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FELIPE MARTINS SILVA

Caracterização experimental dos Estados de

Polalização da luz via análise de imagens

Niterói

17 de Junho de 2016

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FELIPE MARTINS SILVA

Caracterização experimental dos Estados de

Polalização da luz via análise de imagens

Orientador:

Prof. Dr. Carlos Eduardo Rodrigues de Souza

Universidade Federal Fluminense

Instituto de Física

Niterói

17 de Junho de 2016

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Dedicatória

aos meus pais Cesar e Elisabeth , aos meus avós José Maria (in memorian) e Maria

Luiza, e a minha esposa Jaqueline.

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Agradecimentos

Essa é a parte mais esperada. Por mim, de �nalmente encerrar um ciclo. Por outros,

de serem citados e terem seus egos afagados. Mas, citarei apenas pessoas que contribuíram

e vivenciaram essa caminhada.

Eu começo agradecendo a quatro pessoas fundamentais para minha formação como

homem. Incentivadores e �nanciadores da minha formação acadêmica. Ao meu pai Cesar

e minha mãe Elisabeth por se mostrarem sempre prontos a me auxiliar em qualquer

instante. Pela paciência e perserverança que tiveram pela chegada deste momento. Pelos

conselhos e puxões de orelha, necessários. Ao meu grande e eterno amigo, companheiro

�el, José Maria, meu avô. Por ensinar-me valores como repeito e humildade, que aos olhos

de alguns não valem de nada. À minha avó, Maria Luiza. Por ter um coração enorme e

um carinho sem tamanho. Por sempre estar pronta a ajudar. Pela minha criação. Á esss

quatro anjos �ca minha devoção.

Agradeço a minha esposa, parceira, cúmplice e amiga, Jaqueline. Pelos momentos

intensos que passamos. Pela paciência. Por acreditar no meu potencial e não me deixar

abater nas derrotas. Por me exaltar nas vitórias. Pelo amor, carinho e dedicação.E, prin-

cipalmente pela compreensão. Agradeço, pelo momenento especial que estamos vivendo.

Não posso deixar de agradecer pessoas de extrema importância. Primeiro, ao meu ori-

entador Carlos Eduardo Rodrigues de Souza, institucionalmente conhecido como Cadu.

Pela paciência e dedicação ao longo de trabalho. Por, abrir as portas do laboratório e

deixar-me conviver com o mundo clássico e quântico da óptica. Ao professor Zelaquett

Khoury, por me permitir presenciar discussões sobre alguns temas no laboratório. Ao

colegas do Laboratório de Ótica Quântica: Rafael Bellas, Luiz Filipe, Brian, Filipe, Mo-

anna, e Wagner. Aos professores Jorge Simões de Sá Martins, Kaled Dechoum, Marco

Moriconi e Mario de Souza Reis Junior. Pela aulas e por compartilharem conhecimentos

aliados a experiências.

Sem esquecer, agradeço. Aos companheiros de jornada: Os casais Izabela Hammersch-

lag e Gabriel Monteiro, Christine Hozana e Diogo Malta, Mariana Teixeira, Maria Isabela,

Bruna Netto, Bruna Brandão, Bruno Pimental Matheus Peixoto e Marcelo Albuquerque.

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Obrigado por me acolherem e pela companhia maravilhosa.

Em especial, e sem dúvidas, quero agradecer a Wilmar Torres. Esse ser humano

dotado de uma simplicidade, humildade e sabedoria, sempre pronto a ajudar. E, nova-

mennte, a Izabela Hammerschlag, pelo carinho, pelas listas, pelas horas de estudo e por

não deixar-me desistir.

Aos funcionários da biblioteca pela atenção e ajuda. E, ao secretário da coordenação

Zé Luiz, por estar sempre disposto a ajudar.

Obrigado a todos.

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Resumo

Apresenta-se uma proposta experimental de caracterização dos estados de polarizaçãovia análise de imagens por um software livre e gratuito. Técnica que será possível devidoa equivalência entre medidas realizadas por um detector e uma câmera CCD.

Uma descrição teórica formal será apresentada com intuido de fundamentar a pro-posta. A produção experimental de feixes polarizados e o procedimento de análise serãodiscutidos. Em seguida, são apresentados os dados experimentais.

Por �m, serão apresentadas as conclusões e perspectivas acerca do trabalho.

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Abstract

It presents a proposal for experimental characterization of the polarization statesthrough analysis of images for free and open source software. Technique that will bepossible because of the equivalence of measurements performed by a detector and a CCDcamera.

A formal theoretical description will be presented with intuited to support the pro-posal. The experimental production of polarized beams and the analysis procedure willbe discussed. Then, the experimental data is presented.

Finally, will be presented the conclusions and perspectives about work.

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Lista de Figuras

1 Onda propagando-se na direção positiva do eixo z, onde os campos ~E e~B possuem componentes apenas no plano xy. [1] . . . . . . . . . . . . . p. 4

2 Tipos de polarização: (a) Linear; (b) Circular; (c) Elíptica. [11] . . . . p. 5

3 Polarização Linear na direção y e direção x, respectivamente [11]. . . . p. 9

4 Polarização Linear na direção θ [11]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10

5 Polarização circular a direita e Polarização circular a esquerda [11]. . . p. 12

6 Polarização Elíptica [1] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

7 Estados de Polarização de acordo com a diferença de fase ε [1] . . . . . p. 15

8 (a)Polarização elíptica à direira (b)Polarização elíptica à esquerda [11]. p. 15

9 Representação fasorial do campo elétrico [11]. . . . . . . . . . . . . . . p. 16

10 Vetores de Jones para estados de Polarização particulares [5] . . . . . . p. 19

11 Matrizes de Jones para elementos ópticos lineares [1] . . . . . . . . . . p. 20

12 Escolha e de�nição de eixos para descrever um elemento óptico linear[6] p. 21

13 Esfera de Poincaré. A �gura mostra um estado de polarização na super-

fície da esfera, representado pelo ponto P, e suas coordenadas esféricas

2χ e δ [11]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25

14 Estados de Polarização e respectiva localização sobre a Esfera de Poincaré

[11]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 27

15 Conjunto de Transformações de Estados de Polarização representado na

Esfera de Poincaré. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32

16 Etapa de preparação do feixe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35

17 Esquema para caracterização do Estado de Polarização utilizando a câm-

nera CCD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36

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18 Deteccção dos parâmetros p1, p2 e p3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36

19 (a)Imagem do feixe aberta no software com a área seleciona. (b)Seleção

do guia Analyse para obtenção das medidas calculadas pelo software. . p. 38

20 (a)Tabela das medidas forneceidas pelo programa. (b)As posíveis medi-

das a serem realizadas pelo programa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38

21 Grá�co ICCD × Idetector: comportamento linear entre a CDD e o detector. p. 41

22 (a) e (b): comportamento entre a intesidade da luz polarizada e o ângulo

da lâmina λ2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41

23 (a) Feixes do Estado de Polarização Linear | + 450〉 para determinação

do parâmetro p1. (b) Medidas fornecidas pelo software para os feixes

projetados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42

24 Arranjo experimental para detecção dos Parâmetros de Stokes. . . . . . p. 43

25 Esferas de Poncaré com Parâmetros Teórico (a) e Parâmetros Experi-

mentais (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44

26 Esfera de Poincaré e Esfera dos modos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 45

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Sumário

1 Introdução p. 1

2 Polarização da Luz p. 4

2.1 Descrição Formal da Polarização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 7

2.1.1 Polarização Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 8

2.1.2 Polarização Circular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10

2.1.3 Polarização Elíptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13

2.2 Estados de Polarização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16

2.2.1 O Vetores de Jones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16

2.2.2 A Matriz de Jones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19

2.2.3 Os Parâmetros de Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22

2.2.4 A Esfera de Poincaré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24

2.2.5 Transformações dos Estados de Polarização . . . . . . . . . . . p. 27

3 Caracterização experimental da polarização de um feixe laser p. 34

3.1 Arranjo experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34

3.2 Análise dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37

4 Conclusões e Perpectivas p. 45

5 Apêndice p. 46

5.1 Demostrações das Equações 2.5 e 2.6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46

5.2 Demonstração da Equação 2.51 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 48

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Referências p. 50

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1 Introdução

A natureza da Luz sempre encantou a humanidade. Familiar a todos, desde tempos

imemoriais, vemos registros desse fascínio ao longo de nossa história. Aos poucos fomos

aprendendo como a luz se comporta, e a partir de então, começamos a tirar proveito

disso. Egípcios já fabricavam espelhos em 1990 A.C [13]. Foram os �lósofos gregos os

primeros a se preocupar com as propriedades re�etoras das superfícies espelantes planas

e curvas e também os primeiros a descobrir que a luz se propaga em linha reta. Assim,

desenvolveram inúmeras teorias sobre a natureza da luz e suas propriedades. Como a lei da

re�exão, descrita por Euclides. Nos séculos seguintes a óptica geométrica foi estudada pela

antiga civilização Romana. Também, do Oriente, surgiram contribuições importantes para

melhor compreender a natureza da luz. Há registros de descobertas feitas por mulçumanos

por volta de 642 D.C [1].

Os séculos XVII e XVIII foram de inúmeras descobertas em diversas áreas da Física.

Homens como, Kepler, Descartes, Newton, Huygens, entre outros, descreveram fenômenos

como a interferência, difração, polarização e absorção. Nessa época, também, decobriu-se

o caráter vetorial da luz. Alguns tipos de materiais poderial mudar esse caráter, gerando

uma mudança na polarização da luz.

No século XIX Thomas Young (17773-1821) e Augustin Jean Fresnel (1788-1827)

fortaleceram o caratér ondulatório da luz, proposta por Huygens. Enquanto o primeiro,

explicou o fenômeno da interferência com base na teoria ondulatória de Huygens. O outro,

formulou matematicamente essa teoria ,tornando a explicação para a propagação retilínea

da luz mais satisfatória.

Nesse período, o estudo da eletricidade e do magnetismos eram realizados em paralelo

com a óptica. Em 1845, Michael Faraday (1791-1867) estabeleceu uma relação entre o ele-

tromagnetismos e a luz, ao descobrir que a polarização de um feixe podia ser alterada por

um campo magnético. James Clerk Maxwell (1831-1879), em um dia da década de 1860,

combinou as leis da eletricidade e do magnetismo com as leis do comportamento da luz,

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aglutiando conceitos experimentais, em um conjunto conciso de equações matemáticas.

Com base nessas equações, conhecidas como as Equações de Maxwell [2], que Maxwell foi

capaz de deduzir a velocidade de propagação da luz em termos de propriedades elétricas

e magnéticas do meio, substituindo valores experimentais conhecidos na época, chegando

a um resultado igual ao determinado experimentalmente para velocidade da luz. Com

isso, Maxwell uni�cou o eltromagnetismo e a óptica. Então, passamos a tratar a luz como

uma onda eletromagnética que se propaga com uma velocidade bem de�nida em qualquer

meio, ou até mesmo, na ausência de meio.

Portanto, é a partir das concepções de Maxwell para a natureza e propriedades da

luz, que este trabalho está baseado. E, será de grande serventia o conehecimento de suas

equações, para descrevermos o fenômeno de Polarização, presente nessa monogra�a.

~∇× ~B = µ0~j + µ0 ε0

∂ ~E

∂t(1.1)

~∇× ~E = −∂~B

∂t(1.2)

~∇ · ~E =ρ

ε0

(1.3)

~∇ · ~B = 0 (1.4)

As equações acima são as chamadas Equações de Maxwell [2].

No primeiro capítulo, apresentamos uma discussão teórica a cerca da Polarização da

luz. Essa discussão passa por uma descrição formal desse fenômeno, evidenciando o com-

portamento do campo elétrico em cada tipo de polarização: linear, circurlar e elíptica.

Nesse capítulo, também é discutido a natureza vetorial do campo elétrico, que sugere

uma representação de estados. Sendo conhecidos como Estados de Polarização. Esta

sugestão de representação apresenta uma matemática própria como será mencionado nas

seções (2.2.1), (2.2.2) e (2.2.3), através dos vetores e matrizes de Jones e os Parâmetros

de Stokes. Este último, nos permite uma representação geométrica dos Estados de Pola-

rização numa esfera, chamada de Esfera de Poincaré . Será visto, que é possível fazer

uma série transformações de estados, por meio de alguns dispositivos ópticos. E, que por

�m, também é possível representar essas transformações na Esfera de Poincaré . Tal

capítulo, baseado nas referências [1], [5], [6], [7] e [8], constitui um estudo básico acerca

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do tema deste trabalho.

O segundo capítulo, na verdade, é o tema principal desse trabalho. Propomos um mé-

todo alternativo para caracterização da polarização de feixe laser e determinação dos Pa-

râmetros de Stokes, via análise de imagens por meio de software livre e gratuito, chamado

ImageJ. Inicialmente, discutimos o arranjo experimental utilizado, seção (3.1), seguido da

análise de dados. Na parte de análise de dados, também apresentamos os procedimentos

necessários para a caracterização da polarização. Foi necessário de antemão, fazermos

uma calibração entre os instrumentos de medidas utilizados (detector e câmera CCD)

para que a caracterização ocorresse. No �m do capítulo, são comparados por meio de

uma tabela e da representação na Esfera de Poincaré, os Parâmentros de Stokes indicados

pela teoria com os determinados pela técnica proposta.

Finalmente, no último capítulo apresentamos conclusões e perspectivas sobre esse

trabalho.

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2 Polarização da Luz

A teoria eletromagnética clássica, descreve a luz como uma perturbação que se pro-

paga no espaço. Essa perturbação é descrita por meio da oscilação dos vetores campo

Elétrico ( ~E) e campo Magnético ( ~B) [12], perpendiculares entre si e à direção de propa-

gação representada pelo vetor de onda ~k, em todos os instantes de tempo, como ilustrado

na Figura 1. Portanto, ao se propagar no espaço livre, a luz é uma onda transversal

eletromagnética (TEM), como conjecturou Maxwell no século XIX.

Figura 1: Onda propagando-se na direção positiva do eixo z, onde os campos ~E e ~Bpossuem componentes apenas no plano xy. [1]

O fenômeno da polarização da luz está relacionado com o comportamento da direção

de oscilação do vetor campo Elétrico( ~E) ao longo do tempo, contido em um plano trans-

versal à direção propagação, representada pelo vetor ~k. O desenho traçado pela ponta do

vetor campo Elétrico( ~E), na Figura 1 determina, portanto, a polarização. É importante

resaltar que a direção de polarização corresponde a direção do campo Elértico ( ~E)

A polarização das ondas eletromagnéticas pode classi�cada em: linear, circular e

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elíptica. Os nomes se referem à �gura desenhada no plano perpendicular à direção de

propagação. Se o vetor que descreve o campo elétrico em um ponto do espaço como

uma função do tempo está sempre em uma mesma direção, a onda é dita linearmente

polarizada. A onda TEM da Figura 1 é um exemplo de onda linearmente polarizada.

No entanto, o caso mais geral de onda polarizada é aquele em que a �gura traçada pelo

vetor campo elétrico é uma elipse, e por esse motivo chamamos a onda de elipticamente

polarizada. Quando os eixos da elipse são iguais, a �gura traçada pelo campo elétrico é

uma circunferência e dizemos que a onda é circularmente polarizada. Tanto a polarização

circular como a linear são simples casos especiais da polarização elíptica. A escolha

conveniente da direção do campo Elétrico ( ~E) irá de�nir o que chamamos de estados

de polarizaçao, como será discutido à frente. A Figura 2 apresenta os três tipos de

polarização.

Figura 2: Tipos de polarização: (a) Linear; (b) Circular; (c) Elíptica. [11]

Para que uma onda eletromagnética seja polarizada, não é necessário que seja uma

onda harmônica, ou seja, que as �utuações dos campos elétrico e magnético sejam descri-

tas por funções senoidais. Para tal, basta que o vetor campo elétrico descreva um desenho

como os acima da Figura 2.Porém, quando as variações são de fato harmônicas, os radi-

adores elementares responsáveis pela geração da onda atuam em uma mesma frequência,

em fase ou não, como ocorre no caso dos elétrons em uma antena transmissora de rádio

ou dos fótons na cavidade de um laser.Essas fontes são ditas coerentes. Nas fontes comuns

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de luz, como uma lâmpada incandescente, os radiadores elementares, que são os átomos

constituintes da fonte (como o �lamento incandescente da lâmpada), atuam de forma in-

dependente. Por esse motivo, a luz emitida por essas fontes consiste em uma superposição

de várias ondas de freqüências e fases aleatórias. Esse tipo de radiação é chamada de luz

incoerente. Um observador posicionado nesse eixo irá observar um movimento totalmente

aleatório do vetor campo Elétrico ( ~E). Por este motivo, chamamos a luz incoerente de

não-polarizada, ou luz natural. O meio termo entre luz polarizada e não-polarizada é cha-

mado de luz parcialmente polarizada. Uma maneira útil de descrever esse comportameto

é encarar como resultado da superposição de quantidades especí�cas de luz natural e luz

polarizada.

Como dito anteriormente, a luz é considerada uma onda transversal eletromagnética

(TEM), que poder ser descrita, de maneira idealizada, através de uma onda plana mo-

nocromática propagando-se na direção z, cujos campos elétrico ( ~E) e magnético ( ~B) são

expressos pelas equações:

E(z, t) = E0ei(kz−ω.t) (2.1)

B(z, t) = B0ei(kz−ω.t) (2.2)

onde E0 e B0 são as amplitudes (complexas). Os campos físicos, é claro, são as partes

reais de E(z, t) e B(z, t).

As equações (2.1) e (2.2) estão escritas na forma complexa. Porém, podemos escrevê-

las na forma senoidal:

~E(z, t) = E0 cos(kz − ω.t+ δ)x (2.3)

~B(z, t) = B0 cos(kz − ω.t+ δ)y (2.4)

onde kz − ω.t+ δ representa a fase da onda. E, δ uma constante de fase.

Como escrito acima, as equações (2.3) e (2.4) estão em fase e são mutuamamente

perpendiculares e perpendicular à direção de propagação z. Além disso, a Lei de Faraday,~∇× ~E = −∂ ~B

∂testabelece uma relação entre as amplitudes elétricas e magnéticas, a saber:

~B0 =kω

(z × ~E0) =1

c(z × ~E0) (2.5)

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de modo que as amplitudes reais, relacionam-se por:

B0 =kωE0 =

1

cE0 (2.6)

e a equação (2.4) reescrita será:

~B(z, t) =kωE0 cos(kz − ω.t+ δ)y (2.7)

As demonstrações das equações (2.5) e (2.6) encontram-se no Apêndice.

Importante resaltar que não há nada de especial direção z. Tanto que podemos gene-

ralizar as equações (2.3) e (2.4) para um direção arbitrária. A notação torna-se fácil pela

introdução do vetor de onda (~k), que aponta na direção de propagação e cuja magnitude

é o número de onda k. O produto ~k · ~r é a generalização apropriada para kz, portanto,

~E(~r, t) = E0 cos(~k · ~r − ω.t+ δ)n (2.8)

~B(~r, t) =kωE0 cos(~k · ~r − ω.t+ δ)(k × n) (2.9)

onde n é o vetor de polarização, que de�ne o plano de vibração. E, como ~E é transversal,

n · k = 0.

Portanto, como o fenômeno da polarização está relaciocionado com o comportamento

do campo Elétrico ( ~E), iremos a partir de agora nos concertar na análise da equação (2.8)

para descrever, formalmente, os Tipos de Polarização anteriomente mencionados.

2.1 Descrição Formal da Polarização

O campo Elétrico ( ~E)de uma onda Transversal Eletromagnética (TEM) se propagando

na direção positiva do eixo z pode ser representado por [1]:

~Ex(z, t) = E0x cos(kz − ω.t)i (2.10)

e~Ey(z, t) = E0y cos(kz − ω.t+ ε)j (2.11)

onde ε é a diferença de fase entre as ondas. É, importante observar que, a adição de um ε

positivo irá acarretar um cosseno em (2.11) de valor diferente do que em (2.10). Se ε > 0,~Ey estará retardado em relação a ~Ex. É claro que, se ε < 0, ~Ey lidera ~Ex. Portanto, a

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perturbação ótica resultante será um vetor soma das ondas dadas por (2.10) e (2.11):

~E(z, t) = ~Ex(z, t) + ~Ey(z, t) (2.12)

As equações do campo magnético ( ~B) serão omitidas ao longo do texto, já que a polari-

zação é de�nada como o movimento traçado pelo vetor campo Elétrico ( ~E).

2.1.1 Polarização Linear

A polarização linear ocorre quando o vetor campo Elétrico ( ~E) oscila alinhado a uma

linha reta, no plano perpendicular ao vetor ~k de propagação da onda. Quando a diferença

de fase ε for zero ou um múltiplo inteiro de ±2π, as ondas escritas em (2.10) e (2.11) são

ditas em fase. E, neste caso a equação (2.12)torna-se

~E = (iE0x + jE0y) cos(kz − ω.t) (2.13)

A onda resultante tem uma amplitude constante igual a (iE0x+ jE0y), em outras palavras,

linearmente polarizada. Também podemos ter a diferença de fase ε sendo um múltiplo

inteiro ímpar de ±π. As ondas, agora, estarão 180º fora de fase, e

~E = (iE0x − jE0y) cos(kz − ω.t) (2.14)

Esta onda é, novamente, linearmente polarizada, mas o palno de vibração sofrerá uma

rotação, que não necessariamente tenha que ser de 90º.

Para uma melhor explicação, consideremos inicialmente um caso bastante particular

da equação (2.12), em que uma das componentes seja nula. Por exemplo, E0y = 0. Neste

caso, o vetor campo Elétrico irá parametrizar uma curva no plano xy (z = 0) de acordo

com as seguintes equações:

~Ex(0, t) = E0x cos(ω.t+ εx)i (2.15)

e~Ey(0, t) = 0 (2.16)

Podemos, portanto, através das equações (2.15) e (2.16), observar que ocorre a para-

metrização de um segmento de reta no eixo x. A cada instante de tempo, o módulo do

vetor campo Elétrico ( ~E) varia harmonicamente sempre na direção do eixo x. A polariza-

ção é dita linear na direção x. Um outro caso muito semelhante é obtido se a componente

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E0x = 0, sendo chamada de polarização linear na direção y. A �gura abaixo ilustra esses

dois casos.

Figura 3: Polarização Linear na direção y e direção x, respectivamente [11].

Considere agora, um outro caso, em que as componentes E0x e E0y não sejam nulas,

e que possamos escrever as equações para os campos da seguinte forma:

~Ex(0, t) = E0x cos(ω.t+ εx)i (2.17)

e~Ey(0, t) = E0y cos(ω.t+ εy)j (2.18)

De modo que, εx = εy = ε, ou seja, encontram-se em fase. Assim, nestas condições, as

equações (2.17) e (2.18) parametrizam o vetor campo Elétrico ( ~E), no plano z = 0.

Note que, as componentes, em todos os instantes são proporcionais, ou seja,

Ey(0, t) =E0y

E0x

Ex(0, t) (2.19)

Portanto, parametriza uma reta que passa pela origem. Onde o ângulo de inclinação com

o eixo x é dado por:

θ = tan−1(E0y

E0x

) (2.20)

Por esta razão, esse tipo de polarização é chamada de polarização linear na direção θ.

A Figura 4 ilustra essa polarização.

Um resultado semelhante poderia ser obtido se fosse escolhido εx = εy + π. Pois,

somar uma fase de π radianos é o mesmo que inverter o sinal do cosseno. Nesta situação,

a única diferença estaria no valor do ângulo θ que seria negativo. Logo, podemos concluir

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Figura 4: Polarização Linear na direção θ [11].

que:

"Uma onda eletromagnética é linearmente polarizada se o seu vetor campo elétrico

possuir (a) apenas uma componente ou (b) duas componentes ortogonais em fase ou em

oposição de fase."

2.1.2 Polarização Circular

Outro caso particular interessante surge quando ambas ondas constituintes tem am-

plitudes iguais. Isto é, E0x = E0y = E0. E, além disso, qualquer diferença de fase relativa

de ε = −π2, ou qualquer incremento a partir de −π

2por um número inteiro múltiplo de 2π

[1]. Conforme as equações

~Ex(z, t) = E0x cos(kz − ω.t)i (2.21)

e~Ey(z, t) = E0y sin(kz − ω.t)j (2.22)

a onda resultante é:

~E = E0 [i cos(kz − ω.t) + j sin(kz − ω.t)] (2.23)

a amplitude de ~E, dada por, ( ~E · ~E)12 = E0, é constante. Mas, a direção de ~E é variável

no tempo e não restrita a um único plano.

Podemos a�rmar o que foi dito acima por uma análise algébrica mais rigorosa. Por-

tanto, a partir da condição E0x = E0y = E0, e considerando a relação de fase entre as

ondas escritas por:

εx = εy +π

2(2.24)

Com isso, é possível escrever as seguintes equações paramétricas para o plano do obser-

Page 22: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

11

vador (z = 0),

Ex(t) = E0 cos(ω.t+ εx) (2.25)

Ey(t) = E0 cos(ω.t+ εy) = E0 cos(ω.t+ εx −π

2) = E0 sin(ω.t+ εx) (2.26)

De modo que, a amplitude do vetor ~E, a partir das equações acima, ecritas em coor-

denadas polares, será:

E(t) =√

(Ex(t))2 + (Ey(t))2 (2.27)

E(t) =√

[E0 cos(ω.t+ εx)]2 + [E0 sin(ω.t+ εx)]2 = E0 (2.28)

Observe que, a amplitude é constante ao longo do tempo. É, também, possível veri�car

a direção do vetor ~E, como se segue

θ = tan−1(Ey(t)

Ex(t)) (2.29)

θ = tan−1(E0 sin(ω.t+ εx)

E0 cos(ω.t+ εx)) (2.30)

θ = tan−1(tan(ω.t+ εx)) (2.31)

logo,

θ = ω.t+ εx (2.32)

Portanto, o ângulo θ, que o vetor ~E faz com a diração x varia lienarmente com o

tempo. Essa é justamente a equação paramétrica de uma circunferência, em que a ponta

do vetor campo elétrico gira periodicamente no sentido horário com freqüência angular ω.

Por esta razão, dizemos que a onda eletromagnética apresenta uma polarização circular

à direita.

Uma outra análise a respeito da amplitude e direção do vetor ~E pode ser feita, apenas

alterando a equação (2.24). Para isso, tomamos

εx = εy −π

2(2.33)

O mesmo desenvolvimento feito, desde a equação (2.25) até (2.31), nos levará aos

seguintes resultados:

E(t) = E0 (2.34)

e,

θ = −ω.t+ εx (2.35)

Page 23: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

12

Então, chegamos à outra equação paramétrica de uma circunferência. Porém, o vetor

campo Elétrico irá girar no sentido anti-horário. Esse caso é chamado de polarização

circular à esquerda. A �gura a seguir ilustra os dois casos de polarização circular.

Figura 5: Polarização circular a direita e Polarização circular a esquerda [11].

Desta forma, podemos concluir que:

"Uma onda eletromagnética é circularmente polarizada se o seu vetor campo elétrico

possuir componentes ortogonais de mesma amplitude e diferença de fase de π2(polarização

circular à direita) ou −π2(polarização circular à esquerda)."

É importante, também resaltar que, uma onda linearmente polarizada pode ser sin-

tetizada a partir de duas ondas circulares opostamente polarizadas de iguais amplitudes

[1]. Em particular, se somarmos a onda circular à direita,

~E = E0 [i cos(kz − ω.t) + j sin(kz − ω.t)] (2.36)

com a onda circular à esquerda,

~E = E0 [i cos(kz − ω.t) + j sin(kz − ω.t)] (2.37)

teremos~E = 2E0i cos(kz − ω.t) (2.38)

onde a amplitude, e direção do ~E serão constantes igual a 2E0i. Portanto, linearmente

polarizada.

Page 24: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

13

2.1.3 Polarização Elíptica

À medida que a descrição matemática é desenvolvida, é possível considerar que ambas

polarizações, linear e circular, são casos particulares da polarização elíptica [1]. Isto

signi�ca que, em geral, a resultante do vetor campo Elétrico ( ~E) irá, além de rotacionar,

variar sua amplitude, ocorrendo uma diferença de fase qualquer entre os campos ~Ex e ~Ey.

Em tais casos, o vetor ~E irá traçar uma elipse, em um plano �xo perpendicular ao vetor

de propagação de onda ~k. Podemos observar melhor essa descrição a partir das equações:

Ex = E0x cos(kz − ω.t) (2.39)

e

Ey = E0y cos(kz − ω.t+ ε) (2.40)

Para obtermos as dimensões relativas e a orientação dos eixos da elipse, devemos, a

partir da equações (2.39) e (2.40), eliminar a dependência em (kz−ω.t), como descrito a

seguir:

Ey = E0y cos(kz − ω.t) cos(ε)− sin(kz − ω.t) sin(ε) (2.41)

EyE0y

= cos(kz − ω.t) cos(ε)− sin(kz − ω.t) sin(ε) (2.42)

como: cos(kz − ω.t) = ExE0x

, teremos

EyE0x

=ExE0x

cos(ε)− sin(kz − ω.t) sin(ε) (2.43)

EyE0y

− ExE0x

cos(ε) = − sin(kz − ω.t) sin(ε) (2.44)

Da equação (2.39) podemos escrever,

E2x = E2

0x cos2(kz − ω.t) (2.45)

e usando a relação: cos2(kz − ω.t) + sin2(kz − ω.t) = 1, chegamos à

sin2(kz − ω.t) = 1− cos2(kz − ω.t) (2.46)

sin2(kz − ω.t) = 1−(ExE0x

))2 (2.47)

Page 25: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

14

sin(kz − ω.t) =

[1−

(ExE0x

)2] 1

2

(2.48)

Substituindo a equação acima na equação (2.44), teremos

(EyE0y

− ExE0x

cos(ε))2 = [1− (ExE0x

)2] sin2(ε) (2.49)

Finalmente, reorganizando os termos, teremos:

(EyE0y

)2 + (ExE0x

)2 − 2ExE0x

EyE0y

cos(ε) = sin2(ε) (2.50)

Figura 6: Polarização Elíptica [1]

Portanto, a equação (2.50) representa uma elipse formando um ângulo α com o sistema

de coordenadas (Ex, Ey)[1], tal que

tan(2α) =2E0xE0y cos(ε)

E20x − E2

0y

(2.51)

A demonstração da equação acima encontra-se no Apêndice.

A equação (2.50) tomar uma aperência mais reconhecida, caso os eixos da elipse

estiverem sobre o eixo das coordenadas, de modo que α = 0, ou ε = ±π2,±3π

2,±5π

2,...(

EyE0y

)2

+

(ExE0x

)2

= 1 (2.52)

É possível observarmos que se E0x = E0y = E0, também reduzimos a equação acima

a

E2x + E2

y = E20 (2.53)

Page 26: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

15

Representando a equação de uma circunferência, ou seja, polarização circular.

Além disso, e também possível por meio da equação (2.50) representar a polarização

linear. A equacao para quando ε for multiplo par ou impar de π [1] respectivamente,sendo

Ey =E0y

E0x

Ex (2.54)

Ey = −E0y

E0x

Ex (2.55)

A Figura abaixo ilustra os estados de polarização de acordo com a diferença de fase

entre as componentes Ex e Ey.

Figura 7: Estados de Polarização de acordo com a diferença de fase ε [1]

Figura 8: (a)Polarização elíptica à direira (b)Polarização elíptica à esquerda [11].

A polarização elíptica obedece à mesma nomenclatura da polarização circular para a

de�nição de polarização elíptica direita e esquerda, conforme o sentido de rotação do vetor

campo elétrico em relação à direção de propagação, conforme é observado na ilustração

acima.

Portanto, podemos, a partir de agora, nos referir as ondas de luz polarizadas por um

termo chamado de Estados de Polarização. Veremos, a seguir, através dos Vetores de

Jones e dos Parâmentros de Stokes um modelo matemático que descreve os Estados de

Page 27: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

16

Polarização e suas respectivas representações na chamada Esfera de Poincaré.

2.2 Estados de Polarização

A natureza vetorial do campo elétrico sugere uma representação de Estados. Estes

estados são caracterizados pelas amplitudes do campo elétrico, na representação fasorial

dos parâmetros Ex e Ey e φx e φy, comforme ilustrado abaixo.

Figura 9: Representação fasorial do campo elétrico [11].

2.2.1 O Vetores de Jones

O Físico americano Robert Clark Jones desenvolveu um modelo matemático que des-

creve a evolução da polarização durante a propagação de ondas planas com estados de

polarização arbitráios através de uma sequência de elementos birrefringentes e polariza-

dores [5]. Essa técnica desenvolvida tem a vantagem de ser aplicável a feixes coerentes.

Porém, esse formalismo só é válido para ondas polarizadas [1].

A representação do vetor de Jones é de�nida em termos do campo elétrico da seginte

forma [1]:

~E =

[Ex(t)Ey(t)

]onde Ex(t) e Ey(t) são componentes escalares instantâneos do vetor campo elétrico

~E. Presenvando a informação de fase, seremos capazes lidar com ondas coerente. E, com

isso, podemos utilizar uma notação complexa para o campo [1].

~E =

[E0xe

iφx

E0yeiφy

]onde φx e φy são as fases do campo com mesma dependência em z e t. Pondendo,

Page 28: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

17

apresentar uma defasagem ε entre si. Logo, os Estados de Polarização Lineares Horizontal

e Vertical podem ser escritos por:

~Eh =

[E0xe

iφx

0

]e ~Ev =

[0

E0yeiφy

]respectivamente. A soma de dois feixes coerentes é formada pela da componentes corres-

pondentes, ou seja, ~E = ~Eh + ~Ev. Contudo, quando E0x = E0y e φx = φy, teremos:

~E =

[E0xe

iφx

E0xeiφx

]e ~E = E0xe

iφx

[11

]que representa o Estado de Polarização +45◦ com amplitudes iguais e diferença de fase

nula.

Em alguns casos, a �m de simpli�car a análise, é comum normalizar o vetor de Jones.

Para isso, é necessário os dois componentes pela exponencial complexa comum e pelo

módulo do vetor. Ou seja, estaremos diante de uma equação de normalização do tipo:

~E∗ · ~E = 1 (2.56)

E, poderemos representar, agora normalizado, o Estado de Polarização +45◦[1].

~E+45 =1√2

[11

]De maneira similar, os Estados de Polarização horizontal e vertical são escritos como:

~Eh =

[10

]e ~Ev =

[01

]Para a luz circularmente polarizada à direita, cujas amplitudes são iguais, porém, com

defasagem de −π2, o Vetor de Jones associado será:

~E =

[E0xe

iφx

E0yei(φx−π2 )

]Ao dividirmos ambas componentes por E0xe

iφx , teremos:[1

e−iπ2

]=

[1−i

]Consequentemente, o Vetor de Jones normalizados serão:

Page 29: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

18

~ER =1√2

[1−i

]analogamente ~EL =

1√2

[1i

]

Portanto, soma de ~ER + ~EL é:

1√2

[1 + i−i+ i

]=

2√2

[10

]A matriz acima representa o estado de polarização horizontal com uma amplitude

duas vezes maior que suas componentes. O resultado encontrado está de acordo com

o enunciado anteriormente na seção acima. O Vetor de Jones para luz elipticamnete

polarizada pode ser obtida pelo mesmo procedimento usado para chegar em ~ER e ~EL.

Para este caso, E0x pode não ser igual a E0y, e a diferença de fase não precisa ser de 90◦.

Com isso, para luz com polarização elíptica, é possível fazer E0y = CE0x e φy = φx − ε,onde C é a razão entre E0y e E0x e ε é a defasagem entre as componentes x e y do campo.

Logo, o Vetor de Jones é escrito como

~ER =

[E0xe

iφx

E0yei(φx−ε)

], ou normalizando

~ER =1√

1 + C2

[1

Ce−iε

]Se E0y < E0x e os eixos x e y corresponderem aos eixos da elipse, C representa também

a elipticidade da polarização (com C = 0 correspondendo à polarização linear e C = 1

correspondendo à polarização circular). Abaixo está representado em uma tabela [5] os

vetores correspondente aos principais estados de polarização. Importante ressaltar que

as duas últimas linhas correspondem aos casos particulares da polarização elíptica com

C = 2 e ε = ±π2.

Com base na descrição do vetor de Jones acima, é possível a�rmar que, quando dois

vetores forem ortogonais entre si, seus respectivos estados de polarização também o serão.

Isso ocorre utilizando-se a condição de ortogonalidade para dois vetores complexos, ou seja,

vetores complexos são ortogonais quando o produto escalar de um vetor pelo conjugado

do outro vetor for zero [1].

Page 30: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

19

Figura 10: Vetores de Jones para estados de Polarização particulares [5]

2.2.2 A Matriz de Jones

Segundo o modelo matemático proposto por R. Clark Jones, cada elemento óptico do

sistema, que altera a polarização da luz incidente, sobre ele, pode ser também representado

por uma matriz 2 X 2 [6]. Podemos considerar, por exemplo,um feixe de luz polarizado,

sendo seu vetor de Jones ~Ei. Ao atravessar um elemento óptico sua polarização pode, em

princípio se alterar, de forma que o vetor de Jones para o feixe transmitido seja ~Et. É

possível representar matematicamente a alteração do estado de polarização por [1]:

~Et = A ~Ei (2.57)

Onde a matriz A representa o elemento óptico, sendo dada por,

A =

[a11 a12

a22 a21

]Podendo reescrever explicitamenta a equação 2.57 da seguinte maneira:

[EtxEty

]=

[a11 a12

a22 a21

] [EixEiy

]Desta forma, é possível determinar uma matriz para cada tipo especí�co de elemento

Page 31: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

20

óptico, invertendo-se a matriz acima. Na Tabela abaixo estão especi�cadas as matrizes

de Jones para diversos elementos ópticos lineares, considerando os eixos principais do

elemento óptico alinhados com a referência (eixos x e y).

Figura 11: Matrizes de Jones para elementos ópticos lineares [1]

Matrizes em geral não comutam. Assim, se a onda atravessar uma série de elementos

ópticos, as respectivas matrizes devem ser aplicadas na sequência correta. Por exemplo,

quando um feixe luminoso representado por A1~Ei, que já passou por um elemento óptico

com matriz A1, incide sob um segundo elemento óptico de matrizA2, seu feixe transmitido

será A2A1~Ei e assim por diante [1].

Entretanto, nem sempre os eixos principais do elemento óptico estão alinhados com

os eixos de referência conforme foi considerado na tabela anterior. Quando os eixos não

estão alinhados, sempre é possível se de�nir outro par de eixos,x1 e y1, rotacionados de

um ângulo Φ, de forma que estejam alinhados com os eixos principais do elemento, como

na Figura a seguir [6].

Desta forma considerando uma matriz de Jones para um polarizador não ideal, ou seja,

que nem transmite completamente uma das polarizações e nem elimina completamente a

outra, alinhado com os eixos x1 e y1 é possível escrever, utilizando estes eixos [6].

Page 32: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

21

Figura 12: Escolha e de�nição de eixos para descrever um elemento óptico linear[6]

P =

[K1 00 K2

]

Onde K1 e K2 sao constantes de transmitancia, que representam a fracao de campo

transmitida em cada polarizacao. Para um polarizador ideal tem-se K1 = 1 e K2 = 0, ou

seja, a onda resultante sera transmitida somente em uma polarizacao. É possivel escrever

o campo incidente ~E em termos de componentes ao longo dos eixos rotacionados apenas

decompondo ~E nos eixos x1 e y1, resultando na equacao matricial:

[Ex1

Ey1

]=

[cos Φ sin Φ− sin Φ cos Φ

] [ExEy

]A matriz 2 X 2 acima representa uma rotação de um ângulo Φ em relação às coordena-

das originais. A onda transmitida ~E ′ pode ser, então, expressa em termos de componentes

x1 e y1, que estão alinhados com os eixos principais do polarizador, conforme equação

[E ′x1E ′y1

]=

[K1 00 K2

] [Ex1

Ey1

]

Page 33: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

22

Desta forma, a matriz de Jones para um polarizador rotacionado de um ângulo Φ com

relação aos eixos de referência é:

PΦ =

[cosΦ − sin Φsin Φ cos Φ

] [K1 00 K2

] [cos Φ sin Φ− sin Φ cos Φ

]que, realizados os produtos matriciais, corresponde a

PΦ =

[K1 cos2 Φ +K2 sin2 Φ (K1 −K2) sin Φ cos Φ(K1 −K2) sin Φ cos Φ K1 cos2 Φ +K2 sin2 Φ

]

2.2.3 Os Parâmetros de Stokes

No modelo matemático descrito pelos vetores de Jones, os estados de polarização

foram caracterizados pelas amplitudes das componentes Ex e Ey do campo elétrico. Em

instrumentação óptica, porém, somente medimos intensidades. Além disso, apenas luz

polarizada pode ser representada por vetores de Jones, o que impossibilita sua utilização

nos casos frequentes de luz parcialmente polarizada.

Os parâmetros de Stokes possuem a vantagem de representar intensidades, isto é,

quantidades �sicamente mensuráveis, e por isso é possível representar também a luz não-

polarizada. Diferentemente dos vetores de Jones, que traziam números complexos, os

vetores de Stokes consistem apenas em números reais, sendo que cada um deles possui

um signi�cado físico bem de�nido. Por esta razão, é muito mais simples, a partir de

uma medida, calcular os Parâmetros de Stokes do sinal de luz do que calcular o vetor

de Jones correspondente. Mesmo assim, mostra-se que existe uma correspondência (um

isomor�smo) entre as duas representações quando a luz é polarizada.

Nos Parâmetros de Stokes, os Estados de Polarização são de�nidos por um vetor real

de dimensão 4 X 1, que dependem das intensidades relativas da luz para cada tipo de

polarização, conforme apresentado a seguir.

S =

S0

S1

S2

S3

=

Ih + IvIh − Iv

I45◦ − I−45◦

IL − IR

Nessa notação, Ih e Iv são as intensidades das componentes lineares da onda nos eixos

x e y, respectivamente; I45◦ e I−45◦ são as intensidades das componentes lineares da onda

ao longo dos eixos a 45◦ dos eixos x e y; IL e IR são as intensidades das componentes

Page 34: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

23

circularmente polarizadas à esquerda e à direita, respectivamente.

Vale destacar que o parâmetro S0 representa a intensidade total do sinal de luz, isto

é, a soma das intensidades das componentes polarizada e não-polarizada:

S0 = Ipolarizada − Inao−polarizada (2.58)

Os demais termos, S1, S2 e S3 não possuem componentes não-polarizadas. Isso ocorre

pelo fato da luz não-polarizada ser uma superposição de componentes polarizadas de

mesma intensidade em eixos ortogonais. Por se tratarem de subtrações dessas intensida-

des, a componente não-polarizada de cada um dos parâmetros é cancelada.

É possível mostrar que os parâmetros de Stokes se relacionam com as componentes

do vetor de Jones e com a expressão geral da onda plana (2.12) da seguinte forma [7]:

S1 = | ~Ex(z, t)|2 − | ~Ey(z, t)|2 = E20x − E2

0y (2.59)

S2 =1

2[| ~Ex(z, t) + ~Ey(z, t)|2 − | ~Ex(z, t)− ~Ey(z, t)|2] = 2E0xE0y cos δ (2.60)

S3 =1

2[| ~Ex(z, t) + i ~Ey(z, t)|2 − | ~Ex(z, t)− i ~Ey(z, t)|2] = 2E0xE0y sin δ (2.61)

A partir das equações acima, é possível mostrar que:

S21 + S2

2 + S23 = (E2

0x + E20y)

2 = I2polarizada (2.62)

Ao dividirmos os termos da equação (2.62) por S20 , obtemos:

S21

S20

+S2

2

S20

+S2

3

S20

=I2polarizada

S20

=

(Ipolarizada

Ipolarizada − Inao−polarizada

)2

(2.63)

De maneira que podemos reescrever a equação (2.63) na forma:

p21 + p2

2 + p23 = η2 (2.64)

onde cada pi =SiS0

corresponde ao Parâmetro de Stokes normalizado. E, o termo η

Page 35: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

24

indica o grau de polarização da luz,ou seja, a quantidade relativa de luz polarizada e não

polarizada em uma mesma onda luminosa [7], podendo ser de�nido como:

η =Ipolarizada

Ipolarizada − Inao−polarizada(2.65)

Substituindo as equações (2.58),(2.63) e (2.64) em (2.59), (2.60) e (2.61), teremos as

de�nições formais para os Parâmetros de Stokes normalizados.

p0 = 1 (2.66)

p1 = η.E2

0x − E20y

E20x + E2

0y

(2.67)

p2 = η.2E0xE0y

E20x + E2

0y

cos δ (2.68)

p3 = η.2E0xE0y

E20x + E2

0y

sin δ (2.69)

Portanto, o Estado de Polarização de um feixe monocromático pode ser completa-

mente caracterizado em termos dos Parâmetros de Stokes [8]. Como veremos a seguir,

essa caracterização dos Estados de Polarização nos permite uma representação geométrica

através da chamada Esfera de Poincaré.

2.2.4 A Esfera de Poincaré

A equação (2.64) apresentada na seção acima nos sugere uma representação para os

estados de polarização através de uma geometria esférica. A �m de tornar essa sugestão

mais clara, iremos adotar um ângulo χ auxiliar, de�nido como:

tanχ =E0y

E0x

(2.70)

De maneira que escreveremos os Parâmetros de Stokes em função do ângulo χ, usando

algumas relações trigonométricas como segue abaixo.

sin 2χ =2 tanχ

1 + tan2 χ=

2E0xE0y

E20x + E2

0y

(2.71)

cos 2χ =1− tan2 χ

1 + tan2 χ=E2

0x − E20y

E20x + E2

0y

(2.72)

Page 36: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

25

Com isso, substituindo as equações (2.71) e (2.72)em (2.67),(2.68) e (2.69), teremos:

p1 = η. cos 2χ (2.73)

p2 = η. sin 2χ cos δ (2.74)

p3 = η. cos 2χ sin δ (2.75)

Onde 0 ≤ χ ≤ π2e 0 ≤ δ ≤ 2π.

A análise das equações acima, realmente, comprova a representação esférica para os

estados de polarização. Consequentemente, os Parâmetros de Stokes são coordenadas

cartesianas do espaço no qual qualquer feixe de luz completamente polarizado é represen-

tado por um ponto(p1, p2, p3) na esfera de raio unitário em torno da origem [9]. Portanto,

a esfera que representa os estados de polarização é a chamada Esfera de Poincaré.

Contudo, para o feixe de luz completamente polarizado teremos:

p21 + p2

2 + p23 = 1 (2.76)

Figura 13: Esfera de Poincaré. A �gura mostra um estado de polarização na superfícieda esfera, representado pelo ponto P, e suas coordenadas esféricas 2χ e δ [11].

A importância da esfera de Poincaré está na correspondência biunívoca que existe

entre cada ponto em seu interior e cada estado de polarização. Ou seja: todos os estados de

polarização estão representados na esfera de Poincaré, e cada ponto da esfera corresponde

a um estado de polarização distinto. Além disso, pontos próximos da esfera de Poincaré

correspondem a estados de polarização semelhantes, no sentido de que uma variação

contínua do estado de polarização de uma onda luminosa corresponde a uma trajetória

Page 37: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

26

contínua na esfera.

Seguindo o mesmo raciocínio utilizado na seção 2.2.2 para os vetores de Jones, encontra-

se a seguir uma associação entre cada tipo de polarização (linear, circular e elíptica) e

cada região da esfera.

Conforme visto anteriormente, os estados de polarização linear são aqueles em que

as componentes em x e em y estão em fase ou em oposição de fase, ou seja,δ = 0, π.

E, considerando o feixe de luz polarizado (η = 1), pelas equações (2.73),(2.74) e (2.75)

conclui-se que os estados de polarização linear correspondem ao conjunto de pontos dado

por:

p1 = cos 2χ (2.77)

p2 = ± sin 2χ (2.78)

p3 = 0 (2.79)

Onde o ângulo χ varia de 0 a π2. Esse conjunto de equações corresponde ao conjunto

de todos os pontos da esfera cujo ângulo de elevação é nulo, ou seja, ao equador da esfera.

No caso dos estados de polarização circular, que correspondem aos casos em que x e y

possuem a mesma amplitude de campo. Em outras palavras, δ = π2, 3π

2e χ = π

4, teremos:

p1 = 0 (2.80)

p2 = 0 (2.81)

p3 = ±1 (2.82)

Isto é, aos dois pontos onde a esfera intercepta o eixo S3 (vertical), chamados de pólos

da esfera. Ao pólo norte associa-se o estado de polarização circular à esquerda (δ = π2), e

ao pólo sul o estado de polarização circular à direita (δ = 3π2).

Os estados de polarização elíptica correspondem a todos os demais pontos da esfera.

Quanto mais próximo dos pólos estiver um Estado de Polarização, maior a sua eliptici-

dade, e quanto mais próximo da linha do equador, menor sua elipticidade. Estados de

polarização de mesma elipticidade se encontram nos paralelos da esfera.

Abaixo encontram-se, os Parâmetros (ou Vetores) de Stokes para diferentes

tipos de polarização, representados diretamente na Esfera de Poincaré . No capítulo 3,

Page 38: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

27

apresentaremos os dados dos experimentos que realizamos em esfera.

Figura 14: Estados de Polarização e respectiva localização sobre a Esfera de Poincaré [11].

A Esfera de Poincaré é um meio muito útil de se observar as transformações de po-

larização que um sinal de luz sofre ao ser transmitido através de um dispositivo que altere

seu estado de polarização. Na próxima seção, serão apresentadas essas transformações e

como elas se comportam quando representadas na esfera.

2.2.5 Transformações dos Estados de Polarização

Como visto na seção 2.2.2, podemos representar a luz polarizada na forma de um

vetor de Jones. O comportamento de diversos componentes ópticos, como polarizadores

e lâminas retardadoras, pode ser representado por um operador linear no espaço dos

Estados de Polarização. Seja, portanto, A a representação matricial do operador linear T

que descreve um dispositivo óptico. E, seja |ψin〉 o vetor de Jones representando o estadode polarização da luz na entrada do dispositivo. O estado de polarização da luz na saída

do dispositivo (|ψout〉) será dado por:

|ψout〉 = A · |ψin〉 (2.83)

A equação acima é a mesma apresentada anteriormente, em (2.57). Porém, aqui

estamos usando o estado de polarização, ao invés, do campo elétrico.

Onde A é uma matriz 2x2 chamada de Matriz de Jones. Se a luz estiver atravessando

uma série de dispositivos de matrizes de Jones dadas por A1,A2,...,An, o estado de

polarização emergente será:

|ψout〉 = An · An−1 · ... · A2 · A1 · |ψin〉 (2.84)

Page 39: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

28

Supondo que o dispositivo não altere o grau de polarização (η) da luz que o atravessa,

ou seja, que ainda seja possível descrever a saída na forma de um vetor de Jones, podemos

determinar a matriz de Jones de qualquer dispositivo conhecendo-se as saídas para duas

entradas linearmente independentes. Em geral, utiliza-se entradas ortogonais para facilitar

os cálculos.

O formato da matriz de Jones de um dispositivo dependerá da escolha de base para

o espaço de estados de polarização. Em geral, escolhe-se como base os estados lineares

horizontal (H) e vertical (V). Assim, qualquer matriz de Jones associada ao operador

linear T nessa base será dada por:

A =

[1 00 1

](2.85)

Dessa forma, a resposta do dispositivo a um estado de polarização genérico Z = aH + bV

será descrito da seguinte maneira:

T (Z) = a

[10

]+ b

[01

](2.86)

T (Z) = A ·[ab

], semelhante a equação (2.83).

A maioria dos materiais ópticos exibe um certo grau de assimetria, de forma que o

índice de refração enxergado por dois estados de polarização ortogonais é diferente. Essa

propriedade é chamada de birrefringência, que é simplesmente uma anisotropia do meio.

Para estruturas usuais, existem dois estados de polarização ortogonais que não sofrem

alteração enquanto se propagam. Chamamos esses estados de auto-estados ou estados

próprios da estrutura. Quando os auto-estados são lineares, dizemos que o material

apresenta birrefringência linear, e quando são circulares dizemos que o material apresenta

birrefringência circular. Quando os dois tipos de birrefringência coexistem no mesmo

meio, os auto-estados são elípticos.

A maioria das aplicações de dispositivos birrefringentes, no entanto, envolve birre-

fringências lineares, que é o caso dos controladores de polarização e dos defasadores, que

serão discutidos com maior enfoque nesse trabalho.

Page 40: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

29

Portanto, seja, novamente, A a matriz de Jones de um dispositivo e sejam:

|u〉 =

[x0

y0

]e |v〉 =

[−y0

x0

]

Os autovetores normalizados de A correspondentes aos auto-estados do dispositivo,

onde x0 e y0 são números reais. Note que eles são ortogonais e que correspondem a estados

de polarização linear. Deseja-se obter uma expressão para A a partir dos autovetores e de

seus autovalores associados. Isso pode ser trivialmente obtido através da diagonalização

de A:

A = P−1 ·D · P (2.87)

Onde a matriz P é a matriz mudança de base da base canônica (no caso, os vetores H e

V ) para a base dos autovetores, dada por:

P =

[x0 −y0

y0 x0

]Como a base de autovetores escolhida é ortonormal, signi�ca que a matriz P é uma

matriz ortogonal, o que facilita bastante as contas, já que:

P−1 = P T =

[x0 y0

−y0 x0

]A matriz D, por sua vez, é a matriz A em sua forma diagonal, isto é:

D =

[λu 00 λv

]Resolvendo a equação (2.87), com o auxílio das matrizes acima (P , P−1 eD), encontramos:

A =

[λux

20 + λvy

20 (λu − λv)x0y0

(λu − λv)x0y0 λuy20 + λvx

20

]Lembrando que os autovetores são normalizados, ou seja, x2

0 + y20 = 1.

A matriz encontrada é uma representação genérica de um dispositivo ou meio que apre-

sente birrefringência linear. Observe que, no caso do dispositivo não apresentar ganhos ou

perdas, os autovalores de possuirão norma 1 e a matriz A representará um operador uni-

tário. Surpreendentemente, muitos dispositivos ópticos são representados por operadores

unitários. A seguir serão estudados alguns deles em detalhes.

Page 41: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

30

As matrizes de Jones de diversos dispositivos ópticos podem ser representadas utili-

zando a matriz A,descrita acima. O exemplo mais simples é o do polarizador linear, que

possui autovalores λu = 1 (associado ao eixo de transmissão) e λv = 0 (associado ao eixo

ortogonal). Supondo que o eixo de transmissão forma um ângulo θ com o eixo horizontal,

tem-se que:

|u〉 =

[x0

y0

]=

[cos θsin θ

]Utilizando a matriz A, teremos como a matriz do polarizador:

A =

[cos2 θ sin θ cos θ

sin θ cos θ sin2 θ

]Obviamente, devido à presença de um autovalor nulo, o polarizador não pode ser

representado por um operador unitário. Considere agora uma lâmina birrefringente com

anisotropia linear, na qual os auto-estados correspondem às direções que formam um

ângulo θ com os eixos x e y, conforme a matriz u acima.

Seja φ a defasagem introduzida entre as duas componentes, de forma que: λu = eiφ2

e λv = e−iφ2 . Observe que os autovetores possuem módulo igual a 1. Substituindo λu,

λv e os valores de x0 e y0, presentes na matriz u, na matriz A. E, utilizando algumas

identidades trigonométricas, teremos:

A =

[cos(φ

2) + i cos(2θ) sin(φ

2) i sin(2θ) sin(φ

2)

i sin(2θ) sin(φ2) cos(φ

2)− i cos(2θ) sin(φ

2)

]Note que essa matriz, diferentemente da matriz de um polarizador, representa um

operador unitário. Quando os auto-estados são as polarizações nas direções dos eixos x e

y, a matriz A se reduz a:

A =

[eiφ2 0

0 e−iφ2

]

Essa transformação pode ser interpretada geometricamente se sua representação na

esfera de Poincaré for utilizada. Para isso, considere um estado de polarização genérico

na entrada do dispositivo, da forma:

|ψin〉 =

[cosχ

sinχeiδ

]O estado de polarização na saída da lâmina birrefringente será dada equação (2.83),

Page 42: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

31

de maneira que teremos:

|ψout〉 =

[eiφ2 0

0 e−iφ2

].

[cosχ

sinχeiδ

]=

[cosχ · e iφ2

sinχeiδ · e−iφ2

]

Multiplicando a matriz acima por eiφ2 , a �m de torná-la familiar, teremos:

|ψout〉 =

[cosχ

sinχ · ei(δ−φ)

]Na representação de Poincaré, esse estado de polarização corresponde ao ponto da

esfera dado por:

|ψout〉 =

[cos 2χ

sin 2χ cos(φ− δ)sin 2χ sin(φ− δ)

]

Observando a Figura 13 e a matriz |ψout〉 acima, percebemos que a matriz A, repre-

senta uma transformação de rotação de um ângulo φ em torno do eixo S1. Portanto,

podemos generalizar para uma transformação genérica qualquer, a partir da matriz A: a

transformação de polarização efetuada por uma lâmina birrefringente pode ser interpre-

tada geometricamente como uma rotação em torno do eixo que representa os auto-estados

na esfera de Poincaré. É importante entender que auto-estados ortogonais são represen-

tados em um mesmo eixo na esfera, já que são diametralmente opostos.

Contudo, a matriz A pode ser entendida como uma transformação genérica que pode

representar diversos dispositivos, como lâminas de meia onda (φ = π) e lâminas de quarto

de onda (φ = π2), que serão bastante utilizada neste trabalho. No caso de uma lâmina de

meia onda e uma lâmina de quarto de onda, de auto-estados alinhados aos eixos x e y, as

transformação poderiam ser representadas, respectivamente,por:

Aλ/2 =

[i 00 −i

]

Aλ/4 =

[1 00 i

]As matrizes Aλ/2 e Aλ/4 serão revisitadas nos procedimentos experimentais.

A �m de exempli�car a representação das transforções na Esfera de Poincaré, podemos

considerar o caminho ABCA, indicado na �gura abaixo.

Page 43: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

32

Figura 15: Conjunto de Transformações de Estados de Polarização representado na Esferade Poincaré.

Esse caminho pode ser dividido da seguinte maneira: AB, BC e CA. De modo, que

podemos representar algebricamente esse conjunto de transformações por: TABCA = TCA ·TBC · TAB.

Cada transformação T , irá indicar o deslocamento de um Estado de Polarização para

outro, ao longo da Esfera. A transformação TAB representa a saída de um Estado de

Polarização circular à esquerda (PCE) para um Estado de Polarização linear −45(L-45).

No caso da transformação TBC , saímos do Estado L-45 para um Estado de Polarização

linear qualquer, indicado pelo ponto C, na �gura. Já, a transformação TCA irá deslocar

do Estado de Polarização em C para o Estado de Polarização linear −45(L-45), fechando

a transformação TABCA.

Podemos, matricialmente, escrever cada transformação descrita acima. Porém, é ne-

cessário relembrar que as matrizes Aλ/2 e Aλ/4 escritas anteriormente,representam as

lâminas de meia onda e lâminas de quarto de onda quando estão com seus eixos rápi-

dos alinhados horizontalmente. Portanto, devemos escrever as matrizes dos dispositivos

quando estiverem com seus respectivos eixos rápidos formando um ângulo θ com a ho-

rizontal. Para tal, usaremos a seguinte notação: A(φ, θ) [10]. Logo, a equação (2.83),

pode ser reescrita da seguinte forma:

|ψout〉 = A(φ, θ) · |ψin〉 (2.88)

Page 44: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

33

Matricialmente, teremos:

A(φ, θ) =

[cosθ sinθ−sinθ cosθ

].

[eiφ2 0

0 e−iφ2

].

[cosθ −sinθsinθ cosθ

]Com isso, podemos descrever cada transformação no caminho AB, BC e CA, matri-

cialmente.

A transformação TAB pode ser obtida utilizando uma lâmina de quarto de onda com

seu eixo rápido na horizontal, e teremos:

|ψout〉 =

[1 00 i

].

1√2

[1i

]=

1√2

[1−1

]A próxima transformação TBC , é realizada com uma lâmina de meio onda, rotacionada

de um ângulo θ qualquer, em relação ao seu eixo rápido. Esta transformação, em termos

matriciais �ca:

|ψout〉 =

[cosθ sinθ−sinθ cosθ

].

[i 00 −i

].

[cosθ −sinθsinθ cosθ

].

1√2

[1−1

]

E, �nalmente, a última transformação TCA. Como a lâmina de quarto de onda trans-

forma um estado de polarização linear em circurlar e vice-versa, esta transformação do

ponto C para o ponto A será:

|ψout〉 =

[cosθ sinθ−sinθ cosθ

].

[1 00 i

].

[cosθ −sinθsinθ cosθ

].|ψout〉C =

1√2

[1i

]

Assim, encerramos a fundamentação teórica que norteará essa trabalho. Veremos,

nos próximos capítulos, a parte experimental do trabalho, que terá como base princial a

representação dos Estados de Polarização na Esfera de Poincaré.

Page 45: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

34

3 Caracterização experimental da

polarização de um feixe laser

Como visto anteriormente, o Estado de Polarização da luz é completamente deter-

minado pelos Parâmetros de Stokes [8], que consite num conjunto de três pontos

(p1, p2, p3) associados as intensidades da luz, que por sua vez, são quantidades físicas

mensuaráveis. Vimos também,que a representação geométrica do Estado de Polarização

se dá através da chamada Esfera de Poincaré. Portanto, neste presente capítulo, iremos

propor um método alternativo para a caracterização da polarização de um feixe laser. Na

sequência, determinaremos dos Parâmentos de Stokes e os representaremos na Esfera de

Poincaré.

3.1 Arranjo experimental

Uma das maneiras de se obter a caracterização da polarização de um feixe de luz, e

seus respectivos Parâmetros de Stokes , ocorre através da medida da intensidade da luz

polarizada. Para isso, propomos um aparato de produção de feixes lasers com controle de

polarização. E, um conjunto de três simples aparatos experimentais para determinação

dos referidos Parâmetros de Stokes .

O esquema ilustrado na Figura 16 representa o dispositivo que construímos para

produção de feixes laser com polarização arbitrária.

Inicialmente, conforme ilustrado na região tracejada da Figura 16, foi realizada uma

etapa de preparação do feixe a ser estudado. A �m de atenuar a intensidade do feixe laser,

foi utilizado uma lâmina de meia onda, �xada num suporte giratório, com ajuste preciso

de ângulo, um DFP e um �ltro neutro atenuador. Na sequência, tendo em vista que, o

DFP transmite um feixe laser com polarização linear horizontal, de acordo com o plano

da mesa óptica, podemos adicionar uma segunda lâmina de onda λ, também �xada em

um suporte de rotação, para produzir um estado genérico de polarização a ser medido e

Page 46: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

35

caracterizado de acordo com os Parâmetros de Stokes .

Figura 16: Etapa de preparação do feixe.

Para otimizar espaço e não ser repetitivo, chamaremos a região demarcada da �gura

acima de ETAPA 1.

A intensidade do laser após a ETAPA 1 foi medida por de um fotodiodo (detector),

onde se obteve o valor de 126, 90 nW . Na sequência, de acordo com nosso estudo de

transformações dos Estados de Polarização, seção (2.2.5), posicionamos a λ@θ = λ2@θ =

00,+450,+22, 50 e −22, 50, de forma a produzirmos os estados de polarização |H〉, |V 〉,|+ 450〉,| − 450〉, respectivamente. Substituímos a λ

2@θ por λ

4@θ = +450 e −450 de forma

a produzirmos os estados |D〉 e |E〉.

A proposta desse trabalho é apresentar um método alternativo para a caracterização

dos Estados de Polarização. Para isso, foi feita a substituição do detector por uma câmera

com dispositivo de carga acoplada (CCD), conforme a �gura abaixo. O plano será obter os

Parâmetros de Stokes p1, p2 e p3, a partir da análise de imagens obtidas pela câmera.

A equivalência entre o dectetor e a câmera CCD será discutida na próxima seção.

O feixe após λ2@θ, com os diversos θ's, é enviado aos três arranjos, ilustrados na

Figura 18, um de cada vez, de forma a determinarmos os valores de p1, p2 e p3.

Em especial, no caso ideal, se o feixe de entrada for linearmente polarizado na direção

|H〉 (|V 〉), os detectores fornecem

p1 =IDet1 − IDet2IDet1 + IDet2

= 1(−1) (3.1)

p2 = 0 (3.2)

p3 = 0 (3.3)

pois no arranjo 1, o DFP seleciona integralmente o feixe de acordo com sua polarização,

Page 47: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

36

Figura 17: Esquema para caracterização do Estado de Polarização utilizando a câmneraCCD.

Figura 18: Deteccção dos parâmetros p1, p2 e p3.

fazendo a luz ser detectada em sua totalidade pelo Detector1 (Detector2), se θ = 00

(θ = 450). O mesmo feixe nos arranjos 2 e 3 são integralmente divididos pelos DFP´s,

produzindo p2 = p3 = 0.

Page 48: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

37

Analogamente, se λ2@θ = ±22, 50, o feixe tem polarização linear a (| ± 450〉 é igual-mente dividido nos DFP´s nos arranjos 1 e 3, produzindo p1 = p3 = 0 e p2 =0.

Em resumo:

λ2 = λ2@θ =00 ⇒ p1 = 1; p2 = p3 = 0

450 ⇒ p1 = −1; p2 = p3 = 0(3.4)

λ2 = λ2@θ =+22, 50 ⇒ p2 = 1; p1 = p3 = 0

−22, 50 ⇒ p2 = −1; p1 = p3 = 0(3.5)

λ2 = λ2@θ =450 ⇒ p3 = 1; p1 = p2 = 0

−450 ⇒ p3 = −1; p1 = p2 = 0(3.6)

O mesmo aparato experimental foi utilizado para a caracterização dos demais Estados

de Polarização, com as diversas λ2. Os resustados serão apresentados na próxima seção.

3.2 Análise dos Dados

Nesta seção iremos abordar o método utilizado para a caracterização dos Estados de

Polarização e os dados obtidos.

Primeiramente, foi necessário encontrar uma equivalência entre o detector e a câmera

CCD. Para tal, foi produzido o Estado de Polarização horizontal, a partir do esquema

da Figura 18. E assim, foram medidas as intensidades da luz, variando o ângulo da λ2

na ETAPA 1. Alternamos o detector, que nos retornava uma valor de intensidade, de

maneira direta, com a câmera DCA, que por sua vez, capturava a cada variação de ângulo

da lâmina uma imagem. Com o auxílio de um software de análise de imagens chamado

ImageJ, obtivemos as intesidades da luz polarizada através de uma rotina de integração

de imagens, disponível no software.

Em tal rotina, o ImageJ associa cada cor de cada pixel da imagem a um número,

que vai de zero, correnpondendo ao preto, até 256, que corresponde ao branco. Assim,

cada imagem (preto e branco) pode ser entendida como uma matriz onde cada elemento

representa um pixel, cujo valor varia de 0 a 256.

No software tudo é feito de forma intuitiva e simpli�cada, bastando apenas o usuário

selecionar na imagem a região de integração por meio de um retângulo ajustável e um

único comando (Ctrl + M). A Figura 20 mostra a imagem da tela do computador com

o ImageJ aberto, no momento da análise de uma imagem com a fotogra�a de um feixe

Page 49: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

38

guaussiano a ser analisado.

Figura 19: (a)Imagem do feixe aberta no software com a área seleciona. (b)Seleção doguia Analyse para obtenção das medidas calculadas pelo software.

Ao selecionar a opção (Ctrl + M), obtivemos uma série de medidas dispostas numa

tabela fornecida pelo programa.

As medidas fornecidas pelo programa podem ser ajustadas. Para isso, basta selecionar,

na mesma guia Analyse, a opção Set Measurents . As medidas selecionadas aparecerão

numa tabela, como dito anteriormente.

Figura 20: (a)Tabela das medidas forneceidas pelo programa. (b)As posíveis medidas aserem realizadas pelo programa.

Como nossa proposta é obter um valor para a intensidade da luz polarizada, a medida

que estaremos interessados é a Integrated density . Essa medida nos fornece a soma

dos valores do pixels na área selecionada (RawIntDen), assim como o produto da área

seleciona pelo valor de cinza (IntDen). Serão os valores fornecidos por esse medida, que

nos ajudarão a fazer a equivalência entre o detector e a câmera CCD.

Page 50: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

39

Para estabelecermos essa equivalência, foi coletado uma série de valores através do

detector, variando o ângulo da lâmina λ2de 4º em 4º na Figura 18. E, em seguida

registrada a imagem de um dos feixe projetado num anteparo pela câmera CCD.

O valor fornecido pelo detector está associado a intensidade detectada do feixe. Já,

o valor fornecido pela câmera CCD estará associado a medida feita pelo software, como

descrevemos anteriormente. Ao todo, foram obtidos 23 valores registrados com o detector

e 23 imagens registradas com a câmera. Abaixo, encontra-se a tabela com as intensidades

fornecidades por cada instrumento de medida.

λteorico λreal Idetector(nW ) ICCD

00 3380 126,90 49447640 3420 121,68 46684280 3460 111,42 479036120 3500 101,48 423516160 3540 84,86 376318200 3580 70,71 318891240 20 50,75 227790280 60 35,30 153379320 100 23,89 95033360 140 12,67 41665400 180 6,82 12528420 200 6,52 4156460 240 6,20 9458500 280 11,10 35016540 320 20,56 81595580 360 34,68 148746620 400 48,75 214976660 440 66,72 291270700 480 84,65 365166740 520 97,46 418717780 560 108,95 435406820 600 119,98 454896860 640 126,34 468727900 680 126,93 513434

Tabela 1: Valores de Intensidades obtidos com detector e a câmera CCD.

No caso dos valores registrados pela câmera CCD, foi descontado a intensidade de

fundo (Ifundo), proveniente de fontes externas. O mesmo procedimento, anteriomente

mencionado, foi realizado para determinar a intensidade de fundo. A tabela abaixo indica

os valores de intensidade de fundo (Ifundo), intesidade real (Ireal) e intensidades resultante

(ICCD).

Page 51: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

40

λteorico Ireal Ifundo ICCD

00 524747 30271 49447640 497084 30242 46684280 512342 33306 479036120 456856 33340 423516160 412802 36484 376318200 354757 35866 318891240 265224 37434 227790280 193136 39757 153379320 135776 40743 95033360 82856 41191 41665400 56074 43546 12528420 46979 42823 4156460 54163 44705 9458500 78628 43612 35016540 121666 40071 81595580 189141 40395 148746620 254351 39375 214976660 325644 34374 291270700 399537 34371 365166740 452079 33362 418717780 469062 33656 435406820 484900 30004 454896860 498993 30266 468727900 546158 32724 513434

Tabela 2: Valores de Intensidades obtidos com a câmera CCD.

Utilizando a tabela (1), �zemos o grá�co ICCD × Idetector que nos mostra o compor-

tamento linear entre a câmera CCD e o detector, para feixes até 80 nW ,con�rmando a

equivalência entre ambos instrumentos utilizados para inferir a intensidade da luz polari-

zada, para baixa intensidade.

A �m de reforçar essa equilavência, também, a partir da tabela (1) foram plotados dois

grá�co, que apresentam o comportamentos semelhantes, entre as respectivas intensidade

e o ângulo da lâmina de meia onda.

Diante dos grá�cos apresentados nas Figuras 21 e 22, �ca clara a correspondência

entre o detector e a câmera CCD. Portanto, o procedimento utilizado para determinação

das intensidades da luz polarizada, através da análise da imagens pelo programa ImageJ é

válido para o regime de baixas intensidades, no caso da CCD utilizada, intensidade menor

que 100 nW .

Page 52: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

41

Figura 21: Grá�co ICCD × Idetector: comportamento linear entre a CDD e o detector.

Figura 22: (a) e (b): comportamento entre a intesidade da luz polarizada e o ângulo dalâmina λ

2.

Com isso, podemos continuar com a nossa proposta experimental, e, a partir de agora,

utilizar apenas a câmera CCD, como descrito pela Figura 17.

Após essa etapa de calibração, retomamos a montagem da Figura 16, de forma a

produzirmos alguns estados de polarização conhecidos, para posterior caracterização via

os aparatos da Figura 18. A Figura 24 ilustra o experimento utilizado para determinação

do Parâmentros de Stokes em sua totalidade.

Inicialmente, o feixe de luz, proveniente do laser, passa pela etapa de atenuação con-

forme a Figura 16. Na sequência, o feixe passa pela λ2 que pode ser ajustada para

produzirmos um feixe de luz com a polarização desejada. Em seguida, o feixe é intro-

duzido em Dp1, Dp2, Dp3 para medidas das intensidades, conforme o procedimento de

ajuste da câmera CCD como detector, apresentado anteriormente.

Os Parâmetros de Stokes, dados pelas equações (3.7),(3.8) e (3.9), foram calculados

com os valores de intensidade obtidos. As tabelas 3 à 8, dispôem os resultados experi-

Page 53: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

42

mentais dessas medidas e os Parâmetros de Stokes.

Produzimos os Estados de Polarização e capturamos os respectivos feixes projeta-

dos num anteparo diante da câmera CCD, e assim, analisamos a imagem pelo software.

A �gura abaixo mostra a análise de um Estado de Polarização produzido a partir dos

esquemas anteriormente mencionados.

Figura 23: (a) Feixes do Estado de Polarização Linear | + 450〉 para determinação doparâmetro p1. (b) Medidas fornecidas pelo software para os feixes projetados

Para a determinação dos Parâmetros de Stokes (p1, p2,p3), recorremos as seguintes

equações [9]:

p1 =I00 − I900

I00 − I900(3.7)

p2 =I450 − I1350

I450 − I1350(3.8)

p3 =ICD − ICEICD − ICE

(3.9)

A tabela (9) dispõe um resumo dos valores dos Parâmetros de Stokes teóricos e ex-

perimentais. Esses dados foram plotados em um grá�co via software Mathematica com

uma esfera de raio unitário que representa a Esfera de Poincaré.

Na Figura 25 ilustramos a Esfera de Poincaré com valores teóricos. Na Figura 26

ilustramos a Esfera de Poincaré com os valores dos Parâmetros de Stokes determina-

Page 54: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

43

Figura 24: Arranjo experimental para detecção dos Parâmetros de Stokes.

Entrada Ifundo Itransmitidoreal Irefletidoreal Itransmitido Irefletido|00〉 176089 1339892 177229 1163803 1140|900〉 168619 150150 1378674 18469 1210055|450〉 175815 723488 802512 547673 626697|1350〉 175917 794963 727074 619046 551157|D〉 242650 879777 805926 637127 563276|E〉 171789 786937 736208 615148 564419|Arb〉. 178204 276847 1276358 98643 1098154

Tabela 3: Valores intensidades medidas na produção dos Estados de Polarização horizontal(0º) e vertical (90º).

p1 p2 p3 p21 + p2

2 + p23

0,998042823 -0,067290547 0,061521839 1,00440243-0,969933025 0,058014721 0,043006459 0,945985337

Tabela 4: Parâmentros de Stokes calculados

Entrada Ifundo Itransmitidoreal Irefletidoreal Itransmitido Irefletido|00〉 176712 868367 636789 691655 460077|900〉 178078 750824 763077 572746 584999|450〉 177113 1261520 178348 1084407 1235|1350〉 165615 147764 1390086 17851 1224471|D〉 169422 695510 820561 526088 651139|E〉 173069 680602 837992 507533 664923|Arb.〉 164232 251863 213780 87631 49548

Tabela 5: Valores intensidades medidas na produção dos Estados de Polarização |+45〉(45)e | − 45〉(1350).

p1 p2 p3 p21 + p2

2 + p23

0,201069346 0,997724849 -0,106225053 1,047167517-0,010583505 -0,971261879 -0,134239579 0,961481913

Tabela 6: Parâmentros de Stokes calculados

dos pela técnica deste trabalho. Observamos uma boa concordância entre os resultados

teóricos e experimentais de forma que veri�camos a viabilidade técnica e promissora de

desenvolvimento deste procedimento para substituição de fotodiodos em experimentos de

ótica, em laboratórios de pesquisa cientí�ca, e também, em prádicas docentes nos cursos

Page 55: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

44

Entrada Ifundo Itransmitidoreal Irefletidoreal Itransmitido Irefletido|00〉 168972 738773 770793 569801 601821|900〉 174904 705633 813365 530729 638461|450〉 179047 675235 843749 496188 664702|1350〉 172315 788694 729601 616379 557286|D〉 171047 1392335 150647 1221288 20400|E〉 166884 184178 1266266 17294 1099382|Arb.〉 168640 181301 289679 12661 121039

Tabela 7: Valores intensidades medidas na produção dos Estados de Polarização Circulara Direita (|D〉) e Circular a Esquerda(|E〉).

p1 p2 p3 p21 + p2

2 + p23

-0,027329634 -0,145159317 0,967141504 0,957180825-0,092142423 0,05034912 -0,969025931 0,950036514

Tabela 8: Parâmentros de Stokes calculados

de física experimental básica.

Estado de Polarizao p1teorico p1exp. p2teorico p2exp. p3teorico p3exp.

|00〉 1 0,998042 0 -0,067290 0 0,061521|900〉 -1 -0,969933 0 0,058014 0 0,043006|450〉 0 0,201069 1 0,997724 0 -0,106225|1350〉 0 -0,010583 -1 -0,971261 0 -0,134239|D〉 0 -0,027329 0 -0,145159 1 0,967141|E〉 0 -0,092142 0 0,05034 -1 -0,969025

Tabela 9: Estados de Polarização e Parâmetros p1, p2, p3.

Figura 25: Esferas de Poncaré com Parâmetros Teórico (a) e Parâmetros Experimentais(b).

Page 56: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

45

4 Conclusões e Perpectivas

Neste trabalho de monogra�a apresentamos uma proposta alternativa para a carac-

terização experimental da polarização de um feixe laser. E assim, sendo possível, a deter-

minação dos Parâmetros de Stokes [8] e suas respectivas representações na conhecida

Esfera de Poincaré [9].

Fizemos um estudo teórico, que nos serviu de base para o desenvolvimento da técnica

proposta. Foi mostrado, também, que uma câmera CCD pode ser usada como detector

e assim medir intensidades de luz polarizada. Essa equivalência foi crucial para carac-

terização da polarização do feixe laser. Sem essa correspondência não seria possível a

determinação dos Parâmetros de Stokes [8] via análise de imagens.

Por �m, espera-se que este trabalho seja de serventia para futuros estudantes e mem-

bros do Laboratório de Ótica Quântica da UFF, que realizam muitos experimentos envol-

vendo detecção de feixes luminosos em seus diversos projetos de pesquisa. Por outro lado,

esse trabalho tem um viés acadêmico onde pode ser aprimorado e adequado de forma a

ser utilizado em disciplinas do curso de graduação em Física, e áreas a�ns, como comple-

mento às práticas experimentais. E, como perpectiva futura, sugerimos um estudo mais

detalhado a�m de determinarmos as incertezas experimentais por essa técnica. E, que a

técnica proposta seja aplicada aos modos transversos de propagação da luz. A represen-

tação geométrica para esse caso, ocorre como proposta por M.J. Padgett e J. Courtial [9],

na chamada Esfera dos modos, através de uma analogia entre os Estados de Polarização

e os feixes paraxiais de primeira ordem [12].

Figura 26: Esfera de Poincaré e Esfera dos modos.

Page 57: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

46

5 Apêndice

5.1 Demostrações das Equações 2.5 e 2.6

Considerando os campos representados pelas equações [3]

E(z, t) = E0ei(kz−ω.t) (5.1)

B(z, t) = B0ei(kz−ω.t) (5.2)

e a Lei de Faraday, dada por:

~∇× ~E = −∂~B

∂t(5.3)

De maneira que:

~∇× ~E =

(∂Ez∂y− ∂Ey

∂z

)x+

(∂Ex∂z− ∂Ez

∂x

)y +

(∂Ey∂x− ∂Ex

∂y

)z (5.4)

As parcelas(∂Ez∂y− ∂Ey

∂z

)x e

(∂Ey∂x− ∂Ex

∂y

)z são nulas. Assim como, o termo ∂Ez

∂x,

devidos suas derivadas em relação as componentes do campo. Portanto, a equação (5.4)

�ca reduzida a:

~∇× ~E =∂Ex∂z

y = E0ei(kz−ω.t)iky (5.5)

Como:∂ ~B

∂t= −B0iωe

i(kz−ω.t)y (5.6)

Com as equações (5.5) e (5.6), substituindo-as na Lei de Faraday (5.3), teremos:

Page 58: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

47

E0ei(kz−ω.t)iky = B0iωe

i(kz−ω.t)y (5.7)

E0ky = B0ωy (5.8)

Sendo : B0y = ~B0 e y = z × x

kE0(z × x) = ~B0ω (5.9)

~B0 =k

ω(z × E0x) (5.10)

Onde, �nalmente, chegamos a:

~B0 =k

ω(z × ~E0) (5.11)

completando nossa demostração referente a equação (2.5).

O mesmo, poderá ser feito, porém usando a notação senoidal para chegarmos a equa-

ção (2.6). Como segue abaixo.

~E(z, t) = E0 cos(kz − ωt+ δ)x (5.12)

~B(z, t) = B0 cos(kz − ωt+ δ)y (5.13)

Como:

~∇× ~E = −E0 sin(kz − ωt+ δ)ky (5.14)

e

∂ ~B

∂t= −B0 sin(kz − ωt+ δ)(−ω)y (5.15)

Substituindo as equações (5.14) e (5.15) na Lei de Faraday (5.3), teremos:

−E0 sin(kz − ωt+ δ)k = −B0 sin(kz − ωt+ δ)ω (5.16)

Page 59: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

48

Contudo, chegamos a equação (2.6)

B0 =k

ωE0 =

1

cE0 (5.17)

com k = ωc

5.2 Demonstração da Equação 2.51

Considere a equação geral das cônicas [4] , dada por:

Ax2 +By2 + Cxy +Dx+ Ey + F = 0 (5.18)

onde A,B,C,D,E, e F , são constantes quaisquer.

Uma cônica, quando rotacionada de um ângulo α, satifaz a seguinte equação:

tan(2α) =C

A−B(5.19)

A partir da equação (2.50),(EyE0y

)2

+

(ExE0x

)2

− 2ExE0x

EyE0y

cos(ε) = sin2(ε) (5.20)

e reescrendo-a, de maneira que

1

E20y

E2y +

1

E20x

E2x − 2

(1

E0x

)(1

E0y

)ExEy cos(ε) = sin2(ε) (5.21)

seja possível identi�car: A = 1E2

0y; B = 1

E20x

; C = −2(

1E0x

)(1E0y

)cos(ε) ; D = E = 0;

F = sin2(ε)

De modo a termos a seguinte equação cônica,

AE2y +BE2

x + CExEy + F = 0 (5.22)

Logo, substituindo as constantes identi�cadas acima, na equação (5.19), teremos:

tan(2α) =−2(

1E0x

)(1E0y

)cos(ε)

1E2

0y− 1

E20x

(5.23)

Page 60: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

49

tan(2α) =−2 cos(ε)

E0xE0y

E20xE

20y

E20y − E2

0x

(5.24)

tan(2α) =−2 cos(ε)E0xE0y

−(E2

0x − E20y

) (5.25)

Portanto, chegamos na equação (2.51), como queríamos demonstar.

tan(2α) =2E0xE0y cos(ε)

E20x − E2

0y

(5.26)

Page 61: Caracterização experimental dos Estados de Polalização da ...

50

Referências

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[2] Nussenzveig, Herch Moysés. Curso de Física básica. Vol. 3 - 1ª edição - São Paulo:Edgard Blucher, 1997.

[3] Gri�ths, David J. Introduction to Eletrodynamics - 3ª edição - New Jersey: PrenticeHall, 1999.

[4] Steinbrush, Alfredo; Winterle, Paulo. Álgebra Linear - 2ª edição - São Paulo: Pe-arson Makron Books, 1987.

[5] Yariv ,Ammon,Oxford University Press,4ª edição, EUA,1990.

[6] Iizuka, Keigo Elements of Photonics, Volume I: In Free Space and Special Me-dia,2002 John Wiley and Sons, Inc.

[7] BROSSEAU, C. Fundamentals of Polarized Light: A Statistical Optics Approach.New York: John Wiley and Sons, 1998, pp. 76-127.

[8] M.Born and E. Wolf, Principles of Optics, Pergamon, New York, 1980.

[9] M.J. Padgett and J. Courtial,OPTICS LETTERS/Vol.24,Nº7/ April 1, 1999.

[10] E. J. Galvez, P. R. Crawford, H. I. Sztul, M. J. Pysher, P. J. Haglin, and R.E.Williams,PHYSICAL REVIEW LETTER/Vol.90,Nº20/ May 23, 2003.

[11] Souza, Giancarlo Vilela de. Controle da polarização da luz em �bras ópticas mono-modo e aplicações, Tese de Doutorado PUC-Rio (2009)

[12] Souza, Carlos Eduardo Rodrigues de. Aplicações do Momento Angular Orbital daLuz à Computação e Informação Quântica, Tese de Doutorado IF UFF (2010)

[13] Santos, Bernardo Coutinho dos. Dinâmica dos Vórtices em Osciladores Paramétri-cos Óptico, Tese de Mestrado IF UFF (2004)