CiberCélulas
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José Eduardo Martins Thees
CIBERCÉLULAS
Microprocessadores humanos conectados no planeta Terra
1ª edição - 2012
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Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida sem a
prévia autorização, por escrito, do autor, sob pena de constituir
violação da Lei n° 9.610, de 19 fevereiro de 1998.
ISBN 978-85-64280-77-9
1. Filosofia científica 2. Nova concepção sobre reencarnação
3. Circuitos genealógicos 4. Estrutura da personalidade
5. Revelação do mecanismo do subconsciente.
Serviço Gráfico
Revisão e diagramação José Eduardo Martins Thees
Capa e figuras Leandro Thees Gouvêa
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José Eduardo Martins Thees é filósofo; estudou psicologia e biologia celular na Universidade Federal de Juiz de Fora – MG. Nasceu em Juiz de Fora, interior do estado de Minas Gerais. É filho do alemão Hírcio Ruy Thees e da portuguesa Wanda dos Reis Martins.
Aos cinco anos de idade perdeu o pai e, conseqüentemente, a referência do “modelo existencial”. Ao descobrir a sua identidade pessoal e, principalmente, ao conscientizar-se de sua finitude consciente e infinitude subconsciente, decidiu escrever este livro.
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CIBERCÉLULAS muda a percepção da fenomenologia do
corpo biológico ao considerar que o cérebro não o coordena. A coor-
denação do corpo biológico é tarefa de uma memória subconsciente
principal (programação principal). A presente obra desconsidera o
universo metafísico ideal de Platão para considerar o universo do
fisicalismo – doutrina filosófica do Círculo de Viena. Isto porque vis-
lumbra os fundamentos da existência dos seres biológicos do ponto
de vista da física. Haja vista que o ciclo de vida dos seres biológicos
é formado por circuitos genealógicos. Através dos circuitos genea-
lógicos a memória subconsciente principal é transferida.
A vida no planeta Terra é resultado de um Cosmos cuja cons-
tituição é físico-química. Somos energia cósmica corporificada.
“À medida que a ciência evolui, os seus conhecimentos vão se
aproximando das verdades filosóficas.”
(Prof. Dr. José Pedro Andreeta).
Esta obra pode ser considerada uma hipótese incompreensí-
vel; porém, mais vale uma hipótese incompreensível que desperte
uma reflexão do que uma verdade absoluta que alimente uma ilusão.
Sempre haverá uma oportunidade para se rever conceitos e mudar
paradigmas.
Preparado para ler Cibercélulas? Descobrir Cibercélulas significa descobrir o universo subconsciente. Uma obra que, dependendo do grau de consciência do leitor, pode ser considerada uma filosofia científica ou uma ficção filosófica.
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“Cibercélulas é um livro fascinante. Propicia-nos um sentido para a vida. Para quem deseja conhecer o universo biológico por um novo prisma. Recomendo a leitura.” Leila Machado dos Reis “O livro Cibercélulas ampliou minha consciência de vida. Agora percebo a vida e a morte com mais clareza. Fernando M. Oliveira "Cibercélulas é um livro muito interessante. Nos leva a um profundo conhecimento do subconsciente. Com a leitura percebe-se o verdadeiro sentido da vida e da morte. Nunca li nada igual. Parabéns ao autor. Recomendo a todos" Maria das Graças Gomes Pacheco “Há muita sabedoria nas páginas deste extraordinário livro.” Clarice O. Bastos “Nunca li algo tão inusitado e coerente a respeito do universo dos seres biológicos. Fantástico!” César A. Morais “Ler Cibercélulas é conhecer, profundamente, o incrível universo do subconsciente.” Luis Carlos dos Santos “Cibercélulas é o livro ideal para quem quer se conhecer de verdade.” Márcio A. Guedes
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AGRADECIMENTO
A vida é para ser vivida plenamente, com equilíbrio e em harmonia com tudo o que existe ao redor, principalmente com as pessoas. Assim é possível garantir a fluidez. Por essa razão, agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização desta obra. No entanto, não irei citar nomes. O importante é reconhecer que todos merecem o meu sincero agradecimento. Destaco a decisiva participação de algo absolutamente sábio e, sem dúvida, a razão de todas as criações originais: o SUBCONSCIENTE.
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SUMÁRIO
PREFÁCIO ........................................................................................ 13 INTRODUÇÃO ................................................................................ 19 CAPÍTULO 1: A capacidade de filosofar ........................................ 29 AI (inconsciente) versus o AEC (consciente) .................................... 37 A filosofia elementar ......................................................................... 39 Átomo: o ser criador .......................................................................... 43 Células idealizadoras .......................................................................... 48 Distinção filosófica ............................................................................ 55
CAPÍTULO 2: O ser biológico consciente ....................................... 59 A formação da linguagem alfanumérica ........................................... 67
CAPÍTULO 3: Uma nova percepção do universo biopsíquico do ser biológico consciente ................................................................ 72
A formação da estrutura de pensamento ......................................... 77 A construção da estrutura da personalidade .................................... 84 O mundo inteligível .......................................................................... 99
CAPÍTULO 4: A vida é cíclica ....................................................... 105 A similarididade dos fenômenos: dormir e morrer ....................... 109 A lógica das categorias de processadores ........................................ 115 A morte do corpo ........................................................................... 120 O dominante e o recessivo ............................................................. 126 A lógica do mecanismo da MSP no processo de continuação .......135
CAPÍTULO 5: A estrutura dos circuitos genealógicos ................. 140 CAPÍTULO 6: Tudo que existe é energia ...................................... 148
Linha de continuação direta ou indireta ....................................... 150 A fenomenologia do Cosmo interagindo com o planeta Terra .... 155 O segredo do funcionamento do subconsciente ........................... 159 O substrato inalterável ................................................................... 166
CAPÍTULO 7: O homem criou o computador à sua semelhança 169 Perguntas e respostas ..................................................................... 180
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Prefácio
O homem, os demais animais e os vegetais
são projeções biológicas do Cosmos.
É possível compreender o mistério da vida?
Esta obra demonstra que é possível entender o funcionamento da vida dos
seres biológicos a partir dos princípios básicos da física e da química, e de uma
ampla comparação com a dinâmica de funcionamento do ser eletrônico – compu-
tador. Faz-se necessário ler com muita atenção as seguintes conclusões: • Assim como o funcionamento do corpo humano (multicelular) é exata-
mente igual ao funcionamento da célula – criador; o funcionamento do
computador é exatamente igual ao funcionamento do ser humano – cria-
dor. A lógica de funcionamento é a mesma: absoluta organização. • Assim como o computador não funciona sem memória, os seres biológi-
cos não funcionam sem memória. • Assim como o computador possui um local para armazenar as memó-
rias, e um local para intermediar – monitor e teclado – o conteúdo dessas
memórias com o ambiente externo a partir do comando de um pro-
cessador; o ser humano possui um local para armazenar as memórias, e
um local para intermediar – cérebro – o conteúdo dessas memórias com o
ambiente externo natural e cultural a partir do comando de um processa-
dor.
A ideia de construir uma máquina baseada em DNA não é absurda,
uma vez que o funcionamento dos seres vivos pode ser comparado
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ao de um computador. O genoma de um organismo é como o
software, que contém as informações e instruções que controlam as
células e máquinas moleculares (o hardware). No lugar de circuitos
elétricos, os seres vivos possuem o chamado circuito biomecânico –
as redes que permitem o funcionamento do organismo.
http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/computador-de-dna-calcula-
raiz-quadrada-06062011-23.shl Foi quando em 1994, inspirado pelo livro Biologia Molecular dos
Genes, de James Watson, um dos codescobridores do DNA, o cien-
tista da computação Leonard Adleman sugeriu ser possível construir
um computador baseado no DNA, o Ácido Desoxirribonucleico . Ele
percebeu que o funcionamento do DNA era muito semelhante ao de
um processador, pois nele seria possível carregar informação e
gerar informações a partir de outros dados de entrada.
http://www.tecmundo.com.br/2678-computadores-de-dna.htm
Para Cibercélulas o funcionamento do ser humano é 90% coordenado pe-
la genética: 65% coordenado pela memória principal – genes do DNA paterno 25% coordenado pela memória co-participativa – genes do DNA materno 10% pela memória permanente – agentes sociológicos.
Claro que acontece, a priori, uma flexibilidade desses percentuais. O ideal
é que haja harmonia entre as três memórias citadas, e que a coordenação da me-
mória subconsciente principal – “modelo existencial” – prevaleça. A memória
subconsciente principal do ser humano, através dos raciocínios inconscientes e
conscientes, registra/assimila todas as impressões do ambiente externo natural e
cultural. Portanto, o corpo humano possui uma memória subconsciente principal
que sofre influências da memória subconsciente co-participativa, da alimentação,
dos agentes sociológicos e do ambiente natural. O inconsciente e o subconsciente
agem de maneira não muito discernível.
O ser humano também pode ser visto sob o aspecto psicológico, como
um ser regido por pré-disposições mentais e também lembranças,
sentimentos íntimos, complexos, traumas enfim um universo de
subjetividade. Por sinal existem vários fatores psicológicos e estes
mais interligados do que se poderia imaginar, que forma um todo,
sendo que alguns (possivelmente vários) destes agem inconsciente-
mente e subconscientemente de maneira não muito discernível.
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Quanto à questão do ser humano ser um robô orgânico movido por
sua programação instintiva e guiado por seus genes, penso que
tecnicamente é uma visão bastante (para não dizer totalmente) lógica
e plausível (...)
(...) Pois realmente se a robótica e mecatrônica, através da inteligên-
cia artificial, conseguirem criar autômatos inteligentes e até de certa
maneira conscientes e sentimentais, contudo sem as mazelas persona-
líticas e comportamentais que possuímos, estes não seriam na verdade
melhores que seus criadores? Fabiano Leite “bioastrônomo
No computador a tela do monitor, o teclado, as caixas de som e a cam são
responsáveis pela intermediação entre os meios: interno e externo; e uma placa
metálica armazena dados – memória. No ser humano o cérebro é responsável pe-
la intermediação; e as células-tronco especiais – encontradas na medula espinhal
– são responsáveis pelas memórias: permanente e subconsciente. A priori, exis-
tem células-troncos espalhadas em lugares estratégicos do corpo – com apenas a
memória subconsciente – desempenhando funções diversas. É sabido que a área
científica localizou uma região do cérebro responsável por armazenar dados. No
cérebro encontra-se a memória temporária.
O questionamento a respeito do mundo das ideias (metafísico) – elabora-
do pelo filósofo Aristócles (Platão); e a análise minuciosa do universo das célu-
las e do universo dos computadores possibilitou a realização desta obra. O ma-
temático Norbert Wiener ao criar a teoria cibernética, apresentou a ideia de cer-
tas funções de controle e de processamento de informações serem semelhantes
em máquinas e seres vivos.
[…] um campo mais vasto que inclui não apenas o estudo da lin-
guagem, mas também o estudo das mensagens como meios de dirigir
a maquinaria e a sociedade, o desenvolvimento de máquinas compu-
tadoras e outros autômatos […], certas reflexões acerca da psicolo-
gia e do sistema nervoso, e uma nova teoria conjetural do método
científico.
Wiener (1948, p. 19; 1984, p. 15)
O ser humano possui a sabedoria do subconsciente, porém, a capacidade
de assimilação da realidade está restrita ao nível consciente. Razão pela qual ana-
lisa os fatos do ponto de vista superficial. Entender o ser humano como uma má-
quina celular cujo funcionamento é similar ao funcionamento do computador es-
clarece muitas questões existenciais importantes e, talvez, contribua para que as
pessoas não se sintam tão “perdidas”.
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A convivência entre seres biológicos conscientes e seres eletrônicos (ro-
bôs humanos) é uma realidade que tende a intensificar. Certamente, mudará
completamente a realidade sócio-econômica, principalmente na área de mercado
de trabalho. Os robôs humanos serão os “trabalhadores perfeitos”, idealizados
desde o início da revolução industrial. Haja vista que o homem operário sempre
foi tratado como uma máquina; diga-se de passagem, imperfeita. O grande desa-
fio a ser enfrentado será equacionar o crescimento populacional com a crescente
demanda de robôs humanos no mercado de trabalho.
Importante salientar que esta obra aborda muitos assuntos pertinentes aos
seres humanos; no entanto, o objetivo principal é, a partir de uma ampla compa-
ração com o computador, revelar o mecanismo do subconsciente (genes). Ciber-
células apresenta hipóteses coerentes a respeito do universo dos seres biológicos.
Existe apenas um fato que pode ser considerado como sendo o real absoluto – o
Cosmos (eterno). Porém, para o nosso nível consciente, o Cosmos é um mistério.
A intenção é apresentar uma nova percepção sobre a vida dos seres biológicos
que vivem no planeta Terra, sem a menor pretensão de convencimento. O
importante é conduzir as pessoas a uma reflexão totalmente inusitada. O objeto
de Cibercélulas é o subconsciente.
“(...) Por isso, quando alguém forma opinião verdadeira de
qualquer objeto, sem a racional explicação, fica sua alma de posse
da verdade a respeito desse objeto, porém sem conhecê-lo. Pois
quem não sabe nem dar nem receber explicação de alguma coisa,
carece do conhecimento dessa coisa; porém, se a essa opinião
acrescentar a explicação racional, então ficará perfeito em matéria
de conhecimento.” (Platão, Teeteto, 65)
O conhecimento a respeito do subconsciente apresentado nesta obra não
significa uma verdade absoluta, haja vista que a finalidade da transmissão de um
conhecimento original é abrir portas para uma nova percepção da realidade. Uma
realidade que está em constante mudança. Razão pela qual o ser biológico cons-
ciente precisa se adaptar ao momento da realidade natural (aspecto físico) e cul-
tural (aspecto social), conscientizar-se da temporalidade no planeta Terra.
O SER ELETRÔNICO A categoria do processador (e o sistema operacional) é a essência dos fu-
turos robôs humanos. As fábricas poderão construir robôs humanos com
categoria de processador e sistema operacionais iguais com diferentes as-
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pectos físicos. A influência da programação secundária – agentes socio-
lógicos – repercute no comportamento do ser eletrônico – robô humano.
O SER BIOLÓGICO CONSCIENTE As categorias dos processadores principais constroem sistemas operacio-
nais (sistemas nervosos) iguais e corpos com aspectos psicofísicos dife-
rentes – conforme as influências externas. A influência da programação
secundária repercute no comportamento do ser biológico consciente.
Assim como a qualidade do sistema operacional de um ser eletrônico é
importante para que o processador desempenhe todo o potencial; a qualidade do
sistema operacional de um ser humano é importante para que o processador de-
sempenhe todo o potencial.
PROCESSADOR (genes do DNA) SISTEMA OPERACIONAL (S.N.)*
A XP
B XS
C XNXL
* S.N. = Sistema Nervoso
O processador biológico constrói o sistema operacional.
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Introdução
Os seres biológicos manifestam a sabedoria
do Cosmos através da organização.
Esta obra apresenta, em linguagem objetiva e acessível, uma nova per-
cepção dos mistérios biológicos e psicológicos da vida consciente no planeta
Terra; baseada na lógica da física e da química, das ciências biológicas e compu-
tacional. As conclusões de Richard Dawkins na obra “O Gene Egoísta” são
importantes para o entendimento da abordagem de Cibercélulas a respeito dos
circuitos genealógicos e do processador principal (genes do DNA paterno) – uma
memória subconsciente com a mesma essência do Cosmos: físico-química; com
a mesma eficiência: absoluta organização; e forma: espiral. Trechos da obra:
Uma terceira característica das moléculas de replicador que teria
sido selecionada positivamente é precisão de replicação. Se moléculas
do tipo X e do tipo Y duram o mesmo tempo e replicam-se na mesma
taxa, mas X erra, em média, em cada décima replicação, enquanto que
Y erra apenas em cada centésima replicação, Y obviamente se tornará
mais abundante. O contingente X na população perde não apenas os
próprios "filhos" incorretos, mas também todos os seus descendentes,
reais ou potenciais. Se você já sabe alguma coisa sobre evolução,
talvez veja um pequeno paradoxo com relação ao último ponto.
Podemos reconciliar a idéia de que erros de cópia são um requisito
essencial para a evolução ocorrer, com a afirmação de que a seleção
natural favorece a alta fidelidade de cópia? A resposta é que embora
a evolução pareça, em um sentido vago, uma "coisa boa", especial-
mente porque somos o produto dela, nada, na verdade, "quer" evoluir.
A evolução é alguma coisa que acontece, queira-se ou não, apesar de
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todos os esforços dos replicadores (e, hoje em dia, dos genes) em
impedi-la de acontecer.
O código pelo qual os neurônios comunicam-se entre si, sem dúvida,
se parece um pouco com os códigos de pulsações dos computadores
digitais, mas o neurônio individual é uma unidade de processamento
de dados muito mais sofisticada do que o transistor. Um avanço notá-
vel foi a “invenção” evolutiva da memória, por meio deste dispositivo
a regulagem das contrações musculares podem ser influenciada não
apenas por acontecimentos do passado imediato, mas também por
acontecimentos do passado distante. A memória ou armazenamento é,
igualmente, uma parte essencial de um computador digital. As
memórias dos computadores são mais confiáveis do que as humanas.
Os genes também controlam o comportamento de suas máquinas de
sobrevivência, não diretamente com seus dedos nos cordões do
boneco, mas indiretamente como o programador de um computador. A
única coisa que podem fazer é preparar a máquina de sobrevivência
de antemão.
Toda decisão que uma máquina de sobrevivência toma é uma jogada
arriscada e constitui uma tarefa dos genes programas os cérebros de
antemão de modo que em média ele tomem decisões que compensem.
(...) Apenas temos que acreditar que os indivíduos cujos genes
construíram cérebros de maneira que tenham a tendência de fazer
jogadas corretas, terão, como conseqüência direta, maior probabili-
dade de sobreviver e portanto de propagar aqueles mesmos genes.
Haverá jogadores animais que apostam alto e outros que fazem um
jogo mais conservador? No capitulo 9 veremos que frequentemente
possível imaginar os machos como jogadores de apostas e risco
elevados e as fêmeas como investidores seguros, especialmente em
espécies polígamas nas quais os machos competem pelas fêmeas.
A conclusão lógica desta tendência, ainda não atingida em qualquer
espécie, seria os genes darem à máquina de sobrevivência uma única
instrução global sobre o programa de ação: o que achar melhor para
nos manter vivos.
É fácil fazer analogias com computadores e com a tomada de decisões
pelo homem.
(...) Um gene para comportamento altruísta significa qualquer gene
que influencie o desenvolvimento de sistemas nervosos de tal maneira
que faça com que seja mais provável estes se comportarem altruistica-
mente.
Cada espécie possui seu próprio padrão de ponto e traço de lampejo,
o qual evita confusão entre espécies e a conseqüente hibridização pre-
judicial.
Continuaremos a considerar o indivíduo como uma máquina egoísta,
programada para fazer o que for melhor para seus genes como um
todo.
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(...) A seleção natural favorece os genes que controlam suas máquinas
de sobrevivência de tal forma que estas façam o melhor uso de seu
ambiente. Isto inclui fazer o melhor uso de outras maquinas de
sobrevivência, tanto da mesma espécie como de espécies diferentes.
(...) os membros de espécies diferentes são competidores menos
diretos do que os membros da mesma espécie.
Como uma primeira aproximação eu disse que o que torna um gene
bom é a habilidade para construir máquinas de sobrevivência
eficientes – corpos.
Apenas para termos certeza de que não fomos levados longe demais
pelos exemplos subjetivos, voltemos rapidamente à linguagem de
genes. Os corpos vivos são máquinas programadas por genes que
sobreviveram. E esses sobreviveram sob condições que tenderam, em
média, a caracterizar o ambiente da espécie no passado. As
"estimativas" de custos a benefícios, portanto, estão baseadas em
"experiência" passada, exatamente como nas tomadas de decisão no
homem. No entanto, experiência, neste caso, tem o sentido especial de
experiência de gene ou, mais precisamente, de condições da
sobrevivência passada de genes. (Como os genes também dão às
máquinas de sobrevivência a capacidade de aprender, poder-se-ia
dizer que algumas estimativas de custo-benefício são igualmente
tomadas com base na experiência individual.)
O Investimento Parental (I. P.) é definido como "qualquer
investimento feito pelos pais num descendente que aumente a chance
de sobrevivência (e, portanto, o sucesso reprodutivo) desse descen-
dente, em detrimento da capacidade dos pais de investir em outros
descendentes".
Os genes são selecionados por sua habilidade em usar da melhor
forma possível as ferramentas disponíveis: eles explorarão suas
oportunidades práticas. Quando um gene está num corpo jovem, suas
oportunidades práticas serão diferentes daquelas existentes quando
ele está no corpo de um pai ou de uma mãe. Sua melhor política,
portanto, será diferente nos dois estágios da história de seu corpo.
É o espermatozóide que carrega os organismos que determinam os
cromossomos. Metade dos espermatozóides produzidos por um homem
são produtores de mulheres, ou espermatozóides X, e metade são
produtores de homens, ou espermatozóides Y. Os dois tipos de
espermatozóides são semelhantes. Diferem apenas com relação a um
cromossomo.
Elas recusam-se a acasalar-se com qualquer macho, mas tomam o
maior cuidado possível e exercem grande discriminação antes de
deixarem um macho copular com elas.
Mesmo se um macho tiver uma vida curta porque sua cauda vistosa
atrai predadores ou se emaranha nos arbustos, ele poderá ter
produzido um grande número de filhotes antes de morrer. Um macho
pouco atraente ou de cores monótonas poderá viver até mesmo tanto
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quanto uma fêmea, mas ele deixa poucos filhotes e seus genes não são
transmitidos. A que servirá a um macho ganhar o mundo todo e
perder seus genes imortais?
O corpo de um animal normal é manipulado para garantir a
sobrevivência de seus genes, tanto pela produção de descendentes
como pelo cuidado com outros indivíduos contendo os mesmos genes.
O suicídio tendo em vista o cuidado com outros indivíduos é
incompatível com a produção futura dos próprios descendentes.
A transmissão cultural é análoga à transmissão genética no sentido de
que embora seja basicamente conservadora, pode originar um tipo de
evolução.
O pressuposto evolutivo em termos do qual tais teorias são concebidas
muitas vezes é implicitamente do tipo seleção de grupo, mas é possível
reformular as teorias em termos de seleção gênica ortodoxa. Talvez o
homem tenha passado boa parte dos últimos milhões de anos vivendo
em pequenos grupos de parentesco. A seleção de parentesco e a
seleção em favor do altruísmo recíproco poderão ter atuado sobre os
genes humanos produzindo muitos de nossos atributos e tendências
psicológicas básicas.
As leis da Física supostamente são verdadeiras em todo o universo
acessível. Há qualquer princípio da Biologia que possivelmente tenha
uma validade universal semelhante? Quando os astronautas viajarem
para planetas distantes e procurarem vida, eles podem esperar
encontrar criaturas por demais estranhas e misteriosas para que
possamos imaginar. Mas, há alguma coisa que deva sempre caracte-
rizar a vida, onde quer que ela se encontre e qualquer que seja a base
de sua química? Se existirem formas de vida cuja química é baseada
em silício e não em carbono, ou em amônia e não água, se forem
descobertas criaturas que morrem queimadas a -1000 C, se for
encontrada uma forma de vida que não é baseada em química, mas em
circuitos eletrônicos de reverberação, haverá, ainda assim, um
princípio geral que se aplique à toda a vida? Evidentemente eu não
sei, mas se tivesse que apostar, confiaria meu dinheiro em um
princípio fundamental. Esta é a lei de que toda a vida evolui pela
sobrevivência diferencial de entidades replicadoras. O gene, a
molécula de DNA, por acaso é a entidade replicadora mais comum em
nosso planeta. Poderá haver outras. Se houver, desde que certas
outras condições sejam satisfeitas, elas quase inevitavelmente ten-
derão a tornarem-se a base de um processo evolutivo.
O que, afinal de contas, é tão especial a respeito dos genes? A res-
posta é que eles são replicadores.
É através da molécula mais importante do mundo, o DNA, que a
informação de um organismo produz outro organismo à sua seme-
lhança.
Richard Dawkins, O Gene Egoísta (1976).
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Faz-se necessário esclarecer a técnica filosófica. Diante de qualquer co-
nhecimento, a filosofia busca esclarecer:
· Sua inteligibilidade.
· Sua significação.
· Sua realidade.
· Sua posição na ordem geral conhecida.
· Seu valor para a autoconsciência individual, para a cultura e para a civi-
lização.
Os componentes essenciais da técnica filosófica são:
1. A anamnese pela qual o filósofo rastreia a origem das
suas idéias e assume a responsabilidade por elas. 2. A meditação pela qual ele busca transcender o círculo
das suas idéias e permitir que a própria realidade lhe fale numa
experiência cognitiva originária. 3. O exame dialético pelo qual ele integra a sua experiên-
cia cognitiva na tradição filosófica, e esta naquela. 4. A pesquisa erudita pela qual ele se apossa da tradição. 5. A hermenêutica pela qual ele torna transparentes para o
exame dialético as sentenças dos filósofos do passado e todos os
demais elementos da herança cultural que sejam necessários para a
sua atividade filosófica. 6. O exame de consciência pelo qual ele integra na sua
personalidade total as aquisições da sua investigação filosófica. 7. A técnica expressiva pela qual ele torna a sua experiên-
cia cognitiva reprodutível por outras pessoas.
http://www.olavodecarvalho.org/avisos/intro_metodo_filosofico.html
A filosofia de René Descartes (Séc. XVII) é um referencial importante
para Cibercélulas. Embora possa parecer que estivesse repleto de dúvidas em re-
lação a tudo, apresentou o método cartesiano (epistemológico) com muita pro-
priedade. Talvez tenha mencionado o conceito de alma e de Deus com o propó-
sito de ludibriar a igreja, tão poderosa e intransigente na época, para divulgar a
grande descoberta: o ser humano é uma máquina e, portanto, funciona mecanica-
mente, como todas as outras máquinas. Descartes introduziu essa ideia segundo
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seu método filosófico: “Eu sou uma máquina que pensa, os meus músculos são
comandados pelo cérebro através do sistema nervoso” – Tratado do Homem. Em
conformidade com Cibercélulas faz-se necessário mudar a frase citada: Eu sou
uma máquina capaz de refletir, os meus raciocínios (inconsciente e consciente)
são comandados pelos genes – DNA paterno (principal) e DNA materno (co-
participativo) – e, através do cérebro, se dá a minha relação com o ambiente ex-
terno natural e cultural.
A Arquitetura dos computadores, a ciência da computação, a
Informática, a Análise de Sistemas, enfim, toda a teoria baseada em
sistemas de informação e computadores deriva de Descartes e de
suas teorias sobre a resolução de problemas.
É essencial que todos os profissionais de informática, espe-
cialmente os que lidam com usuários, ou clientes, para a análise de
requisitos e posterior desenvolvimento de sistemas aplicativos, sejam
sabedores da história e estudem um pouco mais sobre Descartes.
(...) a Tecnologia da Informação, baseada fortemente na infor-
mática, e toda a sua importância para o desenvolvimento da ciência
e o avanço da humanidade transformaram o computador, e tudo o
que ele representa, em um extensão do homem, em uma coisa quase
tão importante quanto o próprio homem.
http://rafrom.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&i
d=98:o-acerto-de-descartes&catid=55:informatica&Itemid=62
Aproveito a oportunidade para modificar a célebre frase de Descartes
“Penso, logo existo”. Temos: “Existo, sou ser humano, logo reflito”. O ato de
pensar para o ser humano é insuficiente. É preciso refletir. Pensar/imaginar signi-
fica desprender-se do aqui e agora e, portanto, é possível trazer o tempo passado
e antecipar o tempo futuro para o tempo presente.
passado – PRESENTE – futuro.
O ato de pensar é a causa do ser humano viver uma vida tão conturbada e
“neurótica”; porque dá origem a vivências (sofrimentos) não reais. E por essa ra-
zão, observamos atualmente muitas “filosofias de vida” valorizando a capaci-
dade de viver o aqui e agora. O homem, a partir da capacidade de pensar, pas-
sou a viver em função do que vai fazer ou do que já fez. O ato de pensar, portan-
to, não é a causa da evolução do mundo cultural do homem, e sim, o ato de refle-
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tir. Refletir é assimilar a coerência da informação recebida e salvá-la na memória
permanente. Pensar/imaginar apenas nos permite transportar fatos passados e
futuros para o presente, isentos de análise. Contudo, o ato de pensar é importante
porque o pensamento é a primeira etapa do processo de reflexão. O ato de pensar
se dá a partir da projeção da linguagem alfanumérica nas células do cérebro. Os
demais animais, no entanto, não possuem a capacidade de pensar. E por essa
razão estão mais envolvidos com o ambiente interno (AI); ou seja, vivem o aqui
e agora e, conseqüentemente, possuem um instinto mais apurado em relação ao
do ser humano – sofre forte influência do ambiente externo cultural (AEC).
A idéia de uma alma imortal vem da nossa vaidade, do orgulho de nos
sentirmos superiores ao resto da criação. O pensamento é uma
simples função da matéria organizada.
Sergio Paulo Rouanet
Interessante observar que as crianças até certa idade não pensam para agir
porque não desenvolveram a capacidade de projeção da linguagem alfanumérica
nas células do cérebro – agem instintivamente; ou seja, vivem o aqui e agora. E
quando começam a falar inicia-se o processo de desenvolvimento do nível cons-
ciente – armazenamento de informações alfanuméricas na memória permanente.
A análise mais convincente e lógica realizada pelo homem aponta para o
fato de que tudo no planeta Terra é resultado de uma energia cósmica. Esta
energia segue princípios da lei físico-química, e sua força infinita se manifesta
no interior de todos os seres biológicos. Estes, através da absoluta organização
celular, reproduzem a essência única para garantir a continuação – enquanto
houver possibilidade de vida no planeta Terra, continuaremos renascendo. Acre-
ditamos, equivocadamente, que as próximas gerações desfrutarão todas as con-
quistas (ou perdas) sociais; na realidade, nós mesmos estaremos submetidos a
elas. Acontece que, por estarmos levando uma vida relativamente segura finan-
ceiramente, consideramo-nos livres de qualquer infortúnio, o que nos leva a fazer
vista grossa às necessidades dos outros. É preciso refletir que, ao voltarmos a
viver tudo novamente, enfrentaremos situações em que precisaremos da ajuda de
alguém. A vida segue um ciclo interminável e, portanto, o sempre nos remete a
um eterno compromisso em relação a todos e a tudo que nos envolve. Impor-
tante entender que a lei do universo segue um dos princípios básicos da lei físico-
química: ação e reação. Portanto, seja na experiência vivida atualmente, ou nas
posteriores (continuação), todas as conseqüências são resultados de nossas ações.
26
Estamos eternamente submetidos a esse princípio. Como diz um ditado popular:
aqui se faz aqui se paga.
Faça o bem para si e para o outro e serás recompensado. Em outras palavras:
respeite o outro como respeita a si mesmo.
Cibercélulas entra na temática da ciência atual – cujo conceito é de que as
células e o homem são seres distintos – para argumentar que célula e homem é
um ser único – somos células. O homem raciocina porque o funcionamento das
células é absolutamente organizado. O raciocínio alfanumérico (consciente) hu-
mano advém de uma organização química. Os seres humanos manifestam a orga-
nização química (inconsciente) e alfanumérica (consciente), e os demais animais
e vegetais manifestam apenas a organização química (inconsciente). Ou seja, se
os demais animais tivessem a capacidade de falar e uma habilidade manual cons-
truiriam um ambiente externo cultural. As substâncias inorgânicas – elementos
estáticos do Cosmos – não raciocinam. Isto porque, a priori, é preciso que exista
o movimento para o raciocínio acontecer.
Todas as ações conscientes do ser humano, que obedecem a preceitos
fundamentais para a manutenção da vida humana em sociedade, estão baseadas
na organização. Quanto maior a organização de uma sociedade, maior o grau de
desenvolvimento de um país; e quanto maior a organização da memória perma-
nente – estrutura de pensamento –, maior o grau de desenvolvimento do ser bio-
lógico consciente.
Os quatro princípios básicos da lei físico-química do Cosmos que regem
os seres biológicos terrestres:
• ORGANIZAÇÃO (RACIOCÍNIO) • AÇÃO E REAÇÃO
• ENERGIA • MOVIMENTO
O Cosmos (átomos) é absolutamente organizado; a energia se manifesta através
das ações que geram reações, num movimento constante e regular.
Todos os movimentos físico-químicos dos órgãos do corpo – inclusive o
cérebro – são reações da ação do subconsciente que está no interior das células
especiais em forma de energia compactada. Razões pelas quais as células espe-
27
ciais – que estão na medula especial –, através da absoluta organização dos genes
do DNA, coordena o nível inconsciente. Coordena também a linguagem química
seqüenciada conforme a linguagem alfanumérica.
A medula espinhal é capaz de coordenar os atos involuntários ou
inconscientes (pg. 75).
A absoluta organização dos genes do DNA permitiu a ação inconsciente
(essencialmente físico-química) gerar, a partir da capacidade de falar, uma rea-
ção que resultou na associação da linguagem química (nível inconsciente) com a
linguagem alfanumérica (nível consciente). A memória permanente é formada
por uma linguagem química seqüenciada conforme a linguagem alfanumérica.
Existem dois tipos de consumo de energia no universo biológico do ser
humano:
Processo 1: RACIOCÍNIO INCONSCIENTE Ações e reações incons-
cientes – essencialmente químicas. Processo 2: RACIOCÍNIO CONSCIENTE Ações inconscientes (quími-
cas) associadas à linguagem alfanumérica.
O gasto do processo 2 é maior pelo fato de haver a necessidade de uma
codificação. O mecanismo de codificação pode parecer insignificante; porém, é
sofisticado e muito trabalhoso. Por essa razão, os trabalhos a nível consciente –
“intelectual” – são mais desgastantes.
O corpo biológico é organizado porque o DNA é absolutamente organizado.
Logo, o ambiente externo cultural – nível consciente – é organizado porque o
ambiente interno – nível inconsciente – é organizado.
28
29
CAPÍTULO 1
A capacidade de filosofar
Filosofia significa busca do conhecimento. Razão pela qual a História da
Filosofia está estruturada pelas teorias do conhecimento. O período medieval fi-
cou conhecido como o período das trevas pelo fato da busca do conhecimento ter
sido suspensa. Nessa época a filosofia estava voltada apenas para a teologia. Na
idade moderna a filosofia distancia da religião e o renascimento da busca do co-
nhecimento é fundamental para que o movimento iluminista abrisse caminhos
para o progresso do mundo ocidental. Nesse período ocorreu uma divisão da filo-
sofia. Parte dos filósofos permaneceu restrita à filosofia teórica subjetiva (Filoso-
fia Teórica), e outra parte decidiu aplicar o conhecimento teórico de forma obje-
tiva (Filosofia Prática ou Filosofia das Ciências).
Os adeptos do naturalismo rejeitam a suposição de que a filosofia se
diferencie das ciências por um conjunto de métodos próprios: os
problemas filosóficos e os científicos pertencem a uma única e mes-
ma esfera e, portanto, os métodos científicos, historicamente bem-
sucedidos, devem também ser aplicados à problemática filosófica.
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Desde então a filosofia teórica subjetiva direcionou o conhecimento para
o enriquecimento humano (SER), inserida na vida pessoal – Filosofia de Vida –;
e a filosofia teórica objetiva (prática) direcionou o conhecimento para o enrique-
cimento material (TER), inserida na vida sócio-econômica – Filosofia Científica.
Razão pela qual, durante a idade moderna – período em que as sociedades so-
friam grandes transformações sócio-econômicas –, ocorreram conflitos entre es-
sas duas correntes filosóficas. A filosofia teórica objetiva (científica), com o
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advento da Revolução Industrial, superou definitivamente a filosofia teórica sub-
jetiva. A filosofia teórica subjetiva, a partir de então, pelo fato de caminhar na
contra mão de uma humanidade que buscava cegamente (“alienadamente”) cada
vez mais o enriquecimento do TER, passou a ser mal vista, rejeitada por uma so-
ciedade cada vez mais materialista (“desumana”), cada vez mais distante do enri-
quecimento do SER.
É possível SER sem TER; porém, não é possível TER sem SER. O que implica
dizer que o ambiente externo cultural é uma projeção do ambiente interno
natural.
A absoluta organização (raciocínio) do ambiente interno natural proje-
tou um ambiente externo cultural cuja realidade está baseada, conseqüente-
mente, na organização. O ser humano é o único ser biológico do planeta Terra
que expressa a racionalidade (organização) físico-química a nível consciente –
alfanumérico. A ação filosófica está em todas as ações dos homens que buscam
o conhecimento nas diversas áreas do saber. O conhecimento se dá em relação
aos três meios: • EXTERNO NATURAL (objetivo)
• EXTERNO CULTURAL (objetivo)
• INTERNO (Subjetivo)
A filosofia surge na relação do homem com o Cosmos, com a natureza,
com o meio cultural, e consigo mesmo. Apenas em uma das ramificações da filo-
sofia é possível conhecer a essência humana: ciências biológicas; porque o ser
humano é um ser multicelular.
Da mesma forma que a ciência é conseqüência do desenvolvimento da filosofia,
o ser humano é conseqüência do desenvolvimento da célula.
A vida dos homo sapiens começou a sofrer transformações tanto internas
quanto externas. Qual a principal transformação interna sofrida pelos homo sa-
piens? A associação da linguagem química com a alfanumérica. Qual a principal
transformação externa? O surgimento de uma ciência capaz de desenvolver o
ambiente externo cultural: a filosofia. Essa primeira ciência elevou o homo sa-
31
piens ao status de ser humano (“ser racional”). O ambiente externo cultural,
desde então, começou a ser construído.
A Idade das Trevas na Grécia (c. 1200 a.C.-800 a.C.) refere-se ao
período da pré-história grega começando com a presumida invasão
dórica, ocasionando o fim da civilização micênica no século XI a.C.,
e terminando na ascensão das primeiras cidades-estados gregas no
século IX a.C., com os poemas épicos de Homero e com as primeiras
instâncias da escrita alfabética grega no século VIII a.C.. http://www.coladaweb.com/geografia/paises/grecia
As vertentes da História da Filosofia Ocidental: (O foco de Cibercélulas está realçado em negrito)
1 MITOLOGIA GREGA RAZÃO IRREAL
2 PLATÃO RAZÃO IDEAL
3 ARISTÓTELES LÓGICA
4 FILOSOFIA DA RELIGIÃO TEOLOGIA
5 DESCARTES PRÉ-RACIONALISMO
6 FILOSOFIA CIENTÍFICA RACIONALISMO
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – Célula/Genética
CIÊNCIAS EXATAS – Física/Química/Informática
CIÊNCIAS HUMANAS – Psicologia
7 FILOSOFIA EVOLUCIONISTA DARWIN
RAZÃO EXISTENCIAL
8 FILOSOFIA DA LIBERDADE EXISTENCIALISMO
Impulsiona: Literatura
Artes em geral: Música/Pintura/Dança/Teatro
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A necessidade de investigações específicas a respeito do ambiente interno
(e externo) natural resultou na ramificação da Filosofia: exatas, humanas e bioló-
gicas. Um acontecimento imprescindível para a evolução do ambiente externo
cultural. A História da Filosofia é o pano de fundo da história da humanidade.
Sem a arte de filosofar (argumentar/questionar/pesquisar), no entanto, não have-
ria a existência da ética, da moral, da lógica, da matemática, da física, da teologia
(conhecimento abstrato), do português, da biologia, da geografia, da sociologia,
da informática, enfim.
E que, portanto, como queriam os pensadores (filósofos) do século
XVII, os quais começaram a criar a ciência moderna, isso poderia
ser obtido mediante a aplicação estrita do melhor método, o que
implicaria o estabelecimento com precisão das regras desse método.
(...) Assuntos como as leis do movimento, a estrutura da matéria e o
funcionamento dos processos psicológicos – que hoje consideramos
como temas da física, da química e da psicologia, respectivamente –
eram todos reunidos na noção de filosofia natural. Após a revolução
científica do século XVII, as investigações da filosofia natural foram
gradualmente se desvencilhando da filosofia e se constituíram em
domínios específicos e independentes de pesquisa.
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Se não existisse a filosofia estaríamos na pré-história. Se o homem pretende
continuar desenvolvendo o mundo externo cultural precisa continuar em busca
do conhecimento.
A linguagem alfanumérica – nível consciente – permitiu ao homem tomar
consciência do mundo natural e cultural de modo mais amplo possível. Porém, o
nível consciente é limitado, incapaz de compreender o incrível mecanismo do
subconsciente. Este livro explora a sabedoria do subconsciente. Uma sabedoria
que todos os seres biológicos têm o privilégio de possuir, mas, infelizmente, é
desprezada pelo homem. O ser humano acredita, erroneamente, ser coordenado
pelo nível consciente, ou melhor, ser coordenado pelo cérebro – órgão humano
que reconhece a linguagem alfanumérica. Somos coordenados pelo subcons-
ciente.
Os problemas da existência deixam de ser resolvidos inconscientemente para
serem resolvidos conscientemente. Surge então o ser biológico consciente.
33
O ser humano é um ser biológico consciente; porém, a sua constituição é
físico-química. A linguagem química é a linguagem natural, e a linguagem al-
fanumérica é a linguagem “artificial”. O ser biológico (animal) precisa ser alfa-
betizado para se tornar um ser biológico consciente (ser humano); ou seja, o ser
humano precisa codificar a linguagem alfanumérica para a linguagem química e
vice-versa. Somente a partir dessa codificação que o ser humano consegue co-
nhecer o mundo – ambiente externo natural e cultural. A transcendência passa
pelo nível consciente e é assimilada pelo subconsciente.
Transcender significa memorizar quimicamente a experiência – incorporar.
A raiz da filosofia e da distinção do ser humano em relação aos demais
animais está na capacidade de falar – desenvolvimento do aparelho vocal.
A fala nos humanos é permitida por uma intrincada articulação
entre o cérebro, a laringe, as cordas vocais e a língua. Os elementos
necessários para que ela pudesse acontecer foram aparecendo ao
longo da evolução dos hominídeos.
A maior parte dos autores concorda que a adoção da posição bípede
tenha sido fundamental para liberar as mãos e a boca dos
hominídeos e permitir os dois processos fundamentais para o
aparecimento da fala. O primeiro foi o uso das mãos para a
construção de ferramentas. As ferramentas rudimentares aparece-
ram entre 2,5 e 2 milhões de anos atrás como o Homo habilis.
Segundo alguns autores, seria impossível a criação de utensílios sem
a existência das capacidades intelectuais que acabam por definir a
própria condição humana: o processo seqüencial mental, a asso-
ciação de eventos em uma determinada ordem de acordo com uma
determinada lógica. As capacidades de abstração, previsão, imagi-
nação e a noção de símbolo.
Os hominídeos desenvolveram processos de reconhecimento de
padrões, classificação em categorias e interpretação ordenada do
mundo. Processos esses que, ao mesmo tempo, estabelecem a base
de uma linguagem, e necessitam de um mecanismo de transmissão e
compreensão de mensagens mais longas e complexas que cara-
cterizam a própria linguagem. A utilização de sinais necessitava da
proximidade entre os indivíduos entre eles e entre o objeto discutido.
Apenas uma linguagem oral (e depois escrita) permitia transmitir
mensagens que não tivessem correspondência com a realidade
percebida através dos sentidos (sentimentos, desejos e outros
pensamentos abstratos). A partir daí o grupo humano pode passar a
34
se beneficiar das experiências de um individuo e o indivíduo das
experiências alheias. O desenvolvimento da fala e das tradições
orais foi fundamental para a natureza aditiva do conhecimento
humano e para a formação da cultura.
Tão importante quanto o desenvolvimento do cérebro e da
inteligência, foi o desenvolvimento do aparelho buco-faríngeio. A
maior parte dos cientistas acredita que o Homo habilis, mas princi-
palmente o Homo erectus, possuía algum tipo de vocalização rudi-
mentar. O basicrânio arqueado dos humanos modernos (essencial a
fala) começou a aparecer nessa espécie cerca de 2 milhões de anos
atrás e ele já poderia produzir certas vogais, como u, a, e,
Também a Laringe, que nos primatas é curta e alta, se desenvolveu
nos humanos até ficar longa e baixa, funcionando como um órgão de
sopro. Curiosamente os bebes humanos, até os dois anos de idade,
não possuem a laringe baixa e só por volta dos 14 anos a nossa
laringe se estabelece na posição "adulta". Deve ser por isso que
praticamente ninguém aprende a falar antes dos dois anos de idade.
Essa laringe mais baixa permitiu, agora sim, o aparecimento do osso
hióide, outra adaptação anatômica fundamental para a fala.
O hióide é um pequeno osso em forma de U que segura e permite a
articulação da língua e foi descoberto nos Neandertais. Ao contrário
do que o texto do início sugere, não é isso que marca o aparecimento
da fala. Apesar de ser um pré-requisito importante, o hióide está
longe de ser o único ou o mais relevante. Apesar do hióide, nos
Neandertais, a base da língua era muito acima da garganta
deixando a boca, literalmente, "cheia". Com isso os sons emitidos
por eles deveriam ser muito anasalados, lentos e de difícil compre-
ensão. Muitos antropólogos acreditam que a fala pouco desen-
volvida foi a razão da extinção dos Neandertais. Uma peça chave no
enigma é o nervo hipoglosso, que controla os movimentos da língua.
Esse nervo se insere no crânio através de um orifício e é duas vezes
maior nos humanos modernos que nos chimpanzés. De acordo com
esse critério as formas mais primitivas de Homo não poderiam ter
falado, o que coloca o início da fala realmente com os Neandertais
em torno de 400.000 anos atrás. No entanto, algumas evidências
sugerem que o Homo habilis já se comunicava com um repertório de
sons maior que o arfada-apupo-grunhido dos chimpanzés modernos.
Uma coisa é certa, a reorganização do cérebro e as mudanças
anatômicas necessárias ao aparecimento da fala só apareceram com
o surgimento dos Homo e eram inexistentes nos Australopithecus.
http://scienceblogs.com.br/vqeb/2007/05/quando-o-homem-
comecou-a-falar.php
Importante observar que o ser humano não atingiu o nível intelectual de
um dia para o outro. Tudo aconteceu a partir de um processo de milhares de
35
anos. Aprendeu a soletrar sons unitários: vogais; depois de anos conseguiu for-
mar sons conjugados: palavras; após mais um período longo, conseguiu construir
frases e, após outras centenas de anos, foi possível criar obras literárias e cien-
tíficas. Da mesma forma que acontece com o processo de desenvolvimento de
uma criança – nenhuma criança nasce sabendo ler e escrever. Os subconscientes
– genes do DNA –, através da capacidade de raciocínio lógico (organização
absoluta), constroem todos os órgãos e sistemas de um organismo biológico. O
processador principal criou o cérebro para captar as imagens e os sons do am-
biente externo natural. No caso do seres biológicos conscientes capta as informa-
ções alfanuméricas e transmite a sabedoria subconsciente – a nível consciente – e
o conhecimento adquirido – a nível consciente – em cada experiência de vida.
Se o cérebro fosse a parte do corpo responsável pela coordenação do raciocínio
inconsciente e consciente, seria responsável pela construção do corpo humano.
A troca de conhecimento e de experiências entre os humanos possibilitou
a prática da argumentação – prenúncio da filosofia. Após milhares de anos essa
capacidade de argumentar foi ganhando espaço e adquirindo uma estrutura for-
mal – início da filosofia. Os grupos dominados viviam à mercê das teorias pré-
estabelecidas, e os dominantes detinham a retórica e o poder. Assim, as socie-
dades (civilizações) foram sendo constituídas segundo uma lógica de valores e
conceitos absolutos – normas. Certamente, essas “verdades absolutas” não foram
(e continuam não sendo) totais, e sim, convenientes. Interessante observar como
a dinâmica social do ambiente externo cultural é similar à dinâmica genética do
ambiente interno natural. Ambas funcionam a partir da existência dos agentes:
dominante e dominado. Isto porque o que acontece no ambiente externo cultural
é uma projeção do que acontece no ambiente interno biológico. A lógica de do-
minância é fundamental para o entendimento desta obra.
genes do DNA paterno = DOMINANTES = PROCESSADOR PRINCIPAL
A filosofia acompanhou a história da humanidade de perto. É responsável
pela evolução do ambiente externo cultural do homem em diversas áreas do co-
nhecimento. A filosofia possibilitou a ordem social ao tornar os princípios
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morais cada vez mais sólidos – de acordo com o padrão de cada época e lugar;
até os dias atuais e enquanto existir vida humana no planeta Terra.
É exatamente nessas cidades da Ásia Menor e da Magna Grécia que
irá ocorrer um dos fenômenos culturais mais significativos da
civilização grega e ocidental: o nascimento da filosofia. Surge aí
uma modalidade nova de pensamento, em que logos e mito, razão e
poesia articulam-se em uma forma extremamente complexa de
discurso, que se ocupa, sobretudo do problema cosmológico, e
investiga a origem e os princípios de todas as coisas.
(GRECE, 1991, p. 994-1024)
O ser biológico consciente criou um mundo externo cultural capaz de iludi-lo.