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AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO
CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DO TELES
PIRES NO ESTADO DE MATO GROSSO
CRISTINA SANTOS BOTTI
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO
CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DO TELES
PIRES NO ESTADO DE MATO GROSSO-MT.
Brasília-DF
2010
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AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO
CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DO TELES
MT.
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CRISTINA SANTOS BOTTI
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO
CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DA REGIÃO
DO TELES PIRES NO ESTADO DE MATO GROSSO-MT.
Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública – Fundação Oswaldo Cruz, área de concentração em Vigilância em Saúde, sob a orientação da Profª. Drª. Elizabeth Artmann e co-orientação da Profª. Drª. Maria Angélica Spinelli
Brasília-DF
2010
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FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação na fonte Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica Biblioteca de Saúde Pública
Botti, Cristina Santos
Avaliação do processo de implementação do Consórcio Intermunicipal de
Saúde do Teles Pires no estado de Mato Grosso-MT /Cristina Santos Botti -
Brasília, 2010
Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
Departamento de Endemias Samuel Pessoa
Área de Concentração: Vigilância em Saúde
Orientadora: Artmann, Elizabeth
Co Orientadora: Spinelli, Maria Angélica
Descritores1. Regionalização. 2.Consórcio Intermunicipal de Saúde. 3.
Política,Planejamento e Gestão. 4. Avaliação. 5. Acesso
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LISTA DE SIGLAS
CDC– Centers for Disease Control and Prevention
CGR – Colegiado de Gestão Regional
CIB – Comissão Intergestores Bipartite
CIS – Consórcio Intermunicipal de Saúde
CISRTP – Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região doTeles Pires
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
NOAS /SUS – Norma Operacional de Assistência em Saúde
NOB – Norma Operacional Básica
PACIS – Programa de Apoio ao Consórcio Intermunicipal de Saúde
PAICI - Programa de Apoio ao Desenvolvimento e Implementação dos Consórcios
Intermunicipais de Saúde
PAP/VS – Programação das Ações Prioritárias da Vigilância em Saúde
PDI – Plano Diretor de Investimento
PDR – Plano Diretor de Regionalização
PPI – Programação Pactuada e Integrada
SADT – Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico
SES – Secretaria Estadual de Saúde
SIA – Sistema de Informação Ambulatorial
SIH – Sistema de Informação Hospitalar
SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade
SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SIOPS – Sistema de Informação do Orçamento Público da Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
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LISTA DE QUADROS E TABELAS
QUADROS
QUADRO 1 – Dimensões do Modelo Teórico da Avaliação 29
QUADRO 2 – Distribuição dos municípios do CISRTP por faixa populacional-
Mato Grosso - 2008
47
QUADRO 3 – Escores Obtidos em relação à Matriz de Análise e Julgamento
para a avaliação do Grau de Implantação do CISRTP
57
QUADRO 4 – Lotacionograma do CISRTP – 2008 61
QUADRO 5 – Estrutura Decisória do CISRTP 63
QUADRO 6 – Tipos de Leitos por Especialidades dos municípios do CISRTP -
2008
74
QUADRO 7 Percentual de Pacientes internados por procedência e local de
internação 2000 e 2008
78
TABELAS
TABELA 1 – Consórcios Intermunicipais de Saúde de Mato Grosso por
município sede e ano de constituição
40
TABELA 2 – Aspectos Físicos e Territoriais dos municípios da região do Teles
P ires
45
TABELA 3 – Aspectos Demográficos da região do CISRTP 46
TABELAS 4 – Condições Sócio - Econômicas da Região do Consórcio
Intermunicipal de Saúde do Teles Pires e Mato Grosso - 2000
50
TABELA 5 - Taxa de Mortalidade Infantil por 1000 NV dos municípios do
CISRTP 2000 e 2008
51
TABELA 6 – Taxa de Mortalidade por 100.000 hab.por cinco principais grupos
de causa segundo os municípios do CISRTP
52
TABELA 7 – Número de Internações por município por residência, CISRTP
2000-2008
54
TABELA 8- Classificação do Grau de Implantação do CISRTP - 56
TABELA 9 – Financiamento das Ações do CISRTP por fonte de financiamento 68
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6
2004-2008
TABELA 10 – Estabelecimentos de Saúde dos municípios do CISRTP por tipo
de unidade, 2008
73
TABELA 11- Número de Profissionais de Saúde, segundo ocupação, dos
municípios do CISRTP, 2008
75
TABELA 12 – Cobertura Populacional das Equipes da Saúde da Família da
região do CISRTP, 2000 a 2008
76
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Triângulo de Governo de Matus 18
FIGURA 2 – Modelo Lógico da Intervenção 27
FIGURA 3 – Modelo Teórico da Avaliação do Programa 28
FIGURA 4 – Mapa dos Consórcios Intermunicipais de Saúde 41
FIGURA 5 – Pirâmide Populacional dos municípios da Região do Consórcio do
Teles Pires – 2000 e 2008
48
FIGURA 6 – Índice de Desenvolvimento Humano da Região do Teles Pires,
Mato Grosso e Brasil, 2000
49
FIGURA 7 - Taxa de Mortalidade Infantil por da Região do CISRTP 51
FIGURA 8 - Taxa de Internação por 10 mil habitantes da região do CISRTP,
segundo ano de internação – 2000-2008
54
FIGURA 9 - Organograma do CISRTP 63
FIGURA 10 – Cobertura Populacional das Equipes de Saúde da Família na
região do CISRTP 2000-2008
77
FIGURA 11 – Índice de Utilização dos Serviços do Hospital Regional por
municípios no ano de 2008
79
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7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 01
I - REFERENCIAL TEÓRICO 06
1 – Referencial Teórico............................................................................................. 06
1.1 – A estratégia da Regionalização.......................................................................... 06
1.2 – Os Consórcios Intermunicipais no contexto da regionalização........................ 09
1.3 –. Política, Planejamento e Gestão....................................................................... 15
1.4 – Avaliação de Políticas e Programas de Saúde................................................... 19
1.5 – Acesso em Saúde............................................................................................... 22
II OBJETIVOS......................................................................................................... 24
Objetivo Geral............................................................................................................ 24
Objetivos Específicos................................................................................................. 24
III - ESTRATÉGIA METODOLÓGICA...................... ........................................ 25
3 – Estratégia Metodológica..................................................................................... 25
3.1. - Desenho do Estudo............................................................................................ 25
3.2 - Lócus da Pesquisa.............................................................................................. 25
3.3 - Modelo Teórico da Avaliação............................................................................ 26
3.4 – Análise e Processamento dos Dados.................................................................. 32
3.5 – Análise das Entrevistas...................................................................................... 34
3.6 – Aspectos Éticos.................................................................................................. 36
CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................. 36
4 – Resultados e Discussão...................................................................................... 36
4.1 - Os Consórcios em Mato Grosso......................................................................... 37
4.2 – Estudo de Caso: O Consórcio Intermunicipal da Região do Teles Pires........... 44
4.2.1 – Contexto Externo.......................................................................................... 44
4.2.1.1 – Aspecto Físico e Territorial......................................................................... 44
4.2.1.2 – Contexto Demográfico................................................................................. 45
4.2.1.3 – Contexto Sócio Econômico......................................................................... 48
4.2.1.4 - Contexto Epidemiológico............................................................................ 50
4.2.2 – Contexto Político Organizacional................................................................ 57
4.2.2.1 – Projeto de Governo...................................................................................... 58
4.2.2.2 – Capacidade de Governo............................................................................... 60
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8
4.2.3.3 – Governabilidade........................................................................................... 61
4.2.3 – Contexto Assistencial................................................................................... 70
4.2.3.1 –Instrumentos de Planejamento e Regionalização........................................ 70
4.2.3.2 – Disponibilidade............................................................................................ 72
4.2.3.3 – Acessibilidade.............................................................................................. 76
4.3 – Análise do Discurso do Sujeito Coletivo........................................................ 80
V – CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES.......... 117
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 121
ANEXOS E APÊNDICES........................................................................................ 131
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9
RESUMO
Esta dissertação avaliou o processo de implementação do Consórcio Intermunicipal de
Saúde da microrregião do Teles Pires, no contexto da regionalização de atenção à saúde.
O consórcio de saúde é uma associação entre os municípios e surgiu como uma forma
de viabilizar o acesso à população a diferentes especialidades e serviços de saúde de
forma regionalizada e cooperativa. A estratégia metodológica utilizada foi um estudo de
caso único. O consórcio selecionado é o mais antigo do estado. Foi elaborado um
Modelo Teórico de Avaliação e as categorias de análise e julgamento corresponderam
às seguintes dimensões: contexto externo, contexto político organizacional e contexto
assistencial. A coleta de dados foi realizada a partir da análise documental, dados
secundários dos Sistemas Oficiais de Informação e entrevistas semi-estruturadas.
Verificou-se a influência dos determinantes contextuais sobre o grau de implantação do
Consórcio. O contexto político organizacional foi analisado segundo as categorias de
“triângulo de governo” de Matus, incorporadas nos roteiros semi-estruturados aplicados
aos atores-chave com poder decisório. Para a análise das entrevistas utilizou-se o
Discurso do Sujeito Coletivo. A análise da dimensão assistencial focou a categoria de
instrumentos formais de planejamento, acessibilidade e disponibilidade. Os resultados
apontaram que, apesar dos avanços obtidos pela implantação do Consórcio, como
estratégia de reorganização da assistência à saúde na microrregião, o grau de
implantação alcançado pelo Consórcio foi intermediário. Constatou-se em relação ao
contexto externo, um cenário favorável que fortaleceu o processo de implementação do
Consórcio. No contexto assistencial revelou a baixa utilização dos instrumentos formais
de planejamento e dificuldade no enfrentamento dos problemas de gestão da assistência
a saúde. As subdimensões de acessibilidade e disponibilidade apresentaram fragilidades
em relação à carência de médicos especialistas e da capacidade instalada da
microrregião. Este estudo concluiu que é imprescindível a condução pela esfera estadual
na implementação das políticas de saúde e do monitoramento e avaliação deste
importante instrumento de cooperação intergovernamental, no processo de
regionalização.
Palavras-Chave: Regionalização, Consórcio Intermunicipal de Saúde, Avaliação e
Acesso
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10
ABSTRACT
This dissertation has evaluated the process of implementation of the Intermunicipal
Health Consortium from Teles Pires's micro region, in the context of the regionalization
of attention to the health. The health consortium is an association among the municipal
districts and they appeared as a way of enabling the access to the population to different
specialties and health services in a regionalized and cooperative way. The
methodological strategy used in this study was an only case study. The chosen
consortium is the oldest one in the state. A Theoretical Model of Evaluation was
elaborated and the analysis and judgement categories corresponded to the following
dimensions: external context, political organizational context and assistance context.
Data collection was accomplished based on the documental analysis, secondary data of
the Official Systems of Information and semi-structured interviews. The influence of
the contextual determinants on the level of implantation of the Consortium was verified.
The political organizational context was analyzed according to Matus’s "government
triangle", incorporated in the semi-structured syllabuses applied to the key actors with
decision power. For the analysis of the interviews the Collective Subject's Speech was
used. The analysis of the assistance dimension focused on the category of formal
instruments of planning, accessibility and availability. The results pointed that, in spite
of the progresses obtained by the implantation of the Consortium, as reorganization
strategy of the attendance to the health in the micro region, the degree of implantation
reached by the Consortium was intermediate. Concerning the external context, favorable
scenery which strengthened the process of implementation of the Consortium was
verified. In the assistance context it showed the low utilization of the formal instruments
of planning and difficulty facing the problems of management of the health assistance.
The accessibility and availability sub dimensions showed fragilities concerning the lack
of specialist doctors and the micro region’s installed capacity. This study concluded that
the conduction by the state sphere in the implementation of health policies is
indispensable and also the need of the monitoring and evaluation of this important
instrument of intergovernmental cooperation, in the process of regionalization.
Key Words: Regionalization, Intermunicipal Health Consortium, Evaluation and Access
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11
INTRODUÇÃO
O Brasil constitui um Estado Federativo, estruturado em quatro níveis político -
administrativos: a união, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Neste sistema
os municípios brasileiros são entes federados com autonomia política, administrativa e
financeira e com competências constitucionais bem estabelecidas (MENDES &
PESTANA, 2004).
Este aspecto implica que as instâncias de governos interessadas em transferir
atribuições de gestão devem implementar estratégias bem-sucedidas para obter a adesão
dos governos locais. No caso do Sistema Único de Saúde (SUS), esta adesão envolve o
custo político e financeiro para que estados e municípios assumam a responsabilidade
pública pela oferta universal dos serviços de saúde (ARRECHE, 1999).
A implantação do SUS consolida-se com a regulamentação das Leis nº 8.080/90
e nº 8.142/90, e no artigo 198 da Constituição Brasileira consta que: “as ações e
serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um Sistema Único, organizado de acordo com as diretrizes de
descentralização, atendimento integral e participação da comunidade” (BRASIL, 1988).
O artigo 7º da Lei nº 8080/90 reafirma as diretrizes previstas no artigo 198 da
Constituição Brasileira e define competências frente à criação das redes regionalizadas e
hierarquizadas de saúde, nas quais a direção municipal do SUS deve participar do
planejamento, programação e organização, em articulação com sua direção estadual.
Essa concepção hierárquica foi assumida pelas normas operacionais do SUS:
Normas Operacionais Básicas (NOB 01/91, NOB 01/93, NOB 01/96) e a Normas
Operacionais da Assistência (NOAS 01/01 e 01/02) com o objetivo de promover maior
eqüidade na alocação de recursos e no acesso da população às ações e serviços de saúde
em todos os níveis de atenção, na perspectiva de garantir o acesso aos cidadãos, o mais
próximo possível de sua residência.
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12
A Norma Operacional Básica do SUS 01/93 (NOB SUS 01/93) aponta a
regionalização como um dos pressupostos que fundamentou a construção do SUS,
entendida como:
uma articulação e mobilização municipal que leve em consideração características geográficas, fluxo de demanda, perfil epidemiológico, oferta de serviços e, acima de tudo, a vontade política expressa pelos diversos municípios de se consorciar ou estabelecer qualquer outra relação de caráter cooperativo. (BRASIL, 1993).
O processo de regionalização é uma estratégia de hierarquização dos serviços de
saúde, sendo esta uma diretriz que orienta a descentralização das ações e serviços de
saúde e os processos de negociação e pactuação entre os gestores objetivando garantir o
direito da população à saúde, reduzindo desigualdades sociais e territoriais e
promovendo a eqüidade.
Como parte do processo de consolidação do SUS foi instituído o Pacto pela
Saúde, em 2006 (BRASIL, 2006a), envolvendo os três níveis de governo e as entidades
representativas de trabalhadores e usuários. A proposta é que a partir da sua assinatura,
os gestores assumam o compromisso de cumprir o conjunto de responsabilidades que
compõe este Pacto, que privilegia a ênfase nas necessidades de saúde da população, o
compromisso sanitário e a responsabilidade pública.
Na dimensão do Pacto pela Gestão, um dos componentes do Pacto pela Saúde, a
regionalização é definida como o eixo estruturante a partir do qual serão delineadas e
ordenadas as ações para o cumprimento pelos gestores estaduais e municipais das
respectivas responsabilidades relativas à descentralização, ao financiamento, ao
planejamento, à programação, ao controle social e à educação em saúde.
Os municípios do interior do Brasil têm enfrentado dificuldades na
implementação do Sistema Único de Saúde, conforme as normalizações vigentes. A
falta de recursos humanos e financeiros, a dificuldade de acesso ao uso de tecnologia de
diferentes níveis de complexidade e custo e a inexistência de estrutura física adequada,
além da distância que dificulta o atendimento à saúde, são os entraves mais comuns que
levam os dirigentes municipais a procurar alternativas de gestão (GIL, 2000b).
Foi no âmbito da Norma Operacional Básica NOB 01/96 que os Consórcios
Intermunicipais de Saúde passaram a ser considerados, no contexto da regionalização e
hierarquização da rede de serviços, como principal estratégia para articulação e
mobilização dos municípios, com coordenação estadual, de acordo com características
geográficas, demanda, perfil epidemiológico, oferta de serviços e, principalmente, a
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13
vontade política expressa pelos diversos municípios, considerando a especificidade do
pacto federativo brasileiro
Torres (1995) refere-se a esta forma de articulação definindo que:
consórcio, do Latim “consortiu”, implica a idéia de associação, ligação, união e, no âmbito das relações intermunicipais, nada mais apropriado do que a formação de entidades visando o estudo, o acompanhamento, o diagnóstico das soluções que via de regra, envolve municípios limítrofes e com problemas que se identificam numa ordem cada vez mais crescente, em função da forte demanda dos administrados (p. 35).
Os Consórcios Intermunicipais de Saúde (CIS) surgem neste contexto,
apresentando-se como uma prática de gestão inovadora no sistema de saúde no Brasil,
de forma a viabilizar o acesso da população a diferentes especialidades e serviços, de
forma regionalizada e cooperativa. O CIS é visto como uma associação entre os
municípios para a realização de atividades conjuntas referentes à promoção, proteção e
recuperação, possibilitando a viabilização financeira de investimentos e contribui para a
otimização da rede de assistência, inclusive em relação à organização da referência,
possibilitando melhor atendimento às necessidades de saúde das populações.
Segundo Abrucio & Costa (1998, p. 133), “os consórcios foram implantados, no
contexto federativo, como iniciativas de correção de distorções da gestão do sistema
com potencial de consolidar o processo de descentralização de forma cooperativa e
coordenada”.
No Brasil, os CIS constituíram-se no princípio dos anos 80, no Estado de São
Paulo, com a experiência pioneira do município de Penápolis. Nos anos 90 e após a
regulamentação do SUS pelas Leis Orgânicas de Saúde foi observada franca expansão
deste tipo de associação (GIL, 2000a). Um estudo sobre a avaliação dos consórcios de
saúde no Brasil revelou que 95% dos municípios envolvidos eram de pequeno porte,
com menos de 50 mil habitantes, o que reforça a importância desse tipo de cooperação
na superação de problemas comuns (GIL, 2000b). No ano de 2008, os CIS no Brasil
estavam constituídos em 12 estados, totalizando 176 CIS.
Segundo Mendes (1998), os consórcios não foram concebidos como uma
releitura crítica da municipalização do SUS, mas como uma solução pragmática aos
problemas de déficits da atenção secundária à saúde. Para este autor, foram soluções de
baixo para cima, realizadas no vácuo deixado pela fragilidade regulatória das
Secretarias Estaduais de Saúde e através de uma lógica eminentemente política. Mas,
sem dúvida, os consórcios intermunicipais de saúde foram estimulados pela
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14
municipalização do SUS, sem, contudo, significar uma crítica a esse movimento de
descentralização. Na realidade, acabaram por criar mais um subsistema público de
serviços de saúde, fora das normas do SUS.
Nas análises das experiências, os consórcios acumulam posições favoráveis e
desfavoráveis. As desfavoráveis em geral associam os consórcios aos efeitos negativos
da descentralização, avaliada como descoordenada, pulverizada, atomizada e
fragmentada. Os consórcios nessa posição são vistos como competitivos com as funções
da esfera estadual ao organizarem a oferta regional (MENDES, 1998). As opiniões
favoráveis, por sua vez, reforçam que a adoção de consórcios propiciou o
estabelecimento de relações intergovernamentais cooperativas com potencial de superar
dificuldades para organizar os serviços de saúde frente às responsabilidades decorrentes
da descentralização (GUIMARÃES & GIOVANELLA, 2004).
No Estado de Mato Grosso a criação dos CIS teve início no ano de 1995, sendo
que os primeiros consórcios a serem implantados foram aqueles com referências em
Unidades Estaduais. A estratégia do CIS em Mato Grosso, ao viabilizar a constituição
de unidades de referência de média e alta complexidade, pretendia garantir o acesso à
assistência ambulatorial, hospitalar e de serviços aos cidadãos de regiões antes não
assistidas.
Como o impacto contemporâneo dos consórcios nos Sistemas Regionais de
Saúde permanece ainda pouco explorado, fazem-se necessários novos estudos que dêem
conta dos consórcios existentes em todo o país. Estudos que também revelem suas
características, suas motivações e seus resultados para que se tenha melhor compreensão
da sua magnitude e importância no processo de regionalização e de alternativas na
atenção à saúde da população.
Um estudo realizado pela SES/MT no período de 1995 a 2000, relacionado aos
CIS, mostrou um aumento da resolução regional na assistência ambulatorial e
hospitalar, expresso na redução dos encaminhamentos de procedimentos dos municípios
do estado para a capital Cuiabá e para outros estados da União, sendo um dos fatores
para esta redução, a ampliação da oferta de serviços especializados no interior, por
intermédio das unidades consorciadas (MOTA, 2002).
A partir do ano de 2000, a SES não mais analisou os resultados apresentados
pela operacionalização dos CIS, bem como o acesso aos serviços de saúde e o
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15
comportamento dos indicadores de mortalidade e morbidade nas microrregiões. Existe
dificuldade para a verificação da efetividade das ações produzidas pelos CIS, em parte
pela inexistência de um monitoramento sistematizado de informações, como também a
falta de instrumentos e metodologias de avaliação pela área técnica da SES (SES, 2002),
e esta estratégia necessita ser rigorosamente monitorada e avaliada, principalmente
quanto ao aspecto de indução da ampliação dos serviços de saúde prestados à
população.
Tomando por base o pressuposto acima referido, este estudo pretende responder
a seguinte pergunta avaliativa: em que medida a estratégia do Consórcio Intermunicipal
de Saúde melhorou o acesso aos serviços de média e alta complexidade, na microrregião
do Teles Pires no Estado de Mato Grosso?
O Consórcio Intermunicipal de Saúde estudado foi o da Microrregião do Teles
Pires em virtude de ser o primeiro Consórcio implantado em Mato Grosso, por ser um
dos pioneiros que se sustenta há quinze anos, por ter a primeira unidade pública a prover
especialidades no interior, por ser considerado um caso de sucesso e pelo fato de possuir
como Unidade de Referência, o Hospital Regional de Sorriso, localizado no município
de mesmo nome na região Médio-Norte mato-grossense.
A incorporação da avaliação, como prática sistemática nos diversos níveis de
serviço, poderá propiciar aos gestores as informações requeridas para a definição de
estratégias e novos instrumentos de intervenção para a consolidação do SUS em Mato
Grosso.
I - REFERENCIAL TEÓRICO
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1 – Referencial Teórico
1.1. A Estratégia da Regionalização
A regionalização é uma diretriz do SUS e deve orientar a descentralização das
ações e serviços de saúde. Apresenta como um dos seus principais objetivos: garantir o
acesso próximo aos usuários do SUS, resolubilidade e qualidade às ações e serviços de
Saúde (MENDES & PESTANA, 2004).
A regionalização como estratégia de construção de sistemas integrados de saúde
tem sido ao longo da história da proteção social um dos fundamentos
internacionalmente consensuais, principalmente se considerarmos os sistemas
universais unificados nacionalmente. Tradicionalmente, sua fundamentação está
associada à capacidade de reduzir desigualdades sociais e territoriais, promover a
universalidade e a integralidade da atenção, racionalizar gastos e otimizar os recursos,
além de representar um processo de fortalecimento da descentralização e maior
participação dos cidadãos no processo de tomada de decisão.
Esta estratégia é defendida pelos princípios organizativos do SUS com vistas a
organizar efetivamente uma rede de atenção hierarquizada e de busca de maior
eqüidade. Foi assumida pelas Normas Operacionais do SUS e impulsionada
principalmente pela Norma Operacional da Assistência NOAS SUS 01/ 2001 e 01/2002,
pela necessidade de se organizar com mais efetividade os serviços de saúde e melhorar
o acesso da população a eles, pois a grande maioria dos municípios brasileiros é de
pequeno porte e com baixa capacidade institucional, o que traz dificuldades quanto à
capacidade de planejamento do sistema bem como a organização das redes assistenciais
adequada para o atendimento da população (SOUZA, 2001). A efetivação da
regionalização ainda sofre dificuldades no fortalecimento dos espaços regionais e na
cooperação intermunicipal.
No contexto internacional, os autores Bankauskaite et al (2007) mostram que a
organização dos sistemas de saúde em alguns países da Europa e no Canadá apresenta-
se descentralizada, porém esta estrutura descentralizada não implica numa
descentralização propriamente dita, considerando que esses países apresentam
diversidades pela sua estrutura administrativa bem como na legislação vigente,
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existindo em um mesmo país variações de regiões. Nos países europeus, alguns
possuem os sistemas públicos centralizados tais como Irlanda, Portugal, Espanha,
Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales e outros como, Dinamarca,
Finlândia, Itália, Noruega e Suécia possuem sistema descentralizado
No Canadá, verifica-se que desde os anos 80 o processo de organização do
sistema de saúde ocorreu a partir da regionalização, porém concomitantemente com a
descentralização. Nesse país, Lewis e Kuori (2004) afirmam que “a regionalização foi
um remédio proposto pelo diagnóstico da fragmentação e incoerência na gestão dos
serviços e sistemas de saúde, para acabar com a atomização do sistema”.
Já na America Latina, nos princípios da década de 90 houve um retrocesso em
relação à gestão da saúde nos países desse bloco, com predominância da fragmentação
do sistema de saúde, muitas vezes atomizada pelo baixo gasto com a saúde e pela baixa
qualidade dos serviços de saúde. Porém, os processos de descentralização e
regionalização foram implantados com graus variados de articulação, sempre com maior
destaque para a descentralização (VIANA et al., 2010).
Em relação aos conceitos, há uma falta de consenso em relação à definição de
regionalização em saúde. Alguns autores definem-na como “um esquema de
implantação racional dos recursos da saúde organizados segundo uma disposição
hierárquica na qual é possível uma máxima atenção nos centros primários enquanto os
demais serviços vão sendo apropriadamente utilizados de acordo com as necessidades
individuais do paciente” (ARTMANN & RIVERA, 2003).
Segundo Gil (2006), a regionalização do Sistema Único de Saúde constitui
estratégia prioritária do Ministério da Saúde para garantir o direito à saúde, reduzir
desigualdades sociais e territoriais; promover a equidade e a integralidade da atenção;
racionalizar os gastos e otimizar os recursos; e potencializar o processo de
descentralização.
Mas foi a NOAS-SUS 01/01 (BRASIL, 2001) que definiu o processo de
regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de
maior eqüidade, ao estabelecer que:
O processo de regionalização deverá contemplar uma lógica de planejamento integrado, compreendendo as noções de territorialidade na identificação de prioridades de intervenção e de conformação de sistemas funcionais de saúde, não necessariamente restritos à abrangência municipal, mas respeitando seus limites como unidade indivisível, de forma a garantir o acesso dos cidadãos a todas as ações e serviços necessários para a resolução
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de seus problemas de saúde, otimizando os recursos disponíveis (BRASIL, 2001).
Estudos mostram que em 20 anos do Sistema Único de Saúde, apesar da
regionalização estar presente na Constituição Federal e nas leis e portarias como
mecanismo de descentralização, integralidade e hierarquização da saúde, foi apenas com
a instituição da NOAS que a regionalização passou a ganhar peso e significado dentro
do sistema, apesar de ser ainda uma regionalização normativa, e não provocar uma
mudança na organização do sistema, ou seja, não foi um processo dinamizador de
pactuação política a partir de um planejamento regional, com regiões vivas, territórios
vivos, onde se discute as necessidades e desigualdades da região, que dêem conta das
demandas regionais e dos compromissos e metas assumidas diante da complexidade da
realidade social (VIANA et al., 2008).
Visando avançar na superação dessas fragilidades, a implantação do Pacto pela
Saúde (BRASIL, 2006) apresentou mudanças significativas para a execução do SUS, a
partir da substituição do processo de habilitação pela adesão solidária aos Termos de
Compromisso de Gestão e da regionalização solidária e cooperativa como eixo
estruturante do processo de descentralização.
A estratégia da regionalização promovida pelo Pacto pela Gestão no SUS
introduziu importantes aperfeiçoamentos no modelo inicial proposto na NOAS, sendo o
mais relevante o reconhecimento da lógica flexível da dinâmica social e sanitária da
esfera local. Possibilitou este aperfeiçoamento principalmente porque reconhece as
regiões de saúde como campos políticos e não apenas unidades territoriais, o que
permite fortalecer a governança do processo de regionalização, tornando-o, inclusive,
mais horizontalizado (OUVERNEY, 2008).
O Pacto pela Saúde ressalta a relevância de aprofundar o processo de
regionalização da saúde como estratégia essencial para consolidar os princípios de
universalidade, integralidade e equidade do SUS, sendo uma das responsabilidades
gerais da gestão compartilhada pelas três esferas de governo “coordenar o processo de
configuração do desenho da rede de atenção à saúde, nas relações intermunicipais, com
a participação dos municípios da região” (BRASIL, 2006a p.43.).
Sendo assim, a regionalização assume novamente o status de processo principal
na redefinição dos pressupostos do modelo de descentralização estabelecido no SUS,
que passa a ser orientada pelos princípios de territorialização, flexibilidade, cooperação,
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co-gestão, financiamento solidário, subsidiariedade e participação e controle social
(BRASIL, 2008).
Considerando esses aspectos, a regionalização do SUS, neste estudo, é
entendida como um processo de planejamento integrado e territorialidade, com a
construção e conformação de desenhos que respeitem as realidades locais,
estabelecendo os Colegiados de Gestão Regional (CGRs) como espaços de co-gestão,
além dos espaços já constituídos em normas anteriores: Comissão Intergestores
Tripartite (CIT), Bipartite (CIB) e Conselhos, em busca da superação dos déficits e da
maior equidade. Destaca-se ainda a necessidade da institucionalização deste processo a
partir da inserção dos instrumentos de planejamento: Planos de Saúde (PS), Plano
Diretor de Regionalização e de Investimento (PDRI).
O processo de configuração dos sistemas regionais e microrregionais de saúde
deve buscar atender adequadamente as necessidades e características de cada região,
proporcionando ao usuário as ações e serviços o mais próximo. Segundo Lavras (2002
p. 35), “a regionalização constitui-se de um processo ascendente, respeitando as
competências e autonomias dos entes federativos e os avanços conseguidos no processo
de municipalização do SUS”.
1.2. Os Consórcios Intermunicipais de Saúde no contexto da Regionalização
Os consórcios, em sua grande maioria, surgiram para dar conta das necessidades
específicas de oferta de serviços de saúde nos municípios, ou como forma de
regionalizar a assistência à saúde.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 241, com redação alterada pela
Emenda Constitucional nº 19 cita que:
a União, os estados, o Distrito federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.
O consórcio é um pacto voluntário, firmado entre governos com a finalidade de
alcançar objetivos comuns, mediante a soma de esforços e a articulação de recursos
físicos, financeiros e tecnológicos, na busca de soluções dos problemas compartilhados.
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Está previsto na Lei Orgânica da Saúde como meio de integração entre sistemas
municipais de saúde na perspectiva da gestão única, para o desenvolvimento, em
conjunto, das ações e serviços que lhes correspondam. Não se caracteriza, entretanto,
como instância de gestão e nem substitui a responsabilidade de nenhuma esfera de
governo (VIANA et al., 2002).
Em 1990, a legislação do SUS previu expressamente a existência dos consórcios
públicos, na Lei 8.080/1990 no:
“Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em
conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da
direção única os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância.
§ “2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), poderá organizar-se
em distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a
cobertura total das ações de saúde.”
Na saúde, o consórcio tem sido utilizado para o enfrentamento de problemas de
diferentes naturezas, seja para gerenciar unidades de saúde especializadas ou para
aquisição de medicamentos e insumos básicos médico-hospitalares, entre outros. O
Consórcio é um importante instrumento para a consolidação do SUS, principalmente
quando se considera a hierarquização e regionalização da atenção à saúde (BRASIL,
2007). Os CIS, além de contribuir para a redução de iniqüidade no acesso aos serviços
de saúde, são considerados uma ferramenta de articulação do desenvolvimento
microrregional. Vários estudos (GIL, 2000; NEVES, 2001; GUIMARÃES,2001)
apontam os seguintes fatores que propiciam, condicionam e motivam a formação de
consórcios em saúde: aperfeiçoar recursos tecnológicos e humanos, ganho de escala,
racionalidade técnica e ampliação da oferta de serviços seriam obtidas a partir da
constituição de consórcios.
Apesar dos estudos evidenciarem as vantagens na conformação dos consórcios,
constatando que o CIS é um importante mecanismo presente no processo de
regionalização, por toda a experiência já vivenciada e a consolidação do arcabouço
jurídico e normativo, a sua implantação não decorreu de uma política de planejamento
regional assegurada pelos entes federados, ao contrario surgiu pela ausência de proposta
de regionalização conduzida pelos estados.
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Luisa Guimarães (2001), ao estudar as características dos CIS do sistema
brasileiro, concluiu que:
O consórcio é um instrumento de cooperação intergovernamental que utilizado em um estado federativo tem potencialidades para superar dilemas decorrentes de assimetrias e iniqüidades prévias dos sistemas que comprometem a organização do sistema regional (GUIMARÃES, 2001 pg. 69).
A autora argumenta que a indução das políticas públicas para a resolução das
desigualdades regionais, decorre de cooperação intergovernamental, tendo em vista a
complexidade no processo de descentralização do Estado federado brasileiro.
Os estudos citados demonstram, de uma forma geral, que os consórcios de saúde
no Brasil se organizam em torno dos serviços assistenciais especializados, constituindo-
se como uma sociedade civil de direito privado, porém é importante frisar que este
processo organizativo, tanto na sua formalização quanto na sua implementação devem
ser estabelecidos dentros das premissas do Sistema Único de Saúde, garantindo a
integralidade, o acesso universal e a equidade.
Cabe aqui ressaltar que o Consórcio não é gestor de nenhum Sistema Municipal
de Saúde; não é um centralizador de recursos; não interfere na autonomia municipal;
não substitui as responsabilidades e competências do gestor estadual (BRASIL, 1997).
Esta situação é reforçada a partir da análise de Pestana & Mendes (2004), que afirmam
que os consórcios de saúde não foram concebidos a partir de uma releitura crítica do
intenso processo de municipalização do SUS, mas sim pela necessidade de apontar
soluções para os problemas de déficit na atenção secundária.
A Lei n. 11.107 (BRASIL, 2005) denominada Lei de Consórcios Públicos e da
Gestão Associada de Serviços Públicos, dispõe sobre normas gerais de contratação de
consórcios públicos e dá outras providências. Segundo Ribeiro (2007)
Trata-se da primeira lei brasileira dedicada exclusivamente à disciplina de instrumentos de cooperação federativas. Constitui-se, por isso, em um marco, do início do processo de institucionalização das relações federativas (RIBEIRO, 2007 pg.11).
Em 2007, foi regulamentada a Lei dos Consórcios através do Decreto n. 6.017
(BRASIL, 2007a), sendo mais um elemento privilegiado para a consecução dos
objetivos pertinentes aos consórcios públicos no Brasil.
Esta Lei permitiu o consórcio público ser instrumento tanto de cooperação entre
entes da mesma natureza como de diferentes naturezas, ou seja, entre municípios, entre
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estados ou com a participação conjunta de diferentes entes federados. Além disso, com
a nova Lei, ao constituir o consórcio público, os entes podem optar quanto à adoção da
personalidade jurídica de direito público (associação pública) ou de direito privado
(RIBEIRO, 2007).
Nesse sentido, Bastos (2007) afirma que a instituição da legislação específica ( a
Lei e o Decreto) contribuiu também para a definição da personalidade jurídica dos
consórcios, questão sobre a qual havia diversas controvérsias. A regulamentação
enfatizou a importância dos consórcios como mecanismos de governança regional,
favorecendo novas soluções em gestão pública, normatizando de modo inédito no país a
figura do governo regional.
Neves (2006) também reforça que esta normatização, altera a natureza dos
consórcios, antes constituídos como entes privados que se convertem em entes públicos,
o que fortaleceu o seu papel dentro do sistema regional de saúde e o seu direcionamento
nos objetivos do SUS. Com isso, muitos consórcios constituídos inicialmente como
entes privados iniciaram medidas para sua conversão em entes públicos.
Segundo analise da área técnica do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), as
principais inovações desta legislação foram:
• Promove maior estabilidade ao acordo de cooperação federativa;
• Estabelece normas de contabilidade pública para a gestão financeira e
orçamentária do consórcio público em conformidade com os pressupostos da
responsabilidade fiscal;
• Prevê a possibilidade de participação de todos os entes da federação no
consórcio público: União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
• Define consórcio público como instrumento para o estabelecimento de relações
cooperativas federativas para realização de objetivos de interesse comum;
• Permite que o consórcio público seja constituído com personalidade jurídica de
direito público (associação pública) ou de direito privado;
• Define a subordinação do consórcio público às normas de direito público para
licitação, celebração de contratos, admissão de pessoal, execução de receitas e
de despesas e prestação de contas;
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• Prevê a possibilidade de conversão de consórcios administrativos para consórcio
público com a opção por uma das modalidades de personalidade jurídica de
direito público ou de direito privado;
• Determina que os consórcios públicos na área da saúde se submetam aos
princípios, diretrizes e normas do SUS.
Entretanto, é importante destacar que a implantação de um consórcio público de
saúde, no formato proposto pela Lei dos Consórcios Públicos, deverá estar em
conformidade com a legislação pertinente bem como as orientações e as diretrizes do
Pacto pela Saúde, na dimensão do Pacto da Gestão do SUS, devendo orientar-se por
meio da organização de uma rede regionalizada e solidária, ou seja, os consórcios não se
configuram apenas como instrumentos de apoio aos municípios e sim, como
instrumentos de cooperação e coordenação federativa (CUNHA, 2004).
A organização de um consórcio é entendida como um processo e inicia-se com a
articulação entre os gestores municipais, tendo como base o pacto e a negociação entre
eles. Deve ser elaborado um instrumento de formalização do consórcio que explicite: o
município-sede; a criação da pessoa jurídica administradora e todos os aspectos e
questões pactuadas pelos municípios que o integram.
O instrumento consorcial deve constar dos seguintes elementos: objeto, duração,
sede e foro, obrigação dos consorciados, atribuições e poder decisório, admissão e
exclusão de consorciados, sanções por inadimplência, alocação de recursos, prestação
de contas, observância das normas do SUS, controle social e definição da necessidade
ou não da criação de pessoa jurídica de direito privado para gerenciar o consórcio
(BRASIL, 1997).
A estrutura administrativa de um consórcio pode ser constituída da seguinte
forma: por um Conselho de Gestão Regional (composto em geral pelos Secretários de
Saúde, representando os municípios), que é o nível máximo de deliberação, responsável
pela condução política do consórcio; por um Conselho Fiscal, responsável pela sua
condução financeira e por uma Secretaria Executiva, responsável pela implementação
das ações.
Os consórcios em Mato Grosso apresentam características semelhantes aos
demais consórcios brasileiros quanto à estrutura e funcionamento, porém se distinguem,
quanto à participação da SES e sua inserção em proposta de mudança do espaço
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regional de decisão, como também pela diversidade da natureza pública das unidades de
referência (GUIMARÃES & GIOVANELA, 2004).
Para o desenvolvimento das suas ações, o consórcio necessita de equipes
técnicas e administrativas, compostas de recursos humanos oriundos dos municípios
integrantes, ou contratadas mediante seleção pública, sob o regime Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). Em relação à participação da comunidade, ou seja, o controle
social, no CIS ele deve ser exercido por intermédio dos conselhos municipais de saúde,
que devem ser integrantes dos CIS a fim de possibilitar a ampla divulgação à população
das ações e atos realizados, e a fiscalização da execução das ações e serviços de saúde,
contidos nos Planos de Saúde. Os Conselhos de Saúde (estadual e municipais) devem
participar da discussão sobre a necessidade, a viabilidade e as estratégias das políticas
dos Consórcios Públicos Intermunicipais de Saúde e devem aprovar sua implementação
quando atender aos princípios do SUS (BRASIL, 1997).
Os recursos para o financiamento das atividades do consórcio devem ser,
conforme estabelece o artigo 195 da Constituição, oriundos da seguridade social
“financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da Lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos municípios”. Sendo assim, esse financiamento é originado: do Tesouro
Municipal, da Secretaria de Estado, do Ministério da Saúde e de doações, aplicações,
convênios e acordos decorrentes de parcerias com instituições públicas e privadas.
A forma específica de transferência desses recursos depende da habilitação dos
municípios às diferentes condições de gestão. Em geral, o financiamento é realizado por
meio de uma combinação de três fontes básicas: quotas dos municípios consorciados
(definidas segundo critérios populacionais e/ou utilização dos serviços), recursos
provenientes diretamente da União e recursos provenientes das secretarias estaduais da
saúde (BRASIL, 1997).
Desde o início do processo de organização do consórcio, até sua formalização e
implementação de ações, deve ser estabelecida e observada a perfeita consonância com
as diretrizes do SUS. As atividades desenvolvidas pelo Consórcio devem compor um
plano de trabalho específico a partir das necessidades dos municípios que, da mesma
forma, integrará a Programação Pactuada e Integrada - PPI do estado, que deverá ser
apreciada pela Comissão Intergestores Bipartite Estadual e os Comissões Intergestores
Bipartite Regional (BRASIL, 1997).
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Os consórcios favorecem estratégias de descentralização na direção de objetivos
gerais do SUS para a regionalização e a hierarquização da oferta de serviços. Favorecem
ainda a construção de sistemas regionais pactuados, respeitando o fluxo natural da
demanda existente, facilitando o acesso e buscando conferir maior eficiência no uso dos
serviços (NEVES, 2006).
Na prática, o consórcio pode ser utilizado como instrumento de estímulo ao
planejamento local e regional em saúde, auxiliando tanto no desenvolvimento quanto na
efetivação do Plano Diretor de Regionalização e de Investimentos (PDRI). Os CIS ainda
devem compor de forma coordenada com os Colegiados de Gestão Regional (CGR).
1.3 – Políticas, Planejamento e Gestão em Saúde (PP&G)
As políticas públicas em saúde, segundo Levcovitz (2003 p.20), podem ser
definidas “como estudos sobre o papel do Estado na política de saúde, a relação Estado-
sociedade, como o Estado reage às condições de saúde da população e aos seus
determinantes, através da definição de propostas e prioridades para a ação pública”.
Desta forma, as políticas públicas integram um campo social do Estado orientado para a
melhoria das condições de saúde da população e do ambiente natural, social e do
trabalho.
Nesta lógica, Maingón (1992), em estudo apresentado na Oficina Regional da
Organização Mundial de Saúde sobre os conceitos de política, concluiu que “política
(policy) se refere aos processos tanto sociais, políticos como econômicos, que
conduzem a forma de execução das decisões das quais se adaptam ou acrescentam os
valores de uma parte ou de toda uma sociedade”.
Esta formulação aproxima-se do conceito estabelecido por Paim & Teixeira
(2006).
Entende-se como política de saúde a resposta social (ação ou omissão) de uma organização (como o Estado) diante das condições de saúde dos indivíduos e das populações e seus determinantes, bem como em relação à produção, distribuição, gestão e regulação de bens e serviços que afetam a saúde humana e o ambiente. Política de saúde abrange questões relativas ao poder em saúde (Politics), bem como as que se referem ao estabelecimento de diretrizes, planos e programas de saúde (Policy) (PAIM & TEIXEIRA, 2006, p. 74).
Neste contexto, podemos dizer que a articulação e a integração das políticas
sociais foram concebidas desde a Constituição de 1988, a qual determinou que a saúde é
um direito de todos os cidadãos brasileiros e dever do estado, mediante “políticas
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sociais e econômicas abrangentes que reduzam o risco de doenças e outros agravos e ao
acesso universal e igualitário as ações e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação” (BRASIL, 1988). Elas se materializam através da ação concreta de
sujeitos sociais e de atividades institucionais que as realizam, em cada contexto, e
condicionam seus resultados (LUCCHESE, 1996).
Em estados federativos, como é o caso do Brasil, os estados e/ou municípios
são dotados de autonomia política, sendo assim, desempenham função de gestão de
políticas públicas, por própria iniciativa, ou por adesão a algum programa proposto por
outro nível mais abrangente de governo, resguardados pelo princípio da soberania
(ARRETCHE, 2004).
Muito embora a Lei 8080/90 tenha definido as atribuições de cada esfera de
governo no desenvolvimento das suas funções, os gestores exercem as suas funções e
cumprem as suas responsabilidades de forma compartilhada, ou seja, a gestão pública da
saúde é exercida por diversos entes governamentais e não governamentais, e cabe a
esses gestores assumirem a liderança da negociação política voltada para o processo
decisório (NORONHA et al., 2008.). Isto principalmente quando se trata do processo de
descentralização político administrativa, que induz ao redirecionamento do poder local,
no qual a transferência de responsabilidade entre os entes federados impõe a capacidade
de adaptação ao novo papel.
Cabe então aos gestores a assunção das funções gestoras do SUS, sendo
definidas como "um conjunto articulado de saberes e práticas de gestão necessário para
a implementação de políticas na área da saúde” e podendo-se identificar quatro grandes
grupos de funções (macro-funções) gestoras na saúde: a formulação de políticas e
planejamento; o financiamento; a coordenação, a regulação, o controle e a avaliação do
sistema/ redes e dos prestadores públicos ou privados; e, a prestação direta de serviços
de saúde (BRASIL, 2007b, p. 30). Estas funções contribuiram para a definição do papel
e das atribuições dos gestores.
A formulação de políticas pode ser entendida como “um processo mediante o
qual a autoridade política estabelece os objetivos gerais que se pretende alcançar, os
meios através dos quais deverá atuar para alcançá-los e a enunciação de ambos em
termos claros e precisos.” (TEIXEIRA, 2010 apud OPS; CPPS p.20). O planejamento
constitui-se assim, de uma importante ferramenta para a implementação das políticas
públicas de saúde.
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Na literatura nacional e latino americana, há diversos estudiosos que postulam
sobre o tema planejamento em saúde. Como exemplo cita-se um estudo de revisão
(PAIM & TEIXEIRA, 2006) no qual se realiza um levantamento bibliográfico relativo a
produção e divulgação do conhecimento sobre o tema, ou seja, um balanço do estado da
arte em Política, Planejamento e Gestão em Saúde (PP&G).
Planejar, para Matus, é governar, é conduzir o processo, é tentar submeter ao
condutor do processo o conhecimento dos acontecimentos cotidianos, a seqüência de
uma direção para o alcance dos objetivos e promover a mudança quando surgem
obstáculos no percurso, ou seja, quem governa é quem tem a capacidade de decidir e a
responsabilidade de conduzir (MATUS, 1997).
Para o autor governar exige articular constantemente três variáveis: projeto de
governo, capacidade de governo e governabilidade, articulação que compõe o
Triângulo de Governo (Figura 1). Nesta pespectiva, o autor idealizou uma proposta
metodológica intitulada de Planejamento Estratégico Situacional (PES) como um
método para planejar a intervenção de um determinado ator no governo, a partir de sua
situação (MERHY, 1999). Este novo modelo é centralizado na análise dos problemas
existentes, na sua identificação, na situação existente, nos atores envolvidos, na
capacidade de produção social, em suma, concentra o plano de ação em problemas,
oportunidades e ameaças.
Para Artmann (2000, p.3), o PES “é um método de planejamento por problemas
e trata, principalmente, dos problemas mal estruturados e complexos para os quais não
existe solução normativa ou previamente conhecida como no caso daqueles bem
estruturados.”
Ainda para Artmann & Rivera (1999), com base na integração da abordagem do
Agir Comunicativo de Habermas e do Planejamento Estratégico Situacional, o
planejamento é visto como um conjunto de práticas que permitam uma gestão por
compromissos, um modelo de gestão negociado, de ajustamento mútuo e comunicativo,
ou seja o planejamento pode ser estabelecido em uma organização como uma poderosa
ferramenta , pois possibilita a interação e o envolvimento entre os sujeitos (ator social)
a partir da ação comunicativa.
No que diz respeito ao estudo proposto, não tomamos uma discussão mais
aprofundada do PES, por ser um método bastante complexo.
Para fins desse estudo, as práticas de planejamento e gestão para a implementação
das políticas que compõem a metodologia, foram conduzida considerando o triângulo
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de governo proposto por Matus, como dimensão estratégica do contexto politico
organizacional. Esses elementos referenciais explicativos foram utilizados como uma
forma de entender como se procede o processo organizacional do Consórcio
Intermunicipal de Saúde da Região do Teles Pires para a implemetação de políticas e
programas de saúde.
Figura 1: TRIÂNGULO DE GOVERNO DE MATUS
Fonte: Matus, 1997
O projeto de governo se refere ao conteúdo das proposições dos projetos de ações,
ou seja, a agenda, o plano, que dependem do interesse, da possibilidade de ação e da
capacidade de desenhar propostas. Para Matus, nenhum plano é melhor do que a
capacidade de escolher problemas e desenhar intervenção.
A governabilidade, se refere `as variáveis que são controladas pelo ator ou seja,
o grau de exigência e de demandas relacionadas ao conjunto de variáveis que o ator
necessita para realizar o seu projeto.
Por fim, a Capacidade de Governo, diz respeito `a capacidade técnica, ou seja, a
capacidade de condução e de direção, aliada à expertise do dirigente isto é, ao domínio
de técnica, métodos e habilidades que a equipe de governo dispõe para melhorar a sua
capacidade de governo (MATUS, 1997).
Governabilidade (G) Graus de liberdade/ Exigência do
ator para ação de governo
Projeto de Governo (P): Conteúdo propositivo dos projetos de ação que um ator propõe realizar para alcançar os seus objetivos
Capacidade de Governo: Capacidade de condução ou direção e refere-se ao acervo de técnicas, métodos, destrezas,
habilidades e experiências de um ator
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1.4. Avaliação de Políticas e Programas de Saúde
A avaliação faz parte de um conjunto de práticas presentes no cotidiano, ou seja,
um profissional está sempre realizando um modo de avaliação, no dia a dia do seu
trabalho, sem que organize as informações e as atividades que são desenvolvidas.
Porém, a avaliação serve para direcionar ou redirecionar a execução das atividades,
ações e programas, ou seja, deve subsidiar a tomada de decisão sobre um programa, ou
uma intervenção. De acordo com Worthen (1997):
Avaliação possui diferentes conceitos e significações. Para um grupo de autores “avaliação, investigação ou mensuração tem o mesmo significado”. Para outros, avaliação é um julgamento profissional. Avaliação também é definida como o acesso da dimensão para o qual podem-se alcançar objetivos específicos. Outros comparam avaliação com auditoria ou com diversas variantes do controle de qualidade. O ato de coletar e promover informação para possibilitar tomada de decisão para um funcionamento mais inteligente é outro conceito adotado por alguns teóricos (apud MOREIRA, 2002 pg. 8).
Vários autores discutem sobre a definição de avaliação entre os quais destacam-se:
Donabedian (1984, apud MOREIRA 2002) conceitua avaliação como “um
processo que tenta determinar o mais sistemática e objetivamente possível a relevância,
efetividade e impacto das atividades, tendo em vista seus objetivos”.
Contandriopoulos et al. (1997, p. 31) afirmam que “a avaliação baseia-se
fundamentalmente em fazer um julgamento de valor a respeito de uma intervenção ou
sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo de ajudar na tomada de
decisões”.
Para Patton (1997):
“a avaliação é a coleta de dados sistemáticos de informações sobre atividades, características e efeitos de programas para o uso de pessoas específicas, para reduzir as incertezas, melhorar a efetividade e tomar decisões com respeito ao que aquele programa está fazendo e resultando”.
Este autor dá ênfase à necessidade de compreensão da racionalidade da
intervenção, bem como ressalta a importância do envolvimento dos usuários potenciais
da avaliação e o uso de informações chaves para a tomada de decisões.
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Para Tanaka & Melo (2001) a avaliação, além do julgamento de valor e da
tomada de decisão, também envolve a medição e/ou comparação de fenômenos.
Com base nestas definições podemos concluir que a avaliação constitui-se de um
importante instrumento a ser utilizado em todo o processo de gestão de políticas
públicas, pois possibilita medir as condições existentes, o processo de trabalho e os
resultados obtidos.
Vários estudos foram e vêm sendo impulsionados para a avaliação de políticas e
programas de saúde, inicialmente decorrente de uma demanda na questão do
financiamento dos programas sociais o que contribuiu para o aumento dos gastos
públicos, bem como pela necessidade do acompanhamento da implantação de
programas e para a melhoria da qualidade dos serviços e dos programas. Segundo
Sanders (2004, p.2) “a avaliação deveria ser instrumento indispensável de toda e
qualquer iniciativa que utiliza recursos públicos e afeta os membros de uma sociedade,
independente do estágio em que o programa se encontra”.
Para este estudo, utilizamos como referencial teórico da avaliação, a definição
utilizada por Patton (1997), pois enfoca a avaliação do processo, com o propósito de se
conhecer melhor a situação que se pretende avaliar, em busca de explicações possíveis
da situação e redirecionamento das atividades e ações da intervenção, como proposta
nesta pesquisa.
A abordagem a ser desenvolvida, neste estudo, é a análise de implantação ou
implementação, que segundo Nemes & Ferraz (2009 p.3) “é recomendada no estudo de
programas com pouca especificidade tecnológica, multiplicidade de estratégias,
execução em contextos variados e pouca definição do grau desejável de sua efetivação”.
Já as autoras Vieira Da Silva & Hartz (2005 p.11) reforçam que a avaliação de
implementação :
“apresenta como foco da avaliação a relação entre a intervenção (políticas, programas, serviços e ações) e seu contexto de inserção na produção dos efeitos, o que se torna particularmente importante quando a intervenção é complexa, com múltiplos componentes e contingenciais”.
Segundo essas autoras, este tipo de análise permite reconhecer nas intervenções
as interferências da influência dos elementos do contexto externo e político
organizacional e, possam ser melhor entendidas e explicadas se a relação do sucesso ou
insucesso, se deve àquela intervenção.
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Para Denis & Champagne (1997, p.55), a análise de implantação se apóia
conceitualmente no estudo da influência sobre três componentes:
Componente 1- dos determinantes contextuais no grau de implantação das
intervenções, em que se busca entender as características contextuais que podem
explicar as variações observadas no grau de implantação;
Componente 2- das variações da implantação na sua eficácia – visa explicar os
efeitos observados a partir da implantação da intervenção, ou seja, da análise dos
componentes da intervenção;
Componente 3- da influência entre o contexto da implantação e a intervenção nos
efeitos observados (avaliação do processo) – permite explicar as variações dos efeitos
após a introdução de uma intervenção e a influência dos fatores contextuais que podem
contribuir para aumentar os efeitos (interação sinergética) ou diminuí-los (interação
antagônica).
Segundo esses autores, a análise de implantação valoriza o conjunto de fatores
que podem influenciar uma intervenção, em que uma mesma intervenção pode
apresentar diferentes contextos. Além disso, esse tipo de estudo possibilita uma melhor
interpretação e compreensão do desempenho das práticas sociais ressaltando, assim, a
importância da avaliação focada na utilização, pois permite emitir um julgamento mais
preciso em função de fatores de esclarecimento do sucesso ou insucesso de uma
intervenção (PATTON, 1997).
Considerando que neste trabalho será avaliada a implementação do Consórcio
Intermunicipal de Saúde de Saúde do Teles Pires, cuja ênfase se deu nos componentes
processo e resultado desta intervenção, a implementação pode ser entendida como um
conjunto de atividades pelas quais se pretende que um objetivo seja alcançado. Sob este
aspecto, a análise de implantação será a mais adequada para este caso, pois define a
efetividade do programa, mostrando até onde ele conseguiu atingir os resultados
esperados, os objetivos propostos e a mudança provocada na população alvo.
A categoria do “acesso” foi utilizada como dimensão estratégica da análise de
implementação, por se considerar que, um dos propósitos da criação dos consórcios é
melhorar o acesso aos serviços de saúde.
1.5- Acesso em Saúde
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O princípio da equidade no acesso orienta os sistemas de saúde de vários países,
principalmente os europeus. No Brasil, as ações e os serviços de saúde públicos e
privados, contratados e conveniados, que integram o SUS são desenvolvidos de acordo
com as diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal de 1988, obedecendo
ainda os princípios organizativos e doutrinários deste sistema. Um destes princípios é a
eqüidade no acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência, ou seja, o
SUS deve assistir toda a população de forma universal, igualitária e hierarquizada
(TRAVASSOS, 2004).
O Brasil ainda enfrenta um grande desafio no desenvolvimento e no
cumprimento de uma política de saúde equânime, em decorrência dos limitados recursos
financeiros, das desigualdades sociais entre as instâncias federadas, do aumento de
demandas e da falta de definição de prioridades na alocação de serviços, para a garantia
de acesso igualitário, e a adequação da oferta às necessidades dos indivíduos e grupos
populacionais.
Em um estudo realizado por Cunha &Vieira da Silva (2010) foi identificado que
a articulação entre as dimensões da acessibilidade, tanto em relação à organização dos
serviços, quanto aos aspectos geográficos, mediada pelos recursos de poder dos
usuários, não tem sido enfatizada, assim como a análise das razões pelas quais esses
problemas persistem.
“O conceito de acesso é complexo e amplo, e muitas vezes não há concordância
entre os pesquisadores a respeito do emprego do termo “acesso” ou acessibilidade” o
que resulta uma forma equívoca em relação ao seu uso nos serviços de saúde. Segundo
Travassos, 2004, autores utilizam o termo acessibilidade, outros utilizam o termo acesso
e outros utilizam ambos os termos. Starfield (2002), que diferencia acessibilidade
quando relativo a aspectos da oferta de serviços de acesso quando se relaciona ao modo
como os indivíduos vivenciam a experiência de acessibilidade.
A partir da revisão da literatura sobre acesso, vários autores apontam e buscam
explicitar melhor estas definições não se limitando apenas às etapas de procura e
entrada no serviço de saúde, mas envolve também a qualidade do cuidado.
Acesso é um conceito multidimensional, em que cada dimensão expressa um
conjunto de características da oferta que atua aumentando ou obstruindo a capacidade
dos indivíduos de utilizarem os serviços de saúde (TRAVASSOS, 2004).
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Penchansky & Thomas (1981) conceituam o termo acesso como o grau de ajuste
entre clientes e o sistema de saúde, uma interpretação da idéia desenvolvida por
Donabedian (apud TRAVASSOS, 2004), que emprega o termo acessibilidade “caráter
ou qualidade do que é acessível”.
Para Hortale (2000, p.232), o acesso, na dimensão social é considerado como “a
categoria fundamental, independente das justificativas que possam ser dadas para a sua
não-efetivação e deve funcionar no modelo como uma categoria de valor, ou seja, uma
referência a ser atingida em qualquer serviço e ser o orientador de todas as políticas.”
A contribuição de Penchansky & Thomas (1981) está na ampliação do conceito
de acesso a outros atributos e identificam várias dimensões que compõem o conceito de
acesso:
Disponibilidade (availability): a relação entre o volume e o tipo de serviços (e recursos) existentes e o volume e tipo de necessidades dos clientes. Referem-se à adequação da oferta de médicos, dentistas e outros provedores; de estruturas como clínicas e hospitais, e de programas e serviços especializados, tais como saúde mental e cuidados de emergência.
Acessibilidade (accessibility): a relação entre a localização do serviço e a localização dos clientes, levando-se em consideração os recursos necessários ao transporte dos clientes, tempo de viagem, distância e custo. Ou seja, refere-se à existência dos recursos no lugar e no momento em que é requerido e necessário para os usuários.
Adaptabilidade (accomodation): a relação entre o modo como os recursos da oferta são organizados para admitir os clientes (o que inclui sistemas de marcação de consulta, horários de funcionamento, possibilidade de ingresso direto, serviços telefônicos), a habilidade dos clientes de se ajustarem a esses fatores e a percepção sobre a conveniência dos mesmos.
Capacidade aquisitiva (affordability): a relação entre os preços dos serviços, os planos de saúde aceitos ou os depósitos requeridos, e a renda dos clientes, sua capacidade de pagamento e se dispõem de seguro de saúde. Enfoca-se a percepção do cliente sobre a vantagem do serviço em relação ao custo total, na medida do seu conhecimento sobre preços, custo total e possibilidades de crédito.
Aceitabilidade (acceptablity): a relação entre as atitudes dos clientes em face das características pessoais e técnicas dos provedores e as reais características destes, bem como as atitudes do provedor em face das características pessoais dos clientes. (Penchansky & Thomas, 1981, p.3)
Considerando que as características ou os atributos das práticas, serviços, programas
do sistema de saúde contribuem para o aprofundamento do estudo avaliativo da
intervenção realizada neste estudo, adotamos as dimensões da concepção de acesso
empregada pelos autores descritos acima, pois buscamos uma visão mais abrangente
deste conceito, não nos limitando apenas na referência de acesso geográfico.
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Para tanto, neste trabalho foram utilizadas as subdimensões definidas por esses
autores: acessibilidade e disponibilidade, pois permitem fazer uma relação entre a oferta
de serviços e os usuários, ou seja, “os indivíduos deveriam ter acesso ao sistema no
momento e no lugar necessário, através de um ponto de entrada bem definido e
conhecido” (PENCHANSKY & THOMAS 1981)
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II - OBJETIVOS
2.1 - Objetivo Geral
Avaliar a implementação do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Teles Pires
no Estado de Mato Grosso, em relação à melhoria do acesso no contexto da
regionalização da atenção à saúde.
2.2 - Objetivos Específicos
- Descrever a conformação e organização do Consórcio Intermunicipal de Saúde da
Região do Teles Pires (CISRTP) como parte no processo da regionalização;
- Caracterizar o contexto político organizacional e externo do CISRTP;
- Identificar em que medida a implementação do CISRTP tem facilitado a acessibilidade
e disponibilidade aos serviços de saúde de média complexidade no período 2000-2008;
- Analisar a influência do contexto político organizacional e externo sobre o grau de
implementação do CIS do Teles Pires.
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III – ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
3.1 - Desenho do Estudo
Este estudo consistiu em uma pesquisa avaliativa sobre a implementação do
Consórcio Intermunicipal de Saúde do Teles Pires. A análise de implantação apoiou-se
em um estudo de caso único que permitiu compreender o fenômeno dentro de um
contexto de vida real (YIN, 1994). Vale ressaltar ainda que o objeto desta pesquisa
requereu uma formatação com estas características para fornecer um conhecimento
detalhado sobre a dinâmica e o funcionamento da intervenção estudada.
O período de estudo compreendeu o ano de 2000 e o de 2008, cuja escolha
representou os dois momentos de transição da gestão estadual. No ano de 2000, em que
o processo de regionalização sob condução do gestor estadual adquiriu força política e
suporte técnico adequado no estado. Além disso, correspondeu ao momento no qual a
regionalização se destacou no cenário nacional por meio da transição dos mecanismos
contidos nas Normas Operacionais de Assistência a Saúde (NOAS SUS 01/01 e 01/02)
para o momento de implantação do Pacto pela Saúde (2006), sugerindo captar as
influências dessas normas de regulação do SUS no processo de regionalização no
estado.
3.2 – Lócus da Pesquisa
O estudo foi desenvolvido na microrregião do Teles Pires, localizada na região
norte do Estado de Mato Grosso, a cerca de 400 quilômetros da capital (Cuiabá). A
unidade de análise foi o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Teles Pires.
Recorremos ao estudo de caso deste consórcio por que: a) foi o primeiro CIS a
ser constituído no estado, ou seja, maior tempo de experiência e sustentabilidade; b) tem
como referência uma Unidade Estadual de Saúde; c) há disponibilidade de informações
a partir de um estudo concluído no ano de 2000; d) apresenta 100% de adesão dos
municípios e f) é um modelo de organização baseado na regionalização.
O Consórcio Intermunicipal de Saúde do Teles Pires foi constituído em 1995,
caracterizando-se por ter como referência um Hospital Público Estadual.
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A sede do Escritório Regional de Saúde localiza-se no município de Sinop e a
sede do Consórcio Intermunicipal do Teles Pires funciona em um prédio no município
de Sorriso – MT. O Consórcio garante a oferta de serviços nas seguintes especialidades
médicas: cardiologia, neurologia, otorrinolaringologia, traumato-ortopedia,
anestesiologia, cirurgia geral, ginecologia, obstetrícia, pediatria, cirurgia buco-maxilo
facial, urologia, radiologia, vascular, pneumologia e clínica médica. Em relação ao
apoio diagnóstico terapêutico dispõe de: endoscopia, ultrassonografia, mamografia,
eletro encefalograma, eco cardiograma, tomografia e densitometria.
Todos os municípios da microrregião Teles Pires participam do CIS
complementando desta forma a oferta de serviços públicos de saúde. Os municípios
integrantes do CIS estão localizados em uma região de intensa produção de soja e do
extrativismo de madeira, sendo eles: Cláudia, Feliz Natal, Ipiranga do Norte, Itanhangá,
Lucas do Rio Verde, Nova Maringá, Nova Mutum, Nova Ubiratã, Santa Carmem, Santa
Rita do Trivelato, Sinop, Sorriso, Tapurah, União do Sul e Vera. Cabe informar ainda
que o município de Nova Maringá não pertence à microrregião do Teles Pires e sim `a
microrregião Médio Norte Matogrossense.
3.3 – Modelo Teórico de Avaliação
Para subsidiar este estudo foi desenvolvido o Modelo Lógico da Intervenção
(Figura 2), onde se pode demonstrar como o programa idealmente funcionaria, devendo
estar embasado em uma teoria suscetível de ser confrontada com os fatos (MEDINA et
al., 2005).
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Figura 2: Modelo Lógico da Intervenção
COMPONENTES INSUMOS ATIVIDADES PRODUTOS RESULTADOS IMPACTO
DIMENSÃO ESTRATÉGICA: Política de Regionalização da Gestão da Saúde
GESTÃO DO CONSÓRCIO
Estrutura organizacional
Financiamento
Serviços públicos de referência
Recursos Humanos
Ações e serviços do CIS de acordo com as necessidades da região e em conformidade com o Plano Diretor de Regionalização
Adequação e qualificação dos profissionais da região do CIS
Gestão dos recursos financeiros para a manutenção dos Consórcios
Ações e serviços de saúde de ofertados pelo CIS
Número de procedimentos realizados de acordo com a necessidade de saúde da região
Serviços disponibilizados pelo Consórcio mantidos e qualificados
Serviços de média complexidade implementados
Realização de procedimentos de média complexidade do CIS, conforme PDR e PPI
Melhoria da acessibilidade aos serviços de saúde de diferentes complexidade e internação
Redução de encaminhamentos para Cuiabá e outros Estados
Ações e serviços de saúde ofertados e disponibilizados para a população da região
Fixação de profissionais especialistas na região
Organização e integração da rede de atenção de média complexidade de forma hierarquizada e regionalizada
Número adequado de profissionais disponíveis no CIS
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O Modelo Teórico de Avaliação do Consórcio utilizado como referência foi
adaptado do Modelo proposto por HARTZ (2005), o qual mostra que a implementação
de um programa passa a sofrer as influências do contexto no qual está inserido
conforme figura 3.
Como toda avaliação implica um julgamento, cujo veredicto baseia-se numa
comparação entre aquilo que se deseja avaliar e uma situação ideal ou equivalente, o
desenho da avaliação refere-se à forma, através da qual, essa comparação foi feita
(VIEIRA DA SILVA & FORMIGLI, 1994).
Figura 3: Modelo Teórico de Avaliação do Programa
Fonte: Adaptado de Hartz, 1999
Foram utilizadas as seguintes dimensões e subdimensões, (Quadro 1):
Contexto Político Organizacional
Projeto de Governo Capacidade de Governo
Governabilidade
Grau de Implementação
Acesso Acessibilidade Disponibilidade
Melhoria da acessibilidade aos serviços de saúde
CIS
Contexto Externo Condições Sócio-Econômicas, Demográfica e Epidemiológicas
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Quadro 1: Dimensões do Modelo Teórico da Avaliação
DIMENSÕES SUBDIMENSÕES • Contexto Externo • Contexto Sócio Econômico
• Contexto Demográfico • Contexto Epidemiológico
• Contexto Político Organizacional
• Projeto de Governo • Capacidade de Governo • Governabilidade
• Contexto Assistencial • Instrumentos formais de Planejamento e Regionalização
• Acessibilidade • Disponibilidade
Estratégias e procedimentos do estudo:
1 – Para a primeira dimensão Contexto Externo foram levantadas as informações
referentes ao perfil sócio econômico e epidemiológico dos municípios consorciados,
entendendo-se por contexto externo “os determinantes dos agravos em suas dimensões
de vulnerabilidade social e individual, o perfil epidemiológico contextualizado e a
dimensão sistêmica do programa em relação com outras intervenções ou recursos
intersetoriais.” (SANTOS et al., 2005, p.76)
Para a caracterização do contexto externo da região do estudo e de outras
variáveis relacionadas a ele foram levantadas informações a partir dos grandes sistemas
de informações oficiais: SIM, SINAN, SIA, SIH, SIOPS, CNES, IBGE, fontes locais
(Secretaria de Estado de Saúde), entre outros. Foi realizado o levantamento dos dados
secundários dos 15 municípios que congregam o consórcio.
Foram definidos para a categoria de análise do contexto externo os seguintes
critérios:
a) Aspecto Físico e territorial
b) Contexto Demográfico
c) Contexto Sócio Econômico e Sanitário
d) Contexto Epidemiológico
Foi construído um banco de dados e realizado o cálculo da média de algumas
variáveis selecionadas e análise das séries temporais do período de 2000 a 2008 dos
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municípios pertencentes ao CISRTP para a caracterização da região do Consórcio, ou
seja, da microrregião do Teles Pires.
2 - Na segunda dimensão Contexto Político Organizacional com base na
capacidade de gestão dos Consórcios, foram tomadas como referência as categorias
relacionadas ao triângulo de Governo de Matus (1997) o qual destaca que, para garantir
a governabilidade, as forças sociais necessitam de articulação dos três componentes:
a) O Projeto de Governo: referentes à direcionalidade, aos objetivos de governo.
Nesta subdimensão os critérios analisados foram: plano de governo, prioridades do
financiamento para saúde e iniciativas intersetoriais, entendidos aqui como a lógica
organizacional do Consórcio, ou seja, a sua disposição hierárquica, as características da
autoridade decisória, o sistema de incentivo financeiro, a alocação dos recursos
financeiros, a articulação entre os gestores municipais com vistas à adesão ao consórcio.
b) A Capacidade de Governo: que compreende o conhecimento institucional
acumulado, o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o projeto de
governo e a política setorial. Nesta subdimensão os critérios analisados foram: perfil de
direção, o grau de conhecimento sobre os objetivos deste programa, mecanismos
institucionais de execução e gestão do trabalho (recursos humanos, política salarial).
c) A Governabilidade descreve os fundamentos políticos e financeiros para
efetivação das políticas, que são os recursos e a margem de manobra política, ou seja,
reúne dispositivos de poder (político, econômico) capazes de desencadear as decisões e
os re