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TPG folitécnico 1 dalGuarda Polytechnic of Guarda RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL 1 Licenciatura em Farmácia Catarina Alexandra Gonçalves Barroso janeiro 1 2016 /

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TPGfolitécnico

1 dalGuardaPolytechnicof Guarda

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL 1

Licenciatura em Farmácia

Catarina Alexandra Gonçalves Barroso

janeiro 1 2016

/

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R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O

P R O F I S S I N A L I

CATARINA ALEXANDRA GONÇALVES BARROSO

CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO

janeiro|2016

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

______________________________________________________________________________

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CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO

4º ANO / 1º SEMESTRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I

ESTÁGIO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

CATARINA ALEXANDRA GONÇALVES BARROSO

SUPERVISOR: DRA. LILIANA ARAÚJO

ORIENTADOR: PROF. DOUTORA FÁTIMA ROQUE

janeiro|2016

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

______________________________________________________________________________

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LISTA DE SIGLAS

ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde

ADM - Assistência na Doença aos Militares das Forças Armadas

ANF – Associação Nacional das Farmácias

ARS – Administração Regional de Saúde

BPF – Boas Práticas Farmacêuticas

CCF – Centro de Conferência de Faturas

CGD - Caixa Geral de Depósitos

CNP – Código Nacional de Produto

CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

DCI – Denominação Comum Internacional

DM – Diabetes mellitus

DT – Diretora Técnica

ESS – Escola Superior de Saúde

FF – Forma Farmacêutica

FM – Farmácia Martins

FP – Farmacopeia Portuguesa

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

IPG – Instituto Politécnico da Guarda

IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado

MM – Medicamento Manipulado

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica

PA – Pressão Arterial

PAD – Pressão arterial diastólica

PAS – Pressão arterial sistólica

PCHC – Produtos de Cosmética e Higiene Corporal

PRM – Problemas Relacionados com os Medicamentos

PVA – Preço de venda ao Armazenista

PVF – Preço de Venda à Farmácia

PVP – Preço de Venda ao Público

RNM – Resultados Negativos Associados aos Medicamentos

S.A.M.S. - Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Norte

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SNS – Serviço Nacional de Saúde

TF – Técnico de Farmácia

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Agradecimentos

Este estágio não teria corrido da mesma forma se as pessoas que direta ou indiretamente

intervieram nesta minha etapa não estivessem presentes e, portanto, aqui fica o meu

agradecimento:

A toda a equipa da Farmácia Martins, Dr. Afonso Castro, Dra. Liliana Araújo, Dra.

Catarina Teixeira, Helena Morais, Ilda Santos, Maria José, João Pedro Gomes e Paulo

Chaves por toda a disponibilidade, paciência e compreensão que sempre tiveram comigo,

pela ótima integração que me proporcionaram, pelos conhecimentos transmitidos e por todos

os dias me fazerem sentir parte da sua maravilhosa equipa. Tornaram o meu estágio único e

que sempre me trará boas memórias.

A todos os professores que me acompanharam desde o primeiro ano e que me deram todos os

conhecimentos possíveis e necessários.

À minha família e namorado, que sempre me apoiaram e por todos os dias mostrarem

preocupação e me darem o melhor que podem e conseguem.

Aos meus amigos, por partilharem comigo estes quatros anos e por esses quatro anos que

passamos juntos, que de certeza também afetou a minha personalidade.

Por tudo isto e muito mais, a todos, o meu sincero obrigada!

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“Never forget what you are. The rest of the world will not. Wear it like armor, and it can

never be used to hurt you”

George R. R. Martin

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela I - Valores de referência do colesterol total e triglicerídeos ............................... 43

Tabela II - Valores de referência de glicémia em jejum e pós-prandial ......................... 45

Tabela III - Valores de referência da pressão arterial e classificação ............................ 45

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12

1. CARATERIZAÇÃO DA FARMÁCIA ............................................................................ 13

1.1. LOCALIZAÇÃO E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO .............................................. 13

1.2. ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR ......................................................................................... 14

1.3. ESPAÇO FÍSICO INTERIOR .......................................................................................... 14

1.3.1. Área de atendimento ao público .................................................................................. 14

1.3.2. Área de apoio ao atendimento ..................................................................................... 15

1.3.3. Laboratório ................................................................................................................... 15

1.3.4. Área de receção de encomendas .................................................................................. 15

1.3.5. Sala de apoio ao utente ................................................................................................. 16

1.3.6. Escritório e biblioteca ................................................................................................... 16

1.3.7. Armazém ....................................................................................................................... 16

1.3. PROGRAMA INFORMÁTICO ........................................................................................ 17

1.4. RECURSOS HUMANOS ................................................................................................. 17

1.5. UTENTES ......................................................................................................................... 18

2. MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE .......................................... 19

2.1.APROVISIONAMENTO E GESTÃO DE STOCKS ......................................................... 19

2.2.ENCOMENDAS ................................................................................................................ 20

2.2.1.Elaboração de Encomendas .......................................................................................... 20

2.2.2.Receção e conferência de encomendas ......................................................................... 22

2.2.3.Devoluções ...................................................................................................................... 24

2.3.FICHA DE PRODUTO ...................................................................................................... 24

2.4. PRAZOS DE VALIDADE ................................................................................................ 25

2.5.ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO ..................................................................... 25

3.DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ................ 26

3.1.MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA .................................................. 26

3.1.1. A prescrição médica e a sua validação ....................................................................... 27

3.1.2. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica renovável ou única .............. 28

3.1.3. Subsistemas de saúde e regimes de comparticipação ................................................ 30

3.1.4. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica especial ................................. 31

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3.1.5. Dispensa de medicamentos manipulados ................................................................... 33

3.2. DISPENSA DE PRODUTOS DESTINADOS AO AUTOCONTROLO DA DIABETES

MELLITUS ............................................................................................................................... 34

3.3. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ........................................ 34

3.4. OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ................................................................................ 36

3.4.1. Géneros alimentícios para alimentação especial........................................................ 36

3.4.2. Medicamentos homeopáticos ....................................................................................... 37

3.4.3. Produtos fitoterapêuticos ............................................................................................. 37

3.4.4. Dispositivos médicos ..................................................................................................... 38

3.4.5. Medicamentos e produtos de uso veterinário............................................................. 38

3.4.6. Produtos de cosmética e higiene corporal .................................................................. 39

3.4.7. Produtos de puericultura, gravidez e pós-parto ........................................................ 39

4. PROCESSAMENTO DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO ....................................... 40

5. FARMACOVIGILÂNCIA ................................................................................................ 42

6. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS PELA FARMÁCIA ...................... 43

6.1.AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS ....................... 43

6.1.1. Avaliação do colesterol total e triglicéridos ................................................................ 43

6.1.2. Avaliação da glicose ...................................................................................................... 44

6.1.3. Avaliação da pressão arterial ...................................................................................... 45

6.2. ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS ................................................................................ 46

6.3. VALORMED .................................................................................................................... 46

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 48

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 49

ANEXOS ................................................................................................................................. 53

ANEXO A – FATURA ............................................................................................................ 54

ANEXO B – Requisição de substâncias e suas preparações compreendidas nas tabelas I, II, III

e IV, com exceção da II-A, anexas ao decreto-lei nº 15/93 de 22 de janeiro ........................... 55

ANEXO C – NOTA DE DEVOLUÇÃO ................................................................................. 56

ANEXO D – RECEITA MÉDICA ELETRÓNICA................................................................. 57

ANEXO E – RECEITA MÉDICA MANUAL......................................................................... 58

ANEXO F – DOCUMENTO DE FATURAÇÃO DA RECEITA ........................................... 59

ANEXO G – RECEITA MÉDICA ESPECIAL ....................................................................... 60

ANEXO H – DOCUMENTO DE PSICOTRÓPICO ............................................................... 61

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ANEXO I – LISTA DE SAÍDAS DE ESTUPEFACIENTES E PSICOTRÓPICOS .............. 62

ANEXO J – VERBETE DE IDENTIFICAÇÃO DO LOTE ................................................... 63

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RESUMO

Este documento faz parte da avaliação do Estágio Profissional I realizado pela aluna

Catarina Alexandra Gonçalves Barroso da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico

da Guarda e nele constam descrições do funcionamento da Farmácia Martins e das atividades

realizadas, que fazem parte das funções de um técnico de farmácia em farmácia comunitária.

Algumas dessas descrições são também os objetivos a atingir pela aluna que visam favorecer,

em contexto real, a integração das aprendizagens que vão sendo desenvolvidas ao longo da

licenciatura, de modo que o perfil do estudante vá ao encontro das competências necessárias

no âmbito da sua formação.

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INTRODUÇÃO

Este relatório surge no âmbito da unidade curricular Estágio Profissional I que integra

o plano de estudos do 4º ano do curso de Farmácia – 1º Ciclo, da Escola Superior de Saúde

(ESS) do Instituto Politécnico da Guarda (IPG). O Estágio Profissional I foi realizado numa

farmácia comunitária, Farmácia Martins, na localidade de Chaves, no período de 21 de

setembro a 6 de janeiro, com duração de 490 horas de frequência obrigatória. Estas horas

foram distribuídas segundo o horário das 9h às 13h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira.

O estágio contou com a orientação pedagógica da Professora Fátima Roque da ESS-IPG e

supervisão no local de estágio da Farmacêutica Liliana Araújo.

O técnico de farmácia atua em diversas áreas nomeadamente: desenvolvimento de

atividades no circuito do medicamento, tais como análises e ensaios farmacológicos;

interpretação da prescrição terapêutica e de fórmulas farmacêuticas, sua preparação,

identificação e distribuição, controlo da conservação, distribuição e stocks de medicamentos e

outros produtos, informação e aconselhamento sobre o uso do medicamento [1].

O Estágio Profissional I é uma importante vertente de formação, permitindo ao

estudante aprender no seio da equipa multidisciplinar de saúde e em contacto direto com o

utente. Os objetivos do estágio visam: a integração das aprendizagens desenvolvidas ao longo

do curso, de modo que o perfil do estudante vá ao encontro das competências da sua

formação; preparar o estudante para dar resposta às exigências da sociedade, promovendo a

socialização e a integração profissional; tornar o aluno capaz a nível científico e técnico na

realização das atividades subjacentes à profissão do técnico de farmácia; aplicar os respetivos

princípios éticos e deontológicos; desenvolver e avaliar planos de intervenção integrados

numa equipa multidisciplinar; responder aos desafios profissionais com inovação, criatividade

e flexibilidade.

Por sua vez, o presente relatório pretende avaliar a descrição e análise das atividades

desenvolvidas consolidadas com os conhecimentos teóricos e teórico-práticos.

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1. CARATERIZAÇÃO DA FARMÁCIA

As farmácias prosseguem uma atividade de saúde e de interesse público e asseguram a

continuidade dos serviços que prestam aos utentes através de profissionais com

conhecimentos especializados na área da informação sobre a segurança, eficácia e promoção

do uso racional dos medicamentos [2].

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED)

regula e tutela todos os setores dos medicamentos para uso humano, dispositivos médicos e

produtos de cosmética e de higiene corporal (PCHC). É também a autoridade responsável por

contribuir para uma adequada política do medicamento, autorizar a entrada de novos

medicamentos no mercado, proceder à sua suspensão, abrir concurso para a atribuição de

novo alvará de farmácia, encerrar farmácias e indústrias farmacêuticas, regulamentar, avaliar,

autorizar, fiscalizar, controlar a distribuição, comercialização, e utilização de medicamentos e

de dispositivos médicos e cosméticos [2] [3].

Dada a sua acessibilidade à população, a farmácia comunitária é uma das portas de

entrada no Serviço de Saúde. É um espaço que se caracteriza pela prestação de cuidados de

saúde de elevada diferenciação técnico-científica, que tenta servir a comunidade sempre com

a maior qualidade. Na farmácia comunitária realizam-se atividades dirigidas para o

medicamento e atividades dirigidas para o utente. Para que o profissional de farmácia possa

realizar estas atividades, necessita de instalações, equipamentos e fontes de informação

apropriadas, ou seja, necessita que a farmácia possua a estrutura adequada para o

cumprimento das suas funções [4].

1.1. LOCALIZAÇÃO E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

A Farmácia Martins (FM) localiza-se no Largo Portas do Anjo na cidade de Chaves. O

seu horário de funcionamento é das 9h às 19h de segunda a sexta e das 9h às 13h ao sábado e

encerra ao domingo. Está inserida na escala de turnos definida pela Administração Regional

de Saúde (ARS) do Norte, efetuando serviço permanente (24h) de onze em onze dias.

O horário de funcionamento encontra-se disponível para consulta em ambas as portas

de acesso à farmácia em ecrã eletrónico.

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1.2. ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR

A nível do exterior a FM possui duas portas de acesso, uma das quais se encontra ao

nível do passeio, o que facilita o acesso à farmácia por todos os potenciais utentes. A FM está

identificada com a “cruz verde” luminosa identificativa de farmácia, o nome da farmácia e

com uma placa com a identificação da Diretora Técnica (DT). Possui cinco montras

iluminadas que são renovadas periodicamente de acordo com a época sazonal em questão e

com a disponibilidade de oferta que a farmácia tem, para que seja transmitida informação útil

ao utente. A alguns metros da porta principal existe estacionamento abundante que permite

aos utentes deslocarem-se de carro até à farmácia.

1.3. ESPAÇO FÍSICO INTERIOR

No interior a FM é dividida em dois pisos, nos quais estão localizadas todas as áreas

necessárias ao seu bom funcionamento, garantindo a segurança dos produtos, assim como a

comodidade e privacidade dos profissionais e dos utentes.

No piso inferior encontra-se a área de atendimento ao público, uma área de apoio ao

atendimento, o laboratório, a zona de receção de encomendas, as instalações sanitárias e uma

sala de apoio ao utente. No piso superior encontra-se a biblioteca, o escritório e o armazém.

1.3.1. Área de atendimento ao público

A área de atendimento ao público é constituída por cinco balcões de atendimento, cada

um deles com um computador e um leitor ótico de códigos de barras.

Tendo em conta alguns conceitos de marketing, todos os produtos expostos na zona de

atendimento ao público estão colocados de forma estratégica, de forma a dar visibilidade a

determinados produtos que são muito solicitados, a novidades que se pretendem dar a

conhecer, ou produtos publicitados pelos media e que chamem a atenção do utente ao terem

contacto visual com estes produtos. Por outro lado, há outros produtos que os utentes já

conhecem e sabem que a farmácia dispõe e, por isso, não necessitam de tanta visibilidade.

Assim, atrás dos balcões existem prateleiras onde estão alguns medicamentos não

sujeitos a receita médica (MNSRM) de acordo com a época sazonal e a publicidade feita pelos

media, organizados por indicação terapêutica e nome comercial. Estão também dispositivos

médicos, alguns PCHC e géneros alimentícios para alimentação especial.

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Exteriormente aos balcões encontram-se diversos armários verticais com vitrinas

transparentes e duas portas opacas na parte inferior. Nas vitrinas, os produtos expostos

dividem-se em PCHC, produtos de puericultura, produtos para gravidez e pós-parto de algumas

marcas como BIODERMA®, BARRAL®, MUSTELA®, LA ROCHE POSAY®, AVÉNE®,

URIAGE®, CAUDALIE®, VICHY® e EUCERIN®. Na parte inferior desses armários,

assim como nas gavetas dos balcões encontram-se os produtos que não necessitam de

visibilidade por serem diariamente solicitados como produtos de higiene oral, produtos para a

pediculose, produtos destinados à higiene dos pés, entre outros. Nesta área existem também

dois bancos que os utentes podem utilizar enquanto aguardam pela sua vez.

1.3.2. Área de apoio ao atendimento

A área de apoio ao atendimento é onde se encontram a maioria dos medicamentos e

produtos de saúde armazenados em gavetas ou armários próprios. A maioria das formas

farmacêuticas (FF) (comprimidos, cápsulas, preparações para inalação, supositórios, gotas

nasais e otológicas) de marca está armazenada em gavetas por ordem alfabética e por

dosagem. Os medicamentos para aplicação tópica estão guardados em gavetas separadamente

das FF anteriores, assim como os colírios, contracetivos orais, e ampolas bebíveis. Os

medicamentos genéricos estão guardados noutro, também por ordem alfabética, por dosagem

e por laboratório. Os suplementos alimentares e vitaminas, xaropes, produtos ginecológicos,

material de penso e dispositivos médicos abrangidos pelo protocolo da diabetes mellitus (agulhas,

lancetas e tiras-teste) estão armazenados em gavetas ou armários próprios individuais.

1.3.3. Laboratório

O laboratório é constituído por um lavatório e uma bancada lisa facilmente lavável,

com armários destinados ao armazenamento dos materiais e as matérias-primas necessários

para a preparação de medicamentos manipulados (MM).

1.3.4. Área de receção de encomendas

Na área de receção de encomendas existe um balcão de apoio à receção de encomendas

com o computador principal, leitor ótico de barras e o frigorífico para armazenamento de

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produtos termolábeis. O frigorífico possui um sistema de controlo com registo de temperatura,

alarme automático e uma porta transparente que permite a visualização dos produtos com a

porta fechada, minimizando as alterações da temperatura.

1.3.5. Sala de apoio ao utente

A sala de apoio ao utente constitui uma forma de atendimento personalizado, que

permite um diálogo privado e confidencial entre o utente e o profissional de farmácia [3]. A

FM disponibiliza este espaço, com dimensões de 1,5 m × 2 m, com mesa lavável, cadeiras e

um cadeirão reclinável.

Esta sala é também utilizada para determinar alguns parâmetros bioquímicos e

fisiológicos como a pressão arterial (PA), glicémica, colesterol total e triglicerídeos e ainda

para a administração de injetáveis.

1.3.6. Escritório e biblioteca

O escritório é onde são elaboradas as diferentes atividades da administração e gestão da

farmácia pela diretora técnica (DT) e pela farmacêutica adjunta, e onde se faz a conferência

de receituário.

A biblioteca possui as várias fontes de informação obrigatórias e outras, totalmente

disponíveis para consulta por todos os profissionais da farmácia [2]. Aqui podem-se encontrar

o Índice Nacional Terapêutico, a Farmacopeia Portuguesa (FP), Prontuário Terapêutico, Mapa

Terapêutico, Simposium Terapêutico, entre outros.

1.3.7. Armazém

No armazém é onde são armazenados todos os medicamentos e outros produtos de

saúde que não cabem na área de apoio ao atendimento, os produtos de veterinária,

dispositivos médicos como meias de compressão, joelheiras, pés elásticos, colares cervicais,

entre outros, e também onde se guardam materiais utilizados na manutenção das montras e

tudo que não seja necessário diariamente.

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1.3. PROGRAMA INFORMÁTICO

O sistema informático usado na FM é o Sifarma 2000®. Este programa intervém em

todo o circuito do medicamento e é utilizado em todos os processos realizados na farmácia.

O Sifarma 2000® é então utilizado na realização e receção de encomendas,

devoluções, na gestão da faturação, gestão de stocks, o controlo da rotatividade dos

medicamentos e outros produtos existentes na farmácia, sendo possível a atribuição de um

nível de stock mínimo e máximo para cada produto. De acordo com esses níveis são criadas

propostas de encomenda. É principalmente utilizado para a dispensa de medicamentos

sujeitos a receita médica (MSRM) e MNSRM. Para a dispensa de MSRM o programa permite

fazer a receita de forma eletrónica, onde são inseridos os códigos presentes na guia de

tratamento do utente, tendo acesso imediato aos medicamentos prescritos, ao plano de

comparticipação e portarias ou decretos-lei que regulamentam a dispensa de certos

medicamentos. Isto só é possível para receitas eletrónicas, sendo que nas receitas manuais é

necessária a introdução de todos os dados.

Para além disso, o programa contém toda a informação relativa aos produtos da

farmácia (quantidades, prazos de validade, etc), a descrição de cada medicamento (grupo

farmacoterapêutico, indicações terapêuticas, contraindicações, reações adversas, interações

medicamentosas, posologia que pode ser utilizada, etc), fichas individualizadas para os

utentes, onde constam dados pessoais dos mesmos e também onde ficam registados todos os

medicamentos e outros produtos adquiridos na farmácia. Estes dados possibilitam uma

consulta rápida que contribui para uma dispensa completa, rigorosa e com informação

detalhada sobre a segurança, efetividade e necessidade, contribuindo também para a

diminuição de erros.

Para um melhor controlo e segurança de todas as operações realizadas no sistema

informático, cada profissional possui um código e respetiva password de acesso. Desta forma,

todos os processos são registados e rastreados com o código do profissional que o realizou.

1.4. RECURSOS HUMANOS

As farmácias dispõem de um diretor técnico e de pelo menos outro farmacêutico,

podendo estes ser coadjuvados por técnicos de farmácia (TF) ou por outro pessoal

devidamente habilitado [2].

Na FM trabalham sete profissionais de farmácia: duas farmacêuticas (a DT e a

farmacêutica adjunta), uma TF e quatro técnicos auxiliares de farmácia.

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1.5. UTENTES

A FM localiza-se no centro da cidade numa zona de fácil acesso, tendo por isso um

público muito diverso, dos mais jovens que vão sendo cada vez mais exigentes e procuram

respostas rápidas para os problemas menores aos mais idosos que vão adquirindo a sua

medicação crónica. Alguns dos utentes são já fidelizados à farmácia e conhecidos pelos

profissionais que lá trabalham, tendo por isso empatia mútua.

Ao longo do meu período de estágio fui conhecendo gradualmente alguns utentes

habituais, o que me permitiu conhecê-los melhor e criar alguma empatia, o que de certa forma

também lhes facilitava a forma como dialogavam e expunham os seus problemas com

segurança. O diálogo e as ligações criadas são muito importantes a nível do aconselhamento

pois os utentes precisam de ter confiança nos profissionais de farmácia para exporem os seus

problemas. Estas relações foram fundamentais no desenvolvimento das minhas capacidades

de comunicação e de lidar com determinadas situações.

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2. MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

Dadas todas as atividades de mercado já existentes, a farmácia comunitária deve

procurar manter-se atualizada e em constante desenvolvimento, não se restringindo à dispensa

de medicamentos sujeitos ou não a receita médica, disponibilizando aos utentes outros

produtos de saúde de forma a satisfazer as suas necessidades. Para isso, é necessário que haja

legislação própria a ser aplicada para garantir a proteção da saúde pública, desde o seu fabrico

até à sua dispensa, sendo indispensável a intervenção do profissional de farmácia no circuito

do medicamento.

O estatuto do medicamento, criado pelo Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de agosto,

define medicamento como “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como

possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus

sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer

um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a

restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”, podendo estes serem classificados

quanto à sua dispensa ao público como MSRM e MNSRM [3].

Os medicamentos podem ser considerados como medicamento de referência que é um

medicamento que foi autorizado com base em documentação completa, incluindo resultados

de ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e clínicos ou como medicamento genérico que

apresenta a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma

forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido

demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados [3].

Os medicamentos genéricos são designados pela denominação comum internacional

(DCI) da substância ativa, nome do titular da autorização de introdução no mercado, da

dosagem, da forma farmacêutica e da sigla “MG” impressas na cartonagem que facilita a

identificação destes medicamentos.

2.1.APROVISIONAMENTO E GESTÃO DE STOCKS

O aprovisionamento e gestão de stocks requerem um conjunto de estratégias que

assegurem as necessidades terapêuticas dos utentes aos melhores preços para a farmácia. A

relação preço-qualidade é, portanto, um fator chave na obtenção de produtos por parte da

farmácia. Outros fatores como a época sazonal, a publicidade e o enquadramento

socioeconómico são importantes na aquisição de produtos.

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O conhecimento dos produtos existentes no mercado é, por isso, importante devendo-se

procurar obter a máxima informação sobre os produtos e medicamentos que o mercado

dispõe, mantendo-se sempre essa informação atualizada. Geralmente, sempre que é

introduzido um produto ou medicamento no mercado, são recebidas por fax apresentações

e/ou campanhas de lançamento do produto. Paralelamente a isso é frequente a visita dos

delegados de informação à farmácia no sentido de promover a venda do produto, informando

também sobre produtos concorrentes que possam ser equivalentes e demonstrando quais as

vantagens sobre esse.

Para além disso, as farmácias têm de dispor sempre para venda no mínimo três

medicamentos de entre os que correspondem aos cinco preços mais baixos de cada grupo

homogéneo (medicamentos com substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e dimensão

de embalagem iguais) [3]. Desta forma, o histórico de vendas fornecido pelo programa

informático é também uma ajuda na aquisição de produtos.

2.2.ENCOMENDAS

2.2.1.Elaboração de Encomendas

Na FM são realizadas dois tipos de encomendas: as diárias e as programadas. As

encomendas diárias são feitas duas vezes por dia aos armazenistas, através do Sifarma 2000®,

que tem um limite de stock mínimo e máximo para cada produto. Quando o limite mínimo de

um produto é atingido, este vai aparecer na proposta de encomenda. Na proposta de

encomenda define-se o fornecedor pretendido e verifica-se se todas as quantidades de

produtos que estão na proposta encomenda são necessárias encomendar ou se existem outros

em falta. Nos dias em que a farmácia se encontra de serviço permanente é necessário reforçar

as quantidades a encomendar. Por outro lado, a previsão de chegada de uma encomenda

diretamente do laboratório (encomenda programada) exige uma diminuição das quantidades a

encomendar. Depois de verificada é aprovada a encomenda. O Sifarma 2000® constitui uma

ferramenta muito útil neste processo, pois facilita a realização da encomenda através da

proposta criada pelos stocks mínimos e consegue ainda informar o operador que faz a

encomenda sobre fornecedores que apresentem bonificações.

Ao longo do dia, durante o atendimento também surgem pedidos de produtos que a

farmácia não dispõe em stock. Nestes casos, pode fazer-se o pedido aos armazenistas por

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chamada telefónica, o que permite informar o utente sobre a disponibilidade do produto e do

momento em que estará disponível na farmácia.

A FM trabalha com três armazenistas: OCP Portugal, Cooprofar Farmácia -

Cooperativa dos Proprietários de Farmácia e Alliance Healthcare. A OCP Portugal é o

fornecedor principal, recorrendo-se aos restantes para produtos que apresentem melhores

opções de compra (preço e bonificações). As encomendas aos armazenistas têm a vantagem

de não possuir valor mínimo de encomenda e a rapidez de entrega, o que permite uma

resposta rápida às necessidades dos utentes.

Os produtos de veterinária são encomendados à Agroviseu - Comércio,Indústria e

Representações SA e os dispositivos médicos como material de penso, seringas, entre outros,

são encomendados à Britos Acessórios de Farmácia LDA.

Por sua vez, as encomendas programadas são feitas diretamente ao laboratório, através

dos delegados de vendas, para produtos que são muito solicitados pelos utentes e que, ao

serem encomendados em grandes quantidades usufrui-se de redução dos preços de venda e de

bonificações. Os medicamentos genéricos, por possuírem maior rotatividade, também são

encomendados aos delegados de vendas e normalmente são entregues à farmácia no início de

cada mês. Nestas encomendas são também considerados fatores como a época sazonal, as

campanhas apresentadas, a publicidade feita pelos media, entre outros.

Muitas vezes, alguns medicamentos encontram-se esgotados nos armazenistas e só se

conseguem obter diretamente dos laboratórios. Nestas situações é enviado um fax ao

laboratório com um formulário próprio para o pedido.

Por vezes alguns medicamentos encontram-se esgotados nos próprios laboratórios ou a

disponibilidade dos mesmos é rateada às farmácias. Estas situações dificultam a capacidade

da farmácia para assegurar a terapêutica aos utentes, pois a disponibilidade dos produtos não

depende da farmácia, o que pode por em causa a adesão à terapêutica. A FM faz os possíveis

para que tal não aconteça, realizando as encomendas diariamente e no caso de encomendas ao

laboratório, sempre que possível.

Nesta etapa tive oportunidade de observar diariamente a DT a elaborar as encomendas

diárias, que me explicou como se dava este processo. Durante o atendimento sempre que

surgia a necessidade também fazia pedidos ao telefone aos armazenistas.

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2.2.2.Receção e conferência de encomendas

As encomendas chegam à farmácia acondicionadas em contentores devidamente

selados e identificados com o nome da farmácia, fazendo-se acompanhar da guia de remessa

ou fatura com duplicado que é arquivada no final da receção (Anexo A).

A guia de remessa/fatura é um documento onde constam a identificação da farmácia,

hora e local de expedição da encomenda, a identificação dos produtos (código nacional do

produto (CNP), nome comercial, FF, dosagem e tamanho da embalagem), quantidade

encomendada e fornecida, o preço de venda ao público (PVP) no caso de medicamentos com

preço tabelado, o preço de venda ao armazenista (PVA), o preço de venda à farmácia (PVF), o

imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e o preço total de custo para a farmácia.

As encomendas realizadas no computador ficam registadas no mesmo, pelo que no

momento da receção é aberta no computador a encomenda realizada e introduz-se o número

da fatura e o preço total da encomenda. Posteriormente dá-se entrada dos produtos recebidos,

dando prioridade aos produtos termolábeis para que sejam armazenados o mais rapidamente

possível, através da leitura ótica do código de barras. Os pedidos feitos pelo telefone vêm

normalmente numa guia de remessa/fatura à parte e os produtos são introduzidos na

encomenda principal.

Neste processo é necessário verificar a integridade das embalagens e a correta

introdução dos dados. A confirmação dos prazos de validade é um processo muito importante

para assegurar a qualidade dos produtos dispensados aos utentes. Assim, se os prazos de

validade dos produtos rececionados forem inferiores aos existentes em stock alteram-se os

mesmos no sistema informático.

O sistema informático ao introduzir os produtos dá a informação das quantidades em

falta (considerando aquelas que foram encomendadas), pelo que deve confirmar-se se as

quantidades encomendadas e recebidas coincidem e as possíveis bonificações. No final de

todos os produtos estarem introduzidos verifica-se juntamente com a guia de remessa/fatura

as quantidades, o PVF e o PVP. Para medicamentos e outros produtos de saúde em que o

preço não é fixado e não está inscrito na embalagem, a farmácia calcula o PVP considerando

o preço de custo, o IVA a que o produto é sujeito e a margem de comercialização definida.

Depois de todos os dados estarem verificados confirma-se se a quantidade total de

embalagens rececionadas, indicadas pelo sistema informático, corresponde à quantidade total

de embalagem que está na fatura e se o valor total da encomenda é igual ao da fatura. Por fim

finaliza-se a encomenda e os produtos encomendados que não foram enviados são

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transferidos para outro fornecedor para que possam ser novamente encomendados e emite-se

um comunicado ao INFARMED, dando conhecimento dos produtos que não estão disponíveis

para aquisição da farmácia.

As encomendas programadas como não são efetuadas através do sistema informático

não ficam registadas no mesmo. Desta forma, para proceder à sua receção são conferidas e

apontadas as quantidades e os prazos de validade na guia de remessa/fatura e posteriormente é

criada a encomenda no sistema informático, ficando assim disponível para rececionar.

Os medicamentos e outros produtos de saúde com preço de venda livre podem ser

etiquetados com etiquetas feitas no computador. Todos os produtos que estiverem no exterior

do balcão devem estar etiquetados com o PVP.

Para estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas, a receção é feita da mesma

forma, no entanto, a guia de remessa/fatura vem acompanhada por uma requisição em

duplicado com um código (Requisição de substâncias e suas preparações compreendidas nas

tabelas I, II, III e IV, com exceção da II-A, anexas ao decreto-lei nº 15/93 de 22 de janeiro,

com retificação a 20 de fevereiro). Ao finalizar uma encomenda onde foram rececionados

alguns destes medicamentos é pedido este código para registo de entrada. Esta requisição é

assinada e carimbada pelo profissional responsável, sendo que o original fica arquivado na

farmácia durante três anos e o duplicado é devolvido ao fornecedor (Anexo B).

As matérias-primas são rececionadas da mesma forma, no entanto, fazem-se

acompanhar obrigatoriamente do boletim/certificado de análise onde constam informações

relativas às características organoléticas, microbiológicas e físico-químicas do produto, que é

posteriormente arquivado na farmácia.

Caso algo não esteja em conformidade faz-se uma reclamação no prazo de 24 horas.

No final a fatura é rubricada pelo operador e arquivada.

A receção de encomendas foi a primeira tarefa que realizei durante o meu estágio.

Como o sistema informático já me era familiar não tive grandes dificuldades a nível técnico, o

que me permitiu prestar atenção a outros pormenores, como conhecer os medicamentos e

outros produtos de saúde que costumavam fazer parte do stock da FM, e melhorar os

conhecimentos acerca das associações das substâncias ativa aos nomes comerciais.

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2.2.3.Devoluções

As devoluções de produtos podem ocorrer por três motivos: produtos provenientes de

encomendas que venham danificados pelo transporte, pedidos por engano ou enviados por

engano; produtos com prazo de validade a expirar; ou produtos que segundo uma circular

devem ser devolvidos.

As devoluções de produtos provenientes de uma encomenda devem ser feitas num

prazo de três dias após a sua receção. Para produtos com prazo de validade a expirar a

devolução é feita no mês anterior àquele em que expira o prazo de validade, exceto produtos

de veterinária que se devolvem três meses antes.

Para efetuar uma devolução recorre-se uma vez mais ao sistema informático que possui

uma opção própria para o efeito, identificando-se o fornecedor a quem se pretender devolver,

o(s) produto(s) a devolver, o motivo da devolução, e o número da fatura para devoluções

referentes a encomendas. Depois de terminar é impressa em triplicado uma nota de devolução,

sendo o triplicado para arquivo na farmácia e o original e duplicado enviado juntamente com

o(s) produto(s) devolvidos (Anexo C).

Se a devolução for aceite pelo fornecedor é emitida uma nota de crédito à farmácia ou

é enviado um novo produto a substituir, dependendo do motivo da devolução. Se a devolução

não for aceite é enviada novamente à farmácia e é incluída nas quebras, passando a ser

contabilizado como prejuízo para a farmácia.

Quer seja aceite ou não aceite, as devoluções devem ser regularizadas no sistema

informático. Depois de efetuadas as devoluções estas ficam registadas com um número e,

aquando da resposta do fornecedor, procura-se o número da devolução e regulariza-se,

identificando se não foi aceite, se houve nota de crédito ou troca por um novo produto.

2.3.FICHA DE PRODUTO

Todos os medicamentos e outros produtos de saúde existentes na farmácia possuem

uma ficha de produto no sistema informático. A ficha de produto tem todos os dados

referentes ao produto como o seu código, designação comercial, substância ativa, preços

(PVP, PVF, IVA, e no caso de produtos com preço tabelado tem as alterações que foram

sendo feitas ao longo do tempo), histórico de compras/vendas, informação de stocks, entre

outras. Como referido anteriormente, cada produto tem um limite de stock mínimo e máximo

definido pela farmácia e é na ficha de produto que se definem esses limites.

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Para cada medicamento podemos também ter acesso à informação científica do

mesmo, como indicações terapêuticas, reações adversas, interações, posologia, classificação

ATC, e a indicação de existência ou não de grupo homogéneo.

2.4. PRAZOS DE VALIDADE

O controlo dos prazos de validade torna-se fundamental para manter a qualidade dos

serviços prestados pela farmácia aos seus utentes. O primeiro passo para o controlo dos prazos

de validade é, como já referido, no momento da receção de encomendas quando se verificam

os prazos de validade dos produtos que vão entrar em stock. Para além disso, todos os meses

são impressas listas através do sistema informático com os medicamentos e outros produtos

de saúde a expirar no prazo de três meses para se proceder à sua verificação.

Ao longo da verificação, caso algum medicamento ou outro produto de saúde termine

nos próximos três meses é retirado e os prazos de validade são corrigidos para serem

posteriormente inseridos no sistema informático.

2.5.ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO

Depois de rececionados, os medicamentos e outros produtos de saúde devem ser

armazenados nos respetivos locais, respeitando as suas condições de conservação, dando

prioridade aos produtos termolábeis.

Por forma a respeitar os prazos de validade, os medicamentos e outros produtos de

saúde são armazenados segundo a ordem First Expired First Out (FEFO), para que os que têm

prazo de validade mais reduzido sejam os primeiros a ser dispensados. O que não tiver espaço

nas gavetas ou armários da área de apoio ao atendimento é armazenado no armazém. As

matérias-primas e reagente são armazenadas no laboratório da farmácia nos recipientes

originais e de acordo com as condições indicadas pelo fornecedor.

Para garantir uma correta conservação dos medicamentos a FM tem termómetros

colocados em vários locais que controlam a temperatura e dos quais se fazem registos diários.

A temperatura máxima é de 25ºC. O frigorífico faz um registo da temperatura e das suas

alterações, sendo que a temperatura deve manter-se entre 2 e 8.

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3.DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE

SAÚDE

Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) a cedência de medicamentos é o ato

profissional em que o farmacêutico, após avaliação da medicação, cede medicamentos ou

substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica ou em regime de

automedicação ou indicação farmacêutica, acompanhada de toda a informação indispensável

para o correto uso dos medicamentos [4].

Na cedência de medicamentos avalia-se a medicação dispensada, com o objetivo de

detetar problemas relacionados com os medicamentos (PRM), para prevenir e resolver

resultados negativos associados à medicação (RNM) [5]. Como referido anteriormente, os

medicamentos de uso humano são classificados, quanto à dispensa ao público, em MNSRM e

MSRM [3].

3.1.MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Os MSRM só podem ser vendidos nas farmácias, mediante a apresentação de receita

médica e possuem um PVP inscrito na embalagem, igual em todo o país. O decreto-lei

n.º176/2006, de 30 de agosto define receita médica como “documento através do qual são

prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em legislação especial, por um médico

dentista ou por um odontologista, um ou mais medicamentos” [3].

Estão sujeitos a receita médica os medicamentos em que se verifique uma das seguintes

condições: possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo

quando usados para o fim a que se destinam; possam constituir um risco, direto ou indireto,

para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins

diferentes daquele a que se destinam; contenham substâncias, ou preparações à base dessas

substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; e que se

destinem a ser administrados por via parentérica [3].

Dados estes parâmetros os MSRM podem ser considerados [3]:

Medicamentos de receita médica renovável - quando se destinem a determinadas

doenças ou a tratamentos prolongados e possam, no respeito pela segurança da sua

utilização, ser adquiridos mais de uma vez, sem necessidade de nova prescrição

médica;

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Medicamentos de receita médica especial - quando contêm uma substância

classificada como estupefaciente ou psicotrópico, possam dar origem a riscos

importantes de abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para

fins ilegais, ou que contenham uma substância que, pela sua novidade ou

propriedades, se considere, por precaução, dever ser incluída;

Medicamentos de receita médica restrita - quando são de utilização reservada a certos

meios especializados.

O Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de outubro, estabeleceu um conjunto de medidas

no acesso aos medicamentos, tendo nesta sede sido consagrado o princípio da obrigatoriedade

da prescrição eletrónica de medicamentos. Posteriormente, a Lei n.º 11/2012, de 8 de março e

a Portaria n.º 137-A/2012 de 11 de maio vieram estabelecer o regime jurídico a que obedecem

as regras de prescrição eletrónica [6].

A prescrição de eletrónica tem como objetivo aumentar a segurança no processo de

prescrição e dispensa, facilitar a comunicação entre profissionais de saúde de diferentes

instituições e agilizar processos [7].

3.1.1. A prescrição médica e a sua validação

O modelo de receita médica em vigor aplica-se à prescrição de medicamentos,

incluindo medicamentos manipulados, medicamentos contendo estupefacientes e

psicotrópicos e à prescrição de outros produtos, nomeadamente para o autocontrolo da

diabetes mellitus, produtos dietéticos, fraldas, sacos de ostomia ou outros. Este modelo

destina-se à prescrição e dispensa em ambulatório na farmácia comunitária [8].

As receitas eletrónicas podem ser receitas renováveis até três vias, devendo ser

impressa na receita a identificação da respetiva via, com validade de seis meses ou receita

única com validade de trinta dias (Anexo D) [8].

A prescrição de medicamentos pode, excecionalmente, ser feita por via manual e o

prescritor deve assinalar o motivo da prescrição por via manual (falência do sistema

informático, inadaptação fundamentada do prescritor, prescrição ao domicílio, outras

situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês) (Anexo E) [9].

Em cada receita podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos, num total de

quatro embalagens por receita. No máximo, podem ser prescritas duas embalagens por

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medicamento, exceto medicamentos que se apresentem sob a forma de embalagem unitária

que podem ser prescritas até 4 embalagens do mesmo medicamento [8].

A prescrição deve ser realizada por DCI do medicamento, no entanto, se se tratar de

um medicamento sem similar ou que não disponha de medicamento genérico comparticipado

pode ser feita a prescrição por nome comercial ou do titular, ou se o médico indicar uma das

seguintes justificações técnicas: a) medicamento com margem ou índice terapêutico estreito;

b) Fundada suspeita, previamente reportada ao INFARMED, de intolerância ou reação

adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra

denominação comercial; c) medicamento destinado a assegurar a continuidade de um

tratamento com duração estimada superior a 28 dias. Seguidamente deve constar a FF,

dosagem, apresentação ou tamanho de embalagem e posologia [8].

Para uma receita ser considerada válida deve obedecer a determinados parâmetros, os

quais devem ser verificados pelo profissional de farmácia aquando da apresentação de uma

receita pelo utente, nomeadamente: apresentar o número de receita e respetivo código de

barras, identificação do local de prescrição e vinheta eletrónica, dados do utente e regime de

comparticipação, assinatura do médico prescritor e a sua identificação, data de prescrição e

identificação do(s) medicamento(s). Numa receita manual os parâmetros são os mesmos, no

entanto as vinhetas do local de prescrição e do médico não são eletrónicas e, para locais

particulares não é necessário apresentar vinheta do local de prescrição.

3.1.2. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica renovável ou única

Depois de verificado se a receita se encontra em conformidade, o profissional de

farmácia procede à análise dos medicamentos prescritos na receita.

Na receita eletrónica, na prescrição por DCI, o código do produto que se encontra ao

lado da designação do mesmo é, geralmente, o código nacional para a prescrição eletrónica de

medicamentos (CNPEM). Este inclui DCI, dosagem, FF e dimensão da embalagem, o que

aquando da leitura ótica vai identificar os diversos medicamentos do grupo homogéneo que

podem ser dispensados.

Posteriormente, o profissional de farmácia deve tentar perceber quais as preferências

dos utentes em relação a marcas e laboratórios. Este passo é muito importante pois muitos dos

utentes são idosos e por vezes não sabem ler, e para distinguirem os medicamentos é pela cor

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ou pelo formato da embalagem. Desta forma, se lhes forem sempre dispensadas as marcas ou

laboratórios que já costumam tomar é mais fácil para eles e reduz o risco de sobredosagens.

Depois de selecionados os medicamentos é feita a receita no sistema informático. Para

receitas eletrónicas, ao fazer a receita de forma eletrónica, o sistema informático tem acesso

imediato aos medicamentos prescritos. No caso de existir grupo homogéneo para o

medicamento prescrito é necessário selecionar o medicamento que se vai dispensar.

Seguidamente deve confirmar-se se o CNP inscrito nas embalagens corresponde ao indicado

na receita/computador e se o PVP que vai ser contabilizado é igual ao inscrito nas

embalagens. A confirmação do CNP inscrito na embalagem e indicado na receita/computador

constitui um passo rápido e simples e de extrema importância para que não ocorram erros na

dispensa dos medicamentos.

Em receitas manuais o processo é idêntico, no entanto, depois de selecionados os

medicamentos faz-se a leitura ótica do código inscrito na embalagem e seleciona-se o plano

de comparticipação e portarias ou exceções, caso existam. Depois de identificado o plano de

comparticipação faz-se a leitura ótica do número da receita, da vinheta do médico prescritor e

da vinheta do local de prescrição caso exista.

Após o fim da venda é impresso no verso da receita o documento de faturação (Anexo

F). Nele constam, a identificação da farmácia, o código do profissional que efetuou a venda, o

código do organismo de comparticipação, o número de receita, número de lote e número de

receita no lote, data, identificação dos medicamentos dispensados e respetivos códigos de

barras, os respetivos preços, o valor total da receita, o valor da comparticipação e o valor pago

pelo utente. No final, o utente assina a receita no local para o efeito e o profissional de

farmácia carimba e coloca a data também no verso.

O processo de dispensa destas prescrições carece de uma atitude muito crítica e

responsável por parte do profissional de farmácia, para que o utente obtenha o máximo de

benefício da terapêutica instaurada. É importante que o utente saia da farmácia com a certeza

de como deve fazer a terapêutica e cabe ao profissional de farmácia garantir isso, explicando

como deve tomar e durante quanto tempo deve manter a terapêutica, verificando as possíveis

reações adversas, interações e as precauções especiais a tomar com cada medicamento

prescrito. Por outro lado, é um momento que requer muita atenção pois o utente que está a ser

atendido geralmente fala com o profissional de farmácia, expõe questões e dúvidas, o que

pode distrair e conduzir a erros. Desta forma, é necessário muita atenção para poder conversar

com o utente e ao mesmo tempo fazer a dispensa dos medicamentos.

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Ao longo do meu período de estágio tive a oportunidade de fazer a dispensa de MSRM

de uma forma progressiva. Inicialmente estava acompanhada, e ia sendo orientada sobre o que

devia e não devia fazer e onde me prestaram conselhos para um trabalho mais eficaz e seguro.

Posteriormente, comecei a lidar com estas situações sozinha, sendo que sempre que surgiam

dúvidas podia consultar um profissional. Esta tarefa foi extremamente aliciante pois cada

utente é um utente, e todos os atendimentos eram diferentes. Permitiu-me expor os

conhecimentos até então adquiridos e aprender todos os dias algo novo. A comunicação com

o doente também foi aperfeiçoada, assim como a interpretação de receitas manuais que por

vezes se torna complicada devido à caligrafia.

3.1.3. Subsistemas de saúde e regimes de comparticipação

As comparticipações no preço dos medicamentos podem ser feitas pelas entidades

estatais (Serviço Nacional de Saúde) ou por entidades associativas socioprofissionais.

A comparticipação pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) no preço dos medicamentos

de venda ao público é fixada de acordo com os seguintes escalões: escalão A - 90%; escalão B

- 69%; escalão C - 37%; escalão D - 15%. Estes escalões variam de acordo com as indicações

terapêuticas do medicamento, as entidades que o prescrevem e são acrescidos para doentes

que sofram de determinadas patologias como a paramiloidose, lúpus, hemofilia,

hemoglobinopatias, doença de alzheimer, psicose maníaco-depressiva, doença inflamatória

intestinal, artrite reumatoide, espondilite anquilosante, dor oncológica moderada a forte, dor

crónica não oncológica moderada a forte, procriação medicamente assistida, psoríase e ictiose

[10]. Em comparticipações especiais, além da identificação do utente com a letra “O”, o

despacho que estabelece o regime especial de comparticipação de medicamentos tem de

constar junto ao medicamento [8]. Este organismo é aplicado a utentes pensionistas (indicado

no local do regime de comparticipação da receita com a letra R) e não pensionistas.

Para além do SNS existem outros organismos que comparticipam o preço dos

medicamentos, que se denominam como complementaridade à comparticipação pelo SNS,

como por exemplo, os Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários do

Norte (S.A.M.S.) e S.A.M.S Quadros, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), a Assistência na

Doença aos Militares das Forças Armadas (ADM), entre outros.

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Os utentes benificiários desta complementaridade possuem um cartão de benificiário

que apresentam juntamente com a receita. Para estes organismos é necessária uma fotocópia

da receita com fotocópia do cartão de benificiário no verso.

O processo de seleção dos medicamentos e de realização da receita é o mesmo que o já

descrito, no entanto, mesmo que se realize a receita de forma eletrónica, o sistema informático

apenas reconhece o organismo principal identificado na receita (SNS). Assim, depois de

confirmados os medicamentos insere-se no campo do plano de comparticipação o código

respetivo da complementaridade em questão. Posteriormente, o sistema pede a inserção ótica

do número de beneficiário pelo SNS indicado na receita e o número de beneficiário do cartão

da complementaridade. Finalizada a venda, a receita original e a cópia vão ser impressas,

sendo a original para o organismo do SNS e a cópia para a complementaridade.

Da mesma forma, se um utente for abrangido por um regime especial de

comparticipação em função da patologia, a menção ao despacho é feita junta ao medicamento

e, se a receita for realizada de forma eletrónica é reconhecido automaticamente o despacho.

Ao invés, numa receita manual ou numa receita eletrónica realizada de forma manual é

necessária a introdução do despacho correspondente.

Assim, os utentes ao adquirirem medicamentos comparticipados por qualquer

organismo de comparticipação vão apenas pagar o valor da diferença entre o PVP e o valor da

comparticipação, sendo a farmácia reembolsada posteriormente.

3.1.4. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica especial

Normalmente associados à prática de crimes e ao consumo de drogas, os psicotrópicos

e os estupefacientes (compreendidos nas tabelas I e II anexas ao Decreto Lei nº 15/93 de 22

de janeiro, ou qualquer das substâncias referidas no número I do artigo 86 do decreto

regulamentar nº 61/94, de 12 de outubro) são também medicamentos utilizados na terapêutica

de diversas doenças, trazendo benefícios terapêuticos a um número alargado de situações de

doença [8] [11].

Atuam diretamente sobre o sistema nervoso central, tendo por isso impacto em todo o

organismo humano, podendo atuar como depressores ou estimulantes. Podem ser utilizados

em doenças psiquiátricas, na oncologia ou como analgésicos ou antitússicos, Apesar das suas

propriedades benéficas estas substâncias apresentam alguns riscos, podendo induzir

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habituação e dependência, quer física quer psíquica. Por esta razão, é fundamental que sejam

utilizadas no âmbito clínico e de acordo com indicações médicas [11].

Uma vez que estes produtos estão associados a atos ilícitos são alvo de muita atenção

por parte das autoridades competentes, sendo um dos tipos de substâncias mais controlados

em todo o mundo. Em Portugal, a responsabilidade de supervisão e fiscalização do uso de

medicamentos contendo substâncias psicotrópicas e estupefacientes recai no âmbito das

competências do INFARMED [11].

Medicamentos contendo estas substâncias só podem ser dispensados pelo profissional

de farmácia mediante apresentação de receita médica especial, identificada na receita

eletrónica pelas letras RE. A prescrição destes medicamentos segue as mesmas regras que os

restantes, nomeadamente no que respeita ao número de embalagens por receita, no entanto,

têm de ser prescritos isoladamente, ou seja, não podem ser prescritos outros medicamentos

(Anexo G).

O Sifarma 2000® ainda não permite fazer as receitas de medicamentos estupefacientes

ou psicotrópicos de forma eletrónica, pelo que deve fazer-se a leitura ótica das embalagens.

Após a leitura das embalagens, o sistema informático assume e dá automaticamente a

informação de que se trata de um medicamento psicotrópico, pelo que ao introduzir o plano

de comparticipação vai pedir o nome do médico prescritor, os dados do utente (nome e

morada) e os dados do adquirente do produto (nome, morada, idade, número de bilhete de

identidade/cartão de cidadão e respetivo prazo de validade). Depois de finalizada a dispensa

no sistema informático, é impresso o documento de faturação no verso da receita juntamente

com um papel designado de “documento de psicotrópico” onde constam os dados do médico,

do utente e do adquirente (Anexo H). A receita é carimbada e datada pelo profissional de

farmácia e assinada pelo adquirente. O documento de psicotrópico é agrafado a uma cópia da

receita original (frente e verso) que fica arquivada na farmácia por um período de três anos

[8].

A legislação em vigor determina que as farmácias comunitárias devem enviar

mensalmente ao INFAMED o registo de saídas de estupefacientes e psicotrópicos, onde

constam os dados dos utentes e dos adquirentes e os produtos dispensados (Anexo I),

trimestralmente o registo de entradas e anualmente o balanço de entradas e saídas [8].

A FM organiza estes documentos e envia mensalmente juntamente com o registo

discriminado de entradas e saídas de benzodiazepinas. Para obter estas listas com os registos

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recorre-se ao programa informático que tem um campo específico para a impressão destes

dados.

3.1.5. Dispensa de medicamentos manipulados

Com o avançar do tempo vão sendo desenvolvidas novas formulações que se adaptam

cada vez mais às necessidades dos consumidores, no entanto, por vezes ainda existem falhas

nesse sentido, sendo a pediatria e área da dermatologia as mais afetadas por este problema.

Um MM pode ser uma fórmula magistral ou um preparado oficinal. Uma fórmula

magistral é um medicamento preparado segundo receita médica para um doente específico.

Por sua vez, um preparado oficinal é qualquer medicamento preparado segundo as indicações

compendiais, de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia comunitária, destinado a

ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia [13].

Os MM são uma alternativa que apresenta vantagens na sua utilização, por serem

formulações individuais que permitem a utilização de doses especialmente desenvolvidas para

o utente em questão, contribuindo desta forma para o uso racional do medicamento.

Na FM são realizados alguns MM. Durante o meu período de estágio tive a

oportunidade de preparar e dispensar alguns MM, como papéis medicamentosos e um creme.

Durante a preparação fui acompanhada pelo profissional responsável que me prestou ajuda e

assegurou a qualidade da preparação. Depois de preparado o MM este é acondicionado numa

embalagem que satisfaça as condições de conservação exigidas e coloca-se um rótulo com a

identificação do MM, nome do utente, lote, prazo de validade, posologia indicada e condições

de conservação. Depois é preenchida a ficha de preparação do medicamento manipulado onde

devem constar algumas informações como a denominação do MM, nome e morada do doente,

nome do prescritor (caso exista); número de lote atribuído ao medicamento preparado;

composição do medicamento, indicando as matérias-primas e as respetivas quantidades

usadas, bem como os números de lote; descrição do modo de preparação; registo dos

resultados dos controlos efetuados; descrição do acondicionamento; rubrica e data de quem

preparou e de quem supervisionou a preparação do MM [14].

Para se definir o prazo de validade do MM deve considerar-se a FF que se prepara.

Assim, para preparações líquidas não aquosas e formulações sólidas define-se um prazo de

25% do tempo que falta para expirar o prazo de validade mais curto das matérias-primas, caso

este seja superior a 6 meses, define-se como prazo de validade do MM 6 meses após a sua

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preparação; para formulações que contenham água define-se até 14 dias se armazenados no

frio; para outras formulações, estabelece-se um prazo igual ao período de aplicação ou de 30

dias.

Quando são solicitados à FM alguns MM que não sejam possíveis de preparar esta faz

o pedido a uma farmácia que os prepara e envia através da OCP – Portugal para a FM, que se

encarrega da dispensa aos utentes.

3.2. DISPENSA DE PRODUTOS DESTINADOS AO AUTOCONTROLO DA DIABETES

MELLITUS

No âmbito do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes mellitus (DM)

têm sido estabelecidos vários protocolos de colaboração, os quais permitiram o acesso, cada

vez mais abrangente e harmonizado, dos utentes aos dispositivos para monitorização e

tratamento da doença [12].

A Portaria n.º 364/2010, de 23 de junho estabeleceu o regime de preços e

comparticipações a que ficariam sujeitos os reagentes (tiras-teste) para determinação de

glicemia, cetonemia e cetonúria e as agulhas, seringas e lancetas destinadas a pessoas com

diabetes, que foram posteriormente alterados pela Portaria n.º 222/2014 de 4 de novembro

[12].

Estes produtos devem ser prescritos isoladamente, ou seja, a receita médica não pode

conter outros medicamentos/produtos. Pode ser efetuada em receitas renováveis e segue as

mesmas regras que os medicamentos, nomeadamente no que respeita ao número de

embalagens por receita [8]. A comparticipação destes produtos mediante apresentação de

receita médica é de oitenta e cinco por cento para tiras-teste e de cem por cento para seringas,

agulhas e lancetas.

3.3. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Os MNSRM são produtos que têm como objetivo a prevenção ou alívio de problemas

de saúde ligeiros sem o dispêndio de uma consulta médica, sendo que não apresentam efeitos

adversos significativos, nem colocam em risco a saúde do utente, desde que exista um

consumo controlado [3].

A automedicação é, então, a utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que

se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a

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assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde. No entanto, esta prática

de automedicação tem de estar limitada a situações clínicas bem definidas e deve efetuar-se

de acordo com as especificações estabelecidas para aqueles medicamentos [15].

Na situação de automedicação o profissional de farmácia deve orientar a utilização ou

não do medicamento solicitado pelo doente, contribuindo para que o tratamento se realize sob

uma indicação adequada e segundo o uso racional do medicamento. Na cedência de

medicamentos em aconselhamento farmacêutico, o profissional de farmácia responsabiliza-se

pela seleção de um MNSRM ou de eventual tratamento não farmacológico [4]. O profissional

de farmácia deve ter a capacidade de dirigir o utente para uma consulta médica de urgência, se

for caso disso.

Apesar destes medicamentos serem considerados MNSRM é sabido que apresentam

efeitos secundários que, ainda que não muito significativos, podem acarretar problemas se não

tomadas as devidas precauções como, por exemplo, os desequilíbrios hidroeletrolíticos dos

laxantes. Por outro lado, a dispensa de MNSRM pode disfarçar os sintomas de uma patologia

mais complexa se não for feita uma avaliação correta do perfil apresentado pelo utente.

A dispensa destes medicamentos está associada a situações de dor reumática,

problemas digestivos, estados gripais, tosse, cefaleias, fadiga, afeções oculares, problemas

cutâneos, entre outros. O profissional de farmácia deve ter conhecimentos e capacidades que

lhe permita elaborar um “diagnóstico diferencial” para a toma de decisões. Para além disso,

um diagnóstico correto requer não só conhecimentos teóricos mas a experiência torna-se

fundamental [16].

Para avaliar o quadro clínico para a elaboração do diagnóstico devem colocar-se

algumas perguntas que incluem:

O tratamento é para a pessoa que está na farmácia ou outra?

Qual a idade da pessoa a tratar?

Quais os sintomas?

Quando se iniciaram os sintomas e quanto tempo duram (quando não são contínuos)?

Apercebeu-se se existem fatores que desencadeiam ou agravam os sintomas?

Já tomou alguma coisa? Se sim, o quê?

Sofre de outras doenças? Está a ser tratado? Se sim, com que medicamentos?

A obtenção de um perfil o mais completo possível permite uma intervenção mais

segura e eficaz. Com a avaliação destes sintomas podem detetar-se patologias mais graves ou

um PRM, devendo neste caso não ser dispensado qualquer medicamento e encaminhar o

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utente para uma consulta médica. Se o problema diagnosticado for tratável com MNSRM,

faz-se a seleção do(s) medicamento(s), escolhendo sempre uma terapêutica que permita um

esquema posológico simples e que não obrigue a muitas tomas por dia, garantindo assim uma

boa adesão do utente. O utente deve ser informado sobre o medicamento que lhe está a ser

aconselhado, a posologia que deve fazer e a duração do tratamento que, normalmente, não

deve exceder os cinco dias, pelo que se ao fim de cinco dias o utente não apresentar melhoras

deve consultar um médico. Sempre que possível devem ser aconselhadas medidas não

farmacológicas que irão aumentar o êxito da terapêutica farmacológica.

Os grupos especiais como doentes crónicos, idosos, mulher grávida e/ou a amamentar,

bebés e crianças exigem um cuidado acrescido no aconselhamento e dispensa de MNRM uma

vez que têm maior probabilidade de desenvolver complicações. Nestas situações deve

considerar-se a automedicação com mais cuidado, devendo conhecer-se bem os

medicamentos aconselhados e contraindicados em cada uma das situações referidas.

A comunicação com o utente é um fator muito importante na adesão à terapêutica,

principalmente quando o utente já tem uma ideia pré-concebida sobre o medicamento que

pretende comprar e apresenta dificuldades em aceitar o aconselhamento proposto.

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de aconselhar e dispensar MNSRM,

tendo a oportunidade de aplicar conhecimentos teóricos até então aprendidos e ao mesmo

tempo adquirir outros. Inicialmente, considero que as minhas dificuldades eram conhecer

todos os medicamentos que existiam na farmácia e que poderia aconselhar e a comunicação

com alguns utentes no sentido de tentar perceber qual o problema apresentado. Considero que

essas dificuldades foram sendo ultrapassadas, pois todos os profissionais da FM me

auxiliaram no desempenho desta tarefa e me ensinaram ao longo das situações que iam

surgindo.

3.4. OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

3.4.1. Géneros alimentícios para alimentação especial

Os géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial são aqueles que, devido

à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos

alimentos de consumo corrente, mostrando-se adequados às necessidades nutricionais

especiais das seguintes categorias de pessoas: pessoas cujo processo de assimilação ou cujo

metabolismo se encontrem perturbados; pessoas que se encontram em condições fisiológicas

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especiais e que, por esse facto, podem retirar benefícios especiais de uma ingestão controlada

de determinadas substâncias contidas nos alimentos; e lactentes ou crianças de pouca idade

em bom estado de saúde [17].

Dentro deste grupo estão incluídos uma grande variedade de produtos como farinhas

lácteas e não lácteas, com ou sem glúten, alimentos dietéticos para fins medicinais

específicos, fórmulas para lactantes, entre outros.

A rotulagem destes produtos deve obedecer a requisitos específicos, como por

exemplo, a menção do valor energético disponível, o teor em hidratos de carbono, proteínas e

lípidos e a presença de glúten [17].

3.4.2. Medicamentos homeopáticos

Um medicamento homeopático é qualquer produto homeopático que possua

propriedades curativas ou preventivas das doenças do homem e dos seus sintomas, com vista

a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções

orgânicas [18].

A homeopatia assenta em cinco princípios fundamentais: a lei dos semelhantes (as

substancias capazes de causar transtornos, são também capazes de os tratar), a lei da

experimentação em indivíduos saudáveis, a lei das doses mínimas e dinamizadas (quanto

maior a diluição do remédio, melhor o resultado obtido, chegando-se às doses infinitesimais e

dinamizadas), a lei do remédio único (remédio que abranja maior número de situações) e a lei

da totalidade (considera-se o indivíduo na sua totalidade e trata-se pelo que ele é e não pelo

que apresenta) [19]. Na FM estão disponíveis alguns medicamentos homeopáticos do

laboratório Boiron®.

3.4.3. Produtos fitoterapêuticos

A fitoterapia é a ciência que estuda a utilização de produtos de origem vegetal, com a

finalidade terapêutica profilática, curativa ou simplesmente para alívio de sintomas. Um

medicamento à base de plantas é qualquer medicamento que tenha exclusivamente como

substâncias ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à

base de plantas, ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou

mais preparações à base de plantas [3].

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Apesar de se tratarem de preparações à base de plantas, estes produtos não são inócuos

pois apresentam substâncias ativas que têm ação farmacológica e, consequentemente, reações

adversas, interações e contraindicações. É o caso dos chás laxantes e diuréticos que quando

usados sem um controlo podem provocar desequilíbrios.

Na FM os produtos mais vendidos são chás para emagrecimento, diuréticos e laxantes.

3.4.4. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos são instrumentos de saúde destinados a serem utilizados para

fins comuns aos dos medicamentos tais como prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença

humana. Devem atingir os seus fins através de mecanismos que não se traduzem em ações

farmacológicas, metabólicas ou imunológicas, distinguindo-se assim dos medicamentos,

embora a sua função possa ser apoiada por esses meios [20] [21].

Estes dispositivos são classificados em quatro classes, de acordo com o fim a que se

destinam, risco inerente à conceção e fabrico, anatomia afetada, invasibilidade do organismo e

duração de utilização para mais fácil identificação dos mesmos [21].

3.4.5. Medicamentos e produtos de uso veterinário

Cuidar da saúde de um animal não promove apenas o bem-estar do mesmo, mas

também o do próprio Homem, na medida em que os animais são muitas vezes intermediários

de ciclos de vida de alguns agentes patogénicos para ambos. Neste sentido, os medicamentos

de uso veterinário são meios de defesa e proteção da saúde pública e dos próprios animais ao

contribuírem para a prevenção da transmissão de doenças.

Este tipo de medicamentos deve estar identificado pela inscrição “USO

VETERINÁRIO”. Na FM estão armazenados em local próprio, como já referido

anteriormente, o que impede que sejam confundidos com medicamentos de uso humano.

Os medicamentos mais solicitados são os desparasitantes. O profissional de farmácia

deve informar o utente que solicita estes produtos sobre a dose a administrar ao animal, que

varia consoante o peso do mesmo, as interações, os efeitos secundários, contraindicações e

precauções especiais de utilização.

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3.4.6. Produtos de cosmética e higiene corporal

Um PCHC é qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com

a superfície corporal humana designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas,

lábios, órgãos genitais externos, dentes e mucosas bucais, com a finalidade de os limpar,

perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores

corporais [22].

A preocupação com a aparência e bem-estar é cada vez maior na sociedade sendo esta

influenciada pelos media. No entanto, estes produtos também contêm riscos, nomeadamente

reações alérgicas, que por vezes são desconhecidos ou desvalorizados. O profissional de

farmácia deve, por isso, ter conhecimentos acerca destes produtos, principalmente dos que

tem ao seu dispor para aconselhar, de forma a prestar os melhores conselhos. O

aconselhamento destes produtos deve ter em conta a idade da pessoa, o estado fisiológico do

local onde vai ser aplicado o produto, o historial de produtos já utilizados e possíveis reações.

A FM dispõe de várias linhas e é habitual os delegados de informação médica

visitarem a farmácia e fazerem breves explicações dos produtos que esta disponibiliza.

Durante o meu período de estágio no atendimento ao balcão era habitual pedirem conselhos

sobre estes produtos, sendo que inicialmente eu não possuía muitos conhecimentos sobre esta

matéria, uma vez que não é uma parte muito trabalhada teoricamente. Não obstante, o

aconselhamento era sempre feito pois os profissionais de farmácia ajudavam-me nesse

sentido.

3.4.7. Produtos de puericultura, gravidez e pós-parto

A puericultura dedica-se ao estudo dos cuidados infantis, desenvolvendo produtos

adequados às necessidades dos bebés e crianças para a sua higiene e conforto, como

brinquedos, chupetas, biberões, cremes de limpeza e hidratantes, entre outros. Uma vez que se

tratam de bebés e crianças é necessário ter em conta quais os melhores materiais a aconselhar

em cada caso, para promover a segurança e a saúde da criança.

Os produtos para grávidas e mulheres que tenham sido mães recentemente ou que

estejam a amamentar têm como objetivo promover o bem-estar e o conforto da mãe. Nesse

sentido, a FM dispõe de cremes hidratantes para a barriga, seios, coxas e rosto assim como

cintas pré e pós-parto, soutiens de amamentação, extratores de leite, sacos de leite,

esterilizadores de biberões, meias de descanso, entre muitos outros.

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4. PROCESSAMENTO DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO

O processamento de receituário é um processo importante na gestão da farmácia e deve

ser realizado com responsabilidade e competência, pois é com base nele que é feito o

reembolso monetário das comparticipações efetuadas pelos diferentes organismos.

Diariamente, depois de terminados os atendimentos, as receitas vão sendo armazenadas

em local próprio. As receitas recolhidas são organizadas por organismo de comparticipação e,

dentro deste, organizadas por lotes (conjunto de trinta receitas). As receitas comparticipadas

pelo SNS realizadas de forma eletrónica vão todas para o plano 99, as receitas de pensionistas

comparticipadas pelo SNS realizadas de forma manual vão para o plano 48, as receitas de não

pensionistas comparticipadas pelo SNS realizadas de forma manual vão para o plano 01, e da

mesma forma são agrupadas as restantes receitas no respetivo plano do organismo de

comparticipação.

Na conferência de receituário verifica-se se a receita se encontra dentro do prazo de

validade, se tem a identificação do médico com vinheta e assinatura, os dados do utente

(nome e número de benificiário), a identificação do local da prescrição e se não estão

prescritos mais do que quatro medicamentos e se são no máximo dois de cada. No verso

verifica-se se os medicamentos dispensados correspondem aos prescritos (designação do

medicamento, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e quantidades iguais),

se o organismo de comparticipação está correto e se possui a assinatura do utente. Se tudo

estiver correto, rubrica-se no verso e se existirem erros são corrigidos no sistema informático

ou junto do utente se for necessário.

Quando um lote estiver completo e conferido é impresso o verbete de identificação de

lote onde consta: a identificação da farmácia, o plano de comparticipação, número de lote,

número de receitas e respetivos PVP, importância paga pelo utente e importância a pagar pela

entidade responsável pela comparticipação (Anexo J). No final, verifica-se se os valores do

verbete de identificação de lote correspondem aos das receitas e se estas estão rubricadas pelo

responsável pela conferência. Se estiver tudo correto carimba-se o verbete e anexa-se ao lote

respetivo.

No último dia de cada mês faz-se o “Fecho de lotes” no sistema informático para que

no dia seguinte se inicie uma nova série.

As receitas e respetivos verbetes são colocados em caixas, sendo que todos os lotes

comparticipados pelo SNS, incluindo os diplomas, vão para uma caixa que será enviada ao

Centro de Conferências de Faturas (CCF) da Administração Central do Sistema de Saúde

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(ACSS), e os restantes vão para uma outra para ser enviada à Associação Nacional de

Farmácia (ANF) que enviará posteriormente às respetivas entidades.

Depois de todos os lotes estarem conferidos assim como os respetivos verbetes de

identificação procede-se à faturação, recorrendo uma vez mais ao sistema informático. Assim,

para o organismo de comparticipação do SNS é impresso o documento Relação Resumo de

Lotes em duplicado, indo o original juntamente com as receitas e o duplicado fica na

farmácia, ambos carimbados e assinados pela DT. Seguidamente emite-se a fatura em

quadruplicado, sendo que o original e duplicado vão juntamente na caixa e o quadruplicado

tem de ser enviado por fax à ANF até ao próximo dia 10, todos carimbados e assinados.

Para os outros organismos faz-se o mesmo processo, no entanto, são enviados o

original, duplicado e triplicado da fatura e original e duplicado da relação resumo de lotes,

carimbados e assinados, ficando uma cópia de cada na farmácia.

Para a ANF é ainda enviado um documento (mapa) com todas as comparticipações.

Apesar da conferência ser efetuada com rigor e responsabilidade há sempre receitas

que são devolvidas à farmácia por não estarem em conformidade, com o respetivo motivo da

devolução, no sentido de serem corrigidas para se obter o valor da comparticipação. A

correção destas receitas pode ser feita normalmente e podem ser incluídas nos lotes do mês a

decorrer, e indica-se no verso que se trata da correção de uma receita devolvida. Depois é

impressa uma nota de crédito em duplicado no valor das devoluções dessas receitas, sendo

que o original vai na caixa das receitas e o duplicado fica na farmácia. Quando o problema

não pode ser solucionado a farmácia assume o prejuízo no valor da comparticipação.

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5. FARMACOVIGILÂNCIA

A farmacovigilância visa melhorar a qualidade e segurança dos medicamentos, em

defesa do utente e da Saúde Pública, através da deteção, avaliação e prevenção de reações

adversas a medicamentos. Sempre que exista uma suspeita de reação adversa deve ser

comunicada ao INFARMED, através do Sistema Nacional de Farmacovigilância.

A notificação de reações adversas é de extrema importância para garantir a

monitorização contínua eficaz da segurança dos medicamentos existentes no mercado,

permitindo identificar potenciais reações adversas novas, quantificar e/ou melhor caracterizar

reações adversas previamente identificadas e implementar medidas que permitam minimizar o

risco da sua ocorrência [23].

Durante o meu período de estágio não foi detetada nenhuma reação adversa

desconhecida pelo que não tive oportunidade de participar nesta atividade.

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6. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS PELA FARMÁCIA

6.1.AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS

A determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos permite a medição de

indicadores como a pressão arterial, o colesterol total, triglicerídeos e glicose, para avaliação

do estado de saúde do utente, permitindo realizar um perfil farmacoterapêutico e verificar a

eficácia da terapêutica instaurada.

Na FM fazem-se avaliações desses parâmetros no gabinete de apoio ao utente e

também está disponível uma máquina para medir a pressão arterial na área de atendimento.

Ao longo do meu estágio fiz a avaliação destes parâmetros a diversos utentes, o que me

permitiu conhecer e realizar um aconselhamento sobre quais os comportamentos benéficos e

de risco para estes problemas de saúde, assim como de aplicar as normas de saúde, higiene e

segurança.

6.1.1. Avaliação do colesterol total e triglicéridos

O colesterol e os triglicéridos são substâncias lipídicas produzidas pelo nosso

organismo, sendo por isso normal a sua presença no sangue, mas também se encontram

presentes em alguns alimentos, pelo que o consumo excessivo desses alimentos pode ser

prejudicial. As gorduras saturadas (presentes em produtos de origem animal) provocam um

aumento das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) que transportam o colesterol e

triglicéridos para as células, enquanto as gorduras insaturadas provocam um aumento das

lipoproteínas de alta densidade (HDL) que exercem um papel protetor.

O controlo regular destas substâncias é importante em todas as pessoas pois uma

descompensação ligeira pode ser corrigida recorrendo a uma dieta saudável, sem necessitar de

terapêutica farmacológica.

Os valores normais destas substâncias devem corresponder aos registados na tabela I.

Tabela I - Valores de referência do colesterol total e triglicerídeos [24]

Colesterol total Triglicéridos

Valores de referência < 190 mg/dL < 150 mg/dL

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A determinação destes parâmetros é realizada através do contacto de sangue com tiras-

teste específicas, após punção capilar.

Se os valores forem superiores aos estabelecidos são aconselhadas medidas não

farmacológicas que passam pela adoção de uma dieta variada, nutricionalmente equilibrada,

rica em legumes, leguminosas, verduras e frutas e pobre em gorduras, a cessação do consumo

de tabaco, redução do consumo de álcool e prática de exercício físico.

6.1.2. Avaliação da glicose

As células utilizam a glicose como fonte de energia, no entanto para que a glicose seja

capaz de entrar para as células, ela precisa de insulina. A insulina liga-se à célula permitindo a

entrada de glicose. Num organismo saudável a insulina é produzida em quantidades

suficientes face à quantidade de glicose em circulação. A DM é a patologia mais comum

associada a este parâmetro [25].

Na DM tipo 1, a mais rara, as células ß do pâncreas deixam de produzir insulina. Estas

pessoas necessitam de terapêutica com insulina para toda a vida porque o pâncreas deixa de a

poder fabricar. A causa deste tipo de DM não está diretamente relacionada com hábitos de

vida ou de alimentação errados, ao contrário do que acontece na DM tipo 2 [26].

Na DM tipo 2 existe um défice de insulina e resistência à insulina, pelo que é

necessária uma maior quantidade de insulina para a mesma quantidade de glicose no sangue.

À medida que o tempo passa, o organismo vai tendo maior dificuldade em compensar este

desequilíbrio e os níveis de glicose sobem. Os principais fatores de risco são a obesidade, o

sedentarismo e a predisposição genética. O primeiro passo no tratamento da DM tipo 2 é o

mais importante e implica uma adaptação naquilo que se come, quando se come, na atividade

física que se efetua diariamente e na redução do excesso de peso [27].

Ocasionalmente podem acontecer situações de hipoglicémia (glicémia no sangue <70

mg/dL) mesmo em pessoas com diabetes pelo que, imediatamente devem ingerir açúcar e

alimentos com hidratos de carbono.

Posto isto, é da máxima importância que estes utentes façam um controlo regular

destes parâmetros que devem estar de acordo com os apresentados na tabela II.

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Tabela II - Valores de referência de glicémia em jejum e pós-prandial [28]

Glicémia em jejum Glicémia Pós-Prandial

Valores de referência 70 – 110 mg/dL 120 – 140 mg/dL

A determinação destes valores é também efetuada por contacto de sangue com tiras-

teste específicas, após punção capilar.

Sempre que os valores não estejam entre os valores normais devem reforçar-se as

medidas não farmacológicas que passam por uma dieta equilibrada, com uma distribuição

equilibrada dos hidratos de carbono e pela redução do consumo de álcool.

6.1.3. Avaliação da pressão arterial

A PA é avaliada pelos valores de pressão arterial sistólica (PAS) (quando o músculo

contrai) e pressão arterial diastólica (PAD) (quando o músculo relaxa).

Na FM existe uma máquina de determinação da PA acessível ao público, onde depois

de determinados os valores emite um talão com os valores da PAD e PAS, assim como dos

batimentos cardíacos. O utente pode optar por fazer a determinação da PA pelo método

auscultatório e, neste caso, faz-se a medição com um esfigmomanómetro no gabinete de apoio

ao utente.

Antes de se efetuar a medição da PA há certos cuidados necessários. O utente deve

estar em repouso durante alguns minutos, não deve ter consumido estimulantes nem fumado

antes, a roupa do braço não deve apertar e este deve estar relaxado.

A Direção Geral da Saúde (DGS) classifica a PA em adultos em vários níveis (tabela

III), pelo que depois de efetuada uma medição deve verificar-se em que situação se encontra o

utente.

Tabela III - Valores de referência da pressão arterial e classificação [29]

Classificação

Valores de referência

(em mmHg)

Pressão arterial sistólica Pressão arterial Diastólica

Pressão Arterial Normal 120-129 80-84

Pressão Arterial Normal-

Alta 130-139 85-89

Hipertensão arterial grau 1 140-159 90-99

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Hipertensão arterial grau 2 160-179 100-109

Hipertensão arterial grau 3 > 180 > 110

A adoção de um estilo de vida saudável pode prevenir o aparecimento da doença de

hipertensão arterial e a sua deteção e acompanhamento precoces podem reduzir o risco de

incidência de doença cardiovascular [30]. É por isso importante fazer medições regulares

destes valores para que se possam melhorar.

Sempre que um utente apresente valores elevados o aconselhamento passa pelas

medidas não farmacológicas como reduzir o consumo de sal, café e bebidas alcoólicas, cessar

o hábito de fumar, evitar situações de stress, praticar exercício físico e preferir uma dieta rica

em frutos, vegetais e com baixo teor de gorduras saturadas

6.2. ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS

A FM disponibiliza aos seus utentes a administração de medicamento por via

parentérica, por profissionais devidamente habilitados. Neste serviço inclui-se a administração

de vacinas que, tendo em conta a época em que nos encontramos (outubro-janeiro), tem

grande afluente de utentes para administração da vacina contra a gripe (Influvac®, Istivac®).

Este tipo de vacinas contém antigénios de superfície de algumas estirpes do vírus da

gripe, que ao entrarem em contato com o organismo humano vai produzir anticorpos contra

este organismo causador da doença, alertando as defesas que atuarão mais rápida e

eficazmente, causando imunidade ao organismo humano num possível contacto posterior com

o vírus da gripe [31].

6.3. VALORMED

A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que tem a responsabilidade da

gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso, disponibilizando aos

cidadãos, através dos contentores que se encontram instalados nas farmácias, um sistema

cómodo e seguro para se libertarem destes. Uma vez cheios, os contentores de recolha são

selados e entregues aos armazenistas para depois serem transportados para um Centro de

Triagem. Aqui os resíduos são separados e classificados para, finalmente, serem entregues a

gestores de resíduos autorizados responsáveis pelo seu tratamento: a reciclagem (papel,

plástico, vidro, compósitas), ou a incineração segura com valorização energética dos restantes

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resíduos. Neste contentor não devem ser colocados agulhas, seringas, termómetros, aparelhos

elétricos ou eletrónicos, gaze e material cirúrgico, produtos químicos, entre outros [32].

A FM colabora neste processo, disponibilizando um contentor VALORMED aos seus

utentes, no qual eles entregam as suas embalagens e medicamentos fora de uso. Ao longo do

meu estágio tive a oportunidade de recolher junto dos utentes as suas embalagens e

medicamentos fora de uso e de alertar para a importância de os continuarem a entregar na

farmácia, para que possam ser tratados de forma segura, evitando-se dessa forma riscos para a

saúde pública e contribuindo para o uso racional do medicamento.

Depois de cheios os contentores são fechados e pesados, preenchendo-se uma folha

com a identificação da farmácia, do armazenista que vai recolher e o peso do contentor.

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CONCLUSÃO

A farmácia comunitária não é só o local onde os utentes vão comprar os seus

medicamentos, mas sim uma entidade capaz de analisar todas as necessidades do utente de

modo a tentar satisfazê-las, da forma mais segura e eficaz possível, tendo sempre em conta as

características individuais de cada um. Nesse sentido, o técnico de farmácia tem um papel

fundamental desde a aquisição de produtos até à sua dispensa e é um profissional habilitado

para informar, ajudar e aconselhar os utentes para garantir uma melhor qualidade de vida.

Depois de terminado o meu período de estágio na FM posso concluir que, com todas as

atividades que desenvolvi e com o acompanhamento de todos os profissionais que lá

trabalham consegui atingir os objetivos propostos. O horário foi cumprido na sua totalidade,

durante o qual intervim em todo o circuito do medicamento, desde a aquisição de produtos à

sua dispensa. Todos os dias procurei ser autónoma e responsável nas minhas atividades,

contribuindo ativamente para o bom funcionamento da farmácia. Durante o atendimento,

procurei ter o máximo de cuidado e atenção com os utentes, para que não fossem esquecidos

pormenores importantes para a dispensa dos medicamentos e para prestar os melhores

cuidados de saúde possíveis. Desde o primeiro dia que o estágio me proporcionou uma

aprendizagem contínua e gradual o que me permitiu aperfeiçoar as minhas capacidades

técnicas e científicas que só a prática me poderia fornecer. Permitiu-me consolidar os

conhecimentos teóricos adquiridos durante os anos de formação com a prática e aproximar-

me mais da realidade.

Considero que as instalações, equipamentos e recursos da Farmácia Martins estão

adequados às atividades a realizar e às necessidades dos utentes. Para além disso, todos os

profissionais que lá trabalham merecem um reconhecimento pelo seu profissionalismo e rigor

com que efetuam o seu trabalho mas também pelo espírito de equipa que demonstram, pelas

relações interpessoais que constroem e que transparecem para todos.

Este estágio foi uma experiência extremamente gratificante que me proporcionou

evoluir não só a nível profissional mas também a nível pessoal. Foram cerca de quatro meses

muito enriquecedores pelos laços de amizade que me proporcionou, pela força que me

mostrou que eu tinha e de que por vezes é necessária para lidar com determinadas situações

sem perder o rigor e profissionalismo e por cada final de dia que me mostrava que realmente

eu fazia aquilo que gosto.

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BIBLIOGRAFIA

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[2] Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto - Regime jurídico das farmácias de oficina.

[3] Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de agosto - Estatuto do Medicamento.

[4] Conselho Nacional da Qualidade (2009) Boas práticas Farmacêuticas para farmácia

comunitária (BPF). (3.ª edição). Acedido a 29 de novembro de 2015. Disponível na em:

http://www.ordemfarmaceuticos.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/Doc3082.pdf

[5] Hernández, D. (2009) Método Dáder. Manual de Seguimento Farmacoterapêutico. (3ª

edição). Acedido a 29 de novembro de 2015. Disponível em: http://pharmcare.pt/wp-

content/uploads/file/Guia_dader.pdf

[6] Portaria n.º 46/2012, de 13 de fevereiro.

[7] INFARMED (2015) Normas Relativas à Prescrição de Medicamentos e Produtos de

Saúde.

[8] INFARMED (2015) Normas Relativas à Dispensa de Medicamentos e Produtos de Saúde.

[9] Portaria n.º 137-A/2012 de 11 de maio.

[10] Ministério da Saúde. (17 de novembro de 2015). Comparticipação de medicamentos.

Acedido a 21 de dezembro de 2015. Disponível em: http://www.min-

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[11] INFARMED (2010) Saiba mais sobre – psicotrópicos e estupefacientes. Acedido a 27 de

dezembro de 2015. Disponível em:

https://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SAI

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[12] Portaria n.º 364/2010, de 23 de junho.

[13] Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de abril - Regula a prescrição e a preparação de

medicamentos manipulados.

[14] Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho.

[15] Despacho n.º 17690/2007, de 23 de julho.

[16] Soares, M. Manual Medicamentos não Prescritos. Associação Nacional das Farmácias.

[17] Decreto-Lei n.º 74/2010 de 21 de junho - Regime geral dos géneros alimentícios

destinados a alimentação especial.

[18] Decreto-Lei n.º 94/95, de 9 de maio - Regime jurídico da introdução no mercado, do

fabrico, da comercialização, da rotulagem e da publicidade dos produtos homeopáticos para

uso humano.

[19] Boiron (2016) Mieux connaitre l’homeopathie. Acedido a 06 de janeiro de 2016.

Disponível em: http://www.boiron.fr/Homeopathie/Mieux-connaitre-l-homeopathie

[20] INFARMED (2016) Dispositivos Médicos. Acedido a 06 de janeiro de 2016. Disponível

em: http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/DISPOSITIVOS_MEDICOS

[21] Decreto-Lei n.º 145/2009 - Estabelece as regras a que devem obedecer a investigação, o

fabrico, a comercialização, a entrada em serviço, a vigilância e a publicidade dos

dispositivos médicos e respetivos acessórios, de 17 de junho.

[22] INFARMED (2009) Saiba mais sobre – produtos de cosmética e higiene corporal.

Acedido a 07 de janeiro de 2016. Disponível em:

https://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SAI

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[23] INFARMED (2016) Farmacovigilância. Acedido a 10 de janeiro de 2016, de:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PERGUNTAS_FREQUENTES/ME

DICAMENTOS_USO_HUMANO/MUH_FARMACOVIGILANCIA#P2

[24] Direção Geral da Saúde (2013) Abordagem Terapêutica das Dislipidemias – Normas de

orientação terapêutica.

[25] Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (s.d) O que é a Diabetes? Acedido a 11

de janeiro de 2016, de Portal da diabetes: http://www.apdp.pt/a-diabetes/a-pessoa-com-

diabetes/o-que-e-a-diabetes#organismo-saudável

[26] Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (s.d) O que é a Diabetes? Acedido a 11

de janeiro de 2016, de Portal da diabetes: http://www.apdp.pt/a-diabetes/a-pessoa-com-

diabetes/o-que-e-a-diabetes#diabetes-tipo-1

[27] Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (s.d) O que é a Diabetes? Acedido a 11

de janeiro de 2016, de Portal da diabetes: http://www.apdp.pt/a-diabetes/a-pessoa-com-

diabetes/o-que-e-a-diabetes#diabetes-tipo-2

[28] Direção Geral da Saúde (2013) Diagnóstico e Classificação da Diabetes – Normas de

orientação terapêutica

[29] Direção Geral da Saúde (2013) Abordagem Terapêutica da Hipertensão Arterial –

Normas de orientação terapêutica

[30] Portal da Saúde (2014) Hipertensão Arterial. Acedido a 12 de janeiro de 2016, de Portal

da Saúde:

http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/ministeriosaude/doenca

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[31] INFARMED (2015) Resumo das Caraterísticas do Medicamento: Istivac.

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[32] VALORMED. (s.d.). Processo. Acedido em13 de janeiro de 2016, de Valormed:

http://www.valormed.pt/pt/conteudos/conteudo/id/18

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ANEXOS

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ANEXO A – FATURA

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ANEXO B – REQUISIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS E SUAS PREPARAÇÕES

COMPREENDIDAS NAS TABELAS I, II, III E IV, COM EXCEÇÃO DA II-A, ANEXAS

AO DECRETO-LEI Nº 15/93 DE 22 DE JANEIRO

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ANEXO C – NOTA DE DEVOLUÇÃO

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ANEXO D – RECEITA MÉDICA ELETRÓNICA

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ANEXO E – RECEITA MÉDICA MANUAL

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ANEXO F – DOCUMENTO DE FATURAÇÃO DA RECEITA

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ANEXO G – RECEITA MÉDICA ESPECIAL

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ANEXO H – DOCUMENTO DE PSICOTRÓPICO

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ANEXO I – LISTA DE SAÍDAS DE ESTUPEFACIENTES E PSICOTRÓPICOS

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ANEXO J – VERBETE DE IDENTIFICAÇÃO DO LOTE