CiberCélulas

36
1 José Eduardo Martins Thees CIBERCÉLULAS Microprocessadores humanos conectados no planeta Terra 1ª edição - 2012

description

CIBERCÉLULAS muda a percepção da fenomenologia do corpo biológico ao considerar que o cérebro não o coordena. A coordenação do corpo biológico é tarefa de uma memória subconsciente principal (programação principal)...

Transcript of CiberCélulas

Page 1: CiberCélulas

1

José Eduardo Martins Thees

CIBERCÉLULAS

Microprocessadores humanos conectados no planeta Terra

1ª edição - 2012

Page 2: CiberCélulas

2

Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida sem a

prévia autorização, por escrito, do autor, sob pena de constituir

violação da Lei n° 9.610, de 19 fevereiro de 1998.

ISBN 978-85-64280-77-9

1. Filosofia científica 2. Nova concepção sobre reencarnação

3. Circuitos genealógicos 4. Estrutura da personalidade

5. Revelação do mecanismo do subconsciente.

Serviço Gráfico

Revisão e diagramação José Eduardo Martins Thees

Capa e figuras Leandro Thees Gouvêa

Page 3: CiberCélulas

3

José Eduardo Martins Thees é filósofo; estudou psicologia e biologia celular na Universidade Federal de Juiz de Fora – MG. Nasceu em Juiz de Fora, interior do estado de Minas Gerais. É filho do alemão Hírcio Ruy Thees e da portuguesa Wanda dos Reis Martins.

Aos cinco anos de idade perdeu o pai e, conseqüentemente, a referência do “modelo existencial”. Ao descobrir a sua identidade pessoal e, principalmente, ao conscientizar-se de sua finitude consciente e infinitude subconsciente, decidiu escrever este livro.

Page 4: CiberCélulas

4

Page 5: CiberCélulas

5

CIBERCÉLULAS muda a percepção da fenomenologia do

corpo biológico ao considerar que o cérebro não o coordena. A coor-

denação do corpo biológico é tarefa de uma memória subconsciente

principal (programação principal). A presente obra desconsidera o

universo metafísico ideal de Platão para considerar o universo do

fisicalismo – doutrina filosófica do Círculo de Viena. Isto porque vis-

lumbra os fundamentos da existência dos seres biológicos do ponto

de vista da física. Haja vista que o ciclo de vida dos seres biológicos

é formado por circuitos genealógicos. Através dos circuitos genea-

lógicos a memória subconsciente principal é transferida.

A vida no planeta Terra é resultado de um Cosmos cuja cons-

tituição é físico-química. Somos energia cósmica corporificada.

“À medida que a ciência evolui, os seus conhecimentos vão se

aproximando das verdades filosóficas.”

(Prof. Dr. José Pedro Andreeta).

Esta obra pode ser considerada uma hipótese incompreensí-

vel; porém, mais vale uma hipótese incompreensível que desperte

uma reflexão do que uma verdade absoluta que alimente uma ilusão.

Sempre haverá uma oportunidade para se rever conceitos e mudar

paradigmas.

Preparado para ler Cibercélulas? Descobrir Cibercélulas significa descobrir o universo subconsciente. Uma obra que, dependendo do grau de consciência do leitor, pode ser considerada uma filosofia científica ou uma ficção filosófica.

Page 6: CiberCélulas

6

Page 7: CiberCélulas

7

“Cibercélulas é um livro fascinante. Propicia-nos um sentido para a vida. Para quem deseja conhecer o universo biológico por um novo prisma. Recomendo a leitura.” Leila Machado dos Reis “O livro Cibercélulas ampliou minha consciência de vida. Agora percebo a vida e a morte com mais clareza. Fernando M. Oliveira "Cibercélulas é um livro muito interessante. Nos leva a um profundo conhecimento do subconsciente. Com a leitura percebe-se o verdadeiro sentido da vida e da morte. Nunca li nada igual. Parabéns ao autor. Recomendo a todos" Maria das Graças Gomes Pacheco “Há muita sabedoria nas páginas deste extraordinário livro.” Clarice O. Bastos “Nunca li algo tão inusitado e coerente a respeito do universo dos seres biológicos. Fantástico!” César A. Morais “Ler Cibercélulas é conhecer, profundamente, o incrível universo do subconsciente.” Luis Carlos dos Santos “Cibercélulas é o livro ideal para quem quer se conhecer de verdade.” Márcio A. Guedes

Page 8: CiberCélulas

8

Page 9: CiberCélulas

9

AGRADECIMENTO

A vida é para ser vivida plenamente, com equilíbrio e em harmonia com tudo o que existe ao redor, principalmente com as pessoas. Assim é possível garantir a fluidez. Por essa razão, agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização desta obra. No entanto, não irei citar nomes. O importante é reconhecer que todos merecem o meu sincero agradecimento. Destaco a decisiva participação de algo absolutamente sábio e, sem dúvida, a razão de todas as criações originais: o SUBCONSCIENTE.

Page 10: CiberCélulas

10

Page 11: CiberCélulas

11

SUMÁRIO

PREFÁCIO ........................................................................................ 13 INTRODUÇÃO ................................................................................ 19 CAPÍTULO 1: A capacidade de filosofar ........................................ 29 AI (inconsciente) versus o AEC (consciente) .................................... 37 A filosofia elementar ......................................................................... 39 Átomo: o ser criador .......................................................................... 43 Células idealizadoras .......................................................................... 48 Distinção filosófica ............................................................................ 55

CAPÍTULO 2: O ser biológico consciente ....................................... 59 A formação da linguagem alfanumérica ........................................... 67

CAPÍTULO 3: Uma nova percepção do universo biopsíquico do ser biológico consciente ................................................................ 72

A formação da estrutura de pensamento ......................................... 77 A construção da estrutura da personalidade .................................... 84 O mundo inteligível .......................................................................... 99

CAPÍTULO 4: A vida é cíclica ....................................................... 105 A similarididade dos fenômenos: dormir e morrer ....................... 109 A lógica das categorias de processadores ........................................ 115 A morte do corpo ........................................................................... 120 O dominante e o recessivo ............................................................. 126 A lógica do mecanismo da MSP no processo de continuação .......135

CAPÍTULO 5: A estrutura dos circuitos genealógicos ................. 140 CAPÍTULO 6: Tudo que existe é energia ...................................... 148

Linha de continuação direta ou indireta ....................................... 150 A fenomenologia do Cosmo interagindo com o planeta Terra .... 155 O segredo do funcionamento do subconsciente ........................... 159 O substrato inalterável ................................................................... 166

CAPÍTULO 7: O homem criou o computador à sua semelhança 169 Perguntas e respostas ..................................................................... 180

Page 12: CiberCélulas

12

Page 13: CiberCélulas

13

Prefácio

O homem, os demais animais e os vegetais

são projeções biológicas do Cosmos.

É possível compreender o mistério da vida?

Esta obra demonstra que é possível entender o funcionamento da vida dos

seres biológicos a partir dos princípios básicos da física e da química, e de uma

ampla comparação com a dinâmica de funcionamento do ser eletrônico – compu-

tador. Faz-se necessário ler com muita atenção as seguintes conclusões: • Assim como o funcionamento do corpo humano (multicelular) é exata-

mente igual ao funcionamento da célula – criador; o funcionamento do

computador é exatamente igual ao funcionamento do ser humano – cria-

dor. A lógica de funcionamento é a mesma: absoluta organização. • Assim como o computador não funciona sem memória, os seres biológi-

cos não funcionam sem memória. • Assim como o computador possui um local para armazenar as memó-

rias, e um local para intermediar – monitor e teclado – o conteúdo dessas

memórias com o ambiente externo a partir do comando de um pro-

cessador; o ser humano possui um local para armazenar as memórias, e

um local para intermediar – cérebro – o conteúdo dessas memórias com o

ambiente externo natural e cultural a partir do comando de um processa-

dor.

A ideia de construir uma máquina baseada em DNA não é absurda,

uma vez que o funcionamento dos seres vivos pode ser comparado

Page 14: CiberCélulas

14

ao de um computador. O genoma de um organismo é como o

software, que contém as informações e instruções que controlam as

células e máquinas moleculares (o hardware). No lugar de circuitos

elétricos, os seres vivos possuem o chamado circuito biomecânico –

as redes que permitem o funcionamento do organismo.

http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/computador-de-dna-calcula-

raiz-quadrada-06062011-23.shl Foi quando em 1994, inspirado pelo livro Biologia Molecular dos

Genes, de James Watson, um dos codescobridores do DNA, o cien-

tista da computação Leonard Adleman sugeriu ser possível construir

um computador baseado no DNA, o Ácido Desoxirribonucleico . Ele

percebeu que o funcionamento do DNA era muito semelhante ao de

um processador, pois nele seria possível carregar informação e

gerar informações a partir de outros dados de entrada.

http://www.tecmundo.com.br/2678-computadores-de-dna.htm

Para Cibercélulas o funcionamento do ser humano é 90% coordenado pe-

la genética: 65% coordenado pela memória principal – genes do DNA paterno 25% coordenado pela memória co-participativa – genes do DNA materno 10% pela memória permanente – agentes sociológicos.

Claro que acontece, a priori, uma flexibilidade desses percentuais. O ideal

é que haja harmonia entre as três memórias citadas, e que a coordenação da me-

mória subconsciente principal – “modelo existencial” – prevaleça. A memória

subconsciente principal do ser humano, através dos raciocínios inconscientes e

conscientes, registra/assimila todas as impressões do ambiente externo natural e

cultural. Portanto, o corpo humano possui uma memória subconsciente principal

que sofre influências da memória subconsciente co-participativa, da alimentação,

dos agentes sociológicos e do ambiente natural. O inconsciente e o subconsciente

agem de maneira não muito discernível.

O ser humano também pode ser visto sob o aspecto psicológico, como

um ser regido por pré-disposições mentais e também lembranças,

sentimentos íntimos, complexos, traumas enfim um universo de

subjetividade. Por sinal existem vários fatores psicológicos e estes

mais interligados do que se poderia imaginar, que forma um todo,

sendo que alguns (possivelmente vários) destes agem inconsciente-

mente e subconscientemente de maneira não muito discernível.

Page 15: CiberCélulas

15

Quanto à questão do ser humano ser um robô orgânico movido por

sua programação instintiva e guiado por seus genes, penso que

tecnicamente é uma visão bastante (para não dizer totalmente) lógica

e plausível (...)

(...) Pois realmente se a robótica e mecatrônica, através da inteligên-

cia artificial, conseguirem criar autômatos inteligentes e até de certa

maneira conscientes e sentimentais, contudo sem as mazelas persona-

líticas e comportamentais que possuímos, estes não seriam na verdade

melhores que seus criadores? Fabiano Leite “bioastrônomo

No computador a tela do monitor, o teclado, as caixas de som e a cam são

responsáveis pela intermediação entre os meios: interno e externo; e uma placa

metálica armazena dados – memória. No ser humano o cérebro é responsável pe-

la intermediação; e as células-tronco especiais – encontradas na medula espinhal

– são responsáveis pelas memórias: permanente e subconsciente. A priori, exis-

tem células-troncos espalhadas em lugares estratégicos do corpo – com apenas a

memória subconsciente – desempenhando funções diversas. É sabido que a área

científica localizou uma região do cérebro responsável por armazenar dados. No

cérebro encontra-se a memória temporária.

O questionamento a respeito do mundo das ideias (metafísico) – elabora-

do pelo filósofo Aristócles (Platão); e a análise minuciosa do universo das célu-

las e do universo dos computadores possibilitou a realização desta obra. O ma-

temático Norbert Wiener ao criar a teoria cibernética, apresentou a ideia de cer-

tas funções de controle e de processamento de informações serem semelhantes

em máquinas e seres vivos.

[…] um campo mais vasto que inclui não apenas o estudo da lin-

guagem, mas também o estudo das mensagens como meios de dirigir

a maquinaria e a sociedade, o desenvolvimento de máquinas compu-

tadoras e outros autômatos […], certas reflexões acerca da psicolo-

gia e do sistema nervoso, e uma nova teoria conjetural do método

científico.

Wiener (1948, p. 19; 1984, p. 15)

O ser humano possui a sabedoria do subconsciente, porém, a capacidade

de assimilação da realidade está restrita ao nível consciente. Razão pela qual ana-

lisa os fatos do ponto de vista superficial. Entender o ser humano como uma má-

quina celular cujo funcionamento é similar ao funcionamento do computador es-

clarece muitas questões existenciais importantes e, talvez, contribua para que as

pessoas não se sintam tão “perdidas”.

Page 16: CiberCélulas

16

A convivência entre seres biológicos conscientes e seres eletrônicos (ro-

bôs humanos) é uma realidade que tende a intensificar. Certamente, mudará

completamente a realidade sócio-econômica, principalmente na área de mercado

de trabalho. Os robôs humanos serão os “trabalhadores perfeitos”, idealizados

desde o início da revolução industrial. Haja vista que o homem operário sempre

foi tratado como uma máquina; diga-se de passagem, imperfeita. O grande desa-

fio a ser enfrentado será equacionar o crescimento populacional com a crescente

demanda de robôs humanos no mercado de trabalho.

Importante salientar que esta obra aborda muitos assuntos pertinentes aos

seres humanos; no entanto, o objetivo principal é, a partir de uma ampla compa-

ração com o computador, revelar o mecanismo do subconsciente (genes). Ciber-

células apresenta hipóteses coerentes a respeito do universo dos seres biológicos.

Existe apenas um fato que pode ser considerado como sendo o real absoluto – o

Cosmos (eterno). Porém, para o nosso nível consciente, o Cosmos é um mistério.

A intenção é apresentar uma nova percepção sobre a vida dos seres biológicos

que vivem no planeta Terra, sem a menor pretensão de convencimento. O

importante é conduzir as pessoas a uma reflexão totalmente inusitada. O objeto

de Cibercélulas é o subconsciente.

“(...) Por isso, quando alguém forma opinião verdadeira de

qualquer objeto, sem a racional explicação, fica sua alma de posse

da verdade a respeito desse objeto, porém sem conhecê-lo. Pois

quem não sabe nem dar nem receber explicação de alguma coisa,

carece do conhecimento dessa coisa; porém, se a essa opinião

acrescentar a explicação racional, então ficará perfeito em matéria

de conhecimento.” (Platão, Teeteto, 65)

O conhecimento a respeito do subconsciente apresentado nesta obra não

significa uma verdade absoluta, haja vista que a finalidade da transmissão de um

conhecimento original é abrir portas para uma nova percepção da realidade. Uma

realidade que está em constante mudança. Razão pela qual o ser biológico cons-

ciente precisa se adaptar ao momento da realidade natural (aspecto físico) e cul-

tural (aspecto social), conscientizar-se da temporalidade no planeta Terra.

O SER ELETRÔNICO A categoria do processador (e o sistema operacional) é a essência dos fu-

turos robôs humanos. As fábricas poderão construir robôs humanos com

categoria de processador e sistema operacionais iguais com diferentes as-

Page 17: CiberCélulas

17

pectos físicos. A influência da programação secundária – agentes socio-

lógicos – repercute no comportamento do ser eletrônico – robô humano.

O SER BIOLÓGICO CONSCIENTE As categorias dos processadores principais constroem sistemas operacio-

nais (sistemas nervosos) iguais e corpos com aspectos psicofísicos dife-

rentes – conforme as influências externas. A influência da programação

secundária repercute no comportamento do ser biológico consciente.

Assim como a qualidade do sistema operacional de um ser eletrônico é

importante para que o processador desempenhe todo o potencial; a qualidade do

sistema operacional de um ser humano é importante para que o processador de-

sempenhe todo o potencial.

PROCESSADOR (genes do DNA) SISTEMA OPERACIONAL (S.N.)*

A XP

B XS

C XNXL

* S.N. = Sistema Nervoso

O processador biológico constrói o sistema operacional.

Page 18: CiberCélulas

18

Page 19: CiberCélulas

19

Introdução

Os seres biológicos manifestam a sabedoria

do Cosmos através da organização.

Esta obra apresenta, em linguagem objetiva e acessível, uma nova per-

cepção dos mistérios biológicos e psicológicos da vida consciente no planeta

Terra; baseada na lógica da física e da química, das ciências biológicas e compu-

tacional. As conclusões de Richard Dawkins na obra “O Gene Egoísta” são

importantes para o entendimento da abordagem de Cibercélulas a respeito dos

circuitos genealógicos e do processador principal (genes do DNA paterno) – uma

memória subconsciente com a mesma essência do Cosmos: físico-química; com

a mesma eficiência: absoluta organização; e forma: espiral. Trechos da obra:

Uma terceira característica das moléculas de replicador que teria

sido selecionada positivamente é precisão de replicação. Se moléculas

do tipo X e do tipo Y duram o mesmo tempo e replicam-se na mesma

taxa, mas X erra, em média, em cada décima replicação, enquanto que

Y erra apenas em cada centésima replicação, Y obviamente se tornará

mais abundante. O contingente X na população perde não apenas os

próprios "filhos" incorretos, mas também todos os seus descendentes,

reais ou potenciais. Se você já sabe alguma coisa sobre evolução,

talvez veja um pequeno paradoxo com relação ao último ponto.

Podemos reconciliar a idéia de que erros de cópia são um requisito

essencial para a evolução ocorrer, com a afirmação de que a seleção

natural favorece a alta fidelidade de cópia? A resposta é que embora

a evolução pareça, em um sentido vago, uma "coisa boa", especial-

mente porque somos o produto dela, nada, na verdade, "quer" evoluir.

A evolução é alguma coisa que acontece, queira-se ou não, apesar de

Page 20: CiberCélulas

20

todos os esforços dos replicadores (e, hoje em dia, dos genes) em

impedi-la de acontecer.

O código pelo qual os neurônios comunicam-se entre si, sem dúvida,

se parece um pouco com os códigos de pulsações dos computadores

digitais, mas o neurônio individual é uma unidade de processamento

de dados muito mais sofisticada do que o transistor. Um avanço notá-

vel foi a “invenção” evolutiva da memória, por meio deste dispositivo

a regulagem das contrações musculares podem ser influenciada não

apenas por acontecimentos do passado imediato, mas também por

acontecimentos do passado distante. A memória ou armazenamento é,

igualmente, uma parte essencial de um computador digital. As

memórias dos computadores são mais confiáveis do que as humanas.

Os genes também controlam o comportamento de suas máquinas de

sobrevivência, não diretamente com seus dedos nos cordões do

boneco, mas indiretamente como o programador de um computador. A

única coisa que podem fazer é preparar a máquina de sobrevivência

de antemão.

Toda decisão que uma máquina de sobrevivência toma é uma jogada

arriscada e constitui uma tarefa dos genes programas os cérebros de

antemão de modo que em média ele tomem decisões que compensem.

(...) Apenas temos que acreditar que os indivíduos cujos genes

construíram cérebros de maneira que tenham a tendência de fazer

jogadas corretas, terão, como conseqüência direta, maior probabili-

dade de sobreviver e portanto de propagar aqueles mesmos genes.

Haverá jogadores animais que apostam alto e outros que fazem um

jogo mais conservador? No capitulo 9 veremos que frequentemente

possível imaginar os machos como jogadores de apostas e risco

elevados e as fêmeas como investidores seguros, especialmente em

espécies polígamas nas quais os machos competem pelas fêmeas.

A conclusão lógica desta tendência, ainda não atingida em qualquer

espécie, seria os genes darem à máquina de sobrevivência uma única

instrução global sobre o programa de ação: o que achar melhor para

nos manter vivos.

É fácil fazer analogias com computadores e com a tomada de decisões

pelo homem.

(...) Um gene para comportamento altruísta significa qualquer gene

que influencie o desenvolvimento de sistemas nervosos de tal maneira

que faça com que seja mais provável estes se comportarem altruistica-

mente.

Cada espécie possui seu próprio padrão de ponto e traço de lampejo,

o qual evita confusão entre espécies e a conseqüente hibridização pre-

judicial.

Continuaremos a considerar o indivíduo como uma máquina egoísta,

programada para fazer o que for melhor para seus genes como um

todo.

Page 21: CiberCélulas

21

(...) A seleção natural favorece os genes que controlam suas máquinas

de sobrevivência de tal forma que estas façam o melhor uso de seu

ambiente. Isto inclui fazer o melhor uso de outras maquinas de

sobrevivência, tanto da mesma espécie como de espécies diferentes.

(...) os membros de espécies diferentes são competidores menos

diretos do que os membros da mesma espécie.

Como uma primeira aproximação eu disse que o que torna um gene

bom é a habilidade para construir máquinas de sobrevivência

eficientes – corpos.

Apenas para termos certeza de que não fomos levados longe demais

pelos exemplos subjetivos, voltemos rapidamente à linguagem de

genes. Os corpos vivos são máquinas programadas por genes que

sobreviveram. E esses sobreviveram sob condições que tenderam, em

média, a caracterizar o ambiente da espécie no passado. As

"estimativas" de custos a benefícios, portanto, estão baseadas em

"experiência" passada, exatamente como nas tomadas de decisão no

homem. No entanto, experiência, neste caso, tem o sentido especial de

experiência de gene ou, mais precisamente, de condições da

sobrevivência passada de genes. (Como os genes também dão às

máquinas de sobrevivência a capacidade de aprender, poder-se-ia

dizer que algumas estimativas de custo-benefício são igualmente

tomadas com base na experiência individual.)

O Investimento Parental (I. P.) é definido como "qualquer

investimento feito pelos pais num descendente que aumente a chance

de sobrevivência (e, portanto, o sucesso reprodutivo) desse descen-

dente, em detrimento da capacidade dos pais de investir em outros

descendentes".

Os genes são selecionados por sua habilidade em usar da melhor

forma possível as ferramentas disponíveis: eles explorarão suas

oportunidades práticas. Quando um gene está num corpo jovem, suas

oportunidades práticas serão diferentes daquelas existentes quando

ele está no corpo de um pai ou de uma mãe. Sua melhor política,

portanto, será diferente nos dois estágios da história de seu corpo.

É o espermatozóide que carrega os organismos que determinam os

cromossomos. Metade dos espermatozóides produzidos por um homem

são produtores de mulheres, ou espermatozóides X, e metade são

produtores de homens, ou espermatozóides Y. Os dois tipos de

espermatozóides são semelhantes. Diferem apenas com relação a um

cromossomo.

Elas recusam-se a acasalar-se com qualquer macho, mas tomam o

maior cuidado possível e exercem grande discriminação antes de

deixarem um macho copular com elas.

Mesmo se um macho tiver uma vida curta porque sua cauda vistosa

atrai predadores ou se emaranha nos arbustos, ele poderá ter

produzido um grande número de filhotes antes de morrer. Um macho

pouco atraente ou de cores monótonas poderá viver até mesmo tanto

Page 22: CiberCélulas

22

quanto uma fêmea, mas ele deixa poucos filhotes e seus genes não são

transmitidos. A que servirá a um macho ganhar o mundo todo e

perder seus genes imortais?

O corpo de um animal normal é manipulado para garantir a

sobrevivência de seus genes, tanto pela produção de descendentes

como pelo cuidado com outros indivíduos contendo os mesmos genes.

O suicídio tendo em vista o cuidado com outros indivíduos é

incompatível com a produção futura dos próprios descendentes.

A transmissão cultural é análoga à transmissão genética no sentido de

que embora seja basicamente conservadora, pode originar um tipo de

evolução.

O pressuposto evolutivo em termos do qual tais teorias são concebidas

muitas vezes é implicitamente do tipo seleção de grupo, mas é possível

reformular as teorias em termos de seleção gênica ortodoxa. Talvez o

homem tenha passado boa parte dos últimos milhões de anos vivendo

em pequenos grupos de parentesco. A seleção de parentesco e a

seleção em favor do altruísmo recíproco poderão ter atuado sobre os

genes humanos produzindo muitos de nossos atributos e tendências

psicológicas básicas.

As leis da Física supostamente são verdadeiras em todo o universo

acessível. Há qualquer princípio da Biologia que possivelmente tenha

uma validade universal semelhante? Quando os astronautas viajarem

para planetas distantes e procurarem vida, eles podem esperar

encontrar criaturas por demais estranhas e misteriosas para que

possamos imaginar. Mas, há alguma coisa que deva sempre caracte-

rizar a vida, onde quer que ela se encontre e qualquer que seja a base

de sua química? Se existirem formas de vida cuja química é baseada

em silício e não em carbono, ou em amônia e não água, se forem

descobertas criaturas que morrem queimadas a -1000 C, se for

encontrada uma forma de vida que não é baseada em química, mas em

circuitos eletrônicos de reverberação, haverá, ainda assim, um

princípio geral que se aplique à toda a vida? Evidentemente eu não

sei, mas se tivesse que apostar, confiaria meu dinheiro em um

princípio fundamental. Esta é a lei de que toda a vida evolui pela

sobrevivência diferencial de entidades replicadoras. O gene, a

molécula de DNA, por acaso é a entidade replicadora mais comum em

nosso planeta. Poderá haver outras. Se houver, desde que certas

outras condições sejam satisfeitas, elas quase inevitavelmente ten-

derão a tornarem-se a base de um processo evolutivo.

O que, afinal de contas, é tão especial a respeito dos genes? A res-

posta é que eles são replicadores.

É através da molécula mais importante do mundo, o DNA, que a

informação de um organismo produz outro organismo à sua seme-

lhança.

Richard Dawkins, O Gene Egoísta (1976).

Page 23: CiberCélulas

23

Faz-se necessário esclarecer a técnica filosófica. Diante de qualquer co-

nhecimento, a filosofia busca esclarecer:

· Sua inteligibilidade.

· Sua significação.

· Sua realidade.

· Sua posição na ordem geral conhecida.

· Seu valor para a autoconsciência individual, para a cultura e para a civi-

lização.

Os componentes essenciais da técnica filosófica são:

1. A anamnese pela qual o filósofo rastreia a origem das

suas idéias e assume a responsabilidade por elas. 2. A meditação pela qual ele busca transcender o círculo

das suas idéias e permitir que a própria realidade lhe fale numa

experiência cognitiva originária. 3. O exame dialético pelo qual ele integra a sua experiên-

cia cognitiva na tradição filosófica, e esta naquela. 4. A pesquisa erudita pela qual ele se apossa da tradição. 5. A hermenêutica pela qual ele torna transparentes para o

exame dialético as sentenças dos filósofos do passado e todos os

demais elementos da herança cultural que sejam necessários para a

sua atividade filosófica. 6. O exame de consciência pelo qual ele integra na sua

personalidade total as aquisições da sua investigação filosófica. 7. A técnica expressiva pela qual ele torna a sua experiên-

cia cognitiva reprodutível por outras pessoas.

http://www.olavodecarvalho.org/avisos/intro_metodo_filosofico.html

A filosofia de René Descartes (Séc. XVII) é um referencial importante

para Cibercélulas. Embora possa parecer que estivesse repleto de dúvidas em re-

lação a tudo, apresentou o método cartesiano (epistemológico) com muita pro-

priedade. Talvez tenha mencionado o conceito de alma e de Deus com o propó-

sito de ludibriar a igreja, tão poderosa e intransigente na época, para divulgar a

grande descoberta: o ser humano é uma máquina e, portanto, funciona mecanica-

mente, como todas as outras máquinas. Descartes introduziu essa ideia segundo

Page 24: CiberCélulas

24

seu método filosófico: “Eu sou uma máquina que pensa, os meus músculos são

comandados pelo cérebro através do sistema nervoso” – Tratado do Homem. Em

conformidade com Cibercélulas faz-se necessário mudar a frase citada: Eu sou

uma máquina capaz de refletir, os meus raciocínios (inconsciente e consciente)

são comandados pelos genes – DNA paterno (principal) e DNA materno (co-

participativo) – e, através do cérebro, se dá a minha relação com o ambiente ex-

terno natural e cultural.

A Arquitetura dos computadores, a ciência da computação, a

Informática, a Análise de Sistemas, enfim, toda a teoria baseada em

sistemas de informação e computadores deriva de Descartes e de

suas teorias sobre a resolução de problemas.

É essencial que todos os profissionais de informática, espe-

cialmente os que lidam com usuários, ou clientes, para a análise de

requisitos e posterior desenvolvimento de sistemas aplicativos, sejam

sabedores da história e estudem um pouco mais sobre Descartes.

(...) a Tecnologia da Informação, baseada fortemente na infor-

mática, e toda a sua importância para o desenvolvimento da ciência

e o avanço da humanidade transformaram o computador, e tudo o

que ele representa, em um extensão do homem, em uma coisa quase

tão importante quanto o próprio homem.

http://rafrom.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&i

d=98:o-acerto-de-descartes&catid=55:informatica&Itemid=62

Aproveito a oportunidade para modificar a célebre frase de Descartes

“Penso, logo existo”. Temos: “Existo, sou ser humano, logo reflito”. O ato de

pensar para o ser humano é insuficiente. É preciso refletir. Pensar/imaginar signi-

fica desprender-se do aqui e agora e, portanto, é possível trazer o tempo passado

e antecipar o tempo futuro para o tempo presente.

passado – PRESENTE – futuro.

O ato de pensar é a causa do ser humano viver uma vida tão conturbada e

“neurótica”; porque dá origem a vivências (sofrimentos) não reais. E por essa ra-

zão, observamos atualmente muitas “filosofias de vida” valorizando a capaci-

dade de viver o aqui e agora. O homem, a partir da capacidade de pensar, pas-

sou a viver em função do que vai fazer ou do que já fez. O ato de pensar, portan-

to, não é a causa da evolução do mundo cultural do homem, e sim, o ato de refle-

Page 25: CiberCélulas

25

tir. Refletir é assimilar a coerência da informação recebida e salvá-la na memória

permanente. Pensar/imaginar apenas nos permite transportar fatos passados e

futuros para o presente, isentos de análise. Contudo, o ato de pensar é importante

porque o pensamento é a primeira etapa do processo de reflexão. O ato de pensar

se dá a partir da projeção da linguagem alfanumérica nas células do cérebro. Os

demais animais, no entanto, não possuem a capacidade de pensar. E por essa

razão estão mais envolvidos com o ambiente interno (AI); ou seja, vivem o aqui

e agora e, conseqüentemente, possuem um instinto mais apurado em relação ao

do ser humano – sofre forte influência do ambiente externo cultural (AEC).

A idéia de uma alma imortal vem da nossa vaidade, do orgulho de nos

sentirmos superiores ao resto da criação. O pensamento é uma

simples função da matéria organizada.

Sergio Paulo Rouanet

Interessante observar que as crianças até certa idade não pensam para agir

porque não desenvolveram a capacidade de projeção da linguagem alfanumérica

nas células do cérebro – agem instintivamente; ou seja, vivem o aqui e agora. E

quando começam a falar inicia-se o processo de desenvolvimento do nível cons-

ciente – armazenamento de informações alfanuméricas na memória permanente.

A análise mais convincente e lógica realizada pelo homem aponta para o

fato de que tudo no planeta Terra é resultado de uma energia cósmica. Esta

energia segue princípios da lei físico-química, e sua força infinita se manifesta

no interior de todos os seres biológicos. Estes, através da absoluta organização

celular, reproduzem a essência única para garantir a continuação – enquanto

houver possibilidade de vida no planeta Terra, continuaremos renascendo. Acre-

ditamos, equivocadamente, que as próximas gerações desfrutarão todas as con-

quistas (ou perdas) sociais; na realidade, nós mesmos estaremos submetidos a

elas. Acontece que, por estarmos levando uma vida relativamente segura finan-

ceiramente, consideramo-nos livres de qualquer infortúnio, o que nos leva a fazer

vista grossa às necessidades dos outros. É preciso refletir que, ao voltarmos a

viver tudo novamente, enfrentaremos situações em que precisaremos da ajuda de

alguém. A vida segue um ciclo interminável e, portanto, o sempre nos remete a

um eterno compromisso em relação a todos e a tudo que nos envolve. Impor-

tante entender que a lei do universo segue um dos princípios básicos da lei físico-

química: ação e reação. Portanto, seja na experiência vivida atualmente, ou nas

posteriores (continuação), todas as conseqüências são resultados de nossas ações.

Page 26: CiberCélulas

26

Estamos eternamente submetidos a esse princípio. Como diz um ditado popular:

aqui se faz aqui se paga.

Faça o bem para si e para o outro e serás recompensado. Em outras palavras:

respeite o outro como respeita a si mesmo.

Cibercélulas entra na temática da ciência atual – cujo conceito é de que as

células e o homem são seres distintos – para argumentar que célula e homem é

um ser único – somos células. O homem raciocina porque o funcionamento das

células é absolutamente organizado. O raciocínio alfanumérico (consciente) hu-

mano advém de uma organização química. Os seres humanos manifestam a orga-

nização química (inconsciente) e alfanumérica (consciente), e os demais animais

e vegetais manifestam apenas a organização química (inconsciente). Ou seja, se

os demais animais tivessem a capacidade de falar e uma habilidade manual cons-

truiriam um ambiente externo cultural. As substâncias inorgânicas – elementos

estáticos do Cosmos – não raciocinam. Isto porque, a priori, é preciso que exista

o movimento para o raciocínio acontecer.

Todas as ações conscientes do ser humano, que obedecem a preceitos

fundamentais para a manutenção da vida humana em sociedade, estão baseadas

na organização. Quanto maior a organização de uma sociedade, maior o grau de

desenvolvimento de um país; e quanto maior a organização da memória perma-

nente – estrutura de pensamento –, maior o grau de desenvolvimento do ser bio-

lógico consciente.

Os quatro princípios básicos da lei físico-química do Cosmos que regem

os seres biológicos terrestres:

• ORGANIZAÇÃO (RACIOCÍNIO) • AÇÃO E REAÇÃO

• ENERGIA • MOVIMENTO

O Cosmos (átomos) é absolutamente organizado; a energia se manifesta através

das ações que geram reações, num movimento constante e regular.

Todos os movimentos físico-químicos dos órgãos do corpo – inclusive o

cérebro – são reações da ação do subconsciente que está no interior das células

especiais em forma de energia compactada. Razões pelas quais as células espe-

Page 27: CiberCélulas

27

ciais – que estão na medula especial –, através da absoluta organização dos genes

do DNA, coordena o nível inconsciente. Coordena também a linguagem química

seqüenciada conforme a linguagem alfanumérica.

A medula espinhal é capaz de coordenar os atos involuntários ou

inconscientes (pg. 75).

A absoluta organização dos genes do DNA permitiu a ação inconsciente

(essencialmente físico-química) gerar, a partir da capacidade de falar, uma rea-

ção que resultou na associação da linguagem química (nível inconsciente) com a

linguagem alfanumérica (nível consciente). A memória permanente é formada

por uma linguagem química seqüenciada conforme a linguagem alfanumérica.

Existem dois tipos de consumo de energia no universo biológico do ser

humano:

Processo 1: RACIOCÍNIO INCONSCIENTE Ações e reações incons-

cientes – essencialmente químicas. Processo 2: RACIOCÍNIO CONSCIENTE Ações inconscientes (quími-

cas) associadas à linguagem alfanumérica.

O gasto do processo 2 é maior pelo fato de haver a necessidade de uma

codificação. O mecanismo de codificação pode parecer insignificante; porém, é

sofisticado e muito trabalhoso. Por essa razão, os trabalhos a nível consciente –

“intelectual” – são mais desgastantes.

O corpo biológico é organizado porque o DNA é absolutamente organizado.

Logo, o ambiente externo cultural – nível consciente – é organizado porque o

ambiente interno – nível inconsciente – é organizado.

Page 28: CiberCélulas

28

Page 29: CiberCélulas

29

CAPÍTULO 1

A capacidade de filosofar

Filosofia significa busca do conhecimento. Razão pela qual a História da

Filosofia está estruturada pelas teorias do conhecimento. O período medieval fi-

cou conhecido como o período das trevas pelo fato da busca do conhecimento ter

sido suspensa. Nessa época a filosofia estava voltada apenas para a teologia. Na

idade moderna a filosofia distancia da religião e o renascimento da busca do co-

nhecimento é fundamental para que o movimento iluminista abrisse caminhos

para o progresso do mundo ocidental. Nesse período ocorreu uma divisão da filo-

sofia. Parte dos filósofos permaneceu restrita à filosofia teórica subjetiva (Filoso-

fia Teórica), e outra parte decidiu aplicar o conhecimento teórico de forma obje-

tiva (Filosofia Prática ou Filosofia das Ciências).

Os adeptos do naturalismo rejeitam a suposição de que a filosofia se

diferencie das ciências por um conjunto de métodos próprios: os

problemas filosóficos e os científicos pertencem a uma única e mes-

ma esfera e, portanto, os métodos científicos, historicamente bem-

sucedidos, devem também ser aplicados à problemática filosófica.

www.bibvirt.futuro.usp.br

Desde então a filosofia teórica subjetiva direcionou o conhecimento para

o enriquecimento humano (SER), inserida na vida pessoal – Filosofia de Vida –;

e a filosofia teórica objetiva (prática) direcionou o conhecimento para o enrique-

cimento material (TER), inserida na vida sócio-econômica – Filosofia Científica.

Razão pela qual, durante a idade moderna – período em que as sociedades so-

friam grandes transformações sócio-econômicas –, ocorreram conflitos entre es-

sas duas correntes filosóficas. A filosofia teórica objetiva (científica), com o

Page 30: CiberCélulas

30

advento da Revolução Industrial, superou definitivamente a filosofia teórica sub-

jetiva. A filosofia teórica subjetiva, a partir de então, pelo fato de caminhar na

contra mão de uma humanidade que buscava cegamente (“alienadamente”) cada

vez mais o enriquecimento do TER, passou a ser mal vista, rejeitada por uma so-

ciedade cada vez mais materialista (“desumana”), cada vez mais distante do enri-

quecimento do SER.

É possível SER sem TER; porém, não é possível TER sem SER. O que implica

dizer que o ambiente externo cultural é uma projeção do ambiente interno

natural.

A absoluta organização (raciocínio) do ambiente interno natural proje-

tou um ambiente externo cultural cuja realidade está baseada, conseqüente-

mente, na organização. O ser humano é o único ser biológico do planeta Terra

que expressa a racionalidade (organização) físico-química a nível consciente –

alfanumérico. A ação filosófica está em todas as ações dos homens que buscam

o conhecimento nas diversas áreas do saber. O conhecimento se dá em relação

aos três meios: • EXTERNO NATURAL (objetivo)

• EXTERNO CULTURAL (objetivo)

• INTERNO (Subjetivo)

A filosofia surge na relação do homem com o Cosmos, com a natureza,

com o meio cultural, e consigo mesmo. Apenas em uma das ramificações da filo-

sofia é possível conhecer a essência humana: ciências biológicas; porque o ser

humano é um ser multicelular.

Da mesma forma que a ciência é conseqüência do desenvolvimento da filosofia,

o ser humano é conseqüência do desenvolvimento da célula.

A vida dos homo sapiens começou a sofrer transformações tanto internas

quanto externas. Qual a principal transformação interna sofrida pelos homo sa-

piens? A associação da linguagem química com a alfanumérica. Qual a principal

transformação externa? O surgimento de uma ciência capaz de desenvolver o

ambiente externo cultural: a filosofia. Essa primeira ciência elevou o homo sa-

Page 31: CiberCélulas

31

piens ao status de ser humano (“ser racional”). O ambiente externo cultural,

desde então, começou a ser construído.

A Idade das Trevas na Grécia (c. 1200 a.C.-800 a.C.) refere-se ao

período da pré-história grega começando com a presumida invasão

dórica, ocasionando o fim da civilização micênica no século XI a.C.,

e terminando na ascensão das primeiras cidades-estados gregas no

século IX a.C., com os poemas épicos de Homero e com as primeiras

instâncias da escrita alfabética grega no século VIII a.C.. http://www.coladaweb.com/geografia/paises/grecia

As vertentes da História da Filosofia Ocidental: (O foco de Cibercélulas está realçado em negrito)

1 MITOLOGIA GREGA RAZÃO IRREAL

2 PLATÃO RAZÃO IDEAL

3 ARISTÓTELES LÓGICA

4 FILOSOFIA DA RELIGIÃO TEOLOGIA

5 DESCARTES PRÉ-RACIONALISMO

6 FILOSOFIA CIENTÍFICA RACIONALISMO

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – Célula/Genética

CIÊNCIAS EXATAS – Física/Química/Informática

CIÊNCIAS HUMANAS – Psicologia

7 FILOSOFIA EVOLUCIONISTA DARWIN

RAZÃO EXISTENCIAL

8 FILOSOFIA DA LIBERDADE EXISTENCIALISMO

Impulsiona: Literatura

Artes em geral: Música/Pintura/Dança/Teatro

Page 32: CiberCélulas

32

A necessidade de investigações específicas a respeito do ambiente interno

(e externo) natural resultou na ramificação da Filosofia: exatas, humanas e bioló-

gicas. Um acontecimento imprescindível para a evolução do ambiente externo

cultural. A História da Filosofia é o pano de fundo da história da humanidade.

Sem a arte de filosofar (argumentar/questionar/pesquisar), no entanto, não have-

ria a existência da ética, da moral, da lógica, da matemática, da física, da teologia

(conhecimento abstrato), do português, da biologia, da geografia, da sociologia,

da informática, enfim.

E que, portanto, como queriam os pensadores (filósofos) do século

XVII, os quais começaram a criar a ciência moderna, isso poderia

ser obtido mediante a aplicação estrita do melhor método, o que

implicaria o estabelecimento com precisão das regras desse método.

(...) Assuntos como as leis do movimento, a estrutura da matéria e o

funcionamento dos processos psicológicos – que hoje consideramos

como temas da física, da química e da psicologia, respectivamente –

eram todos reunidos na noção de filosofia natural. Após a revolução

científica do século XVII, as investigações da filosofia natural foram

gradualmente se desvencilhando da filosofia e se constituíram em

domínios específicos e independentes de pesquisa.

www.bibvirt.futuro.usp.br

Se não existisse a filosofia estaríamos na pré-história. Se o homem pretende

continuar desenvolvendo o mundo externo cultural precisa continuar em busca

do conhecimento.

A linguagem alfanumérica – nível consciente – permitiu ao homem tomar

consciência do mundo natural e cultural de modo mais amplo possível. Porém, o

nível consciente é limitado, incapaz de compreender o incrível mecanismo do

subconsciente. Este livro explora a sabedoria do subconsciente. Uma sabedoria

que todos os seres biológicos têm o privilégio de possuir, mas, infelizmente, é

desprezada pelo homem. O ser humano acredita, erroneamente, ser coordenado

pelo nível consciente, ou melhor, ser coordenado pelo cérebro – órgão humano

que reconhece a linguagem alfanumérica. Somos coordenados pelo subcons-

ciente.

Os problemas da existência deixam de ser resolvidos inconscientemente para

serem resolvidos conscientemente. Surge então o ser biológico consciente.

Page 33: CiberCélulas

33

O ser humano é um ser biológico consciente; porém, a sua constituição é

físico-química. A linguagem química é a linguagem natural, e a linguagem al-

fanumérica é a linguagem “artificial”. O ser biológico (animal) precisa ser alfa-

betizado para se tornar um ser biológico consciente (ser humano); ou seja, o ser

humano precisa codificar a linguagem alfanumérica para a linguagem química e

vice-versa. Somente a partir dessa codificação que o ser humano consegue co-

nhecer o mundo – ambiente externo natural e cultural. A transcendência passa

pelo nível consciente e é assimilada pelo subconsciente.

Transcender significa memorizar quimicamente a experiência – incorporar.

A raiz da filosofia e da distinção do ser humano em relação aos demais

animais está na capacidade de falar – desenvolvimento do aparelho vocal.

A fala nos humanos é permitida por uma intrincada articulação

entre o cérebro, a laringe, as cordas vocais e a língua. Os elementos

necessários para que ela pudesse acontecer foram aparecendo ao

longo da evolução dos hominídeos.

A maior parte dos autores concorda que a adoção da posição bípede

tenha sido fundamental para liberar as mãos e a boca dos

hominídeos e permitir os dois processos fundamentais para o

aparecimento da fala. O primeiro foi o uso das mãos para a

construção de ferramentas. As ferramentas rudimentares aparece-

ram entre 2,5 e 2 milhões de anos atrás como o Homo habilis.

Segundo alguns autores, seria impossível a criação de utensílios sem

a existência das capacidades intelectuais que acabam por definir a

própria condição humana: o processo seqüencial mental, a asso-

ciação de eventos em uma determinada ordem de acordo com uma

determinada lógica. As capacidades de abstração, previsão, imagi-

nação e a noção de símbolo.

Os hominídeos desenvolveram processos de reconhecimento de

padrões, classificação em categorias e interpretação ordenada do

mundo. Processos esses que, ao mesmo tempo, estabelecem a base

de uma linguagem, e necessitam de um mecanismo de transmissão e

compreensão de mensagens mais longas e complexas que cara-

cterizam a própria linguagem. A utilização de sinais necessitava da

proximidade entre os indivíduos entre eles e entre o objeto discutido.

Apenas uma linguagem oral (e depois escrita) permitia transmitir

mensagens que não tivessem correspondência com a realidade

percebida através dos sentidos (sentimentos, desejos e outros

pensamentos abstratos). A partir daí o grupo humano pode passar a

Page 34: CiberCélulas

34

se beneficiar das experiências de um individuo e o indivíduo das

experiências alheias. O desenvolvimento da fala e das tradições

orais foi fundamental para a natureza aditiva do conhecimento

humano e para a formação da cultura.

Tão importante quanto o desenvolvimento do cérebro e da

inteligência, foi o desenvolvimento do aparelho buco-faríngeio. A

maior parte dos cientistas acredita que o Homo habilis, mas princi-

palmente o Homo erectus, possuía algum tipo de vocalização rudi-

mentar. O basicrânio arqueado dos humanos modernos (essencial a

fala) começou a aparecer nessa espécie cerca de 2 milhões de anos

atrás e ele já poderia produzir certas vogais, como u, a, e,

Também a Laringe, que nos primatas é curta e alta, se desenvolveu

nos humanos até ficar longa e baixa, funcionando como um órgão de

sopro. Curiosamente os bebes humanos, até os dois anos de idade,

não possuem a laringe baixa e só por volta dos 14 anos a nossa

laringe se estabelece na posição "adulta". Deve ser por isso que

praticamente ninguém aprende a falar antes dos dois anos de idade.

Essa laringe mais baixa permitiu, agora sim, o aparecimento do osso

hióide, outra adaptação anatômica fundamental para a fala.

O hióide é um pequeno osso em forma de U que segura e permite a

articulação da língua e foi descoberto nos Neandertais. Ao contrário

do que o texto do início sugere, não é isso que marca o aparecimento

da fala. Apesar de ser um pré-requisito importante, o hióide está

longe de ser o único ou o mais relevante. Apesar do hióide, nos

Neandertais, a base da língua era muito acima da garganta

deixando a boca, literalmente, "cheia". Com isso os sons emitidos

por eles deveriam ser muito anasalados, lentos e de difícil compre-

ensão. Muitos antropólogos acreditam que a fala pouco desen-

volvida foi a razão da extinção dos Neandertais. Uma peça chave no

enigma é o nervo hipoglosso, que controla os movimentos da língua.

Esse nervo se insere no crânio através de um orifício e é duas vezes

maior nos humanos modernos que nos chimpanzés. De acordo com

esse critério as formas mais primitivas de Homo não poderiam ter

falado, o que coloca o início da fala realmente com os Neandertais

em torno de 400.000 anos atrás. No entanto, algumas evidências

sugerem que o Homo habilis já se comunicava com um repertório de

sons maior que o arfada-apupo-grunhido dos chimpanzés modernos.

Uma coisa é certa, a reorganização do cérebro e as mudanças

anatômicas necessárias ao aparecimento da fala só apareceram com

o surgimento dos Homo e eram inexistentes nos Australopithecus.

http://scienceblogs.com.br/vqeb/2007/05/quando-o-homem-

comecou-a-falar.php

Importante observar que o ser humano não atingiu o nível intelectual de

um dia para o outro. Tudo aconteceu a partir de um processo de milhares de

Page 35: CiberCélulas

35

anos. Aprendeu a soletrar sons unitários: vogais; depois de anos conseguiu for-

mar sons conjugados: palavras; após mais um período longo, conseguiu construir

frases e, após outras centenas de anos, foi possível criar obras literárias e cien-

tíficas. Da mesma forma que acontece com o processo de desenvolvimento de

uma criança – nenhuma criança nasce sabendo ler e escrever. Os subconscientes

– genes do DNA –, através da capacidade de raciocínio lógico (organização

absoluta), constroem todos os órgãos e sistemas de um organismo biológico. O

processador principal criou o cérebro para captar as imagens e os sons do am-

biente externo natural. No caso do seres biológicos conscientes capta as informa-

ções alfanuméricas e transmite a sabedoria subconsciente – a nível consciente – e

o conhecimento adquirido – a nível consciente – em cada experiência de vida.

Se o cérebro fosse a parte do corpo responsável pela coordenação do raciocínio

inconsciente e consciente, seria responsável pela construção do corpo humano.

A troca de conhecimento e de experiências entre os humanos possibilitou

a prática da argumentação – prenúncio da filosofia. Após milhares de anos essa

capacidade de argumentar foi ganhando espaço e adquirindo uma estrutura for-

mal – início da filosofia. Os grupos dominados viviam à mercê das teorias pré-

estabelecidas, e os dominantes detinham a retórica e o poder. Assim, as socie-

dades (civilizações) foram sendo constituídas segundo uma lógica de valores e

conceitos absolutos – normas. Certamente, essas “verdades absolutas” não foram

(e continuam não sendo) totais, e sim, convenientes. Interessante observar como

a dinâmica social do ambiente externo cultural é similar à dinâmica genética do

ambiente interno natural. Ambas funcionam a partir da existência dos agentes:

dominante e dominado. Isto porque o que acontece no ambiente externo cultural

é uma projeção do que acontece no ambiente interno biológico. A lógica de do-

minância é fundamental para o entendimento desta obra.

genes do DNA paterno = DOMINANTES = PROCESSADOR PRINCIPAL

A filosofia acompanhou a história da humanidade de perto. É responsável

pela evolução do ambiente externo cultural do homem em diversas áreas do co-

nhecimento. A filosofia possibilitou a ordem social ao tornar os princípios

Page 36: CiberCélulas

36

morais cada vez mais sólidos – de acordo com o padrão de cada época e lugar;

até os dias atuais e enquanto existir vida humana no planeta Terra.

É exatamente nessas cidades da Ásia Menor e da Magna Grécia que

irá ocorrer um dos fenômenos culturais mais significativos da

civilização grega e ocidental: o nascimento da filosofia. Surge aí

uma modalidade nova de pensamento, em que logos e mito, razão e

poesia articulam-se em uma forma extremamente complexa de

discurso, que se ocupa, sobretudo do problema cosmológico, e

investiga a origem e os princípios de todas as coisas.

(GRECE, 1991, p. 994-1024)

O ser biológico consciente criou um mundo externo cultural capaz de iludi-lo.