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FACULDADE DE CINCIAS UNIVERSIDADE DO PORTO
CAA AO TESOURO E PESQUISA NA WEB
UMA ACTIVIDADE EM ENSINO DA QUMICA PARA O 9o ANO
Raquel Cristina Pereira Costa Junho de 2006
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FACULDADE DE CINCIAS UNIVERSIDADE DO PORTO
CAA AO TESOURO E PESQUISA NA WEB
UMA ACTIVIDADE EM ENSINO DA QUMICA PARA O 9o ANO
Dissertao submetida Faculdade de Cincias do Porto Para a obteno do grau de Mestre em
Educao Multimdia
BIBLIOTECA j
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar os meus profundos agradecimentos a todos que, de uma forma ou de outra, contriburam para a realizao e concluso deste trabalho.
Agradeo em particular:
Ao Doutor Joo Paiva, orientador desta tese, por todo o apoio concedido, pelo estmulo e compreenso em todos os momentos e pelas sugestes, comentrios e correces que permitiram melhorar este trabalho.
A Dra. Amlia Pais, professora da Escola EB 2,3 Maria Alice Gouveia em Coimbra, que aplicou a actividade Caa ao Tesouro aos seus alunos de duas turmas, por toda a colaborao prestada e o empenho para que tudo corresse da melhor forma possvel.
A todos os professores que leccionaram a parte curricular deste mestrado, cujos ensinamentos me permitiram conduzir este trabalho.
Aos meus colegas de mestrado, por tudo o que aprendi com eles, pelo apoio, carinho e incentivo e, principalmente, pela amizade que sempre me fizeram sentir e que se mantm at hoje.
Ao Eng.. Ildio Martins pelo trabalho de programao da Caa ao Tesouro e de todo o material disponvel on-line
Aos alunos da Escola EB 2,3 Maria Alice Gouveia que participaram neste trabalho, por terem colaborado na actividade e respondido aos questionrios.
Aos meus pais e aos meus sogros pelo incentivo e apoio em todos os momentos.
Ao Miguel, o meu marido, que permaneceu sempre ao meu lado, incentivando, ajudando nas correces e, principalmente, tomando conta dos nossos filhos para que eu pudesse trabalhar.
A Teresa, Gustavo, Margarida e Mateus pela pacincia que tiveram nos momentos em que tiveram de abdicar da me e por terem sempre a palavra certa para me animarem e descontrarem.
A todos, muito obrigada.
Resumo
Neste trabalho tivemos como principal objectivo a avaliao do impacto da actividade "Caa ao Tesouro" na Web. Tratou-se de uma ferramenta de pesquisa na Web, usada no Ensino da Qumica, concretamente na aprendizagem dos contedos programticos do incio do captulo sobre a Constituio do Mundo Material, referente ao Programa de Qumica para o 9o Ano do Ensino Bsico em Portugal.
Partimos de um Mini-Estudo Piloto que nos deu as directrizes para a concepo de todo este trabalho.
Na elaborao da actividade Caa ao Tesouro tivemos por base metodologias de aprendizagem tendenciamente construtivistas, centradas no aluno e com o objectivo de promover a colaboratividade entre os participantes.
Crimos uma Caa ao Tesouro que foi disponibilizada on-line. Pedimos a colaborao de uma professora da escola EB 2,3 Dra. Maria Alice Gouveia de Coimbra, que aplicou a "Caa ao Tesouro" a duas turmas do 9o Ano, no ano lectivo 2004/2005, com diferentes antecedentes relativamente ao uso de computadores e Internet. Ao contrrio da turma E, os alunos da turma B tinham todos computador e Internet em casa.
Pedimos a alunos de licenciaturas em ensino da Qumica e da Fsica e alunos dos mestrados de Tecnologia Multimdia, Educao Multimdia e Ensino da Qumica da Faculdade de Cincias do Porto, no ano lectivo 2005/2006, que participassem num frum de discusso a respeito da Caa ao Tesouro, solicitando-lhes que comentassem livremente a actividade. Aos alunos do 9o ano que realizaram a actividade, pedimos que respondessem a um questionrio sobre a mesma.
Os resultados deste estudo revelam que a Caa ao Tesouro uma actividade que desenvolve a motivao para o estudo da qumica, promove competncias tcnicas de pesquisa e manipulao de informao a partir da Internet e estimula o gosto e o proveito da Internet como instrumento de aprendizagem.
Embora no fosse o objectivo deste estudo a comparao do desempenho das duas turmas que nele participaram, verificmos que a turma com menos acesso a computadores e Internet se empenhou de forma mais acentuada na actividade, revelando ndices de motivao maior e um desempenho melhor na realizao das tarefas propostas.
No final deste trabalho tramos alguns propsitos para o futuro e para o aperfeioamento desta actividade, bem como para a criao de actividades semelhantes para a abordagem de outros temas na rea da qumica nos diversos nveis de ensino.
Abstract
This research work had, as main aim, the evaluation of the impact caused by Treasure Hunt game in the Web. It is a Web search tool, used in Chemistry teaching, especially for learning the contents included in the beginning of the chapter about Exploring the Material World, concerning Chemistry curriculum for the 9th form of Basic Education in Portugal.
We set out from a Mini Pilot Research which gave us the guide lines for the conception of this work.
As a support for working up of Treasure Hunt tasks we had mainly constructivist learning methodologies, focused in the student and with the porpoise of promoting collaboration among participants.
We created a Treasure Hunt available on-line. We asked for the collaboration of a teacher from the EB 2,3 Dra. Maria Alive Gouveia School in Coimbra. She applied Treasure Hunt, during 2004/05 scholar year, in two different 9th form classes with very different backgrounds concerning to previous use of computers and Internet. Unlike Class E, all students from Class B had computers and Internet at home.
We asked the undergraduate students of Chemistry and Physics (educational area) and students from Multimedia Technology and Multimedia Education Masters and of Chemistry Teaching Master, from the Faculty of Sciences in Porto, during 2005/2006 scholar year, to participate in a forum about Treasure Hunt, and we asked them to freely state their opinion about this activity. 9th form students, that played Treasure Hunt, were asked to answer a questionnaire about it.
Results showed that Treasure Hunt is an activity that helps developing motivation for Chemistry learning, promotes abilities in searching techniques and manipulation of information in Internet, as well as stimulates the interest and profit for Internet as a learning tool.
Although it was not the aim of this study to compare both classes, we stated that, pupils from the class with less access to computers and Internet engaged themselves deeply, showing greater motivation and better performance rates in accomplishing the proposed tasks.
In the end of this study we outlined some intentions for the future and for improving this task as well as for the conception of similar activities for approaching other topics in Chemistry in different teaching levels.
INDICE
f AC1J1.HADF. m. CINCIAS M HI ("* P
NDICE
Agradecimentos 1
1 Introduo 7
1.1 Clarificao do problema 7
1.2 Hipteses de trabalho 11
2. Enquadramento Terico 14
2.1 T I C - Escola- Cincia - Sociedade 14
2.2 Construtivismo 20
2.3 Processo de aprendizagem de Taylor 22
2.3.1 Processo de aprendizagem de Taylor neste trabalho 24
2.4 Pesquisa orientada na Web 25
2.4.1 O caso particular das WebQuests 27
2.4.2 Outras experincias tipo "Caa ao Tesouro" na Web 27
2.4.3 Geradores de caas ao tesouro 37
2.5 Algumas notas sobre metodologias de investigao em educao 39
2.5.1 Estudo de caso 41
3 Descrio do portal Mocho e da actividade "Caa ao Tesouro" - Uma Actividade
Orientada para a Pesquisa na WEB 44
3.1 Descrio Sumria do Ambiente Virtual da "Caa ao Tesouro": o Portal
"Mocho" 44
3.2 Descrio da Rubrica "Caa ao Tesouro" - Uma Actividade Orientada para a
Pesquisa na WEB 46
3.2.1 Metodologia da Investigao e Principais Dificuldades 48
3.2.2 Notas Finais do Mini-Estudo Piloto 49
4 Estudo de Campo 52
4.1 Descrio da "Caa ao Tesouro" 52
4.2 Descrio pormenorizada do estudo 58
4.3 Caracterizao das turmas 58
4.4 Recolha de impacto da actividade 59
4.4.1 Os questionrios - alguns dados qualitativos 59
4.4.2 Trabalho final realizado pelos alunos no mbito da "Caa ao Tesouro" 63
Mestrado em Educao Multimdia A
f'ACljUIADfi RR ONHAS M H I P P
4.4.3 Fruns de discusso em ambiente de e-learning tendo a "Caa ao
Tesouro" como tema 63
4.5 Concluses do estudo 71
4.5.1 Anlise das respostas aos questionrios 71
4.5.2 Anlise das participaes nos fruns 73
5.1 Retomando as hipteses 79
5.2 Propsitos para futuro 80
Bibliografia 84
ANEXO 1 91
ANEXO II 97
ANEXO lll-A 99
ANEXO lll-B 101
ANEXO lll-C 126
ANEXO IV 134
ANEXO V - A 140
ANEXO V - B 152
ANEXO VI 162
Mestrado em Educao Multimdia
f INTRODUO
Mestrado em Educao Muitimdia
f'AQiUMDF. ORClfiWIAS INTRODUO
1 Introduo
1.1 Clarificao do problema
A l/l/EB1 uma enorme biblioteca de recursos que no podem deixar de ser
utilizados nos contextos de aprendizagem pelos motivos que enunciamos a seguir:
Estes recursos esto acessveis maior parte da comunidade escolar em
pases como Portugal, quer atravs de ligaes de Internet em casa quer
atravs de ligaes nas escolas que tm vindo a aumentar e melhorar os
recursos a este nvel;
A informao pode ser recolhida, na maioria dos casos, de forma gratuita;
Mesmo que o professor no se envolva no processo, os alunos recorrem
WEB para recolher a informao de que necessitam;
Embora no as substituindo, uma boa alternativa s enciclopdias, que
so caras e pouco acessveis a uma boa parte da populao estudantil;
A informao pode ser recolhida de forma rpida, poupando tempo a
alunos e professores;
A quantidade de informao disponvel muito grande, mesmo na nossa
lngua materna.
Mas, apesar de todos os motivos apresentados que tornam o uso da Internet uma
fonte de informao incontornvel, correm-se diversos riscos que necessrio
acautelar:
Palavra que em portugus significa teia e que usada como abreviatura para " World Wide Web" (www) e que significa literalmente "teia do tamanho do mundo" ou, como alguns a definem, "Teia Mundial de Informao"
Mestrado em Educao Multimdia n
0m
fAti.iI.LWDF. DF. CINCIAS INTRODUO
No h qualquer controlo da informao que disponibilizada na grande
teia. Qualquer pessoa, com maior ou menor rigor cientfico, pode colocar a
quantidade de informao que desejar neste enorme depsito.
Embora existam portais que funcionam como repositrios de informao
fidedigna, que servem de filtro a toda a quantidade de "lixo" que vai
aparecendo, os alunos podem no ter conhecimento da sua existncia ou
ignorarem-nos, por no reconhecerem a sua importncia.
Os alunos podem ter tendncia a recolher a informao velocidade da
prpria rede, sem critrio e sem aprenderem a registar o que recolhem,
saltando de informao em informao, de facto em facto, sem nada
apreenderem, sem qualquer paragem que permita mente absorver
alguma parte da informao que vai surgindo.
Quem recolhe a informao pode esquecer-se do respeito pelos direitos
de autor. Por ser to fcil recolher a informao de forma gratuita, o
utilizador da WEB corre o risco de no se lembrar de indicar a fonte da
sua informao.
Como referido atrs, mesmo que no haja qualquer incentivo ou interveno da
parte do professor inevitvel o uso da Internet pelos alunos. Est acessvel em casa,
na escola, na casa do colega, etc. extremamente fcil recolher a informao fazendo
um copy/paste de qualquer site e nem necessrio saber que livro consultar para
encontrar a informao.
Como ajudar, ento, os nossos alunos neste processo? Como evitar que corram
os riscos e que caiam nos erros atrs descritos?
Com a quantidade de informao que cresce de forma exponencial na Internet
todos os dias, como evitar que se percam e fiquem enredados na teia (WEB)?
No quadro 1 apresentamos uma listagem do nmero de respostas que obtemos
se fizermos uma pesquisa na Internet pela palavra "qumica", utilizando alguns dos
principais motores de busca.
Mestrado em Educao Multimdia
http://fAti.iI.LWDF
c fACUl.UArj: [)1- (..-ItNf.iAi INTRODUO
Motor de busca Nmero de resultados
Google 41.600.000
Sapo (resultados s em Portugal) 220
Sapo (resultados no mundo) 4.430.000
Yahoo 6.970.000
Yahoo Brasil 6.660.000
AltaVista 681.554
Tumba 78.044
MSN search 604.867
Lycos 3.020
Quadro 1: Pesquisa efectuada para a palavra "qumica" em alguns dos principais motores de busca portugueses e estrangeiros (pesquisa feita no dia 19 de Junho de 2006).
Atravs da observao do quadro podemos ver como fcil para grande parte
dos nossos alunos, principalmente do ensino bsico, perderem-se na quantidade de
links que lhes so apresentados. Como ajud-los a encontrar o que procuram?
Este problema foi-se tornando evidente assim que a WEB se tornou na
gigantesca teia que hoje. Para contorn-lo foram surgindo ideias de como ajudar os
alunos na pesquisa de informao na Internet. Uma das quais foi a WebQuest, proposta
por Bernard Dodge da San Diego State University, em 1995 (Dodge, 2006), que
descrevemos, mais frente, no ponto 2.4.1.
Outro dos instrumentos utilizados neste contexto a "Caa ao Tesouro", cujo
autor se desconhece, mas que se baseia em conceitos semelhantes aos que esto na
base das WebQuest. Tem, no entanto, uma durao mais curta e passvel de ser
utilizada numa s aula ou, quando muito, em 2 ou 3 aulas.
Surgem entretanto outras questes. Como elaborar e utilizar estas ferramentas?
So elas, de facto, teis para os nossos propsitos? Como utiliz-las em contexto de
sala de aula e fora dela? Haver obstculos sua utilizao?
Afigura-se-nos necessrio um estudo sobre esta matria numa altura em que as
Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC) fazem j parte do processo de
ensino/aprendizagem de qualquer curriculum e em que urge criar alternativas para o
ensino das cincias. Alternativas essas que ajudem a pensar e que promovam uma
aprendizagem significativa e medida de cada aprendente.
Mestrado em Educao Multimdia
FACULDADE Ofi CINCIAS INTRODUO
Escolhemos a Caa ao Tesouro como o instrumento de ensino/aprendizagem a
testar neste trabalho. Em primeiro lugar, porque nos pareceu ser uma metodologia
capaz de responder s necessidades apontadas atrs; em segundo lugar, porque no
encontramos nenhum estudo sobre esta matria e pareceu-nos necessrio avaliar a
importncia deste instrumento do ponto de vista do ensino/aprendizagem das cincias,
concretamente da qumica, no contexto actual da utilizao das TIC neste processo.
Realizamos um Mini-Estudo Piloto que nos deu as directrizes para o trabalho que
nos propusemos empreender e a formular as hipteses condutoras e balizadoras deste
estudo.
Escolhemos uma metodologia de investigao do tipo "Estudo de Caso" que nos
pareceu ser a mais indicada para o trabalho que nos propusemos conduzir.
Organizmos o presente trabalho da seguinte forma:
Captulo 2 - Enquadramento terico.
Neste captulo analisamos alguns aspectos relativamente utilizao das TIC no
processo educativo.
Examinamos os mtodos de ensino luz do novo paradigma da cincia.
Enumeramos algumas das novas competncias que necessrio adquirir para
viver na sociedade actual e na sociedade do futuro.
Contextualizamos a actividade Caa ao Tesouro no mbito de uma metodologia
construtivista, concretamente utilizando o processo de aprendizagem definido por Taylor
(1987).
Fazemos uma anlise da importncia da pesquisa orientada na WEB
particularizando o caso das WebQuests.
Apresentamos um levantamento de outras actividades do tipo Caa ao Tesouro
presentes na WEB e de alguns geradores de caas ao tesouro disponveis, tambm, na
Internet.
Apresentamos, depois, algumas notas sobre metodologias de investigao em
educao. Descrevemos, concretamente, a metodologia do tipo Estudo de Caso, que
usmos no presente trabalho.
Captulo 3 - Descrio do portal Mocho e da actividade Caa ao Tesouro - Uma
Actividade Orientada para a Pesquisa na WEB
Mestrado em Educao Multimdia i n
FAimOADl! Ofi.'lNl'IAS INTRODUO
Fazemos aqui a descrio do Mini-Estudo Piloto que nos orientou e motivou para
a realizao deste trabalho. Fazemos, tambm, a descrio do portal Mocho, que o
ambiente virtual onde est alojada a actividade Caa ao Tesouro.
Captulo 4 - Estudo de Campo
Neste captulo descrevemos o Estudo de Campo realizado, fazendo a
caracterizao da amostra, a descrio da Caa ao Tesouro que crimos para este
estudo e a recolha dos dados atravs de questionrios e da participao em frum de
alunos da Licenciaturas em Ensino da Qumica e da Fsica e dos Mestrados em
Tecnologia Multimdia e Educao Multimdia, da Faculdade de Cincias do Porto, no
ano lectivo 2004/2005.
Tiramos, tambm, neste captulo algumas concluses do estudo de campo
efectuado.
Captulo 5 - Notas finais
No Captulo 5 retomamos as hipteses analisando-as luz do estudo e tecemos
algumas consideraes finais, fazendo alguns propsitos para o futuro, e para o
aperfeioamento da Caa ao Tesouro.
1.2 Hipteses de trabalho
Para a investigao em causa delinemos quatro hipteses de trabalho fundamentais:
A. Aprende-se mais e/ou melhor sobre a Constituio do Mundo Material usando a
actividade Caa ao Tesouro.
B. Uma actividade como a "Caa ao Tesouro" desenvolve a motivao para o estudo da
qumica.
C. Estimula-se o gosto e tira-se o proveito da Internet como instrumento de
aprendizagem.
Mestrado em Educao Multimdia II
INTRODUO
D. A actividade Caa ao Tesouro promove competncias tcnicas de pesquisa e de
manipulao de informao a partir da Internet.
Esta tese est integramente disponvel on-line, incluindo os recursos digitais
associados, em http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/raquelc.
Mestrado em Educao Multimdia
http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/raquelc
2 - ENQUADRAMENTO TERICO
Mestrado em Educao Multimdia
f'.\OJU>:MJF. Rfi CINCIAS ENQUADRAMENTO TERICO
2. Enquadramento Terico
2.1 TIC - Escola - Cincia - Sociedade
Chamamos a ateno de que esta reviso de literatura necessariamente
simples e no aprofundada. A reflexo sobre o eixo TIC - Escola - Cincia - Sociedade
de enorme complexidade e a sua anlise exaustiva fugiria do mbito deste trabalho.
Tem-se vindo a verificar uma crescente diminuio de alunos no Ensino Superior
nos cursos de cincias e tecnologias to necessrios ao desenvolvimento do nosso
pas, da Europa e do mundo em geral. As cincias so tidas como "matrias difceis",
s quais necessrio fugir a todo o custo. Grande parte dos alunos chega ao Ensino
Superior com conhecimentos de Fsica, Qumica e Matemtica mais bsicos do que
seria de desejar, como se pode comprovar pelos resultados obtidos nos exames
nacionais de acesso ao Ensino Superior a estas disciplinas. Seguramente estaremos a
falhar na motivao dos nossos alunos para estas disciplinas e concerteza no lhes
estamos a dar os instrumentos adequados para construrem o conhecimento nestas
reas.
Muitas vezes usado o argumento de que as pessoas necessitam de uma
educao cientfica e tecnolgica para poderem lidar com o mundo tecnolgico quando
tiverem que viver e trabalhar em sociedade, mas este argumento pouco convincente e
fraco do ponto de vista da motivao. Na sociedade actual a educao cientfica no
tem grande peso na capacidade dos cidados utilizarem qualquer mquina de lavar,
computador, telemvel, leitor de DVD, etc. A sofisticao crescente destes artefactos
tecnolgicos simplificou de tal forma a sua utilizao que requer competncias mnimas
para o seu manuseamento. Todos estes aparelhos trazem sempre a indicao de que
apenas podem ser reparados por especialistas em caso de avaria, por isso nem a o
cidado comum chamado a intervir (Reis, 2006).
Pede-se a todos os alunos que frequentam as disciplinas de cincias que
tenham, no as competncias bsicas de recolha, anlise e interpretao de dados, de
trabalho em equipa e de comunicao, mas sim que aprendam um conjunto de factos
pr-determinado. Todos os alunos tm de dominar saberes apenas necessrios para
aqueles que desejam prosseguir estudos na rea das cincias. E, mesmo a esses, no
se do as competncias necessrias para aprenderem a investigar e no percurso alguns
perdem a motivao para prosseguirem a sua carreira nessa rea, quer por no terem
Mestrado em Educao Multimdia 14
f.U'lJl.U/HJfi DhUW.lAS ENQUADRAMENTO TERICO
adquirido as competncias necessrias quer pela forma como a cincia lhes
apresentada como algo fechado em si mesmo.
Em reas em constante mutao como so a cincia e a tecnologia, que evoluem
a um ritmo alucinante, o conhecimento no imutvel e aquilo que aceite como
verdadeiro s o at que algum prove o contrrio.
Aos alunos no passa despercebida esta evoluo do conhecimento cientfico e
tecnolgico, pois tm a noo exacta de que o que estudam hoje pode ser contestado
amanh. Para que possam viver na sociedade actual, os alunos tm de adquirir
competncias que os levem compreenso e integrao dos novos conhecimentos que
vm luz todos os dias. O ensino das cincias tem, pois, que se adaptar ao novo
paradigma cientfico (Pereira, 2006).
J quase no se pode falar de descobertas cientficas feitas por um cientista mas
sim por grupos de trabalho, muitos deles trabalhando, at, em diferentes pases. A
Cincia actual deixou de ter caractersticas elitistas, individualistas, dogmticas e
passou a ser bastante mais aberta, dependendo da colaborao de vrios grupos,
tornando-se mais complexa, controversa e subjectiva (Pereira, 2006).
J no chega ao cidado comum ter conhecimentos cientficos, necessria,
sim, uma literacia cientfica que lhe permita viver integrado numa sociedade cada vez
mais dependente da cincia e da tecnologia.
Pede-se a todos que tenham a competncia de se adaptar nova sociedade que
se altera todos os dias. J no possvel viver nesta sociedade sem o trabalho
colaborativo, sem a capacidade de empreendimento, sem a versatilidade para enfrentar
novos desafios que surgem diariamente e que esto invariavelmente ligados evoluo
cientfica e tecnolgica da sociedade.
Embora seja necessrio que os nossos alunos tenham acesso a alguns
contedos imprescindveis para poderem integrar todos os novos factos que lhes vo
chegando, h que ensin-los a contestar, a trabalhar em equipa, a serem flexveis nas
suas aprendizagens e descobertas.
No basta dot-los de curiosidade cientfica, h que os ajudar a procurar
respostas para as suas questes.
Para alm da Internet ser uma enorme biblioteca ao nosso dispor, como
referimos na Introduo deste trabalho, ela , tambm, um instrumento privilegiado de
colaboracionismo. A sua utilizao estimula a criatividade, promove a busca de novos
conhecimentos e permite a troea de experincias em tempo real.
Mestrado em Educao Multimdia 15
f-\n.;U)H)h DF. ( rtNHAS ENQUADRAMENTO TERICO
Os computadores j fazem parte da nossa realidade. No se compreende a
sociedade sem eles, no se imaginam as nossas escolas sem diversos destes
artefactos ao dispor de quem deles queira tirar partido.
Em dois estudos coordenados por Jacinta Paiva (Paiva, 2002; Paiva, 2003),
podemos ter uma percepo do uso dado ao computador e da Internet pelos
professores e pelos alunos das escolas de Portugal. Estes valores sero diferentes
dos valores actuais uma vez que em 3 ou 4 anos se deu uma evoluo positiva no
sentido da utilizao das TIC em contexto educativo.
No grfico 1 (a seguir), retirado do estudo efectuado junto dos professores
(Paiva, 2002), podemos verificar que grande parte da utilizao dada aos computadores
pelos professores para preparar aulas feita para a elaborao de fichas e testes, ou
seja, usado como processador de texto. H, no entanto, ainda uma percentagem algo
significativa que o utiliza para pesquisar na Internet.
% 100 -,
80-
60-
40
20 mm H
\ r
FAOJUMOfc Of. I )fi 'NOAS ENQUADRAMENTO TERICO
% 100
80
60
40
20
Pr-escolar 1o ciclo 2 ciclo 3o ciclo+Sec
Grfico 2 - Distribuio dos professores da amostra que utilizam o computador em contexto educativo por nveis leccionados.
de notar que para o 3o Ciclo do Ensino Bsico e para o Ensino Secundrio,
data do estudo, apenas 24% dos professores utilizava o computador no contexto
educativo e, neste grupo, esto integrados os professores das disciplinas de TIC, pelo
que a percentagem de utilizao no contexto de outras disciplinas ser ainda menor.
Segundo o mesmo estudo, 49% dos professores consideram que, em muitos
casos, os alunos dominam melhor o computador do que eles, 78% consideram que as
TIC os ajudam a encontrar mais e melhor informao para a sua prtica lectiva, mas
68% dos inquiridos tambm considera que a utilizao das TIC lhes exige novas
competncias na sala de aula.
Os dados acima apontados levam-nos a pensar que talvez alguns professores
ainda receiem a utilizao dos computadores em contexto educativo. Por um lado, por
sentirem que foram ultrapassados pelos seus prprios alunos, pois estes dominam
melhor as tecnologias do que eles prprios; por outro, necessitam de novas
competncias que tero que adquirir atravs de formao ou, muitas vezes, por auto-
formao.
Algumas das aplicaes disponveis so difceis de utilizar por pessoas com
menos competncias na rea das TIC. H que dar aos professores a formao
necessria, a motivao e tambm aplicaes cuja utilizao esteja ao alcance de todos
e que sejam eficazes numa educao menos centrada nos contedos e mais centrada
no desenvolvimento de competncias e habilidades, menos centrada no ensino e mais
centrada na aprendizagem, menos centrada no professor e mais centrada no aluno.
Mestrado em Educao Multimdia 17
f-'ACtJUWJFi m UfiNGAS ENQUADRAMENTO TERICO
Uma educao em que o aluno passa de sujeito passivo a agente activo da sua prpria
aprendizagem.
No ponto 2.4 deste captulo feita uma referncia a algumas destas aplicaes
para alm da que objecto deste trabalho, a Caa ao Tesouro.
Falemos agora do ponto de vista dos alunos. Segundo o estudo orientado por
Jacinta Paiva (2003), desta feita dirigido aos alunos, as actividades que os alunos mais
gostam de realizar na escola, com recurso ao computador, so os jogos e a pesquisa na
Internet, como se pode comprovar pelo grfico 3 retirado do referido estudo.
%
I I Outras coisas
Envio e-mails
I I Jogos educativos
I IPesquiso na Internet
[ i.;..,;::.;;I| Escrevo textos 4 ano 6o ano 8o ano 9o ano 11 ano
Grfico 3 - Distribuio das trs actividades que os alunos mais gostam de realizar na escola com recurso ao computador, por ano de escolaridade.
Concretamente, para o 9o ano de escolaridade, que foi o pblico-alvo do presente
trabalho, a preferncia pela pesquisa na Internet bastante significativa.
Se aliarmos pesquisa na Internet um jogo que a torne mais fcil e proveitosa,
poderemos estar perante uma ferramenta adequada ao tipo de educao cientfica que
procuramos.
Se olharmos para o grfico 4, retirado do mesmo estudo (Paiva2003), curioso
observar que, concretamente para o 9o ano de escolaridade, 54% dos alunos inquiridos
acha que os professores no utilizam mais os computadores na aula porque tm a
matria do programa para dar.
Mestrado em Educao Multimdia 18
.Ui:U.-.'U}l- Of. < UNHAS ENQUADRAMENTO TERICO
%
4 ano 6o ano 8o ano 9o ano 11 ano
| f i Outros motivos
Os computadores
demoram a arranjar
I Tm de dar a
matria do programa
H falta de CDs
para as matrias
l I No sabem muito
de computadores
I l Poucos computadores
na sala de aula
Grficos 4 - Distribuio das razes pelas quais, na perspectiva dos alunos, os professores no usam mais o computador na aula, por ano de escolaridade.
Numa poca em que o uso de computadores e de toda a tecnologia ao nosso
dispor considerado, pela maioria dos professores, como facilitador da aprendizagem
(Paiva, 2002) os prprios alunos vem "a matria do programa para cumprir" como
impeditivo da utilizao dos mesmos.
No h dvida que as mudanas implicam alterao de mentalidades e
comportamentos e que no se fazem de um momento para o outro. No entanto, sente-
se j uma certa vontade e empenho nessa mudana e os prprios programas para o
ensino reflectem j essa preocupao, como se pode verificar atravs do excerto do
Programa e Orientaes Metodolgicas do Ministrio da Educao, para a disciplina de
Cincias Fsico-Qumicas do 3o ciclo do Ensino Bsico, que pode ser consultado no
Anexo I.
Existem alguns estudos no mbito da utilizao das TIC, em contexto educativo.
Destes estudos importa retirar concluses e, mais do que isso, metodologias eficazes
que possam ajudar os nossos alunos a adquirirem aptides que os tornem cidados
eficientes na sociedade em constante mudana, na qual tero que viver e trabalhar;
cidados com literacia cientfica, com esprito crtico e com capacidade de trabalhar em
equipas multidisciplinares; cidados com a vontade e habilidade para aprender e
Mestrado em Educao Multimdia 19
f.\n,iuwni- m. CINCIAS ENQUADRAMENTO TERICO
construir o seu conhecimento ao longo de toda a vida, adaptando-se e modificando a
sociedade.
2.2 Construtivismo
Fazemos aqui um pequeno apontamento sobre o Construtivismo, por o termos
tido como base para a elaborao deste nosso estudo e da actividade Caa ao Tesouro,
que concebemos neste contexto.
Este apontamento no pode ser mais do que uma referncia superficial sobre
esta teoria a respeito da qual, aps Jean Piaget, j tanto se escreveu e discutiu, a ponto
de hoje ser mais correcto falar de "construtivismos" (no plural), em virtude dos vrios
significados e tendncias associados a essas ideias.
Segundo esta concepo do conhecimento e da aprendizagem, "a realidade
subjectiva e a aprendizagem resulta da construo que o sujeito faz do que o rodeia".
No possvel transmitir o conhecimento, de pessoa para pessoa, como um
conjunto de factos isolados, como se de uma entidade amorfa se tratasse (Morrison e
Collins, 1995). O conhecimento de cada pessoa no mais do que a construo que a
pessoa faz da realidade sua volta (Viaplana e Besora, 1990) e "no existe no mundo
independente de ns" (Pereira, 1994). A aprendizagem activa e construda pouco a
pouco ao longo do tempo (Shuell, 1986).
Para o Construtivismo, o conhecimento temporrio, no objectivo,
construdo internamente pelo indivduo e a aprendizagem um processo auto-regulador
do conflito que se gera entre o conhecimento pessoal da realidade e as novas
perspectivas com que o individuo se vai deparando diariamente. A aprendizagem vai-se
conseguindo devido construo de novas representaes e de novos modelos da
realidade e negociao do novo saber com os outros, atravs do dilogo (Fosnot,
1996).
So rejeitadas as abordagens behavioristas como a utilizao de reforo, a
repetio e a motivao externa. De acordo com uma abordagem behaviorista, a
matria a ser transmitida dividida em partes e cada uma apresentada de forma
sequencial, partindo da componente mais simples para a mais complexa, sem que
exista a preocupao do contexto (Fosnot, 1996).
Em contrapartida, numa perspectiva construtivista, o aprendente desenvolve
autonomia na aquisio de conhecimentos atravs da experincia de situaes
Mestrado em Educao Multimdia 20
B^z
Bl'r?L(:;?rs ENQUADRAMENTO TERICO
Quando ao sujeito permitido construir o seu prprio conhecimento, temos um
ensino medida de cada um. Se todos temos diferentes impresses digitais, se todos
temos um cdigo gentico prprio diferente de qualquer outro ser humano, tambm
temos ligaes neuronais completamente diferentes que nos levam a apreender a
realidade de forma diversa.
S dando a possibilidade de cada um construir o conhecimento sua medida, de
cada um interagir com os objectos sua maneira, podemos respeitar os ritmos e os
processos de aprendizagem de cada individuo, deixando-o construir os instrumentos
adequados para apreender a realidade sua maneira e, finalmente, chegar ao
conhecimento. S desta forma a aprendizagem se torna significativa e duradoura,
passvel de servir de ancoragem a realidades cada vez mais distantes e complexas, a
partir da construo de instrumentos cada vez mais poderosos, sem que isso se torne
um obstculo intransponvel para o aprendiz.
Apesar da vantagem das abordagens construtivistas convm dizer que nem tudo
0 que behaviorista desprezvel em educao. Um protagonismo equilibrado na tenso
behaviorismo construtivismo pode ser recomendvel.
2.3 Processo de aprendizagem de Taylor
Com base nas abordagens centradas na autonomia e na "auto-direco", Taylor
(1987), props um processo de aprendizagem que percorrido ao ritmo de cada um,
mas pelo qual passam todos aqueles que querem ou precisam de aprender.
O processo de aprendizagem de Taylor integra quatro fases distintas
(desorientao, explorao, reorientao e equilbrio) e quatro fases de transio
(desconfirmao, designao do problema, reflexo e partilha da descoberta). Na figura
1 podemos ver este processo de forma esquemtica.
Mestrado em Educao Multimdia 22
FACVMfcMlti OR ClfiNOAS ENQUADRAMENTO TERICO
Figura 1 - Processo de aprendizagem (Taylor, 1987)
Na fase de transio da Desconfirmao, o aprendente sofre um choque com os
seus conhecimentos. Quando perante a nova experincia sente que os seus
pressupostos, expectativas e concepes divergem ou no correspondem nova
experincia, o aprendente encontra-se na fase de Desorientao. Esta fase caracteriza-
se por confuso, ansiedade e crise de confiana. Designar o problema essencial para
se sair desta fase.
A fase de Explorao inicia-se quando o aprendente deixa de se sentir tenso com
o problema, mas sem ainda o ter resolvido, e comea a procurar informao, sentindo-
se mais confiante sem saber, contudo, como o vai solucionar. Nesta fase, as decises
so tomadas medida que surgem as situaes. A troca de opinies com quem se
interesse pelo mesmo problema benfica. No final, esta fase causa auto-confiana e
satisfao.
A fase de transio da Reflexo consiste numa reflexo pessoal sobre a
experincia ou sobre um texto.
Mestrado em Educao Multimdia 23
FAI'IJt.it/NDi- Of. CINCIAS ENQUADRAMENTO TERICO
Na fase de Reorientao o aprendente alcana uma nova compreenso,
conseguindo resolver o problema. Nesta fase so sintetizadas, experincias e ideias. A
fase de transio seguinte consiste na Partilha da Descoberta em que o aprendente,
com uma certa satisfao, comunica aos outros as concluses a que conseguiu chegar.
Finalmente, alcanada a fase do Equilbrio em que os novos conhecimentos
foram interiorizados e a euforia da descoberta d lugar serenidade.
Taylor salienta que, embora o percurso seja similar para toda a gente, cada
aprendente percorre-o ao seu ritmo.
2.3.1 Processo de aprendizagem de Taylor neste trabalho
A Desconfirmao originada no aprendente pela formulao de algumas
questes que ele convidado a colocar a si prprio. Segue-se a fase de Desorientao
em que o aprendente coloca a si prprio as questes e verifica que no domina os
conceitos e experincias subjacentes s referidas questes.
Seguidamente, o aluno vai Designar o problema, ou seja, vai formalizar as suas
dvidas e situar-se relativamente a elas para poder entrar na fase da Explorao. Aqui
so-lhe dadas pistas de explorao, caso ele no consiga, pelos seus prprios meios,
atingir os seus objectivos. Estas pistas so fornecidas, porque neste tipo de ambiente
no possvel a troca de opinies com outros indivduos interessados no mesmo
assunto. Caso a explorao se faa em ambiente de sala de aula, essa troca j
possvel, e desejvel, com colegas e professor.
A fase da Reflexo, embora seja um percurso natural, aqui promovida pela
sugesto da utilizao do Dirio de Bordo. Nele, o aluno pode ir registando as suas
descobertas e pensar sobre elas. tambm um bom auxlio para que ele no se perca
nas suas pesquisas e para que possa voltar a pontos-chave do seu percurso, desde que
o registo seja cuidado e bem estruturado.
Aps a Explorao e a Reflexo, o aluno convidado a olhar de novo para o
problema para facilitar a sua Reorientao e consequente resoluo do problema.
A partilha da descoberta aqui s possvel se a actividade for realizada em
ambiente de sala de aula ou, em alternativa, utilizando as ferramentas de comunicao
disponveis na Internet (chats, fruns, e-mail, etc.)
atingida, ento, a fase do Equilbrio e, logo de seguida, o aluno pode partir para
nova aventura.
Mestrado em Educao Multimdia 24
http://IJt.it/NDi
FAl'UUiAHi Of. ( ifNOrVi ENQUADRAMENTO TERICO
2.4 Pesquisa orientada na Web
Com a quantidade de contedos que, todos os dias, cresce exponencialmente na
Internet e com o aumento do nmero de pessoas com acesso a este meio privilegiado
de informao, foi-se criando a ideia de que a Web a maior enciclopdia do mundo.
Mas esta uma ideia falsa que convm desmistificar.
claro que, tanto uma enciclopdia, como a Web, fornecem uma grande
quantidade de informao sobre diversos assuntos, mas as semelhanas ficam por aqui.
Enquanto que a enciclopdia bem organizada e com referncias cruzadas, a
Web pode apresentar-se desorganizada, sem qualquer relacionamento dos contedos
entre si. Enquanto que na enciclopdia os contedos, cuidadosamente pesquisados,
so apresentados livres de qualquer opinio pessoal, na Web eles so apresentados de
forma apaixonada, repletos das opinies de quem os l coloca. E, finalmente, enquanto
que a enciclopdia escrita por especialistas, qualquer pessoa pode escrever e colocar
uma pgina na Internet.
Mas, claro que a enciclopdia um meio mais ou menos estanque e quase
morto, enquanto que a Web muda a cada instante, povoando-se de novas pginas e de
novos contedos. Sendo assim, com qual destes meios os alunos se identificaro mais
e tendero a usar com mais frequncia? Qual destes meios representa, de facto, melhor
a realidade dos dias de hoje? Assim sendo, mais do que uma enciclopdia, a Web
representa, na verdade, o mundo real que entra dentro das nossas casas e salas de
aula.
A Web est cheia de "lixo" intil, mas isto deve-se, tambm, ao facto da sua
incomensurvel dimenso e abertura. Podemos encontrar um pouco de quase tudo na
Internet: temos pginas com contedos obsoletos que se mantm on-line, pesquisas
cientficas indecifrveis, argumentos incompletos, j para no falar das informaes
erradas e dos contedos que preocupam os pais e educadores um pouco por todo o
mundo.
Mas no meio de todo este abundante e verstil depsito de contedos,
encontramos tambm verdadeiras prolas de informao e de conhecimento,
cuidadosamente pesquisadas, colocadas na Internet e actualizadas, algumas vezes ao
minuto ou ao segundo, e que no podem ser desperdiadas.
Com o tempo, a Web ser aquilo que todos desejamos que seja. Os motores de
busca esto cada vez mais aperfeioados, percorrendo milhes de pginas em apenas
Mestrado em Educao Multimdia 25
^ L ? E N Q U A D R A M E N T O T E R I C O
alguns segundos e utilizando filtros, de forma a conduzirem s ligaes com mais
interesse para o utilizador. Permitem uma pesquisa refinada direccionada para uma
comunidade particular que a utiliza, quer sejam estudantes, professores, mdicos,
advogados, ou outro qualquer tipo de pblico. Isto far com que cada vez seja mais fcil
encontrar a informao que se procura, mas ainda estamos muito longe da organizao
e da fiabilidade que desejaramos.
Do ponto de vista da educao tradicional, quem estaria interessado numa fonte
de conhecimento que apresenta o mundo de uma forma catica, oferece mais opinies
do que simples factos e requer uma inteligncia subtil para separar o trigo do joio? Do
ponto de vista da educao centrada no aluno e numa perspectiva de educao activa,
no se consegue imaginar um recurso melhor. Com a Web, os alunos tm que tomar as
rdeas da sua prpria aprendizagem, buscando a informao de que necessitam para
construir o seu conhecimento.
No devemos ns dotar os alunos dos instrumentos adequados para alcanar os
seus destinos, permitindo-lhes navegar com rumo em vez de andar deriva no oceano
cada vez maior que a Web?
Como se deve processar a pesquisa de informao no imenso contedo da
Internet? Como encontrar uma agulha nesse enorme palheiro? Que metodologias
existem e como as utilizar e em que circunstncias? Que atitude adoptar face a um
volume de informao paralisante? Com a quantidade de informao, nem sempre
correcta, que existe na Internet, como distinguir o trigo do joio?
Perante estas dificuldades, os nossos alunos muitas vezes desistem ou agarram-
se primeira informao que encontram, sem usarem de nenhum sentido crtico quanto
veracidade da mesma.
Como podemos, ento, ajudar os nossos alunos?
A soluo encontra-se na pesquisa orientada na Web. Por um lado, este tipo de
pesquisa orientada vai fazer com que os alunos no percam muito tempo a encontrar as
informaes que procuram, evitando, assim, que desistam s primeiras tentativas; por
outro, acreditamos que vai permitir que, com o treino assim obtido, possam diminuir os
tempos de pesquisa de novas informaes e conseguir uma melhor gesto e utilizao
das informaes obtidas.
Mestrado em Educao Multimdia 26
""zsxisisss ENQUADRAMENTO TERICO
2.4.1 O caso particular das WebQuests
O que uma WebQuest?
"... uma actividade orientada para a pesquisa, em que alguma, ou toda, a informao
com que os alunos interagem provm de recursos na Internet..."
Bernard Dodge, 1995
O conceito WebQuest foi criado pelo professor Bernard Dodge, da San Diego
State University, em 1995, com o objectivo de ser uma metodologia para motivar alunos
e professores para o uso da Internet voltado para o processo educacional, estimulando
a pesquisa, a aprendizagem cooperativa, a produo de materiais e o desenvolvimento
do pensamento crtico.
Em linhas gerais, uma WebQuest parte da definio de um tema e objectivos por
parte do professor, uma pesquisa inicial e uma relao de links seleccionados acerca do
assunto, para consulta orientada dos alunos. Estes devem ter uma tarefa, exequvel e
interessante, que norteie a pesquisa. Para o trabalho em grupos, os alunos devem
assumir papis diferentes, como o de especialistas, historiadores, lderes de governo,
jornalistas, visando gerar colaborao entre eles.
Tanto o material inicial como os resultados obtidos devem ser publicados na
Web.
A WebQuest no exige softwares especficos, alm dos utilizados para navegar
na rede, produzir pginas, textos e imagens. Isso faz com que seja muito fcil usar a
capacidade instalada em cada escola (ou em casa), sem restrio de plataforma ou de
solues, centrando a produo de WebQuests na metodologia pedaggica e na
formao de docentes.
2.4.2 Outras experincias tipo "Caa ao Tesouro" na Web
Fazemos aqui um pequeno levantamento de algumas actividades do tipo Caa
ao Tesouro encontradas na Web. A sua designao na lngua inglesa varia entre
"Treasure Hunt" e "Scavenger Hunt". No entanto, demos preferncia s caas ao
tesouro elaboradas no nosso pas.
No se pretende aqui fazer uma apresentao exaustiva de todas as caas ao
tesouro encontradas: apenas se pretende ilustrar um pouco o panorama relativo a este
Mestrado em Educao Multimdia 27
" " ' ^ ' I ' " ENQUADRAMENTO TERICO
tipo de actividade. A Caa ao Tesouro vai tendo cada vez mais adeptos o que,
consequentemente, faz aumentar exponencialmente o nmero de exemplos que surgem
diariamente na Internet e que, para bem de toda a comunidade escolar, se encontram
livremente disponveis para quem deles quiser fazer uso.
2.4.2.1 "Caa ao Tesouro" em Portugal
Em Portugal o nmero de caas ao tesouro vai aumentando diariamente mas
ainda no tem a expresso que tem noutros pases, como por exemplo nos EUA.
Muitas das actividades que encontramos deste tipo no respeitam as directrizes
estabelecidas e a grande maioria delas no cuida convenientemente a apresentao
sendo, por isso, pouco atractivas do ponto de vista da imagem e sem qualquer tipo de
interactividade com o utilizador.
Damos aqui alguns exemplos que so um apanhado mais ou menos abrangente
do panorama do nosso pas relativamente a esta actividade.
O Instituto Cames
O Instituto Cames (I.C., 2006) tem vindo a promover diversas Caas ao Tesouro
desde o Ano 2000 at ao ano de 2005. Na figura 2 (a seguir), retirada da pgina Web do
Instituto Cames sobre as Caas ao Tesouro (I.C.2, 2006), esto representados todos
os ttulos deste tipo de actividades que foram promovidas pelo referido Instituto.
Todas elas se encontram fechadas, no permitindo novas participaes porque tiveram
um tempo de durao limitado.
No foram elaboradas com a inteno de serem utilizadas em ambiente de sala
de aula para a aquisio de determinado conceito curricular, mas sim com a inteno de
levar os utilizadores da Web a adquirirem conhecimentos sobre personalidades e factos
histricos do nosso pas.
Mestrado em Educao Multimdia 28
fAo.ii.mm. m- HKGAS ENQUADRAMENTO TERICO
/iprmmmr Portugus
H As Figuras da Cultura
Portuguesa
l i Comemorao da
Implantao da Repblica
S>" Lus de Cames
(I Gil Vicente e os 500 anos de
teatro Portugus
O 25 de Abril em Portugal
fel Figuras do Barroco Portugus
(I Amlia
H Os Prmios Cames
H Lusa Todi
Zeca Afonso
fc Manoel de Oliveira
l | Wenceslau de Moraes
H Carlos Paredes
fc Dia Internacional dos Museus Figura 2 - Ttulos das actividades "Caa ao Tesouro" do Instituto Cames (imagem retirada do
respectivo stio (I.C.2, 2006)).
Estes exemplos de "Caa ao Tesouro" apresentam apenas uma srie de
questes, para serem respondidas pelos utilizadores, mediante consulta de alguns uris2
fornecidos. No h qualquer questo final aglutinadora do conhecimento adquirido e o
prmio atribudo a todos os participantes que indiquem a resposta correcta a todas as
questes.
Como as actividades j estavam encerradas data da redaco deste texto, foi
possvel tambm verificar que so indicadas as respostas correctas a cada questo.
2 Um URL {Universal Resource Locator); em portugus significa (Localizador Universal de Recursos): o endereo de um recurso disponvel numa rede, seja a Internet, ou uma rede corporativa, uma intranet.
Mestrado em Educao Multimdia 29
http://fAo.ii
F4C1J1.DAI! OK CtNCIAS ENQUADRAMENTO TERICO
Mantm-se, assim, na Internet como material de consulta para quem quiser saber
um pouco sobre personalidades e factos histricos de Portugal.
Centro de Competncia Nnio da Universidade de vora
O Centro de Competncia Nnio da Universidade de vora - Ncleo Minerva
(N.M., 2006) tem, on-line, vrias actividades com a denominao "Caa ao Tesouro" que
passamos a descrever:
A. Caa ao Tesouro por Ilhas da Europa
Caa ao Tesouro que tem como tema as ilhas do arquiplago dos Aores (figura
3).
H9
"Ilhas. Ilhas isoladas e um brao estendido, afazer de ponte, por onde se esperava que passasse algum. "
Fernando Namori
Figura 3 - Caa ao Tesouro por ilhas da Europa
Nesta Caa ao Tesouro constituda por 13 questes parcelares, comeando
pelos conceitos mais simples, como a identificao da maior ilha dos Aores, at
ocorrncia de fenmenos geolgicos caractersticos destas ilhas. Termina com a
"Grande Questo": Qual a relao entre as caractersticas geomorfolgicas das ilhas
dos Aores e a sua localizao geogrfica?
Os recursos dados para as perguntas so sempre os mesmos, embora aparea
um link em cada questo, dando a ideia de que os recursos seriam especficos para
cada uma.
Em outras actividades deste tipo, que so descritas mais abaixo, quando so
dados os mesmos links para todas as questes, eles, ou so referidos no final, ou logo
no incio da actividade.
Mestrado em Educao Multimdia 30
r'AClJl.rMM OH (ANCIS ENQUADRAMENTO TERICO
Esta Caa ao Tesouro foi elaborada no mbito de um Projecto Europeu "eSchola"
(E.S., 2001), do "European Schoolnef (EUN) (EUN, 2006), que portal de educao
europeu reunindo 28 Ministrios da Educao da Europa, com o objectivo comum de
fomentar e dinamizar o recurso s Tecnologias de Informao e Comunicao e
realizao de intercmbios entre escolas dos diversos Estados Membros da Unio
Europeia.
Embora o projecto "eSchola" j tenha terminado, a actividade "Caa ao Tesouro
por Ilhas da Europa" continua on-line, podendo ser utilizada como recurso educativo por
qualquer professor ou utilizador que o deseje.
No indicada a data do incio e do final desta actividade, nem h indicao de
qualquer prmio ao vencedor.
B. "As Equaes na Histria da Matemtica"
Nesta Caa ao Tesouro (Figura 4) (Xavier e Duro, 2001) feita uma introduo
explicando os objectivos e seguidamente so dadas 9 questes. No so fornecidas
pistas de pesquisa, apenas alguns recursos em forma de uri.
CAA AO TESOITiO
EQUAES
"As Equaes na Histria da Matemtica"
Figura 4 - Caa ao Tesouro " As Equaes na Histria da Matemtica"
pedido, logo na introduo, que se entreguem as respostas ao professor para
serem corrigidas e indicado, tambm na introduo, que ser atribudo um prmio a
quem entregar as melhores respostas. No h nenhuma questo integradora final e o
trabalho resume-se resposta s questes.
Mestrado em Educao Multimdia o i
tyOUMDIi OB I/if:NOAS ENQUADRAMENTO TERICO
Associao de Professores de Matemtica
Os ncleos regionais da Associao de Professores de Matemtica (APM) de
Coimbra e Leiria organizaram no ano de 2003, no mbito do tema escolhido para esse
ano "Matemtica e Tecnologia", uma Caa ao Tesouro entre os dias 19 e 21 de
Fevereiro (APM, 2006).
Esta Caa ao Tesouro foi elaborada em moldes um pouco diferentes das
descritas at agora. As questes colocadas foram diferentes em cada um dos dias do
concurso, sendo que os alunos apenas puderam participar individualmente, ou em
grupos de no mximo 3 alunos, num dos dias do concurso, entre as 9:00 e as 23:00
horas.
As questes estavam divididas por categorias: 1o , 2o e 3o Ciclos e Secundrio e
os participantes, alm de indicarem as respostas, tinham que indicar, tambm, o
endereo electrnico do local onde as tinham obtido.
Pelas caractersticas desta Caa ao Tesouro no foi formulada nenhuma "Grande
Questo". Foram atribudos 3 prmios dirios por nvel de ensino.
O objectivo desta Caa ao Tesouro no nos pareceu ser a sua utilizao como
ferramenta em espao de aula, embora possa ter sido dinamizada pelos professores da
disciplina.
No final os nomes dos vencedores foram publicados na Web e foi feita uma
entrega pblica de prmios no Exploratrio Infante D. Henrique, em Coimbra.
Centro de Recursos Digitais do Centro de Competncia Nnio da Beira Interior
O Centro de Competncia Nnio da Beira interior (CCNBI, 2006) criou um Centro
de Recursos Digitais (figura 5) com o nome de Eduteca (Eduteca, 2006), que pode ser
utilizado por qualquer pessoa da comunidade educativa que, para tal, se registe atravs
de um "nome de utilizador" e "palavra-passe", indicando, tambm, a escola a que
pertence.
Neste centro de recursos, para alm de muitas outras possibilidades, os
utilizadores podem criar a sua prpria Caa ao Tesouro. dado um campo onde se faz
uma introduo, num outro campo colocam-se as questes, a seguir os recursos (uris
Mestrado em Educao Multimdia 32
rU'liUliHJfi MJ NUAS ENQUADRAMENTO TERICO
de stios na Internet onde se pode encontrar a informao) e o ltimo campo
reservado "Grande Questo" que, aqui, chamada "Questo principal".
Centro de Recursos Digitais - Aprender/Ensinar em rede
Figura 5 - Centro de Recursos Digitais do Centro de Competncia Nnio da
Beira Interior
So actividades muito simples, todas com o mesmo aspecto grfico em
forma de quadro (figura 6), mas com a grande vantagem de serem muito fceis de
elaborar por qualquer professor ou aluno e de ficarem disponveis no centro de recursos
para serem utilizadas por outros professores e alunos.
Caca ao tesouro As cores do universo
I n t r o d u o :
\ Que sabes sobre as cores do universo? Utiliza a informao que vais encontrar no stio indicado mais abaixo para : responder s perguntas.
Ques tSes :
; 1 - Que tipo de partculas atmosfricas fazem com que Marte seja vermelho?
! 2 - Que cores existem na luz branca?
\ 3- Porque que o cu azul?
I 4 - Porque que as nuvens so brancas?
| 5- Porque que o pr-do-sol muitas vezes vermelho?
; 6- De que cor o oceano em dia nublado?
Recursos :
; htt.p://wwwijeGcir.ies.CGrVl'leartJai-idyMeadr.iWi/Q277/Ceuazul.htTnl?20052?
! http://www.revist.a-t'fimas.cDm/crU:atia/NewFiles/Coril"ar;tGl4.hf.rrit
; http://www.Quiadabuicador.corn.br/crorriopuntura/2.htrTi
! http://www.whyistftaskyblU8.ona/
q i i n s t i i n p r inc ipa l :
Criado por Joo C_ar_los Antunes^ : jc.nriUrngsff-ini.isaascpla.com : : 22-05-2005
Figura 6 - Exemplo de uma Caa ao Tesouro gerada no centro
de recursos digitais do Centro de Competncia Nnio da Beira
Interior
Mestrado em Educao Multimdia 33
http://www.revist.a-t'fimas.cDm/crU:atia/NewFiles/Coril%22ar;tGl4.hf.rrithttp://www.Quiadabuicador.corn.br/crorriopuntura/2.htrTihttp://www.whyistftaskyblU8.ona/
FACUl.OAOfi DP. CANHAS ENQUADRAMENTO TERICO
Neste momento esto disponveis cerca de 90 actividades deste tipo nas
diferentes reas e nveis de ensino.
2.4.2.2 "Caa ao Tesouro" noutros pases
Existe grande quantidade de actividades do tipo Caa ao Tesouro em quase
todos os pases. Pela sua simplicidade de concepo, qualquer professor pode produzir
com alguma facilidade e rapidez uma Caa ao Tesouro. Em alguns casos h maior
preocupao em respeitar determinados critrios inerentes a este tipo de actividade, que
noutros casos no so tidos em conta.
Apresentam-se aqui apenas dois exemplos de Caa ao Tesouro fora do nosso
pas, pois no cabe aqui fazer um levantamento exaustivo de todos os recursos deste
tipo, por ser uma tarefa impossvel de alcanar, dado o grande volume de novas
actividades que vo surgindo diariamente em quase todos os pases do mundo.
Knowledge Network Explorer
Entre a quantidade enorme que tnhamos disponvel em toda a Web escolhemos
duas caas ao tesouro. No tivemos em conta nenhum critrio especfico para
escolhermos estas duas, no entanto, achamos interessante a possibilidade de alguma
interactividade da primeira delas.
Ambas esto alojadas no Knowledge Network Explorer (KNE, 2006) portal
californiano com recursos para alunos e professores.
A. Black History- past to present: an interactive treasure hunt
Trata-se de uma Caa ao Tesouro a respeito da herana Afro-americana, nos
Estados unidos da Amrica.
Esta Caa ao Tesouro apresentada de duas formas. Uma verso normal (KNE-
BH, 2006) com 13 questes para explorar e uma outra verso interactiva (KNE-BHI,
2006), em tudo igual primeira excepto no facto de ter as primeiras 13 questes
apresentadas em forma de quizz (figura 7) frente.
Mestrado em Educao Multimdia 34
':o!ms ENQUADRAMENTO TERICO
Nestas questes os participantes apenas necessitam de encontrar a resposta
adequada, nos recursos da Web fornecidos, e depois assinalar a resposta correcta de
um conjunto de 4 hipteses dadas. Assim que assinalada a resposta imediatamente
indicado se est correcta ou no.
Na Grande Questo pedido que se escreva um texto sobre a ideia com que se
ficou sobre a histria Afro-americana, aps explorar as 13 questes anteriores e os
recursos fornecidos.
Mestrado em Educao Multimdia 35
FACmUAOfi DRCIKOAS ENQUADRAMENTO TERICO
Questions
1. According to several pamphlets in this famous collection, between 1881
and 1900, about how many African Americans died as a result of mob
violence?
C
1 every two months
92 per year
1 0 per year
1 2 every week
Yes. Sad, but true.
check the internet resources?
2. One estimate of how many people worked on the Underground Railroat
is
r three thousand
thirty thousand
r
r one million
three hundred
check the internet resources?
3. When the conflict over abolition was ended with the Civil War, what did African-American demonstrators outside the White House say was the one thing more that they needed?
the right to vote
the right to protest r farms
jobs
check the internet resources?
Figura 7 - Caa ao Tesouro a respeito da herana Afro-americana dos Estados unidos da Amrica
B. The treasures of China
Caa ao Tesouro do "Knowledge Network Explorer" (KNE, 2006) acerca da
China, da sua histria e principalmente da sua politica actual.
Mestrado em Educao Multimdia 36
MLD^!*rM ENQUADRAMENTO TERICO
Nesta caa ao Tesouro (KNE-ChinaHunt, 2006) os utilizadores so orientados
para uma pesquisa atravs de stios da Internet com informaes que lhes permitem
responder a uma srie de questes sobre a evoluo histrica da China, sobre a politica
actual da China e a forma de viver do povo chins.
No final, na "Grande Questo", -lhes pedido que escrevam um texto com a sua
opinio sobre qual a verdade sobre a China actual, tendo em conta o que aprenderam
anteriormente sobre a histria da China, as suas relaes com os pases vizinhos, o
estado da sua economia e a forma como so tratados os cidados chineses.
2.4.3 Geradores de caas ao tesouro
Existem em quase todos os pases portais que funcionam como centros de
recursos para a educao, onde o professor poder escolher uma actividade adequada
sua disciplina ou, em alternativa, construir uma actividade a partir de modelos
existentes ou, mesmo, utilizando um dos "geradores de Caa ao Tesouro" que vo
surgindo por toda a Web em portugus ou noutras lnguas.
Um exemplo desses geradores, para alm do j referido atrs do Centro de
Recursos Digitais do Centro de Competncia Nnio da Beira Interior, o que podemos
encontrar no centro de recursos espanhol, aula21.net (Castrillo, 2006) elaborado por
dois professores espanhis e que pode ser utilizado em vrias lnguas. Embora no
esteja disponvel em portugus pode facilmente ser adaptado e utilizado para uma Caa
ao Tesouro na nossa lngua.
Como se pode ver na imagem (figura 8), o utilizador pode escolher a lngua
dentro de um leque de lnguas disponvel, a cor do texto, a cor do fundo, acrescentar
uma imagem ilustrativa da sua "Caa", etc.
Mestrado em Educao Multimdia 37
http://aula21.net
pAC.Ul,OADB OF. CINCIAS ENQUADRAMENTO TERICO
: Cat.i l Eifskei.1 Galj
ti *j(
ENQUADRAMENTO TERICO
Figura 9 - Caa ao Tesouro sobre a Austrlia.
Na "Grande Questo" so dadas 3 possibilidades de apresentao do trabalho:
Aluno 1: Faz um cartaz com o mapa da Austrlia contendo os diferentes
territrios e principais cidades, a situao de Uluru, Kakadu e de Great Barrier Reef e
descreve aos teus colegas estes locais e porque so to populares.
Aluno 2: Explica o que aprendeste acerca dos aborgenes australianos, os
seus instrumentos, hbitos e cultura.
Aluno3: Explica a peculiaridades dos animais australianos. Escolhe trs
deles e explica onde vivem e o que comem.
Seguidamente apresentada a forma como os alunos vo ser avaliados: trabalho
de grupo 25%, apresentao 25% e ingls 50%.
Finalmente referido, como pedem os autores da aplicao, o link da pgina
onde foi gerada esta Caa ao Tesouro (http://www.aula21 .net/).
Os exemplos acima so s alguns de entre muitos realizados por todo o mundo,
que nos animaram na persecuo deste trabalho.
2.5 Algumas notas sobre metodologias de investigao em educao
Existem diversas metodologias de investigao em Educao que podem ser, de
uma forma um pouco simplista, divididas em mtodos quantitativos e qualitativos.
Mestrado em Educao Multimdia 39
http://www.aula21
^ss i fS r 5 ENQUADRAMENTO TERICO
Existem, tambm, correntes de pensamento mais de acordo com um tipo de
metodologia do que com o outro. No entanto, cada um tem o seu lugar na investigao,
seja em educao seja em qualquer outro sector social.
De facto, os mtodos quantitativos so frgeis em termos de validade interna
(nem sempre sabemos se medem o que pretendem medir), no entanto so fortes em
termos de validade externa: os resultados adquiridos so generalizveis para o conjunto
da comunidade.
Ao contrrio, os mtodos qualitativos tm muita validade interna (focalizam as
particularidades e as especificidades dos grupos sociais estudados), mas so dbeis em
termos de sua possibilidade de generalizar os resultados para toda a comunidade
(Perrone, 1977; Niero, 1987). Por isso, muito importante poder contar com
descobertas obtidas atravs de mtodos qualitativos e quantitativos, que permitem
garantir um razovel grau de validez externa e interna. Dessa forma, possvel tambm
formular polticas e programas de interveno concretos e adequados s
particularidades de todos os sectores sociais que se pretendem atingir.
No estudo que nos propusemos fazer no pretendamos conseguir a validao
externa dos resultados obtidos, alargada a todo o ensino em Portugal, que implicaria
uma amostra de estudo aleatria e o mais possvel representativa de toda a comunidade
escolar portuguesa. No entanto, gostaramos de estudar uma comunidade especfica,
que se nos apresentou como uma amostra de convenincia4, com o intuito de testar
uma determinada abordagem de ensino no mbito das novas tecnologias, a Caa ao
Tesouro. Com este estudo pretendamos, tambm, munirmo-nos de instrumentos que
nos dessem a possibilidade de melhorar a Caa ao Tesouro caso o estudo nos
revelasse que isso era necessrio e til para a comunidade escolar.
No era possvel a escolha de uma amostra aleatria para um estudo deste tipo
porque os alunos esto divididos por turmas, nem sempre formadas aleatoriamente, e
porque no era exequvel, no tempo disponvel e no mbito desta tese fazer um estudo
alargado a todas a zonas do pas.
Pelo que foi dito atrs, escolhemos uma metodologia com um carcter qualitativo,
o "Estudo de Caso", apresentando, no entanto alguns dados quantitativos como seja o
nmero de alunos por turma, o nmero de questionrios respondidos, o nmero de
respostas idnticas para a mesma questo, etc.
4Amostra no probabilstica, usada por ser de mais fcil seleco e que no apropriada para a realizao da inferncia estatstica
Mestrado em Educao Multimdia 40
ENQUADRAMENTO TERICO
2.5.1 Estudo de caso
Um estudo de caso, segundo Theodorson e Theodorson (citado em Punch,
1998), definido como um mtodo de estudo de um determinado fenmeno social
atravs de uma anlise cuidada de um caso particular. O caso pode tomar variadssimas
formas, pode ser uma pessoa, um grupo, um episdio, um processo, uma comunidade
ou mesmo a sociedade em geral. Todos os dados relevantes para o caso so recolhidos
e reunidos de forma organizada tendo por base o caso em estudo.
O mtodo "Estudo de Caso" confere um carcter de unicidade aos dados
recolhidos, interrelacionando uma variedade dos factos diferentes referentes a um nico
caso. Tambm propicia a anlise de detalhes particulares, pelo facto do investigador ser
um observador prximo do caso que, normalmente, passam despercebidos a outros
mtodos de investigao.
Embora, como j foi referido atrs, no seja possvel a validao externa, quando
se utiliza uma metodologia de investigao qualitativa, sempre possvel a
generalizao que, segundo Firestone (1993, citado em Punch, 1998), se divide em trs
graus ou nveis de generalizao: a generalizao da amostra para a populao, a
generalizao analtica ou a generalizao relacionada com a teoria e a transferncia
caso a caso. A generalizao no estudo de caso do segundo tipo, ou seja, analtica,
relacionada com a teoria. Trata-se de uma generalizao terica que contrape
generalizao cientfica da investigao experimental clssica (Stake, 1995).
O estudo de caso, como qualquer outro mtodo de pesquisa cientfica, apresenta
vrias limitaes e problemas.
Uma das limitaes a dificuldade de generalizao dos resultados obtidos pela
especificidade do caso que se estuda, embora esta generalizao seja possvel de
acordo com o que j foi referido atrs.
O Mtodo de Estudo de Caso, de acordo com Tull e Hawkins (1976), no deve
ser usado com outros objectivos para alm do objectivo de formulao de ideias para
testes posteriores pois, factores como o pequeno tamanho da amostra, a seleco no
aleatria e a natureza subjectiva do processo de medida, podem limitar a fiabilidade dos
resultados.
Outro problema (Goode e Hatt, 1969) consiste na impossibilidade de se analisar
a totalidade do caso, pelo facto de ser impossvel observar, concretamente, todos os
PACUI-OABE DR aiciAS
Mestrado em Educao Multimdia 41
FU'UMMUIB DfiCrmiM ENQUADRAMENTO TERICO
fenmenos que circundam um processo. Por isso, difcil traar os limites de um
objecto social e decidir pelo ponto em que se deve parar de colher dados.
Segundo os mesmos autores, h outro problema que tem a ver com o
investigador e a possibilidade deste poder adquirir uma sensao de certeza aps a
utilizao da tcnica. Tal sensao levaria ao desprezo por aquilo que no se conhece
sobre o caso. Trata-se do perigo criado pelo prprio pesquisador.
Decorrendo do problema anterior, existe, ainda a tentao de ignorar princpios
bsicos do plano de pesquisa, j que o pesquisador, achando-se conhecedor absoluto
do caso, no sente necessidade de verificar todo o plano anteriormente por si traado,
precisamente por acreditar que j conhece tudo.
Existe, ainda, o perigo de apresentar vrias explicaes que, de acordo com o
senso comum e a intuio parecem adequadas. Em tais circunstncias, corre-se o risco
de deixar de verificar a fiabilidade dos dados, da classificao ou da prpria anlise dos
mesmos, perdendo, assim, qualquer validade cientfica.
No entanto, Yin, (1994) e Goode e Hatt (1969), propem algumas medidas para
que se possa obter um bom estudo de caso:
Desenvolver um plano de pesquisa que tenha em conta os riscos de uma
investigao do tipo Estudo de Caso e manter-se fiel ao mesmo.
Ao fazer generalizaes, da mesma maneira que nas generalizaes feitas a
partir de mtodos experimentais, faz-las em relao s proposies tericas
e no para populaes ou universos (Yin, 1994).
Evitar narraes longas e relatrios extensos, uma vez que relatrios deste
tipo desencorajam a leitura e a anlise do estudo do caso.
Proceder seleco e formao criteriosa dos investigadores e assistentes
(no caso de os haver) para assegurar o domnio das competncias
necessrias realizao de Estudo de Caso.
Mestrado em Educao Multimdia 42
3 - DESCRIO DO PORTAL MOCHO E DA
ACTIVIDADE "CAA AO TESOURO - UMA
ACTIVIDADE ORIENTADA PARA A
PESQUISA NA WEB
Mestrado em Educao Multimdia 43
FACUUWkD Dl! CINCIAS EXPERINCIA ANTERIOR
3 Descrio do portal Mocho e da actividade "Caa ao Tesouro" - Uma
Actividade Orientada para a Pesquisa na WEB
Fazemos aqui a descrio duma experincia anterior (Costa e Paiva, 2004) em
que organizmos um concurso a nvel nacional no mbito do programa 'eSchola' (ES,
2003), uma iniciativa da European Sc/700/nef (EU N, 2006).
Elabormos uma Caa ao Tesouro dentro do portal de Ensino das Cincias e
Cultura Cientfica - Mocho, com a atribuio de prmios para os melhores trabalhos
recebidos por correio electrnico.
Utilizmos esta experincia como ponto de partida para a actividade que
submetemos a estudo neste nosso trabalho, tentando melhorar os aspectos que
considermos menos conseguidos neste primeiro ensaio.
Esta experincia a nvel nacional um pouco diferente da que nos propusemos
fazer com este trabalho. No foi possvel avaliar at que ponto os alunos beneficiaram
com ela adquirindo competncias ao nvel de pesquisa e aquisio de conhecimentos
cientficos. No entanto, sentimos que tnhamos que fazer este estudo por considerarmos
a Caa ao Tesouro um instrumento importante e com um grande potencial de motivao
tanto para o ensino das cincias como para a aprendizagem de qualquer outra rea
curricular.
Esta Caa ao Tesouro decorreu ao longo de uma semana incidindo sobre as
reas de qumica, fsica e matemtica.
Para o estudo, tivemos que reduzir o mbito da Caa ao Tesouro a uma pequena
parte do programa curricular de Qumica, para que pudesse ser jogada em apenas uma
aula.
3.1 Descrio Sumria do Ambiente Virtual da "Caa ao Tesouro": o Portal "Mocho"
O "Mocho" (Mocho, 2006) um portal de Ensino das Cincias e Cultura
Cientfica, com algumas pontes (por enquanto pouco significativas) para as
Humanidades. Tem j algum impacto na nossa comunidade pedaggico-cientfica, nos
pases de lngua portuguesa (principalmente Portugal e Brasil).
Este projecto continuao natural do "Omncincia" (do qual se produziu um
CD-ROM), que teve o apoio do Ministrio da Cincia, atravs do programa "Cincia
Viva". Baseia-se, por isso, em toda uma vasta experincia de cerca de quinze anos.
Mestrado em Educao Multimdia 44
' - . ;
I IF? c FACUlOAJfi OR CINCIAS E X P E R I N C I A A N T E R I O R
O "Mocho" tem, como principal objectivo, o desenvolvimento da Cincia e da
Cultura Cientfica e tem por destinatrios toda a populao, com particular nfase nos
mais novos.
um projecto do Centro de Fsica Computacional (CFC, 2006) patrocinado pelo
programa "Cincia Viva", do Ministrio da Cincia e Tecnologia, embora inclua
aplicaes financiadas pelo programa "Nnio" (Nnio, 2004), do Ministrio da Educao.
O "Mocho" constitudo por um numeroso conjunto de links com pequenos comentrios
descritivos. Estes links esto organizados por reas cientficas, encontrando-se divididos
em tpicos e sub-tpicos coerentes. As reas da Fsica, da Qumica e da Matemtica
tm sido as mais desenvolvidas.
Desde sempre, o objectivo do "Mocho" foi o desenvolvimento da Cincia e da
Cultura Cientfica. Reconhecemos, no entanto, que embora a informao possa estar
bem estruturada e exista a possibilidade de fazer pesquisa por palavras-chave (figura
10) frente, o utilizador menos experiente, ou de mais tenra idade, pode sempre perder-
se no manancial de contedos, links e aplicaes locais existentes no "Mocho".
^),0 mocho - Mozilla Ffrefo.x iiaMjayflMjaoMfflMii
Portal (In Ensino di Cioncus
CultuiafCienlifica
Software Educativo Centro de Comp. Boletim da SPM . Softclnclas * Agua virtual wwwantr wiw/qul
FSICA Astronomia, Cientistas. Simulaes; .
MATEMTICA Alguma Matemtica; Histria da Matemtica; Ensino da Matemtica, Matemtica Elementar; ^
OUIMICA tomos e Molculas, Laboratrio de Qumica; Espectroscopia: Simulaes; M
OUTRAS CINCIAS Geologia, Biologia; Antropologia geografia Ambiente
BIBLIOTECAS / LIVROS REVISTAS Fsica; Quiiiiii: i. M:IIHI_IMII . I , C-m;i|,
RECURSOS Programas; Congressos; Fsica. Qumica Matemtica,
INSTITUIES Escolas; Ministrios Sociedades..
\ ;
Tabela Peridica Roteiro de Cincia Astrosott - Magia dos Nmeros Molecularlum Nonius Gazeta de Fsica Jogo das Coisas
Jogos TP
Soe Port, Qumica Soe Port Fsica Soe. Poit. Mat. Cllpait Qumica Concep Alternativas P. Conhecimento Museu ite Fsica Cincia a Brincar Potncias de 10 Exploratrio Cincia em Casa Serreta- Vulces Obtenha Resposta
Figura 10: Pgina principal do Mocho com o novo aspecto grfico. O motor de pesquisa
encontra-se direita.
Mestrado em Educao Multimdia 45
KAClfl.DAOfi DF. ORNONS EXPERINCIA ANTERIOR
A mltipla informao na Web, como sabemos, pode ser motivo de
disperso. Estes portais pretendem minimizar esta possibilidade do utilizador se
"perder" com tanta informao mas, medida que vo crescendo, vo oferecendo mais
e mais recursos, mais e mais possibilidades, podendo perder em simplicidade de
pesquisa. O motor interno de busca, porm, sempre uma ferramenta que potencia a
navegao e a obteno objectiva de informao.
O objectivo da Caa ao Tesouro no "Mocho" foi, por um lado, orientar a pesquisa
dentro do portal, com ligao ao exterior do mesmo, respeitando a sua filosofia de
abertura a todos os links de carcter cientfico na Web. Por outro lado, permitir ao
utilizador ganhar competncias na rea da pesquisa de conhecimentos cientficos, de
modo a que estes sejam adquiridos de forma construtivista e, por isso, de carcter mais
duradouro e autnomo, proporcionando a aprendizagem significativa, segundo Ausubel
(Ausubel et ai, 1980)
Como estratgia utilizamos o nome Caa ao Tesouro, por si s factor de
motivao. A existncia de um prmio no final, para os vencedores, tem todo o sentido
num "concurso" desta natureza.
3.2 Descrio da Rubrica "Caa ao Tesouro" - Uma Actividade Orientada para a
Pesquisa na WEB
Enquanto actividade educativa baseada na Web, uma Caa ao Tesouro tem
fundamentalmente dois objectivos de aprendizagem (N.M, 2006):
Aquisio de conhecimentos especficos;
Desenvolvimento de competncias de pesquisa e seleco de informao
relevante.
So colocadas diversas questes ao utilizador que devem ser respondidas aps
uma pesquisa feita na Web. No caso da Caa ao Tesouro do "Mocho" a pesquisa foi
orientada, numa fase inicial, para dentro do prprio portal e, posteriormente, para links
ou motores de busca exteriores ao portal.
Como em qualquer jogo, as regras foram estabelecidas partida, sendo a
principal a indicao do uri, da qual o utilizador teria retirado a informao para
Mestrado em Educao Multimdia /IA
fAOJlOANi DP. l.ti:M:.AS E X P E R I N C I A A N T E R I O R
responder s questes formuladas (figura 11) frente. Este facto confere um sentido de
tica que importa intensificar na utilizao pedaggica da Internet. O "copy/paste" da
Internet, sem referncia da fonte, , de facto, um dos vcios de muitas utilizaes
pedagogicamente indevidas da Internet.
O regulamento desta Caa ao Tesouro do portal Mocho pode ser consultado na
ntegra no anexo II.
Numa Caa ao Tesouro, o conjunto das questes parcelares deve culminar com uma
questo global, que funciona como um "chapu", ou melhor, como o "cimento" que d
consistncia s aprendizagens dos alunos e os leva a construir um sentido global para
as pesquisas efectuadas. A questo global ("Big Question"), que deve requerer sempre
alguma reflexo por parte dos alunos, tem uma funo integradora fundamental (N.M,
2006).
No caso da Caa ao Tesouro do "Mocho", optmos por no colocar a questo
global pelo facto desta actividade se dirigir a diversos nveis etrios, o que torna difcil a
elaborao de uma questo com um grau de dificuldade adequado aos diversos nveis.
^) O mocho - Mozilla Firefox Ficheiro Editar ^er [r Marcadores Ferramentas Amda
Portai de Ensino /das Cincias \
: i ? ^ S a M E X P E R I N C I A A N T E R I O R
em que queriam participar, podendo, no entanto, aderir s trs. Eram livres, tambm, de
constituir equipas e entrar na Caa ao Tesouro em grupos, sendo o prmio atribudo ao
grupo, caso viessem a vencer. O tempo de resposta s questes era de uma semana,
tempo durante o qual decorriam as actividades do eSchola (ES, 2003)
No final eram dadas algumas instrues de pesquisa para os mais inexperientes.
A ttulo de exemplo, apresentamos uma questo de cada uma das reas cientficas:
Fsica: Como pode a nanotecnologia ajudar nos problemas da sade?
Qumica: Qual a dose letal de dioxina? Que quantidade de dioxina ser
necessria para que uma pessoa com 60 kg tenha 50% de probabilidade de
morrer?
Matemtica: Como se escreve em numerao chinesa o nmero 12345?
3.2.1 Metodologia da Investigao e Principais Dificuldades
Na realidade, o que levmos a cabo no foi mais do que um Mini-Estudo Piloto,
com uma amostra reduzida de alunos, atendendo s dificuldades que explicitamos de
seguida.
A primeira dificuldade que se nos deparou foi a preparao de um conjunto de
questes que pudesse ser adaptado a qualquer nvel etrio do Ensino Secundrio. Para
que isso fosse possvel optamos por no elaborar a questo final, como complemento
das outras todas, mas apenas questes sem qualquer relao entre si com graus de
dificuldade no muito elevado para que todos pudessem participar.
A segunda dificuldade prendeu-se com a divulgao da iniciativa. Embora esta
tenha sido integrada no eSchola (ES, 2003), uma iniciativa da European Schoolnet
(EUN, 2006) apoiada pela Comisso Europeia, a participao da comunidade estudantil
foi muito reduzida e muito aqum do que estaramos espera.
Os poucos alunos que participaram revelaram, no entanto, bom desempenho e
robustez tcnica e pedaggica no que concerne ao site. A pequena amostra deu para
confirmar a previsvel vantagem pedaggica desta estratgia.
As principais dificuldades, estiveram, pois, em contextos no tecnolgicos,
relacionando-se, principalmente, com os obstculos encontrados para mobilizar a
comunidade educativa a participar.
Mestrado em Educao Multimdia 48
'AC'Ui.lMDfi DfiCINCUS E X P E R I N C I A A N T E R I O R
Desta experincia ficou a vontade de realizar um estudo em menor escala que
pudesse eliminar parte das dificuldades sentidas com a actividade realizada a nvel
nacional e de onde se pudesse retirar dados que nos permitissem avaliar melhor o
carcter pedaggico da Caa ao Tesouro.
No foram encontrados na WEB quaisquer estudos semelhantes, no entanto
foram feitas algumas experincias de Caa ao Tesouro em diferentes reas no tendo
sido reveladas, no entanto, quaisquer concluses quanto aos resultados dessas
experincias.
3.2.2 Notas Finais do Mini-Estudo Piloto
Como foi referido atrs, a participao dos alunos ficou muito aqum das nossas
expectativas. Atribumos este facto falta de divulgao do evento, uma vez que os
alunos que participaram se mostraram bastante interessados. Apostaremos, de futuro,
numa maior divulgao da iniciativa, utilizando meios de comunicao social para alm
dos prprios sites na Internet. Embora fosse previsvel, impressionou-nos, a ns
mesmos, a importncia do "marketing educativo", que se nos apresenta como um pilar
fundamental num evento desta natureza.
Continuaremos a apostar numa Caa ao Tesouro aberta a todos e a todas as
idades, mas criaremos categorias de perguntas adaptadas a cada faixa etria, para que
se possa fazer uma Caa ao Tesouro mais integrada com uma pergunta final, que seja o
culminar de toda a pesquisa efectuada para responder s restantes questes. Assim
teremos motivos para acreditar que a aprendizagem ter ocorrido de forma significativa.
Acreditamos que a Caa ao Tesouro um instrumento motivacional para a
aprendizagem de forma construtivista, tanto de conceitos como de competncias, nas
reas de pesquisa e organizao de informao, pelo que passaremos a dedicar-lhe
algum espao mais importante no tempo e na "mancha de ecr" no portal "Mocho", de
forma a torn-lo cada vez mais prximo da comunidade escolar.
Para melhorar a Caa ao Tesouro do Mocho, partiremos, agora, desta
experincia e do estudo de caso com um nmero restrito de alunos que nos
propusemos a fazer.
Consideramos que, para alm das competncias bvias no domnio cientfico, a
Caa ao Tesouro uma actividade com carcter ldico, com mais valias motivacionais.
Mestrado em Educao Multimdia 4)
FACULDADE DE CINCIAS EXPERINCIA ANTERIOR
Acontece, ainda, que se enquadra perfeitamente no paradigma actual da sociedade da
informao (Sociedade da Informao, 1997)
Muitos contedos esto disponveis, nomeadamente, na Internet. O
conhecimento ganha novos horizontes e, ao jovem de hoje, no importa muito possuir
informao. Importa, dir-se-ia neste contexto, "caar" informao na imensa biblioteca
universal que a Internet. Conhecimento riqueza: importa, pois, a caa ao tesouro...
Nesta actividade contmos com a colaborao do "Softcincias" (Softcincias,
2006) um Centro de Competncia do Programa Nnio sc. XXI (Nnio, 2004), que fez a
gesto das respostas obtidas e alguma divulgao e cedeu alguns CD-ROM
"Omnicincia" de software educativo para serem oferecidos aos participantes. Merecem
uma palavra especial os programadores do portal e, em particular, o Dr. Gil Silva.
Contmos tambm com a colaborao da iniciativa eSchola (ES, 2003), que fez a
divulgao da actividade e ofereceu brindes que foram distribudos pelos participantes.
Tivemos ainda o patrocnio da empresa Microsoft Portuguesa que ofereceu os
primeiros prmios a serem atribudos a cada uma das categorias (CD's de multimdia
educativa).
Mestrado em Educao Multimdia 50
4 ESTUDO DE CAMPO
Mestrado em Educao Multimdia 51
f.M'liUHlfi DU (,'rNOAS E S T U D O D E C A M P O
4 Estudo de Campo
4.1 Descrio da "Caa ao Tesouro"
A Caa ao Tesouro est disponvel on-line em http://nautilus.fis.uc.pt/cec/ct/ .
Neste stio os recursos podem ser visualizados e manipulados de forma mais
interessante do que em verso papel.
Para a construo da actividade Caa ao Tesouro que pretendamos testar
tivemos por base os contedos programticos do incio do captulo de Qumica,
designado no programa como "Materiais", sobre a Constituio do Mundo Material (Min.
Educ, 2001) e que podem ser consultados no Anexo I.
Escolhemos um aspecto grfico que pudesse ser apelativo para faixa etria do 9o
Ano de escolaridade, 1 4 - 1 5 anos (figura 12).
Uma vez que se tratava de uma Caa ao Tesouro decidimo-nos por em aspecto
grfico que tivesse a ver com a caa a um tesouro pirata escondido. Pretendamos,
desta forma, cativar os alunos partida pois o imaginrio de quase todas as pessoas
est povoado de histrias infantis e juvenis bem como de filmes e animaes que
exploram este tema.
Figura 12 - Primeira pgina da Caa ao Tesouro.
Basemos a construo da Caa ao Tesouro no modelo que encontramos no site
educacional do Quebec - Prof-lnet (Prof-lnet, 2006), bem como na experincia adquirida
anteriormente na actividade descrita no captulo 3.
Mestrado em Educao Multimdia 52
http://nautilus.fis.uc.pt/cec/ct/
rm;s,isim ESTUDO DE CAMPO
No site Prof-lnet so dadas as seguintes indicaes:
i. Escolher um ttulo que estimule a imaginao e prenda a ateno
No demos nenhum ttulo Caa ao Tesouro mas optmos por um aspecto
grfico com estas caractersticas.
ii. Apresentar o assunto e o contexto no qual se inclui o trabalho proposto.
Definir o que se deve descobrir; qual o caminho a percorrer; o que fazer
com as respostas encontradas; como concluir ou integrar as informaes
recolhidas.
Na introduo foi descrito aos alunos como deveriam percorrer a Caa ao
Tesouro. Foi-lhes pedido que construssem um "Dirio de Bordo", onde pudessem
registar todas as informaes recolhidas bem como os uris de onde essas informaes
fossem sendo recolhidas (figura 13).
Figura 13 - Introduo da Caa ao Tesouro
Num meio em que no h proteco dos direitos de autor, de onde quase todas
as pessoas procuram retirar gratuitamente toda a informao, msica, software, etc.,
Mestrado em Educao Multimdia 53
f;!'*i;'!*,w ESTUDO DE CAMPO
pretendemos fazer notar que a indicao do uri de onde a informao retirada
importante, precisamente para proteger os direitos de quem produziu essa informao.
O "Dirio de Bordo" pretendeu ter, mais uma vez, a funo de cativar os alunos
pelo seu paralelismo com o Dirio de Bordo de um navio, mas tambm uma forma de
levar os alunos a manterem um registo de toda a informao recolhida para depois ser
usada para a concluso da tarefa final.
ii i. Uma Caa ao Tesouro bem concebida vai para alm da simples pesquisa
de elementos de informao pontuais, sem relao entre eles. Devem
escolher-se as questes (tarefas), de tal maneira que o assunto fique bem
delimitado e a sua extenso seja precisa, ou seja, deixar claro as
dimenses e o alcance da actividade.
Optmos por chamar tarefas s qu