genésio Ferreira de Lima, homem honesto e
trabalhador, cujas qualidades admiro e me inspiro para ser como ele.
À meu esposo Otacilio José dos Prazeres por estar ao meu lado me dando forças e me
encorajando para continuar na trilha deste caminho, por suas palavras de ânimos, por ter
partilhado uma vida de lutas e sofrimentos durante quase 22 anos.
Aos meu colegas de curso que contribuíram para meus conhecimentos, em especial, à
minha amiga Aline Cristina Macedo dos Santos e também por sua amizade sincera.
Aos meus professores, os quais não fossem, eu não teria alcançado meus objetivos, por
suas explicações cheias de conhecimentos e por serem acima de tudo, pessoas humildes e
humanas. Ao professor Reginaldo Tudéia que se empenhou para me ajudar também na
conclusão deste curso.
Ao professor Marlos que também contribuiu muito para meu sucesso nesta jornada,
com quem eu aprendi muito quando eu era bolsista no Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID), por ser uma pessoa amiga com quem partilhei, até mesmo,
minhas dificuldades de âmbito particular, obrigada por seus conselhos e forças.
Ao professor Ariveltom Cosme da Silva pela paciência e por ter me aceitado como sua
orientanda e pelas suas orientações e conhecimentos prestados a mim.
E por fim, agradeço à todos que estiveram presente em minha vida me ajudando direto
e indiretamente para a conclusão deste curso.
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RESUMO
LIMA, Elizangela Ferreira de. Os Benefícios Das Minhocas Para O Meio Ambiente E Sua
Reprodução Como Recurso Didático Para O Ensino De Conceitos Matemáticos 2013. 39f.
Monografia (Licenciatura em Matemática) – Departamento de Matemática e Estatística,
Universidade Federal de Rondônia, Ji-Paraná.
O presente trabalho trata de uma pesquisa de conclusão de curso que se propõe estudar e
compreender a realidade do ensino de matemática numa escola pública e pesquisar uma
maneira de dar significado para a aprendizagem do aluno através de uma experiência com
reprodução de minhocas. Este trabalho se concentrou na atividade de construção de um
minhocário como instrumentos de coleta de dados, que foram aplicados junto à turma
escolhida, destacando o papel da minhoca no meio ambiente, sua contribuição para este e
conceitos matemáticos embutidos. Em resposta à problemática da presente investigação,
conclui-se a princípio, que os alunos não conseguiam fazer uma conectividade entre o estudo
das minhocas e a matemática, questionando o que havia de comum entre os dois, uma vez que
esperavam uma metodologia em que se aplicam os dados fornecidos pelo problema a
fórmulas prontas. Em vista disto, não identificaram as variáveis que permitissem a construção
de um conceito e sua aplicabilidade, havendo a necessidade da intervenção do professor, que
discutiu com os alunos sobre as variáveis presentes no fenômeno de reprodução das
minhocas, conduzindo-os a formularem hipóteses que representassem o crescimento
populacional das minhocas em consequência dos dados obtidos. A participação dos alunos,
mesmo que alguns mostrassem pouco apresso, serviram de motivação para os levarem a
descobrir fórmulas e métodos mostrando a importância do conhecimento matemático.
Percebemos a necessidade de melhor entrosamento entre docentes de todas disciplinas da
grade curricular, pois todas estão entrelaçadas e a interdisciplinaridade facilita a
aprendizagem daqueles alunos que tem dificuldade em uma matéria especifica.
Palavras-chave: Modelagem Matemática; Minhocário; Interdisciplinaridade; Tema
Transversal
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 07
1.1 – CAPÍTULO 1 – MINHOCAS E SUAS CARACTERÍSTICAS....................... 09
1.1.1 – Contexto Histórico das Minhocas .................................................................. 10
1.1.2 – Problemas causados pelo Lixo Orgânico ....................................................... 12
1.1.3 – Atuações das Minhocas no Lixo Orgânico e no Solo .................................... 13
1.1.4 – Vermicompostagem........................................................................................ 14
1.2 . CAPÍTULO 2 – MINHOCULTURA............................................................... 16
1.2.1 – Uma Agricultura Mais Sustentável ................................................................ 16
1.2.2 – Locais Para a Minhocultura............................................................................ 17
1.3. CAPÍTULO 3 – O ENSINO DE CONCEITOS MATEMÁTICOS E O TEMA
TRANSVERSAL........................................................................................................
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1.3.1 – O Ensino de Conceitos Matemático e a Preservação Ambiental....................
1.3.2 – O Minhocário como tema transversal.............................................................
1.4. CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA DA PESQUISA............................................
1.4.1 – Opção Metodológica.......................................................................................
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25
1.4.2 – Delimitação do Universo da Pesquisa............................................................
1.4.3 – Sujeitos da Pesquisa..........................................................................................
1.4.4 – Coleta de Dados................................................................................................
1.5. CAPÍTULO 5 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS........................
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................
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32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 34
ANEXOS ................................................................................................................... 38
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1. INTRODUÇÃO
A matemática, mais precisamente, seus conhecimentos são primordiais para a
formação do indivíduo, objetivando desenvolver em si habilidades, hora dantes não
visualizados a partir de uma ótica comum de conceitos presente em seu dia a dia, e que não
havia nenhuma importância, pois se buscava nesta disciplina, apenas técnicas prontas para
resolver situações problemas que eram meramente a reprodução do problema resolvido pelo
professor, tão somente com a finalidade de cumprir as exigências do currículo escolar para a
obtenção do certificado.
Sabemos, pois que, hoje é comum alunos terem aversão por esta disciplina, já que se
parece tão mecânica e necessitam de uma maior interpretação além das exigidas em outras
disciplinas, o que não é cômodo para os alunos. Os conceitos matemáticos também são vistos
como algo extraído do nada, somente com o objetivo de tornar a vida do aluno ainda mais
difícil, pois as fórmulas são apresentadas e os dados do problema de difícil extração.
Diante desta problemática, foi desenvolvida uma pesquisa com o intuito de, através de
um estudo com a reprodução de minhocas, instigar o raciocínio lógico do aluno e, juntos,
professor e aluno, buscar uma solução para o problema apresentado, ou seja, utilizando o
método de familiarização do indivíduo com o meio em que vive e com um olhar crítico,
reconhecer as variáveis presentes no problema e se propor a solucioná-lo. Nesta questão, fazer
com que o aluno consiga descobrir que conceitos matemáticos sejam vistos ante a resposta
obtida para o problema. Esta pesquisa investiga o conhecimento prévio do aluno e sua atitude
em relação ao problema, e a postura do professor ao apresentar questões deste âmbito.
Essa proposta tem por objetivo também, conduzir o aluno a refletir sobre questões de
esfera ambiental, ou seja, que ele pode ser um interventor do meio em que vive, produzindo
condições de vida melhor para si e para toda uma sociedade que pertence a este meio. Isto
exige que o professor tenha uma formação que vai além do simples saber matemático.
Observando como são aplicados conceitos matemáticos e ao dado interesse dos alunos
para determinados conceitos, foi que se desenvolveu esta pesquisa, tendo como tema central:
“Uma Experiência Com Reprodução De Minhocas Como Recurso Didático Para a
Aprendizagem De Conceitos Matemáticos e a Sua Contribuição Para o Meio Ambiente”.
Para o desenvolvimento da pesquisa tomamos por base a pesquisa quantitativa e
qualitativa. Nossa coleta de dados se deu numa escola da rede pública estadual onde leciono,
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tendo como sujeito da pesquisa uma turma do 2º ano do ensino médio regular.
O resultado do nosso trabalho, após o caminho percorrido rumo à construção de uma
resposta à sua questão norteadora, ficou estruturado da seguinte forma:
No primeiro capítulo – Minhocas e suas características – descreveremos o que são
minhocas e de que classe de animais elas pertencem, como ocorre sua fecundação, alguns
dados sobre sua origem, os problemas causados pelo lixo orgânico e a atuação que as
minhocas podem exercer sobre estes e no próprio solo e a vermicompostagem utilizando
minhocas diretamente no composto orgânico para a obtenção do húmus (cropólitos).
No segundo capítulo – Minhocultura – É apresentado a metodologia desta, quais os
benefícios que ela propicia para o solo em decorrência do húmus.
No terceiro capítulo – O Ensino de Conceitos Matemáticos e o Tema Transversal –
conscientiza o aluno a utilizar meios de seu contexto para extrair e empregar alguns conceitos
matemáticos, podendo ser repassado à eles como uma forma de intervenção em benefício ao
meio ambiente.
No quarto capítulo – Metodologia da Pesquisa – descreveremos as etapas percorridas
na construção da investigação, tais como, a delimitação do universo da pesquisa, sujeitos da
pesquisa, coleta dos dados e qual opção metodológica seguida.
No quinto capítulo – Apresentação e Análise dos Dados – Descrevemos as atividades
desenvolvidas pelos alunos mediante a pesquisa teórica e prática, suas dificuldades mediante a
proposta em questão, a intervenção do professor no intuito de conduzí-los ao raciocínio lógico
da extração e aplicação de conceitos matemáticos.
Nas Considerações Finais - busca-se responder a problemática causada em razão da
pesquisa e ainda, contribuir para o saber fazer matemático.
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1.1 – MINHOCAS E SUAS CARACTERÍSTICAS
Minhocas são animais anelídeos da classe da oligoqueta e da ordem Haplotaxida.
Vivem em solos úmidos, soterradas, pois é no solo que buscam abrigo e restos de vegetais
para se alimentar, sendo estes, um dos principais alimentos que são ingeridos juntamente com
grande quantidade de terra. Ao se alimentar ela processa seu alimento e o expele após a
digestão, dando origem ao húmus, este por sua vez, constitui um rico composto orgânico para
a adubação de hortaliças e jardins. Algumas minhocas atingem apenas centímetros, outras
atingem até dois metros de comprimento. Seu corpo é cilíndrico, alongado e formado por
anéis, com a boca em uma das extremidades e o ânus na outra, próximo à extremidade da
boca há um anel mais claro chamado clitelo.
As minhocas possuem cerdas na região ventral e um muco que as torna viscosa
facilitando seu deslocamento. Sua respiração é cutânea sendo facilitada pela grande
mucosidade de sua pele que não permite sua intoxicação em contato com substâncias tóxicas.
Apesar de hermafroditas, elas não se reproduzem sozinhas, somente se houver outra minhoca
para a troca de espermas, é a denominada fecundação cruzada. A cópula é feita através da
união de seus clitelos, local onde ocorre a troca de espermas como ilustra a Figura 1.
A época reprodutiva ocorre de acordo com as condições meteorológicas, sendo mais
comum em dias quentes e úmidos, e de uma maneira geral à noite.
Figura1. Copulação entre duas minhocas.
Fonte: http://belutkadut.wordpress.com/?s=2008%2F09. (consultado em 10/05/12, às
16h04min)
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Aproximadamente quatro dias depois da cópula ocorre a formação dos casulos, uma
espécie de bolsa que se forma a partir do clitelo.
O casulo possui os nutrientes necessários para o desenvolvimento do embrião, que em
média, leva 23 dias para eclodir a quantidade de 3 minhocas-filhas. “Em condições
favoráveis, estas atingem a maturidade sexual e completa a formação do clitelo, dentro de 40
a 60 dias, quando estarão aptas à reprodução”, (AQUINO et al., 1992).
Segundo Schiedeck (2009), existe hoje mais de 8000 espécies de minhocas no mundo
e cada uma com características próprias. Dentre elas estão a vermelha-da-Califórnia (Eisenia
phoetida) ou (E. Andrei), a minhoca rabo de escova (Pontoscolex corethrurus), a gigante
africana (Eudrilus eugeniae), a minhoca-louca ou puladeira (Amynthas gracilis) ou (A.
corticis), dentre outras. No Brasil as mais conhecidas são a Minhoca do brejo (Pheretima
hawayana), Minhoca da noite (Lumbricus terrestris), Criodrilus lacuum, Vermelha -da -
Califórnia (Eisenia phoetida), Eisenia lucens, Minhoca do campo (Allolobophora
caliginosa), Minhocuçu (Rhinodrilus alatus e Glossoscolex spp), Pálida (Octolasium
lacteum) e a Microscolex phosphoreus. Sua classificação se deve às suas características
externas, comportamento, sua origem e onde são encontradas.
A expectativa de vida de uma minhoca varia entre 2 e 16 anos, dependendo da espécie.
No caso da vermelha-da-Califórnia (Eisenia phoetida) e a da noite (Lumbricus terrestris)
vivem somente 6 anos, já a Minhoca do campo (Allolobophora caliginosa) vivem até 10 anos.
1.1.1 – Contexto Histórico das Minhocas
O surgimento das minhocas no planeta se deu a cerca de 600 milhões de anos, na Era
Paleozóica1. Os egípcios a consideravam um animal sagrado, pois tornava as margens do Rio
Nilo fértil. Elas foram definidas por Aristóteles como sendo o “intestino da terra”. Além de
fertilizadoras do solo, alguns povos, como os africanos, a utilizam como alimento “os
chineses há mais de 2.000 anos as consomem desidratadas, como fonte de proteína
alternativa” (STEFFEN, 2008).
Devido a sua aparência, elas são consideradas como vermes, palavra originária do
latim e empregada para indicar os invertebrados tais como as lombrigas, minhocas, larvas de
alguns insetos e parasitas do corpo animal. De acordo com Schiedeck (2010), em muitos
idiomas, seu nome traduzia a sua semelhança com os vermes e seu habitat natural. “Em
1 Era Paleozóica: Período que compreende aproximadamente 540 milhões de anos a 250 milhões de anos atrás.
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inglês, minhoca é ‘earthworm’ (verme da terra), em francês é ‘ver de terre’ (verme da terra),
em espanhol ‘lombriz de tierra’ (lombriga da terra), em italiano é ‘lombrico’ (lombriga) e em
alemão é ‘regenwurm’ (verme das chuvas)”. No Brasil a palavra minhoca se deve a influência
da língua africana.
Para alguns, ‘minhoca’ é um neologismo do Quimbundo para ‘nioka’ (ou ainda
‘nhoka’, ‘nhoca’ ou ‘nkoka’) em Angola, ou ‘nyoka’ em Moçambique, que significa
em ambos os países cobra ou víbora. ...Para os falantes do Tupi na época, a palavra
usada para designar ‘minhoca’ era ‘aboy’. De forma semelhante ao que ocorre no
Quimbundo, ‘aboy’ (ou ‘abói’) deriva de ‘mboy’ (ou ‘mboîa’, ‘mbói’ ou ‘moy’) que
por sua vez significa ‘cobra’. (SCHIEDECK, 2010, p. 22,23)
Ambos os nomes, tanto de origem africana quanto tupi, possuem os mesmos
significados. Mas é possível que seja apenas especulações quanto à origem da palavra
minhoca, pois não se sabe com clareza a real origem, ficando sob a escolha de cada um, o
texto que considerar mais condizente.
Somente em 1882 foi que surgiu a primeira publicação sobre a importância das ações
desse animal no solo, por Charles Darwin, em seu trabalho “The formation of vegetable mould
through the action of worms with observations on their habits” (A formação do molde vegetal
através da ação de vermes com observações sobre os seus hábitos), em que ele ao observar o
trabalho das minhocas comparou-as com o arado, uma das mais antigas invenções do homem.
O arado é um dos mais antigos e mais valiosos invenções do homem, mas muito
antes ele existia a terra era de fato regularmente lavrada, e ainda continua a ser,
portanto, lavrada por minhocas. Pode-se duvidar se há muitos outros animais que
têm desempenhado uma parte tão importante na história do mundo, assim como
essas criaturas pouco organizadas. (DARWIN, p. 316, 1882, tradução nossa)
Darwin observou os materiais mortos numa camada superficial da terra em
determinado tempo e, alguns anos depois, essa camada estava sob a superfície da terra. Sendo
ele o primeiro a descobrir o quão importante eram as minhocas para o solo e para os seres
vivos. Mas muito antes das descobertas de Darwin, Gilbert White, em 1775, já a mencionava
como a grande promotora da vegetação: “embora na aparência de um pequeno e desprezível
elo na cadeia da natureza, no entanto, em caso de perda, faria um abismo lamentável. [...]
Vermes parecem ser os grandes promotores de vegetação...”. (WIKIPEDIA.ORG. Gilbert
White - acesso 30 de julho de 2012).
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Levando em conta os estudos de Darwin, Gilbert White e por própria experiência,
entende-se o importante papel das minhocas na natureza por poder transformar os materiais
orgânicos dispersos na camada superficial da terra. O que leva a crer que elas podem agir num
dos problemas causadores de grandes transtornos ao meio ambiente, o lixo despejados sobre a
terra sem nenhum tipo de cuidado.
1.1.2 - Problemas causados pelo lixo orgânico
O lixo passou a ser questão preocupante a partir do crescimento populacional e o seu
mal descarte no meio ambiente.
O lixo orgânico, no Brasil, representa mais de 50 % de todo lixo doméstico. Estes por
sua vez, são despejados em aterros sanitários (lixões), gerando prejuízos para a sociedade por
causar doenças às pessoas, animais e outros danos para o meio ambiente, pois durante sua
decomposição ocorre a poluição dos rios e das águas subterrâneas através do chorume
(resíduo da decomposição do alimentos, que por sua vez, é tóxico e malcheiroso), além disso,
também liberam gases que poluem a atmosfera.
Mesmo o Brasil país que mais recicla, nem todo lixo inorgânico (plásticos, metais,
vidros, componentes eletrônicos, etc.) desperta interesse econômico por parte de coletores e
centros de reciclagem, o que gera o acúmulo desses lixos nos aterros sanitários e nos
depósitos a céu aberto.
Todas essas ações que geraram e ainda geram muitos transtornos para o meio
ambiente, partiu do consumo exagerado de uma sociedade pautada no consumismo,
aumentando a produção de materiais industrializados exigindo em maior número a extração
de matérias-primas e o consumo de energia que, muitas vezes, não são de fontes renováveis.
Com isso, ocorreu o excesso de dejetos que são depositados no meio ambiente de forma
imprópria causando um desequilíbrio à natureza que, por consequência os devolvem de forma
prejudicial ao homem, a água, o solo e o ar contaminados. Segundo o site cmqv.org em 2008,
diz:
E apesar de a reciclagem ajudar economicamente muita gente e reduzir
consideravelmente o volume dos aterros, no Brasil ela tem desprezado a parte do
lixo que mais causa impacto ambiental, a orgânica, segundo apurou Maria de Fátima
Nunesmaia. “É o lixo orgânico que polui o solo, contamina cisternas e lençóis
freáticos,” diz a pesquisadora. “Como a quantidade de material orgânico é maior nas
classes menos favorecidas, o Brasil possui um grande volume desse tipo de lixo
13
sendo descartado sem nenhum tratamento”, denuncia a geóloga. A especialista
aponta o exemplo do Canadá, onde o lixo orgânico tem uma participação nos
resíduos sólidos bem menor que no Brasil. Naquele país, comitês regionais são
responsáveis pelo tratamento do lixo orgânico em mini-usinas locais de
compostagem. “Éramos nós que devíamos fazer isso e dar o exemplo ao mundo”,
lamenta Nunesmaia. (CMQV, 2008)
Infelizmente o desrespeito ao meio ambiente é grande por parte de todos, inclusive das
autoridades responsáveis em dar um rumo certo a esses lixos.
Temos que mudar nosso comportamento com relação ao lixo orgânico, pois os
prejuízos são enormes: coleta extremamente cara, proliferação de doenças entre as
pessoas que buscam alternativas de sobrevivência nos aterros sanitários, situação
ideal para o desenvolvimento de insetos transmissores de doenças, produção do
chorume altamente poluente aos solos e aos lençóis freáticos, entre muitos outros.
(SAKAI, MENDES, 2011)
Os gastos com o lixo orgânico são muito caros, desde o seu aproveitamento até o
transporte, o que torna inviável a qualquer prefeitura, embora este procedimento significar
menos dinheiro gasto com doenças geradas por estes lixos que dantes tornar-se-iam caro para
os cofres públicos. Mas mesmo assim os velhos métodos continuam sendo, aparentemente, o
mais viável para o poder, considerando ainda, que a reciclagem não agrada a todos os setores
da economia por causar a desvalorização de seus produtos.
Enquanto não são tomadas providências pelas autoridades responsáveis em dar um
rumo certo ao lixo orgânico, existem as minhocas que, em grande quantidade, poderiam
diminuir os prejuízos causados por estes lixos os consumindo, pois elas são agentes naturais
que podem contribuir em benefício ao ser humano.
1.1.3 - Atuações das Minhocas no Lixo Orgânico e no Solo
As minhocas são detritívoras, ou seja, alimentam-se de restos orgânicos de vegetais e
animais mortos, e por isso sua atuação nos lixos é de suma importância, pois tratam de
consumi-los e assim manter o meio ambiente mais limpo, ou seja, elas consomem os resíduos
orgânicos que afetam o meio ambiente e os transformam em húmus. Ao analisar sua atuação
no lixo orgânico é possível perceber que são responsáveis pelo aproveitamento daquilo que o
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ser humano não consome, além de devolver na forma de nutrientes para hortaliças, jardins,
entre outros.
Por ela ser detritívora, a minhoca elimina em suas fezes restos alimentares que
sofrem a ação de bactérias decompositoras e com isso produzem um material chamado
húmus, matéria orgânica homogênea e estabilizada de cor escura rico em nitrogênio, carbono,
fósforo e potássio, importantíssimos para o crescimento e desenvolvimento das plantas (um
verdadeiro adubo).
Além deste fator, ao se movimentar embaixo da terra, elas formam pequenos túneis
que são responsáveis pela condução de ar e água de chuva nesse ambiente o que permite uma
maior disponibilidade de ar e água para as raízes das plantas. O solo que contém grande
quantidade de minhocas é considerado solo fértil, propício para o plantio.
A minhoca funciona como um arado natural. Ela faz o revolvimento do solo para
baixo e para cima, permitindo o aumento da oxigenação do espaço. Outras abrem
buracos na superfície que vão ajudar a filtrar a água. Para quem utiliza o plantio
direto (sem aragem da terra por meio de máquinas), as minhocas são excelentes
aliadas. (LAGINSKI, 2009)
Além destes aspectos, ele ainda diz que as minhocas fazem todo o trabalho necessário
para garantir a qualidade do solo, no que se refere à aragem, à produção de nutrientes, e o
processo biológico, ajudando a combater pragas e doenças que atacam principalmente as
raízes.
A agricultura de pequeno porte, desenvolvida dentro dos parâmetros de
sustentabilidade, exige práticas conservacionistas para o preparo do solo e é neste momento
que as minhocas poderiam contribuir desenvolvendo o seu papel.
Devido ao elevado custo de fertilizantes químicos e a contaminação que causam a
natureza, tem ocorrido uma procura por fertilizantes produzidos biologicamente. E uma das
saídas é o fertilizante produzidos pelas minhocas, neste caso, o húmus.
1.1.4 - Vermicompostagem
Estudos estão sendo feitos usando os mais variados materiais para a
vermicompostagem, processo que transforma biologicamente os resíduos orgânicos em
fertilizantes com a utilização da minhoca na atuação direta no composto orgânico. Esses
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resíduos, inicialmente prejudiciais e sem nenhum valor ao homem, ao alimentar as minhocas,
são transformados em fertilizantes naturais em sem produtos prejudiciais ao homem e a
própria natureza. Além de reduzir o mau cheiro e manter os patógenos inativos, evitando a
proliferação de doenças provenientes dos acúmulos desses detritos no meio ambiente. A
vermicompostagem aplicada ao lixo urbano é uma alternativa social, econômica e ecológica
(VENTURINI et al.,1999).
A compostagem tradicional dos resíduos orgânicos é uma prática antiga, mas estudos
constataram que a vermicompostagem possui algumas vantagens sobre a tradicional, já que
nesta, exige o revolvimento do material e na vermicompostagem dispensa este trabalho e
ainda há uma redução da espessura da pilha de resíduos, sendo, portanto, mais vantajoso.
Estudos foram realizados com a intenção de descontaminar o solo de materiais como o
cobre, chumbo e cromo com a utilização do húmus resultante da compostagem por minhocas
no esterco bovino fazendo assim a correção do solo, conforme mencionado pela professora
Maria Olimpia de Oliveira Rezende para o site EBC.
Com o novo método desenvolvido pela pesquisa, o material empregado na
vermicompostagem, o esterco bovino, é usado por ter propriedades orgânicas e
também por ter se apresentado como solução ecológica, já que trata-se de um
resíduo que seria descartado no meio ambiente. Além do esterco, existem outras
fontes que poderiam ser utilizadas como bagaço de laranja e cana-de-açúcar. (EBC,
2012).
Este método imobiliza estes materiais que são tóxicos para o meio ambiente podendo
contaminar o lençol freática oferecendo assim vários riscos para a humanidade.
Segundo Costa (2005), em seu trabalho intitulado “Tratamento De Resídulos
Agropecuários Através Da Vermicompostagem” procurou mostrar qual o melhor resíduo na
utilização da vermicompostagem, onde o objetivo foi transformar o bagaço de cana de açúcar
e dejeto bovino em adubo orgânico e verificar qual a diferença qualitativa entre os adubos
orgânicos produzidos pelas minhocas das espécies Eisenia foetida (minhoca-da-califórnia) e
Eudrullus Eugeniae”(minhoca africana), em que esta última obteve maiores percentuais de
macronutrientes.
16
1.2– MINHOCULTURA
A minhocultura é o processo de cultivo de minhocas, ou seja, é a criação de minhocas
em viveiros, e esta é uma atividade pouco comum, pois ela é exercida recentemente e por isso,
a maioria da população desconhece tal prática. No Brasil, mais precisamente em Itú (SP),
essa atividade teve iniciou em 1983 com o Comendador Lino Morganti em sua propriedade.
O que está causando um maior interesse por parte da população na criação de
minhocas (minhocultura) é o seu baixo custo para desenvolver esta atividade, além do pouco
espaço físico exigido e sua comercialização como fonte de proteína na alimentação de peixes,
rãs, aves, camarão-de-água-doce, como isca viva para pesca e do húmus para adubação de
plantas para fins de jardinagens e de agricultura em geral.
Os resíduos orgânicos produzidos nas indústrias, nos sistemas produtivos
agropecuários e até mesmo nas atividades domésticas, pelo processo de vermicompostagem,
podem ser empregados como nutrientes para a produção de minhocas. Foi somente na década
de 70 que a vermicompostagem, desenvolvida a partir da década de 40 na Inglaterra através
do manejo de minhocas, passou por um estudo mais intenso da potencialidade das minhocas
para a transformação dos resíduos orgânicos em matéria orgânica mais equilibrada.
As minhocas atuam nos lugares mais repugnantes do ambiente humano, conforme o
site (planeta sustentável):
Minhocas têm sido usadas para transformar excremento humano dos esgotos em
adubo inodoro - as fezes da minhoca não fedem. E também para limpar áreas
contaminadas por produtos como o PCB (Policloretos de Bifenilo), presente em
plásticos e tintas. "Os túneis das minhocas oxigenam o solo, o que faz crescer a
colônia de bactérias que degrada o PCB", diz Andrew Singer, da Universidade de
Oxford, na Inglaterra. (PLANETASUSTENTAVEL, 2007)
1.2.1 – Uma Agricultura Mais Sustentável
A agricultura orgânica, no Brasil, foi regulamentada pela Instrução Normativa nº 7, de
maio de 1999, complementada pela Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que considera
como sistema de produção orgânico:
todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso
dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade
17
cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e
ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de
energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais,
biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a
eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes,
em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento,
distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente.(BRASIL, 2003)
Podemos entender então que, a atividade de minhocultura seria uma alternativa que
está em conformidade com esta Normativa atendendo a quase todos os quesitos nela
presentes.
Conforme Freitas (2007) “as minhocas podem ser usadas como bioindicadoras de
qualidade do solo, e por melhorar as propriedades físicas do solo, contribuem para aumentar a
produtividade agrícola”.
Como todo ser vivente busca estar próximo do ambiente que vai lhe proporcionar
meios para sua sobrevivência, com as minhocas o processo não é diferente, com o intuito de
perpetuar sua espécie, as mesmas procuram os solos ricos em matéria orgânica ou que ao
menos possua uma pequena camada nutritiva na superfície do solo (BARNES, 1984). É de se
concordar que em solos com ausência de matéria orgânica elas estarão escassas, logo, o solo
será impróprio para o plantio.
1.2.2 - Locais para a minhocultura
Para a criação de minhocas o ambiente deve ser arejado, deve manter a umidade
equilibrada, este pode ser mantido através da a irrigação.
O minhocário pode ser montado na própria residência de quem deseja cria-las, ou em
especial em local mais amplo como chácaras ou sítios, por possibilitar a expansão dos
canteiros e assim, aumentar a produção minhocas e de húmus. Nas escolas também é possível
construir minhocários para produção de húmus de forma a possibilitar a produção de
hortaliças que contribuiria para melhor qualidade da alimentação, redução das despesas na
compra de produtos alimentares além de contribuir para uma educação ambiental.
Os canteiros podem variar de dimensão e forma de acordo com o local escolhido, em
apartamentos pode-se utilizar caixotes, materiais descartáveis, como galões de água mineral,
baldes, tambores de plástico adquiridos em casas agropecuárias, entre outros, pois exigem
18
pequenos espaços para a produção empregada para o próprio consumo nas adubações de
jardins e hortaliças.
Os canteiros construídos em espaços grandes como em chácaras ou sítios, poderão ser
de tijolos e cimento, madeiras ou até mesmo varas de bambus, desde que tomado os devidos
cuidados para se evitar a invasão de insetos, como formigas ou répteis como calangos e aves
como passarinhos, galinhas entre outros que adoram saborear uma bela minhoca.
O ideal seria construir cercas ao redor dos canteiros para evitar a entrada de galinhas e
outros animais além de cobri-lo para manter o ambiente a sombra e ainda evitaria a entrada de
passarinhos. Construindo-os com tijolos e cimento evitaria a entrada de formigas e calangos
através de perfurações no solo. A seguir, alguns exemplos de minhocários que podem ser
construídos de acordo com o espaço oferecido:
Figura 2: Bateria de canteiros de tijolos construídos acima do solo. Projeto caro. Retirado de :
http://www.infobibos.com/artigos/2006_2/minhocultura/ (consultado em 30 de julho de
2012)
Figura 3: minhocário confeccionado com bambú. Retirado de
<http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1147029-4528-2,00.html>.
19
(consultado em 23 agosto de 2011)
Figura 4: Minhocário Caseiro (Compostagem). Retirado de:
<http://www.kalapalo.com.br/index.php/minhocario-caseiro-compostagem/>. (consultado em
setembro de 2013, às 09h20 min)
Figura 4: Canteiros construído com cimento e tijolos sobre um galpão de madeira coberto
com telhas de amianto no município de Ji-Paraná - RO, junho de 2013.
Foto: Elizangela Ferreira de Lima
Foto: Elizangela Ferreira de Lima
20
Como ilustrado na figura 4 este minhocário de dispêndio a médio custo, mas se tornou
uma das principais fontes de renda do proprietário, e garante que suas minhocas são os
melhores funcionários que ele possui. Ele cria somente para a produção de húmus e suas
vendas são feitas somente por encomendas. Abastece alguns mercados da cidade e algumas
hortas da região periférica chegando a receber encomendas de um único comprador a quantia
de 100 sacos contendo 10 pacotes de 2 kg cada. Transporta para regiões distantes até 350 km
aproximadamente.
Este produtor declarou que está satisfeito com o negócio e que pretende ampliar ainda
mais, não somente para produção de húmus, mas também para a produção de minhocas para
iscas.
De acordo com os PCN’s (BRASIL, 1998), as questões ambientais é algo que poderia
ser trabalhada como um mecanismo de ensino.
A compreensão das questões ambientais pressupõe um trabalho interdisciplinar em
que a matemática está inserida. A quantificação de aspectos envolvidos em
problemas ambientais favorece uma visão mais clara deles, ajudando na tomada de
decisões e permitindo intervenções necessárias (reciclagem e reaproveitamento de
materiais, por exemplo). (Documento: PCN’s matemática, 1998, pág.29).
1.3 - O ENSINO DE CONCEITOS MATEMÁTICA E O TEMA
TRANSVERSAL
Sabemos que a maioria dos conteúdos de matemática se tem tornado desinteressante
para vários educandos, uma vez que não entendem quais as suas devidas aplicações, ou de
quais aplicações tais conceitos surgiram. Para Lopes (2005): “a criança de hoje é
extremamente questionadora, não “engole” os conteúdos despejados sobre ela sem saber por
quê, ou, principalmente para que”.
Alguns livros adotados nas escolas, trazem em seu corpo as definições de seus
conteúdos, o que não explica de onde surgem, nem para que serve. Ao contrário destes, existe
alguns que já contemplam conteúdos que trazem algumas aplicações, e ainda, abordam dois
assuntos conexos um com o outro, a exemplo, função exponencial e progressão aritmética e
geométrica, podendo ser visto no livro, Matemática: contexto e aplicações do autor Luiz
Roberto Dante da editora Ática. Como o presente trabalho compreende conceitos
21
matemáticos, logo é condizente apontar tais obras como sendo boas ou ruins sua utilização,
porém a escolha de que obra deve utilizar, cabe ao professor.
1.3.1 – O ensino de conceitos matemáticos e a preservação ambiental
Antes de explanar alguns conceitos matemáticos, pode-se utilizar algumas aplicações
presentes no dia a dia do aluno para facilitar sua compreensão sobre os conceitos, tornando a
aula mais atrativa e despertando seu interesse pelo conteúdo matemático. O professor tem em
suas mãos uma árdua tarefa, pois devido aos poucos incentivos, ele é sobrecarregado de
obrigações em preparar o aluno para atuar numa sociedade de constantes mudanças e
concorrências.
A exemplo de funções exponenciais, estas estão presentes na matemática financeira,
na física, na química, na geografia, entre outras. Na matemática financeira é utilizada na
capitalização de capitais pelo método do juro composto da seguinte maneira:
Exemplo 1: A produção mensal de certa indústria, em toneladas, é representada pela
expressão xxxf 05,04100100)( , onde x é o número de meses contados a partir de
determinada data. Qual será a produção atingida após dez meses? (BRASIL ESCOLA, 2011).
1005,04100100)10( xf
5,04100100)10( f
2/14100100)10( f
50)10(
50100)10(
2/1100100)10(
)4/1(100100)10(
)4/1(100100)10( 2/1
f
f
f
f
f
A produção será de 50 toneladas, como pode ser visto na Figura 5.
22
0
10
20
30
40
50
60
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
meses
Pro
du
ção
(to
nela
das)
Figura 5: Produção em toneladas após dez meses.
Trabalhar aplicações interdisciplinarizadas pode facilitar o aprendizado do aluno, já
que ele pode relacionar este assunto com o seu cotidiano. Relacionado à biologia existe o
seguinte exemplo no livro de Luiz Roberto Dante, Matemática: contextos e aplicações, página
230: Em uma cultura de bactérias, a população dobra a cada hora. Se há 1.000 bactérias no
início da experiência, calcule quantas bactérias existirão depois de:
a) 3 horas
Depois de 1 hora, teremos 2.000 bactérias (2 × 1.000).
Depois de 2 horas, teremos 4.000 bactérias (4 × 1.000 ou 2² × 1.000).
Então, depois de 3 horas, teremos 8.000 bactérias (8 × 1.000 ou 2³ × 1.000).
b) 10 horas
102 1.000 ou 1.024.000 bactérias
c) x horas
x2 1.000 bactérias
“De modo geral, o modelo matemático usado para resolver situações como essa é dado
pela função de tipo exponencial xabxf )( [...]”, (DANTE, 2010, p. 230).
Neste exemplo a visualização do aluno fica mais clara, e ele pode compreender de
onde e para que serve este conceito ao invés daquela em que se aplica somente a definição
pura da matemática, tornando essa matéria de difícil entendimento e desprazerosa para o
aluno.
23
Exemplo 2: Em certas condições, o número de bactérias B de uma cultura, é dado pela
função exponencial B(t) = 2t / 12. Sabendo que o número de bactérias cresce em função do
tempo t, qual o número de bactérias após 96 horas? (Brasil Escola, 2011).
B(t)=2 96/12
B(t)=28
B(t)=256
O número de bactérias após 96 horas será de 256, como pode ser observado na Figura 6.
Figura 6: Número de bactérias após 96 horas.
Pode-se observar que ao tratar de função exponencial o comportamento do gráfico é
de suma importância, pois é a parte que permite a visão gráfica de uma equação ou função.
1.3.2 – O minhocário como tema transversal
Considerando que o minhocário também trata de um tema transversal, pois está
relacionado ao meio ambiente, ou de intervenção do mesmo, para que haja um equilíbrio
ambiental entre todos os seres envolvidos no contexto, seria então, de bom senso utilizá-la na
matemática para expor conceitos aos alunos, para que estes adquiram um conhecimento mais
significativo, e ainda a conscientização de um desenvolvimento ambiental mais sustentável. O
ensino da matemática não deve ser considerado um fator alheio a estas questões, pois de certa
forma ela está inserida em nosso meio permitindo um trabalho interdisciplinar, objetivando o
melhor aprendizado de conceitos e na tomada de decisões relacionadas ao meio ambiente.
24
O minhocário permitirá um trabalho interdisciplinar, já que envolve o meio ambiente e
suas práticas de desenvolvimento, e ainda, mostrará ao aluno que a matemática não é algo
isolado de outras disciplinas. No que tange este assunto, as disciplinas de Biologia e
Matemática poderiam ser trabalhadas em conjunto sem fugir do currículo escolar.
É necessário despertar o interesse do aluno para a disciplina de matemática, sabendo
que ela é de muita importância para todos que fazem parte da sociedade, acreditando que é
dessa forma que se entende que tratar de assuntos transversais, como o meio ambiente, leva
uma sociedade a pensar diferentemente e corretamente sustentável, além de que torna a
matemática em si, mais prazerosa.
Alguns professores acredita que ao ensinar matemática, deve-se somente ater-se a
cálculos sem considerar que todos os educadores possuem em suas mãos a tarefa de
manipular e conscientizar práticas para que permitam uma transformação de uma sociedade
que estava acostumada com as práticas depredatórias e assim, incitá-los a desenvolver outras
práticas que, no futuro, venham favorecer a existência de um mundo de harmonia e equilíbrio
para que seja habitável a todos os seres humanos.
Para Foschiera (2002), professores e alunos poderiam trazer vários entendimentos de
sociedade, e talvez, construir um modelo econômico que seja viável para todas as espécies no
planeta. Portanto, se a escola entender o seu papel, de que ela é o ambiente onde tudo pode ser
debatido e havendo interesse mútuo, alunos e educadores poderão se colocar em condições de
transformar essa realidade.
Acreditando que o papel da educação é a formação de indivíduos capazes de criar
modelos de vida menos agressivo ao meio ambiente, construindo condições de aprendizado e
ao mesmo tempo novos costumes e práticas. Para que este papel seja bem desempenhado ele
requer um desejo de mudança na forma de ensinar.
A educação deve ter objetivos mais amplos do que o mero saber técnico, que é a
compreensão do mundo e a formação de cidadãos plenos. Para alcançar esses
objetivos é preciso acima de tudo querer mudar e acreditar que existe outra forma de
ensinar que não seja só transmitir conteúdos (DREHE, 2009, p. 1).
Neste aspecto tende-se utilizar meios que possibilitem uma aprendizagem significativa
ao aluno e para isso propomos a construção de um minhocário numa escola, para que, desde a
sua construção até a produção de húmus, obtenha-se dados que permitam a exploração de
conteúdos matemáticos sem deixar de chamar a atenção para assuntos transversais.
25
1.4 – METODOLOGIA DA PESQUISA
Neste capítulo, expomos os procedimentos utilizados para o desenvolvimento da
pesquisa, cuja a abordagem metodológica foi embasada na pesquisa qualitativa e quantitativa
e teve como aporte teórico: DALFOVO. E apresentando o universo e os sujeitos da pesquisa,
como também os procedimentos para coleta de dados.
1.4.1 – Opção Metodológica
Esta pesquisa fundamentou-se nos pressupostos teóricos que se dedicam aos estudos
sobre a criação de minhocas e sua reprodução. Tem como problemática investigar e analisar a
aprendizagem dos alunos da 2º ano do ensino médio regular em relação à compreensão de
conceitos matemáticos.
O primeiro passo foi uma atividade de pesquisa por parte dos alunos junto a sites de
informações, com a finalidade de se familiarizarem com minhocas e ainda ampliar suas visões
quanto a produção de húmus como uma solução de intervenção no meio ambiente em que
vivem, obtendo subsídios que levem a considerá-la uma atividade de desenvolvimento
sustentável.
O segundo passo foi a construção de um minhocário para observar o ciclo de
reprodução das minhocas e descobrir que conceitos poderiam ser utilizados, que permitam
quantificar e estimar sua reprodução depois de alguns ciclos reprodutivos.
Para a análise das informações obtidas, a pesquisa baseou-se no aspecto da perspectiva
interpretativa. Onde visa-se a utilização do minhocário como uma experiência para o ensino
de conceitos matemáticos, uma das metodologias escolhidas foi a pesquisa quantitativa pois
nela é possível quantificar, classificar e analisar números estatísticos, ou seja, é o resultado de
uma pesquisa de fenômenos que seja capaz de subsidiar a análise, conclusão e ainda,
possibilitar criar e resolver novos e velhos problemas, (DALFOVO, 2008; LANA, 2008;
SILVEIRA, 2008).
Também foi escolhida a pesquisa qualitativa por haver nela vários dados
interpretativos obtidos de forma natural e contextualizada, onde o ambiente escolar e o aluno
é a fonte direta dos dados e o pesquisador é quem busca entender os fenômenos que ocorrem
durante a manipulação dos instrumentos da pesquisa. Além de se preocupar com o processo
ou meios de como ele ocorre, busca se obter resultados que satisfaça a proposta em questão,
26
pois a mesma foca na qualidade dos resultados conforme a análise e a interpretação dos
dados.
Conforme Dalfovo (2008) cita em um dos seus trabalhos sobre Diehl (2004) que
expõe algumas linhas acerca destes dois métodos:
a) a pesquisa quantitativa pela uso da quantificação, tanto na coleta quanto no tratamento das
informações, utilizando-se técnicas estatísticas, objetivando resultados que evitem possíveis
distorções de análise e interpretação, possibilitando uma maior margem de segurança;
b) a pesquisa qualitativa, por sua vez, descrevem a complexidade de determinado problema,
sendo necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nos grupos,
contribuir no processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas
particularidades dos indivíduos (DALFOVO, 2008; LANA, 2008; SILVEIRA, 2008).
Para Minayo (1994) as duas metodologias são compatíveis, podendo ser utilizadas
numa mesma pesquisa, onde a quantitativa tem o papel de levar a investigação de um
problema para então ser analisado por métodos de âmbito qualitativo.
1.4.2 – Delimitação do Universo da Pesquisa
A instituição escolhida foi a escola estadual Albino Büttner localizada em Triunfo,
Distrito de Candeias do Jamarí pertencente à rede pública da Secretaria de Estado de
Educação de Rondônia. A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Albino Büttner,
nasceu da necessidade do atendimento às crianças, adolescentes e adultos residentes no
distrito e adjacências, sua clientela é composta por alunos oriundos de famílias de classes
urbanas e rurais.
A escolha da localidade se deu devido ser meu local de trabalho, já que leciono
matemática para turmas às quais coube esta experiência de pesquisa.
A escola funciona nos três períodos do dia, matutino, vespertino e noturno, atendendo
ao Ensino Fundamental e Médio nos três períodos e a modalidade EJA (Ensino para Jovens e
Adultos) do ensino médio somente no período noturno.
Atualmente a instituição atende 13 turmas do Ensino Fundamental regular, 7 turmas
do Ensino Médio regular e 3 turmas da modalidade EJA do Ensino Médio.
1.4.3 – Sujeitos da Pesquisa
A turma escolhida foi do 2º ano do ensino médio, pois nela seria abordado alguns
27
conceitos relacionados a conteúdos que deveriam ter estudados, mas que seria abordado numa
expectativa de uma melhor aprendizagem sobre o assunto.
A turma era composta por 27 alunos com idade entre 14 e 16 anos.
1.4.4 – Coleta de Dados
A pesquisa foi realizada com a ajuda de uma professora graduada em Ciências
Biológicas pela Faculdade Integrada Aparício Carvalho (FIMCA) na capital do estado de
Rondônia, graduou-se no ano de 2010 e atualmente é pós-graduanda em Metodologia do
Ensino Superior pela Faculdade Católica de Rondônia (FCR).
Acreditando que num estudo de reprodução de minhocas é necessário estudar todas as
variáveis para que ocorra uma reprodução satisfatória, com o objetivo de que estas serão as
responsáveis pela produção de húmus que também gerará um ciclo produtivo em benefício a
toda sociedade.
Com isso antes de se trabalhar com os alunos a construção do minhocário para
conhecer sua reprodução e seu ciclo reprodutivo, iniciou-se com uma pesquisa prévia sobre o
crescimento populacional das minhocas utilizando alguns materiais orgânicos, como restos de
alimentos e o esterco bovino. Para esta pesquisa utilizamos dois meios para coleta de dados.
Iniciamos pedindo que eles realizassem uma pesquisa bibliográfica sobre minhocas e a
minhocultura e a pesquisa experimental utilizando a construção de um minhocário. Dividimos
cada turma em dois grupos para a pesquisa da atuação das minhocas no bioma amazônico e
no bioma dos pampas. A escolha da atuação das minhocas nestes dois biomas foi para que
eles pudessem fazer uma comparação da atuação das minhocas nos dois extremos do país, um
ao sul e outro ao norte. Eles recorreram à pesquisa em endereços eletrônicos para obtenção de
dados para a construção de seus trabalhos, sendo estes em forma de exposição verbal e de
apresentação de slids, onde estavam inseridos imagens e textos e algumas curiosidades.
Após a apresentação dos dois grupos, iniciamos uma pesquisa de como construir um
minhocário para termos ideia de qual seria o melhor formato para o ambiente em questão e
também conhecer as formas de atuação das minhocas nos lixos orgânicos. Preferimos utilizar
a modalidade da vermicompostagem, pois nela as minhocas atuam diretamente na
decomposição do lixo orgânico.
Com a utilização dos restos alimentares, ocorreu um fenômeno um tanto quanto
preocupante o que tornou um pouco desgastante devido a invasão de formigas e por não
possuir um local apropriado para mantê-las afastadas, e por este motivo, então passamos a
28
utilizar o esterco bovino verde (esterco fresco sem ser misturado com urina) por ser mais fácil
de controlar o ataque de formigas e outros insetos, e ainda por ter sido o que aparentemente,
mais agradou as minhocas, pois observamos que quando da adição do resto orgânico na
vasilha, logo seguiram rumo a este para se alimentar e transformar esse material em húmus.
O material escolhido para construção do minhocário foi um caixote de madeira,
utilizado para o transporte de frutas e verduras, de 30cm de largura por 45 cm comprimento.
Este caixote foi adquirido semipronto sendo gasto pouco tempo para sua adequação para a
finalidade desejada já que as aulas destinadas a essa experiência eram poucas para não
comprometer o currículo escolar. Colocamos o esterco a uma altura de 5 cm e colocamos uma
quantidade pequena de minhocas, totalizando mais ou menos 90 indivíduos. Em seguida,
molhamos o canteiro e tapamos, pois as minhocas atuam e sobrevivem em lugares úmidos e
escuros.
Um dos problemas observado foi que a umidade era mantida por pouco tempo, pois a
madeira sugava parte da umidade e precisava ser irrigado todos os dias para manutenção de
umidade adequada.
Após um mês do início da experiência já haviam casulos e no final de dois meses
haviam muitas minhocas e o húmus já estava pronto para ser retirado. Retiramos o húmus e
adicionamos mais esterco bovino verde, para que o ciclo continuasse.
O material que eu apliquei em sala para que juntos descobrissem qual conceito
matemático se podiam extrair, foi a minha pesquisa prévia, onde coloquei seis minhocas que
já estavam com seus clitelos visíveis, numa garrafa pet para que ao fim de dois meses
pudéssemos contar quantas minhocas haviam no composto finalizado. Depois de alguns dias
haviam filhotes dos quais separei 2 deles para que eu soubesse realmente o ciclo reprodutivo,
neste caso, depois de dois meses, haviam 18 filhotes.
No fim de dois meses levei novamente a garrafa pet para a aula e juntos pudemos
conferir o crescimento populacional das minhocas. O crescimento foi de, para cada uma
haviam nove a mais, ou seja, de duas minhocas haviam vinte minhocas no final de dois
meses, ou seja, desde o nascimento das minhocas até a eclosão de seus casulos no período de
60 dias. Todos os dados obtidos apresentei para os alunos e separei grupos para estudarmos
como isso poderia ser transcrito numa fórmula e graficamente representada.
Mas antes de chegarmos a fórmula que nos davam os resultados, fizemos várias
tentativas para que pudéssemos encontrar a que mais se aproximava do quantitativo obtido
fazendo somente somatórias, por exemplo: depois da primeira reprodução pudemos contar ao
todo, 54 minhocas, logo, 6 minhocas tiveram a capacidade de produzir 9 minhocas, em
29
seguida, as 54 minhocas também reproduziriam 9 filhotes cada uma, então procuramos uma
fórmula por tentativa e erro para nos dar o resultado obtido através de uma prévia somatória.
1.5 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo, através dos instrumentos de coleta de dados, pudemos descrever e
analisar o que os sujeitos desta pesquisa, mediante suas próprias pesquisas e atitudes,
obtivessem a resposta para o trabalho proposto.
O primeiro grupo apresentou o que são minhocas, sua constituição física, sua
alimentação, sua atuação no solo do bioma amazônico e sua adaptação neste solo, sua origem
e espécies e por fim, sua utilidade na culinária e farmacêutica. Este grupo, após apresentar o
trabalho, concluiu que as minhocas possuem um papel importante no controle do bioma
amazônico, tais como a produção do húmus que traz benefícios ao meio ambiente
preservando-o e conservando-o dando sustentabilidade ao ecossistema, concluiu também que
a atividade de criação de minhocas para o controle de lixo orgânico não é conveniente devido
ao alto custo exigido para o manejo destes.
O segundo grupo se aprofundou mais quanto a criação de minhocas para viabilizar
soluções de aspecto socioeconômico. Este grupo, em sua apresentação, se mostrou surpreso
com o resultado do assunto pesquisado, pois consideravam as minhocas seres insignificantes
com uma única utilidade, a de serem iscas. Na pesquisa, o grupo percebeu que além de isca,
elas desempenham um papel importante na fertilização do solo que compõe o bioma dos
pampas, e não somente deste, mas de todo os demais solos dos biomas brasileiros, porém nos
biomas da região nordeste, a população de minhocas é significativamente inferior aos dos
outros biomas, por possuir um clima muito seco.
Quanto à atividade de criação para o controle do lixo orgânico, estes concluíram que
seria uma saída para o controle destes lixos, mas perceberam que deveria haver uma melhor
seleção destes lixos para que não causassem a morte das minhocas por meio de lixos que
comprometessem seu crescimento populacional, tais como as gorduras, sal de cozinha, frutas
muito ácidas entre outros. Mencionaram ainda, que nesta região amazônica, mais
especificamente, no Distrito de Triunfo/Candeias do Jamarí/RO, constituída por pequenos
produtores dos quais os alunos são provenientes. Moram em chácaras e sítios onde a principal
atividade econômica de sobrevivência são as plantações de hortaliças entre outras agriculturas
de pequeno porte e que todos os anos precisam aplicar camadas de calcário para a correção do
30
solo. Compreenderam em suas pesquisas, que as minhocas desenvolvem o papel de controlar
a acidez do solo, num pequeno período de tempo de até cem dias, o que no caso do calcário,
levaria cerca de um ano para que ser possivel plantar novamente. Uma aluna justificou que
todos os anos possuem um custo muito elevado para adquirir o corretivo (calcário): “se os
governantes quisessem investir na produção de húmus de minhocas favoreceria estes
pequenos produtores”, comentou a aluna.
Ao estudarmos a reprodução das minhocas ocorrida no período de 60 dias, separamos
em ciclos o tempo de cada reprodução, ou seja, primeira reprodução chamamos de primeiro
ciclo, segunda reprodução, chamamos de segundo ciclo.
Novamente foram separados em dois grupos, sendo mantida a mesma formação do
início da pesquisa. Então pedi que transcrevessem para o caderno como eles entenderam a
reprodução através dos dados obtidos. Durante os estudos, pode-se observar que não
conseguiam identificar as variáveis envolvidas no processo, neste momento, foi preciso a
intervenção com perguntas que os levassem a descobrir as variáveis, como por exemplo,
quantas eram as minhocas iniciais? Qual foi a quantidade que cada minhoca reproduziu? E
qual foi o resultado obtido depois dos 60 dias, ou seja, do primeiro ciclo? E assim
conseguimos chegar numa fórmula que pudesse contar as quantidades das minhocas em
qualquer ciclo. A expressão obtida foi: 5496 1 , constataram que se tratava de função
exponencial e progressão geométrica, pois as mesmas possuem as seguintes características:
xaxf )( e na 1
1
nqa , com 0n . Antes deles chegarem a tal conclusão, foi aplicado
algumas definições de funções, vistos no livro de matemática do 1º ano do ensino médio,
considerando que a maioria dos alunos não viu estes conceitos no ano anterior.
Em relação à função exponencial, pudemos calcular multiplicando a quantidade de
minhocas iniciais e a quantidade de minhocas reproduzidas elevado aos ciclos, ficando da
seguinte maneira: xxf 96)( e a variável x como sendo os ciclos de reprodução.
Já na progressão geométrica a fórmula era semelhante, porém para o ciclo inicial a
variável x não pode assumir valor 0, o que pode ocorrer com a função exponencial.
A maioria dos alunos não tinha visto função exponencial e nem progressão
geométrica, pois na escola existe uma rotatividade de professores de matemática, por não ter
tido professor concursado na área que desejasse lecionar neste distrito, logo os conteúdos de
matemática estavam defasados em relação a série em questão. Em discussão com os alunos,
percebi que gostaram do estilo de aula e ao mesmo tempo puderam aprender sobre dois
conteúdos que são correlacionados, de uma maneira que ao mesmo tempo não se
31
desgastassem com o estilo de aula tradicional, onde professor copia conceitos e alunos
simplesmente reproduzem. Pudemos também perceber que as fórmulas são capazes de estimar
produções com dados iniciais, utilizando os dois conceitos, função exponencial ou progressão
geométrica.
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da pesquisa realizada foi possível conhecer a realidade do ambiente escolar,
bem como de sua clientela. Também possibilitou perceber o conhecimento prévio dos alunos,
que em estimativa, é baixa em relação aos dos outros alunos que frequentam escolas que não
sofrem tanto com a falta de professores de matemática.
O alto índice de desinteresse dos alunos pelo ensino-aprendizagem da matemática
também foi detectável, pois consideram que não possuem bons professores devido a tal falta
de professores concursados em licenciatura em matemática fazendo com que haja a
contratação de professores por tempo determinado o que ocorre uma rotatividade que muitas
vezes não comtemplam profissionais formados nesta disciplina. Com isso se percebe que há
também uma baixo autoestima nos alunos, gerando desinteresse pelas disciplinas em geral.
Durante a pesquisa o que mais despertou o interesse destes alunos foi no momento em
que se estudava biologicamente a minhoca, onde mencionava-se seu habitat, suas funções no
meio ambiente e suas contribuições, que até então, algumas eram desconhecidas e jamais
imaginada por eles.
A manipulação também ocasionou empolgação por parte dos alunos, enquanto que no
momento de nos aprofundarmos em conceitos matemáticos gerou um certo desânimo, uma
vez que consideram seus conhecimentos na área pequeno, em vista das dificuldades
enfrentadas por eles nesta escolas com a falta de profissionais preparados para atuar. Mesmo
com o desânimo encontrado, o professor pode levá-los a um raciocínio lógico e simples, que
era a reprodução de minhocas para se estudar um conceito que mais se aproximava dos dados
obtidos sistematicamente.
Este estudo pôde permitir estudar dois conceitos, um sendo funções exponenciais e o
outro progressões geométricas, os dois contabilizam os mesmos resultados finais.
O objetivo da presente pesquisa foi alcançado no quesito aprendizagem da relação
minhoca, meio ambiente e matemática. Mesmo os alunos tendo um sentimento aversivo aos
conceitos matemáticos, este trabalho levou-os, mesmo que não quisessem, a terem a
compreensão de onde se extraiu e quais os objetivos de tais conceitos e, por consequência, a
necessidade de se aprendê-los durante sua vida escolar respondendo assim, uma de suas
perguntas sobre para que serve este conteúdo.
Assim, como sabemos que hoje, devido aos vestibulares estarem cada vez mais
interdisciplinarizados e contextualizados, nos instigam a buscar meios que estejam
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entrelaçados à outras disciplinas com o intuito de amenizar os efeitos aversivos pela
matemática e sua compreensão.
Verificou-se ainda, que há a necessidade de todo corpo educador envolver-se em tal
finalidade, caso contrário, sobrecarregaria um único professor, o que poderia gerar um
resultado não satisfatório e comprometeria o currículo escolar.
Desenvolver projetos onde envolveria vários professores de áreas diversas, os quais
caberiam ensinar os conteúdos que também estivessem ligados. Isso implicaria no
desenvolvimento de um currículo escolar que contemplam todas as áreas ou pelo menos as
que mais se aproximam da área de exatas um vez que, no momento, é considerada uma área
crítica, tanto pelo baixo índice de aprendizagem, quanto de profissionais formados na área.
Quanto a questão de se investir na área de minhocultura como meio de solução para
controle dos lixos orgânicos chegamos à conclusão de que cada pessoa deve fazer sua parte
procurando meios para dar um rumo certo para seus lixos orgânicos, ou até mesmo, os
pequenos agricultores procurarem construir por si próprio os seus minhocários com a intenção
de produzirem adubo orgânico para comercialização e adubação de suas hortaliças, pois não
há esperanças por parte deles de que o governo tome a iniciativa para a descontaminação do
solo causadas pelos aterros sanitários e dos lixões a céu aberto, o que é pior ainda.
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Figura 1: Composto inicial sendo adicionado no caixote.
Figura 2: Aula sobre a reprodução das minhocas com o composto final.